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CENTRO UNIVERSITÁRIO RITTER DOS REIS

ÂNIMA EDUCAÇÃO

SOLANGE SILVA MORAES

ANÁLISE COMPARATIVA DOS PROCESSOS EXECUTIVOS DE FUNDAÇÕES


TIPO TUBULÃO A CÉU ABERTO E ESTACA HÉLICE CONTÍNUA – ESTUDO DE
CASO.

Porto Alegre
SOLANGE SILVA MORAES

ANÁLISE COMPARATIVA DOS PROCESSOS EXECUTIVOS DE FUNDAÇÕES


TIPO TUBULÃO A CÉU ABERTO E ESTACA HÉLICE CONTÍNUA – ESTUDO DE
CASO.

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Engenharia Civil,
do Centro Universitário Ritter dos Reis,
como requisito parcial para obtenção do
título de Bacharel.

Orientador: Prof° Newton Chwartzmann, Msc.

Porto Alegre
2022
SOLANGE SILVA MORAES

ANÁLISE COMPARATIVA DOS PROCESSOS EXECUTIVOS DE FUNDAÇÕES


TIPO TUBULÃO A CÉU ABERTO E ESTACA HÉLICE CONTÍNUA – ESTUDO DE
CASO.

Este Trabalho de Conclusão de


Curso foi julgado adequado à obtenção do
título de Bacharel, e aprovado em sua
forma final pelo Curso de Engenharia Civil,
do Centro Universitário Ritter dos Reis.

Porto Alegre, 21 de junho de 2022.

_________________________________________________
Orientador: Prof° Newton Chwartzmann, Msc.- UniRitter

___________________________________________
Prof. Larry Rivoire Junior, Dr – Uniritter
RESUMO

Esse trabalho teve como objetivo principal comparar os dois processos executivos de
fundações: tubulão a céu aberto e estaca hélice contínua. Comparar desde a mão de
obra até os principais custos com essas duas fundações. Foi feito um estudo de caso,
em duas obras residências localizadas na cidade de Porto Alegre – RS, onde cada
obra possui características distinta da outra, além de um número de unidades a serem
construídas diferentes uma das outras. Os resultados da pesquisa apontam que a
estaca hélice contínua demanda um custo mais elevado em relação ao tubulão,
principalmente em função da utilização da perfuratriz que tem um elevado custo de
locação. Contudo, a hélice contínua tem um tempo de execução menor em
comparação com o tubulão. É importante destacar a presença de um profissional
habilitado fazendo o acompanhamento de toda etapa de fundação para garantir o
controle executivo.

Palavras-chave: tubulão a céu aberto, estaca, hélice contínua.


ABSTRACT

This work had as main objective to compare the two executive processes of
foundations: open pit and continuous helix pile. Compare from labor to main costs with
these two foundations. A case study was carried out in two residential works located
in the city of Porto Alegre - RS, where each work has different characteristics from the
other, in addition to a number of units to be built different from each other. The research
results indicate that the continuous propeller pile demands a higher cost in relation to
the barrel, mainly due to the use of the drill that has a high rental cost. However, the
continuous helix has a shorter run time compared to the barrel. It is important to
highlight the presence of a qualified professional monitoring the entire foundation stage
to ensure executive control.

Key-words: open pit, pile, continuous helix.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 7
1.1 PROBLEMA DE PESQUISA ............................................................................. 8
1.2 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA ......................................................................... 8
1.3 OBJETIVOS ..................................................................................................... 8
1.3.1 Objetivo Geral ............................................................................................... 8
1.3.2 Objetivos Específicos .................................................................................. 8
1.4 JUSTIFICATIVA ................................................................................................ 9
1.5 DEFINIÇÃO OPERACIONAL DAS VARIÁVEIS................................................ 9
1.6 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA ................................................................ 9
2 FUNDAÇÕES ................................................................................................. 10
2.1 FUNDAÇÕES RASAS .................................................................................... 10
2.1.1 Sapata isolada ............................................................................................ 11
2.1.2 Sapata corrida ............................................................................................ 11
2.1.3 Sapata associada ....................................................................................... 12
2.1.4 Bloco ........................................................................................................... 13
2.1.5 Radier .......................................................................................................... 13
2.2 FUNDAÇÕES PROFUNDAS .......................................................................... 14
2.2.1 Tubulão........................................................................................................ 15
2.2.2 Estacas Strauss.......................................................................................... 16
2.2.3 Estaca em hélice contínua......................................................................... 17
2.2.4 Estaca pré-moldadas de concreto ............................................................ 18
2.2.5 Estaca de Madeira ...................................................................................... 18
2.2.6 Estacas tipo Franki .................................................................................... 19
2.2.7 Estacas metálicas ...................................................................................... 20
2.2.8 Estaca Raiz ................................................................................................. 21
3 ESTUDO DE CASO ....................................................................................... 22
3.1 OBRA A .......................................................................................................... 22
3.1.1 Sondagem ................................................................................................... 22
3.1.2 Execução..................................................................................................... 23
3.1.3 Custos ......................................................................................................... 31
3.2 OBRA B .......................................................................................................... 32
3.2.1 Sondagem ................................................................................................... 32
3.2.2 Execução..................................................................................................... 33
3.2.3 Custos ......................................................................................................... 40
4 CONCLUSÕES .............................................................................................. 42
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 44
ANEXO A .................................................................................................................. 46
ANEXO B .................................................................................................................. 47
ANEXO C .................................................................................................................. 48
ANEXO D .................................................................................................................. 49
ANEXO E .................................................................................................................. 50
ANEXO F .................................................................................................................. 51
ANEXO G .................................................................................................................. 52
ANEXO H .................................................................................................................. 53
ANEXO I.................................................................................................................... 54
ANEXO J................................................................................................................... 55
ANEXO K .................................................................................................................. 56
ANEXO L .................................................................................................................. 57
ANEXO M .................................................................................................................. 58
ANEXO N .................................................................................................................. 59
ANEXO O .................................................................................................................. 60
7

1 INTRODUÇÃO

As fundações são responsáveis por transmitir as cargas das estruturas ao solo.


