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A Interseccionalidade
A Interseccionalidade
Isso se faz necessário também em virtude do risco de “evaporação”, ou banalização, que correm as
políticas de transversalização no interior das burocracias, sobretudo quando instâncias e mecanismos
apropriados de responsabilização e monitoramento não são devidamente “instalados“ nessas
estruturas. De fato, recomenda-se que parte desses mecanismos seja direcionada à facilitação do
empoderamento das mulheres, não apenas para “reforçar sua capacidade de participação” na tomada
das decisões, mas também para monitorar o que se passa no interior das instituições.
Nesse ponto, deve ser ressaltada a importância do “caminho de mão dupla” (twin-track approach) na
implementação da estratégia de mainstreaming (órgãos centrais). Em outras palavras, não basta
tranversalizar o enfoque, do gênero, por ex., em todas as esferas de ação, é preciso também
desenvolver projetos e programas específicos para os grupos estigmatizados, particularmente aqueles
que promovam o seu empoderamento, como, por ex., ações afirmativas. Apesar da importância da
temática, o termo não foi utilizado em nenhuma das condenações do Brasil na Corte Interamericana.
A partir dos dois conceitos, podemos estabelecer o conceito de racismo estrutural no Brasil,
reconhecido expressamente pela Corte Interamericana de Direitos Humanos por meio da abordagem
da discriminação estrutural histórica e da intersecção dos diversos fatores de discriminação.
A discriminação estrutural histórica foi abordada no caso Fazenda Brasil Verde, no qual a Corte
reconheceu a responsabilidade do Estado brasileiro por perpetuar a situação estrutural história de
exclusão que potencializa a situação de vulnerabilidade dos trabalhadores submetidos a uma situação
de servidão por dívida e submissão a trabalhos forçados.
O critério da condição econômica (v.g. pobreza extrema) foi tido como fator para aferir a existência
ou não de uma situação discriminatória, ou seja, o perfil dos trabalhadores escolhidos pela fazenda
era justamente o de pessoas pobres e negras, fator crucial de vulnerabilidade, a fim de submetê-los a
um regime servil de trabalho, que se denomina discriminação estrutural.
Já a intersecção de fatores de discriminação foi estabelecida no caso Fábrica de Fogos, no qual foi
reconhecida a existência de padrões de discriminação estrutural e intersecional para determinar a
responsabilidade do Estado brasileiro. Segundo a Corte, as vítimas “se encontravam em situação de
pobreza estrutural e eram, em amplíssima maioria, mulheres e meninas afrodescendentes, quatro
delas estavam grávidas e não dispunham de nenhuma alternativa econômica senão aceitar um
trabalho perigoso em condições de exploração”.
Por fim, ressalta-se que no caso Márcia Barbosa, a Corte Interamericana não utilizou a expressão
“racismo estrutural” através dos dois conceitos, mas sim por meio da discriminação em violência de
gênero.
O discurso discriminatório criminoso somente se materializa se forem
ultrapassadas três etapas indispensáveis:
a) uma de caráter cognitivo, em que atestada a desigualdade entre
grupos e/ou indivíduos (existem religiões diferentes entre si);
b) outra de viés valorativo, em que se assenta suposta relação de
superioridade entre eles e, por fim (a minha religião é "superior" às
demais); e, por fim,
c) uma terceira, em que o agente, a partir das fases anteriores, supõe
legítima a dominação, exploração, escravização, eliminação, supressão
ou redução de direitos fundamentais do diferente que compreende
inferior.
Se o discurso proselitista prega que a religião supostamente "superior"
tem o objetivo de auxiliar os adeptos de outras religiões (tidas como
equivocadas), neste caso, não há discriminação. Isso porque se ficou
apenas nas duas primeiras etapas acima expostas, não se ultrapassando
a terceira (mais danosa).
Assim, a tentativa de persuasão, de convencimento pela fé, sem
contornos de violência ou que atinjam diretamente a dignidade humana,
não é crime.
A norma prevista no inciso LXXIX, do artigo 5º, introduzido pela referida emenda, classifica-se
como norma de eficácia contida.
Na lição de José Afonso da Silva, trata-se de norma que o legislador constituinte regulou
suficientemente os interesses relativos à determinada matéria, mas deixou margem à atuação
restritiva por parte da competência discricionária do poder público, nos termos que a lei estabelecer
ou nos termos e conceitos gerais nelas anunciados.
São esses os parâmetros fixados no julgamento conjunto da ADI 6649 e ADPF 695:
A - eleição de propósitos legítimos, específicos e explícitos para o tratamento de dados (art. 6º,
inciso I, da Lei nº 13.709/2018);
Decidiu também o STF que o tratamento de dados pessoais promovido por órgãos públicos ao
arrepio dos parâmetros legais e constitucionais importará a responsabilidade civil do Estado pelos
danos suportados pelos particulares, na forma dos arts. 42 e seguintes da Lei nª 13.709/2018,
associada ao exercício do direito de regresso contra os servidores e agentes políticos responsáveis
pelo ato ilícito, em caso de culpa ou dolo.
De acordo com o Tribunal, a transgressão intencional (dolosa) do dever de publicidade fora das
hipóteses constitucionais de sigilo resultará na responsabilização do agente estatal por ato de
improbidade administrativa, com possibilidade de aplicação de sanções disciplinares previstas nos
estatutos dos servidores públicos federais, municipais e estaduais.
