Você está na página 1de 17

Turismo e Desenvolvimento Sob Perspectivas às Comunidades da

Resex Marinha Soure - Marajó

Laércio Carrera Falcão1


Denise Machado Cardoso2
Lígia T. Lopes Simonian3

O Turismo, como uma das mais expressivas atividades econômicas e sociais da


contemporaneidade, vem sistematicamente contribuindo para o desenvolvimento em certas
regiões no mundo. Com isso, cada vez mais vem tomando espaço nos ordenamentos público e
privado devido ao seu desempenho social e econômico em áreas com grande potencial de
atrativos para o turismo, principalmente os atrativos naturais que ganham notoriedade com a
difusão de unidades de conservação e áreas de proteção ao redor do planeta, intensificando-se
concomitantemente com a evolução dos ideais ambientalistas e do desenvolvimento pautado na
sustentabilidade. Isso vem levantando, principalmente no Brasil, discussões que envolvem o
direito de utilização de algumas dessas áreas pelas populações indígenas e tradicionais que as
habitam. Sendo que dentre as tipologias que englobam as unidades de conservação, certas
categorias possibilitam a utilização dos recursos naturais por parte dessas populações de forma
moderada e sustentável, amiúde no território amazônico implicam em propensas limitações de
utilização desses recursos, forçando uma alteração sem precedentes no modo de vida dessas
sociedades. A investigação observa aspectos que dificultam a ascensão do turismo, com uma
expressiva atividade socioeconômica, capaz de contribuir com o desenvolvimento sustentável das
comunidades habitantes da Resex Soure no Marajó, elencando quais características específicas
regionais podem contribuir para a solidez do turismo em benefício das comunidades estudadas,
ainda que dentro dos limites estabelecidos para utilização e exploração responsável desse tipo de
unidades de conservação.

1
Bacharel em Turismo pela UFPA, Esp. em Áreas Protegidas e Unidades de Conservação pelo NAEA-UFPA, mestrando em Turismo
na Universidade de Brasília.
2
Doutora em Desenvolvimento Socioambiental pelo NAEA-UFPA, Mestra em Antropologia Social pela UFPA, coordenadora Adjunta do
Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais da UFPA.
3
Ph. D. em Antropologia e pós-doutora pela City University of New York (Cuny). Professora e pesquisadora do Núcleo de Altos
Estudos Amazônicos – NAEA da UFPA.
O Turismo: Contextualização, Perspectiva e Desafios de Utilização.

Sabe-se que os deslocamentos humanos ocorrem desde a pré-história e traziam como


característica maior o nomadismo que estavam mais ligados a questões de sobrevivência de
determinados grupos humanos do que por lazer, divertimento ou repouso. Alguns autores como
Mcintoch e Gupta (1997, apud CAMPOS, 2008) defendem a ideia de que o turismo teria surgido
com os babilônicos por volta de 4000 a.C., essa argumentação baseia-se no fato dos fenícios
terem sido os primeiros viajantes e precursores do comércio o que consequentemente seria o
princípio dos muitos intercâmbios e trocas que se realizariam por meio das moedas, produtos,
saberes, tradições, culturas, etc..
Youell (2002) Castelli (1990) postulam que foi na idade antiga com a realização das
olimpíadas gregas em 776 a.C., que se têm os primeiros registros dos deslocamentos de pessoas
com intenções turísticas tal qual conhecemos hoje, e desde então o turismo vem passando por
significativas mudanças, arrolando uma dinâmica de crescimento e adaptação por entre os
tempos. Porém, a partir da Idade Moderna com a renascença italiana, os descobrimentos
marítimos, o surgimento da imprensa e o nascimento do sistema capitalista, calcificam-se as
bases para o ininterrupto desenvolvimento do turismo.
O turismo passa a depender intimamente dos níveis de crescimento econômico, fazendo
do sistema capitalista o seu maior promotor, nesse período da história o turismo conhece sua
maturidade, em meio aos avanços da técnica que propiciou a invenção da máquina a vapor
ocasionando o aprimoramento da locomotiva, da navegação e o aparecimento do automóvel,
dando ao turismo uma contribuição magistral em sua evolução no fim do século XIX. Essa notável
progressão do turismo durante o último século deu-se quase que exclusivamente pelas classes
sociais de maior poder aquisitivo, até mesmo pelo fato destas terem sido as promotoras do
crescimento econômico que o mundo vivenciava naquele período da história considerado como
áureo.
Esse contínuo crescimento do turismo tem gerado nas últimas décadas um aumento
econômico expressivo em níveis nacionais contribuindo significativamente com o montante do
Produto Interno Bruto (PIB) de muitas nações, sem que isso represente necessariamente a
melhoria das condições de vida de algumas sociedades inseridas em espaços onde o turismo se
manifesta e deste se utiliza. É comum em países com grande potencial de atrativos naturais tais
como praias, cachoeiras, florestas, montanhas, etc., se utilizem dessa “matéria prima” como fonte
de atração de visitantes, gerando benefícios diretos e indiretos com a turistificação do local ou
região. Alguns resultados com estas propostas vêm expondo a incapacidade de se gerar
coeficientes positivos à determinada parcela da sociedade que intimamente está inserida ou
ligada a essas áreas naturais disseminadas por vastos territórios, como é o caso brasileiro.
Na Reserva Extrativista Marinha de Soure, por exemplo, nas três comunidades
tradicionais existentes, somam-se obstáculos nas propostas e políticas que visem uma abertura
turística para o local, pois a questão do acesso ainda é algo extremamente delicado; neste caso
específico generaliza-se o direito de posse e propriedade e o direito de ir e vir de uma população.
Situação que não permite sequer a melhoria estrutural para algumas das comunidades, incidindo
negativamente no modo de vida da população local. Segundo informação do presidente da
Associação dos Pescadores Artesanais do Cajuúna (ASPAC), existem projetos sendo
implementados na prefeitura municipal que almejam projetos de estruturação como água
encanada e o asfaltamento da via estadual PA-154, projetos estes que - se concluídos - trariam
outro contexto não só ao turismo mais às comunidades principalmente.
“Princípios de economia política” de 1848, já apregoava seu descontentamento com os rumos que
o sistema calcificava naquele dado momento da história, afirmando:

[...] Nós que não aceitamos esta etapa muito primitiva do


aperfeiçoamento humano..., que somos céticos em relação ao tipo de
progresso econômico que excita as congratulações dos políticos
ordinários: o aumento puro e simples da produção e da acumulação
[...] (MILL, 1848 apud GUIMARÃES, 2001, p. 67).

