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INTRODUÇÃO

O sangue é formado por estruturas celulares su spensas em um meio líquido


em constante movimento, circulando no interior de estruturas vasculares por todo o
organismo (ROSENFELD, 2007). É constituído por três diferentes linhagens
celulares: glóbulos brancos ou leucócitos; glóbulos vermelhos, eritrócitos ou
hemácias e plaquetas ou trombócitos (ZAGO; FALCAO; PASQUINI, 2004).
O hemograma avalia esses elementos celulares do sangue
quantitativamente e qualitativamente. É o exame complementar mais requerido nas
consultas médicas, sendo parte de todo check-up de saúde. Está incluído na lista de
exames de 48% dos pacientes que coletam sangue no laboratório. Essa preferência
universal denota que o hemograma é coadjuvante indispensável no diagnóstico e no
controle evolutivo das doenças infecciosas, das doenças crônicas em geral, das
emergências médicas, cirúrgicas e traumatológicas, e no acompanhamento de
quimioterapia e radioterapia, relacionando-se com toda Patologia (FAILACE, 2003).
A análise da série vermelha contempla a quantificação de eritrócitos,
hematócrito, dosagem de hemoglobina e índices hematimétricos (VCM, HCM,
CHCM, RDW), bem como o exame microscópico da morfologia eritrocitária. Esses
dois conjuntos de análises fornecem subsídios para o diagnóstico das principais
causas de anemias. Podemos considerar inicialmente a quantificação dos eritrócitos,
que dará subsídios para a “classificação laboratorial das anemias” e, a seguir, a
análise morfológica dos eritrócitos que auxilia na “classificação das causas e dos
tipos de anemias”. Define-se por anemia quando o eritrograma apresenta a
concentração da dosagem de hemoglobina menor que o valor padrão para a idade,
ou para homens e mulheres adultos (FAILACE, 2003).
A análise da série branca é também conhecida por leucograma e avalia as
contagens total e diferencial (valores relativo e absoluto) dos leucócitos, bem como a
morfologia dos neutrófilos, linfócitos e monócitos, principalmente (FAILACE, 2003).
A primeira análise do leucograma se suporta na verificação da contagem total
dos leucócitos: quando os mesmos estão acima do valor padrão para a idade
denomina-se por leucocitose, e quando abaixo por leucopenia. Especialmente a

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leucocitose deve ser adjetivada em discreta (ou leve), moderada e acentuada, de
acordo com os valores do leucograma (MOURA, 1982).
As leucocitoses ocorrem basicamente em três situações:
Leucocitose fisiológica – geralmente de grau leve é comum em gestantes,
RN, lactantes, após exercícios físicos e em pessoas com febre;
Leucocitose reativa – estão notadamente relacionadas com o aumento de
neutrófilos e se devem às infecções bacterianas, inflamações, necrose tecidual e
doenças metabólicas;
Leucocitose patológica – estão relacionadas a doenças mieloproliferativas
(leucemias mielóides, policitemia vera, mieloesclerose) e linfoproliferativas
(leucemias linfóides e alguns linfomas). Na vigência de leucocitoses é fundamental a
cuidadosa análise da morfologia leucocitária, distinguindo para os neutrófilos as
seguintes verificações: presença de neutrófilos jovens (bastões, metamielócitos,
mielócitos e promielócitos), granulações tóxicas, vacúolos citoplasmáticos e
inclusões anormais. Nas leucocitoses patológicas, especialmente aquelas que
derivam de leucemias agudas, é comum observar leucócitos jovens e com nucléolos
– os blastos. Em leucemias mielóides agudas a presença de blastos (ou
mieloblastos) é muito freqüente, da mesma forma que os blastos (ou linfoblastos)
nas leucemias linfóides agudas. Há necessidade de se ter muita segurança para
liberar no laudo a presença de células blásticas. Para evitar constrangimentos
desnecessários, sugere-se que na vigência de leucocitoses e presença de células
blásticas ou jovens se deva fazer um contato com o médico do paciente antes da
liberação do laudo (MOURA, 1982).
As infecções virais, por sua vez, induzem a linfocitose relativa, com ou sem
leucocitose e, às vezes, até leucopenias. Nesses casos a presença de linfócitos
atípicos que se caracterizam pelas morfologias alteradas nas formas do núcleo e da
célula, na relação núcleo/citoplasmática e intensa basofilia do citoplasma,
constantemente ultrapassa a 5% dos linfócitos contados. Muitas vezes as infecções
virais sensibilizam as células apresentadoras de antígenos as quais são
caracterizadas pela monocitose e linfocitose conjuntamente, como ocorrem na
mononucleose infecciosa (MOURA, 1982).

