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Volume 1

Industrialização e
Construção Off-site
ÍNDICE
APRESENTAÇÃO 04
METODOLOGIA APLICADA ÀS COMUNIDADES TÉCNICAS 05
1 DIAGNÓSTICO DA COMUNIDADE TÉCNICA 11
2 OVERVIEW DA INDUSTRIALIZAÇÃO 21
Industrialização e status da construção civil brasileira
Industrialização por módulos e por componentes
Benchmarking Brasil ao Cubo
Benchmarking BN Engenharia
Visita técnica no Parque Global

3 DESENVOLVIMENTO DE PROJETOS COM FOCO 34


NA INDUSTRIALIZAÇÃO
Processos para elaboração de projetos de arquitetura industrializados
Case HTB: empreendimento E-Wood

4 VISITA TÉCNICA: BRASIL AO CUBO 39


5 FACHADAS INDUSTRIALIZADAS 40
Benchmarking Kingspan Isoeste
Benchmarking Stone

6 BANHEIROS PRONTOS 44
Conceitos e definições gerais
Banheiro de concreto ou metálico?
Processo de execução

7 PROJETO DE INOVAÇÃO 47
Contextualização
Objetivo
Resultados
Conclusão

CRÉDITOS 55
Co-autores
Equipe CTE Enredes

3
BIM (BUILDING INFORMATION MODELING)

APRESENTAÇÃO

Impulsionar a inovação, a transformação digital, a industrialização e a sustentabilidade


no setor da construção sempre esteve no cerne da atuação da Rede Construção Digital,
Industrializada e Sustentável (RCDI+S), o maior ecossistema de relacionamento setorial
e de inovação da construção brasileira.

Composta por 110 empresas, com representantes de todos os elos da cadeia produtiva,
a RCDI+S vem aprimorando sua forma de aglutinar visões e gerar conhecimento, amplifi-
cando ainda mais o engajamento e o poder de transformação do trabalho coletivo.

Um dos reflexos desse movimento foi a criação, em 2022, de dez comunidades técnicas
dedicadas a mergulhar em temas relevantes e sensíveis para as empresas do setor.
Sob a coordenação da equipe do CTE Enredes, esses grupos mobilizaram cerca de 800
profissionais, todos eles com perfil multiplicador, interessados em levar novas ideias e
projetos para suas empresas na forma de um plano de inovação prática.

Entre essas comunidades está Industrialização e Construção Off-site, que ao longo de


oito meses percorreu uma trilha com conceitos e práticas capazes de impulsionar a
industrialização, que é uma condição para o setor dar um salto de produtividade e resol-
ver dores como custos elevados e alta dependência de mão de obra.

Imersos em um espírito de colaboração, os multiplicadores compartilharam cases e


experiências, dividiram dores empresariais e absorveram novos conhecimentos em con-
versas com profissionais que são referências em suas áreas.

Este e-book é um dos produtos desta jornada, que também tem a ambição de estender
conhecimento à toda a sociedade.

Que as próximas páginas sirvam de referência e de inspiração para eliminarmos barrei-


ras e construirmos edificações de modo mais eficiente e racional, em sintonia com as
demandas da sociedade por sustentabilidade, qualidade e segurança.

Tenha uma ótima leitura!

Roberto de Souza
CEO CTE

4
INDUSTRIALIZAÇÃO E CONSTRUÇÃO OFF-SITE

METODOLOGIA APLICADA ÀS COMUNIDADES


TÉCNICAS

As Comunidades Técnicas são grupos exclu- para promover o crescimento das empresas,
sivos de profissionais de empresas que desenvolver projetos de inovação e gerar
compõem a RCDI+S. Seu objetivo é com- conteúdo para o setor da construção civil.
partilhar conhecimento técnico específico

A METODOLOGIA DE TRABALHO CONSISTIU EM 5 ETAPAS


PRINCIPAIS:

Etapa 1 Etapa 2 Etapa 3 Etapa 4 Etapa 5

Mapeamento Geração de Incentivo de Incentivo a rea- Divulgação do


do estágio de conteúdos por conexões entre lização de negó- conhecimento
conhecimento meio de palestras as empresas da cios e de projetos adquirido, a fim
das empresas com especialis- comunidade por de inovação com- de impulsionar
da Comunidade tas ou cases de meio de: partilhada entre o movimento de
sobre o tema, empresas líderes, Visitas em os participantes inovação, trans-
identificação das visando o alinha- grupo ou da Comunidade. formação digital,
tecnologias e mento do conhe- encontros de industrialização e
práticas empre- cimento entre os benchmarking, sustentabilidade
sariais aplicadas participantes da presenciais ou no setor, publi-
entre as empre- Comunidade. online; cando os conteú-
sas participantes. dos construídos
Compartilha-
pela Comunidade.
-mento de práti-
cas e inovações;
Apresentação
de soluções por
parte de startups
e fornecedores
de materiais e
tecnologia.

EMPRESAS PARTICIPANTES

5
DIRETRIZES DO GRUPO DE TRABALHO

Assumir o papel de Adotar o tripé da Atuar em economia


empresa na tríplice sustentabilidade como um compartilhada, dividindo
hélice da inovação e valor coletivo. o conhecimento.
empreendedorismo.

Coordenados pela equipe do CTE Enredes, inovação. Além de conhecimento e experi-


os grupos foram formados por profissionais ência para compartilhar com o grupo, esses
com diferentes backgrounds, indicados pelas profissionais são capazes de levar a inovação
empresas participantes. “As Comunidades para dentro de suas empresas e de implemen-
Técnicas diferem de outros programas que tar aquelas práticas que têm a ver com seu
já realizamos ao reunir multiplicadores da negócio”, explica Bob de Souza, CEO do CTE.

6
INDUSTRIALIZAÇÃO E CONSTRUÇÃO OFF-SITE

Comunidade Técnica
Absorve conhecimento dos
especialistas e colegas e
deve compartilhar as
experiências vividas
em sua empresa

Deve compartilhar os
aprendizados com a
empresa

Empresa

Multiplicador

Para cada Comunidade Técnica foi traçada Visando mais assertividade na escolha dos
uma jornada contemplando oito encontros assuntos e, principalmente, na forma de abor-
virtuais, realizados no decorrer de oito meses. dá-los, foi realizada uma pesquisa junto aos
Para desenhar a trilha a ser percorrida e definir membros da comunidade. A ideia foi fazer um
quais temas eram mais pertinentes, os grupos mapeamento do estágio de conhecimento
contaram com um time de embaixadores, pro- e das práticas já realizadas pelas empresas
fissionais com perfil militante e visão inova- sobre cada tema proposto.
dora, especialistas nos temas em questão.

Com isso, foi possível privilegiar temas que, na visão das companhias, têm
alta relevância. Também conseguimos ajustar a abordagem, de modo a
estarmos mais alinhados ao nível de conhecimento dos participantes sobre
o assunto e ao estágio de implantação das empresas”.
Mariana Watanabe, consultora de Inovação e Tecnologia no CTE
Enredes e facilitadora na Comunidade Técnica.

7
Combinando a visão dos embaixadores e a radiografia apresentada pela pesquisa, foi desenhado
um roadmap que conduziu o trabalho da Comunidade.

INÍCIO 1 2 3
da Visita Técnica Brasil Desenvolvimento
Industrialização ao Cubo de componentes
industrializados

6 5 4
Visita técnica ao Banheiros Fachadas
Parque Global prontos industrializadas

7
Apresentação do projeto de
inovação e síntese dos encontros

Os encontros contemplaram várias oportu- transformação digital, industrialização e ESG


nidades para alinhar conhecimentos, bem (Environmental, Social and Governance).
como para ampliar a visão dos participan-
Para as empresas participantes, a iniciativa
tes com a apresentação de especialistas e
procurou apoiar a geração de negócios e de
cases. A todo o momento, buscou-se incen-
relações que agreguem maior competitivi-
tivar a conexão entre as empresas, a realiza-
dade, sustentabilidade e eficiência, visando a
ção de negócios e o desenvolvimento de pro-
perpetuidade dos negócios.
jetos de inovação compartilhada. Tudo isso,
com o apoio de ferramentas de comunicação Para os multiplicadores, o envolvimento com
instantânea e, em alguns casos, de encon- o grupo contribuiu para a construção de auto-
tros presenciais e visitas técnicas. ridades e para o desenvolvimento de carrei-
ras. Por fim, as CTs tinham como anseio agre-
As Comunidades Técnicas da RCDI+S foram
gar benefícios para a sociedade, produzindo
formatadas com grandes ambições. A pri-
conteúdo relevante que pode ser aproveitado
meira delas foi servir de elo para conectar os
por todas as organizações do setor.
agentes da cadeia produtiva aos pilares que
direcionam a construção do futuro: inovação,

8
INDUSTRIALIZAÇÃO E CONSTRUÇÃO OFF-SITE

OBJETIVOS DAS COMUNIDADES TÉCNICAS


OBJETIVOS DAS COMUNIDADES TÉCNICAS:

Promover debates Compartilhar as Desenvolver,


sobre um tema melhores práticas e coletivamente, um
específico. técnicas, assim como projeto de inovação
as experiências setorial com vistas à
profissionais. evolução das empresas
face às dores
apontadas pelo grupo.

