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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

SETOR DE CIÊNCIAS EXATAS


DEPARTAMENTO DE QUÍMICA

ROTEIRO DE AULAS EXPERIMENTAIS


DA DISCIPLINA CQ 315

FÍSICO-QUÍMICA FUNDAMENTAL

PROFESSORES:
Diogo Silva Pellosi
Liliana Micaroni

Curitiba
2º semestre de 2023
FÍSICO-QUÍMICA FUNDAMENTAL - CQ 315 (Turmas A, B, C e D)

Cronograma de execução

Semana 4ª-feira Aula Prática (laboratório) 5ª-feira Aula teórica (sala de aula)
1 26/07 75ª 75ª SBPC 227/08 75ª SBPC.
2 02/08 da Apresentação da disciplina 203/08 Grandezas físicas e
representação gráfica.
3 09/08 Exp.01-Curva de calibração 10/08 Gases
por espectrofotometria
4 16/08 Exp. 02 - Gases: densidade de 17/08 Termodinâmica I
gases
5 23/08 Exp. 03 – Calorimetria: 24/08 Termodinâmica II
Determinação do calor de
fusão
6 30/08 Exp.04– Termodinâmica: 31/08 Equilíbrio Químico
Entalpia de formação do
NH4Cl
7 06/09 Revisão 07/09 Feriado
8 13/09 PROVA 1 (P1-Prática) 14/09 Exercícios
9 20/09 Exp. 05 -Equilíbrio Químico 21/09 PROVA 1 (P1-Teórica)
10 27/09 Exp. 06: Tensão superficial 28/09 Fenômenos de Superfície
11 04/10 Exp. 07 – Tensoativos: cmc 05/10 Cinética Química I
12 11/10 Exp. 08 – Cinética Química: 12/10 Feriado
ordem de reação
13 18/10 14ª SIEPE 19/10 14ª SIEPE
14 25/10 Exp. 09 – Cinética Química: 26/10 Cinética Química II
efeito da temperatura
15 01/11 Revisão 02/11 Feriado

16 08/11 PROVA 2 (P2-Prática) 09/11 Equilíbrio físico e


propriedades coligativas
17 15/11 Feriado 16/11 Exercícios
18 22/11 2ªchamada 23/11 PROVA 2 (P2-Teórica)
19 29/11 Reposição do dia 15/11: 30/11 Reposição do dia 02/11:
Vista às provas 2ªchamada
20 06/12 07/12 EXAME

Obs.: 27/11 (reposição do dia 07/09): dúvidas e


28/11 (reposição do dia 12/10): vista às provas

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METODOLOGIA E AVALIAÇÃO
Obrigatório: uso de jaleco e apostila da disciplina
Entrada no laboratório: 10 min de tolerância
Avaliação: 9 relatórios, entregues ao professor no prazo de uma semana e
4 provas escritas, realizadas presencialmente, nas datas estabelecidas no cronograma.

Nota referente à parte prática da disciplina (PRA): 2 provas escritas, 9 relatórios físicos

(𝑀𝑅 + 𝑀𝑃𝑝𝑟á𝑡𝑖𝑐𝑎 )
𝑃𝑅𝐴 =
2
onde:
MR: média da nota de 8 relatórios (desconsidera o de menor nota)
MPprática: média da nota das 2 Provas da parte prática
(P1-Prática e P2-Prática)

Nota referente à parte teórica da disciplina (TEO): 2 provas escritas

(𝑃1 − 𝑇𝑒ó𝑟𝑖𝑐𝑎 + 𝑃2 − 𝑇𝑒ó𝑟𝑖𝑐𝑎)


𝑇𝐸𝑂 =
2
onde:
P1-Teórica: Prova 1 da parte teórica
P2-Teórica: Prova 2 da parte teórica

Nota da disciplina (N):


(𝑃𝑅𝐴 + 𝑇𝐸𝑂)
𝑁=
2

onde:
PRA: nota da parte prática da disciplina
TEO: nota da parte teórica da disciplina

2ª chamada: solicitar ao professor enviando o comprovante, conforme manual do aluno.

2
Relatório:

O relatório deve ser feito em equipe e entregue na próxima aula após o experimento,
podendo ser digitado ou manuscrito. O relatório deve ser simples, claro e objetivo, contendo os
resultados do experimento. Itens que devem constar no relatório:
Capa: contendo o nome da disciplina, título do experimento, nome dos alunos da equipe.
Introdução: Apresentar a relevância do experimento com um resumo da teoria envolvida no
experimento, baseado em livros, sites, etc (não deve ser cópia da apostila).
Objetivo: uma frase sucinta, indicando o objetivo do experimento.
Parte Experimental: Descrever de forma resumida o procedimento experimental que foi feito
na realização do experimento. Descrever as modificações realizadas. Usar o verbo no passado.
Resultados e Discussão: Apresentar os dados coletados em laboratório e os resultados de
interesse, que possam ser calculados a partir desses dados. Os dados e resultados devem ser
apresentados em forma de tabelas e gráficos. Mostrar exemplo de apenas um cálculo realizado.
Apresentar uma discussão clara e objetiva dos resultados, a partir das teorias sobre o assunto,
de modo a chegar a conclusões.
Conclusão: Apresentar um resumo das conclusões obtidas, de forma sucinta, colocando os
resultados mais importantes.
Referências bibliográficas: livros, artigos científicos, sites, etc.

Observações:
Relatório entregue com atraso de um dia: desconto de 15 pontos na nota.
Relatório entregue após um dia de atraso: não será aceito.
Relatórios idênticos: desconto de 100 pontos na nota.
Aluno ausente: nota zero no relatório.

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CUIDADOS A SEREM OBSERVADOS NO LABORATÓRIO
a) Ao chegar ao laboratório lembre-se que este é um local de trabalho onde o cuidado e atenção
são requisitos fundamentais para evitar acidentes.
b) Utilize sempre um jaleco, de preferência de algodão (os tecidos sintéticos podem grudar na
pele, quando inflamados) e de manga comprida (para uma maior proteção). Evite calçar
shorts, bermudas, saias, sandálias ou chinelos; a pele fica melhor protegida com calças
compridas e sapato ou tênis fechado. Não serão permitidas tais situações em sala de aula.
c) Cabelos compridos deverão ser presos. Não usar lentes de contato.
d) Faça apenas as experiências indicadas. Caso tenha interesse em outras experiências, consulte
o seu professor. EXPERIÊNCIAS NÃO AUTORIZADAS SÃO PROIBIDAS.
e) Use capelas sempre que indicado. Comunique seu professor sobre qualquer acidente, por
menor que seja.
f) Tenha cuidado com os materiais inflamáveis. Qualquer incêndio deve ser abafado
imediatamente com uma toalha ou cobertor. Na primeira vez que entrar no laboratório
procure se familiarizar com a localização dos extintores de incêndio, toalhas ou cobertores,
chuveiros, etc.
g) Nunca jogue produtos ou soluções na pia ou no lixo. Descarte os resíduos conforme os
procedimentos indicados pelo professor
h) Leia com atenção o rótulo de qualquer frasco antes de usá-lo. Leia duas vezes para ter certeza
de que pegou o frasco certo. Anote no Caderno de Laboratório os dados constantes nos
rótulos dos reagentes.
i) Nunca use as espátulas de um frasco em outro para evitar contaminações.
j) Se um ácido ou outra solução em uso for derramado lave o local imediatamente com bastante
água. Chame imediatamente o professor.
k) Não toque com os dedos os produtos químicos nem prove qualquer droga ou solução.
l) Não é recomendável tentar sentir o odor de uma substância. Entretanto, desde que o professor
assim o permita, traga com as mãos pequenas porções do vapor em sua direção.
m) Deixe qualquer objeto quente esfriar por bastante tempo. Lembre-se que a aparência do
objeto quente ou frio é a mesma.
n) Ao ligar qualquer aparelho, verificar se a voltagem da rede corresponde à indicada na
etiqueta do aparelho.

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ANOTAÇÃO DE DADOS EM LABORATÓRIO E NO RELATÓRIO
Unidades SI

Quando se efetua uma medida, é feita uma comparação entre a grandeza a ser medida e
uma grandeza padrão. A afirmação “um fio mede 2,35 metros” significa que o comprimento do
referido fio é igual a 2,35 vezes o comprimento padrão chamado “metro”. Portanto o valor de
uma grandeza física é representado como um produto entre um valor numérico e uma unidade:
grandeza física = valor numérico × unidade
Pode-se representar a medida do fio das seguintes formas:
(I) comprimento = 2,35 metros
(II) comprimento = 2,35 m
(III) l = 2,35 m
(IV) l/m = 2,35
Em (II) observa-se que a palavra “metros” foi substituído pelo símbolo “m”; uma unidade pode
portanto ser representado pelo respectivo símbolo. Além disso, em (III) substitui-se a palavra
“comprimento” pelo símbolo “l” (do inglês length). Esta última forma de representação é
bastante compacta, proporcionando economia de espaço na escrita. Além disso, quando se
acostuma ao seu uso, esta forma torna a leitura mais rápida e fácil. Finalmente em (IV) observa-
se que a grandeza l foi dividida pela sua unidade; o valor 2,35 torna-se adimensional, isto é, um
número puro. Esta última forma de escrever deve ser empregada em gráficos e tabelas.
Recomenda-se que se utilize o máximo possível na ciência e na tecnologia o Sistema
Internacional de unidades (SI). Este sistema coerente de unidades é formado a partir de sete
unidades básicas:

Tabela 1: as sete unidades básicas do sistema internacional ( SI )


Grandeza física Símbolo da Nome da unidade SI Símbolo da
grandeza física unidade SI
comprimento l Metro m
Massa m quilograma kg
Tempo t Segundo s
corrente elétrica I Ampère A
temperatura termodinâmica T Kelvin K
quantidade de matéria n Mol mol

Para as demais grandezas físicas são empregadas as unidades derivadas SI,


constituídas pelo produto entre as potências de unidades básicas, de forma análoga à relação
que define a respectiva grandeza. Tome, por exemplo, a segunda lei de Newton:
força = massa × aceleração = massa × deslocamento × (tempo)–2
unidade de força = kg m s–2

5
Apesar de ser possível expressar a grandeza força empregando a unidade derivada “kg
–2
m s ”, esta unidade é mais conhecida pelo nome especial “Newton”, cujo símbolo é “N”. Na
tabela a seguir estão alguns exemplos de unidades derivadas que possuem nomes e símbolos
especiais:

Grandeza física Nome da Símbolo da Expressão em termos de


unidade SI unidade SI unidades base SI
Frequência Hertz Hz s–1
Força Newton N m kg s–2
Pressão Pascal Pa N m-2 = m–1 kg s–2
energia, trabalho, calor Joule J Nm = m2 kg s–2
potência, fluxo radiante Watt W J s-1 = m2 kg s–3
carga elétrica Coulomb C As
potencial elétrico, força eletromotiva volt V J C-1 = m2 kg s–3 A–1
resistência elétrica Ohm Ω V A-1 = m2 kg s–3 A–2
condutância elétrica Siemens S Ω-1 = m–2 kg–1 s3 A2
temperatura relativa à fusão da água graus Celsius °C

