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A interseccionalidade (ou teoria interseccional) corresponde à sobreposição ou intersecção de

identidades sociais e sistemas relacionados de opressão, dominação ou discriminação. Assim, as


diversas formas de opressão na sociedade não agem de maneira independente umas das outras, mas,
de maneira a se relacionarem, criando um sistema de dominação que reflete o "cruzamento" de
múltiplas formas de discriminação (ex. sexismo, racismo, classismo).

A transversalização implica o "ajustamento" das instituições, a fim de se promover um senso de


responsabilidade, através da identificação de condições organizacionais e políticas sob as quais
possam ser alcançados e mantidos ganhos econômicos e políticos para segmentos sujeitos a
interseccionalidade (ex. mulheres, negras e pobres). O termo foi utilizado nos casos Fazenda Brasil
Verde e Trabalhadores da Fábrica de Fogos.

Isso se faz necessário também em virtude do risco de “evaporação”, ou banalização, que correm as
políticas de transversalização no interior das burocracias, sobretudo quando instâncias e mecanismos
apropriados de responsabilização e monitoramento não são devidamente “instalados“ nessas
estruturas. De fato, recomenda-se que parte desses mecanismos seja direcionada à facilitação do
empoderamento das mulheres, não apenas para “reforçar sua capacidade de participação” na tomada
das decisões, mas também para monitorar o que se passa no interior das instituições.

Nesse ponto, deve ser ressaltada a importância do “caminho de mão dupla” (twin-track approach) na
implementação da estratégia de mainstreaming (órgãos centrais). Em outras palavras, não basta
tranversalizar o enfoque, do gênero, por ex., em todas as esferas de ação, é preciso também
desenvolver projetos e programas específicos para os grupos estigmatizados, particularmente aqueles
que promovam o seu empoderamento, como, por ex., ações afirmativas. Apesar da importância da
temática, o termo não foi utilizado em nenhuma das condenações do Brasil na Corte Interamericana.

A partir dos dois conceitos, podemos estabelecer o conceito de racismo estrutural no Brasil,
reconhecido expressamente pela Corte Interamericana de Direitos Humanos por meio da abordagem
da discriminação estrutural histórica e da intersecção dos diversos fatores de discriminação.

A discriminação estrutural histórica foi abordada no caso Fazenda Brasil Verde, no qual a Corte
reconheceu a responsabilidade do Estado brasileiro por perpetuar a situação estrutural história de
exclusão que potencializa a situação de vulnerabilidade dos trabalhadores submetidos a uma situação
de servidão por dívida e submissão a trabalhos forçados.

O critério da condição econômica (v.g. pobreza extrema) foi tido como fator para aferir a existência
ou não de uma situação discriminatória, ou seja, o perfil dos trabalhadores escolhidos pela fazenda
era justamente o de pessoas pobres e negras, fator crucial de vulnerabilidade, a fim de submetê-los a
um regime servil de trabalho, que se denomina discriminação estrutural.

Já a intersecção de fatores de discriminação foi estabelecida no caso Fábrica de Fogos, no qual foi
reconhecida a existência de padrões de discriminação estrutural e intersecional para determinar a
responsabilidade do Estado brasileiro. Segundo a Corte, as vítimas “se encontravam em situação de
pobreza estrutural e eram, em amplíssima maioria, mulheres e meninas afrodescendentes, quatro
delas estavam grávidas e não dispunham de nenhuma alternativa econômica senão aceitar um
trabalho perigoso em condições de exploração”.

A intersecção de fatores de discriminação nesse caso aumentou as desvantagens comparativas das


supostas vítimas, que compartilham fatores específicos de discriminação capazes de atingir as
pessoas em situação de pobreza, as mulheres e os afrodescendentes, os quais enfrentam uma forma
específica de discriminação por conta da confluência de todos esses fatores e, em alguns casos, por
estarem grávidas, por serem meninas, ou por serem meninas e estarem grávidas.

