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Revista do Instituto Histérico e Geografico 1. Verifique com uma das 15 GUARUIA ie BERTIOGA Sociedades C filadas Institute Historica e Geografico GUARUA - BERTIOGA Declarado de Utilidade Piiblica pela Lei Estadual N.’ 5.614 de 3 de maio de 1960 Revista N. 4 — Ano 2 — 1971 APRESENTACAO Aqui esté 0 quarto mitmero da Revista do Instituto His torico e Geografico Guarujd Bertioga, reunindo, em continua- do dos numeros anteriores, matérias do curso de Histdria da Arte promovido com grande sucesso pela nossa insti- tuigdo, A ceriménia de encerramento dessas aulas que reuniram mestres da Historia da Arte Brasileira vindos de t6da parte do pais, aparece também neste nimero documentério do esforco que 0 1.H.G.G.B. vem empreeniendo para difusdo da cultura em nosso Estado e a preservacao das tradicées € dos monumentos historicos do Brasil. Joao Fernando de Almeida Prado, grao senhor e grande historiador de Séo Pauto, aqui aparece com as suas licdes sobre as gravuras colonials do nosso pais, éle que € um mes- tre colecionador de raridades vibliograficas e de documentos dos mais importantes sdbre a nossa colonizacao, Outro as- sunto interessante que apresentamos é 0 relativo & miisica co- lonial brasileira, principalmente em Minas Gerais, no século XVII, onde as cidades histdricas, até agora, ouvem nas mis- sas dominicais das suas igrejas as mesmas muisicas barré- cas, tocadas pelos mesmos instrumentos de corda e de sopro, que desde os tempos coloniais vém enchendo de melodia, de ungdo e de graca as suas naves perfumadas a incenso, Neste capitulo, apesar da conferéncia publicada versar exclusivamente sObre a miisica barréca mineira, publicamos 0 fac-simile da partitura original de uma Missa Colonial pau- lista, agora descoberta nos arguivos da Mitra Arquidioce sana, composta no tiltimo quartel do século XVIII pelo Pa- dre André da Silva Gomes, Mestre de Capela da Sé de Sao Paulo, e agora pela primeira vez executada, por grande or- questra e coro, na capela do Mosteiro da Luz, na noite de 29 de junho de 1970, quando da inauguracéo do Museu de Arte Sacra de Sdo Paulo. Pedro de Oliveira Ribeiro Neto Diretor do Museu de Arte Sacra de S. Paulo CURSO “ARTE ANTIGA NO BRASIL” Iniciado em 7/8/1961 ‘Terminado em 8/11/1961 realizado no sallio nobre da Faculdade de Direito, da Univer- sidade de S40 Paulo, Largo Sao Francisco. 1° — GRAVURAS COLONIAIS — Dr. Fernando de Almeida Prado — MUSICA DO BRASIL COLONIAL — Prof. Ciro Mon- teiro Brizzola. —-PATRIMONIO HISTORICO E ARTiSTICO NACIONAL — Dr. Rodrigo de Mello Franco de Andrade ENCERRAMENTO DO CURSO DE EXTENSAO CULTURAL “ARTE ANTIGA NO BRASIL” (Palavras pronuneiadas por D. Liicia Piea Figueira de Mello Falken- berg por ocasido do encerramento do cursa “Arte Antiga no Brasil” em 8 de novembro de 1961) Velo Dr, RODRIGO MELO FRANCO DE ANDRADE, 4d. Diretor da Diretoria do Patriménio Histérico e Artistico Na- cional de Sao Paulo, a fim de participar do curso “ARTE ANTIGA NO BRASIL” promovido pelo INSTITUTO HISTO- RICO E GEOGRAFICO GUARUJA-BERTIOGA, proferindo importante conferéncia, com palavras de alerta sobre o van- dalismo imperdodvel que arrasa e destréi os monumentos tradicfonais da nossa terra, Mestre RODRIGO veio trazer a sua inestimAvel colabo- ago, bem como solicitar a Sao Paulo que lidere um grande movimento em prol desta grande causa e aqui esta o INSTI- TUTO HISTORICO E GEOGRAFICO GUARUJA-BERTIOGA estendendo as suas maos, a fim de colaborar nesta grande campanha de permanente vigilncia, para que S40 Paulo todo compreenda o grande valor déste acérvo cultural, legado de nossos antepassados que marearam profundamente a nossa historia e a nossa tradicao, e que por isto mesmo, temos 0 dever de defendé-lo e de preservé-lo. — DR. RODRIGO M. FRANCO DE ANDRADE, sua vi- sita nao foi em vao, e os seus ensinamentos