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Prof.

Wesley Guerra
História de Sergipe

HISTÓRIA DE SERGIPE Prof.º WESLEY GUERRA


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SÍMBOLOS DO ESTADO

A bandeira data do século XIX e foi criada pelo comerciante sergipano Bastos
Coelho para identificar suas embarcações. Porém, os estados vizinhos passaram
a associar a bandeira ao Sergipe, sendo tão popularmente difundida como símbolo
do estado que foi oficializada como tal pelo governador Pereira Lobo, através da lei
nº 795 de 19 de outubro de 1920, ano do centenário da emancipação de Sergipe.
A Praça São Francisco é
Foi hasteada oficialmente pela primeira vez em 24 de outubro de 1920, na fachada
uma praça localizada no centro histórico da
do Palácio Olímpio Campos.
cidade brasileira de São Cristóvão, no
Estado de Sergipe. A Praça foi fundada junto
com a cidade em 1607, e seu entorno possui
edificações construídas entre os
O selo (brasão), oficializado pela Lei nº 2 de 5 séculos XVII e XIX. Foi protegida em nível
de junho de 1892, é usado em documentos e estadual e nacional e
papéis impressos pelo Governo do Estado designada Patrimônio da
de Sergipe. É do professor Brício Cardoso a Humanidade em 1º de agosto de 2010
criação do brasão. pela UNESCO pelo seu valor como
documento histórico, paisagístico,
urbanístico e sociocultural do período
da União Ibérica, sendo um importante
representante dos modelos combinados
de urbanismo português e espanhol, tendo
em seu redor relevantes prédios históricos.

O hino, oficializado pela Assembleia Provincial em 5 de julho de


1836, noticiado pela primeira vez no jornal “Noticiador Sergipano”,
de São Cristovão. A letra é do poeta e professor Manoel Joaquim
de Oliveira Campos e a música é de Frei José de Santa Cecília. Título
“Alegrai-vos Sergipanos”. Inspirada em uma ópera italiana:
“L’Italiana in Algeri”, de Gioachino Rossini.

Apesar de historicamente a data se confundir com o 8 de julho de 1820 (data


da Carta Régia que desanexou o território sergipano da Bahia), foi no dia 24 de
outubro de 1824 que o documento chegou a Sergipe e só assim a sociedade
sergipana pôde comemorar, de fato, a independência de sua província (o
governador da época era o brigadeiro Manoel Fernandes da Silveira). Obra do artista Edidelson
Dia da Sergipanidade

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HISTÓRIA SERGIPANA ANTES DO SURGIMENTO DA ESCRITA

Principais municípios onde foram encontrados materiais arqueológicos: Canindé,


Cristinápolis, Pacatuba, Divina Pastora, Frei Paulo e Lagarto.

Em Canindé, na margem direita do rio São Francisco, bem próximo a hidroelétrica de Xingó,
foram encontrados milhares de objetos e pinturas, além de centenas de esqueletos
pertencentes ao homem primitivo sergipano que habitava o sertão há mais de 9.000 anos.

Por meio de uma série de estudos, em Sergipe, é possível identificar três culturas dentre as
suas comunidades pré-históricas: Cultura Canindé ou Xingó, Tradição Aratu (Pacatuba e
Sul de Cristinápolis) e Tradição Tupi-Guarani (mais recente).

CARACTERÍSTICAS DO HOMEM PRIMITIVO SERGIPANO

- Viviam em pequenos grupos de famílias;


- Nomadismo;
- Usavam abrigos naturais como as grutas do cânion do rio São Francisco;
- Caça, coleta, arco e flecha. Plantação (Neolítico);
- Fabricavam objetos de cerâmica como panelas, potes, tigelas e cachimbos;
- Produziam com pedra: pontas de flecha, machados e pilões para moer grãos;
- Desenhavam e pintavam animais, seres humanos e figuras geométricas;
- Possivelmente (teoria) acreditavam em espíritos dos mortos, nos astros e nas forças da natureza.

Tabela a seguir mostra as tribos indígenas que habitavam Sergipe pela época do descobrimento e sua respectiva localização:
DENOMINAÇÃO LOCALIZAÇÃO
Acunãs Perto de Neópolis

Aramurus (Aru-Marus, Arremuruz, Urumarus Baixo São Francisco, Porto da Folha, Serra de Itabaiana (?)

Japaratuba, Baixo São Francisco, Água Azeda


Boimés
– perto de Aracaju, Rio Real
Caacicas Japaratuba
Caetés Do São Francisco ao Rio Real
Carapotós Pacatuba, Porto da Folha
Caxagós (Capajós) Pacatuba, no Baixo São Francisco
Huamays Propriá
Aldeia do Geru (Juru), aldeia do Rio Real da Praia,
Kiriris (Cariris)
Lagarto, São Francisco, Propriá
Moritses Geru
Natus Pacatuba e Baixo São Francisco
Oromarais Pacatuba, São Pedro do Porto da Folha
Ilha de São Pedro, Ilha do Ouro, Propriá,
Romaris (Omaris)
Baixo São Francisco
Tapuias Geru
Na costa de Sergipe, do Rio São Francisco ao Real.
Tupinambás
Nos rios Sergipe, Irapiranga e Real, aldeia de Água Azeda
Entre o Rio São Francisco e Real. Vale do São Francisco
Tupinauês
Até Porto da Folha

Porto da Folha – Serra de Itabaiana (?)


Urumas (Uruna)
São Pedro (Porto da Folha), Pacatuba, Propriá, Neópolis,
Xocós
margens do Rio São Francisco
Fonte: Fernando Lins de Carvalho, no livro A Pré-História Sergipana (adaptado pelo autor)

OS ÍNDIOS SERGIPANOS
Na época do descobrimento, as terras de Sergipe eram habitadas por várias tribos indígenas. Além dos Tupinambás e Caetés nas
terras sergipana tinham cerca de 30 aldeias, ambas pertencentes ao grupo Tupi. Que pode ser dividida desta forma:

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- Na faixa do litoral sergipano os Tupinambás;
- Ao sul do Estado os Kariri;
- Ao norte de Sergipe, próximo ao Rio São Francisco, os Baimé, Kaxagó, Katu, Xocó, Romari,
Aramuru e Karapotó.
Principais grupos ou nações indígenas brasileiras na época do descobrimento eram: Tupi, Jê,
Aruak e os Caribe ou Caraíba. Em Sergipe viviam dois desses grupos: os Jês (atual agreste
e o sertão) e os Tupis (eram os canoeiros do litoral. Divididos em Tupinambás, Caetés,
Tupiniquins e Tupinauês). *Kiriris ou Cariris.
Os mais famosos caciques tupinambás de Sergipe foram Serigy, Aperipê, Surubi,
Japaratuba, Pacatuba e Pindaíba.

A CAPITANIA DE SERGIPE DEL REY


✓ Os primeiros navegantes europeus a observar o litoral sergipano foram Gaspar de Lemos e Américo Vespúcio em 1501, e
Martin Afonso de Souza, em 1531.
✓ A princípio era chamado pelos portugueses de “Sertões do rio Real”. Depois passou a ser conhecido pelo nome de um dos
principais rios, ao qual os índios chamavam de “Siriípe”, que significa Rio dos Siris (*).
✓ O atual estado de Sergipe fazia parte da Capitania da Bahia, que foi doada a Francisco Pereira Coutinho.
✓ A ocupação das terras sergipanas pelos colonizadores se deu no sentido sul-norte, começando pelo rio Real e
estendendo-se até o rio São Francisco, com os povoadores ocupando, inicialmente, as terras mais próximas do litoral.
✓ A relação dos índios com os franceses era amistosa.

A CATEQUESE JESUÍTA

✓ No início, os missionários contaram com o apoio dos chefes indígenas Aperipê (líder das terras do rio Real até as terras
próximas ao rio Vaza-Barris), Surubi (líder da região do rio Vaza-Barris) e Serigy (líder na região litorânea). Serigy viria a se tornar
o principal líder dos indígenas contra os colonizadores.
✓ Os Padres Gaspar Lourenço e João Salônio vieram para Sergipe em 1575, acompanhados por 20 noviços e escoltados por
20 soldados, para darem início ao trabalho de catequese.
✓ A catequese começou pelas aldeias tupinambás do Sul entre os rios Itanhy (atual rio Real) e Piauí. Construíram a primeira
igreja de Sergipe, um barracão coberto de palha de pindoba, que recebeu o nome de São Tomé.
✓ Os índios expulsaram os jesuítas e os soldados. Motivo: os soldados roubavam as roças e raptavam mulheres.
✓ A expulsão serviu de motivo para o governador Luís de Brito invadir os “Sertões do rio Real”.

