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Unitização e

Movimentação
de Contêineres
SEST – Serviço Social do Transporte
SENAT – Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte

Curso on-line – Unitização e Movimentação de


Contêineres – Brasília: SEST/SENAT, 2016.

77 p. :il. – (EaD)

1. Transporte de carga. 2. Unitização de container. I.


Serviço Social do Transporte. II. Serviço Nacional de
Aprendizagem do Transporte. III. Título.

CDU 656.025.4

ead.sestsenat.org.br
Sumário
Apresentação 6

Módulo 1 8

Unidade 1 | Os Contêineres Utilizados no Transporte de Cargas 9

1 O Contêiner de Carga 11

2 A Evolução dos Contêineres 12

3 A Propriedade dos Contêineres 12

4 Terminais de Contêineres 13

4.1 Equipamentos Utilizados para Movimentar Contêineres 14

4.2 Serviços de Transporte que Utilizam Contêineres 15

Glossário 16

Atividades 17

Referências 18

Unidade 2 | As Cargas Transportadas em Contêineres 19

1 Cargas Convencionais 21

2 Cargas com Características Especiais 23

Glossário 25

Atividades 26

Referências 27

Módulo 2 28

Unidade 3 | Gestão na Alocação e Movimentação de Contêineres 29

1 Problemas na Alocação e Movimentação dos Contêineres 31

2 Decisões no Processo de Gestão de Contêineres nos Portos 32

3 Tipos de Movimentação de Contêineres 32

4 Restrições Operacionais na Movimentação de Contêineres 33

5 O Fluxo de Contêineres e seus Custos 34

3
Atividades 36

Referências 37

Unidade 4 | Preparação para o Transporte em Contêineres 38

1 Limites e Distribuição de Peso nos Contêineres 40

2 Plano de Carregamento de Contêineres 40

3 Regras Gerais para o Carregamento de Contêineres 41

4 Proteção contra Umidade 41

5 Contêineres com Temperatura Controlada 42

Atividades 44

Referências 45

Módulo 3 46

Unidade 5 | Amarração das Cargas em Contêineres 47

1 Dispositivos de Amarração de Cargas em Contêineres 49

2 Regras Gerais de Amarração de Carga em Contêineres 49

3 Materiais Empregados na Acomodação e Amarração das Cargas 50

3.1 Materiais de Suporte 50

3.2 Materiais Utilizados para a Cintagem 51

3.3 Materiais de Preenchimento (para Evitar Deslocamento da Carga) 53

Glossário 54

Atividades 55

Referências 56

Unidade 6 | Inspeção e Devolução dos Contêineres 57

1 Inspeção do Contêiner Anteriormente ao Carregamento 59

2 Inspeção do Contêiner Após o Carregamento 60

3 Devolução do Contêiner 61

Atividades 63

4
Referências 65

Unidade 7 | Logística na Movimentação de Contêineres 66

1 Logística na Movimentação de Contêineres Cheios e Vazios 68

2 Logística Reversa dos Contêineres 70

3 Tecnologia da Informação – TI 71

Atividades 73

Referências 75

Gabarito 76

5
Apresentação

Prezado(a) aluno(a),

Seja bem-vindo(a) ao curso Unitização e Movimentação de Contêineres!

Neste curso, você encontrará conceitos, situações extraídas do cotidiano e, ao final de


cada unidade, atividades para a fixação do conteúdo. No decorrer dos seus estudos,
você verá ícones que têm a finalidade de orientar seus estudos, estruturar o texto e
ajudar na compreensão do conteúdo.

O curso possui carga horária total de 40 horas e foi organizado em 3 módulos e 7


unidades, conforme a tabela a seguir.

Módulos Unidades Carga Horária

Unidade 1 | Os Contêineres Utilizados no


6h
Transporte de Cargas
1
Unidade 2 | As Cargas Transportadas em
5h
Contêineres

Unidade 3 | Gestão na Alocação e


5h
Movimentação de Contêineres
2
Unidade 4 | Preparação para o Transporte
6h
em Contêineres

Unidade 5 | Amarração das Cargas em


6h
Contêineres

Unidade 6 | Inspeção e Devolução dos


3 6h
Contêineres

Unidade 7 | Logística na Movimentação de


6h
Contêineres

6
Fique atento! Para concluir o curso, você precisa:

a) navegar por todos os conteúdos e realizar todas as atividades previstas nas


“Aulas Interativas”;

b) responder à “Avaliação final” e obter nota mínima igual ou superior a 60;

c) responder à “Avaliação de Reação”; e

d) acessar o “Ambiente do Aluno” e emitir o seu certificado.

Este curso é autoinstrucional, ou seja, sem acompanhamento de tutor. Em caso de


dúvidas, entre em contato por e-mail no endereço eletrônico suporteead@sestsenat.
org.br.

Bons estudos!

7
Unitização e
Movimentação
de Contêineres

MÓDULO 1
UNIDADE 1 | OS CONTÊINERES
UTILIZADOS NO TRANSPORTE
DE CARGAS

9
Unidade 1 | Os Contêineres Utilizados no Transporte
de Cargas

dd
Você conhece a utilidade dos contêineres? Conhece suas
especificações? Sabe quais modelos de contêineres existem e
para quais cargas eles são indicados?

A utilização de contêineres é comum para promover a unitização de mercadorias, em geral


a serem transportadas por navios. Diversas cargas como remédios, eletrônicos, tecidos,
automóveis, alimentos, entre outras, utilizam os contêineres para o seu transporte.

O aumento na utilização de contêineres para a movimentação

cc de cargas é uma tendência crescente,que pode ser constatada


pela evolução dos números de transações envolvendo
contêineres nos portos de todo o mundo.

10
No período entre 2010 e 2015, a movimentação brasileira de carga conteinerizada
apresentou crescimento de 6,4%, enquanto o crescimento médio anual mundial foi de
4,8% no período entre 2008 e 2014, segundo a ANTAQ (2016). No início dos anos 2000,
os portos da Ásia do Pacífico estavam entre os maiores do mundo em movimentação de
contêineres (REVELEY; TULL, 2008). Nesta unidade vamos aprender mais sobre esses
equipamentos.

1 O Contêiner de Carga

Os contêineres são equipamentos de grande porte utilizados como auxiliares para


o deslocamento de mercadorias. São construídos de materiais resistentes como
o metal, visando conter a carga com segurança. Permitem um fácil carregamento e
descarregamento e destinam-se principalmente ao transporte intermodal.

Os contêineres possuem dimensões padronizadas, que seguem a norma da International


Standard Organization (ISO), ou organização de padrão internacional, em português.
Os tamanhos mais utilizados possuem comprimento de vinte pés ou um TEU (twenty-
feet-equivalent-unit), e de quarenta pés ou dois TEUs.

Os contêineres oferecem vantagens para a logística de cargas, como:

• Redução de danos, perdas e roubos de cargas;

• Redução nos custos com embalagem e rotulagem dos produtos;

• Possibilidade de estocagem de mercadorias em áreas descobertas;

• Rapidez maior nas operações de carregamento e descarregamento dos


caminhões, vagões e navios.

A utilização de contêineres apresenta também algumas desvantagens para os


transportadores. É necessário um investimento alto nos equipamentos utilizados para
sua movimentação, além dos elevados custos para reparos, reposição e retornos, e
ainda, os custos para movimentação e armazenagem dos contêineres vazios.

11
2 A Evolução dos Contêineres

O surgimento dos contêineres ocorreu ao fim da década de 1930, tendo sido


introduzidos como vagões que podiam ser desmontados dos trens e transportados
em caminhões ou outros trens. Essa adaptação serviu principalmente para evitar que
fosse necessário descarregar as mercadorias e carregá-las novamente quando da
substituição do modo de transporte, além de facilitar o transporte porta a porta.

Com o passar do tempo, as companhias de navegação adotaram os contêineres com o


objetivo de aumentar os lucros dos fretes e a carga máxima transportada dos navios,
pela possibilidade de se acondicionarem as cargas de maneira mais organizada e
segura.

Posteriormente foram introduzidos os navios porta-contêineres, que são embarcações


específicas para esse tipo de transporte, com grande capacidade e facilidades de
acondicionamento.

Pode-se constatar a evolução do transporte de contêineres por meio da ampliação do


porte dos navios. A primeira geração de navios porta-contêineres, no final da década
de 1960, tinha capacidade de cerca de 400 TEUs e, já ao final da década de1970, os
navios porta-contêineres tinham capacidade de 2000 TEUs, chegando à década de 1990
a mais de 4000. Atualmente existem navios que comportam até 18.000 contêineres.

3 A Propriedade dos Contêineres

Em relação à popriedade, é comum que os contêineres sejam (LAI; LAM; CHAN, 1995):

• aqueles que pertencem à companhia – armazenados em depósitos terceirizados


quando não estão sendo utilizados, sendo cobradas diárias pela armazenagem;

• aqueles arrendados por curto prazo – entregues para a firma de leasing quando
não estão sendo utilizados, lembrando-se do limite de retorno mensal que
varia conforme o porto, ou que ficam armazenados em depósitos de terceiros
aguardando demanda de clientes.

