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MM.

JUÍZO DA 4ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE BELO HORIZONTE –


MINAS GERAIS

DISTRIBUIÇÃO POR DEPENDÊNCIA À EXECUÇÃO DE TÍTULO


EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL Nº 5132842-51.2017.8.13.0024

RICARDO PASSOS COELHO CARLOS DA SILVA, brasileiro, em união


estável, administrador, inscrito no CPF sob o nº 026.706.126-95, residente e
domiciliado em Belo Horizonte - MG, na Rua Josino de Brito, n° 179, Bairro Jardim
Atlântico – CEP 31.555-060, vem, perante Vossa Excelência, por seu advogado no
fim assinado, conforme procuração em anexo, opor os presentes EMBARGOS À
EXECUÇÃO contra o BANCO BRADESCO S/A, pessoa jurídica de direito
privado, inscrita no CNPJ sob o nº. 60.746.948/0001-12, com sede no Núcleo Cidade
de Deus, Vila Yara, s/nº, Osasco – São Paulo – CEP nº 06.029-900, pelas razões de
direito adiante articuladas:

I.
O processo de execução apartado
O banco/embargado promoveu a “execução de título extrajudicial” contra o ora
embargante.
Alegou o banco/embargado que é credor do valor de R$ 29.980,48, decorrente do
“INSTRUMENTO PARTICULAR DE CONFISSÃO DE DÍVIDA nº 324852903 e

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NOTA PROMISSÓRIA n° 1740492 anexa, pelo qual o Executado(a) reconheceu e
confessou dever ao Exequente o valor de R$ 27.370,09 (vinte e sete mil trezentos e
setenta reais e nove centavos), o qual pagaria em 36 (trinta e seis) parcelas mensais
no valor de R$ 1.071,38 (um mil e setenta e um reais e trinta e oito centavos), já
acrescidas de taxa de juros de 1,7% ao mês, com vencimento inicial em 15/06/2017.

O embargante, após a cassação da sentença em sede de recurso de apelação, foi dado


como citado após a juntada do mandado correspondente em 30/11/2021.

II.
Preliminares
II.1.
O título exequendo é “ilíquido” impossível atingir ao valor líquido do eventual saldo
devedor exequendo - o quantum exequendo só se apura através de processo de
conhecimento extinção sem resolução do mérito

O “Instrumento de Confissão de Dívidas nº 324852903” consta que o valor da dívida


confessada é de R$ 27.370,09 remetendo a origem deste valor ao ANEXO 1 que
integrou aquele documento.
Neste ANEXO 1 informa a existência de 03 (três) origens diversas, a saber:
CONTRATO nº 4278, CONTRATO nº 7200402 e CONTRATO nº 4086982.

Entretanto, não há qualquer informação sobre as origens de tais contratos.

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E o item “b”, do Quadro Resumo não esclareceu a origem do saldo devedor
confessado e muito como se apurou o saldo devedor executado.

Observa-se que não ficou esclarecido o critério de atualização do valor da “dívida


confessada”, distanciando e muito, a exigência legal de liquidez dos títulos de crédito
extrajudiciais.

Transcreve-se a Cláusula I com o fito de realçar seu conteúdo desconexo e intrincado,


sem nitidez e precisão, não se podendo saber o valor pecuniário LÍQUIDO da dívida
a primo ictu oculi ou por simples cálculo aritmético, in litteris:

[vide id. 29954473]


O art. 783 do CPC dispõe que: “A execução para cobrança de crédito fundar-se-á
sempre em título de obrigação certa, líquida e exigível”.

Essa norma é cogente [sempre] quanto à liquidez da obrigação do título de crédito


extrajudicial que o autorize proceder a sua cobrança através do processo de execução;
na hipótese em apreço se tratando de uma confissão de dívida enquadrada no inc. III
do art. 784 do CPC: “... III. o documento particular assinado pelo devedor e por 2
(duas) testemunhas;”.

