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TEORIA GERAL DO CRIME

PROF: VALDECIR JR
CONCEITOS HISTÓRICOS – TEMPOS PRIMITIVOS

Período da Vingança

“A maldade é a vingança do homem contra a sociedade, pelas restrições que ela impõe. As mais desagradáveis
características do homem são geradas por esse ajustamento precário a uma civilização complicada. É o resultado do
conflito entre nossos instintos e nossa cultura…” Sigmund Freud

O que seria a vingança? Ficariam satisfeitos em retribuir o mal com o mal?

Tendo início nos tempos primitivos, nas primórdios da humanidade, o Período da Vingança prolonga-se até o
século XVIII. Podem-se distinguir as diversas fases de evolução da vingança penal, como a seguir:
· Fase da vingança privada;
· Fase da vingança divina;
· Fase da vingança pública.
DIREITO PENAL ROMANO, GERMANICO, CANONICO, COMUM

Direito Penal Romano


• Ruptura e o desmembramento dois dois alicerces mais fortes de Roma (Religião e Direito). A vingança privada
foi abolida, passando ao Estado o magistério penal.
• “Os romanos contribuíram para a evolução do direito penal fazendo a distinção do crime, do propósito, do
ímpeto, do acaso, do erro, da culpa leve, do simples dolo e dolo mau (dolus malus), além do fim de correção da
pena” (AGUIAR, Leonardo, 2016)
Direito Penal Germânico
O Direito era visto como uma ordem da paz com o Estado. Sendo, então, o crime como a quebra, a ruptura com
este Estado.
• Inicialmente eram utilizadas a vingança. As leis bárbaras caracterizavam-se pela composição, onde as tarifas
eram estabelecidas conforme a qualidade da pessoa, o sexo, idade, local e espécie da ofensa. Para aqueles que
não pudessem pagar eram atribuídas as penas corporais.
• Lei de Talião
Direito Canônico

• É o ordenamento jurídico da Igreja Católica Apostólica Romana.

• Derivado da palavra kánon, que significava regra e norma, com a qual originariamente se indicava qualquer
prescrição relativa à fé ou à ação cristã.

Tinha o caráter meramente disciplinar, porém com o fortalecimento do poder do papa, este direito passou atingir a
todos da sociedade. O principal objetivo era recuperar os criminosos através do arrependimento, mesmo que fosse
necessária a utilização de penas e métodos severos - (AGUIAR, Leonardo, 2016)

Os delitos eram classificados em:

• Delicta eclesiástica

• Delicta mere secularia

• Delicta mixta
Direito comum – humanitario

• Fins do século XVII, com a propagação dos ideais iluministas, ocorreu uma conscientização quanto
às barbaridades que vinham acontecendo. Almejava-se uma lei penal que fosse simples, clara,
precisa e escrita em língua pátria. Deveria ser também severa o mínimo necessário para combater a
criminalidade.
• Teoria do Contrato Social

• César de Bonesana, o Marques de Beccaria foi um marco decisivo para a modificação do Direito
Penal
ESCOLAS PENAIS: CLASSICA, POSITIVA, TECNICO-JURIDICA

Escola Clássica
“Também chamada de Idealista, Filosófico-jurídica ou Crítico Forense, essa escola nasceu sob os
ideais iluministas. Para a Escola Clássica a pena é um mal imposto ao indivíduo merecedor de um
castigo por motivo de uma falta considerada crime, cometida voluntária e conscientemente.”
(AGUIAR, Leonardo. 2016)
• A finalidade da pena é o restabelecimento da ordem externa na sociedade.

Divisão da escola clássica

• Filosófico ou teórico:
• Jurídico ou prático
Escola Positivista
• Esta nova corrente filosófica teve como precursor Augusto Comte, que representou a ascensão da
burguesia emergente após a Revolução de 1789.
• Nessa epóca o crime começou a ser examinado sob o ângulo sociológico
• O médico Cesare Lombroso (1835-1909) trouxe a idéia de um criminoso nato, que seria aquele que já
nascia com esta predisposição orgânica. Era um ser atávico, uma regressão ao homem primitivo.
Lombroso estudou o cadáver de diversos criminosos procurando encontrar elementos que os distinguissem dos
homens normais. Após anos de pesquisa declarou que os criminosos já nasciam delinqüentes e que apresentam
deformações e anomalias anatômicas.
Os destaques para esses estudos são:
• Aspectos físicos
• Aspectos psicológicos
Seguindo a linha do médico Lombroso, têm-se agora a Sociologia Criminal, objeto de
estudo de Enrico Ferri (1856-1929). Nesse estudo ele classifica os criminosos em:
• Natos
• Loucos
• Habitual
• Ocasional
• Passional
Escola Técnico-Jurídica
• Nesse campo, observa-se o que o direito penal alicerça nos dias de hoje.
• Esta escola inicia-se em 1905 e é uma reação à corrente positivista. Procura restaurar o critério propriamente jurídico da ciência
do Direito Penal.
• O Direito penal seria aquele expresso na lei, e o jurista deve-se ater apenas a ela.
• Essa escola tem como objetivo desenvolver a ciência penal como instituto autônomo e com metodos próprios, sendo única e não
se misturando com outras ciências, como antropologia, sociologia, filosofia… numa verdadeira desorganização. Nesse sentido,
o direito penal tinha tudo, menos direito. (AGUIAR, Leonardo. 2016)
• No entanto, Arturo Rocco (pensador da epóca) propõe uma reorganização no qual o direito penal seria restrito ao direito
positivo, apenas.
Destaques para os estudo dividido em três partes:
• Exegese
• Dogmática
• Crítica
CONTEXTO FILOSÓFICO

