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Gestalt-terapia com criangas: teorio, & prciti parte das criangas, ao contrario do que a leitura da bibliogtafig muitas vezes sugere, demora muito a chegar nesse Ponto de traby nom lho ¢ sempre se mostram tio desenvoltas ou produtivas como 4 criang Ney 4S city 6705 relatos bem « nos livros. Oaklander (1980), apesar de seus intim 'n . ; ; . 7 dos de exploragao do material trazido pelas criangas, nos adverte: ced. “Nao quero dar a impressdo de que em toda a sessiio acontece Algo d Ma. ravilhoso, Muitas vezes parece nao acontecer nada de abertamente excitay nle importante”. (p.219) 5 . ; , Para algumas criangas o simples fato de poder brincar em UM espa. G0 seguro, permissivo, acolhedor e confirmador com aquilo que cla uti lher, da forma como ela escolher, jé é 0 suficiente Para promover a iragdes necessirias ao bem estar e ao resgate de um funcionamenty el na sua interag¢do com o mudo, A respeito disso, em um texto inspi- rador, Vignoli (1994) nos diz: ‘A facilitagao da awareness vem da prépria crenga na capacidade da crian- sa descobrir por si, conosco, no préprio ato de brincar, os significados. Estes nem sempre precisam ser explicitados, podendo ser apenas vivenciados,” (p.50) A possibilidade de 0 psicoterapeuta ir ao encontro da crianga em set espago ltidico é de fundamental importancia para a realizagao das interven- g6es. Muitas vezes, ele precisard efetuar uma intervengio dentro da brinca- deira, utilizando a linguagem ltidica, Isso nos remete a um outro ponto cru- cial: a disponibilidade para brincar, Embora algumas criangas prefiram nio envolve-lo em suas brincadeiras, fazendo com que ele assuma o papel de observador, constatamos que a grande maioria precisa que o psicoterapeutt faga parte dela, Na medida em que a linguagem hiidica é a predominant entio a brincadeira ¢ 0 didlogo ¢ o Psicoterapeuta precisa participar. Quando isso acontece, toda a atengio é pouca para que ele nio desloque do seu papel de psicoterapeuta. Brinear com a crianga nfo €f07 nar-se crianga no espaco terapéutico, Brincar com a crianga nfo é reagit como se fosse uma crianga. Brincar com a crianga & poder compartilhar da importincia e da magia daquela linguagem sem perder de vista a taref terapéutica, Inclusive porque, esta tarefa, com algumas criangas, pode impli- car em desempenhar impecavelmente determinados Papéis elaborados dé a 4 Digitalizado com CamScanner O processo terapéutico em Gestalt-terapia com criangas 199 jo aqueles que contemplam a encenagio de situagdes cotidianas das “ngs com os adultos, tais como mie / filho, professor/ aluno, ¢ crianga jnéico onde geralmente cabe ao psicoterapeuta o papel da crianga, ¢ a iano papel do adulto em uma tipica inversio de papéis, reveladora de nuitos aspects significativos da vida da crianga. Virias criancas, a0 desenvolver tais atividades, determinam detalhada- mente aquilo que © psicoterapeuta vai falar e a forma como ele deve agir na princadeira. Nessas situag6es, cabe a ele atende-la, inicialmente, em todas as suas exigéncias no desempenho do seu papel. Muitas vezes, qualquer tenta- tiva de mudanga introduzida por ele € violentamente repelida pela crianga, oque significa que ainda nao é a hora de questionar nada a respeito daquele comportamento ou daquela situagao, nem dentro nem fora da brincadeira. Algumas criangas nao permitem que 0 psicoterapeuta saia da brincadeira para comentar coisas em “off”; outras s6 aceitam intervengdes dessa forma. Outras, principalmente as menores, s6 permitem @ aproximagio ou qualquer intervengio dentro da linguagem kidica através de um personagem. Geral- mente, quando chegamos 20 final do processo terapéutico, ja é possivel uma comunicacio direta, sem intermediarios, sendo este elemento inclusive um dos indicadores de término do processo terapéutico.’ O uso de fantoches ou “dedoches” como recurso intermediirio para a comunicag’o com as criangas vem trazendo bons resultados em nosso Digitalizado com CamScanner _—X~ i © 200 Gestalt-terapia com c! trabalho. Concordando com Ould ander are pereditamos que g fg das criangas pelos fantoches se de pela possibilid ade de ter Uma parte a mesmo - suas mios ¢ bragos - literalmente envolvida na brincadeirg 4°"! “vida” a eles. A possibilidade de identificagao com as diversas figu sentadas pelos fantoches, particularmente as figuras miticas, com, nhas, bruxas, fadas, sacis, lobisomens e€ anjos, também Parece cont, isso. Permite a “distancia” necessdria de uma figura humana “nor, projesio de determinados aspectos que a crianga ainda nio te; de aceitar ¢ assimilar como seu. Temos também um boneco que “mora na sala”, 0 Ostrogodo (Gigs ra ao lado), da mesma forma que Cornejo (1996), que desempenha vitig fungées nesse sentido. Falar ao fantoche ou ao Ostrogodo, ou ouvir coiss deles é bastante diferente de falar ou ouvir o psicoterapeuta, Muitas vere, as criangas precisam desse tipo de linguagem em quase todo o seu Processo terapéutico. O boneco tem um lugar muito especial em nosso espaco ters- ra, dang, ras Tepe, 0 Fes. Tibujr mal” para ‘m COndicégs Digitalizado com CamScanner estalt-terapia com criangas péutico. Ele geralmente é apresentado a crianga na ses- sio inicial e funciona, muitas vezes, como um “co-terapeuta”, Se a crianga interessa-se por ele, comegamos por af muitas vezes j4 con- seguimos abrir uma grande porta para seu mundo experiencial. Ela faz. perguntas a0 Ostrogodo, ela conta coisas a ele, inclui-o nas brincadeiras, e muitas vezes, au- xilia~o a “resolver” seus problemas. Em contrapartida, em outros momentos, é 0 Ostro- godo quem faz intervengées ¢ reflete os compor- tamentos apresentados pela crian¢a. Muitas, ao término da psicoterapia, querem levar uma foto ou alguma coisa que as faam lembrar dele. Naturalmente, nem todas as criangas estabelecem um vinculo tio forte com o boneco, da mesma forma que nem todas utilizam os fantoches ou a argila, embora ele costume fazer sucesso principalmente entre as ctiangas menores. 0 tiltimo nivel de trabalho a que nos referimos é 0 que denomina- mos de identificagao. Ele consiste na apropriagao, por parte da crianga, dos conteddos de sua brincadeira e produgiio no espaco terapéutico. Em outras pilavras, é quando a crianga se identifica com o elemento do desenho, ou com o menino fantoche, ou com a escultura de argila, ou com 0 Joao Teimo- ‘que 86 leva pancada, ou no caso de nosso exemplo no inicio do capitulo, Com a menina debaixo do coqueiro. . Nossa experiéncia demonstra que nem sempre a identificagto é ne- “essdria, Muitas vezes, a partir da elaboragiio realizada através das interven- §8es técnicas do psicoterapeuta na linguagem ludica, a crianga reconfigura €esignifica seu campo sem que a identificagio precise ser verbalizada, Em uttos momentos, ela s6 realiza identificagdes claras na fase de término da ae quando comesa a efetuar “retrospectivas” de co co.’ Este é 0 caso de M., seis anos, que durante os q\ ses a partir da Psicoterapia, desenvolveu praticamente todas as suas sessOes & partir , onde A psicoterapeuta cabia 0 passaram por vi- sesso te~ meses eadeira das “meninas superpoderosas" perpoderosas hel da Florzinha e A menina o papel da Lindinha. Elas _ Digitalizado com CamScanner 201 dition, ai e durante muito tempo, a psicoterapeuta nao consegy;, fe intervengdes descritivas ao final de cada sessi ia com criangas: ena. © f rias situago mais do que algumas : espécie de retrospectiva do contetido que havia emergido do proce se desenrolara, Depois de alguns meses, ela comesou a fazer interven adeira, na forma de afirmagées ¢ perguntas, mudandy Mum, 580 ay, bes a, longo da brine: \ 00 tm, de voz ¢ “saindo” da personagem, para logo em seguida voltar ao seu Pel Progressivamente, a menina foi aceitando ¢ apés alguns meses, a