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Ora, data maxima venia, forçoso reconhecer --até pelo mais neófito no direito-- que o
“INTRUMENTO DE CONFISSÃO DE DÍVIDA” exequendo não possui liquidez,
diante da necessidade de apuração do valor e origens dos CONTRATOS que lhe
servem de referência, o que somente será possível aferir através de ação de
conhecimento.

A liquidez é um conceito de direito material. Melhor, o princípio da liquidez da


obrigação refere-se à capacidade de determinação do objeto da obrigação.

E na hipótese sub cogitabondo a obrigação é ILÍQUIDA, pois a determinação do


quantum debeatur dependerá de investigação de fatos exteriores ao título
[instrumento de confissão de dívida] que o instituiu, não se apurando o seu valor
mediante simples cálculo aritmético: investigar sobre o valor dos “CONTRATOS”,
natureza das UNIDADES FINANCIADAS e as DUPLICATAS VENCIDAS
relacionadas no DEMONSTRATIVO DO DÉBITO.

A ação executiva não veio instruída com as cópias dos “contratos vencidos”
referentes ao negócio subjacente que gerou o título executivo e serviu para o cálculo
da “dívida confessada”. Não há documentos individualizados destes elementos que
supostamente provariam a efetiva liberação dos recursos na conta do executado; não
trazidos sequer os extratos bancários correspondentes; toda essa documentação
indispensável para a comprovação da certeza da obrigação exigida.

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Diante da situação jurídica e fática que emolduram ao caso concreto, só restando ao
banco/embargado definir por decisão judicial em processo de conhecimento os
valores porventura devidos com base no “Instrumento de Confissão de Dívida n.
324852903, HÁ DE SER ACOLHIDA ESTA PRIMEIRA PRELIMINAR, DANDO
PELA PROCEDÊNCIA DOS PRESENTES EMBARGOS À EXECUÇÃO PARA
EXTINGUIR O PROCESSO DE EXECUÇÃO, ANTE A ILIQUIDEZ DO TÍTULO
[CPC, art. 783 c.c. arts. 485, I e IV; 924, I e 925].

Ii.2. Extinção da execução impossibilidade de apuração do saldo devedor


confessado, pois: ausentes as informações sobre os saldos devedores confessados
nos contratos bancários anteriores encadeados que deram origem à “renegociação
da dívida” via “confissão de dívida” exequenda [data de vencimentos, valores nos
vencimentos, encargos aplicados, extratos, dentre outros], tornando impossível a
apuração do valor efetivamente devido; VIOLAÇÃO dos arts. 783 e 803, I,
parágrafo único do CPC - PRECEDENTES JURISPRUDENCIAIS –

Depreende-se que a execução apensada tem como título executivo extrajudicial o


“Instrumento de Confissão de Dívida nº 324852903.

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Destila-se do título exequente que se trata de repactuações de anteriores contratos de
mútuo firmados entre as partes objetivando a concessão de crédito.

Não há dúvidas da existência de vários e anteriores contratos de financiamentos


firmados pelo banco embargado junto ao embargante.

Esses contratos em sequência serviram para quitar os anteriores vencidos; e assim foi
feito sucessivamente até chegar no último deles que é o objeto da execução apensada.

Entretanto, como lhe incumbia, o banco/embargado não trouxe no processo da


execução toda a cadeia dos contratos para verificação dos seus termos, encargos e
taxas aplicadas pelo banco, com a correção do valor final. E o pior!
A memória de cálculo apresentada na execução pelo banco/embargado está inócua,
limitada aos termos da última renegociação da dívida [o título em execução]. Não
abarcou todo o período relacionado à construção do débito.

Da maneira como postulado na execução está impossível ao embargante se defender


quanto ao valor correto da eventual dívida existente.

O Colendo SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA traz o seguinte enunciado ao


editar a Súmula 286, in verbis:

“A renegociação de contrato bancário ou a confissão de dívida não impede a


possibilidade de discussão sobre eventuais ilegalidades dos contratos anteriores”.

