Você está na página 1de 22
1. SESSAO PLENARIA: ABOLIGAO (?) Coordenagao: ELZA S, BERQUO ENI DE MESQUITA SAMARA ‘TRAFICO NEGREIRO E COLONTZAGHO PORTUGUESA NO ATLANTTCO SUL Luiz Felipe de ALENCASTRO sawtRopuGio Ancorados.no flo XVI 2 ers continentes, as voltas com comnida~ des © Gress de condreio exéticas, of kolonos ibéricos enveredam por varios ca inhos para se asseguraren do controle das populagdes indfgenas e da explora gio dos terr{iSrios conquistados. Esses caminhos nen sempre entronean na re~ de mereantil e no aparelho estatal setropolitaic. Por isso, antes meino do tdrmino do seule dos Descobrimentos, a2 metrSpoles deverao retonar en niios 0 movimento de expansio a fis de recolonizar seus prOprios colonos. Entre gente remota edificaram, novo reine que tanto sublinaran", castava Condes. as, como "novo reino” ultremarino combinase ao "velho reino” eu~ open? Cono'a gente lusitana dominou @ "gente recota"'?(1). AS oPGOES DA MamRGPOLE A aparente contradigio de politica v: 1 no primeize seule de coloni, zagio J havia sido observada pelos historiadores brasileiros. A respeito das prerrogativas concedidas aos primeiros colonos, Varnhagen escreveu que elas eran "ben sais auplas de que se poderia esperar de una época (0 seule XVI) ‘na qual, na Europa, os reie tentava concentrar cade vez mais autoridade, fa~ GY Teaquisader do centro Brasileiro de Andlise ¢ Planejamento (CEBRAP) ¢ Fro fessor Agsistente Doutor do Instituto de Econonia da Universidade Esta~ dual de Campinas (ONICAMP). a7 zendo prevalecer 0 direito real dot inperadores sobre os antigos senhores ou sobre cevtas corporagdes privilegiadas” (2), Na verdade, concessées prévias 3 iniciativa privada eran indispensiveis para desencadear a colonizagdo. Auto- rex contenporneos ressaltaran os aspectos inovadores das iniciativas reais, portuguesas, colocando em paralelo o sistema de donatarios lusitano ¢ as com panhias de conéreio coloniais britinicas e holandesas posteriormente criadas @. Cabe leabrar que 08 investinentos privados, efetuados nas primeiras faces da colonizagio nio eran exclusivanente portugueses. Excetuando-ce cor~ to niimero de monopélios reais, os estrangeiros catSlicos, residentes ou nto en Portugal, podian obter privilégios similares aos dos nacionais para estabe Lecer conéreio com ae coldaiss Iusitanas. Adenaie, ee enpregessen una tripula gio portuguesa, os estrangeiros podian utilizar seus prépries navios nesse co rcio. Obviamente, esses negociantes ican submetidos a certas taxas adicio— nais, mas em compensagdo ficam isentos de outros encargos que pesan sobre os nacionais (4). 0 £ato & que o “exclusive colonial" #6 se define apés 1580. Associa~ da a0 trono espanhol, a Corog portuguesa sera arrastada para uma série de con, Elitos europeus que desnantelan seus dominios ultranarinos (5). Lisboa conega ent&o a restringir a2 atividades dos comerciantes estrangeiros em suas coléni, as. A partir de 1591, sob o argumento dos perigos da propagagio das heresias, mas tanbén por ser "contra toda razio e bon governo" que mercadores estrangei, -cfo.do Reino", fica “proibido ros ajan en detrimento do "grande trate © cont que 08 estrangeiros se dirijan "sem particular licengd real", Js conguistas para fazer veogastes. fin 1605, & afinal instauraéa a proibigio sobre todas as transagSes estrangeiras no dominio colonial portugi@e. Os estrangeires resi- dentes no Brasil deveriam retornar ao Reino no prazo de um ano (6). Compreende-ce desde loge a inflexio da administracio portuguesa no Limier do sSculo dos Descobrinentos. Eatimulantoa colonizagio, a Coroa conce~ de amplos poderes sos siditos que dispdem de capital, mas também aos comer~ clantes estrangeiros catdlicos que tim negicios com os mercadores do ultra~ mar. Voltando atris, a nonarquia engaja algunas décaas mais terde um movinen, to de “restauragio metropolitena" no ultranar, Limitando a autonomia dos prin 18 cipais atores da conquista colonial. For um lado, estabelece-se 0 monépdlic netropolitano - 0 "exelusivo” - sobre 0 coméreio colonial. Por outro 1edo, sao editadas Leis que tolhen as Liberdades dos colonos ¢ 9s submeten a governado~ res gerais, investidos de poderes anplos, e encarregados Je lenbrar “urbi et ordi" © sentido da colonizagio (7). fo que denominanos aqui o processo de re colonizagio dos colonos. A metrdpole vai mostrar que todos os rios devem cor~ rer para 0 mar. Para o¢ colonos, 0 aprendizado da colonizagio se confunde com o sprendizado do mercado, que &, primeiro e sobretudo, o mercado metropolit ea explo, no. Si a partir de entio poden coincidir e completar-se a domin: rage colonial. Decidide @ ser o dnico cedenté das terras a conquistar eo finico re~ partidor de indfgenas nas terras conquistadas, © poder imperial apresenta-se também cono catalisador do trabalho produtivo, como distribuider de privilé- gios sociais e gendarme da ortodoxia religiosa. Este Gitimo elemento adquixe todo 0, seu sentido nos edeulos XVI e XVIT, quando se pensa na influgucia da Contra-Reforna ©, principalmente, no peso da instituicio que ia se transfor~ mar no mai a Inquisigio @). poderoso aparelho ideoldgico da peninsula ibéric A exenplo da monarquia espashola, a realeza portuguese i controle dizeto sobre o clero secular em virtude do "jus patronstus", 0 Aroado", conjunto de privilégios que a Santa Sé concedera aos monarcas ibéri- cos entre 1452 © 1514, Conforme esses textos, a hierarquia religiosa ibérica 93 podia ser investida en suas fungdes depois de aprovada pelas autoridades reais, de quen inclusive dependia financeiramente. A Coroa detinha