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Um Mergulho na Pesquisa Ufológica

Em 1980, depois de um encontro com um ser especial,


a psicóloga carioca Gilda Moura passou a estudar o fenômeno da abdução e
a orientar pessoas que viveram experiências ufológicas e paranormais.
Nesta entrevista, ela fala do seu trabalho e do novo livro, Rio Subterrâneo –
A História de um Caminho (Nova Era)

Por Fátima Afonso

PLANETA - Quando, exatamente, você começou a ter contato com fenômenos


paranormais? De que forma eles influenciaram a sua vida?

Gilda - O meu contato com fenômenos paranormais se iniciou em 1972, após o


avistamento de uma nave que pousou próximo à entrada do sítio de meu pai. Nas
minhas memórias de infância, o único fato paranormal que eu recordo é o de
constantemente os relógios de pulso pararem quando eu os usava.
Essas ocorrências tiveram uma profunda influência no meu ser. A partir dessa época,
passei a viver cercada de sincronicidades, que foram direcionando a minha busca e me
levando a fazer grandes transformações na minha vida, até culminar com o encontro
insólito com um ser especial. O impacto na minha consciência a partir daí foi tão
profundo que entender os fenômenos e poder auxiliar outras pessoas envolvidas
passou a ser prioridade na minha vida.

PLANETA - Quem é esse ser especial?

É muito difícil definir quem é esse ser especial que modificou a minha vida e deu início
ao processo de expansão da minha consciência. Por não conseguir explicar e ter levado
muitos anos para entender o que se passou na noite em que o conheci, decidi escrever
O Rio Subterrâneo.
Ele é uma pessoa aparentemente igual a qualquer ser humano. No entanto, dele
emana uma força especial que é capaz de impactar a mente, paralisá-la sem falar e
manipular o ambiente, inclusive fazendo o tempo das pessoas presentes parar. Quem
ele é, não sei. Mestre, “extraterrestre”, imortal, não sei; apenas sei que igual a todos
nós ele não é.

PLANETA - Você é psicóloga, mas acabou penetrando num campo ainda bastante
polêmico no meio científico, a ufologia. O que fez com que seguisse nessa direção?

Gilda - A partir desse encontro extraordinário, fui levada a deixar o estudo da


parapsicologia por alguns anos para dedicar-me ao aprendizado e entendimento dos
contatos por UFOs. Eu havia vivido uma experiência muito forte, que não deixava
dúvidas da existência de acontecimentos e encontros modificadores de consciência no
nosso planeta.

Como esses fatos se passam principalmente em modificações subjetivas e, portanto,


ligadas ao nosso aspecto mental e emocional, estudar a ufologia, e entender a sua
influência na mente das pessoas que vivenciaram o fenômeno, passou a ser de suma
importância para o entendimento da minha própria mente.
Os trabalhos do psicanalista suíço Carl Gustav Jung e da psicologia transpessoal de Ken
Wilber me ajudaram muito a começar a separar os diferentes aspectos desses
processos. Como todas essas vivências eram e ainda são muitas vezes traumáticas
pela nossa dificuldade de aceitar o novo e o desconhecido, estudar para poder aliviar
esse trauma passou a ser a principal meta da minha pesquisa.

A partir da observação pude constatar que essas pessoas apresentavam um estado


alterado de consciência muito semelhante ao êxtase, o que me levou a pesquisar as
ondas cerebrais desse e de outros grupos, no Brasil, para comparações. Esse é um dos
principais estudos neurofisiológicos na pesquisa mundial de abduções. Fiz esse
trabalho junto com o dr. Norman S. Don, da Universidade de Illinois. Nele, descobrimos
uma rara ativação de ondas beta de alta freqüência, acima de 40Hz nos lobos frontais
do grupo que tinha experiência ufológica. Em 97, o estudo foi publicado no Journal of
Scientific Exploration com o título Topographic Brain Mapping of UFO Experiencers
(“Mapeamento Cerebral de Pessoas que Vivenciaram o Fenômeno UFO”).