No Sistema Internacional há somente uma unidade para cada grandeza física. Entretanto
podem ser utilizados os seguintes prefixos para expressar os múltiplos e submúltiplos decimais
de unidades básicas SI, ou unidades derivadas com nomes especiais:

Submúltiplo Prefixo Símbolo Múltiplo Prefixo Símbolo


10–1 deci d 10 deca da
10–2 centi c 102 hecto h
10–3 mili m 103 quilo k
10–6 micro μ 106 mega M
10–9 nano n 109 giga G
10–12 pico p 1012 tera T
10–15 femto f 1015 peta P
10–18 ato a 1018 exa E
10–21 zepto z 1021 zetta Z
10–24 yocto y 1024 yotta Y

Exemplos: 500 m = 5,00 hm = 0,500 km; 230×10-9 m = 230 nm; 3120 K = 3,120 kK; 10,50×10-
12
s = 10,50 ps
6
A unidade base da massa é o quilograma (kg), que já está acompanhado do prefixo quilo
3
(10 ). Neste caso deve-se anexar prefixos ao submúltiplo grama (g), e não ao quilograma.
Exemplos:

Correto Errado
megagrama (Mg) quiloquilograma (kkg ou Kg)
miligrama (mg) microquilograma (μkg)

De um modo geral não se deve utilizar mais de um prefixo por cada unidade. Portanto,
o uso de milicentigrama (mcg) para 10−5 g ou milimicrômetro (mμm) para 10−9 m não é
recomendável.

Além das unidades básicas, as unidades derivadas com nomes especiais podem receber
estes prefixos.
Exemplos:
2,180 aJ = 2,180×10−18 J
0,101325 MPa = 101,325 kPa = 1013,25 hPa = 101 325 Pa
2,7 MΩ = 2,7×103 kΩ = 2,7×106 Ω

A exceção é o graus Celsius (°C), que não admite prefixos para múltiplos e
submúltiplos.

Na grafia deve-se imprimir os símbolos das unidades em tipo romano (reto). O mesmo
deve ser feito com os respectivos prefixos que expressam múltiplos e submúltiplos. Os símbolos
não se alteram no plural, e não devem ser seguidos de ponto que denote abreviatura (exceto
pelo ponto final que determina o fim de uma sentença).

Exemplos: um centímetro 1 cm (não 1 cm.)


dez centímetros 10 cm (não 10 cm. ou 10 cms)
cinco móis 5 mol (não 5 mol. ou 5 mols)

O último exemplo deve ser examinado com mais cuidado. Infelizmente no idioma
português a unidade “mol” tem o símbolo “mol”, o que pode originar confusão. Quando se
escreve mol em extenso, como se escreveria quilômetro ou kelvin, por exemplo, admite-se que
se escreva o seu plural mols (como ocorreria com quilômetros ou kelvins). Entretanto quando
se escreve mol como o símbolo da unidade, da mesma forma que km ou K, não se admite flexão
no plural. Portanto no exemplo dado “5 mol” está grafado o símbolo “mol” e não a unidade por
extenso.
Como regra geral os símbolos das unidades devem ser grafados em letras minúsculas, a
não ser que sejam derivados de nomes próprios. Há exceções a esta regra, como por exemplo o
litro, cujo símbolo pode ser escrito “L” ou “l”, isto é, tanto em letra maiúscula como minúscula.
Exemplos: m (metro), s (segundo), kg (quilograma), mmol (milimol),

7
J (joule), V (volt), MHz (megahertz), nK (nanokelvin).

TABELA DE CONVERSÃO DE UNIDADES: MASSA

g kg slug u.m.a. onça lb ton


1 grama (g) 1 0,001 0,00006852 6,024x1023 0,03527 0,002205 0,000001102

1quilograma
1000 1 0,06852 6,024x1026 35,27 2,205 0,001102
(kg)
1 slug 14590 14,59 1 8,789x1027 514,8 32,17 0,01609

1 u.m.a. 1,66x10-24 1,66x10-27 1,137x10-28 1 5,855x10-26 3,66x10-27 1,829x10-30

1 onça 28,35 0,02835 0,001943 1,708x1025 1 0,0625 0,00003125

1 libra (lb) 453,6 0,4536 0,03108 2,732x1026 16 1 0,0005

1 ton 907200 907,2 62,16 5,465x1029 32000 2000 1

Ref.: http://www.oxigenio.com/oxi/dbc/educacional_tabelas_de_conversao.htm, acessado em


02/03/2011

TABELA DE CONVERSÃO DE UNIDADES: VOLUME


m³ cm³ l ft³ in³
1 metro
1 1000000 1000 35,31 61020
cúbico(m³)
1 centímetro
0,000001 1 0,001 0,00003531 0,06102
cúbico(cm³)
1 litro(L) 0,001 1000 1 0,03531 61,02
1 pé
0,02832 28320 28,32 1 1728
cúbico(ft³)
1 polegada
0,00001639 16,39 0,01639 0,0005787 1
cúbica(in³)

Ref.: http://www.oxigenio.com/oxi/dbc/educacional_tabelas_de_conversao.htm, acessado em


02/03/2011

Quantidade de matéria

Na Química a quantidade de uma substância depende do número de entidades


elementares (simbolizado por N) que a compõe. Este é um número extremamente grande, o que
torna impraticável determinar a quantidade através da contagem direta das entidades. Por este
8
motivo definiu-se a grandeza conhecida como quantidade de matéria1, cuja unidade é mol. Um
mol é a quantidade de matéria constituída por tantas entidades elementares (átomos,
moléculas, íons ou fórmulas) quanto o número de átomos contidos em 0,012 kg do isótopo 12
de carbono. O número de átomos de carbono referido nesta definição é conhecido como número
de Avogadro ou constante de Avogadro, cujo símbolo é NA ou L, e o seu valor aceito atualmente
é 6,022 136 7×1023 mol-1.
A quantidade de matéria, cujo símbolo é n, é definido como a razão entre o número de
entidades elementares e a constante de Avogadro:
N N
n= =
NA L
A prática de se denominar esta grandeza como “número de mols” deve ser evitada, assim
como não se usa dizer “número de quilogramas” no lugar de “massa”.
No caso de substâncias compostas por ânions e cátions não existe propriamente uma
molécula, mas em geral especifica-se uma unidade de fórmula que contenha o menor número
de íons capaz de gerar uma espécie eletricamente neutra. A entidade elementar não
necessariamente pode existir fisicamente, mas convenientemente escolhida como uma unidade
de fórmula.

Unidades não SI: unidades em uso além das unidades SI

Estas unidades não fazem parte do SI, mas se admite que sejam utilizados ainda em
alguns contextos. Prefixos SI podem ser afixados em algumas destas unidades, como mililitro
(ml ou mL), milibar (mbar) e megaelétron-volt (MeV).

Grandeza Nome da unidade Símbolo Valor em unidades SI


física
Tempo minuto min 60 s
Tempo hora h 3600 s
Tempo dia d 86400 s
ângulo plano grau ° (π/180) rad
ângulo plano minuto ' (π/10 800) rad
ângulo plano segundo " (π/648 000) rad
Comprimento ångstrom Å 10–10 m
Área barn b 10–23 m2
Volume litro L ou l dm3 = 10–3 m3
Massa tonelada t Mg = 103 kg
Massa unidade unificada de massa atômica u = ma(12C)/12 1,66054 ×10–27 kg
Pressão bar bar 105 Pa

1 Rigorosamente falando o termo mais apropriado seria quantidade de substância, mas quantidade de
matéria foi oficialmente adotado no Brasil.
9
Energia elétron-volt eV = e×V 1,60218 ×10–19 J

Cálculos com unidades (quantity calculus)


Quando há a necessidade de se realizar conversão entre diferentes unidades, ou cálculos
que envolvem várias unidades diferentes, recomenda-se utilizar o procedimento que será
exposto nesta seção. No idioma inglês este procedimento é conhecido formalmente como
“quantity calculus”, mas este termo ainda não tem uma tradução oficial em português.
O procedimento, relativamente simples, consiste em aplicar as regras ordinárias da
álgebra tanto para os números quanto para as unidades.
Exemplo: cálculo da pressão de 1,50 mol de gás ideal contido em um recipiente de 0,500
3
m e mantido à temperatura constante de 300 K. A equação de estado de um gás ideal é dada
por:
PV = nRT
que, ao se substituírem os valores conhecidos, torna-se:
P×0,500 m3 = 1,50 mol×8,315 J K–1 mol–1×300 K
rearranjando:
1,50 × 8,315× 300× mol× mol− 1× J× K− 1× K 3 J
P= 3 = 7,48× 10 3
0,500 m m
lembrando que J = N×m = m2 kg s–2 e Pa = N/m2 = m–1 kg s–2, o resultado final se torna:
P = 7,48×103 (m2 kg s–2)/m3 = 7,48×103 m–1 kg s–2 = 7,48×103 Pa
As unidades, quer que sejam SI ou não SI, podem ser convertidas entre si, desde que
sejam conhecidas os fatores de conversão, através de substituições feitas seguindo as regras da
álgebra.
Exemplos:
Conversão de 0,33 dm3 para cm3, lembrando que dm = 10–1 m e cm = 10–2 m; a relação entre
dm e cm é dada por:
dm/cm = (10–1 m)/(10–2 m) = 10 ⇒ dm = 10 cm
portanto
V = 0,33 dm3 = 0,33 (10 cm)3 = 0,33×103 cm3 = 3,3×102 cm3

Apresentação de dados em tabelas

Nas tabelas e nos gráficos é conveniente utilizar o quociente da uma grandeza física e
sua unidade, para se obter números puros. Também se pode multiplicar ou dividir este quociente
pelo fator exponencial de base 10, para simplificar o valor. Quando houver possibilidade de
confusão, deve-se empregar parêntesis para destacar a unidade.
Exemplos: r = 3,45 cm ⇒ r/cm = 3,45
C(NaOH) = 0,101 mol L-1 ⇒ C(NaOH)/(mol L-1) = 0,101
V = 2,38 10-6 L ⇒ V/(10-6L)=2,38
Uma tabela consiste em um arranjo retangular de células contendo dados. A localização
de uma célula na tabela pode ser especificada pela linha (no sentido vertical) e pela coluna (no
sentido horizontal). As tabelas não possuem linhas nos lados direito e esquerdo, por definição.

10
Apresentação de dados em gráficos

Há várias maneiras de se representar dados na forma de gráficos, e nesta seção será


explicada como construir um gráfico de coordenadas cartesianas, ou do tipo x-y. Este tipo de
gráfico é útil para correlacionar duas grandezas entre si, onde se considera que uma das
grandezas (variável dependente) é função de uma outra (variável independente).

