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202 @ A poesia eantada da Idade Média, divulgada pelos menestdis, ¢ a precursora da mis ‘e Cee oor carts oct ob eee qs seme pi ks Gcden pens coms sts oa primeras obras literdrias produzidas durante aformago da lingua portuguesa slebieaias 1, Trovadorismo t Se ls pacers erento eee em lingua portuguese, no século XI Portugal estava ainda em proces- Saar eee oe Se eee das emlivros chamados cancioneiros. antigas eram reuni- Srna ten ii etn ra Scanned with CamScanner amanerene Ee & & e& VOVBVDDONPHODOdDDODOCODOOOVOOoOOGOOAS a Cantiga da Ribeirinha No mundo non me sei parelha, ‘Mentre me for como me vai, Ca jé moiro por v6s, e — ai Mia senhor branca e vermelha. | Queredes que vos retraia ‘Quando vos eu vi em saial Mau dia me levantei, ‘Que vos enton non vi fea! E, mia senhor, desd’aquel Me foi a mi mui mal, | Evv6s, filha de don Paai ‘Moniz, e bem vos semelha Dihaver eu por vos guarvaia, Pois eu, mia senhor, dalfaia Nunca de vés houve nem he Valia d'ua correa, No mundo no conheso outro como eu, enquanto me acontecer como me acontece: porque ja morro por vés,e ail, minha senhora branca e vermelha, quereis que vos censure quando vos eu vi em saia? (em corpo bem feito) ‘Mau dia me levantei ‘que vos ento nao vi feial E, minha senhora, desde entéo, passei muitos maus dias, ail E vos, filha de D. Paio Moniz, parece-vos bem ter eu de vos uma garvaia? (manto) Pois eu, minha serhora, de presente nunca de vés tive nem tenho rem a mais pequenina coisa Esse perlodo se estende até o inicio do Quinhentismo, em 1418, Dentre as cantigas trovadorescas estio as Iit- case as sat A.Litieas = Cantiga de amor ACantige da Ribeirinha” 6 uma cantiga de amor, jé que © eu litico é um hemem, o que é observado pelo tratamento “mia senhor” (minha senhara). Além disso, as tematicas do amornio correspondide e da submiss3edohomemdiante da mulher estdo presentes. 0 homem considera-se um vassalo de sua senhors, a mulher amada. = Cantiga de amigo Nas cantigas de amigo, oeullrico, porsua vez, ¢ feminine. ‘Amulher, geralmente uma camponesa ou pastora, lamenta a ‘guséncia do amigo, no cao, o amado, o namorado. Esse so- rer é chamado de coita amorosa. ‘Ondas do mar de Vigo, se vistes meu amigo? eal Deus, se verra cedo? (Ondas do mar levado, se vistes meu amado? eal Deus, se verré cedo? Se vistes meu amigo, © por que eu sospiro? | e ai Deus, se verré cedo? Se vistes meu amado, © por que hei gram coidado? eal Deus, se verré cedo? Martin Codox B.Satiricas = Cantiga de maldizer As cantigas de maldizer taziam uma erica direta a algo ‘oualguém, sendo recorrente 0 emprego de palavides. | Roi queimado morreu con amor Em seus cantares por Sancta Maria por ua dona que gran bem queria, € por se meter por mais trovador porque Ihela non quis {o] benfazer fez-sel en seus cantares morrer ‘mas ressurgiu depois ao tercer dia! ero Garcia Burs —Cantiga de escério Nas cantigas de escérnio,as sétiras eramfeitas de forma Indieta, adotando-se sarcasmo e palavras de duplo sentido. ‘Ai dona fea! foste-vos queixar porque vos nunca louv’em meu trobar ‘mais ora quero fazer um cantar ‘em que vos loarei toda via e vedes como vos quero loar: dona fea, velha e sandial Joka aria de Guihade Vale ressaltar que 0 potencialartistico e postice dos com- positores de cantigas era curpreendente, visto que as compo- ‘sigdes