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Ricardo Passos X Bradesco
Ricardo Passos X Bradesco
I.
O processo de execução apartado
O banco/embargado promoveu a “execução de título extrajudicial” contra o ora
embargante.
Alegou o banco/embargado que é credor do valor de R$ 29.980,48, decorrente do
“INSTRUMENTO PARTICULAR DE CONFISSÃO DE DÍVIDA nº 324852903 e
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NOTA PROMISSÓRIA n° 1740492 anexa, pelo qual o Executado(a) reconheceu e
confessou dever ao Exequente o valor de R$ 27.370,09 (vinte e sete mil trezentos e
setenta reais e nove centavos), o qual pagaria em 36 (trinta e seis) parcelas mensais
no valor de R$ 1.071,38 (um mil e setenta e um reais e trinta e oito centavos), já
acrescidas de taxa de juros de 1,7% ao mês, com vencimento inicial em 15/06/2017.
II.
Preliminares
II.1.
O título exequendo é “ilíquido” impossível atingir ao valor líquido do eventual saldo
devedor exequendo - o quantum exequendo só se apura através de processo de
conhecimento extinção sem resolução do mérito
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E o item “b”, do Quadro Resumo não esclareceu a origem do saldo devedor
confessado e muito como se apurou o saldo devedor executado.
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Ora, data maxima venia, forçoso reconhecer --até pelo mais neófito no direito-- que o
“INTRUMENTO DE CONFISSÃO DE DÍVIDA” exequendo não possui liquidez,
diante da necessidade de apuração do valor e origens dos CONTRATOS que lhe
servem de referência, o que somente será possível aferir através de ação de
conhecimento.
A ação executiva não veio instruída com as cópias dos “contratos vencidos”
referentes ao negócio subjacente que gerou o título executivo e serviu para o cálculo
da “dívida confessada”. Não há documentos individualizados destes elementos que
supostamente provariam a efetiva liberação dos recursos na conta do executado; não
trazidos sequer os extratos bancários correspondentes; toda essa documentação
indispensável para a comprovação da certeza da obrigação exigida.
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Diante da situação jurídica e fática que emolduram ao caso concreto, só restando ao
banco/embargado definir por decisão judicial em processo de conhecimento os
valores porventura devidos com base no “Instrumento de Confissão de Dívida n.
324852903, HÁ DE SER ACOLHIDA ESTA PRIMEIRA PRELIMINAR, DANDO
PELA PROCEDÊNCIA DOS PRESENTES EMBARGOS À EXECUÇÃO PARA
EXTINGUIR O PROCESSO DE EXECUÇÃO, ANTE A ILIQUIDEZ DO TÍTULO
[CPC, art. 783 c.c. arts. 485, I e IV; 924, I e 925].
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Destila-se do título exequente que se trata de repactuações de anteriores contratos de
mútuo firmados entre as partes objetivando a concessão de crédito.
Esses contratos em sequência serviram para quitar os anteriores vencidos; e assim foi
feito sucessivamente até chegar no último deles que é o objeto da execução apensada.
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Assim, na specie O TÍTULO EXTRAJUDICIAL EXEQUENDO É ILÍQUIDO, pois
sua finalidade era possibilitar a sobrevivência do executado enquanto perdurou seu
estado de desemprego; e o banco/embargado NÃO APRESENTOU na peça de
ingresso da execução, a fim de verificação da regularidade, as pactuações anteriores
das renegociações que culminaram na confissão de dívida executada.
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embargos do devedor. 5. Não tendo o exequente cumprido a determinação de
exibição dos contratos renegociados e dos demonstrativos completos da evolução
dos débitos repactuados, correta a conclusão pela extinção da execução em razão da
ausência de liquidez, certeza e exigibilidade do título. 6. Agravo regimental
provido.” [STJ, AgRg no AI 1.054.642/SC, DJe 25.10.2011]
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bancário ou a confissão da dívida não impede a possibilidade de discussão sobre
eventuais ilegalidades dos contratos anteriores." (Súmula nº 286, do STJ)- Nos
Embargos à Execução em que a parte Embargante deixa clara sua pretensão de
revisar todos os contratos firmados com a instituição financeira, anteriores à
Confissão de Dívida, o julgamento sem a análise de tal questionamento e sem a
juntada dos respectivos Instrumentos e extratos, que se mostram indispensáveis para
o exame da existência e legalidade, ou não, apontadas pelo Devedor, importa em
cerceamento de defesa. (TJ-MG - AC: 10702100773523001 MG, Relator: Roberto
Vasconcellos, Data de Julgamento: 30/11/2016, Data de Publicação: 07/12/2016).
III.
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MÉRITO. EXCESSO DE EXECUÇÃO DOS ENCARGOS INCIDENTES
SOBRE OS CONTRATOS ANTERIORES E NA ÚLTIMA REPACTUAÇÃO
REPRESENTADA PELA CONFISSÃO DE DÍVIDA EXEQUENDA:
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Et pour causae, haverá de ser aplicado o enunciado com força de precedente pela
Súmula 286 do STJ: “A renegociação de contrato bancário ou a confissão da dívida
não impede a possibilidade de discussão sobre eventuais ilegalidades dos contratos
anteriores”.
