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Servigo Publico Estadual Processo nt -16/ (3352/2008 _ Dat 25/0103 Fis: 19. Ribrlea: ae PARECER 4: ASPECTOS BIOLOGICOS DE AUTORIA DO BIOLOGO CYL FARNEY CATARINO DE SA INSTITUTO DE PESQUISAS DO JARDIM BOTANICO DO RIO DE JANEIRO Senvigo Palco Estadual Proceso ne -HE[ISSA 1 2003 Da: 23/10/03 Fis: GC Rubrica: 22M st JUSTIFICATIVA PARA TOMBAMENTO DA VEGETACAO DE AREAS. os COSTEIRAS REMANESCENTES NO MUNICIPIO DE ARMAGAO DOS BUZIOS,RJ |. Introdugao Fatores geomorfolégicos associados a mudangas climéticas que ocorreram durante 0 periodo quatemndrio (Ab Saber 1977) no Brasil, deixaram como testemunho na regio que abrange a totalidade ou parte dos municipios de Armago de Buzios, Cabo Frio, Arraial do Cabo, Sao Pedro da Aldeia, Araruama, Iguaba Grande e Saquarema, uma flora muito diversificada, onde também ocorrem varias espécies endémicas, e completamente distinta daquela encontrada no restante do litoral Sudeste do Brasil. Esta flora ainda pouco documentada e estudada sob o ponto de vista botanico e ecolégico, chamou a atencao do naturalista do século passado Emst Ule (Ule 1901), que pela primeira vez descreveu as comunidades de restinga no Brasil ‘A vegetacdo que cobre as baixadas e encostas dos morros litoréneos, principalmente as formagées florestais, apresenta-se de modo geral com baixo porte © aspecto xeromorfico. Excegao sao 0s locais sujeitos a maior umidade como alguns grotées. A fisionomia associada ao clima levou a regiao a ser considerada como uma disjungao fisionémica-ecolégica da caatinga do nordeste do Brasil por Ururahy ef al. (1987). Estas caracteristicas foram e tem sido frequentemente utilizadas para descaracteriza-la como uma formagao do bioma Mata Atlantica e justificar a sua supressao para a implantagéo de ‘empreendimentos imobiliarios. Isto é na realidade, um grande erro € nao raro “ma f6", que tem levado a destruigéo de formagdes vegetais raras, pouco estudadas ¢ de grande valor fitogeogafico e ecolégico (Ururahy et al 1983, Ururahy et al. 1987, Araujo et al 1998, Farag 1999, Lima 2000, Araujo 2000, Cerqueira 2000). Estudos mais recentes (Oliveira Filho & Fontes 2000) tém demonstrado que as formagées florestais atlanticas devem ser consideradas num senso amplo, sendo mais coerentes as divisdes entre florestas pluviais € semideciduas (adaptadas a sazonalidades climéticas). Prado (2000) ao Proceso n. analisar padrées de distribuicéo de espécies em florestas semideciduas, indicou a regiao de Cabo Frio como uma das areas de “ocorréncia enigmatica” de espécies. Os fatores abidticos condicionantes da vegetagao local (pluviosidade ca. 800 mm/ano, ocorréncia de ressurgéncia nas Aguas ocednicas, ventos frequentes de NE- Castro 1998) |e a ocorréncia de diversas comunidades vegetais sobre restingas, planicies aluviais, coluviais e sobre macigos costeiros, a presenga de diversas espécies novas, raras, endémicas, assim como as que ali encontram seus limites de distribuigéo geografica, levaram Araujo (1997) a indicar para WWF/IUCN uma area de 1.500 km2 denominada “Regiao de Cabo Frio" como um Centro de Diversidade de Plantas ( igura 1), uma das 12 areas deste tipo situados no Brasil. Tal regido tem como limite costeiro norte a barra do Rio Sao Joao, e ao sul 0 macigo costeiro entre Ponta Negra e Jaconé Desde 1997 estudos vem sendo realizados por pesquisadores do Instituto de Pesquisas Jardim Botanico do Rio de Janeiro (Programas Zona Costeira e Conservagao) e professores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Laboratorio de Ecologia Vegetal) nas restingas e formagoes estacionais sobre: floristica (Araujo et al 1998, Fernandes & Sa 2000), estrutura de comunidades (Farag 1999), estrutura de populagdes de pau-brasil (Rodrigues 1998) e estrutura genética de populagées de pau-brasil (Cardoso et forkshop Internacional para Conservagao do Pau Brasil - Caesalpinia