Com o expressivo aumento da preocupação com o tema ambiental ao redor do planeta,


tornou-se frequente a realização de eventos internacionais voltados a outras possibilidades de
crescimento onde o avanço do capital não seja demasiadamente predatório, onde a discussão do
desenvolvimento com mais equidade entre o meio natural e o ser humano, fundamente-se na
sustentabilidade. Eventos como a conferência de Estocolmo ocorrida em 1972 trouxe por meio da
Comissão Mundial sobre Meio Ambiente o “Relatório Brundtland”, um marco introdutório na
elaboração de metas e objetivos para o alcance da sustentabilidade no planeta, seguida vinte
anos depois pela “Eco 92” realizada na cidade do Rio de Janeiro que também gerou um relatório
de metas conhecido como “Agenda 21”.
Acontecimentos como estes reafirmaram o esforço da comunidade científica com o
abrangente apoio de setores da sociedade em geral em vincular temas como desenvolvimento
sustentável e bem-estar comum nas pautas das discussões econômicas e mercadológicas que
arrolavam em meio ao século XX. A introdução desses temas primava por interesses comuns de
toda a humanidade por um futuro de equilíbrio no uso dos recursos naturais que culminam com o
bom relacionamento da sociedade como um todo.

Concepções visando Áreas Protegidas e Unidades de Conservação

Historicamente as áreas destinadas à proteção já ocorriam no mundo desde a


antiguidade, como apuram Dixon e Sherman (1991, apud COLCHESTER, 2000), os autores
levantam a ideia de que as primeiras áreas protegidas que se tem notícia foram àquelas
destinadas as caçadas reais e surgiram na Assíria no ano 700 a.C. aproximadamente. Por volta
de 400 a.C. no reino Açoca na Índia, também se estabeleceram áreas visando as caçadas reais,
esses primórdios de área protegidas característicos daquele período passou disseminar-se por
entre as elites dominantes no mundo, como também ocorreu no império mongol (GADGIL; GUHA,
1993 apud COLCHESTER, 2000).
O então privilégio territorial em benefício das elites reais serviu de inspiração a outras
cortes na Idade Antiga, para a criação de áreas protegidas com essas mesas características,
Colchester (2000) faz saber que essa mesma ideia foi introduzida na Inglaterra pelos normandos
no século XI, onde se estabeleceu o conceito de “florestas reais”, produzindo um resultado
positivo de tal modo que já no reinado de Henrique II essas áreas protegidas já somavam 25% de
todo o território da Inglaterra. Em “Senhores e Caçadores” Thompson (1987) expõe fatos
históricos sobre as tensões na relação entre a caçada esportiva praticada pela realeza e a
realizada pela população por motivos de sobrevivência dentro dos limitas das áreas inglesas.
Mas é com o Parque Nacional de Yellowstone nos Estados Unidos em 1872 que se tem a
primeira experiência moderna de áreas protegidas (DIEGUES, 2001; SIMONIAN, 2000). Contudo,
o modelo de parque como o Yellowstone, já denotava características bem mais apuradas do que
se conhecia como áreas protegidas, e este modelo serviu por décadas para a criação de outros
parques pelo mundo afora. Kenton Miller (apud DIEGUES, 2001, p. 22) discorre quanto a
finalidade de criação do Parque Estadual de Yellowstone, expondo:

[...] Quando o congresso dos EUA criou o Parque Nacional de


Yellowstone também determinou que a região fosse reservada e
proibida de ser colonizada, ocupada e vendida..., dedicada e
separada como parque público ou área de recreação para o benefício
e desfrute do povo, e que toda pessoa que estabeleça ou ocupe o
parque ou qualquer de suas áreas, será considerada infratora,
portanto, será desalojada [...].

Até o ano de 1994 estimava-se existir no planeta cerca de 40.000 áreas protegidas que,
necessariamente não se enquadravam nas categorias estabelecidas pela World Canservation
Union (IUCN), sendo que apenas 8.500 correspondiam a esses padrões que estabeleceram a
criação de Yellowstone em 1872, em 1998 essas áreas pré-condicionadas já somavam 9.869
unidades correspondendo a uma área de 931.787.396ha cerca de 6,29% da superfície terrestre. A
esse período os EUA já contavam com 1.495 unidades com extensões maiores de 1.000ha, sendo
a maior cifra mundial (MORSELLO, 2001).
Vianna (2008) levanta a questão que também no Brasil essas áreas naturais foram
massivamente criadas com o intuito de proteção, sem a observação de que nelas já existia a
presença humana. Haja vista que até então a concepção que se fazia sobre áreas naturais
protegidas, era da inviabilidade da presença humana nesses espaços – tal qual o modelo norte
americano de Yellowstone – acreditando no alto poder de desgaste que recairiam sobre os
recursos naturais com a presença humana.
Essa política “importada” tendeu a intensificar vários conflitos de ordem social,
econômica, política e ambiental entre governos e populações locais, principalmente em países em
desenvolvimento “onde foi criado o maior número de áreas naturais protegidas ao longo da
história”, exemplifica Vianna (2008, p. 27) e onde há, por conseguinte, grande número de
populações tradicionais. Silva (2007) faz referência à dinâmica que se estabeleceu no Brasil com
a modernização da política destinada às áreas protegidas e o atual surgimento de legalização das
Unidades de Conservação, que embasada na diversidade ambiental, social e cultural brasileira se
traduziu em categorias de utilização correspondendo à determinada realidade e situação local.