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Assim, na specie O TÍTULO EXTRAJUDICIAL EXEQUENDO É ILÍQUIDO, pois
sua finalidade era possibilitar a sobrevivência do executado enquanto perdurou seu
estado de desemprego; e o banco/embargado NÃO APRESENTOU na peça de
ingresso da execução, a fim de verificação da regularidade, as pactuações anteriores
das renegociações que culminaram na confissão de dívida executada.

A jurisprudência se orienta a primeiro relance no sentido de ser ônus das instituições


financeiras, in casu o embargante/exequente, em processos de execução proceder à
juntada dos contratos e documentos que originaram o débito, sob pena de nulidade
inarredável do processo de execução diante da iliquidez e ausência de documento
essencial para o deslinde dos embargos à execução.

Valham as contundentes decisões do colendo SUPERIOR TRIBUNAL DE


JUSTIÇA:

“PROCESSO CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO ESPECIAL.


AGRAVO REGIMENTAL. OMISSÃO NO ACÓRDÃO RECORRIDO.
INOCORRÊNCIA. PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA. REVISÃO DE
CONTRATOS EXTINTOS. POSSIBILIDADE. EXECUÇÃO PROPOSTA
DESACOMPANHADA DOS CONTRATOS QUE DERAM ORIGEM AO
DÉBITO. DETERMINAÇÃO DE JUNTADA NÃO ATENDIDA. EXTINÇÃO DA
EXECUÇÃO. POSSÍBILIDADE. omissis...” 3. Os contratos bancários são passíveis
de revisão judicial, ainda que tenham sido objeto de novação, pois não se pode
validar obrigações nulas (Súmula 286 desta Corte). 4. A execução fundada em
contrato de confissão de dívida proposta desacompanhada dos contratos que
originaram o débito não pode ser rejeitada de plano, mas que deve ser oportunizada
à parte a juntada de documentos e demonstrativos referentes à dívida em execução,
conforme determinado pelo Colegiado de origem, mesmo que já oferecidos

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embargos do devedor. 5. Não tendo o exequente cumprido a determinação de
exibição dos contratos renegociados e dos demonstrativos completos da evolução
dos débitos repactuados, correta a conclusão pela extinção da execução em razão da
ausência de liquidez, certeza e exigibilidade do título. 6. Agravo regimental
provido.” [STJ, AgRg no AI 1.054.642/SC, DJe 25.10.2011]

Esse entendimento converteu-se num outdoor no SUPERIOR TRIBUNAL DE


JUSTIÇA, v.g.: AgRg no Resp 988.699/SC, Dje 17.03.2008; AgRg no Resp
871.400/SC, DJ 12.03.2007; AgRg no AI 801.930/SC, DJ 14.02.2007.

Vogando na esteira o r. TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS


GERAIS:

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - EMBARGOS À EXECUÇÃO DE


INSTRUMENTO PARTICULAR DE CONFISSÃO DE DÍVIDA - ASSINATURA
DO CREDOR - DESNECESSIDADE - OPERAÇÕES BANCÁRIAS
ANTERIORES - NOVAÇÃO - INOCORRÊNCIA - PRETENSÃO DE REVISÃO
DOS CONTRATOS PRIMEVOS - SÚMULA Nº 286, DO STJ - APLICAÇÃO -
EXAME NÃO REALIZADO NA SENTENÇA VERGASTADA - NECESSÁRIA
EXIBIÇÃO DOS INSTRUMENTOS CONTRATUAIS E RESPECTIVOS
EXTRATOS DAS AVENÇAS ORIGINÁRIAS - DOCUMENTO
INDISPENSÁVEL AO JULGAMENTO DO FEITO - ACOLHIMENTO DA
PRELIMINAR DE NULIDADE DA SENTENÇA POR CERCEAMENTO DE
DEFESA. - O título exequendo está assinado pelos devedores e por duas
testemunhas, o que lhe confere regularidade, uma vez que o art. 585, II, do
CPC/1973, não exige, em se tratando de "documento particular", a firma do credor -
Na contratação de Confissão de Dívida, a mera estipulação de novos encargos e
condições de pagamento, com o alongamento do vencimento, sem alterações
substanciais da obrigação pré-existente entre as partes, não importa em novação,
uma vez que não há extinção de um débito anterior por nova obrigação constituída,
mas tão somente a confirmação da dívida pretérita - "A renegociação de contrato