Promover a interação Construir conteúdo e


e a integração entre difundir
as empresas conhecimento
participantes. técnico relevante.

ALGUNS NÚMEROS DA CT INDUSTRIALIZAÇÃO E CONSTRUÇÃO OFF-SITE:

39 11
EMPRESAS PALESTRANTES
16
34 HORAS DE DEBATES
E CONVERSAS
02
PROFISSIONAIS VISITAS
ENVOLVIDOS TÉCNICAS

9
EMBAIXADORES DA COMUNIDADE TÉCNICA INDUSTRIALIZAÇÃO
E CONSTRUÇÃO OFF-SITE

Os embaixadores das Comunidades Técnicas promovido seja de alta relevância técnica e


são os especialistas escolhidos pela Equipe o grupo seja reconhecido como referência do
de Apoio do CTE Enredes para orientar e assunto.
liderar a CT, de modo com que o conteúdo

Paulo Oliveira — Engenheiro civil com MBA


executivo internacional pela FIA/USP e project
manager pelo PMI. CEO da Aratau, é professor
convidado dos cursos de mestrado profissional do
IPT e de pós-graduação da Poli-Íntegra,
Mackenzie, FGV e FAAP.

Embaixadores Murilo Mello — Engenheiro civil,


mestre pela Poli-USP com MBA em
da CT Gestão de Projetos. É gerente de
engenharia e pesquisa e
desenvolvimento na Brasil ao Cubo.

Alexandre Kröner — Arquiteto e urbanista formado


em 1990, trabalhou durante dois anos com
arquitetura industrial na Alemanha. Em 1995,
fundou a Kröner & Zanutto Arquitetos Associados,
onde tem desenvolvido projetos com foco no uso
do BIM e de sistemas construtivos
industrializados.

Everaldo Ramalho — Engenheiro civil, pós-graduado em técnicas de


planejamento de empreendimentos e em gestão de empresas da construção
civil. É COO na BN Engenharia, além de  e
professor da pós-graduação do IBMEC.

10
INDUSTRIALIZAÇÃO E CONSTRUÇÃO OFF-SITE

1 - DIAGNÓSTICO DA COMUNIDADE TÉCNICA

O diagnóstico realizado no primeiro encontro relação à industrialização e à construção off-


da Comunidade Técnica teve como objetivo -site. Para tanto, foram analisadas as seguin-
principal analisar a relevância dos temas e o tes subtemáticas:
nível de conhecimento dos participantes com

Desenvolvimento de projetos com foco na industrialização


Desenvolvimento de componentes industrializados: vedações externas
Desenvolvimento de módulos: banheiros e cozinha
Desenvolvimento de componentes industrializados: painés de piso,
cobertura e laje
Desenvolvimento de componentes industrializados: estruturas pré-fabricadas
(pilar, viga, laje)
Desenvolvimento de componentes industrializados:vedações internas
Desenvolvimento de componentes industrializados: revestimentos
mecânicos
Desenvolvimento de componentes industrializados: esquadrias
Desenvolvimento de módulos: varandas
Desenvolvimento de módulos: caixa de elevador e escada

11
A pesquisa contou com a participação de 53 empresas, sendo:
A PESQUISA CONTOU COM A PARTICIPAÇÃO DE 53 EMPRESAS, SENDO:

2
Empresas de consultoria

4
Projetistas
22
Incorporadoras
3 e construtoras
Fundos de 4%
investimento,
administradoras 8%
e contratantes
6%

41%

13
Fabricantes 24%

17%

9
Empresas fornecedoras
de serviços ou tecnologia

12
INDUSTRIALIZAÇÃO E CONSTRUÇÃO OFF-SITE

O diagnóstico foi dividido em cinco seções:

O DIAGNÓSTICO FOI DIVIDIDO NAS SEGUINTES SEÇÕES:

Seções Tipo de questão

Contextualização para a Perguntas de múltipla escolha


compreensão da importância da
participação da empresa na
Comunidade Técnica de
Industrialização e Construção
Off-site e os dois principais
motivos da implantação da
temática na empresa.

Levantamento da relevância, Escala de 1 a 5


implantação e conhecimento das
subtemáticas atreladas a
industrialização e construção
off-site.

Análise da dificuldade em Perguntas de múltipla escolha


promover estratégias relacionadas
à industrialização e construção
off-site.

Levantamento de práticas, Questão dissertativa


produtos e soluções inovadoras
promovidas pela empresa que
contribuam para o desenvolvi-
mento de soluções de industria-
lização e construção off-site.

Identificação das dores Questão dissertativa


empresariais que podem gerar
oportunidades de inovação em
industrialização e construção
off-site.

13
PRINCIPAIS RESULTADOS

Conforme o gráfico abaixo, observa-se que os empresas (69,2%), geração e absorção de


participantes buscam na Comunidade Téc- conteúdo (59,6%) e implementação de inova-
nica, prioritariamente, o compartilhamento ção na empresa (55,8%).
de boas práticas e benchmarking entre

Gráfico
GRÁFICO1:1:Como
COMOa AComunidade
COMUNIDADE Técnica
TÉCNICAde DE
Industrialização e Construção
INDUSTRIALIZAÇÃO E CONSTRUÇÃO
Off-site
OFF-SITEpode
PODEcontribuir paraPARA
CONTRIBUIR as estratégias da suaDA
AS ESTRATÉGIAS empresa?
SUA EMPRESA?

69,2% 38,5% 48,1% 59,6% 19,2% 32,7% 55,8%

Número de respostas

36 Compartilhamento de boas práticas 10 Divulgação da marca da empresa


e  entre empresas
17 Desenvolvimento de projetos de
20 Geração de negócios inovação compartilhados
25 Relacionamento com parceiros 29 Implementação de inovação
e clientes na empresa
31 Geração e absorção de conteúdo

14
INDUSTRIALIZAÇÃO E CONSTRUÇÃO OFF-SITE

O aumento da produtividade global (84%) e principais motivos de implantação da temá-


a redução de custos (48%) mostram-se os tica pelas empresas.

GRÁFICO 2: SELECIONE OS DOIS PRINCIPAIS MOTIVOS PARA O DESENVOLVIMENTO


DE ESTRATÉGIAS
Gráfico VOLTADAS
2: Selecione os doisÀprincipais
INDUSTRIALIZAÇÃO E CONSTRUÇÃO
motivos para OFF-SITEde
o desenvolvimento
NA SUA EMPRESA
estratégias voltadas à industrialização e construção off-site na sua empresa

24% 48% 30% 84% 24%

Número de respostas

12 Demanda dos clientes e 42 Aumento de produtividade global


do mercado

24 Redução dos custos de operação 12 Melhoria do desempenho do


edifício ao longo de sua vida útil

15 Diferenciação da marca/projeto
frente a concorrência

15
Para a análise da relevância, implantação e de implantação é baixo, sendo a média de
conhecimento das subtemáticas, foi realizada implantação menor que 3,5. As estratégias
a média aritmética das respostas de cada sub- mais implantadas nas empresas consistem
temática, conforme os gráficos 3,4 e 5. em soluções de desenvolvimento de projetos
industrializados e o uso de estruturas pré-
Observa-se, a partir do gráfico 3, que desenvol-
-fabricadas (viga, pilar e laje). Em contrapar-
vimento de projetos com foco em industriali-
tida, o uso de módulos de caixa de elevador e
zação e o uso de vedações externas industria-
escada e módulos de varandas configuram-se
lizadas foram os temas com maior relevância
entre as estratégias menos adotadas.
para as empresas. Módulos de caixa de eleva-
dor e escada e módulos de varandas foram as Observa-se que as estratégias mais implanta-
menos relevantes. das são também as de maior conhecimento
para os participantes, conforme o gráfico 5.
O gráfico 4 demonstra que, dentre as estraté-
gias mais implantadas nas empresas, o nível

GRÁFICO
Gráfico 3: 3: QUAL
Qual O GRAU
o grau DE RELEVÂNCIA
de relevância DAS SOLUÇÕES
das soluções em relação àEM RELAÇÃO
industrialização
eÀconstrução
INDUSTRIALIZAÇÃO
off-site? E CONSTRUÇÃO OFF-SITE?

