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Avaliação América II - Dissertação
Avaliação América II - Dissertação
AVALIAÇÃO 01
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Graduanda do curso de bacharelado em História, na Universidade Federal de Pelotas. Matrícula: 20101052.
os povos, pois não tinham entre si uma identidade política e social concreta. Soma-se a isto
o fato de não existir relações de comunidade, mas sim de mandonismos locais. A nação da
América Espanhola não tem uma origem cultural, mas essencialmente política.
As elites, conhecidas como criollos, mantinham ferramentas político-sociais
simbólicas da coroa espanhola, na tentativa de manter uma unidade, visto que o governo
destes países estava nas mãos destas elites locais. A Europa vivia as Guerras Napoleônicas,
e um dos estopins para iniciarem as independências na América foi a deposição de
Fernando VII da Espanha em 1808 por Napoleão. Seu irmão, José Bonaparte, fora
escolhido para assumir o trono e não dialogava tão bem com os criollos quanto o antigo
monarca, a reação imediata foi a instauração das Juntas Governamentais nas colônias,
grupos de caráter separatista lideradas pelos criollos descontentes. (GUERRA, 2014)
Iniciam-se revoltas internas nos países, que estavam fragmentados e não possuíam uma
unificação entre os grupos de poder. Eram estes mesmos grupos – homens que se
encaixavam na minoria – que estavam à frente da independência. Assim como afirmado por
Maria Elisa Mäder,
“apesar das dificuldades de comunicação e das imensas distâncias físicas, esta
sincronização revelava não só ecos dos acontecimentos externos, mas também o
surgimento no interior da elite colonial de diversos, e muitas vezes contraditórios,
posicionamentos e projetos políticos que visavam responder aos desafios
impostos por este contexto político.” (MÄDER, 2008, p. 226).
Pode-se afirmar que primeiro existiu o país, para depois formular uma nação. Além
disso, a ideia de país só se aplicava a minoria, esse sentimento de pertença e identificação
como cidadão membro daquela nação era um direito de poucos. Em consonância com
Wasserman (1996), “para a elite “crioulla” as ideias de independência tinham um caráter
pré-nacional, a ideia de nação não tinha o maior significado para a grande maioria da
população (...)” (WASSERMAN, 1996, p. 181). A característica social de todo esse
processo é a segregação – muitas pessoas ficaram às margens do processo de criação de
identidade nacional e, estas marcas seguem até os dias de hoje. A América Espanhola
desenvolveu laços de pertencimentos com a Europa – a elite se sentia europeia, mantendo
tradições e modos de vida semelhantes aos europeus, algo que reverbera até hoje.
Como forma de legitimação, os novos nacionalistas se agarraram na ideia de
desenraizamento da cultura relacionada com a Espanha e enraizamento nos povos
originários – Incas, Astecas e Maias –, a construção da identidade nacional dos países
recém-nascidos gira em torno dessa constante procura de pertencimento da terra, visto que
os criollos não querem mais ser identificados como descendentes dos espanhóis, mas sim
dos povos autóctones. A história é reinventada e ressignificada, neste caso, o Estado criou a
nação e buscou construir os cidadãos, procuravam a todo custo argumentos que legitimasse
seu pertencimento àquela terra. Portanto, conclui-se que o processo de independência da
América Latina é complexo, multifacetado, único e repleto de jogos de poder.
Referências Bibliográficas:
GUERRA, François-Xavier. A nação na América espanhola: a questão das origens.
Revista Maracanan, n. 1, v. 1, dez, 2014, p. 9-30.
MÄDER, MADER, Maria Noronha de Sá. Revoluções de Independência na
América Hispânica: uma reflexão historiográfica. Revista de História, n. 159, 2008, p.
225-241.
WASSERMAN, Cláudia. História da América Latina: Cinco Séculos. Porto
Alegre: Ed. Da Universidade/URGS, 1996.