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Avaliacoes e Pericias em Propriedades Urbanas e Rurais Unidade III
Avaliacoes e Pericias em Propriedades Urbanas e Rurais Unidade III
UNIDADE III
AVALIAÇÕES E PERÍCIAS DE IMÓVEIS RURAIS
Elaboração
Blenda Cordeiro Mota Ribeiro
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...................................................................................................................................................4
UNIDADE III
AVALIAÇÕES E PERÍCIAS DE IMÓVEIS RURAIS............................................................................................................................7
CAPÍTULO 1
AVALIAÇÕES E PERÍCIAS DE IMÓVEIS RURAIS.................................................................................................................... 7
CAPÍTULO 2
ESTUDO DE CASO PARA AVALIAÇÃO RURAL................................................................................................................... 18
INTRODUÇÃO
A avaliação de imóveis tem a pretensão de identificar o valor justo do bem. Não é uma
ciência exata, pois utiliza diversos parâmetros para que se alcance esse valor. Agrega
também os valores de benfeitorias, maquinários e as benfeitorias realizadas em uma
edificação, assim como instalações, podendo levar em conta a depreciação do bem.
Objetivos
» Conhecer a história das avaliações de imóveis no Brasil.
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AVALIAÇÕES E PERÍCIAS DE
IMÓVEIS RURAIS
UNIDADE III
CAPÍTULO 1
AVALIAÇÕES E PERÍCIAS DE IMÓVEIS RURAIS
Quando uma propriedade, terreno ou imóvel está fora do centro urbano e servindo para
a agricultura, ou é área de floresta, por exemplo, temos as consideradas áreas rurais.
Benfeitorias não reprodutivas não podem ser medidas para gerar ganhos, estão unidas
ao solo, não podem ser negociadas individualmente, podem ser apresentados como
cercas, currais e demais aspectos. O custo de reposição depreciado por conta do uso é
o que conta na avaliação.
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UNIDADE III | Avaliações e perícias de imóveis rurais
A obtenção de dados é imprescindível para se realizar uma boa avaliação. Esses dados
estão divididos em:
» características físicas;
» características da vizinhança;
O avaliador tem obrigação de realizar uma visita in loco, para se atentar aos aspectos
socioeconômicos da região, além de conhecer as atividades ali realizadas. Deve estar
munido de plantas, áreas e mapas, bem como realizar conversas com os proprietários
e/ou administradores: são esses os passos essenciais do responsável pela avaliação para
obter dados importantes.
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Avaliações e perícias de imóveis rurais | UNIDADE III
Sendo assim, há alguns métodos para a identificação do valor de um bem imóvel rural,
segundo a ANBT NBR 14653-3 (2019).
A qualificação do solo é imprescindível para definir qual o tipo de uso, para que ele serve,
sendo realizada em função das normas vigentes no país. A classificação foi adequada
para um tipo de classe de uso (capacidade de uso da terra - 3ª aproximação).
A ANBT NBR 14653-3 fixa que as terras estariam divididas em três grupos e estes divididos
em oito classes, que expressam a capacidade de cada grupo; em relação a como podem
ser utilizados, essas também se subdividem, com exceção da classe I.
Os grupos estão dispostos na utilização da terra, os tipos de classes geradas estão fixados
na limitação, e as subclasses formadas se baseiam na natureza da limitação de uso. Sendo
os grupos pautados na utilidade, temos as divisões a seguir.
GRUPO A
Classe I: essa classe abrange as terras cultiváveis que aparentam não possuírem problemas
específicos de preservação.
Classe II: essa categoria engloba terras cultiváveis com pequenos problemas de preservação.
Classe III: essa classe inclui terras cultiváveis com relevantes problemas de preservação.
Classe IV: nessa classe compreende terras cultiváveis somente em ocasiões ou sem
dimensão finita, com graves problemas de preservação.
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UNIDADE III | Avaliações e perícias de imóveis rurais
GRUPO B
Classe VI: são as terras adaptadas comumente utilizadas para pastagens e/ou
reflorestamento, com pequenos problemas de preservação, e são cultiváveis somente
em situações especiais daquelas culturas permanentes que são consideradas protetoras
do solo.
Classe VII: essa classe abrange terras adaptadas geralmente utilizadas apenas em
pastagens ou reflorestamento, com sérios problemas de preservação.
