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DIFICULDADES E TRANSTORNOS DE APRENDIZAGEM

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NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de


empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais,
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o
saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

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Sumário
DIFICULDADES E TRANSTORNOS DE APRENDIZAGEM................... 1

NOSSA HISTÓRIA ................................................................................. 2

Aprendizagem: Alguns Conceitos e Princípios ....................................... 4

Dificuldades e Transtornos da Aprendizagem: Uma Abordagem Teórica


........................................................................................................................ 10

Dificuldades e Transtornos de Aprendizagem: Atuação Docente e


Estratégias e Intervenção................................................................................ 22

O Papel da Escola na Educação de Alunos com Dificuldades e


Transtornos da Aprendizagem ........................................................................ 24

Considerações Finais ........................................................................... 26

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................... 27

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Aprendizagem: Alguns Conceitos e Princípios

No âmbito da Psicologia da Educação, o fenômeno da aprendizagem


adquire um papel relevante no desenvolvimento ontológico do ser, uma vez que
uma grande parcela do comportamento humano resulta desse fenômeno.
Embora na natureza se encontre animais com a capacidade de aprender,
nenhuma se iguala ao do animal racional homem, uma vez que ele se diferencia
pela alta capacidade de aprendizagem. Consequentemente se de um lado sua
capacidade de aprendizagem é infinitamente maior, por outro lado, ele depende
mais da aprendizagem para sobreviver e se adaptar ao meio em que vive.
Ao longo da existência, os seres humanos aprendem uma quantidade
muito grande de coisas a partir de suas necessidades. Por consequência, a
aprendizagem é um fator fundamental para se analisar e compreender o
comportamento humano, segundo enfatiza Delval (2001). Entendemos que a
compreensão do fenômeno da aprendizagem implica, num primeiro momento,
no estudo de alguns conceitos. Porém, por ser um fenômeno complexo, os
estudiosos têm uma árdua tarefa para conceitua-lo, pois a partir das pesquisas
realizadas se constatou a inviabilidade da observação direta das modificações
que ocorrem no sistema nervoso após uma aprendizagem. Para superar esta
dificuldade, os conceitos de aprendizagem são aferidos a partir dos efeitos deste
fenômeno sobre o comportamento do aprendiz.

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A complexidade deste processo não pode ser explicada por meio de
recortes do todo. Por outro lado, as definições estão impregnadas pela formação
dos pesquisadores que sofrem a influência dos conceitos que os mesmos têm a
respeito do homem, de sociedade e de conhecimento.
A seguir apresentaremos alguns destes conceitos. Sob a concepção de
Hilgard (1979, p.270) a aprendizagem é conceituada como sendo uma “mudança
relativamente permanente no comportamento e que ocorre como resultado da
prática”.
Sendo assim compreende-se que para Hilgard (1979) a aprendizagem é
um fenômeno comportamental influenciado pela experiência e pelos esforços
realizados por quem aprende no sentido da sua adaptação ou ajustamento a
uma nova situação. Na análise do Campos (1983, p. 30) ao se conceituar
aprendizagem como mudança de comportamento “[...] não se pretende significar
qualquer tipo de mudança, porque, neste caso, poder-se-ia confundi-la com
outras mudanças resultantes de crescimento, maturação, fadiga”. Isto porque o
organismo sofre mudanças orgânicas devido às modificações das estruturas
celulares que acontecem devido ao crescimento. Portanto a aprendizagem se
distingue da maturação, dos comportamentos inatos ou simples ou ainda dos
estados temporários do organismo como o cansaço, etc.
A partir da inferência do que pode se a aprendizagem, se observa que as
modificações do comportamento do aprendiz devem ser duradouras e originárias
de algumas experiências ou treinos anteriores. Sendo assim se concorda com
Morgan (1977) quando diz que a aprendizagem é um processo ativo de
apropriação dos conhecimentos construídos por uma determinada sociedade
que conduz o homem a transformações. Para Campos (1983, p. 31) “a
aprendizagem é uma modificação sistemática do comportamento ou da conduta,
pelo exercício ou repetição, em função de condições ambientais e condições
orgânicas”. Barros (1993, p. 45) define a aprendizagem como sendo uma
“modificação do comportamento e aquisição de hábitos”. Como se pode
constatar, estes dois conceitos não dão conta de abarcar o processo de
aprendizagem no seu todo uma vez que a aprendizagem só altera a conduta do
indivíduo porque ele passa por diferentes transformações e apropriações do
conhecimento socialmente construído, fatores não colocados em evidência nos

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dois conceitos. Outro aspecto muito importante não evidenciado nos conceitos
acima, é que ninguém aprende se não estiver motivado.
A motivação tem um papel fundamental na aprendizagem, uma vez que
o psiquismo humano possui o caráter intencional de aprender. Esta condição
psicológica para que a aprendizagem ocorra acontece quando o sujeito
aprendente se mobiliza e direciona seus comportamentos na aprendizagem,
informa Zanella in La Rosa (2002). Uma representação possível e sintética sobre
o conceito de aprendizagem é o da figura em espiral. Isto porque a aprendizagem
é um processo de mudanças sucessivas e interativas que estão complexamente
interligadas, uma vez que uma aprendizagem depende e leva à outra, pois o
indivíduo quando aprende modifica seu comportamento por meio da auto-
organização neuronal sendo que essas organizações levam a novas
aprendizagens. Sendo assim, pode-se constatar que a aprendizagem é
composta por processos orgânicos, psicológicos e culturais, porém há de se
ressaltar que estes processos estão intrinsecamente relacionados sendo
impossível quantificar a proporção que se dividem, uma vez que de acordo com
as suas características, este processo é contínuo, ativo, dinâmico global, gradual
e integrativo cumulativo.
Aprender seria portanto, o processo pelo qual os indivíduos desenvolvem
suas competências e habilidades, apreendem os conhecimentos acumulados
historicamente e, a partir daí modificam o seus comportamento e experiências.
Alguns teóricos como Jean Piaget e Vygotsky se aproximam de um conceito de
aprendizagem mais abrangente. A seguir apresentam-se as análises destas
teorias e a sua relação com a aprendizagem.
Ao se analisar a obra de Jean Piaget, se constata que este cientista não
produziu um conceito objetivo de aprendizagem, pois prefere dar ênfase ao
desenvolvimento cognitivo. Teoriza, portanto, o conhecimento que acontece pelo
processo de equilibrações cognitivas sucessivas que se efetiva pelo esquema
de assimilação e acomodação de objetos e situações, por meio do aprender a
“fazer fazendo” de acordo com o desenvolvimento das estruturas mentais do
indivíduo. Sendo assim, Palangana (1994, p. 69) explica que Piaget distingue a
maturação, destacando que a maturação é baseada exclusivamente em
processos fisiológicos e distingue aprendizagem de conhecimento, pois, para
ele, o conhecimento se define pela soma de coordenações que, tendo passado

