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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL


Parte Geral do Direito Civil – Turma B - 2023/1

“FICHAS DE LEITURAS”

Filipe Pelegrino Franco Grandini


00343056

Porto Alegre
Agosto de 2023
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Leituras:

1) WIEACKER, Franz. História do direito privado moderno. 2ª ed. Lisboa:


Fundação Calouste Gulbenkian, p. 279 a 589;
2) GOMES, Orlando. Raízes históricas e sociológicas do Código Civil brasileiro.
3) ALMEIDA, Carlos Ferreira de. Texto e enunciado na teoria do negócio jurídico,
v. I. Coimbra: Almedina, 1992, p. 259 a 324;
4) RODRIGUES JÚNIOR, Otávio Luiz. Direito civil contemporâneo. Estatuto
epistemológico, Constituição e Direitos Fundamentais 2ª ed. São Paulo: Forense
universitária, 2019, p. 105-237 (§§19-42).
5) FACHIN, Luiz Edson. Teoria crítica do direito civil. Rio de Janeiro: Renovar,
2012, p. 29-91.
6) PONTES DE MIRANDA, Francisco Cavalcante. Tratado de direito privado,
tomo VI (Exceções, exercício de direitos, prescrição). São Paulo: RT, 2012 - §§
650 (p. 167) a § 661 (p. 215).
7) MENEZES CORDEIRO, Antonio M. da Rocha. Da boa-fé no direito civil.
Coimbra: Almedina, 2001, (3ª parte: “III – Parte sistemática, §§43 a 51), p. 1117-
1282. (Biblioteca)
8) MIRAGEM, Bruno. O Código Civil de 2002 e o direito civil do futuro. Revista
de Direito do Consumidor | vol. 145/2023 | p. 209 - 233 | Jan - Fev / 2023.
9) MIRAGEM, Bruno. A contribuição essencial do direito comparado para a
formação e desenvolvimento do direito privado brasileiro. Revista dos Tribunais |
vol. 1000/2019 | p. 157 - 190 | Fev / 2019.
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1 - História do Direito Privado Moderno.

A obra magistral intitulada "Direito Civil Contemporâneo - Estatuto


Epistemológico, Constituição e Direitos Fundamentais" transcende as fronteiras da
análise jurídica tradicional ao mergulhar de maneira meticulosa e abrangente nas
complexidades do Direito Civil na era contemporânea. Elaborado por um grupo
notável de autores, o livro destaca-se pela profundidade com que explora as
interligações entre o estatuto epistemológico do Direito Civil, os princípios
fundamentais da Constituição e a salvaguarda dos direitos essenciais, proporcionando
uma visão íntima da evolução do Direito Civil em face das mudanças socioculturais e
tecnológicas que caracterizam a nossa época.

A arquitetura cuidadosa da obra oferece um exame minucioso e multifacetado,


em que cada capítulo se dedica à análise de aspectos particulares da intrincada relação
entre o Direito Civil e as exigências contemporâneas. Uma das maiores contribuições
do livro é a exploração aprofundada do estatuto epistemológico do Direito Civil. Os
autores não se limitam a situar o Direito Civil dentro do escopo do conhecimento
jurídico; eles vão além, examinando a maneira como o Direito Civil se interconecta
com outras disciplinas e como suas bases teóricas estão sendo reelaboradas para
permanecerem relevantes em nosso mundo em constante transformação.

O epicentro da obra repousa na análise da influência vital da Constituição e dos


direitos fundamentais no âmbito do Direito Civil. De maneira notável, o livro sublinha
a imperiosidade de incorporar os princípios constitucionais na interpretação e
aplicação das normas civis. Ele ilustra como valores intrínsecos, como igualdade,
dignidade humana e liberdade, têm redefinido de modo substancial as categorias
tradicionais do Direito Civil, como contrato, família e propriedade. Através de uma
exposição vívida de casos emblemáticos, os autores nos fazem compreender a estreita
ligação entre o Direito Civil e os direitos fundamentais.

