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O Pensamento moderno

Nos séculos XVI e XVII começou a concepção de uma nova classe


em oposição a produção feudal. Com os novos meios de produção
estreou o sistema de cooperação antecessor do trabalho em série do
século XX. A produção passa para de um esforço isolado para um
esforço coletivo.

Aparece o método indutivo de investigação, opondo-o ao método


aristotélico de dedução. Bacon foi avaliado o fundador do método
cientifico moderno. René Descartes escreveu sobre os passos para
o estudo e a pesquisa, recriminou o ensino humanista e propôs a
matemática como modelo de ciência perfeita.

Descarte, pai do racionalismo e da filosofia moderna, acordou em


posição dualista a questão ontológica da filosofia, a relação entre o
pensamento e o ser. Estudou sobre a razão humana e inventou um
novo método científico de conhecimento do mundo, substituindo a
fé pela razão. Compôs a religião e a ciência, sofrendo grande
influência da ideologia burguesa do século XVIII, influenciado
pelas tendências progressistas da classe em ascensão na França.

Unidade 1

Descartes escreveu sobre o Discurso do Método, e ofereceu os


seguintes princípios em seus estudos: nunca acolher alguma coisa
como verdade que não conhecesse evidentemente como tal,
poupando o ímpeto; dividir cada uma das dificuldades que
examinasse em tantas parcelas quantas possíveis e quantas
imperativas fossem para melhor resolve-las; dirigir ordem nos
pensamentos do mais simples ao mais composto; fazer em toda
parte enumerações tão completas e revisões tão gerais que
apresentasse a certeza de nada omitir.

Ele escreveu sua principal obra a língua popular, possibilitando


acesso ao maior número de pessoas. O século XVI assistiu a uma
grande revolução linguística, na qual se exigia dos educadores o
bilinguismo, o latim como língua culta e o vernáculo como língua
popular. A igreja alcançou a importância desse tumulto e logo
forneceu através do Concílio de Trento (1562), que as pregações
acontecessem em vernáculo.

Após vinte anos, depois da publicação do Discurso do método,


João Amos Comênio (1592-1670), escreveu a Didática Magna
(1657), considerada como método pedagógico para ensinar com
rapidez, economia de tempo e sem fadiga. Ele amparava que a
escola era para ensinar o conhecimento das coisas. Assim
o pensamento pedagógico moderno caracterizou-se pelo
realismo.

John Locke (1632-1704) começou a investigar de que valia o


estudo do latim para os homens trabalhadores nas fábricas. Achava
melhor que ensinassem à mecânica e o cálculo. Mesmo assim,
permanecia o ensino bilíngue e a educação ainda era para a nobreza
e o clero. Locke combateu a origem dos sentidos.

A pedagogia realista aparece contra o formalismo humanista,


aderente a superioridade do domínio do mundo exterior sobre o
domínio do mundo interior, a superioridade das coisas sobre as
palavras. Desencadeou a paixão pela razão (Descartes) e o estudo
da natureza (Bacon). De humanista a educação torna-se cientifica.
O conhecimento só tinha valor se preparasse para a vida e para
ação.

Bacon divide as ciências em: ciência da memória ou ciência


histórica; ciência da imaginação, ou poética; ciência da razão ou
filosófica. Já Locke defende que a criança ao nascer, é uma tabula
rasa, um papel em branco sobre o qual o professor podia tudo
escrever.

João Amos Comênio foi respeitado como grande educador e


pedagogo moderno e um dos maiores reformadores sociais de sua
época. Foi o primeiro a sugerir o sistema articulado de ensino e
defendeu que a educação deveria ser permanente, acontecer
durante toda a vida do homem. Além disso, defendeu que o sistema
educacional deveria abarcar 24 anos com quatro tipos de escolas: a
escola materna de 0 a 6 anos; a escola elementar ou vernácula, dos
6 a 12 anos; a escola latina ou o ginásio, de 12 aos 18 anos e a
acadêmia ou universidade, dos 18 aos 24 anos.

Defendeu que em cada família, deveria existir a escola materna, em


cada município ou aldeia uma escola primária, em cada cidade um
ginásio e em cada capital uma universidade. O ensino deveria ser
unificado com todas as escolas articuladas.