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por um lento processo de desenvolvimento, encontram-se disponíveis para o
organismo em determinado estágio. Já o conceito de aprendizagem, em sentido
estrito, está diretamente vinculado às aquisições que decorrem,
fundamentalmente, das contribuições provenientes do meio externo. Dessa
forma, Piaget diferencia, também, a aprendizagem do processo de equilibração
que regula o desenvolvimento de esquemas operativos de acordo com as
contribuições internas do organismo. Toda aprendizagem pressupõe a utilização
de mecanismos não aprendidos, ou seja, pressupõe a utilização de um sistema
lógico (ou prelógico) capaz de organizar novas informações. Este sistema
encontra-se, justamente, no terreno da equilibração. Portanto se pode concluir
que para Piaget a aprendizagem acompanha o desenvolvimento do indivíduo,
não sendo possível forçar a criança a compreender conceitos ou realizar
determinadas tarefas para as quais ainda não dispõe de estruturas mentais. A
aprendizagem seria, portanto, o aumento do conhecimento num sentido amplo,
pois para este epistemólogo, nos desenvolvemos para aprender.
Para Vygotsky a aprendizagem é o processo de desenvolvimento que se
enquadra em vários níveis de acordo com o desenvolvimento do indivíduo e suas
conquistas. Para mais objetivamente se entender em que consiste a
aprendizagem para este estudioso, Oliveira (1993, p. 57) explica que É o
processo pelo qual o indivíduo adquire informações, habilidades, atitudes,
valores, etc. a partir do seu contato com a realidade, o meio ambiente, as outras
pessoas. É um processo que se diferencia dos fatores inatos (a capacidade de
digestão, por exemplo, que já nasce com o indivíduo) e dos processos de
maturação do organismo, independentes da informação do ambiente (a
maturação sexual, por exemplo). Em Vygotsky, justamente por sua ênfase nos
processos sócio-históricos, a ideia de aprendizado inclui a interdependência dos
indivíduos envolvidos no processo. O termo utiliza em russo (obuchenie) significa
algo como “processo de ensino-aprendizagem”, incluindo sempre aquele que
aprende, aquele que ensina e a relação entre as pessoas. Pela falta de um termo
equivalente em inglês a palavra obuchenie tem sido traduzida ora como ensino,
ora como aprendizagem e assim re-traduzila para o português. Optamos aqui
pelo uso da palavra aprendizado, menos comum que aprendizagem, para
auxiliar o leitor a lembra-se de que o conceito de Vygotsky tem um significado
mais abrangente sempre envolvendo interação social. Sendo assim, se conclui

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que para Vygotsky (1996), aprendemos para nos desenvolver, pois ele acredita
que a aprendizagem é a via que desperta o desenvolvimento do ser humano.
Neste sentido explica como chegou a esta conclusão por meio das pesquisas
que realizou
Nossa segunda série de investigações centrou-se na relação temporal
entre os processos de aprendizado e o desenvolvimento das funções
psicológicas correspondentes. Descobrimos que o aprendizado geralmente
precede o desenvolvimento. A criança adquire certos hábitos e habilidades numa
área específica, antes de aprender e aplicá-los consciente e deliberadamente.
Nunca há paralelismo completo entre o curso do aprendizado e o
desenvolvimento das funções correspondentes (VYGOTSKY, 1996, p. 87) Neste
processo o sujeito aprendente deve estar inserido em um determinado grupo
social, pois aprende o que o grupo social produz. O conhecimento num primeiro
momento pertence ao grupo e cabe ao indivíduo interiorizá-lo.
A aprendizagem acontece a partir do inter-relacionamento entre o sujeito
aprendente e os seus pares sociais, entre ele se encontra o professor, segundo
ressalta Oliveira (1993). Com relação aos princípios de aprendizagem,
necessário se faz questionar: por que o homem necessita aprender? As
respostas para esta questão encontram-se em Abreu e Masetto (1990) que
apontam para a importância deste fenômeno no desenvolvimento dos aspectos
cognitivos do sujeito aprendente, entre eles o processamento de informações e
a organização das percepções. Também afirmam que a aprendizagem
desenvolve singularmente e de uma forma geral o ser aprendente e por fim, ela
é imprescindível no desenvolvimento das habilidades sociais, uma vez que o
homem necessita da interação entre o mundo particular e o mundo social para
poder viver.
Com relação à aprendizagem das habilidades sociais, Delval (2001, p. 55)
explica que Embora, esse tipo de aprendizagem seja muito importante, a maior
parte das sociedades presta mais atenção à aquisição das capacidades sociais,
às formas de conduta social. Talvez isto possa parecer surpreendente sobe
nossa perspectiva atual, na qual parece que a educação centra-se mais
explicitamente na aprendizagem de técnicas concretas ou de conhecimentos
abstratos. Porém, para a vida e a sobrevivência de um grupo social, torna-se
extraordinariamente importante a manutenção de regras sociais de todo tipo