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bancário ou a confissão da dívida não impede a possibilidade de discussão sobre
eventuais ilegalidades dos contratos anteriores." (Súmula nº 286, do STJ)- Nos
Embargos à Execução em que a parte Embargante deixa clara sua pretensão de
revisar todos os contratos firmados com a instituição financeira, anteriores à
Confissão de Dívida, o julgamento sem a análise de tal questionamento e sem a
juntada dos respectivos Instrumentos e extratos, que se mostram indispensáveis para
o exame da existência e legalidade, ou não, apontadas pelo Devedor, importa em
cerceamento de defesa. (TJ-MG - AC: 10702100773523001 MG, Relator: Roberto
Vasconcellos, Data de Julgamento: 30/11/2016, Data de Publicação: 07/12/2016).

Outrossim, acaso superada a premissa anterior, não estando o banco desvencilhado


desse onus probandi , verificado no processo da execução que AS PLANILHAS
DOS DÉBITOS juntadas na inicial da execução se revelam vazios; SEJA
DETERMINADO AO BANCO/EMBARGADO para no prazo de 15 (quinze) dias
proceda à juntada nos presentes autos dos contratos, títulos de créditos e respectivos
extratos que deram origem à confissão de dívida em execução; bem como todos os
documentos que se façam necessários para a efetiva conferência do valor exequendo,
indicando de modo preciso quais os encargos incidentes em cada avença --há
interesse comum no deslinde da lide e o banco têm obrigação de guardar --, sob pena
de extinção do processo de execução com esteio no art. 485, III e VI do CPC.

III.

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MÉRITO. EXCESSO DE EXECUÇÃO DOS ENCARGOS INCIDENTES
SOBRE OS CONTRATOS ANTERIORES E NA ÚLTIMA REPACTUAÇÃO
REPRESENTADA PELA CONFISSÃO DE DÍVIDA EXEQUENDA:

a) impossibilidade de apresentar qual seria o valor correto da dívida


considerando os contratos anteriormente renegociados [CPC, art. 917, § 3º],
pois o banco/embargado não juntou aos autos os contratos anteriores [que
foram renegociados até a derradeira “Confissão de Dívida” em execução] e
seus respectivos extratos. Pedido incidental para juntada na SEGUNDA
PRELIMINAR com esteio na Súmula 286 do STJ-

Ab initio há de ser ressaltado que o embargante não olvida a exigência de apresentar o


valor correto da dívida combatida com demonstrativo discriminado e atualizado de
seu cálculo, em obediência à dicção do art. 917, § 3º do CPC.

Entretanto, há peculiaridade no feito sub lide, pois como desenvolvido


caudalosamente na SEGUNDA PRELIMINAR, o “Instrumento de Confissão de
Dívida” exequendo representa o resumo das repactuações originadas de primitivos
CONTRATOS, não tendo o banco/embargado juntado esses instrumentos e seus
extratos para que possibilite ao embargante, no exercício máximo do direito de defesa
e sem o constrangimento intolerável do cerceamento de defesa, proceda à conferência
geral para identificação de ilegalidades e apontar qual seria o valor correto da
cobrança.

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Et pour causae, haverá de ser aplicado o enunciado com força de precedente pela
Súmula 286 do STJ: “A renegociação de contrato bancário ou a confissão da dívida
não impede a possibilidade de discussão sobre eventuais ilegalidades dos contratos
anteriores”.
Da maneira como postulado na execução está impossível ao embargante se defender
quanto ao valor correto da eventual dívida existente.