tanbén @ Eaculdade de proibir a publicagio das bulas e breves pontiffcios (9). Funcio- narizados pela instituigia do "Padroado", os bispos, especiaimente no Brasil ena Afvica, transforman-se en correias de transmissio do poder metropolita no. Em um contexte onde as acusagdes de hevesia corriam soltas, a exclusio da comunidade eclestisticn tinha pesadas consegllGncias. De golpe, as excomunhdes tornan-se una arna particularmente eficar contra os colonos rebeldes fnjun ges da netrdpole. Ocorre que a exconunhio seja proferida lato sensu, expres sanente para inplenentar 0 monopélio real. Atendendo av pedido do governador de Cabo Verdi oa sonegado alguna fazenda de Vosea Majestade" (10). Fica claro que a ortodo— © bispo excominga en 1613 “codos aqueles que tivessen furtado 19 xia religioss ten sua parte no proceso de recolonizagio dos colonos, quanto ao clero regular, exaninarenos mais adiante a ago dos jesuitas no Brasil © Bacta notar aqui o papel sua obra enquanto profissionais do saber indZgens das miseBes como unidades de ocupagio do impirio, C.2. Boxer destaca que, na ausneia de guarnigdes militares importantes nas colénias, antes da segunda netade do século XVITL, cabia principalnente so clero a tarefa de manter Leeldade des populagGes coloniais Zs Coroas ibéricas (11). Ateavés da agio indizeta da Inquisigio ou através do zelo politico do clero secular e regular, a Igreja desempenha dessa forma um duplo papel. Por un lado, ajuds a consolidar o imperium, pois ela estabelece, em certas ri sides, a ocupagdo do territdrio. Por outro lado, ela fortalece o dominium, na medida em que auscita un relasdo de eubaissio entre as populasdes do inpério 2 netropole. Paralelanente & centralizago politica, conduzide en detrizento dos colonos, assiste-se % instauragio de "exclusive colonial" que penalizara 0s nercadores catlicos estrangeizos. Numa primeira fase, a aderdneia das cof- nias s metrdpoles ibiricas & aais o resultado dos nds anarrados pelos funcio narios reais ¢ pelo clero de que da viscosidade do comércio internacional. So mente ape o impulse da produgio mineiza na Anérica espanhola e o encadeamen~ to do trafico negreiro para o Brasil & que a dininica do conéreio internacio~ nat ¢ a agdo dos negociantes metropolitanes pesario con toda sua forga sobre as nargens africanas ¢ snericanas no AtIZatico. Na verdade, realizando a rea~ Lizando a reprodusio da predugdo colonial, o trafico negreiro eénstitui . por ai 03 um instrumento exucial na elaboragio do ediffeio colonial portugués no Atlintico. Progressivanente essa forma de condrcio transcendera 0 quadro eco- ndwico para incorporar-se a0 arsenal politico metropolitano. Destarte, o exer efecto do poder inperial nos territSrios wltranarinos e 2 organizagio das tro— cas entre a netrOpole © as colGnias equacionan-se no mbit do crato negvei Aparece contudo que o conérelo ocefnico de africanos, so permitir a recolonizacao dos colonce, ou soja, # sua insersio nas redes metropolitanas, nodifica contraditorianente 0 sistema colonial. Desde 0 século XVIII abreix-se brechas para que interesses mercantis ¢ politicos brasileiros cristalizen-se 20 no AtlGntico. Dessa forme, @ nogio mesmo de “pacto colonial” perde, no caso brasileiro, uma parte da significagao que Ihe @ gerainente atribuida. fis, portanto, a nd do problena que analisanos: 0 trato dos viventes em volve aspectos muito mais couplexos que os decorrentes das operagdes de . com pra, venda e transporte de africanos de um lado para o outro do oceano. (0. TRATO.DE ESCRAVOS COMO INSTRUMENTOS DE POLITICA COLONTAL Explorando 0 carter internacional, aterritorial, do capital comer- cial J acumulado na Europa, a Coroa portuguesa Langa precocemente as bases de uma area imperial de mercado (12). Mas Portugal ndo teri nen os meios nen 4 forga para unificar ou conservar ease espago transcontinental. Ulerspe pelos concorrentes europeus, perder o controle de zonas conerciais, popule~ ges e territérios, sobretude na Asia, para pot@icias melhor, instrumentadas para esse tipo de dominio imperial. Ndo obstante, recusndo para saltar mais Longe, a Coroa portuguesa estabelece no AtIaatico Sul uma economia de produ io que ela explorard de maneixa mito mais eficiente do que o fizers nas foi, torias de seu iupério asidtico. Desalojado das zonas de alta densidede mercantil da Asia, Portugal Langa vaizes em suas coléni 1s menos desenvolvidae do AtIGntico. Diante da ine xistinela de um excedente incorporivel as trocas maritimas, « Cores, secunds~ da pelo capital privado, devera estimuler a produgio de mercadorias destins- das ao mercado internecional nesses territdrios, dando origen - foi 0 caso no Brasil ~ a.uma forma wais avangada de exploragio colonial. A superioridade do sistema de produgio colonial portugués, baseado na pilhagem das “populagdes africanaa ¢ fanizagio de una agricultura escravista ao Brasil, ficou des de logo patente: tirando proveite do exemplo lusitano, nos sGculos XVII e XVITE todas as potGncias maritinas europ@ias elaboran sistemas similares en~ tre 0s portos de trifico da Africa Ocidental e o Caribe. Messe contexto, qual © escopo do conéreie portugués de escravos nas Descobertas? a Varias bulac papais editadas entre 1455 ¢ 148) suprimen as proibi Ses que punian com exconunhio os portugueses que adquiriam escravos e ouro dos musulmanos. 0 srrazoado de una bula de 1481 justifica essa liberago do coméreio, explicando que of objetivos desea permutas eran "o de dininuir as foras dos infidie ¢ nao de aunenté-1as!"