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CMN, BACEN e CVM

E volução histórica do Sistema Financeiro Nacional

O sistema Financeiro Nacional, entendido como o conjunto de


instituições financeiras, que tem na transferência de recursos dos agentes
poupadores para os agentes  tomadores  de  recursos,  sua  principal  função,
surgiu no Brasil com a chegada da família real portuguesa, que entre outros
benefícios criou o Banco Brasil e a Casa da Moeda.

Nós podemos subdividir a evolução do Sistema Financeiro Nacional em


quatro grandes fases:

• Da Família Real até a Primeira Guerra Mundial (1808 – 1914).

• Da  Primeira  Guerra  Mundial  até  a  Segunda  Guerra  Mundial (1914 –


1945).

• Após a Segunda Guerra Mundial até a Grande Reforma Financeira (1.945 –


1.964).

• Da Grande Reforma Financeira até hoje (1.964 – nossos dias)

 
A primeira fase se inicia em 1808 com a criação do primeiro Banco do Brasil
por Dom João VI, que faliu com o retorno deste para Portugal, e podemos
considerar que se encerra em torno de 1906, com a criação do atual Banco
do Brasil. A primeira instituição privada no país foi o Banco Comercial do Rio
de Janeiro, iniciativa da elite de comerciantes da cidade do Rio de Janeiro,
que trouxe um notável crescimento do cenário econômico-financeiro da
região com a expansão da produção agrícola e da atividade comercial.

Conforme  Vieira et al. (2012), o quinto Banco do Brasil, que surgiu em 1906,
fruto da fusão entre o quarto Banco do Brasil e o Banco da República do
Brasil, tornou-se a única instituição autorizada a emitir moeda. Afirma, ainda,
que “não havia articulação entre as diversas regiões produtivas do território
brasileiro. Essa desarticulação, decorrente da precária infraestrutura em
comunicações e transportes na época, gerava as chamadas “regiões
monetárias isoladas”” (pág. 148)

Das fases seguintes, até a reforma bancária ocorrida com a emissão da Lei
4595/64, podemos destacar a criação em 1945 da Superintendência da
Moeda e do Crédito (SUMOC), considerada a primeira autoridade monetária
do nosso País, tendo sido atribuído a ela a responsabilidade pelo controle do
mercado financeiro e, para tanto, recebeu, do Banco do Brasil, os encargos
relacionados à operação da Carteira de Redesconto. Assim, 1945 é o marco
do processo de regulação normativa e o fomento oficial do sistema financeiro
nacional.

Datam, também dessa época, a criação do BNDE (Banco Nacional do


Desenvolvimento Econômico), notem, ainda se o S de social, do Banco do
Nordeste, do Banco de Crédito da Amazônia, e do Banco do Regional do
Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE).

A lei da usura, que limitava a 12% a cobrança juros anuais, foi sempre um
impeditivo para o desenvolvimento de um sistema financeiro mais robusto,
pois inibia as operações do sistema bancário, haja vista, que a taxa de
inflação fazia com a remuneração das operações fossem, em termos reais,
negativas.

A reforma bancária patrocinada pela edição da Lei 4595/64, entre outros


aspectos, relacionados à estrutura do Sistema Financeiro Nacional, criou o
Banco Central do Brasil e substituiu a SUMOC pelo Conselho Monetário
Nacional. Um outro aspecto da maior relevância foi a introdução do
mecanismo de correção monetária, que contornou a lei da usura e permitiu
maior leque de operações de captação e aplicação dos recursos financeiros.

Outras normas legais marcantes nesse período que se inicia em 1964, as


quais podemos elencar, são :

• Lei nº 4.728/65, que disciplinou o funcionamento do mercado de capitais;

• Lei nº 6.385/76, que criou a CVM; e

• Lei nº 6.404/76, que disciplinou as Sociedades por Ação.

 
Essas normas trouxeram desenvolvimento ao nosso mercado financeiro e
estruturaram o Sistema Financeiro dotando-o do desenho atual, onde
podemos observar os seguintes integrantes: Entidades Normativas,
Instituições Bancárias e Instituições Não Bancárias.

O Banco Central do Brasil (www.bcb.gov.br) em seu website apresenta a


seguinte estrutura como representativa do sistema financeiro nacional:

Além disso, o artigo 1º da Lei 4595, apresenta a composição do Sistema


financeiro Nacional (SFN) em:
 

“I - Conselho Monetário Nacional;

II - Banco Central do Brasil;

III - Banco do Brasil S. A.;

IV - Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico;

V - demais instituições financeiras públicas e privadas.”

O SFN, então, é subdividido para efeitos didáticos em Subsistema Normativo


e Subsistema Operativo. O subsistema normativo é composto pelas
instituições responsáveis pela regulação e supervisão do funcionamento do
sistema e o operativo, por aquelas instituições que efetivamente realizam as
operações de intermediação.

As Entidades Normativas são as responsáveis pela estruturação do sistema


através da edição de normas de funcionamento dos diversos intermediários:

• Conselho Monetário Nacional (CMN);

• Banco Central do Brasil (BACEN);

• Comissão de Valores Mobiliários (CVM);

• Conselho Nacional Previdência Complementar (CNPC);

• Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc);


• Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP); e

• Superintendência de Seguros Privados (SUSEP),

Algumas instituições federais, por sua atuação especial, são consideradas


também entre as instituições normativas, entre elas o Banco do Brasil (BB),
Caixa Econômica Federal (CEF) e Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES).

O Conselho Monetário Nacional, criado pela Lei 4.595/64, tem por objetivo
principal a expedição das diretrizes gerais para o bom funcionamento do SFN
e tem como integrantes:

• Ministro da Economia (Presidente);

• Presidente do Banco Central do Brasil;

• Secretário Especial de Fazenda do Ministério da Economia.

