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Boletim Imposto de Renda n° 14 - 2ª Quinzena. Publicado em: 24/07/2023

 Matéria elaborada conforme a legislação vigente à época de sua publicação, sujeita a mudanças em decorrência das alterações legais.

BENS E DIREITOS
Declaração de ajuste

Roteiro 

1. INTRODUÇÃO
2. OBRIGATORIEDADE DA ENTREGA DA DECLARAÇÃO
3. CUSTO NA AQUISIÇÃO DE UM IMÓVEL
3.1. Valores que integram o custo
3.2. Móveis planejados
3.3. Financiamento
3.4. Imóvel rural
3.4.1. Benfeitorias
4. ISENÇÕES DO GANHO DE CAPITAL
4.1. 180 dias
4.2. Único imóvel
4.3. Bens de pequeno valor
5. MOEDAS ESTRANGEIRAS
6. CONTAS BANCÁRIAS/POUPANÇA
7. MOEDAS VIRTUAIS
8. APLICAÇÕES FINANCEIRAS NO EXTERIOR
9. PERDA TOTAL DO BEM
10. HERANÇA RECEBIDA DO EXTERIOR
11. BENS E DIREITOS NO EXTERIOR
12. CONSÓRCIO
13. CONTRATO DE GAVETA
14. PERMUTAS
14.1. Permuta sem torna
14.2. Permuta com torna
15. COOPERATIVA DE CRÉDITO
16. TRANSFERÊNCIA DE BENS E DIREITOS
16.1. No espólio
16.2. Doações de bens imóveis
16.3. Usufruto
16.4. Dissolução de sociedade conjugal ou união estável
16.5. Doações efetuadas a terceiros
17. BENS E DIREITOS COMUNS
17.1. Aquisição de bens na união estável
17.2. Aquisição de bens no regime de casamento
17.3. Bens em condomínios
17.4. Bens adquiridos em condomínio antes do casamento
17.5. Rendimentos produzidos por bens adquiridos em condomínio
17.6. Contas bancárias e poupanças em conjunto
18. VGBL
19. REAVALIAÇÃO DE BENS NA DECLARAÇÃO DE AJUSTE

1. INTRODUÇÃO
O patrimônio de uma pessoa física é composto por bens e direitos, sendo que os bens podem ser classificados como móveis ou imóveis e possuem valor
econômico que pode ser convertido em dinheiro. Já os direitos referem-se aos recursos que o contribuinte tem a receber e que podem gerar benefícios
presentes ou futuros.

Nesta matéria, serão abordadas questões específicas sobre ganhos de capital, bens e direitos, bem como instruções sobre como declará-los corretamente
Ctrl+M de Ajuste Anual (DAA).
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2. OBRIGATORIEDADE DA ENTREGA DA DECLARAÇÃO


Todo ano, a Receita Federal estabelece normas para a declaração de rendimentos da pessoa física, incluindo a informação dos bens e direitos que ela
possui. No ano-calendário de 2022, a pessoa física que possuir bens ou direitos, incluindo terra nua, com valor total acima de R$ 300.000,00, é obrigada a
entregar a Declaração de Ajuste Anual. (Instrução Normativa RFB n° 2.134/2023, artigo 2°, inciso VI)

3. CUSTO NA AQUISIÇÃO DE UM IMÓVEL


De acordo com o artigo 5° da Instrução Normativa SRF n° 84/2001, o custo de um imóvel para a pessoa física é considerado o valor de aquisição expresso
em reais.

No exercício de 1992, referente ao ano-calendário de 1991, os contribuintes que apresentaram declaração tiveram a opção de avaliar individualmente o valor
de mercado dos bens listados na declaração ou adquiridos até aquele ano.

Para os bens e direitos que não foram avaliados pelo valor de mercado e para aqueles adquiridos entre 1992 e 1995, foi permitido considerar o custo de
aquisição declarado e atualizá-lo com base na Tabela de Atualização do Custo de Bens e Direitos presente no Anexo Único da Instrução Normativa SRF n°
84/2001.

No entanto, após esse período, não é mais possível atualizar o valor dos bens constantes na declaração de ajuste com base no valor de mercado, de acordo
com o artigo 8° da Instrução normativa SRF n° 84/2001.

3.1. Valores que integram o custo


É possível incluir despesas posteriores ao custo de aquisição de um bem ou direito, desde que haja comprovação documental adequada. Essas despesas
variam de acordo com o tipo de bem ou direito, como estabelecido pela Instrução Normativa SRF n° 84/2001, artigo 17:

a) Com relação a bens imóveis, podem ser incluídos os gastos com construção, ampliação e reforma, desde que aprovados pelos órgãos municipais
competentes, além de pequenas obras como pintura, reparos em azulejos, encanamentos, pisos e paredes. Também podem ser consideradas despesas com
a demolição de um prédio construído no terreno, desde que seja condição para a alienação. Despesas de corretagem referentes à aquisição do imóvel
vendido, desde que suportado o ônus pelo alienante, podem ser adicionadas ao custo de aquisição, assim como os gastos com a realização de obras
públicas que tenham beneficiado o imóvel. Outras despesas que podem integrar o custo são o imposto de transmissão pago pelo alienante na aquisição do
imóvel, a contribuição de melhoria, o laudêmio pago ao senhorio ou proprietário por desistir do direito de opção, os juros e demais acréscimos pagos nas
parcelas para a aquisição do imóvel a prazo, e as despesas com a escritura e o registro do imóvel, quando suportados pelo adquirente e comprovados por
documentação hábil e idônea.

b) Com relação a outros bens ou direitos, as despesas que podem ser incluídas no custo de aquisição são os gastos realizados com conservação e reparos,
comissão ou corretagem quando não transferido o ônus ao adquirente, e juros e demais acréscimos pagos.