Desenvolvimento de projetos
com foco na industrialização 4,5

Desenvolvimento de componentes
industrializados: Vedações externas 4,0

Desenvolvimento de Módulos: 3,9


Banheiros e cozinha
Desenvolvimento de
componentes industrializados: 3,8
Paineis de piso, cobertura e laje
Desenvolvimento de componentes
industrializados: Estruturas
pré-fabricadas (pilar, viga, laje)
3,7

Desenvolvimento de componentes
industrializados: vedações internas 3,7
Desenvolvimento de componentes
industrializados: Revestimentos 3,5
mecânicos
Desenvolvimento de componentes
Industrializados: Esquadrias 3,5

Desenvolvimento de Módulos:
Varandas 3,5

Desenvolvimento de Módulos:
Caixa de elevador e escada 3,4

0 1 2 3 4 5

16
INDUSTRIALIZAÇÃO E CONSTRUÇÃO OFF-SITE

Gráfico
GRÁFICO 4: 4:
Quais dasDAS
QUAIS estratégias supracitadas
ESTRATÉGIAS estão implantadas
SUPRACITADAS ESTÃO na
IMPLANTADAS
sua empresa? NA SUA EMPRESA?

Desenvolvimento de projetos
com foco na industrialização 3,4
Desenvolvimento de componentes
industrializados: Estruturas
pré-fabricadas (pilar, viga, laje)
3,0

Desenvolvimento de componentes
industrializados: Vedações externas 2,6
Desenvolvimento de
componentes industrializados: 2,5
Paineis de piso, cobertura e laje

Desenvolvimento de componentes
industrializados: vedações internas 2,4

Desenvolvimento de componentes
Industrializados: Esquadrias 2,3

Desenvolvimento de Módulos:
Banheiros e cozinha 2,2
Desenvolvimento de componentes
industrializados: Revestimentos 2,0
mecânicos
Desenvolvimento de Módulos:
Caixa de elevador e escada 1,8

Desenvolvimento de Módulos:
Varandas 1,7

0 1 2 3 4

17
Gráfico
GRÁFICO 5: 5:
EmEM
uma
UMAescala de 1 aDE5,1qual
ESCALA A 5,oQUAL
grau de conhecimento
O GRAU da sua empresa
DE CONHECIMENTO
sobre
DA SUAas EMPRESA
estratégiasSOBRE
supracitadas?
AS ESTRATÉGIAS SUPRACITADAS?

Desenvolvimento de projetos
com foco na industrialização 3,6
Desenvolvimento de componentes
industrializados: Estruturas
pré-fabricadas (pilar, viga, laje)
3,5

Desenvolvimento de componentes
industrializados: Vedações externas 2,9
Desenvolvimento de componentes
industrializados: vedações internas 2,8
Desenvolvimento de
componentes industrializados:
Paineis de piso, cobertura e laje 2,7

Desenvolvimento de Módulos:
Banheiros e cozinha 2,6

Desenvolvimento de componentes
Industrializados: Esquadrias 2,5
Desenvolvimento de componentes
industrializados: Revestimentos 2,2
mecânicos
Desenvolvimento de Módulos:
Caixa de elevador e escada 2,1

Desenvolvimento de Módulos:
Varandas 2,1

0 1 2 3 4

18
INDUSTRIALIZAÇÃO E CONSTRUÇÃO OFF-SITE

A partir do diagnóstico, a baixa oferta de solu- do cliente e do mercado lideram as maiores


ções disponibilizada pela cadeia produtiva da dificuldades para promover a industrializa-
construção civil e a falta de reconhecimento ção na construção civil.

No seu entendimento,
GRÁFICO qual a maior dificuldade
7: NO SEU ENTENDIMENTO, em promover
QUAL A MAIOR estratégias de
DIFICULDADE
industrialização
EM e construção off-site
PROMOVER ESTRATÉGIAS na sua empresa? E CONSTRUÇÃO
DE INDUSTRIALIZAÇÃO
OFF-SITE NA SUA EMPRESA?

Falta de reconhecimento do 28 56%


cliente e do mercado

Baixa oferta de soluções pela


cadeia produtiva da 29 58%
construção

Cultura empresarial não


alinhada ao assunto 21 42%

Desconhecimento sobre a
temática 16 32%

Falta de capacitação do corpo


técnico para implementação 18 36%
do tema

19
Com relação ao levantamento de práticas, Quando perguntados sobre as dores empre-
produtos e soluções inovadoras promovidas sariais que podem gerar oportunidades de
pela empresa, as respostas dissertativas inovação em industrialização e construção
mostraram algumas soluções implantadas off-site, os participantes responderam em
nas empresas no que tange à industrializa- maior volume:
ção e construção off-site.

Logística de
transporte de
material

Qualificação de
time de
especificação/
suprimentos

Dificuldade de
encontrar produtos
nacionais que
complementam a
solução off-site

20
INDUSTRIALIZAÇÃO E CONSTRUÇÃO OFF-SITE

2 - OVERVIEW DA INDUSTRIALIZAÇÃO

TÓPICOS ABORDADOS NESTE CAPÍTULO:

Industrialização e status da construção civil brasileira

Industrialização por módulos e por componentes

Benchmarking Brasil ao Cubo e BN Engenharia

Visita técnica ao Parque Global

Quando falamos em construção industriali- o de construção off-site e o de construção


zada, dois conceitos muito importantes são modular.

CONSTRUÇÃO OFF-SITE CONSTRUÇÃO MODULAR

A construção off-site refere-se à parte Já a construção modular é um método


do processo de construção realizada ou processo de construção no qual
fora da obra, em instalação adequada módulos são independentes ou monta-
para a produção. Essa metodologia dos em conjunto para compor estrutu-
tem como principais características ras maiores. Ela pode ser painelizada
a elevada rapidez e a redução de ati- (2D), volumétrica (3D) ou híbrida. No
vidades on-site, evitando a gestão primeiro grupo estão painéis bidimen-
de um grande número de pessoas no sionais, como os de fechamento, as
canteiro, obtendo planejamentos mais lajes e as coberturas. Já a construção
assertivos. volumétrica estão os módulos tridimen-
sionais plug and play, como os banhei-
ros prontos.

21
No Brasil, em função das distâncias de trans- vezes é necessária a combinação simultânea
porte e das condições das rodovias, muitas de módulos 2D e 3D.

EXEMPLOS DE CONSTRUÇÃO MODULAR

COMPONENTES MÓDULO 2D MÓDULO 3D SISTEMA EDIFICAÇÕES


(PAINEL) MODULAR HÍBRIDO MODULARES COMPLETAS

• Treliças de madeira • Painéis de fechamento • Banheiro Pronto (Pod)


ou aço (cobertura)
• Painéis de cobertura • Módulo de escada
• Lajes pré-fabricadas • Módulo de elevador
• Painéis de piso • Modular 3D + 2D • Edificação modular integral
• Módulo de Quarto |
Sala | Cozinha
(integral ou parcial)

Volume ou Hibrido Edificação


Componente Painel (2D) Módulo 3D +
Môdulo (3D) Painel 2D Completa

BENEFÍCIOS DA CONSTRUÇÃO MODULAR

A construção modular pode proporcionar em obras. A construção modular tem poten-


uma série de benefícios como trabalho em cial para reduzir o desperdício de materiais
ambiente controlado, menos consumo de para menos de 2%, além de utilizar matérias-
água e energia, previsibilidade de prazos e -primas mais sustentáveis como o aço, que
custos, compactação de prazos de até 50% tem alta reciclabilidade, e a madeira, que cap-
(decorrentes da simultaneidade, principal- tura de carbono na atmosfera.
mente) e redução de custos de até 20%. Se
A construção modular explora muito a coor-
considerarmos a redução de despesas indire-
denação modular, onde o módulo é uma
tas decorrentes de uma obra mais breve, as
dimensão padronizada que deve servir como
economias podem ser ainda maiores.
base para a construção. Existe, inclusive,
A sustentabilidade é outro ponto a favor da uma norma, a ABNT NBR 15.873 que fixa um
industrialização. Vale lembrar que a constru- módulo básico de 100 mm como um instru-
ção civil tem um peso relevante na questão mento de compatibilização de elementos e
ambiental, sendo atualmente responsável por componentes.
21% das emissões globais de gás carbônico
(CO2) e por elevado desperdício de materiais

22
INDUSTRIALIZAÇÃO E CONSTRUÇÃO OFF-SITE

PROCESSO EVOLUTIVO DA CONSTRUÇÃO INDUSTRIALIZADA

Estágio 1
No primeiro estágio de
desenvolvimento está a
construção tradicional
100% on-site.

Estágio 2
A etapa seguinte ainda
envolve o modo de fazer
tradicional, mas agregando
alguns componentes
industrializados.

