Introdução: A intoxicação e morte no mundo por organofosforados e carbamatos,
normalmente usados como inseticidas, são causas comuns e pode ser de natureza ocupacional, acidental, delitiva, suicida, sendo que tal interação altera o organismo por processos patológicos que provocam um desequilíbrio fisiológico, com manifestações variadas de acordo com a classe destas substâncias. Objetivo: Analisar as principais evidências científicas sobre as intoxicações associadas à exposição aos organofosforados e carbamatos na população brasileira, principalmente em trabalhadores rurais. Metodologia: Revisão Integrativa, contextualizada de caráter quali-quantitativo, através de um levantamento realizado em base de dados nacionais. Como técnica, a pesquisa bibliográfica foi desenvolvida pela leitura de artigos científicos, guias e Manuais do Ministério da Saúde do Brasil, utilizando-se descritores pela interoperação com o DeCS, sendo eles: “Intoxicação”, “Organofosforados”, “Carbamatos”, “Trabalhadores”, “Rurais”, “Brasil”. A base de dados foi o Google Acadêmico, encontrando-se 2.680 resultados científicos. Os critérios de filtragem utilizados foram: “Publicação 2021 - 2023”, “Idioma Português” e pesquisa com dados livres. Excluindo-se artigos anteriores a 2021 e os que não discutiam o tema proposto, teve-se como resultado final 7 artigos de base científica. Os artigos selecionados encontram-se indexados nas seguintes bases de dados: Biblioteca Virtual em Saúde MS (BVS-MS), Secretaria de Estado de Saúde do Governo (Goiás, São Paulo, Paraná e Mato Grosso), Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (CONITEC), MSD Manuals, os quais foram analisados e discutidos de acordo com o objetivo do tema pesquisado. Considerou-se intoxicado por organofosforados e carbamatos, o indivíduo exposto a tais substâncias, que apresente sinais e sintomas clínicos de intoxicação ou alterações laboratoriais compatíveis com as diretrizes brasileiras para diagnóstico e tratamento, podendo ser leve, moderada ou grave, de acordo com a quantidade absorvida, toxidade, forma de exposição e tempo para iniciar o atendimento médico. Resultado: No Brasil as intoxicações agudas por praguicidas ocupam a terceira posição dentre os agentes causais, sendo a maioria dos casos por inseticidas (73%, organofosforados, piretróides, carbamatos e organoclorados), raticidas (15,3%) e herbicidas (9.7%), e apresentam como principais circunstâncias as tentativas de suicídio e os acidentes e as ocupacionais. As toxíndromes clássicas, exemplo, síndrome colinérgica e alguns exames laboratoriais podem auxiliar em um diagnóstico mais preciso. São absorvidos através do trato gastrintestinal, pulmões e pele, embora diferentes estruturalmente, inibem o plasma e colinesterase eritrocitária, dificultando a quebra da acetilcolina, que por sua vez, se acumula nas sinapses, causam sintomas colinérgicos decorrentes da ativação dos dois principais receptores colinérgicos, caracterizados como muscarínicos e nicotínicos. O organismo excreta os carbamatos de forma espontânea 48 horas após o contato, já os organofosforados, se ligam à enzima colinesterase de forma irreversível se não tratada com um antídoto até 24 horas ou 48 horas no máximo, dependendo da toxina. Terapia de suporte é a chave, os pacientes devem ser monitorados cuidadosamente com relação à insuficiência respiratória devido à fraqueza dos músculos respiratórios e a descontaminação do agente tóxico é atingida logo após a estabilização. Considerações Finais: Pode-se usar carvão ativado para descontaminação do paciente; o esvaziamento gástrico é normalmente evitado, mas se feito, a traqueia é entubada antes para prevenir aspiração. Atropina é administrada para manifestações respiratórias, pralidoxima administrada após atropina para manifestações neuromusculares e benzodiazepínicos são usados para convulsão (Diazepam profilático pode ajuda a prevenir sequelas neurocognitivas após intoxicação grave ou moderada por organofosforados).
Referências
ARAÚJO, A. C. P.; NOGUEIRA, D. P. & AUGUSTO, L. G., 2000. Impacto dos
praguicidas na saúde: Estudo da cultura de tomate. Revista de Saúde Pública, 34:309-31. LYZNICKI, M. S., 1997. Educational and information strategies to reduce pesticide risks. Preventive Medicine, 26:191-200. Manual MSD – Versão para Profissionais de Saúde: Intoxicação por organofosforados e carbamatos, junho de 2022. MARICONI, F. A. M., 1980. Inseticidas e seu Emprego no Combate às Pragas. São Paulo: Editora Agronômica Ceres. MENDES, R., 1980. Medicina do Trabalho e Doenças Profissionais. São Paulo: Sarvier.
Ministério da saúde: diretrizes brasileiras para diagnóstico e tratamento das intoxicações
por agrotóxicos capítulo 1 portaria nº 43, de 16 de outubro de 2018. Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação. Implicações das Intoxicações Exógenas por Organofosforados e Carbamatos. Volume 7, Número 2, Ano 2021.