[...] do ponto de vista institucional há diferenças conceituais entre


área protegida e unidade de conservação (UC). Aquelas são áreas de
terra e/ou mar especialmente dedicadas à proteção e manutenção da
diversidade biológica, e de seus recursos naturais e culturais
associados, manejadas por meio de instrumentos legais ou outros
meios efetivos. As UC são consideradas como espaços territoriais
(incluindo seus recursos ambientais e as águas jurisdicionais) com
características naturais relevantes, legalmente instituídos pelo Poder
Público, com objetivos de conservação e com limites definidos, sob
regime especial de administração, as quais se aplicam com garantias
adequadas de proteção [...]. (SILVA, 2007, p. 41).

O Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC) criado em 18 de


julho de 2000, por meio da Lei nº 9.985 (BRASIL, 2000) estabeleceu de vez um conjunto
doutrinário e oficial que iria embasar legalmente a criação e manutenção de áreas protegidas no
Brasil, ao que se atribui a esse conjunto de normas o papel de “constituição das UCs brasileiras”
(SILVA, 2007, p. 48). As Reservas Extrativistas (Resex) surgiram sob essas recentes
configurações de áreas protegidas, tendo em vista que as circunstâncias que envolveram o
surgimento dessa categoria de UC levantam as reivindicações dos seringueiros do Estado do Acre
na década de 1980, sob a liderança do então sindicalista Chico Mendes, por meio dos
enfrentamentos pacíficos conhecidos por empate frente às expulsões que vinham ocorrendo,
desalojando famílias em benefício de grandes fazendeiros vindos do sul do país (ALLEGRETTI,
1994; BECKER, 2008).
O Decreto nº 99.144 de 1990 (BRASIL, 1990) promulgou a primeira Resex brasileira, a
Reserva Extrativista Chico Mendes no Acre. Esse fato consentiu na permanência dos seringueiros
e suas famílias em seus locais de origem e ainda, garantindo prática das atividades de extração
dos recursos naturais, seguindo a proposta do projeto “Resex na Amazônia Ocidental” do
Ministério do Meio Ambiente (2006), onde a função consistia em “dotar as Resex com acesso à
saúde, educação, transporte e atividade geradoras de renda, criando condições para fixação da
população no local” (BRASIL, 2006 apud SANTOS, 2006, p. 30). Gomes (2010) se atribui de uma
factual análise sobre os recentes processos que se estabelecem em relação à tríade humanos,
sistema e natureza, configurando-se em uma prospecção socioambiental incontestável a épocas
futuras.

[...] sabe-se que a sociedade contemporânea do final do século


passado e do início deste, apresenta-se a partir de uma
complexidade das relações estabelecidas pelos sujeitos entre si, e
entre esses com a natureza. O mundo vive situações paradoxais que
apontam, por um lado, para o desenfreado avanço científico e
tecnológico e, por outro, à contínua degradação das condições da
qualidade de vida de parte majoritária da população mundial. A
ocupação da terra pelo ser humano, ampliada em larga escala como
decorrência inevitável da expansão demográfica descontrolada e
desse rápido desenvolvido científico, industrial e tecnológico, permite
antever que, em futuro não distante, as derradeiras regiões realmente
primitivas do planeta serão somente aquelas submetidas a regimes
especiais de proteção e conservação [...]. (GOMES, 2010, p.232).

A atual institucionalização de extensas áreas destinadas à proteção e resguardo de


recursos naturais, concebidos como patrimônio, focalizam-se sobremaneira em diretrizes a
salvaguarda os bens naturais e muitas vezes sem considerar os efeitos gerados na qualidade de
vida dos que residem nesses espaços. O caso ocorrido no Acre com a criação da Reserva
Extrativista Chico Mendes reflete o papel preponderante das comunidades em expor os
descontentamentos com políticas que não observam a inserção social concomitantemente com a
proteção ambiental, levando a redefinições de propostas que vinculem o desenvolvimento a essas
áreas sem comprometer a utilização dos recursos por essas comunidades que vivem há tempos
de forma intrínseca com o ambiente natural.
Mesmo em épocas remotas quando as áreas protegidas eram instituídas como reserva
de caça destinada as famílias reais, ou a partir da segunda metade do século XX quando se
constituíram em importante mecanismo de preservação ambiental, passaram a vincular propostas
de utilização com princípio da proteção ambiental e o manejo dos recursos naturais por
populações habitantes. A isso as unidades de conservação na modalidade de reserva extrativista,
puderam elevar a importância da permanência de populações tradicionais e indígenas em meio
aos recursos naturais, atribuindo a eles papel coadjuvante na manutenção equilibrada e das
trocas existentes por séculos.

