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6 - FINAIS E INÍCIOS

Em que estabelecemos a importância de finais e inícios:


Pergunta: Qual a melhor maneira de começar seu roteiro?
Mostrar o personagem no trabalho? Num relacionamento? Se
exercitando? Na cama, sozinho ou com alguém? Dirigindo? Jogando
golfe? No aeroporto?
Até agora discutimos princípios abstratos da redação do roteiro em
termos de ação e personagem. Neste ponto, deixamos para trás esses
conceitos gerais e nos movemos para componentes específicos e
fundamentais do roteiro.
Voltemos atrás. Começamos com a idéia de que um roteiro é como um
substantivo — sobre uma pessoa, ou pessoas, num lugar, ou lugares,
vivendo sua "coisa". Todos os roteiros têm um assunto e o assunto de
um roteiro é definido como a ação que acontece e o personagem para
quem ela acontece. Há dois tipos de ação—ação física e ação emocional;
uma perseguição de carro e um beijo. Discutimos personagem em
termos de necessidade dramática e dividimos o conceito de personagem
em dois componentes — interior e exterior; a vida de seu personagem
desde o nascimento até o fim do filme. Falamos sobre a construção de
personagens e apresentamos a idéia de contexto e conteúdo.
E agora? Para onde vamos? O que acontece depois? Veja o
paradigma:
O que você vê?
DIREÇÃO — é isso. Sua história move-se para adiante de A a Z;
da apresentação à resolução. Lembre-se da definição de estrutura de
roteiro: "uma progressão linear de incidentes relacionados, episódios e
eventos que conduzem a uma resolução dramática".
Isso significa que sua história move-se para adiante do início para o fim.
Você tem dez páginas (dez minutos) para estabelecer três coisas para
seus leitores ou público: (1) quem é o seu personagem principal? (2)
qual a premissa dramática — isto é, do que trata o roteiro? e (3) qual é a
situação dramática — as circunstâncias dramáticas em torno de sua
história?
Então — qual a melhor maneira de começar o seu roteiro? CONHEÇA
O SEU FINAL!
Qual é o final de sua história? Como ela é resolvida? Seu
personagem sobrevive ou morre? Casa-se ou divorcia-se? Foge com o
produto do assalto ou é capturado? Fica de pé após dez assaltos contra
Apollo Creed ou não? Qual é o final do seu roteiro?
Muita gente não acredita que se necessita do final antes de começar a
escrever. Escuto argumento atrás de argumento, discussão após
discussão, debate atrás de debate. "Meus personagens", as pessoas
dizem, "vão determinar o final". Ou "Meu final surgirá da minha
história". Ou "Vou saber o meu final quando chegar lá".
Besteira!
Esses finais não funcionam e não são muito eficientes quando
funcionam; freqüentemente fracos, pesados, força-os, são uma
frustração, em vez de uma explosão emocional. Pense nos finais de Star
Wars (Guerra nas Estrelas), Heaven Can Wait (O Céu Pode Esperar)
ou Three Days of the Condor (Os três Dias do Condor); fortes e
conclusivos, definitivamente resolvidos.
O final é a primeira coisa que você deve saber antes de começar a
escrever.
Por quê?
É óbvio quando você pensa sobre isso. Sua história sempre move- se
para adiante — ela segue um caminho, uma direção, uma linha de
desenvolvimento do início ao fim. E direção é uma linha de
desenvolvimento, o caminho que alguma coisa percorre.
SAIBA O SEU FINAL!
Você não tem que saber detalhes específicos, mas tem que saber o que
acontece.
Cat Stevens resume tudo isso em sua canção Sitting:
A vida é como um labirinto de portas
e elas se abrem para o lado em que você está.
Apenas mantenha-se fazendo força, rapaz, tente o máximo
você pode terminar onde começou.* * Life is like a maze of doors,
and they open from the side you're on
Just keep on pushin' hard, boy, try as you may, you might wind up where you started from.

Os chineses dizem que "a mais longa das jornadas começa com o
primeiro passo", e em muitos sistemas filosóficos "finais e inícios" se
tocam; como no conceito de Yin e Yang, dois círculos concêntricos
juntos, unidos para sempre, opostos para sempre.
Finais e inícios se relacionam, e esse princípio pode ser aplicado ao
roteiro. Rocky (Rocky, um Lutador) é um caso típico. O filme começa
com Rocky combatendo um oponente; e termina com ele lutando contra
Apollo Creed pelo título de campeão mundial peso pesado.
Na vida, o fim de uma coisa é geralmente o início de outra. Se você é
solteiro e se casa, está finalizando uma forma de viver e começando
outra. Se é casado e se divorcia, separa ou fica viúvo, o mesmo princípio
permanece verdadeiro; de viver com alguém, você passa a viver sozinho.
Um final é sempre um início e um início é realmente um final. Tudo se
relaciona num roteiro, como na vida.
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Quando você vai ao cinema, por exemplo, quanto tempo leva até que
decida se gosta ou não do filme? Após o apagar das luzes e o começo do
filme, quanto tempo leva para tomar uma decisão, consciente ou
inconscientemente, de que o filme vale o preço do ingresso?
E você toma essa decisão, esteja consciente dela ou não.
Você já sabe a resposta.
Dez minutos. Em dez minutos você estará tomando uma decisão
sobre o filme a que assiste. Confira. Da próxima vez que for ao cinema,
perceba quanto tempo leva até que você decida se gosta ou não do filme.
Olhe no relógio.
Dez minutos são dez páginas. Seu leitor ou público ou estará junto com
você ou não. Como você constrói e estrutura sua abertura vai influenciar
a reação do leitor e do espectador.
Você tem dez páginas para estabelecer três coisas: (1) quem é seu
personagem principal? (2) qual a premissa dramática — isto é, sobre o
que é a sua história? e (3) qual é a situação dramática do seu roteiro —
as circunstâncias dramáticas em torno da sua história?
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Citizen Kane (Cidadão Kane) ilustra isso perfeitamente. O filme abre
com Charles Foster Kane (Orson Welles) morrendo sozinho num grande
palácio chamado Xanadu. Ele segura um peso de papel de brinquedo. O
peso de papel solta-se de sua mão e rola sobre o assoalho, a câmara
demora-se sobre ele mostrando um garoto com seu trenó e sobre isso
ouvimos as últimas palavras de Kane: "Rosebud... Rosebud".
Quem é Rosebud? O que é Rosebud? A resposta a essa pergunta é o
assunto do filme. Ele poderia ser chamado de uma "história policial
emocional". A vida de Charles Foster Kane é revelada pelo repórter que
tenta achar o sentido e o significado de "Rosebud".
A última cena do filme mostra um trenó sendo queimado num
incinerador gigante; enquanto as chamas o devoram, vemos a palavra
"Rosebud" aparecer, simbolizando a infância perdida por Charles Foster
Kane para que ele se tornasse o que foi.
Você tem dez páginas para "capturar" seu leitor e 30 páginas para
apresentar sua história.
Finais e inícios são essenciais para um roteiro bem construído. Qual a
melhor maneira de começar o seu roteiro?

https://www.youtube.com/watch?v=RRa3qZ0_4ew

https://www.youtube.com/watch?v=BNTJnHGnVeg

https://www.youtube.com/watch?v=eP0O1BKu3zk

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