3.2. Móveis planejados


A Solução de Consulta Cosit n° 298, de 16 de outubro de 2014 (DOU de 10.11.2014), trouxe o entendimento da Receita Federal de que os móveis planejados
podem ser considerados no cálculo do custo de aquisição de um imóvel para fins de apuração do ganho de capital, desde que estejam integrados
fisicamente ao imóvel e não possam ser removidos. Essa posição se baseia no disposto no artigo 311 do RIR/2018 (Decreto n° 9.580/2018) e no artigo 17,
inciso I, alínea "a", da Instrução Normativa SRF n° 84/2001.

3.3. Financiamento
Para determinar o custo de aquisição de um bem adquirido a prazo, é necessário somar o valor da entrada mais o valor das parcelas pagas. No ano da
aquisição, o contribuinte deve declarar na ficha de “Bens e Direitos”, no campo “Situação em 31/12/XXXX”, o valor da entrada mais as parcelas efetivamente
pagas por aquele bem durante o ano. É importante destacar que os juros pagos no financiamento também devem ser considerados no custo de aquisição.
(Instrução Normativa SRF n° 84/2001, artigo 5°)

Não é necessário registrar a operação na ficha de “Dívidas e Ônus”, pois, de acordo com o “Ajuda do Programa do IRPF 2023”, os bens dados em garantia no
momento da aquisição não devem ser lançados nesta ficha, apenas na ficha de “Bens e Direitos”.

3.4. Imóvel rural


Para imóveis adquiridos até 31.12.1996, em regra, o custo de aquisição deve ser o valor declarado na Declaração de Bens e Direitos. Caso o contribuinte não
tenha apresentado declarações nos exercícios de 1992 a 1996, o cálculo do custo deve seguir orientação específica, dependendo da obrigatoriedade ou não
da apresentação das declarações.

Se o imóvel foi adquirido até 1991 e o valor de mercado declarado em 31.12.1991 for inferior ao custo corrigido, o contribuinte pode atualizar o custo
utilizando a Tabela de Atualização do Custo de Bens e Direitos do Anexo Único da Instrução Normativa SRF n° 84/2001.
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Para imóveis rurais adquiridos após 31.12.1991, o custo é o valor da escritura corrigido até 31.12.1995, utilizando a Tabela de Atualização do Custo de Bens
e Direitos do Anexo Único da Instrução Normativa SRF n° 84/2001. Para imóveis adquiridos após 31.12.1995, não se aplica correção monetária ao custo,
sendo o valor de alienação o valor efetivo da transação.

Com a Lei n° 9.393/96, que dispõe sobre o Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR), o Valor da Terra Nua (VTN) declarado no Documento de
Informação e Apuração do ITR (DIAT) passou a ser considerado como custo de aquisição e valor de alienação do imóvel rural nos anos da sua aquisição e
alienação. Caso os DIATs relativos aos anos de aquisição ou alienação não tenham sido entregues, deve-se proceder ao cálculo do ganho de capital com
base nos valores reais da transação.

3.4.1. Benfeitorias
Com relação às benfeitorias em imóveis rurais, é importante observar que se elas foram consideradas como despesa de custeio, na apuração da base de
cálculo do imposto da atividade rural, o valor de alienação relacionado a essas benfeitorias será tributado como receita da atividade rural.

No entanto, se o custo das benfeitorias integrar o custo de aquisição, terá o seguinte tratamento:

a) Caso não haja valor da terra nua de aquisição ou alienação, o ganho de capital será a diferença entre o valor total recebido na alienação (terra nua mais
benfeitorias) e o custo de aquisição, representado pela soma do custo de aquisição da terra nua às despesas com benfeitorias.

b) Se houver valor da terra nua de aquisição e alienação, o ganho de capital será determinado pela diferença entre o Valor da Terra Nua (VTN) do ano de
alienação acrescido do valor recebido pelas benfeitorias, menos o VTN do ano de aquisição somado ao custo das benfeitorias, conforme a fórmula GC = VTN
alienação + valor recebido pelas benfeitorias - (VTN aquisição + valor pago pelas benfeitorias).

4. ISENÇÕES DO GANHO DE CAPITAL


Ao realizar a venda de bens e direitos, a pessoa física deve apurar o ganho de capital, que corresponde à diferença entre o valor de aquisição e o valor da
alienação. Esse ganho de capital está sujeito à incidência de 15% a 22,5% de Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF), que deve ser recolhido até o último
dia útil do mês seguinte ao da ocorrência do fato gerador, conforme artigo 21 da Lei n° 8.981/95. No entanto, existem isenções concedidas pela Receita
Federal.

4.1. 180 dias


A pessoa física residente no país que vende imóveis residenciais pode ficar isenta do Imposto de Renda sobre o ganho de capital, desde que cumpra certas
condições. Uma delas é aplicar o produto da venda na aquisição, em seu nome, de imóveis residenciais localizados no país, dentro do prazo de 180 dias
contados a partir da celebração do contrato. Caso haja venda de mais de um imóvel, o prazo será contado a partir da data da celebração do contrato da
primeira operação.

Cabe ressaltar que, segundo a Instrução Normativa SRF n° 599/2005, artigo 2°, § 10, também é aplicada a isenção quando:

a) há venda ou aquisição de imóvel residencial em construção ou na planta; e

b) há hipótese de venda de imóvel residencial com o objetivo de quitar, total ou parcialmente, débito remanescente de aquisição a prazo ou à prestação de
imóvel residencial já possuído pelo alienante.

A isenção é proporcional à parcela do produto da venda aplicada na aquisição de imóveis residenciais. Se o produto da venda for parcialmente aplicado, o
ganho será tributado proporcionalmente à parcela não aplicada. Caso sejam adquiridos mais de um imóvel, a isenção será aplicada somente ao ganho
proporcional à parcela empregada na aquisição de imóveis residenciais.