Estágio 3
Além de componentes
Estágio 4 industrializados, são
agregados módulos 3D,
Por fim, chega-se ao como escadas, por exemplo.
estágio mais avançado de
industrialização,
inteiramente off-site e
modular.

23
O QUE É POSSÍVEL INDUSTRIALIZAR EM UMA EDIFICAÇÃO?

Estrutura — Componentes Pisos e lajes — Steel deck,


de aço estrutural, concreto pré-fabricado, chapa
pré-fabricados de concreto, cimentícia, painel wall, CLT.
madeira engenheirada, wood
frame e steel frame.
Também é possível compor
sistemas híbridos,
combinando diferentes
materiais.

Vedações externas —
Painel cimentício, chapa de
OSB + chapa cimentícia,
painéis isotérmicos, painéis
arquitetônicos de concreto e
de concreto celular, painel de
Componentes 3 D GRC.
— Banheiro e cozinhas
prontos, módulos de
escada e caixa de
elevador
pré-fabricados.

Vedações internas —
Drywall, chapa cimentícia
e madeira engenheirada
(CLT)

Instalações prediais — Kits


de instalações prediais (módulos
de chuveiro, esgoto, prumadas e
chassis para lavatórios, sistemas
polvo).

Obs: A escolha entre uma ou outra tecnologia, ou mesmo a opção pela combinação de sistemas, deve tomar como base
o melhor para cada projeto.

INDUSTRIALIZAÇÃO POR MÓDULOS E POR COMPONENTES

A construção modular se decompõe em algumas tipologias. É possível fabricar compo-


nentes modulares (treliças de madeira ou aço para cobertura, por exemplo), painel 2D
(painel de fechamento, piso, cobertura) e painel 3D (banheiro pronto, módulo de escada
e de elevador, de quartos). Há, também, a construção modular híbrida, composta tanto
por módulos 3D, quanto por painéis. Outra tipologia explorada especialmente nos Esta-
dos Unidos são as tiny houses, edificações modulares completas, inteiramente trans-
portadas em carretas.

24
INDUSTRIALIZAÇÃO E CONSTRUÇÃO OFF-SITE

INDUSTRIALIZAÇÃO E STATUS DA CONSTRUÇÃO CIVIL


BRASILEIRA
Segundo dados da Fiesp (Federação das o ideal seria investir 10,1% do PIB brasileiro
Indústrias do Estado de São Paulo), para apro- no setor da construção até 2030.
ximar o Brasil dos países mais desenvolvidos

Esse é um índice razoável para trazer desenvolvimento econômico,


significando algo em torno de R$ 824 bilhões por ano entre 2021 e 2030”.
Paulo Oliveira, CEO da Aratau.

Com a queda da participação do setor no De 2014 a 2019, a produtividade da mão de


PIB nacional, outros indicadores pioraram obra na construção caiu 4,4% ao ano. De
nos últimos anos. Entre eles, o número de 2019 a 2021 ela despencou mais de 6% ao
trabalhadores na cadeia produtiva. Em 2014 ano.
eram 12,2 milhões de trabalhadores. Em
Segundo o estudo da Fiesp, a adoção da
2021 esse número caiu para 10,4 milhões.
construção industrializada é um recurso que
Também houve queda substancial de inves-
pode ajudar a melhorar esses números, uma
timentos no setor no ciclo de 2014-2020, em
vez que ela reduz o tempo de execução das
comparação ao período entre 2007 e 2014.
obras e eleva a produtividade.
Essa queda se deu, inclusive, no segmento
de incorporação imobiliária.

DESAFIOS À INDUSTRIALIZAÇÃO

Problemas fiscais, previdenciários e de com- tributário do mundo em uma lista de 190 paí-
petitividade são barreiras que atravancam a ses. Entre os países avaliados, o Brasil possui
industrialização do setor. Olhando para a tri- a quarta maior alíquota de impostos sobre a
butação, o Brasil possui o 184º pior sistema renda das empresas, ou seja, 34%.

25
Além das barreiras tributárias elevadas, existem outros obstáculos a serem superados. Entre eles:

Insuficiência e descontinuidade de programas sociais


voltados aos setores habitacional e de serviços públicos.
Isso prejudica quem precisa de escala e de repetição;

Complexidade da estrutura tributária e a falta de isonomia


entre a construção tradicional e a industrializada;

Insegurança jurídica que afasta investimentos no Brasil;

Burocracia envolvendo direito imobiliário e lentidão na


aprovação de projetos;

Financiamento do crédito imobiliário. Faltam programas


para a construção off-site industrializada;

Falta de programas para desenvolvimento tecnológico,


especialmente com foco em empreendedorismo e inovação;

Inclusão da construção industrializada nas grades de


faculdade de engenharia e arquitetura;

Implementação das reformas estruturais.

26
INDUSTRIALIZAÇÃO E CONSTRUÇÃO OFF-SITE

MUDANÇAS NECESSÁRIAS

Para viabilizar o desenvolvimento da construção civil, o 14º Construbusiness1 aponta algumas


ações importantes:

Reformar e ampliar a Apoiar o setor de Construir, preservar e Ampliar o volume de


infraestrutura de energia, saneamento modernizar mais investimentos em
transportes. e telecomunicações. moradias. prédios comerciais.

ESCOLA

Modernizar escolas, Revigorar a cadeia Reduzir custos Aprimorar os


creches, prédios produtiva da construção (energia, gás, coque mecanismos
públicos e hospitais. através de investimentos de petróleo) e institucionais das
em P&D, aumento da aumentar a relações
produtividade, maior sustentabilidade. público-privadas.
sustentabilidade,
treinamento de
trabalhadores.

Fortalecer a Ampliar as fontes de


instituições e financiamento de
refundar os marcos crédito imobiliário.
regulatórios da
infraestrutura.

27
(1) O 14º Construbusiness foi o Congresso Brasileiro da Construção promovido em
novembro de 2021 pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São
Paulo)

A Aratau é uma startup que oferece solução completa de construção


modular off-site com foco no segmento residencial de médio e alto
padrão em condomínios. O produto Aratau é híbrido, composto
por módulos bidimensionais e tridimensionais. A empresa também
oferece uma experiência de compra disruptiva para o cliente, com o
apoio de tecnologia de arquitetura imersiva para a customização do
produto.

28
INDUSTRIALIZAÇÃO E CONSTRUÇÃO OFF-SITE

BENCHMARKING BRASIL AO CUBO: INDUSTRIALIZAÇÃO POR


MÓDULOS
Criada em 2016 para oferecer construção empresa pode-se citar o edifício corporativo
industrializada por meio de módulos, a Bra- Level, em Tubarão, SC, com oito pavimentos.
sil ao Cubo se posiciona como uma empresa Com módulos construídos com chassis de
de soluções construtivas ágeis, baseadas aço unidos no canteiro por parafusamento,
em pensamento modular e em comprometi- trata-se do primeiro edifício off-site volumé-
mento com desenvolvimento sustentável. trico construído na América Latina.
Entre os exemplos de industrialização via-
bilizados com módulos volumétricos pela

O Level mostra que o fato de ser modular não é empecilho para criar
uma arquitetura diferenciada, considerando que a volumetria da
edificação contempla brises horizontais e verticais”.
Murilo Mello, gerente de engenharia e pesquisa e desenvolvimento na
Brasil ao Cubo.

Fonte: Brasil ao Cubo

29
A construção modular também tem se mos- Durante a pandemia de Covid-19, outra apli-
trado interessante para grandes indústrias cação que se tornou icônica da construção
com alguma restrição de condições de tra- modular foi em instalações médicas. A Brasil
balho. Na Mina Salobo, empreendimento da ao Cubo tem em seu portfólio sete hospitais
Vale em Marabá (PA), a construção modular concluídos em um prazo médio de 33 dias.
fez sentido para diminuir o número de traba-
lhadores envolvidos na obra e permitir que
a construção de quatro edificações térreas
fosse concluída em apenas 120 dias.

Fundada em 2016, a Brasil ao Cubo é líder em construção modular


off-site no Brasil. Com sede em Tubarão (SC), a construtech conta
com mais de 300 colaboradores e já entregou obras em 14 estados
brasileiros. Desde 2020, a empresa tem a Gerdau entre seus
acionistas.

BENCHMARKING BN ENGENHARIA: INDUSTRIALIZAÇÃO


POR COMPONENTES
Construtora de obras de diferentes tipolo- possível, viabilizar a introdução de compo-
gias, a BN Engenharia tenta, sempre que nentes industrializados em seus canteiros.

Atravessamos uma fase complicada, com falta de mão de obra


e materiais extrapolando custos. Isso nos oferece uma grande
oportunidade para induzir a industrialização”.
Everaldo Ramalho, COO na BN Engenharia.