E ainda, nesta SEGUNDA PRELIMINAR, foi pedido cumulativamente que o


banco/embargado junte os contratos que formaram a cadeia de pactos até a última
renegociação da dívida, representada pela confissão de dívida objeto da execução
apensada e ora resistida.

Ademais, a matéria em voga exigirá a produção de prova pericial contábil por sua
relevância e especialidade , que será deliberada por decisão incidental ou quando do
saneamento do processo.

Por estes motivos não há como o embargante nesta oportunidade apresentar o


demonstrativo do crédito, apontando o valor correto do débito.

b) a Formação da Dívida e a Forma de Pagamento é incompreensível.

Debruçando-se por várias vezes sobre o título extrajudicial exequendo a constatação é


uma só: NÃO HÁ INFORMAÇÕES DE COMO SE CHEGOU AO SALDO

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DEVEDOR EXECUTADO.

Daí porque também não é possível conferir a correção do valor dos débitos anteriores
e renegociados e como se formalizou em obediência à lei os saldos devedores
confessados no título extrajudicial em execução.

c) cumulação ilegal de vários encargos

Além das questões já mencionadas no bojo dos presentes embargos à execução que
impossibilitam a apuração do valor da dívida, extrai-se da planilha do débito
apresentada com o Termo de Confissão de Dívidas a ilegal incidência cumulada de
vários encargos.

Como não foram apresentados os contratos que originaram a dívida confessada, NÃO
HÁ COMO SABER SE ESTES ENCARGOS FORAM PACTUADOS E NEM
COMO APURAR SE A INCIDÊNCIA DOS MESMOS FOI APLICADA DE
FORMA CORRETA.
Ora, não se sabendo os termos do débito confessado, redobrada venia, inconcebível
corrigir a dívida passada com utilização dos vários fatores de correção, suportados
ilegalmente pelos devedores.

Por mais este motivo, imperioso a apresentação dos contratos anteriores, sem o que
sobressaltará ser nulo o título exequendo, não suscetível para instruir o processo de
execução.

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Ilegalidade de incidir no período de inadimplência comissão de permanência
(disfarçada) mais multa de 2%, mais juros de mora mais juros sobre juros
(anatocismo/capitalização) em contrato de renegociação de dívida.

São inacumuláveis a comissão de permanência com os demais encargos da mora. Em


caso de atraso de pagamento incidirá apenas a comissão de permanência [se previsto
no contrato] ou os demais encargos moratórios estabelecidos nos contratos que deram
origem à atualização do valor histórico.

Sem sombra de dúvidas a cobrança de comissão de permanência, juros capitalizados


e a multa de 2% só poderiam incidir se expressamente prevista nos contratos
anteriores que deram vazão à repactuação representada pela Confissão de Dívida.

Houve a prática de cobranças ilegais de comissão de permanência [juros sobre juros],


tendo em vista que ao se aplicar os juros moratórios e a multa sobre os valores
atualizados, caracterizou-se a ilegal incidência de juros sobre juros não pactuadas nos
tratos anteriores.

Por isso, O VALOR DOS DÉBITOS CONFESSADOS SÃO AQUELES CAUSAIS


DOS CONTRATOS ATUALIZADOS E COM JUROS MORATÓRIOS A PARTIR
DOS SEUS RESPECTIVOS VENCIMENTOS, POSTO QUE NÃO
DEMONSTRADO OUTRA FORMA ENTABULADA ENTRE AS PARTES.