A obra também aborda os desafios advindos das transformações sociais e


tecnológicas que têm pautado nosso tempo. Questões urgentes, como a proteção da
privacidade em um contexto de vigilância digital ubíqua, a regulamentação de novas
modalidades contratuais e a adaptação das normas civis a realidades emergentes e não
previstas, são abordadas com profundidade e discernimento. Este enfoque demonstra o
comprometimento dos autores em destacar a vitalidade e a contínua eficácia do Direito
Civil em um cenário em constante evolução.

Um traço distintivo da obra é a sua abordagem crítica e perspicaz. Ao invés de


se limitar a descrever as mudanças, os autores realizam uma análise minuciosa das
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implicações éticas e sociais que acompanham as transformações enfrentadas pelo


Direito Civil. Isso fornece ao leitor uma compreensão holística dos desafios e das
oportunidades que caracterizam a nossa contemporaneidade.

Em conclusão, "Direito Civil Contemporâneo - Estatuto Epistemológico,


Constituição e Direitos Fundamentais" emerge como uma leitura indispensável para
todos aqueles que buscam uma compreensão profunda da interação entre o Direito
Civil, a Constituição e os direitos fundamentais na sociedade moderna. A obra não
somente oferece uma análise detalhada e perspicaz das mudanças no âmbito do Direito
Civil, mas também ressalta sua relevância constante e sua capacidade inerente de se
adaptar aos desafios em constante mutação do nosso mundo contemporâneo.

O Direito é definido com base em elementos empíricos e mutáveis com o tempo


- é a tese do fato social, ou das fontes sociais ou convencionalista.
De acordo com o jurista Norberto Bobbio em sua obra «Positivismo Jurídico», a
expressão «positivismo jurídico» deriva da locução direito positivo, contraposta àquela
de direito natural. A característica do direito positivo seria a de ser posto pelos
homens, enquanto o direito natural não seria posto por estes, mas por algo que estaria
além desses, como a natureza, Deus ou a razão.

Os séculos XVII e XVIII foram o ápice do jusracionalismo, ou seja, das


correntes jurídicas que entendiam ser possível descobrir regras jurídicas racionalmente
necessárias e, nessa medida, universalmente válidas.

CITAÇÕES E COMENTÁRIOS

PRIMEIRA FASE
A história do jusracionalismo costuma ser dividida em três fases distintas.
Primeiramente, uma fase de transição ainda muito ligada aos preceitos da
escolástica e do velho direito natural. Em segundo lugar, uma fase de
estabelecimento do método e sucessiva pormenorização do sistema de direito
natural. Por último, a fase na qual o jusracionalismo tornou-se hegemônico no
pensamento jurídico e nas cortes europeias, contribuindo com a edição de códigos
de inspiração jusracionalista.   Wieacker, 1980, pp. 303-305.

O surgimento do jusracionalismo está ligado às guerras religiosas iniciadas com a


reforma e só terminadas com a paz de Vestfália ao fim da guerra dos Trinta Anos.
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Essas lutas eram lutas pela ideia de Direito e de Estado: a opção entre a liberdade
religiosa e o centralismo absolutista. Mas o papel dos primeiros teóricos do
jusracionalismo nessas guerras não se dá apenas um lado: alguns, como Althusius e
Grócio, estão do lado da liberdade; mas outros, como Hobbes e Bodin, encontram-
se do lado do absolutismo. Isto se dá porque o jusracionalismo está fundado tanto
na antiga tradição jusnaturalista da Idade Média como também nas influências que
vão dar na Reforma. Assim, fundamentará tanto o absolutismo como a soberania
popular e nacional. Wieacker, 1980, pp. 315-318.
Na Alemanha, muito importante foi Johann Oldendorp, jurista alemão da reforma
luterana, muito influenciado pelo humanismo jurídico. Wieacker, 1980, pp. 318-
320.

No espaço da contrarreforma, foram os juristas e teólogos espanhóis quem


prepararam o caminho para o jusracionalismo ao aplicar o método escolástico
tomista às novas questões que surgiam, sobretudo o direito de guerra e o direito
internacional das guerras coloniais e religiosas. Wieacker, 1980, pp. 320-321.

