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A sociedade do dinheiro, da miséria e da prosperidade

Cláudio Boriola (ver perfil)

* Cláudio Boriola - Consultor Financeiro

Considerando o que as pessoas poderiam pensar a respeito do dinheiro,


poderíamos indagar se o dinheiro seria positivo ou negativo para a manutenção das
sociedades? Provavelmente 50% responderiam que o dinheiro é positivo e não compra
a felicidade, manda buscar. E a outra metade diria que é negativo e o mal do mundo, o
que ocasiona a pobreza, a miséria e a corrupção da humanidade. No entender de
muitas pessoas, nem uma coisa nem outra.
O dinheiro, intrínseca e extrinsecamente é neutro, sendo apenas um instrumento de
troca. O uso que fizermos dele fará com que se torne positivo ou negativo. Se o utilizarmos
para angariarmos mais poder sobre nosso semelhante e a sociedade escravizando e
empobrecendo aqueles que de nós dependem, com certeza será absolutamente negativo
para todas as partes. Agora, se o empregarmos para construirmos uma sociedade mais justa,
gerando riquezas e desenvolvimento coletivo e humanitário, certamente será positivo e
perdurará por muito tempo.
Michel de Notredame, o famoso profeta conhecido pelo pseudônimo de
Nostradamus — se as interpretações de suas centúrias não estiverem erradas —,
disse que: — “Chegará o dia em que o simulacro do ouro e da prata será queimado em
praça pública”, obviamente o dinheiro. É impossível analisarmos o desenvolvimento
das sociedades sem considerar suas culturas religiosas.
O Ocidente adotou a cultura acadêmica grega, entretanto, recusou seu panteão
de deuses, adotando a cultura religiosa semítica por meio do cristianismo, que é
basicamente judaica. Milênios antes de Cristo por meio do Shabhat, a lei
transcendental dos judeus, era comemorado o ano sabático, ou seja, o ano judaico
durava 70 dias, e a cada 7 anos judaicos o sétimo ano era destinado para o descanso,
festas religiosas, devoção total ao Deus Yahvé e ao perdão das dívidas. A cobrança de
juros é absolutamente proibida, tanto na religião judaica, pela Torá, quanto no
islamismo, conforme determina o Corão. Por mais paradoxal que pareça, foram os
semitas, pela sua vocação e talento comercial, que inventaram as vendas a prazo e a
cobrança dos juros, exatamente por serem proibidos em suas culturas religiosas.
E é estarrecedor assistirmos a luta predatória da cobrança dos juros dos povos
pobres pelos ricos, dos grandes cartéis empresariais e financeiros sobre as sociedades de
maneira geral, empobrecendo literalmente a humanidade e gerando e mantendo pequenas
células de riqueza em detrimento da grande pobreza que graça pelo mundo afora.
Quando assistimos os acontecimentos do mundo financeiro, não é difícil
acreditar que Nostradamus poderia estar certo. Quantos anos ainda duraria o
capitalismo, se a sua contrapartida, que é o comunismo, ruiu? Um pólo subsistirá sem
o outro por quanto tempo? Caso ocorra a extinção do capitalismo, possivelmente
surgirá a criação de um novo e terceiro sistema, os ricos considerados os poderosos,
abrirão mão das suas riquezas e poder em beneficio da sociedade? Seria possível
imaginarmos uma sociedade, moralmente, e altamente desenvolvida com as
disparidades sociais geradas por esse capitalismo selvagem desumano? Essas são
perguntas difíceis para qualquer um responder.

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