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(morais, jurídicas, consuetudinárias, etc.) que tornem possível o intercâmbio
entre os indivíduos, motivo que faz com que, tradicionalmente, preste-se um
cuidado especial à aquisição das formas de conduta estabelecidas e aceitas por
todos. Estamos falando da aprendizagem das formas de conduta social do modo
de comporta-se com os outros, do que se deve fazer em cada situação social,
de como devemos nos dirigir a outras pessoas e tratá-las, de qual é o nosso
lugar na sociedade. [...] Sendo assim se conclui que a aprendizagem é um
fenômeno individual e essencialmente social, exemplo disso é a história de Victor
de Aveyron, o garoto selvagem encontrado nas florestas do sul da França em
1800 relatada nos estudos do Dr. Jean Itard.
Identificar dificuldades e transtornos relacionados à aprendizagem em
sala de aula, ainda é um grande desafio para muitos docentes, principalmente
aos iniciantes e aqueles os quais buscam se atualizar para lidar com a inclusão,
ritmos, e também modos distintos de aprender.
A aprendizagem do ser humano tem início na vida intrauterina e o
ambiente interfere intensamente no processo dinâmico que é aprender. Cada
sujeito possui uma forma única de compreender o mundo e selecionar
informações transformando em conhecimento.
Vários fatores requerem atenção especial dos profissionais envolvidos,
pois é por meio de atividades da mesma natureza como, por exemplo,
decodificar sons e letras, que se iniciam os primeiros passos para o
reconhecimento de diversos problemas, onde além das dificuldades de
aprendizagem, constantemente são detectados transtornos que interferem
diretamente no processo de aprendizagem.
As dificuldades precisam ser compreendidas, possibilitando buscar as
intervenções necessárias, trabalhar as lacunas existentes e assim permitir que
todos consigam aprender efetivamente, pois, apesar de cada indivíduo ter a sua
maneira particular de adquirir conhecimento, alguns parâmetros, dentre eles a
idade cronológica, precisam ser seguidos dentro do contexto educacional,
propiciando o reconhecimento do atraso escolar e quais as suas principais
causas.
Por outro lado, os transtornos são definidos como perturbações na
aquisição das habilidades, sejam elas simples, ou até mesmo um tanto quanto
complexas onde se exige maior grau do desempenho intelectual. Vale ressaltar

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que os transtornos além de serem causados por traumatismos, doenças
cerebrais e disfunções biológicas, envolvem uma série de fatores os quais
acabam afetando na maioria das vezes mais de uma área de conhecimento,
sendo então identificados os transtornos globais.
A finalidade deste estudo, realizado por meio de uma pesquisa de cunho
bibliográfico, tem como principal objetivo apresentar contribuições
extremamente relevantes apuradas na literatura especializada, partindo sempre
da questão específica a qual serve de base para o desenvolvimento do trabalho.
Procura se buscar as soluções e possíveis alternativas concretas a
problemática discutida, sempre utilizando embasamento teórico consistente
destinado a dar as respostas necessárias para uma indagação muito atual,
presente no cotidiano educacional. Quais são as dificuldades e os transtornos
da aprendizagem mais recorrentes no contexto escolar?
As respostas serão apresentadas nas seções a seguir abordando o tema
de acordo com as principais contribuições teóricas, distinguindo as dificuldades
e transtornos, ressaltando a importância do docente e da escola na educação de
alunos com problemas relacionados à aprendizagem. E por fim, se expõe um
balanço geral da discussão com as considerações finais, abrindo espaço para
apontamentos futuros, e as referências prestam a devida credibilidade das obras
consultadas.

Dificuldades e Transtornos da Aprendizagem: Uma


Abordagem Teórica

A aprendizagem é o resultado de uma organização dos esquemas


mentais desenvolvidos em diferentes estágios com influência do ambiente,
assimilação dos valores culturais e demais aspectos funcionais, conceituada
como a capacidade de compreender, conhecer e observar as informações
obtidas.
Para Graça (2003 p.06,) ”a aprendizagem é gradual, isto é, vamos
aprendendo pouco a pouco, durante toda a vida”. Trata-se de um esquema

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próprio para estabelecer a individualidade amparada em quatro (4) elementos
essenciais:
 O comunicador ou emissor: Figurado pelo professor ou máquinas
capazes de ensinar transmitindo informações e conhecimentos.
 A mensagem: Conteúdo educativo repassado com precisão e
objetividade.
 O receptor da mensagem: Aluno o qual deve receber a instrução
disseminada.
 O meio ambiente: Local que seja propício para a efetivação da
aprendizagem; escola, família, sociedade, etc.

Esses elementos possuem um papel muito importante, se algum deles


falhar, ocorrerá problemas de aprendizagem. No entanto, princípios
como; saúde física, mental, concentração, memória e inteligência necessitam
ser considerados. Durante a aprendizagem os sujeitos passam por uma
transformação e se tornam um novo sujeito. Visto que a aprendizagem é um
processo pelo qual as competências, habilidades, conhecimentos,
comportamento ou valores do sujeito são adquiridos ou modificados de acordo
com as experiências vividas por ele, sejam resultadas do seu estudo, formação,
do raciocínio ou da observação de uma situação. (BARBOSA 2015, p.24).
Teorias clássicas encontradas na literatura procuram explicar como a
aprendizagem se processa. Segundo Barbosa (2015, p.15) “dentre elas,
destacam-se: Comportamentalismo, Cognitivismo, Humanismo e Teoria Sócio-
Histórica. O comportamentalismo tem o foco em conduzir o aprendiz a assimilar
as respostas corretamente de acordo com os estímulos proporcionados pelo
ambiente. Para os comportamentalistas, aprender implica mudanças no
comportamento, destacando as teorias do reflexo, associacionista,
Behaviorismo de Watson e o Behaviorismo de Skinner (BARBOSA, 2015, p.16).
No cognitivismo a busca é entender a ocorrência dos processos mentais
durante a aprendizagem. Os cognitivistas entendem que se aprende a partir da
construção do conhecimento e a base do cognitivismo está na cognição, dando
ênfase aos processos da mente, percepção e compreensão. Seus maiores
expoentes são: Bruner, Piaget e Ausubel.