sero seguidos. — 0 Patriménio Histérico e Artistico Brasileiro sera defen- dido, custe o que custar! — Conte conosco. Estaremos juntos nesta grande luta! Como Presidente do Instituto Histérico e Geografico Guarujé-Bertioga, tenho a satisfacéio de encerrar esta noite, © Curso de Extensio Cultural “ARTE ANTIGA NO BRASIL”, com a participacio de tao ilustres conferencistas, e aqui de piiblico agradecer a nimia bondade do Dr. LUIZ ANTONIO DA GAMA E SILVA, DD. DIRETOR DA FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE SAO PAULO, que tao gentilmente cedeu 0 Saléo Nobre desta mesma FACULDADE, a fim de que pudéssemos trazer aos paulistas, esta série de conferéncias tio importante para o conhecimento de nossa verdadeira e brasileira arte. ‘Sua gentileza, bem como a grande colaboracéo de mui- tos, foram um dos motivos do grande sucesso alcancado neste curso que discotreu sobre o que existe de mais impor- tante na Histéria e Arte Brasileira. — Agradeco & organizagio das “FOLHAS”, que, patro- cinaram éste curso, dando a grande cobertura necesséria a0 ptiblico e aos alunos em geral — Agradeco a todos indistintamente que colaboraram durante éstes meses em todos os setores, bem como agradeco ‘a éste magnifico piblico que aqui compareceu, contribuindo com a sua presenca para a relevancia desta matéria. — E, encerrando, tenho a honra de entregar ao ilustre conferencista. Dr. RODRIGO DE MELO FRANCO DE AN- DRADE, 0 diploma de “Sécio Honordrio” desta Entidade, somente entregue Aqueles que prestaram e prestam altos ¢ relevantes servigos em defesa, e em beneficio do Patriménio Histérico e Art{stico Nacional! — Meus parabéns, Dr. Rodrigo e os nossos profundos agradecimentos! GRAVURAS COLONIAIS Dr. Fernando de Almeida Prado CONFERENCIA REALIZADA NO DIA 4 DE OUTUBRO DE 1961 Em primetro lugar desejo agradecer a Marcelino de Carvalho as palavras extremamente generosas com que aca- ba de me brindar. Sintome como o Tsar da Russia quando se encontrou com Nhé Lau. O mesmo direi quanto & minha, presenga aqui. Foi com o maior desvanecimento que acei- tel 0 convite que me foi feito, partindo de quem parte, de uma sociedade de to altos méritos e tio bem representada e dirigida por D. Lucia Falkenberg. A sta benemeréncia e prestigio me sugeriram aproveitar a oportunidade para chamar a ateneao do piblico, que ¢ deveras excepcional, sobre ponto que jé ha muito tempo desejava aludir pela sua, importancia e significacio. Ha dias fiz palestra na Prefeitura, na biblioteca Muni. clpal, em que apelava para os presentes e Ihes chamava a atengao sdbre 0 desaparecimento de jardins e parques em Sao Paulo, além de nao serem abertos novos, nem preserva- dos, tampouco, os escassos que nos restam, Hoje tenho esta magnifica ocasifio de novamente apelar para os presentes, a fim de que se esforcem e difundam a idéia de campanha semelhante no sentido de salvar os pou cos documentos historicos iconogréficos e outros que nos restam, pois a destrui¢io dos mesmos tem sido considers- vel e infelizmente (vejo talvez agora corrigido pelas novas geracdes) os poderes piiblicos nao demonstram grande em- penho nesse sentido. ‘Temos, por exemplo, 0 caso do Museu de Arte de Chateaubriand, que hoje em dia assume impor- tancia fabulosa pelo seu valor e o que representa como ele- mento de cultura colocada ao aleance do povo. Depois da infelicidade que acometeu o grande homem que se empenhava nao s6 na manutengao como no desenvol- 10 J. FERNANDO DE ALMEIDA PRADO vimento da magnifica obra, seus colaboradores conseguiram que os poderes ptiblicos municipais elevassem 0 edificio do Museu de Arte no antigo Trianon, na Av. Paulista. Mas, acon- tece fato que levo ao conhecimento do pitblico, porquanto tal- ver haja na assisténeia parentes de vereadores ou mesmo pessoas em condigées de influir na Camara Municipal. Es- tamos num caso puro e simples de novo