Por fim, ressalta-se que no caso Márcia Barbosa, a Corte Interamericana não utilizou a expressão
“racismo estrutural” através dos dois conceitos, mas sim por meio da discriminação em violência de
gênero.
O discurso discriminatório criminoso somente se materializa se forem
ultrapassadas três etapas indispensáveis:
a) uma de caráter cognitivo, em que atestada a desigualdade entre
grupos e/ou indivíduos (existem religiões diferentes entre si);
b) outra de viés valorativo, em que se assenta suposta relação de
superioridade entre eles e, por fim (a minha religião é "superior" às
demais);  e, por fim,
c) uma terceira, em que o agente, a partir das fases anteriores, supõe
legítima a dominação, exploração, escravização, eliminação, supressão
ou redução de direitos fundamentais do diferente que compreende
inferior.
Se o discurso proselitista prega que a religião supostamente "superior"
tem o objetivo de auxiliar os adeptos de outras religiões (tidas como
equivocadas), neste caso, não há discriminação. Isso porque se ficou
apenas nas duas primeiras etapas acima expostas, não se ultrapassando
a terceira (mais danosa).
Assim, a tentativa de persuasão, de convencimento pela fé, sem
contornos de violência ou que atinjam diretamente a dignidade humana,
não é crime.

O que se entende por tutela externa do crédito (teoria do terceiro cúmplice)?


Deve-se muito à contribuição doutrinária do professor Antônio Junqueira de Azevedo.
Na perspectiva da função social e da boa-fé objetiva, embora a relação obrigacional
vincule as próprias partes, terceiros não devem atuar de forma ilícita ou indevida,
interferindo na relação jurídica obrigacional alheia. Fala-se, então, que a obrigação
teria além de uma eficácia interna (geradora de direitos e deveres para as partes),
uma eficácia externa, que imporia ao terceiro um dever de respeito, sob pena de
responsabilidade civil. No STJ há aplicação também no âmbito do contrato
administrativo (Noticiário de 25.01.2008 e REsp 468.062-CE).
Nesse contexto, Cristiano Chaves explica que o venire contra factum proprium é a sequência de dois
comportamentos que se mostram contraditórios entre si e que são independentes um do outro,
cada um deles podendo ser omissivo ou comissivo e podendo repercutir na esfera jurídica alheia.
O venire é consectário natural da repressão ao abuso de direito. Pois, aquele que desperta a
confiança em outrem sobre um determinado comportamento não pode agir de forma diversa da que
afirmou que faria. Resumindo: é um comportamento contraditório, incoerente. (CHAVES DE
FARIAS, Cristiano; ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil: Parte Geral e LINDB. 15ª Ed.
Salvador: JusPodivm, 2017. pp. 711-713).
.
Diga-se, em primeiro lugar, que não é forma de extinção do contrato de concessão. É
que quando verificadas irregularidades, por parte da concessionária, na execução do
contrato de concessão, surge a possibilidade de o poder concedente intervir no
serviço.
Nestes casos, o poder concedente nomeia um agente público que atuará como
interventor e este se responsabilizará pela gestão da empresa, enquanto se inicia
processo administrativo para apuração das supostas irregularidades. A nomeação do
interventor deve-se dar por meio de decreto, expedido pelo chefe do poder executivo.
Nomeado o interventor, a Administração Pública deverá, no prazo máximo de
30 (trinta) dias, instaurar o processo administrativo para apurar irregularidades,
sendo que este procedimento deverá ser concluído em no máximo 180 (cento e
oitenta) dias.
Desse modo, verifica-se claramente que, em se tratando de intervenção, o direito de
defesa do concessionário só é propiciado após a decretação da intervenção, a partir do
momento em que for instaurado o procedimento administrativo para apuração das
irregularidades. Isso porque a intervenção possui finalidades investigatória e
fiscalizatória, e não punitiva. STJ. 2ª Turma. RMS 66.794-AM, Rel. Min. Francisco
Falcão, julgado em 22/02/2022 (Info 727).

Por força do art. 22, I da CRFB/88, a jurisprudência do STF se consolidou no sentido de


que o Estado-membro não está autorizado a ampliar o rol de autoridades sujeitas à
fiscalização direta pelo Poder Legislativo e à sanção por crime de responsabilidade.
A Constituição da República, em seu art. 50, caput e § 2º, prescreve sistemática de
controle do Poder Legislativo sobre o Poder Executivo que, em razão do princípio da
simetria, deve ser observada pelos Estados-membros.
Ação direta de inconstitucionalidade julgada parcialmente procedente declarar a
inconstitucionalidade das expressões "Presidente do Tribunal de Contas do Estado" e
"dirigentes da administração indireta" e para dar interpretação conforme à expressão
"dirigentes da administração direta" de modo a restringir a possibilidade de sua
convocação pela Assembleia Legislativa apenas quando estiverem diretamente
subordinados ao Governador do Estado.
STF. Plenário. ADI 6.645; AM; Rel. Min. Edson Fachin; DJE 02/09/2022.