Psicotery. peuta iniciou uma outra modalidade de intervengio, fazendo pequenas my. dificagdes no ‘script” das brincadeiras ¢ verificando a reagio da menina,bery como fazendo suas intervengées fora do papel. Ao final da psicoterapia, nin s6 a psicoterapeuta tinha condigdes de realizar intervengdes fora do pape! como a menina também comegou a fazer isso, fluindo entre a fala da Lind. nha ea de M., assinalando para a psicoterapeuta quando era uma e quando era a outra. Mais algum tempo ¢ as falas da Lindinha e de M. integraram- se cada vez mais. Ela falava de si mesma sem nenhum intermediirio, o que culminou no término de sua psicoterapia. Apesar do exemplo, cabe ressaltar nesse ponto, que a realizagio de identificagdes nao deve ser esperada como um critério de “progresso’ psicoterapia ou que sua presenca deva figurar obrigatoriamente entre 0 elementos indicativos de término; embora a identificagio seja possivel ¢ nao é condi¢ao obrigatéria. A expectativa ou a exigéncia de que isso aco" te¢a parece estar muito mais ligada 4 necessidade do psicoterapeuta do que particularmente das criangas, principalmente as menores que, pelo fit se encontrarem em plena aquisigao de suas capacidades cognitivas © complexas ¢ por nio apresentarem ainda sua linguagem totalmente de volvida, nem sempre tém condigoes de realizi-la, 2. Principios terapéuticos basicos A postura fenomenoldgica , + a Vance denominar de postura fenomenoldgica a atitude do pee Peuta de abertura ¢ interesse genuino Por aquilo que a crianga tt . . | Digitalizado com CamScanner 203 a verbal € nfo verbal, sem nenhum a priori.Isto significa encontra-la sem les pré-estabelecidas ¢ julgamentos a partir daquilo que foi dito por ponsiveis ou do que foi evocado por uma classificagio diagndstica omo “hiperatividade” ou “autismo”, ou ainda a partir dos possiveis verdad seus 105 previa, ¢ ‘plans terapeuticos’ que po! ventura © psicoterapeuta possa ter realizado. Seacrianga pedir ajuda, ele da. Se pedir indicagées sobre a mancira de usar o material ele as fornece. A sala ¢ o material esto 4 disposigéo da crian- ‘a esperando pela sua decisio. O psicoterapeuta nao estabelece uma sele- gio previa de recursos lidicos para cada crianga, esperando que cla escolha aquilo que for mais conveniente para ela naquele momento. Ele guarda para si suas opinides, seus sentimentos ¢ sua orientagao; deve manter-se fora ¢ entrar na brincadeira somente quando for solicitado: é a crianga quem in- dica 0 caminho. Utilizando 0 método fenomenoldgico jé mencionado, o psicoterapeu- ta acompanha a crianga ao longo da sesso, sem direciond-la, sem sugerir atividades ou recursos, sem iniciar assuntos ou encaminhar a discussio para facilitando com isso a obtengiio de awareness por parte 1, naquele espago em desprezar ou um ou outro tema, dacrianga a respeito de sua experiéncia naquele moment enaquela relagao, ajudando-a a nio julgar seu processo n‘ alienar aspectos de si mesma. Conforme afirma Jacobs (1997): “Na abordagem fenomenolédgica, terapeutas ¢ clientes suspendem ou colocam e lado seus preconceitos sobre que tipo de experiéncias sao relevantes ¢ permitem que seus sentidos processem € descubram 0 que quer que seja revelado pelo selfe bela situagao” (p.75) Esta observagio é partici ue esperam uma determinada Psicoterapia e frustram-se quan televante, ou ainda nfo aceitam suas intervens® terminada atividade, ou niio querem conversa terapéutico, Nio seria demais lembrar que # brincade so, é bastante comum que ela queira li a : «""Buagem principal da crianga ¢ por iss : 6 brincay” no ines de conversar, nao existindo nada de errado com isso. Criangas brincam em psicoterapia, vao is sessOes fundamentalmente pan Incar, e qualquer objegio em relagao a sua Jinguagem predominante pode os psicoterapeutas ularmente importante a em sua sessio de “performance” da crianga do ela niio escolhe aquilo que es, ou perseveram numa