DESTAQUE PARA ALGUNS DOS PRINCIPAIS FILOSOFOS QUE TIVERAM SUAS OBRAS COMO
BASE PARA O DIREITO.
Locke, filósofo inglês, foi considerado o pai do iluminismo, e escreveu a obra intitulada como “Ensaio sobre
o Entendimento Humano”.

Montesquieu, jurista francês, escreveu: “O Espírito das Leis”, defendendo a separação dos três poderes do
Estado.

Voltaire, pensador francês, ficou reconhecido e eternizado pela história pelas críticas ao clero católico, à
intolerância religiosa e à prepotência dos poderosos.

Rousseau, filósofo francês, célebre defensor da pequena burguesia e inspirador dos ideais da revolução
Francesa, foi autor da obra “O Contrato Social” e “Discurso sobre a Origem da Desigualdade entre os
Homens”.

Por fim, Diderot e D’Alembert foram os principais organizadores da “Enciclopédia”, obra que resumia os
principais conhecimentos artísticos, científicos e filosóficos da época.
QUESTÃO 1

1 - Segundo a teoria da tipicidade:


a) típico é o fato que encontra se amolda aos costumes de determinado local e, por isso, só
punidos se cometidos naquela região.
b) tipo é a descrição abstrata, estabelecida em norma penal incriminadora, de
comportamentos do agente capazes de violar bem juridicamente protegido.
c) atípico é o ato praticado pelo sujeito, sem que este saiba que o mesmo constitui crime.
d) As alternativas a e c estão corretas.
QUESTÃO 2

• Segundo a teoria da tipicidade conglobante proposta por Eugenio Raúl Zaffaroni, em que apenas a
Legítima defesa e o Estado de Necessidade excluem a ilicitude e o Estrito cumprimento do dever legal e o
Exercício regular de direito excluem a tipicidade, quando um médico, em virtude de intervenção cirúrgica
cardíaca por absoluta necessidade corta com bisturi a região torácica do paciente, é CORRETO afirmar
que:

a) responde pelo crime de lesão corporal.

b) não responde por nenhum crime, pois está albergado pela causa de exclusão de ilicitude do exercício regular
de direito.

c) não responde por nenhum crime, carecendo o fato de tipicidade, já que não podem ser consideradas típicas
aquelas condutas toleradas ou mesmo incentivadas pelo ordenamento jurídico.

d) não responde por nenhum crime, pois estará agindo em erro de tipo provocado por terceiro.

e) não responde por nenhum crime, pois está albergado pela causa de exclusão de ilicitude do estado de
necessidade.
DIREITO PENAL NO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO

• O que é um Estado Democrático de Direito?


Forma de Estado em que a soberania popular é fundamental
• Para Streck e Morais (2001, p.98), são princípios do Estado Democrático de Direito:
“Constitucionalidade: vinculação do Estado Democrático de Direito a uma Constituição como
instrumento básico de garantia jurídica; organização democrática da sociedade; sistema de direitos
fundamentais e coletivos, seja como Estado de distância, porque os direitos fundamentais asseguram ao
homem uma autonomia perante os poderes públicos, seja como um Estado antropologicamente amigo,
pois respeita a dignidade da pessoa humana e empenha-se na defesa e garantia da liberdade, da justiça e
da solidariedade; justiça social como mecanismos corretivos das desigualdades; igualdade não
apenas como possibilidade formal, mas, também como articulação de uma sociedade justa; divisão de
poderes ou de funções; legalidade que aparece como medida do direito, isto é, através de um meio de
ordenação racional, vinculativamente prescritivo, de regras, formas e procedimentos que excluem o
arbítrio e a prepotência; segurança e certeza jurídicas.”
FUNÇÃO DO DIREITO PENAL NO ESTADO DEMOCRÁTICO
Função regradora dos contatos sociais, mediante a aplicação de penas que visem
unicamente coibir as ações nocivas e estimular as condutas lícitas
• Principios limitadores do poder punitivo
• O princípio da legalidade
• O princípio da intervenção mínima
• O princípio da fragmentariedade
• O princípio da irretroatividade da lei penal
• O princípio da adequação social
• O princípio da insignificância
• O princípio da ofensividade
• O princípio da culpabilidade
• O princípio da proporcionalidade
• O princípio da humanidade
QUESTÃO 3
É correto afirmar, no que diz respeito ao princípio da culpabilidade, que:

a) a criminalização de uma conduta só se legitima se constituir meio necessário


para a proteção de determinado bem jurídico.