12
• aqueles que são arrendados por longo prazo – submetidos a procedimentos
similares aos de propriedade das companhias, já que não são permitidos retornos
em um período específico de tempo (usualmente de 3 a 5 anos, determinados
pelo arrendatário).

Na chegada de um navio ao porto, pode haver o carregamento dos contêineres ou


simplesmente a permanência a bordo para o atendimento em outros portos na
continuação da viagem.

São incluídos nas disponibilidades do porto os contêineres que são desembarcados dos
navios, os que se encontram nos pátios dos terminais, os que vão retornar aos clientes e
os arrendados de companhias de leasing. Esses contêineres podem ser utilizados para
atender a demanda imediata de clientes ou armazenados como estoque nos terminais.

4 Terminais de Contêineres

Terminais de contêineres são elementos logísticos de grande importância na cadeia de


suprimentos e no comércio mundial de produtos, pois constituem uma fronteira entre
os países e são responsáveis pelo escoamento de grande parte das cargas.

Os terminais de contêineres são estruturas localizadas nos


portos marítimos e sua principal função é a transferência dos
contêineres do modo aquaviário (principalmente navios) para o
modo terrestre (trens ou caminhões). Os terminais possuem
cais com berços para atracação de embarcações e área para
armazenagem e movimentação de contêineres enquanto não
são carregados.

Esses terminais podem ser privados e estão promovendo uma revolução na operação
portuária de contêineres por intermédio de altos investimentos em infraestrutura,
equipamentos de movimentação, mão de obra e em tecnologia da informação (TI).

13
bb
Essa revolução pode ser comprovada pelo aumento na
produtividade média de 10 contêineres/hora/navio para o atual
patamar de 40 a 50 contêineres/hora/navio, com picos de até 95
contêineres/hora/navio. Outro fator é o aumento do volume de
contêineres movimentados no Brasil, que saltou de 1.274.030
unidades em 1997 para 5,7 milhões de unidades em 2013,
conferindo um crescimento médio anual de 9,82% no período
de 1997-2013, conforme dados da Associação Brasileira dos
Terminais de Contêineres de Uso Público (ABRATEC, 2016).

4.1 Equipamentos Utilizados para Movimentar Contêineres

Os principais equipamentos e estruturas disponíveis são:

• portêineres: também conhecidos como guindastes pórticos de cais, são


empregados para embarque e desembarque dos contêineres nos navios;

• transtêineres: são empregados para movimentação de contêineres no pátio


dos terminais. Existem dois tipos destes equipamentos, os que se movem sobre
trilhos (RMG) e os que se movem sobre pneus (RTG);

• reachstackers: equipamentos utilizados para movimentar e empilhar contêineres


no pátio dos terminais;

• armazéns: estruturas onde os contêineres são armazenados antes de serem


embarcados nos navios, trens ou caminhões e devem ser prestados serviços
acessórios.

14
4.2 Serviços de Transporte que Utilizam Contêineres

A utilização de contêineres tem sido um dos principais fatores

ff de estímulo ao aumento do transporte intermodal de


mercadorias em todo o mundo. Graças a esse recurso, a carga
sai de sua origem e segue até o destino final, podendo transitar
por diferentes modos de transporte, sem precisar ser manuseada
ou fracionada. O uso dos contêineres aumenta a eficiência no
transbordo de carga, reduzindo o tempo despendido na troca
de modos de transporte.

bb
Em situações em que a origem e o destino do carregamento
estejam próximos à costa e a um terminal portuário de
contêineres, pode ser utilizado o transporte intermodal baseado
em navegação costeira. Conforme sua estratégia de negócio, o
prestador do serviço seleciona e contrata terminais portuários
cuja área de influência abrange as unidades produtoras ou
comerciais de seus potenciais clientes. Quando a origem e o
destino do carregamento estão próximos a uma ferrovia, pode
ser utilizado o transporte intermodal com base ferroviária.

Seja na navegação costeira ou no


transporte ferroviário, o transporte
da carga entre a origem e o terminal
portuário é quase sempre realizado pelo
modo rodoviário, onde são contratados
transportadores terceirizados. Nos
terminais intermodais terrestres, os
contêineres são transferidos do modo
rodoviário para o ferroviário e vice-
versa e podem ser oferecidos serviços
de armazenagem, consolidação ou
“desconsolidação” de contêineres, despacho aduaneiro, entre outros.

15
gg
Entenda mais sobre contêineres assistindo ao vídeo disponível
no link a seguir. Confira!

http://www.cbcconteiner.org/

Resumindo

Os contêineres são utilizados para promover a facilitação da unitização das


mercadorias a serem, em geral, transportadas por navios.

Os contêineres surgiram ao final da década de 1930 e foram introduzidos


como vagões desmontáveis que podiam ser removidos e colocados em
outros trens ou caminhões.

Os terminais de contêineres são um dos elementos logísticos de maior


importância na cadeia de suprimentos e no comércio global.

Glossário

Leasing: Sistema de aluguel e financiamento de material industrial que faz intervir


uma empresa especializada entre o vendedor e o usuário.

16
Atividades

aa
Marque a alternativa correta.

1) Quanto à propriedade, os contêineres podem ser:

a. ( ) Dos portos.

b. ( ) Pertencentes à companhia.

c. ( ) Arrendados por curto prazo.

d. ( ) De arrendamento de longo prazo.

2) São exemplos de equipamentos utilizados para movimentar


contêineres:

a. ( ) Portêineres

b. ( ) Escavadeiras

c. ( ) Empilhadeiras

d. ( ) Transtêineres

3) Em situações em que a origem e o destino do carregamento


estejam próximos à costa e a um terminal portuário de contêineres,
pode ser utilizado o transporte intermodal baseado na navegação
costeira.

( ) Certo ( ) Errado

4) Os terminais de contêineres são estruturas localizadas nos


portos marítimos. Sua principal função é a transferência dos
contêineres do modo aquaviário (principalmente navios) para o
modo terrestre (trens ou caminhões).

( ) Certo ( ) Errado

5) A utilização de contêineres não apresenta desvantagens para os


transportadores.

( ) Certo ( ) Errado

17
Referências

ABRATEC. Crescimento da movimentação de contêineres no Brasil. Portal da


internet, 2016. Disponível em: <www.abratec-terminais.org.br>. Acesso em: 22 jun.
2016.

ANTAQ. Movimentação de contêineres: quadro comparativo. Portal da internet, 2016.


Disponível em: <www.antaq.gov.br>. Acesso em: 23 jun. 2016.

LAI, K. K., LAM, K., CHAN, W. K. Shipping container logistics and allocation. Journal of
the Operational Research Society, v. 46, n. 6, p. 687-697, 1995.

REVELEY, J.; TULL, M. Port privatisation: the Asia-Pacific experience. Cheltenham:


Edward Elgar, 2008.

18
UNIDADE 2 | AS CARGAS
TRANSPORTADAS EM
CONTÊINERES

19
Unidade 2 | As Cargas Transportadas em
Contêineres

dd
Você sabe quais mercadorias podem ser movimentadas com a
utilização de contêineres? Tem noção da grande variabilidade
de produtos que são carregadas por contêineres?

Os contêineres normalmente são empregados em variados modos de transporte para


locomoção de diversas cargas e em diferentes veículos automotores como navios, trens e
caminhões.

O carregamento e o descarregamento de mercadorias nos contêineres devem ser


realizados de maneira controlada. Para proceder estas operações é necessário conhecer
as especificações das mercadorias e a melhor forma de acomodá-las. Nesta unidade,
vamos conhecer as principais cargas que são transportadas em contêineres nos diversos
modos de transporte.

20
1 Cargas Convencionais

Várias cargas são carregadas diariamente em contêineres. Essas cargas são de


diferentes tamanhos, formatos e pesos e requerem procedimentos específicos para
sua locomoção.

a) Caixotes e caixas

As cargas conteinerizadas mais transportadas são caixotes e caixas e, para tanto,


algumas peculiaridades devem ser observadas. No caso de as caixas não preencherem
inteiramente o contêiner, elas podem ser distribuídas igualmente ao longo do espaço
para que as pilhas fiquem de mesma altura, evitando-se a formação de vazios que
desequilibrem a distribuição homogênea do peso na superfície interna do contêiner.

A altura da mercadoria depende da resistência dos caixotes e caixas – quanto maior a


resistência, mais alta poderá ser a pilha. Para que a estabilidade seja priorizada, pode-
se empilhar as mercadorias de maneira intercalada, como se constituíssem um jogo de
quebra-cabeça.

É recomendável a utilização de papelão, madeira, isopor ou outros itens do gênero


entre as cargas para ajudar a espalhar a massa das mercadorias e, se os caixotes e
caixas forem volumosos e com grande peso, devem ser colocados na parte central do
contêiner, e segurados com o apoio das colunas dos cantos e suportes da cobertura e
do revestimento para que haja maior estabilidade.