A opção pela isenção é irretratável e deve ser informada no Programa Ganhos de Capital (GCAP) e importada para a Declaração de Ajuste Anual. O benefício
só pode ser utilizado uma vez a cada cinco anos, contados a partir da data da celebração do contrato relativo à operação de venda com o benefício.
(Instrução Normativa SRF n° 599/2005, artigo 2°)

No caso de operações realizadas à prestação, aplica-se a isenção aos valores recebidos e utilizados dentro do prazo de 180 dias contados da data da
celebração do primeiro contrato de venda. As despesas de corretagem pagas pelo alienante não integram o produto da venda para efeito do valor a ser
utilizado na aquisição de outro imóvel residencial. (Instrução Normativa SRF n° 599/2005, artigo 2°, § 8°)

Não se aplica a isenção:

a) à venda ou aquisição de terreno;

b) à aquisição somente de vaga de garagem ou de boxe de estacionamento;

c) à aquisição de bens móveis.

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De acordo

com as normas que regulamentam as edificações na localidade onde se encontra, um imóvel residencial é definido como uma unidade construída
em zona urbana ou rural com o propósito de ser utilizada como residência. (Instrução Normativa SRF n° 84/2001, artigo 29)
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 Matéria elaborada conforme a legislação vigente à época de sua publicação, sujeita a mudanças em decorrência das alterações legais.

4.2. Único imóvel


O imposto sobre ganho de capital não é aplicado aos ganhos decorrentes da venda, por valor igual ou inferior a R$ 440.000,00, do único bem imóvel de
propriedade do titular, seja ele residencial, comercial ou rural, e esteja localizado em zona urbana ou rural, desde que não tenha efetuada a venda de imóvel,
tributada ou não, nos últimos cinco anos. Essa exclusão também se aplica à venda de terrenos ou casas e apartamentos.

O limite de R$ 440.000,00 é considerado em relação à parte de cada condômino ou coproprietário, no caso de bens ou direitos possuídos em condomínio, e
ao imóvel possuído em comunhão, no caso de sociedade conjugal, conforme Instrução Normativa SRF n° 84/2001, artigo 19, inciso IV e artigo 29, inciso I.

4.3. Bens de pequeno valor


A pessoa física está isenta do imposto de renda sobre o ganho de capital obtido na venda de bens e direitos de pequeno valor, desde que o preço unitário de
venda não ultrapasse os seguintes limites no mês da venda:

a) R$ 20.000,00 para ações negociadas no mercado de balcão;

b) R$ 35.000,00 para outros casos.

Esses limites são considerados em relação:

a) a cada bem ou direito individualmente ou ao valor total dos bens ou direitos da mesma natureza vendidos no mesmo mês;

b) a cada condômino ou coproprietário em caso de bens possuídos em condomínio, incluindo união estável;

c) a cada bem ou direito ou ao valor total dos bens ou direitos da mesma natureza em caso de sociedade conjugal.

Bens ou direitos da mesma natureza são aqueles que compartilham características semelhantes, como automóveis e motocicletas, imóveis urbanos e terras
nuas, quadros e esculturas.

5. MOEDAS ESTRANGEIRAS
A alienação de moeda estrangeira em espécie está sujeita à tributação definitiva de 15% sobre o ganho de capital, que é a diferença positiva entre o valor de
alienação e o custo de aquisição. O valor de alienação em moeda estrangeira é convertido em dólares dos Estados Unidos na data da alienação e, em
seguida, em reais pela cotação média mensal divulgada pela Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB). (Instrução Normativa SRF n° 84/2001, artigo 2°)

A alienação de bens de pequeno valor (de mesma natureza cujo conjunto das operações resulta em valor igual ou inferior a R$ 35.000,00) não se aplica à
alienação de moeda estrangeira mantida em espécie. A isenção do imposto sobre o ganho de capital auferido na alienação de moeda estrangeira mantida
em espécie é aplicável quando o total de alienações, no ano-calendário, é igual ou inferior ao equivalente a 5 mil dólares dos Estados Unidos da América. O
dispêndio de moeda estrangeira, em espécie ou representada por cheques de viagem, é considerado alienação e sujeita-se à apuração de ganho de capital.
(Instrução Normativa SRF n° 599/2005, artigo 1°)

As contas bancárias, incluindo contas-correntes, aplicações financeiras e contas poupança com saldo inferior a R$ 140,00, não precisam ser declaradas na
Declaração de Ajuste Anual. Contudo, se o contribuinte possuir uma conta poupança com valor acima de R$ 300.000,00, será obrigado a apresentar a
declaração. Se a conta bancária for em conjunto com outro contribuinte, cada titular deve informar sua participação na conta. Se não for possível a
identificação do valor atribuído a cada titular, o valor deve ser proporcionalizado igualmente entre os titulares. (Instrução Normativa RFB n° 2.134/2023,
artigo 11)

Conforme o Perguntas e Respostas IRPF 2023, pergunta 456, a declaração de bens e direitos deve incluir informações sobre o estoque de moeda estrangeira
em espécie mantido pelo declarante. Para fazer isso, os seguintes campos devem ser preenchidos:

a) O estoque da moeda estrangeira mantida em espécie existente em 31.12.2022 deve ser informado no campo "Discriminação".

b) O valor em reais do saldo de moeda estrangeira existente em 31.12.2021 deve ser inserido no campo "Situação em 31/12/2021 (R$)" e, se aplicável, deve
ser repetido de acordo com as informações fornecidas na Declaração de Ajuste Anual referente ao ano de 2022.

c) Para preencher o campo "Situação em 31/12/2022 (R$)", é necessário informar o valor em reais do saldo de moeda estrangeira que existia em
31/12/2022. Esse valor é calculado com base no método do custo médio ponderado e corresponde ao valor informado no campo "Situação em 31/12/2021
(R$)", acrescido do valor em reais de cada aquisição e subtraído do valor em reais de cada alienação realizada no ano de 2022. O custo da moeda adquirida é
calculado usando o método do custo médio ponderado.

