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COLRCKO FAZER JORNALISMO CCoordenador: Clovis de Bar0s Filho = Sobre entrevista: tori, pritiea e expe Stola Guedes Caputo Guia para a edi joratitica Iiuiz Costa Pereira ior A apurago da noticia ~ Métodos de investigago na inprensa Tai Costa Pereira Dados Internacionais de Catalogagio na (Camara Brasileira do Livro, Peiea Junior, Luiz Costa {A spuragio da noticia: métodos deinvestigagio a impeors Luiz Cosa Pereira hunior Petropolis, RJ: Vozes, 2006 ISBN 85.326.3353-6 Bibtiogratia, 1. Noticias oralisticas -Aparag I. Titulo 06-4183 epp.070.43 Indices para eatlogo sstemt 1. Apuragio da noticia: Jornlismo 070.43, 2, Noticias + Apuraglo : Jomalisme 070.43 Luiz Costa Pereira Junior A apuracao da noticia Métodos de investigacao na imprensa y EDITORA ZS, Peopots ake Capitulo [3] Os métodos de apuracaéo (0s primeiros relatos dio conta de 10 mil mortos nas tor tes gémeas e6:com esse nimero que o jornl Agora So Pa Joestampa o alto de sua pina 2, em 12 de sstembro de 2001 © atentado da véspera abalara a maior poténcia mundial, destruita 0 Workd Trade Center, um naco do Pentigono.e pro- vocaraa queda de um avido em Pittsburgh, na Pensilvani e desestabilizara o planeta. George Bush, informa titulo no Jornal do Brasil, ala de “milhares” de mortos, versio que 0 \eiculo incorpora, sem contestagio. Ao longo da semana, Jha de 8. Paulo, O Globo e O Estado de S. Paulo eravam em ‘mil os mortos no ataque ao coragio financeieo e militar dos Estados Unidos. Nenhum dos dois dados, 10 mil ou 6 mil, se revelariam, verdaileiros- e s6 um ano depois se consolidatia em 3.025 0 numero de vitimas nas torres de Nova York. Um fétil volume de fatos imprecisos eno confirmados, de especulagio ¢ boatos, espalhados mesmo por fontes com fidveis, marcou aquela que foi a maior mobilizagio ja feita pelos dlrios num 36 instante em torno de um mesma fato Redagdes inteiras montaram mutirio de editorias,eader= nos desapareciam para dar espago & cobertua internacional dlaquete dis, editores fechavam cadernos que no eram seus, Impossibilitados de apurarfatos de primeira mao, os jornais Isr se viram como nunca na condigio de refs das agénciasin- temacionais eda televisio, que presentificou oataque em ca- ia mundial JRA DOS ATENTADOS DE 11 DE, ‘SETEMBRO DE 2001 ACOBEI Tigo ESTA: FOLIA AGORA TO GLOBO JB 12 ‘DAO dese tee nie 00S] = 80 An Pigs MOM ro Do rumor ae dado ‘Ao longo daquele 11 de setembro, rumores tomariam consistéacia de fatos. Um dos avides tera sido abatido pela forgaaérea, 10 avides suicidas teriam sobrevoado o pas, 80 ara o alarme de outros atentados, depois desmentidos. Re- portagens pulsavam formulas hestantes, comocirculam ri- mores" © “tudo indica”. O processo desnorteou até editores cexperientes, como Paulo Nogueita, da editora de Intemnacio- nal de O Estado de S. Paulo' no fim da tarde ficou mais claro que eram tes ata- ‘ques, um delesfrustrado~ disse ele, por ocasito da cobertra Edlitores como Nogueira coordenaram para. os dios bra ios a cobertura de um acontecimento sobre o qual nem ‘ imprensa americana conseguia ter domino. Cada veiculo pportagem nil sero por demas dilatados. 3. credibilidade ~ As fontes devem ser tdo confiéveis que informagio fornecida por elas exige o miaimo possivel de controle. Entrevstados que em outras acasides fornece- ‘am fatos confiéveis tém maior chance de continuarem a ser acessadas pelo jornalista, até virarem fontes regulars. O risco de privitegiar fontes por tas criterias & 0 da de- pendéneia nos canais de rotina, As fontes ndo sto iguais, 0 so todas de mesma importancia, tudo ¢ preparado para que lumas fenham mais acesso que outras ao campo joralistic. 