Para construção de um gráfico tem-se:

a. Use sempre papel milimetrado;


b. Escolha os eixos (e a orientação do papel) de forma que os dados, tanto a abscissa (eixo x)
quanto a ordenada (eixo y), ocupem a maioria do papel. Prefira usar uma escala com intervalos
razoáveis, que facilitam a colocação dos dados e sua leitura.
c. Coloque as unidades nos eixos x e y. Um gráfico sem unidades não informa nada!
d. Ao longo dos eixos coloque valores da grandeza em intervalos equidistantes. NUNCA
coloque os valores que correspondem aos dados (a não ser que esses, por acaso, coincidem com
os intervalos escolhidos para um dos eixos).
e. Coloque os dados, como pontos, no papel.
f. Usando seu bom senso, desenhe a reta que você considera melhor descrever seus dados ou
faça o ajustamento de curvas por regressão linear (abaixo).

Determinação do coeficiente angular e do coeficiente linear

Para encontrar os parâmetros a e b da reta: y = ax + b basta considerar que:


a = coeficiente angular = inclinação = y/x
b = coeficiente linear = valor da ordenada y da reta para o qual a abscissa x é nula.. Para
calculá-lo, basta escolher um ponto da reta (e não um ponto experimental) e substituir na
equação da reta.

Exemplo: Considere a tabela abaixo de dados experimentais

Eixo x 455 797 1173 1525 1800


Eixo y 20,41 41,69 54,55 61,93 72,04

Assim, para o gráfico apresentado a seguir tem-se que:

a = coeficiente angular = (70 – 30)/(1700 – 600) = 40/1100 = 0,0364


b = coeficiente linear – Escolhendo o ponto (1700,70) tem-se que:

y = ax + b  70 = 0,0365 1700 + b  70 = 62,05 + b  b = 70 – 62,05 = 7,95

Logo a equação da reta é: y = 0,0364x + 7,95

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Gráfico obtido:

80

70

60
parâmetro y

50
y
40

30

x
20
200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000
parâmetro x

Regressão linear

O método dos mínimos quadrados para fazer a regressão linear é uma maneira de se obter a
melhor reta que pode ser ajustada aos dados experimentais. Basicamente, é um procedimento
que busca o mínimo de uma função de duas variáveis (os coeficientes linear e angular da reta)
construída a partir da distância entre os pontos experimentais e os pontos de uma reta. O cálculo
dos coeficientes pode ser feito com uma simples calculadora de mão com o auxílio de algumas
fórmulas. O coeficiente de correlação linear (r) informa a “qualidade” do ajuste feito.
Quanto mais próximo o valor de r, em módulo se aproxima de 1, melhor é a qualidade
do ajuste linear feito.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1-MILLS, I.; CVITAŠ, T.; HOMANN, K.; KALLAY, N.; KUCHITSU, K. Quantities, Units
and Symbols in Physical Chemistry, 2ª Ed. Oxford: Blackwell Scientific Publications, 1993.
2-MATSUMOTO,F.M. e cols. “Manual de Instruções e Roteiros dos Experimentos” da
disciplina “Introdução à Química Geral Experimental-CQ139” do curso Química-UFPR.
Circulação Interna.

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EXPERIMENTO 1 – CURVA DE CALIBRAÇÃO POR ESPECTROFOTOMETRIA

OBJETIVO
Obter a curva de calibração do azul de metileno, através da técnica de espectrofotometria
de absorção no UV-VIS.

INTRODUÇÃO

1.1 – Princípios básicos de espectrofotometria no UV-VIS

Os espectrofotômetros consistem essencialmente num prisma de difração, que funciona


como monocromador e de um sistema elétrico de detecção, amplificação e medição, Figura 1.
Assim, a luz, proveniente de uma lâmpada, passa através de um monocromador que a separa
em vários comprimentos de onda, atravessa uma pequena fenda e incide na amostra. Esta
absorve uma parte da luz e a que não é absorvida é transmitida através da amostra e vai ser
detectada por um detector; o sinal elétrico gerado é amplificado no amplificador e é enviado
para o voltímetro (calibrado em unidades de absorbância) que lê a quantidade de luz que passou
através da amostra. O voltímetro pode ligar-se a um registrador, onde se pode obter um registro
permanente da absorbância da amostra em função do tempo. Antes de medir a absorbância (A)
a cada comprimento de onda acerta-se o zero do aparelho (A=0), com uma célula contendo
água ou o solvente do ensaio em causa.

Figura 1- Esquema de funcionamento de um espectrofotômetro

Quando um feixe de luz de determinado comprimento de onda


de intensidade Io incide perpendicularmente sobre uma solução
de um composto químico que absorve luz, o composto
absorverá uma parte da radiação incidente (Ia) e deixará passar
o resto (It) de forma que: Io = Ia + It

Porcentagem de Transmitância (%T)  % T = (It/Io) x 100


Absorbância (A)  A = log 1/T = -log T = -log It/ Io

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1.2-Espectro de absorção

Cada substância absorve mais fortemente uns comprimentos de onda do que outros. A
absorção de luz característica de cada substância, que representa o seu Espectro de Absorção,
pode ser utilizada para caracterizar e identificar uma ou mais substâncias numa mistura.
A Figura 2 apresenta o espectro de absorção da solução do azul de metileno, em que se
observa que a absorção máxima é a 670 nm sendo esse o comprimento de onda que será usado
para aplicar a lei de Lambert-Beer, descrita no item 1.3.

Figura 2 – Espectro de absorção no UV-VIS de uma solução de azul de metileno.

De acordo com as cores complementares, figura 3, se o composto é azul ele absorve o


laranja, como se espera para a solução de azul de metileno.

amarelo

laranja verde

vermelho azul

violeta

Espectro eletromagnético Cores complementares

Figura 3: Espectro eletromagnético (destaque: visível) e as cores complementares.

1.3-Lei de Lambert-Beer

A absorção de luz por uma substância em solução pode ser utilizada para determinar a
sua concentração, uma vez que, para soluções diluídas, existe uma relação linear entre a
concentração da substância e a quantidade de luz absorvida.
A relação matemática entre a concentração de uma substância em solução e a absorção,
é dada pela lei de Lambert-Beer que é expressa por:
A = bc
14
Onde: A = absorbância (em um determinado comprimento de onda, )
 = absortividade molar ou coeficiente de extinção
b = o caminho óptico (espessura do meio atravessado pela radiação) em cm
c = a concentração em mol por litro.

O coeficiente de extinção molar é o valor da absorbância de uma substância de


concentração 1 mol.L-1, medida num tubo com uma espessura de 1cm.
A lei de Lambert-Beer pode ser utilizada para determinar o coeficiente de extinção
molar de substâncias em solução e para determinar a concentração de uma ou mais substâncias
em solução. Deve notar-se que a lei da absorção indicada só se aplica à luz monocromática (de
um comprimento de onda particular).
A lei de Lambert-Beer é válida somente para soluções relativamente diluídas, uma vez
que acima de certas concentrações a relação entre a absorbância e a concentração deixa de ser
linear, como se exemplifica na Figura 4.
Para que seja possível utilizar a relação entre a absorbância de soluções de concentração
conhecida e a concentração (curva de calibração ou curva padrão) para extrapolar concentrações
de amostras de concentração desconhecida, é necessário que o meio usado na preparação dos
padrões seja o mesmo usado na preparação das amostras.

Figura 4- Relação entre a Absorbância e a concentração de uma substância em solução.

MATERIAIS E REAGENTES

Espectrofotômetro de UV-Vis, tubos de ensaio; cubetas; 02 pipetas graduadas de 5,0 mL;


Solução estoque de azul de metileno a 7,5 mg L-1;

PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

1 - Prepare soluções diluídas do azul de metileno (AM) a partir da solução estoque de azul de
metileno (AM) a 7,5 mg L-1 de acordo com a Tabela 1 e coloque em tubos de ensaio.
Homogenize as soluções.

15
Tabela 1 – Condições experimentais para construção da curva de calibração do azul de
metileno, a partir de uma solução a 7,5 mg L-1
Tubo A B C D E F G H I
Solução estoque (mL) 0,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0
Água destilada (mL) 5,0 3,5 3,0 2,5 2,0 1,5 1,0 0,5 0

2-Faça a leitura da absorbância das soluções de AM, no comprimento de onda de máxima


absorção, iniciando pela solução de AM mais diluída. Para isso, ambiente a cubeta com a
solução de AM e depois complete a cubeta com essa solução.
3-Coloque a cubeta com a solução no espectrofotômetro e use a solução A como o “branco”.
Faça a leitura da absorbância das soluções no equipamento. Preencha a tabela 2. Quando
necessário, lave a cubeta com álcool etílico para a remoção do azul de metileno.
4-Faça a leitura da absorbância de uma solução de AM de concentração desconhecida e anote
o valor: A =______.

TRATAMENTO DE DADOS

1-Preencha a tabela 2 com os valores das concentrações das soluções de AM dos tubos B a I.
Os valores de concentração podem ser calculados pela equação de diluição: CiVi = CfVf.
Tabela 2 – Dados de concentração e Absorbância
Tubo B C D E F G H I
Concentração AM (mg/L)
Absorbância, a ____nm

2-Faça um gráfico de absorbância versus concentração de AM, em papel milimetrado, e


encontre a equação da reta correspondente à curva de calibração (ou curva padrão). Mostre os
cálculos dos coeficientes angular e linear.
3- Através da equação da reta da curva de calibração determine a concentração de uma solução
de azul de metileno de concentração desconhecida.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1-www.uac.pt/~barreto/medicina/AULA%2007%20ESPECT%20HEMOG%20INTROD.pdf
2-www.uco.es/organiza/departamentos/bioquimica-biol-
mol/pdfs/08_ESPECTROFOTOMETRÍA.pdf

16
EXPERIMENTO 2 – GASES: DENSIDADE DE GASES

OBJETIVO
Determinar a densidade do gás CO2.