Unidades de Conservação e a Relação com o Turismo

A relação estabelecida entre áreas protegidas e turismo vem estreitando-se com o tempo,
observando o grande leque de direções que o turismo pode se atribuir junto a espaços naturais, o
ecoturismo, por exemplo, é uma opção viável para se trabalhar dentro de unidades de
conservação. Necessariamente o célebre modelo do Parque Nacional Yellowstone criado em
meados do século XIX nos EUA, além de ser o marco introdutório de uma nova concepção de
áreas protegidas na era moderna, vigora como uma experiência precursora positiva no que tange
a criação com intuito de proteção e utilização regrada para turismo.
Dada as circunstâncias pode-se salientar que o célebre parque localizado no oeste norte-
americano tenha sido a primeira experiência ecoturística, pois que pelo princípio criador do parque
– o resguardo absoluto de seus bens de fauna e flora – coadunam com a proposta do turismo
ecológico (ou ecoturismo) proporcionando concomitantemente a população norte-americana, um
determinado espaço de lazer e contemplação dos exuberantes atributos naturais ali existentes
(DIEGUES, 2002). Diegues (2002) refuta que antes de ser transformado em parque nacional,
Yellowstone era território indígena das etnias Crow, Blackfeet e Shoshone, sendo estes últimos
contínuos dentro dos limites do parque. Sem que houvesse políticas de adequação social – dada
a intransigência político-racial da época nos EUA – providenciou-se a retirada dessas populações
indígenas da área destinada à institucionalização do parque.
Esse fatídico acontecimento transcrito anteriormente revela as relações que se
estabeleciam forçosamente entre o turismo e as áreas protegidas, onde a força ideológica do
capitalismo norte-americano sufocava as realidades socioambientais que se estabeleciam entre
essas populações indígenas e o ambiente natural que os abrigava. Esse engodo se tornaria mais
enfático naquele período da história a partir do momento em que esse modelo de área protegida
passou a difundir-se por entre países então subdesenvolvidos, observando a grande parcela da
sociedade dessas nações que estão inseridas no modus vivendi relacionado intimamente com o
ambiente natural, e com ele traçam uma dinâmica de mutualidade que mantém ambas as
estruturas em harmonia tanto social quanto ambiental.
A isso Quaresma (2008) discorre sobre as políticas de utilização das unidades de
conservação que há duas décadas balizam o Brasil e principalmente a Amazônia, na coesa
utilização do determinado espaço:

[...] na década de 1990 foram recomendadas ações efetivas para as


Unidades de Conservação e para as áreas adjacentes, com o intuito
de consolidar as áreas protegidas já existentes, e a garantir a
sustentabilidade financeira das mesmas em longo prazo. Estas
questões vêm sendo relativizadas no Brasil evidenciando a
possibilidade de extrapolar a conservação unicamente in situ. Além
disso, a possibilidade do uso sustentável dos recursos,
principalmente em se tratando de Amazônia [...]. A possibilidade de
desenvolvimento de práticas de baixo impacto e nos quais sejam
inseridas as populações autóctones vem fazer com que a perspectiva
do uso sustentável dos recursos naturais de fato se concretize [...]
(QUARESMA, 2008, p. 154)

A Reserva Marinha Extrativista de Soure: privações, políticas públicas e turismo.

Na década de 1990 os caranguejeiros e Soure na Ilha do Marajó enfrentavam uma


concorrência desleal nos mangues da região; outros pescadores vindos da costa atlântica
continental paraense passaram a invadir os manguezais de Soure e a disputar os recursos com
nativos locais. Os invasores conseguiam por meio do laço4 armar em um dia 700 armadilhas,
enquanto os caranguejeiros de Soure usando técnica tradicional capturavam em média apenas 70
caranguejos por dia. Com a intensificação das invasões a população de caranguejos reduziu
drasticamente, deixando de representar o principal meio de vida das comunidades pescadoras de

