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Universidade Federal de Alagoas

Instituto de Ciências Socias


Disciplina: Sociologia do trabalho
Professora: Alice Anabuki

Atividade referente a composição de nota para ab1

O sistema capitalista de produção possui características que o diferencia dos


demais modos de produção que surgiram ao longo da história. Tal sistema
conseguiu se perpetuar porque operou no mundo um regime de acumulação de
capital nunca visto antes. Conseguiu fixar o trabalhador no seu posto de trabalho,
mas mais que isso, conseguiu expandir a produção que deixara de ser local e
passou a se tornar mundial como já apontava Karl Marx. O capitalismo modificou
também as dinâmicas de trabalho na sociedade ao também transformar o trabalho
numa mercadoria e, por consequência disso, colocar no mundo uma nova classe
social, a saber, o proletariado.
O aparecimento dessa nova classe no capitalismo está diretamente ligado ao
que Marx chamou de “acumulação primitiva”, a pré história do capital. Ela implica na
separação do trabalhador das condições de seu trabalho, e a partir daí esses
mesmos trabalhadores, oriundos do campo, passaram a se fixar nas cidades e
passaram a trabalhar agora por um salário estabelecido pelo burguês. Com essa
relação assalariada de trabalho, o capitalismo conseguiu acumular riquezas porque
se apropriava de trabalho excedente que não constava no contrato, mas que
também produzia valor, no entanto, apenas o patrão ficava com essa parte,
apropriando-se assim do grande alimento do sistema capitalista à época, ou seja, a
mais-valia. Essas e outras características fizeram com que o mundo experimentasse
uma nova forma de organização no plano econômico, mas também no político e
social, vivido até hoje em grande parte do mundo.
Essas características viabilizaram a fase industrial do sistema capitalista e que
perdurou todo o século XIX e que propiciou a forma acumulativa de que tanto ele
necessitava. Contudo, isto não significa dizer que essa lógica de acumulação, que
se tornou hegemônica durante todo um século, o fosse também durante os séculos
vindouros. O capitalismo se manteve, porém, novos paradigmas de acumulação
precisaram ser implementados para manter o capital de pé. Forma implementadas
estratégias para não fazer ruir o capitalismo tendo em vista já as crises que são
inerentes a esse sistema. Essas estratégias de mudanças tiveram um impacto
profundo no mundo do trabalho por trazer mudanças na organização técnica do
mundo do trabalho.
O que marca essa grande fase do capitalismo industrial é a vasta produção de
mercadorias. Essas mercadorias tem o objetivo de satisfazer alguma necessidade
básica do ser humano e abarca tanto um valor de uso como um valor de troca. O
capitalismo conseguiu seu maior êxito dentro dessa perspectiva sob o padrão de
acumulação fordista, que já tinha indícios dessa forma de produção já no ano de
1914, porém o seu auge é atingido no período pós-guerra. Tal organização é
caracterizada por uma rigidez na produção e por um trabalho cada vez mais
especializado, isto é, o trabalhador tem uma função específica e só atua nela
fixando-se numa posição de trabalho. O padrão de acumulação fordista propiciou ao
sistema capitalista sua “idade de ouro” por fornecer a ele ganhos nunca vistos até
então. Para Henry Ford, produção em massa significava consumo de massa. Para
esse consumo, foi necessário um barateamento de preços tornado produtos
acessíveis ao mercado consumidor criando na sociedade capitalista uma situação
de bem-estar social. Foi durante esse período também que os países da OCDE
experimentaram grandes avanços do ponto de vista tecnológico no que diz respeito
a fábrica, pois já haviam lá implantação de esteiras rolantes que levam parte do
produto a ser fabricado até os funcionários.
Como dito anteriormente, uma das características intrínsecas ao capitalismo é a
propensão a crises gerados muito em razão da superacumulação. O regime fordista
produziu essa superacumulação e como aponta Harvey (1993), o período de crise
de 1965-1973 revelou “a incapacidade do fordismo e do keynesianismo de conter as
contradições inerentes ao capitalismo”. E quando o capitalismo passa por uma de
suas crises inerentes, acompanha-se sempre um novo padrão de acumulação. Mas
qual a saída a saída para salvar um padrão de produção cuja lógica é pautada
numa rigidez acumulativa? Propondo justamente o contrário. Uma acumulação
flexível. E é essa acumulação que vai garantir ao capitalismo ganhos mínimos de
lucros em tempos de instabilidade econômica.
Foi mais especificamente essa acumulação flexível que modificou a estrutura do
mercado de trabalho fazendo com que o trabalhador fosse agora polivalente,
facilmente adaptável e não mais aqueles especialistas exigidos pelo regime fordista.
Essa nova estruturação contemporânea no mundo do trabalho buscou satisfazer
necessidades específicas de cada empresa. Agora, não é só a mais-valia que passa
a estar na ordem do dia do sistema. É interessante também observar que a
qualidade de vida dos trabalhadores no regime de acumulação flexível sofre
alterações significativas em sua saúde.
Aqui vou trazer como objeto de análise o trabalho do professor, mais
precisamente o de professor da educação básica. Com a mundialização da
economia, a escola passou a ter um novo papel que deve estar atrelado as
expectativas do mercado. Chesnais (1996, p. 17) já observava esse movimento
quando afirma que “o capital recuperou a possibilidade de voltar a escolher, em total
liberdade, quais os países e camadas sociais que tem interesse para ele.” As
políticas educacionais passam agora a estar voltadas ao interesse do grande
mercado mundial, traçando uma nova função social para escola e
consequentemente o professor passou também a ter um novo papel tornando-se
também um portador de força de trabalho como qualquer outro operário.
Os professores têm cada vez mais o seu trabalho flexibilizado. Essa flexibilização
está muito ligada a desvalorização deste profissional perante a sociedade e as
políticas nela imposta. As escolas tornam-se verdadeiras fábricas de ensino. O
professor está preparando mão-de-obra. E quanto maior essa mão-de-obra, melhor
para o mercado. O profissional da educação se depara hoje com salas de aula cada
vez mais super- lotadas, precisa trabalhar em mais de uma escola para garantir um
salário mais digno. Ademais, precisa realizar funções semelhantes as dos
psicólogos, e muitas vezes ainda acabam assumindo o papel de pai dos alunos.
Sem contar que os professores acabam por levar trabalho para casa, executando
tarefas de planejamento das aulas, entre outras coisas, e a sobrecarga de trabalho
acaba sendo refletida na saúde do trabalhador.

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