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Noutra vértice, SE ADMITIDA A COMISSÃO DE PERMANÊNCIA NOS
CONTRATOS A SEREM APRESENTADOS PELO BANCO/EMBARGADO
PARA SE APURAR O SALDO DEVEDOR CONFESSADO, A SUA TAXA
HAVERÁ DE SER A DO CONTRATO, SEM CUMULAÇÃO COM QUALQUER
ENCARGO MORATÓRIO OU REMUNERATÓRIO, TAIS COMO A CORREÇÃO
MONETÁRIA [STJ, SÚMULA 30- A comissão de permanência e a correção
monetária são inacumuláveis], JUROS REMUNERATÓRIOS [STJ, SÚMULA 296-
Os juros remuneratórios, não cumuláveis com a comissão de permanência, são
devidos no período de inadimplência, à taxa média de mercado estipulada pelo
Banco Central do Brasil, limitada ao percentual contratado], JUROS
MORATÓRIOS E MULTA CONTRATUAL [STJ, SÚMULA 472- A cobrança de
comissão de permanência- cujo valor não pode ultrapassar a soma dos encargos
remuneratórios e moratórios previstos no contrato- exclui a exigibilidade dos juros
remuneratórios, moratórios e da multa contratual].

IV.
GRATUIDADE DA JUSTIÇA

Data venia, de pronto mister afirmar que a “gratuidade da justiça” tem berço
constitucional no art. 5º, inciso LXXIV da Carta Magna estabelecendo que “o Estado
prestará assistência judiciária integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência
de recursos”.

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O embargante não dispõe de recursos financeiros para pagar as custas, as despesas
processuais e os honorários advocatícios que incidirão sobre os presentes autos,
fazendo, portanto, jus à gratuidade da justiça, como prescrito literalmente pela
legislação pátria.

O art. 99, § 3º do CPC estabelece a presunção relativa de veracidade à declaração de


hipossuficiência financeira das pessoas físicas que pleiteiam a concessão de benefício
de gratuidade da justiça.

Não se pode olvidar que a assistência jurídica integral aos necessitados, garantia de
dignidade constitucional, tem por desiderato possibilitar o acesso à Justiça ao
economicamente hipossuficiente, sendo de rigor a observância dos preceitos legais
afirmativos dessa franquia democrática.

Assi, o embargante requer em primeira premissa o deferimento da gratuidade da


justiça [CPC, art. 98, caput].

Subsidiariamente, superado anterior pleito, diante da momentânea impossibilidade


financeira do embargante, seja-lhes concedido de pronto o diferimento do pagamento
das custas e despesas processuais para serem quitadas somente depois de proferida
sentença de mérito dos presentes embargos à execução [Lei Estadual n. 11.608/2003,
art. 5º, IV c.c. art. 98, § 5º do CPC].

V.

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PEDIDOS

Ex positis, requer:

a) SEJA ACOLHIDA A PRIMEIRA PRELIMINAR DANDO PELA


PROCEDÊNCIA DOS PRESENTES EMBARGOS À EXECUÇÃO PARA
EXTINGUIR O PROCESSO DE EXECUÇÃO, ANTE A ILIQUIDEZ DO TÍTULO
[CPC, art. 783 c.c. arts. 485, I e IV; 924, I e 925];
b) ultrapassada a prefacial anterior, por não estar a execução instruída com
documentação hábil ao ajuizamento da lide e instrumentalizada com título ilíquido,
transgredindo essa inarredável exigência para fluir o processo dentro da norma
prevista pelo arts. 783 e 803, I e parágrafo único do CPC, IMPONDO-SE O
ACOLHIMENTO DESTA SEGUNDA PRELIMINAR DANDO PELA EXTINÇÃO
DA EXECUÇÃO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO [CPC, art. 485, I].

c) Outrossim, acaso superada a SEGUNDA PRELIMINAR, não estando o banco


desvencilhado desse onus probandi, verificado no processo da execução que AS
PLANILHAS DOS DÉBITOS juntados na inicial da execução se revelam vazios;
SEJA DETERMINADO INCIDENTALMENTE OU NA DECISÃO SANEADORA
PARA QUE O BANCO/EMBARGADO no prazo de 15 (quinze) dias proceda à
juntada nos presentes autos dos CONTRATOS QUE DERAM ORIGEM AO
CONTRATO DE CONFISSÃO ORA EXEQUENDO E RESPECTIVOS
EXTRATOS; BEM COMO TODOS OS DOCUMENTOS QUE SE FAÇAM
NECESSÁRIOS PARA A EFETIVA CONFERÊNCIA DO VALOR EXEQUENDO,

