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Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Instituto de Química
Departamento de Operações e Projetos Industriais
Laboratório de Engenharia Química I

RELATÓRIO 8:
PONTO DE INUNDAÇÃO EM TORRE
RECHEADA

JULIANA MIRANDA SAAVEDRA DE PAULA


LARISSA DE ALCANTARA LIMA

Rio de Janeiro
Agosto de 2022
Sumário

1. Introdução .......................................................................................................................................... 3
2. Objetivo............................................................................................................................................... 5
3. Metodologia ....................................................................................................................................... 5
4. Resultados e Discussão................................................................................................................. 7
5. Conclusão ........................................................................................................................................ 10
6. Referências Bibliográficas .......................................................................................................... 10
1. Introdução
As torres de recheio são equipamentos utilizados para promover um contato
mais íntimo entre dois líquidos ou entre um líquido e um gás, e consequentemente
promover a separação de componentes por transferência de massa. Este tipo de
equipamento é amplamente utilizado em operações de destilação, absorção,
lavagem de gases, extração, retificação, etc.

São compostas de um casco cilíndrico vertical, fechado nas extremidades


superior e inferior por dois tampos, normalmente elipsoidais ou torrisféricos, formando
um vaso de pressão vertical, e por seus diversos acessórios, denominados “internos”.
A altura e o diâmetro da torre são determinados em função do volume dos vapores e
líquidos. A Figura 1 representa uma típica coluna recheada para processos de
lavagem de gases ou absorção:
Figura 1 - Representação de uma coluna recheada típica

Na seção de topo é por onde saem os produtos leves (gases e vapores) e


comporta o bocal de saída de vapor, bocal de entrada de refluxo e seu distribuidor,
demisters, entre outros. Na seção de fundo é por onde saem os produtos pesados e
comporta o volume de controle, bocais de saída para os refervedores e o retorno
(caso tenha), bocais de saída de fundo, de entrada de vapor, entre outros.

Com o desenvolvimento da tecnologia dos recheios, nos últimos anos as


refinarias vêm substituindo seções com bandejas por leitos recheados, com a
finalidade de reduzir a queda de pressão e aumentar o rendimento do processo. Os
recheio devem apresentar características como: apresentar grande superfície de
interface entre líquido e vapor; ser quimicamente inerte para os fluidos processados;
possuir boa resistência mecânica, a fim de evitar quebras; e por fim, apresentar baixo
custo.

Os parâmetros de maior importância na operação das torres recheadas de


absorção e de lavagem de gases são a vazão de gás e a queda de pressão. Como o
líquido é alimentado pelo topo e o gás pelo fundo, a vazão de gás deve ser
determinada de forma a não carrear líquido. Quando a vazão de gás é muito alta, a
torre pode experimentar o fenômeno da inundação. Quando isso acontece, o gás
impede o líquido de escoar e um trecho da torre (geralmente o topo) fica
completamente preenchido de líquido, podendo ainda haver transbordamento. Nesse
cenário, a queda de pressão do gás é aumentada dramaticamente, já que sua
passagem é obstruída por uma “piscina” de líquido.

2. Objetivo
Observar o comportamento de uma torre recheada ao variar as vazões de
líquido e gás e identificar o ponto de inundação nas vazões avaliadas.

3. Metodologia
O sistema experimental consiste de uma coluna de recheio de 150 cm de
altura, 15 cm de diâmetro externo e 14,3 cm de diâmetro interno, dividida em duas
seções de 50 cm cada, recheada com selas Intalox de ½ polegada. O sistema
apresenta duas tomadas de pressão, uma em cada extremidade da coluna,
conectadas a um manômetro em “U”, com leitura em cm de água. As vazões de
líquido e de gás são medidas através de rotâmetros, e modificadas por suas
respectivas válvulas de acordo com a Figura 2.
Figura 2 - Fluxograma do sistema experimental

Foram estipulados 4 vazões de líquido: 25, 30, 35 e 40 L/min, variando as


válvulas de admissão e reciclo de água do reservatório para a estabilização do
rotâmetro na vazão desejada. Para cada vazão de líquido admitida, foram impostas
diferentes vazões de gás, variando em 20 L/mim, em uma faixa de 20 a 180 L/min.
Entretanto, para altas vazões de líquido, não foi possível alcançar todos os pontos
desejados de vazão de gás. Para cada vazão de gás admitida, foi observado a queda
de pressão do sistema no manômetro em “U” através da diferença de altura de água,
tomando o devido cuidado para que o rotâmetro que indicava a vazão de gás
permanecia estável.

Durante toda a prática foi observado o comportamento do líquido e do gás na


torre. A inundação da torre foi percebida quando houve uma quantidade grande de
água e gás no topo da torre ocorrendo o arraste de líquido na saída do gás.