114 uma vantagem esiratégica dos setores legitimados, no 96 do Estado, mas da vida cultural, esportiva, financera ~ Decorre desta conclusio que oacesso & midia é um po- dor ~ diz Traquina”, ‘As noticias tendem a seraliadas das instituigbes legi- ‘imadas, poiando as interpretagdesoficiosas dos incidentes ccontroversos". E preciso muito cuidado para nto cair no ci- culo vieioso da hierarquia rigida entre as fontes de infooma- o, dar trelaa ofciatismos ou lobbies e fazer do vetculo de informaglo uma tibuna para o jomalismo declarat6rio, a Te que se satisfaz com declaragdes de celebridades, politicos empresirios, pouco importa se susteniadas em fatos. Por (82) isso, analisar as fontes implicadas na noticia e a fontes se- ccundéias (as que nio tm nada que thes una diretamente ao fato investigado, mas podem ter informagdes preciosas so- bre os fats a serem relatados) ajuda a estruturar uma estraté iia geral de abordager do tema, Anilise das fontes () Astelagdes, o valor, a situagi, os riseose ereibili- dade das fontes; () Os conceitas complementares, a informago que supo- ‘mos que sabem ea relagie que supomos que as fontes tn com fata; {) Até que ponto no estamos sendo usados por fontesle- sgitimadas por sua autoridade, produtividade e credibilida- de anterior, e nifo fazemos uma avaliagdo isenta sobre o real valor que as informagSes tém para o piblico. Soqiigneta de abordager das Fontes F invitante descobrie na quinta entrevista uma pen Ue informago que devera ter sido levantada coma primeira fonte, Nem sempre estamos livres disso, E nt hi sistema de bordagem de Fonte que sea infalvel, Pepe Rodriguez, em Periodismo de Investigacién: téenicas e estrategia, suger ‘quese defina em que momento ¢ordem vamos manter cont to-com as fon (a) Por ordem de Importinela 1. Antes de abordara primeira font, o reporter deve fazer co dever de casa sobre els, documentar-se.a0 méximo (son- dager inicial. 2, Para iso, melhor sondar primeiro as fontes secund- Fias, documentaise Senieas, que sio muito éteis para dar detalhes a confrontar eom a font principal 3. Pode ajuar, ¢ muito, ordenar a abordagem partindo da onte de menor para a de maior importincia informativa 4, Isso amplia 0 conhecimento que se tem do fato © permi- ‘te quo se chegue melhor preparado para a segunda entre visto. 5. Na divida, ¢ preciso deixar cada fonte preparada para nova consulta, posterior. Por ordem de critica 1. Comesar pelas fontes destavordveis. 2, Prosseguir pels fontes téenicas € neutras (no tém ati tude predetermsinada ou interessada no fato investigado). 43, Terminar pelas favoriveis (que tm atitude positiva a rogpeito do fato investigado). 4, Bsse procedimento permite terum primeiro marco crit 0, catastofico, que pode dar ao menos uma medida do interesse pela noticia, Depois,o filtro téenico pode dar ar ‘eumentos para contiontar as fontes desfavoriveis ¢ par ‘metros mais equilibrados para a entrevista com fonts fa voriveis. Professor no Centre de Formation et de Perfeetionne ‘ment des Journalises, Jacques Mouriquand sistematiza, em O jornalismo de investigagdo, © passo-e-passo de uma api (ea) ago pela ordem de importinci,disribuida em ts cireu- tes de um tio ao alvo, qe formant os “iecalos de informe dores"".O primeira cireulo &o dos informadores 0 segundo {odos contatos demiédia importinsineoirealo central, dos personagensfundamentas ~ ra impo Perconagen or 0 primeir cireulo correspond ao que Samper cham de ssondagem inicial, a pré-investigagdo em que 0 epérter pro- ccura fontes de menor importancia, com as quais se mantém relagdo de confianga, para entender um conceito téenico de base ou “lagos privilegiados” entre um e outro personagem «do assunto em causa, Num exemplo de Mouriquand, nenhu- rma fonte oficial revelard, mas poderemos ganar tempo com um informador de menor importineia, segundo a qual o se- nhor X ascendeu 8 diroglio da empresa porque “a insipidez ‘do seu carter era garanta de que 0 senor Y, principal acio- nista,“nio se sentria incomodado por essa nomeagI0™”. Desenvolve-se eno mareacdo de encontros com os ‘contatos de média importincia, do segundo circu, e, na se- aineta, as fontes de real importincia!