Você está na página 1de 24
ia 1 Primolea edigto Rio de Janeiro, 1957 Segunda edigto Livros de Portugal Rio de Janeiro, 1970 “Terera digo Presenga/MEC Rio de Janeiro, 1979 uta esigio Presenga/INL Rio de Janeiro, 1986 SERAFIMDASILVA NETO Histoéria da Lingua Portuguesa #edigio: EM CONYENIO CoM 0 INSTITUTO NACIONAL DO LIVRO FUNDACAO NACIONAL PROMEMORIA = PRESENGA RIO DE JANEIRO 1986 Copyright © Prsenca Balgoes Caps Heraldo B, Lisboa Indico de plans de A.G, Cunha Indice onomistico de ‘Raimundo Barbadinho Neto FIGHA CATALOGRAFICA * © Sita Neto, Serafish, 1917-1960 Ss86n “Histéra. da Lingua portuguesa / Seraim da Siva Neto. — Preficio / Svs Els. ~ Apresentagfo / Celso (Cunha, — 4, ed, ~ Rio de Janeiro : Presencaj [Brasil] INL, 1986. (Cotegdo inguagem, 11) uo Tilloes portugues. L Intute Nacional do Lio, 4 MEMORIA DE die. tI Titulo. cop - 469 JOSE LEITE DE VASCONCELOS CU = 856.90 ISBN 85-252-0008-5 . Fol feito 6 depdit non PRESENCA EDICOES Rua do Catete, 204 - Grupo 302 — Tel.; 225-1947 22.220 Rio de-Janeiro, RI IMPRESS NO BRASIL. , PRINTED IN BRAZIL INTRODUGAO Lihistoire de toute langae ett une succesion d’accients, mais d'accidents| collects. La plupart en effet sont préparés parla structure mime de la langue et contenus virtuellement en ell.” “Chague état de langue sort ainsi naturellement de Uélat de longue on- . triur. Cela wempéche pas chaque individu d'avoir dans Tévolution de ta langue une certaine responsabilité, Mals Taccident indivduel sétimine de Tui méme et dleparaie sans laste de traces avec cel qu'un accident survive & son auteur, il dois are consent, sanctionné par Ta communauté. Cela permet de comprendre Je réle de individu isle (Wendryes, in Les Sciences Sociales en Fronee, Paris, s/& (1937): pg. 15), ‘qui '8 commis, Pour 1 — BVOLUG4O E DESAGREGAGIO |As linguas sio resultados de complexa evolugio historica e se caracterizam, rno tempo € no espaco, por um feixe de tendéncias que se vio diversamente efetuando aqui ¢ além. O acimulo 2 a integral realizagio delas depende de condigées sociolégicas, pois, como é sabido, a estrutura da sociedade € que determina a rapider ou a lentiddo das mudancas, 'A qualquer momento em que se observe uma lingua, cumpre ter em rmente as suas fases anteriores, A histéria das linguas roménicas, por exemplo, fosa com a-do latim ¢ a deste, através do itilico, vai acabar no indo- de Cicero, nem o desse tempo é idéntico ao de'Séo JerOnimo. O francés de Villon nfo é 0 de Anatole France. O portugués de onde D. Dinis extrafa 13 t SERAFIM DA SiLVA Nero as suas cantigas de amor ¢ de amigo nfo é 0 de Camées, nem o deste é 0 mesmo de Hereulano, (!) Nessa sucessio de fases hi que distinguit, no entanto, entre evolugto € desagregasao. Naquela ndo hé descontinuidade; nesta hd uma nitida cesura, 4 transigio de um estilo social bara outro Para bem se compreender essa diferenga, convém ajustarthe as nogdes de epoca e estilo, tio bem formuladas pelo socislogo alemio Theodor Geiger. © estilo sociat é, precisamente, um complexo de caracteres estruturais bdsicos, que tornam possivel a afinidade dos diversos setores da vida social (). # a permanéncia dele que caracteria uma época, isto &, uma seqiiéncia evolution ha qual um ‘estilo constitui 0 fandamento cultural Em caso contrério, ou seja, quando a mudanga social (lingiistica) nfo se resume no desenvolvimento de um estilo, estamos em face da desagregasto, da mudanca de uma época para outra. £ 0 caso, por exemplo, do latim, que se desagregou nas’dez Hnguas roménicas. A fase do romanco representa ‘uma ¢s n’ést valable dans toute sa simplicité qu’au foyer dinovation; appliqué & la propagation, it en donnerait une image inexacte. Le phonéticien distinguera donc soigneusement les foyers innovation, of un phoneme #volue uniquement sur Vaxe dit temps, et-les aires de contagion qui, relevant a la fois du temps ct de Vespace, ne sauraient intervenir dans la théorie de faits phonétiques purs. Au moment od un 4s, venu du dehors, se substitue a t, il ne Sagit de la modification d'un prototype traditionnel, mais de Vimitation d'un parler voisin, sans égard ce prototype; quand une forme herza “coeur”, venue des Alpes, remplace en Thuringe un plus archaique herta,il ne faut pos () Cours de Linguisigue Générele, 1916, pigs. 189-290. Pidal comenta: "Los $00 anos sfielados por Saussure como exo notable de duracion para ta propagacion de: un cambio Tinguistico son todavia poca cosa en muchas casos" (Origenes' del Espatiol, 1929, pig. 568), y Serarmt Da Siva Nevo barler'de chargement phonétique, mais a'emprunt de phonéme” (idem, pag. 290) (), Por isso nfo se pode negar que, observados hhistoricamente os fatos, se notaumit série de correspordéncias fonéticas “regulares” entre dois estados linghisticos sucessvos. ais correspondéncias explicamse, principalmente, por esse: progressive, movimento de difusio que se vai cumprindo lenta ¢ inexora- velmente,:mas:€ preciso também reconhecer, com Hermann Paul (*), que hé uma_certaharmonia no sistema fonético de cada lingua: e ¢ ela que, a nosso ver, explica que sejam.os mesmos os deivios observados nas criangas da mesma getagio, da mesma localidade e do