d 6 brincar” no espago eles acham mas “si ira continua sendo a : ed Digitalizado com CamScanner Gestalt-terapia com criancas: teorla, ¢ pratica, dificultar 0 caminhar do processo terapéu' tar que © psicoterapeuta nfo tem que entey 1, pois ele vai ser apontado pela crian 0 ao invés de facilitéco, 7 Tam. bém € importante ressa Nder significado daquele brines 6 em : f 1 s processo de awareness ¢ ampliagiio de fronteiras. Por isso, nao tem 60) _ entender” a brineadeira da crianga, se nem mesmo ela, naquele momen. to, consegue entendé-la! A exigéncia do psicoterapeuta em dar um SeNtidg ds brincadeiras da crianga parece estar profundamente enraizada em uma perspectiva interpretativa que perpassa sua graduacao ¢ infiltra-se em su, pritica, ainda que ele tenha escolhido desenvolvé-la a partir de um Paradig. ma diferente como o da Gestalt-terapia. Dessa forma, é fundamental que ele esteja atento 4 possibilidade de suspender jufzo de valores, de forma ase manter na relacdo terapéutica dentro de uma postura fenomenolégica, para que a relacdo estabelecida possa ser realmente terapéutica ¢ nao meramente recreativa ou educativa. A respeito da necessidade constante da realizago de uma “redusio fenomenoldgica” pelo psicoterapeuta, Axline (1984), com muita proprieda- de, adverte: “Embora a atitude nao diretiva do terapeuta parega ser de passividade, ita estd muito longe da verdade. Nao ha disciplina mais severa do que a de manters atitude de completa aceitagao de abster-se de fazer qualquer insinuagdo ou orien- tagao ao bringuedo da crianga” (Axline, p.78) E continua afirmando: “E nao hd disciplina tao severa quanto a que exige que a cada individu sejam dados 0 direito e a oportunidade de sustentar-se sobre seus proprios PX ¢ tomar suas préprias decisées" (p.79) A experiéncia com a supervisio de gestalt-terapeutas de criany’s mostra-nos que essa é uma das principais dificuldades do psicoterapee™ em seu trabalho ¢ a que demanda uma atengio constante de sua part * longo do contato com a crianga, O impulso para dar significados o¥ esc" Iher caminhos que julgamos mais amenos ou satisfatérios para as criang’ aixio OY vam fortes sentimentos de compaix no apont ularmente as que nos mobili part aversio, parece estar sempre presente em nossa pratica que Co” a Hycner (1995) € paradoxal: ao mesmo tempo em que precisamos som panhar a experiéncia de nosso cliente, precisamos também estar atento’ nossa propria experiéncia e discrimina-la da experiéncia do client® A Digitalizado com CamScanner optule L O proces mos que estar atento a reducio fenomenolégic terapéuticn en Gestalt terapia com criangas 206 é um desafio erene para qualquer psicoterapeuta dentro da Gestalt-terapia, i590 acredita constante € POTN proprio nome sugere, 86 conseguimos “reduzir” momentanea- 1 da experiéncia do cliente, mas jamais excluir totalmente ou forma particular de perceber 0 mundo. jg como O mente, em Pl gniquilar nossa ». O papel da confirmacao em psicoterapia Nesta perspectiva, uma situagiio que é muito comum de ser levantada quando o assunto & psicoterapia com criangas numa postura fenomenoldgi- ca,€0 papel da confirmacao na relacio terapéutica. Como confirmar dentro dessa postura? Para responder a essa questiio, precisaremos nos remeter 4 di- ferenca crucial entre confirmacao ¢ elogio, desenvolvida no capitulo quatro, ao descrevermos a importancia da familia no desenvolvimento da crian¢a. Conforme vimos, 0 elogio, assim como a critica, io possui um cari- ter fenomenolégico, uma vez que carrega consigo juizo de valores. Sobre a possibilidade de psicoterapeutas criticarem seus clientes durante a sessio, ¢ quase senso comum que isso no condiz com sua fungio. Qualquer iniciar te seria capaz de afirmar que nao cabe ao psicoterapeuta critica-los em suas escolhas ¢ suas formas de se apresentar no mundo. E um tanto inimaginivel uma situagZo em que o psicoterapeuta ao se