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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA - Campus II


Disciplina: ECOLOGIA GERAL
Docente:Profa. Dra. Mara Rojane B. de Matos
Mestranda: Simone Amador

RELATÓRIO 4: FAUNA INVERTEBRADOS ASSOCIADA À SERRAPILHEIRA

Everton Vitor Almeida Monville

Geovanna de Santana Barreto

Resumo

A fauna de artrópodes em serrapilheira destaca-se nos ecossistemas florestais pela sua


importância na ciclagem de nutrientes e degradação da matéria orgânica, já que estes
organismos são os principais responsáveis pela fragmentação da serrapilheira acumulada
proveniente da vegetação circundante (FERREIRA e MARQUES, 1998). Por conta disso, a
decomposição desses organismos é fundamental para a composição da serrapilheira, pois são
grandes responsáveis pela ciclagem de nutrientes do solo. O presente trabalho teve como
objetivos fazer comparação das organizações em morfoespécie, compreender a importância da
riqueza e diversidade da fauna de artrópodes em serrapilheira, de acordo com as análises
realizadas em fragmento de Mata Atlântica no Campus II - UNEB (Universidade do Estado
da Bahia). Foi possível perceber que há um alto número de indivíduos com uma grande
diversidade quanto aos animais que foram encontrados nos locais estudados, isso pode estar
associado à diversidade vegetal encontrada, a qual proporciona alimento e moradia para estes
invertebrados. Quantidade e riqueza são bons bioindicadores de qualidade ambiental. As
informações indicam que este local está em pleno desenvolvimento, pois se trata de uma mata
secundária, ou seja, está em um processo de regeneração.
Palavras-chaves: ecossistema, artrópodes, bioindicadores, diversidade.

INTRODUÇÃO

A serrapilheira é uma camada de sedimentos que se acumulam sobre o solo florestais,


podendo conter folhas, gravetos, ramos, caules, cascas, semente, fruto flor e outros vegetais e
animais. (CARPANEZZI, 1980; BRUN et al., 2001; NUNES, et al., 2012). O solo é
habitado por milhares de organismos responsáveis por diversas funções e processos no
ecossistema. Esses organismos que habitam o solo da serrapilheira são chamados de fauna do
solo. Por apresentar uma grande sensibilidade às modificações do meio, a fauna do solo é
considerada um bom bioindicador de qualidade do solo.(GÓES et al., 2019).

A fauna de artrópodes em serrapilheira destaca-se nos ecossistemas florestais pela sua


importância na ciclagem de nutrientes e degradação da matéria orgânica, já que estes
organismos são os principais responsáveis pela fragmentação da serrapilheira acumulada
proveniente da vegetação circundante (FERREIRA e MARQUES, 1998). Por conta disso, a
decomposição desses organismos é fundamental para a composição da serrapilheira, pois são
grandes responsáveis pela ciclagem de nutrientes do solo.

A comunidade de microartrópodes também responde quali e quantitativamente às


mudanças ambientais e estas respostas podem afetar o processo de decomposição, alterando,
assim, todo o funcionamento de um dado ecossistema, já que seus principais processos, como
produtividade primária serão modificados (Richards 1974, Primavesi 1982, Schowalter et al.
1986).

À vista disso, o presente trabalho teve como objetivos fazer comparação das
organizações em morfoespécie, compreender a importância da riqueza e diversidade da fauna
de artrópodes em serrapilheira, de acordo com as análises realizadas em fragmento de Mata
Atlântica no Campus II - UNEB (Universidade do Estado da Bahia).

MATERIAIS E MÉTODOS

O atual estudo da Serapilheira foi realizado em um fragmento de Mata Atlântica da


Universidade do Estado da Bahia- Campus II, Alagoinhas, Bahia, nos dias 13 e 20 de maio de
2022, onde foram coletadas amostras para análises em seis transectos de forma linear, que
foram identificados como P0 (24 L 0564088.00 m E 8653362.OO m S), P1 (24 L 0564100.00
m E 8653367.00 m S), P2 (24 L 0564111.00 m E 8653366 m S), P3 (24 L 0564123 m E
865336O.00 m S), P4 (24 L 0564135 M E 8653362.00 m S), e Ponto 5 (24 L 0564140 m E
8653369.00 m S), totais 20 metros, que partiram da borda até a região mais próxima da área
core da floresta

estudada.

Figura 1 - Coordenadas das parcelas

Fonte: Google Earth

A partir disso, em cada ponto foi lançado um quadrado amostral de 0,25 m 2 e foram
coletas com 7 cm de profundidade, medidas com régua simples, depositadas em sacos
plásticos identificados com seu ponto. Quanto à fauna do solo, os animais que foram
recolhidos eram imediatamente colocados em frascos com álcool 70º e identificados com
seus respectivos transectos. Por conseguinte, as amostras foram transportadas para o Centro
de Pesquisa em Ecologia e Recursos Hídricos – CEPERH para realizar a triagem inicial pelo
método visual, separando folhas, caules, raiz, flores. e posteriormente colocadas por 3 dias no
Funil de Berlese, a fim de que os animais ao fugirem do calor das lâmpadas caiam em bécker
com álcool 70%.

