Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Weid. Swing o Adulterio Consentido
Weid. Swing o Adulterio Consentido
ISSN: 0104-026X
ref@cfh.ufsc.br
Universidade Federal de Santa Catarina
Brasil
Swing
Swing,, o adultério consentido
Resumo: O trabalho tem como objetivo discutir questões referentes às relações afetivo-sexuais
entre homens e mulheres na sociedade atual a partir da experiência de casais adeptos da
prática do swing. Procura-se compreender as concepções nativas sobre casamento, sexualidade,
infidelidade e, também, as regras de uma relação swinger. O swing cria um novo modelo de
casamento? Ou reforça os modelos já existentes? Por meio da análise do discurso dos casais
adeptos da troca sobre suas interações eróticas, busca-se compreender a forma como se
articulam amor, sexo e prazer nesses relacionamentos.
Palavras-chave: gênero; sexualidade; corpo; casamento; troca de casais.
18
CAMPBELL, 1995. Para Campbell,18 as combinações possíveis da
fantasia são ilimitadas, mas a chave para a sua elaboração
19
DUARTE, 2004b. se encontra na lógica da transgressão. Duarte19 também
enfatiza o aspecto da transgressão na obtenção do prazer
nas sociedades contemporâneas. No swing, a fantasia é
construída não só com pensamentos e imagens, mas envolve
a dimensão da vivência. Sair da esfera do imaginário e
entrar no mundo da experiência parece resultar, para os
pesquisados, em uma constante elaboração de novas
fantasias e, consequentemente, novas transgressões.
com outras pessoas – que pode ser desfrutada sem ter como
consequência as suas perigosas implicações sociais e
individuais: o fim do casamento monogâmico ou a
separação do casal.
Considerações finais
Apesar de estarem dispostos a viver uma maior
liberdade sexual em seus relacionamentos, os pesquisados
pretendem manter uma fidelidade amorosa. A proposta
swinger incluiria uma “poligamia sexual”, com a preser-
vação de uma “monogamia amorosa”. A separação entre
sexo e amor parece ser um dos princípios fundamentais para
aqueles que aderem à prática. Os limites entre o sexual e o
afetivo, entretanto, nem sempre são claros e o que pode e o
que não pode é, mais uma vez, parte de uma negociação
de cada casal.
Os casais swingers procuram satisfazer as suas fan-
tasias sexuais transgredindo, dentro de um limite determi-
nado, certas convenções sociais sobre sexo e casamento.
No entanto, por meio da separação entre sexo e amor e sob
o domínio do consentimento, o swing pode acabar
reafirmando as convenções existentes.
Um ponto interessante observado ao longo deste
trabalho diz respeito à vivência de fantasias sexuais. Percebe-
se que o swing, para alguns, é apenas uma das fantasias em
uma série de muitas outras. Com o passar do tempo, para
certos casais (não todos), o swing deixa de ser um estímulo,
não é mais tão excitante, e novas fantasias são criadas e
buscadas. A lógica do desejo, da fantasia, do consumo, da
frustração e de novos desejos, presentes na sociedade de
consumo, aparece aqui associada à esfera da sexualidade.
Referências bibliográficas
BATAILLE, Georg. O erotismo. 2. ed. Lisboa: Moraes, 1980.
BAUMAN, Zygmunt. Amor líquido: sobre a fragilidade dos
laços humanos. Rio de Janeiro: Zahar, 2004.
BÉJIN, André. “O casamento extraconjugal dos dias de hoje”.
In: ÀRIES, Philippe; BÉJIN, André (Orgs.). Sexualidades
ocidentais. 3. ed. São Paulo: Brasiliense, 1987. p. 183-193.
CAMPBELL, Colin. The Romantic Ethic and the Spirit of Modern
Consumerism. Oxford: Blackwell, 1995.
CASAL BAMBAM E PEDRITA. Disponível em: <http://casalbam
bamepedrita.blig.ig.com.br/>. Acesso em: 10 ago. 2008.
COMPRAZER. Disponível em: <http://www.comprazer.net/>.
Acesso em: 10 ago. 2008.
DUARTE, Luiz Fernando Dias. “A pulsão romântica e as ciências
humanas no Ocidente”. Revista Brasileira de Ciências
Sociais, v. 19, n. 55, p. 5-18, 2004a.
______. “A sexualidade nas ciências sociais: leitura crítica das
convenções”. In: PISCITELLI, Adriana; GREGORI, Maria
Filomena; CARRARA, Sérgio (Orgs.). Sexualidade e saberes:
convenções e fronteiras. Rio de Janeiro: Garamond, 2004b.
p. 39-80.
ELIAS, Norbert; DUNNING, Eric. A busca da excitação. Lisboa:
Difel, 1992.
FOUCAULT, Michel. História da sexualidade 1: a vontade de
saber. 16. ed. Rio de Janeiro: Edições Graal, 2005.
GIDDENS, Anthony. A transformação da intimidade:
sexualidade, amor e erotismo nas sociedades
modernas. São Paulo: Unesp, 1992.
GOLDENBERG, Mirian. “De amélias a operárias: um ensaio
sobre os conflitos femininos no mercado de trabalho e
nas relações conjugais”. In: ______ (Org.). Os novos
desejos. Rio de Janeiro: Record, 2000. p. 105-123.