PLANETA - Você afirma, em O Rio Subterrâneo, que existem seres especiais


infiltrados entre nós, que estariam aqui para auxiliar no desenvolvimento do nosso
planeta. Quem são esses seres e de que maneira chegaram até aqui?

Gilda - Quando eu afirmo em O Rio Subterrâneo a existência de seres especiais, não


infiltrados, mas entre nós, é devido não só à minha própria experiência como de outras
pessoas e dos estudos ufológicos recentes que nos levam nessa direção. Esses seres
sempre se apresentaram desde o início da nossa história conhecida, ajudando,
ensinando e desenvolvendo culturas e consciências. Os povos antigos os chamavam de
“deuses” e eles não só ensinavam como se miscigenavam com os povos.

Quando me refiro no livro a seres especiais, não estou apenas indicando a


possibilidade de “extraterrestres” entre nós, mas o retorno do contato desses seres
que se mantiveram distantes fisicamente da civilização ocidental. Essa civilização
pragmática destruiu a tal ponto a memória desses encontros que eles se tornaram
apenas mitos e lendas.

A importância do estudo ufológico é nos obrigar a expandir os nossos limites de


realidade e voltar a dar lugar para a existência de outras formas de vida, e de poder
interagir com elas sem o deslumbre de as vermos como sobrenaturais.

PLANETA - Essa ajuda dada por outros seres, muitas vezes, soa como manipulação,
ainda que voltada para uma boa causa. Isso não tiraria de nós o livre-arbítrio, uma
preciosa ferramenta da evolução humana?

Gilda - Essa ajuda soando como manipulação está ligada às nossas informações sobre
abduções e toda uma gama de distorções que muitas vezes são divulgadas, e não
relacionada com as pesquisas sérias. Os seres a que eu estou me referindo no livro
sempre estiveram por trás de toda a evolução da humanidade, seja ela consciente ou
não.

Os seres evoluídos obedecem as leis universais naturais, das quais o nosso livre-
arbítrio faz parte. O problema é que temos uma idéia muito superficial de quem
somos, de onde viemos e para onde vamos. Como podemos falar de um verdadeiro
livre-arbítrio se não enxergamos além dos nossos cinco sentidos? Nas camadas mais
profundas do nosso ser, quando atingimos o contato com o nosso ser essencial, essas
dúvidas cessam e entendemos todo o processo de comunicação que estamos
envolvidos. Somos responsáveis por essa realidade que criamos e eles estão apenas
auxiliando o nosso despertar.

PLANETA - As religiões orientais, assim como o kardecismo, acreditam que somos


seres espirituais e estamos na Terra para completar um longo processo de
aprendizado. Sendo assim, em vez de sermos influenciados por extraterrestres, não
seria mais lógico sermos guiados por espíritos do nível evolutivo de Cristo e Buda, por
exemplo, como, aliás, já aconteceu ao longo da história humana?

Gilda - O fato de sermos espirituais não invalida a possibilidade de seres de outros


planetas estarem nos visitando e, juntamente com outros seres, auxiliando no
processo evolutivo da Terra. Um dos pontos principais do meu aprendizado depois do
encontro especial foi perceber a interligação de todos os fenômenos e, principalmente,
entre ciência e espiritualidade.

Desde o meu primeiro livro, Transformadores da Consciência (Nova Era), eu uso


comparações de encontros com Buda, Krishna e Cristo. No Rio Subterrâneo
principalmente, já que a história vai levando o leitor a se encontrar com o Caminho,
que foi ensinado por Jesus. Eu tento mostrar a importância desses ensinamentos com
relação à possibilidade de transformação e do despertar espiritual da humanidade e
como todos esses “avistamentos” se complementam. Mostro também a existência de
um corpo de saber que teria sido ensinado aos ancestrais da nossa raça e que segue
como um “rio subterrâneo”, repartido nas diferentes religiões do planeta.

