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TCC o Ativismo Judicial Como Instrumento de Efetivação Da Garantia Ao Direito À Saúde
TCC o Ativismo Judicial Como Instrumento de Efetivação Da Garantia Ao Direito À Saúde
PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO
CURSO DE DIREITO
Brasília
2020
CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIEURO
PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO
CURSO DE DIREITO
Brasília
2020
DEDICATÓRIA
Foram cincos anos de muitos obstáculos vencidos. E posso dizer que vou
levar muito aprendizado desses momentos, tanto pessoal quanto profissionalmente.
Por isso, só tenho a agradecer, primeiramente a Deus por me dar forças e ser
meu conselheiro no decorrer da minha vida. Agradeço por ter me ajudado a
ultrapassar os obstáculos no decorrer desse ciclo que se encerra.
Todo agradecimento do mundo aos meus pais que sempre me incentivaram
e me apoiaram, pois não chegaria tão longe sem todo suporte que me foi dado.
Agradeço também a minha irmã, que sempre esteve do meu lado no decorrer
do curso, contribuindo e me apoiando, agradeço também aos meus familiares e meus
amigos que estiveram ao meu lado, por todo apoio e incentivo nesse período. Ainda,
agradeço aos ensinamentos dos professores nessa jornada.
Por último, mas tão importante quanto, agradeço imensamente a minha
orientadora Gabriela Nunes, primeiramente pela indicação do tema de pesquisa,
ainda, agradeço por toda atenção e dedicação para o desenvolvimento deste trabalho.
RESUMO
This paper aims to analyze the creation of a possible “micro-justice” and the difficulties
of its realization regarding the right to health, through the institute called judicial
activism, going from the origin of fundamental rights to the positivization of the right to
health as a fundamental guarantee established in article 6 of the Constitution and also
provided for in article 196 of the same text, as well as in infra-constitutional legislation.
Covering the concept of health and its effectiveness in Brazil. It aims to demonstrate
the origin and concept of judicial activism, drawing a parallel between this and the
institute of judicialization, as well as the principle of check and balances, going through
the problems of the budget and cost of treatment by the State until the creation of a
possible micro-justice in due to judicial activism and its effectiveness in causes related
to the right to health. The methodology used in this one was the bibliographic, having
as source the pertinent legislation to the theme, scientific articles on the subject and
books of doctrinators that are reference in this discussion. In addition, the method used
was the hypothetical deductive, considering that a broad study was started to reach a
conclusion on something more specific. It should be noted that the research did not
promote numerical or statistical analyzes, starting from the qualitative premise.
Relevant to mention the research problem, that is, “judicial activism as an instrument
to guarantee the right to health finds difficulties for its implementation as a
consequence of the creation of a“ micro-justice ”?. In this sense, the present research
aims to demonstrate whether judicial activism as an instrument to guarantee the right
to health finds difficulties for its implementation as a consequence of the creation of a
“micro-justice”.”.
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 09
INTRODUÇÃO
Nessa perspectiva, importa demonstrar que para Canotilho (2004, pp. 369-
370.), difere a origem dos direitos fundamentais quanto aos direitos humanos. Ocorre
que muitas vezes, ambos são usados como se fossem sinônimos, embora seja válido
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[...] esses direitos têm por titular o indivíduo, são oponíveis ao Estado,
traduzem-se como faculdades ou atributos da pessoa e ostentam uma
subjetividade que é seu traço mais característico; enfim, são direitos de
resistência ou de oposição perante o Estado. (BONAVIDES, 2004, p. 563).
No mesmo sentido, entende Sarlet (2014, p. 48) que quanto aos direitos
fundamentais de primeira geração, estes foram marcados por uma autonomia do
indivíduo em face do Estado, ou seja, foi assegurado a não intervenção estatal na vida
privada do indivíduo. E pode-se visualizar que os direitos fundamentais dessa geração
tiveram influência jusnaturalista, pois foi resguardada, direitos como, o da vida, da
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Desta forma, ainda conforme o mesmo autor, resta entendido que os direitos
de terceira geração buscaram uma maior proteção ao gênero humano de forma
coletiva. Assim, a busca pela paz, o desenvolvimento das nações e a proteção do
meio ambiente marcaram essa geração, fazendo ascender um sentimento de
proteção ao gênero humano e agregando valor a preservação do patrimônio comum
da humanidade. BONAVIDES (2004, p. 569)
Com efeito, os direitos de terceira geração visando uma maior afirmação na
defesa dos direitos coletivos tem como base a Declaração Universal dos Direitos do
Homem, para assegurar a eficácia e os meios para a obtenção dos direitos positivados
conforme entende Dallari (2012, p. 178):
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[...] a certeza dos direitos, exigindo que haja uma fixação prévia e clara dos
direitos e deveres, para que os indivíduos possam gozar dos direitos ou sofrer
imposições: a segurança dos direitos, impondo uma série de normas,
tendentes a garantir que, em qualquer circunstância, os direitos fundamentais
serão respeitados: a possibilidade dos direitos, exigindo que se procure
assegurar a todos os indivíduos os meios necessários à fruição dos direitos,
não se permanecendo no formalismo cínico e mentiroso da afirmação de
igualdade de direitos onde grande parte do povo vive em condições
subumanas.