™ Visita primero o mais importante, o mais bem-infor- mado, 6 arrisear-se a chegar diante dele sem saber osuficen- te ~ diz Mouriquand. (35) alll Pessoassuspeitas raramentetém vontade de falar ou spare cere Mouriquand aeredita que s6o fazer porque tm cons- cincia de que outres fonts falaram antes dlas. O autor coasi- dera tod o processo uma investigagda “em earaco”, porque & valiagao da impertineia dos conttos dretameate implicados no assunto pod ocorrer sem o trabalho da dacumentagao pré- via ou mesmo antes das conversa do primeiro ecu, ‘A produgio O contato com as fonies a oportunidade de defesa daquele que foi implicado na noticia £ a chance de o repérter detectar errs de avaliagio «éapauta, que posdem ser corrigios, coloeados &luz-de novos fiatos. Cada apuraglo abre novos vazios de informagio, a se- rom preenchidos por mais investigagio. B prociso ter pano- rama geal do que se tem para saber 0 que é preciso levantar para irem frente. Quando 0 repirter fea refém da fonte ()Pende para o peixe que uma delas the vendeu. () Engoleas versbes, sem questionamentos. Revela othar [poueo etitico ao transerever declaragBes, () Nio esgota o que o entrevistado tem a informar. Nio explora deinas ¢ possibilidades forecidas pela font. (C) Engole opinido de apeto ficil, mesmo que com pouco fundamento. ()Altribuiattudes de uma fonte bascado no depoimento de outea () Aceitainformacao de erste duvidoso ou dificilmente verifiedvel, com poucas pists que garantam credibilidade ao dado. Se publicad a informacio, feamos sem saber se tudo foi checado com rigor (36) Cheeagem da informacion 0 jomalista no pode contentarse com apenas um (ou poucos) das diversos aspectos possiveis da historia. E pr s0 validar a informactio com pelo menos duas outras fontes, O repéiter ilo pode bancur uma afirmago sem confirmi-ts [A pressa nio 6 desculpa para ma apuraglo. Fda natureza do {jomalismo ser feito em tempo custo. Na linha de produgéo da noticia, o levantamento e o rigor na checagem estabelecem a ‘qualidade da informagao. Se jomalismo fosse matemitica, © no é, a qualidade da apuragio seria fungio do volume informativo (se obtivemos maior ou menor quantidade de dados) pela confianga na che- ‘sagem (se informagBes obtidas sto previsas ou carecem de maior apuragdoe rigor), Qualidade da apurasio = dados | + dados tprecsoe | + prcisos CONFIANGA | dados | + dados precios | - precisos \VOLUMEDE INFORMAGAO (0 esquema demarca quatro posigdes-limite, exponensiais, de apuragao,c abstraias situagSes intermedirias, asnuances centre cada um dos quatro niveis abordados. Ajuda a definr 0 {que fazer diante de uma apuragio que tem: informagio precisa, mas insuleiente(- dads, + preci- 0s)? Apurar mais. + muita informaeo, mas imprecise (+ dados,-precisos)? Fazer checagem. + poucainformago, ainda por cima imprecisa (-dados, = precisos)? Refazer tuo, + informagio precisa ¢abundante (+ dados, + precisos)? Publicar matria sempre instistatvio restringie a veri cbes-limiteesquemiticas. Sua valia sed, aqui, por autocon- trast: ilustraraprolifeagio de variveis possveis, motor da diculdade de qualifier uma bea reporagem. Hé sempre 0 visco de, num julgamento tabula rasa, um aspesto conden’- vel condenar outes por tabela~ aque topego que dee pente ofuscaacctos de outa ordem. As variants cresom de forma exponencal os ftos a pesar se amifcam e alguns até se pulvetizam— nem sempre nos damos conta das nuan- «es, Uma informagio pode estar completa (Seu conteidos2 tistieza neessidade de conhecimentosobee opeoblema) sem ter dado a dimensio humana dos personagens envolvides. Um texto