As principais atribuições dadas pela lei ao conselho monetário que podemos


destacar são:

• Adaptar o volume dos meios de pagamento às reais necessidades da


economia;
• Regular o valor interno e externo da moeda e o equilíbrio do balanço de
pagamentos;

• Orientar a aplicação dos recursos das instituições financeiras e propiciar o


aperfeiçoamento das instituições e dos instrumentos financeiros.

O Banco Central do Brasil, também criado pela Lei 6404/76, é o principal


executor das orientações do CMN é responsável por garantir o poder de
compra da moeda nacional, tendo como principais objetivos:

• Manutenção do poder de compra da moeda;

• zelar pela adequada liquidez da economia;

• manter as reservas internacionais em nível adequado;

• zelar pela estabilidade e promover o permanente aperfeiçoamento do


sistema financeiro.

Vale destacar a edição, no ano de 2021 da Lei Complementar 179, que


estabeleceu a autonomia do Banco Central e reafirmou o objetivo
fundamental do BC que é assegurar a estabilidade de preços, ou seja, a
manutenção do poder de compra da moeda. Além disso, o texto da lei, no
parágrafo único do primeiro artigo, incluiu como objetivo “zelar pela
estabilidade e pela eficiência do sistema financeiro, suavizar as flutuações do
nível de atividade econômica e fomentar o pleno emprego”.
 

As principais atribuições do Banco Central do Brasil são:

• emitir moeda e executar os serviços do meio circulante;

• receber recolhimentos compulsórios e voluntários das instituições do SFN;

• realizar operações de redesconto e empréstimo às instituições financeiras;

• efetuar operações de compra e venda de títulos públicos federais;

• exercer o controle de crédito;

• exercer a fiscalização das instituições financeiras; etc…

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), conhecida como o xerife do


mercado de capitais, foi criada pela Lei 4.385/76, e é responsável por
regulamentar, desenvolver, controlar e fiscalizar o mercado de valores
mobiliários do país, tendo como principais atribuições:
 

• assegurar o funcionamento eficiente e regular dos mercados de bolsa e de


balcão;

• proteger os titulares de valores mobiliários;

• evitar ou coibir modalidades de fraude ou manipulação no mercado;

• assegurar o acesso do público a informações sobre valores mobiliários


negociados e sobre as companhias que os tenham emitido;
• promover a expansão e o funcionamento eficiente e regular do mercado de
ações e estimular as aplicações permanentes em ações do capital social
das companhias abertas.

Devemos lembrar, ainda, do Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP),


responsável por fixar as diretrizes e normas da política de seguros privados,
ao qual compete privativamente fixar diretrizes e normas da política de
seguros privados, regular a constituição, organização, funcionamento e
fiscalização, bem como a aplicação das penalidades previstas, como também
estipular índices e demais condições técnicas sobre tarifas, investimentos e
outras relações patrimoniais a serem observadas pelas sociedades
seguradoras.

Lembramos, também, do Conselho Nacional Previdência Complementar


(CNPC), que tem como função o regime de previdência complementar
operado pelas entidades fechadas de previdência complementar (fundos de
pensão).

Por fim, temos as três instituições públicas que pelas suas peculiaridades são
consideradas como “especiais”, já que atuam com características das demais
instituições que operam no sistema financeiro, mas guardam um
relacionamento com os agentes públicos. São elas o Banco do Brasil (BB), a
Caixa Econômica Federal (CEF) e o Banco Nacional do Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES).

As características que os distinguem das demais instituições operativas são:


 

• O BB opera como agente financeiro do Governo Federal e é o principal


executor das políticas de crédito rural, industrial e de banco comercial do
governo.

• O BNDES, responsável pela política de e investimentos a longo prazo do


Governo Federal, conta com linhas de financiamentos de longo prazo a
custos competitivos, para o desenvolvimento de projetos de investimentos
e para a comercialização de máquinas e equipamentos novos, fabricados
no país, bem como para o incremento das exportações brasileiras.

• A Caixa Econômica Federal é a instituição financeira responsável pela


operacionalização das políticas do Governo Federal para habitação popular
e saneamento básico. Além de atender aos trabalhadores formais - por
meio do pagamento do FGTS, PIS e seguro-desemprego, e aos
beneficiários de programas sociais e apostadores das Loterias.

Fonte: https://cutt.ly/DYyb3FE

Atividade extra

Para aprofundar seus conhecimentos acerca dos temas abordados neste


módulo, você pode assistir os vídeos através do link abaixo:

 
https://www.youtube.com/watch?v=e2UxHnwbJPs

https://www.youtube.com/watch?v=wszrvtzeUoo

Vídeos SFN parte I e parte II.

Referência Bibliográfica

VIEIRA, J. A. G.; PEREIRA, H. F. S.; PEREIRA, W. N. A. SISTEMA FINANCEIRO


NACIONAL. E-LOCUÇÃO - REVISTA CIENTÍFICA DA FAEX: Edição 02 – Ano 1 –
p. 146-162. 2012. Disponível em:  https://periodicos.faex.edu.br/index.php/e-
Locucao/article/view/102

CARNEIRO, A. B.; MERLIN, G. P.  A evolução do Sistema Financeiro até o


Plano Real. INTERNACIONALIZA-SE - O blog de Relações Internacionais do
UNICURITIBA. Disponível
em:  https://internacionalizese.blogspot.com/2011/12/evolucao-do-sistema-
financeiro.html

BANCO CENTRAL DO BRASIL. Disponível em: www.bcb.gov.br

PORTAL DO INVESTIDOR. Disponível em: www.investidor.gov.br


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