ORGANIZADOR m QWCLAMUSDARILIIA que tim pensador é um cléssico ¢ afirmar jag-permianecem. Significe dizer que sues idéies i pidptio tempo, emboraressonncies || recebides pornés Boom i : 3 “A tows Organizado pelo professor Francisco C: Welfort, este ‘Volume teve a colaboraedo de protessores da drea de Ciéncia Politica da Universidade de Sao Paulo. — SERI s 1 OUTRAS AREAS DA i * ADMINISTRACAO ANTROROLOGIA + ARTES * CIENCIAS *CIVLZAGAO'® COMUNICAGOES + DIREIO + ECONOMIA *EDUCACAO + ENFERMAGEM +£STETICA #FARNACIA * FLOSOFA =‘ GEOGHAFIA *HSTORIA #LNGUSTICA CLITERATURA #MEDICINA ‘FODONTOLOGIA » PSICOLOGIA « OS ELASSICOS DA PO'TIC4 John Locke e 0 individualismo liberal | | | q . Leonel Itaussu Almeida MelloAs revolugSes “Em defesa da Liberdade, do Parlamento © inglesas da Religito Provestnte”, com ese lema pra- vado em seu estandarte Guilherme de Oran- se desembarcou em solo britinico para deporo rel Jaime Ie ence. ‘ar em 1688 um fongo e tumultuado periodo da histéra inglesa (© séeulo XVII foi marcado pelo antagonismo entre a Coroe © 0 Parlamenco, concolados,respectivamente, ela dinastia Svar, defensora do absofuismo, e a burguesa ascendente, partiria do oerlism. Esse conflto assim também conotagoesreliiosas © se mescow com as las sectérias entre catlics, anglican, pres terianos purianos. Finalmente, a crise polieo-elgise fo agre vada pela rvalidade econémica entre 0s beneficirios dos peivile ios © monopolios mercantlistas concedidos pelo Estado e o sto due advogavam a liberdade de eomérclo ede product. Em 1640, 0 confronto entre o ei Carlos Ie Parlamento en volveuo pais numa sangrente gue civil que s6terminou em 1649, com a vitéris das forgs parlamenteres. A Revolupto Puritan, co mo foram desiominados esses eventos, culminou com a execigho de Carlos Te a implantasdo da vepiblica na Inglaterra Fol apés os horrores da guerra civil, da consumasao do regi io eda instaurasio da férea dtadura de Cromwel, que ThomasHobbes, refugiado na Franca, publicou em 1681 0 Levitd.O tvro era uma apologia do Estado todo-poderaso que, monopolizando a forca concentrada da comunidad, tomna-se fiador da vida, da"paz da seguranca dos siditos. (© Proterorado de Cromwell, apoiado no exésito ena bureue sia purtana, transformou a Inglaterra numa grande pottncia naval ¢ comercial. Em 1660 a morte do Lorde Proteor envolveu 0 pas numa crise politics cua slugio, para evitar uma nova guerra cv fo restauragao da monarguiaeoetorno dos Stuart ao ronoinglés. Durante 2 Resteurapdo (1660-88) reativou-se 0 conflto entre Corea ¢ © Parlamento, que se opunha & polities préatlice © ‘ré-francesa dos Stuart Em 1680, no reinado de Caos Il Parle mento cindiu-se em dois partidos, 0s Tories os Whigs, representa do, respectvamente, os conservadorese oIibeais, A crise da Restaurasio chegou ao auge no reinado de Jaimie 1, soberano eatlico ¢ absolutsta. Os abusos reas levaram & unto dlos Tories e Whigs que, aliando-se a Guilherme de Orange, chefe dle Estado da Holanda e genro de Jaime 1, oreanigacam wma cons- piracdo contra o monaret “papista” Em 1688, Guilherme de Orange aportou no pais &ftente de tum exéreitoe, apds a depesicdo de Jaime I, rcebeu a coroa do Parlamento. A Revoluée Gloriosa asinalow 0 triunfo do libel ‘mo politico sobre 0 absolutismo e, com a aprovasia do ll of Rights em 1689, assesurou a supremacia legal do Parlamento sobre 2 realeza institu na Inglaterra uma monarguia limitade, John Locke, John Locke (1632-1704) que, co 