Unidade 1

Mas apesar dos progressos, a educação das classes populares e a


democratização do ensino ainda não se depositavam como questão
central. Aceitavam facilmente, a divisão entre o trabalho intelectual
e o trabalho manual, resultado da divisão social.

No século XVII, aparece a luta das camadas populares pelo acesso


a escola, estimulada pelos novos intelectuais iluministas e novas
ordens religiosas, a classe trabalhadora em formação, podia e devia
ter um papel na mudança social. Criava-se uma cultura de
resistência.

Ao contrário da ordem dos jesuítas, apareceram várias ordens


religiosas católicas que se consagravam à educação popular, que
apresentavam ensino gratuito em forma de internato, como uma
educação filantrópica e assistencialista.

O Pensamento Iluminista

O Iluminismo foi um movimento intelectual que surgiu durante o


século XVIII na Europa, que defendia o uso da razão (luz) contra
o antigo regime (trevas) e pregava maior liberdade econômica e
política.

Este movimento promoveu mudanças políticas, econômicas e


sociais, baseadas nos ideais de liberdade, igualdade e fraternidade.

O Iluminismo tinha o apoio da burguesia, pois os pensadores e os


burgueses tinham interesses comuns. As críticas do movimento ao
Antigo Regime eram em vários aspectos como: mercantilismo;
absolutismo monárquico e o poder da igreja e as verdades reveladas
pela fé.

Com base nos três pontos acima, podemos afirmar que o


Iluminismo defendia: a liberdade econômica, ou seja, sem a
intervenção do Estado na economia; o antropocentrismo, ou seja, o
avanço da ciência e da razão e o predomínio da burguesia e seus
ideais.

As ideias liberais do Iluminismo se disseminaram rapidamente pela


população. Alguns reis absolutistas, com medo de perder o governo
ou mesmo a cabeça, passaram a aceitar algumas ideias desse
movimento.

Estes reis eram denominados Déspotas Esclarecidos, pois tentavam


conciliar o jeito de governar absolutista com as ideias de progresso
iluministas. Alguns representantes do despotismo esclarecido
foram: Frederico II, da Prússia; Catarina II, da Rússia; e Marquês
de Pombal, de Portugal.

O clero e a nobreza reuniram poder no período da Idade Moderna,


através do regime absolutista. A revolução Francesa produziu o fim
dessa situação, que através dos iluministas, influenciados pelas
ideias liberais condenaram a prepotência do governo e o
obscurantismo da igreja.

Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) se destacou, implantando uma


nova era da história da educação. Desempenhou a relação entre
educação e política e destaca, pela primeira vez, o tema da infância
na educação. O século XVIII torna-se político pedagógico por
excelência. Rousseau resgata a relação entre a educação e a
política. A partir dele, a criança não seria mais considerada um
adulto em miniatura, mas sim como um ser que vive em seu mundo
próprio; a criança nasce boa, o adulto, com sua falsa concepção da
vida, é que perverte a criança.

Unidade 1
O iluminismo tentou emancipar o pensamento da repressão dos
monarcas terrenos e do despotismo do clero. Aguçou a movimento
pela liberdade individual. A ideia de volta ao estado natural do
homem é comprovada no espaço de Rousseau, através dos estudos
sobre a sociedade dos homens primitivos. A educação não deveria
apenas ensinar, mas permitir que a natureza germinasse na criança.
Não deveria dominar e modelar, só os instintos e os interesses
naturais deveria direcionar, acabava sendo uma educação
racionalista restringindo a experiência.

Rousseau dividiu a educação em três momentos: da infância, da


adolescência e da maturidade. Nessa situação, houve a passagem
do controle da educação da igreja para o Estado.

A Revolução Francesa baseou-se nas reclamações populares de um


sistema educacional. A Assembleia Constituinte de 1789 organizou
vários projetos de reforma escolar e de educação nacional. O mais
importante foi o projeto de Condorcet (1743-1794), que sugeriu o
ensino universal como meio de acabar com a desigualdade.

A partir da Revolução Francesa, tentou-se plasmar o educando de


um acordo de classe, centro do conteúdo programático. A
burguesia queria da educação, trabalhadores com formação de
participes de uma nova sociedade liberal e democrática. Os
pedagogos revolucionários foram os primeiros políticos da
educação.