6. CONTAS BANCÁRIAS/POUPANÇA
A Declaração de Ajuste Anual (DAA) não exige a declaração de contas-correntes, aplicações financeiras e contas poupança com saldo inferior a R$ 140,00,
de acordo com a Instrução Normativa RFB n° 2.134/2023, artigo 11, § 2°, inciso I.
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Embora a conta poupança seja isenta de imposto de renda, se o contribuinte tiver uma com um saldo superior a R$ 300.000,00, será necessário incluí-la na
DAA, de acordo com o Perguntas e Respostas IRPF 2023, perguntas 010 e 702.
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 Matéria elaborada conforme a legislação vigente à época de sua publicação, sujeita a mudanças em decorrência das alterações legais.

Quando uma conta bancária é compartilhada com outro contribuinte, cada titular deve informar sua participação na conta-corrente, conta poupança ou
aplicação financeira. Se não for possível identificar a parcela correspondente a cada titular, o valor deve ser dividido igualmente entre eles. (Perguntas e
Respostas IRPF 2023, pergunta 445)

7. MOEDAS VIRTUAIS
Embora as moedas virtuais, como o bitcoin, não sejam consideradas moeda de acordo com a regulamentação atual, os criptoativos, entretanto, podem ser
considerados ativos sujeitos a ganho de capital e devem ser declarados na ficha “Bens e Direitos” (Grupo 08 - Criptoativos), utilizando os códigos específicos
(01, 02, 03, 10 e 99), quando o valor de aquisição de cada tipo de criptoativo for igual ou superior a R$ 5.000,00 (cinco mil reais), conforme o Perguntas e
Respostas IRPF 2023, pergunta 457.

As operações de compra e venda devem ser comprovadas por documentos hábeis e idôneos para fins de tributação, segundo a Instrução Normativa SRF n°
84/2001 e a Instrução Normativa SRF n° 599/2005.

8. APLICAÇÕES FINANCEIRAS NO EXTERIOR


Os lucros gerados por investimentos financeiros em moeda estrangeira, bem como o lucro obtido na venda de bens ou direitos adquiridos em moeda
estrangeira, mesmo que resultantes de rendimentos originalmente obtidos em reais, são considerados ganhos originados em moeda estrangeira.

O resgate de investimentos financeiros em moeda estrangeira está sujeito a uma apuração definitiva do ganho de capital. Isso está de acordo com o artigo
14 da Instrução Normativa SRF n° 208/2002.

9. PERDA TOTAL DO BEM


A compensação recebida da seguradora devido à perda total ou roubo de um veículo é considerada como um rendimento isento de Imposto de Renda, de
acordo com a Instrução Normativa RFB n° 1.500/2014, artigo 7°.

a) Na ficha de “Bens e Direitos”, o contribuinte deve informar no campo "Discriminação" do veículo o ocorrido e o valor recebido da seguradora, e no campo
"Situação em 31/12/XXXX" deve ser inserido o valor zero.

b) Na ficha de “Rendimentos Isentos e Não Tributáveis”, é necessário informar a parte do valor recebido da seguradora do veículo acidentado ou roubado.

Se o contribuinte adquiriu um novo veículo com o valor recebido da seguradora, ele deve informar o novo veículo na ficha de “Bens e Direitos” e, no campo de
descrição, indicar que o veículo foi adquirido com a compensação recebida da seguradora.

10. HERANÇA RECEBIDA DO EXTERIOR


As doações recebidas do exterior por pessoas físicas residentes no Brasil estão isentas de tributação do Imposto de Renda na Fonte e na Declaração de
Rendimentos do beneficiário, desde que devidamente comprovadas, conforme previsto na Lei n° 7.713/88, artigo 6°, inciso XVI, e Lei n° 9.532/97, artigo 23 e
parágrafos.

Na Declaração de Ajuste, é necessário seguir os seguintes passos:

a) na ficha “Bens e Direitos”, no campo “Discriminação”, o contribuinte deve informar os bens e direitos recebidos em doação e o valor de aquisição em
moeda estrangeira, que deve constar no instrumento de transmissão do país onde ocorreu a doação e deve ser traduzido por um tradutor juramentado;

b) na ficha “Bens e Direitos”, no campo “Situação em 31/12/XXXX”, deve-se informar em reais o valor dos bens e direitos recebidos como doação no exterior;

c) na ficha “Rendimentos Isentos e Não Tributáveis”, deve-se informar em reais o valor dos bens e direitos recebidos em doação no exterior.

O valor de aquisição dos bens e direitos, quando expresso em moeda estrangeira, deve ser convertido em dólares dos Estados Unidos da América pelo valor
fixado pela autoridade monetária do país emissor da moeda para a data da aquisição e, em seguida, em reais pela cotação do dólar fixada, para venda, pelo
Banco Central do Brasil (BC), para a data da aquisição.

11. BENS E DIREITOS NO EXTERIOR


Na Declaração de Ajuste Anual, deverão ser incluídos todos os bens e direitos da pessoa física, incluindo os situados no exterior, que devem ser relacionados
na ficha de “Bens e Direitos”, conforme previsto na Instrução Normativa RFB n° 1.500/2014, artigo 74.

A informação deve ser prestada da seguinte forma:

a) no campo “Discriminação”, o contribuinte deve informar os bens e direitos e o valor de aquisição em moeda estrangeira, que constam nos instrumentos de
transferência de propriedade. O contribuinte deve informar também o montante de rendimentos auferidos originariamente em reais e/ou em moeda
estrangeira que foram utilizados na aquisição;
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b) no campo “Situação em 31/12/XXXX”, o contribuinte deve informar em reais o valor dos bens e direitos adquiridos.
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c) Cabe ressaltar que, para converter o valor de aquisição dos bens e direitos, quando expresso em moeda estrangeira, o contribuinte deve seguir o seguinte
procedimento: o valor deve ser convertido em dólares dos Estados Unidos da América pelo valor fixado pela autoridade monetária do país emissor da moeda
para a data da aquisição e, em seguida, em reais pela cotação do dólar fixada, para venda, pelo Banco Central do Brasil (BC), para a data da aquisição.