PLANETA - A partir de 1980, você começou a estudar o fenômeno da abdução e,


como psicoterapeuta, passou a atender pessoas que teriam sido seqüestradas por
alienígenas. Trace um perfil dos abduzidos. O que eles têm de especial?

Gilda - Primeiro, é importante definir abdução e contato. Abdução representa um


padrão definido de acontecimentos. A pessoa seria levada, sem conhecimento ou
autorização, por “seres alienígenas” e dentro de um local, visto como uma nave
espacial, ela seria submetida a exames físicos e psicológicos.

Esse seqüestro, geralmente, se dá através de uma luz que suga a pessoa, e isso é
sentido fisicamente. Há uma indução de amnésia e a pessoa tem pouca memória do
que lhe ocorreu. Essas memórias são recuperadas em estado hipnótico. A partir desse
fato, consciente ou inconscientemente, a pessoa desenvolve uma série de sintomas
posteriores, que atualmente estão classificados como uma síndrome pós-abdução.

Muitas dessas seqüelas e efeitos são similares às respostas a acontecimentos


traumáticos, mas a resolução desses problemas envolve procedimentos diferentes. Até
porque, na maioria dos casos, a abdução ou seqüestro não ocorre uma só vez. É
consenso, entre os principais pesquisadores, que a abdução, em geral, começa na
infância. Nas minhas pesquisas, muitas vezes encontrei o trauma na infância e, só
após resgatá-lo, a pessoa se libera dos pânicos e fobias.

No contato de terceiro grau, a pessoa se encontra com uma nave e seres, vivendo a
experiência conscientemente. Muitas vezes ocorre o chamado contato de quinto grau
(contato apenas mental). Esse tipo de experiência é vivida como agradável, mas
também dá muito mais margem de se mesclar conteúdos e desejos da própria pessoa.

Os abduzidos já passaram por diversos estudos de personalidade feitos por


pesquisadores de universidades americanas e canadenses. O primeiro teste de
personalidade foi o Parnell (1986), da Universidade de Wyoming. Ele usou 225 pessoas
que relatavam experiências com UFOs. Os resultados principais foram: são muito auto-
suficientes, preferem suas próprias opiniões, apresentam inteligência acima da média e
uma atitude reservada e de autodefesa. Não foram encontrados desvios patológicos. O
mais recente estudo foi executado por P.E.E.R. (Program for Extraordinary Experience
Research), filiado à Universidade de Harvard. Também não foram encontrados desvios
patológicos diferentes da maioria da população.

Nos meus estudos clínicos e eletroencefalográficos, o que encontramos de especial é a


grande expansão da consciência e criatividade em relação à média das pessoas e uma
facilidade de entrar em transe auto-induzido, estado modificado de consciência similar
ao êxtase.

PLANETA - A área ufológica é rica em casos de mistificação, consciente ou


inconsciente. Como distinguir, com segurança, fantasia de realidade?

Gilda - Não somente a área ufológica é rica em mistificações conscientes e


inconscientes; todas as áreas são sujeitas a algum tipo de fantasia – faz parte da
mente humana. O ser humano criativo facilmente acredita nos seus próprios sonhos e
os mescla à sua realidade cotidiana. Mas é também o sonho que move e motiva o
mundo. As grandes descobertas sempre partiram de um grande sonho. Além disso, no
atual estágio de estudos nessa área, é muito difícil separar o que acessamos em
diferentes níveis de consciência. Não somos mais um ser único, mas um ser
pluridimensional com alcance cada vez maior em direção a outros níveis de realidade.

Somos interligados com todos da nossa espécie e com o universo. No caso específico
da ufologia, os estudos sérios conseguem separar o que é crença do indivíduo dos
aspectos projetados ou vivenciados por ele. De qualquer forma, continua sempre uma
grande dúvida: o que pertence somente à fantasia da pessoa ou o que foi projetado
nela por inteligência terrestre ou “extraterrestre”?