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Os representantes do humanismo, Carl Rogers e Kelly, postulam que
aprender leva a autonomia e auto- realização do ser. Tem a atenção voltada para
o ensino centrado no aluno e a sua principal preocupação é o crescimento
pessoal. A teoria Sócio Histórica conta com contribuições de Lev Vygotsky, Luria
e Leontiev, destacando a influência das questões culturais, históricas e sociais
as quais agem diretamente na aprendizagem do individuo, nesta perspectiva a
mediação é uma atividade indispensável para a aprendizagem do aluno.
Cada enfoque em sua essência investiga a aprendizagem e o porquê das
“falhas” ou dificuldades durante o transcurso do processo. As dificuldades da
aprendizagem em geral caracterizam-se em uma desordem ou disfunção de
ordem neurológica causada por lesões cerebrais, desenvolvimento inadequado
do cérebro ou desconformidade química.
Barbosa (2015) evidencia a visão neurobiológica da aprendizagem,
definida como aquisição de novas informações arquivadas na memória. O
cérebro reage aos estímulos externos, ativando as sinapses, função na qual se
adquirem os novos saberes.
Na falta de intensidade das sinapses, há alterações dos circuitos que
processam as informações provocando disfunções na rede neuronal, levando o
aprendiz a apresentar dificuldades específicas, com níveis de intensidade
distintos, as dificuldades mais comuns enfrentadas pelas crianças na escola
estão relacionadas à leitura, escrita e matemática.
A maioria dos estudantes passa por dificuldades de aprendizagem em
várias fases durante os anos escolares. Na verdade, ter dificuldade com matéria
nova é uma parte normal do processo de aprendizagem e gera benefícios aos
estudantes. O esforço e a concentração adicionais necessários para completar
tarefas desafiadoras, podem reforçar as habilidades de resolução de problemas
e aumentar a compreensão e manter o foco necessário para melhorar a memória
em longo prazo […] (FERREIRA, 2015, p.09).
As dificuldades surgem a partir de obstáculos encontrados no processo
de ensino-aprendizagem causados pelos fatores externos, metodologias
inapropriadas, conflitos pessoais e diferenças culturais. Na visão
psicopedagógica, acredita-se que todo o ser humano tem a sua modalidade de
aprendizagem e com os seus próprios meios constrói o saber. Logo ao nascer,
inicia-se um procedimento o qual se constitui em um esquema, fruto do

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inconsciente simbólico, residindo nele o desejo de aprender, resultado
da história e das relações pertencentes a cada um.
Serra (2012, p.23) argumenta, ”a aprendizagem possui algumas funções
contraditórias. São elas: a função socializadora, a função repressora e a função
transformadora”. Na função socializadora, a educação conduz o individuo a
experimentar a vida comunitária, fazendo ensaios da participação social em
ambiente escolar. A escola atua dentro de um projeto social e humano para que
o homem faça uso do conhecimento em sua cultura.
A função repressiva define os limites a serem seguidos e especifica
atividades coletivas, mas há uma abertura a plena expressão do desejo de
aprender. Por outro lado, a função transformadora representa uma divisão das
demais funções. Ao mesmo tempo em que mantém a cultura (função
socializadora) delimita o ser para agir de acordo com as regras (função
repressiva) e com isso, liberta os sujeitos e como consequência, transforma a
sociedade. No entanto, quando há dificuldades ou algum tipo de transtorno da
aprendizagem, essas funções não se realizam plenamente.
Ainda, dentre o conjunto das teorias, as contribuições da epistemologia
convergente caracterizam a aprendizagem em um esquema evolutivo dividido
em quatro (04) níveis:
Protoaprendizagem: Onde se desencadeiam as primeiras aprendizagens
nas relações afetivas da criança com a mãe, a partir do nascimento até os
primeiros anos de vida. O mundo da criança resume-se á mãe ou ao adulto que
a substitui.
 Deuteroaprendizagem: É adquirida a concepção de mundo e de
vida pela convivência com a família.
 Aprendizagem assistemática: Acontece na interação do sujeito
com a comunidade.
 Aprendizagem sistemática: Ocorre nas interações com as
instituições educativas, por exemplo, a escola, onde são
transmitidos os conhecimentos e as atitudes estimadas na
sociedade.

O enfoque dado às interações seja com a mãe, comunidade, ou com as


instituições, indicam que o aspecto social e sua amplitude favorecem a

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aprendizagem (SERRA 2012, p.25). Obstáculos podem vir a causar
inadequações e comprometer a aprendizagem, porém se existir uma relação
integrada entre o meio e o aprendiz, o núcleo essencial não é afetado. Já os
transtornos são inerentes ao ser afetado que recebe a informação
adequadamente, porém há uma falha na integração, processamento e
armazenamento, resultando em uma saída de informações com problemas.
Ao tratar dos transtornos de aprendizagem, nota-se que eles podem estar
ligados a deficiências orgânicas, resultado de alterações anatômicas funcionais
do cérebro, desenvolvendo quadros de dislexia, disgrafia, discalculia e
disortografia. Estes transtornos encontram-se entre os mais recorrentes na
escola e assumem a nomenclatura de transtornos específicos da aprendizagem.

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A dislexia é um distúrbio da leitura, no qual a criança fica impossibilitada
de ler fluentemente. Ocorre a inversão e omissão de sílabas deixando qualquer
tipo de texto com a interpretação comprometida, como consequência a
habilidade de leitura esperada é afetada, infelizmente, a identificação somente
acontece depois da alfabetização.
De acordo com Ferreira (2015, p.12) “pessoas com dislexia têm
dificuldade em entender a relação entre as letras e os sons. Costumam confundir
sons como d/f, p/b, f/v, o que provoca incapacidade na pronuncia”. Assim a
compreensão fica em grande parte prejudicada, as capacidades fonêmicas são
menores, por isso, os recursos cognitivos ficam restritos e a leitura então se trona
física e psicologicamente muito difícil. Ferreira (2015) ainda apresenta uma
classificação para a dislexia:

 Disfonética: Dificuldade auditiva, de análise, síntese,


discriminação e tempo.
 Desidética: Desorientação das relações de direção, localização,
tempo, espaço e distância.
 Visual: Percepção visual dificultada.
 Auditiva: Deficiência na memória auditiva.

