Poema inspirado na figura mitológica de Lilith, personagem citada por antigas escrituras judaicas como a primeira mulher de Adão, com quem queria estabelecer uma relação de igualdade, pois os dois haviam sido feitos por Deus do mesmo barro. Mas, Adão se recusava. Lilith, então, prefere deixá-lo, indo embora do Paraíso.
Poema inspirado na figura mitológica de Lilith, personagem citada por antigas escrituras judaicas como a primeira mulher de Adão, com quem queria estabelecer uma relação de igualdade, pois os dois haviam sido feitos por Deus do mesmo barro. Mas, Adão se recusava. Lilith, então, prefere deixá-lo, indo embora do Paraíso.
Poema inspirado na figura mitológica de Lilith, personagem citada por antigas escrituras judaicas como a primeira mulher de Adão, com quem queria estabelecer uma relação de igualdade, pois os dois haviam sido feitos por Deus do mesmo barro. Mas, Adão se recusava. Lilith, então, prefere deixá-lo, indo embora do Paraíso.
De repente, eu vi o demônio aqui. Na minha casa. Era meu pai, minha mãe, meus irmãos, meus pares, meus amigos. Lobos em pele de cordeiro. Diziam-se de Deus. E, em nome de Deus, faziam o mal. Os homens eram algozes, mas se mostravam santos e heróis. As mulheres estavam rendidas, anestesiadas, apequenadas, e agora, depois de tudo, até desejavam o inferno. Faziam bem seu papel no inferno. Maquiavam o inferno. Perfumavam o inferno. O que podiam fazer? É assim mesmo que é. Caladas, medrosas, maracujá, Lexotan. Até gritavam em rebeldia quando alguma lucidez as iluminava, mas logo eram chamadas de “nervosas, histéricas e doentes”. E, agora, elas mesmas, dormentes, chamavam de “nervosa, histérica e doente” qualquer Lilith que viesse para despertá-las. Desistiram de acordar (embora não se considerassem dormindo). Assombradas, usam o manto sagrado da Mãe do Céu. Virgem. Eva. Vênus. Santa. Maria. Tradição família propriedade. Amém! Eu vi o demônio bem de perto, e ele viu que eu vi. O demônio, quando se sente visto, fica bravo. Porque gosta é de comer pelas beiradas, sem ser incomodado. É doce, é sedutor, é justiceiro, tem dinheiro, fala bonito. Veste disfarces. Mas, quando alguém o vê, fica bravo porque todo seu poder está somente na capa. Tirando a capa, está nu. É feio, perverso e feroz. Cheira ruim. Sem mais nada a perder, só lhe resta atacar. Reúne cúmplices, fiéis e seguidores, pois é covarde de encarar sozinho o olho que o vê. Chantagem, intimidação, desprezo, menosprezo, violência velada e revelada, abandono, silenciamento. Foi quando chegou Lilith trazendo a maçã. Disse ela: “Deixe que os mortos enterrem seus mortos, e siga viva com os olhos bem abertos”. Então, tive pena deles. Pedi a Deus que os perdoasse: “Eles não sabem o que fazem”. Eu, já não sei se posso. Prefiro repartir a maçã. Ainda resta um pouco dela pra dividir.