Após este período, os organismos obtiveram inspeção visual e foram separados em


morfotipo nas placas de petri. A partir da separação, esses artrópodes foram observados nas
lupas e identificados pela Ordem da classe Insecta com o auxílio do livro Insetos do Brasil:
diversidade e taxonomia da editora José Albertino Rafael et al. Em seguida, foram fixados
em álcool 70% para depósito no Laboratório, sua abundância foi determinada para os cálculos
de diversidade. Assim, foi utilizado a modelagem para quantificar morfoespécies
(abundância, densidade e frequência). Os dados obtidos foram organizados por tabela no
Excel e foi utilizado também, o programa PAST para a construção do dendograma e tabela de
similaridade pela metodologia de Jaccard.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No total, foram coletados e catalogados em Ordem 1500 indivíduos. Este número de


indivíduos não era o esperado, pois o local da coleta é um fragmento de floresta secundária
em estágio de regeneração. Normalmente, essa quantidade de indivíduos deveria ser
encontrada em uma área de mata nativa. Dados como este reforçam a ideia que, quanto maior
a heterogeneidade e a complexidade da estrutura do ambiente, e mais diversa for a cobertura
vegetal, mais heterogeneidade será a serapilheira, que apresentará maior abundância de
espécies (MAESTRI et al., 2012).

Tabela 1: Dados de artrópodes coletados na serrapilheira da Mata Atlântica no Campus


II - UNEB (Universidade do Estado da Bahia).
Nº INDIVIDUOS/ÁREA 0,25m²
ORDEM MORFOESPÉCIES
P0 P1 P2 P3 P4 P5
sp1 7 0 2 5 7 45
sp2 0 0 5 21 23 32

Acarina sp3 0 0 8 0 20 23

sp4 2 0 12 2 2 4

sp5 0 0 32 0 1 5
sp6 0 1 5 0 3 4
sp7 10 0 4 5 14 12

sp8 0 3 12 5 0 4

Araneida sp9 0 3 2 4 0 3

sp10 0 3 0 0 2 3

sp11 0 3 0 0 4 4

sp12 0 3 0 0 0 2
Blatarea sp13 3 3 2 1 3 3
sp14 0 0 1 2 9 5

sp15 0 0 0 0 0 2
sp16 0 3 2 2 2 1

sp16 0 0 1 0 1 1
Collembola sp17 4 3 0 4 6 23
Diplopoda sp18 0 3 4 10 23 44
sp19 55 0 3 1 2 2
sp20 10 19 4 12 10 3

sp21 100 0 0 3 3 0

Hymenoptera: sp22 23 3 0 10 12 2
Formicidae
sp23 0 3 0 0 0 0

sp24 215 0 8 6 0 0

sp25 25 0 2 2 0 0
sp26 0 3 0 0 0 2
Heteroptera
sp27 4 0 10 11 32 3
sp28 3 0 12 19 23 47
Isoptera
sp29 0 1 2 5 5 33
Lepidoptera sp30 1 3 4 3 4 3
sp31 0 0 4 4 9 10

Pseudoscorpionida sp32 0 0 0 10 11 12

sp33 0 0 0 6 25 23
sp34 2 3 1 1 2 2
sp35 0 3 0 1 0 2

Psocoptera sp36 0 6 0 0 2 2

sp37 0 3 0 0 3 0

sp38 0 0 0 2 0 0
sp39 4 3 3 0 5 5
Thysanoptera
sp40 0 0 5 0 0 8

RIQUEZA SPP 16 21 26 27 30 35
Fonte: Excel

De acordo com a abundância de indivíduos, é possível afirmar que as espécies do P0 são


bastante adaptadas a esse tipo de floresta secundária. O fato do P0 está localizado na borda do
fragmento não influenciou nessa quantidade de indivíduos. Neste caso pode estar relacionado
que a borda é onde teoricamente deveria haver uma menor quantidade de indivíduos, logo,
menos competição para obter o alimento. Esta hipótese pode ser testada em um estudo mais
detalhado no mesmo local.

Tabela 2: Tabela de similaridade(Método Jaccard).

P0 P1 P2 P3 P4 P5

P0 0 0.233333 0.448276 0.535714 0.4375 0.342105

P1 0 0.305556 0.333333 0.416667 0.513514

P2 0 0.606061 0.6 0.648649

P3 0 0.583333 0.589744

P4 0 0.756757

P5 0

Fonte:PAST

A similaridade é um índice que avalia os dados dos conjuntos de dados para apontar
uma proporção de espécies compartilhadas entre as amostras, onde o valor próximo de "1"
similaridade "completa".