pode ter sido hem apuradoe estar mal estuturado. Pade ter um tide (Sumario gral da noticia) consistenteeer- 10s de informagio nos demas pargrafos. Ou ter passagens truncadas e méritos na hierarquizagdo da noticia. Mas tudo ser jlgao pelo sabor de um conjunto que depended fat 12s divers e nem sempre consiliados 2. Ao revisar 0 material apurado ‘Uma reportagem pode nos contar muito sobre o trabalho ‘que foi fazé-la. Assim que escita, um editor pode fazer um tirateima das informagSes apuradas e checar a validade do ‘que ¢ noticiado. Diferentes cfteulos profissionais determi- ‘nam procedimentos de checagem de informagées apuradas | pelos jomalistas,s6 para essa fase em que o trabalho aparen- ternente ji foi concluido polo repérter. Algumas sio aplic- veis para a revisto de dltima hora, feita pelo editor ou pelo proprio repérter, naquela derradeiraollada antes da cicada Final, rumo & composi F 6 caso da lista de checagem (check: i) sistematizada pela ASNE ~ Associagio Nortesamericana de Editores de Jor- nas, A versio que segue deriva da trduzida peto Jornal da AN] — Associagdo Nacional de Jomas. Esti disponivel no ste do Instituto Gutenberg. Uma variago desa lista ¢ dada por Bill Kovach e Tom Rosenstiel em Os elementos do jornaisna, sob 0 ttula de “sta de exatidlo” ¢ atribuida a David Arnold, edi- tor-exccutivo do San Jase Mercury News". De acordo com 0 sistema, um editor pode responder is soguines perguntas quan do estiverlendo o material apurad por um repérter: Lista de cheeagem () Chequei ao menos duas vezes todos 0s nomes, tiulos ‘mencionads ¢ informagbes citadas nesta matéria? (Se hd nimeros de fones ou enderegos eet am festados rechecados? () Todas as citagies so previsas e esto exatase atribui- das corretamente (elas eaptam com preciso que dse- am os entrevistados, pergunta Arnold)? Eu entendi ple- namente o que a fonte quis dizer? nivos, fo (.) As informagbes de pesquisa estdo completas (permi- ‘em enfencier a matéria completa, pergunta Amold)? () As informagdes do lide esto suficientomente respal- ‘dadas (0 lide tem consisténcia, pergunta Arnold)? (A matéria &justa? Todos os envolvides foram identifi- ‘eds, contatados¢tiveram oportunidade de fala’? Alguém. vai ficar aborrecido ou zangado com essa matéria ama~ hi? Por que? Para nds essa reap estaré bem? Nés apu~ amos informagées paralelas? Nos tomamos partido ou fi- zemps juizos de valor a respeito de resultado que preten- ‘demos (mesmo de forma sui, pergunta Arnold)? Alguém. sgostar da matéria mais do que deveria? (0 que est faltando? (89) Kovach e Rosenstiel lembram ainda um outro sistema, que chamam de “o lépis colorido de Tom French”. French {i prémio Pulitzer de 1998 e atus no Si, Petersburg Times, da Florida, Sou método de trabalho é cristalino, quase sim- plorio, Antes de entregar o texto, ele tira uma e6pia ¢ exami na linha por linha o que se esereveu, com um lipis de cor. Depois,tica cada fatoe declarago eujaveracidade foi reche- cada. Ai, s6 publica 0 que esti confirmado, Sé isso. 3. Na hora do fechamento Nem todo sistema é to simples assim, lembram Kovach Rosenstiel. A dupla chama atenglo para algumas téenicas efiazes de testa, no momento da edigo do material apa rado,o processo de recolhimento e apresentagio de noti- cas, Bes atribuem suas “téenicas de veriticagio" a deter- rinadoseitores de jonas norte-americanos. fat & que elas retratam experiéncas difisas no mercado, no spenas dos EUA, Kovach © Rosenstiel enumeram sistemas familiares & im ‘prensa. americana para um editor testa a apurago de sa equi ‘alguns espantosamente simples e sstemsticos 0 exemplo do que eles chamam de “digo ction” — aque ia como igo de uminteogatri de tbuna. Ati tui a Sandra Rowe e Peter Bhatia, editores do Oregonian, esse sistema preserev jugar a matra linha po ina, de claragio por declaragio, etando