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Título: Análise Integrada da Gestão de Recursos Hídricos na Bacia Hidrográfica do

Rio Revuboe: Promovendo a Sustentabilidade Ambiental e o Acesso à Água Potável

Zoio Joaquim Bonomar zoiobonomar@gmail.com contactos +2871611351e


+2586115197. Universidade Pedagógica de Maputo. Curso de Doutorado em Energia
e Meio Ambiente

RESUMO

Este estudo tem como objectivo principal que é analisar e compreender a situação actual
da gestão da água na bacia hidrográfica do rio Revuboe, considerando as demandas
crescentes por água potável e o acesso adequado a esse recurso para as comunidades
locais, tendo em conta o crescimento populacional. A pesquisa visa contribuir para o
avanço do conhecimento em recursos hídricos e gestão ambiental, com foco na bacia
hidrográfica do rio Revuboé na adopção de estratégias sustentáveis para reduzir os
impactos ambientais negativos, preservar a biodiversidade e contribuir para um futuro
mais sustentável.

A pesquisa foi conduzida por meio de dois métodos principais: o método de campo, que
envolveu a colecta de dados e informações relevantes, como pH, turbidez, nutrientes e
metais pesados, para avaliar a qualidade da água na bacia hidrográfica; e o método
experimental, utilizando modelos matemáticos e computacionais para simular o
comportamento hidrológico da bacia, avaliar a demanda por água, analisar os impactos
ambientais e desenvolver cenários futuros.

Palavras-chave: Recursos hídricos, Bacia hidrográfica e Sustentabilidade

SUMMARY

The main objective of this study is to analyze and understand the current situation of
water management in the Revuboe river basin, considering the increasing demands for
potable water and adequate access to this resource for local communities, taking into
account population growth. . The research aims to contribute to the advancement of
knowledge in water resources and environmental management, with a focus in the
Revuboe River watershed on the adoption of sustainable strategies to reduce negative
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environmental impacts, preserve biodiversity and contribute to a more sustainable
future.

The research was conducted using two main methods: the field method, which will
involve the collection of relevant data and information, such as pH, turbidity, nutrients
and heavy metals, to assess water quality in the watershed; and the experimental
method, using mathematical and computational models to simulate the hydrological
behavior of the basin, evaluate the demand for water, analyze the environmental impacts
and develop future scenarios.

Keywords: Water resources, Watershed and Sustainability

I. Introdução

A proposta para este estudo tem como ponto central a “Gestão Integrada dos Recursos
Hídricos” preconizada nas politicas de Águas previstas na Lei nº 43/2016 de 30 de
Dezembro que estabelece abordagem de gestão por bacia hidrográfica, reconhecendo a
importância de considerar as características e necessidades específicas de cada bacia
(p.29). Para desenvolvimento da pesquisa foram levantadas as seguintes questões:

Qual é a disponibilidade actual de água na bacia hidrográfica do Rio Revuboe e como


essa disponibilidade varia sazonalmente?

Quais são os principais usos da água na região e como essa demanda tem evoluído ao
longo do tempo?

Como as actividades humanas: agricultura, mineração e indústria, têm afectado a


qualidade da água na bacia do rio Revuboe?

Quais estratégias e medidas estão sendo adoptadas ou propostas para garantir o


suprimento sustentável de água na bacia do rio Revuboe?

Como as comunidades locais e as partes interessadas estão envolvidas na gestão e


conservação dos recursos hídricos na bacia do rio Revuboe?

A partir destas questões, decidiu-se fazer análise da gestão integrada dos recursos
hídricos na Bacia hidrográfica do rio Revuboe. Esta abordagem é relevante para o
avanço do conhecimento em recursos hídricos e gestão ambiental. Além disso, visa

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contribuir para melhoria da gestão da água, a promoção do acesso à água potável e a
garantia da sustentabilidade ambiental na região da bacia hidrográfica do rio Revuboé.

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II. Teoria de Base Que serviu a Pesquisa

2.1 Teoria dos Recursos Hídricos

A Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU publicou em


1987 a teoria dos recursos hídricos. Segundo a ONU (2018) diversos pesquisadores,
instituições e organizações têm contribuído para o desenvolvimento e aprimoramento
dessa teoria, abordando temas como a gestão integrada de bacias hidrográficas,
governança da água, alocação eficiente de recursos, sustentabilidade e equidade na
distribuição da água (p.225)

2.3 Teoria dos Sistemas Hídricos

A teoria baseia-se nos princípios da teoria geral dos sistemas, proposta por Ludwig von
Bertalanffy na década de 1950. A teoria considera a bacia hidrográfica como um
sistema complexo, composto por diferentes componentes físicos, químicos, biológicos e
sociais, que interagem entre si. Essa abordagem enfatiza a necessidade de uma gestão
integrada dos recursos hídricos, levando em conta aspectos ambientais, sociais e
económicos (p.79).