concurso para a construcio do edificio. Quando Borges de Figueiredo vendeu © terreno para a Prefeitura, parece que impés a condigéo de ali se elevar belvedere sObre o Vale do Anhangabat. A vista, entretanto, desapareceu. Naquele ponto em frente ao tunel — o belvedere fica em cima do tunel —o citado Vale forma cotovelo onde neste momento elevam-se edificios altis- simos. Dentro de trés, quatro, cinco meses, nfio haverd mais vista alguma a néo ser que se considere tal o que acontece no Viaduto D. Paulina, em que se vé, como em Népoles, fun- dos de cosinhas e banheiros, com panos e roupa intima de- pendurada, antecipacdo do que vai suceder a muitos setores desta cidade. Assim sendo, ndo ha motivo para que se cons- trua, como se procede (j4 esto iniciados os trabalhos e con- tinuam) espécie de caixa de sapatos em cima de quatro colu- nas mais uma escada em caracol de uns quinze metros de raio, sem corrimao nem balaustradas. Imagino que dentro daquelas colunas — altissimas, por sinal — haja elevadores. ‘Mas os nossos museus, arquivos e bibliotecas, por enquanto tém tao pouca freqiiéncia. .. bom, nao devemos confundir a quantidade com a qualidade — mas, enfim, tém tio pouca freatiéncia que, se comecarmos a opdr obstaculos ao ingresso do ptiblico a poder de elevadores, escadas perigosas e outros obstiiculos, essa freqtiéncia naturalmente diminuiré. Penso que seria 0 caso de se fazer um concurso geral, em que todos 0s nossos arquitetos, como aconselharia Luiz Saia, pudessem tomar parte para conseguir, com maiores probabilidades re- sultado condigno ao fim. Verificaria um jurista — e aqui temos na assisténcia Aureliano Leite — que praticamente, com a elevactio de arranha-céus desapareceu a vista, portan- to, nao existe mais motivo para que se construa to estranho edificio. Estou contando caso do que sucede entre nés em maté- ria de cultura geral e brasileira, porque 0 Museu de Chateau- briand, além do mais, pode receber elementos e quadros an- tigos sobre assuntos nossos. jé possue alguns. Por exem- plo, alf figura um dos raros dieos que conheco de Debret, sobre floresta paranaense. Também possui panoramas do Aprisionamento de Hans Staden na Tha de Sto Amaro, em dezembro de 1553 ou fevereiro de 1584, pelos Tupinambés. Reproduego de uma gravura da edicio ho- Tandeza de Leyden, em 1106 ou 1707 da “Relac3o Veridica” de Staden. ‘onrantia Aa “ala Ma Hans Atarien” no Forte 8 Joao da. 12 J. FERNANDO DE ALMEIDA PRADO Rio de Janeiro (de que falaremos logo mais), retratos e paisa- gens varias de diversos Estados, afora a esperanca de receber doagées, de sorte que eu penso, entra a instituicao perfeita- mente no caréter da Brasiliana. O museu de Chateaubriand tem fungées que cumprir e uma delas seria essa. Outro exemplo de cardter algo pessoal. Versa tentativa que fiz para doar minha livraria especializada sobre assuntos brasileiros, & cidade de Sao Paulo, e, praticamente ao Brasil todo, pois, hoje, dadas comunicacdes féceis, um habitante de Brasilia em duas horas, talvez menos, pode consultar qual- quer trabalho nessa biblioteca. Pensei nesse sentido doar terreno na Rua Guaianases, de 22 metros de frente por 50 metros de fundos, mais edificio por mim construido e den: tro da livraria. Agora, como 22 metros é um espaco relati- vamente reduzido... (penso representar menos que a lar- gura desta sala) sugeri que a Prefeitura desapropriasse ter- renos em volta, para conferir a futura biblioteca, faixa de protecdo minima de seguranca, cousa de 10 metros de largu- Ta, que vem a ser insignificante (10 metros, quanto seria? menos da metade desta sala) protecio indispensével contra incéndios e outros inconvenientes ou perigos. Infelizmente essa sugestiio foi a causa de tOdas as infelicidades dai por diante desabadas sObre 0 projeto. Surgiu vereador a servico de parentas e possuidoras de terrenos ali perto que nfio