Você está na página 1de 8

O Homem é o Causador da Entropia Cósmica?

A foice de Saturno ceifa até o mais feroz dos homens.

A ideia que o homem, ou melhor dizendo, que a raça humana é a culpada de todo
mal que há no Universo tornou-se bastante comum a partir do século XV-XVI. Nesta
visão, o homem é visto como um ser egoísta e hedonista, inserido num Universo cujo
“desenvolvimento” seria regido pelo acaso — e como atesta Luiz Gonzaga de Carvalho
Neto — composto de “infinitas partículas infinitesimais boiando num oceano infinito de
nada”, sobre o qual a única consequência da intervenção humana seria o aumento da
entropia. No momento que escrevo este texto, essa ideia infectou a maioria das mentes
humanas; uma concepção sobre a realidade comparável ao mito de Gaia e Saturno, onde,
na mitologia grega, para dominar o Universo e por ordem de Gaia, Saturno castrou seu pai
e governou depois de devorar os seus próprios filhos, por receio de vir a sofrer o mesmo
destino que seu progenitor. A imagem de Saturno representa perfeitamente a visão do
mundo devo­rando o homem, caracterizada na falaciosa sugestão da luta de todos contra
todos.
Em vista disso, certa vez o presidente da Academia de Ciências da Suécia, Thomas
Rosswall, afirmou que “a interferência do homem no meio ambiente é a maior ameaça ao
futuro do planeta, só comparável a uma eventual guerra nuclear”, conforme declaração
publicada no jornal O Estado de S. Paulo, em 7 de março de 1989. Em resumo, os dois
mundos do homem: a biosfera, que herdou, e a tecnosfera, que criou, estão
desequilibrados e, de fato, potencialmente em profundo conflito. Esta é a conjuntura da
História em que nos encontramos: um estágio de deterioração coletiva, do qual é citado
por São Paulo, e ele lhe caracteriza: “Inculcando-se por sábios tornaram-se loucos”. Por
mais triste que seja essas palavras de fato, vivemos em uma esquizofrenia desesperada de
alegrar-se diante de um “feliz mal-entendido” surgido na história humana. Desse modo,
se o número dessas mentes humanas que foram infectadas por esse “Vírus Saturnino”
aumentarem, saiba que a sociedade estará irremediavelmente condenada a um fim
terrível; e isso é algo abundantemente provado pela história.

O Homem como Caos ou como Ordem?


A filosofia é o amor ao ser por meio do amor do Ser divino enquanto
fonte de sua ordem. — Eric Voegelin

Afirmar que o homem é o motivo da desordem cósmica é, no mínimo, desonesto.


O homem é um ser tricotômico, do qual o próprio universo também é tripartite1, sendo

1
Conferir o meu texto, “O Cosmos Tripartite”.
constituído por aquilo que na tradição Védica é chamado de tribhuvana, os “três mundos”.
O homem, de acordo com essa visão, não é de maneira alguma um ente estranho num
universo hostil ou indiferente, mas o próprio coração e o centro do cosmos em sua
totalidade!
No entanto, como já foi afirmado aqui, parece que as mentes humanas perderam
total noção da sua posição no cosmos. Nesta concepção, o homem foi reduzido ao que
São Paulo chama de psychikos anthropo: um ser meramente psíquico que “não percebe as
coisas de Deus, porque essas precisam de discernimento espiritual”. Sua condição é, na
verdade, a do prisioneiro de Platão. Ademais, é preciso resgatar, é preciso reconquistar o
nosso universo: nas palavras de Frithjof Schuon,“a vocação humana é realizar o que
constitui a razão de ser do homem: uma projeção de Deus e, assim, uma ponte entre a
Terra e o Céu; ou um ponto de vista que permite a Deus ver-se a partir de um outro,
ainda que esse outro, em última análise, não possa ser senão Ele mesmo, pois não se
conhece Deus a não ser por Deus”.2 Portanto, o homem é, pois, um ser ordenado
finalisticamente em si mesmo e para o qual se ordena de alguma maneira, a própria
ordem do cosmos.