A ORDEM DOS CAPUCHINHOS


Para substituir as escolas jesuíticas fechadas pela Reforma Pombalina, o governo foi recrutando, como podia frades e monges de
diversas ordens religiosas entre elas os franciscanos, carmelitas, beneditinos e capuchinhos. Identificando, pois, a presença
destes em algumas cidades sergipanas, avaliar a atuação dos religiosos, as condições sociais das comunidades aos quais os
acolheram e o motivo da sua vinda. As missões não pararam por aí, existem vestígios das pegadas capuchinhas em 1841 na cidade
de São Cristóvão, foi construído um hospício (lugar de hospedaria) e de uma capela sendo o responsável pela obra o frei Cândido
de Taggia, em 1844, ao mesmo tempo da construção passou a residir em São Cristóvão, também junto com o hospício foi erguida
uma capela que foi determinados como templo principal do senhor das misericórdias ou São Gonçalo que teria um subordinação
administrativa de um vice prefeito que também teria sujeição ao prefeito da Bahia. O hospício dos Capuchinhos, empregando-se
muito proveitosamente no exercício das missões, que todos os anos vão dar em diferentes freguesias da diocese, até nos altos
sertões e no Estado de Sergipe. Não podemos deixar de citar a influência das atividades missionárias para a contribuição
de uma história da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos e solos sergipanos em 1705, o Estado viu-se forçado pela
necessidade de autorizar a vinda de outros capuchinhos desta vez italianos para dar assistência prioritária aos índios através das
missões de aldeamento. Em São Cristóvão tudo começou com três frades religiosos iniciando a construção do hospício e dando início
a catequese no interior da província. O complexo da igreja e o hospício ficaram prontos e foram inaugurados no final dos anos de
1846, também os capuchinhos passaram a usar o hospício como um grande centro cultural, além das atividades religiosas.
Exatamente a 1863 anos foi erguido um centro religioso moderno para sua época, mesmo com a imagem que construímos dos
capuchinhos, vida simples votos de pobreza, era uma grande obra para o seu tempo, que dali saiam as comissões para o evangelismo,
os frades capuchinhos, também usavam para outros fins educacionais e culturais o recinto.
* A história da igreja começa em 1961, quando um grupo de frades capuchinhos italianos se instalou na região e iniciou
a construção da Igreja São Judas Tadeu. A Ordem tem como referência o Frei Miguel.

A CONQUISTA DE SERGIPE

O governo português no Brasil, tinha vários interesses em conquistar os “Sertões do rio Real”: tomar posse das terras
dos índios e escravizá-los; ligar por terra a Capitania da Bahia à de Pernambuco; criar gado e plantar cana-de-açúcar;
expulsar franceses e explorar minérios no sertão.

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✓ Luís de Brito organizou um grande exército para invadir os “Sertões do rio Real”. O objetivo era punir os tupinambás por terem
abandonado a catequese e expulsado os padres jesuítas.
✓ Na batalha (1575) morreram o cacique Surubi e mais de 1.000 índios. 1.200 nativos foram levados como prisioneiros para a
Bahia.
✓ A invasão não deu início a colonização.
✓ Em 1589, foi preparada uma nova expedição de guerra, comandada por Cristovão de Barros. Contando com 5.000 homens,
além de índios tapuias.
✓ Após muita luta, os índios foram vencidos, sendo 2.400 mortos e 4.000 escravizados e aprisionados.
✓ Logo que conquistou Sergipe em 1590, Cristovão de Barros criou a primeira capital do território que recebeu o nome do
santo de devoção de seu fundador: São Cristovão.
✓ Além das terras sergipanas terem sido distribuídas inicialmente entre os soldados que acompanharam Cristovão de Barros nas
lutas de conquista, grande parte delas foi cedida a membros da família Garcia d’Ávila, ricos proprietários baianos, ligados
ao setor de pecuária.
✓ Depois da conquista, os portugueses fundam a Cidade de São Cristóvão (margens do rio Sergipe num outeiro próximo ao rio
Poxim, mas essa é realocada mais duas vezes até o ponto onde se encontra a atual a partir de 1608), essa cidade não passava
de um conglomerado de casas de taipa com cobertura de palha e uma pequena igreja dedicada a Nossa Senhora das Vitórias
(1609).
✓ Ocorre grande miscigenação entre portugueses e índios amansados
✓ No início foram construídas algumas edificações como a igreja, o presídio e o arsenal de armas (praticamente um
acampamento de soldados).
✓ A princípio, São Cristovão situava-se na foz do rio Sergipe. Em 1607 foi transferida para o local atual, numa colina próxima ao
rio Vaza-Barris, para evitar ataques dos franceses pelo mar.

DOAÇÕES DE SESMARIAS (formação da elite latifundiária sergipana)


o As primeiras sesmarias doadas nos inícios da colonização eram voltadas principalmente para as
atividades pastoris. Por muito tempo essa foi a principal atividade econômica da capitania, levando Felisbelo
Freire a escrever: “O SERGIPANO ANTES DE SER AGRICULTOR FOI PASTOR”.
o As sesmarias eram as terras doadas pelos capitães mores às pessoas em condições de
colonizar: fazendeiros, militares, altos funcionários e religiosos.
o As melhores sesmarias ficavam próximas aos rios e ao litoral. A partir da distribuição de sesmarias teve
início a colonização de Sergipe, surgindo os currais de criatório de gado e engenhos de cana-de-açúcar.
o A pecuária foi fundamental na expansão do povoamento pelo agreste e sertão sergipanos, como pode
ser comprovado na denominação de várias povoações surgidas naquele período, tais como Campos do Rio
Real (atual Tobias Barreto), Curral das Pedras (atual Gararu), Malhador, Campo do Brito dentre
outros.

MINERAÇÃO NO SERTÃO SERGIPANO

Belchior Dias Moréia (Brasil, 1540-1619), bandeirante brasileiro, tem seu nome
ligado à serra de Itabaiana, nos arredores de Aracaju, e ao mito do Eldorado no
Brasil. Era ainda conhecido como Belchior Dias Moreira ou Belchior Dias
Caramuru, por ser parente de Diogo Álvares o Caramuru. Teria nascido por
volta de 1540, tinha fazendas ou currais junto a Serra do Canini, nos sertões do rio
Real (hoje município de Tobias Barreto). Considerado notável colonizador do sertão
do rio Real, onde teria chegado desde 1599, após haver tomado parte na conquista
de Sergipe, como um dos capitães de Cristóvão de Barros.
Ficou famoso por suas buscas do Eldorado, que se localizava na serra de
Itabaiana. Até hoje há quem creia que haveria ali riquezas em metais e que a área
ocultaria um "carneiro de ouro". O mito surge a partir das expedições deste
aventureiro Belchior Dias Moréia, que alardeou a descoberta de uma grande quantidade
de prata na região, no século XVI. Embora nada tenha sido efetivamente localizado, a
notícia ajudou a impulsionar outras expedições particulares e governistas, que
tomaram os caminhos da Serra nos séculos seguintes. Itabaiana, com sua velha serra, atraiu aventureiros em busca da prata que
teria sido achada por Belchior Dias Moréia e durante dois séculos alimentou entre os brasileiros o sonho de riqueza.
HOLANDESES EM SERGIPE

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• Em 1624, tentam tomar a Bahia sendo expulsos um ano depois. Em 1630, invadiram
Pernambuco, controlando também as capitanias da Paraíba e do Rio Grande do Norte.
A invasão de Sergipe foi preparada em 1637, no Forte de Maurício no atual município de
Penedo em Alagoas.
As tropas da Companhia das Índias Ocidentais cruzaram o rio São
Francisco e iniciaram a invasão.
Objetivo: recolher os rebanhos, construir fortes no território,
controlar a capital e procurar jazidas de metais no sertão.
O conde Bagnoulo, que comandava as tropas portuguesas, ordenou
que fossem incendiados os engenhos, canaviais e a própria cidade de
São Cristovão, além de 5.000 cabeças de gado: política da terra arrasada. Van Schoppke, comandante
holandês, observando a destruição, ordenou a destruição do que restou. A expulsão definitiva ocorreu em
1646 na batalha do Urubu nas proximidades da atual cidade de Propriá. Alguns estudiosos apontam
como parte da influência holandesa as construções de currais de pedras no sertão, a técnica de fabricação do
requeijão e possíveis influências étnicas, além de nomes como Wanderley e Rolemberg.
DESTAQUE: o desenvolvimento da pecuária, a invasão de Sergipe pelos holandeses e a procura das minas
de metais preciosos, durante o século XVII, foram importantes para o início da ocupação das terras do agreste sergipano.