É inconstitucional, por invadir a competência municipal para legislar sobre


assuntos de interesse local (art. 30, I e V, da CF/88), lei estadual que concede, por
período determinado, isenção das tarifas de água e esgoto e de energia elétrica
aos consumidores residenciais, industriais e comerciais.
Não cabe às leis estaduais a interferência em contratos de concessão de serviços
federal e municipal, alterando condições que impactam na equação econômico-
financeira.
STF. Plenário. ADI 6912/MG, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 15/8/2022
(Info 1063).

O inciso VII fala em “seguros”; isso abrange também os planos de saúde?


SIM. O art. 22, VII, da CF/88 atribui à União competência para legislar
sobre seguros. Essa previsão alcança também os planos de saúde,
“tendo em vista a sua íntima afinidade com a lógica dos contratos de
seguro, notadamente por conta do componente atuarial” (ADI 4.701, Rel.
Min. Roberto Barroso, DJe de 25/8/2014).
É inconstitucional lei estadual que vede a inscrição em cadastro de
proteção ao crédito de usuário inadimplente dos serviços de
abastecimento de água e esgotamento sanitário.
STF. Plenário. ADI 6668/MG, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
11/2/2022 (Info 1043).
Essa previsão é válida?
NÃO.
A proteção do consumidor é matéria de competência concorrente, nos
termos do art. 24, V, da CF/88:
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar
concorrentemente sobre:
(...)
V - produção e consumo;
 
Desse modo, em se tratando de proteção do consumidor, incumbe à
União fixar as normas gerais (art. 24, § 1º, da CF/88).
No exercício dessa competência, a União editou a Lei nº 8.078/1990
(Código de Defesa do Consumidor), que em seus arts. 43 e 44
regulamenta os bancos de dados e cadastros de consumidores.
As normas gerais sobre consumo, nos arts. 43 e 44 do CDC, não preveem
qualquer restrição quanto aos tipos de débitos que possam ser inscritos
nos bancos de dados e cadastros de consumidores.
A Constituição Federal já garante a proteção de dados pessoais, mesmo antes da EC 115/22,
conforme depreende da leitura do artigo 5º, X e XII. De acordo com esses dispositivos, já são
assegurados a inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da imagem e inviolabilidade do sigilo e
das comunicações telegráficas e de dados.
Embora a Lei Geral de Proteção dos Dados (Lei nº 13.709/18) seja anterior à vigência da norma
constitucional, essa inversão cronológica não altera o grau de eficácia da nova regra constitucional.

A norma prevista no inciso LXXIX, do artigo 5º, introduzido pela referida emenda, classifica-se
como norma de eficácia contida.

Na lição de José Afonso da Silva, trata-se de norma que o legislador constituinte regulou
suficientemente os interesses relativos à determinada matéria, mas deixou margem à atuação
restritiva por parte da competência discricionária do poder público, nos termos que a lei estabelecer
ou nos termos e conceitos gerais nelas anunciados.

Em recente decisão proferida no julgamento conjunto da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI


6649) e da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF 695), o Supremo Tribunal
Federal possibilitou o compartilhamento de dados, fixando alguns parâmetros que garantem a
legalidade do ato sem que haja violação ao direito constitucional já destacado.

São esses os parâmetros fixados no julgamento conjunto da ADI 6649 e ADPF 695:

A - eleição de propósitos legítimos, específicos e explícitos para o tratamento de dados (art. 6º,
inciso I, da Lei nº 13.709/2018);

B - compatibilidade do tratamento com as finalidades informadas (art. 6º, inciso II);

C - limitação do compartilhamento ao mínimo necessário para o atendimento da finalidade


informada (art. 6º, inciso III); bem como o cumprimento integral dos requisitos, garantias e
procedimentos estabelecidos na Lei Geral de Proteção de Dados, no que for compatível com o setor
público.

Decidiu também o STF que o tratamento de dados pessoais promovido por órgãos públicos ao
arrepio dos parâmetros legais e constitucionais importará a responsabilidade civil do Estado pelos
danos suportados pelos particulares, na forma dos arts. 42 e seguintes da Lei nª 13.709/2018,
associada ao exercício do direito de regresso contra os servidores e agentes políticos responsáveis
pelo ato ilícito, em caso de culpa ou dolo.

De acordo com o Tribunal, a transgressão intencional (dolosa) do dever de publicidade fora das
hipóteses constitucionais de sigilo resultará na responsabilização do agente estatal por ato de
improbidade administrativa, com possibilidade de aplicação de sanções disciplinares previstas nos
estatutos dos servidores públicos federais, municipais e estaduais.

