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O MANDADO DE INJUNCAO DIANTE DA INERCIA LEGISLATIVA E AS DECISOES QUE REMETEM AO ATIVISMO JUDICIAL Prof. Me Vagner Bertolit Adriana Aparecida Campanboli Piva? Antonio da Silva de Oliveir: Resumo © Mandado de Injuneao tem previsdo legal no artigo S°, inciso LXXT, da Constituigao Federal de 1988, com proceso ¢ julgamento definidos pela Lei n° 13.300/2016, tendo por finalidade suprir a falta de norma regulamentadora que torna inviavel o exercicio de direitos e liberdades constitucionais ¢ das presrogativas ineventes 4 nacionalidade, & soberania e & Cidadania. Nos casos em conflito, hi a necessidade de provocagio do Poder Iudicisrio, por quem alega ter 0 direito, quando érgio competente para legislar encontra-se omisso. Diante dessas perspectivas, revela-se 0 “Ativismo Indicial”, sendo uma participagao ativa e extensa do Poder Judiciério, para garantir a aplicagio efetiva do direito constitucional buscado, em face das omissées legislativas, dentro dos limites de controle fixados na Carta Maior. PALAVRAS-CHAVES: Mandado de Injungao; Norma Regulamentadora; Constituigao Federal; Ativismo Judicial. Abstract The Injunction Order has legal provision in article 5, item LXXI, of the Federal Constitution of 1988, with process and judgment defined by law 13.300/2016, with the purpose of remedying the lack of a regulatory standards that makes it impossible to exercise constitutional rights and freedoms and the inherent prerogatives of nationality, sovereignty and citizenship. In cases in conflict, there is a need to provoke the Judiciary, by whom it claims ti have the Law, when the competent body to legislate is omitted. In view of these » Advogado, Delegado de Po! Avaré, Professor da Pés Graduago da Faculdade Oswaldo Cruz, Professor da Academia de Policia de Sao Aposentado, Professor de Direito Constiweional da Faculdade Eduvale de Paulo, Mestre em Direito Constitucional, Pés Graduado em “A Produgao do Conhecimento na Pratica Docents” ¢ Pés Graduado em Ciéncias Criminais. 2 Discente do Curso de Direito da Faculdade Eduvale de Avaré, > Discente da Curso de Direito da Faculdade Eduvale de Avaré, perspectives, "Judicial Activism" is revealed, being an active and intense participation of the Judiciary, to guarantee the effective application of the constitutional law sought, in the face of legislative omissions, within the limits of control set forth in the Major Charter. KEY WORDS: Injunction Order; Regulatory Standards; Federal Constitution; Judicial Activism, 1. Introdugio © presente trabalho tem por objetivo ampliar 0 conhecimento sobre a acao constitucional de Mandado de Injuncdo e da Lei 13.300/2016, que advém para suprir a falta normativa quanto a este, disciplinando seu processo e julgamento, Atualmente, pode se verificar uma dificuldade dos érgdos institucionais para atender as demandas sociais, restando ao Poder Judiciério dar a tltima palavra para solucionar conflitos, 0 que resulta em um posicionamento ativista, evidenciando-se o discutido ativismo judicial e, se, por conta disso, haverie uma intervengto na autonomia dos Poderes. 2-0 Mandado de Injungao como Agio Constitucional A Constituigao Federal de 1988 tem previsio legal do Mandado de Injungao disposto no artigo 5°, inciso LXXI, assim como menciona o artigo 2° da Lei n° 13.300/2016, lei esta que disciplina o processo e julgamento da referida ago constitueional: “conceder-se-4 mandado de injungdo sempre que a falta total ou parcial da norma regulamentadora tome inviivel 0 exercicio de direitos ¢ liberdades constitucionais e das presrogativas inerentes & nacionalidade, a soberania e 4 cidadania” que se entende por norma regulamentadora? José Afonso da Silva leciona que: “norma regulamentadora € toda medida para tomar efetiva norma