-Mas 0 primeixo eo mais importante desees Gaitos € certanente bule "Romanus Pontifex", outorgada em 1455, tex- lusitana, padre Antonio to que o grande historiador da expansio wission Bra Portugal" (13). Nele o papa Nicolau V apoia os reis © principes cristios que io, considera como a "Magna Carta da criagao do Império Ultranarino de prosseguen 2 guerra contra of Mouros infiéie} elogia Henrique, 0 Navegador, que descobriu as costas da Africa para a defesa da FS e salvacio das almas; e elabora, a respeito da conquista da Guin’, 2 primeira justificasio ideoldgica moderna do trafico nogreiro. A aquisigdo de Negros, pela guerra ou pelo res~ gate, era justa, visto que muitos dos africanos transportados a Portugal se convertian Z verdadeira Fé Gristd (14). No terreno polftivo-ailitar, © erata~ do das Alcisovas, aseinado entre Portugal e Espanhe en 1479, pie fim 3 guerra de sucesso em Castitha © xecoahece © monarca portugufs cone 0 Gnico senhor 4a Madeira, dos Agores, do reino de Fs (arrocos), de Cabo Verde assin cone das terrae "déscobertas © por descobric" da Guind, isto &, de toda a” Africa Negra (15). Wa medida om que a legitinidade das conquistas © dos trates lusita~ nos na Africa antecipadanente reconhecida pela Espanha e pelo Papa, Lisboa pode agarrar as garantias territoriais ¢ comerciais que The permitiriio desen~ penhar, durante quatro séculos, um papel decisive no grande negdtio negreiro. De infeio © erfico negreixe constitul apenas um seguento da vasta rede coner cial que liga Portugal & Asia, En sues relagdes com a Keia, Lisboa deve sal- Gar suse importages com renessae de ouro (na zona do inpério. otomano), prata (no Exexemo Oriente), cobre (na India), metais dos quais Portugal @ pouco pre vido (16). As primeixas expedig&es portuguesas na Africa tém por objetivo ja~ zidas preciosas ¢ as feiras nativas onde esses metais eran permtados. £ jus tamente para obter ouro que os portugueses transportan e trocam, na feftorie dos mais Oe de Mina e om outros portos da Costa do Ouro, escravos adquir te, no Benin, inaugurando dessa maneira o trifico maritize de escraves nessa bre do "Heme: \do de Situ Orbis", Duarte regio africana (17). Nun texto cf! Pacheco Pereira descreve om 1508 essas operagSes: "0 Reino do Beny (Benin). 22 fo mais do tempo faz guerras aos vizinhos, onde toma muitos cativos que ~ wos compranos @ doze ¢ quinze manilhas de lato ou de cobre, que eles mais est! mam, ¢ dali eo trazidos 4 fortaleza de Sio Jorge de Mina, onde se vendem por ouro". Esses escravoe so vendidos aos mercadores indigenas que trazen ouro & fortalera, mas nio trazen "asnoe nem bettas" para carregarem ao interior as mercadorias permitadas com 03 europeus (18). ‘am segundo lugar, 0 conéreio de escravos aparece couo una importante Fonte de receitas fiseais para o Real Tesouro. A despeito dos protestos des Cortes de Lisboa ¢ dee senhores. portugueses de escravos, 0 rei Afonso V recu~ ea proibir em 1472 as reexportagdes dos escravos introduzidos en Portugal pa~ re outros paises curopeus (19). Na gestZo do grande conércio negreiro lusita- no, @ demanda nacional de eseravos ~ seja ela metropolitana ou colonial ~ es~ td Longe de reter a exclusividade, porquanto os escravos originarios das colS nias africanas de Portugal continuardo a ser exportados para o estrangeiro. Betratdgia que serd consagrada pelos “Asiontos" luso-espanhdis entre 1594 e 1640, como verenos adiante. Apés a Restauragio e 2 declarasio de guerra entre Portugal e Espanha, @ Coroa portuguesa epressa-se em separar Politica e Conte, cio, editando 0 alvard de 2.2.1601 que eutoriza que seus vassalos "possam tra, tar © conereiar com 08 vassals da Coroa de Castetas nas Indias Ocidentale, Levando a eles negros", de Cabo Verde, Guiné e Angola. Un texgo dos cativos exportados para a América eepanhola deverian ser reservados para o mercado brasileive. Tudo isso, disia o alvari real, para o crescimento "do rendimento de minhas alfindegas". Ea 1647 @ reiterada essa autorizasao e eliminada a ext gincia da reserva de um tergo das exportagSes para o Brasil. Mas em 1651 0 Consetho Ultramarine fixa a politica sobre a questiio. Os navios que vinhas di reto da América espanhola, deviam ter preferGueia en Angola, porque" patacas (de prata) para a saca (de escravos) © pagam grandes direitos; mas os que forem de Espanha no devem ser recebidos porque trazem fazendas en ver de patacas, concorrenciando o conéreio portuguds “além de que se admitirem uns € outros navios, virde @ falter escravos necessirios para os engenhos do Brasil" (20). Somente en 1751 % que un outro alvard suspende as exportagées de atric: nos para as coldnias que no pertencen # Portugal, reconhecendo assim a pric ridade da denanda escravista brasileira sobre a oferta africana de escravos. Bm texeeixo lugar, 0 trifico negreiro aparece coro 0 vetor produtivo 23 To! das plantagdes agucareiras das ilhas atiaaticas, © prin: mi, que recebe escravos do Congo ¢ de Angola antes mesmo da viagem de Cabral. Os negeciantes portugueses Ligados ao trafic negreiro ¢ ao agdcar — exploran ainda diferentes zonas anericanas antes de entraren de vez no Brasil. Na ilha de Hispaniola, nome que Colombo dera ao Haitf, ha, em 1550, 30 engenhos insta: Lados ¢ tocados’ por "nais de duzentos oficiais de aciicares " portugueses, vin dos dae Candvias. No pico das atividades, nos anos 1560-1570, ha entre 12.000 © 20.000 escravos negros na ilha, a maioria deles fornecidos por —_negreiros portugueses. Por obra e graga dos negociantes portugueses, Hispaniola produz onto mais agicar © dispie de mais africanos do que o proprio Brasil. Porém, essa indistria