INTRODUÇÃO
Quatro quantidades inter-relacionadas podem ser usadas para descrever um gás: pressão,
temperatura, volume e quantidade de matéria (n). A relação entre essas variáveis pode ser
expressa pela lei dos gases ideais que é dada pela equação:
pV = nRT

Essa equação descreve o comportamento de um gás chamado ideal. Infelizmente, não


existe esse tal gás ideal, mas gases reais sob pressões em torno de uma atmosfera e temperatura
ambiente geralmente comportam-se de forma bem parecida com a ideal, assim, pV=nRT,
descreve adequadamente seu comportamento. Para usar a equação, precisamos de um valor para
R. Isso pode ser determinado experimentalmente. Ao medir cuidadosamente p, V, n e T para
uma amostra de gás, podemos calcular o valor de R a partir desses valores usando a equação da
lei do gás ideal. A constante R é chamada de constante dos gases, a qual tem o mesmo valor
para todos os gases mas depende das unidades usadas, como 8,314 J/K.mol (SI) e 0,08206
L.atm/K.mol.
A densidade de um gás sob determinada condição de temperatura e pressão é uma
quantidade útil. Como a quantidade de matéria (n) de qualquer composto é dada pela sua massa
dividida pela sua massa molar, podemos substituir m/M por n na equação do gás ideal e
substituir o termo m/V por , densidade, que é definida como a massa dividida pelo volume:
𝑛𝑅 𝑇 𝑚𝑅 𝑇 𝑅𝑇
𝑝= = =𝜌
𝑉 𝑀 𝑉 𝑀
Rearranjando a expressão da lei do gás ideal acima, fornece a seguinte equação:
𝑝𝑀
𝜌=
𝑅𝑇
Pela equação acima, a densidade do gás pode ser calculada a partir da massa molar ou a
massa molar pode ser obtida a partir de uma medida da densidade do gás sob uma dada pressão
e temperatura.
Nesse experimento iremos determinar a densidade do gás CO2, que será gerado através
da reação que ocorre ao colocar em água um comprimido efervescente, um antiácido que
contém NaHCO3 (como o sonrisal).
MATERIAIS E REAGENTES
Tubo de ensaio grande, proveta de 100 mL, mangueira, rolha, tubo de vidro em L, cuba
transparente, copo plástico, sonrisal, água.

PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

1. Anote a temperatura ambiente e a pressão atmosférica, obtida no barômetro. Complete a


Tabela 1.

17
2. Observe a montagem da aparelhagem na Figura 1 e coloque água na cuba de acrílico até 2/3
do seu volume.

Figura 1 – Esquema do conjunto usado para a determinação da densidade de gases.

3. Encha uma proveta de 100 mL com água até a borda e introduza-a na cuba de modo que
não entrem bolhas de ar. Para isso tampe a proveta com a mão ou com filme plástico antes
de virá-la.
4. Coloque a extremidade livre da mangueira dentro da proveta.
5. Coloque água no tubo de vidro até aproximadamente a metade (no máximo) e use um copo
plástico como suporte. Pese esse conjunto e anote (mconjunto).
6. Pese ¼ de um sonrisal (~1,0g). Anote a massa exatamente pesada (msonrisal). Some esse valor
à massa do conjunto (mconjunto) e você terá a massa inicial (mi).
7. Coloque o sonrisal na água e feche o mais rápido possível de modo que todo o gás CO2
gerado seja recolhido na proveta. Uma alternativa é colocar o sonrisal no tubo inclinado
mas sem que ele entre em contato com a água. Em seguida, fecha-se o tubo e deixe o sonrisal
cair na água. Agite e evite que a rolha fique úmida.
8. Iguale o nível de água na proveta com o nível de água na cuba e leia o volume de gás
produzido (VCO2).
9. Retire a rolha do tubo e pese-o novamente para obter o valor da massa final (mf).
10. Repita o procedimento.

TRATAMENTO DE DADOS
Tabela 1 – Dados coletados para a estimativa da densidade do CO2.

Propriedade / unidade 1º experimento 2º experimento


Temperatura ambiente
Pressão atmosférica
Massa de sonrisal (msonrisal)
Massa do conjunto (mconjunto)
Massa inicial (mi), mi = msonrisal + mconjunto
Massa final (mf)
Massa de CO2 (mCO2 = mi – mf )
Volume de CO2 (VCO2)
Densidade (exp)
18
1. Através da diferença de massa (mi – mf), calcule a massa do gás formado na reação (mCO2).
2. Calcule a densidade do gás obtida nesse experimento (exp) dividindo sua massa (mCO2) pelo
volume ocupado (VCO2).
3. Usando a temperatura e pressão ambientes, calcule a densidade que o gás deve apresentar
caso ele se comporte como gás perfeito (ideal) usando a seguinte equação:

𝑛𝑅 𝑇 𝑚𝑅𝑇 𝑅𝑇 𝑝𝑀
𝑝= = =𝜌 𝜌=
𝑉 𝑀 𝑉 𝑀 𝑅𝑇

onde p = p(CO2)
M(CO2) = 44,01 g.mol-1
R = 0,08206 Latm/Kmol
OBS.: patm = p(CO2) + pv(H2O) + gh  p(CO2) = patm - pv(H2O) - gh

O procedimento feito de igualar o nível de água na proveta com o nível de água na cuba
para ler o volume de gás produzido (Vg) evita o cálculo da pressão hidrostática (gh) uma vez
que a leitura foi feita a h = 0.
A pressão de vapor da água p(H2O) pode ser encontrada na tabela 2. 1 atm = 760 mmHg

Tabela 2 – Pressão de vapor da água em várias temperaturas.

4.Calcule o erro relativo (𝐸% ) da medida da exp usando ideal como valor verdadeiro e discuta.
Obs.: Xv: valor verdadeiro da grandeza e Xm: valor medido
𝑋𝑚 − 𝑋𝑣
𝐸% = | | 𝑥100
𝑋𝑣

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

1-CROCKFORD, H.D.; KNIGHT, S.B. Fundamentos de Físico-Química, Ed. Livros Técnicos


e Científicos, 1977 p.8-27.

19
EXPERIMENTO 3 – CALORIMETRIA - DETERMINAÇÃO DO CALOR DE FUSÃO

OBJETIVO
Determinar o calor latente de fusão do gelo.

INTRODUÇÃO
Medidas do calor trocado por substâncias devem ser feitas em recipientes que não
permitam trocas de calor com o ambiente. Assim é o calorímetro, o qual, basicamente, consiste
de um vaso de parede dupla (com vácuo entre as paredes para evitar perda de calor por
radiação).
O princípio fundamental da calorimetria, é que o calor fornecido por uma substância,
geralmente chamada de corpo quente, é igual ao calor ganho pela outra, chamada de corpo frio
(com sinal trocado), já que não há perda de calor.
Em outros termos, pode-se dizer que a soma das quantidades de calor trocadas dentro
do sistema isolado é igual a zero e podemos escrever então que:
𝑛

∑ 𝑞𝑖 = 𝑞1 + 𝑞2 + 𝑞3 + ⋯ + 𝑞𝑛 = 0
1

Inicialmente, é necessário determinar a capacidade calorífica do calorímetro (Ccal) a ser


utilizado pois este troca calor com o sistema que está sendo investigado em seu interior. Isso é
feito misturando-se quantidades conhecidas de água fria e quente no interior do calorímetro e
medindo-se a temperatura de equilíbrio do sistema. Pode-se equacionar as trocas deste modo:

q recebido (água fria) + q recebido (calorímetro) + q cedido (água quente) = 0

(mágua fria. cágua.T) + (Ccal .T) + (mágua quente. cágua . T) = 0

A quantidade c H2O é o calor específico da água ( 1 cal grau -1 g -1 ), sendo m H2O a


massa de água. Os T são obtidos pelas temperaturas iniciais e finais, restando determinar Ccal
(capacidade calorífica do calorimétrico).
A capacidade calorífica de um corpo é a quantidade de calor necessária para variar de
um grau a temperatura desse corpo. O termo calor específico é empregado para substâncias
conhecidas e com massa conhecida. Para o primeiro, a unidade mais empregada é cal /C, e
para o segundo é cal/C.g, ou cal/C.mol.
A capacidade calorífica pode ser medida à pressão constante (Cp), e a volume constante
(Cv), cujas expressões matemáticas são:
 H   U 
Cp =   e C =  ,
 T p  T  V
v

onde, H e U referem-se às funções entalpia e energia interna e T é a temperatura. Sob


condições de pressão constante, dH = dq, sendo q o calor trocado do processo.
A energia transferida na forma de calor que é requerida para converter uma substância
sólida em líquida, no seu ponto de fusão é chamada calor de fusão (qf), ou calor latente de fusão
20
(Lf), que é o calor necessário para converter uma substância sólida em líquida, no seu ponto de
fusão, por unidade de massa da substância (Lf =qf/m). Nesse experimento, será determinado o
calor de fusão do gelo, neste caso, será adicionado um pedaço de gelo de massa conhecida ao
calorímetro. Haverá, então, dois processos de troca de calor: o gelo absorverá calor da água
para fundir, e a água proveniente do gelo, que surge no sistema a 0C, absorverá calor da água
que já existia.

MATERIAIS E REAGENTES

Calorímetro completo, termômetro, proveta de 100 mL e béquer de 500 m, pedaço de gelo e


copo plástico. Aquecedor elétrico.

PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

PARTE I - Determinação da capacidade calorífica do calorímetro (Ccal)

1- Coloque 100 mL de água no calorímetro, aguarde 2 min e anote a temperatura inicial (T1=__)
2- Em um béquer aqueça uniformemente ± 300 mL de água até aproximadamente 60-70 C,
usando um aquecedor elétrico.
Atenção: O aquecedor elétrico deve ser ligado apenas quando imerso na água.
3- Ambiente a proveta com essa água quente. Coloque na proveta 100,0 mL da água quente e
meça sua temperatura (T2 =___).
4- Despeje-a dentro do calorímetro imediatamente, fechando-o rapidamente.
5 - Espere mais um minuto agitando a água de vez em quando e anote a temperatura final do
sistema (T3 =___).
6- Descarte a água do calorímetro e o resfrie com água.
7- Repita o procedimento.

PARTE II - Determinação do calor latente de fusão do gelo

1- Coloque 100 mL de água no calorímetro, aguarde 3 min e anote a temperatura inicial (Ti=__).
2- Retire um cubo de gelo da geladeira, coloque-o num copo plástico e pese tudo rapidamente.
3-Espere o gelo começar a se fundir, e, tendo retirado previamente a tampa do calorímetro,
coloque-o no calorímetro, recolocando a tampa imediatamente.
4- Pese o copo com a água que ficou e calcule a massa do gelo por diferença (mgelo =____)
5- Espere o gelo derreter, agite a água periodicamente, e anote a temperatura final de equilíbrio
(Tf =___).

21
TRATAMENTO DE DADOS

PARTE I - Determinação da capacidade calorífica do calorímetro (Ccal)

1-Calcule Ccal (capacidade calorífica do calorímetro) fazendo a aproximação de que 100 mL


de água são iguais a 100 g de água, sendo o calor específico da água (cágua) de 1 cal.g-1.oC-1 e
considerando que:
T1: Temperatura da água fria e do calorímetro. T1 = ________
T2: Temperatura da água quente. T2 = ________
T3: Temperatura final de equilíbrio. T3 = _______
Tem-se que:

q recebido (água fria) + q recebido (calorímetro) + q cedido (água quente) = 0


[mágua fria. cágua (T3 -T1)] + [Ccal (T3 -T1)] + [mágua quente. cágua . (T3 – T2)] = 0

2- Calcule Ccal em cal/ oC.