ORGANIZAÇÃO SOCIAL E POLÍTICA

No final do século XVII foram criadas vilas. As primeiras vilas de Sergipe no período colonial foram: Santo Antônio e Almas
de Itabaiana, Nossa Senhora da Piedade do Lagarto, Santa Luzia do Itanhy, Santo Amaro das Brotas, Vila Nova, Santo
Antônio do Urubu.
▪ Foram criadas as Câmaras de vereadores.
▪ A imensa maioria da população era analfabeta.
▪ Em 1696, foi a criada a comarca de Sergipe para combater crimes e desordens, e para melhorar as ações da justiça.
▪ Sociedade patriarcal e escravista.
▪ Classe dominante (grandes proprietários de terras), setores médios (funcionários públicos, religiosos, comerciantes), pobres
(pessoas livres ou libertas), escravos.
▪ Para Sergipe foram trazidos diversos grupos africanos: Bantus, Congos, Angolas, Guineus, Gêge-Nagôs, Malês,
Yorubás. Sudaneses*
▪ Resistência à escravidão: em Sergipe os mocambos existiram durante todo o período da escravidão, demonstrando que o
escravismo sergipano foi um dos mais violentos do Brasil.
▪ A Capitania de Sergipe d’El Rey teve várias missões, as principais foram: Água Azeda (São Cristovão), Gerú, Nossa Senhora
da Saúde (Japaratuba), São Félix (Pacatuba), São Pedro (Porta da Folha).

ECONOMIA

❖ Criação de gado (as boiadas subiam para o sertão acompanhando o curso dos rios Sergipe, Vaza-Barris e São Francisco. Assim,
foram surgindo pontos de encontro para descanso dos vaqueiros e dos animais: Boca da Mata, Cemitério (Aquidabã), Carira, Campos
(Tobias Barreto), Enforcados (Nossa Senhora das Dores), Curral de Cima (Poço Redondo), Curral do Buraco (Porto da Folha) entre
outros.
❖ Culturas de subsistência: milho, feijão, arroz e principalmente mandioca (favoreceu a ocupação do agreste sergipano).
❖ Fumo (troca de escravos).
❖ Algodão (servia como matéria-prima para a indústria de tecidos da Europa).

A CANA-DE-AÇÚCAR EM SERGIPE
✓ No começo do século XVIII cresceu a exportação de açúcar de Sergipe para a Europa.
✓ A maior produção de cana-de-açúcar ocorreu nos vales dos rios Vaza-Barris, Piauí, Sergipe/Cotinguiba por dois
fatores: a existência de vales férteis com solos de massapê preto e amarelo e um clima com chuvas no tempo certo na
região litorânea.
✓ Os principais portos fluviais da Capitania de Sergipe foram: Maruim no rio Ganhamoroba, Estância no rio Piauí, Santa Luzia no
rio Real, Vila Nova no rio São Francisco e São Cristóvão no rio Vaza-Barris.

INÍCIO DO SÉCULO XIX

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✓ Laranjeiras era a vila mais importante com 850 casas e 3.000 moradores. De seus engenhos e sobrados, os grandes
senhores de terras controlavam a política e a economia de Sergipe d’El Rey.
✓ Realizações: construção de um canal entre os rios Sergipe e Vaza-Barris; regulamentação da pesca no rio São Francisco;
exploração de minérios na serra de Itabaiana e no cânion do São Francisco; criação do correio terrestre entre São Cristóvão e
Salvador; organização de uma comissão de vacinação para combater a epidemia de varíola que atingiu Sergipe em 1815.
✓ Sergipe participou da guerra contra os revoltosos de Pernambuco (Revolução Pernambucana de 1817).

DEPENDÊNCIA ECONÔMICA E POLÍTICA

o O território da Capitania de Sergipe d’El Rey era bem maior que o atual estado de Sergipe.
o No decorrer do tempo foram perdidos cerca de 18.000 Km2 para a Bahia, ou seja, 70% do tamanho original.
o As exportações dos produtos sergipanos se realizavam pelo porto de Salvador, assim grande parte dos impostos era arrecadada
pela Bahia.

“GOVERNADORES” DA ÉPOCA COLONIAL E DO IMPÉRIO


Colônia: Carlos César Burlamaqui, Brigadeiro Pedro Vieira de Melo, (José Mateus da Graça, Leite Sampaio Presidente,
Guilherme José Nabuco de Araújo, Padre Serafim Alves da Rocha, Domingos Dias Coelho de Melo, Padre José Francisco
de Menezes Sobral – JUNTA PROVISÓRIA).

- Império: Brigadeiro Manuel Fernandes da Silveira, Manuel Clemente Cavalcanti de Albuquerque, Manuel de Deus Machado, Inácio
José Vicente da Fonseca, Joaquim Marcelino de Brito (Primeiro Reinado).

- Império: José Francisco de Menezes Sobral, Joaquim Marcelino de Brito, José Pinto de Carvalho, José Joaquim Geminiano de Morais
Navarro, Manuel Ribeiro da Silva Lisboa, Inácio Dias de Oliveira, Sebastião Gaspar de Almeida Boto, Manuel Joaquim Fernandes Barros,
Bento de Melo Pereira, José Mariano de Albuquerque Cavalcanti, José Eloy Pessoa da Silva, Joaquim José Pacheco, Joaquim Martins
Fontes, Venceslau de Oliveira Belo, João Pedro da Silva Ferreira, João Lins Vieira Cansanção de Sinimbu, Anselmo Francisco Peretti,
Manuel Vieira Tosta, José de Sá Bitencourt Câmara, Antônio Joaquim Álvares do Amaral, José Ferreira Souto, João José de Bittencourt
Calazans, Joaquim José Teixeira, Zacarias de Góis, Amâncio João Pereira de Andrade, José Antônio de Oliveira e Silva, Luiz Antônio
Pereira Franco, Inácio Joaquim Barbosa, José da Trindade Prado,barão de Propriá, João Gomes de Melo, Salvador Correia de
Sá e Benevides, João Dabney de Avelar Brotero, Manuel da Cunha Galvão, Tomás Alves Júnior, Joaquim Tibúrcio Ferreira Gomes,
Joaquim Jacinto de Mendonça, Joaquim José de Oliveira, Ângelo Francisco Ramos, Alexandre Rodrigues da Silva Chaves, Antônio Dias
Coelho e Melo, Cincinato Pinto da Silva, José Pereira da Silva Morais, Antônio de Araújo Aragão Bulcão, Evaristo Ferreira da Veiga,
Dionísio Rodrigues Dantas, Francisco José Cardoso Júnior, Vicente Pires da Mota, Luís Álvares de Azevedo Macedo, Joaquim Bento
de Oliveira Júnior, Cipriano de Almeida Sebrão, Manuel do Nascimento da Fonseca Galvão, Antônio dos Passos Miranda, João Ferreira
de Araújo Pinho, José Martins Fontes, Antônio Francisco Correia de Araújo, Bruno Eduardo da Silva Porfírio, Francisco Ildefonso Ribeiro
de Meneses, Raimundo Bráulio Pires Lima, Teófilo Fernandes dos Santos, Luís Alves Leite de Oliveira Belo, Herculano Marcos Inglês de
Sousa, José Aires do Nascimento, Francisco de Gouveia Cunha Barreto, Luís Caetano Muniz Barreto, Manuel de Araújo Góis, Olímpio
Manuel dos Santos Vital, Francisco de Paula Prestes Pimentel, Jerônimo Sodré Pereira (Segundo Reinado).

A LUTA PELA INDEPENDÊNCIA

• Em 08 de julho de 1820, o rei D. João VI assinou um decreto que declarava o fim da dependência
política de Sergipe junto ao governo da Bahia.
• O brigadeiro Carlos César Burlamaqui foi nomeado o primeiro presidente de Sergipe.
• Tropas sediadas na Bahia invadiram São Cristóvão e prenderam o presidente Burlamarqui.
Pedro Labatut chegou a São Cristóvão, em outubro de 1822, e convocou os sergipanos para apoiarem
o príncipe D. Pedro contra os portugueses.
Em 05 de dezembro de 1822 D. Pedro determinou que o decreto de seu pai D. João VI, que tornava
Sergipe independente, fosse cumprido. A aclamação da Junta Governativa (03.03.1823) em São
Cristóvão foi um fato significativo dentro desse processo. Houve reações por parte do comandante das Armas, José de Barros Pimentel,
que havia sido influente no período anterior, entretanto ele teve de ceder.

A POLÍTICA PROVINCIAL
Durante o reinado de D. Pedro I e o período regencial, a província de Sergipe foi dominada por dois partidos:
O Partido Liberal – senhores de terras e apoiado pela classe média das vilas e das cidades. Apelidado de Camundongo.
O Partido Conservador – portugueses residentes em Sergipe. Conhecidos como Rapinas.
A política era muito violenta. Lutava-se pelo poder através de fraudes eleitorais, roubos de urnas, falsificações de atas eleitorais
e ataques a adversários.