Podem ser divididas em dois tipos, são elas fundações rasas ou superficiais e
fundações profundas. Nas classificadas como rasas temos as sapatas, muito
utilizadas em projetos residenciais. Os tubulões e estacas são classificados como
fundações profundas. Devido ao fato deles possuírem grandes profundidades e,
portanto, suportarem uma carga maior em relação as sapatas.
Segundo Cintra et al. (2011) existe outra forma de classificar as fundações,
através da transferência de cargas do elemento estrutural para o maciço de solo. São
elas, classificadas como diretas quando a carga é transmitida apenas pela base, que
é o caso das sapatas. Indiretas quando a carga é transmitida pelo atrito lateral ao
longo do fuste, que é o caso das estacas.
A fundação em hélice contínua vem ganhando espaço na construção civil, e
atualmente é muito usada nas obras residenciais de blocos e torres. Visto que não
precisa de mão de obra especializada, os dados da execução são todos obtidos
através da perfuratriz o que garante uma confiabilidade.
Os tubulões apesar de precisarem de uma mão de obra qualificada, tem um
tempo de execução muito bom, ágil. Não precisam de maquinário elétrico, o que faz
com que eles se tornem mais econômicos e uma ótima opção também.
De acordo com Velloso et al. (2010, p. 17):
Não se erra em se dizer que, dentro da Engenharia Civil, a especialização em
fundações é a que quer maior vivência e experiência. Entenda-se por vivência
o fato de o profissional projetar ou executar inúmeras fundações, de diversos
tipos e em condições diversas, passando de um caso para outro baseado,
apenas, na sua própria observação do comportamento dos casos passados,
sem dados quantitativos.

Joppert (2007, p.91) afirma sobre fundações que: “O controle de qualidade das
fundações deve iniciar-se pela escolha da melhor solução técnica e econômica,
passando pelo detalhamento de um projeto executivo e finalizando com o controle de
campo da execução do projeto”.
O trabalho analisará dois sistemas de fundação desenvolvidos para dois
empreendimentos diferentes localizados em Porto Alegre/RS.
8

1.1 PROBLEMA DE PESQUISA

Diante da necessidade de se garantir que a execução de um projeto de


fundação seja a melhor possível, visto que é na fundação onde se recebe todas as
cargas da estrutura, devemos ter muita atenção nesta etapa da obra.
Desta forma, a pergunta que esta pesquisa buscou responder foi: Quais são as
diferenças na execução de dois tipos de fundação, tubulão a céu aberto e estaca
hélice contínua, que foram observadas em duas obras localizadas em Porto
Alegre/RS?

1.2 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA

A pesquisa está delimitada a dois tipos de fundações: tubulão a céu aberto e


estaca hélice contínua que foram executados em dois empreendimentos localizados
na cidade de Porto Alegre – RS.

1.3 OBJETIVOS
Os objetivos do presente trabalho são apresentados a seguir.

1.3.1 Objetivo Geral

Fazer um estudo comparativo entre os métodos executivos das fundações


tubulão a céu aberto e estaca hélice contínua em duas obras localizadas na cidade e
Porto Alegre – RS.

1.3.2 Objetivos Específicos

 Estudar os processos executivos das fundações tubulão a céu aberto e estaca


hélice contínua;
 Estudar os métodos utilizados em dois canteiros de obras;
 Mostar os processos que podem serem feitos para acompanhar a execução
desses dois métodos executivos;
 Fazer um comparativo entre os dois sistemas.
9

1.4 JUSTIFICATIVA

O princípio de uma obra é o planejamento, e só é possível fazer um


planejamento fidedigno conhecendo todos os processos construtivos. Todo
engenheiro deve dominar a sua obra e só conseguimos isso sabendo exatamente o
que cada funcionário está executando e como ele está executando cada atividade.
A abordagem do tema se faz necessário, devido ao fato de que a infraestrutura
de qualquer empreendimento desempenha um enorme papel quanto ao suporte de
cargas, próprias ou provenientes da superestrutura e da sua utilização e qualquer erro
nessa etapa pode trazer problemas futuros complicados de serem resolvidos, então
um engenheiro civil deve oferecer um desenvolvimento seguro dos seus projetos, com
responsabilidade e conhecimento.
A importância este trabalho está na formação nesta área de um engenheiro
civil, que tem como finalidade mostrar todo o desenvolvimento executivo dessas
fundações.

1.5 DEFINIÇÃO OPERACIONAL DAS VARIÁVEIS

a) Tipo de concreto;
b) Mão de obra;
c) Tipo de solos;
d) Equipamentos.

1.6 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

A caracterização dessa pesquisa encontra-se focada no tipo de pesquisa


denominado empírica, uma vez que a mesma ''Trata a face empírica e factual da
realidade, de preferência mensurável; produz e analisa dados, procedendo sempre
pela via do controle empírico e fatual, cujo extremo já se torna empirista’’ (DEMO,
2000,p.21).
Será feito uma pesquisa teórica sobre o tema, o qual será complementada com
uma pesquisa prática através de visitas a dois canteiros de obra.
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2 FUNDAÇÕES

Fundações são definidas como um elemento estrutural, que tem como


finalidade transmitir as cargas da estrutura para o solo, além de esforços laterais.
As fundações são classificadas em dois grupos, fundações rasas e fundações
profundas. Já as fundações profundas se dividem em dois grupos, estacas cravadas
e estacas escavadas. Serão feitas breves citações sobre as principais características
de cada uma delas.

2.1 FUNDAÇÕES RASAS

São todas as que não necessitam de escavação ou cravação de estacas para


receber as cargas oriundas da edificação, pois são dimensionadas para solos mais
resistentes, entre elas pode-se citar: bloco, sapata (isolada, corrida e associada),
radier e grelha, conforme figura 1.
São mais viáveis economicamente, de fácil execução, não necessitam de mão
de obra especializada.
Figura 1 – Tipos de Fundações Rasas

Fonte: Lopes e Velloso (2010).


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2.1.1 Sapata isolada

As sapatas isoladas são associadas apenas ao seu pilar equivalente, ou seja,


não são associadas entre si. Dessa forma, podemos ter sapatas de diferentes
dimensões, em um único projeto, pois cada um vai corresponder aos esforços do seu
respectivo pilar, conforme figura 2.
Segundo Rebello (2008) denomina-se sapata isolada uma placa de concreto
armado cujas dimensões em planta são da mesma ordem de grandeza. Suas
dimensões são determinadas em função das cargas aplicadas sobre os pilares e da
resistência do solo do terreno.

Figura 2 – Modelos de sapata isolada em projeto

Fonte: Fundações – Representação Gráfica de Elementos Estruturais (2014).

