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Disciplina: Cultura brasileira contemporânea

Tema: Cultura erudita, cultura popular, cultura das


mídias, cultura popularesca.
Profª Heloísa de A. Duarte Valente

Os conceitos abaixo são de grande complexidade e não podem ser estudados


de maneira abrangente, nesta disciplina. Para isso, partiremos de dois
exemplos de obras audiovisuais para entender melhor a questão: O milagre
de Santa Luzia e Bye, bye, Brasil.
Antes disso, é aconselhável assistir aos vídeos de O povo brasileiro Segue,
abaixo, um breve resumo do que foi apresentado e debatido em aula.

CULTURA ERUDITA:

Diz respeito a uma tradição de remete à produção intelectual letrada: escolas


artísticas, filosóficas, científicas (literatura, artes plásticas, teatro,
música). Sua produção de natureza erudita necessita formação sólida, de
conhecimentos específicos e um longo período de estudo para fazê-la e
entendê-la, mas não necessariamente para senti-la e gostar dela: Temos
reações emocionais ao ver uma escultura, um quadro, ao ouvir uma obra
sinfônica sem, contudo, entender como foram feitos.
Geralmente associadas ao poder econômico (sem de que de fato o
sejam, quem as cria e as pratica) – dentre outras razões, porque o resultado
de estudo de longa duração (e tem custo financeiro)-, era privilégio dos
nobres, tendo-se depois associado às elites do capital. Assim, comparecer a
um vernissage de obras de arte, ou a um concerto de música sinfônica
costuma ser atividade de quem quer demonstrar nobreza e cultura...
Contudo, uma grande maioria dos artistas e criadores não obteve êxito
financeiro com o seu trabalho... Vincent Van Gogh não vendeu um só
quadro em toda a sua vida e hoje seus quadros valem milhões de dólares nos
leilões...
Importante observar que em países socialistas essa categoria não pode
ser levada ao pé da letra: o ensino das artes faz parte da formação regular.
Para se chegar ao estrelato é necessário obter um nível excepcional. Assim,
há artistas notáveis que são tratados como pessoas comuns, praticando sua
profissão, apenas... Ex.: ballet na Rússia e em Cuba.

CULTURA POPULAR:

Aquela que nasceu “com o povo”, mantendo tradições antigas e


historicamente reconhecidas e respeitadas. Há também bastantes aspectos
complexos, que merecem ser estudados à parte como, por exemplo, o

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FOLCLORE1. Para este estudo, vamos nos limitar ao caso da música caipira
e sua expansão para o conceito de música sertaneja.

Caipira: gênero de música rural. 1930-50. O termo foi criado por Cornélio
Pires, jornalista e escritor. Excursionou pelo Brasil em praças, circos
e teatros, divulgando aquela música cantada por duas vozes,
acompanhadas de viola e violão.

Moda caipira “de raiz”: remonta a tempos imemoriais, a um passado que


inclui elementos da Idade Média. Narrativas de longa procedência que
remontam aos trovadores, com acompanhamento de viola e violão.
Espontaneidade, criatividade. Rural, bucólico, romântico, rude, místico.
Cantares do centro-oeste, sul e sudeste brasileiros. Não se desprezam
elementos da cultura dos caboclos, negros, índios e portugueses, que a ela
se agregaram.
O país era essencialmente agrícola Com a implantação das máquinas na
lavoura a mão-de-obra se torna obsoleta. Ocorre a migração da população
rural para as grandes cidades. O caipira desenraizado vai ouvir no rádio as
modas da sua terra... mas a roça é substituída pelo sentimentalismo
individual, ligado aos conflitos amorosos. Entram os instrumentos
eletrônicos para se “modernizar”(= instrumentos do rock).

Cultura sertaneja:

Até a chegada da música denominada “sertaneja” na década de 1970 – e que


coincide com o auge do disco no formato LP- entendia-se por cultura
sertaneja aquela praticada no sertão, ou seja, de onde há seca. Uma cultura
da catinga, onde nunca chove; em que “o sol é inimigo”. Cria-se gado. As
expressões culturais revelam herança medieval, especialmente na língua e
na religião (Padre Cícero). Cangaço (Lampião) e coronelismo são os ícones
dessa cultura. Coronel tem poder de força paraestatal.
Os cantadores do sertão criam, improvisando em estrofes, várias narrativas
que tratam de elementos arcaicos e contemporâneos. Muitos desses cantos
se baseiam na tradição oral e antiga, com traços medievais (vide a
argumentação de Suassuna e o Movimento Armorial).

Música sertaneja: Aquela que surgiu após a década de 1970 e,


particularmente após 1980, nas regiões onde se denominava “sertaneja”.
Imita a vida rural, para atender ao público que da roça passou a viver nas
grandes cidades. É a diversão dos migrantes, convertidos em boias-frias e
trabalhadores assalariados temporários.
Sertanejos pop, românticos (ex.: João Paulo e Daniel, Zezé de Camargo
e Luciano, Leandro e Leonardo...) são entendidos, para alguns estudiosos,
como a descaracterização da cultura caipira, uma verdadeira alienação. Por
isso a denominação sertanojos.

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Os estudos do folclore, em que pese suas boas intenções, partem da perspectiva
etnocêntrica em que o europeu é “a” cultura de referência; todas as outras são “extra-
ocidentais”, o “outro”...

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A música vai adotar os mesmos instrumentos que o pop/rock, assim como
os espetáculos (canhões de luz, palco gigante); a roupa copia o caubói
texano, até linguajar, com interjeições...

CULTURA DE MASSA:

Refere-se aos produtos culturais criados para grandes multidões. O público,


sendo nivelado por um conjunto de traços em comum, é induzido a gostar de
tais produtos, tornando-se consumidor.
Ex.: as paradas de sucesso musical. Quantas vezes a um lançamento as
pessoas não dizem: “ ainda não me acostumei com essa música?”

CULTURA MIDIÁTICA

O desenvolvimento das tecnologias do som e da imagem levaram à


possibilidade da interatividade. Na década de 1970 já era possível copiar um
disco em fita cassete, ou mesmo gravar um programa de rádio; o
videocassete se tornou uma alternativa ao cinema... Na cultura midiática
existe a possibilidade de usufruir dos produtos da cultura de massa, com o
uso personalizado.

CULTURA POPULARESCA:

Segundo alguns autores, diz respeito aos produtos criados pela cultura de
massa (lembre-se a definição de ‘de massa’...) É definição controvertida, uma
vez que coloca em xeque valores diversos, cujas referências não são
estáveis. Geralmente é um modo depreciativo de tratar as produções
dirigidas a um grande público inculto, analfabeto, com o objetivo de julgar
tais pessoas como inferiores.

CULTURA DAS REDES

Surgida após a informática. A combinação do telefone com o computador


permite a criação de novas linguagens e produtos que podem ser
transmitidos em rede de outros computadores-telefones. (Este tema não
consta do programa do curso).

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