constitucional (..) a aplicabilidade da norma fica dependente da elaboragdo da lei ou de outra providéneia regulamentadora”. (SILVA, p. 453,2013) 0 Mandado de Injuncao é uma acdo constitucional, de natureza mandamental, que visa combater a “sindrome da inefetividade” das normas constitucionais, sendo importante instrumento para concretude de direitos fundamentais e de combate a inéreia legistativa, [1] Esta aco constitucional se encontra a disposicao daqueles que se julgam titulares dos direitos e prerrogativas constitucionais, mas ha obsticulos que impedem o exercicio pleno e efetivo por falta de norma regulamentadora. A finalidade precipua do Mandado de Injun¢ao consiste em atribuir imediata aplicabilidade da norma constitucional inerte por auséncia de regulamentagao. (SILVA, p. 451, 2013) E ainda, nas palavras de Fonseca (FONSECA, p.81, 2016), para a propositura da ago coustitucional de Mandado de Injungao “é necessario que ela atribua ao impetrante um diteito subjetivo, claramente delineado, cujo exercicio esteja inviabilizado tinica e exclusivamente por conta da auséncia de regulamentagao”. A doutrina identifica quatro posigdes quanto aos efeitos das decisdes do Mandado de Injuncao, sendo possivel observar tais posicionamentos na Lei n° 13.300/2016: * posicdo nao concretista: a decisdo prolatada indica a mora legislativa em regulamentar a norma, apenas formalizando a inércia do érgao responsavel pela edicdo da norma Essa posico esta superada pelo Superior Tribunal Federal, por se mostrar insuficiente para alcangar os fins desejados. * posigfio concretista individual intermediaria: a decisio sendo procedente, 0 Indiciario estabelecerd um prazo para que o poder omisso elabore a norma regulamentadora. E se, a0 fim do prazo, no houver a regulamentacio, seri assegurado ao autor os direitos por ele pleiteado. E possivel identificar essa posigao quando no artigo 8° da Lei 13.300/2016, menciona que: “ Reconhecido o estado de mora legislativa, sera deferida a injungdo para: T+ determinar prazo razoavel para que o impetrado promova a digo da norma regolamentadora; IL- estabelecer as condigdes em que se daré 0 exercicio dos direitos, das liberdades ou das prezrogativas reclamados ov, se foro ease, as condigBes em ‘que poderd o interessado promaver aco propria visando a exercé-los, caso no seja suprida a mora legislativa no prazo determinado.” (grifo nosso) * posicio concretista individual direta: a decisio tera eficdcia apenss para o autor da ago do mandado de injungao, O artigo 9°, caput, da Lei n° 13.300/2016, menciona assim: “A decisto tera efledela subjetiva lmitada as partes e produziti efeitos até oadvento da norma amentadora.” (grifo nosso) * posigio concretista individual geral: a decisao do STF produzira efeito erga omnes, suprindo a omissio legislativa, até que sobrevenha a regulamentagao, através de normatividade geral e dentro do caso concreto. Observa-se 0 disposto no artigo 9°, § 1° da Lei 13.300/2016: *Poderi ser conferida efledeia ultra partes ou erge omnes it deciso, quando isso for inerente ov indispensével ao exercicio do direito, da Libetdade ou da presrogativa objeto da impetragao.”(grifo nosso) Diante do exposto, as decisdes estabelecidas na nova lei remetem as posigdes coneretistas para ‘0 Mandado de Injungao. Alguns requisitos devem ser observados para a propositura da aga de Mandado de Injungio: “+ falta de norma reguladora de uma previsto constitucional (omissio total ou parcial do Poder Piblico): inviabilizagdo do exercicio dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes @ nacionalidade, a soberania © a cidadania - 0 mandado de injungo pressupae a existéncia de nexo de causalidade entre a ‘omissto normativa do Poder Publico e a inviabilidade do exereicio do direito, Liberdade ou prersogativa” (MORAES, 