mesmo circulo social. — LIMITES LINGUISTICOS ‘Tem. sido:possivel observar, em determinadas regides, uma unidade mile- néria.:Tal fato se-explica pelo respeito a demarcagées muito antigas, que 0s novos senhores sistematicamente respeitaram. Mesmo a Igreja, quando balizou as dioceses. as manteve, sinal seguro de que correspondiam a uma realidade geogratica ¢ étnica, ‘Assim se formaram cadinhos lingiisticos e culturais que puderam manter grande unidade, © grande espirito de conservacio, RazGes ‘geogrificas certa- mente contribuiram para o isolamento dessas regiGes que se abismaram numa vida propria. & que certas fronteiras sio, de algum modo, determinadas pela configuracio do terreno. Ja, em 1870, na célebre conferéncia acerca da. classificagio dos falares rominieos (0), Schuchafdt frisara’ que as_velhas demarcacdes étmicas no se ()-O Wiélogo,slemso. E. Gamilcheg em seu artigo Uber Lautsubstitution in Prine bienfrogen der romanischen Sprachwissenschalt, 11, 1911, pige, 16299) chega mesmo a sit. tentar que tdas'as alteragtes fonédcas provém da substituigto de wm falar por outro — 0 ‘que, cimo “di Melle, “est assurement exceslf” (L'Annde. Socdlogique, XU, 1909-1912, Ag. 855). CL. ainda Die romaniichen Blement in der deutichen Mundart von Laver, Halle 1912, onde’ Gamilicheg deseavolve 2¢ fdélat do artigo anterior, — (08) “Es Desteht in allen Sprachen eine gewitte Harmonie des Lautsystems, Man sieht slarans, dass die Richtung, nach welcher ein Laut ablenkt, mithedings sein mass dureh die Richtung der ubrigen Laute". (Prinipien der Sprock-geshichic, 5 ed, 1920, pagina, $1) (1): Ober die Riasifihation der romenischen Mundesten, Graz, 18 HUsrORIA px LINGUA PORTUGUESA persténcia de certos limites dilenis, Mostrava, ainda, a importincin das Aivndes eclesisticas para a compreensio das frontiras dot falares de nowt dias. Em 1891 0 Padre Rousselot, no seu no menos famoso estudo sobre 0 patois de Cellefouin, veriicara que “Les transformations philologiques de cette époque ancienne présentent un caractire particulier; elles coincident pour la plupart si exactement avec les limites des paroisses, qu'elles suffiraient presque toutes seules & déterminer les divers groupes : qui s'éaient formés au sein de la population” (). © desenvolvimento dos estudos dialetolégicos veio trazer confirmagGes, mas veio, sobretudo, mostrar como & complexo o problema, intimamente relacionado que esté, com a estrutura da sociedade ea composigéo demogréfica. £ dos mais curiosos, por exemplo, 0 caso do grupo lingtiistico chamado franco-provengal, cuja area, como desde logo (1871) reconheceu Boehmer ("*), coincide com a Burgindia superior ¢ 2 Burgindia cisjurana, vale dizer, se superp6e ao antigo império dos Borguinhdes. O notivel romanista sulgo Heinrich Morf, no aceitando a hipétese de Bochmer, foi mais longe, pro- ‘vando que o franco-provengal ocuza 0 territério dos antigos bispados de Lio e Viena, os quais, por sua ver, teriam herdado os limites das civitates romanas (¥). Embora investigadores modemos, como Wartburg (#) tenham voltado & ‘conexio histérica com os Borguinhées, pensamos poder conciliar as duas teorias. De fato, o territério do franco-provengal & o do antigo reino; mas o deste corresponde 20s antigos bispados. Os invasores vieram ocupar, precisamente, (0H Ler modifications phonétiques du langage ctudites dans le patos d'une famille de Ccettefrouin, Pars, 1891, pg. 348, (08) Romanische Studien 1, 629, Cf. também Meyer-Labke, Einfhing, 212. (8) Mundartenforchung und Geschichte auf romanitchen Gebiet, in Aus Dichtung wnd Sprache der Romanen, WH. pAgg, 295-820. (08) "Le franco;provensal doit sa postion toute spécale 4 I'éiemens burgonde” — “set traits se tienment exactement entre les limites du royaume burgonde d'avant 459° (vj. Evo- lution et structure de la langue francaise, 28 ef. 196, pig. 2). Por outro lado 0 Pe. Gardette, em estudos recentes, mostrou que a8 fronteiras do diaeto de Fores exilo compreendidas nat diocese: de Clermont e de Puy, a8 quais, por mua vez, te relaconam com as civitates dos Seguaiavi, Arverni ¢ Vella, CL, ¥.R. VIE, 308 19 ‘Smearinc pa Sitva Neto aquela érea, onde nio seri desarrazoado crer que se desenvolvera uma vida propria, condicionada por motivos étnicos, geograficos, econémicos e expirituais. © estabelecimento do novo reino veio consolidar uma diferenciacio que Ihe xa anterior. Outro bom exemplo foi evidenciado pelos estudos de Bruneau acerca de extensa drea dialetal da Franga — a das Arden: “Les patois actuels sont I'aboutissement de quinze siécles histoire. A 'époque primitive ob 'Arduenna silva couvrait Te plateau d'Ardenne, le relief du sol a décidé de la colo nisation du pays... des lorigine, trois masses de population de provenance diverse parlaient trois langages différents... Sur les cartes linguistiques actuelles, nous trouvons encore tracées les frontitres des tois races. Irrégulitres et confuses dés Yorigine, ces frontiéres sont devenues plus irreguliéres et plus confuses encore au cours de quinze siécles de vie commune et influences réciproques” (4. Fora do campo romanico também sera possivel encontrar exemplos dessa