O Ponto de Encontro
No estudo das criaturas não se deve exercer uma curiosidade vã e
passageira, e sim ascender em direção ao que é imortal e duradouro.
— Sto. Agostinho, De Vera Religione

O “homem” — propriamente dito — participa do “Ser”; e n‘Ele, o homem vive,


se move, e é. A participação do homem no Ser não é cega, e sim iluminada por sua
consciência. Existe uma experiência da participação, uma tensão reflexiva na existência,
que irradia o sentido da proposição: o homem, em sua existência, participa do Ser. Ele é
o único animal capaz de transcender para o Absoluto e antecipar conscientemente a sua
própria morte. Essa primordialidade que há no homem é a fitrah dos sufis: a natureza
humana essencial e normativa, criada à imagem do Criador; por isso mesmo, ela é a
inteligência em si, projeção da consciência divina.3 Desse modo, é graças a sua inteligência
que a captação do “Ser” é real; no entanto, esta percepção imediatamente passa para o
fundo da consciência e, por conseguinte, a atenção se volta para a formalidade própria do
objeto percebido, e não para o seu caráter de Ser enquanto Ser — volta-se para a
“qüididade” dela: ao perceber uma pedra caindo ou a água de um rio fluindo, a primeira
percepção da inteligência é que aquilo é algo. Embora a inteligência foi feita para o “Ser”,
a psique humana não foi feita para prestar a atenção fundamentalmente para o Ser, mas
para as formas particulares do Ser.4 Ademais, nas palavras de Eric Voegelin, “o que quer que
o homem seja, ele se conhece como uma parte do Ser. A grande torrente do Ser, na qual
2
Ver Raízes da Condição Humana, Frithjof Schuon.
3
Ibid.
4
Conferir “Filosofia Concreta” de Mário Ferreira dos Santos.
ele flui enquanto ela flui por ele, é a mesma torrente à qual pertence todo o resto que é
visto em sua perspectiva. A comunidade do Ser é experimentada com tamanha intimidade
que a consubstancialidade dos parceiros se sobrepõe à separação das substâncias”.5 O Ser
é aquilo que liga as coisas com a realidade e caracteriza as coisas como realidade. É o
vínculo do realíssimo, no sentido que Eric Voegelin atribuiu ao termo. Portanto, o viator
terá que passar sucessivamente pelos vários centros “intermediários” até encontrar no seu
ser aquilo que Meister Eckhart se refere como “vünkelin”, a centelha divina em nós, que se
diz increatus et increabile. Conhecer isso a partir do Ser, é ser Deo in Deo.

Há uma famosa história do folclore judaico:

— Certa vez, um sujeito perguntou a Deus: Por que o Senhor criou o


mundo?
— Disse Deus: Eu não podia chorar.

Isso quer dizer que Ele não podia conhecer a si mesmo passando pelo sofrimento.
Então, Ele criou o ser humano, que pode conhecer o Ser partindo de um estado de
privação. E, desse modo, o homem pode chegar a um estado de plenitude, diferente de
Deus que não pode chegar à plenitude, porque Ele já é a própria plenitude. Por isso, o
homem é o ponto de encontro entre o Céu e a Terra. Um homem, do qual tenha vencido
a “vida humana comum” e percebido o Ser enquanto Ser, será capaz de desenvolver
plenamente sua própria natureza, ele poderá fazer o mesmo com a natureza de outros
homens; capaz de dar pleno desenvolvimento à natureza de outros homens, ele poderá
dar pleno desenvolvimento à natureza dos animais e coisas; capaz de dar pleno
desenvolvimento à natureza dos animais e coisas, ele poderá auxiliar os poderes
transformadores e mantenedores do Céu e da Terra; e, consequentemente, formar com o
Céu e a Terra uma tríade.