PARTE II - Determinação do calor latente de fusão do gelo

1-Calcule o calor de fusão do gelo (qf), fazendo a aproximação de que 100 mL de água são
iguais a 100 g de água, sabendo que o calor específico da água (cágua) é de 1 cal.g-1.(oC)-1 e
considerando que:
Ti: Temperatura da água fria e do calorímetro. Ti = ________
Tf: Temperatura final de equilíbrio. Tf = _______
mgelo: massa de gelo colocada no calorímetro. mgelo = ________

Tem-se que:
qf (recebido) + q recebido (gelo) + q cedido (água fria) + q cedido (calorímetro) = 0

qf + [mgelo. cágua (Tf -0°C)] + [mágua fria. cágua (Tf -Ti)] + [Ccal (Tf -Ti)] = 0

Calcule qf (em cal) que é o calor de fusão correspondente à massa de gelo colocada no
calorímetro.
2-Calcule o calor latente de fusão do gelo (Lf = qf/m) em cal/g, que é o calor necessário nessa
transformação, por unidade de massa de gelo (Lf =qf/m).
3- Compare o valor obtido de Lf com o valor da literatura e calcule o erro relativo (𝐸% ).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1-ATKINS, P. W. Physical Chemistry. San Francisco: Freeman & Co., 1978. p.103 - 119.
2-DANIELS, F. ; ALBERTY, R. A. Physical chemistry. New York: J. Wiley, 1961. p.47
3-SOUZA, N. J. M. e MARTINS FILHO, H. P. – Experimentos em Físico-Química – Ed.
Universitária Paranaense – 1993.
22
EXPERIMENTO 4 – TERMODINÂMICA: ENTALPIA DE FORMAÇÃO DO NH4Cl (s)

OBJETIVO
Determinar a entalpia de formação do NH4Cl (s).

INTRODUÇÃO
A entalpia de formação (fHo) de uma substância pode ser calculada com auxílio de
experimentos quando quantidades conhecidas de reagentes formam uma quantidade conhecida
da espécie química pesquisada. A equação a seguir representa a reação de síntese do NH4Cl (s),
a partir de seus elementos nas condições padrão (p = 1,0 bar e T = 25C = 298,15 K):
½ N2 (g) + 2 H2(g) + ½ Cl2 (g) → NH4Cl (s)
A quantidade de calor observada para formar um mol do cloreto de amônio sólido é a
sua entalpia de formação (fHo). Entretanto este é mais um dos casos em que a entalpia da
reação não pode ser obtida diretamente em condições de laboratório simples. Porém, é possível
obtê-la de maneira indireta, aplicando-se os conceitos da Lei de Hess e o conhecimento de
outras reações mais simples e que podem ser realizadas em laboratório.
No presente caso, a entalpia de formação do NH4Cl (s) (fHo) será determinada a partir
das variações de entalpia das seguintes reações ou processos:

1- formação do NH3 (g)


2 - formação do HCl (g)
3 - dissolução e ionização do HCl (g) em meio aquoso
4 - dissolução e ionização do NH3 (g) em meio aquoso
5 - reação de neutralização do NH4OH (aq) com HCl (aq) para formar o NH4Cl (aq)
6 - dissolução e dissociação do NH4Cl (s) em água destilada (inverso)

Tais reações estão descritas a seguir bem como as respectivas entalpias. Apenas os Ho
das reações 5 e 6 serão determinados experimentalmente.
Aplicando a Lei de Hess, obtém-se a entalpia de formação do NH4Cl (s) (reação7).

Reação Ho / kJ.mol-1


1) H2 (g) + ½N2 (g) → NH3 (g) ........................................................................ -46,11
2) ½ H2 (g) + ½Cl2 (g) → HCl (g) ......................................................................... -92,31
3) HCl (g) + H2O (l) → H3O+ (aq) + Cl- (aq).......................................................... -74,84
4) NH3 (g) + H2O (l) → NH4OH (aq)................................................................... -30,50
5) NH4OH (aq) + H3O+ (aq) + Cl- (aq) → NH4 + (aq) + Cl-(aq) + 2 H2O (l)............ ? (det.exp)
6) NH4 + (aq) + Cl-(aq) + H2O (l)→ NH4Cl (s) + H2O (l)..................................... ? (det.exp)
-314,43
7) ½ N2 (g) + 2 H2 (g) + ½ Cl2 (g) → NH4Cl (s).....................................................?

23
Assim, esta prática pode ser dividida em três partes:

Parte I – Determinação da capacidade calorífica do calorímetro


Parte II – Determinação do calor envolvido na dissolução do NH4Cl(s)
Parte III – Determinação do calor envolvido na reação entre NH4OH e HCl

MATERIAIS E REAGENTES

Calorímetro construído a partir de uma garrafa térmica, termômetro, béquer, aquecedor elétrico,
provetas de 100 mL , NH4Cl (s), NH4OH(aq) 1,5 mol.L-1, HCl(aq) 1,5 mol.L-1 .

PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

PARTE I – Determinação da capacidade calorífica do calorímetro

1- Coloque 100,0 mL de água no calorímetro, aguarde 2 min e anote a temperatura inicial


(T1=_____).
2- Em um béquer aqueça uniformemente ± 300 mL de água até aproximadamente 70 C.
Atenção: O aquecedor elétrico deve ser ligado apenas quando imerso na água.
3- Ambiente a proveta com essa água quente. Coloque 100,0 mL desta água na proveta e meça
sua temperatura (T2 =_____).
4- Despeje-a dentro do calorímetro imediatamente, fechando-o rapidamente.
5 - Espere mais um minuto agitando a água de vez em quando e anote a temperatura final do
sistema (T3 =_____). Não jogue essa água fora; ela será usada na Parte II do experimento.

PARTE II – Determinação do calor envolvido na dissolução do NH4Cl(s).

1 - Pese aproximadamente 5,0 g de NH4Cl(s) e anote o valor da massa pesada.


m(NH4Cl) = ______.
2 - Anote o valor da temperatura da água morna que está no calorímetro.T4 = _____.
3 - Adicione o sal na água morna dentro do calorímetro e agite-o suavemente, até conseguir a
sua completa dissolução. Anote o valor da temperatura final desta solução. Descarte esta
solução e lave o calorímetro. T5 = _______.

PARTE III – Determinação do calor envolvido na reação entre NH4OH e HCl

1 – Anote os valores exatos das concentrações dos reagentes:


C (NH4OH) = _____________________ C (HCl) = ____________________
2 - Adicione ao calorímetro 100,0 mL da solução mais diluída e anote a temperatura inicial.
T6 = _________.
3 – Calcule o volume de ácido (ou base) que deve ser adicionado para que a reação ocorra em
proporção estequiométrica. V = _______.
4 - Adicione a seguir a solução no volume calculado, tampe rapidamente o calorímetro e meça
a temperatura do equilíbrio térmico após ocorrida a reação de neutralização. T7 =____.
24
TRATAMENTO DE DADOS
PARTE I – Determinação da capacidade calorífica do calorímetro
1-Calcule Ccal (capacidade calorífica do calorímetro), pela expressão:
q recebido (água fria) + q recebido (calorímetro) + q cedido (água quente) = 0

Fazendo a aproximação de que 100 mL de água são iguais a 100 g de água e sabendo que o
calor específico da água (cágua) é de 1 cal.C-1.g-1 ou 4,184 J.C-1.g-1 poderemos determinar a
capacidade calorífica do calorímetro (Ccal).
[mágua fria . cágua (T3-T1)] + [Ccal (T3-T1)] + [mágua quente. cágua . (T3 – T2)] = 0

Tabela 1 – Dados referentes à calibração do calorímetro


mágua fria T1 mágua quente T2 T3 Ccal

PARTE II – Determinação do calor envolvido na dissolução do NH4Cl(s).

1 - Faça os cálculos para determinar a entalpia de dissolução (por mol) do NH4Cl(s):


[mágua . cágua (T5-T4)] + [Ccal (T5-T4)] + qr = 0
onde qr = qdiss (calor da dissolução) e H = qr/n Dado: MNH4Cl = 53,49 g/mol

Tabela 2 – Dados referentes ao calor de dissolução do NH4Cl


m (NH4Cl)/g n (NH4Cl) T4 /°C T5 /°C qdiss / cal dissH/ kJ/mol

PARTE III – Determinação do calor envolvido na reação entre NH4OH e HCl

1- Faça os cálculos para determinar a entalpia da reação (por mol) entre NH4OH e HCl.
[msolução . cágua (T7-T6)] + [Ccal (T7-T6)] + qr = 0
onde qr = calor da reação e H = qr/n

Tabela 3 – Dados referentes ao calor da reação entre NH4OH e HCl


[NH4OH] [HCl] T 6/ Vadicionado/ n ácido V total da T7/°C qr / cal rH/ kJ/mol
°C mL ou base solução /mL

2-A partir dos dados de Ho fornecidos na apostila e dos obtidos experimentalmente, acima,
use a Lei de Hess e calcule o (fHo) do NH4Cl(s). Escreva as equações das reações, os
respectivos valores de rH e mostre como se obtém a equação desejada (faça o somatório).
Compare o valor obtido com valores da literatura e calcule o erro relativo.
Obs.: Para os cálculos acima considere: dsolução aquosa  dágua e csolução aquosa  cágua.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1-ATKINS, P. W. Physical Chemistry, Oxford Press, NY, 6th edition, pp 65-70, 1998.
3-LIDE, D. R. (editor) - “Handbook of Physical Chemistry”, 78th edition, CRC Press, NY, 1998.
Sec. D 61
4-SOUZA, N. J. M. e MARTINS FILHO, H. P. Experimentos em Físico-Química – Ed.
Universitária Paranaense – 1993.
25
EXPERIMENTO 5 – EQUILÍBRIO QUÍMICO: CONSTANTE DE EQUILÍBRIO

OBJETIVO
Calcular a constante de equilíbrio de uma reação através da técnica de
espectrofotometria.

INTRODUÇÃO

Esse experimento visa a determinação da concentração de íons Fe (III) através de análise


espectrofotométrica. Isso se deve ao fato de que os íons Fe (III) reagem rapidamente com
tiocianato (SCN-) em solução aquosa, produzindo uma série de complexos solúveis de
coloração vermelha. Estes complexos, cuja formação depende da concentração de tiocianato na
mistura de reação, podem ser formulados como Fe(SCN)n 3 −n onde n = 1 a 6. O íon Fe (II)
não reage com tiocianato.
A absorção de luz por uma substância em solução pode ser utilizada para determinar a
sua concentração, uma vez que, para soluções diluídas, existe uma relação linear entre a
concentração da substância e a quantidade de luz absorvida. Além disso, cada substância
absorve mais fortemente determinados comprimentos de onda. A absorção de luz característica
de cada substância, que representa o seu Espectro de Absorção, pode ser utilizada para
caracterizar e identificar uma ou mais substâncias numa mistura.