admirével concordancia, que atravessa, intacta, tanios séculos. Em diversas regides da Alemanha de nossos dias (®), as isoglossas coincidem rigorosamente com as fronteitas politicas anteriores a 1789 — que remontam, fem geral, aos séculos XIV e XV. E deve acentuarsé, ainda, que as fronteiras politicas so, igualmente, confessionais (#) ‘Apesar desses casos de flagrante unidade, € preciso lembrar, como faz Menendez Pidal (¥), que as relagdes culturais determinantes da difusio de um cambio lingiiistico nem. sempre se ajustam a quaisquer limites politicos ou administrativos, mas ora os sobrepujam, ora estacionam aquém deles, Assim, & preciso levar na devida conta que os limites Iinglistcos atuais podem ter sido, em relagio ao passado, deslocados on recuados. "A manutengio ou a deslocagio das fronteiras milendtias depende de fatores sociolégicos. £, ainda, a mobilidade social, © jogo complexo dos contactos € (06) La limite des dislecter wallon, chempenois et lorrain en Ardenne, Paris, 1913, pégina 177 (2) Referimoinor & Alemanha anterior a 1689 (08) Vendryes, Le Langege: pig. 307, Vj. outros exemaplos em Bach, Deutiche Mun- dartforschung, 28 ed, Heidelberg, pig. 98 © =, (0%) Vj.2 RFE, UI, 1016, pig. 8% Origenes del Espaiol, 29 ed, 1980, pig. 874. Lembre- 4, no entanto. que 20 pasprio Menender Pidal devemos a indicagéo de limites quase mile- ios, como © que aponta ae pigs 228-9 doe dtados Origenes, 20 Historia: pa: Lincua PorTusursa ddas interagges, que determinam, em substdnci, a persistincia ow.a' mudanga das linhas de demarcagio ()- Nese sentido € indispensivel terse na devida conta a adverténcia de Meillet: “Ce qui décide des concordances' linguistiques ~ comme ce sont aussi, en partie aul moins, des divisions politiques—, des faits de civilisation: le coude remarquable que fait le gros faisceau des limites entre le galloroman du Nord et celui du Midi entre Bordeaux ét Lyon dessine vers le Nord une grande courbe, qui concorde en gros avec celle que dessine J ligne du chemin de fer (par Périguex, Limoges, Guéret, Mont-lugon, Gannat, Roanne) entre ces deux villes, pour éviter les hauteurs ‘du Plateau central. Ce sont des faits de civilisation qui expli queront pourquoi tout le plateau central appartient au type du Midi" @). Fa i it eh i, an tn vr a : aentados nuaves dos tempos, Afo-nos Paul Level ¢ Paul Maltrier como auxilio da 49Po- TSE 2 ee, pa unr tngoumois (1800-1900), Paris, 1914, pags. VIIL-X. a esi, YN, aang seen ee Fe ae eee taniana se whreporia & dos bieados de Roller, Pais Lion. Ch. 257 we so ra as Se a ee ee int he 1, Dominian, The a | _—__ i } SERAFIM DA SILVA Neto ss tai ene sin er ts =, ait No que toca a muda n mais expressivos o caso dos Ossaleses, magistral een Past até 0 sécul substituida (alvo em. trés culo IX, por uma populagio que foi aldeias) por emig i dear Soa tas eae Dam icos € dialetoldgicos, o fil6logo francés chega as seguintes conchuser 1 = os altos vales ‘dos Piri e bea itineusestavaim_povoados, depois oe nizagio, por uma gente sensivelmente homogénea, ane f va uma série de dialetos muito vizinhos — de que a od ojt os falares de Barétous, Aspe e it einuagbes bee “Aspe © Aan so. continuagbe 2 — os trés vales de Ossau, Asj ides nu es vales de Om, Aspe e Barétos estan reu 3 peo 1X9 seulo dG, 0 vale de Osa, por cau ‘Go sabidas, estava mais ou menos despovoado; ' ™ 4 por esa mesma dpoca, uma invaso. de nomand devastava a planicie bearnesa, arruinando, entre out de sen ene outa, a cdade 5 — on habiantes de Lesa ¢ sured invasio, refugiaram-se )ssau, vnerlaten cae cae leva, regia Oss ene msn ct 0 6 ~ todavia 0 micteo pr i leo primitivo da populagio de Osa se concentrow masts aldeias de Arudy, Teste Case onde nnd hoje se ouve um falar que continua o dos antepassado: mee Mes inns» Snr ftp ei unr om ed @, onde o substrato préromano era LG Lioigine. des Ossalois, Pais, 1904, pigs. 4, 5,’ 9, 60-1, 148 © pasim. Cf mals of dos toponimicos ge P. Sallenave, nas Actes de ln primera reuniém de fopontnia pivenion 22 Hisrésia pa Livoua PoRTucursa Mas, na época dos Longobardos, durante cinco séculos, a Cérsega passou ‘econémica e cultural da Toscana. Esse periodo, determinou nova estritura ao falar corso senfo um dialeto do toscano, embora, s descobrir tragos da antiga unidade fa gravitar em torno da érbita que se estende do século VI a0 XII, ‘que, tal como se apresenta hoje; néo aqui € ali, possam ainda os fildlogo sardo-corsa (2). Dentro, alids, do mesmo grupo lingiifstico, ha falares que mudam de carter. Giacomino estudando o falar de Asti (Piemonte), observou que ¢ “rimodellata quasi per intiero sullo stampo del velgare torinese” (*). Vim a propésito estas consideragies de Migliorini: { dialetto di Monza non riflette uno “spirito monzese”” indipendente, dall’eti-romana ad oggi, ma quei pochi spunti attivi che Findividualité storica di quella cittd ha potuto avere, insieme con i molti spuntipassivi, di soggezione alla vicina Milano. Percié il dialetto é per cosi gran parte identico a quello i Milano; ¢ anche gli italianismi che ora vi si manifestano gli provengono dalla metropoli lombarda, Il dialetto di una ‘citté come Bergamo