No restante da Europa, não diretamente protestante ou católica, mas envolvida em


disputas, uma das grandes influências do início do jusracionalismo é Johannes
Althusius que foi um jurista e filósofo calvinista. Foi muito importante por ser um
dos primeiros a desenvolver uma teoria jusnaturalista da soberania popular,
influenciando grandemente Hobbes e Rousseau. Wieacker, 1980, pp. 321-323.
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Entretanto, o mais importante dos precursores do jusracionalismo, sendo


considerado até seu fundador, foi Hugo Grócio. Considerado muito importante por
trazer em sua obra - especialmente "De iure belli ac pacis" (Do direito de guerra e
paz, 1625) - já o espírito do jusracionalismo: a sistematicidade, o elevado grau de
abstração e a fundamentação do edifício jurídico nos postulados do direito natural.
Também é importante como fundador do moderno Direito internacional. Wieacker,
1980, pp. 323-340.

SEGUNDA FASE
Pufendorf estabeleceu o primeiro sistema de teoria geral do direito
A segunda fase do jusracionalismo começa com o declínio das lutas religiosas, o
que acaba por ocasionar uma emancipação dos pensadores desta fase em relação à
tradição teológica. Também, com a conformação da organização dos Estados
europeus, estes pensadores passaram a entrar em relações estreitas com as cortes,
tornando-se o jusracionalismo em um instrumento do absolutismo esclarecido.
Wieacker, 1980, pp. 340-342.  

Hobbes foi o primeiro destes pensadores que estiveram em relações muito


próximas com as cortes europeias, tentando influenciá-las. Apesar disso, de certo
modo, Hobbes é um caso especial, já que esteve ligado ao modelo que foi
derrotado na Inglaterra (o absolutismo monárquico). Suas obras exerceram
profunda influência no pensamento jusracionalista posterior, principalmente dois
pontos: sua racionalização e secularização da teoria social; e sua teoria da
soberania. Esta última, embora fundasse o direito positivo no direito natural,
realizava uma dissolução radical deste último no direito autoritário do soberano,
posição que não encontrou ecos no jusracionalismo futuro. Entretanto, sua
utilização do modelo contratualista do antigo direito natural influenciou
fortemente a posterior teoria contratualista jusracionalista. Wieacker, 1980, pp.
342-345.
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Na Inglaterra, Locke acabou por exercer mais influência já que sua teoria estava
mais de acordo com o Parlamentarismo inglês.Wieacker, 1980, pp. 344.

Por outro lado, a maior influência metodológica deste período veio de Baruch
Espinoza que, com sua "Ética" demonstrada de acordo com o método geométrico,
produziu a forma mais acabada de aplicação da matemática à metafísica e à ética.
Wieacker, 1980, pp. 345.

Hobbes e Espinoza, portanto, haviam constituído com suas obras os pressupostos


metodológicos de um sistema axiomático de teoria geral do direito, embora
nenhum deles o houvesse desenvolvido. Tal tarefa coube à Samuel Pufendorf que
estabeleceu um sistema de teoria geral do direito extremamente influente -
especialmente nos diversos Estados germânicos -, de certo modo sintetizando o
pensamento jusracionalista à época. Wieacker, 1980, pp. 345-353.

TERCEIRA FASE
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O filósofo e jurista Christian Wolff


Para Wieacker, o jusracionalismo, no período que antece a Revolução Francesa, só
teve consequências jurídico-políticas de fato na Europa Central e, posteriormente,
nos Estados Unidos. Isto se deu porque, apesar de ligado às lutas por liberdade,
essa escola adquiriu influência apenas quando conseguiu ligar-se aos Estados
autoritários europeus - tal como em Portugal, na Toscana, em Nápoles, na
Escandinávia e na Rússia -, principalmente aos Estados germânicos (com especial
influência na Prússia). Isso se deu principalmente devido à combinação de razões
filosóficas e políticas com a ética política protestante do Estado prussiano. Papel
muito importante para a disseminação do jusracionalismo nos estados germânicos
exerceram as novas universidades que foram fundadas após a reforma e que
passaram a formar a burocracia dos regimes nos postulados da escola. Neste
sentido, é central a importância de dois pensadores: Christian Thomasius e
Christian Wolff. Wieacker, 1980, pp. 354-356.