dificuldade que se tem em efetivar um direito, dado que a saúde como direito social
abrange uma série de fatores sociais que impedem a sua efetiva prestação pelo
Estado.
Nesse sentido, entende Bobbio (2004, p. 09) que o texto maior garante o
direito à saúde ao cidadão e o dever de prestação pelo Estado, verificando o referido
direito no rol dos direitos sociais ou de segunda geração, ainda, fazendo ligação ao
direito a vida, este de primeira geração, de acordo com a classificação das dimensões
dos direitos fundamentais.
Ainda, conforme a garantia prevista do direito à saúde, o artigo 196 da
Constituição Federal prevê, conforme Silva (2006, pp. 288 – 289) que:
O que resta verificado é a discussão tardia sobre ativismo no Brasil, pois esta
teve início após a promulgação da Carta Magna de 1988, como assim afirma Tassinari
(2013, PP 23 - 24):
Nessa senda, pode-se verificar que há uma certa divergência quanto a origem
do instituto do ativismo judicial, pois se trata de um tema novo, com apenas sete
décadas do seu surgimento, consoante o entendimento majoritário, no entanto, se
torna perceptível conforme explicitado, a interferência constante e excessiva do poder
judiciário em todos os âmbitos da vida resultante do ativismo judicial, dado que, se
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trata de uma determinada postura conduzida pelos juízes que agem além das suas
atribuições.
Não obstante, ativismo judicial também pode ser conceituado segundo Ramos
(2010, p. 255) como a ampliação do poder judiciário quanto ao exercício de suas
atribuições que ultrapassam as determinações estabelecidas pela própria ordem
jurídica, que, impõe ao poder judiciário buscar resolver conflitos de interesses e
conflitos entre normas, desta forma, entende-se que a atuação além das atribuições
definidas pelo poder judiciário justifica-se pela necessidade de se resolver questões
referentes a omissão dos demais poderes e questões normativas, dado que o poder
judiciário é o guardião da Carta Magna, muito embora, observa-se uma atuação
exagerada deste último, assim, tem-se duras críticas quanto a sua postura ativista,
pois o Poder Judiciário vem se tornando maior que os demais, ao passo que se tem
atribuído ao Judiciário a criação e controle judicial de forma desenfreada.
Por conseguinte, como já demonstrado, há diversas acepções sobre o referido
tema, no entanto, mediante a divergência sobre a conceituação de ativismo judicial,
importa mencionar o entendimento de Fernandes (2012, p. 121) que conceitua
ativismo como uma escolha ou maneira dos juízes quanto a forma de realização de
prestação judicial de modo complementar na ordem jurídica, assim, age afim de
regular de condutas que não eram reguladas, afetando a ordem social e estatal,
independentemente de interferência do poder legislativo, ou ainda obrigando o Estado
a efetivar políticas públicas.
Ante a dificuldade de fixar um conceito efetivo do termo ativismo judicial, Valle
(2009, p. 21) entende que o conceito do referido termo possui ambuiguidade e assim
esclarece:
A maior parte dos países do mundo reserva uma parcela de poder para que
seja desempenhado por agentes públicos selecionados, com base no mérito
e no conhecimento específico. Idealmente preservado das paixões políticas,
ao juiz cabe decidir com imparcialidade, baseado na Constituição e nas leis.
Mas o poder de juízes e tribunais, como todo poder em um estado
democrático, é representativo. Vale dizer: é exercido em nome do povo e
deve contas à sociedade.
ser de duas espécies: ou são atos gerais ou são especiais. Os atos gerais,
que só podem ser praticados pelo poder legislativo, consistem na emissão de
regras gerais e abstratas, não se sabendo, no momento de serem emitidas,
a quem elas irão atingir. Dessa forma, o poder legislativo, que só pratica atos
gerais, não atua concretamente na vida social, não tendo meios para cometer
abusos de poder nem beneficiar ou prejudicar uma pessoa ou um grupo em
particular. Só depois de emitida a norma geral é que se abre a possibilidade
de atuação do poder executivo, por meio de atos especiais. O executivo
dispõe de meios concretos para agir, mas está igualmente impossibilitado de
atuar discricionariamente, porque todos os seus atos estão limitados pelos
atos gerais praticados pelo legislativo. E se houver exorbitância de qualquer
dos poderes surge a ação fiscalizadora do poder judiciário, obrigando cada
um a permanecer nos limites de sua respectiva esfera de competência.
