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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

FACULDADE MINEIRA DE DIREITO

CAROLINA OLIVEIRA

JOÃO PAULO

DIREITO CONSTITUCIONAL

Processo Constitucional

BELO HORIZONTE - MG

2022
1) Qual é objeto da Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC)? Diferencie o
objeto da ADC do objeto da ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito
Fundamental).

A "Ação Declaratória de Constitucionalidade" (ADC), tem o condão de


requisitar a presunção absoluta da constitucionalidade de uma lei ou ato
normativo federal que tenha a sua constitucionalidade recorrentemente
questionada. Para que ela não seja alvo de outros tipos de ações que
objetivem declarar a sua inconstitucionalidade. Já a "Arguição de
Descumprimento de Preceito Fundamental", (ADPF), é cabível somente
quando as outras ações não forem para sanar o vício. Esta ação,
diferentemente da "ADC", é cabível não somente contra lei ou ato normativo
federal, mas também, contra lei estadual, municipal e leis não recepcionadas,
ou seja, anteriores à constituição. Portanto, podemos reiterar que o objeto da
ADC, é lei ou ato normativo federal e já o da ADPF, pode ser lei ou ato
normativo federal; estadual, municipal e ou; leis não recepcionadas.

2) Diferencie a ADO total da ADO parcial.

A "ADO", ação de direta de inconstitucionalidade por omissão, é cabível contra


a omissão de uma lei que regulamente uma norma de eficácia limitada. Sendo
julgada pelo STF. A "ADO TOTAL", pode ser requisitada em casos onde houver
omissão total do poder público ante a lei regulamentadora da norma de eficácia
limitada. Já a "ADO PARCIAL", pode ser proposta ante uma omissão em partes
do poder público. Ou seja, quando houver uma regulamentação da norma de
eficácia limitada mas, que não for eficiente o suficiente como deveria.

3) Explique a tese concretista intermediária e a tese concretista direta que o


STF vem usando nas decisões de Ação Direta de Inconstitucionalidade por
Omissão (ADO) desde 2016.

A tese concretista individual, por ser concretista, ostenta uma posição mais
ativa do Judiciário em relação à decisão de procedência no mandado de
injunção; só que, ao contrário da tese concretista geral, defende que o âmbito
da decisão seja restrito às partes litigantes, aos indivíduos participantes
daquele determinado processo. No mandado de injunção, cabe ao Poder
Judiciário criar normas jurídicas individuais válidas para o caso concreto,
efetuando o preenchimento de lacunas. Assim, a decisão judicial preenche,
mas não elimina, a lacuna do sistema jurídico. A eliminação da lacuna, via de
regra, é tarefa do Poder Legislativo, quando da elaboração da norma jurídica
geral e abstrata faltante.

De mais a mais, pode-se dizer que esta concepção é menos sensível ao


argumento da usurpação dos Poderes do que a concretista geral, pois o
magistrado não estaria transbordando os limites da demanda ao julgar.

Outrossim, ainda que o juiz estivesse julgando para além do texto legal
regulamentado-o incidentalmente, nada mais faria senão integrar o direito
através de princípios gerais, o que desde a época romana já é autorizado.

A linha de pensamento concretista individual ainda subdivide-se, de acordo


com a classificação de Alexandre de Moraes, em duas subespécies:
concretista individual direta e intermediária.

A diferença entre ambas é meramente de grau, e não qualitativa. Enquanto a


concretista individual direta prega a possibilidade de o magistrado conferir
imediatamente a eficácia da norma constitucional, a intermediária sustenta que
seja fixado um prazo razoável ao órgão omisso para que faça a devida
regulamentação. Caso ela não seja feita no tempo fixado, aí sim o Judiciário
estaria apto a delimitar concretamente o direito invocado.

No julgamento do MI 335-1/DF (BRASIL, 1994i) por exemplo, o referido


ministro proferiu decisão conferindo o prazo de 120 dias ao Congresso
Nacional para que colmatasse a lacuna legislativa referente ao art. 192, § 3°,
da CRFB9. Só após referido prazo, segundo o entendimento do Ministro Néri
da Silveira, o Supremo Tribunal Federal estaria habilitado a suprir a falta de
regulamentação do caso concreto. Sua posição fica bem explicitada através de
um pronunciamento feito em sessão plenária, citado por Alexandre de Moraes
(SILVEIRA, 1995 apud MORAES, 2009, p. 175):
Adoto posição que considero intermediária. Entendo que se deve, também, em
primeiro lugar, comunicar ao Congresso Nacional a omissão inconstitucional,
para que ele, exercitando sua competência, faça a lei indispensável ao
exercício do direito constitucionalmente assegurado aos cidadãos.
Compreendo, entretanto, que, se o Congresso Nacional não fizer a lei, em
certo prazo que se estabeleceria na decisão do Supremo Tribunal.

