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Singular - Jose Maria Duarte
Singular - Jose Maria Duarte
Poemas
SINGULAR
(José Maria Duarte)
Singular 2 José Maria Duarte
MÁRCIA
FILHOS
(para Duarte Neto e Amália Eloi)
Pé de Umbu
Decifrar um umbuzeiro
Mas antes observar
Do lado de cá da rodagem
Seu tronco torto e enrugado
As folhas verdinhas, miudinhas.
Um monte de galhos emaranhados
Desafiando tempos e memórias
Ouvindo verdades e mentiras
Isso somente a imaginar
O que possa passar por um umbuzeiro
Aquele umbuzeiro
É um quadro ainda vivo
Onde, arrodeando sua imagem.
Estão o curral e o leite de madrugadinha
O grupo fechado
O agave espalhado
O depósito escancarado
Um sol e nenhuma nuvem cheia
E diante dele
Eu.
Singular 5 José Maria Duarte
Vou Indo
Um Toque
Vivendo as diferenças
as teclas se alternam
os sons se multiplicam
cada nota revela uma historia
seus dedos
suas mãos
sua audição
Alma suada...
Linha
e sentou
sozinho,
Na exata linha que divide o antes e o depois...
Dor, não.
17.
Nada se via.
Tudo era negrume
Dia...
O Onze
(Para Duarte Neto)
“Quiança”
(Para Carol Queiroz)
Minha
Fragmentos
Giz
(para Amália e Dudu)
Diz giz!
O pálido ser devia ser proibido na hora do giz
(que é uma maneira de grudar alegria na cara de
alguém)
Abacaxisssssssss!
Tudo leva a crer que só nesse momento se pode ser
feliiiiiiiiiiz
porque na busca do angulo perfeito
a boca se abre, os dentes escondem a amígdala
(que é um a maneira de dizer que ta bem)
Diz Giz.
Diz de tu, de mim, dele, do acolá
diz por todos que acreditam que o giz
risca e rabisca na calçada do querer
nos quadros do tempo
todas as poses do amar
Giz.
Giiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiz!
Singular 20 José Maria Duarte
Outras Verdades
Quando faço
Quando sinto
Quando ouço
Quando aconteço
Quando toco
Quando penso
Quando sonho
Quando vejo
Quando me entrego a você
São nesses momentos que
Vivo mais.
Quando te amo.
Singular 22 José Maria Duarte
Assim mesmo.
Eu, eu mesmo!
Que não acredito que fui teu um dia
Permito-me todos os dias não te esquecer
Querendo que fosse mentira
O que tua vida mostra a minha vida
Como se fosse castigo
Não saber ficar com você
Nada Absoluto
A dificuldade em saber de ti
Torna meu querer furioso
E tão frágil
E tão nada...
Jamais
Olhos Abertos
Vá se acostumando
Com meus olhos te falando
E de breve em breve relance
As frases que só teu coração
Sabe escutar
Janeiro
Coisas do mar
Naufragar no sol
Em busca de cor e desejos
De bocas e beijos
De tanto sonhar
Porque o verão é moreno
E os corações se pedem
E se perdem
No reflexo do luar
Tantas coisas surgem em tanto mar
Que já não há a vontade de querer remar
Só as ondas sabem os limites
Dos náufragos do sol
E a cor, apesar de interessante...
Não despertam os corações cansados de tanto chover
As coisas do mar na segunda estação
Podem ser um porto seguro
Pra quem um sentimento
Ardido de doer
E, isso fica só
Entre o sonho e o sonhador
Coisas das férias!
Singular 27 José Maria Duarte
Nevoeiro
Cartazes
Madrugada
Finalmente
Olhos de Gata
Fragilidade
As falsas filosofias
Não procuram me entender
Apontam-me uns caminhos
Onde eu não sei como começa
E me julgam, me acusam
Com olhos, com malicia
Os mortais que se abusam
Lambuzam-se quando vão se prostituir
Falam tanto, quase nada
A fragilidade de minha alma
Não consegue fingir-se forte
Será o fim?
O universo que uso
São paredes mal pintadas
Velhas portas desgastadas
- Todos podem entrar e sair –
Minha fragilidade vai se esconder
Entre mundos divididos
Entre sonhos esquecidos
Onde ninguém vai adormecer
Qual é o fim?
Singular 33 José Maria Duarte
Estranha Razão
Trilha
Ansiedade
Noite Branca
Proteção
Gritos Perdidos
Teu Olhar
Realidade
Passado o tempo
Nenhum tormento, nada de lamentos
Estava feliz
Só ele sabia
Que se entregar pra utopia não era demais
Que a vida tem mais beleza
Quando se sente pureza em tudo que se faz
E ficou a sonhar
Sonhar mais e mais.