deparar com o desenho de uma ctianga ele diga assim:- “Nossa, gue desenho horroroso, ow ainda “- Feed fez ¢rrado, 0 sol ndo é azul!” Porém, quando passamos ao terreno do elogio, isso J4nio fica tdo claro e, é nesse momento, particularmente com criangas, que * pode “escorregar” e abandonar a postura fenomenoldgica. Esquecemos que o clogio é a polaridade da critica, wma vee que con hua sendo um juizo de valor, ainda que de cariter positivo. Se o psicotera Peuta, diante do mesmo desenho diz algo como ~ * Puxa, fidana, que eg C8" Que lindo que voce fez!” cle esta julgando esse desenho, aljetivando-o de ™, bonito ¢ legal, sob o seu ponto de vista, oe Se estivermos trabalhando, por exemplo, com uma erianga que ¢ ait introjetiva, o que, provavelmente, vai acontecer a partir de dings BiO#? Se ela possui um padio rel pnal bisico que tende para Hes%o sem discriminagiio, onde ela funciona a partir do que ¢ estabe~ i Digitalizado com CamScanner 206 Gestatterapia com criangas: teonia. © prdtica, bay lecido como certo ¢ errado pelo outro, cla possivelmente vai Prestar a gio naquilo que agrada ao psicoterapeuta, e como tem a necessdade qt” “boazinha’, “certinha’”, “a melhor cliente”, vai acabar tentando reproduri comportamentos elogiados para ganhar a aprovagio dele, Ms Esta situagio é muito comum em psicoterapia infantil, porque inc. déncia de criangas predominantemente introjetivas é bastante Significativg © que nos parece bastante compativel com as vicissitudes de seu desenvol. vimento que depende, em parte, das possibilidades de discriminasio que, meio oferece. O psicoterapeuta precisa ficar muito atento a isso, porque tis criangas, para muitos, podem ser adoraveis: tio quietinha, téo colaboratin, fazem tudo o que lhes propde! Nesse momento, talvez, essa seja a grande questo da crianga, especializar-se naquilo que o outro espera dela € 0 sex grande ajustamento criativo, e que, por outro lado, vem trazendo-lhe soft- mento. Ao elogié-la, o psicoterapeuta acaba por nao trabalhar o que preciss ser focalizado especificamente nessa crianga: ajuda-la a discriminar a su necessidade da expectativa do outro, e poder sustenta-la, ainda que isso ve- nha a desagradar outras pessoas. Por outro lado, ao confirmar a crianga, o psicoterapeuta possi ita que ela-tenha uma nogo exata da sua poténcia a cada momento € daqui que ela ainda pode conseguir. Vejamos o exemplo de um menino de s* anos que nfo sabia amarrar o cadargo do ténis ¢ sempre pedia ajuds » psicoterapeuta, argumentando que nfo sabia amarrar o cadargo ¢ nem conseguir pois era “muito dificil”. Confirmar é acolher seu pedido de a assinalando que ele ainda nao pode amarrar o ténis naquele moment ” que na medida em que ele for experimentando e tentando de outras foros ele vai criando condigées para que isso aconteca. Quando ele cons amarrar sozinho o cadargo de seu ténis, confirmar o seu ganho foi realizt’ dessa forma: 7 Ta Vis, fulano, vocé conseguiu, Vocé lembra que quando cheger ag he dicta que nunca i ia conseguir amarrar o seu ténis? Vocé pedia a minha a el no inicio, nem queria experimentar, E quando voce escolbeu experi lenis experimentou uma vez, experimentou duas vexes, ena terceira V2 eat’ guiu. Se vert do tivesse tentado, vocé néo teria conseguido” so 4 oe € confirmasio em psicoterapia, Descrever um pouco do p' dos lo menino, mostrando-Ihe sua resisténcia em experimentat, assinal@” y Digitalizado com CamScanner O processo terapeutico em Gi rriscar, as tentativas que nao foram bem sucedidas e finalmen- 0 em que cle conseguiu. Assim, o papel do Psicoterapeuta na de funcionar como um “espelho”, descrevendo a crianca seu nando suas potencialidades. A intervengio com esse me- uar da seguinte forma: > gas © com a linguagem hidica ee para a formagio de um psicoterapeutt info . sem duvida é um elemento facilitador, ar sua edly fenomenol6gica, cotidi te ele puder exerctar au sabendo discriminar situagdes terapéuticas de a8, ‘ ‘ julto™ itando assim de se comportar como qualquer outro 4° espago terapéutico ou de tentar ou com asc «inh? i i Jo vizi er psicoterapia com os filhos d ngas da pracinhs Outro aspecto importante é a forma de relacionar-se com # i : janga Psicoterapeutas que usam linguagem “tatibitati”e falam com crit = — yr Digitalizado com CamScanner sian ® _O proceso terape _ 1 em Gestalt-terapia com criangas oyptale ' > ae . 