Para Frank (2003 apud. Dominiense 2011, p.23) Aprofundando um pouco


mais, a dislexia é um problema neurológico relacionado á linguagem e a leitura.
As habilidades de escrita, palavras e textos, memória e audição sofrem com os
impactos.
Na disgrafia, uma perturbação viso motora, faz com que a qualidade da
escrita seja desorganizada, na forma das letras e palavras, com deformidades
nos traços pouco precisos e a criança não é capaz de idealizar uma recepção
condizente no papel ou outra superfície, espaços em branco, tem lentidão e
macro grafia ilegível. Considera-se que a disgrafia é uma dificuldade relacionada
à execução do grafismo, existindo a falta de regularidade e mau controle na
escrita.
Existem dois (2) tipos de disgrafia: A Disgrafia Adquirida consequência de
uma lesão cerebral devido a um acidente ou doença e a disgrafia evolutiva, a
qual vai aparecendo durante a aprendizagem da escrita.

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Dentro da disgrafia evolutiva, aparecem a disgrafia disléxica, em que não
há capacidade de fazer relações entre os sistemas, símbolos e grafias
representadas pelos sons e a caligráfica, com o aspecto das letras
desproporcionais, pouca ou muita pressão no lápis.
A discalculia trata-se de uma dificuldade diretamente relacionada à
matemática, a qual é responsável por provocar o baixo desempenho em
atividades de cálculo aritmético. Pode manifestar-se pura, atingindo cerca de 1%
dos portadores ou vir associada a outras dificuldades como a dislexia transtornos
como o TDAH e a dislexia.
Pinheiro e Vitalle (2012) explicam as principais características
encontradas em alunos que desenvolvem o problema. Dentre elas, estão
dificuldades em identificar números, a troca de algarismos, por exemplo, dizer
04(quatro) ao invés de 06 (seis), decodificar; contar e nomear a sequência
correta de numerais, confusão na direção ou apresentação das operações,
medidas de comprimento, quantidade, valores em moedas, símbolos de adição,
subtração, multiplicação e divisão.
O padrão estabelecido para depreender a disortografia, exige atenção
porque a escrita do aluno não vai obedecer a regras da língua socialmente aceita
devido ao grande número de erros ortográficos, mas nem sempre será simples
de perceber.
A disortografia é a escrita incorreta, com erros e substituições dos
grafemas, uma alteração atribuída às dificuldades nos mecanismos de
conversão das letras e dos sons que interfere nas funções auditivas superiores
e nas habilidades linguísticas e perceptivas. (FERNÁNDEZ et al. 2012, p.03).
As composições dos textos escritos demonstram desorganização na
elaboração dos parágrafos, a pontuação das frases mal elaboradas impede o
entendimento da mensagem. Frequentemente não é identificada no meio
pedagógico, chega a ser associada à ideia de que a criança tem preguiça de
escrever corretamente, fator agravante do diagnóstico.
Ainda no grupo dos transtornos de aprendizagem mais recorrentes no
meio educacional, encontram-se o TDAH (transtorno do déficit de atenção e
hiperatividade), o transtorno do Espectro Autista (TEA) ou simplesmente
denominado Autismo, e a síndrome de Asperger (SA), classificada como um
transtorno.

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De origem neurodesenvolvimental, o TDAH com base neurobiológica,
atinge de modo direto o comportamento e o desenvolvimento do autocontrole
humano. Os portadores deste transtorno se distraem com facilidade pelos
estímulos internos (lembranças e pensamentos) e externos (elementos visuais e
sons). San Goldstein (2006 apud. Machado; Cezar, 2016 p. 04) afirma que O
TDAH surge na primeira infância, atinge de 3% a 5% da população durante a
vida, não importa quais as condições de inteligência, nível de instrução, classe
econômica ou etnia.
O transtorno é percebido com frequência em meninos, apresentando
como sintomas impulsividade e hiperatividade, já as meninas, estão mais
vulneráveis a desencadear casos de desatenção. No TDAH há a ocorrência de
uma alteração metabólica na região pré-frontal do cérebro a qual interfere na
regulagem do comportamento humano, isso ocorre devido aos
neurotransmissores estarem sendo produzidos em maior ou menor quantidade,
estes são fundamentais ao bom funcionamento do sistema nervoso central,
portanto, em desequilíbrio geram oscilações comportamentais.
Machado e Cezar (2016, p.04) conceituam e caracterizam o TDAH em
quatro (04) formatos:

 Forma hiperativo-impulsiva: Inquietação, fala excessiva, a criança


não consegue fazer atividades em silêncio.
 Forma desatenta: Distração, esquecimento rápido do que aprende,
não consegue seguir instruções, não gosta de atividades que
exigem esforço mental e comete erros por falta de atenção.
 Forma Combinada ou mista: A criança tende a apresentar dois
conjuntos, forma hiperativa/ impulsiva e desatenta, combinando os
sintomas com frequência e maiores gravidades.
 Tipo não específico: O número de sintomas é insuficiente para se
chegar a um diagnóstico preciso, mas acabam provocando
alterações no dia a dia da pessoa, dando a impressão de que algo
está errado.