1.1- Lei de Lambert-Beer


Quando soluções da mesma natureza, mas de diferentes concentrações, são atravessadas
por um mesmo tipo de radiação (isto é, radiação de igual comprimento de onda), existe uma
relação quantitativa entre a fração da radiação transmitida (transmitância) e a concentração da
solução. Esta relação, conhecida como lei de Lambert-Beer, é dada por:
T = 10 –bc
onde: T = transmistância
 = absortividade molar ou coeficiente de extinção
b = caminho óptico (espessura do meio atravessado pela radiação) em cm
c = concentração em mol por litro.

A absorbância, A, é definida por: A = -log T, ou seja:


A = bc
A última equação mostra que é possível, escolhido um determinado comprimento de
onda, construir uma curva padrão através da medida de absorbância para diferentes
concentrações da solução desde que se trabalhe com uma mesma célula. A partir dessa curva,
pode-se descobrir a concentração de outras soluções através da medida da absorbância das
mesmas. Mas qual deve ser esse comprimento de onda? Para determiná-lo, umas das maneiras,
é utilizar-se de um espectrofotômetro de varredura e obter o espectro de absorção do composto
estudado. A análise deverá ser feita no comprimento de onda de absorção máxima.

26
Para que seja possível utilizar a relação entre a absorbância de soluções de concentração
conhecida versus a concentração (curva padrão) para extrapolar para amostras de concentração
desconhecida, é necessário que o valor da absorbância medido seja inferior a 1,0 (vide Figura
1). Caso isso não aconteça, basta fazer diluição das amostras.

Figura 1- Relação entre a densidade óptica (Absorbância) e a concentração de uma substância


em solução.

1.2– Formação do complexo [Fe(SCN)]2+

Neste experimento, será utilizada uma baixa concentração de SCN- para garantir o
domínio do complexo [Fe(SCN)]2+ (aq) na mistura reacional. Sabe-se que, se a [SCN-] for igual
a 0,10 mol L-1, o complexo principal passa a ser o [Fe(SCN)2]+ (aq). Nesta experiência as
relações [SCN-]/[Fe3+] serão tais que admitiremos que a reação preponderante seja a de
formação do [Fe(SCN)]2+, de acordo com a equação:
Fe3+ + SCN- [Fe(SCN)]2+ ou melhor:
[Fe(H2O)6]3+ (aq) + SCN- (aq) [FeSCN(H2O)5]2+ (aq) + H2O (l)

O complexo formado [FeSCN(H2O)5]2+ é facilmente identificado pela cor "vermelho


sangue" em solução.
Ácidos fortes (HCl ou HNO3) devem estar presentes para reprimir a reação de hidrólise:
Fe (aq) + 3H2O(l) → Fe(OH)3(s) + 3H+ (aq). O ácido sulfúrico não deve ser usado porque os
3+

íons sulfato tendem a formar complexos com os íons Fe(III).


A Figura 2 mostra o espetro de absorção desse complexo, onde podemos ver que a
absorção máxima é a 440 nm sendo portanto esse o comprimento de onda que será usado na
presente prática. Assim, vamos utilizar a lei de Lambert-Beer para calcular a concentração de
tiocianato férrico em diversas soluções aquosas e, a partir dos dados obtidos, calcular a
constante de equilíbrio químico.

27
0,9

0,8

0,7

0,6

Absorvância
0,5

0,4

0,3

0,2

0,1

0,0
400 420 440 460 480 500 520 540 560 580 600
 / nm

Figura 2 – Espectro de absorção do [FeSCN(H2O)5]2+ em meio ácido aquoso.

Esse valor de comprimento de onda é o esperado, pois, se o composto é laranja, significa que
ele absorve o azul conforme pode ser visto a seguir:
Cores complementares Espectro Eletromagnético
amarelo

laranja verde

vermelho azul

violeta

A constante de equilíbrio (Kc) de uma reação é um valor que relaciona as concentrações


das espécies reagentes e produtos, em uma determinada temperatura. Para uma reação genérica:
aA + bB  cC + dD

MATERIAIS E REAGENTES

Espectrofotômetro de UV-VIS, tubos de ensaio, cubetas, solução A = sulfato férrico amoniacal


(NH4Fe(SO4)2) a 0,001 molL-1 preparada em HNO3 0,01 mol L-1; solução B = tiocianato de
potássio 0,001 mol L-1, solução C=NH4Fe(SO4)2 a 0,1 molL-1 preparada em HNO3 0,05 molL- 1.

PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

PARTE I – Aquisição da curva padrão ou curva de calibração (Lei de Lambert-Beer)


1- Prepare as soluções em tubo de ensaio conforme indicado na tabela 1. Não se preocupe
em homogeneizar as soluções nesse momento.
2- Configure o espectrofotômetro para fazer a leitura em 440 nm. Use como branco o tubo
número 1 (Absorbância (A) = 0).
3- Proceda à leitura da absorbância das soluções preparadas. Para isso, transfira a solução
para um béquer para garantir a homogeneização da mesma. Ambiente a cubeta com esta
solução, meça a absorbância e anote o valor na tabela 3.
4- Proceda da mesma maneira para as demais soluções.
28
Tabela 1 – Condições experimentais para medidas de absorbância de soluções de
complexo de concentrações conhecidas
Tubo Volume de Volume de Volume de
solução C (mL) solução B (mL) H2O (mL)
1 5,0 0 9,0
2 5,0 1,0 8,0
3 5,0 2,0 7,0
4 5,0 3,0 6,0
5 5,0 4,0 5,0
6 5,0 5,0 4,0

PARTE II - Determinação das concentrações no equilíbrio


1- Prepare as soluções em tubo de ensaio conforme indicado na tabela 2. Não se preocupe
em homogeneizar as soluções nesse momento.
2- Com o espectrofotômetro configurado para fazer a leitura em 440 nm, use como branco
o tubo número 7 (Absorbância (A) = 0).
3- Meça a absorbância, conforme feito na Parte I e anote o valor na tabela 4.
Tabela 2 – Condições experimentais para medida da absorbância de soluções de
complexo de concentrações desconhecidas
Tubo Volume de Volume de Volume de
solução A (mL) solução B (mL) H2O (mL)
7 7,0 0 7,0
8 7,0 5,0 2,0
9 7,0 6,0 1,0
10 7,0 7,0 0,0

TRATAMENTO DE DADOS

PARTE I – Aquisição da curva padrão ou curva de calibração do [Fe(SCN)]2+

1-Preencha a tabela 3 com os dados de absorbância e concentração das soluções [Fe(SCN)]2+


nos tubos 1 a 6. Para o cálculo dessas concentrações de [Fe(SCN)]2+, considere que o equilíbrio
foi deslocado para a direita (Fe3+ + SCN- ⎯⎯→ [FeSCN]2+) devido à presença de Fe3+ em
excesso e que portanto: [[Fe(SCN)]2+]] ≈ [SCN-].
Exemplo de cálculo da [SCN-], para o tubo 2:
𝐶1 𝑉1 = 𝐶2 𝑉2 ⇒ 0,001𝑚𝑜𝑙. 𝐿−1 ⋅ 1,0𝑚𝐿 = 𝐶2 ⋅ 14,0𝑚𝐿 ⇒ 𝐶2 = 𝐶𝑆𝐶𝑁− =7,14x10-5 mol/L = Ccomplexo

Tabela 3: Dados de concentração do complexo e absorbância das soluções, a 440 nm.


Tubo 1 2 3 4 5 6
2+ -1
[[Fe(SCN)] ] (mol. L )
Absorbância a 440 nm

2-Encontre a equação da reta referente à curva de calibração (curva padrão) do complexo.


29
PARTE II - Determinação das concentrações no equilíbrio

1-Complete a tabela 4.

Tabela 4: Dados de absorbância do complexo formado (quando se misturam as soluções A e B


dos tubos 8, 9 e 10) e das concentrações de [Fe(SCN)]2+.
Tubo 8 9 10
Absorbância a 440 nm
[Fe(SCN)]2+ (mol.L-1) (*)
(*) Essas concentrações são determinadas pela substituição dos dados de absorbância dos tubos
8, 9 e 10 na curva de calibração, obtida na Parte I.

2-Complete a Tabela 5 considerando o tratamento matemático para o cálculo do equilíbrio


químico:
Fe3+ + SCN- [Fe(SCN)]2+
Início [Fe3+]0 [SCN-]0 --------
3+ _ - _
Equilíbrio [Fe ]0 x [SCN ]0 x x

[[𝐹𝑒(𝑆𝐶𝑁)]2+ ]𝑒𝑞
𝐾= +
[𝐹𝑒 3 ]𝑒𝑞 [𝑆𝐶𝑁 − ]𝑒𝑞

3-Após completar a Tabela 5, calcule o valor da constante de equilíbrio da reação, como sendo
a média dos valores obtidos em cada linha (Kmédio). Discuta sobre esse valor.

Tabela 5 – Concentrações (mol.L-1) dos íons envolvidos na reação.


Tubo [[Fe(SCN)]2+](**) [Fe3+]0 [Fe3+]eq [SCN-]0 [SCN-]eq Keq
(adimensional!)
8
9
10
K médio
(**) O valor da [[Fe(SCN)]2+] foi determinado pela curva de calibração
Legenda: [ ]0 = concentração inicial; [ ]eq = concentração no equilíbrio

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1-PAWLOSKY,A.M. et. al. Experimentos de Química Geral, 2a edição. Editora UFPR, 1996.
2-SILLEN,L. G. e MORTELL, A. E., Stability Constants of Metal-Ion Complexes, The 3-
Chemical Society, publicação especial nº 17, p. 119, 1964.
4-www.uac.pt/~barreto/medicina/AULA%2007%20ESPECT%20HEMOG%20INTROD.pdf
5-www.uco.es/organiza/departamentos/bioquimica-biol-mol/pdfs/08_ESPECTROFOTOMETRÍA.pdf

30
EXPERIMENTO 6 - TENSÃO SUPERFICIAL DE LÍQUIDOS PUROS E DE
SOLUÇÕES

OBJETIVOS
Estudar as forças de coesão e de adesão e calcular a tensão superficial pela ascensão
capilar.