GRUPO C
Classe VIII: categoria que abrange as terras impróprias para cultura, pastagem ou
reflorestamento, podendo ser empregadas apenas para resguardar e defender a fauna
e flora silvestre, como ambiente de lazer ou com a finalidade de armazenar água.
CLASSES II a
VII
e – limitação pela a ou w –
s – limitações c – limitações
erosão presente ou limitações por
relativas ao solo climáticas
risco de erosão excesso de água
É necessário que, para que se encontre um valor da terra, o profissional saiba tudo sobre
ela. A seguir, os critérios baseados nas classes acima.
Para isso, o solo é o principal item que deve ser estudado de forma minuciosa pelo
avaliador. É preciso conhecer suas características físicas e químicas. Se não houver
ocorrido nenhum estudo anteriormente, é de inteira responsabilidade do avaliador pedir
amostras do terreno para as devidas análises, em laboratórios apropriados, a fim de
determinar suas características, como acidez, níveis de nitrogênio, potássio, fósforo etc.
Ao longo dos estudos sobre o solo, as classes e os grupos, que influenciam no valor final
do terreno, foram definidos. Escalas e tabelas que estabelecem, de forma clara, o valor
de propriedades rurais é de suma importância para os trabalhos de avaliações rurais.
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Avaliações e perícias de imóveis rurais | UNIDADE III
Outros fatores influenciam o valor do terreno, como sua viabilidade, localização etc.
A localização é um dos itens mais influentes no valor da terra, mesmo aquela que não
tem nada construído, ou plantio etc. (chamada terra nua). A localização está ligada aos
acessos que levam à propriedade, se é fácil ou possuem algum pormenor, assim como
a proximidade de centros comerciais e também de áreas de escoamento daquilo que é
produzido na terra.
A condição para que a localização seja levada em conta, a distância da sede municipal,
dos mercados, ruas e levando em conta os tipos de estradas, se vicinais, de terra, as
passagens concedidas para acesso ao imóvel, ou seja, toda a circulação deve ser medida,
e seu grau de influência no preço deve ser relatado para as análises em relação ao valor
do terreno.
Assim, mesmo que uma propriedade esteja próxima da sede, mas seu acesso seja ruim
por conta da estrada, ela terá uma diminuição em seu valor em relação à outra mais
distante, mas que possua o acesso por uma estrada já pavimentada.
» situação ótima – 100% – imóvel com face para rodovia asfaltada, média importância
da distância;
» situação muito boa – 95% – imóvel servido por rodovia de primeira classe, não
pavimentada, importância relativa das distâncias;
» situação boa – 90% – imóvel servido por rodovia não pavimentada, mas com um
bom grau de circulação, durante o ano todo, importância significativa das distâncias;
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Os laudos de avaliação dos móveis rurais são fundamentados conforme a soma de pontos
dos seguintes dados:
» limite mínimo de 12, 36, 71, respectivamente para os graus I, II e III; e o limite
máximo de 35, 70, 100, respectivamente para os graus I, II e III.
Esses pontos são relativos às seguintes descrições dos fatores das avaliações dos imóveis
rurais:
» apresentação do laudo;
E essa pontuação deve ser obtida assim quando o objetivo for buscar a avaliação do imóvel
rural empregando o método comparativo direto de dados de mercado, em conjunto ou
não com os métodos de custo e da capitalização da renda.
Quando não puder ser feita a vistoria do imóvel, o avaliador segue as normativas da
ABNT NBR 14653-1. A norma relata que são obrigatórios, nos graus II e III, os seguintes
detalhes:
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Ainda segundo a norma, há condicionantes para que o grau III tenha enquadramento:
» que o nível de significância máximo admitido nos demais testes estatísticos realizados
seja de 1%.
A precisão das avaliações dos imóveis rurais é exigida apenas na utilização do método
comparativo direto de dados de mercado. E o grau de precisão, para situações que
utilizam o método comparativo direto de dados de mercado, é baseado na amplitude
do intervalo de confiança de 80%: para o grau III, deve ser menor ou igual a 30%; para
o grau II, menor ou igual a 40%; e para o grau I, menor ou igual a 50%.