exigiam um trabalho drduo de métrca e rima para se alcangar amusicalidade. ‘Além da produclo poética, no rovadarisme havia ainda a produgio em prosa, as chamadas novelas de cavalara, Tendo crigem na Franca, chegaram a Portugal relatando os feitos he- roicos e a coragem dos cavaleiros que lutaram nas Cruzadas, em nome da Igrejacatdlica. Aexemplo, restam os registros de apenas trés obras: a Histéria de Merlin, o José de Arimateiae Ademanda do Santo Graal, 2. Humanismo 0 Humanismo é 0 conjunto de ideias que valorizam prin- cipalmente a racionalidade humana, opondo-se & religiosi- dade até entéo preponderante, segundo a qual um deus era © tesponsdvel pelos valores humanos. J nesse momento, a literatura mostra a responsabilidade do horem por suas agdes, seus valores e seu mundo, Percebe-se, nesse momento, a literatura seguindo um viés antropocéntrico, afastando-se do teocentiismo, em que um deus estava no centro do universo. Agora, o homem &0 centr. Scanned with CamScanner CAR.2 203 @ CAR2 My mA a 3 Z| 204 @ Eo perio de transi entre oTrovadarisme eo Cl: claro, ou sea, da ldade Média para aldade Moderna ‘Alémdoantopocentism, relevant, ne Humanism, 3 racionalidade, vloizagae d corpo e das emorSes, a busca pela blezae pela perteigSo ‘ois dos mais conhecidos autores desse period sto Gi Vicente neiadar do teatro portugués Femio Lopes, rons- ta. primeira prosador portugues. ‘Aseguir,um trecho da pega teatral Auto da barca do infer- ‘no, de Gil Vicente. ‘Anjo — Eu nao sei quem te cd traz Brisida — Peco-vo-lo de giolhos! (joethos) CCuidais que trago picthos, anjo de Deos, minha rosa? Eu sO aquela preciosa que dava as mogas a molhos, a que criava as meninas pera 0s cénegos da Sé.. Passai-me, por vossa fé, ‘meu amor, minhas boninas, (margaridas) cllios de perlinhas finas! E eu som apostolada, angelada e martelada, e fiz cousas mui divinas. Santa Ursula nom converteu tantas cachopas como eu [..] Vorabulétlo Meninas:raparigas. Pereebe-se que Brsida tenta convencero Anjo a deixsla ‘entrar nabatea celeste afrando ter sempre cldado das me- ninas (as prosttutae). J fica clara a oposiglocriada ente a religiosidade ea racionaidade,no que dizrespeitodsquestdes hhumanas. A personagercoloca-seacima de Santa Ursula,com isso sugerindo uma afronta, de ponto de vistareligioso. GilVicente escreveuaindaFarsa de inés Pereira, obra que trata da vida de Inés, uma jovem que & obrigada a viver em melo ans afazeres domésticos, Femlo Lopes marcou 0 inicio do Humanismo, em 1418, quando assumiu as fungGes de Guarda-Mor da Torre do Tom bo, escrevendo crénicas que revelavam 0s feitos dos reis de Portugal, mesclando fcpi0 histéria.Trata de aspects histé- ricos em linguagem omamentada, lteriia, e dispde, assim, de efeitos de um verdadeiro cronista, como mostra este tre- cho do prélogo de Crénica de D. Pedro: Deixados os modos e definigdes da justiga que por desvairadas guisas muitos e seus livros escre- ver, somente daquela para que o real poderio foi estabelecido, que é por serem maus castigados e ‘bons viverem em paz, é nossa intengdo, neste pré- logo, muito curtamente falar, nao como buscador de novas razdes, por propria invengdo achadas, mas ‘como ajuntador, num breve molho, dos ditos de al- {guns que nos prouveram. A uma por esperta os que ouvirem, que entendam parte do que fala a histor a Assista a uma dramatizagto de