2.1.2 Sapata corrida

As sapatas corridas recebem diretamente as cargas das paredes e transmite


para o solo. Podem ser de concreto armado ou concreto simples. São econômicas e
indicadas para construções de pequeno porte. Na figura 3 pode-se visualizar um
exemplo de sapata corrida.
12

Figura 3 – Sapata corrida.

Fonte: Pereira (2016).


2.1.3 Sapata associada

É uma alternativa quando temos uma distância muito pequena entre duas ou
mais sapatas. Essa associação é feita através da união de duas ou mais sapatas,
tornado elas uma só. A partir dessa associação esse conjunto de sapata passa a ter
que suportar consequentemente a carga de dois ou mais pilares.
Segundo Hachich et al. (1996), quando dois ou mais pilares estiverem muito
próximos ou as cargas estruturais forem elevadas, poderá se ter o risco de a sapata
não suportar os esforços com a sua tensão admissível, sendo assim, é necessário
fazer uma sapata para dois pilares, conforme figura 4.

Figura 4 – Sapata associada.

Fonte: Pereira (2016).


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2.1.4 Bloco

Os blocos de fundações não são dimensionados para ter armadura, é um tipo


de fundação não armada, indicada para obras de pequeno porto. As tensões atuantes
nos blocos podem ser resistidas apenas pelo concreto, de acordo com a sua
dimensão, na figura 5 pode-se ver um exemplo de bloco.
Segundo Hachich et al. (1996) as alturas dos blocos são calculadas de forma
que todas as tensões que atuam no concreto, possam ser absorvidas por ele mesmo.
Sem necessidade de armar o a base.

Figura 5 – Bloco de concreto.

Fonte: Lopes e Velloso (2010).

2.1.5 Radier

Os radier são estruturas de concreto armado executadas diretamente em cima


do solo. Não são escavadas, captam as cargas dos pilares e paredes para
descarregam direto no solo.
Basicamente são grandes lajes, que dispensam vigas. É indicado para
situações em que as áreas das sapatas se aproximam uma das outras, conforme
figura 6.
Segundo Rabello (2011) o seu uso torna-se econômico quando a soma das
áreas das sapatas for superior à metade da área da projeção da edificação.
14

Figura 6 – Radier.

Fonte: Lopes e Velloso (2010).

2.2 FUNDAÇÕES PROFUNDAS

As fundações profundas têm a função de atender edificações que precisam


resistir a esforços que não são atendidos ao nível do solo.
Quando se fala em fundações profundas, estamos falando em estacas e
tubulão. Existem alguns tipos de fundações com estacas, conforme figura 7.
Segundo a NBR 6122/1996, define-se como fundação profunda aquela que
transmite a carga proveniente da superestrutura ao terreno pela base (ponta), por sua
superfície lateral (resistência do fuste), ou pela combinação das duas.

Figura 7 – Fundações profundas.

Fonte: Obra Expertise (2019).


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2.2.1 Tubulão

Tubulão é um elemento de fundação profunda, escavado no terreno, conforme


figura 8. No final da execução obrigatoriamente há descida de pessoas, para realizar
o alargamento da base e a limpeza final. A limpeza é de suma importância, pois
nesses tipos de fundações as cargas são transmitidas pela base do tubulão.

Figura 8 – Tubulão a céu aberto.

Fonte: Lopes e Velloso (2011).

Existem duas formas de execução de um tubulão, depende da temática de


cada um deles. Podem ser a céu aberto ou a ar comprimido. Nesse segundo casos
os cuidados são redobrados, pois provavelmente existe a presença de água no solo
ou desmoronamento. Dessa forma, os tubulões a ar comprimido tendem a ter um
revestimento lateral, de concreto ou outro material para evitar o desmoronamento,
conforme figura 9.
16

Figura 9 – a) tubulão sem revestimento. b) tubulão com revestimento de concreto. c) tubulão


com revestimento metálico.

Fonte: Lopes e Velloso (2011).

2.2.2 Estacas Strauss

A estaca Strauss é executada mecanicamente geralmente com um furo


revestido. Sua escavação é efetuada da seguinte forma: com um equipamento
denominado Balde de Strauss, a perfuração é executada através da queda livre da
piteira com a utilização de água. Atingida a profundidade de projeto, o furo é limpo e
concretado um pouco acima da cota do projeto, para permitir o arrasamento, conforme
figura 10.

Figura 10 – Execução estaca Strauss.

Fonte: Carluc (2020).


17

2.2.3 Estaca em hélice contínua

Hélice contínua é uma estaca de concreto moldada in loco, executada através


de um trado contínuo e injeção de concreto, através da haste central do trado
simultaneamente a sua retirada. Na figura 11 a seguir pode-se identificar as fases da
execução.
É um tipo de fundação bem versátil, pode se adaptar a diferentes solos. Pode
ser executada em um solo com ou sem presença de nível de água. Na figura 11
podemos ver as etapas de execução, que se resumem em três principais etapas:
 Escavação: Perfuração do solo com o trado até altura de projeto ou até onde o
trado conseguir alcançar.
 Concretagem: Após a retirada do solo escavado, a própria perfuratriz é
conectada ao concreto e libera o mesmo na estaca.
 Colocação da armadura: Armadura em forma de gaiola mediatamente, inserida
imediatamente após a concretagem, para que seja possível garantir seu
cobrimento, sua inserção total na fundação.

Figura 11 – Etapas da execução de uma hélice contínua.

Fonte: Escola Engenharia (2019).


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2.2.4 Estaca pré-moldadas de concreto

Estacas pré-moldadas são desenvolvidas em fabricas de elementos pré-


moldados e podem ser classificadas quanto à forma da confecção, podem ser em
concreto vibrado, centrifugado e extrusão e também podem ser classificadas em
relação a armadura, podem ser armadas ou protendidas.
Uma das principais vantagens das estacas pré-moldadas está na qualidade do
concreto, na garantia quanto a segurança. Devido ao fato de não ser moldada in loco,
mas sim desenvolvida em um laboratório, usina é possível eliminar muitos possíveis
problemas, erros nas dosagens de materiais.
Uma das características das estacas pré-moldadas é quanto a sua forma. Por
se tratar de estruturas de concretos podem se adaptar a diversas formas. Na figura
12 pode-se visualizar algumas seções transversais típicas de estacas pré-moldadas.