Por fim, por todo o exposto em tela, fica demonstrado o prinicpio do checks
and balances, ou melhor, sistema de freios e contrapesos que funcionam no sentido
de limitar ou frear a atuação exagerada dos poderes. No entanto, na prática pode-se
verificar que o legislativo e executivo não vêm cumprindo com suas obrigações, ou
seja, por esta omissão, resta ao cidadão buscar a tutela do direito no judiciário, o que
acarreta em uma atuação expansiva deste sobre os citados, e repetidas vezes as
decisões do juiz singular ao serem decretadas vão além das atribuições previstas,
pois determina criação de políticas públicas, além de se observar a reserva do
possível.
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É sabido que o direito a saúde, ainda que tenha amplo amparo legal, encontra
dificuldades em sua efetivação. Nesse sentido, na concepção de Sarlet (2014, p. 355),
a efetividade das normas de direito fundamental não é alcançada somente por estar
positivada, isto é, verifica-se que não se trata de uma questão atrelada apenas ao
sistema jurídico, mas relacionada também a problemas no campo político, uma vez
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que abrange desde o orçamento para custeio até o mínimo existencial para uma vida
digna.
Na acepção de Mendes (2014, p. 628) as normas consoantes entendidas
como fundamentais são classificadas como de caráter programático, uma vez que
existe a dependência de alocação de recursos para que os direitos sociais sejam
efetivados, isto é, dependem da criação de políticas públicas de caráter social e
econômico para que o direito seja materializado e efetivado através de prestações
positivas do Estado.
Nessa toada, importante demonstrar o entendimento do ilustre Ministro Marco
Aurélio (2016, p. 7) no voto do Recurso Extraordinário nº 566.471 onde afirma que:
deve ser analisado de acordo com a demanda e definido pelas políticas públicas,
devendo ainda, ser condicionado ao princípio da reserva do possível, uma vez que os
recursos são finitos.
na Constituição como norma fundamental, mas esse empecilho não ocorre somente
pela escassez de recursos orçamentários, mas também por decisões políticas de
alocação dos recursos ou mesmo por não optar por utilizar dinheiro público para
efetivação de determinado direito.
Mediante o exposto, conforme as garantias previstas no Texto Maior, o direito
a saúde deve ser atendido de forma que respeite os princípios da universalidade e
igualdade, obedecendo o mínimo existencial para uma vida digna, contudo, devendo-
se observar a possibilidade de aplicação através da reserva do possível, o que
consequentemente gera divergências sobre a aplicação de recursos para que se
efetive as prestações devidas pelo Poder público. Assim, diante da não observância
no cumprimento das prestações materiais a saúde, resta ao Poder judiciário garantir
a aplicação da norma quando não se priorizar o direito social a saúde.
[...] o fato é que nem o jurista, e muito menos o juiz, dispõem de elementos
ou condições de avaliar, sobretudo em demandas individuais, a realidade da
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ação estatal como um todo. Preocupado com a solução dos casos concretos
– o que se poderia denominar de micro-justiça –, o juiz fatalmente ignora
outras necessidades relevantes e a imposição inexorável de gerenciar
recursos limitados para o atendimento de demandas ilimitadas: a macro-
justiça. Ou seja: ainda que fosse legítimo o controle jurisdicional das políticas
públicas, o jurista não disporia do instrumental técnico ou de informação para
leva-lo a cabo sem desencadear amplas distorções no sistema de políticas
públicas globalmente considerado.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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a Escassez de Recursos e as Decisões Trágicas. 2 ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris,
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DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos da teoria geral do Estado. 31. ed. São Paulo:
Saraiva, 2012.
DINIZ, Maria Helena. O estado atual do biodireito. 3 ed. São Paulo: Saraiva, 2006.
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Direitos Humanos fundamentais: comentários aos arts. 1º a 5º da Constituição da
República Federativa do Brasil, doutrina e jurisprudência. 9. ed. São Paulo: Atlas,
2011.
POMPEU, Gina Vidal Marcílio; MAIA, Clarissa Fonseca. A separação dos poderes
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Fortaleza. Anais […]. Fortaleza: Unifor, 2013.
50
ROCHA, Julio César de Sá. Direito da Saúde: Direito Sanitário na Perspectiva dos
Interesses Difusos e Coletivos. São Paulo: LTr, 1999.
SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais. 11. ed. Porto
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SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 27 ed. São Paulo:
Malheiros, 2006.