12. CONSÓRCIO
O consórcio é uma modalidade de aquisição de bens em que o contribuinte se compromete a pagar parcelas mensais até a contemplação, momento em que
poderá utilizar o crédito para adquirir o bem. Para declarar o consórcio na ficha de “Bens e Direitos”, o contribuinte deve utilizar o grupo “99 - Outros bens e
direitos”, o código “05 - Consórcio não contemplado”, conforme tela abaixo;

No ano em que o consórcio foi adquirido, o campo “Situação em 31/12/XXXX” (ano anterior) deve estar zerado e o campo “Situação em 31/12/XXXX” (ano
atual) deve ser preenchido com os valores pagos durante o ano para aquele consórcio.

Quando o bem for contemplado, o consórcio deverá ser baixado na ficha de “Bens e Direitos”, e deverá deixar zerado o campo “Situação em 31/12/XXXX”
(ano atual). Na ficha específica do bem, o contribuinte deve deixar zerado o campo “Situação em 31/12/XXXX” (ano anterior) e preencher o campo “Situação
em 31/12/XXXX” (ano atual) com o valor declarado na ficha do consórcio, somado aos valores pagos no ano, inclusive o valor do lance, caso tenha sido
dado.

13. CONTRATO DE GAVETA


Mesmo que ainda não tenha ocorrida a transferência formal do imóvel em cartório, a existência de um contrato particular entre o agente financeiro,
construtora ou pessoa física e o adquirente é suficiente para configurar a alienação do bem. Assim, tanto o comprador quanto o vendedor devem declarar a
operação na Declaração de Ajuste Anual, independentemente do fato de o adquirente não ter efetuado nenhum pagamento pelo imóvel. (Perguntas e
Respostas IRPF 2023, pergunta 467)

14. PERMUTAS
A troca de uma ou mais unidades imobiliárias por outra ou outras unidades imobiliárias, com ou sem pagamento adicional em dinheiro por parte de um dos
proprietários-contratantes, é considerada permuta de acordo com a Lei n° 10.406/2002, artigo 533. Para que a operação seja caracterizada como permuta, é
necessário que a escritura lavrada seja específica para essa finalidade.

Não se considera permuta a operação que envolva qualquer outro bem ou direito que não seja um bem imóvel, sendo que o ganho de capital, nesse caso, é
apurado como dação em pagamento.

O custo de aquisição de um imóvel adquirido por permuta com outro imóvel é o valor do imóvel dado em permuta acrescido da torna paga, se for o caso, e
diminuído do valor correspondente à diferença entre a torna recebida e o ganho de capital relativo a essa torna, de acordo com a Instrução Normativa SRF n°
84/2001, artigo 12.

Por fim, é possível que a permuta seja realizada com ou sem pagamento adicional em dinheiro, ou seja, com ou sem torna.

14.1. Permuta sem torna


A permuta de unidades imobiliárias sem torna, ou seja, sem o pagamento de parcela em dinheiro, não implica em incidência de ganho de capital na pessoa
física. Entretanto, a permuta deve ser informada na Declaração de Ajuste Anual, na ficha de “Bens e Direitos”, seguindo as orientações do artigo 29 da
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Instrução Normativa SRF n° 84/2001, Perguntas e Respostas IRPF 2023, pergunta.
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 Matéria elaborada conforme a legislação vigente à época de sua publicação, sujeita a mudanças em decorrência das alterações legais.

Para informar a permuta sem torna, no campo “Discriminação” da ficha de “Bens e Direitos”, devem ser inseridos os dados relativos ao imóvel dado em
permuta e os dados da pessoa com quem a transação foi efetuada. No campo “Situação em 31.12.20XX”, deve ser informado o valor do bem constante na
declaração do exercício de 20XX, ano-calendário de 20XX.

No campo “Discriminação” do bem recebido em permuta, devem ser informados os dados relativos ao imóvel adquirido. Não se deve preencher o campo
“Situação em 31.12.20XX”. O campo “Situação em 31.12.20XX” deve ser preenchido com o valor do bem dado em permuta constante no campo “Situação
em 31.12.20XX”.

Segue um exemplo de permuta sem torna:

A contribuinte Maria realizou uma permuta em 05.05.2022, na qual trocou uma casa adquirida em 10.12.2005 e declarada por R$ 60.000,00, por um
apartamento pertencente ao contribuinte João, adquirido em 10.12.2000 e declarado por R$ 50.000,00.

Para declarar essa permuta na Declaração de Bens e Direitos, devem ser informados os seguintes dados:

Contribuinte Maria

Bem Situação em 31.12.2021 Situação em 31.12.2022

Casa 60.000,00 0,00

Apartamento 0,00 60.000,00

Contribuinte João

Bem Situação em 31.12.2021 Situação em 31.12.2022

Casa 0,00 50.000,00

Apartamento 50.000,00 0,00

14.2. Permuta com torna


Se a pessoa física realizar uma permuta com torna, será necessário calcular o ganho de capital. De acordo com o artigo 23 da Instrução Normativa SRF n°
84/2001, o ganho de capital será calculado apenas sobre o valor da torna. O cálculo deve ser feito da seguinte maneira: adicionar o valor da torna ao custo
do imóvel dado em permuta, dividir o valor total pelo valor apurado e multiplicar o resultado por cem. O percentual obtido será aplicado sobre o valor da torna
para obter o ganho de capital, assim previsto no artigo 29, § 5° da mesma instrução normativa.

15. COOPERATIVA DE CRÉDITO


De acordo com o artigo 92, § 7°, da Instrução Normativa RFB n° 1.585/2015, as cooperativas de crédito são consideradas instituições financeiras e, portanto,
investimentos realizados nessas cooperativas são tidos como aplicações financeiras. As sobras líquidas distribuídas ao cooperado ou capitalizadas em seu
nome são tributáveis pelo imposto de renda na fonte, mas a mera devolução do excesso das contribuições arrecadadas do cooperado para cobertura das
despesas não constitui rendimento sujeito à tributação.