Singular 41 José Maria Duarte
Presença
Coração de Março
Garras
Tempestade
Ninguém
Impacto
Nada me assusta
Só o medo de perder você
Suas ameaças e desejos
A ausência dos teus beijos
E o toque de tuas mãos
Além disso
Nada me amedronta
A não ser
O silencio da tua voz
A falta do teu sorriso
Dos teus braços e abraços
Do teu corpo junto ao meu
Dos teus olhos flertando os meus
Apenas isso me coloca fora do prumo
Tem também a saudade
E a necessidade de você
Mas isso tudo te pertence
E você me assusta.
Singular 48 José Maria Duarte
Labirinto
Rejeição
Tristeza
Sorri
Como se deve se não há o que sentir
As esperanças não nasceram em mim
E em toda minha vida eu me feri
Sair
E me perder em terras que eu nunca vivi
Ter de novo as mesmas interrogações
E procurar noutra pessoa o que fugiu de mim
Sorrir
Como se deve se eu não sei o que é sorrir
Onde é que eu acho emoções para chorar
Se em outros beijos eu não me descobri
Perder-me
Entre as selvas desse amor fulgas
Entre as solidões dos seres únicos
Depois sentir
Que a verdade é pior que a ilusão
Que não existe realidade para um coração
Singular 51 José Maria Duarte
Burguesia
Hoje
Eu quis fazer um poema
Tatuar a rebeldia nos alicerces sociais
Mas o tempo fechou.
Censura que corta o sonho da arte
Fez a burguesia vir atrás de mim
E como são loucos!
Ridiculamente loucos...
... hoje eu quis fazer de tudo
mas o escárnio social
cortou metade de mim.
Singular 52 José Maria Duarte
Caminhada
Lentamente caminho só
Sem ter rumo certo
Olho com desinteresse ao redor
Tudo me parece deserto
É tudo confuso em minha mente
Tudo é você de perto
É o desejo de tudo em meu peito aberto
É um desses sonhos atrevidos
Tudo são anomalias quando estar aflito
Falsas utopias, tudo incerto
Mesmo cansando continuo a caminhada
Fazendo poemas com versos ignorantes
Ditos por uma ilusão mal contida
Que não sabe o prazer de duas vidas
Paro quase de repente, meio impressionado
Para onde vou ? aonde vai essa estrada?
Dos lábios , uma canção para meu mundo
Logo, sigo ansioso, no rastro de minha caçada.
Singular 53 José Maria Duarte
Poder Pirata
Nada Eterno
Passarela
O Terceiro Sexo
Homens de mentira
Vestidos de noite
Acompanhados de desilusões
E oposições
Reféns de preconceitos
Assumem o prazer de horas difíceis
São felizes com o medo
São atrizes que as esquinas eternizam
Loucos de silencio
Praguejam a realidade
Vendem o corpo em busca da alma
Riem, se embriagam de sonhos
Produzem-se e se acham únicos
E por muito pouco tempo
Conseguem amar
Como as mulheres de mentira.
Singular 57 José Maria Duarte
Teu Corpo
Outro Motivo
Tantos
Ausência
Migalhas
Teu Nome
FAROL
Três Segundos
Tão Tarde...
Andrelly
Um portao a fechar
Uns metros a percorrer
Na volta nada se ver
Mas o vazio que quer me consumir
Antes,deixa o sol se esconder
E a lagrima cair
É tarde, voce se foi...
Singular 67 José Maria Duarte
Apartamentos
O que você viu quando olhou pela janela do teu
apartamento?
Viu outro apartamento? Outros apartamentos
De dimensões diferenciadas
De janelas enfeitadas e portas fechadas
Viu o transito que com seu barulho
Incomoda a retina do próprio vizinho
Viu seu vizinho?
A moça triste que brigou com a insônia
A filha que disse que voltava e ainda não chegou
O moço sozinho que ria da própria agonia
O velho e ainda não cansado lutando contra o sono
Viu aquela lagrima, a qual você não saberia definir
a emoção dela?
O que significa aquele andar nervoso?
Aqueles passos pesados e...
Ouviu isso?
Um barulho? Uma campainha? Um telefone ou um
estampido?
Quem provoca determinada reação em minha
curiosidade?
Será seu vizinho?
A insônia que enfim convenceu a moça triste e
desacordada?
A agonia que fitava o moço que, momentos antes era
sozinho e agora é só uma lembrança?
O sono que não venceu aquele velho cansado e
abusado...
Se você conseguir abrir a janela
Talvez haja tempo de perceber que tudo visto e
relatado
É você no reflexo de um vidro empoeirado e delatador
É sua vida, que precisa da minha,
Sua vida
Nesse apartamento...
Singular 68 José Maria Duarte
TEMPO