manifesta, nelle successive sue fasi, diverse sintese di spunti autonomi, di tratti lombardi ¢ di tratti veneti. (Linguistica, 1946, pags. 63-64), 4 — INTERAGAO LINGOISTICA |A vida social proporciona, pois uma série ininterrupta de contactos ¢ interag6es. Em tal sentido, como Jembrou un dos maiores socidlogos da Franca, a sociedade pode ser definida como “une collection d’étres en tant qu'ils sont fn train de simiter entre eux ou ex tant que, sans s'imiter actuellement, ils (e) Vj entie muitos outros, como M. 1. Wagner © Bottiplion!, o estudo de Rohl, Litaionita lnguistica della Corsica, Viena, 1941. ‘0 exemplo de Pantelaia, poquena itha do Meditersinco, ¢ também expresive, Ocupada elon Araber desde o fim do séeulo VIL, @ lingua arabe era 1 falada no solo XVII; mat TP populag, reduida a 600 almas em 198, eresceu, no séclo XIX para 10.00, por causa ‘as emigragto sclana ~ e desarte o dialeo que atualmente se fala siilano, Conservamse ‘pougulisimos termos drabes; s6 na toponomtica preponderam tais elementos, Cf, a Romani, 52, 1908, pie. 165, (a) Vj. 0 Archivio Glottologico Tallano, XV, pig 408. 23 SERAFIME DA SiLVA Neto se ressemblent et que leurs traits communs sont méme modale” (#), Assim encarada, ela ¢ a soma da atividade dos individuos, e sem duivida refletiré as influéncias psicolégicas de uns sobre outros, Daf a importincia da imitagdo, que fica sendo o cimento das relagées interhumanas. Nio nos compete, aqui, expor a famosa polémica entre Durkheim e Tarde, acerca da antinomia entre a coergio social e o espirito ctiador, mesmo porque 35 posigdes extremas de ambos foram superadas © conciliadas por um Wise, um Worms. des copies anciennes dun Este ultimo escreve, por exemplo, o seguinte: “Dans toute imitation il y a quelque chose original: car nul ne copie un modéle sans le déformer; & Limitation se méle done sans cesse T'invension. Réciproquement, toute invention utilise un matériel préconstitué, suit une voie oi des devanciers se sont engagés, renferme donc une certaine part d'imitation”. E logo depois: + tout acte imposé par les régles sociales ne s'accomplit Pourtant que suivant une modalité dépendant des moyens et souvent des caprices de I'individu. Et tout acte individuel doit compter, ao moins comme limite, avec une regle sociale. Il y a, ainsi, une incessante pénétration réciproque des deux éléments, Lindividuel ne se peut opposer au social”. (La Sociologie, 1921, pags. 37:38), # evidente que esse duplo caréter — individual ¢ social— também se ‘manifesta na lingua. & sabido que cada um fala a sua maneira, diferente dos Outros: a rigor hé tantas linguagens quantos individuos. ‘Mas, por isso mesmo que a vida social impde o mituo entendimento, existem, dentro de cada grupo social ou regional, determinadas somas de identidades, S40 elas que, junto com cutros fatores, identificam socialmente 15 pessoas. Tais circulos nfo constituem, porém, compartimentos estanques, mas, pelo B, S. 1, XXVIK, pdr. 68:0, ‘Alem disso, €’precso ter na devige conta que, mesmo dentro do compasio de dex anos, que caracteria uma geraglo, umas lancas recebem influéncias doutrae pouco mmalores © assim se ‘val extabelecendo uma unidade progrestiva, Cf. J. M. Manly, From Generation to Generation (in Miscellany Jespersen, Copenhague, 1990, pig. 287 © ss). “Tambémm haveri que considerar 6 contacto entre fase sucessivas da lingua, que te pode dar 4) no tempo, quando conscientemente se imitam os modelos do pasado, repreduzindo-e sc mas is (rsins © enpainos o in 2) no. exo, quando se interpenetram individuos que citio em gens du Nord. "Cette: observation-vaut d'ailleurs aussi pour Ie cas d’extension a'une' langue étrangére, mais enseignée & V'école (cas du latin en-Gaule)" (B.S.L.P,, 28, 1928, pig. XXXV) Como naturalj-a: comunicagio do eminente sibio despertou enorme interesse entre 0s lingilistas presentes. As opinides entio emitidas podem resumirse em que é essencial distinguir: 1 =,0.cas0 em. que hi aquisigio duma lingua por inidividuos ou grandes, grapos transplantados —.quando assimilacio € completa, seja em uma oti duas geracées, seja num periodo, mais longo; Qo caso. em que a aquisicio da nova lingua € feita por individuos que se mantém no territério onde falavam a Nngua. precedente — casoem que verdadeiramente se pode falar de substrato, ‘A investigagio das conseqiéncias do substrato é, porém, tarefa das mais ditceis ¢ complexas, pois, como asseverou Schucharde (#). “toda mudanca fonética repetese infinitamente ro espaco e no tempo." Iso nos leva, de novo, a buscar apoio na histéria nos movimentos demogrficos, bem como nas, oncordincias entre éreasTingiticas. Nesse sentido devemos 20 romanista espanhol Menendes Pidal contribu ces de valor inestimivel. & 0 caso, por exemplo, da discutida passagem de fa h, cAmbio.que, além da dtea hispinica, também se verfica em outras regides: no norte da Telia, na regifo de Bergamo, no’ sul, na Calabria, regito de Catanzaro, na Sardenha oriental, na regio de Nuovo, Apesar disso, nfo podemos separar 0 fendmeno hispinico do substrata ibério: 1 — por sua densidade e extensio geogrifica, em duas Iinguas importantes, muito distintas uma