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UNIDADE III | Avaliações e perícias de imóveis rurais
Classe da Terra
Situação I II III IV V VI VII VIII
100% 95% 75% 55% 50% 40% 30% 20%
Asfalto 1,00 0,95 0,75 0,55 0,50 0,40 0,30 0,20
Vicinal I 0,95 0,90 0,71 0,52 0,48 0,38 0,29 0,19
Vicinal II 0,90 0,86 0,68 0,50 0,45 0,36 0,27 0,18
Vicinal III 0,80 0,76 0,60 0,44 0,40 0,32 0,24 0,16
Vicinal IV 0,75 0,71 0,56 0,41 0,38 0,30 0,23 0,15
Vicinal V 0,70 0,67 0,53 0,39 0,35 0,28 0,21 0,14
Tabela 8. Fatores de ponderação para obtenção do valor das terras rústicas segundo as subclasses
de capacidade de uso e situação.
Subclasses
Situação I II s II a II a,s III s
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Subclasses
Situação VI a VI a,s VII a VII a,s VIII
32% 26% 23% 17% 13%
Asfalto 0,400 0,260 0,300 0,170 0,130
Vicinal I 0,380 0,247 0,285 0,162 0,123
Vicinal II 0,360 0,234 0,270 0,153 0,117
Vicinal III 0,320 0,208 0,240 0,136 0,104
Vicinal IV 0,300 0,195 0,225 0,128 0,097
Vicinal V 0,280 0,182 0,210 0,119 0,091
Em 2005, Lima (2005 apud ABUNAHMAN, 2008) mostrou que essas tabelas serviam
de exemplo para avaliadores com conhecimentos específicos em curva de solos, e que
é possível montar outra tabela entre as classes de capacidade de uso e a propriedade.
Dessa forma, a tabela demonstra homogeneização, e o valor da terra pode ser alcançado.
Quando se alcança o valor da terra sem mais imóveis (terra nua), a avaliação pode ser
complementada, pois os estudos das benfeitorias, dos equipamentos, dos trabalhos de
terra, das plantações etc. podem ser acrescentados.
Para que as amostras possam possibilitar os resultados esperados, elas devem ser
homogêneas. Por causa disso, Miguel Kosma desenvolveu uma tabela permanente, para
que fossem utilizados valores em percentuais, de forma descrente, a começar pelo 100%.
Tabela 9. Valor das terras rústicas segundo a capacidade de uso e sua situação por Kosma.
Por uso da tabela, se for fixado o valor da Classe I, situação excelente (ótima) índice =
100. Para encontrar o valor de outra propriedade qualquer, é necessário apenas fazer
multiplicação simples pelo número de índice equivalente.
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Citada por Fiker (2016), a Tabela 10 segue de maneira mais equilibrada, trazendo uma
igualdade entre as classes e situações e dando mais respaldo para os avaliadores nos
trabalhos de avaliações de propriedades rurais.
Tabela 10. Valor das terras rústicas segundo a capacidade de uso e sua situação por Fiker (2016).
Há outras tabelas criadas por diversos órgãos oficiais, elas são destinadas a resoluções
regionais e têm a colaboração de profissionais capacitados. Elas tendem a estar de acordo
com as condições apresentadas na região onde o imóvel rural se localiza. Dessa forma,
o profissional de avaliação fica livre para escolher qual utilizar, de acordo com a região
em que está trabalhando ou irá realizar a avaliação rural.
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Avaliações e perícias de imóveis rurais | UNIDADE III
Matrícula no 665
Descrição Área (ha) Valores (R$)
Lavoura - A1 1.450,000 20.100.842,00
Lavoura - A2 239,800 261.263,00
Pasto - B1 330,920 3.397.061,00
Pasto - B2 37,580 2.461.815,00
Reserva/ Cerrado - C 559,980 2.252.781,00
Rodovia e faixas de domínio - D 19,500 54.101,00
Preservação permanente - E 22,220 40.071,00
Área total/ha imóvel 3.000,000 30.981,937,00
Benfeitorias (R$) Diversas 921.106,00
Valor Total do Imóvel (R$) 31.903.044,00
Fonte: Fiker, 2016.