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A leucopenia muitas vezes se deve à diminuição dos neutrófilos e pode ser de
causas fisiológica ou induzida por drogas e poluentes, reativa e processos
imunológicos (MOURA, 1982).
As plaquetas constituem elementos anucleados oriundos da fragmentação
citoplasmática do megacariócito. Sua função após uma ruptura do vaso, é de
migrarem ao local da lesão e tem propriedade de aderir-se ao tecido subendotelial,
formando-se um tampão plaquetário de caráter irreversível, porém temporário. As
alterações plaquetárias dá-se clinicamente alguns aspectos, como a formação de
petéquias, sangramento espontâneo ou por traumas (ROSENFELD, 2007).
A contagem de reticulócitos no sangue periférico fornece informações sobre a
integridade funcional da medula óssea. Constitui um fator importante no diagnóstico,
classificação e monitorização do tratamento das anemias, na confirmação da
regeneração da medula óssea após quimioterapia ou transplante, e na
monitorização da terapêutica com eritropoietina humana recombinante
(ROSENFELD, 2007).

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OBJETIVO

Realizar as técnicas laboratoriais no setor de hematologia, com foco de


instruir o aprimoramento sobre as técnicas manuais e automatizadas, onde terá o
conhecimento sobre os exames e resultados.

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METODOLOGIA

DISTENSÃO SANGUÍNEA

Homogeneizou-se bem a amostra e posteriormente em uma lâmina


depositou-se uma gota do sangue, sob o auxílio de outra lamina em um ângulo de
aproximadamente 45º distendeu o sangue de forma contínua e uniforme. E logo
após realizou-se a coloração.

(Fonte: http://goo.glesafe.com/?q=esfrega%C3%A7o%20sangu%C3%ADneo)

COLORAÇÃO MAY-GRUNDWALD-GIENSA

 As lâminas foram postas sobre o suporte de coloração;


 Cobriu-se totalmente as lâminas com corante May-Grunwald (fixador);
 Esperou-se 4 minutos;
 Dilui-se com água com auxílio de um bécher sobre as lâminas;
 Misturou-se sobrando levemente para homogeneizar;
 Esperou-se mais 2 minutos;

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 Lavou-se logo após as lâminas com água de torneira utilizando-se um balão
de vidro;
 Após retirar o excesso de água, cobriu-se a lâmina com Giensa;
 Esperou-se 10 minutos e posteriormente retirou o corante com água de
torneira com auxílio de um balão de vidro;
 Limpou-se a parte posterior da lâmina e esperou-se secar para realizar-se a
contagem celular.

Reticulócitos

Em um tubo de vidro com identificação colocou-se 50 µL de sangue total com


50 µL de corante Azul Cresil Brilhante, posteriormente homogeneizou-se e incubou-
se em banho-maria 37ºC por 15 minutos. Após dar o tempode incubação retirou-se
do banho-maria e fez-se uma distensão sanguínea. Logo que secou a lâmina,
procedeu-se a contagem no microscópio com lente de imersão. Contou-se 10
campos com distribuição uniforme das hemácias e o valor total do achado de
reticulócitos dividiu-se por 10 (dez) e encontrou-se o resultado em % (porcentagem).

Fônio

Pegou-se a lamina com uma distensão sanguínea com identificação do


paciente e contou-se o número total de hemácias dentro de um campo e anotou-se o
valor, em seguida contou-se 10 campos de plaquetas a partir do mesmo do início da
contagem das hemácias e realizou-se o seguinte cálculo para conferência de
confirmação de plaquetas.

Hemácias(manual) Eritrócitos(aparelho)
X
x Plaquetas(manual)

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RESULTADO E DISCUSSÃO

CASO 2 – 123255-25
R. A. J., 50 anos, masculino.

HEMOGRAMA COMPLETO

  Resultado Valor de Referencia


Eritrócitos 3.60 milhões/ mm3 4.3 a 5.9
Hemoglobina 14.4 g/dL 13.3 a 17.7
Hematócrito 41.9 % 45 a 55
V.C.M 116 fentolitros 80 a 100
H.C.M 40 picogramas 26 a 30
C.H.C.M 34 g/dL 32 a 35
R.D.W 23.7 % 10 a 15
 Obs.: Anisocitose (+++), Macrocitose (+++)

Leucócitos 5.2 mil/mm3 5.0 a 10.0 mil/mm3


 
  Resultado Valor de Referência
  % mil/mm3 % mil/mm3
Mielocito 0 0.000 0 0
Metamielócito 0 0.000 0 0
Bastonetes 0 0.000 0a5 0 a 0.50
Segmentados 50.5 2.626 36 a 70 1.80 a 7.00
Eosinófilos 7.1 0.369 1a6 0.05 a 0.60
Basófilos 0.9 0.047 0a2 0 a 0.20
Linfócitos 29.6 1.539 20 a 50 1.00 a 5.00
Linf. Atípicos 0 0.000 0 0