O Céu, a Terra e o Homem


A melhor forma de retomar o contato com a realidade é recorrer a
pensadores do passado que ainda não a tinham perdido ou estavam
empenhados em recuperá-la.
— Eric Voegelin

A tríade — Céu, Terra e o Homem — só pode ser realizada por completo em um


espaço sagrado; num Omphalos. É preciso entender que, todo espaço sagrado implica uma
hierofania, uma irrupção do sagrado que tem como resultado transmutar o território do
meio cósmico em algo qualitativamente diferente. Peguemos a história de Jacó quando ele

5
Ordem e História: Israel e a Revelação, Eric Voegelin.
estava em Hara. Nesse dia, Jacó viu em sonhos a escada que tocava os céus e do qual os
anjos subiam e desciam; e ouviu o Senhor, que dizia, no cimo: “Eu sou o Eterno, o Deus
de Abraão!”, após isso, ele acordou tomado de um grande temor e gritou: “Quão terrível
é este lugar! Em verdade é aqui a casa de Deus: é aqui a Porta dos Céus!” Agarrou a
pedra de que fizera cabeceira, erigiu-a em monumento e verteu azeite6 sobre ela. A este
lugar chamou Betel, que significa “Casa de Deus”7 (Gênesis, 28: 1219). Desse modo, não
tardaremos a encontrar exemplos ainda mais precisos: templos que são “Portas dos
Deuses” e, portanto, lugares de passagem entre o Céu e a Terra. Podemos ver isso na
própria idade média, onde “as catedrais góticas são alinhadas para que seu eixo central
coincida com o ponto em que o Sol nasce no dia da festa do seu padroeiro”. Este tipo de
procedimento também é observado em outras culturas cosmológicas, como na China8 e
na Índia antiga. Por exemplo, peguemos o templo hindu: a existência do templo surge
justamente para criar uma imagem do homem “esculpida”, que é como a imagem inversa
da temporal, portanto, transfigurada. Os templos fecham ou terminam os ciclos
cósmicos, ou seja, os templos são uma fixação na terra, do ciclo solar; na tradição hindu,
a construção do altar védico são assentado dois tijolos chamados “das estações” (rtavyã),
cuja forma é cúbica, construída a partir de lajotas dispostas em diversas camadas — ao
todo cinco camadas —, do qual representa o “corpo” de Prajâpati, o ser cósmico total, o
ser primordial a quem os devas imolaram, dando origem ao mundo: os membros
separados, que constituem os múltiplos aspectos ou as múltiplas partes do cosmos,
devem ser simbolicamente recompostos; no sentido de restabelecer a unidade primordial,
isto é, de restaurar o todo que precedeu a Criação. Visto deste modo, Prajâpati é como
que dilacerado pelo tempo; identifica-se com o ciclo solar, com o ano, e também com o
ciclo lunar, o mês, mas antes de tudo com o ciclo universal, ou seja, com a totalidade dos
ciclos cósmicos. Em sua essência, ele não é outro senão Purusha, a imutável e indivisível
essência do homem e do universo. A reconstrução de Prajâpati, por intermédio de um altar
védico, também representa a construção do tempo cósmico.