Figura 12 – a) quadrada maciça, b) quadrada oca, c) circular oca, d) octogonal oca.

Fonte: Lopes e Velloso (2010).

2.2.5 Estaca de Madeira

Estacas de madeira são caracterizadas por estacas que não realizam a retirada
de material, não e feita escavação, apenas cravação. Essas estacas são trocos de
madeiras, retilíneos que possuem boa capacidade de carga.
Segundo Velloso no Brasil as estacas de madeiras são mais utilizadas em
obras provisórias. No passado que se utilizava em obras permanentes.
As estacas de madeiras com o passar do tempo, umidade do solo a tendência
é que elas vão se deteriorar rapidamente. Dessa forma, caso forem usadas como
fundação permanente é preciso ter uma preparação com produtos preservativos.
Podemos ter estacas com reforço na ponta ou sem, conforme figura 13.
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Figura 13 – a) estaca sem reforço na ponta, b) estaca com reforço na ponta.

Fonte: Lopes e Velloso (2010).

2.2.6 Estacas tipo Franki

As estacas franki são do tipo cravadas, o processo se inicia com a inserção de


um tubo no solo com uma bucha que pode ser de brita, concreto magro. Esse tubo é
apiloado dentro do solo até a cota de projeto. Após a cravação é feita o alargamento
da base, com o material que estava presente na bucha inserida com o tubo. Por fim,
é colocado a armadura de aço e finalizando com a concretagem. Na figura 14 é
possível visualizar o processo executivo.
As principais vantagens dessa fundação são o fato dela poder sem executada
abaixo do nível do solo, suportar grandes cargas, atingir grandes profundidades. Entre
as desvantagens temos a vibração no solo, pelo fato de ser apiloada é de extrema
importância fazer uma análise de solo das edificações vizinhas.
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Figura 14 – Execução estaca franki.

Fonte: Lopes e Velloso (2010).

2.2.7 Estacas metálicas

São estacas confeccionadas em perfis metálicos. Possui ótima capacidade de


carga, atingem grandes profundidades, podem receber emendas com solda.
Segundo Velloso e Lopes (2010) as principais vantagens são: fabricadas com
diversas dimensões e formas, são fáceis de transportar e manipular, são mais fáceis
de cravar em comparação com as de madeiras ou pré-moldada de concreto. Na figura
15 podemos ver algumas formas das seções que podemos ter nas estacas metálicas.
21

Figura 15 – Seções possíveis para estacas metálicas.

Fonte: Lopes e Velloso (2010).

2.2.8 Estaca Raiz

Segundo a NBR 6122, estaca raiz caracteriza-se pela execução de perfuração


rotativa ou rotropercussiva. O processo executivo é baseado em algumas etapas, são
elas: perfuração, colocação da armadura, inserção da argamassa através de um tubo
e pôr fim a retirada dos tubos, conforme figura 16.

Figura 16 – Processo executivo estaca raiz.

Fonte: Escola de engenharia (2018).


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3 ESTUDO DE CASO

Esta pesquisa foi realizada em dois canteiros de obras, sendo um deles


localizado no bairro Alto Petrópolis, denominado de obra A, com o sistema de
fundações do tipo tubulão. O segundo canteiro visitado está localizado no bairro
Jardim Carvalho, aqui denominado de obra B, cujo sistema de fundações é do tipo
hélice contínua.

3.1 OBRA A

Obra localizada no bairro Alto Petrópolis, terreno com uma área de 9.916,08
m2. Empreendimento com total de 160 unidades, sendo cada edificação composta por
5 pavimentos, cada unidade com 40,82 m2.
Projeto desenvolvido para fundação foi o de tubulão a céu aberto, sendo que
em cada edificação foram projetados 68 tubulões. Esta decisão foi baseada na
distribuição das cargas e do perfil de terreno, após ter sido feita a sondagem.

3.1.1 Sondagem

O método de sondagem realizado foi o SPT - Standart Penetration Test. O


engenheiro optou por realizar a sondagem em 5 pontos distintos. O ensaio de
penetração foi realizado com um peso de 65Kg caindo em queda livre de 75cm para
cravar o amostrador 45cm (três penetrações de 15cm).
No primeiro furo o nível de água foi de 9,10m. Entre o 1m e 5m contatou-se o
tipo de solo sendo silte de granulação fina e média. Passando a cota de 5,90m pode-
se identificar uma alteração de granulação variada muito compacta, conforme anexo
A. No segundo furo o nível de água também foi de 9,10m. Com as mesmas
características do solo do furo 1, conforme anexo B. No terceiro furo o nível de água
foi de 8,10m. Entre o 1m e 2m contatou-se o tipo de solo sendo silte de granulação
fina e média. Passando a cota de 2,7m pode-se identificar uma alteração de
granulação variada, conforme anexo C. No quarto furo o nível de água foi de 14,10m.
Entre o 1m e 7m contatou-se o tipo de solo sendo silte de granulação fina e média.
Passando a cota de 7,10m pode-se identificar uma alteração de granulação variada,
23

conforme anexo D. No quinto furo o nível de água foi de 8,10m. Entre o 1m e 3m


contatou-se o tipo de solo sendo silte de granulação fina e média. Passando a cota de
3,30m pode-se identificar uma alteração de granulação variada, conforme anexo E.
Levando em conta estas informações e o custo benefício, o engenheiro
calculista indicou para esta obra o uso de tubulões a céu aberto.

3.1.2 Execução

Neste item será descrita a etapa de execução dos tubulões, para obra A onde
foram executados 384 tubulões. Inicialmente, para cada tubulão foi previsto em projeto
uma carga em toneladas força (tf), e partir destas cargas foram determinadas as
dimensões dos tubulões. Na tabela 1, pode-se observar que para cada carga foi
previsto diâmetro, altura de base e rodapé especifico.

Tabela 1: Dados de projeto para execução dos tubulões.

