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Autor: Bàbálórìsà Claudinei de Aganjú

AGANJÚ, TERRA FIRME E AJAKÁ SEU PAI

A história dessa situação é contada pela tradição Lucumi, não as histórias da


Tradição mas pelo que se considera historias adicionais.
Antes de apaixonar-se pelo caçador, Odùdúwá deu a luz para seu marido
Obatàlá, a um menino e uma menina, chamados respectivamente Aganjú e Yemojá.
O nome Aganjú significa a parte não habitada do país, a região selvagem, terra
firme, a planície, ou a floresta; e o nome Yemojá significa "mãe dos peixes" (yeye,
mãe; eja, peixes). A prole da união do paraíso e da terra, isto é, de Obatàlá e de
Odùdúwá, pode assim ser dita representar a união de terra e água. Yemojá é a
Deusa dos rios e córregos, e gere as dificuldades causadas pela água. É
representada por uma figura feminina, sua cor é o amarelo, contas azuis e
vestimenta branca. A adoração de Aganjú parece ter caído em desuso, ou ter-se
fundido com a de sua mãe; mas diz-se existir um espaço aberto na frente da
residência do rei em Oyo onde Aganjú foi adorado no passado e que ainda se
chama Ojú-Aganjú - "Olhos de Aganjú".
Yemojá casou-se com seu irmão Aganjú, e teve um filho chamado Òrugán. Este
nome é combinação de orun, do céu, e de gan, do ga, para ser elevado; e parece
significar "na altura do céu." Parece responder ao khekheme, ou "à região livre de
ar" dos povos Ewe, para significar o espaço aparente entre o céu e a terra. A prole
da terra e da água seria assim o que nós chamamos de ar. Òrugán apaixonou-se
por sua mãe, que recusou-se a ouvir de sua paixão culpada. Um dia Òrugán
aproveitou-se da ausência de seu pai e a possuiu. Imediatamente depois do ato,
Yemojá levantou-se e fugiu, esfregando as mãos e lamentando. Ela foi perseguida
por Òrugán, que a tentou consolar dizendo que ninguém precisaria saber do
ocorrido. E declarou que não poderia viver sem ela. Pediu-lhe considerar que
vivesse com dois maridos, um reconhecido, e o outro em segredo; mas ela rejeitou
com horror todas suas propostas e continuou a fugir. Òrugán, entretanto,
alcançou-a rapidamente e quando estava ao alcance de sua mão, ela caiu para trás
na terra então seu corpo começou imediatamente a inchar em uma maneira
temível, dois córregos da água saíram de seus seios, e seu abdômen explodiu,
abrindo-se. Os córregos dos seios de Yemojá uniram-se formando uma lagoa. E da
abertura de seu corpo vieram:

Dadá Deus dos Vegetais


Sàngó Deus do Relâmpago
Ògún Deus do Ferro e da Guerra
Òlokun Deusa do Mar
Òlosa Deusa da Lagoa
Oyá Deusa do Rio Níger
Òsun Deusa do Rio Òsun
Oba Deusa do Rio Oba
ÒrÌsà Oko Deus da Agricultura
Òsòósi Deus dos Caçadores
Oke Deus das Montanhas
Ajé Deus da Riqueza
Sàponà Deus da Varíola
Òrun O Sol
Òsú A Lua

Para comemorar este evento construiu-se uma cidade chamada Ifé (que significa
distensão, aumento de tamanho, ou inchamento), no local onde rebentou o corpo
de Yemojá, essa cidade transformou-se em cidade sagrada para os povos de fala
Yorubá. O local onde seu corpo caiu costumava ser mostrado e provavelmente
ainda o é; mas a cidade foi destruída em 1882, na guerra entre o Ifés contra os
Ibadans e os Modakekes. O mito de Yemojá explica assim a origem de diversos dos
Deuses, fazendo-os netos de Obatàlá e de Odùdúwá.

AJAKÁ

O Aláàfin de Òyó, o Oba Ajaká, meio irmão de Sàngó, era muito pacifico, apático
e não realizava um bom governo. Sàngó, que cresceu nas terras dos Tapas (Nupe),
local de origem de Torosí, sua mãe, e mais tarde se instalou na cidade de Kòso,
mesmo rejeitado pelo povo por ser violento e incontrolável, mas sendo tirânico, se
aclamou como Oba Kòso. Mais tarde, com seus seguidores, se estabeleceu em Òyó,
num bairro que recebeu o mesmo nome da cidade que viveu, Kòso e com isso
manteve seu titulo de Oba Kòso.
Sàngó percebendo a fraqueza de seu irmão e sendo astuto e ávido por poder,
destrona Ajaká e torna-se o terceiro Aláàfin de Òyó. Ajaká, também chamado de
Dadá, exilado, sai de Òyó para reinar numa cidade menor, Igboho ,vizinha de Òyó,
e não poderia mais usar a coroa real de Òyó. E, com vergonha por ter sido deposto,
jura que neste seu reinado vai usar uma outra coroa (ade), que lhe cubra seus
olhos envergonhados e que somente irá tira-la quando ele puder usar novamente o
ade que lhe foi roubado.
Esta coroa que Dadá Ajaká passa a usar, é rodeada por vários fios ornados de
búzios no lugar das contas preciosas do Ade Real de Òyó, e esta chama-se Ade
Bayánni. Dadá Ajaká então casa-se e tem um filho que chama-se Aganjú, que vem
a ser sobrinho de Sàngó. Sàngó reina durante sete anos sobre Òyó e com intenso
remorso das inúmeras atrocidades cometidas e com o povo revoltado, ele abandona
o trono de Òyó e se refugia na terra natal de sua mãe em Tapa.
Após um tempo, suicida-se, enforcando-se numa árvore chamada de àyòn (àyàn)
na cidade de Kòso. Com o fato consumado, Dadá Ajaká volta à Òyó e reassume o
trono, retira então o Ade Bayánni e passa a usar o Ade Aláàfin, tornando-se então o
quarto Aláàfin de Òyó. Após sua morte, assume o trono seu filho Aganjú, neto de
Òrànmíyàn e sobrinho de Sàngó, tornando-se o quinto Aláàfin de Òyó. Como
Aganjú não teve filhos, com ele acaba a dinastia de Odùdúwá em Òyó, assim
termina o primeiro período de formação dos povos yorubanos. De Ifé até Òyó, de
Odùdúwá a Aganjú, passando por Sàngó.

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