0 individualista liberal mo opositordos Stuart, encontra va refusiado na Holanda, retornou &Inglateraapds 0 triunfo da Revolucto Gloriosa, Em 1689.90 p biica suas prineipais obras: Corras sobre a tolernca, Ensoio sobre 2 entendinento hurmano e 0s Do's sratados sobre o governo civil © Sepundo trad € uma justiticagio ex pst facto da Revol 20 Gloriosa, onde Locke fundamenta &lepitimidade de deposiio de Jaime HI por Guilherme de Orange e pelo Parlamento com base na doutrina do direto de resistnela. Segundo © auter, su ensaio «stave destinado “a confirmar a entronizaglo de nosso Grande Res. faurador, 0 atual Rei Guilherme; a jusificr seu titulo em razio do consentimento do povo, pelo que, endo 0 unico dos governos legais, ele possui de modo mais completo e claro do que qualquer Duteo principe da erstandade Locke nasceu em 1632 no seo de uma familia burguesa da c- ade de Bristol. Seu pai, um comercante purtano, combateu na {guerra civil nas fleas do exéreto do Parlamento, Em 1652 Locke Foi estudar em Oxford, formando-se em medicina ¢ tornando-se posterormente professor daquela Universidade, Em 1666 foi requ: sitado come médico e conselbero de lorde Shaftesbury, destacado politico liberal, ier dos Whigs eopositor do rei Carlos it no Pal mento, Shaftesbury fo © mentor palitea de Locke, exerendo gran 4e influéncia em sua formagio liberal. Em 1681, acusado de conspi rar contra Carlos It, Shaflesbury fl brigedo @ exilar-se ne Hola 4a, onde faleceu dois sno depois. O envolvimento na conspiracto de'seu patrono obrigou Locke também a refugiar-se na Holanda em 1683, de onde s6retSrmau apés a queda de Jeime I ‘Alm de deensor da iberdade eda tolerncia reigiosss, Locke ¢ consierad 0 fundador do empirismo, doutrina segundo s qual todo o confecimento deriva da experitneia. Como fildsofo, Locke £ conhecido pela teria da tabu rao do conhesimento, desenvgli «de no Ensoio sobre o entendimento humano, onde afr: ‘ool sre upida? De onde In provi ene vaso esteaue ue ¢ rrenaimenteo prepa connermene A teora da tdbuia ras, portanto, uma ertca& doutrina das {dios nots, formulas por Plato e retomada por Descaces, seu doa qual determinadas ‘dias, principios e nogdes so intents 80 confecimento hurano e exisem independentemente da experiencia. Os dois tratados Como foi dito, os Dair atados, es sobre 0 governo civil critos provavsimente em 1675-80, {quando da conspitacio de Shaft bury contra Carlos 1, 36 foram publiacdos a Inglaterra em 1630, p68 0 triunfo da Revolugto Gleroea© Primeiro tratado & uma refuagio do Patriara, obra em ‘ave Robert Filmer defende o disito divino dos reis com base 10 Principio da autoridade paterna que Adio, supostamente 0 prime Fo pal eo primeiro re, legard& sua descendéncia. De acordo com set doutrina, os monareas modernos eram descendentes da linha sem de Adio ¢herdeiros legitimos da aucoridade pater dess per- Ssonagem biblica, 2 quem Deus outorgra o poder ea. ‘0 Segundo tratado é, como india seu titulo, um ensao sobre 4 origem, excensto objetivo do governo civil. Nee, Locke susen ta tese de que nem. tradipdo nem a forca, mas apena¥ 0 conser tinento expreso dos governados é a inica font da pode politico leghima-Locke tomoursecélebreprincipalmente como autor do Se _gundotratado, que, no plan teérico, constitu um importante mat 69 da historia do pensamento polled, e,a nivel bistro conereo, fexereeu enorme influénca sobre as revoluges liberals da epoca mo deena ‘A exposigdo que se