Segundo o artigo 2° da Lei Complementar n° 130/2009, as cooperativas de crédito têm como objetivo fornecer empréstimos e serviços financeiros aos seus
associados.

Com relação às aplicações financeiras, cabe à cooperativa reter o Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) com base na operação financeira, dependendo
da aplicação que o associado mantenha com a cooperativa.

Quando se trata de rendimentos provenientes de aplicações financeiras, o IRRF deve ser retido na fonte e é considerado definitivo, conforme estipulado pelo
artigo 70 da Instrução Normativa RFB n° 1.585/2015.

Portanto, na Declaração de Ajuste Anual, o contribuinte deve registrar as aplicações realizadas em cooperativas de crédito na ficha de "Bens e Direitos", como
aplicações financeiras, e os rendimentos dessas aplicações devem ser incluídos na ficha de "Rendimentos Sujeitos à Tributação Exclusiva/Definitiva".

16. TRANSFERÊNCIA DE BENS E DIREITOS


As operações que envolvem a transferência de propriedade de bens e direitos por um valor superior ao declarado pelo doador em sua declaração estão
sujeitas à apuração do ganho de capital. (Instrução Normativa SRF n° 84/2001, artigo 2°)

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16.1. No espólio
Segundo a Instrução Normativa SRF n° 84/2001, artigo 3°, quando ocorre a transferência de propriedade de bens e direitos por sucessão causa mortis a
herdeiros, é necessário que o inventariante efetue a apuração do ganho de capital caso esses bens ou direitos sejam transferidos por valor de mercado. O
imposto correspondente deverá ser pago pelo inventariante até a data prevista para a entrega da Declaração Final de Espólio. É possível avaliar os bens e
direitos pelo valor constante na última Declaração de Bens e Direitos do falecido atualizado monetariamente até 31.12.1995 ou por valor superior a esse.

Se os bens ou direitos foram transferidos por valor superior ao declarado anteriormente, a diferença positiva entre o valor de transmissão e o valor constante
na última declaração ou o custo de aquisição é tributada como ganho de capital à alíquota de 15% a 22,5%. O contribuinte do imposto é o espólio e o DARF
do pagamento do imposto deve ser preenchido em nome do espólio. Se a transferência for pelo valor constante na última Declaração de Bens e Direitos do
falecido, não há ganho de capital no momento da transferência. A opção pelo valor constante ou por valor superior será feita em relação a cada bem
transferido.

O herdeiro ou legatário deve incluir os bens ou direitos em sua Declaração de Bens e Direitos pelo valor de transmissão da parte que lhe coube, o que
constitui custo para efeito de apuração de ganho de capital em uma eventual alienação futura. Considera-se data de aquisição a da abertura da sucessão.

No caso da parcela recebida por meação, de acordo com o inciso III do artigo 21 da Instrução Normativa SRF n° 084/2001 será considerado como data de
aquisição:

• a do instrumento original se os bens ou direitos já existiam antes da sociedade conjugal ou união estável, se pertencentes ao alienante;

• a do casamento se pertencentes ao outro cônjuge e o regime for de comunhão de bens; ou

• a da aquisição se adquiridos na constância da sociedade conjugal ou união estável.

16.2. Doações de bens imóveis


As doações de bens imóveis não incidem imposto de renda para quem as recebe, conforme estabelecido na Instrução Normativa RFB n° 1.500/2014, artigo
11, inciso III. A pessoa que recebe a doação deve declará-la, relacionando-a no campo "Discriminação" da Declaração de Bens e Direitos, deve-se indicar o
nome e o número de inscrição no CPF do doador, informar o valor do bem ou direito recebido, conforme estabelecido pelo instrumento de doação e o valor
correspondente na ficha “Rendimentos Isentos e Não Tributáveis”, como demonstrado abaixo:

Já quem efetua a doação deve informar o nome e o número de inscrição no CPF de quem recebeu a doação no campo "Discriminação" da Declaração de
Bens e Direitos, deve deixar em branco o campo "Situação em 31/12/20x0 (R$)" e informar o valor na ficha "Doações Efetuadas", sob o código 81, como
demonstrado abaixo:

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16.3. Usufruto
O usufruto é um direito concedido a alguém para desfrutar de algo que pertence a outra pessoa, sem alterar sua substância ou destino, mas
responsabilizando-se por sua conservação e integridade. Segundo a Lei n° 10.406/2002 (Código Civil), o usufruto pode abranger um ou mais bens, móveis ou
imóveis, e incluir os frutos e utilidades deles.

Ao fazer uma doação em usufruto, é necessário prestar informações específicas na Declaração de Ajuste. Na Declaração de Bens e Direitos do donatário, o
campo "Discriminação" deve conter os detalhes da situação, incluindo nome e CPF do usufrutuário. No campo "Situação em 31/12/20X0 (R$)", bem como em
Rendimentos Isentos e Não Tributáveis, deve ser informado o valor correspondente à nua propriedade.

Além disso, na Declaração de Ajuste Anual do doador, é preciso seguir diferentes procedimentos, a depender se o imóvel doado já era de propriedade do
doador no ano anterior à doação ou se foi adquirido no ano da doação. Em ambos os casos, deve-se incluir os detalhes da doação e do usufruto no campo
"Discriminação" da Declaração de Bens e Direitos. Se o doador permaneceu com o usufruto, essa situação deve ser informada em um novo item da
Declaração de Bens e Direitos, sem indicar um valor, a menos que um valor tenha sido atribuído ao usufruto no documento de transmissão.