Algumas cargas permitem o encaixe positivo, ou seja, aquele em que não existem
espaços vazios entre os volumes e o contêiner. Não é necessário, neste caso, amarrar
as cargas, mas pode-se recomendar a amarração nas portas para evitar que o
carregamento tombe quando se abrirem as portas.

b) Baldes plásticos e tambores

Barris, tambores e tonéis devem ser alocados com a tampa para cima e sempre em pé,
uns junto aos outros e, anteriormente ao transporte, é essencial ter certeza de que
nenhum dos recipientes esteja vazando. Não se pode carregar tambores com qualquer
tipo de vazamento.

21
Tambores e tonéis podem ser dispostos em diferentes elevações para que se
proporcione maior segurança à carga. Para tanto, pode-se colocar volumes de alturas
diferentes ou utilizar paletes. O arranjo recomendado depende do tamanho dos
tambores e do espaço disponível no contêiner, simbolicamente demonstrado a seguir.

Os tambores e tonéis devem ser alocados, invariavelmente, sem espaços livres entre
um e outro. Os espaços livres eventualmente existentes devem ser preenchidos com
madeiras, paletes, ou com qualquer outro tipo de material protetor.

c) Fardos e sacos

Devem ser acomodados de maneira a evitar deslocamentos quando o contêiner estiver


sendo movimentado. Eles têm de ser arrumados de forma que não sobre espaço,
formando uma única pilha estável, já que a acomodação e o manuseio inapropriados
podem acarretar danos e acidentes.

d) Bobinas, rolos e tambores

As bobinas e rolos de qualquer tipo de material podem ser alocados de pé, ou da


maneira que ficarem mais seguros.

e) Cargas paletizadas

O tamanho adequado dos paletes varia de acordo com o tamanho da parte de dentro
do contêiner, então, a utilização completa da capacidade depende do tamanho dos
paletes. O empilhamento precisa cobrir toda a superfície do palete, além de estarem
bem seguras e amarradas por cintagem.

Na hora de realizar o carregamento, é preciso verificar se o centro de gravidade da


carga combina com o do contêiner, em todos os sentidos. Além disso, é preciso que se
faça a verificação da amarração adequada dos paletes.

Deve-se lembrar também que, em caso de utilização de

ee contêineres comuns para o carregamento, para qualquer tipo


de carga e antes da viagem, é necessário ter a constante
preocupação de não ultrapassar o limite de peso permitido.

22
2 Cargas com Características Especiais

Além de cargas convencionais, os


contêineres, normalmente, servem
para transportar mercadorias com
características individuais e propriedades
especiais. Vamos conhecê-las.

a) Veículos

Qualquer tipo de veículo, até mesmo


máquinas agrícolas e de construção, são
admitidos em contêineres. Porém, dependendo do país, os veículos podem receber
a classificação de carga perigosa, enquanto que em outros existem regulamentações
especiais para esse transporte.

b) Placas de aço

Esse tipo de mercadoria pode ser carregado em contêineres que são abertos na parte
da frente e de trás, constituindo-se carga de transporte mais delicado. Elas necessitam
ser amarradas adequadamente, já que placas soltas podem tornar-se extremamente
perigosas.

c) Chapas de vidro

Podem ser inseridas em contêineres de teto aberto, com lonas. Têm de ser postas
em recipientes apropriados e, caso essas chapas sejam carregadas em um mesmo
contêiner, devem estar separadas umas das outras por materiais apropriados.

d) Peças de couro úmido e peles

O couro solta uma espécie de salmoura que pode contaminar o revestimento interno
do contêiner e vazar, podendo, até mesmo, danificar a tinta do navio. Em caso de
contaminação do revestimento, ele deve ser inteiramente substituído. Logo, existem
preocupações constantes quanto ao valor a ser gasto com lavagem e outros possíveis
prejuízos.

23
Certas regras, como a colocação de papelão ou qualquer tipo de material que tenha
propriedades absorventes no piso do contêiner, a proteção do forro com madeira
compensada e a forração do contêiner com polietileno, devem sempre ser seguidas
para o transporte desse tipo de produto.

e) Líquidos

Pode-se carregar líquidos em contêineres-tanque com, no mínimo, oitenta por cento


do volume preenchido, de modo a se evitarem movimentos bruscos no decorrer
da viagem. E não se pode encher os contêineres-tanque com mais de 95% de sua
capacidade, já que existe a probabilidade de expansão do líquido com a mudança de
temperatura.

f) Granéis

Os granéis têm de ser transportados com a utilização de forros no interior dos


contêineres de vinte pés ou contêineres de teto aberto. Esses forros têm o objetivo de
resguardar o carregamento contra resíduos e facilitar a limpeza posterior.

g) Animais vivos

As caixas próprias para animais podem ser conduzidas por diversos contêineres
diferentes, contanto que sejam apropriados, mas precisam ser alocadas no convés da
embarcação. Os animais devem estar sempre acompanhados dos tratadores, além de
existir a necessidade do cumprimento das leis específicas sobre o assunto, em cada
nacionalidade.

h) Produtos eletrônicos, roupas e brinquedos

É crescente a utilização de contêineres para o carregamento de computadores,


celulares, utensílios domésticos, roupas e brinquedos. Esse fato se deve,
principalmente, à evolução da atividade denominada e-commerce. Os países da Ásia
do Pacífico são os principais produtores e exportadores desses produtos específicos
(REVELEY; TULL, 2008).

24
gg
Conheça mais sobre as funcionalidades dos contêineres
acessando o portal através do link a seguir. Confira!

www.osmarvincifilho.com.br/

Resumindo

Os contêineres são amplamente utilizados no transporte de diversos bens


e mercadorias diferentes.

Os contêineres também são utilizados na movimentação de cargas com


características e necessidades especiais.

Pode-se transportar líquidos em contêineres, desde que estes sejam


apropriados e respeitando-se as regras de segurança.

Glossário

Homogêneo: Da mesma natureza que outro; análogo, idêntico.

25
Atividades

aa
1) Quanto aos procedimentos para o carregamento de chapas de
aço:

a. ( ) Pode-se, esporadicamente, sobrecarregar o contêiner com


excesso de peso.

b. ( ) Deve-se utilizar borracha ou materiais antiderrapantes.

c. ( ) Pode-se apoiar as chapas contra as laterais do contêiner.

d. ( ) Utilizar amarração entre as placas e a proteção das laterais dos


contêineres.

2) Devem-se observar os seguintes procedimentos no transporte


de couro úmido:

a. ( ) Colocação de papelão ou qualquer tipo de material que tenha


propriedades absorventes no piso.

b. ( ) Proteção do forro com madeira compensada.

c. ( ) Forração do contêiner com polietileno.

d. ( ) Abertura da parte superior do contêiner.

3) Somente os veículos de passeio são permitidos em contêineres,


já que o carregamento de máquinas agrícolas é proibido.

( ) Certo ( ) Errado

4) As jaulas próprias para animais podem ser conduzidas em


contêineres específicos e apropriados, devendo ser colocadas no
convés dos navios.

( ) Certo ( ) Errado

5) Algumas cargas permitem o carregamento de encaixe positivo.

( ) Certo ( ) Errado

26
Referências

BANDEIRA, D. L. Alocação e movimentação de contêineres vazios e cheios – um


modelo integrado e sua aplicação. Tese de doutorado, Escola de Administração,
Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal do Rio Grande
do Sul, julho de 2005.

BOWERSOX, D. J.; CLOSS, D. J. Logistical management: the integrated supply chain


process. New York: McGraw Hill, 1996.

BRASIL. Decreto n° 4.543/2002, de 26 de dezembro de 2002. Regulamenta a


administração das atividades aduaneiras, e a fiscalização, o controle e a tributação das
operações de comércio exterior. Brasília, 2002.

REVELEY, J.; TULL, M. Port privatisation: the Asia-Pacific experience. Cheltenham:


Edward Elgar, 2008.

27
Unitização e
Movimentação
de Contêineres

MÓDULO 2
UNIDADE 3 | GESTÃO NA
ALOCAÇÃO E MOVIMENTAÇÃO
DE CONTÊINERES

29
Unidade 3 | Gestão na Alocação e Movimentação
de Contêineres

dd
Você sabe como funciona a gestão de contêineres nos portos?
Sabe como é realizada a movimentação dos contêineres nos
pátios? Conhece os equipamentos utilizados nessa
movimentação?

No Brasil, mesmo sendo um país cujo maior volume em toneladas exportadas é de


granéis sólidos e líquidos, a importância dos produtos acondicionados em contêineres
vem crescendo de forma significativa. Gerenciar as operações com contêineres requer um
elevado grau de conhecimento técnico e especializado.Vamos agora aprender mais sobre
essa atividade.

Nesta unidade, você também conhecerá os principais aspectos relacionados ao


gerenciamento das operações de alocação e de movimentação de contêineres.

30
1 Problemas na Alocação e Movimentação dos Contêineres

Diversas vantagens ao transporte de cargas foram obtidas por meio da conteinerização,


tanto do ponto de vista econômico, quanto da segurança. Com essa padronização,
houve um significativo aumento do volume das cargas transportadas, tornando-se
necessário o aparecimento de maneiras de integração mais eficientes entre os vários
modos de transportes, além de se otimizar a distribuição de contêineres vazios e
cheios.