que- riam ser desapropriadas, esperancadas de especulacdes imo- bilidrias. © edil velo a campo combater as medidas presori- sadas sob alegac&io de serem onerosos aos cofres municipai Os tramites nao prosseguiram, mesmo depois que o Prefei to Armando de Arruda Pereira tivesse aceito a doagéo. De- pendia, e, ainda depende, de homologacdo da Camara Muni- cipal (isso ja hé quase dez anos) e o projeto ja parece o de Santa Ingricia. Entretanto, a alegacao do vereador era fa- Jaclosa e absurda, Segundo afirmava, opunha-se A desapro- priagao por ter verificado que os advogados da prefeitura pretendiam fazer negociatas A sombra da doagio, o que é todo inveridico, & vista de quem dirigia 0 Dep: Juridico nes- se tempo, ser pessoa acima de téda e qualquer suspeita, hoje Ministro ‘do ‘Tribunal de Contas, Dr. Oswaldo Aranha’ Ban- deira de Mello. Portanto, nfo passava de alegacao capciosa, de todo inaceitavel, tio s6 inventada para prejudicar o pro: jeto. Ademais, ainda houvesse maior dispéndio na compra de terrenos, isto s6 poderia trazer beneficios a biblioteca e a0 povo. Depois disso, néio continuamos as negociacses e, no entanto, essa livraria tornou-se um instrumento de trabalho CONFERENCIA 13 indispensfvel & populacéo, pois livros sbre 0 Brasil _séio objeto de cotagées absurdas no mercado mundial. Por sinal, tudo que ¢ livro, documento raro, quadros, manuscritos, es- culturas, primeitas edigdes, até grandes datas de vinho, tu- do isso... (os vinhos também séo colecionados hoje na Eu- ropa. Parece incrivel, mas 6 verdade) vémse objetos de in- tensa procura, seja porque as pessoas hoje levam vida mais intensa ou tém receio de perturbagées na politica mundial e procuram aplicar dinheiro em valores estimativos. Fato 6, que t6da a gente, em todo mundo, compra raridades, Com- pra livros, j6ias, objetos antigos, compra tudo que pode. Os livros raros sobre o Brasil tornaram-se, daf, dificilimos de serem encontrados. Hoje mesmo, por exemplo, recebi caté- Togo que me deixou deveras surpréso. Nunca pensei que as cotagdes do mercado livreiro tivessem dado salto tio feno- menal e, como ainda tenho muita coisa que adquirir, anteve- jo total impossibilidade de compré-los diante dos precos em absoluto astronémicos. Em todo 0 caso, o que jé figura na livraria constitu acérvo de interésse. Tornou-se, até, instru- mento indispensavel de trabalho, porque livraria de historia como poderé confirmar 0 Desembargador Vicente de Azeve- do aqui presente, abrange tudo. Abrange politica, adminis- tragio, sociologia, teatro, medicina, bibliografia, botanica, historia natural e mais assuntos dos mais diversos. Tornou: -se indispensével num centro como o nosso, biblioteca de historia que abrange varias épocas, perfodos, fases sociais e outras e a disperstio da minha livraria representaria ca- tastrofica pérda para estudiosos. A anormal dilacfio da Ca- mara Municipal a respeito, causa e continua a causar lamen- taveis resultados, haja visto no preco da construefio. Atual- mente eu nao poderia assumir 0 compromisso de construir a biblioteca. 6 posso dar os livros e 0 terreno. Inciden- talmente direi que o atual Governador do Estado interessou- -se pelo terreno e mandou-me propor permuta. O Estado possui varios terrenos na cidade e poderia me ceder um maior, a tréco do meu, que Ihe interessa, por ser fronteiro & garage dos Campos Eliseos, assim sendo, de interésse para Teparticao de palécio. A proposta era aliciante mas,... con- tinua dependente dos poderes putblicos e eu nada mais pos- so fazer sendo continuar na disposicao de constituir a bi- blioteca. ‘Vamos passar agora mais propriamente ao assunto des- ta palestra e vejamos 0 que de modo geral pode conter uma livraria brasileira em matéria iconogréfica. de pBUSE, NISEA GRAVURA um seo acpi de wy ri do Rio lc Janeiro pols anki. 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