Dados do projeto de tubulão – Diâmetro do Fuste=90cm


Carga (tf) Diâmetro base (cm) Altura base (cm) Rodapé (cm)
25 90 30 20
27 95 30 20
30 100 30 20
31 100 30 20
32 105 30 20
33 105 30 20
34 105 30 20
35,5 110 30 20
36 110 30 20
37 110 30 20
37,5 110 30 20
38,5 115 30 20
39,5 115 30 20
40 115 30 20
41,5 115 30 20
42,5 120 30 20
44 120 30 20
46 125 30 20
48,5 135 30 20
Fonte: Elaborada pela Empresa, adaptado pela autora (2022).
24

3.1.2.1 Marcação

Antes de iniciar a marcação de cada tubulão foi realizada a execução dos


gabaritos, para que o topografo fosse até a obra fazer a marcação nos gabaritos de
todos os 68 pontos de escavação dos tubulões.
A marcação no solo foi feita com um prumo de centro e linhas de nylon, e, a
partir da marcação do topografo foram esticadas as linhas de um ponto ao outro nos
eixos x e y e com o prumo de centro foi realizada a marcação no solo.
Esse ponto marcado se tornou o eixo do tubulão, a partir desse ponto era
puxado com a trena 45cm para cada em ambos os eixos e então teve-se o tubulão
marcado, pronto para iniciar a escavação. A escavação começava manualmente com
uma cavadeira, após aproximadamente 1,3m de profundidade era possível instalar os
sarilhos, conforme figura 17.

Figura 17 – Sarilho instalado.

Fonte: Autora (2021).


O sarilho permite que o operário desça até o fundo do tubulão para fazer o
alargamento da base e também que a terra seja retirada. Enquanto um operário está
25

na base do tubulão executando a escavação o outro utiliza o sarilho para retirar o


material escavado.

3.1.2.2 Escavação

A escavação foi feita no formato “degrau” dividindo o fuste do tubulão no meio,


onde o operário faz a escavação de um lado enquanto fica em um nível superior. Na
figura 18, pode-se visualizar o operário executando a escavação do tubulão 52.

Figura 18 – Escavação tubulão.

Fonte: Autora (2021).

A execução dos tubulões a céu aberto, foi desenvolvida em dupla, pois um


operário desceu para escavar e o outro ficou responsável em retirar o material
escavado (puxando o balde com material através do sarilho).
26

3.1.2.3 Alargamento da base

Após a execução do fuste do tubulão até a cota 4,20m, foi feita a limpeza na
base. Na figura 23 pode-se visualizar o operário realizando a limpeza da base para a
execução do alargamento e na figura 20 a base está limpa, pronta para iniciar o
alargamento. Neste tubulão o alargamento previsto em projeto foi de 1,20m de base
por 0,50m de altura. Após o término alargamento da base o mestre de obras desceu
até a base do tubulão para conferir as medidas de diâmetro, altura da base e verificar
as condições da base, pois para antes de iniciar a concretagem tudo deve estar
conferido e o tubulão deve estar limpo, conforme figura 19.

Figura 19 – Limpeza do fundo para iniciar o alargamento da base.

Fonte: Autora (2021).


27

Figura 20 – Base limpa, pronta para iniciar o alargamento.

Fonte: Autora (2021).

3.1.2.4 Armação

Conforme projeto, devido aos esforços de tração, as armaduras foram


dimensionadas 10cm menor que o fuste, para que se tenha um cobrimento mínimo de
5cm para cada lado do tubulão.
Na figura 21, é possível observar a armadura finalizada, já com os
espaçadores, pronta para ser inserida no tubulão.

Figura 21 – Armadura para tubulão.

Fonte: Autora (2021).


28

3.1.2.5 Concretagem

As concretagens foram realizadas sempre no dia seguinte da aberta do


tubulão, porém as vezes a empresa que fornecia concreto não tinha disponibilidade
ou por conta do tempo não foi possível realizar as concretagens todos os dias.
Nos tubulões que ficavam mais de 2 abertos sem concretagem, quase sempre
surgiam água nas suas bases. Na figura 22 pode-se visualizar o tubulão com água.
Quando isso acontecia era retirada toda água da base, as vezes com bomba
submersa ou manualmente, isso dependia muito do nível de água do tubulão. Após
retirar a água era necessário refazer toda a base, pois com a água sempre ocorria o
desmoronamento das paredes da base.

Figura 22 – Tubulão com água na base.

Fonte: Autora (2021).

Com a base limpa foram inseridas as armaduras dentro do tubulão e pode-se


realizar a concretagem dos tubulões. Após a concretagem de cada tubulão foram
inseridos os arranques no tubulões. Arranques são armaduras inseridas na fundação
29

para que seja possível realizar o transpasse nas armaduras positivas e negativas e
assim permitir a transmissão dos esforços solicitantes, conforme figura 23.

Figura 23 – Detalhamento arranques.

Fonte: Autora (2021).

Após a instalação dos arranques que são colocados imediatamentes após a


concretagem do tubulão, o lajão é liberado para execução das formas que para esse
projeto foram dimensensionadas com uma altura de 30cm, pois foram considerados
5cm de “concreto magro” que é uma camada de conceto de pouca resistência apenas
para fazer uma base para as armaduras.
Depois de realizado a concretagem da base das armaduras tem-se a execução
da mesma, conforme projeto. Na figura 24 pode-se notar as formas já finalizadas, as
armaduras em execução e os arranques já posicionados para posterior amarração
nas armaduras.
30

Figura 24 – Execução das armaduras.

Fonte: Autora (2021).

Por fim, com as armaduras positivas e negativas do lajão executadas, pode-se


liberar para a concretagem. Esse processo teve um tempo de execução de 2 dias com
4 ferreiros na obra, já a concretagem teve a duração de 1 dia com 4 profissionais na
execução. Para a concretagem foram utilizados 12 caminhões de concreto, sendo
cada um composto por 8m³. É possível visualizar o processo de fundação finalizado,
lajão liberado para execução da fiada falsa e posterior estrutura, conforme figura 25.

Figura 25 – Processo de fundação concluído.

Fonte: Autora (2021).


31

3.1.3 Custos

A escavação foi realizada com fornecedor terceiro, o valor orçado foi medido
por m3, conforme planilha 2. O volume escavado total foi de 2.073,6 M³, com isso o
custo com a mão de obra para escavação ficou em R$ 663.552.

Tabela 2: custos escavação.


Custos com a Escavação
Serviço Unidade Custo
Escavação, alargamento e limpeza de base M³ R$ 320,00
Fonte: Elaborado pela autora (2022).

Para armação dos tubulões, o projeto previa um total de 15.430,77 kg de Aço –


CA 50, nesse peso está incluído 10% a mais da quantidade de real.

Tabela 3: custos aço.