agucareira antithana declina logo em seguida, quando o tragado da geografia econdmica ¢ comercial espanhola @ totalmente refeito sob o enpu- xo das minas de prata do continente (21). No @itimo quartel do.século XVI 0 Brasil também se torna um atraente mercado para os negreiros. Por volte de 1575, s8 entraram no Brasil 10.000 africanos, enquanto que a América espanho- la ~ onde as introdugSes de afticanoa, slo regulares desde 1525 ~ recebeu cer~ ca de 37.500 escravos. Jd as ilhas atlaaticas - ligadas ao trafico desde 0 Eim do século XV - captaran 123.600 escravos. Até 1600, os portugueses . co mereializam a quase totalidade dos 125.000 africanos deportados para a Ani rica, mas os portos brasileiros s6 recolhen 40% desse total (22). Apesar disso, o agicar brasileiro assume, desde 1580, o primeiro 1u~ gar dentro do império portugués. Nessa poca os engenhos brasileiros ja fabri can cerca de 350,000 arrobas, ao paso que Madeira e Sdo Toué, j4 “ declinan- tes, produzen respectivanente 40.000 ¢ 20.000 arrobas de agiicar (23). Inicia~ da na base do trabalho compulsdrie indigena, a expansio acucareire brasileira ser pouco a pouco tributiria do africano ¢ do conéreio negreiro. Mutagio de~ vida a toda una série de eixeune clad que precksan ser examinadas de perto. [A ago da Coroa delineia-se claranente na origen do processo produti vo estabelecido no Brasil. A edificagio de engenhos de cana-de-agicar, estinu Lada por medidas fiscaie inseritas no alvard de 23/7/1554, @ coupletada "pelo alvara vos de So Tomé’ (na realidade, do Congo, de Angola, do Gabio e da Nigéria),pa gando apenas um tergo das taxes (24). de 29/3/1559, permitindo que cada senhor de engenho importe 120 escra~ 24 .s wedidas que dio o impulso para que um segnento tréfico ne~ greizo dirigido para o Caribe seja canalizado para as plantasSes*brasileiras. Gradvaluente, através de patanares eucessives, na maioria das vezes regulares ¢ geralmente previstos, © conéreio de escravos don o Brasil narra os enclaves portugueses na Africa Ocidental As trocas do Atléntico Sul, Longe Ge se contradizeren, os acontecinentos que se desenrolan nas mergens atiinti- cas éfricanas ¢ anericanas submetidas 2 Portugal se esclarecen através de un jogo de efeitos reciproco. [A introducko de aficanos nas plantagées americanas sincronize progres sivanente ag diferentes engrenagens do sistena colonial. Esse anplo movimento de consolidasio da estrutura historicamente deterninada pelo capitalismo co- mercial @ ativado ex varios nfveii 1. A wetedpole & investida de un poder eminente, na medida en que 0 controle 40 condrcio negreiro lhe di o conando da reprodugdo do ciclo produtivo es~ cravagista. Durante te@s sGculos, uma complenentaridade econéinica Liga for, tenente a Africa ao Brasil, afastando a possibilidade de un desenvolvimen- to divergente e, mais ainda, concorrencial, entre os territGrios doninados por Portugal nas duas margens do Atlantico Sul. Na verdade, a adequagio da exploragio colonial na Africa Ocfdental enpreendids no Braeil s8 3 claranente percebida em Lisboa no s€culo XVII. Ande Alvares de Almada, mlato cabo-verdiano, con vantagens da Senegasbia com relagio ao Brasil: "Povoando-se (a Seneganbia) viria a ser de naior trato clu seu luminose fratado Breve! citando que 0 Brasil, porque no Brasil nio hd ais que agiear e o paue algedio;nes, ta terra hd algodio © 0 pau que hit no Brasil, e marfim, cera,-ouro, Rit ba ta madeira para os eagenhor © eseravos para eles"(25). De outra feita, un velho sertaniste de Serra Leone escreve ao rei para comparar as produgdes malagueta, e podem-se fazer muitos engenhos de agicar; ha ferro, mi~ Gequela conquista com as do Brasil e lesbrar que ela esteva mito nais per to de Lisboa (26). Por sua vez, 08 colonos de Angola poderao rounir terras © dezenas de escravos em fazendas semelhantes ja do Brasil (27). Avisaéa desse estado de coisas, @ metrSpole regularmente expede instrugdes para 25 que a cana~de-agiicar © o algodio sejan cultivades nessa coldnia africana. Mas em 1655, @ Cémara municipal de Luanda trax as autoridades de Lisboa pa ra a realidade, fazendo ver que a eapreitada esbarra en certos proble ecoldgicos no que se refere a0 agicar (falta de Lenha e ni qualidade de ca na) e, principsinente, no cixeuito de teocas ja estabelecide no Atlantico Sul, Dados os novinentos de navegagio e de conircio predominantes na re~ aldo, o agicar ¢ 0 algodio eventualmente cultivados em Angola déverian pri neiro ir ao Brasil para on seguida serem expedidos a Portugal. Sobrecarre gados de fretes, eases produtos angolano nio poderian enfrentar @ concor- rEncia brasileira (28). esto dadas: Angola no exportari Nessa altura, as cartas do jogo § agicar © of engenhos de Sio Ton apagario aos poucos suas fornathas (29). ‘A colonizagio portuguesa no Atlantica Sul sera coaplesentar @ nfo concor~ rencial: o Brasil produzira aglear, o tabaco, o algodio, o caf, a Africa fornecer os escravos. 