4
Armadilha feita com sacos de náilon
Soure. Da insatisfação da Associação dos Caranguejeiros de Soure nasceu o “Manifesto
Caranguejeiro” demonstrando o descontentamento da comunidade com a devastação dos
recursos naturais e a inércia dos órgãos públicos.
A partir deste evento as comunidades de Soure e algumas entidades públicas locais
passaram a fomentar a ideia de criar uma unidade de conservação, para que se mantivesse a
proteção dos meios naturais e ainda o resguardo jurídico da exploração moderada e dos recursos
naturais, surgia então a Reserva Extrativista Marinha de Soure no Marajó, agregando três
comunidades de pescadores e catadores de caranguejo. A Resex foi criada em 22 de novembro
de 2001 pelo Decreto Lei nº. 98.897 / 9.985, Art. 18, de 18 de julho de 2000 (Constituição Federal,
2001), localiza-se na parte nordeste da ilha do Marajó e abrange três vilas de pescadores, onde
os residentes das comunidades do Pesqueiro, Céu e Cajuúna agregam-se na Associação dos
Usuários das Reserva Extrativistas Marinhas de Soure (ASSUREMAS) tendo como atividade
econômica de subsistência a pesca artesanal e a extração de caranguejo e outros mariscos.
Considerando aspectos de atrativos para o turismo, as três comunidades praianas do
Pesqueiro, Céu e Cajuúna são privilegiados com recursos naturais e manifestações culturais
bastante relevantes para o aproveitamento turístico. Contudo, o Pesqueiro é a única das três
comunidades que possui acesso facilitado e com vias pavimentadas e sinalizadas, o que
consequentemente lhe proporciona melhor infraestrutura, tendendo a atrair um número
infinitamente maior de visitantes do que as vilas do Céu e Cajuúna. Como a maioria dos visitantes
que chegam ao município de Soure são provenientes da capital ou mesmo de outras cidades
próximas, torna-se mais cômodo o deslocamento ao Pesqueiro, dado a facilidade e rapidez no
deslocamento, sendo que há transporte circulando na sede do município como ônibus, mototáxis
e vans.
A questão colocada por muitos
residentes do Céu e Cajuúna como questão
impeditiva é o acesso dificultado, pois o único
meio de acesso às duas comunidades é pela
rodovia estadual PA-154 (figura 1) que
começa no porto de Camará (porta de
entrada do Marajó) e termina exatamente nas
comunidades Céu e Cajuúna. O fato de
estarem localizadas após os limites de
extensas propriedades rurais tem trazidos
alguns transtornos as comunidades, visto
que, a obstrução da rodovia pelas porteiras
da propriedade particular tem negado a
oportunidade de desenvolvimento da
atividade do turismo nas duas comunidades Figura 1: mapa aéreo das três comunidades da Resex e baía do
Marajó. Fonte: Google Earth
que assim como o Pesqueiro possuem visitantes interessados em usufruir das praias e outros
atrativos naturais da localidade. As discussões sobre o acesso ou não pela PA-154 se arrastam
há anos, sem uma resolução que conceda benefícios as famílias das comunidades.
A questão da turistificação do Céu e do Cajuúna vai muito além da obstrução da estrada
que impede o acesso de visitantes e limita a passagem dos moradores as duas comunidades,
entretanto observa-se que no Céu e Cajuúna há uma descaracterização sociocultural, devido a
proximidade com o Pesqueiro muitos visitantes tem nas duas comunidades apenas um
prolongamento do Pesqueiro, implicando em descontentamento por parte de certos comunitários
do Céu e Cajuúna que se afirmam sob suas características diferenciadas nos aspectos naturais e
culturais.
É notório que com surgimento da Resex a ação de conscientização ambiental e dos
benefícios que esse cuidado pode surtir, tem sido alcançado pelas lideranças das próprias
comunidades, que já recebem com bons olhos o suporte dos órgãos federais como IBAMA,
ICMBio, INCRA, SEBRAE e algumas ONG, que em meio às políticas de conservação já
estabelecidas, conseguem com todos os percalços concluir seus planos de ajuda as comunidades
e aos poucos vem conscientizando moradores mais céticos sobre a importância da preservação,
colocando na pauta das discussões outras formas de sustento como o turismo por exemplo.
Entretanto, a fundada realidade do qual se baseia os proprietários da fazenda de que
sem um controle incisivo a região estaria literalmente aberta a caça e extração indiscriminada –
como antes existia de forma intensa – e ainda hoje é praticada como alerta a analista ambiental
do Instituto Chico Mendes (ICMBio), que diz ser compreensível a caça destinada à alimentação,
desde que em quantidade mínima necessária e preservando fêmeas e filhotes, porém caçar com
intuito de comercializar ou por esporte é expressamente condenável refuta os técnicos do ICMBio
em Soure.
Diante dos fatos convém a compreensão de que o controle imposto nos limite da fazenda
concentra esforços de resguardo do patrimônio natural que ainda existe na região, o que de certa
forma acaba ajudando os órgãos governamentais no trabalho de proteção e fiscalização da fauna,
dado a dificuldade de cobrir a extensão total da Resex com um número diminuto de fiscais. Uma
das proprietárias da fazenda alega já ter flagrado caçadores com quantidade exagerada de
iguanas, entre machos e fêmeas “ovadas”. Essas cenas evidenciam que de uma forma ou de
outra a vigilância existentes nas cercanias da fazenda ajuda a coibir e ainda reeducar antigos
hábitos que já não correspondem às configurações socioambientais da atualidade. Logicamente, o
tema vem sendo debatido há anos sem que se tenha chegado a uma solução comum e viável aos
dois lados. Como analisado pelo presidente da ASPAC quando diz que “cabe aí uma discussão de
intervenção do Poder Público olhando o direito de ir e vir das comunidades e o correto
entendimento ao direito de propriedade ou indenização dos donos da fazenda” (informação verbal,
2007).
Membros da ASSUREMAS comenta que muitos são os visitantes que chegam à porteira
da fazenda para conhecer as paisagens e cultura das duas comunidades e são obrigados a voltar
por não terem permissão de adentrar a área. Por isso é mais comum e viável, tanto por turistas
quanto por programas ligados ao fomento do turismo, a preferência pelo Pesqueiro, devido o
acesso facilitado e rápido. Notadamente, a evidência de facilidade com o acesso ao Pesqueiro
passou a figura como “suficiente” para muitos dos visitantes que frequentam a região, algo como
um passeio mais seguro e rápido, sejam estes visitantes advindos da própria região marajoara ou
de outras localidades do Estado, contrapondo com os diversos e tão belos outros ambientes que
as vilas do Céu e Cajuúna podem proporcionar.
Ainda contrapondo esse tradicional roteiro ao Pesqueiro (praia mais famosa de Soure),
logo após uma travessia de alguns minutos da vila do Pesqueiro, cruza-se o rio em direção às
praias que levam aos povoados do Céu e Cajuúna. Esta travessia proporciona uma experiência
diferente e com maior grua de naturalidade, dado suas condições naturais intactas e preservadas
que se encontram no corredor cênico que começa na praia do Pesqueiro e se estende por
quilômetros passando pela vila do Céu até a vila do Cajuúna localidade, adicionando um passeio
tranquilo e inovador à aventura.
