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Atendimento Clínico a Homens Negros

Prof. ME. Elias Fernandes Mascarenhas Pereira


Doutorando em Psicologia - UFS
Masculinidades
Clínica e Homens Negros

Masculinidades

• O REGGAE CACHOEIRANO E MASCULINIDADES NEGRAS: UMA ANÁLISE DE


CONTEÚDO DAS MÚSICAS DE EDSON GOMES (Orientando: Roberto dos Santos
Silva Júnior)

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Clínica e Homens Negros

Masculinidades

• Primeiras indagações sobre as masculinidades nas décadas de 60 e 70


• As relações de poder do masculino com o feminino e as desigualdades de gênero
• heterogeneidade e as intersecções que forjam as masculinidades
• Considera-se o objeto da instituição masculinidades o homem e as suas múltiplas facetas.
• Um ponto de observação que permite classificar e hierarquizar os corpos a partir do
significante “Homem”.
• masculinidades irão se diferenciar e se distanciar entre si a partir de outros pontos de
intersecção que compõe o sujeito

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Masculinidades

• O caráter hierárquico das masculinidades demonstra que os homens não gozam


uniformemente das benesses do sistema patriarcal
• “Homens de verdade” (devem ser honrados, provedores e controladores; são ensinados a
rejeitar comportamentos e papéis vinculados ao feminino)
• masculinidade hegemônica (central – Ideal )
• O ideal da masculinidade hegemônica é o homem branco, heterossexual, burguês e cristão,
é este significante que a sociedade ocidental, patriarcal e colonialista constituiu como
padrão – Homem

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Masculinidades

• Na contramão da normatividade, os homens negros, homens gays e homens transgêneros


compõem a periferia das masculinidades – homem
• O estabelecimento de um padrão masculino – Homem - significa, necessariamente, a
negação dos modos de existência dos outros-masculinos que não se adéquam a este ideal.
• Masculinidades negras – Racismo.
• O homem negro contrasta com o status de sujeito humano e universal conferido ao homem
branco, e, em consequência, à branquitude

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Masculinidades

• Vale ressaltar que raça possui função simbólica e é um dos vetores da constituição de
subjetividade, além de que, é a partir da categoria raça que o homem negro vivencia o
gênero

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Masculinidades

• Tidos como essencialmente hiperviris, violentos, e próprios para o trabalho pesado, a


condição animalizante delegada ao homem negro, como também os mitos e estereótipos,
em sua maioria de base sexual, são heranças do processo colonialista.
• Esses discursos são também formados e fomentados no âmago da falomaquia, mantendo os
homens negros na condição de subalternos e impactando esses sujeitos nos campos
afetivo-sexual, político e econômico (Nardi& Santos, 2014; Souza, 2013; Souza, 2017;
Veiga, 2019; ). Como também, estigmatizam e orientam as performances dos homens
negros

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Questões Clinícas
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Masculinidades

• Masculinidades são experiências coletivas, mas também individuais e heterogêneas.


• Portanto, para investigar o homem negro se faz necessário abordar os discursos que
atravessam suas performances e as variáveis que implicam na constituição desse sujeito
histórico e social.

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Clínica e Homens Negros

❖ Identidade racial e cosmovisão - raça, classe social, religião, práticas culturais e concepção de
mundo.

❖ Identidade racial de gênero – relações interraciais, expressão do “feminino”, sexo e sexualidade


(GBT); vigilância e resistência;

❖ Identidade racial e sociedade – Capitalismo, visão do negro na sociedade, papeis esperados.

❖ Sentimentos e emoções - Culpa, medo, gratidão, rejeição, preterimento – incapacidade e


desamor – cansaço - estereótipos, o Outro branco, relações de poder.

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Estudo de Caso
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❖ João – Homem Negro – 32 Anos – Advogado


❖ Queixa principal – Enfrenta problemas no casamento pois não consegue ser afetivo com a
esposa Liz, 29 anos, branca. Diz também sentir muitos ciúmes da parceira e em vários
momentos acredita são ser o parceiro adequado e acredita que a esposa não o ama. João
acredita que a família de sua esposa acha que ele é inferior e não queriam aceitar a relação dos
dois. Acredita que isso se deve ao fato dele ter origem humilde e ser negro. Em relação ao
trabalho diz está tendo pensamentos ansiosos por problemas com um de seus chefes. Teme
perder o emprego e consequentemente seu casamento. Relata não saber lidar com suas emoções
adequadamente e quando está com raiva responde sempre com violência. Por fim, sente-se
culpado por não ser o esposo ideal, nem o funcionário bom, e não corresponder as expectativas
das outras pessoas em relação a ele.

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Algumas Referências

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Federal de Educação Tecnológica do Paraná, p. 9-17.
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Bardin, L. (2016). Análise de conteúdo.São Paulo: Edições 70 Brasil.
Bento, B. (2015). Masculinidades hegemônicas e outras masculinidades. In: B. BENTO (org.). Homem não tece a dor: queixas e
perplexidades masculinas.(Vol. 1 pp. 81-98) Natal: EDUFRN.
Cortizo, R. M. (2019). População em situação de rua no Brasil: o que os dados revelam?Brasília, DF: Ministério de Cidadania.
Custódio, T. (2019) Per-vertido homem negro: reflexões sobre masculinidades negras a partir de categorias de sujeição. In: H.
RESTIER & R. SOUZA, (orgs.). Diálogos contemporâneos sobre homens negros e masculinidades. (Vol. 1, Chap. 6, pp. 131-161).
São Paulo: Ciclo contínuo editorial.
Faustino, D. (2014). O pênis sem o falo: algumas reflexões sobre homens negros, masculinidades e racismo. In: E., BLAY (Org.).
Feminismos e masculinidades: novos caminhos para enfrentar a violência contra a mulher (pp. 75-104). São Paulo: Cultura
Acadêmica.
Hooks, B. (2004). We real cool: black man and masculinity. New York: Routledge
Mbembe, A. (2020). Necropolítica. Madrid: Melusina.

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Algumas Referências

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Nobles, W. (2009). Sakhu Sheti: retomando e reapropriando um foco psicológico afrocentrado. In: E. NASCIMENTO, (org.).
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Pinho, O (2018). “Botando a base”: corpo racializado e performance da masculinidade no pagode baiano. Revista de Ciências Sociais
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Pinho, O. (2005). Etnografias do brau: corpo, masculinidade e raça na reafricanização em Salvador.Estudos Feministas,
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TransVersos n. 10, p. 163-182.
Santos, D. (2014). Ogó: encruzilhadas de uma história das masculinidades e sexualidades negras na diáspora atlântica. Revista
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Santos, D. (2011, setembro) Sobre os corpos (in)visíveis - Ou Sinais de Masculinidades, Estéticas, mitos e estereótipos sexuais do
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1204.

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Algumas Referências

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Souza, H (2017, julho). Lá vem o negão: discursos e estereótipos sexuais sobre homens negros. Anais do Seminário Internacional
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http://www.wwc2017.eventos.dype.com.br/resources/anais/1499020802_ARQUIVO_LAVEMONEGAOFINAL.pdf
Souza, R. (2013). Falomaquia: Homens negros e brancos e a luta pelo prestígio da masculinidade em uma sociedade do ocidente.
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https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/41516/23636
Veiga, L. Além de preto é bicha: as diásporas da bicha preta. In: H. RESTIER, H.; SOUZA, R. M. (orgs.). Diálogos contemporâneos
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Vicente, D & Souza, L. (2006). Razão e sensibilidade: ambiguidades e transformações no modelo hegemônico de masculinidade.
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