(Valor: 1,00 ponto)

Dimensões subjetiva e objetiva dos direitos fundamentais

Com relação ao primeiro quesito, o candidato deverá explicar que a dimensão subjetiva dos direitos
fundamentais, em linhas gerais, significa que o titular de um direito fundamental pode impor
judicialmente seus interesses juridicamente tutelados em face do Estado ou particular ofensor.
Abrange direito subjetivo de ações positivas ou negativas em face do Estado ou particular, direito
subjetivo às liberdades ou negação de exigências e proibições e direitos subjetivos que implicam
poderes de ação e exercício dos direitos. Assim, as normas consagradoras dos direitos fundamentais
conformam direitos individuais protegidos sob a forma de direito subjetivo.

Já a dimensão objetiva dos direitos fundamentais significa que os dispositivos constitucionais que
cuidam dos direitos fundamentais formam um conjunto de valores objetivos básicos, constituindo-se
em função autônoma que transcende a perspectiva subjetiva. Um dos importantes desdobramentos
da dimensão objetiva dos direitos fundamentais é a eficácia irradiante dos direitos fundamentais, no
sentido de que fornecem impulsos e diretrizes para aplicação e interpretação do direito, implicando
interpretação conforme dos direitos fundamentais de todo o ordenamento. Não menos importante é a
função que reconhece que os direitos fundamentais implicam deveres de proteção do Estado,
incumbindo aos órgãos estatais (inclusive do Poder Judiciário) assegurar níveis eficientes de
proteção, o que implica uma dupla vertente: vedação de omissões e proibição de uma proteção
ineficiente. Por fim, deve ser ressaltada a função organizatória e procedimental.

A decisão foi incorreta, haja vista o teor do Tema 973 de Repercussão Geral do STF, que não se
confunde com o Tema 335 de Repercussão Geral do STF, pois gravidez não pode ser classificada
como problema temporário de saúde.

A remarcação não afrontaria os princípios da isonomia e da impessoalidade, já que trataria, de


maneira desigual, pessoa em condição peculiar, respeitando-se a liberdade reprodutiva e a ampla
acessibilidade a cargos, empregos e funções públicas (art. 37, I, da CF).

Outrossim, pela ausência de previsão editalícia específica, não há que se falar em afronta ao
princípio da vinculação ao edital, até porque eventuais restrições devem respeito aos preceitos
constitucionais e legais, tais como a proteção do Estado à família (artigo 226 da CF), à maternidade
(artigo 6.º da CF), ao planejamento familiar (art. 226, § 7.º, da CF) e o direito à saúde (artigo 6.º da
CF).

Não seria razoável colocar a vida intrauterina em risco. O discrímen neutraliza os efeitos da
gestação, promovendo-se igualdade material, diante da vedação de diferença de critério de admissão
por motivo de sexo (art. 7.º, XXX, c/c art. 39, § 3.º, da CF).

Cabe ao poder público criar meios para que as capacidades individuais se otimizem, ou remover
obstáculos para que, assim, ocorra, consoante os princípios da dignidade da pessoa humana e da
eficiência.
“Não é possível, em sede de recurso especial, o reexame de matéria fático-probatória, o que enseja a
incidência da Súmula 7 do STJ: ‘A pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso
especial. Esta Corte possui entendimento de que a acumulação ilegal de cargos públicos,
expressamente vedada pelo art. 37, XVI, da Constituição Federal, protrai-se no tempo, podendo ser
investigada
a qualquer
época, até
porque os
atos

inconstitucionais jamais se convalidam pelo mero decurso temporal, não havendo que se falar em
decadência da pretensão da Administração. Agravo interno desprovido.” (AgInt no REsp
1442008/RS, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 16/11/2020,
DJe 27/11/2020)
O crime de organização criminosa somente será
hediondo quando direcionado à prática de crime
hediondo ou equiparado.

Art. 2o Os crimes hediondos, a prática da tortura,


o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o
terrorismo são INSUSCETÍVEIS de:
I - ANISTIA, GRAÇA e INDULTO;
II - FIANÇA.