da outra: o espanhol 0 gasck 2 — porque essas duas linguas sio geograficamente contiguas; 3 — porque essas duas linguas diversas so préprias de dois povos dé mesmo fundo étnico: ibero-hispano, ibero-aquitano; (2) Vjja Literaturblet, 1887, co. 126, 2 Histénta pa Liveua Portucuess — porque essas duis linguas romanicas aparecem ainda hoje enlagadas geograficamente mediante uma lingua ibérica primitiva que cerece de fi 5 —porque no espanhol houve vacilagio entre {> he f> py fato que se repete no vasco, sinal de que em ambos os casos se trata de uma equivaléncia actstica e nfo processo evolutivo. ainda o caso das mudangas de nd em nn, mb em m, ld em I, asimilagdes passveis de se verificar em qualque: expago ou tempo, mas que, por singular foincidéncia, ocupam areas homogéneas no norte da. peninsila ibética © no Sul da Ikilia. A Historia, suporte humano dos fatos lingisticos, esclarece @ coincidéncia, pois aqueles cimbios se podem explicar por influéncia do osco- fimbrio, substrato das areas italianas © elemento demogritico significative na ‘olonizagio do norte da Hispania. £ ainda, mais ou menos, 0 caso de cimbios como nis nd; nk> ng; lt> Id, caja explicagio por influéncia do substrato fica evidente se atentarmos na coincidéncia Was Areas. So igualmente expressivos os tragos do. sardo, que, s explicam pelo contacto do latim com a lingua anteriormente falada na grande ilha, M. L. ‘Wagner (#) enumera-o: 1 — a aversio a0 fj 2—a propensio para acrescentar um apoio vocilico a0 r inicial; 3 — as articulagdes alveolares; 4— 0s sons cacuminais, caracteristicos, também, do sul da Itilia; 5 —o som guturalizado que sé ouve em lugar de k, € como substitutive do — I — \garmos excessivamente (0 assunto nos levaria longe) Para nfo nos alony seu espléndide limitar-nosemos a citar as conclusées a que chegou Rohlfs no estudo agerca do gascio (4) 1.9 — © Jatim introduzido na antiga Aquiténia seguiu uma evolugio inteiramente original. Em tal sentido o Garona formou um limite natural entre a Gélia propriamente dita ¢ 0 territério aquitinico; GH) Via Mistoriche Lautlehre des Serdischen, Halle, 1941, pg. 81), Gt) Vj, Le Garcon, Halle, 1935, pigs. 12. 3 ‘Suxarma DA Siva: NETO 2° — a influéncia da antiga lingua ibérica manifestase nio somente em ‘considerdvel mimero de sobrevivéncias le xicais, mas ainda, ¢ muito nitidamente, nas tendéncias de pronunciagio, A intensidade da influéncia do subsolo linguistico € tanto maior quanto mais aparentados slo os dois sistemas. Bartoli fritou, mais de uma ves, que “pits due Hinguaggi si assomigliano e pi facilmente Puno influisce sullalto" ¥sse postulado se compreende, facilmente, visto que s6 pode haver con. fusio entre sistemas parecidos ou apareniados: nos sistemas muito diversos a diferencas sio mais nitidameite marcadss. Por isso & esmagadora a iniluén- ‘ia de'uma Hingua comum sobre os falares regionais: na Franca, por exemplo, fem muitos lugares 0 patois € 0 francés patosé e o francts, pelo contritio, é o patois france sso nos leva 2 uma nova concepsio da interinfluéncia lingiitstca. Con. siste em crer na ljitfa da’ aco do qyperstrato no substrgo, A lingua dos vencedores vaise insinuands, mais e mais, na dos vencidos até alagila submergtta (), Assim o.préprio falar nacional se desfigura sob a agio de uma lingua cujo prestigio se imponha esmagadoramente. Terracini estudou, a etse rexpeito, exemplo muito expressive: a penetragio 4o latim no osco dos Campanos romanizados (). £ preciso mio esquecer que. acto. do substrato se faz sentir, mais forte mente, na fae iniial do aprendizado da nova Hngua. A primeira geragto, bilingte(#), trampoe. para ela os hibitos e tendén- cias da fala materna (9), além de, naturalmente, nfo pereeber, com perfeio, as finuras e sutilezas do novo sistema. (9) Miscellanes di studi in onore di Atilio ovis, Teieste, 1910, pg. 604, E vj, ainda Actes dis premier Congrds de Linguists, Leiden, pds.’ 105-108. 66) Schuchardt, Slavodeutiches und Slewoialeniches, 1885; Windisch, Zur ‘Theorie des, mischsprachen ‘und Lehmvorter, in Berichte vber dle Verhandlungen der Kon. Sach Geselschatt der Wissenschaften, 1897, pgs. 101-125 ©) Archivio Glouologico Halisno, XVIL, 138.182, XVIN, 181, 184189, GF, G. Mobl estabeleceu trésfases no proceso da romanizagio: na primeira a lingua digenas estd a0 lado da dos colonos romanot; na segunda (I e Tl aéeulos) hd bili bidade — é a fase de importincia decisiva: na uercira hd a vtésia do latim, que afoga 38 possveis influéncias dos substraton Vj. a Introduction a le chronologie du latin vulgare, 1809, pig, 66 a. (@) Para 36 dar um exemplo seguro: entre of Bacaitis no existe o som 8, de modo ue, 20 aprender 0 portugués substituem-no pelo pé: "... quando eu dita fogo, fimo les pronunciavam jogo, pumo, Mas também ouviram, ou melhor, perecbiam 0 f como p, os 4 ds gorien suite, aprenden, on io; ee deficeme vogue, que} assim se ir, ow nlo, perpetuando. No caso, jf visto, da difusio do latim ‘peli Romfnia, do inglés pela Amé | rica do Norte, do portigués e do espanhil pela Auiéica do Sul, o ensino escolar, © esforgo da instrugio,o freqiente e duradoaro contacto com os nio aloglotas} foram preenchendo of quadros morfolégicos ¢ anulando os desvios provocados | pelas imperfeigSes da aprendizagem. i “Tiido dependers, pois, de certas condigbes socioldgicas,tais como o am- bien social, © cntacto.