4) A) Diferencie a Arguição Autônoma da Arguição Incidental na ADPF. B) O


que é o princípio da subsidiariedade existente na ADPF?

A) A arguição de descumprimento de preceito fundamental pode apresentar-se


sob duas modalidades: a autônoma ou direta e a incidental ou indireta.

A arguição sob a forma autônoma está contida no art. 1º, caput, da Lei nº
9.882/99:

"Art. 1º. A arguição prevista no § 1º do art. 102 da Constituição Federal será


proposta perante o Supremo Tribunal Federal, e terá por objeto evitar ou
reparar lesão a preceito fundamental, resultante de ato do Poder Público".

A arguição autônoma tem natureza objetiva, que pode ser proposta para
defesa exclusivamente objetiva contra violação de preceitos fundamentais
decorrente de um ato do poder público, seja este ato federal, estadual ou
municipal. A arguição sob a modalidade incidental ou indireta está contida no
parágrafo único do art. 1º:

"Caberá também arguição de descumprimento de preceito fundamental:

I – quando for relevante o fundamento da controvérsia constitucional sobre lei


ou ato normativo federal, estadual ou municipal, incluídos os anteriores à
Constituição."

Este segundo caso revela a natureza subjetiva-objetiva, incidental ou indireta


da arguição de descumprimento de preceito fundamental, pressupondo a
existência de controvérsia sobre lei ou ato normativo, de todos os órgãos
políticos autônomos, bem como dos anteriores à Constituição.

 
1. Arguição Direta ou Autônoma

A ADPF direta ou autônoma é uma típica ação de controle concentrado e


principal de constitucionalidade com o objetivo de defesa de preceitos
fundamentais ameaçados ou lesados por qualquer ato do poder público.

B) O conceito de subsidiariedade, para alguns, tem sido analisado a partir das


hipóteses de cabimento de controle concentrado previstas no ordenamento
jurídico brasileiro (e os contornos que lhes deu a jurisprudência do STF),
reputando adequada a ADPF somente quando descabidas a ADC e a ADIN.
Tal entendimento, contudo, parece desconsiderar as peculiaridades da espécie
incidental da ADPF, onde a análise das formas de controle concentrado sequer
tem pertinência.

Em sede incidental, a subsidiariedade da ADPF tem sido entendida como a


inexistência de qualquer outro remédio processual que possa, no caso
concreto, realmente (e não apenas potencialmente), sanar e/ou afastar o risco
de lesão ao preceito fundamental.

Com efeito, enquanto uma das definições de subsidiariedade destaca o plano


objetivo-normativo e a abrangência dos métodos de controle abstrato, a outra
destaca o plano da realidade fática e a efetiva segurança ao preceito
fundamental lesionado ou ameaçado de lesão.

A subsidiariedade, na modalidade incidental de ADPF, coloca a perspectiva


objetiva em um plano secundário, residual – que não deixa de ter sua
importância, como implícita e intrinsecamente o têm todas as demais formas de
controle concentrado de constitucionalidade existentes no sistema. Aqui,
incidentalmente a uma lide pré-existente, o enfrentamento da questão objetiva
pelo STF decorre não da ausência de outras formas legais de fiscalização
abstrata, mas do exame do espectro social da controvérsia jurídica ínsita no
caso concreto, bem como da relevância geral da questão debatida,
circunstâncias que passam a integrar indissociavelmente, o próprio juízo de
admissibilidade desta novel ação constitucional, quando, por via incidental, for
ela submetida ao conhecimento do Supremo Tribunal Federal.

Para resolver esta aparente contradição, propõe-se, simplesmente, que ao


conceito de subsidiariedade seja dada uma dupla significação, conforme se
trate da forma autônoma ou da modalidade incidental de processamento da
ADPF. Nesta, mais importa a análise da relevância geral e do espectro social
da controvérsia constitucional travada nas instâncias ordinárias, sendo a
questão objetiva relegada a um plano, por assim dizer, secundário,
priorizando-se a real tutela do preceito fundamental ameaçado e/ou lesionado;
ao passo que, na forma autônoma de ADPF, o juízo de admissibilidade deve se
voltar às hipóteses de cabimento das ações direta e declaratória de
constitucionalidade, a fim de cobrir o conjunto de situações que foram
jurisprudencialmente excluídas do campo eficacial das demais ações de
controle abstrato.

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