Com relação ao primeiro quesito, o candidato deverá explicar que a dimensão subjetiva dos direitos
fundamentais, em linhas gerais, significa que o titular de um direito fundamental pode impor
judicialmente seus interesses juridicamente tutelados em face do Estado ou particular ofensor.
Abrange direito subjetivo de ações positivas ou negativas em face do Estado ou particular, direito
subjetivo às liberdades ou negação de exigências e proibições e direitos subjetivos que implicam
poderes de ação e exercício dos direitos. Assim, as normas consagradoras dos direitos fundamentais
conformam direitos individuais protegidos sob a forma de direito subjetivo.
Já a dimensão objetiva dos direitos fundamentais significa que os dispositivos constitucionais que
cuidam dos direitos fundamentais formam um conjunto de valores objetivos básicos, constituindo-se
em função autônoma que transcende a perspectiva subjetiva. Um dos importantes desdobramentos
da dimensão objetiva dos direitos fundamentais é a eficácia irradiante dos direitos fundamentais, no
sentido de que fornecem impulsos e diretrizes para aplicação e interpretação do direito, implicando
interpretação conforme dos direitos fundamentais de todo o ordenamento. Não menos importante é a
função que reconhece que os direitos fundamentais implicam deveres de proteção do Estado,
incumbindo aos órgãos estatais (inclusive do Poder Judiciário) assegurar níveis eficientes de
proteção, o que implica uma dupla vertente: vedação de omissões e proibição de uma proteção
ineficiente. Por fim, deve ser ressaltada a função organizatória e procedimental.
A decisão foi incorreta, haja vista o teor do Tema 973 de Repercussão Geral do STF, que não se
confunde com o Tema 335 de Repercussão Geral do STF, pois gravidez não pode ser classificada
como problema temporário de saúde.
Outrossim, pela ausência de previsão editalícia específica, não há que se falar em afronta ao
princípio da vinculação ao edital, até porque eventuais restrições devem respeito aos preceitos
constitucionais e legais, tais como a proteção do Estado à família (artigo 226 da CF), à maternidade
(artigo 6.º da CF), ao planejamento familiar (art. 226, § 7.º, da CF) e o direito à saúde (artigo 6.º da
CF).
Não seria razoável colocar a vida intrauterina em risco. O discrímen neutraliza os efeitos da
gestação, promovendo-se igualdade material, diante da vedação de diferença de critério de admissão
por motivo de sexo (art. 7.º, XXX, c/c art. 39, § 3.º, da CF).
Cabe ao poder público criar meios para que as capacidades individuais se otimizem, ou remover
obstáculos para que, assim, ocorra, consoante os princípios da dignidade da pessoa humana e da
eficiência.
“Não é possível, em sede de recurso especial, o reexame de matéria fático-probatória, o que enseja a
incidência da Súmula 7 do STJ: ‘A pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso
especial. Esta Corte possui entendimento de que a acumulação ilegal de cargos públicos,
expressamente vedada pelo art. 37, XVI, da Constituição Federal, protrai-se no tempo, podendo ser
investigada
a qualquer
época, até
porque os
atos
inconstitucionais jamais se convalidam pelo mero decurso temporal, não havendo que se falar em
decadência da pretensão da Administração. Agravo interno desprovido.” (AgInt no REsp
1442008/RS, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 16/11/2020,
DJe 27/11/2020)
O crime de organização criminosa somente será
hediondo quando direcionado à prática de crime
hediondo ou equiparado.
§ 1o Aplica-se aos crimes de trânsito de lesão corporal culposa o disposto nos arts. 74,
76 e 88 da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, exceto se o agente
estiver: (Renumerado do parágrafo único pela Lei nº 11.705, de 2008)
I - sob a influência de álcool ou qualquer outra substância psicoativa que determine
dependência; (Incluído pela Lei nº 11.705, de 2008)
III - transitando em velocidade superior à máxima permitida para a via em 50 km/h
(cinqüenta quilômetros por hora). (Incluído pela Lei nº 11.705, de 2008)
Art. 298. São circunstâncias que sempre agravam as penalidades dos
crimes de trânsito ter o condutor do veículo cometido a infração:
I - com dano potencial para duas ou mais pessoas ou com grande risco de
grave dano patrimonial a terceiros;
III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do
sinistro; (Redação dada pela Lei nº 14.599, de 2023)
Art. 309. Dirigir veículo automotor, em via pública, sem a devida
Permissão para Dirigir ou Habilitação ou, ainda, se cassado o direito de dirigir,
gerando perigo de dano:
Se um indivíduo, que não possui habilitação para dirigir (art. 309 do CTB),
conduz seu veículo de forma imprudente, negligente ou imperita e causa lesão
corporal em alguém, ele responderá pelo crime do art. 303, § 1º, do CTB, ficando o
delito do art. 309 do CTB absorvido por força do princípio da consunção.
O delito de dirigir veículo sem habilitação é crime de ação penal pública
incondicionada. Por outro lado, a lesão corporal culposa (art. 303 do CTB) é crime
de ação pública condicionada à representação. Imagine que a vítima não exerça
seu direito de representação no prazo legal. Diante disso, o Ministério Público
poderá denunciar o agente pelo delito do art. 309?
NÃO. O delito do art. 309 já foi absorvido pela conduta de praticar lesão corporal
culposa na direção de veículo automotor, tipificada no art. 303 do CTB, crime de
ação pública condicionada à representação. Como a representação não foi
formalizada pela vítima, houve extinção da punibilidade, que abrange tanto a lesão
corporal como a conduta de dirigir sem habilitação.
STF. 2ª Turma. HC 128921/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 25/8/2015
(Info 796).