segue ¢ uma sintse da teora politica de senvolvida no Segundo tatado, considerado por Norberto Bobbio como & primeita © « mais completa formulaedo do Fstado liberal Ooestade ——_Juntamente com Hobbes ¢ Rousseau, Locke & do natureza um dos principas representantes do jusnatrlie ‘mo ou teoria dos drstos naturals. © modelo jus naturalista de Locke é, em suas linhas geras, semelhante 20 de Hobles: ambos partem do estado de natireze gue, pela media do contrato socio realza 4 pantager para o estado cul. Exit, contudo, grande dijerenca na forma como Locke, diversamente de Hobbes, concebe especficamente cade um dos termos do trindmio estado natural/contrato Sosalestado cv Em oposigho & tradicional dovtrina srstotelia, segundo & qual a sociedade precede ao individu, Locke afirma ser acxetn- ‘do jndividuo anterior ao surpimento da soviedede e do Fstado ua_concepeéo individualist, of homens viviam originalmente Ne fium estégio pr-social epré-politico, caracterizado pela mals peel. a liberdade eigvaldae ~O estado de nalureza era, segundo Locke, uma situacdo rel € historiesmente determinada pela qual passare, ainda que em Epo versa, 4 tialor parte da humanidade e na qual se encontre vam ainda-apns povos, co COM ES tibos novte-americanss. Esse cs tado de natureza diferia do estado de guera hobbesiano, baseado na inseguranca e na violEncia, por ser‘um estado de relativa paz, onedrdia e harman, (Nesse estado pactica os homens jf sram dotados de razdo e destrtivam da propriedade que, numa primeira acepeto genérice utlizada por Locke, designava simultansamente a vida, a iberda dee os hens come dei naturis do ser humano- Atteoria da Locke uiliza também nosSo de propriedade ms Propriedade ma segunda acepeao que, em senlida ert, sie nifice especifcamente a posse de bens moves, ou iméveis. A teoria da propriedede de Locke, que € muito inove dora para sua época, também difere bastante da de Hobbes Para Hobbes, a propricdade ineiste no estado de natureza © fol insituda pelo Estado-Levitd apds a formasio da socidade e: vil, Assim coma a crou, 0 Esado pode também suprimir a proprc- dade dos sltos. Bara Locke, ao contriia, a propiedad i ssste Jo de natures , sendo uma insu antecior &sosedade, ur dzeito natural do individu que no pode ser volado ela Estado, ‘Q foment cra naluramente livre e proprietéri de sua pessos «de sau trabalho. Como a tera fora dads por Devs em comum s {odos of Kontens, ao incorporar sea trabalho & matéia bruta que Sse encontrava em estado natural 0 homem torava-a sua propieds de privada,estabelecendo sobre ela um dceito proprio de qual ext vam excluides todos 0s outros homens, © trabalho ere, pis, 22 ‘oncepgao_de Locke, o fundamento orginiio da propiedad: — Se a propriedade ef insotuida pel trabalho este, por Sua vez, ingpunha imitaebespropriedade. Iniilment, quando “todo o mun do era como a Amica, limite da propiedad era fxado pela ea: cidade de trabalho do Ser human, Depo, o sparscimenta do neo aferou esa stuagio, posbltando a toca de coiss ite, mas previ, por algo duradouro (ouro e praa), convensionalmen 1s ook pelos homens. Com o dinhiro surgi @ comers e tam uma nova forma de aquisio da propriedade, que, lem do tabalho, Dodetia ser adquirida pea compre. uso da med lvou, finalmen fe, A concentracio da riqueza e &distbuiego desigual dos bens entre ‘9s homens. Esse fo, para Locke, o processo que deteminou a pass. 2m da propriedade lnitada, bascada no trabalho, & propiedad ‘tad, funded