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Escola Secundária Eduardo Mondlane

Ficha 5 – 11ª Classe - 2021

Tema: Texto expositivo/argumentativo

O discurso argumentativo está sempre presente no nosso quotidiano: nas conversas e discussões informais, nos
tribunais, nas escolas e universidades, nos discursos políticos, nas apresentações dos resultados de investigação
científica, nos debates, nas igrejas, nos artigos jornalísticos, no comércio e em muitos outros contextos.

Embora muitas vezes este tipo de discurso, seja produzido informal e inconscientemente, a argumentação a
argumentação obedece a regras específicas.

Conceito

O texto expositivo/argumentativo (ou simplesmente argumentativo) apresenta um raciocínio segundo o qual se


defende ou se refuta um ponto de vista.

O autor expõe uma tese e, com base em argumentos procura convencer, persuadir e influenciar ao destinatário
a aderir ao seu ponto de vista. Este discurso deve ser claro, directo e preciso.

Organização textual

O texto é constituído por uma tese geral e vários argumentos.

A tese – é a proposição, uma ideia que o autor do texto pretende defender, pode conter além da tese principal, ideias
secundárias subordinadas à principal.

Os argumentos – são as razões ou provas, a que se recorre para a defesa de um pensamento. Por vezes o texto
argumentativo faz uso de argumentos contrários a tese defendida. A refutação dos contra-argumentos apresentados
contribuem para reforçar a tese que o autor pretende defender. A coexistência de argumentos favoráveis e contrários a uma
tese origina um paradoxo, uma contradição ou confusão, que depois é resolvida.

Síntese – é a conclusão a que se chega após a argumentação.

Apresentação textual

1.Introdução – Exposição da tese

É a apresentação do assunto a ser discutido e do ponto de vista que orientará o autor no desenvolvimento do seu
texto. Pode ser elaborada por meio de uma afirmação, uma definição, uma citação, uma interrogação, ou através da
narração de um facto ou traçando uma trajectória histórica da questão tratada.

2. Desenvolvimento – Conjunto argumentativo

É a parte mais extensa do texto argumentativo. Constitui-se pela apresentação dos argumentos, que podem ser
exemplificações, dados estatísticos, referências históricas, etc., que justificam e sustentam a tese (ideia central) apresentada
na introdução.

3. Conclusão

É a síntese dos argumentos apresentados; faz-se a confirmação da tese.


Tipos de argumentos

Os argumentos usados na elaboração de um texto expositivo/argumentativo podem ser de vária ordem:

- Argumentos naturais – também chamados de argumentos de autoridade, incluem os textos das leis e as opiniões emitidas
por pessoas de prestígio especializadas na matéria tratada;

- Verdades ou princípios universais – aceites, como tal, por todos;

- Exemplos – apresentação de uma situação semelhante àquela que se está a apresentar.

Tipos de planos

O texto argumentativo segue, geralmente, um dos seguintes planos:

- Plano por agrupamento – reúne argumentos da mesma natureza – por exemplo, argumentos técnicos, psicológicos,
históricos, económicos ou outros – e organiza-os em função do seu destinatário, pois, para certo grupo – alvo, os argumentos
económicos ou psicológicos poderão ser mais importantes que os históricos.

- Plano por oposição – organiza-se a partir da refutação sistemática de uma ideia básica, para se deduzirem as vantagens
de uma outra ideia; por outras palavras, nega-se uma ideia para elevar outra contrária. Também se pode elevar uma ideia
em detrimento de outra oposta.

-Plano moderado – o ponto de vista não é imposto. Um jogo de raciocínio leva, de forma natural, à posição do autor. Os
argumentos são moderados, desprovidos de um ataque directo ou de uma exigência severa. Contudo, exigem grande
elaboração. É um processo de argumentação ténue (frágil), indirecto, delicado, mas muito poderoso.

Componentes da argumentação

1. Fórmulas introdutórias

Comecemos por… Recordemo-nos de…


O primeiro aspecto dirá respeito à… Relativamente…
É necessário primeiro lembrar que… Quanto a…
Analisemos primeiro…

2. Transição/ adição

Passemos a presença de… Por outro lado…


Consideremos o caso de… Além do mais…
Antes de passar a…é preciso notar que… Paralelamente…
Agora vejamos… Deve-se acrescentar…
A seguir vejamos…

3. Fórmulas conclusivas

Por consequência… Por fim…


Por isso… Finalmente…
Em suma… Para concluir…
Pode-se concluir dizendo que… Acreditamos/dizemos/estamos convictos de que…
Portanto…

4. Enumeração

Em primeiro lugar… Tais como…


Em segundo lugar… A saber…
Antes de tudo… Inicialmente…
Em seguida… Primeiramente…
Por outro lado… Outro aspecto importante…
Por um lado…