Aço CA – 50 Utilizado nos Tubulões a Céu Aberta

Ø Bitola Quantidade (kg) Custo

Ø 6,3 2.362,77 R$ 14.600,03

Ø 12,5 13.068,00 R$ 73.409,10


Total: R$ 88.009,13

Fonte: Elaborado pela autora (2022).

Para a concretagem dos tubulões foi utilizado concreto bombeado FK3 30,
conforme projeto. Considerando o volume escavado de 2.073,6 m³, teve-se um custo
de R$ 1.007.707,392.
Tabela 4: custos com concreto.
Custos com Concretagem
Produto/Serviço Unidade Custo
Bombeamento m³ R$ 36,04
Concreto FCK 30 m³ R$ 449,93
Fonte: Elaborado pela autora (2022).
32

Desta forma o custo total para a produção dos tubulões foi de R$ 1.096.380,072
e um custo por m³ de R$ 528,73.

3.2 OBRA B

Esta obra está localizada no bairro São Sebastião e terreno possui uma área
de 5.030,87 m2. Empreendimento com total de 96 unidades, sendo a edificação
composta por 12 pavimentos, cada unidade com 40,82 m2.
Projeto desenvolvido para fundação foi o de estaca hélice contínua, sendo que
em cada edificação foram projetadas 105 estacas. Esta decisão foi baseada na
distribuição das cargas e do perfil de terreno, após ter sido feita a sondagem.

3.2.2 Sondagem

O método de sondagem realizado foi o SPT - Standart Penetration Test. O


engenheiro optou por realizar a sondagem em 10 pontos distintos. O ensaio de
penetração foi realizado com um peso de 65Kg caindo em queda livre de 75cm para
cravar o amostrador 45cm (três penetrações de 15cm).
No primeiro furo o nível de água após 24h foi de 6,40m. Entre a cota de 0,6m
até 2,50m obteve-se uma argila pouca siltosa. Entre as cotas 2,5m e 3,8m o material
foi classificado como silte arenoso de cor amarela, após essa cota o material
encontrado foi também um silte arenoso, mas de cor marrom. Passando a cota de
5,90m pode-se identificar um silte arenoso marrom medianamente compacto à muito
compacto, conforme anexo F. No segundo furo o nível de água após 24h foi de 8,60m.
Entre a cota de 0,7m até 2,80m obteve-se uma argila pouco siltosa. Após essa cota
até 5,70m já foi possível encontrar um silte arenoso de cor amarela, e logo após essa
cota o silte encontrado era de cor marrom. Passando a cota de 8,60m o material foi
classificado como um silte arenoso, micáceo compacto à muito compacto, conforme
anexo G. No terceiro furo o nível de água após 24h foi de 8,00m. Até a cota de 7,8 o
material encontrado foi argila. Após essa cota o material foi classificado como um silte
arenoso de cor marrom mediamente compacto à muito compacto, conforme anexo H.
No quarto furo o nível de água após 24h foi de 7,60m. Entre a cota de 0,70m até 6,60m
o material encontrado foi argila. Entre a cota de 9,80m até 13,80 material era silte
33

arenoso de cor marrom. Depois da cota de 13,80m o material encontrado foi silte
arenoso micáceo compacto à muito compacto, conforme anexo I. No quinto furo o
nível de água após 24h foi de 7,20m. Até a cota de 6,5m o material encontrado foi
argila. Após essa cota até a de 9,90m o material foi classificado como um silte arenoso
muito compacto, conforme anexo J. No sexto furo o nível de água após 24h foi de
6,40m. Até a cota de 5,60m o material encontrado foi argila. Entre a cota de 5,60m até
12,60m o material foi um silte arenoso. Após o material foi classificado como um silte
arenoso micáceo muito compacto, conforme anexo K. No sétimo furo o nível de água
após 24h foi de 5,70m. Entre a cota de 0,90m até 8,80m o material encontrado foi
argila. Após foi encontrado um silte arenoso muito compacto, conforme anexo L. No
oitavo furo o nível de água após 24h foi de 4,20m. Até a cota de 8,80m o material
encontrado foi argila. Entre a cota 8,80m até 13,70m o material foi classificado como
um silte arenoso micáceo de compacto a muito compacto, conforme anexo M. No
nono furo o nível de água após 24h foi de 3,0m. Até a cota 4,80m o material
encontrado foi argila. Após essa cota até 6,70m foi silte arenoso. Depois novamente
foi encontrado argila até a cota de 7,70m. Por fim, até a cota de 14,80m o material foi
classificado como um silte arenoso de compacto à muito compacto, conforme anexo
N. No décimo furo o nível de água após 24h foi de 6,0m. Até a cota de 4,90m o
material encontrado foi argila. Entre a cota de 4,90m até 6,80m foi um silte arenoso.
Após essa cota foi identificado um silte arenoso micáceo de mediamente compacto à
muito compacto, conforme anexo O.
A partir destas informações foi definido pelo engenheiro calculista que o tipo de
fundação mais indicado para esta obra deveria ser estaca hélice contínua.

3.2.2 Execução

O projeto de fundações previa 105 estacas. Após a realização dos gabaritos, o


topografo realizou a marcação de todas as estacas. Nesse projeto foram
dimensionados 3 diâmetros diferentes para as estacas, conforme figura 26.
34

Figura 26: Dimensionamentos diâmetros estacas.

Fonte: Elaborado pela empresa.

No primeiro dia de escavação o engenheiro calculista fez o acompanhamento


dos trabalhos e definiu as profundidades previstas das estacas. Para as estacas de
diâmetro 500mm foram previstos 16m de profundidade, para as estacas de diâmetro
600mm foram previstos 17m de profundidade e para as estacas de diâmetro 700mm
foram previstos 18m de profundidade.

3.2.2.1 Escavação

Com todas as estacas marcadas pode-se iniciar a escavação. Inicialmente o


processo é manual, o operário realiza a escavação com uma cavadeira a fim de deixar
a estaca pronta para receber a hélice. A escavação consistiu em retirar de 20 até 40cm
de profundidade do local da estaca, sempre considerando 1cm a mais que o diâmetro
estipulado para a estaca.
Com a estaca livre pode-se iniciar a execução com a hélice. As primeiras
estacas escavadas foram as 4 localizadas nas extremidades da obra, nomeadas PF
1, 18, 90 e 105, ambas com o mesmo diâmetro de 500mm, conforme figura 27.
35

Figura 27: Execução da escavação.