Essa otimização envolve gerenciar a distribuição em terra, as operações de transporte,


despachar contêineres vazios, reposicionar contêineres em depósitos ou portos para
armazenagem, antecipar demandas futuras, entre outras operações.

Como o transporte é faturado por intermédio dos contêineres

cc cheios, é bastante comum o tratamento prioritário destes,


mesmo que os contêineres não possam ficar parados, já que são
necessários para novos carregamentos. Os contêineres vazios
têm sua gestão baseada na realocação dos contêineres
disponíveis, na determinação da quantidade a ser arrendada, no
atendimento às necessidades dos clientes e no tempo necessário
para cada operação.

Os contêineres vazios, diferentemente dos cheios, não possuem origem e destino


previamente fixados, e é difícil que os operadores dispensem contêineres cheios.
Porém, os contêineres vazios disputam no balanceamento dos fluxos mundiais de
contêineres, evitando assim, um colapso da rede de contêineres.

A movimentação de contêineres cheios é mais simples de gerenciar, pois, uma vez


definidos a origem e o destino, o problema é encontrar a melhor rota (menor custo
ou menor tempo). A movimentação de contêineres vazios é mais complexa porque
envolve, além da movimentação, a alocação dos contêineres para outros pontos de
demanda.

Se os contêineres vazios não forem suficientes para atender à demanda, é necessário


arrendar contêineres ou realocar contêineres vazios de outros terminais, situações
que acarretam perda de eficiência e possíveis custos adicionais.

31
2 Decisões no Processo de Gestão de Contêineres nos
Portos

O tratamento dos contêineres próprios


e que não estão sendo utilizados por
clientes como espaços de armazenagem
pelas companhias, é frequente por
pequenos prazos. Caso esses contêineres
sejam arrendados, eles podem ser
devolvidos às empresas de leasing.

A gestão dos contêineres precisa apreciar


as interações entre as cargas arrendadas
e as cargas armazenadas, além de ser
responsável por três decisões:

• a realocação dos contêineres vazios;

• o retorno dos contêineres para a companhia de leasing;

• o arrendamento dos contêineres da companhia de leasing.

3 Tipos de Movimentação de Contêineres

Pode existir o transporte de contêineres sob condições diversas. Os principais tipos de


movimentação de contêineres são:

• House to House (H/H) – transporte porta a porta, no qual a responsabilidade


de colocar ou retirar o carregamento do contêiner recai sobre o embarcador/
consignatário;

• Pier to Pier (P/P) – transporte porto a porto, no qual a responsabilidade de


colocar ou retirar o carregamento do contêiner, no porto de destino, recai sobre
o transportador;

32
• House to Pier (H/P) – a responsabilidade de esvaziar o contêiner recai sobre o
embarcador e a continuidade da movimentação da carga no porto de destino fica
a cargo do transportador;

• Pier to House (P/H) – a carga do contêiner pertence a um único remetente e a um


único destinatário;

• Less than Container Load (LCL) – fluxo em que o conteúdo do contêiner pertence
a mais de um remetente e/ou destinatário;

• Full Container Load (FCL) – fluxo no qual o carregamento do contêiner pertence


a um único remetente e a um único destinatário.

4 Restrições Operacionais na Movimentação de Contêineres

Existem algumas restrições operacionais a serem observadas:

• A limitação de espaço físico – refere-se à gestão dos contêineres vazios. Caso o


navio não comporte todos os contêineres vazios necessários, o operador terá
que providenciar o arrendamento;

• A limitação de devolução – refere-se ao número de contêineres que retornou


no período do mês e que pode ter um limite superior fixado pela empresa de
leasing. As locações que forem diferentes podem contar com limites de retorno
distintos;

• As incertezas referentes à obtenção – referem-se à opção do arrendamento de


contêineres por prazos curtos e a qualquer momento.Pode existir também a
possibilidade de os contêineres não estarem disponíveis ou não serem suficientes
para o cumprimento da demanda;

• As variações das projeções da demanda – Referem-se às projeções fornecidas


anteriormente e às diferenças entre a demanda projetada e a real.

Outros parâmetros devem ser observados, tais como: nível de segurança dos estoques,
fatores de correção desses níveis de segurança, ponto de equilíbrio da alocação,
prioridades dos portos, dependendo dos custos de manipulação.

33
5 O Fluxo de Contêineres e seus Custos

O contêiner é um ativo importante para o carregamento de mercadorias, por isso seu


ciclo “Vazio-Cheio-Vazio” é amplamente considerado como um objeto de controle
em sua gestão. Suas características intrínsecas diminuem os custos, paralelamente à
potencialização do nível de serviço para movimentação, otimizando todas as operações
logísticas.

Neste ciclo, considera-se extremamente importante a gestão de contêineres vazios


primeiramente, já que os movimentos rentáveis dos contêineres cheios geram
movimentos de contêineres vazios, que não são rentáveis.

Após a entrega dos contêineres cheios para os clientes ou responsáveis pelo


desembarque, eles são retornados vazios para os proprietários ou postos à disposição
dos interessados.

Quando são descarregados, os contêineres vazios devem ser recolhidos e podem


retornar ao porto de onde foram despachados inicialmente ou ser transportados
para qualquer outro depósito, porto ou terminal terrestre. Esta devolução pode ser
realizada pelo mesmo veículo usado para a locomoção do contêiner desembarcado no
porto de origem para o cliente.

Nas operações de fluxo de contêineres são disponibilizadas

cc opções para redução de custos referentes à movimentação de


contêineres em larga escala e em longas distâncias procedendo
em movimentações terrestres de contêineres vazios entre
depósitos. Assim, pelo choque gerado pela necessidade do
contêiner, a movimentação de contêineres vazios exerce um
papel fundamental no gerenciamento da distribuição e
transporte.

Os custos para a movimentação de produtos em contêineres vazios são derivados dos


movimentos destes. Estes custos de descarga e de transporte dos contêineres vazios
normalmente são muito maiores que os custos referentes ao carregamento em si.

34
A armazenagem de contêineres vazios nos portos também gera custos, porém, ao
realizar o arrendamento de contêineres de uma companhia de leasing, o custo total
inclui também o custo da retirada e do retorno.

O arrendamento é normalmente mais caro do que a utilização dos contêineres próprios,


porém, as empresas de leasing podem adotar benefícios aos operadores de marítimos
sugerindo a retirada dos contêineres arrendados de um porto específico logo que uma
certa quantidade seja acumulada (CHEUNG; CHEN, 1987).

gg
Entenda mais sobre gestão de contêineres acessando ao portal
disponível no link a seguir.

http://www.gl2.com.br/siglo-gestao-de-container/

Resumindo

A padronização das mercadorias em contêineres trouxe inúmeras vantagens


sob os pontos de vista econômico e de segurança.

Existem algumas restrições operacionais na movimentação e gestão de


contêineres.

O contêiner é um ativo básico para a prestação de serviços de movimentação


de mercadorias, por isso seu ciclo “Vazio-Cheio-Vazio” é cada vez mais
considerado como um objeto de controle em sua gestão.

35
Atividades

aa
A seguir marque as alternativas corretas nas questões.

1) O gestor é responsável por:

a. ( ) Retornar contêineres para a companhia de leasing.

b. ( ) Vender contêineres para a companhia de leasing.

c. ( ) Realocar contêineres vazios.

d. ( ) Contratar a empresa que fará a embalagem primária nos


produtos.

2) São consideradas restrições operacionais à movimentação de


contêineres:

a. ( ) Limitação de espaço.

b. ( ) Horário de trabalho dos funcionários.

c. ( ) Incerteza de obtenção.

d. ( ) Dias de funcionamento dos pedágios durante a semana.

3) Se os contêineres vazios não forem suficientes para atender à


demanda, é necessário arrendar contêineres ou realocar
contêineres vazios de outros terminais. Essas situações acarretam
perda de eficiência e possíveis prejuízos.

( ) Certo ( ) Errado

4) As empresas armadoras consideram quatro custos principais


para manter a capacidade de fornecimento de contêineres para
atendimento dos exportadores.

( ) Certo ( ) Errado

5) Uma vez que contêineres cheios são entregues nas dependências


do cliente, onde são descarregados, eles normalmente têm de ser
levados de volta vazios.

( ) Certo ( ) Errado

36
Referências

BROOKS, M. R.; BUTTON, K.; NIJKAMP, P. (eds.). Maritime transport: classics in


transport analysis. Vol. 1. Cheltenham: Edward Elgar, 2002.

CHEUNG, Y. K.; CHEN, Y. Z. New integral equation for plane elasticity crack problems.
Theoretical and Applied Fracture Mechanics, v. 7, n. 3, p. 177-184, 1987.

DATZ, D. Contribuição ao estudo dos custos em terminais intermodais de


contêineres. Dissertação de Mestrado. Programa de pós-graduação de engenharia da
Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2004.