Apesar das dificuldades levantadas aqui sobre a situação das comunidades do Céu e
Cajuúna com o problema maior do acesso, e mesmo da inoperância do poder público na
estruturação dos locais, a existência de uma pousada na comunidade do Céu é surpreendente
considerando que nem mesmo no Pesqueiro que tem a praia mais famosa e é a maior das
comunidades não possui uma estrutura para hospedagem. Isso demonstra as reais possibilidades
que os próprios comunitários fomentarem o turismo que de maneira rústica a simplória, como é
caso da pousada “Brisa do Mar”.
Em geral, essas atitudes condicionam o desenvolvimento do turismo, mesmo que de
forma imatura, visto que a comunidade não possui uma infraestrutura que justifique tal
empreendimento. Todavia o ensaio que se faz com a humilde intenção da pousada não deixa de
ser um ponto favorável em medir o grau de importância que o turismo vem tomando na vida dos
comunitários que já compreenderam tendo o Pesqueiro como exemplo que o turismo pode a
médio e longo prazo contribuir com a geração de renda quando alguma atividade tradicional
estiver sobre pressão ou ameaçar o equilíbrio ambiental.
Pode-se elencar que o fato dos poucos jovens que permanecem nas comunidades,
quando a maioria se desloca para Soure para estudar ou trabalhar, não demonstrar interesse na
continuação de práticas tradicionais repassadas por gerações como a pesca, catação de
crustáceos, fabricação de remédios naturais, o artesanato e expressões folclóricas. Esse fato
coloca a atividade do turismo como um elemento possível e realizável do ponto de vista
econômico, observando a disponibilidade de bens naturais e culturais da localidade além de
fomentar a autoestima da comunidade na continuação dos saberem tradicionais, e o fato da
própria área de Resex ser um forte atrativo para a realização do turismo por seu exotismo e
rusticidade.
No “Plano Estratégico de Desenvolvimento Turístico de Soure” elaborado pela Secretária
de Turismo do município, contêm as propostas que preveem justamente a utilização das margens
praianas que ligam o Pesqueiro às duas comunidades, utilizando o caminho como um atrativo de
grande valor paisagístico para a prática do ecoturismo ligando as três comunidades. A ideia seria
evitar as tensões que existem em torno do acesso pela rodovia PA-154 evitando possíveis
desgastes com os proprietários da fazenda; e outra questão seria o aproveitamento dos atributos
naturais para o turismo com os quilômetros de praias, rios, manguezais e florestas que
margeando a baía do Marajó acaba interligando as três comunidades.
O roteiro turístico do Marajó atrai pelos aspectos incomuns tanto naturais quanto culturais
de uma população simples, o município de Soure por ser porta de entrada do arquipélago e
possuir variados e exuberantes atrativos, vem mostrando disponibilidade na configuração de
propostas que considerem o turismo atividade fundamental, a exemplo disso é a preocupação na
elaboração do Plano Estratégico de Desenvolvimento Turístico de Soure pela Secretaria de
Turismo do município. A iniciativa pública possui importância fundamental por meio de suportes
legais e jurídicos que garantam bases consistentes para o crescimento do turismo.
O adequado envolvimento de instituições governamentais ou não governamentais como
realizadoras e prestadoras de serviços precisa garantir a continuidade de propostas que visem o
incremento do turismo com a participação dos membros das comunidades na inclusão
socioeconômica. Projetos como o “Turismo na Amazônia do Marajó” empreendido pelo Serviço de
Apoio à Micro e Pequena Empresa (SEBRAE) em 2005 que originou o produto turístico “Vila do
Pesqueiro: muita história pra contar” preparava os comunitários por meio de oficinas de
capacitações para conduzirem o turismo dentro da própria comunidade.
A proposta configurava-se em uma rede de prestação de serviços montada para servir os
visitantes com acomodação em casas de pescadores e passeios turísticos já pré-agendados. Os
trabalhos do projeto não prosseguiram e os resultados não surtiram efeitos desejáveis e o plano
acabou definhando caracterizando momentaneamente uma desmotivação com projetos elevando
o turismo. Ainda com o desandar dos planos da entidade o produto turístico gerado para o projeto
denominado “Vila do Pesqueiro: muita história pra contar”, conseguiu que alguns comunitários do
Pesqueiro se atribuíssem dos conhecimentos adquiridos com os cursos de capacitação para
realizarem os passeios que havia na programação como o passeio de búfalo pelas praias, passeio
de canoa pelos rios e furos, visitação ao mangue para catar caranguejo e outras atividades ainda
que de forma ocasional e improvisada.
Cabe a análise de que a descontinuidade por parte das comunidades deva-se pela
imaturidade ou desconhecimento de mecanismos político e institucional que poderiam promover o
suporte para a estruturação da atividade turística. A observação sobre os comunitários revela que
aos poucos as benesses com o turismo estão se configurando pelos esforços da própria
comunidade. No entanto, são necessárias políticas de parcerias com objetivos definidos e com
envolvimento direto e indireto do poder público e outras organizações que percebam o anseio das
comunidades da Resex Soure por melhorias estruturais que possam atrair um número maior de
visitantes e condicionem de vez o turismo como fonte econômica e social para as famílias locais.
Mas há de se convir, que a espera das realizações estruturais por parte do poder público
é algo abstrato de se pensar, argumentando que há décadas as comunidades pleiteiam melhorias
sem obtenção de resultados, e que atitudes isoladas como a criação da pousada Brisa do Mar na
comunidade do Céu possuem um valor significativo quando se eleva a discussão as realizações
em prol do turismo, visto que, essa atitude quase que simbólica de um comunitário representa a
disposição e a visão que muitos possuem sobre a atividade turística e como ela pode se valorizar
futuramente.
Não se questiona se o turismo faz parte da história do município e Soure, na realidade
ele sempre aconteceu, ainda que de forma incipiente e improvisada há décadas; basta observar o
imaginário que se cria ao redor do nome Soure atrelado ao misticismo que envolve a Ilha do
Marajó. Porém, já se faz fundamental a criação de propostas que tenham no turismo uma função
real e estabilizada e não mais improvisada e incipiente que podem ocasionar erros crassos a
ponto de prejudicar a sociabilidade de comunidades como a de Soure.
Comunidades tradicionais como o Pesqueiro, o Céu e o Cajuúna dentro da Resex Soure
também experimentam outras realidades em sua história, uma nova realidade ambiental que
consequentemente irá de desdobrar em outras questões em nível econômico, social e cultural;
direcionando a busca por melhorias estruturais principalmente visando os habitantes das
comunidades da Resex. Esta sinalização nasce das cobranças dos próprios comunitários É
perceptível nos diálogos coletados dos atores tanto do poder público quanto das comunidades,
que a esperança por mudanças já dá sinais de realizações, notadamente diferente dos tempos em
que nem se cogitava tais transformações.
REFERÊNCIAS