0 projet de criar em Angola "um outro Brasil" si volta a tomar corpo en meados do sdculo XIX, depois que o Brasil nio mais estiver sob o dominio portuguds e, principalmente, depois que 0 trafico ne greiro para a América tiver sido definitivanente erradicado. . © enfrentamento opondo os jesuitas administracio real e aos colonos @ provieorianente evitadot @ utilizagio de escraves africanos facilita a evangelizagio, sliviando os amerindios da opressio dos fazendeiros e das autoridades encarregadas de executer obras piblicas. A primeira trombada violenta entre un donatirie e aparelho metropo, Litano scontece na capitania de Porto Seguro, justanente a respeito da ges tio do trabalho indigena. Pero do Campo Tourinho, o donatario, apés entrar fen choque com 0 vigirio Bernardo de Aurejeac, foi preso e enviado ao Tribu nal da Inquisigdo em Lisboa, 0 interrogatrio, realizado en 1550, da preci aBee sobre ae acusagdes que pesavan contra o réu: "Perguntado si dizia ele na dita sua Capitania que nem um di de N.Sra. nem dos apSstolos, nen dos Santos 2g haviam de guardar, e por isso mandasse trabalhar a seus servido— res (Indios) nos tais dias, disse que nio, mas antes os mandava guardar festejar; somente que reprendia is vezes o vigario franc®s (Aurejeac) por dar de guarda Sio Guilherme, e Sio Martinho e Sa Jorge e outros Santos 26 que no mandava guardar a Santa Madre Tgreja, nem os prelados — wandavan guardar em suas constituigdes, porquanto a terra era nova e era necessario " (30). Bese conflito entre o produti~ wploracio cari eativa dos padres seri apaziguado pelo trfico negreiro. beis dos maiores trabathar para se povoar a terra « vieno wereantil dos colonos © a evangelizagio, ou melhor a defensores dos Indios, o doninicane Las Casas no século XVI @ 0 jesuita An tonio Vieira ao sGeulo XVIL propéem Ae autoridades que 0 cativeiro afvica~ no Liberte os amerindios da serviddo a que estdo submetidos pelos colonos. eas no penetra~ A Companhiade Jesus estard Ge turras com os colonos nas 4 Gas pelo tréfico negreiro, onde o trabalho compulsdrio indigena € predomi- nante, A medida que cresce o seu poder teuporal, fundado na propriedade da terra, no extrativiene ¢ no controle dos Indios, sobretudo na Amazénia, os Jesurtas vio se chocar com as autoridades coloniais. Esse contencioso per~ ea do dura até a crise dos anos 1750, quando @ Companhia de Jesus @ exp zeino e dae colGnies. Dec 1a forma, © conflito demonstra a inviabilidade dos enclaves coloniais anericanos baseados no trabatho compulsério indige- na ¢ situados fora do controle metropoliteno. A Corea e a administracdo colonial encontrarao novas fontes de renda no co néreio de escravos. leo afri~ aie rendas provn dos direitos de caida des portos de t eanos, dos direitos de entrada nos portos brasileiros, dos “donativos", "subsidios", "preferenciais” e "alcavalas" ¢ de outras texas sucessivanen- te agregadas ao prego dos cativos. A aduinistragdo civil nfo era a nica a beneficiar-se desse tributos, pois existia tanbén 2 taxa page ao clero, pe, co. Ka gua "Suma Lo batismo obrigatirio de cada escravo nos portos de trai de Teatos y Contratos", escrita em 1569, © tratadista Thomas de Mercado, dominicano espanhol, considera a legislagao tributria portuguesa sobre es cravos como um "Labirinto". Desencorajamento que, sem saber, Mauricio Gou- lart compartithe ainda quatro sfculos depois, ao notar que "o pandenonio... Gesespera ¢ desorienta, ainda hoje, todos os que se aferran na Loucura de querer compreender (essas taxas sobre 0 trfico)" (31). Apesar disso, pode ee caleular que por volta de 1630 um cativo chegava Es mios dos fazendei- ros carregado com tributos que correspondiam # 66% do seu valor em Ango~ la G2). A partir de 1714 passa a eer taxado o transporte terrestre de os- 27 craves do Litoral para as regies mineixadoras do interior e, en 1809, & eriada una nova taxa de 5% sobre a compra e venda de escravos em todo 0 territério brasileiro, Deven tasbén ser tomadas em conta a5 cutras vanta~ gens que Portugal tirard de seu quase monopélio sobre o trifico durante 0 sdculo WI ¢ as prineiras dcadas do sGeule XVII. Gragas & posigdo doninan te que detinha nesse conércio, Portugal poderd nio sé penetrar no Peru ¢ no Caribe, furando © gonopSlio espanhol sobre a prata, mas adquirindo tom bée oure © especulando com outros produtos anericanos, tais cone 0 cacau venezuelano exportado para o México (33). agricolas conbinardo as . 08 negoctantes portugueses estabelecidos nas zon vantagens proprias de una posicgio de oligopsGnic (na compra do agficar) com fas vantagens inerentes a una situagio de oligopSlio (na venda de escravos). Apoiados pelos aexcadores @ pelos funcionarios reais de Angola, da Costa de Mina © da Seneganbia, 09 negociantes portugueses no Brasil facilitarde 4 venda de escravos africanos ~ através do cr@dito aos fazendeiros ~ para controlar a conercializasio agricole. ‘A ausneia de nunerGrio nas coldnias eo adensamento das trocas atWinticas fazem com que o crédito’ tone formas diretas. Wo Brasil, 0 agi~ car & permutado por escravos africanos (34). Hm Luanda, e em outros portos afcicanos, a9 mercadorias de escembo sio entregues aos internediarios com 4 condigdo de serem permutadas por catives. Um texto portugués de 1594 Lluetra esee estado de coisas: ".., da mesma forma que na Buropa, a moeda corrente @ 0 ouro e a prata batida e, da mesma forma que no Brasil € 0 ac car, em Angola e nos reinoe vizinhos essa noeds @ 0 escravo" (35). Obvie~ ‘mente 08 senhores de engenho continuavam a exportar paurbrasil na baixa tagdo agucareira (36). Da mesa forma, no outro lado do oteano #8 exports ses de escravos tandém no excluen as trocas de outros produtos africa~ . 