echinata’ realizado em 1997 em Armagao dos Buzios (FFIJJBRJ/FBMM 1998) produziu um plano al 1998). Deve-se também considerar que a realizagao do de Ago para conservagao desta espécie que tém mobilizado pesquisadores do Estado para realizar diversos estudos envolvendo o Pau-Brasil (Romano 2000). Os produtos do interesse que esta area vem despertando podem ser medidos pelo treinamento de alunos de Cursos de Pos Graduagao em Ecologia © Botanica (Ecologia e Botanica-UFRJ), apresentacao de diversos trabalhos em Congressos Cientificos Nacionais de Botanica (Joao Pessoa 2001, Recife 2002, Belém 2003), e Internacionais (International Association for Vegetation E-16/1353/2003 _| Data: O3/iS/O3 Fle: 1 [ie | ‘Servigo Publico Estadual Procosso nez!6//333) 2003 Dots CSS TE Fen cu Rutbrca: ti Dison BD resected wes 100 sie bony HB art over 10m wishin c>D Aang Baio | Sinates alae sony : AILANTIC OCEAN FIGURA 1: Centro de Diversidade de Cabo Frio. Fonte: Araljo 1997 — Centres of Plant Diversity. Serviga Publico Estagual Processo n.:E-I6/i337Recs | Data 2/12, OS Fis: SS | Rubrica:_Aask. ee Science - Porto Alegre 2002; Tropical Savannas & Seasonally Dry Forests — Edinburgh 2003) Araujo (2000) apontou a ocorréncia de 55 espécies endémicas as restingas fluminenses, sendo 29 restritas as restingas, e 26 ocorrendo nas restingas e na mata atldntica. A regido proxima a Cabo Frio, com sete espécies endémicas, foi a que apresentou o maior numero de endemismos nas restingas fluminenses. Lima (2000) ao analisar as Leguminosas arbéreas do Estado do Rio de Janeiro encontrou 45 espécies nesta regido, algumas de distribuicao muito interessantes como Grazielodendrum riodocensis, um género novo de Leguminosas descrito a partir das florestas remanescentes no norte do Espirito Santo € restrito a CIA Vale do Rio Doce em Linhares. Também foi encontrada Swartzia glazioviana uma espécie arbérea endémica local, além de novas populagdes de Caesalpinia echinata. Estes fatos reforgam ainda mais a indicagao desta regiao como um Centro de Diversidade e, salienta ainda mais a necessidade urgente de criagao de uma Unidade de Conservacao em ambito federal. A protegao efetiva das extensas populagdes de Pau-Brasil (Caesalpinia echinata) existentes na regido, assim como de partes da biota, devem ser realizadas a partir da efetivagéo das Unidades de Conservagao Estaduais ja existentes (APA Massambaba, APA Sapiatiba e mais recentemente APA do Pau-Brasil) dando-Ihes infra estrutura e condigdes de operagao para que sejam Unidades de Conservagao de fato e verdade. No municipio de Armagao de Buzios, ainda existem importantes remanescentes de vegetagao que recobrem as restingas, baixadas e morros litoraneos e os recursos floristicos ai existentes precisam ser urgentemente protegidos de alguma forma para que se possa estudé-los a curto, médio e longo prazos. A simples presenga da vegetagao nos costées rochosos e areas de acentuada declividade ja thes garantem protegao por lei, além de sua inegavel beleza cénica, que em décadas passadas foi bastante considerada para a criagdo de importantes unidades de conservacao. Entretanto desde sua municipalizaga . © Municipio de Armagao de Biizios vem passando por transformagées radicais sem levar em consideragao 0 aspecto mais peculiar de seu territério: seus aspectos naturais, fonte de atracao turistica e Lendigy Pusiias Estaual Proceso ne -16/ 133%) Boos (Data, 02/20 723 Fig; OY | Rubrica: AL. consequentemente de recursos. Diversos documentos como Planos de manejo, Lei de Uso de Solo, Plano Diretor, Lei Organica Municipal, foram elaborados, mas na prdtica parecem valer as decisées de cardter ‘eminentemente politica e outras ao invés de critérios técnicos. Afirmagdes de autoridades municipais em jornais de grande circulagao na cidade do Rio de Janeiro, em que o “municipio nao pode ser transformado num parque tematico” soam de forma ridicula