Thomasius deve ser considerado mais importante pelo seu papel de modelador do
primeiro iluminismo alemão, tendo ensinado na universidade de Halle desde a sua
fundação, em 1690. Assim, escreveu numerosos textos, envolveu-se em diversas
polêmicas e foi uma espécie de agitador e divulgador da cultura jurídica de seu
tempo. Wolff, por outro lado, levou às últimas consequências a utilização do
método geométrico para deduzir o direito natural até os mais pormenorizados
detalhes. Assim, sua obra efetua uma dedução exaustiva dos deveres a partir dos
postulados da natureza humana. Imensa foi a sua influência na cultura jurídica,
especialmente na Alemanha onde, um século mais tarde, surgiria a "jurisprudência
dos conceitos" que pode ser dita como herdeira espiritual do trabalho de Wolff.
Wieacker, 1980, pp. 357-365.

MOVIMENTO PELA CODIFICAÇÃO


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Primeira página da edição original do Código Napoleônico


As codificações de inspiração jusracionalista devem ser distinguidas daquelas
contemporâneas e anteriores que estão fundadas na inspiração de reformar o
direito já existente, porque elas visam a uma planificação global da sociedade
através de uma reordenação sistemática e inovadora da matéria jurídica. Para o
jusracionalismo, a atuação racional dos governantes criaria, por si só, uma
sociedade melhor. Neste sentido, estas codificações se apresentam não como
frutos acabados de uma tradição jurídica, mas sim como pré-projetos de uma
sociedade melhor por vir. Assim, não são projetadas por corpos de práticos que
aplicam o Direito existente (juízes, advogados, procuradores e etc), mas por uma
elite intelectual com formação em filosofia e política, intimamente ligada aos
soberanos. Wieacker, 1980, pp. 365-369.

Neste sentido, o código prussiano de 1794, o austríaco de 1811 e o código civil


napoleônico são exemplos de codificações inspiradas pelo jusracionalismo. O
código prussiano e o código austríaco encontraram diversas dificuldades na sua
longa elaboração. Na última fase de tramitação, as principais dificuldades surgiram
devido a reação ao iluminismo que a Revolução na França provocou. Assim, uma
vez outorgados, geraram um generalizado desprezo por grande parte das
comunidades jurídicas locais que preferiram estudar de novas formas o velho
Direito Romano (Escola Histórica do Direito), já que viam esses códigos como
resultado da influência francesa, especialmente após a promulgação do Código
napoleônico, em 1804. O Código francês, por sua vez, foi o mais exitoso de todos os
códigos de inspiração jusracionalista, tendo se constituído a partir dele um novo
modo de pensar o Direito, com a escola da exegese. Wieacker, 1980, pp. 371-395.
Assim, a Escola Histórica do Direito surge como resultado de influências diversas,
vindas de diferentes tradições que foram importantes para os seus membros. Em
primeiro lugar, a ética Kantiana exerceu grande influência na sua crítica ao
racionalismo iluminista ingênuo e ilimitado, trazendo consigo a ideia de uma
ciência jurídica positiva que se pergunta acerca de seus requisitos formais. Além
disso, permitiu centrar o direito privado na autonomia da vontade individual.
Wieacker, 1967, pp. 401 e 402.
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Outras influências importantes foram as filosofias historicistas de Justus Möser -


que colocava a questão das condições empírico-históricas da cultura, da
constituição dos países e da situação do Direito - e de Herder - que concebia a
história humana como um plano de educação do Criador; bem como a filosofia de
Friedrich Wilhelm Joseph von Schelling, na qual a história humana aparece como
manifestação e realização do absoluto. Wieacker, 1967, pp. 404-407.

Nos territórios alemães, a situação era diferente. Politicamente, não havia ocorrido
nenhuma revolução que levasse a burguesia ao poder, como na França.
Intelectualmente, havia dois movimentos de resistência à influência francesa na
cultura alemã: o Sturm und Drang, de características pré-românticas e o
Classicismo de Weimar, que, pela influência de Herder, opunha-se ao racionalismo
iluminista através de uma concepção historicista do mundo. Wieacker, 1967, p.
414.