37
UNIDADE 4 | PREPARAÇÃO
PARA O TRANSPORTE EM
CONTÊINERES

38
Unidade 4 | Preparação para o Transporte em
Contêineres

dd
Você sabe como é feita a preparação de um contêiner para o
transporte? Sabe quais são os preparativos necessários para o
carregamento e descarregamento?

A utilização de contêineres na logística de cargas possibilitou mais agilidade em todo


processo de movimentação de mercadorias, reduzindo o tempo de entrega e permitindo
maior rapidez ao transporte intermodal, além de proporcionar mais segurança e menos
avarias nas cargas. Para garantir essa celeridade, é necessário conhecer os procedimentos
que devem ser seguidos no embarque das cargas. Nesta unidade vamos estudar os diversos
procedimentos.

39
1 Limites e Distribuição de Peso nos Contêineres

Um contêiner-padrão normalmente suporta cerca de trinta toneladas de peso, porém,


já existem contêineres que podem suportar pesos mais elevados, a depender do
material de que são constituídos e da maneira como são fabricados.

Como os contêineres são muito utilizados no transporte multimodal e para exportação


de diversas mercadorias, é necessário que se avalie, além do limite superior de carga
para cada exemplar de contêiner, os limites de peso para o transporte por caminhões
e trens de cada país.

2 Plano de Carregamento de Contêineres

Existem três principais razões para a preparação de um plano de carregamento de


contêineres (estufagem) antes de carregá-lo:

• A capacidade de carregamento;

• A simplificação e agilidade do carregamento e descarregamento;

• O cálculo prévio da amarração necessária para as cargas e para a garantia da


segurança.

Anteriormente à elaboração dos planos de carregamento, é imperativo que se


conheçam as características relacionadas à embalagem, ao peso e dimensão da carga,
além das dimensões do contêiner e sua capacidade de peso suportado. Deve ser
escolhido o contêiner apropriado para cada carga, considerando-se os tópicos a seguir:

• O peso máximo e mínimo de carregamento, além de sua distribuição pelo


perímetro;

• A legislação pertinente ao peso da carga nos países em que a carga será


embarcada e desembarcada;

• As disponibilidades do destino para a realização do descarregamento do


contêiner.

40
Lembre que, normalmente, as portas do contêiner possuem dimensões diferentes
do contêiner e, também, deve-se ficar atento a estas dimensões para a realização do
embarque do carregamento no contêiner.

3 Regras Gerais para o Carregamento de Contêineres

Algumas cargas não são admitidas no mesmo contêiner. Podem-se ressaltar alguns
exemplos dessas cargas:

• Carregamentos empoeirados com produtos que possuam algum tipo de


sensibilidade à poeira;

• Carregamentos que emitam algum tipo de odor junto a produtos sensíveis a


odores;

• Produtos com pontas cortantes com mercadorias não resistentes;

• Objetos úmidos com produtos secos ou não resistentes a umidade;

• Produtos pesados sobre materiais ou mercadorias leves.

Não havendo a possibilidade de o carregamento combinado ser evitado, os produtos


úmidos têm de estar abaixo das cargas secas, onde possam ser utilizadas tábuas ou
qualquer material isolante.

4 Proteção contra Umidade

Um dos principais fatores que podem causar danos à carga é a umidade. Anteriormente
ao carregamento, é necessária a determinação do mecanismo de proteção adequado.
Lembre-se de que se o percurso começar em uma zona de temperatura mais elevada
e terminar em uma localidade com temperatura mais baixa, existe a possibilidade de
haver condensação.

41
As cargas e os utensílios normalmente utilizados para amarrar as mercadorias devem
ser alocados em posições apropriadas no interior do contêiner, logo, deve-se armazená-
los em locais sem umidade para evitar que absorvam umidade.

A amarração das cargas deve ser feita com materiais próprios, que não causem qualquer
dano às mercadorias, sempre atentando à possibilidade de o material escolhido
enferrujar ou ceder pela temperatura ou umidade ambiente.

5 Contêineres com Temperatura Controlada

Esses contêineres são refrigerados e, normalmente, utilizados para o transporte de


cargas que requerem controle de temperatura ou fluxo de ar. Eles possuem sistemas
elétricos programados para o atendimento às necessidades especificadas, que vão
desde apenas ventilar, até aquecer e realizar a troca de ar interno.

Produtos químicos e farmacêuticos ou cargas perigosas são transportados em


“contêineres refrigerados para produtos não alimentícios” – esse procedimento
garante que itens alimentícios não sejam carregados em contêineres anteriormente
utilizados em produtos perigosos aos seres humanos ou animais.

Tais contêineres, normalmente, são


projetados para manter a temperatura,
logo, algumas mercadorias sensíveis à
variação de temperatura devem estar já
em suas especificações apropriadas, para
que possam ser mantidas assim durante
o transporte.

Pode-se observar que a maneira com


que os produtos são arrumados no
contêiner refrigerado pode fazer com
que haja influência na temperatura e movimento do ar. Os fatores a seguir devem ser
observados, para garantia de melhor controle da temperatura:

42
• Resfriamento: a colocação das mercadorias deve ser feita separadamente, de
maneira a que o ar possa circular, além de utilizarem-se caixas com furos para
ventilação;

• Congelamento: se der, pode-se colocar calços abaixo da carga e, se não houver


esta possibilidade, pode-se utilizar papéis ou materiais similares nas áreas livres
para que o ar circule de maneira mais eficiente.

Deve haver, também, uma folga de pelo menos doze centímetros entre a carga e o
revestimento superior do contêiner, além de faixas vermelhas nas laterais indicando a
altura permitida para o empilhamento das mercadorias.

gg
Conheça mais sobre as especificações de contêineres acessando
o artigo no link a seguir. Confira!

http://www.santoscontainer.com.br/especificacoes-tecnicas

Resumindo

O surgimento dos contêineres na logística de transportes possibilitou


maior agilidade em todo processo de movimentação de mercadorias.

Grande parte dos contêineres possui pequenas entradas de ar para a


compensação da pressão, mas não apropriadas à ventilação.

A refrigeração dos contêineres garante a manutenção das temperaturas


necessárias aos diversos tipos de cargas.

43
Atividades

aa
A seguir, marque as alternativas corretas nas questões.

1) Podem ser consideradas como razões para a preparação de


uma estratégia de carregamento de contêineres:

a. ( ) Dificultar o carregamento e descarregamento.

b. ( ) Maximizar a utilização da capacidade total de carga do


contêiner.

c. ( ) Impedir operações de transbordo da carga.

d. ( ) Calcular previamente os itens necessários para amarrar


as cargas.

2) O contêiner refrigerado permite a manutenção de:

a. ( ) Congelamento e dissolvimento.

b. ( ) Congelamento e resfriamento.

c. ( ) Resfriamento e dissolvimento.

d. ( ) Dissolvimento e empacotamento.

3) As portas dos contêineres têm dimensões diferentes do


restante do contêiner.

( ) Certo ( ) Errado

4) A maneira de alocar as mercadorias no interior do contêiner


refrigerado não influencia na circulação de ar.

( ) Certo ( ) Errado

5) A refrigeração dos contêineres procura manter a


temperatura das mercadorias.

( ) Certo ( ) Errado

44
Referências

LAI, K. K., LAM, K., CHAN, W. K. Shipping container logistics and allocation. Journal of
the Operational Research Society, v. 46, n. 6, p. 687-697, 1995.

NOBRE, M; ROBLES, L. T.; SANTOS, F. R. A Gestão Logística dos Contêineres Vazios.


Santos, ANAIS do SINAP 2005, 5-7 out. 2005.

PATRÍCIO, M.; BOTTER, R. C. Evolução e uso da tecnologia da informação (TI) aplicada


a terminais de contêineres no Brasil. XIX Congresso Pan-Americano de Engenharia
Naval, Transporte Marítimo e Engenharia Portuária – XIX COPINAVAL, 2005, Guayaquil
(Equador).

45
Unitização e
Movimentação
de Contêineres

MÓDULO 3
UNIDADE 5 | AMARRAÇÃO DAS
CARGAS EM CONTÊINERES

47
Unidade 5 | Amarração das Cargas em Contêineres

dd
Você conhece os dispositivos do contêiner para amarração das
cargas? Sabe de que materiais são feitos esses dispositivos?
Conhece as regras gerais para essas amarrações?

Para que se evitem danos às mercadorias, deve-se manter extrema cautela no decorrer
da viagem em contêineres, e esse cuidado diz respeito à sua amarração. Essa amarração
é extremamente importante para diversas classes de mercadorias, já que sempre há a
probabilidade de deslocamentos no decorrer da viagem.

Nesta unidade, vamos estudar os aspectos a serem considerados para a fixação e


estabilização das mercadorias durante o transporte em contêineres, garantindo total
segurança na movimentação.

48
1 Dispositivos de Amarração de Cargas em Contêineres

Existem diversos modos de promover a amarração das cargas em contêineres, que


possuem pontos de amarração no revestimento interno. Todos esses pontos de
amarração do contêiner possuem resistência suficiente para uma tonelada. As laterais
e as extremidades podem aguentar somente superfícies grandes de carga, portanto,
não são construídas para aguentar pesos concentrados.

