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RESENHA CRÍTICA DO CASO “Genie Wiley.

Genie Wiley é o pseudônimo de Susan M. Wiley, uma menina que foi encontrada
em 1970, aos 13 anos de idade, em uma casa na Califórnia, onde havia sido mantida em
isolamento social quase total desde o nascimento. Seu pai acreditava que ela era
deficiente mental e a manteve presa em um quarto escuro, com restrição de movimentos
e negligência de contato afetivo. Genie foi resgatada pelas autoridades e passou a ser
acompanhada por uma equipe de especialistas em reabilitação. O caso de Genie é
considerado um dos mais extremos de privação social e afetiva na infância e tem sido
estudado por pesquisadores interessados em entender o desenvolvimento humano e as
consequências do isolamento social.
O caso de Genie Wiley apresenta algumas contradições em relação às teorias de
aprendizagem, especialmente as teorias behavioristas que enfatizam a importância do
ambiente externo na formação do comportamento humano. Por um lado, o isolamento
social e a privação de estímulos sociais e cognitivos parecem ter afetado negativamente o
desenvolvimento de Genie, que apresentou atrasos significativos em várias áreas,
incluindo linguagem, cognição e habilidades sociais. Por outro lado, o tratamento
intensivo que ela recebeu após ser resgatada parece ter ajudado a melhorar algumas
dessas habilidades, sugerindo que o ambiente externo pode ter um papel importante na
recuperação de habilidades cognitivas e sociais. No entanto, o caso de Genie também
apresenta algumas limitações em relação à generalização dos resultados, uma vez que ela
foi submetida a um tratamento intensivo e incomum, que pode não ser replicável em
outras situações. Além disso, o caso de Genie também destaca a importância do ambiente
social e afetivo na formação do comportamento humano, o que é enfatizado por teorias
como a teoria sociocultural de Vygotsky.
Não há informações precisas sobre os momentos ou estágios específicos de
aprendizagem em que Genie Wiley se encontrava quando foi resgatada, uma vez que ela
passou por um período prolongado de privação social e cognitiva. No entanto, é possível
inferir que ela apresentava atrasos significativos em várias áreas de desenvolvimento,
incluindo linguagem, cognição e habilidades sociais, o que sugere que ela pode ter ficado
presa em estágios iniciais de desenvolvimento em algumas dessas áreas.
De acordo com a teoria de Jean Piaget, o desenvolvimento cognitivo ocorre em
estágios sequenciais, que são caracterizados por mudanças qualitativas na forma como as
crianças pensam e compreendem o mundo. Os estágios de Piaget incluem o estágio
sensoriomotor (0-2 anos), o estágio pré-operacional (2-7 anos), o estágio operacional
concreto (7-12 anos) e o estágio operacional formal (12 anos em diante). É possível que
Genie tenha ficado presa em estágios iniciais do desenvolvimento cognitivo, como o
estágio sensoriomotor, devido à falta de estímulos cognitivos e sociais em sua infância.
Já a teoria sociocultural de Lev Vygotsky enfatiza a importância do ambiente
social e cultural na formação do comportamento humano. Segundo Vygotsky, a
aprendizagem ocorre por meio da interação social e da mediação de ferramentas
culturais, como a linguagem e os símbolos. É possível que a falta de interação social e de
estímulos culturais tenha afetado negativamente o desenvolvimento de Genie,
impedindo-a de adquirir habilidades sociais e cognitivas importantes. O tratamento
intensivo que ela recebeu após ser resgatada pode ter ajudado a compensar algumas
dessas deficiências, fornecendo-lhe estímulos sociais e cognitivos que ela não havia
experimentado antes.
O isolamento social e cultural de Genie Wiley teve impactos significativos em seu
desenvolvimento cognitivo, social e emocional. Como ela foi mantida em isolamento
quase total desde o nascimento, ela não teve a oportunidade de interagir com outras
pessoas, aprender a linguagem e adquirir habilidades sociais e emocionais importantes.
Isso resultou em atrasos significativos em várias áreas de desenvolvimento, incluindo
linguagem, cognição e habilidades sociais.
Em termos de linguagem, Genie apresentou atrasos significativos e não
desenvolveu a capacidade de falar fluentemente. Ela também teve dificuldades em
compreender a linguagem e em se comunicar com outras pessoas. Isso pode ter sido
causado pela falta de estímulos linguísticos em sua infância, já que ela não teve a
oportunidade de ouvir e interagir com outras pessoas.
Em termos de cognição, Genie apresentou atrasos significativos em várias áreas,
incluindo memória, atenção, percepção e raciocínio. Ela também teve dificuldades em
aprender novas informações e em aplicar o conhecimento em situações práticas. Isso
pode ter sido causado pela falta de estímulos cognitivos em sua infância, já que ela não
teve a oportunidade de explorar o ambiente e de interagir com objetos e pessoas.
Em termos de habilidades sociais e emocionais, Genie apresentou dificuldades em
se relacionar com outras pessoas e em expressar emoções. Ela também teve dificuldades
em compreender as emoções dos outros e em se adaptar a situações sociais. Isso pode ter
sido causado pela falta de estímulos sociais e emocionais em sua infância, já que ela não
teve a oportunidade de interagir com outras pessoas e de aprender as normas sociais e
culturais.
Em resumo, o isolamento social e cultural de Genie Wiley teve impactos
significativos em seu desenvolvimento cognitivo, social e emocional, resultando em
atrasos significativos em várias áreas. No entanto, o tratamento intensivo que ela recebeu
após ser resgatada pode ter ajudo.
O caso de Genie Wiley é um exemplo extremo de privação social e isolamento, o
que torna difícil encontrar um contraponto exato. No entanto, pode-se argumentar que o
caso de Victor, o "Garoto Selvagem de Aveyron", apresenta algumas semelhanças e
diferenças em relação ao caso de Genie.
Assim como Genie, Victor foi encontrado em um estado selvagem e sem
habilidades linguísticas. No entanto, Victor foi encontrado em uma idade mais jovem do
que Genie e, portanto, teve mais tempo para se adaptar à vida selvagem. Além disso,
Victor foi capaz de se comunicar com outras pessoas e desenvolver habilidades sociais e
emocionais, enquanto Genie teve dificuldades significativas em todas essas áreas.
Outro contraponto possível é o caso de Anna, a "Garota Isolada de Nova York".
Anna foi mantida em isolamento por seus pais até os seis anos de idade, quando foi
resgatada pelas autoridades. Embora Anna tenha sofrido privação social semelhante à de
Genie, ela foi capaz de se recuperar mais rapidamente e desenvolver habilidades
linguísticas e sociais com a ajuda de seus cuidadores.
Em resumo, embora não haja um contraponto exato para o caso de Genie Wiley,
existem outros casos de privação social que apresentam semelhanças e diferenças em
relação a sua história.