A saída encontrada pela BN Engenharia tem com cinco torres residenciais de 49 pavimen-
sido inserir alguns componentes que facili- tos, localizado na Zona Sul de São Paulo.
tam a industrialização. Nesse caso, havia uma necessidade de dimi-
nuir o prazo de execução. Além disso, as tor-
Como exemplo, Ramalho citou as obras do
res são muito altas com incidência de vento
Parque Global, empreendimento de uso misto

30
INDUSTRIALIZAÇÃO E CONSTRUÇÃO OFF-SITE

forte, inviabilizando colocar pessoas em Outra tecnologia que tem tido sucesso nas
balancins para aplicação de massa. Nesse obras da BN é a sacada metálica pronta. Os
caso, a utilização de um sistema de fachada módulos são inseridos com o prédio pronto.
pré-fabricada com painéis de concreto, forne- Com isso ganha-se um mês de obra, além de
cidos pela Stone, permitiu reduzir o tempo de reduzir a geração de entulho e de não prejudi-
obra de 40 para 34 meses e agregar redução car o acabamento do apartamento.
de custos indiretos, incluindo diminuição de
resíduos, de riscos e de despesas futuras
com assistência técnica.

Complexo Parque Global. Fonte: Site do empreendimento Parque Global

31
VISITA TÉCNICA NO PARQUE GLOBAL

Os multiplicadores visitaram a obra do Par- Além da apresentação de informações sobre


que Global , em São Paulo, durante a jornada a fachada pré-fabricada aplicada no empre-
da Comunidade Técnica. No encontro presen- endimento, a equipe da BN Engenharia expli-
cial, os participantes tiveram a oportunidade cou também sobre o sistema de fundação
de conhecer o stand de vendas do complexo utilizado e discorreu sobre as soluções sus-
e a cobertura da torre 3, que possui mais de tentáveis adotadas no canteiro de obras.
500 m2.

VEJA MAIS SOBRE A


EXPERIÊNCIA CLICANDO
AQUI

Com mais de 40 anos de atuação no mercado, a BN Engenharia


tem foco na prestação de serviços de construção para terceiros e
também para os negócios do Grupo Bueno Netto. É a 10ª maior
construtora do país, segundo o ranking ITC, e responde pela
construção de edificações comerciais, residenciais, hospitalares,
industriais e shoppings centers.

32
INDUSTRIALIZAÇÃO E CONSTRUÇÃO OFF-SITE

Fachadas pré-fabricadas. Fonte: CTE

Vista da cobertura do empreendimento. Fonte: CTE

33
3 - DESENVOLVIMENTO DE PROJETOS COM
FOCO NA INDUSTRIALIZAÇÃO
TÓPICOS ABORDADOS NESTE CAPÍTULO:

Processos para elaboração de projetos de arquitetura industrializados

Case HTB: empreendimento E-Wood

PROCESSOS PARA ELABORAÇÃO DE PROJETOS DE


ARQUITETURA INDUSTRIALIZADOS

A modelagem da informação da construção (BIM) tem papel crucial no processo de


industrialização.

Industrializar um projeto não é sinônimo de engessamento. Na Indústria 4.0


é possível personalizar projetos industrializados graças à fabricação por
meios digitais”.
Alexandre Kröner, sócio do Kröner & Zanutto Arquitetos Associados.

Segundo Kröner, quando falamos em indus- em BIM e encaminhado para execução em


trialização, a ideia é projetar um sistema uma máquina CNC (comando numérico
em função de uma necessidade do cliente. computadorizado).
É como um lego personalizável, modelado

34
INDUSTRIALIZAÇÃO E CONSTRUÇÃO OFF-SITE

Para o arquiteto, a implantação de processos mais industrializados, exige:

Parametrização de
famílias;

Digitalização das
informações legais;

Auditorias
Padronização de automatizadas
componentes; de controle de
qualidade.
Digitalização das
informações geométricas e
paramétricas;

Muitos desses itens foram trabalhados na com normas aplicáveis. Isso foi gerando uma
concepção do 737 Pedroso, empreendimento biblioteca.
da Stan/SSempre/Rocontec, em construção
Uma evolução desse modelo é a criação
em São Paulo. Nesse caso, os arquitetos
de superfamílias que agrupam vários com-
estudaram meios de industrializar o processo
ponentes e facilitam a industrialização por
de desenvolvimento do projeto visando con-
módulos.
duzir a industrialização também para a etapa
de obra. Outro exemplo é o projeto Panda, um empre-
endimento residencial com unidades de cerca
O 737 Pedroso combina uso residencial,
de 30 m2, no qual os ambientes foram estu-
comercial, corporativo e áreas de lazer. Além
dados profundamente para viabilizar a indus-
disso, o empreendimento possui um nível de
trialização por meio de painéis de madeira
complexidade para o qual o modelo 3D foi
engenheirada.
fundamental.
Com mais de 25 anos de atuação no mercado,
Durante o período de desenvolvimento do
o Kröner & Zanutto Arquitetos Associados
projeto, muitas decisões foram tomadas para
investe na implantação da modelagem da infor-
simplificar e impulsionar a industrialização
mação da construção desde 2015. O escritório
nas etapas subsequentes. Com o apoio do
desenvolve todos os seus projetos com ferra-
BIM, foram criadas listas que ajudam a oti-
mentas BIM, gerando modelos tridimensionais
mizar e a padronizar componentes. Também
parametrizados que permitem a simulação da
foram desenvolvidos padrões internos dos
edificação real em diversas fases.
elementos que são industrializados no mer-
cado brasileiro e, que, já contam com padrões

35
737 Pedroso. Fonte: Rocontec

Com mais de 25 anos de atuação no mercado, o Kröner & Zanutto


Arquitetos Associados investe na implantação da modelagem da
informação da construção desde 2015. O escritório desenvolve todos os
seus projetos com ferramentas BIM, gerando modelos tridimensionais
parametrizados que permitem a simulação da edificação real em diversas
fases.

36
INDUSTRIALIZAÇÃO E CONSTRUÇÃO OFF-SITE

CASE HTB: EMPREENDIMENTO E-WOOD

Imagem interna do eWOOD. Fonte: HTB

A busca por métodos construtivos mais ali- ou eliminação de módulos parametrizados.


nhados às suas metas corporativas ESG Na versão padrão, o e-Wood possui 7 pavi-
(Environmental, Social and Governance) mentos-tipo e um subsolo, com aproximada-
levou a HTB a uma jornada iniciada em mente 1 mil m2 de área privativa.
2019 e que culminou no desenvolvimento do
A escolha pela madeira engenheirada teve
e-Wood. Trata-se de um projeto que inverte a
impacto decisivo na avaliação de ciclo de
lógica comumente adotada no mercado imo-
vida do empreendimento e nas emissões
biliário. Em vez de iniciar o desenvolvimento
de carbono. O e-Wood pesa 3010 toneladas,
pela aquisição do lote, a HTB desenvolveu
valor 60% menor em comparação à média do
um projeto flexível capaz de se ajustar a dife-
mercado para edifícios desse porte.
rentes condições de terreno.
Outros sistemas construtivos industrializa-
Industrialização, sustentabilidade, eficiência
dos devem ser utilizados na construção do
energética e biofilia eram algumas das pre-
e-Wood, como fachadas pré-fabricadas e kits
missas do projeto. Além disso, a planta tinha
de hidráulica e elétrica. Apoiando a industria-
que ser flexível, modulável e replicável..
lização, todo projeto foi feito em BIM, inclu-
Com core de concreto, a estrutura do e-Wood sive o planejamento.
é composta por módulos de 6 x 6 m em
madeira engenheirada. A arquitetura conce-
bida por Kröner & Zanutto é bastante flexí-
vel, podendo ser modificada com a adição

37
Com os projetos definidos e compatibilizados, firmamos uma parceria
com um fundo de investimento focado em edifícios corporativos para
locação. A ideia é construirmos cinco empreendimentos em áreas nobres
de São Paulo”.
Adriana Machado, superintendente de desenvolvimento de negócios
na HTB.

ADRIANA MACHADO — Superintendente de Desenvolvimento


de Negócios e head de projetos ESG na HTB. É formada em
engenharia civil e em administração de empresas, com pós-
graduação em gestão de custos e planejamento estratégico, além
de especialização em Project Management Professional (PMP) e
Strategic Sourcing.

Com mais de 55 anos de atuação no mercado brasileiro, o HTB,


de origem alemã, acumula experiência nos mercados privados de
edificações, industrial e infraestrutura. Formado por um grupo de
empresas, oferece serviços de engenharia e construção, desde a
concepção até a execução.