ALLEGRETTI, Mari Helena. A Construção social de políticas ambientais: Chico Mendes e o


movimento dos seringueiros. Tese (Doutorado em Desenvolvimento Sustentável – Gestão e
Política Ambiental) Centro de Desenvolvimento Sustentável (CDS), UNB. Brasília: 18 dez. de
2002.

__________. Reservas Extrativistas: parâmetros para uma política de desenvolvimento


sustentável na Amazônia. In: ARNT, Ricardo (Ed). O Destino da Floresta: reservas extrativistas e
desenvolvimento sustentável na Amazônia. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1994.

BAKHTIN, Mikhail (1929). Marxismo e filosofia da linguagem. São Paulo: Hucitec, 1992.

BENI, Mario Carlos. Análise estrutural do turismo. São Paulo: SENAC, 1998.

BRASIL. Decreto nº 99.144, de 12 de março de 1990. Cria a reserva extrativista Chico Mendes.
Diário Oficial da União. Poder Executivo. Brasília/DF, 1990.

BRASIL. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE).


Indicadores de desenvolvimento humano. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/>. Acesso em:
24 ago. de 2006.

BRASIL. Lei no. 9.985 de 18 de julho de 2000. Regulamenta o Art. 225, § 1o, incisos I, II, III e VII
da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza.
Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Poder Executivo, Brasília, DF, 18 jul. 2000.
Disponível em: <www.planalato.gov.br>. Acesso em: 29 de setembro de 2010.

BRASIL. Plano de desenvolvimento territorial sustentável para o arquipélago do Marajó: resumo


executivo da versão preliminar para discussão nas consultas públicas. Grupo Executivo
Interministerial. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2007.

BRASIL. Programa minha casa minha vida. Disponível em: www.minhacasaminhavida.gov.br/.


Acesso em: 29 set. de 2010.

CAMPOS, Raul Ivan Raiol de. Sustentabilidade, turismo e gestão do patrimônio arqueológico:
limites e possibilidades no maracá (AP) e Serra dos Martírios/Andorinhas (PA). Tese (Doutorado
em Desenvolvimento Sustentável do Trópico Úmido). Núcleo de Altos Estudos Amazônicos
(NAEA), UFPA. Belém: 29 fev. de 2008.

CASTELLI, Geraldo. Turismo: atividade marcante do século XX. Caxias do Sul: UDUCS, 1990.

COLCHESTER, Marcus. Resgatando a natureza: comunidades tradicionais e áreas protegidas. In:


DIEGUES, Antônio Carlos (Org.), Etnoconservação: novos rumo para a proteção da natureza nos
trópicos. São Paulo: Hucitec; NAPAUB; USP, 2000, p. 225 – 250.

CRUZ, Miguel E. M. da. Marajó: essa imensidão de ilha. São Paulo: Parma, 1987.

__________. Soure: pérola do arquipélago de Marajó. Belém: Lima, 1999.

DA MATTA, Roberto. Relativizando: uma introdução à antropologia social. Rio de Janeiro: Racco,
1991.

DEL RIO, Vicente; OLIVEIRA, Lívia de. (Org.). Percepção Ambiental: a experiência brasileira. São
Carlos: UFSCAR, 1996.

DIAS, Reinaldo. Turismo sustentável e meio ambiente. São Paulo: Atlas, 2003.
DIEGUES, Antonio C. Santana. O mito moderno da natureza intocada. 4ª ed. São Paulo:
Annablume, 2002. p. 65-99.

__________. MOREIRA, André (Org.). Espaços e recursos naturais de uso comum. São Paulo:
NAPAUB; USP, 2001.

DINIZ, Nilo (Orgs). O Desafio da Sustentabilidade: um debate socioambiental no Brasil. São


Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2004.

DUPUY, Jean-Pierre. Introdução à Crítica da Ecologia Política. Rio de Janeiro: Civilização


brasileira, 1980.

FALCÃO, Laércio. (In) Sustentabilidade no turismo na Resex Marinha de Soure: desafios e


perspectivas as comunidades locais. Monografia (Especialização) – Universidade Federal do
Pará, Núcleo de Altos Estudos Amazônicos, Curso de Especialização em Desenvolvimento de
áreas Amazônicas, FIPAM - XXIII, Belém, 2010.

FEENY, David. et all. A Tragédia dos Comuns: vinte anos depois. In: DIEGUES, Antônio Carlos;
MOREIRA, André de Castro (Orgs). Espaços e recursos naturais de uso comum. São Paulo:
NAPAUB; USP, 2001.

FIGUEIREDO, Silvio Lima. Turismo e cultura: um estudo das modificações culturais no município
de Soure em decorrência da exploração do turismo ecológico. In: Lemos, Amália G. de, (Org).
Turismo: Impactos Socioambientais. São Paulo: HUCITEC, 1999, p. 207-222.

GANSTAL, S.; MOESCH, M. (Org.). Turismo: Investigação e crítica. São Paulo: Contexto, 2002.

__________; MOESCH, M. Um outro turismo é possível. São Paulo: Contexto, 2004.

GATTI, B. A. Grupo focal na pesquisa em Ciências Sociais e Humanas. Brasília/DF: Liber Livros,
2005 (Série Pesquisa em Educação).

GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: LTC, 1989.

__________. O Saber Local: novos ensaios em antropologia interpretativa. Petrópolis: Vozes,


2008.

GOMES, Eduardo Lima dos Santos. Turismo no Entorno do PARNA do Cabo Orange, Amapá:
Desafios à sustentabilidade socioambiental. In: SIMONIAN, Ligia T. L. (Org.). Políticas Públicas,
Desenvolvimento, Unidades de Conservação e Outras Questões Socioambientais no Amapá.
Belém: NAEA; MPEAP, 2010.

__________. Turismo no entorno do Parque Nacional do Cabo Orange/Amapá. Belém: NAEA;


UFPA, 2007. Dissertação (Mestrado em Planejamento do Desenvolvimento). Núcleo de Altos
Estudos Amazônicos (NAEA), UFPA. Belém: 2007.

GUIMARAES, Roberto P. A ética da sustentabilidade e a formulação das políticas de


desenvolvimento. In: VIANA, Gilney; SILVA, Marina. O desafio da sustentabilidade. São Paulo:
Fundação Perceu Abramo 2001.