Auto da barca do inferno, de Gil Vicente, em . APRENDER SEMPRE La> > on Analisando-se as producdes dos autores Gil Vicente € Fernao Lopes, quais dferencas sio possiveis de serem identificadas entre essas compasices? Resolugio Gi Vicente € dramaturgo, esereveu pegas teatrais; com interesseIterdro, crticava a sociedade burguesa da época por meio da sétra. Fern Lopes, escrevendo suas ericas, misturava fats histrieos com literatura, a fim de documentara vida dos reis da 6poca EASON LNA RN Tt Scanned with CamScanner P7I7F7TTTTITITPPPPPPPPPPPPRPPPP 9277? ~ a 6 LINGUA PORTUGUESA 152 @ Se sabedes novas do meu amigo, quel que mentiu no que pds comigo! ay Deus, ehu é? Se sabedes novas do meu amado, aquel que mentiu no que me ha jurado! ay Deus, e hu é? Vocabulério Ehué:onde esté [fim de gatantit melhor memorizago dos versos, perce: be-se apresenca de repeticlode consoantes. b. formalidade. «. paralelismo. 4, humor toni 69, Sistema COC Leia a cantiga e responda & questo. Un cavalo non comeu 4 sels meses nen s'ergueu mais prougu’a Deus que choveu, creceu a erva, e per cabo si paceu, ja se leva! Seu dono non Ihi buscou cevada neno ferrou: mai-lo bon tempo tornou, creceu a erva, epaceu, e arricou, @ ja se leval ‘Seu dono non thi quis dar ‘cevada, neno ferrar; ‘mais, cabo dum lamagal cereceu a erva, epaceu, earric’ar, ja se leval Acantiga rata ‘a. do amor no correspondido. ». damorte do done de animal. c¢. do.amor doanimal pelo seu dono. 4. dos maus-tratos softies pelo animal. fe, das boas intengdes do dono para corn o animal. 70, Sistema COC Sobre 0 periodo estético do Trovadorismo em Portugal pode-se afirmarque 3. a produgio teria éfelta em galegoportuguts, ten- ‘de cantigas (poesia) e novelas de cavalaia pros). b. tinna como principal produgaoliterria 0 soneto, com versos egulares e rtmicos. zaroleitor ou ouvinte. 4. os poemas segulamuma mesma linha temitica, fe. apoesiatrovadoresca arnebres, semse preocuparcom aestéticaltersia, E74. sistema coc JoteGarcladeGulhade : 3 produgao ltersia era pedagégjca, fim de evangel- | tinha apenasa fungaode diverir : 71, Sistema COC ‘Sobre Trovadorismo em Portugal, € Incorretoafirmar que 2. era adepto do teocentismo. b. se diviia entre poesia liicae satrca. . tinha apenashomens como autores. 1d. era representado pela classe mais axa da sociedade. . tinha cantigas de amigo, que exploravam o eu It 0 feminino. 72, Sistema COC As cantigas de amor, normalmente, apresentam a, convivéncia familiar 3. eu lirics masculine «. cttica a amor, 4, oamor consumado. , asubmissio da mulher. -Arespeito da literatura portuguesa em seu perfodo’ responda as questdes 73 ¢ 74 73, Sistema COC Em que periodo se it de Portugal? (CSHIS) (0s formatos de composigae literdria que estavam pre sentes eram ‘2. cantigas de amor e de amigo; registros histéricos. b. cantigas de amor, de amigo, satrcas; novelas de ca- valaria €, epopeias;registroshistércos. popeias; cantigas de amar e de amigo. €. epopeias, poemas de amor novelas de cavalari, 75. Sistema COC Leia trecho da cantiga e fagao que se pede. | flores a flores do verde ramo Se sabedes (sabes) novas do meu amado? ‘Ai, Deus, eu (onde) € (est)? Os versos apresentados constituem uma cantiga de que se caracterizapelofatodeoeuliricoser 0 | quese pode perceber em. CCompletam corretamente as lacunas de periodo ‘8, amor; masculine; “novas do meu amado". . amigo: feminine; novas do meu amado’. «. amor feminino;novas do meu amado’ 4. escérni; masculing;"Ai,Deus, e u onde) é (esti). ¢, maldizerfeminino; “Ai, Deus, eu (onde) é (esta)? 