Ao observarmos a figura 2, é possível dizer que o "ponto 1" foi o local com a mais
baixa similaridade entre as espécies encontradas. Não houve, de acordo com o dendograma,
nenhum ponto com a similaridade completa. Os pontos mais próximos da similaridade
completa foram os pontos 4 e 5. O índice de similaridade utilizado foi o de Jaccard.

Figura 2: Dendograma de similaridade dos artrópodes de serrapilheira da Mata


Atlântica no Campus II - UNEB (Universidade do Estado da Bahia).
Fonte: PAST

Na tabela 3, o P0(Ponto 0), que foi coletado na borda do fragmento, apresentou uma
maior abundância de morfotipos em comparação aos demais pontos no interior da mata Logo,
quanto maior a abundância de indivíduos, maior será a dominância dos mesmos.

Outra ideia a ser tirada do P0 é a riqueza de espécies (16 espécies). O P0 é o ponto em


que foi encontrado a menor riqueza entre todos os outros pontos. Isso entra em contrapartida
com o tamanho da abundância do ponto 0. Significa que a distribuição de espécies neste local
específico da coleta foi baixa, ou seja, baixa equitabilidade, como demonstrado na tabela 3.
Para comprovar esta afirmação, foi utilizado o índice de Simpson. O índice de Simpson é
uma representação da probabilidade de que dois indivíduos, dentro da mesma região e
selecionados aleatoriamente, sejam da mesma espécie. De maneira reduzida, quanto mais
próximo de 1 for o valor de "D", significa que não há diversidade. Em uma escala de 0 a 1, se
o resultado encontrado ultrapassa de 5, significa uma baixa diversidade. Entretanto, o ponto
no qual foi encontrado o menor valor, de acordo com o índice de Simpson, foi justamente o
ponto 0. Disto isto, o indivíduos do P0 apresentam uma maior diversidade (apesar de haver
pouca diversidade por conta da equitabilidade e abundância) em comparação aos indivíduos
dos outros pontos identificados.

Tabela 3: Dados ecológicos e estatísticos dos indivíduos catalogados.


P0 P1 P2 P3 P4 P5

Taxa_S 16 21 26 27 30 35

Individual 468 78 150 157 268 379


s

Dominanc 0.2773 0.09073 0.08373 0.06609 0.06388 0.07344


e_D

Simpson_ 0.7227 0.9093 0.9163 0.9339 0.9361 0.9266


1-D

Shannon_ 1,717 2,783 2,854 2,961 2,992 2,935


H

Equitabili 0.6193 0.9142 0.8761 0.8983 0.8798 0.8256


ty_J

Desvio 37,210869 3,17651442 5,777584 5,0690356 8,4205034 13,271737


padrão 12 7 946 04 32 81
Fonte: PAST e Excel

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Posto isto, a partir dos dados analisados, foi possível perceber que há um alto número
de indivíduos com uma grande diversidade quanto aos animais que foram encontrados nos
locais estudados, isso pode estar associado à diversidade vegetal encontrada, a qual
proporciona alimento e moradia para estes invertebrados. À vista disso, quantidade e riqueza
são bons bioindicadores de qualidade ambiental, portanto essas informações indicam que este
local está em pleno desenvolvimento, pois se trata de uma mata secundária, ou seja, está em
um processo de regeneração.

REFERÊNCIAS

FERREIRA , R. L.; MARQUES, M. M. G. S. M. A fauna de artrópodes de serrapilheira


deáreas de monocultura com Eucalyptus sp. e mata secundária heterogênea. An. Soc.
Entomol. Brasil. v. 27, nº 3. p. 395-403 1998.. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/aseb/a/BR66cPF6NrFkHNV5fL4FKfr/?format=pdf & lang=pt.
Acesso em: 02 de jul. de 2022.
GÓES, Q. R.; BARBOSA, G. W; BOLIGON, A. A.; LORENTS, L. H.; VIERA, F. C. B.;
WEBER, M. A. Suficiência amostral para avaliação da fauna epiedáfica com o método
Provid, 2019. Disponivel em: https://doi.org/10.5902/1980509831106. Acesso em: 02 de jul.
de 2022.

MAESTRI, R.; LEITE M. A. S; SCHMITT, I. Z; RESTELLO, R. M. Efeito de mata nativa


e bosque de eucalipto sobre a riqueza de artrópodos na serrapilheira. Rev. Perspectiva.
v.37, edição especial, p.31-40, Erechim. Março/2013.

APÊNDICES A - Morfotipos das parcelas

P0 - Araneae P0 Hymenoptera

P0 - Scorpiones P0 - Coleoptera
P2 - Blattodea P2 - Gastropoda

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