A REVOLTA DE SANTO AMARO (1835-1837)


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A luta política iniciou-se em maio de 1835, quando o governo da província extinguiu a vila de Santo Amaro, ao tempo em
que elevou Maruim à condição de vila.
Moradores de Santo Amaro atacaram Maruim e tomaram os cofres e os documentos daquela vila.
O presidente de Sergipe fez um acordo de paz com os santamarenses, que entregaram suas armas. Mas, tropas do governo atacaram
a vila de Santo Amaro em 1836. Os líderes foram presos e processados. Em fevereiro de 1837 o novo presidente Albuquerque
Cavalcante anistiou os revoltosos.

QUESTÃO INDÍGENA: século XIX


Conflitos envolvendo índios, fazendeiros e missionários são constantes nas aldeias indígenas de Sergipe na primeira metade do
século XIX, quando oficialmente se reconhecia a existência de cinco aglomerações indígenas: a vila de índios de Geru, a
missão de Japaratuba, a missão de Pacatuba, a missão de São Pedro de Porto da Folha e a aldeia de Água Azeda,
próxima a São Cristóvão, antiga capital. Nos meados do século XIX, ocorre no Brasil a regulamentação da propriedade fundiária
(Lei de Terras, de 1850), e, logo em seguida, declara-se que os índios que estivessem há muito tempo em contato com os
civilizados perderiam o direito à posse das terras coletivas que ocupavam. Com base na ideologia de assimilação e de
construção da nação, em que a mestiçagem é invocada como diluidora de etnias, e em leis que foram interpretadas de modo que
convinha aos interesses dos fazendeiros, o Governo decretou a extinção da Diretoria do Índios em Sergipe (1853), e a
existência de índios passou a ser negada sistematicamente. No final do século os registros oficiais já não fazem referência a
índios em Sergipe e os habitantes das antigas aldeias são referidos como caboclos.

O CRESCIMENTO URBANO
Os núcleos urbanos eram pequenos.
A maioria da população residia no campo.
O vale do rio Cotinguiba era a região mais rica de Sergipe.
As vilas e povoados mais importantes eram Laranjeiras, Maruim, Santo Amaro e Nossa Senhora do Socorro, devido à produção e
exportação do açúcar.

SÃO CRISTOVÃO E ARACAJU


Na metade do século XIX, São Cristóvão era uma cidade pequena e decadente, suas ruas eram tortas, sem calçamento e saneamento.
O comércio na então capital era pequeno, sem nenhuma companhia estrangeira. Não existia indústrias nem porto.
Era banhada pelo rio Paramopama, que não oferecia condições de navegação.
A palavra “Aracaju” é de origem tupi. Para alguns pesquisadores o seu significado é: Ara (Arara ou
papagaio) e Caju (cajueiro) = Cajueiro dos Papagaios. Para outros o significado é: Ara (tempo, época) e
Caju (fruto do cajueiro) = Tempo do Caju.
A área da atual capital era arenosa, cheia de dunas, mangues e riachos, coberta de cajueiros, mangabeiras
e outras árvores nativas.

INÁCIO BARBOSA: A IDEIA EM GESTAÇÃO


- Foi nomeado presidente da Província de Sergipe em 1853.
- A maior parte das exportações sergipanas era realizada pela barra do rio Sergipe, dez vezes mais que pela barra do Vaza-Barris,
próxima a São Cristóvão.
- Os interesses dos poderosos senhores de engenho do vale dos rios Sergipe/Cotinguiba em que a capital ficasse em sua região,
para assim controlar melhor o poder na Província.
- A ideia de modernidade.

A MUDANÇA
A capital tinha que ficar próxima ao oceano para favorecer a navegação dos grandes navios estrangeiros a vapor e à vela.
Duas escolhas: o povoado de pescadores da Ilha dos Coqueiros ou as areias próximas ao Arraial do Aracaju.
A Ilha dos Coqueiros era quente e abafada. A escolhida foi o Arraial do Aracaju.
Com o apoio do Barão de Maruim e outros poderosos senhores de engenho, Inácio Barbosa convocou uma reunião da Assembleia
Provincial na colina do Santo Antônio no dia 17 de março de 1855, com a finalidade de transferir a capital.
A Resolução 413 foi aprovada: confirmava a transferência.

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▪ Uma figura popular da velha capital, João Neponuceno Borges, conhecido como João
Bebe Água organizou um grupo de cerca de 400 homens armados para combater a mudança.
Mas o padre da cidade convenceu os sancristovenses a não tomarem essa medida violenta.

VISITA DE D. PEDRO II
- Consta que entre os dias 11 e 19 de janeiro de 1860, Dom Pedro II e a imperatriz Tereza
Cristina conheceram Sergipe. De Aracaju, capital da Província, o imperador visitou as vilas de
Barra dos Coqueiros, Propriá, Vila Nova (Neópolis), Porto da Folha e Itaporanga;
também, as cidades de Maruim, Laranjeiras, Estância e São Cristóvão. O plano inicial era
chegar a ex-capital navegando pelo Vaza-Barris, mas a notícia da barra ressacada (com mar
revolto) influiu na escolha da montaria (cavalo) o que teria inviabilizado assim presença da
imperatriz.
- Na manhã do dia 17 de janeiro, às 5 horas, centenas de cavaleiros acompanharam a comitiva
imperial depois da queima de fogos e formalidades de estilo. O imperador trajava paletó preto,
calça branca, chapéu de palha e botas de montaria. A missão era formada por unidade da Guarda
Nacional, Presidente Provincial, Manuel da Cunha Galvão, secretários, chefe da Polícia e
demais autoridades.
- Na chegada a São Cristóvão a comitiva imperial foi recepcionada com vivas e flores, num
centro histórico engalanado de arcos e colchas que ornavam as janelas residenciais. Cerca de 1200 praças, sob o comando do
Tenente Coronel José Guilherme da Silveira Teles, da Guarda Nacional, prestaram continência ao magnânimo Imperador do Brasil.
Este ficou hospedado no antigo Palácio Provincial que servia de Câmara Municipal de Vereadores e fora especialmente preparado
para acomodar o ilustre monarca. Na sua estada, Dom Pedro II visitou escolas e arguiu alunos e professores, esteve nos
conventos e igrejas, doou esmola a Santa Casa de Misericórdia, orou na Igreja Matriz, conheceu o mercado e cemitério local, ainda
concedeu beija-mão no salão (atual Sala Horácio Hora, do Museu Histórico de Sergipe). O único engenho visitado pelo imperador
foi o Engenho Escurial.

SERGIPE E A GUERRA DO PARAGUAI


• Lutaram 2.762 soldados sergipanos do Exército, do Corpo de Polícia e da Armada (Marinha de Guerra), destacando-se o coronel
Oliveira Valadão.
• Outro que se destacou foi o capitão da Armada Imperial Aurélio Garcindo Fernandes de Sá, que comandou a canhoneira
“Parnaíba” que participou das célebres batalhas de Riachuelo, Humaitá e Tibiguarí
• A maior parte dos soldados sergipanos eram pobres, negros libertos ou escravizados, e apenados.
• Vários líderes de mocambos tornaram-se famosos pelas ações ousadas que praticaram, destacaram-se João
Mulungu, Laureano, Dionísio, Frutuoso, Saturnino e José Maruim. Suas ações concentravam-se principalmente no vale
do rio Cotinguiba, nas matas e tabuleiros de Divina Pastora, Laranjeiras, Siriri, Capela, Itabaiana e Japaratuba.

CULTURA E SOCIEDADE SERGIPANA NO SÉCULO XIX


- Em Sergipe, a comunicação escrita teve na figura do Monsenhor Antônio
Fernandes da Silveira, o Pioneiro das Comunicações, com o seu jornal “O
Recopilador Sergipano” o primeiro jornal da província de Sergipe,
editado na cidade de Estância, em setembro de 1832. Em 29 de janeiro de
1833, o jornal foi transferido para a capital, São Cristóvão, passando a
ser chamado “O Noticiador Sergipano”.
- Em 1838, a tipografia foi vendida ao governo, passando a oficial e o
“Noticiador Sergipano” transformou-se no “Correio Sergipense”. Em
1866 circulou em Sergipe até 1906 o “Jornal de Sergipe”, periódico liberal,
tendo sofrido várias interrupções. Em 1870 Manuel Luis Azevedo de Araújo fundou o “Jornal de Aracaju”. A princípio semanal,
passou depois a ser diário. Desapareceu em 1879.
o Em 1870 ocorre a criação do Ateneu Sergipense e da Escola Normal em 1874.