O diagnóstico para cada caso exige uma ampla avaliação e


acompanhamento do histórico clínico e desenvolvimento mental para recolher e

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incluir dados dos adultos que convivem com a criança avaliada. Quanto mais
cedo forem diagnosticados os casos, menores as chances do transtorno se
estender para a vida adulta.
Cada estágio do transtorno requer um tratamento diferente, em casos
extras recomenda-se a utilização dos psicofármacos e psicoestimulantes com
prescrição médica para o controle dos sintomas, já os mais simples necessitam
apenas de terapia e metodologias adequadas.
Quando a abordagem é o transtorno do Espectro Autista, muitas
definições são encontradas para identificar os indivíduos Autistas, mas o
conjunto característico que os define, resume-se na incapacidade para
estabelecer e desenvolver ações com os outros ao seu redor.
Em relação à natureza dos primeiros sintomas observados pelos pais, o
atraso no desenvolvimento da comunicação e da linguagem é o sintoma relatado
com maior frequência (ZANON et al. 2014, p.27).
Os comportamentos mais identificados são a ansiedade, o medo, a
indiferença, e a ausência de resposta quando chamados, além dos
comportamentos repetitivos. Nota-se pouco contato visual, o chamado “olho no
olho” não acontece em conversas com crianças autistas, a fala é sem nexo com
a realidade, pedante e mecânica, sem emoção.
Critérios de maior relevância devem ser observados para diagnosticar o
transtorno, dentre eles a ausência do uso dos modos não verbais para fins
comunicativos, a falta de relacionamento com os colegas da mesma idade e o
desinteresse em compartilhar as realizações. A linguagem também pode servir
de base para o diagnóstico na medida em que não progride, ou venha a regredir
posteriormente ao seu desenvolvimento.
As características do uso da linguagem pelos autistas são peculiares
mesmo quando esta é comparada entre os mesmos, levando-se em conta a
expressão extremamente variada do transtorno. Pode estar presentes
manifestações como a ecolalia tardia (repetição da fala alheia algum tempo
depois da emissão desta) ou imediata (repetição da fala alheia logo após sua
emissão); a entoação, melodia, da voz idiossincrática; a inversão pronominal, ao
invés de dizer “EU” a criança autista diz “VOCÊ”; melhor compreensão do uso
de termos lacônicos do que frases permeadas de analogia, metáforas, ironia ou

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mesmo sarcasmo; sendo que a falta de linguagem verbal não é compensada
pelo uso da não verbal. (MESQUITA; PEGORARO 2013, p.327).
Assim como os demais transtornos citados anteriormente, o Autismo
apresenta três (03) níveis, embora ainda não estejam totalmente reconhecidos
por algumas associações que tratam do assunto, estão ativos atualmente e
podem se resumir em:

 Nível 01: A dificuldade em se comunicar não limita a interação social.


 Nível 02: Deficiência da linguagem e menor intensidade de comunicação.
 Nível 03: Grave desempenho das habilidades verbais, não verbais,
cognição reduzida, inflexibilidade de comportamento e incapacidade para
lidar com mudanças.

Apesar da síndrome de Asperger diferir do Autismo em intensidade e


gravidade de sintomas, durante anos sofreu associações a ele, mas, por sua
vez, a síndrome de Asperger (SA), tende a manifestar sintomas mais brandos.
Mesmo que anormalidades consideradas significativas na linguagem não
sejam encontradas na fala de pessoas acometidas com a SA, alguns padrões
de comunicação requerem atenção especial. A linguagem pobre em prosódia,
padrões de entonação restritos, velocidade incomum da fala (muito rápida ou
entrecortada) e a modulação de volume excessivamente alta, são observáveis
como um não ajustamento social.
Contrastando um pouco com a representação social no autismo, os
indivíduos com SA encontram-se socialmente isolados, mas não são usualmente
inibidos na presença dos demais. Normalmente, eles abordam os demais, mas
de uma forma inapropriada e excêntrica. Por exemplo, podem estabelecer com
o interlocutor, geralmente um adulto, uma conversação em monólogo
caracterizada por uma linguagem prolixa, pedante, sobre um tópico favorito e
geralmente não usual e bem delimitado. (KLIN, 2006, p.09).
O atraso na aquisição das habilidades motoras como andar de bicicleta,
subir em brinquedos ao ar livre e indícios de coordenação motora fraca, são os
primeiros sinais da síndrome de Asperger.
Os sintomas atingem o comportamento provocando impulsividade,
isolamento social, inquietação, movimentos repetitivos e uma constante

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repetição de ações e palavras. Nos músculos gera a incapacidade de coordenar
os movimentos e no humor, sentimentos como raiva, ansiedade, solidão e
pesadelos são muito comuns.
Imaginação, memória, planejamento e noções de tempo, são em parte as
maiores dificuldades enfrentadas, a capacidade de planejar ações futuras e
entender como o tempo decorre, dificultam as funções de execução em variadas
situações e, além disso, os interesses se voltam para áreas específicas.
Podem mostrar na idade escolar interesses obsessivos por uma área
como, por exemplo, matemática, leitura, história, ou em outro tema, e tendendo
a insistir nisso em conversas e jogos (ROSSANA e FURTADO 2009, p.14).
Por não entenderem as linguagens corporais, não sabem quando devem
mudar de assunto ou parar de falar, não compreendendo as opiniões e ocasiões
distintas. Expressam emoções diferentemente da maioria das pessoas,
respondem com pouco afeto, reagem com raiva, pânico e comportamento
agressivo. Os sentidos são hiper ou pouco reativos, o que caracteriza a
sensibilidade ao som alto, luz fluorescente ou solar forte, perfumes e odores.
Na escola, apresentam motricidade fina irregular para formar letras e
segurar o lápis, não acompanham o ritmo da classe e não conseguem manter
autocontrole quando se sentem frustrados.
Avalia-se que as dificuldades de aprendizagem são de caráter provisório
em distintas dimensões; social, pedagógica, afetiva, cognitiva e orgânica, vistas
sempre pela óptica de várias causas, mas, deve-se também observar o interesse
do aluno, caso esteja desatento.
Cruz (2014 p.02) afirma, “este fator é muito comum em nossa época,
quando jogos eletrônicos condicionam as crianças a obter respostas imediatas
e a satisfação é gerada pela competitividade”. Então, o docente deve tentar
perceber a causa da desatenção, motivada muitas vezes pelo uso excessivo de
aparelhos eletrônicos, conflitos da vida cotidiana, falta de harmonia entre
colegas, metodologia descontextualizada e exaustiva.
Define-se que para desenvolver estratégias e procurar soluções as quais
busquem sanar as dificuldades de aprendizagem, estão intimamente
relacionadas algumas tarefas essenciais, dentre elas, o desenvolvimento de
projetos em conjunto, solicitar pesquisas monitoradas, elaborar apresentações,
dramatizações e acima de tudo despertar a curiosidade do aluno.