e patética, denotando falta de cuidado com a coisa publica, ma fé ou extrema subvserviéncia politica. Il. Estudos sobre a vegetacdo do Municipio de Armacao dos Buzios Algumas areas do municipio (Tabelas 1 e 2) ja foram estudadas parcialmente em alguns aspectos entretanto a velocidade como avangam os loteamentos e condominios na peninsula de Armagéo dos Buzios, principalmente apés sua municipalizagao tém fragmentado cada vez mais a vegetagao da regiéo. A composigéo de espécies muda de acordo com o ambiente (restinga, brejo, florestas estacional, vegetacao arbustiva dos costes rochosos) e basicamente so ha alguns estudos relacionando plantas de duas florestas de restinga (Fernandes 2002, Lobo & Kurtz 2000), outros estudos em florestas estacionais (Sé et al. Inédito; Kurtz,Sa & Oliveira, inédito; Farag 1999) e uma listagem sobre a espécies de restinga (Fernandes & Sa 2000). Tabela 1: Florestas de Armacao dos Buzios - sintese dos dados de estrutura | Autor [ccelieadel aeriont | Sp | Dominanci | Densidad | Da | Are | | p a e p|al at = i | mtha | ind/ha ha | Saetal. | Peninsula-| Floresta |124| 27,83 | 5.640 | 25 | 0,1 (ined.) | morros_| Estaciona | | 1 | Kurtz, S4 [Emerengas | Floresta |103| 22,4-25,9 | 1.520- |50| 05 & Oliveira | - morros | Estaciona | 3.450 ined Farag (1998) | Provesso n.2& 1G //357 ;LOOS Vem O8//010> Fe: OS T ae, |Fernande | Praiade | Floresta (2002) Manguinho | Restinga | a8 soll elle Lobac & [Praia Gorda} Floresta 26 | 21,82 3.120 | 2,6] 01 | Kurtz Restinga | {(2000) Tabela 2: Florestas de Armagao dos Buzios - sintese dos dados de floristica = Autor Localidade | Ambiente _| Spp| Familias] Fernandes (2002) | __Manguinhos _| Floresta Restinga |135| 39 _| |Fernandes & Sa Toda a peninsula Restinga [187{ 60 | (2000) (diversos) | Farag (1999) Emerengas - Floresta |156| 46 | baixada Estacional__| | Muito embora existam essas informagées preliminares, ainda nao dispomos de uma sintese sobre quantas e quais so as espécies que ocorrem em Buzios e em que ambientes da peninsula. Alguns importantes trabalhos esto em andamento, principalmente uma tese de mestrado de Heloisa Guinle Ribeiro Dantas sob orientagao do Dr. Haroldo Cavalcante de Lima na Escola Nacional de Botanica Tropical (JBRJ), deverd concluir 0 mapeamento das fisionomias da vegetagdo ja iniciado por Dantas & Bohrer (2001). Acteditamos que a associagéo dessas informagoes digitalizadas a ocorréncia de espécies em outras areas de florestas estacionais no Centro de Diversidade de Cabo Frio, objeto de tese de doutoramento do autor deste documento, sera um passo fundamental na preservagao de algumas areas da peninsula e do Centro de Diversidade ja que diversas areas no contexto deste Centro sequer foram estudadas preliminarmente. Algumas dessas areas no municipio de Armagao dos Buzios s4o os remanescentes florestais € arbustivos. da formagao barreiras préximo a Barra de Una englobando a praia Rasa, todas. as areas de brejo e todas as florestas baixas e vegetago arbustiva dos costdes rochosos. A ultima requer metodologia adequada para investigagao. Precesso aE 16] 1237) 200% Data: JO 103 Fis: 2S subrica: Bate lll, Areas prioritarias para tombamento As reas costeiras do municipio so muito cobigadas pela construgao civil, estamos elencando neste documento areas que consideramos prioritarias para tombamento, incluindo também algumas extensdes _interioranas. Destacamos como areas prioritarias as seguintes, de acordo com a Figura 2: 1. Florestas em torno da Ponta do Pai Vitério Estende-se da Praia da Gorda a Ponta do Pai Vitério — Vegetagao Arborea Densa e Arbérea-arbustiva densa (Floresta Atlantica estacional semidecidua, Floresta de Restinga). Resquicios de formagao barreiras. Ocorréncia de Caesalpinia echinata (Pau-Brasil) e Jacquinia brasiliensis e Machaerium n.sp... Levantamento realizado na area da restinga da Praia da Gorda por Lobao & Kurtz (2000). Levantamento parcial das encostas N/S por Sé et al.