0 condreio entre a metrSpole e a colGnia & dinanizado. A nivel macroecond- mico, 0 conéreio de africanos anplia a denanda das zonas agropecuivias, a0 nesmo tenpo que acentua a permeabilidade da econosia colonial brasileira: © trafico negreizo seri um instrumento privilegiado de desencravanente eco nGnico dae unidades de produgio coloniais. As conseglléncias so também in~ 28 portantes a nivel microecondmico, Dado que of lucros potenciais das pro- priedades agricoles servem de garantia para a compra de novos fatores . de produgdo (escravos), 0 excedente @ investido produtivanente. Desde logo 2s propriedades coloniais incorporam um mecanisno apto = garantir o creseimen to regular na produgio. Ao meeno tempo, Fica assegurada a transferéncia da renda do setor produtivo para o setor mercant! Evidehtenente os senhores tanbén importam equipamentos para seus en genhos (37). Por outro lado, encontran-se os bens de consumo comprados na netrdpole. Varios autores destacam © peso dos produtos de luxo que @ ca made cenhoriel da colGnia adquire na Europa (38). Contudo, una ressalva de ve ser feita. Empregado de maneira ostentatéria en tarefas donésticas ou ne apresentagdo social dos senhores, o escravo tanbém se torna un objeto de luxo. Un dos tragos mais evidentes da sociedade brasileira consiste no a rior de riqueza. Resta que essa eventual "qualificagio’ 10 de considerar-se 0 nifinero de enpregaios don@sticos como sinal exte- " do escravo nada mu da quanto 3 sua ess@ncia econdmica e juridica. Quaisyuer que sejam as suas Fungdes, sua condigdo, 0 eseravo continua sendo um fator de produgéo e um ative negociavel. Desoa forma ele poderd tambim ser "desqualificado", rein tegrando 08 trabalhos dos canpas ou sendo vendido, conforme as neces: des © a conveniGneia do senhor. Mas parece claro que as atitudes ostentatd riae caracterfsticas da classe dominante tenbén contribuem para densificar a demanda de escravos ne colénia. A faculdade de recorrer an crédito ¢ % compra antecipada de escravos tan- bém teaz beneffcios para o aenhores coloniais. Tendo em vista 2 anplitude dos investimentos no trdfico ¢ as dimensdes do mercado africano, @ oferta de escravos do continente Negro torna~se mais regular ¢ mais flexivel do que a de escravos amerindios. Além disso, as circunsténcias que envolven captura, a marcha até os portos ¢ as vendas sucessivas de que 0 escravo objeto na Africa, e finalmente, a travessia do Atlantico, agen d= forma se letiva. Nessa cadeia de trocas ¢ de traumas os individuos fisicanente fré geis ou ingptossdo eliminados, ao pasco que os sobreviventes sofrem una in tensa dessocializagdo. Na meena orden de idéias note-se que, ao inverso dos anerindios, cuja nortalidade era clevada om virtude de sua total vulne rabilidade ao fantastico choque microbiano, bacteriano e viral que a Desco 29 berta provoca nas aniricas, os africanos j@ eran vitinados, e parcialnente Amunizados, pelas mesnas epidenias que assolavan os europeus (39). Desde ogo, a introdugdo de africanos provoca surtos epidGmicos entre os ancrin~ los, levando 08 proprictarios a adquirir maior proporgio de catives de re gives africanas onde as populagdes j2 estavan imunizadas a doengas conta, giosas e, em particular & varfola. Todas essas razdes concorren para que & exploragio © 0 enquadranento dessa populagio estrangeira sejam facilitados no Brasil. Tato posto, somente no primeiro quartel do século AVI & que o recur, s0 a0 trabalho ndo-anericano se torna irreversivel no Brasil (40). A par- tir de entdo, 2 xenofagia das plantagdes, isto @, sua apeténcia a incorpo- var trabathadores oriundos do exterior de seu espaso produtive, aparece a lum 83 cenpo como resultado da denanda interna ¢ da pressio dos negreiros a nivel da oferta, como tanbén da necessidade geopolitica de manter 0 merca~ do de trabalho desterritorializado, a fim de que ao diferentes zonas de produgio do Brasil no entren om competigdo no mercado de trabalho territo rial (1). DEMANDA B OFERTA DE ESCRAVOS, QUAL £ 0 "PRIMM MOBILE? Muitos historiadores ¢ dendgrafos atribufran un papel fundamental demands de mio-de-obra nas tonas de colenizagio portuguesa na Anérica. Nessa perspectiva, @ introdugio de africanos seria devida & insuficigncia do povos- nento anerindio ou a fatores culturais ou sonéticos que tornarian a populecéo autctone "inapta" para o trabalho eseravo. A tradigdo histérica legada pelos poctas "indianistas" do século XIX atribufa o fracasso da escravizagio dos, os africanos © 03 negros indies ao seu tenperanento rebelde. Em decorréne: em geral parecian mais "adaptados" ao cativeiro, Gilberto Freyre contesta em parte essa tese, revalorizando 0 africano © apresentando 0 indio coms "atrasa do" e "preguigoso". Contudo ele no questiona a iddia de que passagem da es cravidio indigena para a escraviddo afvicana tenha sido ditada pela "falta de bragos” (42). Se € certo que desde o século AVIT 05 colonos se queixan da ‘falta de bragos", também & verdade que reclaman - isto j4 @ bem mais sur 30 | Preendente ~ da "falta de terras", Ma verdade, estancs diante de uma econonia que sente a pressio da denanda europdia. Nasse contexto, a terra eo trabalho no so dados independentes, mas aparecen cono varidveis que so "resultan~ tes" das forcas que governam 0 capitalisno comercial. 