€ a interagio, 0 maior. ou menorsmimero de no | | aloglotas, o isolamento, o maior ou menor desejo de ascensio. social, \ impse as pesquisas de substratos préromanos, e que nds podemos estender & incipiente investigagio dos possiveis,influxos pré-europeus: 1.9 — por meio das inscrigées, dos testemunhos dos antigos ¢ dos nomes de lugar, devese determinar a natureza da po- pulagio, e a densidad> da populagée: romana € nio ro- mana para ter onde apoiar o momento culminante da fusio; 29 — investigar a data das transformagoes, de que se tratar, para nfo cair no erro de referir a época préromana fatos acontecidos muitas geragSes depois da total desaparigio dos povos pré-romanos; 3. — por.meio da fonética experimental, estabelecer as bases da articulagio de cada lingua romAnica, a fim de investi- Sio ainda de rigorosa e boa critica estas exigtncias, que Meyer-Lilbke 4 I I tend, plo que pate verfas, 2 fime conigdo de pionincren 9 meme som que cu tv di® (hal von den Ste, Enver borne do Brit Centr, pg. 108 dh ad tran, 8. Paso, 100 : ios que team 3 foe (O) Rise aprendinde pode, ais, ser lento i com nin que! ea maple de sons intrmeditin, Lester, em sah notat tte’ espankol de Guatemala, Sheer qe "ots queademis de su lengua nat saben ep desde la intact fromncian laf com feted Muchos confunden I f nicl ela gue eco ms natal, " eng forgo ‘en In ost, a en orn ca J alee Pungo ucgo en la boca" en vcr de “eng fa i Tv. B1 eptel oF Nejc, for Eston Unido 1a dee Central Basnos Sire, 138 ina 23) 45 Serarm pA. Siva. Nevo poressa: base ¢ depois (j& por comparagio com os subs- tratos préromanos, jé por extensio geogrifica) se a forma especial: do, fonetismo duma lingua romAnica se pode atribuir direta ou indiretamente 4 mescla com um povo ndo rominico (8). Estudando as linguas européias transplantadas para a Africa, Asia e Amé& rica, podemos surpreender, ao vivo, as conseqiiéncias dos contactos entre linguas diferentes. Desde logo’se nota que o sotaque do espanhol americano, por exem plo, estd intimamente-relacionado: com a-cadéncia das linguas nativas. Eo que nos assegura o foneticsta Navarro Tomiés: f “Podré aclarar esta cuestion el estudio de los acentos de México, Peru y Paraguay, por ejemplo, en relacién respectiva- ‘mente con los de las lenguas néhuatl, quichua y guarani; hablo- das atin por parte de la poblacion de esos paises. De México dice Henriquez'Urefia que la entonacién en las clases populares es idéntica: a°a se emplea al hablar ndhuatl, influencia que se ‘observa, también, aunque con matiz mds atenuado, entre las clases -cultas.”. (Estudios de Fonologia Espafiola, 1946. pigs. 1523), ‘Outras pesquisas de campo confirmam a permanéncia dos velhos ritmos TingUfsticos. A Prof, Vidal de Battiai, que estudou vasta érea do espanhol ar- gentino, conclui: “En las regiones donde atin subsisten nucleos de poblaci- res autdctonas 0 en las en que se habla la, lengua primitiva, puede establecerse Ia comparacidn, y esta es siempre alirmativa, La entonacién correntina ~ en Corrientes se habla aun Ia lengua indigena — es de indudable origen guarani, aparaguayada, como se dice vulgarmente. (9) Vj. a Introduccion, 38 ed, pig. MO. A inpiragio para ese pas, fi 0 Metre suigo, provavelmente, bebtla em Asal, que cxigia trés provax: 18) a covogrifce, io & 2 demonsracio de como.0 fendmeno extdado se vritea exatamente nas reper outora fabitadas pelo poro préromano de que s tats; 28) a inrimecs, ov xj, demontagio de que se verticou na hiséria. da lingur indigena a memna tendéncia lingGisca; $8) a caries ga ic, » men Sg ot rnans if, dem mney on ma qualquer: no germdnin, pot exemplo (Vj. Una letters glottologce, pig. 8 ainda onic, Pitcimo Tact nella oe nguggi, pag, 2) 48 Hisrénia pa Lincua PowTucuess Las numerosas tonadas provincianas pueden provenir de las diversas lenguas y dialectos indigenas que se hablaban en nues- tro pais antes de la Conquista, Han perdurado gracias al aisla- miento em que vivieror nuestras provincias, mantenido por 12 naturaleza del suelo y las grandes distancias que las separaban. En las que la poblacién indigena fue mas numerosa se conservan Jas tonadas més marcadamente” (*). Dispomos de observagées igualmente interessantes, tais como a de Nils xjellman, que estudou a Lingua alemi falada em Porto Alegre. HA dois grupos: o primeiro complese daqueles que aprenderam 0 alemo no Brasil , na maior parte, sio bilingties desde a infancia, 'A diferenga entre ambos consis “vielmehr aut phonetischem Gebiet und besteht 2.B. in einem schnelleren Sprechtempo, in verandester'Sprechmelodie rund in der Aufnabrie des bras, r — Lautes.” (In Studia Neophitologica, VIN, 1935.5, pig. $6). A peninsula mexicana do Yucatan (®) € um precioso laboratério do con- tacto de linguas, Foi ela descoberta en 1511, mas sem recursos naturais, nunca atraiu forte populagio espanhola, Assim a lingua maia se manteve a par da Lingua dos conquistadores eo bilingtismo dew em resultado que o