es afirmagaes cos tos, O objetivo & remover eros inconeientes perpetados por pes s0as, qu, mesmo de bos- aerditam freee informagoes vordadstes, mesmo quedo els no oso, Raigtoe6tiea () Como salbemas isso? (Por que deveria o leitoracreitarnisso? ()O que significa a suposiglo ports de uma sentenga? () Se uma maria diz que certo fato pode Levanta divie dasa eabega das pessoas, quem insinvou isso? O repsr- ter? Uma fonts? Um eidadio? Outro modelo & a organizagio em circulos de investiga dos, atsibuido a um professor chamado David Protess (a du- pla de Os elementos do jornalismo nt informa de qual inst- tuigio de ensino). E 0 dpice do eeticismo, que Protess aplica ao estudo de casos de pena de morte. A premissa é de que ‘4g Fontes oficias (a poicia, os advogados eos tribunas, par cexemplo) so sempre suspeitas e deve-se chegar mais perto dls fontes bésica (suspeitos descarados,festemunhas, 0 com- denado. Para isso, 0 professor norte-americano visualiza 0 caso ‘studado, Desenha um conjunto de eireulos conefntricos. Do lado de fora do efreulo, registra os documentos de fontes se~ ‘cundaras (releases, parecores et.) O circulo seguinte€ para ‘documentos de ums fonte primiéria (da acusapdo, por exem- ple) 0 terceirocireuloé para as testemunhas, que so entre- Vistadas para verse tudo confere com os documentos. O elt- culo interno € para os “alvos”, as fonts interessalas¢ envol- vidas dretamete com o caso (policias,advogzdos, outros sus- peites, o condenado a morte). Aequipe do professor Protess exercita seu ceticismo com. fontes oficiais a0 examinar um caso & exaustdo, refomar as pistas abandonadas durante 0 processo, cruzar documenios © entrevistas, Com isso, ji absolve pelo menos um condena- «dono corredor da morte, em 1999, a investigar um suspeito ‘quea policia deseattara ripido demais (os estudantes de Pro- nscale {ess encontraram um sobrinho do verdadeiro assassino que 0 havia escutado confessar o crime no dia em que ele foi co- metido). Enquanto veros a diversidade de métodos e a expaciali ago de procedimentos, nosso campo de agéo se movimenta em torno do rep6rtersolitirio, eabrado por um editor rgoro- 0, na cobertura de um fato pontual, que iio necessariamen- ‘Wexige apuracto simultinea de outros desdobramentos (que ‘cxigiriam trabalho em equipe, maior planejamento de ego). ‘Como se veré,adisciplina de verifieagdo € um suporte para a edigao, que melhor se realiza quanto mais plangjado For 0 processo de produgdo da noticia, Capitulo [4] A humanizacao das fontes Um dos efeitos colatrais da ideologia da objetividade ‘ng jomalisme foi isentar 0 profissional de esponsabilidade diroia pelas posigies ¢ eonclusées que extrai em suas maté- rias. Liberado da tarefa de analisar a situagdes que cobre, ajudou a colocar no centro da apuracio a fonte especiali~ zada, 0 assessor de imprensa, 0 éenico, a autoridade, tudo e todos com credencial, referéncia de pesquisa ou dado com casa cientifica [esses casos, ojomnalista faz suas confirmagaes a paste de consulta a notérios, nom sempre obtendo informagaes ne- ccessariamente consistentes. Ha mesmo as vezes em que ob- ‘tém meras suspetas, especulagdes, pontos de vista, que, re- passados ao pablico apés tratamento de edigio, eonquistam ‘aclareza cristalina das verdades testadas, Ao assumir o papel ‘de mediadlorentreo real eo pilbico, o jomalistabusea inter- ‘medirios para entender o mundo, e cada suspeita provisoria de um especialista acaba por confirmar o hotizonte de com- preensio daquilo que é abordado numa reportagem. Esse procedimente fez proliferar uma outra anomalia de bordagem, o chamado “fala pov". O espago intitueionali- ‘ado pela itprensa para a opinifio das pessoas comuns & em gral uma pesquisa empiriea, mas irrelevante, com persona-

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