2 Regras Gerais de Amarração de Carga em Contêineres

As regras gerais para a fixação das mercadorias em contêineres são:

• Amarração, por artefatos apropriados, das mercadorias que não preencham


totalmente o espaço do contêiner;

• Proteção da carga contra deslocamentos, com a utilização de materiais próprios


para este fim;

• Calçamento da caixa nas paredes laterais do contêiner, com a utilização de


madeira e bolsas de ar infláveis. Pode ser realizado o calçamento das fileiras de
carga, com materiais que preencham os espaços vazios entre elas, caso não se
possam evitar estes espaços.

A amarração dos carregamentos é uma soma de cintagem e calçamento nos contêineres


de teto aberto ou de laterais removíveis ou abertas. Os calços mantêm a segurança
do carregamento, evitando seu deslocamento no decorrer da viagem, e a cintagem
resguarda as mercadorias de eventuais quedas.

A colocação dos calços transversais deve ser realizada na parte inferior do contêiner, e
sempre com apoio nas laterais.

As laterais e os extremos não são arquitetados para aguentar peso concentrado. É


necessário haver a distribuição do peso, que deve estar uniforme por toda a área do
contêiner.

49
3 Materiais Empregados na Acomodação e Amarração das
Cargas

3.1 Materiais de Suporte

hh
Anteriormente à colocação do carregamento no contêiner, é
necessária a determinação da possibilidade de colocação da
mercadoria sobre o revestimento sem proteções suplementares.
Os produtos podem ser transportados sem qualquer suporte
especial caso sejam resistentes para manterem-se de pé e se
não afetarem negativamente a integridade do revestimento
interno do contêiner e se não ultrapassarem os limites de peso
estabelecidos.

a) Paletes

São muito úteis para o carregamento e descarregamento de diversas embalagens de


modo mais ágil, e são considerados uma parte do carregamento. O quesito menos
favorável dos paletes é a questão dos tamanhos – os mais utilizados para a condução
em caminhões não são adequados aos contêineres de tamanho-padrão, portanto, as
sobras de espaço nos contêineres devem ser completadas com material próprio de
amarração.

b) Madeira e tábuas resistentes

Este tipo de material é necessário para carregamentos pesados com pequenos pontos
de sustentação. Se o peso estiver distribuído em áreas maiores, nos contêineres-
padrão deve-se colocar esta sustentação no sentido longitudinal e, nos contêineres
abertos nas partes frontal e traseira, deve-se colocá-la transversalmente.

50
c) Trilhos de aço

Geralmente são utilizados os trilhos de aço para carregamentos com peso elevado e
concentrado. Deve-se utilizar material antiderrapante onde os trilhos de metal se fixam
sobre o revestimento interno do contêiner, que também é normalmente metálico,
aumentando, assim, o atrito entre a carga e o contêiner.

3.2 Materiais Utilizados para a Cintagem

Na fixação das cargas são utilizados alguns artefatos de amarração. Estes materiais
impedem que a carga se desloque ou tombe durante a viagem.

Materiais de amarração distintos apresentam diferentes elasticidades e, no caso


de utilização de vários materiais, considera-se a menor resistência. Alguns desses
materiais são:

a) Cordas de fibra

Podem ser feitas de materiais naturais ou sintéticos e, a depender da constituição,


aguentam várias decorrências do ambiente. As fibras apropriadas são compassivas
às substâncias ácidas, ou nocivas aos materiais que as constituem, já que possuem
elasticidade quando absorvem umidade e se contraem quando perdem umidade. Essas
fibras normalmente são frágeis e não devem ser utilizadas na amarração de cargas
com grande peso.

b) Cintas de nylon

São os artefatos mais comuns de amarração de mercadorias. Elas podem ser constituídas
de várias larguras e possuir diferentes capacidades de resistência para cargas, além de
serem fáceis de utilizar, e resguardarem os carregamentos contra danos.

c) Fitas de aço

São cintas de metal achatadas que não são utilizadas em carregamentos com fragilidade
acentuada, pois não apresentam elasticidade. Em caso de quebra de sua estrutura, as
fitas de aço perdem imediatamente a serventia para amarração das cargas.

51
É extremamente importante que os carregamentos fixados por essas fitas não tenham
seu volume alterado no decorrer da viagem, logo, são mais apropriadas para a fixação
de metais ou plásticos.

d) Cabos de aço, tensores, manilhas e grampos de cabos

Os cabos de aço normalmente são empregados na fixação de carga solta e com peso
elevado e, dependendo do tamanho, os cabos de aço são capazes de suportar grandes
tensões, além de sofrerem pouca distensão. Porém, os cabos de aço não podem ser
dobrados ou postos sobre quinas ou pontas, já que existe a possibilidade de perderem
sua resistência.

e) Correntes

Possuem grande capacidade de resistir ao rompimento e são constantemente utilizadas


para a fixação de cargas muito pesadas, além de ser comum não terem sua resistência
diminuída em pequenas bordas, sendo apenas necessário que não se dobrem as quinas,
dos elos individuais. As correntes, praticamente, não possuem elasticidade, e têm a
vantagem de poderem ser ajustadas ao comprimento desejado com o auxílio de outros
materiais.

52
3.3 Materiais de Preenchimento (para Evitar Deslocamento
da Carga)

O preenchimento dos espaços vazios consiste em fixação da carga e proteção contra


deslizamentos no interior do contêiner.

a) Bolsas infláveis

Também conhecidos como airbags, as


bolsas infláveis são muito utilizadas no
transporte com paletes, enchendo os
espaços livres. Existem bolsas infláveis
de diversas dimensões e formatos.
Precisam ser instaladas vazias nos locais
necessários e, posteriormente, infladas
com ar comprimido, sempre se tomando
a precaução de não as colocar contra
pontas ou quinas.

b) Madeira

Podem-se utilizar madeiras para fixar carregamentos pesados de deslocamentos,


porém, as laterais dos contêineres comuns podem suportar apenas produtos leves. Na
possibilidade de utilização das laterais do contêiner como apoio, a carga deve ser posta
ocupando a maior superfície possível, e o material de amarração deve ser utilizado de
modo que os produtos não percam suas características.

53
Resumindo

Deve-se tomar diversas precauções para evitar danos às mercadorias


durante o deslocamento com a utilização de contêineres.

Anteriormente à colocação dos carregamentos em contêineres, é necessário


que se determine se é conveniente e possível a colocação das mercadorias
diretamente sobre o revestimento interno do contêiner, sem materiais
suplementares.

O preenchimento dos espaços vazios consiste em uma excelente estratégia


de proteção da carga contra deslocamentos no decorrer da viagem.

Glossário

Longitudinal: Que possui o mesmo sentido do comprimento de algo.

Quesito: Questão; questionamento que deve ser resolvido ou respondido.

54
Atividades

aa
A seguir marque as alternativas corretas nas questões.

1) São exemplos de materiais de suporte (para colocação em


baixo da carga):

a. ( ) Trilhos de aço.

b. ( ) Madeiras e tábuas.

c. ( ) Sacos infláveis.

d. ( ) Paletes.

2) Também conhecidos como airbags, os sacos infláveis são


muito utilizados no transporte com paletes, preenchendo
espaços livres.

( ) Certo ( ) Errado

3) Fitas de aço são como cintas metálicas achatadas, utilizadas


principalmente para a movimentação de carregamentos não
muito resistentes.

( ) Certo ( ) Errado

4) Grampos de cabo podem ser utilizados para realizar a


conexão dos extremos livres do cabo de aço.

( ) Certo ( ) Errado

5) As correntes não são muito resistentes e é comum sua


utilização para a amarração de cargas leves.

( ) Certo ( ) Errado

55
Referências

BANDEIRA, D. L. Alocação e movimentação de contêineres vazios e cheios – um


modelo integrado e sua aplicação. Tese de doutorado, Escola de Administração,
Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal do Rio Grande
do Sul, julho de 2005.

HAPAG-LLOYD, A. G. Special Cargo/Cargas Especiais. Estufagem de Contêineres.


Portal da internet, 2016. Disponível em: <www.hapag-lloyd.com/downloads/press_
and_media/publications/Brochure_Container_Packing_pt.pdf>. Acesso em: 25 jun.
2016.

HIJJAR, M. F.; ALEXIM, F. M. B. Avaliação do acesso aos terminais portuários


e ferroviários de contêineres no Brasil. Rio de Janeiuro: Instituto Coppead de
Administração – UFRJ, 2006

56
UNIDADE 6 | INSPEÇÃO E
DEVOLUÇÃO DOS CONTÊINERES

57
Unidade 6 | Inspeção e Devolução dos Contêineres

dd
Você sabe que tipo de inspeções são realizadas antes e depois
do carregamento do contêiner? Sabe quais são os procedimentos
para a realização da devolução do contêiner?