espanol regional mostra caractristicas fonéticis do idioma dos indigenss. O maia como lembra M. L. Wagner — possui uma série de vogais ¢ de consoantes seguidas de oclusio glotal, as chamacas “letras heridas"; estes sons caractris: ticos passaram também, em muitos e2s0s, a0 expanhol da regito ¢ server 30- bretudlo para dar as palavras,uum sotaque enfitico (pu chis” ba’ lago! ma’ re! Os fifi ¢ If palatais do espanhol so desconhecidlos do main (como de muitas Ainguas americanas): em conseqiéncia se pronuncia ni em seu lugar ~ banio, bafio, rinidn, riffon; visto 0 maia nko possuir a articulagéo f (0 que, como jé (i) BI hobla rurat de San Luis, 1, 19, pig. 28, (©) A respelto da esteutura séco-cultural dessa regito Robert Redfleld,csreveu 0 imagstral lio ‘The Folk Culture of Yucwan, 1941, tradurido para o espanhol € para © ortugués, Nele estuda minuciosamente a” pasagem “da cultura demética da ribo indigena Se Tusik para a civlzagio de costa (Mérida) através das vila intermediérias de Chan-Komo fe Dutas, Mostranos, asim, modifcagio progresiva: nos costumes indies para cs europeus, fa lingua maia para a espenola, na religo nativa‘pars 0 Cristizniamo, no foldore, no tratamento das moléstias, ete a7 SERAFIN. DA Siva Nevo vvimos, também sucede ‘a outras ‘linguas americanas), os mestigos ¢ os indios substituemna por p: pamilia, familia, peli, felis, plojo, flojo (4). 8 — INDIVIDUAL E SOCIAL As consideragdes aqui expendidas mostram, claramente, a complexidade do tecido linguistico. © individual € 0 social interpenetramsse. As palavras, pronunciadas $6 por uma pesioa, ndo sobreviveriam, As palavras 36 tém histéria porque a coletividade as repete, E, assim, chegamos 20 fato verdadeiro: nao hé, na palavras, sendo histéria dos homens, ~ E como o homem nfo é s6 materia, mas também espiito, hi que concordar ‘com Spitzer quando iz que histria da lingua é histéria das almas. Almas obscuras e desconhecidas, almas andnimas do povo, 0 grande artista ignorado, © criador maximo das belezas da lingua. Almas luminosas ¢ encantadas de sscritore, que se eternizam no mirmor da expressio, ai gravando as suas femogées, 2 sua poderosa riqueza verbal. Nio andam Pelo contrétio: hd um entrecruzar de influxos mituos, Se 0 esctitor, para ‘conseguir as suas criagdes estéticas, langa m&o da opulenta matéria prima que € a fala corrente, também ao cabo de algum tempo as criacées propriamente Titerdrias, individuais, se tornam coletivas, infiltrandose na linguagem popular. No polimérfico ¢ freqitente contacto de Iinguas individuais, falares e dia- fetos, esta a explicagio de ser a massa lingiiistica uma atividade constante, £ na interagio que consiste 0 fermento da forca centrifuga: mas, por outro lado, € ainda nesse perpétuo rodizio que se encontra o. principio da unificagio, De fato, como lembra Vendryds, “il-y a’ comme un contract tacite établi naturellement entre les individus du méme groupe pour maintenir Ja langue telle que le prescrit la régle”. S6 vingam as inovagdes que consultam o espitito 4a evolugéo. Por isso é que muitas abortm, nfo passam dos primeiros movi- rmentos: afoga-as 9 ridiculo ou a indiferenga coletiva. A inovagio 6, pois, um fato individual que pode ou nfo tornarse coletivo. Quando isso acontece;.temos um fato concreto, realizado, Na fonética, por exem- (#) Vi. M. L, Wagner, Crdnice.bibliogréfice hispamo-americans (sep. do Suplemento bibliogrético da Revista Portuguese de Filologial, Coimbra, 1950, pigs. 67. 48 Fisréaia pa. Lincua Poxrucuesy plo, uma inovagio, coletivizada tornase, quando: vista’ historicamente, uma correspondéncia fonética. ° "Foi mérito de grandes pesquisadores, entre os quais Menendez. Pidal, 0 terem provado, documentadamente, que a coletivizagio se processa lentamente, cheia de peripécias de toda a ordem: “La geogratia. dialectal’ aioderna’ ros’ ha “Fevélada' el prime cpio de que cada palabra tiene su: historia’ dparte, por donde se quiere concluir que’ no. exis! s foneticas, sino ‘historia de palabras, El estudio de la cronologia en, fos documentos nos evela Jo mismo, que cada, palabras tiene su historia;, pero nos dice, ademas, que la suma de la historia de cada una de esas palabras nos da la historia de la constitucién de una ley fo- nética, Nos ensefia una verdad superior: que una ley fonética (aide), después de constituida (ya antes del siglo X), necesita muchos siglos (hasta el XIV) para triunfar, perfécciondndose, completindose y generalizindose; muchos siglos en que la cot lectividade hablante se mantiene Yoininada por una tendencia persistente-(la preferencia del monoptongo'e en vez del dipton- go ei), y la va aplicando y generalizando, muy lenta:y compl cadamente, a los diversos casos que el, idioma presenta.” (Or: genes del Espafial, 32 ed., pig. 98). Dat o podermos dizer que a historia da lingua se concretiza como a cole- ‘glo. das iniciativas mais imitadas, isto é mais conformes com o movimento geral da deriva, ; 2 | ! 