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CAPÍTULO 2
ESTUDO DE CASO PARA AVALIAÇÃO RURAL
O cálculo de um bem imóvel rural é fundamentado no valor da terra nua, que nada mais
é que o valor de mercado com a retirada de valores provenientes de:
» construções;
» instalações;
» benfeitorias;
» culturas;
» florestas plantadas;
» pastagens.
Definir a área com retidão, assim como a sua localização e a demarcação dos limites
territoriais, é indispensável para assegurar a aceitabilidade da avaliação. Foram utilizadas
para auxiliar neste trabalho de avaliação da área estudada o cadastro ambiental rural
(CAR) e/ou as plantas georreferenciadas.
No entanto, nem sempre é possível fazer o uso dessas ferramentas e, então, é preciso
estudar a área com base na documentação identificada e na vistoria, conseguindo, assim,
obter estrategicamente as coordenadas geodésicas. Alguns conceitos são importantes
neste estudo, e os veremos a seguir.
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Todo bem, real ou financeiro, tem um valor econômico agregado e pode ser passivo de
avaliação. No caso da avaliação de bem rurais, esta busca definir o valor do mercado,
independentemente da finalidade, variando de acordo com a localidade, os recursos
hídricos, o acesso, o potencial uso do solo e outros.
Garantia bancária
As garantias têm como principal objetivo assegurar uma maior responsabilidade pessoal
e patrimonial daquele que solicita recursos e, se o cliente ficar inadimplente, o capital
emprestado será recebido. Os bancos buscam este sistema: emprestar e receber.
Essas garantias podem ser de natureza real ou pessoal. Para cumprir o empréstimo,
muitas vezes é necessário atingir um bem daquele que deve ou de terceiros para assegurar
que o credor terá o seu valor restituído e, para elucidar a garantia real, é possível citar
hipoteca ou alienação fiduciária, empregue quando o bem imóvel é oferecido em garantia.
Para o bem rural ser oferecido em garantia, este deve passar por um trabalho de avaliação
de valor em conformidade com as normas técnicas.
No presente estudo, o imóvel rural foi oferecido como garantia hipotecária de um banco,
em um procedimento de capital de giro.
Sistema agroflorestal
Os sistemas agroflorestais são conceituados como uma maneira de utilizar a terra onde
variedades perenes e herbáceas são desenvolvidas e seus melhoramentos das relações
ecológicas e econômicas provenientes dessa associação.
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UNIDADE III | Avaliações e perícias de imóveis rurais
» 75,054 ha formados por somente uma matrícula e tendo como fronteira a estrada
de Jataípeba Beira Rio e adjacente das duas áreas citadas abaixo (Figura 3);
» 12,857 ha formados por somente uma matrícula e tendo como fronteira a estrada
Jataípeba Beira Rio e Rio Doce. (Figura 4);
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Avaliações e perícias de imóveis rurais | UNIDADE III
Não foram identificados nesse imóvel o cadastro ambiental rural nem a planta
georreferenciada que possibilitasse a verificação da área.
As propriedades dispõem:
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» 122,85 ha Classe V;
Para realizar o cálculo do índice agronômico, foi utilizado o acesso, definindo como
VICINAL I, e a categorização da capacidade da utilização do solo e condição.
CLASSE Resultado
Ind.
DE SOLO; Área (ha) Classe Solo Situação (Área x Ind.
Agronômico
SITUAÇÃO. Agronômico)
CLASSE I; VICINAL I 0,00 1,00 0,95 0,95 0,00
Já o cálculo da terra nua, por hectare, foi efetuado através do método comparativo de
dados direto de mercado, deduzindo as benfeitorias, e foram empregadas sete amostras,
sendo uma com fator de compra.
Depois das avaliações, da limpeza e dos tratamentos de dados estatísticos, a média foi de
R$ 17.044,04/ha. Empregando o intervalo de confiança de 80% na média resultante, é
possível obter os valores mínimos e máximos, que são de R$ 13.418,10/ha e 20.669,98/
ha, respectivamente.
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Avaliações e perícias de imóveis rurais | UNIDADE III
O valor da liquidação imediata foi calculado usando a Selic de 14,15% a.a. de agosto de
2016. Por fim, o laudo obteve grau de fundamentação e precisão II, em que a amplitude
do intervalo de confiança de 80% ao redor do valor principal estimado teve variação
de 30-50%.
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