76. Sistema COC Leiaos trechos das cantigas, adaptadas do galego-portu- {guts para o portuguts,e classifique-as em cantigas de amor, deamigo, de escérnio ou de maldizer 1. "Adona que eu sive que muito adoro ‘mostra-ma, ai Deus! pots eu vos imploro ‘senio, dai:mea morte” Bemardo de Banval Scanned with CamScanner DIFP FIFTFFFFFFIPIPPPPIPPPIPP RPK HE “2 { 4 AMVIVIIIIIIITIIODS b. “Trovas nao fazeis como provengal ‘mas como Bernardo, o de Bonaval. Ovosse trovar ndo é natural. ‘Aide v6s, com ele e o Derno aprendestes. Em trovardes mal, vejo eu osinal das loucas ideias em que empreendestes. Porisso,O.Pero, em Vila-Real, Fatal foi a hora em que tanto bebestes.” D.AonsoX,oSsbio | . “hi flores, ai, flores do verde ramo, Se sabeis navas do meu amado? , Deus, onde ele esti?” 4, “hi, dona fea, foste-vos quelxar dde que nunca vos louvel em meu trovar, ‘eumas trovas vos quero dedicar ‘em que louvada de toda maneira sereis; talé0meulouvar: dona fia, velha e sandia!” 72.Sietema COC Leia cantiga de D.Dinis e responda a questao. Peguntar-vos quero por Deus Senhor fremosa, que vos fez mesurada e de bon prez, que pecados forom os meus ue nunca tevestes por ben de nunca mi fazerdes ben. Pero sempre vos soub'amar, es aquel dia que vos vi, ‘mays que os meus olhos em mi, |e assy 0 quis Deus guisar, ‘que nunca tevestes por ben dde nunca mi fazerdes ben. Des que vos vi, sempr’e mayor bben que vos podia querer ‘vos quigi, a todo meu poder, € pero quis Nostro Senhor que nunca tevestes por ben ée nunca mi fazerdes ben. Mays, senhor, ainda com ben se cobraria ben por ben, Vocabulério Senhor: senhora. Fremosa: formosa, bonita, Mesurada: comedida, Bon prez:honrada. Foron: foram. bons | osoGarlade Guthade. E Guten dec prorat, fi jl dediquel 2 ‘todo meu poder: de tode meu corp. 3 Percebem-se no texto caracteristicas da cantiga: de amigo, pelo eulitico feminino. b. de maldizer, pela erica direta. ¢. deescémio, pela critica indireta d. de amor, pelo eultico masculine. @. deescémio e maldizer, pela ferrenha critica. Leia otextoe responda as questdes 78 e 73. Rese Estes meus olhos nunca perderdn, ‘Senhor, gran coita, mentr’eu vivo for, E direi-vos, fremosa mia senhor, Destes meus olhos a coita que hat Choran e ceganquando’alguen non veem E ora cegam por alguem que veer. JodoGoria de Guinade a E78, Sistema coc ‘O texto deve ser classificado como 2, cantiga de amigo. b. poesia erudita. «. cantiga de amor. 4. poesia cléssica . cantiga popular. 29. Sistema COC ‘Que sentimentoo eultica expressa no texto? E80, Sistema coc Leia a cantiga e responda questo. © cravo brigou com a rosa Debaixo de uma sacada O cravo saiu ferido Earosa despedacada Ocravo ficou doente Ea rosa foi visitar CO cravo teve um desmaio Earosa pos-se a chorar Arosa fez serenata ( cravo foi espiar Eas lores fizeram festa Porque eles vio se casar Dieponiveemechnpssfanwletas musbrisrtias: popdares/G21308/,Acesso ere mar 2016. Observam-se, na cantiga, aspectos que a fazem diferente das cantigas de amor trovadorescas. Identifique pelo menos is desses aspectos. @ jostos na pagine 218. gabarito desses exerciclo Scanned with CamScanner

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