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Monócitos 11.9 0.619 2 a 12 0.05 a 1.30
Outras 0 0.000 0 0
 
Plaquetas 255.000/mm3 140.000 a 450.000/mm3  
VPM 9.2 fentolitros 6.0 a 11.0 fentolitros  

COAGULOGRAMA

Tempo de Sangramento: 1 minuto e 42 segundos


Valores de Referência: 1 a 3 minutos

Tempo de Coagulação: 3 minutos e 22 segundos


Valores de Referência: 2 a 8 minutos

Prova do Laço: Negativo


Referência: Negativo

Contagem de Plaquetas: 255.000/mm3


Valores de Referência: 140.000 a 450.000/mm3

TEMPO DE TROMBOPLASTINA PARCIAL ATIVA (TTPA)

Resultado: Valor de Referência


Tempo: 43.6 segundos de 30 a 43 segundos

Método: Bell-Alton

Discussão:
A sigla RDW, que em inglês quer dizer red blood cell distribution
width (comprimento de distribuição de glóbulos vermelhos) é o índice que serve para
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indicar a anisocitose através da porcentagem que se encontra no exame de sangue.
A anisocitose é um termo médico usado para indicar a presença de glóbulos
vermelhos de diferentes tamanhos no hemograma. Esta situação é considerada
como algo anormal no sangue que costuma acontecer principalmente por causa de
alguma forma de anemia (VALLADA, 1993).
Já a macrocitose encontrada no hemograma é caracterizada por glóbulos
vermelhos suficientes e invulgarmente grandes. A ausência de células vermelhas do
sangue viáveis conduz à deficiência de oxigénio em todo o corpo. Com o tempo,
esta falta de oxigênio pode causar sintomas relacionados a vários sistemas
orgânicos (BAIN, 1982).
Os sintomas de macrocitose pode variar de muito leve a grave. Os sintomas
gerais de macrocitose estão relacionados com anemia e incluem fadiga, falta de
concentração, tonturas, palidez e falta de ar. Em casos graves, macrocitose pode
levar a sintomas neurológicos, como confusão, demência, depressão, perda de
equilíbrio, e dormência ou formigamento nos braços e pernas. Os sintomas
neurológicos de macrocitose devem receber atenção médica imediata, pois eles
podem se tornar permanente se não for tratada (FAILACE, 2003).
A macrocitose normalmente resulta de um problema com a deficiências de
vitamina B12 ou folato, dois nutrientes que são essenciais para a formação de
células vermelhas do sangue. Tais problemas podem resultar de danos ao aparelho
digestivo que interfere com a absorção eficiente desses nutrientes. Uma doença
hereditária chamada anemia perniciosa, em que o corpo não consegue absorver
suficiente vitamina B12, é uma das principais causas de macrocitose. Além disso, a
ingestão inadequada de vitamina B12 e ácido fólico pode levar a baixos níveis
desses nutrientes no organismo (FAILACE, 2003).
Portanto, o quadro clínico do hemograma acima, sugere o caso de um
paciente com um quadro de Anemia megaloblástica, onde há uma macrocitose
elevada, tendo um relativo aumento do RDW, causando uma anisocitose também
elevada. Porém, segundo FAILACE, há possibilidade quando o VCM excede 110 fL
e os eritrócitos são redondos, de aspecto normal mas tendo uma elevada
macrocitose, também pode-se sugerir uma macrocitose alcoólica que não é notado
ao microscópio, pois é um achado da tecnologia, sendo assim, neste caso a

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etiologia só pode ser confirmada por informação do médico, consulta ao paciente ou
à família.

CASO 2 – 014075-25
A.R., 6 anos, masculino

HEMOGRAMA COMPLETO

  Resultado Valor de Referencia


Eritrócitos 5.16 milhões/ mm3 4.3 a 5.9
Hemoglobina 14.1 g/dL 13.3 a 17.7
Hematócrito 40.8 % 45 a 55
V.C.M 79 fentolitros 80 a 100
H.C.M 27 picogramas 26 a 30
C.H.C.M 35 g/dL 32 a 35
R.D.W 13.1 % 10 a 15
 