38
INDUSTRIALIZAÇÃO E CONSTRUÇÃO OFF-SITE

4 - VISITA TÉCNICA: BRASIL AO CUBO

Os multiplicadores da Comunidade Técnica Os módulos foram transportados ao local


Industrialização e Construção Off-site tive- da obra com todos os sistemas de elétrica,
ram a oportunidade de visitar pessoalmente hidráulica e de gases hospitalares pré-insta-
lados. Eles também chegaram ao ponto de
a fábrica da Brasil ao Cubo em São Paulo.
instalação já com pisos vinílicos, porcela-
Durante o passeio, os participantes conhe- nato, louças, marcenaria e outros acabamen-
ceram em detalhes o processo de produção tos colocados.
dos módulos, incluindo a montagem dos Para a ampliação do hospital paulistano,
chassis de aço que viabilizaram a amplia- foram construídos 103 módulos. Entre fabri-
ção do Complexo Hospitalar Albert Einstein, cação, montagem e acabamentos, a obra foi
em São Paulo. Com 4 mil m2, o novo anexo, concluída em cinco meses. Se fossem utili-
recém-concluído, ampliou o atendimento aos zados sistemas construtivos tradicionais, a
pacientes com 50 novos quartos privativos. construção demoraria cerca de vinte meses.

VEJA MAIS SOBRE A


EXPERIÊNCIA CLICANDO
AQUI

39
5 - FACHADAS INDUSTRIALIZADAS
TÓPICOS ABORDADOS NESTE CAPÍTULO:

Benchmarking Kingspan Isoeste

Benchmarking Stone

A execução de fachadas do modo convencio- Por isso, quando o foco é elevar a produtivi-
nal é uma etapa que costuma ser motivo de dade, reduzir o desperdício, agregar susten-
dor de cabeça para as construtoras, seja pela tabilidade e diminuir custos de modo global,
intensa demanda de mão de obra, seja pela a industrialização das fachadas é uma evolu-
suscetibilidade a manifestações patológicas. ção natural.

BENCHMARKING KINGSPAN ISOESTE

Dentre as diferentes alternativas tecnológi- Entre as diversas soluções que compõem a


cas que permitem industrializar a execução linha de produtos arquitetônicos da Kingspan
de fachadas, pode-se citar os painéis pré- Isoeste, Bragança destacou o Smart Wall, pai-
-fabricados metálicos autoportantes com nel autoportante composto por chapa de aço
núcleo de PIR (poliisocianurato). Os painéis de 0,65 mm de espessura na face externa,
se destacam pela esbeltez e pela instalação núcleo de PIR e placa de gesso acartonado
facilitada, que chega a ser até seis vezes no lado interno. Essa composição colabora
mais veloz em comparação ao sistema tradi-
para que o produto proporcione um ambiente
cional, comentou Vitória Bragança, arquiteta
muito semelhante ao executado com siste-
especificadora na Kingspan Isoeste.
mas construtivos convencionais.
Além disso, os painéis combinam elevada
Outra solução é o sistema Creative Wall for-
performance térmica aliada à leveza. Para
apresentar o mesmo nível de isolamento de mado por chapas de alumínio pós-pintadas
uma placa de 50 mm de PIR, são necessários que podem ser customizadas. O revestimento
90 mm de lã de rocha ou de vidro, 780 mm de pode apresentar alturas e larguras variáveis
blocos de concreto e 2300 mm de concreto. definidas pelo projeto, assim como inclina-
Enquanto os painéis de fachada metálicos ções distintas para cada peça, criando visões
pesam em torno de 12 kg/m2, uma alvenaria arquitetônicas e movimentos únicos. Essa
com blocos de concreto pesa 215 kg/m2. Por solução vem sendo utilizada não apenas em
isso, quando o projeto é concebido prevendo projetos novos, como também em retrofits.
o uso da fachada leve, é possível obter uma
otimização importante no custo global da obra.

40
INDUSTRIALIZAÇÃO E CONSTRUÇÃO OFF-SITE

Fachada Evolution Creative Wall na Fábrica da Kingpan Isoeste em Araquari, SC. Fonte: Kingpan Isoeste

VITÓRIA BRAGANÇA — Arquiteta especificadora na Kingspan


Isoeste, é graduada em arquitetura e urbanismo e já atuou em
projetos de arquitetura, interiores, urbanismo e setores como
comunicação visual e energia fotovoltaica.

A Kingspan Isoeste é a junção da Kingspan, líder mundial em


sistemas construtivos isotérmicos, com a brasileira Isoeste. Com cinco
fábricas no país, a empresa desenvolve soluções para envelopamento
de fachadas, coberturas, divisórias internas e portas.

41
BENCHMARKING STONE
Quando o tema é industrialização de facha- de concreto foram moldadas em vinte formas
das, outra tecnologia que se destaca são os diferentes, algumas com 12 m de altura.
painéis arquitetônicos de concreto. Nathalia Por oferecer um excelente acabamento interno,
Lima, analista de relacionamento na Stone o UHPC é indicado para a produção de pai-
Pré-Fabricados, contou como essa solução néis vazados, cobogós e brises. Para painéis
vem evoluindo nos últimos anos, especial- de fachadas mais convencionais, uma tecno-
mente nos quesitos leveza, resistência e logia mais usual para a produção de painéis
beleza. de concreto é o GRFC (Glass Fiber Reinfor-
Projetos de alto valor estético ilustram o ced Concrete). Esse material possui elevado
atual estágio de desenvolvimento dos painéis desempenho e resulta em peças mais leves,
pré-fabricados de concreto de ultra desem- em comparação ao concreto convencional. É
penho (Ultra HightPerformance Concrete - possível obter uma redução de peso de mais
UHPC). Entre eles, a Japan House, em São de 50% substituindo concreto convencional
Paulo, onde uma espécie de grelha de formas por GRFC. Os painéis podem ter de 3 a 4 cm de
orgânicas foi criada com UHPC. Outro caso espessura e dispensar armação pesada, ape-
emblemático é o edifício Matarazzo Office, nas com um engrossamento nas regiões onde
também na capital paulista, onde as peças são realizados os insertes metálicos.

Fachada UHPC da Japan House. Fonte: Stone

42
INDUSTRIALIZAÇÃO E CONSTRUÇÃO OFF-SITE

Os melhores resultados técnicos e financei- seja feito em conjunto com o fornecedor do


ros tendem a ser obtidos quando a opção painel. Além disso, nos casos em que a priori-
pelos painéis arquitetônicos ocorre no dade é custo, é muito importante tirar partido
momento certo, ou seja, na etapa de antepro- da repetição. Afinal, quanto maior for a repe-
jeto. Isso porque o painel arquitetônico pos- tição, mais se dilui o custo das formas.
sui muitas interfaces com outros sistemas Em uma obra com apenas uma repetição é
(caixilhos, estrutura, vedações internas, etc.) possível chegar a um custo de 300 reais/m2.
exigindo alto grau de controle e fiscalização. Já em um projeto com 20 a 30 repetições, é
O ideal é que o desenvolvimento do projeto viável chegar a um custo de 13 reais/m2.

NATHALIA LIMA — É analista de relacionamento na Stone


Pré-Fabricados. Formada em Arquitetura e Urbanismo pela
Universidade Paulista, atua há 12 anos na empresa.

Fundada em 2011, a Stone é especializada em fachadas, pisos,


mobiliários e produtos especiais em concreto. Certificada ISO 9001,
a empresa de pré-fabricados arquitetônicos tem fábrica no interior de
São Paulo e fornece para grandes construtoras.

43
6 - BANHEIROS PRONTOS
TÓPICOS ABORDADOS NESTE CAPÍTULO:

Banheiro de concreto ou metálico?

Processo de execução

O que é banheiro pronto?


O banheiro pronto tem esse nome porque ele prevê a execução de todas as
atividades em fábrica (inclusive instalações e acabamentos), o transporte do
módulo até o canteiro e a montagem na obra. Eles são produzidos conforme
projeto arquitetônico e o resultado é similar ao executado convencionalmente,
mas com ganhos de produtividade, redução de cronograma, economia global,
diminuição de desperdício, facilidade de gestão e melhor controle de qualidade.

Os banheiros prontos são uma resposta a um Utilizado na Europa desde os anos 1960 com
processo de construção lento e oneroso que, maior utilização a partir dos anos 1980, o
em edificações residenciais, pode envolver a banheiro pronto chegou ao Brasil em 1998. A
administração de mais de 120 itens, divididos primeira obra executada no país com essa tec-
entre subsistemas como instalações, reves- nologia foi o hotel Ibis Expo São Paulo, com
timentos, louças, metais, impermeabilização 22 módulos parcialmente produzidos na Itália.
e iluminação. Etapas construtivas que envol-
vem muita instalação e acabamento fino, No início, como as empresas de dedicavam
como a execução de banheiros, exigem muita exclusivamente ao mercado de banheiro
mão de obra direta e um esforço de gestão pronto, era preciso produzir ao menos 200
enorme. Por isso, faz todo sentido transferir unidades para ser competitivo. Também
havia dificuldade de trabalhar com acaba-
para a indústria uma atividade que é tão crí-
mentos distintos.
tica e que envolve muitos riscos.