HAGUETTE, Tereza M. Frota. Metodologias qualitativas na sociologia. 11 ed. Rio de Janeiro:


Vozes, 2007.

IRVING, Marta; AZEVEDO, Julia. Turismo: o desafio da sustentabilidade. São Paulo: Futura,
2002.
KINKER, Sônia. Ecoturismo e conservação da natureza em parques nacionais. Campinas:
Papirus, 2002. (Coleção Turismo).

KRIPPPENDORF, Jost. Sociologia do Turismo: para uma nova compreensão do lazer e das
viagens. 3 ed. São Paulo: Aleph, 2003.

MALINOWSKI, Bronislaw. Argonautas do Pacífico Ocidental: um relato do empreendimento e da


aventura dos nativos nos arquipélago da Nova Guiné Melanésia. São Paulo: Abril, 1976. “Coleção
os Pensadores”.

MANESCHY, Maria C. Ajuruteua: uma comunidade pesqueira ameaçada. Belém: UFPA; CFCH,
1995.

MORSELLO, Carla. Áreas Protegidas Públicas e Privadas: seleção e manejo. São Paulo: Anna
blume, 2006.

MOUTINHO, Paulo. COP15: nem esperança nem decepção em Copenhague, só realidade. São
Paulo: globo.com, 22 dez. de 2009. Disponível em:
<http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI112016-17860,00 -
ESPERANCA+OU+DECEPCAO+EM+COPENHAGUE.html> Acesso em: 10 ago. de
2010.

NUNES, Carlos. Marajó: paraíso dos milênios. São Paulo: Forpap, 2000.

ORLANDI, Eni P. Análise do Discurso: Princípios e procedimentos. Campinas: Pontes, 2007.

PARÁ. Plano de desenvolvimento turístico do estado do Pará. Belém: Paratur, 2001.

__________. Regiões de integração do Estado do Pará. Portal de serviços da SEDUC, 02 de


agosto de 2010. Disponível em:
<http://www.seduc.pa.gov.br/portal/?action=LinkTarefaNoticia.dl&idlink=435> Acesso
em: 26 ago. de 2010.

PRADO, Thays. Entenda a COP 15. Planeta Sustentável. São Paulo: abril.com, 18
set. 2009. Disponível em: <http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/desenvolvimento/cop-15-
o-que-e-conferencia-partes-copenhague-499684.shtml> Acesso em 10 ago. de 2010.

QUARESMA, Helena Dóris Almeida. Turismo na terra de Makunaima: sustentabilidade em parque


nacionais da Amazônia? Tese (Doutorado em Desenvolvimento Sustentável do Trópico Úmido).
Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (NAEA), UFPA. Belém: 26 jan. de 2009.

SANTOS JÚNIOR, Guilherme da Silva. Ações e políticas públicas do Estado e sociedade a cerca
da geração de renda na RESEX de Soure/Marajó-PA. Dissertação (Mestrado em Planejamento do
Desenvolvimento). Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (NAEA), UFPA. Belém: 2006.

SEN, Amarthya Kumar. Desenvolvimento com liberdade. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.
p. 17-50.

SILVA, José Bittencourt. Unidades de Conservação e organizações de populações tradicionais


Sul-Amapaenses: problemas, tendências e perspectivas. Belém: NAEA, 2007. Tese (Doutorado
em Desenvolvimento Sustentável do Trópico Úmido). Núcleo de Altos Estudos Amazônicos
(NAEA), UFPA. Belém: 2007

SIMONIAN, Ligia T. L. et all. Unidades de Conservação em Martírios/Andorinhas: perspectivas


ambientais, socioeconômicas, culturais e turísticas. Belém: CSE; UFPA, 2007.
__________. (Org.). Políticas públicas, desenvolvimento, unidades de conservação e outras
questões socioambientais no Amapá. Belém: NAEA; MPEAP, 2010.

__________. Pesquisa em Ciências Humanas e Desenvolvimento Entre Populações


Tradicionais Amazônicas. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. (Série Ciências Humanas).
Belém: MPEG, v.1, n.2, p. 119-134, 2005.

__________. Políticas públicas, desenvolvimento sustentável e recursos naturais em áreas de


reserva na Amazônia brasileira. In: COELHO, Maria Célia N.; SIMONIAN, Lígia; FENZL, Norbert.
Estado e políticas públicas na Amazônia: Gestão de recursos naturais. Belém: Cejup: NAEA;
UFPA, 2000.

__________. Saber local, biodiversidade e populações tradicionais: perspectivas analíticas,


limites e potencial. In: Seminário Saber Local / Interesse Global: propriedade intelectual,
biodiversidade e conhecimento tradicional na Amazônia. Belém: Anais, 2003.

SOURE, Prefeitura Municipal de. Plano Estratégico de Desenvolvimento Turístico de Soure.


Soure: Secretaria Municipal de Turismo, Esporte e Cultura, 2009.

TEIXEIRA, José Pereira. O Arquipélago do Marajó. Rio de Janeiro: IBGE, 1953.

THOMPSON E. P. Senhores e caçadores: a origem da lei negra. Rio de janeiro: Paz e Terra,
1987.

THOMPSON, Paul. A Voz do passado: História oral. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002.

VEIGA, José Eli da. Desenvolvimento sustentável: o desafio do séc. XXI. 3ª ed. Rio de Janeiro:
Garamond, 2008.

VIANNA, Lucila Pinsard. De invisíveis a protagonistas: populações tradicionais e unidades de


conservação. São Paulo: Anablume, Fapesp 2008.

WERTHEIN, J; NOLETO, M. (Org.). Pobreza e desigualdade no Brasil: Traçando caminhos para a


inclusão social. 2. ed. Brasília/DF: UNESCO, 2004.

YOUELL, Ray. Turismo: uma introdução. São Paulo: Contexto, 2002.

Você também pode gostar