16.4. Dissolução de sociedade conjugal ou união estável


Na dissolução da sociedade conjugal, quando há transferência de bens e benfeitorias para os ex-cônjuges e o custo desses bens e benfeitorias foi deduzido
como custo ou despesa da atividade rural pelo espólio, ex-cônjuge ou doador, há um tratamento tributário específico. De acordo com o artigo 20 da Instrução
Normativa SRF n° 84/2001:

a) Se a transferência dos bens ou direitos ao ex-cônjuge ou ex-convivente, a quem foram atribuídos os bens ou direitos, ocorrer em valor superior ao que
constava na última declaração antes da dissolução da sociedade conjugal ou união estável, a diferença positiva será tributada à alíquota de 15% a 22,5%.
Para o cálculo do ganho de capital em futura alienação, deve ser considerada a data dessa transferência.

b) Se a transferência ocorrer pelo valor constante na última Declaração de Bens e Direitos apresentada antes da dissolução da sociedade conjugal ou união
estável, não haverá ganho de capital no ato da transferência.

O imposto deve ser pago até o último dia útil do mês subsequente ao do trânsito em julgado da decisão judicial da partilha, sobrepartilha ou da lavratura da
escritura pública. O Documento de Arrecadação de Receitas Federais (DARF) para o pagamento do imposto deve ser preenchido em nome do ex-cônjuge ou
ex-convivente ao qual o bem ou direito for atribuído, e é ele quem deve pagar o imposto.

16.5. Doações efetuadas a terceiros


Conforme Instrução Normativa SRF n° 84/2001, artigo 3°, inciso II, se um bem ou direito é doado por um valor superior ao registrado na última declaração de
bens e direitos do doador, isso caracteriza uma alienação e, portanto, está sujeito à apuração do ganho de capital. No entanto, as doações feitas em dinheiro
(moeda nacional) não são tributadas pelo imposto sobre a renda.

As doações em espécie precisam ser comprovadas quanto à sua efetivação e disponibilidade econômico-financeira para que possam ser consideradas
válidas. Além disso, quem recebeu um imóvel em doação deve declarar o valor de custo de aquisição, que será o valor constante no instrumento de doação,
como a escritura, por exemplo.

17. BENS E DIREITOS COMUNS


Os bens e direitos comuns incluem aqueles obtidos durante o casamento sob o regime de comunhão universal, aqueles adquiridos durante o casamento sob
o regime de comunhão parcial, aqueles adquiridos durante a união estável e os bens e direitos pertencentes a um condomínio.

17.1. Aquisição de bens na união estável


Caso não haja um contrato escrito entre os conviventes, o regime da comunhão parcial de bens é aplicado às relações patrimoniais na união estável,
conforme previsto no artigo 226, § 3° da Constituição Federal e no artigo 1.725 da Lei n° 10.406/2002. Quando os conviventes decidem apresentar a
Declaração de Ajuste Anual separadamente, é necessário relacionar todos os bens ou direitos comuns em apenas uma das declarações, independentemente
de quem consta na documentação desses bens ou direitos, como imóveis, contas bancárias, veículos e ações.

17.2. Aquisição de bens no regime de casamento


O tipo de regime de casamento adotado determina como os bens devem ser declarados. Nos regimes de comunhão total ou parcial de bens, os bens e
direitos adquiridos após o casamento pertencem ao casal e devem ser reportados em apenas uma das declarações. É importante destacar que, durante o
casamento, ambos possuem 100% de propriedade dos bens comuns, ao invés de 50% cada um, e a separação dos bens e direitos só ocorre em caso de
falecimento ou dissolução da sociedade conjugal. Essas regras estão previstas nos artigos 1.648 a 1.671 da Lei n° 10.406/2002.

Suponha que um apartamento tenha sido adquirido durante o casamento. Nesse caso, ele deve ser incluído na ficha “Bens e Direitos” da declaração de um
dos cônjuges, no grupo 01 - com o código “11 - Apartamentos” ou “12 - Casas”.
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Na descrição do campo “Discriminação”, é importante incluir informações detalhadas sobre a compra, como a descrição do imóvel, nome e CPF do vendedor,
além da forma de pagamento, se foi financiado ou comprado à vista.
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Na declaração do outro cônjuge, o imóvel deve ser incluído na ficha de “Bens e Direitos”, grupo “99 - Outros bens e direitos” com o código “99 - Outros bens e
direitos”, deve-se indicar que todos os seus bens e direitos foram declarados na declaração do cônjuge, e deixar os campos “Situação em 31/12/X0” e
“Situação em 31/12/X1” zerados. Também é importante informar o nome e o CPF do cônjuge, a exemplo da imagem:

17.3. Bens em condomínios


No caso de bens adquiridos em condomínio, cada condômino deve declarar a parte que lhe cabe na Declaração de Bens e Direitos.

Ao descrever o bem e a transação na declaração, é necessário informar que o bem foi adquirido em sociedade e o percentual de propriedade do declarante
no condomínio.

Quando ocorrer a venda do imóvel adquirido em condomínio, o valor da alienação é considerado como a parcela do preço correspondente a cada condômino
ou coproprietário, sendo que cada um deve apurar o ganho de capital referente à parte que lhe pertence. Essa regra é estabelecida no artigo 19, inciso IV, da
Instrução Normativa SRF n° 84/2001.

17.4. Bens adquiridos em condomínio antes do casamento


Nos casos em que os bens foram adquiridos antes do casamento, eles serão considerados como bens adquiridos em condomínio, como já mencionado
anteriormente. Portanto, enquanto não oficializado o casamento, cada um dos envolvidos deverá declarar a parte que lhe cabe na compra do bem, em suas
respectivas declarações de ajuste anual.

Após o casamento, o tratamento dependerá do regime adotado. Se o casamento seguir o regime de comunhão universal de bens, os bens adquiridos antes
do casamento serão considerados como 100% de propriedade do casal e, portanto, deverão ser declarados em apenas uma declaração, quando estas forem
feitas separadamente.

Mas se o casamento seguir o regime de comunhão parcial de bens, os bens adquiridos antes do casamento continuarão sendo propriedade de cada um dos
envolvidos. Portanto, cada um deverá declarar em sua respectiva declaração de ajuste a parte que lhe cabe na aquisição do bem, considerando a proporção
da aquisição antes do casamento. (Instrução Normativa n°, artigo 4°, inciso II)

17.5. Rendimentos produzidos por bens adquiridos em condomínio


Os rendimentos provenientes dos bens adquiridos em condomínio devem ser declarados na proporção da participação de cada um na propriedade do bem.
Essa mesma regra também se aplica aos bens adquiridos em condomínio antes do casamento, desde que o regime adotado seja o de comunhão parcial de
bens.