na acumulasdo possblizeda peo adfEno do dnhelo.A concepeto de Locke, segundo a qual “é na realidad o ta- batho que provoca 8 diferenga de valor em tudo quanto existe", po- fe ser consderada, em cere medida, como precursorn da teria do valorcrabalho, desenvolvida por Smith e Ricardo, economisas| to iberalismo clasico, © contrato soci estan de naureza,relativamente pact fico, alps ento de inconvenient, smo 4 violago da propredade (vi jade ¢ bers) que, 13 ‘adeleiestabelecia, de jiz imparil ede foreacoeri ors exccusio das senteneas, coloea os individuossingulares em es ‘ado de guerra. uns con{ta 0 outro: a necessldade de superar esses inconvenientes que, segundo Locke, leva os homens ase unirem e estabelecerem liviemente etre 13 contro socal, que realiza a passagem do estado de natreza para socedade polica ou civil. Esta ¢formada por um cotpo po: Ttco nico, dotado de legislao, de judicaturae da forga concen trad da comunidade, Seu objetivo presipuo & preservacao da pro- Driedade-e a proteedo da comunidade tanto dos perigos inernos ‘aanto das invasdesesrangelras ‘© contro soil de Locke em nada se asenelha so coneato hobbesiano. Em Hobbes, os homens Fimam ene sium pacto de sibs Inissto pel qual, vsando a preservagio de suas vidas, tansfezem am ‘ercero (rome ou assembllia) a Forga coesva da comunidad, tro ‘Cando volutaianente sua iberdade pea seguanga do Estado-Levata ‘Em Locke, © contrato social & um pacto de consentiento {em que os homens concordam livemente em formar a sciedade ci ‘il para preservare contoidar ainda mais os direitos que possuiam ‘oFiginalmente no estado de natureza. No estado clos dieitos na tris inalienvels do Ser humana a vida, a liberdade e aos bens es to melhor protesides sob o amparo da lei, do abit e de fores ‘comum de um corpo police unitrio, lade politica Assim, a passagem do estado de mats eau para a socedade politica ou civil (Locke nfo distingve entre ambas) © opera quando, através do contro socal, os individuossingul- tes dio seu consentimento undnime para @cntrads no estado civ ntabeleido o estado cul © passo seguinteéa escolha pla comu riade de ung determinada forma de governo, Na escotha do go verno, 8 unaaimidade do contvato origndeo cede lugar ao prince ‘pio da meiorie, segundo o qual prevalece @ decisto majoriiria e, ‘mltanesmente,s80 tespitados 0s direitos da minora, De acordo com a teoriaarsotlia das Formas de governo, @ ‘omunidade pode ser governada por um, por pousos ou por muitos, onforme escolha a monarqui, a oligerquia ou a democracia. A ex colha pode recir ainda sobre 0 governo misto, como o exstente na Inglaterra apés @ Revolugdo Gloriore, onde a Caroa representa va.9 prinipio mondequico, a CAmara dos Lordes o oligdequico € 4 Camara dos Comuns 0 democriica, 'Na concepedo de Locke, porém, qualquer que sejaa sa for rma, “todo 0 governo ndo postu outra fnalidade além da conserva ‘0 da propriedade”. Deinida a forma de govern, cabeigualmente & maioria esco- Inher o poder leisavo, que Locke, conferindo-he uma superioida- de sobre os demais poderes, denomina de poder supremo. Ao I Tatvo se subordinam tanto © poder executivo, confado a0 print pe, como © poder fderativo, encatregado das reagbes exeriores (auerra, paz, aliangas etatados). Existe uma clara separacdo entre 1 pode’ legislative, de um lado, eos poderes exceutiva e federat ‘9, de outro lado, os dois limos podendo, inclusive, ser exereidos pelo mesmo magistrado, "Em suma, 0 livre