9 — CORRESPONDENCIAS FONETICAS ssc movimento geral da evolugio, observado historicamente, proporciona 0 estabelecimento de uma série de correstondéncias,fondticas. Os neo-gramé- ticos, que firmaram as suas doutrinas com a experiéncia haurida na observa- Glo histérica dos fatos consumados, e no chegaram.a pesquisar os falares do seu tempo, estabeleceram leis fonéticas, equiparando-as is leis fisicas e quimicas. Osthotf, um dos mais notiveis membros da estola, chegou a dizer que as leis agem cegamente, com cega necessidade (6), (©) “os die Lautgeseue wirken blind, mit blinder Notwendighell" (ctada por Vendryes, Le Langoge, pig. 50% Serafin DA Siva Nevo Contra ‘essa’ visdo'dogmatica e simplista levantaram-se, entre ‘outros, Ascoli € Schuchardt. Diante dos argumentos ¢ dos fatos, os préprios corifeus da escola foram recuatido: As pessoas que se dcupam com os estudos linglisticos sabem, por exemplo, que Victor Henry, introdutor da gramética comparada na Universidade de Paris, foi um dos primeiros adeptos da doutrina. & bem conhecido, até, 0 seu livro sobre Analogia: Etude sur Panalogie en. général et sur les formations ana logiques de la langue grecque, Paris, 1888. Aos poucos; porém, o granide lingtlista francts foi joeirando o método dos neo-grimiticos, pondo de lado a parte dogmatica da nova escola. Tanto assim, que, impressionado com as justas criticas a rigider dos corifeus alemées, ele pro- punha uma conciliagio enire os dois bandos, Quem o diz ¢ ele préprio: “De 18 Ia formule de conciliation [o grifo é meu] que je proposais il y a trois ans: au point de vue de Ia méthode du linguiste, traiter toujours les lois phonétiques comme si elles étaient constantes, encore bien que dans la pratique on ne puisse démontrer qu’elies le soient.” (Révue Critique, 1888, pig. 836). Aliés nfo foi: Victor Henry o inico a oferecer essa prova de bom senso. Vou traduzindo'uma pigina do grande livro de Jorgu Jordan (#): “Na segunda eidigio do seu Zur Geschichte der deutschen Sprache (1878), W. Scherer, 0 pre- cursor dos neo-graméticos, estatui, expressamente; que “as leis da troca de sons (sound change) nfo sio verdaderas leis, mas meramente empiricas” Mais adiante Hermann Paul, depois de ter falado da “absoluta necesidade” inerente 4s leis fonéticas, € as ter comparado ou, antes, assemelhado as leis da fisica € da quimica, admite a contengio ¢o filésofo L. Tobler e escreve, em seus Prin sipien, que as leis das permutas de som (cound-change) nfo sio leis naturais. Finalmente J. Schmids, que, em geral, tinha aceite as teorias dos meo- graméticos, estabelece, na Zeitschrift fur vergleichende Sprachforschung, XXV (1884), pag: 184, a existéncia de leis fonéticas — as quais no admitem uma linica excegio ~ isto é, a8 quais Ao tem excegies além das’ que podem ser completamente explicada’, 0 que é uma ocottéritia de grande’ importancia No seguinte volume da revista, pig. 871, 0 mesmo J. Schmidt observa que, em Fo as leis fonéiias conhecidas,existem outris que operam sobre a lingua- (66) An introduetion t0' romance. Snguistis:ite schools and scholars, tad, inglesa. de nr, 1987, 50 Histosya pa Linoua.PorTucvesa ‘gem, mas so. desconhecidas. Em outras palavras, 0s préptios neo-gramaticos foram obrigados a restringir bastante a importincia que davam a principio as leis da troca de som a considerélas principalmemte, ao menos em teoria, como um meio pritico, uma espécie de guia indispensivel que nos habilita a ico a investigar, e introduzir controlar a enorme massa de material ling alguma ordem no meio de tio intricidos € diversos fendmenos" (*). [A retratagio de Havet — companheiro dé Victor Henry na adogio da es cola nova — foi retumbante: “aussi n’ a-til qu’illusion dans le fameux principe: Die Lautgesetze wirken blind und. ausnahmlos. Elles mie sont pas des Gesetze, ‘elles ne wirken pas, elles ne sont pas blind. Que ce soient des formulés appli- ‘cables ausnahmlos, ce sera un truisme s'il est entendu qu'on les énoncera en fonction des milliers d'élements physiologiques, acoustiques, _psychologiques, Educatifs, hhistoriques, sociaux... qui déterminent chaque _phénoméne du Tangage. Sil s'agit des formules quion est oblige tous les jours d’énoncer sous forme bréve et provisoire, le truisme deviendra un défi I'évidence.” (#) 9— A QUE SE REDUZEM AS “LEIS FONETICAS” Portanto, as “eis fonéticas", mehormente designadas por "‘correspondén- ias fonéticas”, representam apenas um meio pritico para, investigagées. Era essa, afinal, a concepgio de Schuchardt (#): as chamadas “leis fonéti- cas” so de grande convenigncia para facilitar as pesquisas lingiisticas, sobre- tudo etimoldgicas, ¢ 0 filélogo no pode prescindir delas. © cédigo das correspondéncias.fonéticas € to indjspensivel a nés como fa tébua de logaritmos ao maiemdtico, Elas so marcos que nos guiam através de espessa floresta (6) Ob, ct. pig. 85. (8) Vj. Laurand, Pour mieux comprendre Pantiguité clasigue, Paris, 1989, pigina 257: 1M. Bréal, Des foir phoniques, em MSE. X, 1898, pigs, FIL (@) Cl o Schuchardt — Brevier, pigt. 205 € 248. Bom cscbaretimehto ps dos neo-gramiticos © dat leis fondtices tyouxe D. Gazdara, em seu’ artigo La eontroversia sobre las leysfonetias en el episolerio de los principales Uinguistas del siglo XIX. (in Anales e Fillogia Clisca, Buenos Ales, 1V, 1919, 211-528) 8 questo 31

Você também pode gostar