        § 1o  Aplica-se aos crimes de trânsito de lesão corporal culposa o disposto nos arts. 74,
76 e 88 da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, exceto se o agente
estiver:         (Renumerado do parágrafo único pela Lei nº 11.705, de 2008)

        I - sob a influência de álcool ou qualquer outra substância psicoativa que determine
dependência;         (Incluído pela Lei nº 11.705, de 2008)

        II - participando, em via pública, de corrida, disputa ou competição automobilística, de


exibição ou demonstração de perícia em manobra de veículo automotor, não autorizada pela
autoridade competente;         (Incluído pela Lei nº 11.705, de 2008)

        III - transitando em velocidade superior à máxima permitida para a via em 50 km/h
(cinqüenta quilômetros por hora).        (Incluído pela Lei nº 11.705, de 2008)

        Art. 298. São circunstâncias que sempre agravam as penalidades dos
crimes de trânsito ter o condutor do veículo cometido a infração:
        I - com dano potencial para duas ou mais pessoas ou com grande risco de
grave dano patrimonial a terceiros;

        II - utilizando o veículo sem placas, com placas falsas ou adulteradas;

        III - sem possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação;

        IV - com Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação de categoria


diferente da do veículo;

        V - quando a sua profissão ou atividade exigir cuidados especiais com o


transporte de passageiros ou de carga;

        VI - utilizando veículo em que tenham sido adulterados equipamentos ou


características que afetem a sua segurança ou o seu funcionamento de acordo
com os limites de velocidade prescritos nas especificações do fabricante;

        VII - sobre faixa de trânsito temporária ou permanentemente destinada a


pedestres.

§ 1o  No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a pena é


aumentada de 1/3 (um terço) à 1/2, se o agente:          (Incluído pela Lei nº 12.971, de
2014)    (Vigência)

I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação;         (Incluído pela Lei nº


12.971, de 2014)    (Vigência)

II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada;         (Incluído pela Lei nº 12.971, de


2014)    (Vigência)

III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do
sinistro;      (Redação dada pela Lei nº 14.599, de 2023)

IV - no exercício de sua profissão ou atividade, estiver conduzindo veículo de transporte


de passageiros.         (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014)    (Vigência)

§ 3o  Se o agente conduz veículo automotor sob a influência de álcool ou de qualquer


outra substância psicoativa que determine dependência:      (Incluído pela Lei nº 13.546, de
2017)   (Vigência) QUALIFICADO

Penas - reclusão, de cinco a oito anos, e suspensão ou proibição do direito de se obter a


permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.      (Incluído pela Lei nº 13.546, de
2017)   (Vigência)

        Art. 309. Dirigir veículo automotor, em via pública, sem a devida
Permissão para Dirigir ou Habilitação ou, ainda, se cassado o direito de dirigir,
gerando perigo de dano:

        Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.

        Art. 310. Permitir, confiar ou entregar a direção de veículo automotor a


pessoa não habilitada, com habilitação cassada ou com o direito de dirigir
suspenso, ou, ainda, a quem, por seu estado de saúde, física ou mental, ou por
embriaguez, não esteja em condições de conduzi-lo com segurança:

        Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.

Se um indivíduo, que não possui habilitação para dirigir (art. 309 do CTB),
conduz seu veículo de forma imprudente, negligente ou imperita e causa lesão
corporal em alguém, ele responderá pelo crime do art. 303, § 1º, do CTB, ficando o
delito do art. 309 do CTB absorvido por força do princípio da consunção.
O delito de dirigir veículo sem habilitação é crime de ação penal pública
incondicionada. Por outro lado, a lesão corporal culposa (art. 303 do CTB) é crime
de ação pública condicionada à representação. Imagine que a vítima não exerça
seu direito de representação no prazo legal. Diante disso, o Ministério Público
poderá denunciar o agente pelo delito do art. 309?
NÃO. O delito do art. 309 já foi absorvido pela conduta de praticar lesão corporal
culposa na direção de veículo automotor, tipificada no art. 303 do CTB, crime de
ação pública condicionada à representação. Como a representação não foi
formalizada pela vítima, houve extinção da punibilidade, que abrange tanto a lesão
corporal como a conduta de dirigir sem habilitação.
STF. 2ª Turma. HC 128921/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 25/8/2015
(Info 796).

O fato de os delitos terem sido cometidos em concurso formal não autoriza a


extensão dos efeitos do perdão judicial concedido para um dos crimes, se não
restou comprovada, quanto ao outro, a existência do liame subjetivo entre o
infrator e a outra vítima fatal.
Ex: o réu, dirigindo seu veículo imprudentemente, causa a morte de sua noiva e de
um amigo; o fato de ter sido concedido perdão judicial para a morte da noiva não
significará a extinção da punibilidade no que tange ao homicídio culposo do amigo.
STJ. 6ª Turma. REsp 1444699-RS, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em
1/6/2017 (Info 606).