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Tornar o material didático mais atraente com pequenas adaptações e
ilustrações, separar informações, usar materiais concretos, promover jogos e
atividades lúdicas. As avaliações devem ser frequentes ou acumulativas, a
linguagem dos enunciados deve ser composta por frases simples, produções
textuais com número delimitado de linhas e retomada dos conceitos
anteriormente estudados.
Demais colaborações, reforçam a importância da terapia ocupacional, o
terapeuta tem conhecimento e habilidades, acesso a recursos e informações,
logo após a exploração do problema são estabelecidos planos de ação adotados
juntamente com a escola e a família.
A Terapia Ocupacional tem importante papel neste contexto intervindo
como facilitador da relação escola, aluno-família, o que propicia o
desenvolvimento do aprendizado da criança tendo a capacidade de realizar suas
atividades plenamente e inserida nos seus contextos de desempenho.
(OLIVEIRA e CASTANHARO 2006, p.98).
Para um diagnóstico preciso e tratamento adequado dos transtornos de
aprendizagem, é indispensável haver à colaboração dos pais, educadores,
psiquiatras e psicólogos infantis. Em situações mais graves, são recomendados
o uso de medicação, acompanhamento clínico e encaminhamento para
atendimento especializado.
Ferraz (1999, p.89) explica, “os transtornos específicos de aprendizagem
são incuráveis e os sintomas associados respondem a tratamento específico,
mas o transtorno persiste”.
As crianças com transtornos de aprendizagem se oprimem facilmente,
são sensíveis as pressões do ambiente. O favorecimento de um local agradável
voltado ás interações em grupo servem de aliado para promover a convivência
natural dentro e fora da escola.
A avaliação de um transtorno requer que o profissional esteja disposto a
dedicar-se para saber se existem fatores psicológicos envolvidos na
permanência do mesmo. Associar um tratamento farmacológico ao atendimento
psicopedagógico, é indicado nos casos em que a capacidade de concentração
e atenção, encontra-se em estágio de crescente debilitação.

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Dificuldades e Transtornos de Aprendizagem:
Atuação Docente e Estratégias e Intervenção

Desde o início da existência humana, a aprendizagem se constitui de


modo complexo, variando de um individuo para outro, o que fez com que os
estudos ao longo dos anos buscassem o entendimento das questões
relacionadas à aprendizagem escolar.
A aprendizagem consiste em uma mudança potencial no comportamento
dos indivíduos devido a suas experiências, ela muda o ser humano de alguma
forma como resultado da prática, mas quando ocorrem às dificuldades e os
transtornos da aprendizagem, todo o processo fica comprometido.
Para Carara (2017, p.07) “os transtornos e dificuldades de aprendizagem
apresentam vários fatores que influenciam sua constituição, como aspectos
sociais, afetivos, de ordem orgânica, e podem ocorrer ao longo do ciclo vital”.
As dificuldades são tidas como um fenômeno o qual afeta a vida das
pessoas, identificado como um grupo heterogêneo de desordens manifestadas
na utilização e aquisição da leitura, escrita e dos raciocínios matemáticos, em
geral desencadeados pela desmotivação, falta de estímulos, desestrutura
familiar, demais problemas pessoais e de ordem afetiva, que interferem
diretamente na aprendizagem do educando.
O professor utilizando-se dos recursos e de metodologias diversificadas
se torna um mediador entre o objeto de conhecimento e a concretização real da
aprendizagem, intervindo nas interações, exercendo fundamental importância no
aprendizado e assim contribuir para a ocorrência de avanços que não seriam
possíveis espontaneamente.
A figura do professor, que passa um período significativo do dia
convivendo diretamente com os alunos, deve conhecer seus alunos e assumir
um papel de referência para as crianças, ficando apto a identificar suas
dificuldades e interferir de maneira positiva, de forma a promover situações
favoráveis à aprendizagem. O professor deve assumir o papel de facilitador
dentro da escola, onde o aluno possa ser o protagonista dentro do processo de
ensino aprendizado que deve ocorrer de forma integrada. (CARARA 2017, p.08).

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Ao detectar alunos com dificuldades de aprendizagem, diversas
categorias serão encontradas. Ocorrerá a identificação dos que necessitam de
intervenção clínica, psicológica ou psicopedagógica, até mesmo neurológica,
mas sempre haverá problemas os quais devem ser solucionados dentro da
escola, por meio de programas de ensino individualizados e de práticas
diferenciadas.
É de suma importância que o professor reflita a respeito das causas do
fracasso escolar, não para se sentir culpado e sim responsável em adotar
alternativas buscando solucionar aborrecimentos durante as etapas de
aprendizagem.
Compreender como ocorre o conhecimento, as interferências na
aprendizagem e os seus distintos estágios, transforma o trabalho docente em
processo científico. Por isso, destaca-se a relevância de ações e intervenções
conjuntas com a equipe escolar, para subsidiar uma estrutura curricular a qual
esteja compatível com a cognição, afetividade e convivência social do aluno,
somente a partir de então, as metodologias passarão a alcançar com eficácia os
objetivos propostos e atingir os alunos com dificuldades proporcionando
aprendizagem.
A sala de aula é um espaço de dialogo, mesmo que o aprender seja
individual, na escola ele acontece coletivamente. Momentos de individualidade
e coletividade podem ser oferecidos na produção da aprendizagem.
Organizar as turmas para o trabalho em grupo, juntando alunos que
aprendem com facilidade e alunos que apresentam dificuldades, também pode
ser uma boa alternativa, pois as crianças e adolescentes falam a mesma língua
e podem funcionar como professores particulares um dos outros. (SERRA 2012,
p.33).
Deve-se ainda, valorizar as potencialidades dos alunos, para descobrir os
talentos que eles possuem e chegar a uma relação interdisciplinar positiva com
as demais áreas.
O planejamento também é essencial, representa que uma intervenção
quando planejada, exerce amplo poder na realização da aprendizagem. A
capacidade de elaboração, transformação e simbolização provocam respostas
distintas, tomadas de intencionalidade, que por meio da interação, provocam
elaboração das estruturas mentais superiores, isto quer dizer, a organização do

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planejamento facilita a aprendizagem. As informações interagem e se agrupam,
estabelecendo novos conceitos e novas maneiras de ver o mundo.
Serra (2012, p.80) enfatiza, “ao planejar, é preciso que o professor
acompanhe e avalie os seus alunos de modo a resgatar aqueles que possuem
dificuldades e que considere o vinculo desses alunos com o ato de aprender”.
A elaboração da aprendizagem significativa decorre das trocas com o
mundo exterior e a afetividade está intimamente ligada ao conhecimento, os
conteúdos não podem estar limitados em si mesmos, eles estão a serviço do
docente, para que se adaptem as práticas pedagógicas a fim de facilitar a
aprendizagem.