Froebel (1782-1852) foi o idealizador dos jardins da infância,


defendendo que o desenvolvimento da criança dependia de uma
atividade espontânea e construtiva (jogos, trabalhos manuais),
estudo da natureza, expressão corporal, desenhos, linguagem, etc.

Além de Rousseau, outro grande teórico que se destacou foi o


alemão Kant (1724-1804). Descartes sustentava que todo
conhecimento era inato e Locke que todo saber era alcançado pela
experiência. Kant suplantou essa contradição, defendendo que o
homem é o que a educação faz dele através da disciplina, da
didática, da formação moral e da cultura (aculturação, socialização
e personalização). Espaço, tempo, causalidade e outras relações.
Sendo assim, Rousseau foi o antecessor da escola nova, que inicia
no século XIX e ganhou êxito na primeira metade do século XX,
sendo ainda hoje valorizada. Influenciaram educadores como
Pestalozzi, Herbart e Froebel.

Pestalozzi (1746-1827) queria a reforma da sociedade através da


educação das classes populares. Amparava que a educação geral
deveria anteceder a profissional.

Herbart (1776-1841) foi professor universitário, mais teórico do


que prático, respeitado como um dos pioneiros da psicologia
cientifica, defendendo que o processo de ensino deveria seguir
quatro passos formais: clareza na apresentação do conteúdo-
demonstração do objeto; associação do conteúdo com outro
assimilado anteriormente pelo aluno–etapa da comparação;
ordenação e sistematização dos conteúdo–etapa da generalização e
aplicação a situações concretas dos conhecimentos adquiridos –
etapa de aplicação.

A burguesia ascendeu sob os ideais de liberdade, liberalismo, no


período de passagem do feudalismo para o capitalismo. Estimulada
pela Reforma Protestante que estimula o livre pensamento no setor
religioso, juntou-se ao movimento racionalista, que embutia a
liberdade de normas de conduta dos indivíduos.

Unidade 1

Mas para a burguesia nascente a liberdade servia para ouro fim, a


acumulação de riquezas. A igualdade social seria nociva, pois
atentaria a padronização e uniformização entre os indivíduos sendo
considerado um desrespeito a individualidade. O principio
principal da educação burguesa ministrou uma educação distinta
para cada classe: classe dirigente e classe trabalhadora, numa
concepção dualista de educação, que no século XIX foi
sistematizada pelo pensamento positivista.

O Pensamento Positivista
O positivismo foi uma corrente filosófica iniciada por Auguste
Comte, onde as ideias de percepção humanas são baseadas na
observação, exatidão, deixando de lado teorias e especulações da
Teologia e Metafísica. Segundo Comte, as ciências que são
positivistas são a Matemática, Física, Astronomia, Química,
Biologia e a recém-criada Sociologia, que se baseia em dados
estatísticos.

Os positivistas acreditam que a ciência é cumulativa, transcultural


(não interessa em qual cultura surgiu, serve para toda a
humanidade). Novas ideias podem surgir sem ser continuação de
conceitos velhos, como “entidades de um tipo podem ser redutíveis
a entidades de outro”, por exemplo, o que se passa na cabeça de
uma pessoa pode ser explicado pelas reações químicas no cérebro.

Existiam duas forças adversas, uma era o movimento popular e


socialista e outra o movimento elitista burguês. Essas duas
correntes opostas são representadas pelo marxismo e pelo
positivismo. Imaginadas por dois expoentes: Augusto Comte
(1798-1857) e Karl Marx (1818-1883).

Comte seguiu direção para os estudos das ciências sociais e as


ideias de que os fenômenos sociais como os físicos podem ser
diminuídos a leis e que todo conhecimento cientifico e filosófico
deve ter por finalidade o aperfeiçoamento moral e político da
humanidade. Uma verdadeira ciência para Comte deveria avaliar
os fatos sociais, carecia ser uma ciência positiva afastando dos
preceitos ideológicos e apontando uma ciência neutra. O
positivismo concretiza uma ordem pública através da paciência ao
seu status quo. Nada de doutrinas criticas revolucionária, como as
do iluminismo ou do socialismo.

Já Marx buscava a liberdade e a igualdade, mas não poderia ser


realizado enquanto não mudasse o sistema econômico que
instaurava a desigualdade na base da sociedade.