PLANETA - Em uma determinada passagem do seu livro, fica claro que você teria
recebido de extraterrestres um chip cerebral. Como isso ocorreu? Você chegou a ser
abduzida?

Gilda - Não me considero uma abduzida por que não tenho memórias típicas de
abdução. O que se passou comigo, que está descrito no livro, foram experiências muito
fortes e marcantes, e eu apenas relato as minhas observações subjetivas desses fatos.

No início, descrevo os sustos e medos de principiante e, finalmente, as conclusões,


hipóteses e análises da pesquisadora atual. Se possuo um chip cerebral não tenho
consciência; apenas sinto ter sintonia mental com a grande maioria dos que
vivenciaram o fenômeno.

PLANETA - Ao que parece, você acredita que teria sido escolhida por extraterrestres
para “ajudar na transformação da consciência das pessoas”. Qual o motivo de ter
recebido tal missão?

Gilda - Eu acredito que o meu trabalho está centrado na ajuda da transformação de


consciência das pessoas, incluindo a minha própria. Esse trabalho se iniciou a partir do
grande impacto que sofri no encontro especial. Poderíamos chamar de vocação ou
missão, mas não tem nenhuma conotação messiânica. Messianismo é um desvio que
leva ao fanatismo. Além disso, não digo em parte alguma do meu livro que fui
escolhida por extraterrestres. Sei que um fenômeno muito importante está se
passando no planeta e tem conotações “extraterrestres”, mas na verdade ainda não
sabemos o que está por trás disso. Estamos começando a engatinhar no assunto. Na
minha opinião, o fenômeno tem mais uma origem extra ao nosso universo do que
apenas extraterrestre.

PLANETA - Você acredita que a Terra está condenada a uma grande catástrofe, como
querem os apocalípticos?

Gilda - Eu acredito que temos a possibilidade de uma catástrofe pela existência de


asteróides que podem colidir com a Terra. Apocalipse é uma forma de expressão que já
vem desde a Antigüidade, utilizada principalmente nas grandes mudanças de era ou
éons.

Mais do que num apocalipse planetário, acredito em um apocalipse individual, a morte


de uma velha personalidade e sua forma de interagir com o mundo, dando nascimento
a um outro ser, mais cósmico e conectado com a natureza e o universo. Essa
possibilidade nos dá coragem, força, fé e esperança de que, com amor e união,
poderemos trabalhar de uma nova forma e reconstruir a civilização.

No Rio Subterrâneo vou mostrando através de lendas, marcas e marcações, como o


“achamento” do Brasil foi importante para a possibilidade desse encontro e
ressurgimento agora, após 2000, do que tem sido ocultado. Está na hora de
despertarmos e descobrirmos o que estava por trás das grandes navegações
portuguesas, que, juntamente com a Ordem de Cristo, perseguiu um plano de
expansão e reencontro de pontos-chaves para esse despertar.

PLANETA - Você continua fazendo pesquisas na área ufológica?

Gilda - Há dois anos parei o atendimento clínico devido às requisições por parte da
pesquisa. Eu tinha feito um grande trabalho de mapeamento cerebral de estados
alterados da consciência, vulgo estado de transe, não só das pessoas que tiveram
contato ou abdução, mas de outros grupos como paranormais, curadores, médiuns e
pessoas do Santo Daime.

Junto com o Dr. Norman Don (da Fundação Kairos), testei um total de 120 pessoas; é
o maior banco de dados de estados alterados da consciência. Tais trabalhos científicos
começaram a ser publicados recentemente, e ainda temos dados para analisar. Esses
estudos-pilotos foram feitos também com a ajuda do dr. Helio Bello, no Rio de Janeiro.
Atualmente estou prosseguindo os estudos de abdução com um grupo de cientistas
organizado por P.E.E.R., filiado à Universidade de Harvard, em Boston. Em junho,
deveremos repetir lá, com abduzidos americanos e a colaboração do dr. John Mack, o
mesmo tipo de testes que fizemos no Brasil.

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