Fonte: Autora (2021).

Para não comprometer o tempo de execução, as estacas foram escavadas por


ondem de diâmetro, ou seja, todas as estacas de diâmetro 500mm foram escavadas
primeiros, depois todas de diâmetro 600mm e por fim todas de diâmetro 700mm.
Assim não se perdeu tanto tempo com a programação do diâmetro na hélice contínua.
O cuidado necessário foi o de não escavar estacas de mesmo diâmetro que
ficavam uma ao lado uma da outra no mesmo dia para evitar que a estaca concretada
fosse danificada. Isso só é possível quando a estaca ao lado estiver a uma distância
de eixo a eixo 5 vezes maior que o diâmetro da estaca ao lado. Na obra B o engenheiro
optou por não escavar no mesmo dia estacas de mesmo diâmetro uma ao lado da
outra.
Todas as estacas que não atingiram a profundidade prevista pelo projetista
foram verificadas antes da liberação da concretagem. A equipe de engenharia entrava
em contato imediatamente com o projetista para que ele desse a aprovação. Pode-se
citar o caso da estaca 96 de 500mm de diâmetro que atingiu o limite impenetrável em
14,73m de profundidade.
36

3.2.2.2 Concretagem

As concretagens das estacas foram realizadas todas no mesmo dia da


escavação, pois essa é a metodologia deste tipo de estaca. O concreto utilizado foi
FCK 30MPA bombeado e concretado até o nível do terreno para que fosse possível
fazer o arrasamento das estacas.
Conforme o trado foi retirando o material escavado pode-se concretar à estaca,
pois o caminhão de concreto encontrava-se posicionado ao lado para bombear o
concreto para o eixo da hélice, conforme figura 28.

Figura 28: Concretagem estaca.

Fonte: Autora (2021).

3.2.2.3 Armação

Para obra B o projeto desenvolvido previa alguns tipos de armaduras distintas.


Para estacas de 500 mm foram armaduras com 7 barras longitudinais, diâmetros de
36cm e 20cm, comprimentos totais de 6m ou 8m. Para estacas de 600mm foram
armaduras com 6 barras longitudinais, diâmetros de 46cm e 30cm, comprimentos
totais de 6m ou 8m. Para estacas de 700mm foram armaduras com 8 barras
37

longitudinais, diâmetros de 56cm e 40cm, comprimentos totais de 6m ou 8m, conforme


tabela 5.

Tabela 5: Tabela de armação das estacas.

Fonte: Elaborado pela empresa.

3.2.2.4 Bloco de Coroamento

Após a concretagem da estacada foi feito o arrasamento da mesma, que nada


mais é do que cortar a “cabeça” da estaca para que fique no nível estipulado em
projeto. O arrasamento é necessário para que o nível fiquei em conformidade com o
projeto e para que seja possível realizar o bloco de coroamento.
O bloco de coroamento foi moldado in loco, e é um elemento estrutural que tem
a função de transmitir as cargas que vão chegar na estrutura até as fundações. Para
obra foram dimensionados três tamanhos diferentes. Para as estacas de diâmetro
500mm as dimensões foram 0,80x0,80m, para as estacas de 600mm as dimensões
foram 0,90x0,90m e para as estacas de 700mm as dimensões foram 1x1m.
A execução foi feita, iniciando-se pelos ferreiros, fazendo a montagem da
armadura prevista em projeto para cada bloco de coroamento. Após as armações
montadas pode-se iniciar a montagem das formas. Primeiro foi necessário localizar o
eixo da estaca. Os operários esticavam as linhas no gabarito nos eixos x e y, conforme
marcação do topografo. A partir das linhas pode-se marcar o eixo de cada estaca e
começar a execução da montagem das formas, conforme dimensões de projeto. Na
figura 29 pode-se notar algumas estacas já com os as formas dos blocos de
coroamento finalizadas.
38

Figura 29: Formas bloco de coroamento montadas.

Fonte: Autora (2021).

Após a execução das formas deu-se início na concretagem dos blocos de


coroamento. Assim como nos tubulões aqui também foi preciso fazer a instalação dos
arranques para poder fazer o transpasse nas armaduras negativas e positivas,
conforme figura 30.

Figura 30: Bloco de coroamento concretado.

Fonte: Autora (2021).

Com todos os blocos de coroamento finalizados foram iniciadas a execução das


formas, para posterior instalação das amaduras negativas e positivas do “lajão”,
conforme figura 31.
39

Figura 31: Armação lajão.

Fonte: Autora (2021).

Armaduras finalizadas, o “lajão” foi liberado para concretagem. Com isso foi
finalizada a execução da fundação e pode-se dar início a fase de estrutura da obra B,
conforme figura 32.

Figura 32: Lajão finalizado.

Fonte: Autora (2021)


40

3.2.2 Custos

Na execução da estaca, foi utilizado um fornecedor terceirizado. O orçamento,


conforme apresentado na tabela 5 e no contrato o fornecedor incluiu uma taxa de
deslocamento de equipamento de R$ 15.000,00 por dia de execução.

Tabela 6: Custos com a execução da hélice.


Custos com Escavação

Profundidade Valor
Descrição Quantidade Valor Total
(m) Unitário
Estacas
ø500mm 67 16 R$ 43,00 R$ 46.096,00
ø600mm 26 17 R$ 47,0 R$ 21.573,00
ø700mm 12 18 R$ 52,00 R$ 11.232,00
R$ 78.901,00
Fonte: Elaborado pela autora (2022).

Considerando a execução em média de 7 estacas por dia, pode-se finalizar a


escavação em 18 dias, assim obteve-se um custo com a execução das estacas de R$
348.901,00 (custo do deslocamento mais escavação).
O projeto previa um total de 7.570,20 kg de Aço – CA 50, nesse peso está
incluído 10% a mais da quantidade de real.
41

Tabela 7: Custos com aço.

Aço CA – 50 Utilizado nas Estacas Hélice Contínua

Ø Bitola Quantidade (kg) Custo

Ø 6,3 788,00 R$ 4.869,21

Ø 8,0 748,00 R$ 4.622,04

2.856,00 R$ 16.043,49
Ø 12,5

Ø 16,00 2.490,00 R$ 13.987,50

Total: R$ 39.522,25

Fonte: Autora (2022).