Da Lei dos três estados concluiu o sistema educacional: o estado


teológico em que o homem explicava a natureza por agentes
sobrenaturais; o estado metafísico, no qual se explicava através de
noções abstratas como essência, causalidade e o estado positivo,
onde se procuram as leis cientificas.

A tendência cientificista ganhou força na educação como


desenvolvimento da sociologia em geral, e da sociologia da
educação. Um dos principais teóricos da sociologia da educação
foi Emile Durkheim (1858-1917).

Considerado pai do realismo sociológico, explica o social pelo


social, como realidade autônoma. Tratou em especial dos
problemas morais. Finalizou que a moral começa ao mesmo tempo
em que a vinculação com um grupo. Entendia a educação como
esforço contínuo para preparar as crianças para vida em comum.

Unidade 1

Por isso, era forçoso impor as mesmas maneiras adequadas de ver,


sentir, agir. Para ele, a sociologia produz os fins da educação. A
pedagogia e a educação representam mais do que um anexo ou
apêndice da sociedade e da sociologia, deveriam existir sem
autonomia. Levantar na criança através da educação certo número
de estados físicos, intelectuais e morais, estabelecidos na sociedade
política.

Considerava a educação como imagem e reflexo da sociedade,


compreendendo a pedagogia como uma teoria da prática social. Foi
o verdadeiro mestre da sociologia positivista moderna.
Considerou os fatos sociais em coisas. A intenção positivista
concebeu um caráter conservador e reacionário das ideias
pedagógicas. Tornou-se uma ideologia de ordem, de paciência e
estagnação social. Nasceu como filosofia, mas ao dar uma resposta
ao social, afirmou-se como ideologia.

OBSERVAÇÃO: A Educação para Durkheim é um fato


fundamentalmente social, imagem e reflexo da sociedade.
Portanto, o ato educacional é uma ação exercida pelas gerações
adultas em relação às mais jovens, que deveriam ser tutoradas em
seu ingresso na vida social.
No Brasil, o positivismo infundiu a Velha República e o Golpe
Militar de 1964. Segundo essa ideologia, o país não seria mais
governado pelas paixões políticas, mas pela racionalidade dos
cientistas, os tecnocratas, preocupados apenas com os fatos
sociais.Essa doutrina serviu muito a elite brasileira quando
sentiram seus privilégios advertidos pela organização crescente da
classe trabalhadora.

A teoria educacional de Durkheim opõe-se diretamente a de


Rousseau. Enquanto este, afirmava que o homem nasce bom e a
sociedade o corrompe, Durkheim declarava que o homem nasce
egoísta e só a sociedade através da educação pode torná-lo
solidário. O pensamento positivista na pedagogia andou para o
pragmatismo, que considerava a formação empregada para a vida
imediata.

No Brasil, o valor o positivismo influenciou o primeiro projeto de


formação do educador. O valor dado à ciência no processo
pedagógico relevaria maior atenção ao pensamento positivista. Não
podemos negar sua ajuda no estudo cientifico da educação.

O Pensamento Socialista

Formou-se no seio do movimento popular, pela democratização do


ensino, empenhados com a transformação social. Sugere uma
educação igual para todos.

Unidade 1

Platão já havia provado manifestações do comunismo imaginário,


pois ligava educação à política. Mas foi Thomas Morus (1478-
1535) que fez critica a sociedade individualista e propôs a
diminuição da jornada de trabalho para seis horas diárias, a
educação laica e a coeducação.

Os princípios da educação pública socialista foram proclamados


por Marx (1818-1883) e Engels (1820-1924) e desenvolvidos por
Lênin (1870-1924). Os dois escreveram o Manifesto do Partido
Comunista em 1947 e 1948, onde protegem a educação pública e
gratuita para todas as crianças a partir dos princípios:

• Eliminação do trabalho delas nas fábricas;


• Da associação entre educação e produção material;
• Da educação politécnica que leva a formação do homem
unilateral, abrangendo os aspectos, mental, físico e técnico;
• Da inseparabilidade da política e da educação, portanto, da
totalidade social (estudo, trabalho e lazer).

Já Lênin, atribuiu a importância da educação no processo de


transformação social, como primeiro revolucionário a admitir o
controle do governo, pode na sua prática disseminar as ideias
socialistas na educação. Defendeu que a educação pública deveria
ser de modo eminente, política.