conseninento dos individuos para 0 estabe lecimento da sociedade, olive consentmento da comunidsde para 2 Tormaéo do governo, a protero dos dieitos de propredade pelo soverna, o controle do execuivo pelo legisltivo eo controle do go ‘emo pela sociedad, so, para Locke, os principals fundamentos {lo estado civil © direito. No que diz respeito as eeaybes entre 0 gover: de resisténeta no ¢ a sociedade, Locke afirms que, quando executivo ou legislativo violam a le estabe lecda ¢ atentam contre propriedade, a governa deixa de cumprit ‘fim a que fora destinado,tornando-e eal e degenerando em ti Fania. © que define a tirania € o exericio do povler para além do Jireito,visando o interesse pr prio alo o bem piblico ou comum,Com efeto, a volagdo deliberada e sistemstcn da proprieds e (vida, liberdade e bons) e.0 uso continuo da forga sem amparo legal colocam o governo em estado de guerra conta a socedade © fs governantes em rebeiao contra 0s governados, conferindo a0 po vo 0 leptimo dieito de resstincia& opressfoe i trea, O estado de guerra imposta ao povo pelo governa configura a dissolugao do estado civil e o retorno ao estado de naturezt, on fe inexisténca de um drbitro comm faz de Deus a nic juz, ex- presso ilizada por Locke para indicar que, esgotedas todas as al- tematvss,o impasse 9 pode ser decidido pla forea. Segundo Locke, a doutrina da legitimidade da resstncia 20 exereiio legal do poder Feconhet 0 fav, quando este ndo tem jutro resrso ou a quem apelar para sua protes, 0 dizcito de re corre a forea para a deposigdo do governo rebelde. O direito do ovo & resistencia ¢ leytimo tanto para defenderse da opressio de lum governo tirdnico come para libertar-se do dominio de uma na ho esrangeira ‘A douttina do dicelco de resistencia ndo es ‘gem remontava as querras de religio, quando os esritores polit 0s calvinistss, denominados monercomaci,conslamavam © Povo ‘resist aos alos leais dos principescateicos, Resgotadae revo. ‘izada por Locke no Segundo tratado, a doutina do diveito de re SSntncia transformowse no fermento das revolugtes liberals que eslodram depois na Europa ena América. Conclusso Os direitos naturaisinaliendvels do individuo a vi da, a liberdade e & propriedade consttuem para Locke o cere do ertado civil eel &considerado por Iso 0 pa do Individualism liberal. Norberto Bobbio, resumindo os aspestos mais rlevanres do pensamentolackiana,afirma: Aravés os prinpios de un tio natural pessistert 0 E> ‘ago, de um Estado Besta no corasnao, de subsrinaeso do poder beet ao poder lain, de um poset, de dra re ‘etna, Loe axpbe a Glas fonchmarats sd Estado lor (Die @ Estado no persementa de Rant, UNB, 184 1) Locke forneceu «posterior! a jusiicaeto moral, politica € ideoldgica para Revolucto Gloriosa e para a monarquia parlamen: tar inglesa Locke influencou 2 revluedo norteamericana, onde a dela rasdo de independéncia ft rodigda ea guerra de ibertagdo foi tra. ‘adda em termos de direitos natrais ede dreito de resist2acia para fundamentat ‘a rupruta com sistema colonial bitnic. ‘Locke infuenciou ainda os fiesofosiluministas franceses, prin cipalmente Voltaire e Montesquieu e, através dels, a Grande Revo- luo de 1789 e a dectaragio de direitos do homem e do cidadio. B, finalmente, com a Grande Revolusio as idias "inlesas", sie haviam atravessdo o canal da Mancha e esabelecdo uma ca besa de ponte no comtinente,transformaram-se nas ieias "france. sas" e se difundiram por todo 0 Ocidente