A necessidade de unitização dos carregamentos é bastante crescente na atualidade, além


de ser uma metodologia bastante requerida, não importando os modos de transporte
envolvidos na operação. Essa unitização pode proporcionar diversas vantagens às
operações de transporte de mercadorias, no entanto, para benefício das cargas e dos
próprios operadores, a inspeção dos contêineres é importante e obrigatória, bem como os
procedimentos realizados antes de sua devolução.

Na gestão de contêineres devem ser consideradas as atividades de inspeção, anteriores


ao carregamento e posteriores ao carregamento, e os procedimentos para a realização de
sua devolução. Nesta unidade, vamos conhecer mais sobre estas atividades.

58
1 Inspeção do Contêiner Anteriormente ao Carregamento

Todos os contêineres utilizados em rotas internacionais devem contar com uma


placa CSC de Aprovação de Segurança válida, segundo o estabelecido na Convenção
Internacional para Segurança de Contêineres, ocorrida em dezembro de 1972.

Deve-se realizar inspeções dos contêineres após cada utilização e recomenda-se que
seja feito um exame cauteloso dos seguintes itens, após a recepção do contêiner:

a) Lista de inspeção externa:

• Verificar buracos ou rachaduras nas paredes e no teto;

• Verificar abertura e fechamento de portas;

• Testar travas e alavancas;

• Procurar etiquetas adesivas relativas à carga anterior. Decalques de produtos


perigosos são permitidas somente quando transportados;

• Verificar se a placa CSC está válida.

b) Itens adicionais que podem ser observados para os contêineres especiais:

• Flat-rack (aberturas na parte frontal e traseira): as divisórias das pontas devem


estar levantadas e firmemente travadas;

• Open-top (aberturas no teto): a cobertura não deve ter danos, além de possuir as
dimensões adequadas, e suas cordas não devem apresentar avarias;

• Hard-top (contêiner com teto removível): a parte superior do contêiner não deve
estar danificada, e as travas devem se encaixar e funcionar corretamente;

• Para os contêineres que possuem conexões elétricas: as condições dos


equipamentos elétricos (cabos e tomadas) devem ser examinadas antes da
unidade ser conectada à fonte de eletricidade;

• Contêiner à prova de água: um teste deve ser realizado na parte interior do


contêiner. Deve-se fechar corretamente as portas e verificar se alguma luz passa
através de fissuras, rachaduras, furos ou da vedação da porta;

59
• A parte interior do contêiner tem de estar totalmente seca. Deve-se retirar toda
a condensação ou cristais de gelo, para que se evitem a corrosão e os danos à
carga que podem ser causados pela umidade;

• O contêiner deve estar limpo, sem resíduos de carga e sem odores;

• Não deve haver pregos ou demais objetos perfurantes que possam comprometer
as cargas.

Caso sejam encontradas quaisquer irregularidades, o fornecedor deve ser


imediatamente informado, para que um contêiner não danificado possa ser fornecido
em substituição.

2 Inspeção do Contêiner Após o Carregamento

Após o carregamento, os seguintes artigos devem ser examinados:

• o contêiner deve estar carregado seguindo as especificações das cargas para que
possam resistir às possíveis tensões durante a viagem;

• o carregamento não deve extrapolar o limite máximo de carga suportado pelo


contêiner.

• uma reprodução da lista de embarque (descrição da mercadoria) deve ser posta


de maneira visível para as inspeções realizadas pela alfândega;

• se houver a utilização de madeira na embalagem, deve ser seguida a legislação


de quarentena do país de destino. Um certificado de fumigação, ou declaração
de que ela foi tratada, deverá ser colocado de forma visível no contêiner;

• é preciso certificar-se de que as portas e os tetos removíveis estejam fechados


adequadamente;

• a proteção das mercadorias contra roubos pode ser feita com cabos de aço e
cadeados;

• nos contêineres de teto removível, open-tops, a lona deve ter dimensões


adequadas e as cordas devem estar corretamente colocadas (lacre alfandegário);

60
• as lonas utilizadas para a proteção da carga em contêineres especiais devem
estar amarradas de modo adequado;

• as etiquetas adesivas envelhecidas precisam ser removidas;

• para os contêineres refrigerados, deve-se ajustar a ventilação e a temperatura, e


o indicador de temperatura deve mostrá-la;

• para o carregamento de cargas perigosas, as exigências de carregamento e


segregação devem ser cumpridas. A etiqueta de identificação da carga deve ser
colocada no lado de fora do contêiner;

• toda a documentação deve estar em dia e corretamente preenchida.

3 Devolução do Contêiner

Posteriormente à sua utilização para a movimentação das mercadorias, o contêiner


é geralmente devolvido a um fornecedor ou terminal pré-determinado. O contêiner
deve estar:

• Livre de resíduos e limpo de qualquer sujeira;

• Livre de qualquer odor;

• Sem pregos ou pontas cortantes;

• Sem comprometimentos nas paredes e portas;

• Sem sinalização de que outras cargas foram transportadas anteriormente;

• Sem danos na cobertura (no caso de contêineres open-tops);

• Completo e com todos os acessórios.

61
Resumindo

Para benefício das cargas e dos próprios operadores, a inspeção dos


contêineres é importante e obrigatória, bem como os procedimentos
realizados antes de sua devolução.

Todo contêiner utilizado em rotas internacionais deve ter uma placa CSC de
Aprovação de Segurança válida.

Os contêineres devem ser inspecionados após cada uso.

62
Atividades

aa
A seguir, marque a alternativa correta nas questões.

1) Deve haver a inspeção dos contêineres após cada utilização.


Recomenda-se observar os seguintes itens:

a. ( ) Verificar o cronograma de partida da embarcação.

b. ( ) Verificar furos ou rachaduras nas paredes e no teto.

c. ( ) Verificar se a placa CSC está válida.

d. ( ) Testar travas e alavancas.

2) Deve haver a inspeção dos seguintes itens, após o


carregamento:

a. ( ) O peso da carga não deve exceder o limite máximo de


carga do contêiner.

b. ( ) Deve-se colocar de forma visível uma cópia da lista de


embarque.

c. ( ) Devem estar bem fechadas as portas e os tetos


removíveis.

d. ( ) Devem ser mantidas totalmente soltas as lonas utilizadas


para proteger a carga.

3) Todos os contêineres utilizados em rotas nacionais (no


Brasil) devem ter uma placa CSC de Aprovação de Segurança
válida, conforme acordado na Convenção Internacional para
Segurança de Contêineres.

( ) Certo ( ) Errado

63
4) O contêiner deve estar livre de sujeira e de resíduos de
carga e sem cheiro.

( ) Certo ( ) Errado

5) Na gestão de contêineres devem ser consideradas as


atividades de inspeção, anteriores ao carregamento e
posteriores ao carregamento.

( ) Certo ( ) Errado

64
Referências

BRASIL. Decreto n° 4.543/2002, de 26 de dezembro de 2002. Regulamenta a


administração das atividades aduaneiras, e a fiscalização, o controle e a tributação das
operações de comércio exterior. Brasília, 2002.

NOBRE, M; ROBLES, L. T.; SANTOS, F. R. A Gestão Logística dos Contêineres Vazios.


Santos, ANAIS do SINAP 2005, 5-7 out. 2005.

RIOS, L. R.; MAÇADA, A. C. G.; BECKER, J. L. Análise da Eficiência das Operações nos
Terminais de Contêineres do Mercosul. XXVIII ENAMPAD – Encontro Nacional dos
Programas de Pós-Graduação em Administração, 2004.

65
UNIDADE 7 | LOGÍSTICA
NA MOVIMENTAÇÃO DE
CONTÊINERES

66
Unidade 7 | Logística na Movimentação de
Contêineres

dd
Você sabe como são movimentados os contêineres nos pátios
de armazenagem? Conhece como é realizada a logística reversa
desses contêineres? Sabe quais são as técnicas atuais para o
aprimoramento logístico desses contêineres?

O gerenciamento das operações que utilizam contêineres é um processo complexo que


envolve muitas decisões, já que estes equipamentos chegam e saem dos terminais utilizando
diversos modos de transporte e carregando uma enorme variedade de mercadorias. Por
isso, todas as operações relacionadas com o fluxo de contêineres devem ser avaliadas
para atingir uma maior eficiência.

Para finalizar o curso, vamos estudar alguns aspectos de extrema importância para a
logística na movimentação de contêineres e, visando contribuir para o seu trabalho como
gestor de contêineres, conheceremos melhor esta atividade e suas características.

67
1 Logística na Movimentação de Contêineres Cheios e Vazios

O contêiner pronto para a utilização pelo interessado, ou seja, o que está vazio,
raramente está próximo ao carregamento que precisa ser despachado, logo, os
operadores precisam retirá-lo vazio em um determinado terminal e transferi-lo para
o local de embarque. No final de sua viagem, o contêiner deverá ser descarregado no
local previamente acordado e, posteriormente, devolvido ao terminal.