INTRODUÇÃO
Devido à tensão superficial a água se comporta como se tivesse uma membrana elástica
em sua superfície. Este fenômeno pode ser observado em quase todos os líquidos, e é o
responsável pela forma esférica de gotas ou bolhas do líquido. A razão é que as moléculas de
água interagem muito mais fortemente com suas vizinhas do que com as moléculas do ar, na
interface. As moléculas que estão no interior da gota, por exemplo, interagem com outras
moléculas em todas as direções; as moléculas da superfície, por outro lado, interagem somente
com moléculas que estão nas suas laterais ou logo abaixo. Este desbalanço de forças
intermoleculares faz com que estas moléculas, da superfície, sejam atraídas para o interior do
líquido. Para se remover estas moléculas da superfície é necessário certa quantidade mínima de
energia - a tensão superficial. Para a água, isto corresponde a 72,75 mN.m-1, a 20 oC.
Quando se tem uma gota de fluido em contato com um sólido e num meio de vapor, o ângulo
de contato da interface líquida depende apenas das propriedades físicas dos três meios de
contato (sólido, líquido e fluido), sendo independente do formato do recipiente e da gravidade.
Para entender as características físicas de um líquido como tensão superficial, ação capilar,
curvatura dos meniscos, viscosidade, miscibilidade é preciso entender as interações
moleculares denominadas forças de coesão (formato arredondado) e forças de adesão (maior
espalhamento)

A Figura ao lado mostra o


comportamento de uma gota sobre uma
superfície que apresenta alta molhabilidade
(θ = 0), molhabilidade média (π < θ <0) e sem
molhabilidade (θ = π). Para líquidos
molhantes, as forças de coesão (forças
líquido-líquido) são menores que as forças de
adesão (forças sólido-líquido). Em líquidos
não molhantes, o oposto ocorre. É evidente
que, se as forças de campo (gravitacionais,
por exemplo) que agem no sistema são
pequenas, o formato das gotas se aproxima de
uma esfera, com contato com a superfície em
apenas um ponto, ou seja, com um ângulo de
contato que se aproxima de 180º.

A tendência de líquidos ascenderem nos tubos capilares é uma conseqüência da tensão


superficial (), que pode ser correlacionada com a ascensão capilar, h, da seguinte forma:

31
Força devido à tensão superficial: ( cos )(2r )
Peso da coluna do líquido: m.g = V.g = r2.h.g
2 cos
No equilíbrio a altura (h ouh):  h =
 .g.r
Para o sistema vidro/água/ar,   0 . Então:
1
𝛾 = 𝜌𝑔ℎ𝑟
2
MATERIAIS E REAGENTES
Água destilada, etanol, dodecilssulfato de sódio, SDS (C12H25SO4-Na+) 5% m/v; pipetas
Pasteur, lâmina de vidro, régua pequena, tubo capilar, béquer de 25 mL (2).
PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
PARTE I – Comparação do espalhamento de líquidos e soluções em sólidos.

1 – Lave com detergente, água de torneira e água destilada a placa de vidro. Seque com papel
toalha.
2 – Coloque gotas de água, solução aquosa de SDS 5% e etanol sobre a placa de vidro e observe
o grau de espalhamento.

PARTE II: Ascensão capilar

1 – Coloque certa quantidade de água no béquer e mergulhe nele uma régua, bem lavada.
2 – Mergulhe a ponta do capilar na água e junte-o à escala da régua. Verifique se o capilar está
limpo por dentro abaixando-o e elevando-o sempre com a ponta mergulhada. O nível do líquido
dentro do capilar deve sempre recuperar a posição original.
3 – Meça a elevação capilar (h ou h), ou seja, a diferença de altura entre a superfície do líquido
no béquer e a do menisco no capilar e anote na tabela 1.
4 – Repita o procedimento para outros líquidos e solução.

TRATAMENTO DE DADOS
PARTE I – Comparação do espalhamento de líquidos e soluções em sólidos.
1-Oordene as amostras de acordo com o grau de espalhamento:
_____________<_____________<_____________
2-Explique a ordem de espalhamento esperada.

PARTE II: Ascensão capilar


1 – Calcule o raio do tubo capilar (r) pela altura de ascensão capilar, usando o valor conhecido
da tensão superficial da água (20°C = 75,75 mN.m-1). r =________
2- Calcule a tensão superficial das demais amostras, usando o valor do raio calculado acima.
Tabela 1-Dados para o cálculo da tensão superficial.
amostra água SDS 5% etanol
h/m
  kg.m-3
  m-1
3-Relacione os resultados das Partes I e II.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1 - http://www.qmc.ufsc.br/quimica/pages/especiais/revista_especiais_forcas_intermoleculares.html
2 - www.labsolar.ufsc.br/disciplinas/emc5416/aulas/aula02.pdf
3- RABOCKAI, T. “Físico-Química de Superfícies” – Publicado pela OEA, Washington, DC
(1979)

32
EXPERIMENTO 7 – TENSOATIVOS: Concentração micelar crítica

OBJETIVO
Determinar a concentração micelar crítica do dodecilsulfato de sódio (SDS) por medidas de
condutividade.

INTRODUÇÃO
Os surfactantes são moléculas que têm uma região liofílica e uma liofóbica. Exemplos
comuns deste tipo de moléculas são o sabão e os detergentes, os quais têm uma cabeça
hidrofílica e uma cauda hidrofóbica. O mecanismo da estabilização baseia-se na formação de
micelas, havendo dois tipos possíveis: as micelas normais e as micelas invertidas.

Micelas normais Micelas invertidas

Nas micelas normais as moléculas do surfactante envolvem a substância hidrofóbica


(óleo, por exemplo). Esta é uma forma bastante eficiente de se estabilizar uma emulsão de óleo
na água, pois o surfactante cria uma barreira mecânica que envolve cada gotícula de óleo,
impedindo que estas se juntem quando chocam entre si. A existência de cargas do mesmo sinal,
associadas às cabeças hidrofílicas, é um fator adicional de estabilidade devido às repulsões
eletrostáticas entre as micelas.
Nas micelas invertidas o meio de dispersão é uma gordura e a fase dispersa é a água.
Neste caso as cabeças hidrofílicas ficam em contacto com a água e as caudas hidrófobas ficam
em contacto com o óleo, blindando as gotículas de água e impedindo desta forma que estas de
juntem quando chocam entre si.
Um dos índices mais importantes no estudo de sistemas coloidais, relativo à sua
caracterização, é a determinação da concentração micelar crítica (cmc). Esta concentração é a
concentração mínima de soluto que permite a formação de micelas. Para a detecção da cmc,
deve-se acompanhar a evolução de alguma propriedade característica da solução, como tensão
superficial ou condutividade, com a concentração. No momento da formação das micelas, há
uma brusca descontinuidade na variação das propriedades.
Neste experimento estará em destaque o comportamento do tensoativo aniônico
dodecilsulfato de sódio (SDS), também conhecido como laurilsulfato de sódio. Sabe-se que,
quando quantidades convenientes de SDS são adicionadas em água, a solução apresenta
alterações significativas, particularmente no que se refere à tensão superficial, porque sua
diminuição permite, por exemplo, o aumento da solubilização de hidrocarbonetos. Observa-se
contudo, que esta alteração não ocorre até ser atingida a concentração micelar crítica de SDS.
No caso do SDS as micelas possuem de 60 a 120 unidades moleculares.

33
Como as micelas não são tensoativas, após a cmc, a tensão superficial do sistema
mantém-se aproximadamente constante. Cumpre ressaltar que a constituição das micelas não é
estática; ao contrário, elas estão em constante reorganização.
Neste experimento, o estudo será feito através de medidas da condutividade específica,
k (S.cm-1 ou Ω-1.cm-1), de soluções constituídas por SDS em água, devido à presença de íons
em solução. Através do gráfico de condutividade vs concentração de SDS, determina-se a CMC
no ponto de descontinuidade da curva.

MATERIAIS E REAGENTES
Condutivímetro com célula de condutância, béquer de 100,0 mL, bureta, pera, SDS a
40,0mmol.L-1.

PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
1 – Adicione 50,0 mL de água, medidos numa proveta, em um béquer de 100,0 mL. Coloque
na água a célula de condutância conectada ao condutivímetro.
2 – Coloque a solução de tensoativo numa bureta e adicione na água quantidades crescentes da
solução do tensoativo, de 1,0 em 1,0 mL até 20 mL. A cada adição, agite manualmente a solução
e aguarde estabilizar (20 segundos) para efetuar a leitura da condutividade.Complete a tabela I.

TRATAMENTO DE DADOS
Tabela I: Dados de condutividade
Volume SDS (mL) 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 10,0
-1
Concentração/ mmol.L
Condutividade / S.cm-1

Volume SDS (mL) 11,0 12,0 13,0 14,0 15,0 16,0 17,0 18,0 19,0 20,0
-1
Concentração/ mmol.L
Condutividade / S.cm-1

1-Calcule a concentração de SDS após cada adição, considerando o volume total da solução
(volume inicial de 50,0 mL de água + volume de SDS adicionado).
2-Faça o gráfico de condutividade em função da concentração da solução de SDS. Analise esse
gráfico.
3- Determine a concentração micelar crítica do SDS (mostre como a obteve). Compare com
valores encontrados na literatura.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. SHAW, D. J. Introdução a Química dos Colóides e Superfícies. Tradução Juergen H.
Maar. São Paulo, Edgar Blucher, 1975. 4a Edição em inglês, 1992.
2. RIZZATTI, I.M.;ZANETT, D.R.;MELLO, L.C. Química Nova,v.32, n.2, 518-521, 2009.
3. http://www.corpohumano.hpg.ig.com.br/generalidades/quimica/quimica_10.html
4 - RANGEL, R. N., Práticas de Físico-Química, Ed. Edgard Blucher Ltda, 2006.
5 - www.qmc.ufsc.br/~minatti/aulas/qmc5409/exp_6_determinacao_cmc_conductivimetria.pdf
34
EXPERIMENTO 8 – CINÉTICA QUÍMICA: LEI DE VELOCIDADE DA REAÇÃO

OBJETIVO
Determinar a lei de velocidade e a constante de velocidade da reação de oxidação do bissulfito
pelo iodato (reação relógio de iodo).

INTRODUÇÃO
A reação que nós vamos estudar é a seguinte:
3HSO3-(aq) + IO3-(aq) → I-(aq) + 3SO4--(aq) + 3H+(aq)
Soluções contendo bissulfito são muito instáveis, e por isso, utilizaremos uma solução
de metabissulfito (Na2S2O5) que tem um tempo de vida maior (1 a 2 meses de prateleira) para
gerar os íons bissulfito de acordo com a seguinte reação:Na2S2O5 + H2O → 2NaHSO3
A velocidade será determinada com relação ao íon bissulfito (HSO3-), uma vez que será
utilizado íons iodato(IO3-) em excesso. Consequentemente a lei de velocidade será:
1 d[HSO 3− ]
v=− = k[HSO 3− ]m [IO 3− ]n
3 dt
O método baseia-se no tempo necessário para que uma certa quantidade de íons
bissulfito seja consumida. Para que possamos saber o término da reação iremos usar como
indicador o amido. As reações ocorridas são:
3HSO3-(aq) + IO3-(aq) → I-(aq) + 3SO4--(aq) + 3H+(aq)  consumo de íons bissulfito
5I (aq) + 6H (aq) + IO3 (aq) → 3I2(aq) + 3H2O  excesso de iodato reagindo com iodeto
- + -

I2(aq) + Amido → [I2-Amido](aq)  formação de um complexo azul.