4. Resultados e Discussão
Os dados obtidos na prática estão representados a seguir:

Vazão de Água
25 30 35 40
(L/min)
Vazão de Ar
∆h (cm)
(NL/min)
20 2.0 7.0 13.0 20.0
40 3.0 9.0 15.0 30.0
60 4.0 10.0 18.0 -
80 5.0 11.0 21.0 -
100 5.5 12.0 24.0 -
120 7.0 14.0 24.0 -
140 7.0 15.0 - -
160 9.0 17.0 - -
180 9.5 20.0 - -
200 11.0 21.5 - -
Tabela 1 – Dados experimentais

Para construir o gráfico de perda de carga contra fluxo do gás, adota-se a


seguinte equação:

𝛥𝑃 (𝜌𝐻2𝑂 − 𝜌𝑎𝑟) ∗ 𝑔 ∗ 𝛥ℎ
=
𝑧 𝑧

Onde:

𝛥𝑃
→ Pa/m
𝑧

ρH2O e ρar → kg/m3

Δh → m

Para tais cálculos, foram utilizadas às seguintes informações de dados


complementares:
Dados complementares

Massa específica da água (kg/m3) 997

Massa específica do ar (kg/m3) 1,225


Altura da torre (m) 1,5
Diâmetro da torre (m) 0,143
Área da seção transversal (m2) 0,016
Aceleração da gravidade (m/s2) 9,81
Tabela 3 – Dados complementares

Admitindo L como o fluxo de líquido e G como o fluxo de gás, temos que:

𝑣𝑎𝑧ã𝑜𝑙í𝑞 ∗ 𝜌𝑙𝑖𝑞
𝐿=
𝐴𝑠𝑒çã𝑜 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑣𝑒𝑟𝑠𝑎𝑙 𝑑𝑎 𝑐𝑜𝑙𝑢𝑛𝑎

𝑣𝑎𝑧ã𝑜𝑔á𝑠 ∗ 𝑔á𝑠
𝐺=
𝐴𝑠𝑒çã𝑜 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑣𝑒𝑟𝑠𝑎𝑙 𝑑𝑎 𝑐𝑜𝑙𝑢𝑛𝑎

Vazão de Água
0.00042 0.00050 0.00058 0.00067
(m3/s)

∆P/h (Pa/m)
Vazão de Ar (m3/s)
0.00033 195.4 683.8 1269.9 1953.7
0.00067 293.1 879.2 1465.3 2930.6
0.00100 390.7 976.9 1758.3 -
0.00133 488.4 1074.5 2051.4 -
0.00167 537.3 1172.2 2344.5 -
0.00200 683.8 1367.6 2344.5 -
0.00233 683.8 1465.3 - -
0.00267 879.2 1660.7 - -
0.00300 928.0 1953.7 - -
0.00333 1074.5 2100.2 - -
Tabela 2 - Valores de queda de pressão normalizados através da altura

Através das tabelas acima, foi possível plotar as informações obtidas no


gráfico, no qual refere-se a linearização dos resultados:

Ln(ΔP/h) x Ln (G)
8.5
8
7.5
Vazão 25m³/s
Ln (ΔP/ h)

7
6.5 Vazão 30m³/s

6 Vazão 35m³/s

5.5 Vazão 40m³/s

5
-8.5 -8 -7.5 -7 -6.5 -6 -5.5 -5
Ln (G)

Gráfico 1 - Linearização dos Dados experimentais

O ponto de carga é definido como sendo o ponto em que há a maior queda de


pressão para uma pequena variação na vazão de gás. O ponto de inundação da
coluna é definido como o mínimo fluxo de gás necessário para inverter o sentido de
escoamento do líquido, ou seja, o mínimo fluxo de gás capaz de inundar a coluna.

Figura 3 – Comportamento típico de torres de recheio, onde X representa o ponto de carga e Y o ponto de
inundação

O ponto de inundação foi de fácil visualização a partir do momento em que


foram os pontos em que o medidor da vazão de ar não subia mais, ou seja, o
momento em que foi necessário interromper a medição naquela vazão de gás (devido
à inundação da coluna).

5. Conclusão
Observou-se através do gráfico 1 que o aumento da vazão do gás está
diretamente ligado a perda de carga normalizada pela altura na torre, onde o aumento
da vazão de líquido ocasiona o aumento cada vez maior da perda de carga, além do
aumento da queda de pressão para uma mesma vazão de líquido. Desta forma,
apesar de ser necessário a operação em vazões aproximadas em relação ao ponto
de inundação, é importante que tenha o controle suficiente de modo que não ocorra
inundação da torre. Além disso, deve-se avaliar o maior contato entre as fases, o que
ocasiona maior transferência de massa entre as mesmas, como em situação onde há
elevada vazão de gás em uma vazão constante de líquido.

No geral, o experimento foi realizado com sucesso e foi possível visualizar a


tendência da perda de carga e o ponto de inundação.

6. Referências Bibliográficas
LUDWIG, E. E.; Applied Process Design for Chemical and Petrochemical Plants, 3ª Edição.

LEVA, M. Tower Packings and Packed tower Design. 2a ed. Akron, Ohio: The United States
Stoneware Copany, 1953.
PRAHL, W. H. Liquid Density Distorts Packed Column Correlation. Chemical Engineering, 77 (24), 109-
112, 1970.

http://sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2015/MEQ15037.pdf Acesso
em: 27/08/2022

LOQ4054 – Fenômenos de Transporte III. Transferência de massa entre fases – Parte 3. Prof.
Lucrécio Fábio. Departamento de Engenharia Química. USP.

Fenômenos de Transporte III – Aula 12. Prof. Gerônimo. Departamento de Engenharia


Química. USP.

TREYBAL, R. E. Mass transfersoperations. 3. ed. New York: McGraw-Hill, 1980.

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