Outro histórico defensor da escola socialista, foi Antônio Gramsci


(1891-1937), chamava a escola única de escola unitária, evocando
a ideia de unidade e centralização democrática. Seguindo a
concepção Leninista, também colocou o trabalho como começo
antropológico e educativo básico a formação.

Criticou a escola tradicional que dividia o ensino em clássico e


profissional. E propôs a superação dessa divisão de classes,
defendendo uma escola critica e criativa deve ser ao mesmo tempo
clássica, intelectual e profissional. Uma escola unitária significa
uma relação entre trabalho intelectual e trabalho industrial em toda
vida social e não apenas na escola, ou seja, em todos os organismos
da cultura. O novo intelectual orgânico, para ele, representava uma
organização do conhecimento do mundo moderno a partir da
educação técnica ligada ao trabalho industrial. O trabalho como
modalidade da prática.

Já para Makarenko (1888-1939), o verdadeiro processo educativo


se faz pelo próprio coletivo e não pelo individuo que se chama
educador. Foi respeitado como um dos maiores pedagogos
soviéticos da história da educação socialista. Defendeu a ideia do
trabalho coletivo como principio pedagógico.
O Pensamento Escolanovista (A Escola Nova)

Movimento que valorizou a autoformação e a atividade espontânea


da criança. Uma educação que fosse instigadora da mudança social.
Tanto a psicologia educacional como a sociologia educacional
contribuíram para a formação da escola nova.

John Dewey (1859-1952) foi o primeiro norte-americano a


formular o novo ideal pedagógico, afirmando que o ensino deveria
ser pela ação e não pela instrução, por uma experiência ativa,
concreta e produtiva. A educação era essencialmente pragmática e
instrumentalista, buscando a convivência democrática sem por em
questão a sociedade de classes.

Unidade 1

Para ele só o aluno poderia ser autor das suas experiências, aluno
como centro (paidocentrismo) da Escola Nova. Desenvolveu-se o
método de projetos centrado na atividade prática do aluno.

Jean Piaget (1896-1980) pesquisou a natureza do desenvolvimento


da inteligência na criança. Estudou como a criança organiza o real.
Criticou a escola tradicional que ensina a copiar e decorar e a não
pensar. E para obter bons resultados no aprendizado da criança, o
professor deveria respeitar as fases de desenvolvimento da criança.
Compreendia que aprendizagem é um conceito psicológico.

A epistemologia genética também não é uma ciência entre outras,


mas uma matéria interdisciplinar que se ocupa com todas as
ciências. A gênese do conhecimento foi o maior interesse de estudo
de Piaget, onde analisou as relações entre conhecimento e vida
orgânica. Buscou conhecer como o ser humano consegue
organizar, estruturar e explicar o mundo em que vive. Sua teoria
foi importante para explicar a evolução do comportamento
cognitivo. Sua teoria epistemológica influenciou outros estudiosos
como Emília Ferreiro.

O desenvolvimento das tecnologias do ensino deve muito à


preocupação escolanovista com os meios e técnicas educacionais.
No Brasil existiram as escolas vocacionais, escolas ativas, escolas
experimentais, escolas piloto, escolas livres, escolas comunitárias,
escolas não-diretivas que adotaram essa filosofia educacional.

Os métodos se apuraram e levaram para sala de aula o rádio, o


cinema, o vídeo, o computador e as máquinas de ensinar. Inovações
que chegam aos educadores e que o fizeram se perderem no meio
de tantas propostas inovadoras.

Por isso que hoje, os educadores têm a necessidade de analisar mais


sobre as sua prática a partir da realidade escolar, sabendo que nada
adianta diante de novas técnicas e planos, por mais modernos que
sejam.

Na segunda metade do século, uma visão critica a respeito da


educação escolanovista vem abalar o otimismo dos educadores.
Paulo Freire (1921), herdeiro de muitas conquistas da Escola Nova,
denunciou o caráter conservador dessa visão pedagógica e
observou que a escola podia servir tanto para educação como
prática da dominação quanto como prática para a liberdade. Para
ele, a Educação Nova não foi um mal em si, mas representou na
história das ideias e práticas pedagógicas, um apreciável avanço.

Freire foi o maior defensor da tendência progressiva. Destaca


contrastes entre formas de educação que tratam pessoas como
objetos em lugar de assuntos e procura entender a educação como
ação cultural.