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INDICANDO DE MODO PRECISO QUAIS OS ENCARGOS INCIDENTES EM
CADA AVENÇA --há interesse comum no deslinde da lide e o banco têm obrigação
de guardar--, SOB PENA DE EXTINÇÃO DO PROCESSO DE EXECUÇÃO COM
ESTEIO NO art. 485,III e VI do CPC;

d) SEJA DECLARADA A ILEGALIDADE DA INCIDÊNCIA DE VÁRIOS


ENCARGOS POSTERIORES AOS VENCIMENTOS DOS CONTRATOS NÃO
PACTUADOS NOS CONTRATOS PRIMITIVOS INSERIDOS ILEGALMENTE
NO CÁLCULO DO DÉBITO PELO BANCO/EMBARGADO;

e) SEJA DECLARADA A ILEGALIDADE DA INCIDÊNCIA NO PERÍODO DA


POSTERIOR AOS VENCIMENTOS DAS DUPLICATAS E COMISSÃO DE
PERMANÊNCIA, MAIS MULTA DE 2%, MAIS JUROS DE MORA E JUROS
SOBRE JUROS;

f)SEJA DECLARADO QUE O VALOR DOS DÉBITOS CONFESSADOS SÃO


AQUELES CAUSAIS DOS CONTRATOS ATUALIZADOS E COM JUROS
MORATÓRIOS A PARTIR DOS SEUS RESPECTIVOS VENCIMENTOS, POSTO
QUE NÃO DEMONSTRADO OUTRA FORMA ENTABULADA ENTRE AS
PARTES;

g) SEJA DECLARADO QUE SE ADMITIDA A COMISSÃO DE PERMANÊNCIA


NO CONTRATO A SER APRESENTADO PELO BANCO/EMBARGADO PARA
SE APURAR O SALDO DEVEDOR CONFESSADO, A SUA TAXA HAVERÁ DE

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SER A DO CONTRATO, SEM CUMULAÇÃO COM QUALQUER ENCARGO
MORATÓRIO OU REMUNERATÓRIO, TAIS COMO A CORREÇÃO
MONETÁRIA [STJ, SÚMULA 30- A comissão de permanência e a correção
monetária são inacumuláveis], JUROS REMUNERATÓRIOS [STJ, SÚMULA 296-
Os juros remuneratórios, não cumuláveis com a comissão de permanência, são
devidos no período de inadimplência, à taxa média de mercado estipulada pelo Banco
Central do Brasil, limitada ao percentual contratado], JUROS MORATÓRIOS E
MULTA CONTRATUAL [STJ, SÚMULA 472- A cobrança de comissão de
permanência- cujo valor não pode ultrapassar a soma dos encargos remuneratórios e
moratórios previstos no contrato- exclui a exigibilidade dos juros remuneratórios,
moratórios e da multa contratual];

h) o deferimento da gratuidade da justiça [CPC, art. 98, caput]. Logrando demonstrar


as suas hipossuficiências, o embargante requer em primeira premissa o deferimento
da gratuidade da justiça [CPC, art. 98, caput].

i) Subsidiariamente, se superado o anterior pleito, diante da momentânea


impossibilidade financeira do embargante, seja-lhe concedido de pronto o
diferimento do pagamento das custas e despesas processuais para serem quitadas
somente depois de proferida sentença de mérito dos presentes embargos à execução
[art. 5º, IV c.c. art. 98, § 5º do CPC].

j) sejam DEFERIDAS A PRODUÇÃO DE PROVAS DOCUMENTAL,


TESTEMUNHAL e PERICIAL CONTÁBIL .

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Valor da causa: R$ 29.980,48
P. Deferimento.

Belo Horizonte, MG, em 18 de janeiro de 2022


Eladio Lasserre
OAB/BA – 15.906

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