2.4 Abordagem de Gestão Integrada de Recursos Hídricos

ZAMIGNAN (2018) refere que a abordagem de Gestão Integrada de Recursos Hídricos


começou a surgir na década de 1990, impulsionada pela compreensão crescente dos
desafios relacionados à água e pela necessidade de uma abordagem mais integrada em
sua gestão. A abordagem busca superar a fragmentação tradicional na gestão da água,
integrando acções e decisões entre diferentes sectores e partes interessadas, com o
objectivo de alcançar a sustentabilidade e a equidade na alocação e uso dos recursos
hídricos (p.47).

2.5 Teoria da Governança Ambiental

A Teoria da Governança Ambiental tem suas bases nas décadas de 1970 e 1980, quando
surgiram preocupações globais crescentes em relação ao meio ambiente e à necessidade
de abordagens mais eficazes para a gestão dos recursos naturais. Essa teoria enfatiza a
importância da participação, colaboração e cooperação entre diferentes partes
interessadas, incluindo governos, organizações da sociedade civil e sector privado, para
alcançar objectivos de sustentabilidade e protecção ambiental. BAKKER;

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MORINVILLE, citam também outros autores como Elinor Ostrom, Oran Young,
Ronald B. Mitchell e Arild Underdal, entre outros (2013), que têm abordado diversos
aspectos da governança ambiental, como a tomada de decisões colectivas, a participação
das partes interessadas, a gestão de recursos comuns e a interacção entre atores
governamentais e não-governamentais (p.120).

2.6 Teoria da Resiliência Socioecológica

A Teoria da Resiliência Socioecológica, segundo ZAMIGNAN (2018) é uma


abordagem interdisciplinar que tem como objectivo compreender e promover a
capacidade de sistemas sociais e ecossistemas lidarem com mudanças, perturbações e
crises. A autora destaca que diversos pesquisadores como C.S. Holling, Buzz Holling,
Lance H. Gunderson, Carl Folke e Brian Walker, têm contribuído para o
desenvolvimento dessa teoria. Eles têm explorado o conceito de resiliência como um
elemento central para compreender a dinâmica e adaptabilidade de sistemas complexos,
tanto do ponto de vista social quanto ecológico. Essa abordagem enfatiza a importância
de fortalecer a capacidade dos sistemas socioecológicos em lidar com desafios e
incertezas, buscando alcançar a sustentabilidade e a capacidade de adaptação diante de
mudanças contínuas. (p.47).

2.7 Teoria dos Stakeholders

GOMINHO (2010) com base nessa teoria define os stokeholders na gestão dos recursos
hídricos como sendo todos os que nele possuem algum interesse, que de forma geral são
os usuários, ou seja são aqueles grupos/indivíduos ou qualquer individuo/grupo que
pode afectar ou ser afectado pelas acções, decisões, políticas, práticas, etc. (p.118).

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III. Metodologia da pesquisa.

As etapas metodológicas foram desenvolvidas começando pela revisão da literatura;


realização de trabalhos de campo e de laboratório; entrevistas e processo de análise dos
dados obtidos.

Para análise dos dados foram usadas a técnica de estatística descritiva e inferencial,
análise de conteúdos e interpretação dos resultados à luz dos aspectos teóricos e
analíticos estudados.

3.1 Localização e caracterização da área de estudo (fig.1).

O Rio Revuboe nasce na área de montanha existente ao Norte de Tete no distrito de


Angónia a que correspondem alturas acima dos 1400 metros. SERAFIM (2016)
descreve que esse rio atravessa o primeiro planalto com altitudes acima de 600 m e mais
a jusante passa pelo segundo planalto com altitudes entre os 200 e os 400 m. Por fim
atinge as planícies de inundação do Rio Zambeze com altitudes abaixo dos 200 m
(p.37). A bacia do Rio Revuboe é muito rica em depósitos de carvão, grafite, ouro e
prata.

Segundo INIA (1994) os solos são descritos essencialmente como Castanhos,


Castanho avermelhados ou Solos Vermelhos (p.20).

Na ATLAS DE MOÇAMBIQUE (2009) foi caracterizada a vegetação, ao norte da


bacia do rio Revuboe como sendo muito rica, maioritariamente em arbustos. A floresta
é densa predominante no centro da bacia hidrográfica e é o tipo de vegetação que ocupa
maior área. No centro da bacia há ainda zonas de floresta aberta e floresta com
agricultura itinerante. A Sul a vegetação é mais rasteira e seca, sendo composta
maioritariamente por pradarias e matagais (pp.50-54).