Quando o contêiner é esvaziado e não é utilizado pelo

ee transportador, o ciclo é chamado aberto e, neste intervalo, entre


o descarregamento e o carregamento, podem ser realizadas
vistorias. No momento em que o contêiner é descarregado e
imediatamente depois carregado para a viagem de retorno, o
ciclo é chamado fechado.

hh
O manuseio dos contêineres vazios é importante para a solução
de problemas relacionados ao descontrole dos fluxos logísticos.
Diga-se que esta é uma situação comum no Brasil, o saldo das
transações correntes é, normalmente, positivo.

Deve-se realizar o prévio planejamento da localização dos


contêineres, antes mesmo da reserva de espaços nos navios,
com o auxílio de previsões de demanda e rotas de passagem nas
viagens subsequentes.

O gestor de contêineres deve definir a alocação de contêineres e suas rotas baseando-


se em estatísticas que contenham informações sobre os números de contêineres
vazios disponíveis, a área disponível nos terminais, o programa de partida dos navios,
as necessidades de contêineres por tipo, e pela programação de devolução dos
contêineres aos terminais operadores.

Os estudos de oferta e demanda permitem a determinação do local e o momento em


que o contêiner será necessário ou irá estar. Para isso, sistemas de rastreamento de
embasamento à informação podem ser utilizados.

68
As estatísticas adquiridas nos terminais de contêineres sobre a quantidade e a situação
dos contêineres constituem uma base importante a ser utilizada pelo gestor.

Em um processo onde se prioriza a integração, as informações são constatadas pelo


responsável pela gestão logística da localidade, que agrupa as informações geradas
em um único documento, que posteriormente é enviado ao controle central do
operador, todos os dias. Normalmente, o método para transmissão utilizado é o EDI
(Eletronic Data Interchange, ou Intercâmbio Eletrônico de Dados, em português).

Fonte: Nobre, Robles e Santos, 2005.

69
A determinação da produtividade do contêiner é constatada pelo tempo de duração
de cada ciclo – quanto mais o contêiner se movimenta, maior é a sua produtividade. No
Brasil, as regras da Aduana estipulam prazos para a nacionalização da carga, que são de
90 dias da descarga e até 120 dias da entrada da mercadoria na alfândega.

A geração de custos para a permanência do equipamento com o importador é estipulada


pelos armadores e é normal o estabelecimento de dez dias, a partir do desembarque.

Dentre os motivos para a demora na devolução de unidades vazias estão os atrasos


para o começo dos trâmites com os armadores, falhas documentais das entidades
governamentais, apreensões de mercadorias fora dos padrões legais, abandono de
carga, falta de espaço ou de condições para receber as mercadorias, entre outros.

Os contêineres recebidos são inspecionados e as eventuais avarias são descritas


para que sejam aprovados pela execução de reparos, retirando-se de circulação os
contêineres sem condição de novas operações.

2 Logística Reversa dos Contêineres

A logística reversa consiste no gerenciamento do fluxo de material que se dá de forma


oposta ao fluxo de suprimento convencional. Ela abrange as atividades logísticas de
todo o caminho de retorno que os produtos, já utilizados e não mais necessários aos
usuários, fazem para que se tornem produtos novamente utilizáveis, ou de descarte.

A maior questão que deve ser discutida na distribuição reversa de contêineres é como
os canais normais e reversos devem ser integrados.

A reutilização de produtos pode ser classificada por alguns critérios, tais como:

• Motivo da busca pela reutilização (econômico, ambiental etc.);

• Tipo de itens recuperados (embalagens, componentes, produtos);

• Forma de reutilização (direta, reparada, reciclada ou remanufaturada).

Considerando os critérios mencionados, os contêineres estão classificados na


motivação econômica, no tipo de embalagem e na forma de reutilização direta.

70
Uma particularidade das redes de distribuição reversas é o alto grau de incerteza do
estado em que os itens irão retornar à sua origem, ou seja, a maneira como vão estar
os itens após sua utilização. No caso dos contêineres, muitas vezes são necessárias
profundas reformas para que possam voltar a ser utilizados.

O que agrega complexidade ao ciclo reverso é a interação entre os fluxos de contêineres


retornando e os fluxos normais. Esses dois fluxos não podem ser tratados de forma
independente, mas precisam ser considerados simultaneamente, a fim de permitir um
planejamento adequado.

3 Tecnologia da Informação – TI

A Tecnologia da Informação tem evoluído para uma posição estratégica, apresentando


ganhos com o uso de ferramentas, tais como a ferramenta denominada Intercâmbio
Eletrônico de Dados (EDI) e E-commerce (pela Internet) nas suas operações.

Armadores, agentes marítimos, operadores portuários, terminais de contêineres,


depósitos, autoridades portuárias e outras instituições do setor de transporte de
cargas despertaram nos últimos anos para os benefícios dessas ferramentas.

Há pouco tempo, a tecnologia utilizada para a gestão de contêineres incluía apenas os


sistemas de controle de folha de pagamento e outros sistemas de escopo administrativo
para o Gerenciamento Operacional, Administrativo e Financeiro, auxiliados por
Sistemas de Apoio à Decisão (SAD) e Sistemas de Apoio Executivo (SAE).

A busca por melhores ferramentas de TI ocorreu para:

• atender às necessidades de autoridades locais de fiscalização;

• garantir a qualidade em todas as operações;

• gerar informações para a tomada de decisão à gestão;

• reduzir os custos de todas as operações;

• localizar espacialmente os contêineres;

• permitir controles básicos de todas as atividades com os contêineres.

71
A escolha da tecnologia mais adequada para solucionar os problemas de sua empresa
depende de diversos fatores.

gg
Conheça mais sobre logística de contêineres acessando o link a
seguir. Confira!

http://www.simpoi.fgvsp.br/arquivo/2006/artigos/e2006_
t00217_pcn36393.pdf

Resumindo

O gerenciamento das operações que utilizam contêineres é um processo


complexo que envolve muitas decisões.

As previsões de demanda e oferta permitem determinar o local e o


momento em que o contêiner será necessário ou irá estar.

O que agrega complexidade ao ciclo reverso é a interação entre os fluxos


de contêineres retornando e os fluxos normais.

72
Atividades

aa
A seguir marque a alternativa correta nas questões.

1) A reutilização de produtos pode ser classificada por alguns


critérios, como:

a. ( ) Tipo de itens recuperados.

b. ( ) Forma de reutilização.

c. ( ) Motivo da busca pela reutilização.

d. ( ) Data de utilização.

2) O gestor deve definir a alocação de contêineres e suas


rotas, baseando-se em informações sobre as quantidades de
contêineres vazios, a área disponível, a programação de
partida dos navios, as demandas de contêineres, e o potencial
de devolução de contêineres aos terminais pelos
importadores.

( ) Certo ( ) Errado

3) Podem ser consideradas vantagens da unitização:

a. ( ) Atender as necessidades de autoridades locais de


fiscalização.

b. ( ) Garantir a qualidade em todas as operações.

c. ( ) Impedir a tomada de decisões.

d. ( ) Reduzir os custos de todas as operações.

73
4) A Tecnologia da Informação tem evoluído para uma posição
estratégica, apresentando ganhos com o uso de ferramentas,
tais como a Intercâmbio Eletrônicos de Dados (EDI) e
Ecommerce (pela Internet) nas suas operações.

( ) Certo ( ) Errado

5) A maior questão que deve ser discutida na distribuição


reversa de contêineres é como os canais normais e reversos
devem ser integrados.

( ) Certo ( ) Errado

74
Referências

ABRATEC. Crescimento da movimentação de contêineres no Brasil. Portal da


internet, 2016. Disponível em: <www.abratec-terminais.org.br>. Acesso em: 22 jun.
2016.

ANTAQ. Movimentação de contêineres: quadro comparativo. Portal da internet, 2016.


Disponível em: <www.antaq.gov.br>. Acesso em: 23 jun. 2016.

BANDEIRA, D. L. Alocação e movimentação de contêineres vazios e cheios – um


modelo integrado e sua aplicação. Tese de doutorado, Escola de Administração,
Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal do Rio Grande
do Sul, julho de 2005.

BOWERSOX, D. J.; CLOSS, D. J. Logistical management: the integrated supply chain


process. New York: McGraw Hill, 1996.

LAI, K. K., LAM, K., CHAN, W. K. Shipping container logistics and allocation. Journal of
the Operational Research Society, v. 46, n. 6, p. 687-697, 1995.

NOBRE, M; ROBLES, L. T.; SANTOS, F. R. A Gestão Logística dos Contêineres Vazios.


Santos, ANAIS do SINAP 2005, 5-7 out. 2005.

RIOS, L. R.; MAÇADA, A. C. G.; BECKER, J. L. Análise da Eficiência das Operações nos
Terminais de Contêineres do Mercosul. XXVIII ENAMPAD – Encontro Nacional dos
Programas de Pós-Graduação em Administração, 2004.

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Gabarito

Questão 1 Questão 2 Questão 3 Questão 4 Questão 5

Unidade 1 B-C-D A-D C C E

Unidade 2 A-B-D A-B-C E C C

Unidade 3 A-C A-C C C C

Unidade 4 B-D B C E C

Unidade 5 B-D C E C E

Unidade 6 B-C A-B-C C C C

Unidade 7 A-C C A-B C C

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