Da maneira como postulado na execução está impossível ao embargante se defender
quanto ao valor correto da eventual dívida existente.
Ademais, a matéria em voga exigirá a produção de prova pericial contábil por sua
relevância e especialidade , que será deliberada por decisão incidental ou quando do
saneamento do processo.
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DEVEDOR EXECUTADO.
Daí porque também não é possível conferir a correção do valor dos débitos anteriores
e renegociados e como se formalizou em obediência à lei os saldos devedores
confessados no título extrajudicial em execução.
Além das questões já mencionadas no bojo dos presentes embargos à execução que
impossibilitam a apuração do valor da dívida, extrai-se da planilha do débito
apresentada com o Termo de Confissão de Dívidas a ilegal incidência cumulada de
vários encargos.
Como não foram apresentados os contratos que originaram a dívida confessada, NÃO
HÁ COMO SABER SE ESTES ENCARGOS FORAM PACTUADOS E NEM
COMO APURAR SE A INCIDÊNCIA DOS MESMOS FOI APLICADA DE
FORMA CORRETA.
Ora, não se sabendo os termos do débito confessado, redobrada venia, inconcebível
corrigir a dívida passada com utilização dos vários fatores de correção, suportados
ilegalmente pelos devedores.
Por mais este motivo, imperioso a apresentação dos contratos anteriores, sem o que
sobressaltará ser nulo o título exequendo, não suscetível para instruir o processo de
execução.
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Ilegalidade de incidir no período de inadimplência comissão de permanência
(disfarçada) mais multa de 2%, mais juros de mora mais juros sobre juros
(anatocismo/capitalização) em contrato de renegociação de dívida.
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Noutra vértice, SE ADMITIDA A COMISSÃO DE PERMANÊNCIA NOS
CONTRATOS A SEREM APRESENTADOS PELO BANCO/EMBARGADO
PARA SE APURAR O SALDO DEVEDOR CONFESSADO, A SUA TAXA
HAVERÁ DE SER A DO CONTRATO, SEM CUMULAÇÃO COM QUALQUER
ENCARGO MORATÓRIO OU REMUNERATÓRIO, TAIS COMO A CORREÇÃO
MONETÁRIA [STJ, SÚMULA 30- A comissão de permanência e a correção
monetária são inacumuláveis], JUROS REMUNERATÓRIOS [STJ, SÚMULA 296-
Os juros remuneratórios, não cumuláveis com a comissão de permanência, são
devidos no período de inadimplência, à taxa média de mercado estipulada pelo
Banco Central do Brasil, limitada ao percentual contratado], JUROS
MORATÓRIOS E MULTA CONTRATUAL [STJ, SÚMULA 472- A cobrança de
comissão de permanência- cujo valor não pode ultrapassar a soma dos encargos
remuneratórios e moratórios previstos no contrato- exclui a exigibilidade dos juros
remuneratórios, moratórios e da multa contratual].
IV.
GRATUIDADE DA JUSTIÇA
Data venia, de pronto mister afirmar que a “gratuidade da justiça” tem berço
constitucional no art. 5º, inciso LXXIV da Carta Magna estabelecendo que “o Estado
prestará assistência judiciária integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência
de recursos”.
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O embargante não dispõe de recursos financeiros para pagar as custas, as despesas
processuais e os honorários advocatícios que incidirão sobre os presentes autos,
fazendo, portanto, jus à gratuidade da justiça, como prescrito literalmente pela
legislação pátria.
Não se pode olvidar que a assistência jurídica integral aos necessitados, garantia de
dignidade constitucional, tem por desiderato possibilitar o acesso à Justiça ao
economicamente hipossuficiente, sendo de rigor a observância dos preceitos legais
afirmativos dessa franquia democrática.
V.
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PEDIDOS
Ex positis, requer:
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INDICANDO DE MODO PRECISO QUAIS OS ENCARGOS INCIDENTES EM
CADA AVENÇA --há interesse comum no deslinde da lide e o banco têm obrigação
de guardar--, SOB PENA DE EXTINÇÃO DO PROCESSO DE EXECUÇÃO COM
ESTEIO NO art. 485,III e VI do CPC;
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SER A DO CONTRATO, SEM CUMULAÇÃO COM QUALQUER ENCARGO
MORATÓRIO OU REMUNERATÓRIO, TAIS COMO A CORREÇÃO
MONETÁRIA [STJ, SÚMULA 30- A comissão de permanência e a correção
monetária são inacumuláveis], JUROS REMUNERATÓRIOS [STJ, SÚMULA 296-
Os juros remuneratórios, não cumuláveis com a comissão de permanência, são
devidos no período de inadimplência, à taxa média de mercado estipulada pelo Banco
Central do Brasil, limitada ao percentual contratado], JUROS MORATÓRIOS E
MULTA CONTRATUAL [STJ, SÚMULA 472- A cobrança de comissão de
permanência- cujo valor não pode ultrapassar a soma dos encargos remuneratórios e
moratórios previstos no contrato- exclui a exigibilidade dos juros remuneratórios,
moratórios e da multa contratual];
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Valor da causa: R$ 29.980,48
P. Deferimento.
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