O templo é um imago mundi pregado na eternidade. Por isso, o templo também
trata-se como “o fim do mundo”, o fim da “vida humana comum”; ele constitui, por
assim dizer, uma “abertura” para o alto e assegura a comunicação com o mundo dos
deuses onde não existe o tempo — o tempo só existe como planejamento da sua vida
interior. É um lugar que representa, na estrutura humana, tudo que o Homem pode ser.
Em outras palavras, o homem das sociedades tradicionais só podia viver num espaço
“aberto” para o alto, onde a rotura de nível estava simbolicamente assegurada e a
comunicação com o outro mundo — o mundo transcendente — era ritualmente possível
para que ele pudesse alcançar a plenitude. Portanto, o templo representa, assim, através de
6
O azeite é utilizado como símbolo da presença do Espírito Santo.
7
Betel em hebraico: ‫ ;בית אל‬que significa a “Casa de Deus”.
8
“Nas civilizações cosmológicas, devemos lembrar do símbolo chinês do chung kuo, um domínio central, território
do rei. O chung kuo era cercado por estados feudais de menor dignidade, que por sua vez eram cercados de tribos
bárbaras. No início do período Chou o chung kuo denotava o território real propriamente dito, enquanto que durante
as ditaduras Ch’in e Han o seu significado foi transferido ao império unificado que agora estavam cercados pelo
restante da humanidade como uma zona exterior bárbara”. - Ordem e História: Israel e a Revelação - Eric Voegelin.
sua forma regular e imóvel, o mundo realizado, em seu aspecto atemporal, seu estado
último, onde todas as coisas repousam no equilíbrio que precede sua reintegração na
unidade indivisível do Ser.
A cidade de Jerusalém era como o Omphalos — o centro — do cosmos em tempos
posteriores. Em Ezequiel 5, o profeta recebe a seguinte mensagem à comunidade de
Israel: “Esta é Jerusalém; coloquei-a no meio das nações, estando os países ao seu redor;
ela, porém, se rebelou perversamente contra os meus juízos, mais do que as nações, e os
meus estatutos mais do que os países que estão ao redor dela; porque rejeitaram as
minhas ordenanças, e não andaram nos meus preceitos” (5:5-6). É obrigatório para todos
que vivem no centro seguirem os preceitos do Senhor. Caso contrário, eles sofrerão
punições severas (5:7-17). Por isso, muitos cronistas9 afirmavam que no solstício de
verão, o Sol incidia perpendicularmente sobre o lugar; de modo que se falava duma
coluna que existia no “centro geométrico” de Jerusalém, do qual não produzia sombra.10
De acordo com o simbolismo tradicional, as colunas são desde sempre um símbolo de
conexão direta entre o Céu e a Terra: o Sol do solstício cair num eixo de 90° sobre essa
conexão entre Deus e os homens prova que Cristo visita Jerusalém em dias notáveis.11
Em vista disso, é a partir do Omphalos, do centro cósmico, que o homem é capaz de se
realizar à sua plenitude, o Omphalos torna-se um praeparatio evangelica pela qual o homem
deve passar para emergir na liberdade do espírito.