O Papel da Escola na Educação de Alunos com


Dificuldades e Transtornos da Aprendizagem

O ingresso na vida escolar traz consigo um rol de experiências, e é neste


meio que o aluno independentemente da idade, apresentará sucesso ou
dificuldades em seu aprendizado. As dificuldades vão de áreas específicas a
outras mais globais, representando na maioria das vezes problemas em todas
as atividades.

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Nepomuceno e Bridi (2010 p.03) acreditam, “se a dificuldade fosse
apenas originada de danos biológicos, orgânicos ou, somente, da inteligência,
para solucioná-los não precisaria entender a complexa rede social do aluno e
nem pensar nos aspectos ligados a escola e a relação professor/aluno.
Estudos evidenciam que cabe a escola, evitar a mera recepção de
conteúdos, proporcionarem ao aluno o desenvolvimento educacional e a
formação cultural básica para viver em sociedade. As dificuldades de
aprendizagem precisam ser consideradas não como fracassos, mas sim, como
desafios a serem superados, dando oportunidade ao aluno de se constituir ser
humano em sua totalidade.
Muitas dificuldades de aprendizagem são decorrentes da metodologia
inadequada, professores desmotivados e incompreensivos, brigas e discussões
entre colegas. A escola deve ser a segunda casa do indivíduo, um lugar onde
ele possa se sentir bem e entre amigos, contar com a professora sempre que
precisar ou sempre que tiver um problema familiar (outra causa de dificuldades
de aprendizagem) e manter contato com os outros membros da equipe escolar
assim como a coordenação pedagógica. Se o aluno sente-se à vontade para
conversar com a professora. (NEPOMUCENO e BRIDI 2010, p.07).
A ausência de vinculo entre alunos, professores e escola, é um dos
motivos do fracasso escolar, o aluno sente-se desmotivado a cumprir com suas
obrigações, e as situações agravam-se ainda mais quando encontrados métodos
muito rígidos, visto que os alunos necessitam ter liberdade para construir o
conhecimento. Cabe a escola detectar ás carências, elaborar programas com
reforço escolar, visando integrar o aluno com dificuldades, selecionar teorias e
práticas realmente significativas na realidade em que os sujeitos se inserem.
O trabalho educacional ofertado na escola deve ser planejado e
intencional, diferenciando-se de outros espaços, porque as práticas sociais nela
desenvolvidas precisam permitir os alunos entrarem em contato com valores que
ampliem as habilidades e os posicionamentos diante das situações de conflito.
A escola é sim um espaço privilegiado para o bom desenvolvimento da
aprendizagem, pois através dela o aluno pode ter um convívio direto com novas
perspectivas de conhecimentos e diferentes contatos com indivíduos ímpares
(SOARES 2006, apud. CORTEZ e FARIA 2011, p.06).

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Uma escola de qualidade não fica limitada apenas ao ensino de
conteúdos, há um conjunto de diversidades e multiplicidades a serem
consideradas. Tal modo permite a instituição ampliar a construção dos
conhecimentos, possibilitando que alunos com transtornos de aprendizagem
consigam aprender e sintam-se integrados junto ao demais, portanto, a escola
carece estar ciente de suas funções.
A escola, ao tomar para si o objetivo de formar cidadãos capazes de atuar
com competência e dignidade na sociedade, buscará eleger, como objeto de
ensino, conteúdos que estejam em consonância com as questões sociais que
marcam cada momento histórico, cuja aprendizagem e assimilação são as
consideradas essenciais para que os alunos possam exercer seus direitos e
deveres. Para tanto ainda é necessário que a instituição escolar garanta um
conjunto de práticas planejadas com o propósito de contribuir para que os alunos
se apropriem dos conteúdos de maneira crítica e construtiva (CORTEZ e FARIA
2011, p.27).
A escola ainda tem o dever de realizar reuniões para elaborar e
apresentar soluções voltadas aos alunos com transtornos, onde se reconheça a
importância da tecnologia assistiva de baixo custo e sejam determinadas ações
a serem desenvolvidas juntamente com os pais e toda a comunidade escolar,
discutindo a adaptação do currículo e de uma proposta pedagógica que
realmente contemple a todos. As ações primordiais podem ser desempenhadas
a cada trimestre, com análise dos resultados alcançados e projetos posteriores.

Considerações Finais
A aprendizagem é o ato de adquirir conhecimento, aliado a capacidade
de modificar determinadas situações cotidianas passíveis de transformação.
Apesar das dificuldades e transtornos de aprendizagem que alguns seres
humanos apresentam no decorrer do percurso escolar, é comprovado
cientificamente o potencial intelectual que estes possuem.
Com base neste estudo, reafirma-se o fato de que mesmo sendo muito
comum encontrar dificuldades e transtornos no processo de ensino e
aprendizagem, a atenção e o compromisso da família, professores, e a parceria

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com a escola fazem todo o diferencial. O diagnóstico preciso e as intervenções
propiciam maiores e melhores resultados em todos os aspectos.
A adaptação das metodologias como também do ambiente escolar, são
fatores indispensáveis ao bem estar do aluno e estão intrinsecamente ligados ao
desempenho cognitivo. Conclui-se que por se tratar de um assunto amplo, as
investigações não se limitam, sempre haverá novas pesquisas buscando
atualizações. O propósito de reconhecer a diversidade de transtornos e
dificuldades da aprendizagem contribui para a formação docente.
Com o reconhecimento cada vez mais crescente da indispensabilidade de
incluir alunos e se aperfeiçoar, os profissionais procuram especialização para
atuar competentemente, pois considerando os resultados obtidos, os
argumentos utilizados no trabalho são bastante significativos para a educação.

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