b) não há crime sem lei que o defina; não há pena sem cominação legal.

c) a pena deve estar proporcionada ou adequada à magnitude da lesão, ao bem


jurídico representada pelo delito e a medida de segurança à periculosidade criminal
do agente.

d) determina que a pena não pode ser superior ao grau de responsabilidade pela
prática do fato.

e) a pena só pode ser imposta a quem, agindo com dolo ou culpa, e merecendo
juízo de reprovação, cometeu um fato típico e antijurídico
QUESTÃO 4
O princípio da proporcionalidade:

a) proíbe a adequação típica por semelhança entre fatos.

b) determina que o poder punitivo estatal não pode aplicar sanções que
atinjam a dignidade da pessoa humana ou que lesionem a constituição
físico-psíquica dos condenados.

c) determina que a pena não pode ser superior ao grau de


responsabilidade pela prática do fato.

d) determina que ninguém será considerado culpado até o trânsito em


julgado de sentença penal condenatória.

e) determina que todos são iguais perante a lei penal.


QUESTÃO 5

Analise as afirmações sobre o princípio da insignificância e marque a alternativa


correta.
I – O princípio da insignificância está ligado aos chamados “crimes de bagatela”.
II – Nas hipóteses de lesões mínimas, será reconhecida a atipicidade dos fatos.
III – O princípio da insignificância recomenda que o direito penal apenas intervenha
nos casos de lesão jurídica grave.
a) Todas.
b) I e II.
c) I e III.
d) II e III.
QUESTÃO 6
Qual das alternativas traz o correto conceito do princípio da irretroatividade da lei
penal?

a) O direito penal só deve ser aplicado quando a conduta defende um bem jurídico,
não sendo suficiente que seja imoral ou pecaminosa.

b) O direito penal intervém somente nos casos de maior gravidade, protegendo


uma parte dos interesses jurídicos.

c) Apesar de uma conduta se subsumir ao modelo legal, não será considerada


típica se for socialmente adequada ou reconhecida, isto é, se estiver de acordo
com a ordem social da vida historicamente condicionada.

d) A lei posterior mais severa tem efeito "ex nunc".

e) Para que haja crime e seja imposta pena é preciso que o fato tenha sido
cometido depois de a lei entrar em vigor.
QUESTÃO 7
Analise as afirmações e marque a alternativa correta.

I – O princípio da fragmentariedade é conseqüência dos princípios da reserva legal


e da intervenção mínima.
II – O princípio da pessoalidade impede a punição por fato alheio.
III – O direito penal protege todos os bens jurídicos de violações, até os de menor
importância.

a) Todas as afirmações estão corretas.


b) Apenas as afirmações I e II estão corretas.
c) Apenas as afirmações II e III estão corretas.
d) Apenas as afirmações I e III estão corretas.
e) Nenhuma das afirmações está correta.
QUESTÃO 8
Qual das seguintes afirmações define corretamente o princípio da intervenção
mínima?

a) não há crime sem lei que o defina; não há pena sem cominação legal.

b) a pena só pode ser imposta a quem, agindo com dolo ou culpa, e merecendo
juízo de reprovação, cometeu um fato típico e antijurídico.

c) a criminalização de uma conduta só se legitima se constituir meio necessário


para a proteção de determinado bem jurídico.

d) nenhuma pena passará da pessoa do condenado.

e) a pena deve estar proporcionada ou adequada à magnitude da lesão ao bem


jurídico representada pelo delito e a medida de segurança à periculosidade criminal
do agente
QUESTÃO 9
Com relação ao princípio da humanidade, é correto afirmar que:

a) proíbe a adequação típica por semelhança entre fatos.

b) determina que o poder punitivo estatal não pode aplicar sanções que atinjam a
dignidade da pessoa humana ou que lesionem a constituição físico-psíquica dos
condenados.

c) determina que a pena não pode ser superior ao grau de responsabilidade pela
prática do fato.

d) determina que ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de


sentença penal condenatória.

e) determina que todos são iguais perante a lei penal.


REFERENCIAS

• AGUIAR, Leonardo. Histórico do Direito Penal. Disponivel em:


<https://leonardoaaaguiar.jusbrasil.com.br/artigos/324823933/evolucao-historica-do-direito-pena>
acesso em 07.Ago.2021

• BITENCOURT, Cezar Roberto.Tratado de Direito Penal. Editora Saraiva, 2015


• Evolução Histórica do Direito Penal. Disponível em: <
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-penal/evolucao-historica-do-direito-penal/> acesso
em 07.Ago.2021
• MIRABETE, Júlio Fabrini. Manual de Direito Penal. Volume 1.

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