0 esquacimento ou a ine suficiente avaliago desse trago essencial da colonizasio acarretou un certo nimero de confusdes de que una parte da historiografia brasileita custa a se devenbaragar. ‘Intencionais ou ao intencionais, os efeitos induzidos pelo ti fico megreizo adaptan-se, durante largos séculos, & acumlagio espectfica do capitalisuo comercial e 20 sistema colonial portugués. Ao outorgar J oferta o estatuto de "primum mobile” no sistena esera~ gists brasileiro, no aderinos 3 chanada “Lei de Say", segundo a qual a ofer~ ta seguida de uma mercadoria em um mercado normalmente provoca a renovagio de sua denanda (43). Ora, @ uma banalidade afimmar que tal nfo é 0 caso. Mais do que qualquer outro, 0 tréfico negreiro € um conéreio administrado. Como foi sugerido, 0 controle metropolitane sobre a reprodugdo da produgio colonial, ou melhor ~ a instincia politica do sistema colonial - tem una impirtneia fundamental no estabelecimento desse processo produtive. Decerto, Fernand Braudel lonbra que, quando relagdes da forga dominam des forma o mercado, faz pouco sentido falar-se om “demands” ou “oferta” (44). Ea todo o: © conéreio' de eseravos africanos j4 tinha um cessirio considerar 4) importante e, sobratudo, um forte grau de integrase com o mercado at! antes de estar Ligado % agriculture brasileira, Subsetido durante tre séeu- os & potncie europ@ia que controla 2 maior parte do mercado de escravos. africanos, o Brasil cornar~se~d a colGnia que capta a maigr proporgio de es- craves transportades para o Novo Mundo, como demonstra salientenente o grifi co T. Elo perdido de nossa histdria, esse fantastico sistena de mercantilizs gio de homens impede que se considere esse condecio apenas cono un efeito se cundirio da escravidio, conduz a um diferenciagio entre o escravisno brasiled, ro seus congéneres americanos e impe, enfim, una interpretay rial da formasio da nagdo brasileira. 3 ‘ne esyeSngz0g10 FaesTUOTOD FT OP SAvIEAY F9T 39 B4gzI80N SITET = e we 1oBuy we 39 1 oct | cost sgt sat enn somgne)antan mEY ser PON SE 2g (esate sey) mon ng ste nb uo npoRet = OR (cota sey) sated ety 9 pane RP page od or omponey mane psqtOR ‘oset 38 Test axque ‘onbpuuraqag enbexgey 38 osyebuvxg onbyaguy,1'9} iBedeq onbyigmV,7 seeyedngueg anbysguy,] $49 e9eT9e8,q 99z0;000AT, 1 anbyydeay 32 “ a @ @) “ o 6) Noras Este texto 6 uma verbo resunida do capitulo I de meu _livzo "0 Trato dos Viventes: trafico de escravos e "Pax Lusitana’ no Atlintico Sul séeulos XVI-XIN" que sera editado em breve pela Gapanhia daz lotr 0 exemple clissico de un Estado desenbrado apSe midangas ocorridas on seu campo de insergio @ 0 de Veneza, depois do deslocanento das trocas internacionais do Mediterraneo para’o Atlanticos entre ae injmeras obras Gedicadas 20 assunto, ver B.PULLAN (ed.) Crisis snd change in the Vene~ tian econony in the sixteenth venteenth centuries, rondres, Mem Fhuen & Co, 1968. F.A. de VARNHAGIN, HistGria Geral do Brasit, (daqui em diante HGB), revi go e notas de J. CAPISTRANO DE_ABRED e Rodolpho GARCIA, 109 ed. Sao Paulo, 1978, v. I, tel, p+150 A propdsito ver A. MARCHANT ~ "Feudal and capitaliatic elements in the Portuguese settlement of Brazil". Hispanic America Historical Review,da~ qui por diante HAAR, vol. 22, 1942, pp. 493-512; Charles VERLINDEN — "Fornes fZodales ot donainiales de 12 colonisation portugaise dans 1a Zo ne Atlantique aux XIVe ct KVe siecles et spscialenent sous llenri le Navi gateur™ Revisra Portuguesa de WistOria, vol. 9, 1960, pp. 1/44; A.da SIE Va REGO, Portuguese Colonization in the Sixteenth Century: A Study of the Noyal Ordinances, Johannesburg, 1965; ef, tasben, Arnold VINTTZER, “Feri in Colonial Brazil, New York, 1960, ead. bras.y "Oe Judeus no Bee” ET Colanial”, Sto Paulo, 1966, p. 6; Celso FURTADO,” L'andrique Latine, Paris, 1970, p.l0, nota 2. Bailey W. DIFFIE, "the Legal Privileges of the Foreignezs in Portugal and Sixteanth-Century Brazil", in KH, KEITH and S.P. EDWARDS, (ede~), Conflict and Continuity in Brazilian Society, Columbia, South’ Caroline, 1968, pp. 1-13; Ibid., Susan C. SCUNETDER, "Commentary", pp. 20-23. Stuart 3. SCHVARTZ, "Luso-Spanish Relations in Hapsburg Brazil, _1580- 1640", in The Americas, (daqui em diante Thed), XV, 1, 1968, pp. 39°48, pp-45-48. Pe. Antonio BRASIO, Monunenta Missioniria Africana, Africa occidental, série 1, 11 vols, Lisbos 1953-1971, (aqui em diante WMA), v. I, p. 44, ve HEL, pp. 192-196, vs IV, pp. 6266, Caio PRADO JR., Pormasio do Brasil Contenpordine PP: 19,¢ 31; ¥ernando A. NOVAIS, "Caio Prado Jr. a Mietoriografia brasi, ieira" in R, MORAES et all., Inteligéncia Brasileira, S40 Paulo, 1986, pp. 68°69; id. Portugal e Brasil na Crise do Antigo Sistema” Colon: Paulo, 1971, 33 1777-1808, Sio Paulo, 1979, Para una discussie sobre a questio cf. José Roberto de AMARAL LAPA ee alli; Modes de Produce ¢ Realidade Brasilei- tay Petropélia, Ridey WOE (6) 5, WC10 DE AZEVEDO; HigtBela doe'Ceieetioe Novos Portugueses, 29 ed. Lie boa, 1975; Arnold WEeNTTZER, ap.clt.; Anita NOVINSRY, Crisedos Novos na Bahia, Sao Paslo, 1967; Marie Lutea TUCCI CARNEIRO, Precouceito RacTal o"Bedeil Colgula'="0e Celetios Novos, So Paulo, 198 (9) Bula de Sixto IV, "Clara devotionis", de 21,8,1472 © breve de Alexandre VI, "Cum sicut nobis", de 23.8,1499, in Descobrinentos Portugueses, Docu medcos paraa sua hlstStia (aqui por ainnte BEY publicadoe e preticie: ‘oa por Tous Wartine de SILVA MARQUES, Lisboa, 1971, vol.11© (1461-1500) pp. 119, 120, 549, 550 20) 9, 1, p, 502, (12) A, wrawrrzER; opi-ett., pp, 29/35, Anita Novinsky contesta esas cifras, pois, segundo sua peaquisas, o nénero de vicinas da Inquisicao seria ni, Eldanente mais elevado. (22) Pe, Antonio BRASIO, "Do Gitime Grutado so Padroado Régio", in Studia, ja nefro, 1959, pp. 125-153; vera luninosa reflexao de Antonio Jowe SARAI= Va, "Le Pare Anéonio Vieira, S.J, et l'esclavage des Noirs au XVITe 5." 