2010, p. 173) Humberto Theodoro Jinior ressalta que, de acordo com entendimento jurisprudencial, niio caberia Mandado de Injungo quando: a omiss4o legislativa nao se refira diretamente ao exercicio de direitos coustituciounis fundamentals, ato servindo, ug, para substtuir egulamentaglo contida em medida provisoria rejeitada = a disoussio se trave em tomo de constitucioualidade, iegalidade ou descumprimento de norma em vigor, visto que inexistiria 0 pressuposto da falta de regulamentacao: - ovorra a arguigéo de desrespeito 4 regra constitucional autoaplicavel, também por inocorréncia de frustraglo atribuivel a auséncia de regulamentagio; - 4 Consttuiglo tena simplesmente facultado ao legislador a outorga de cet direito, sem, eatretanto, ordené-lo, + a norma regulamentadora seja defeituosa.” (THEODORO JUNIOR, II, p. 71,2016) 3. - Mandado de Injuncio, Mandado de Seguranca e Agio Direta de Inconstitucionalidade por Omissiio Uma grande incoeréncia do ordenamento juridico brasileiro, 0 Mandado de Injungao se deparava com o problema da inércia legislativa até a edigao da Lei n° 13.300/2016, que finalmente regulamentou procedimento de processo e julgamento desta ago constitucional, que antes se servia de forma andloga do procedimento do Mandado de Seguranga, sendo estas duas ages distintas. Com a nova lei, o Cédigo de Processo Civil ¢ a lei do Mandado de Seguranga sero aplicados de forma subsidiéria (artigo 14, lei n® 13.300/2016). A aplicagio de forma subsidiaria do Mandado de Seguranga a0 Mandado de Injuncao consiste no fato de ambos apresentarem semelhangas, como “a cognigao sumaria ea comprovagio exclusivamente documental das alegagGes faticas”. (FONSECA, p. 115, 2016) Pertinente salientar a diferenciacdo entre ambas: - Mandado de Injungao: Nao hé uma amplitude quanto 20 objeto, restringindo-se a tutelar os direitos e liberdades constitucionais e as prerrogativas inerentes & nacionalidade, A soberania e 4 cidadania, quando a falta de regulamentacdo infraconstitucional obsta o seu exercicio regular. Visa amparar direitos constitucionais nao inchiidos no ordenamento juridico. (THEODORO JUNIOR, II, p. 709, 2016) - Mandado de Seguranga: Conforme o artigo 5°, inciso LXTX, da Constituigao Federal/1988: “conceder-se-4 mandado de seguranca para proteger direito liquido e certo, nao amparado por habeas corpus ou habeas dasa, quando 0 responsivel pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade piblica ou agente de pessoa juridica no exercicio de attibuigdes do Poder Pablico.” ‘Assim, nas palavras de José Afonso da Silva, o Mandado de Seguranga &: “um remédio constitucional, com natureza de agio civil, posto a disposigao de ttslazes de dizeitoliquido e certo lesad ou ameagado de lesto, por sto ou omissio de autoridade publica ou agente de pessoa juridica no exercicio de atribuigoes do Poder Publica”. (SILVA, 2013, p. 450) Outra importante distingio a ser feita, ¢ quanto & Aco Dieta de Incoustitucionalidade por Omissio em relagio ao Mandado de Injungio. Trata-se de instrumentos diferentes, enquanto esta se destina & defesa de direitos subjetivos, sendo uma ago constitucional de garantia individual, aquela tem a finalidade de tomar efetiva a norma constitucional, comunicando a omissio, na defesa objetiva, sendo ago constitucional de garantia da Constituigao. (apud. LENZA, 2015, p. 1252) 4 Analisando a Lei n® 13.300/2016 Como ja mencionado, a Lei n? 13.300/2016 vem suprir a falta de norma regulamentadora do Mandado de Tnjungao, disciplinando seu processo e julgamento, podendo ser observado 0 seguinte: 4.1) Quanto aos legitimados: ‘Sao legitimados para impetrar (legitimidade ativa) 0 Mandado de Injungao as pessoas fisicas ou juridicas que afirmam ser titulares dos direitos, das liberdades ¢ das prerrogativas inerentes & nacionalidade, A