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História de Sergipe
Na segunda metade do século XIX aumenta o número de sergipanos que
fazem estudos superiores.
o Seguem para estudar na Bahia, em
Recife, no Rio de Janeiro ou no exterior.
o Estes sergipanos que se formavam, em
diversas áreas, deram uma contribuição
muito importante à cultura brasileira.
o Alguns deles e um pouco de suas
obras: Tobias Barreto (Dias e Noites,
Menores e Loucos), Sílvio Romero
(Cantos Populares do Brasil, História da
Literatura Brasileira), Fausto Car doso
(Concepção Monística do Universo,
Taxinomia Social), Felisbelo Freire (História de Sergipe, História Territorial do Brasil), Manoel Bomfim (A América Latina,
O Brasil Nação), João Ribeiro (História do Brasil, Estudos Filosóficos), Horácio Hora (Peri e Ceci, Miséria e Caridade,
quadros).

Peri e Ceci

Folhas de Outono A AMÉRICA LATINA:


MALES DE ORIGEM
HISTÓRIA DA
LITERATURA BRASILEIRA

CAMPANHA ABOLICIONISTA
Sergipe passou a exportar negros cativos para as lavouras do sul do país.
O Fundo de Emancipação de Escravos comprou a liberdade de mais de 600 cativos da Província.
Vários senhores de engenho, prevendo os acontecimentos, libertaram seus escravos antes mesmo da Lei Áurea.
Na década de 1880, o jornal laranjeirense “O Horizonte” defendeu em seus artigos o fim da escravidão e a criação de
escolas para o povo.
O jornal “Sergipe” apoiou a abolição da escravidão, não por humanidade, mas por achar o trabalho assalariado mais produtivo.
O maior abolicionista sergipano foi o itaporanguense Francisco José Alves.
No natal de 1882, Francisco Alves fundou em Aracaju a Sociedade Libertadora “Cabana do Pai Thomaz”.
Publicou o jornal “O Libertador”, que fazia propaganda abolicionista e denunciava maus tratos a escravizados.
*Na passagem do século XIX para o XX, devido ao processo que levaria ao fim da escravidão, a onda imigratória chegou a
Sergipe. Holandeses, franceses, escoceses e ingleses se instalaram em Aracaju, na segunda metade do século XIX, para
trabalharem em atividades portuárias. Outros estrangeiros, tais como italianos, portugueses e judeus, instalaram-se em Aracaju
e desenvolveram atividades econômicas ligadas ao comércio, o que permitiu que alguns destes estrangeiros desfrutassem já no
início do século XX boas condições econômicas e sociais. Diversas mudanças foram realizadas, principalmente na arquitetura da
cidade.

O MOVIMENTO REPUBLICANO
Só teve início em Sergipe em 1887, com a fundação do Clube Republicano de Estância. Em 1888, Felisbelo Freire organizou o Clube
Republicano de Laranjeiras, ao lado de Josino Menezes, Lima Júnior, Baltazar Gois, Vicente Ribeiro, Silvio Romero e Manuel Curvello.
Em novembro de 1888, o Clube Republicano de Laranjeiras criou o jornal “O Republicano” (antes chamado de O Horizonte e,
antes disso, O Laranjeirense), que defendia o fim da monarquia e a implantação da República.
Muitos dos doutores que estudaram em Recife ou na Bahia, como Felisbelo Freire, Sílvio Romero, Fausto Cardoso e
também o professor Baltazar Goes, davam palestras, organizavam em Laranjeiras uma escola para alfabetizar ex-
escravos.
✓ Com a proclamação da República foi criada, em Sergipe, uma junta governativa republicana formada por Siqueira Menezes,
Baltazar Gois e Vicente Oliveira que tomou posse oficializando a República em Sergipe.
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História de Sergipe

INÍCIO DA REPÚBLICA
▪ Felisbelo Freire foi o primeiro presidente (atual cargo de governador) de Sergipe na República. Ele foi nomeado por
Deodoro da Fonseca.
▪ O primeiro presidente eleito de Sergipe foi José Calazans, 1894.
▪ Mas, os republicanos antigos o derrubaram do poder, substituindo-o por João Vieira Leite.
▪ Calazans e seu grupo fugiram para Rosário do Catete.
▪ Os dois grupos políticos ficaram conhecidos popularmente por apelidos: os “Peba” (tatús), republicanos antigos que tomaram
o poder nas “areias do Aracaju; e os “Cabaú” (melaço de cana-de-açúcar), dos ex-monarquistas que fugiram para a vila de Rosário.

A REVOLTA DE FAUSTO CARDOSO

▪ Dois nomes de destaque na política sergipana no início da República: O monsenhor Olímpio


Campos do grupo “Cabaú”, ligado aos senhores de engenho. Foi deputado provincial, e na
República foi eleito presidente do Estado e senador.
▪ O outro foi Fausto Cardoso do grupo “Peba”, participante ativo da propaganda republicana,
advogado, poeta e jornalista. Na República exerceu dois mandatos de deputado federal.
Apoiado pelos setores médios urbanos e senhores de terras adversários de Olímpio Campos.
▪ Em 1906, a rivalidade entre “olimpistas” e os “faustistas” ficou mais forte.
▪ No dia 10 de agosto de 1906, os “faustistas” conseguiram revoltar a Força Pública (atual
Polícia Militar) que atacou o Palácio do Governo, obrigando o presidente Guilherme Campos,
irmão de Olímpio Campos, a renunciar.
▪ Em seu lugar foi empossado o desembargador João Loureiro.
▪ Rodrigues Alves, presidente da República, ordenou ao Exército acabar com o movimento
revoltoso, e que garantisse a volta de Guilherme Campos ao poder.
Os “faustistas” tentaram resistir ocupando o Palácio. Na luta morreu o deputado Fausto Cardoso.
Em novembro do mesmo ano, os filhos de Fausto Cardoso assassinaram por vingança o senador Olímpio Campos no
Rio de Janeiro. Nas eleições de 1910, Siqueira de Menezes foi eleito para o Governo do Estado, do grupo de Oliveira Valadão.
SERGIPE NA GUERRA DE CANUDOS

No ano de 1874, Antônio Conselheiro andou por Sergipe. Visitou Itabaiana, Campos, Anápolis (atual Simão Dias), Riachão do Dantas
e Lagarto.
Em Sergipe, o presidente Martinho Garcez e os jornais Diário Oficial e A Notícia chamavam Antônio Conselheiro de “louco” e
“fanático”.
A organização da 2ª coluna da última expedição contra Canudos aconteceu em Aracaju.
O momento máximo foi a chegada do general Cláudio Savaget em Aracaju.
A 2ª coluna partiu para a guerra, acampou em São Cristóvão, Itaporanga e Simão Dias e daí seguiu para o sertão baiano.
Muitos sergipanos, seguidores de Conselheiro se envolveram na guerra: Rosa Maria dos Santos de 18 anos (Riachão); as meninas
Josefa e Honória (Itabaianinha); a jagunça Tereza.
O oficial de maior destaque da guerra foi o tenente-coronel Siqueira de Menezes, comandante da lendária Comissão de
Engenharia. Foi chamado de “Jagunço Alourado”, por Euclides da Cunha.

MODERNIZAÇÃO E DOMÍNIO OLIGÁRQUICO EM SERGIPE (1889-1930)


No início do século XX, a agricultura sergipana foi marcada pela modernização: engenhos de tração animal foram substituídos por
modernas usinas a vapor.
O algodão alcançou altos preços no mercado internacional durante e após a Primeira Guerra. Nossa Senhora das Dores, Aquidabã,
Simão Dias e Frei Paulo destacaram-se nessa produção.
Com o desenvolvimento da produção de algodão, surgiram várias fábricas de tecidos em Aracaju, São Cristovão, Estância,
Propriá, Maruim e Vila Nova (Neopólis).
o No início do século XX, Aracaju despontava como a maior cidade de Sergipe e o centro da indústria e do comércio.
o Várias greves foram realizadas pelos trabalhadores sergipanos: dos operários têxteis (1921); dos ferroviários por
aumento de salários (1927), por exemplo.

GOVERNANTES OLIGÁRQUICOS: (1889-1930)

José Siqueira de Meneses (início da República e de 1911-1914)

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(Nos primeiros dois anos de governo enfrentou um violento surto de varíola, que afetou principalmente as cidades de Laranjeiras,
Propriá, Itabaiana, Riachuelo e Aracaju, deixando registrados 740 óbitos. Apresentou um extenso programa de obras públicas,
incluindo o saneamento da capital, serviços de água e iluminação elétrica, construção de prédios, pontes, represas e açudes.)

Antônio Siqueira Horta (início da República)


(Em Laranjeiras, defendeu o republicanismo e foi um dos signatários do manifesto republicano da cidade. Teve vida curta na primeira
Junta Governativa. Retornou em 1890 como vice-presidente de Lourenço de Mesquita Dantas).