1 de festa, ao contritrio do que imaginam, nado costumam estabe gio satisfatoria com ela em fungio desse comportamento. Pelo vezes artificial desse tipo de procedimento, muitas criangas odeiam serem tratadas assim. Naturalmente, 0 psicoterapeut fai sem gitias nio utili adas por criang “nplesmente “eecisa utilizar UMA linguagem acessivel a ctaria delas, sem jary No entanto, isso nao { formalidades, ue ele precise tornar-se outra pessoa, s6 porque esta diante de a. Nesse aspecto, vale lembrar uma das caracteristicas basicas da bre significa q uma criang: gelagio de carter dialdgico que é a presenga. Jacobs (1997) comenta so! iso com toda a propric lade: “0 clemento bdsico e 0 mais dificil é a presenga, em oposigao ao ‘par Uma pessoa estd presente quando nao tenta influenciar a outra a ve-la so acordo com sua auto-imagem. (...) O terapeuta deve desistin, entre out do desejo de ser validado como um “bom terapeuta” pelo cliente. Quando um peuta “cura” primordialmente para ser apreciado como aquele que cura, © pr dialégico é interrompido. O outro se torna um objeto, somente um ‘aparéncia” predominar mais do que a presenga, entiio s6 serd posstvel wm <> de ma qualidade” (p. 77-78) Assim, a presenga na relagio terapéutica implica em trazer para a ie teragio com a crianga a plenitude de nés mesmos, sem Nos esquecery necessidade da redugao fenomenoldgica em prol da tarefa terapeutica No que diz respeito A inclusio, destacamos a disponibilidade do pico terapeuta para entrar no mundo fenomenoldgico da crianga. E bom lembra que este é diferente, em maior ou menor grau da realidade tenomenolog: do psicoterapeuta ¢, por isso, entrar na realidade da erianya, nado ¢ mis é-la para a sua realidade, Colocar-se * com ela, nem tampouco tentar traz no lugar da crianga é permitir-se ver o mundo segundo seus criterias ¢ s¥as Necessidades de forma a poder confirma-la como um ser singular que nes © momento $6 tem condigdes de pereeber a realidade dessa forma e agit ea essa percepgio, Come te nfo m Psicoterap 16 gritando “E " sta ee pialescoe a inclusao? Como aceité-lo se nio mergulharmos em trees, ‘ih ‘. fenomenoldgic encont r ; tle até o A es para tal manifestagio? Ninguém até ent im; todo mundo havia desistido dele, Todas as pessoas que ele — Jtar O MeENiNE que passou ylase quatro vou te matar” ¢°Eu vim dorrer mos € ConfiTMarmMos seus MOtiVs havia ficado com Digitalizado com CamScanner com crianga Gestalt-ter. pra havia encontrado até entio, r spondiam a sua “agressividady linica linguagem que cle con lo sem nos colocarmos no lugar dele ¢ experiment en agressividade; ¢ Nhecia, Com ti Soh baseada NESSES Dring; técnicas tornam-se ae Pirg, OS © O espago terapéutico um simples lu, ’ 7 gar 4 recreagio, A intervengdes técnicas surgem no contexto da telacic e _ ‘ any que elas possam ser efetivas é Preciso que essa rela : Gao inspire Config S40 terapéutica é tal em Gey ssante trabalho, afirma que a centrega. A centralidade da rela terapia que Ribeiro (1991), em um intere: de qualquer outro experimento, a ‘4, precisario se pos ‘NO essenci; ser diferente; relagio qu ilegi: i onst- almente relacional, cor : sy Se nos os na relay certamente € também © Nos construimo telagio terapéutic i 4 te iremos nos reconstruis ¢ 4 €0 espaco privi ido para que isso acontega. 4d. Aceitacio, respeito Permissividadg Geralmente rem modifica-la,"] Digitalizado com CamScanner

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