soberania e a cidadania (artigo 3°). Visa proteger quaisquer direitos assegurados pela Constituigio, sejam individuais ou coletivos, cujo exercicio se tome invivel por falta de norma regulameatadora. (SILVA, p. 452, 2013) E como impetrados (legitimidade passiva) 0 Poder, o rgio ou a autoridade com atribuigao para editar a norma regulamentadora. (Artigo 3°). Admitem-se, portanto, do lado passivo, as pessoas juridicas de direito piiblico responsaveis pela edicao dos atos normativos. (THEODORO TUNTOR, Il, p. 713, 2016) 4.2) Quanto ao deferimento da Injungao: Observado © artigo 8°, da Lei n? 13.300/2016, reconhecida a mora legislativa e deferida a injungdo, se determinaré prazo razodvel para que o Poder omisso promova a edigtio da norma regulamentadora, sendo dispensado este se constatado a falta de atendimento a mandado de injungao anterior. E ainda, estabelecer condigdes em que se dara exercicio dos direitos, liberdades ¢ prerrogativas reclamados, ou condigdes de promogio de ago propria visando exercé-los. 4.3) Quanto a decistio: A eficécia € os efeitos da decisio do Mandado de Injuncao conforme preceituado no artigo 9°, caput, §§ 1°, 2° e 3°: a) terd eficdcia subjetiva limitada as partes e produzira efeitos até 0 advento da norma regulamentadora; b) poder ter eficdcia ultra partes ou erga onmes quando for inerente ao exercicio do objeto da impetrag c) os efeitos da decistio poderio ser estendidos aos casos andlogos por decisaio monocritica do relator; E, também, de acordo com o artigo 10: “Sem prejuizo dos efeitos ja produzides, a decisto poderd ser revista, a pedido de qualquer interessado, quando sobrevierem relevantes modificagdes das circunstincias de fato ou de dirsito” Regulamentada a norma esta produziré efeitos ev mc (ndo retroativos) em relagzio aos beneficiirios da decisdo transitada em julgado, exceto se a norma for mais benéfica, tendo entio, efeitos retroativos favoriveis as decisdes anteriores (artigo 11). No caso de Mandado de Injungao coletivo, poder promové-lo: © Ministério Pablico, © partido politico com representagtio no Congresso Nacional, a organizagio sindical, entidades de classe ou associaco legalmente constituida e em funcionamento hi pelo menos um ano, e a Defensoria Piiblica (artigo 12). A sentenga se limitara as pessoas integrantes da coletividade substituidos pelo impetrante (artigo 13). A decisao que julgar procedente 0 Mandado de Injuncdo possui carter provisério até que o érgio responsavel pela edicio da norma regulamentadora omissa promova sua edicio. Assim, “a edigiio de norma regulamentadora definitiva substitui de forma imediata o regime antes instituido pelo Judiciério”, (FONSECA, p. 152, 2016) 5 - O Ativismo Judicial nas decisdes © artigo 102, caput, da Constituicao Federal de 1988, dispoe sobre a competéncia precipua do Supremo Tribunal Federal como guardido desta, cabendo-lhe processar e julgar, dentre outros, o Mandado de Injungab. Uma vez provocado, 0 Poder Judicirio deve apreciar © caso em conflito, buscando através da sentenga, a tutela do bem juridico lesado ou ameagado, Considerando © direito fundamental de acesso & Justica assegurado pelo artigo 5°, inciso XXXV, da Carta Maior, determinando que “a lei nfo excluird da apreciagao do Poder Judiciitio lesio ou ameaga a direito”. Segundo ligdes de Humberto Theodore Nimior, “por acesso a Justica se compreende o direito a uma tutela efetiva e justa para todos os interesses particulares agasalhados pelo ordenamento juridico”. (THEODORO JUNIOR, I, p. 74, 2016) Diante da inconveniente inércia do Poder Piiblico, sobretudo dos érgios responsaveis pela regulamentacao das normas, se instala o ativismo judicial, e de acordo com excelso mestre Luis Roberto Barroso: “O ativismo judicial expressa uma postura do intérprete, um modo proativo & expansive de interpretar a Constitig#o, potencializando o sentido e aleane# de suas normas, para ir além do legislador ordindio”. [2] ‘Numa atuagio ativista, verifica-se uma expansio do Poder Judiciério, que a0 interpretar a Constituic’o tem por objetivo “suprir lacunas, sanar omissdes legislativas ou determinar politicas pablicas quando ausentes ou ineficientes”. (BARROSO, p. 40, 2014) ‘Ao agir, o Judiciario realiza direitos fundamentais, dando efetividade as omissdes. ‘Nao ha de se falar em intervengao na autonomia dos Poderes, pois é evidente a ineficigacia do ordenamento juridico, sendo necessiria uma construgio argumentativa por juizes e tribunais, para solucionar os problemas. Segundo Barroso, no Brasil, “o ativismo judicial tem se manifestado de maneira pontual, como forma de atender demandas sociais nao satisfeitas pelo processo politico majoritério”. (BARROSO, p. 53, 2014) © ativismo judicial recebe diversas criticas e também apresenta alguns riscos que envolvem a legitimagaio democritica, a politizagao da Justiga e a falta de capacidade institucional do Judicidvio para decidir determinadas matérias. [2] Sobre a atuagio do Poder Judicidrio, em relagao a0 ativismo judicial, o ilustre professor Pedro Lenza estabelece que: ‘Nilo se incentiva o Judicitrio a funcionar como ‘legislador” positive no caso de inesisténcia de ato normative a suprir a omissHo, mas, havendo a sua falta e sendo a inéreia desarrazonda, negligentee desidiosa, dentro dos limites das récnicas de couttole das omissdes, busca-se a efetivagdo dos direitos findamentais”. (LENZA, p. 1258, 2015) Quanto a0 Mandado de Injungao e a atuagio ativista do Judicisrio, relacionadas as decisdes, nao pode se falar em intervencio na autonomia dos Poderes, pois, através do julgamento injuncional, se estabelece condigdes para exercicios de direitos, liberdades e das franquias constitucionais reclamados, nao podendo o Judicirio permanecer inerte diante da provocasii. De acordo com Fonseca, “a efetivagao das normas coustitucionais ¢ dever do Estado e, portanto, de cada um dos Poderes da Reptiblica”, exercendo “relevante papel 0 Mandado de Injungao, enquanto meio de controle incidental da inércia ilegitima do Poder Piiblico” (FONSECA, p. 181-182, 2016) Durante a ceriménia de sancao da Lei n° 13.300/2016, que regulamentou o proceso julgamento do Mandado de Injungo, 0 Ministro Teori Zavascki, salientou a importincia desse instrumento processual, destacando que: “A importincia da lei agora sancionada esta justamente nisso: ela vem trazer diseiplina a um dominio sensivel das relagdes institucionais entre dois Poderes do Estado, aquele em que, devidamente avtorizado pela Consttuigdo, a0 Poder Tudicidtio cumpriné, de certo modo, substituir-se 20 Poder Legislative, 0 que ecorrera em expecialissimas situagies e de modo provisério ¢ temporitio, ¢ sem forma alguma comprometer ou limiter a funcionalidade da atuacéo legislative”. [3] Nesse contexto e conforme o artigo 9° da Lei 13.300/2016, caput, in fine, onde os efeitos da decisto serio produzidos até que advenha norma regulamentadora, define-se a atuagio pontual do Judiciario, agindo para promover a concretude e 0 exercicio de direitos. Diante de imimeros questionamentos sobre o ativismo judicial, em importantes licdes sobre este, cumpri mencionar, ao fim, as palavras de Luis Roberto Barroso. “(.) 0 ativismo judicial, até aqui, tem sido parte da solugdo ¢ no do problema(..) A expansto do Tudiciario nfo deve desviar a atengdo da real disfungdo que aflige » democracia brasileira: a crise de repsesentatividade, legitimidade e funcionalidade do Poder Legislative” [2] Assim, o ativismo judicial se faz presente para solucionar conflitos instalados por omissio dos érgios responsaveis pela conservagio e promocio dos direitos fundamentais, atuando em favor da democracia. 