Felisbelo Firmo de Oliveira Freire (1889-1890)


(Iniciou obras de construção de diversos trechos de estradas de ferro. Reorganizou também a Biblioteca Pública de Aracaju.
Enfrentou surtos de varíola e paludismo).

Leandro Ribeiro de Siqueira Maciel (1891-1892)


(Votou contra o banimento da família imperial. Leandro Maciel sugeriu a transferência da capital sergipana de Aracaju
para Rosário de Catete, onde ficavam suas propriedades rurais. Essa situação deu origem aos apelidos dos grupos que passaram
a rivalizar na política sergipana a partir de então: os “cabaús”, que foram para a região canavieira do interior, e os “pebas”, que
ficaram nas areias de Aracaju).

José Calazans (1892-1894)


(Em seu governo, construiu as sedes do Poder Judiciário e do Tribunal da Relação. Enfrentou uma epidemia de varíola, tendo
ordenado a construção de um hospital para atender os doentes. Estruturou a polícia militar sergipana, abriu escolas e construiu
diversas pontes. Integrou as forças legalistas que combateram o Arraial de Canudos, entre setembro de 1893 e março de 1894. Na
eleição para o Senado da República em 1894, não atendeu à orientação do presidente Floriano Peixoto para apoiar a candidatura de
Manuel de Oliveira Valadão, preferindo a de Leandro Maciel. Em consequência, teve seu governo hostilizado pelo grupo florianista
de Sergipe, no qual se destacava Sílvio Romero, que viera do Rio de Janeiro para fazer a campanha de Valadão para o
Senado. Meses depois, a situação política ficaria ainda mais radicalizada em virtude da proximidade das eleições para o
Executivo estadual, já que Manuel Valadão novamente se candidatou e venceu a disputa naquele que foi considerado
pelos contemporâneos o pleito mais violento e fraudulento da primeira década republicana em Sergipe. Em meio à
contenda, José Calazans transferiu a sede do governo sergipano de Aracaju para a cidade de Nossa Senhora do Rosário
do Catete. Esse ato foi visto por seus opositores como de abandono do poder. Sílvio Romero, em praça pública, defendeu então a
passagem do governo para o presidente da Assembleia Legislativa, João Vieira Leite, favorável ao grupo valadonista, que foi de fato
empossado em 11 de setembro de 1894, antes do término constitucional do mandato de Calazans).

Manoel Presciliano de Oliveira Valadão (1894-1896 e de 1914-1918)


(O seu período administrativo coincidiu com o surto de varíola que se arrastou pelos anos de 1895 e 1896, criando grave situação
de calamidade pública. Alegando motivos de saúde, Valadão renunciou em 27 de junho de 1896. Em sua segunda administração,
elevou o preço do açúcar e dos tecidos. Reformou muitos prédios públicos, inclusive o palácio do governo, fez reformas no ensino,
com a abertura de cursos noturnos voltados para a classe operária, e construiu um novo trecho ferroviário ligando Aracaju a
Propriá).

Martinho César de Silveira Garcez (1896-1897, final de 1898)


(Viabilizou a eleição do monsenhor Olímpio Campos para presidente estadual e a sua própria eleição para o Senado).

José Joaquim Pereira Lobo (1897-1898 e de 1918-1922)


(Investiu na drenagem de pântanos e na ampliação do saneamento básico, pressionado pelo grande número de vítimas
da gripe espanhola em Sergipe. Além disso, criou novas escolas, adquiriu um prédio para a biblioteca pública do estado e
promoveu a revisão dos códigos de processo civil, criminal e comercial do estado. Durante a sua gestão foi comemorado o
centenário da emancipação política de Sergipe. Para celebrar a data, foram contratados artistas italianos para cuidar, entre
outras atribuições, das obras de ampliação e reforma do palácio do Governo, e foi organizada uma exposição de produtos sergipanos).

Apulcro Mota (1899)


(Com a renúncia de Martinho Garcez em 14 de agosto de 1898, assumiu o governo do estado de Sergipe. Permaneceu na chefia do
Executivo estadual até 24 de outubro de 1899, quando assumiu o Monsenhor Olímpio Campos (1899-1902), eleito para o cargo).

Olímpio de Sousa Campos (1899-1902)


(Consolidou o modelo de dominação oligárquica que iria perdurar mesmo após a sua morte, encerrando-se apenas depois do
governo de José Rodrigues da Costa Dória (1908-1911). Marcado pela Revolta de Fausto Cardoso. Foi assassinado em 9 de
novembro de 1906, com 11 tiros e duas facadas pelos filhos de Fausto Cardoso).

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História de Sergipe
Josino Meneses (1902-1905)
(Motivado pelo abolicionismo e o republicanismo, participou da imprensa local (Laranjeiras), primeiro como colunista do jornal O
Horizonte, e depois como fundador dos jornais O Laranjeirense e O Republicano. Criação do Banco de Sergipe. Enfrentou,
em seu período administrativo, na área da saúde, surtos de varíola e peste bubônica).

Guilherme de Sousa Campos (1905-1906 e de 1906-1908)


(Em agosto de 1906, Guilherme Campos foi derrubado pela revolta de Fausto Cardoso, só voltando ao comando do Executivo
sergipano após a intervenção do presidente Rodrigues Alves. No restante do seu governo, Guilherme Campos empreendeu a
construção do cais de Aracaju, promoveu o calçamento e o abastecimento de água da cidade, iniciou a construção do novo edifício
do Ateneu Sergipense e inaugurou o serviço de bondes por meio de tração animal).

José Rodrigues da Costa Dória (1908-1909 e de 1909-1911)


(Manteve o predomínio do grupo olimpista. Pertenceu a várias instituições culturais e científicas, dentre as quais destacamos o
Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, o Instituto Geográfico e Histórico da Bahia e a Academia Nacional de Medicina.

Maurício Graccho Cardoso (1922-1924 (impedido de governar devido aos líderes tenentistas: Eurípedes Esteves de Lima, Augusto
Maynard Gomes, João Soarino de Melo e Manoel Messias de Mendonça) retorna e governa de 1924-1926)

Manoel Correia Dantas (1927-1930)


(Em seu governo, manteve a maior parte do secretariado anterior e reuniu em torno de si alguns simpatizantes do tenentismo,
movimento político que havia abalado Sergipe chegando a interditar o governo de Maurício Graccho Cardoso de 13 de julho a 2 de
agosto de 1924. Segundo Ibarê Dantas, durante sua administração Sergipe enfrentou dificuldades econômicas, especialmente
devido às secas de 1926 e 1928, que afetaram a produção de açúcar, principal suporte da economia local. O banditismo do grupo
de Lampião também começou a marcar presença no interior do estado, desafiando as autoridades. No final de seu governo, os
partidários da Aliança Liberal em Sergipe o acusaram de representar os estreitos interesses das oligarquias).

* A cólera aparece na história apenas no século XIX relacionada com a conquista britânica da Índia, as guerras coloniais, os
movimentos de população que disto resultaram. No século XIX, cinco pandemias de cólera correram, a partir da Índia, entre 1817 e
1896. Na Província de Sergipe em dois momentos distintos, em 1855 e em 1862 -1863, a cólera se fez presente de forma arrasadora,
invadindo o início do século XX. Impaludismo e tifo castigaram os seus habitantes (Aracaju) em febres constantes, que chegaram a
ser chamadas “febres do Aracaju”. A cólera, embora não a tivesse atingido em massa, embaraço os primeiros meses de vida da
cidade.

O PLANO URBANÍSTICO DE ARACAJU

✓ O engenheiro militar Sebastião Basílio Pirro foi encarregado pelo presidente da província,
Inácio Barbosa, para planejar a nova capital.
✓ As ruas de Aracaju foram traçadas em formato de “xadrez”, com 32 quarteirões de
110 metros quadrados cada um.
✓ Mangues, dunas, riachos, lagos, areias cobertas de cajueiros e mangabeiras: era a realidade
geográfica do Aracaju nos idos de 1855.
✓ Mas nem tudo era urbanismo. A “cidade de palha” era a outra Aracaju, sem
saneamento e sem organização.
✓ A “cidade de palha” cresceu em direção aos atuais grandes bairros da zona norte:
Chica Chaves e Aterros do Tecido (atual Bairro Industrial) e o Alto do Santo Antônio,
além da zona oeste, Siqueira Campos, por exemplo.