5. Expressões de reserva

Todavia… Duvido…
Mas… É pouco provável…
Contudo… Provavelmente…
No entanto… Talvez…

6. Fórmula de insistência

Não só…mas também… Com efeito…


Não só…como também… Evidentemente…
Mesmo… Efectivamente…
Com maior razão… Claramente…
Note-se que… Sem dúvida…

7. Inserção de um exemplo

Consideremos o caso de… Por exemplo…


O exemplo de…confirma que… Como o exemplo de…
O caso seguinte pode ilustrar… Como acontece com/em…
Tal é o caso de…

8. Expressões de opinião

A meu ver… Na minha opinião…


Parece-me que…

Actos de fala

1. Persuadir/convencer

Olha (olhe) que é melhor… …tem a vantagem de…


Não penses (pensa) duas vezes…

2. Provar ou refutar uma ideia

Não constitui a verdade… Não é lógico…


Está provado que… A partir de…não se pode concluir que…
O exemplo de…confirma que…

3. Justificar uma ideia/ponto de vista/opinião

Eu se fosse a ti (si) …porque… A minha opinião é que…porque…


Achava melhor que…porque…

4. Formular hipóteses

No caso de… Uma hipótese é…


…a não ser que… Seria bom se…
Se considerarmos que… Talvez fosse melhor…

Função de linguagem – predomina a função apelativa.

Lê atentamente o seguinte texto.

Saber ler

Toda a gente culta lamenta que, nos países civilizados, ainda haja muitos seres humanos que não sabem
ler. Parece-nos isto uma vergonha para a civilização. De facto o é. Poucos, todavia, de entre toda essa gente culta,
chega a meditar um pouco sobre as vantagens e desvantagens de saber ou não saber ler.
A primeira vantagem de saber ler – primeira por ser a que imediatamente ocorre a qualquer pessoa – e é
de ordem prática. Evidentemente se torna, que neste nosso mundo moderno, o analfabeto está praticamente inibido
de muitas coisas. Mas outra vantagem – talvez não menos importante – que oferece a leitura é de abrir acesso a
cultura. Analfabetos há que, pela experiência da vida, pelo trato com os homens, pelos dons naturais, adquirem
aquele grau de cultura já implicada. Homens há que sabem ler, mas não sabem dispor desta estupenda vantagem,
e então ficam analfabetos apesar de saberem ler.
Nos primeiros se torna particularmente aflitivo o analfabetismo. Pois, se, com a simples experiência e os
dons naturais, conseguem eles distinguir-se, até onde não iriam se soubessem ler, se pudessem cultivar a leitura?
Quanto aos segundos, são o exemplo de um mal que sempre existiu, mas particularmente alastra nos nossos
vertiginosos dias. Sim, não basta saber ler, se por saber ler se entende distinguir uns certos caracteres e dar-lhes
significados! Há um saber ler que vai muito mais longe, muito mais alto, muito mais fundo. E só este
verdadeiramente abre as portas de oiro de cultura autêntica.
Nesse superior sentido – não, não sabe ler o indivíduo que se limita a devorar jornais, revistas, selecções
ou romances mais ou menos policiais, com o mínimo de actividade mental. Porque saber ler – no superior sentido
– é meditar os grandes autores; dialogar com eles, discutir com eles os problemas que nos propõem; viajar, de
braço dado com eles, pelos maravilhosos reinos da Sensibilidade, da Fantasia, da Inteligência: admirar,
conscientemente, o que nos oferecem de grande, de belo, verdadeiro; chegar, em fim, a ser digno do seu convívio,
e enriquecer o espírito ao calor e à luz desse contacto.

Isto, sim, é saber ler, - porque saber ler é colaborar. Mas isto exige atenção, vagar, concentração,
reconhecimento, esforço. O profundíssimo prazer de boa leitura é com tal moeda que se paga. Aqui me dirão que
a vertiginosa vida actual não chega para tanto! Não dá tempo. Eu bem vejo que em grande parte se substitui hoje
a leitura pela rádio ou televisão, como se pudesse o que quer que seja substituir a leitura! Bem vejo que se lê onde
calha, ao deus-dará. Por certo é melhor ler mal, que nada. Mas no fim e ao cabo, ou o homem acabará por sofrer
uma degradação, ou, na medida do possível, terá que se opor à vertigem que hoje vai arrastando. Meus amigos!
Em havendo vontade da juventude, há sempre uma medida possível até agora contra a mais firme aparência do
impossível.
José Régio, O Grito

Interpretação do texto

1. No texto acima, identifique:


a) a tese;
b) dois argumentos.

2. Identifique os tipos de argumentos usados na elaboração do texto.

3. Que plano o articulista seguiu para redigi-lo?

4. Identifique no texto alguns componentes da argumentação.

5. Retire do texto exemplos de actos de fala para:

a) Persuadir/convencer;

b) Justificar uma ideia/ponto de vista/opinião.

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