Nesse experimento, usaremos a aproximação de que a velocidade inicial é praticamente


Δ[HSO 3− ]
igual à velocidade média que pode ser expressa por: vm = − 1
3
Δt

1 d[HSO 3− ] 1 Δ[HSO 3− ]
vo = − − = k[HSO 3− ]o [IO 3− ]o
m n

3 dt 3 Δt
Experimentalmente, determinamos a lei de velocidade e constante de velocidade da
reação à temperatura ambiente, fazendo a variação da concentração de íon bissulfito mantendo-
se a concentração de íon iodato constante, com isso calculamos a ordem da reação com relação
ao íon bissulfito (HSO3-). De modo análogo, obtemos a ordem de reação com relação ao íon
iodato (n), que foi determinada em outro experimento, sendo n =1.

MATERIAIS E REAGENTES
10 tubos de ensaio com suporte, 1 escova para tubos, 5 bequeres de 100 mL, 1 Bureta de 50,00
mL, 3 Buretas de 25,00 mL, cronômetro, Solução de KIO3 0,1 molL-1, Solução de Na2S2O5 0,1
mol/L, Solução de amido 1,5 gL-1.

35
PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
1-Prepare a solução A em béqueres e a solução B em tubos de ensaio, conforme Tabela 1.
2-No béquer, misture a solução A com a solução B e inicie a contagem de tempo até o
aparecimento de uma cor azul intensa. Repita o procedimento para todos os pares de soluções.

Tabela1: Condições experimentais para várias reações.


Volume / mL
Solução A Béquer 1 Béquer 2 Béquer 3 Béquer 4 Béquer 5
KIO3 12 12 12 12 12
água 28 28 28 28 28
Solução B Tubo 1 Tubo 2 Tubo 3 Tubo 4 Tubo 5
Na2S2O5 1 2 3 4 5
amido 2 2 2 2 2
água 7 6 5 4 3
TRATAMENTO DE DADOS
1-Preencha a tabela 2, com os dados de tempo, concentração das soluções e velocidade.
Obs.: Calcule as concentrações iniciais de HSO3- e IO3- no volume total da mistura reacional
(soma das soluções A e B) e [HSO3-]0 = 2[S2O52-]0. Exemplo do cálculo para o primeiro ponto:
solução A: 𝐶1 𝑉1 = 𝐶2 𝑉2 ⇒ 0,10𝑚𝑜𝑙. 𝐿−1 ⋅ 12,0𝑚𝐿 = 𝐶2 ⋅ 50,0𝑚𝐿 ⇒ 𝐶𝐼𝑂3− = 0,024𝑚𝑜𝑙. 𝐿−1
solução B: 𝐶1 𝑉1 = 𝐶2 𝑉2 ⇒ 2(0,10)𝑚𝑜𝑙. 𝐿−1 ⋅ 1,0𝑚𝐿 = 𝐶2 ⋅ 50,0𝑚𝐿 ⇒ CHSO3- = 0,0040 molL-1
1 𝛥[HSO−
3] 1( 0 − [HSO−
3 ]𝑜)
Calcule a velocidade inicial a partir de: 𝑣0 ≅ − 3 =−
Δt 3 (t - 0)

Tabela 2: Variação da concentração de íons bissulfito mantendo a de íons iodato constante.


Béquer 1 Béquer 2 Béquer 3 Béquer 4 Béquer 5
- -1
[IO3 ]0 / mol.L
[HSO3-]0 / molL-1
Tempo /s
Velocidade /mol.L-1.s-1
log [HSO3-]0
log v0
2- Pela tabela 2, temos [IO3-] constante. Assim,
𝑣 = 𝑘[𝐻𝑆𝑂3− ]𝑜 𝑚 [𝐼𝑂3− ]𝑜 𝑛
𝑣 = 𝑘′[𝐻𝑆𝑂3− ]𝑜 𝑚 ⇒ 𝑙𝑜𝑔 𝑣 = 𝑙𝑜𝑔 𝑘 ′ + 𝑚 𝑙𝑜𝑔[ 𝐻𝑆𝑂3− ]𝑜
Portanto, faça o gráfico de: 𝑙𝑜𝑔𝑣0 𝑥 𝑙𝑜𝑔[𝐻𝑆𝑂 ]0
3
3-Obtenha a ordem da reação em relação ao íon bissulfito (m), que corresponde ao coeficiente
angular do gráfico acima.
4- Escreva a lei de velocidade para a reação bissulfito-iodato, sabendo que a ordem da reação
em relação ao íon iodato é 1 (n = 1).
5- Obtenha a constante de velocidade da reação (k) a partir do gráfico feito e sabendo que:
𝑘′
𝑘′ = 𝑘[𝐼𝑂3− ]𝑜 𝑛 ⇒ 𝑘 =
[𝐼𝑂3− ]𝑜1
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
1-PAWLOSKY,A.M. et. al. Experimentos de Química Geral, 2a edição. Editora UFPR, 1996.
36
EXPERIMENTO 9- CINÉTICA QUÍMICA: EFEITO DA TEMPERATURA

OBJETIVO
Determinar a energia de ativação e o fator de frequência da reação de oxidação do bissulfito
pelo iodato (reação relógio de iodo).

INTRODUÇÃO

A Energia de ativação é definida como sendo a energia mínima necessária que as


moléculas que colidem devem ter para que as colisões sejam efetivas na formação do produto.
De acordo com a teoria de colisões, a velocidade de colisões moleculares bem sucedidas, isto
é, colisões que levam à formação de produtos é proporcional a esta fração ou:
Velocidade  e-Ea/RT
onde:
Ea é a energia de ativação; R é a constante dos gases e T é a temperatura absoluta.

Tem-se, então, que a velocidade da reação é afetada pela temperatura, pois com o
aumento desta aumenta-se a freqüência de colisões moleculares e também a proporção de
moléculas que colidem com energia suficiente para reagir.
A equação de Arrhenius é útil porque expressa a relação quantitativa entre temperatura,
energia de ativação e constante de velocidade. Seu emprego mais útil reside na determinação
da energia de ativação (Ea) de uma reação, partindo de medidas de velocidade a diferentes
temperaturas. Isto é melhor feito graficamente se tomarmos os logaritmos naturais de ambos os
membros da equação de Arrhenius, ou seja:

Ea
k = Ae –Ea / RT ou ln k = ln A −
RT

onde: k é a constante de velocidade e A é o fator de frequência

Fazendo-se o gráfico ln k versus 1 / T, tem-se:


Coeficiente angular = - Ea / R
Coeficiente linear = lnA

A reação a ser estudada será a reação do experimento anterior, ou seja:


3HSO3-(aq) + IO3-(aq) → I-(aq) + 3SO4--(aq) + 3H+(aq)
Entretanto, soluções contendo bissulfito são muito instáveis, e por isso, utilizaremos
uma solução de metabissulfito (Na2S2O5) que tem um tempo de vida maior (1 a 2 meses de
prateleira) para gerar os íons bissulfito de acordo com a seguinte reação:
Na2S2O5 + H2O → 2NaHSO3
37
O método baseia-se no tempo necessário para que uma certa quantidade de íons
bissulfito (HSO3-) seja consumida. Para que possamos saber o término da reação iremos usar
como indicador o amido. As reações ocorridas são:

3HSO3-(aq) + IO3-(aq) → I-(aq) + 3SO4--(aq) + 3H+(aq)  consumo de íons bissulfito


5I (aq) + 6H (aq) + IO3 (aq) → 3I2(aq) + 3H2O  excesso de iodato reagindo com iodeto
- + -

I2(aq) + Amido → [I2-Amido](aq)  formação de um complexo azul que indica o término


da reação.

Nesta prática, faremos a aproximação de que a velocidade inicial da reação é


praticamente igual à velocidade média, que é determinada em relação à variação de
concentração dos íons bissulfito, uma vez que há íons iodato em excesso. Abaixo, tem-se a
expressão da velocidade média e da lei de velocidade da reação:

1 𝑑[HSO3− ] 1 𝛥[HSO−
3] 2 − 1
𝑣0 = − ≅− = 𝑘[HSO−
3 ]𝑜 [IO3 ]𝑜
3 dt 3 Δt

MATERIAIS E REAGENTES

Banho termostático, 4 tubos de ensaio com suporte, 4 erlenmeyers de 125 mL, 1 bureta de
50,00 mL, 3 buretas de 25,00 mL, cronômetro, termômetro, Solução de KIO3 0,1 molL-1,
Solução de Na2S2O5 0,1mol/L, Solução de amido 1,5 gL-1.

PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

1- Coloque em um erlenmeyer 4,0 mL da solução de KIO3 e 26 mL de água.


2- Coloque em um tubo de ensaio 1 mL da solução de Na2S2O5, 2,0 mL da solução de amido
e 7,0 mL de água.
3- Adapte um conjunto de um erlenmeyer e um tubo de ensaio dentro do banho
termostático (com auxílio de garras e suporte universal) e deixe o seletor de temperatura
desligado. Coloque o termômetro dentro do erlenmeyer. Anote o valor dessa
temperatura, que é a temperatura ambiente, na tabela 1. Misture as duas soluções, dentro
do banho, e anote o tempo necessário para o aparecimento da cor azul.
4- Repita os procedimentos acima regulando o seletor de temperatura para temperaturas
com incrementos de 10oC em relação à medida anterior. Aguarde que o sistema entre
em equilíbrio com o banho, acompanhando a temperatura da solução dentro do
Erlenmeyer. Anote os valores na tabela 1.

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Tabela 1 – Tempos de reação da reação relógio em determinadas temperaturas.

Temperatura / oC
tempo / s

TRATAMENTO DE DADOS

1- Calcule as concentrações iniciais de HSO3- e IO3- no volume total da mistura reacional, como
feito no experimento anterior.

2-Calcule a velocidade inicial em cada uma das temperaturas medidas, pela equação abaixo:
1 𝛥[HSO− 3] 1( 0 − [HSO− 3 ]𝑜)
𝑣≅− =−
3 Δt 3 (t - 0)
3-Calcule a constante de velocidade da reação em cada uma das temperaturas medidas, a partir
da lei de velocidade dessa reação:
v = k [HSO3-]2[IO3-]1
4-Complete a tabela 2 com todos os dados.

Tabela 2: Dados para o cálculo da energia de ativação da reação e o fato de frequência:

T/°C T/ K t/s v / mol.L-1.s-1 k / L2.mol-2.s-1 1/T / K-1 ln k

5-Faça o gráfico da relação linear da equação de Arrhenius. Pelo gráfico, calcule a energia de
ativação da reação e o fator de frequência da reação estudada.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

1-PAWLOSKY,A.M. et. al. Experimentos de Química Geral, 2a edição. Editora UFPR, 1996.

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