Por outro lado, embora esta escola se contrapusesse ao jusracionalismo


oitocentista, ela é tributária do espírito sistemático daquele jusnaturalismo,
especialmente de Wolff e Puffendorf. Wieacker, 1967, pp. 425-428.
Com esses dois contributos, tornou-se possível a fundamentação de uma
autonomia do Direito nas suas relações com a moral. Para Savigny, o Direito
realizava a moral, mas não garantindo a execução de seus comandos, e sim
permitindo a cada um o livre desenvolvimento de sua vontade individual.
Wieacker, 1967, p. 428.

CONCLUSÃO: A meticulosa análise da evolução do jus-racionalismo em suas três


distintas fases revela um panorama complexo e profundamente influente na história do
pensamento jurídico europeu. A primeira fase, marcada por uma transição gradual e
ainda vinculada aos preceitos da escolástica e do velho direito natural, sinaliza a
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influência persistente do passado na formulação das bases conceituais. À medida que o


jus-racionalismo avançou, uma segunda fase emergiu, caracterizada pelo
estabelecimento de métodos sólidos e aprofundamento sistemático do sistema de
direito natural. Nesse ponto, os pensadores começaram a formar as bases para uma
visão mais estruturada do direito e da sociedade.

O ápice da evolução do jus-racionalismo veio na terceira fase, quando esse movimento


de pensamento assumiu a hegemonia nos tribunais europeus e desempenhou um papel
fundamental na promulgação de códigos legais inspirados em suas ideias. As
circunstâncias históricas das guerras religiosas da Reforma até a Paz de Vestfália
deram origem a diferentes vertentes dentro do movimento, gerando debates profundos
sobre liberdade religiosa, autoritarismo estatal e centralização do poder. Essas
divergências, por sua vez, refletiram as raízes duplas do jus-racionalismo, enraizadas
tanto na tradição jusnaturalista medieval quanto nas influências da Reforma.

Os primeiros pensadores, como Althusius e Grotius, apresentaram interpretações


divergentes sobre a relação entre liberdade e autoridade, um reflexo claro da
ambiguidade subjacente no jus-racionalismo. A convergência desse movimento com as
cortes europeias, exemplificada por figuras como Hobbes e Locke, lançou as bases
para uma compreensão mais profunda da soberania, do direito natural e da estruturação
dos Estados.

A influência metodológica dessa época foi moldada por figuras como Espinoza e
Pufendorf, que adotaram abordagens rigorosas e inovadoras. A aplicação de métodos
geométricos por Espinoza às questões éticas e metafísicas influenciou a abordagem
matemática na análise do direito, enquanto Pufendorf solidificava os fundamentos de
uma teoria geral do direito, pavimentando o caminho para sua posterior expansão.
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A terceira fase viu o jus-racionalismo se alinhar aos Estados autoritários europeus,


resultando em codificações de inspiração jus-racionalista. No entanto, essas
codificações encontraram resistência em comunidades jurídicas locais, muitas vezes
devido à percepção de influências estrangeiras e uma luta pelo reconhecimento de
tradições jurídicas já existentes.

A emergência da Escola Histórica do Direito marcou uma nova etapa, desafiando os


princípios do racionalismo iluminista e adotando uma abordagem histórica e positiva
do Direito. Influenciados por filósofos como Kant, Möser e Herder, os membros dessa
escola buscaram uma compreensão mais contextual e culturalmente enraizada do
Direito, representando uma reação à abordagem mais abstrata e teórica do jus-
racionalismo.

Em resumo, a trajetória do jus-racionalismo é uma narrativa intrincada que abrange


múltiplas fases e influências. As mudanças graduais, a consolidação e as interações
complexas com outros movimentos intelectuais e políticos contribuíram para a
formação do pensamento jurídico europeu. A interação entre liberdade e autoridade,
tradição e inovação, e a busca incessante por bases racionais e históricas, culminaram
na ascensão e posterior transformação do jus-racionalismo, deixando um impacto
duradouro na evolução do pensamento jurídico moderno.
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