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A URBANIZAÇÃO (1900-1930)
• Nas primeiras décadas do século XX, Aracaju foi
sendo dotada de serviços e inovações urbanas;
- Embelezamento de praças;
- Construções de prédios públicos;
- Alargamento de avenidas;
- Água encanada e transporte coletivo, com bondes
puxados a burros;
- Inauguração do primeiro cinema mudo;
- Luz elétrica;
- Rede de esgotos;
- A ferrovia Salvador-Aracaju;
- Instalações de telefones nos órgãos do governo;
- Inauguração de escolas;
- Construção da Penitenciária Modelo.
• Os principais bairros que surgiram levavam a princípio, nomes populares: O Chica Chaves (Industrial), Fundição e Carro
Quebrado (São José), Caatinga da Penitenciária (Bairro América), Oficinas e o Aribé (Siqueira Campos).
A barra entre a Ilha de Santa Luzia (atual Barra dos Coqueiros) e Aracaju era considerada o “Portão de Sergipe”.

O CANGAÇO EM SERGIPE

O cangaço foi um fenômeno do banditismo, crimes e violência ocorrido em quase todo o sertão do Nordeste do Brasil, entre o século
XVIII e meados do século XX. Seus membros vagavam em grupos, atravessando estados e atacando cidades, onde cometiam
pilhagens, assassinatos e estupros. Para muitos especialistas, o cangaço nasceu como uma forma de defesa dos sertanejos diante
de graves problemas sociais e da ineficácia do Estado em manter a ordem e aplicar a lei.
Lampião começou a agir em Sergipe em 1928, principalmente nos atuais municípios do sertão e do agreste: Poço Redondo,
Porto da Folha, Canindé, Gararu, Carira, Frei Paulo, Nossa Senhora das Dores, Pinhão, Aquidabã e Capela.

Outros grupos de cangaceiros também atuaram no sertão sergipano a exemplo de Corisco, Zé Baiano e Zé Sereno.
A Região do atual município de Poço Redondo, que à época pertencia a Porto da Folha, foi um verdadeiro centro de
recrutamento de cangaceiros, a exemplo de “Sabiá”, “Canário”, “Delicado”, “Bom de Vera”,
“Beija Flor” e outros.
• Um garoto, muitos afirmam que era de Itabaiana, chamado Antônio
dos Santos, ao saber que a irmã fora violentada por um soldado da polícia,
matou o criminoso. Ele só tinha 10 anos, em 1928. Ingressou o bando de
Lampião e passou a se chamar “Volta Seca”.
Em 1932 “Volta Seca” foi capturado na Bahia. Acabou denunciando os
principais coiteiros sergipanos que forneciam armas e munição a Lampião.
Somente foi liberado em 1954 depois de cumprir uma pena de 22 anos.
Em julho de 1938, a polícia alagoana conseguiu surpreender o bando de Lampião na gruta do Angico
em Porto da Folha (atual município de Poço Redondo).

O maior evento cultural da região da Caatinga que atrai


anualmente diversos turistas de várias partes do Brasil e do
exterior é celebrado no Monumento Natural Grota do Angico –
unidade de conservação que é localizada na divisa dos
municípios de Poço Redondo e Canindé de São Francisco,
Sertão do Estado

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História de Sergipe
MAURÍCIO GRACCHO CARDOSO (1922-1926)
- Filho do conceituado Brício Cardoso, viveu alguns anos no Ceará, como jornalista, professor e político vinculado
aos Accioly.
- Pragmático, adotado pela oligarquia local, mas isso não o impediu de realizar a administração mais
modernizadora do século XX em Sergipe.
- Criou o Instituto Parreiras Horta, que facultou recursos laboratoriais à prática médica e contribuiu decisivamente
para a construção do Hospital de Cirurgia, que superaria o modelo asilar dos hospitais de caridade.
- Em combinação com o Ministério da Agricultura, foram inauguradas as “primeiras pesquisas sobre a
possibilidade da existência de Petróleo em Sergipe.
- Criou o Banco Estadual de Sergipe.
- Substituiu os bondes a tração animal por carris elétricos e instituiu regulamento para inspetoria de veículos.
- Dinamizou a construção de novas estradas no interior.

TENENTES SERGIPANOS SE REVOLTAM


o Em Sergipe aconteceram duas revoltas tenentistas, ambas lideradas pelos tenentes
Augusto Maynard Gomes e João Soarino e o capitão Eurípedes Lima. Em 13 de julho de 1924, os três
oficiais do 28º Batalhão de caçadores prenderam o governador Graccho Cardoso e o comandante da Polícia
Militar, controlando o estado por quase um mês.
Os tenentes foram presos. Mas acabaram fugindo da prisão, os tenentes Augusto Maynard Gomes e João
Soarino e o capitão Eurípedes Lima. E voltaram outra vez para o 28º Batalhão e tentaram derrubar o governo
de Graccho Cardoso outra vez. O fato aconteceu em 1926, mas a forte reação da Polícia Militar no Palácio do
Governo e no quartel provocou a derrota dos tenentes revoltosos, que foram presos e levados para a Ilha de
Trindade no oceano Atlântico.

A REVOLUÇÃO DE 30 EM SERGIPE

O governador da época, o usineiro Manuel Dantas, estava disposto a resistir aos revoltosos.
No amanhecer de 16 de outubro, um avião sobrevoou Aracaju e jogou panfletos que apelavam para os sergipanos
apoiarem a revolução vitoriosa.
Uma coluna de 2.000 soldados revolucionários marchava de Maceió em direção a Sergipe, fazendo o governador
do Estado Manuel Dantas e o comandante do 28º BC fugirem para a Bahia.
Tomou posse o governador revolucionário provisório Eronildes de Carvalho, sendo substituído dias
depois pelo general José Calazans.
No 08 de novembro, Augusto Maynard Gomes chegou a Aracaju e logo substituiu Calazans.
Os principais interventores que governaram Sergipe durante o período da Era Vargas foram Maynard
Gomes, Eronildes de Carvalho e Milton Azevedo.
Após a Constituição de 1934, duas coligações de partidos políticos se organizaram em Sergipe: URS (União Republicana de Sergipe),
o partido dos usineiros, junto com o PSD (Partido Social Democrático) de Leandro Maciel; PRS (Partido Republicano de Sergipe), do
interventor Maynard Gomes, o PSP (Partido Social Progressista) de Graccho Cardoso e a APS (Aliança Proletária de Sergipe).

INTERVENTORES VARGUISTAS (os principais)

AUGUSTO MAYNARD GOMES (1930-1935) (1942-1945)

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História de Sergipe
(Maynard apoiou a criação do Partido Republicano de Sergipe, que indicou candidatos à Constituinte pela
lista Liberdade e Civismo e elegeu Leandro Maynard Maciel, José Rodrigues da Costa Dória e Deodato da
Silva Maia Júnior para a bancada sergipana, formada no total por oito deputados. Maynard foi fundador e
dirigente do Partido Social Democrático de Sergipe A administração de Maynard Gomes em Sergipe
caracterizou-se inicialmente pela preocupação, comum aos revolucionários de 1930, de moralizar os
negócios públicos. Com esse fim, no início de sua interventoria nomeou comissões de inquérito encarregadas
de apurar possíveis irregularidades cometidas por membros do governo deposto, que foram transformadas
em comissões de sindicância por determinação do ministro da Justiça, Osvaldo Aranha. No setor das obras
públicas, Maynard construiu pontes, escolas e diversas rodovias estaduais, como a Laranjeiras-Pedra branca,
a Itabaiana -São Cristóvão e a Itaporanga- Salgado; iniciou também a construção de uma nova estação
ferroviária para a capital. Durante seu governo, o Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe tentou mais
uma vez resolver a questão de limites com o estado da Bahia).

ERONILDES FERREIRA DE CARVALHO (1935-1941)


(Eronildes de Carvalho procurou saldar o débito do estado para com o Banco do Brasil, herdado da
administração anterior, cujos atos foram sistematicamente desfeitos pelo novo governo. Baseado em
pareceres do ex-presidente Epitácio Pessoa e dos juristas Heráclito Sobral Pinto e Mendes Pimentel, o
governador anulou os decretos de criação do Tribunal de Contas e de alteração do funcionamento do Tribunal
de Justiça, então chamado de Corte de Apelação do Estado, aumentando o número de desembargadores.
Realizou também melhorias na Biblioteca Pública e reaparelhou a imprensa oficial, além de construir escolas,
estradas, pontes, a cidade de menores “Getúlio Vargas” e o quartel do Corpo de Bombeiros. Vinculado
profissionalmente à área de saúde pública, Eronildes de Carvalho ampliou significativamente a capacidade da
rede hospitalar do estado e realizou uma reforma geral no sistema de esgotos da capital. Conseguiu também
uma verba de trezentos contos de réis da Câmara Federal para aumentar o combate ao banditismo que agia
no interior do estado, especialmente o bando de Lampião).