Estudo de caso de Genie Wiley. Data de publicação do vídeo: 28/06/2020 Duração:


7:29 Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=EKik2Fv8fdc&t=10s. Acesso
em: 24/07/2023
Warren Raphael
RESUMO

Esta resenha tem com o objetivo analisar criticamente o estudo de caso que
apresenta a história de uma criança, Genie Wiley é o pseudônimo de Susan M. Wiley,
uma menina que foi encontrada em 1970, aos 13 anos de idade, em uma casa na
Califórnia, cujo nome verdadeiro é Susan M. Wiley, foi encontrada em abril de 1970 aos
quase 14 anos de idade. Ela é considerada um caso contemporâneo de criança selvagem
devido à sua privação quase total de contato social desde o nascimento. Genie foi criada
em um quarto escuro, com restrição de movimentos e negligência afetiva. Seu pai a
isolou de qualquer interação familiar e social, inclusive privando-a de contato com sua
mãe, que era deficiente visual. Até os 13 anos, Genie passou a maior parte de sua vida
amarrada em uma cadeira durante o dia e presa em um berço durante a noite. Após ser
encontrada pelas autoridades, Genie foi submetida a um programa de reabilitação com
uma equipe especializada. Os esforços da equipe foram importantes para sua inserção na
sociedade e para a conquista de sua autonomia. No entanto, não há informações
específicas sobre os resultados do tratamento de Genie e por que ela regrediu
posteriormente.

PALAVRAS-CHAVE:

Criança; Negligência; Autonomia; Idade; Sociedade.

REFERÊNCIAS

FONSECA, Felipe Zuculin da. Caso Genie: um estudo de caso comparativo entre as
abordagens construtivista e sociointeracionista. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo
do Conhecimento. Ano. 07, Ed. 11, Vol. 11, pp. 131-143. Novembro de 2022. ISSN:
2448-0959, Link de
acesso:https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/abordagens-construtivista

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