6 - Consideracies finais O Mandado de Injuncao é uma acao constitucional, que tem por objetivo viabilizar 0 exercicio dos direitos e liberdades constitucionais e das premrogativas inerentes a nacionalidade, @ soberania e & cidadania, que foram dificultados por auséncia de norma regulamentadora. A doutrina descreve 0 Mandado de Injungao como instrumento adequado para combater a “sindrome da inefetividade” dos érgios responsiveis pela elaboragao das normas. Recentemente, a publicagao da Lei n° 13.300/2016, que disciplina o procedimento de processo e julgamento do Mandado de Injung%o, colocou fim a uma das maiores ironias do 9 ordenamento juridico brasileiro, sendo que, a aso constitucional, cabivel nos casos de inércia legislativa para 0 exercicio dos direitos, no dispunha de regulamentagao adequada, to aguardada desde a promulgacao da Carta Maior em 1988. © que muito se questiona, sao as decisdes proferidas pelo Judicidrio, como nas agdes injuncionais, sobre a intervengao na autonomia dos Poderes. Diante do exposto, verifica-se uma atuagio do Poder Judicidrio de forma pontual e especifica, destinada a garantir os diseitos fimdamentais, caracterizando © ativismo judicial. ‘Nao ha intervengo nos demais Poderes, pois o Judiciario, quando provocado, atua dentro dos limites impostos pela Constituigio Federal, apreciando 0 caso em conilito a fim de evitar lesfio ou ameaca a direito. Ao deferir a aco injuncional, o Poder Judiciario nao esta atuando como legislador ordinario, mas sim, tornando vidvel o exercicio dos direitos, liberdades e franquias constitucionais, que encontram-se amparados pela Constituicao Federal de 1988, 7 - Referencias BRASIL, Constituigaio Federal, disponivel em: http:/www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm (acesso em 10/10/2016) ; Lei n? 13.300/2016, disponivel em: http:/www.planalto.gov.br/ccivil_ 03/_Ato2015- 2018/2016/Lei/L13300.htm (acesso em: 10/10/2016) [1] LENZA, Pedro - © Mandado de injuncao enquanto agio constitucional de natureza mandamental — A consolidagio da posigao coneretista, disponivel em: www pedrolenza, blogspot.com. br/2011/03/o-mandado-de-injunea0-enquanto-acao htm) (acesso em 12/09/2016) [2] BARROSO, Luts Roberto - Iudicializacao, Ativismo Judicial e Legitimidade Democritica, p.17 e 19, disponivel em: http://www. cab. org.br/editora/revista/users/revista/ 1235066670174218181901L pdf (acesso em 11/10/2016) [3] ZAVASCKI, TEORI, integra do discurso disponivel em: http://jota.info/o-discurso-de- teori-zavascki-no-palacio-planalto-o-pais-esta-enfermo (acesso em 28/10/2016) 10 SILVA, José Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo, 37° ed. rev. ¢ atual. — Sao Paulo: Malheiros, 2013. LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado / Pedro Lenza. - 19 ed. rev., atual. € ampl. ~ Sao Paulo: Saraiva, 2015. MORAES, Alexandre de. Direito constitucional / Alexandre de Moraes. — 25. ed. — Sa0 Paulo: Atlas, 2010. FONSECA, Joao Francisco N. da. O processo do mandado de injungao / Joao Francisco N. da Fonseca. — Sao Paulo: Saraiva, 2016. BARROSO, Luis Roberto. O novo direito constitucional brasileiro: contribuicdes para a construcdo tedrica e pratica da jurisdigao constitucional no Brasil / Luis Roberto Barros. reimpressio. — Belo Horizonte: Forum, 2014, THEODORO JUNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil — Teoria geral do direito processual civil, processo de conhecimento e procedimento comum — vol. I/ Humberto Theodoro Kinior. 57. ed. rev. atual. e ampl. ~ Rio de Janeiro: Forense, 2016. THEODORO JUNIOR, Humberto, Curso de Direito Processual Civil — Procedimentos Especiais — vol. II — 50° ed. rev., atual. e ampl. — Humberto Theodoro Rinior — Rio de Janeiro: Forense, 2016. a

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