Não é possível reconhecer a consunção do delito previsto no art. 306, do


CTB (embriaguez ao volante) pelo crime do art. 303 (lesão corporal culposa
na direção de veículo automotor). Isso porque um não é meio para a
execução do outro, sendo infrações penais autônomas que tutelam bens
jurídicos distintos.
Caso concreto: motorista conduzia seu veículo em estado de embriaguez
quando atropelou um pedestre, causando-lhe lesões corporais leves. Após a
colisão, policiais militares submeteram o condutor ao teste de bafômetro, que
atestou a ingestão de álcool. STJ. 5ª Turma. REsp 1629107/DF, Rel. Min.
Ribeiro Dantas, julgado em 20/03/2018.

O crime de embriaguez ao volante (art. 306 do CTB) é de perigo abstrato, de


mera conduta.
O crime de direção de veículo automotor sem a devida habilitação (art. 309 do
CTB) é de perigo concreto.

Tendo havido a indicação de que os delitos, autônomos, resultaram de ações


distintas, não incide o concurso formal aos tipos penais dos artigos 306
(embriaguez ao volante) e o art. 309 (direção de veículo automotor sem a
devida habilitação) do Código de Trânsito Brasileiro. STJ. 5ª Turma. AgRg no
HC 749440-SC, Rel. Min. Jesuíno Rissato (Desembargador convocado do
TJDFT), julgado em 23/8/2022 (Info Especial 10).

As irregularidades verificadas no processo disciplinar, para


justificarem a sua anulação, devem ser graves a ponto de afetar as
garantias do devido processo legal, dependendo, portanto, da efetiva
demonstração de prejuízos à defesa do servidor, segundo o princípio da
instrumentalidade das formas (pas de nullité sans grief).
STJ. 3ª Seção. RO nos EDcl nos EDcl no MS 11.493/DF, Rel. Min. Nefi
Cordeiro, julgado em 25/10/2017.

Observa-se que os danos alegados decorreram do


processo de produção de energia elétrica como um todo,
isto é, da própria atividade desenvolvida pelas empresas,
o que, a teor dos arts. 12 e 14 do CDC, é suficiente para
atrair a disciplina normativa da responsabilidade por fato
do produto ou do serviço e a caracterização da figura do
consumidor por equiparação.
A atividade empresarial desenvolvida pelas rés é a
produção de energia, que é considerada como um
produto, pois, nos termos do inciso I do art. 83 do
CC/2002, as energias que tenham valor econômico
possuem natureza jurídica de bem móvel.
Não importa discutir aqui se a energia produzida é
utilizada pelas próprias rés, se é distribuída ao cidadão
como usuário final ou se é entregue a alguma entidade da
Administração Pública para posterior distribuição. Isso
porque, em qualquer das hipóteses, observa-se que as
recorridas exploram o complexo hidroelétrico em prol da
atividade empresarial por elas desenvolvida.
Desse modo, na hipótese de danos individuais
decorrentes do exercício de atividade de exploração de
potencial hidroenergético causadora de impacto
ambiental, é possível, em virtude da caracterização do
acidente de consumo, o reconhecimento da figura do
consumidor por equiparação, o que atrai a incidência das
disposições do Código de Defesa do Consumidor.
 
Presente a redação original do art. 87, § 2º, da Lei nº 8.112/90,
bem como a dicção do art. 7º da Lei nº 9.527/97, o servidor
federal inativo, sob pena de enriquecimento ilícito da
Administração e independentemente de prévio requerimento
administrativo, faz jus à conversão em pecúnia de licença-
prêmio por ele não fruída durante sua atividade funcional, nem
contada em dobro para a aposentadoria, revelando-se
prescindível, a tal desiderato, a comprovação de que a licença-
prêmio não foi gozada por necessidade do serviço.
STJ. 1ª Seção. REsp 1.854.662-CE, Rel. Min. Sérgio Kukina,
julgado em 22/06/2022 (Recurso Repetitivo – Tema 1086) (Info
742).

dispositivos não violam a Constituição, uma vez que a


gratificação pelo exercício de função essencial à justiça,
calculada no mesmo percentual e pela mesma forma que a
gratificação dada ao magistrado pelo exercício da função
judicante, não vincula diretamente a parcela de vencimentos.
Trata-se apenas de parâmetro de cálculo, pois o quantum de
gratificação dependerá do vencimento básico, o qual não é
tratado por esse dispositivo.

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