Mas empresas como a CMC, que têm um portfólio de soluções mais


diversificado, conseguem trabalhar com menos repetição e maior grau
de personalização. Hoje, com um volume de 50 banheiros replicados, já
conseguimos tornar a solução financeiramente interessante”.
Leandro Fangel, especialista em projetos off-site na CMC Módulos
Construtivos

44
INDUSTRIALIZAÇÃO E CONSTRUÇÃO OFF-SITE

BANHEIRO DE CONCRETO OU METÁLICO?

Quando se fala em banheiro pronto, há duas linhas de produtos principais com caracte-
rísticas e usos distintos: o modelo de concreto armado e o modelo com estrutura de steel
frame/perfil dobrado.

O banheiro de concreto pode ser executado com placas de concreto ou utilizar forma
monolítica. Essa última técnica é mais veloz, mas limita a dimensão do banheiro ao
tamanho dos moldes. Por isso, ela acaba sendo mais utilizada em obras habitacionais
de padrão econômico.

Já o banheiro de steel frame tem o peso entre seus atributos. Enquanto os modelos de
concreto pesam, em média, 750 kg/m2, os equivalentes em steel frame não passam de
350 kg/m2. Ambos os modelos recebem laje de concreto com ralo embutido e são sub-
metidos a testes variados que contemplam estanqueidade, inclinação do piso, continui-
dade, pressão hidráulica e vazão.

As duas tecnologias se distinguem, ainda, com relação ao preço. “Se pensarmos só na


estrutura do pod, o banheiro de concreto é 20% mais barato que o modelo de steel frame.
Mas o valor varia muito em função do acabamento e do grau de repetição”, ponderou o
engenheiro da CMC.

PROCESSO DE EXECUÇÃO
Os banheiros prontos podem receber qual- mais leves de serem içados com gruas ou
quer tipo de acabamento previsto em projeto, guindastes.
como textura, papel de parede, cerâmica ou
A aplicação bem-sucedida dos banheiros
pintura. Da mesma forma ocorre com a insta-
prontos depende de um planejamento consis-
lação de louças, inclusive banheira de hidro-
tente de fabricação, transporte e montagem,
massagem, metais, vidros e acessórios.
assim como a compatibilização adequada
Um aspecto importante é a definição do entre a obra e o projeto. O objetivo é evitar
momento de instalação do banheiro, se antes interferências, como vigas que bloqueiam a
do fechamento da fachada ou concomitante introdução do banheiro na estrutura já cons-
à estrutura. No segundo caso, o pod de con- truída. Outros pontos de atenção são o modo
creto é mais indicado por sua robustez. Já de içamento dos módulos, além de rebaixos e
quando o banheiro será içado a uma estru- ajustes em piso para nivelamento das alturas.
tura pronta, a escolha costuma recair sobre
os modelos de steel frame ou perfil dobrado,

45
Em todo ciclo de produção dos banheiros, um 2,50 m para viabilizar o tráfego por carre-
dos aspectos mais sensíveis é o transporte. tas sem exigir transporte especial. Quando
Para os modelos com estrutura em perfil de o banheiro ultrapassa essas dimensões, a
aço, a largura do pod deve ser de, no máximo, saída é fazer a divisão de módulos.

Banheiro em steel frame. Fonte: CMC Modular

LEANDRO FANGEL — Especialista em projetos off-site na CMC


Módulos Construtivos, é formado em engenharia civil com pós-
graduação em Gestão de Projetos. Já trabalhou na Itália como
gerente de projetos e no México como diretor técnico, tendo
acumulado mais de vinte anos de atuação com banheiros prontos.

A CMC Modular é uma empresa do Grupo Lafaete focada em


construção modular. A empresa produz módulos temporários,
módulos permanentes, steel frame, banheiro pronto e fachada
pronta. Localizada no município de Mirassol, SP, a CMC possui um
parque fabril com 27 mil m².

46
INDUSTRIALIZAÇÃO E CONSTRUÇÃO OFF-SITE

7 - PROJETO DE INOVAÇÃO

REQUISITOS E RESTRIÇÕES DE
SOLUÇÕES INDUSTRIALIZADAS

47
TÓPICOS ABORDADOS NESTE CAPÍTULO:

Contextualização

Objetivo

Resultados

Conclusão

CONTEXTUALIZAÇÃO
Ao longo dos encontros promovidos pela O projeto visa perpetuar a jornada da Comu-
Comunidade Técnica Industrialização e Cons- nidade Técnica e criar propostas compar-
trução Off-site uma série de dores e oportu- tilhadas que solucionem gargalos do setor,
nidades de melhorias foram levantadas. Isso buscando a implementação de inovação prá-
motivou a realização de um projeto de ino- tica nas empresas.
vação compartilhada entre os participantes.

OBJETIVO

Coordenado pela engenheira Juliana Grigo- O estudo foi realizado em conjunto com os
nis, o projeto consistiu num estudo de subs- fornecedores de soluções industrializadas
tituição de soluções tradicionais por solu- participantes da Comunidade Técnica, tal
ções industrializadas, utilizando como base como Knauf, Cassol, Stone e Urbem.
o empreendimento residencial Simmetria da
BN Engenharia.

SOBRE O EMPREENDIMENTO DA BN ENGENHARIA

Incorporadora: Benx
Construtora: BN Engenharia
Empreendimento: Campo Belo (Simmetria)
Endereço: Rua Princesa Isabel, no 1.575 - Campo Belo - São Paulo - SP

Áreas
Terreno: 2.756,00 m2
Construído: 12.129,09 m2

Pavimentos: 1° subsolo, 2° subsolo, Térreo, Tipo (x7) e Ático

3 tipologias com áreas entre 157 e 161m2


3 unidades por pavimento

48
INDUSTRIALIZAÇÃO E CONSTRUÇÃO OFF-SITE

Empreendimento Simmetria Campo Belo. Fonte: BN Engenharia

RESULTADOS OBTIDOS

O projeto de inovação evidenciou a importân- se o projeto original, pensado para sistemas


cia da adoção de soluções industrializadas convencionais, comporta os sistemas indus-
desde a fase de projeto, para que haja efetivo trializados avaliados no estudo.
ganho orçamentário e de produtividade.
Os requisitos e restrições foram informados
Para tal, foi necessário realizar o mapea- pelos próprios fornecedores, conforme tabela
mento dos requisitos e restrições de utiliza- abaixo.
ção das soluções industrializadas e entender

49
STONE - FACHADAS PRÉ-FABRICADAS DE CONCRETO GFRC
1. A escolha deve ser feita na fase de projetos;
Requisitos 2. Deve-se considerar desenvolvimento dos projetos executivos com
o parceiro de pré–fabricado;
3. Ter em conta que o processo de instalação das fachadas pré-
fabricadas exige alto grau de controle e fiscalização da obra;
4. Levar em consideração o tamanho/peso das peças.

Restrições 1. Considerar a utilização de equipamentos para montagem;


2. Prever logística do canteiro de obra (parada de caminhão, área
de estoque);
3. Atender folgas entre os painéis das fachadas pré-fabricadas e a
estrutura da edificação.

Fachada GFRC. Fonte: Stone

50
INDUSTRIALIZAÇÃO E CONSTRUÇÃO OFF-SITE

CASSOL - ESTRUTURA PRÉ-FABRICADA DE CONCRETO

1. Os projetos de arquitetura devem ser concebidos por arquitetos


Requisitos que conheçam conceitos básicos dos pré-fabricados de concreto;
2. Levar em consideração o tamanho/peso das pecas em resposta à
grua a ser utilizada;
3. É fundamental escolher o pre-fabricador antes desenvolver o
projeto;
4. Seu potencial máximo arquitetônico e estrutural é atingido quando
é adotado na fase de concepção de projeto.

Restrições 1. Considerar logística de canteiro;


2. Prever interface com outras disciplinas.

Estrutura pré-fabricada de concreto. Fonte: Cassol Pré-fabricados

51
URBEM - ESTRUTURA EM MADEIRA ENGENHEIRADA

Requisitos e Os requisitos e restrições dependem da concepção do


Restrições projeto estrutural.

Madeira Engenheirada. Fonte: Blog CTE

52
INDUSTRIALIZAÇÃO E CONSTRUÇÃO OFF-SITE

KNAUF - SISTEMA DE FACHADA PRONTA AQUAPANEL

1. Predefinição do desaprumo máximo da estrutura: vertical e


Requisitos horizontal;
2. Definição das alturas de pé direito;
3. Desejo de recobrimento de pilares e vigas de borda (lajes
planas eliminam esta necessidade) 4. Espaçamento máximo entre
montantes de = 60 cm (dispensando OSB ou Plywood);
5. Determinação de juntas de dilatação verticais na fachada a cada
15 metros;
6. Determinação de juntas de dilatação horizontais na fachada a
cada 15 metros.;
7. Projeto de dimensionamento dos perfis de light steel framing para
a fachada.