22, 1967, pp. 1289-1309. (13) Bula de Sixto IV, “Asterni Regis Clenentia", de 21.6,1481, confirmando @ bula de Nicolau ¥, "Komanus Pontifex", de 8:1,1454 ea buia de Calixto TIL, "Inter coetera", de 13,3.1456, ageim com> os artigos 27 ¢ 26 do era ado de Atcagovas, de 4,9,1479, in'DP, pp, 222-238, p. 252; vert: bula "Sedes Aposedtica” de Joie 12, de 4.7,1505, far, "Breve Desideras in WA., veIZ, pp, 21-23 27-28; 76, Antonio BRASTO,’ "Do ditino..,", Step Spacktps 147, G4) Wa, vet. pe 279, (15) DB., v. TIT, pp, 161-209, p.206. (18) V, MAGALHAES CODINHO, 08 Descobrigentas'¢"a-Ecodonia Mundlal, 4 vols. Lisboa, 1981-1983, v. T, pp, 219-275, TH, pp, 36-69 6 Tmibi, (17) J, 3, BALLONG-WEN-NEWUDA, "Le Commerce Portugais des esclaves entre la eSte'de I'actuel Wgéria et celle do Ohana Moderne aux xXVene et XVIewe sigeles", in Colloque Intersational eur la Teaite des Noirs, 3 vols, Nea tes, 1985. (daqul em drante CIT (18) Duarte PACHECO PEREIRA, Eemeraldo de situ orbis, (1508), Lisboa, 1975. pp. 115 @ 119; 34 as) (20) ay (22) Qa (24) (26) an (28) (30) LOCKO DE AZEVEDO, Epocas de Portugal Beondmico (1928). Porto, 1978, P. 74. Apesar da alts do prego dos escravos em Portugal nos anos de 1560 ©1570, a Corea nunca deu um cardter prioritario 3 demarida metropolita na, Asc. de CoM. SAUNDERS, A Social History of Black Slaves and Freedmen En 'Portugal 1441-1355, Londoas We York, 1982, pedee Maccos CARNEIRO DE MENDONCA, © Marquez de Ponbal ¢ 0 Brasil, So Paulo, 1960, pp. 89-3 n+ Ky pps 28, 233 HAs, XI, De Alain MILLHOU, "Los Intentos de Repoblacion de 1a Isla Espsfiola por Colo Alas de Labredores (1518-1603) - Razones de ua Fracaso", in Actas del. Quinto Congresso Internacional de Mispanistas, Bordeaux, 1977, v.It, pp. 83-654. J.D. FAGE, A History of West Africa. Cambridge, New York, 1969, pp. 63- 65. P, MAURO, Le Portugal et "Atlantique au xVrTe si¥cle 1570-1670, Paris, 1960, pp, 183-200; id, Le Wie. europeen - aspects Cconomiques, 3ene aa.,'Paris, 1981, p. 135. Docunentos para a Histiria do Agiiear, v. I, Rio de Janeiro, 1954, pp-l~ Ts. ‘André ALVARES DE ALMADA, “Tratado Breve dos Rios de Guin do Cabo Verde” (2594), in MMA, v. ITT, pp. 230-377, p. 376. Carta de Bartoloneu Velho ao Rei (1605), in YMA. IV, pp. 114-125. Ver, por exenplo, Mi. 'Digees' en Angol: ve Ile + vs IX, p. 26 sq.; Beatrix HETNTZE, "rraite de ee que nos sotrees passent sous silence”, in Crm, R. DELGADO, HistSeia de Angola, v. ITI, pp. 168-170; Consulta do Con selho Ultramarine, 21.6:1655, in IIA., XT, pp. 490, 491. pps 190-192. J. CAPISTRANO DE ADREU, “Atribulagies de un Donatario", in Gaminhos Anti 1, Rio de Janeiro, 1930, pp. 37-50, 35 en (32) as) on sy 6) an (8) “cuanto a lo (trato) de los negros, yo no he de decir ni tocar, que _se~ rig entrar en un laberiato, 1a juriediecin que el rey de Portugal tiene en aquellas partes sobre ellos, mi las leyes 0 pragmiticas que establece ¥ promulga sobre los medios qué se han de tener en la contratacion y ven ta'de ellos...", Thomas de MERCADO, Suna de Tratos y Contratos (1571), Madrf, 1977, 3 vols-s.v- Ip pz 229; H, COULARI: A -Escravidso Africana no Brasil - das origens' extingdo do trafico", 39 ed., S40 Paulo, 1975, pp [it sgey a6 ise ee Ma primeira metade do seule XVI oa escravos pagan taxes correspondences TBE de seu prego (St de "vincena” mais 10% de. "éfrino"), ou seja, cer~ ca de 950 réis, ef. J. LUCIO DE AZEVEDO, fhocas ..., p- Ti; no Leino Slertel do sieutor cove direitos ff sesirat Site Sb00'e2ts ando'¢ Gravo @ enviado ao Brasil, © para 6.000 réis quando ele vai para a andrei ea espanhola, cf. D. de ABREU 'E BRITO, Um Inquérito § vida adninistrati= ao seondnica de Angela edo Brasil 1590; peficle Gok de MROQUEGGIE FELNER, Coiabra, 1831, p- 50. Por volta de 1630, 0 Fisco Leva 6.000 réis sobre cada "pega" exportada para o Brasil e 19.800 sobre aquelas desting das & Anérica espanhola (WA, v. VIIL, p.243). Ora, nessa date 0 preco das “pegas" néo devia ultrapassar 30.000 ris" (ibid. p, 394), © B. HEIN TE ~""the Angotan Vassal Tributes of the 17th Century", RUBS, Lisboa, 1u, 6, 1980, pp. 57-78, p. 63 nota 14). Donde, ae taxaa JS corvesponden @ 6x do prego da "peca*. V. MAGALHAES-GODINHO, Os Descobrimentos..., v- IZ, pp- 60-65, 98-99; Ro bert J. FERRY, "Euconienda, African Slavery, and Agriculture in Seven- teenth-Century Caracas", in HAHR., 61, 4, 1981, pp. 609-636. D. DE ABREU E BRITO, op. cft., pp. 71, 72. Citado por W.G.L. RANDLES, L"Ancien royaume du Congo, des origines 7_La fin da Kite s., Paris, La tajey 78p pe 18s F. MAURO, Le Portugal ..., p. 118 sq. So conhecidos 09 estudes de Frédéric MAURO sobre a contabilidade dos genhos de agicar, e sua discussdo com Celso FURTADO sobre 0 assunth (cf F. MAURO ~ "Comptabilité théorique et comptabilits pratique en Amdrique Portugaise au XVIie. 5." in Etudes Economiques... pp. 135-150 ¢ Le Hréail au xve dla fin du iviite e., Paria, 1977, pe OO). S. ScuWARtZ “UeLitea hovas fonteg para tragar Um quadro mais preciso dos custos dos engenhos~ Aparece entdo que os gastos com escravos atingen 102 dos gastos dod senhores de engenho e 50% dos gastos dos lavraderes. Pe. Perndo CARDIM, Tratado da terra © gente Wo Brasil (1585), Sao Paulo, 1978, pp. 201, 203. 36 (99) Alfred W. CROSBY, Jv., The Colusbian Exchange: Biological and Cultural Sonsequenices of 1492,’Westpore, Conn-, 1972, pp- S34. (40) M. couLaRT, op. ett. New World Plantation theastern Brazil", in Anes 83, 1, pp. 43-79. pp. 99, 100. Stuart SCiWARTZ, “Indian Labor and Buropean Dewands and Indian Respotise in the Kor= ican Historical Review, (daqui em diante AER), (AL) LiF. de ALENCASTRO, citi, pp. 301-309. "Sapire du BrGsil", in M. DUVERGER et all. on. (42) Gitvorto FaEYRE, Casa Grande ¢ Senzala (43) Henry 8. GEMERY and san $. HOGENDORN, "La traite des esclave: Atlantique, essai de modéie économique", in Sidney MINTZ et all., ve ® Facteur de Production, Paris, 1981, pp. 18-43. (44) Fornand BRAUDEL, Civilivation Matérielle. Eeonomie et Capitalisme xv 919, F vols, Ve Ly BPE 1S, De 37

Você também pode gostar