O volume de concreto utilizado para concretagem das 105 estacas foram de


561,98m³. Na tabela 7 pode-se visualizar os valores orçados referente a concretagem.
Para obra B foram gastos R$ 273.105,42 em concretagens.

Tabela 8: Custos com concretagens.


Custos com Concretagem
Produto/Serviço Unidade Custo
Bombeamento M³ R$ 36,04
Concreto FCK 30 M³ R$ 449,93
Fonte: Autora (2022).

Desta forma o custo total foi de R$ 661.528,67 e um custo por m³ de R$


1.177,13.
42

4 CONCLUSÕES

A partir do estudo de caso apresentado, foi possível concluir que os dois


processos construtivos de fundação apresentam diferentes formas de execução e são
adequados para diferentes situações de obras.
O tubulão a céu aberto é um tipo de fundação muito mais manual, sendo que
a única ferramenta mecanizada que foi necessária nessa execução foi um martele
(martelo rompedor). Já a hélice contínua necessita de todo um maquinário especifico
para a execução das mesmas. Contudo, para o tubulão foi preciso uma mão de obra
especializada em escavação, especificamente em trabalho confinado. No sistema de
hélice contínua a mão de obra necessária para escavação da estaca foi somente o
operador da máquina, que já está dentro do contrato, além de alguns operários da
própria construtora.
O tempo de execução da hélice contínua foi mais rápido, justamente devido ao
fato de ser mecanizada, enquanto foi possível realizar a escavação e concretagem de
7 estacas por dia. No caso dos tubulões foram realizadas as escavações de 4 estacas
por dia com 4 funcionários. Quando não foi possível realizar a concretagem de todos
os tubulões no mesmo dia, o trabalho foi postergado para o dia seguinte, com o risco
de perder tempo tendo que escavar novamente e limpar a base, caso entrasse água
nos tubulões. Portanto em relação ao tempo a hélice ganhou em produtividade.
Pode-se realizar uma comparação em relação ao m³ escavado para cada tipo de
fundação, sendo que para os tubulões o custo total foi de R$ 528,33 por m³ escavado,
já nas estacas hélice contínua o custo foi de R$ 1.177,3 por m³ escavado. Assim,
pode-se perceber o quanto a estaca hélice contínua é mais cara em relação ao
tubulão, o que pode ser explicado pela forma de execução ser muito mais manual dos
tubulões, além de uma menor necessidade de equipamentos.
Contudo, não se pode deixar de destacar que a escolha das fundações de uma
obra depende de vários fatores, entre elas: o tipo de solo encontrado, neste caso o
tubulão não consegue atingir grandes profundidades, então ele é mais adequado para
terrenos com solos mais resistentes. Já na hélice contínua consegue-se atingir
grandes profundidades, podem ser executadas acima ou abaixo do lençol freático,
então são indicadas para solos com maiores dificuldades de compactação,
resistência.
43

Também é importante destacar a importância do acompanhamento de toda etapa


de execução das fundações por um profissional habilitado e com conhecimento das
técnicas construtivas.
44

REFERÊNCIAS

ABNT. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - NBR 6122/1986:


Projeto e Execução de Fundações . 1. ed. Rio de Janeiro: [s.n.], 1986. p. 1-33.

CARLUC. Estaca Straus. Disponível em: https://carluc.com.br/projeto-de-


fundacao/estaca-strauss. Acesso em: 17 mar. 2022.

CINTRA, J. C. A; AOKI, Nelson; ALBIERO, Jose Henrique. Fundações Diretas:


Projeto Geotécnico . 1. ed. São Paulo : Oficina de Textos, 2011. p. 1-136.

DEMO, Pedro. Metodologia do Conhecimento Científico. 1. ed. São Paulo: Atlas,


2000. p. 1-216.

ESCOLA DE ENGENHARIA . Estaca Raiz. Disponível em:


https://www.escolaengenharia.com.br/estaca-raiz/. Acesso em: 28 mar. 2022.

ESCOLA DE ENGENHARIA . Sapatas de Fundação. Disponível em:


https://www.escolaengenharia.com.br/sapatas-de-fundacao/.. Acesso em: 14 abr.
2022.

ESCOLA DE ENGENHARIA. Estaca Hélice Contínua. Disponível em:


https://www.escolaengenharia.com.br/estaca-helice-continua/. Acesso em: 18 mar.
2022.

OBRA EXPERTISE. Tipos de Fundações. Disponível em:


https://obraexpertise.com.br/tipos-de-fundacoes/. Acesso em: 12 mar. 2022.

RACHICH, Waldemar. Fundações: Teoria e Prática . 1. ed. São Paulo: Pini, 1996. p.
1-751.

REBELLO, Y. C. P. Fundações: Guia Prático de Projetos, Execução e


Dimensionamento. 1. ed. São Paulo: Zigurate, 2008. p. 1-240.
45

SCRIBID. Fundações - Representação Gráfica de Elementos Estruturais.


Disponível em: https://pt.slideshare.net/guidify/fundaes-31446163. Acesso em: 9 abr.
2022.

SONDARELLO ENGENHARIA. Estacas de Madeira. Disponível em:


https://sondarello.com.br/estacas-de-madeira/. Acesso em: 18 mar. 2022.

VELLOSO, Dirceu Alencar; LOPES, F. D. R. W. Fundações: Critérios de Projeto -


Investigação do Subsolo - Fundações Superficiais - Fundações Profundas. 1. ed.
São Paulo: Nova Edição, 2010. p. 1-568.
46

ANEXO A
Perfil de sondagem no furo S01.
47

ANEXO B
Perfil de sondagem no furo S02.
48

ANEXO C
Perfil de sondagem no furo S03.
49

ANEXO D
Perfil de sondagem no furo S04.
50

ANEXO E
Perfil de sondagem no furo S05.
51

ANEXO F
Perfil de sondagem no furo S01.
52

ANEXO G
Perfil de sondagem no furo S02.
53

ANEXO H
Perfil de sondagem no furo S03.
54

ANEXO I
Perfil de sondagem no furo S04.
55

ANEXO J
Perfil de sondagem no furo S05.
56

ANEXO K
Perfil de sondagem no furo S06.
57

ANEXO L
Perfil de sondagem no furo S07.
58

ANEXO M
Perfil de sondagem no furo S08.
59

ANEXO N
Perfil de sondagem no furo S09.
60

ANEXO O
Perfil de sondagem no furo S10.

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