Restrições 1. Paredes curvas podem ter um raio máximo de 1 metro (convexas


ou côncavas);
2. Revestimentos aderidos (cerâmica, pedra, outros) sob as seguintes
condições;
a. Tamanho máximo = 50 x 50 cm
b. Peso Máximo = 40kg/m²
(casos específicos podem ser viáveis sob consulta);
3. Temperatura máxima de aquecimento das chapas: 70ºC constante |
200ºC máxima;
4. As guias de light steel framing podem avançar com balanço de até
1/3 da sua largura ou 50% da largura se apoiadas por cantoneiras
metálicas (Ex: Guias com 9 cm de largura = balanço de até 3 cm |
balanço de até 4,5 cm se apoiadas pelas cantoneiras metálicas).

Fachada Aquapanel

53
A Knauf, ainda, levantou os benefícios de utilização da solução, tal como:

Redução de carga nas fundações e estruturas: Até 63% menos peso


das vedações

Redução do tempo de instalação da fachada: Até 61% menos


tempo de instalação

Ganho de área útil nos ambientes (menor espessura das


paredes): Até 50% < espessura

Estimativa de vida útil de pelo menos 50 anos | Desde 2011


com obras no Brasil

Eficiência Energética: Possibilidade de Certificação


Passive House

Sustentabilidade: Possibilidade de pontuação na Certificação LEED – USGBC:


a. Materiais e Recursos (MR) | Crédito 2 | Divulgação e otimização de produtos de construção -
Declarações ambientais de produtos
b. Materiais e Recursos (MR) | Crédito 3 | Divulgação e Otimização de Produtos para a Construção Civil –
Obtenção de Matéria Prima
c. Materiais e Recursos (MR) | Crédito 4 | Divulgação e otimização de produtos de construção - Relatórios
de ingredientes de materiais
d. Qualidade Ambiental (EQ) | Crédito 2 | Materiais de Baixa Emissão

CONCLUSÃO
O presente trabalho expande o estudo sobre Ao mesmo tempo, o projeto abre margem
sistemas construtivos industrializados junto para estudos futuros, com a possibilidade do
aos fornecedores de materiais. Ele configu- mapeamento das soluções industrializadas
ra-se como uma ferramenta orientativa às de empresas que estão fora do ecossistema
empresas que desejam aprofundar conheci- do Enredes.
mentos sobre a aplicabilidade das soluções
industrializadas disponíveis no mercado.

COMO REFERENCIAR ESSE TRABALHO


RCDI+S. REDE CONSTRUÇÃO DIGITAL, Industrialização e Construção Off-site, v.01.
INDUSTRIALIZADA E SUSTENTÁVEL et. al. São Paulo: CTE, 2023, 58 p.

54
INDUSTRIALIZAÇÃO E CONSTRUÇÃO OFF-SITE

CRÉDITOS

CO-AUTORES
EMBAIXADORES

Alexandre Kröner, Sócio-fundador e responsável pela unidade de concepção da Kröner &


Zanutto Arquitetos Associados
Everaldo Ramalho, COO na BN Engenharia
Murilo Mello, Gerente de Engenharia e Pesquisa e Desenvolvimento da Brasil ao Cubo

Paulo Oliveira, CEO da Aratau

PALESTRANTES

Adriana Nunes Machado, Superintendente de Desenvolvimento Negócios na HTB


Leandro Fangel, Especialista em projetos off-site na CMC Módulos Construtivos
Nathalia Lima, Analista de relacionamento na Stone Pré-Fabricados
Vitória Bragança, Arquiteta especificadora na Kingspan Isoeste

MULTIPLICADORES

André Casanova, Coordenador na Even Construtora e Incorporadora SA


Angélica Rieko Chára, Orçamentista na Urbem
Bianca Aparecida Felix, Orçamentista na Star Center
Breno Paulo de Oliveira, Coordenador de Projetos na CTE
Bruna Giraldi, Analista de Inovação na HTB
Caio Souza Barroso, Auxiliar Técnico de Engenharia na Novaes Engenharia
Claudia Gabriela Soares, Arquiteta na Gaaz Arquitetos Associados
Danilo Bazogli, Analista na Ambar Tech
Dionisio Sprada Junior, Coordenador de Processos de Industrialização na Tecverde
Eliza Frare Medeiros, Key Account na Viapol
Fabrício Marotta Terciotti, Gerente de Operações na Método Engenharia
Fabrizio Rastelli, Diretor de Novos Negócios na Königsberger Vannucchi Arquitetos Associados
Fernanda Naufal, Coordenadora de Arquitetura na Leroy Merlin

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Fernando Meneguello, Especialista Técnico Sr. na Portobello
Filipe de Pinho Nogueira, Especialista Inovação na MRV
Halysson Bobic Sala, Coordenador de Desenvolvimento Tecnológico na EZTEC
Helton Preguiça, Assistente de Inteligência de Mercado na Urban Systems
João Pedro Ramalho, Coordenador de Obra na BN Engenharia
Juliana Grigonis, Business Developer na Hilti Brasil
Lais Figueiredo, Arquiteta na ForCasa
Laura Altobello Antunes, Gerente de Desenvolvimento de Negócios na HTB
Leonardo Araújo Marcolin, Engenheiro Civil de Projeto Estrutural na Stamade
Leonardo Ghazale, Gerente Técnica na Bait
Marceli Lopes, Engenheira de Contratos na HTB
Marcelo Moreira Valadão, Diretor de Construção na OR
Marcos Hesketh, Sócio-Diretor de Engenharia na Aratau
Marcos Sano, Gerente de Projetos na JLL
Maria Isabela Espinosa, Assistente Técnico Produtos na MPD
Murilo Almaraz, Coordenador de Orcamentos na Cyrela
Nina Manuela Ribeiro, Líder de Implantação e Solution Design na Prevision
Paulo Bassi, Gerente de Obras na Melnick
Renato Arcuri, Gerente Nacional de Produto na Knauf
Ricardo Luiz Gomes, Gerente Comercial na ULMA
Robson Antonio Rocha, Coordenador Pesquisa e Desenvolvimento na Bild
Talita Perrony, Analista na Rogga
Thyeres Vagner Vale Neves, Coordenador Técnico na Gafisa

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INDUSTRIALIZAÇÃO E CONSTRUÇÃO OFF-SITE

EQUIPE CTE ENREDES


Gestão das Comunidades Técnicas: Mariana Watanabe e Tainã Dorea

Revisão técnica: Roberto de Souza, Mariana Watanabe e Tainã Dorea

Equipe de apoio: Isabel Alexandrino e Cristina Mantovani

Redação: Juliana Nakamura (MTB 46.219/SP) e Eduardo Campos Lima

Arte: Milton Tortella, Laboratório de Criação

Coordenação: Carolina Crepaldi e Gabriela Barreto de Souza

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O Centro de Tecnologia de Edificações é uma
empresa de consultoria e gerenciamento especia-
lizada em qualidade, tecnologia, gestão, susten-
tabilidade e inovação para o setor da construção.
Exerce suas atividades desde 1990, desenvolvendo
metodologias e tecnologias para a melhoria da
gestão das empresas, dos empreendimentos e
das obras, estimulando e promovendo a produti-
vidade, a competitividade, a cultura diferenciada e
o crescimento sustentável da cadeia produtiva da
construção.

O Enredes é uma unidade de negócio do Centro


de Tecnologia de Edificações (CTE), criado para
conectar profissionais e empresas, influenciar
mudanças e gerar negócios para a transformação
da indústria da construção. Com foco em inovação,
sustentabilidade e qualidade, oferece ao mercado
um pacote de soluções para criar redes de relacio-
namento, compartilhar conhecimentos e promover
movimentos para a melhoria do desempenho e da
produtividade do setor.

A Rede Construção Digital, Industrializada e Sus-


tentável (RCDI+S) é o maior ecossistema de rela-
cionamento setorial e inovação da construção
brasileira. Composta por 110 empresas líderes em
seus segmentos de atuação, a RCDI+S se destaca
por sua amplitude, engajamento e poder de trans-
formação. Integram a Rede incorporadoras e cons-
trutoras de todo o país, escritórios de projetos e
de consultoria, fabricantes de materiais, startups
e fornecedores de tecnologia, além de fundos de
investimento, gestores de ativos, agentes públicos
e financeiros, universidades, e contratantes de pro-
jetos e obras.

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