(inédito) Demais dados nas Tabelas 1 e 2 2. Area da Praia Rasa Segue da Vertente oposta da Ponta do Pai Vitério nas imediagées da Ilha Rasa 4s proximidades do posto de gasolina da Rasa. Vegetacao Arborea Arbustiva Densa (Restinga arbustiva baixa e Floresta de Restinga). Ocorréncia de Swartzia glazioviana e . Jacquinia brasiliensis . Area sem levantamento especifico, apenas coletas de plantas ocasionais, 3. Area da Praia de Manguinhos Estende-se ao longo do trecho de rodovia que vai da Rasa ao Portico da cidade. Vegetacao Arbérea-arbustiva densa (Ultima Floresta de Restinga existente no municipio). Ocorréncia de Swartzia glazioviana e Sideroxylon obtusifolium Sideroxylon obtusifolium. Levantamento realizado na area por Fernandes (2002), demais dados nas Tabelas 1 ¢ 2 “L00z Jesyog 7 SoyUDG :9}U05. “(000'0S"|!0Se (ZBI) SIDIEUIW SosNday ap oyEWOYOdaq — WYdd :9S0G) 9/6) ap spaigd sojoj ap opSoyeidieyu; op sgao.j0 opoiogale ‘so1zZpg ep og|Bay op sod|UQUO's! segipod sop sDLIWHIesd odoW — z ouNbLY ynoya onnzds3 woos: — SS cusouxa o10s [ill ° ‘wgo0"t “00's svavzinvesn svaay vounso vvos3 SS SNaovisvd No vinsnoWey 30 syzay BINANTWNOZVS SI3AYGNNNI SOaWvO [i soduesew3 sop aan S svsuvdsa SauOAuy /2 vaoyeUIH oydvi2030 [I YSN3G_VAUSNE’Y OyOVI303N SNad YAUSNEeuv-OauOBYY Oydvi303\ [i vsNaa vauoauy oySviao3, [i 1 SOODINONOISIA S3QNCVd obussew3 “of Zoupaly OP opoesuy D gD usb BP 9908 OP DYUod ~ / pyupnposse4 Bp “Old Servigg Pilblico Esisdual 4. Area da Praia da Tartaruga Estende-se por toda a Praia da Tartaruga. Ha uma area de remanescente de Vegetagao Arbustiva Densa ( Restinga), ao lado esquerdo de quem chega @ praia pelo acesso de veiculos. Ha uma duna onde ocorre Jacquinia brasiliensis. Do lado direito, ha uma extensa area de Vegetagao Arborea- arbustiva densa (fioresta estacional semidecidua) além da vegetagao sobre costéo rochoso. E uma das areas da peninsula em melhor estado de conservagao devido 4s dificuldades de acesso. Esta area foi incluida no levantamento de dados parciais das vertentes N/S da peninsula por Sa et al (inédito). Demais informagées nas Tabelas 1 2. Ocorréncia de Pilosocereus lei, Jacquinia brasiliensis, Sideroxylon obtusifolium. 5. Ponta de Jodo Femandinho, Ponta da Lagoinha a Ilha Olho de B Também é uma das melhores reas preservadas da peninsula, embora da Ponta do Criminoso a Praia Brava seja muito estreita. Na area mais central da ponta ha uma grande area de solo exposto que pode ser recuperada com medidas adequadas (retirada de cavalos e bois, remogdo do Panicum maximum - capim-coloniéo, entre outras). E uma das maiores extensdes remanescentes de Vegetagao arbérea densa (floresta estacional) na peninsula Ocorréncia de Pilosocereus ulei, Sideroxylon obtusifollum, Jacquinia brasiliensis e Hornsuchia alba 6. Praia do Forno ao Costao da Ferradura Esta érea contigua a anterior vai até 0 costao da Ferradura, incluindo a llha do Boi. A vegetacao arbustiva densa (fioresta estacional) tem mais expresso, embora ocorra também vegetacéo arbérea arbustiva densa (floresta estacional). Ocorréncia de Jacquinia brasiliensis, Sideroxylon obtusifolium e Pilosocereus ulei a Servign Puolico Estadual Processo 1.161399 /2C0 5 Date. 23/10/03 Fe: 4 | | Rubrica: Afi» =a 7.2 wra.a Praia da Ferradurinha, Am nseada do Albatroz Ocorréncia de vegetagéo arbustiva densa e arborea arbustiva densa (floresta estacional) sobre as encostas e areas abrigadas da vertente S. Ocorréncia de Jacquinia brasiliensis, Sideroxylon obtusifolium, Pilosocreus ulei IV. Lista de espécies da flora endémicas, raras e ameagadas de extingao Diversas espécies que ocorrem na peninsula de Buzios sao consideradas raras e /ou amegadas de extingdo de acordo com a “Lista Oficial de Espécies da Flora Brasileira Ameacgadas de Extingao” (Portaria IBAMA 37-N de 3 abril de 1992), como: Bauhinia smilacina (Leguminosae) Caesalpinia echinata (Leguminosae) ‘Swartzia glazioviana (Leguminosae) Sideroxylon obtusifolium (Sapotaceae) Jacquinia brasiliensis (Teophrastaceae) Outras espécies raras como Homsuchia alba e Porcelia macrocarpa (Annonaceae — Maas, Junikka & Rainer 1999), e endémicas locais como Pilosocereus ulei (Cactaceae - Zappi 1994), entre outras aumentam a importancia de preservagao de reas da peninsula de Buzios. Também merece destaque a presenga de duas novas espécies de Leguminosae (H.C.Lima, comunicagéo pessoal) dos géneros Machaerium e Abarema ainda nao descritas e encontradas nas florestas de Armagao de Buzios. Servign Puutico Estadual Procesto PE IG|33% 2003 _ Date: 23: | Rubrica AR. L een WISIOS Fig.; IO V. Conclusao Apesar de existirem na Regiao dos Lagos diversos documentos legais ¢ Unidades de Conservagao criadas na década de 80 (APA Massambaba, APA Sapiatiba, Reserva Ecolégica de Jacarepié, Reserva Ecolégica da Massambaba) e algumas recentes (APA do Pau-Brasil), nenhuma delas de fato foi implementada. Todas so “reservas de papel’ e muitas delas sofreram intervengSes extremamente danosas em sua Area core: A APA Sapiatiba foi seccionada num importante trecho da Serra de Sapiatiba pela empresa que administra o Consércio denominado VIA LAGOS. Obra de carter duvidoso que estimulou a especulagao imobilidria (margens da rodovia préximos a Araruama, ‘Sao Pedro da Aldeia e Iguaba Grande), impés cobrangas extorsivas de tarifas entre municipios vizinhos (Saquarema x Rio Bonito e Rio Bonito x Araruama) e sobretudo promoveu a descaracterizagao de trechos de rodovias (confluéncia com RJ 106 € BR 101). Também a APA Massambaba sofreu duro golpe com 0 asfaltamento total do trecho RJ 106 (entrada de Praia Seca ) a Arraial do Cabo, que induziu o processo de favelizagéo na restinga e transformou completamente as localidades de Figueira e Monte Alto O tombamento de algumas areas costeiras da peninsula de Armagao de Buzios é uma passo fundamental para que pela primeira vez de fato seja criada um documento que demonstre 0 interesse do Estado pelas importantes areas costeiras daquele municipio. Passados oito anos da emancipagao politica daquele municipio, nenhuma atitude que demonstre o valor daquele ambiente foi tomado pela municipalidade local. Nao faltaram esforgos de alguns pesquisadores do Instituto de Pesquisas Jardim Botanico do Rio de Janeiro, que enquanto desenvolviam seus trabalhos de campo apoiaram sempre alguns tomadores de decisdo e mesmo vereadores com pareceres e laudos sobre importantes areas do municipio. Encaminhamentos junto a Policia Federal sobre atitudes depreciativas sobre a vegetagao emitidas pelo Escritério IBAMA Cabo Frio e mesmo 0 apoio a criagao de Leis Municipais para que alguns percentuais dos royalties do petréleo servissem para a criagaio de Unidades de Conservagao, entre outras iniciativas foram realizadas. Servigo Publico Estadual Diversos documentos publicados mencionam a importancia_biolégica dessas areas valendo ressaltar mais uma vez Araujo (1997) — Centro de Diversidade Vegetal de Cabo Frio, e MMA/SBF (2002) que recomenda como agao a criagdo de Unidade de Conservagao numa regido considerada como de Extrema Importancia Biolégica, devem ser levados em conta neste proceso, além da presenga de Espécies Endémicas, Raras e Ameagadas de Extingao. Rio de Janeiro, 15 de setembro de 2003 yl Farnéy Catarino de Sa Pesquisador — Programa Zona Costeira VL. Referéncias Bibliograficas ‘Ab Saber, A.N. 1977. Espagos ocupados pela expansao dos climas secos na América do Sul por ocasiao dos periodos glaciais quaterndrios. Paleoclimas 3:1-18, Araujo, D.S.D. 1997. The Cabo Frio Region. In: Davis,S.D., Heywood,V.H., Herrera-McBryde, O., Villa- Lobos,J. & Hamilton,A.C. (eds) Centres of Plant Diversity: aquide and strategy for their cons ion. Vol__3: The Americas. WWEFIIUCN. Oxford. P 373-375. 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