A Entropia, uma Piada


São Malaquias, em suas famosas profecias, falava do papado de Paulo
V (1605-1628) aludindo ao nascimento duma “raça perversa” — um
homem pervertido pela desessencialização do Cosmos; como notou
Arthur Koestler, foi “como se uma nova raça tivesse surgido neste
planeta”.

O homem espiritual tem seus desejos, o homem mundano é os seus desejos. A


partir disso, pretendo finalizar esse texto com uma pequena crítica a situação atual da
sociedade industrial. Um dos maiores males da humanidade contemporânea é o seu
“autodesprezo”, uma felicidade em se ver como um ser desconcertado de toda a realidade
e divindade. A humanidade entende o próprio ser como iníquo e inclemente ao ponto da

9
O depoimento em primeira mão de peregrinos a Jerusalém mostra que essa cidade causava uma impressão
poderosa naqueles que a visitavam: crendo que a cidade era o verdadeiro eixo do mundo (Axis Mundi), Sobre a
Convergência entre Igrejas e Estrelas, Victor Bruno.
10
Flávio José escreveu, a propósito do simbolismo do templo de Jerusalém, do qual o pátio simbolizava o Mar (quer
dizer, as regiões inferiores), o santuário representava a Terra, e o Santo dos Santos, o Céu (Ant. Jud., III, VII, 7).
Verifica se pois que a imago mundi, assim como o “Centro”, se repete no interior do mundo habitado. (O Sagrado e o
Profano, Eliade)
11
“Dessa maneira, o caráter do templo cristão é muito mais esotérico do que se suspeita; aliás, mesmo do que os
próprios cristãos suspeitam”, Sobre a Convergência entre Igrejas e Estrelas, Victor Bruno.
degradação e a natureza humana, em especial, como desprezível. É o mundanismo
alimentando-se de si mesmo, organizado e mobilizado; de fato, é o mundanismo elevado
à enésima potência.
É tão comum ver as pessoas sempre repetindo aquelas frases que vivemos num
planeta fadado a ser destruído pelas mãos humanas, e que os animais são os verdadeiros
donos da Terra. No entanto, isso é uma piada, uma desonestidade com a própria natureza
e o próprio Criador; evidentemente, tal conceito — do qual derivam o liberalismo e o
fascismo, expressões do Leviatã “hobbesiano” — vai de contra todos os pedaços que
sobraram dos pilares da Civilização Ocidental judaico-cristã: a ideia de que o homem,
constituído à imagem e semelhança do Criador, representa a expressão mais elevada da
Criação. Desse modo, não disse o Cristo “quem comigo não ajunta, espalha”?12 Ou seja, de
acordo com a interpretação tradicional, quem não ajunta comigo significa o próprio Satã,
e o que está sendo espalhado é a coletividade das almas humanas. Do mesmo modo que
as ovelhas são espalhadas por um lobo predador, também as almas são espalhadas pelos
incontáveis atalhos do erro, que divergem em todos os sentidos da única verdade central:
o Ser. É uma Weltanschauung perigosa que atrai o homem para longe de seu centro, que o
faz esquecer Deus. E tudo isso começou a partir do século XVII quando as raízes
iluministas estavam se enraizando na sociedade humana e, desenvolvendo, portanto, o ser
cósmico “Saturno” — que o cientificismo elevou ao status de
deus-todo-phoderoso-e-infalível-com-chancela-da-ONU —, o deus que devorou os seus filhos: os
homens. O nascimento de um novo cosmos foi alcançado no século XVIII com o
advento de uma nova cosmologia, do qual transformou e inverteu tudo que o homem
acreditava: uma profanação, uma espécie de sacrilégio; mas que impacto teria sobre uma
civilização já profana e secularizada desde o século XVII? A partir daí, o universo
tornou-se intelectualmente planificado, um universo truncado de meras partículas. A
verticalidade do cosmos foi apagada das mentes humanas, substituindo-a por uma
patente de “horizontalidade” no plano das ciências naturais, do qual um dos responsáveis
foi o evolucionismo transformista que substitui a emanação cosmogônica em graus
“descendentes” por uma evolução biológica em graus “ascendentes”; do mesmo modo,
os cientistas e os filósofos modernos substituem a causalidade metafísica por causalidades
“físicas” e empíricas; o que exige, sem dúvida, inteligência, mas é uma inteligência, por
assim dizer, decapitada.
Portanto, é óbvio que os modernos sempre tentarão justificar suas próprias ideias
do tipo reductio ad absurdum com outras ideias do tipo reductio ad absurdum. Tudo que eles
acreditam e dizem, não existe, não há sequer resquício de inteligência do qual possa ser
percebida por um pequenino inseto. As suas fontes são o que é? A revista Nature,
Washington Post, New York Times e entre outros. Eles ainda não perceberam que
sustentam os maiores globalistas do planeta, os metacapitalistas — sim, esses mesmo
metacapitalistas que sonham em comer comida folheada a ouro e a classe inferior inseto;
afinal, eles veem ela o como um inseto mesmo — e os ignóbeis filantropos de araque.
12
Mt 12: 30
Por isso, digo em verdade, se o cosmos consiste simplesmente de partículas que se
movimentam sem sentido, então todas as aspirações humanas devem, por fim, ser vãs.

San

Você também pode gostar