Leucócitos 10.7 mil/mm3 5.0 a 10.0 mil/mm3


 
  Resultado Valor de Referência
  % mil/mm3 % mil/mm3
Mielocito 0 0.000 0 0
Metamielócito 0 0.000 0 0
Bastonetes 1 0.093 0a5 0 a 0.50
Segmentados 16 1.508 36 a 70 1.80 a 7.00
Eosinófilos 3 0.104 1a6 0.05 a 0.60
Basófilos 0 0.000 0a2 0 a 0.20
Linfócitos 72 3.380 20 a 50 1.00 a 5.00

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Linf. Atípicos 0 0.000 0 0
Monócitos 8 0.208 2 a 12 0.05 a 1.30
Outras 0 0.000 0 0
 
 
Plaquetas 358.000/mm3 140.000 a 450.000/mm3  
VPM 8.5 fentolitros 6.0 a 11.0 fentolitros  

GLICOSE
Resultado: 96mg/dL VALOR DE REFERÊNCIA

65 á 99mg/dL

Método: Enzimático

TSH
Resultado: 6,2µUI/mL VALOR DE REFERÊNCIA

0.27 á 4.2 µUI/mL

Método: Elisa

URINA TIPO I

EXAME FÍSICO Valor de Referência

Cor Amarelo Claro Variável


Densidade 1,020 1,055 á 1,025
Aspecto Límpido Límpido
Depósito Leve Leve

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EXAME FÍSICO
pH 6,0 5,0 á 7,0
Glicose Negativo Negativo
Proteínas Negativo Negativo
Cetonas Negativo Negativo
Hemoglobina Negativo Negativo
Bilirrubinas Negativo Negativo
Nitrito Negativo Negativo

SEDIMENTOSCOPIA
Leucócitos <7.000/mL Até 7.000/mL
Hemácias <5.000/mL Até 5.000/mL
Cilindros Ausentes
Cristais Ausentes
Filamentos de Muco Ausentes
Cel. Epiteliais Raros
Parasitas Ausentes
Bactérias Ausentes

EXAME PARASITOLÓGICO
Helmintos: Negativo
Protozoários: Negativo
Material: Fezes

Discussão:

Leucócitos, são os glóbulos brancos do sangue, que fazem parte do


sistema de defesa imunológica do organismo. Há diversos tipos de
leucócitos, cada um deles com diferentes funções: alguns atacam
diretamente o invasor, outros produzem anticorpos, outros apenas fazem a

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identificação, e assim por diante (BAIN, 1995).
Os neutrófilos são o tipo mais comum de leucócitos, especializados no
combate a bactérias e fungos, envolvendo-as e matando-as.
Uma neutropenia (diminuição do número de neutrófilos) aparece
nas infecções bacterianas, sobretudo, nas inflamações e nas necroses de
tecidos. Pode também acontecer nos últimos meses de gravidez, nos
tratamentos por corticoides, tabagismo, desordens metabólicas, neoplasias,
hemorragia aguda ou hemólise, doenças mieloproliferativas como leucemia
mieloide crônica, policitemia vera, etc (RAVEL, 2000).
Os linfócitos são o segundo tipo mais comum de glóbulos brancos.
São responsáveis pela produção dos anticorpos que atuam contra
as infecções virais, detectam e destroem algumas células cancerosas.
Chama-se linfocitose o aumento do número de linfócitos. As linfocitoses
(aumento dos linfócitos) verificam-se nas doenças infecciosas. Uma
hiperlinfocitose duradoura em um adulto pode indicar
uma leucemia linfoide crônica, um linfoma não-Hodgkin ou uma tireotoxicose
(FAILACE, 2003).
A sugestiva do caso é que o paciente pode estar com um processo
inflamatório ou infeccioso, por isso mostra a alteração significativa de
neutrófilos e linfócitos.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BAIN, J.N. Células Sanguíneas: Um guia prático. 2ª ed. Porto Alegre.


Artmed editora, 1995. 325p.

FAILACE. R. Hemograma: Manual de interpretação. 4ª ed. São Paulo.


Artmed editora AS, 2003. 197p.

MOURA, Roberto de Almeida. Técnicas de Laboratorio. 2. ed. Rio de


Janeiro: Atheneu, 1982. 564 p.

RAVEL, R. Laboratório Clínico – Aplicações dos Dados laboratoriais. 6 ed.


Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000, p 490.

ROSENFELD, Ricardo. Fundamentos do Hemograma: do laboratório à


clínica. 1ª ed. Rio de Janeiro. Guanabara Koogan, 2007. 1 p, 9 p, 15p, 16p.

VALLADA, Edgar Pinto. Manuel de Técnicas Hematológicas. 2. ed. São


Paulo: Atheneu, 1993. 390 p.

ZAGO, M. A; FALCAO, R. P.; PASQUINI, R.. Hematologia: Fundamentos e


Prática. São Paulo: Atheneu, 2004. 460p.

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