O Pensamento Antiautoritário

Essa teoria crítica partiu dos liberais e marxistas que afirmavam a


liberdade como principio e objetivo da educação. Teve em Freud
um de seus sublimes que muito influenciou a educação, embora
não fosse pedagogo. Freud acreditava que muitos desajustamentos
dos adultos tivessem suas origens nos conflitos e nas frustrações
infantis.

Unidade 1
O educador espanhol, Francisco Ferrer Guardia (1859-1909), foi o
fundador da escola moderna, racionalista e libertária, mais
destacado critico da escola tradicional, apoiando-se no pensamento
iluminista. Acreditava que a educação para contribuir coma
revolução, deveria formar homens livres que saberiam como agir
na sociedade e para isso, a escola deveria abolir todo instrumento
de repressão e coerção.

Outra experiência da escola livre foi representada pelos estudos de


Alexander S. Neill (1983-1973), na Inglaterra, numa perspectiva
liberal, não progressista, mas baseada no principio da afirmação da
liberdade sobre a autoridade. O objetivo da educação seria de que
a criança viva a sua vida e não a do adulto. Seu principio básico
seria liberdade interior e individual.

Já o educador Carl R. Rogers (1902-1987), foi o pai da não-


diretividade, defendendo que o clima de liberdade favorecia o
pleno desenvolvimento do individuo. Apreciava a empatia e
autenticidade. Todo processo educativo deveria ser centrado na
criança e não no professor. O professor seria o facilitador dessa
aprendizagem. O papel do educador era de cooperação para com os
alunos, aperfeiçoando a vida comunitária de sua escola.

Ao lado de Freinet, outro pensador marca o pensamento


antiautoritário, Henry Wallon (1879-1962), afirmando que o meio
fundamental da criança era o meio físico e meio social.
Considerava a criança como ser social e com a personalidade em
desenvolvimento. Defendeu que o desenvolvimento intelectual
envolve não só o cérebro, mas também a emoção. Por meio das
emoções que o aluno exterioriza seus desejos e suas vontades. Em
sua teoria, Wallon, propunha uma educação integral, intelectual,
afetiva e social, indo desde a pré-escola até a universidade. Sua
teoria é centrada na psicogênese da pessoa completa.

O Pensamento Crítico

Entre os maiores críticos encontramos o filosofo francês, Louis


Althusser -1969 (os aparelhos ideológicos do Estado), e os
sociólogos Pierre Bourdieu e Jean Claude Passeron -1970,
influenciando o pensamento pedagógico brasileiro da década de 70.
Foram chamados de críticos reprodutivistas, por demonstrarem que
a educação reflete a sociedade.

Formularam as seguintes teorias: Althusser, a teoria da escola


enquanto aparelho ideológico do Estado, Bourdieu e Passeron, a
teoria da escola enquanto violência simbólica, Baudelot e Establet,
a teoria da escola dualista.

A violência simbólica para Bourdieu e Passeron, era a obrigação


por um poder arbitrário, a cultura dominante, baseada na divisão da
sociedade de classes.

A ação pedagógica tende a reprodução cultural e social


respectivamente. Esse poder arbitrário necessita ser escondido de
duas formas; a autoridade pedagógica e a autonomia relativa da
escola. A autoridade pedagógica disfarça o poder arbitrário, como
ação psicológica. Implica o trabalho pedagógico como processo de
inculcação, criando nas crianças da classe dominada sistema de
princípios interiorizados e duráveis. A ação pedagógica da escola
seria antecedida pela ação pedagógica primária no aparelho
ideológico que é a família. A partir do capital cultural, a criança da
classe dominada, a escola e a aprendizagem se torna uma
verdadeira conquista, já para classe dominante, a criança tem a
aprendizagem como uma continuação.

Unidade 1

Em fim, para Bourdieu e Passeron, a origem social marca a maneira


infalível a carreira escolar e depois a profissional dos indivíduos.
Essa origem social produz primeiro, o fenômeno de seleção. Para
aos dois, a cultura das classes superiores estaria tão junta da cultura
da escola que a criança originária de um meio social inferior, não
poderia adquirir senão a formação cultural que é dada aos filhos da
classe culta. Assim sendo, para uns, a aprendizagem da cultura
escolar é uma conquista arduamente obtida; para outros, é um
legado normal, que inclui a reprodução das normas.

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