SERAFIM (2016), refere que a precipitação na bacia hidrográfica do rio Revuboe tem
valores médios anuais que variam entre 650 mm na zona Sul e os 1050 mm na zona
Norte. Do mesmo modo o escoamento médio anual tem valores de 10 mm a Sul e de
300 mm no Norte da bacia hidrográfica (p.38).

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Fig.1 Fonte:Serafim, 2016. Bacia do Rio Revuboe (a sombreado), o Rio Revuboe (a azul carregado) e os tributários
Condedzi e Ponfi (a traço azul mais fino).

3.2 Instrumentos de colecta de dados

Para medir a vazão, níveis da água, precipitação pluviométrica, temperatura na bacia


hidrográfica do rio Revuboe foram usados instrumentos tais, como Medidores de vazão
ultra-sónicos, Hidrómetros e Réguas limnimétricas, Termómetros e termógrafos. Foram
usados também Medidores multiparamétros como instrumentos para medir
simultaneamente vários parâmetros físico-químicos da água, como pH, condutividade,
temperatura e oxigénio dissolvido. Esses instrumentos permitem realizar análises in situ
para obter dados em tempo real.

Para o levantamento de usos da terra e dados socio-ambientais recorreu-se a


instrumentos como Sistema de Informação Geográfica (SIG) e entrevistas para
respectivamente proceder análise espacial de dados e a criação de mapas temáticos; e
para colectar informações junto às comunidades locais, usuários de água e outros

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actores envolvidos na gestão dos recursos hídricos. As observações consistiram nos
registos fotográficos, anotações de campo e registos de condições ambientais relevantes.

As amostras foram colectadas em diferentes pontos e profundidades da água ao longo


do rio através das Sondas de amostragem e Amostrador tipo Van Dorn.

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IV. Resultados esperados:

Mapeadas as diferentes fontes de água na Bacia Hidrográfica do Rio Revuboe e


compreendidos os padrões de escoamento e disponibilidade hídrica ao longo das
estações do ano.

Avaliada a qualidade da água em termos de parâmetros físico-químicos,


microbiológicos e biológicos. Isso ajudará a identificar a presença de contaminantes e a
determinar se a água é adequada para consumo humano e outros usos.

Analisadas as demandas actuais e projectadas por água na bacia, considerando diversos


sectores, como abastecimento público, agricultura, indústria, turismo, entre outros. Isso
permitirá o planeamento adequado para atender às necessidades de todos os usuários e
garantir o acesso sustentável à água.

Identificados os principais impactos ambientais que afectam a bacia hidrográfica, como


desmatamento, poluição, erosão do solo, assoreamento de rios e mudanças climáticas.
Com base nessas informações, serão elaboradas estratégias para mitigar esses impactos
e reduzir a vulnerabilidade da região.

Propostas medidas de conservação e protecção dos recursos hídricos, como o


estabelecimento de áreas de preservação, adopção de práticas agrícolas sustentáveis,
tratamento de efluentes, entre outras acções que visam a preservação da qualidade e
quantidade de água.

Consciencializada a população sobre a importância da preservação dos recursos hídricos


e promover acções colectivas em prol da sustentabilidade ambiental.

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V. REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA

1. ATLAS DE MOCAMBIQUE”, Editora Nacional de Moçambique,


Moçambique, 2009, pp 50-54.

2. BAKKER, K.; MORINVILLE, C: The governance dimensions of water


security: a review. Phil. Trans. R. Soc.,Setember 2013, p.120.

3. GOMINHO, A.F.M. Gestao dos Recursos Hidricos no Processo de


Desenvolvimento Sustentavel de Cabo Verde, Lisboa, 2010, p.118.

4. INIA - INSTITUTO NACIONAL DE INVESTIGACAO AGRONOMICA,


1994. - “Província de Tete, Carta de Solos”, (acedido a 23-fev-2016). Disponível em:
http://esdac.jrc.ec.europa.eu/images/Eudasm/Africa/images/maps/download/PDF
tet.pdf, p.20.

5. ONU. Década Internacional para a Acção: Agua para o Desenvolvimento


Sustentavel 2018-2028. 2018. Disponível em: <htt://www.wwateractiondecade.org>.
Acesso em: Setembro de 2018, p.225.

6. POLÍTICAS DE AGUAS_ RESOLUCAO nª 43/2016 de 30 de Dezembro, p.29.

7. SERAFIM,N.A.T. Avaliação de potenciais locais para a implantação de


aproveitamentos hidroelétricos no rio Revuboé. Dissertacao, IST-Lisboa, 2016, p.38.

8. ZAMIGNAN, G. Gestão Integrada de Recursos Hídricos: Desenvolvimento de


Capacidades para a construção de Visão Sistémica sobre Gestão da Agua, Brasilia_DF,
2018, p.47.

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