Quanto aos demais rendimentos de cada cônjuge, sejam eles próprios ou gerados por bens comuns, devem seguir as regras aplicáveis aos contribuintes
casados.

Na união estável, a menos que haja um contrato escrito estabelecendo um regime patrimonial diferente, será aplicado o regime de comunhão parcial de bens
para as relações patrimoniais entre os companheiros. Isso significa que os rendimentos provenientes dos bens comuns devem ser divididos na proporção da
participação de cada um na propriedade desses bens. Isso está previsto no artigo 1.725 da Lei n° 10.406/2002.
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17.6. Contas bancárias e poupanças em conjunto


Se as contas-correntes bancárias ou poupanças pertencerem a mais de um titular e não houver como identificar os valores correspondentes a cada um, os
titulares devem dividir igualmente o valor entre si. (Perguntas e Respostas IRPF 2023, pergunta 445)

18. VGBL
O plano de seguro de vida com cláusula de cobertura por sobrevivência, conhecido como Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL), não permite a dedução dos
valores das contribuições na Declaração de Ajuste Anual. Ao receber o benefício, o contribuinte é tributado sobre a diferença entre o valor recebido e o valor
aplicado, conforme o regime de tributação escolhido.

Para informar o VGBL na declaração, é necessário preencher a ficha "Bens e Direitos", grupo “99 - outros bens e direitos”, com o código “06- VGBL”,
especificando as informações do plano e os saldos acumulados referentes aos valores históricos dos prêmios de VGBL em 31 de dezembro do ano anterior
e em 31 de dezembro do ano em questão, independentemente do valor, segundo o exemplo abaixo:

19. REAVALIAÇÃO DE BENS NA DECLARAÇÃO DE AJUSTE


A legislação do Imposto de Renda da Pessoa Física não prevê a atualização de bens na Declaração de Ajuste Anual. A avaliação dos bens a valor de
mercado só foi permitida a partir de 31 de dezembro de 1991, e a última atualização ocorreu na Declaração de Ajuste do ano-calendário de 1995.

Dessa forma, os bens devem ser declarados na ficha "Bens e Direitos" com os mesmos valores da Declaração de Ajuste do exercício anterior. A exceção é
para o caso de despesas com construção, ampliação ou reforma de imóveis, que podem alterar o custo de aquisição do bem.

No entanto, as despesas somente poderão ser incorporadas ao custo do imóvel se houver comprovação por meio de documentação idônea, como notas
fiscais para despesas com pessoas jurídicas e recibos para despesas com pessoas físicas. É importante ressaltar que essa documentação deve ser mantida
pelo contribuinte por pelo menos cinco anos após a alienação do imóvel, assim estabelecido pela Instrução Normativa SRF n° 84/2001, artigo 17.

De acordo com o Perguntas e Respostas IRPF 2023,

, quando o imóvel é construído após a aquisição do terreno, tem-se o procedimento seguinte:

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Boletim Imposto de Renda n° 14 - 2ª Quinzena. Publicado em: 24/07/2023

 Matéria elaborada conforme a legislação vigente à época de sua publicação, sujeita a mudanças em decorrência das alterações legais.

IMÓVEL CONSTRUÍDO APÓS AQUISIÇÃO DO TERRENO - REDUÇÃO 625

Como proceder para aplicar o percentual de redução na hipótese de alienação de imóvel edificado, ampliado e/ou reformado em data posterior à
da aquisição do terreno?

No caso de percentual de redução diferenciado, é necessário que o custo seja desdobrado de acordo com a data de aquisição, ou seja, o quanto
representa o custo parcial do terreno, da edificação, da ampliação ou reforma em relação ao total de aquisição.

Relativamente ao desdobramento do custo acima mencionado, cabe destacar o seguinte:

I - Lei n° 7.713, de 22 de dezembro de 1988 Para efeito da apuração do valor a ser tributado, no caso de edificação, ampliação e/ou reforma em
terreno próprio adquirido até 31/12/1988, o procedimento é o seguinte: a) edificação, ampliação e/ou reforma iniciada até 31/12/1988: Desde que
essas constem da Declaração de Ajuste Anual, ainda que tenham sido concluídas em ano posterior ao da sua aquisição, é considerado, para todo
o imóvel, o ano da aquisição do terreno. b) edificação, ampliação e/ou reforma iniciada após 31/12/1988: A redução aplica-se apenas à parcela do
ganho de capital relativo ao terreno e às edificações existentes em 31/12/1988.

II - Lei n° 11.196, de 21 de novembro de 2005 Para efeito da apuração do valor a ser tributado, no caso de edificação, ampliação e/ou reforma em
terreno próprio adquirido até 31/12/1995, o procedimento é o seguinte: a) edificação, ampliação e/ou reforma iniciada até 31/12/1995: Desde que
essas constem da Declaração de Ajuste Anual, ainda que tenham sido concluídas em ano posterior, é considerado o mês da aquisição do terreno
para a determinação do fator de redução do conjunto. b) edificação, ampliação e/ou reforma iniciada após 31/12/1995: Desde que essas constem
da Declaração de Ajuste Anual, é considerado o mês de sua realização para a determinação do fator de redução relativo a elas. Sobre percentual
de redução, consulte a pergunta 623 (Instrução Normativa SRF n° 599, de 28 de dezembro de 2005, art. 3°, §§ 4° a 6°; e Ato Declaratório Normativo
CST n° 10, de 1991)

Autor: Equipe Técnica Econet Editora

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apostilas com base nesta obra, por qualquer forma, meio eletrônico ou mecânico, inclusive por meio de processos reprográficos, fotocópias ou gravações
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que trata o artigo 184 do Código Penal.

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