A GRANDE FAZENDA DE CANA-DE-AÇÚCAR
Entre os séculos XVI e XVIII, a fazenda de cana-de-
açúcar ou engenho foi o centro da vida colonial, o
local de mando e o símbolo do topo da hierarquia
social. Inicialmente, a palavra “engenho” designava
as instalações onde se manipulava a cana-de-
açúcar. Com o tempo, engenho passou a abranger
toda a propriedade açucareira, com suas terras,
edificações e lavoura.
A rota da cana até chegar ao Brasil
A cana-de-açúcar é natural da Índia. Foram os
árabes que, na Idade Média, levaram a cana para a
península Ibérica. Até o século XIV, o açúcar era
considerado, na Europa, uma especiaria utilizada
como remédio ou tempero exótico.
No século XV, os portugueses passaram a plantar a
cana-de-açúcar nas ilhas do Atlântico: Madeira,
Açores, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe. Isso
garantiu aos portugueses experiência no cultivo da
cana e na construção de equipamentos para os
engenhos.
Em 1516, a cana foi introduzida na ilha de
Itamaracá, no litoral de Pernambuco. Com a criação
das capitanias hereditárias (1534), a cana foi
cultivada em quase todas as capitanias, mas muitas
fracassaram. Por volta de 1550, eram grandes
produtores Pernambuco, Bahia, Porto Seguro, Ihéus
e São Vicente.
O Brasil foi o maior produtor de açúcar do mundo
nos séculos XVI e XVII, sendo Pernambuco a mais
rica área de produção. O sucesso desse
empreendimento deveu-se a diversos fatores:
▪ a experiência portuguesa no cultivo e preparo
do açúcar,
▪ solo (massapê) e clima favoráveis,
▪ a exploração do comércio de escravizados
africanos que abasteceu de mão de obra,
▪ financiamento holandês para as instalações do
engenho, transporte do açúcar e de escravizados.
A plantation
A fazenda produtora de cana funcionava no sistema
de plantantion, um sistema agrícola baseado em 4
elementos:
▪ monocultura (só um produto cultivado),
▪ latifúndios (grande extensão de terra de
propriedade de uma só pessoa),
▪ produção para o mercado externo (exportação),
▪ utilização de mão de obra escravizada.
O sistema de plantation foi típico das colônias
tropicais na América. Além do Brasil, foi utilizado
nas fazendas de cana do Caribe e de algodão no sul
dos Estados Unidos.
Portugal (metrópole) foi quem se beneficiou da
produção colonial graças ao Pacto Colonial que
regulava as relações comerciais entre metrópole e
colônia. O Brasil (colônia) só podia fazer comércio
unicamente com Portugal (metrópole) e segundo os
interesses e as condições estabelecidas pela
metrópole.
As instalações do engenho
Os edifícios mais importantes do engenho eram a
fábrica (moenda, fornalha, cozinha etc.), a casa-
grande, a senzala e a capela. Havia ainda os campos
de cultivo, as moradias dos trabalhadores livres
(feitor, mestre de açúcar etc.), o estábulo, a roça
dos escravizados, a olaria etc.
Casa grande
Era a residência do senhor de engenho. Construída
na parte mais elevado do terreno para ter uma visão
panorâmica de toda propriedade.
Para se proteger dos ataques indígenas, todas
edificações eram construídas muito próximas,
grudadas: casa-grande, senzala, paiol, casa de
farinha, engenho, casa de despejo etc.
Até fins do século XVII, as casas dos senhores eram
feitas de taipa de pau-a-pique. Somente os
senhores mais ricos usaram alvenaria de tijolos. As
telhas de barro eram produzidas nas olarias do
engenho, como as formas dos pães de açúcar e os
tijolos.
Internamente, a casa-grande tinha paredes nuas e o
mínimo de móveis: poucas mesas e cadeiras, alguns
tamboretes e canastras e, para dormir, redes,
esteiras e catres.
Com o tempo essas edificações foram se tornando
cada vez mais vistosas, recebendo janelas, varandas
ao redor da residência, beirais, soalhos de madeira.
A fábrica (o engenho)
A cana era esmagada na moenda para extrair o
caldo (garapa). A moenda era construída na parte
mais baixa do terreno e próxima do rio e da mata –
fonte de combustível para as fornalhas.
A moenda era movida por água ou força animal
(bois ou cavalos). A roda d´água era a força motriz
de melhor rendimento. Sempre na vertical, a roda
d´água tinha cerca de 7 metros de diâmetro e estava
ligada a outra roda menor que movia a moenda.