SERGIPE NA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL


Os cinemas Rex, Rio Branco, São Francisco e Guarani em Aracaju, exibiam filmes
estadunidenses contendo forte propaganda contrária à Alemanha nazista.
Entre 15 e 23 de agosto de 1942, o submarino alemão U-507, comandado pelo capitão-de-corveta
Harro Schacht, afundou seis navios na costa sergipana.
Os navios afundados na costa sergipana foram: O Baependy, o Araraquara, o Aníbal
Benevolo

OS NÁUFRAGOS
✓ Foram mais de 600 mortos pelo impacto das explosões ou por afogamento, para apenas 187
sobreviventes, era impossível transportar tantos cadáveres para Aracaju, assim foram enterrados
ali mesmo, nas dunas do Mosqueiro. O local se transformou no primeiro cemitério de náufragos da
América.
✓ Em 31 de julho de 1943 outro navio mercante, o Bagé, foi torpedeado e afundado na costa
sergipana.
✓ Entre os militares sergipanos que participaram da campanha na Itália, três mulheres, as tenentes
enfermeiras: Isabel Novais Feitosa, Joana Simões Araújo e Lenalda Campos.

EDUCAÇÃO E MOVIMENTO CULTURAL NOS ANOS 40, 50 e 60

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História de Sergipe

• O Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe (IHGS) estimulava estudos ligados a história sergipana,
além da geografia, literatura e cultura popular.
• Nos anos 50: criação do Movimento Cultural de Sergipe que publicou livros de autores sergipanos e
descobriu novos escritores.
• A Livraria Regina, em Aracaju, era o ponto de encontro de intelectuais e editava e vendia
livros de escritores sergipanos.
• A Sociedade de Cultura Artística de Sergipe (SCAS) trazia para o teatro Ateneu, recentemente
inaugurado, artistas famosos, do Brasil e do exterior.
• A década de 50 é muito importante para a história da educação em Sergipe: criação dos
primeiros cursos universitários no Estado.
• Da Diocese de Aracaju, através do arcebispo D. José
Vicente Távora, em 1959, partiu o maior esforço pela educação de
adultos, com o Movimento de Educação de Base (MEB), transmitindo
através da Rádio Cultura aulas dirigidas à população das cidades do
interior e aos trabalhadores rurais.
• Os nossos primeiros cursos universitários foram criados a
partir de 1948: cursos de Química Industrial e Ciências Econômicas.
• Surge a Faculdade de Medicina em 1961.
Na década de 60 é inaugurada a Universidade Federal de Sergipe, em 15 de maio
de 1968. Era governador do Estado Lourival Batista.

HISTÓRICO DO RÁDIO EM SERGIPE

A primeira rádio do Estado, foi a rádio Aperipê de Sergipe ZYD-2, foi


implantada provisoriamente numa sala do palácio do governo, mais tarde, no
Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, na rua Itabaianinha, e seu transmissor
na av. Maranhão no bairro Siqueira Campos. A Rádio Aperipê foi criada no dia
07 de fevereiro de 1939, pelo interventor federal do Estado de Sergipe sr.
Eronildes de Carvalho, através do decreto lei nº 171 publicado no Diário Oficial
do estado em 08 de fevereiro de 1939. Em 1944, na gestão do interventor federal
Augusto Maynard Gomes, a rádio foi transferida para o Palácio Serigy e passou a
ser chamada de Rádio Difusora de Sergipe, PRJ6. Os primeiros programas levados
ao ar foram “Conversas de Namorado” e “Quem é Bobo”. No final da década de 70 o estúdio da rádio Aperipê foi transferido para
rua Propriá esquina com Lagarto, no início da década de 80 para a rua Capela e atualmente encontra-se situada a rua Laranjeiras
anexo a Instituto de Educação Rui Barbosa (Escola Normal).
* A TV SERGIPE foi a primeira emissora de televisão de Sergipe (15.11.1971), durante o governo de Paulo Barreto.
* A TV ATALAIA fundada em 1975, no governo de José Rollemberg Leite.

FIM DO ESTADO NOVO E O RETORNO MODELO DEMOCRÁTICO

Com a saída de Vargas do poder, foram criados novos partidos: PSD (Partido Social
Democrático) formado por políticos ligados ao ex-presidente Getúlio Vargas. Seu líder sergipano
foi Augusto Maynard; PTB (Partido
Trabalhista Brasileiro) outro partido ligado a
Vargas, liderado em Sergipe por Francisco
Macedo; UDN (União Democrática Nacional)
partido de oposição a Vargas, formado por
proprietários rurais e banqueiros. Em Sergipe
representava os usineiros.

Alguns políticos sergipanos tinham características populistas: Leandro Maciel, José Conrado de Araújo e Seixas Dória.
Nesse período “democrático” (pós-Segunda Guerra até o golpe ditatorial) governaram Sergipe:

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ANTÔNIO DE FREITAS BRANDÃO (1946-1947)


(Nomeado interventor em Sergipe em março de 1946, já no governo do presidente Eurico Dutra, recebeu a
interventoria das mãos de Hunald Santaflor Cardoso. Durante sua administração, alertou o governo federal
para a suspensão das viagens dos navios do Lóide Brasileiro, obtendo assim a dragagem do porto. Pediu,
também, solução para o intricado caso do canal da barra do rio Sergipe, mudou a denominação da Força
Policial para Polícia Militar do Estado de Sergipe e instituiu o uso de vidros transparentes nas repartições
públicas, visando à fiscalização mútua dos funcionários. Em 30 de janeiro de 1947 transmitiu o governo a
Joaquim Sabino Ribeiro, eleito governador pouco antes.)

JOAQUIM SABINO RIBEIRO (30.01.1947 – 29.03-1947)


(Em 30 de janeiro de 1947 foi nomeado interventor federal no seu estado, recebendo o cargo das mãos do
coronel Antônio de Freitas Brandão. Em 29 de março, passou o cargo ao governador eleito, José Rollemberg
Leite; em 1958 integrou o conselho fiscal da Associação Beneficência de Aracaju-Hospital Santa Isabela e, no
ano seguinte, elegeu-se presidente do Sindicato da Indústria de Fiação e Tecelagem de Sergipe; construção do
estádio Sabino Ribeiro).

JOSÉ ROLLEMBERG LEITE (1947-1951) (1975-1979)


(Assumiu o governo com as finanças limitadas, oposição forte e aguerrida, num quadro nacional de
embates ideológicos; realizou diversas obras, conseguindo do governo federal, através do Congresso
Nacional, recursos para as obras do aprendizado agrícola, para o Instituto de Química, para a instalação
de postos agropecuários e para a ampliação dos hospitais dos municípios de Capela, Maruim e Japaratuba.
Melhorou os serviços do Hospital Colônia, destinado ao tratamento de doenças mentais; estimulou a
criação de escolas de nível superior no estado, como, por exemplo, a Faculdade de Ciências
Econômicas e a Escola Superior de Química de Sergipe, ambas criadas em novembro de 1948; doou
um imóvel à recém fundada Faculdade de Direito, tornando possível a sua instalação e funcionamento,
e mandou construir um moderno edifício para o Colégio Estadual de Sergipe. Voltando-se para o ensino
rural, promoveu a construção de 218 escolas rurais, duas escolas normais rurais em Itabaiana e Lagarto
e sete grupos escolares rurais, e concluiu a construção de grupos escolares nos municípios de Arauá,
Propriá e Simão Dias, os quais, por não terem sido edificados com solidez, algum tempo depois
desmoronaram, causando prejuízos e novas despesas).

ARNALDO GARCEZ (1951-1954)


(A construção do novo prédio do Instituto de Educação Rui Barbosa, na rua de Laranjeiras, do Auditório
do Ateneu, hoje Teatro Ateneu Governador Arnaldo Garcez, o Conjunto Agamenon Magalhães, o Parque de
Exposições João Cleofas, foram obras que marcaram a sua administração; foi também no seu governo que
Sergipe despertou para a exploração dos seus minérios. Em 1954 instalava-se a empresa LIZ, para o
comércio e beneficiamento do calcário, sob a direção de Walter Baptista, produzindo 10 mil toneladas anuais de
Gesso cré e logo depois o médico Geraldo Majela começava a exploração de carbonato de cálcio, 100% puro na
jazida; Escola de Serviço Social foi criada; foi, também, por dois mandatos (1983/1987 e 1993/1997) prefeito
de Itaporanga, realizando obras essenciais, como o desmonte do morro São Benedito, da entrada da cidade,
agenciando a paisagem junto a BR e ao rio Vaza-Barris, e a construção do Mercado e de outros prédios públicos,
úteis à população itaporanguense).

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LEANDRO MAYNARD MACIEL (1955-1959)


Durante sua administração, realizou a dragagem e desobstrução do porto de Aracaju e a construção de mais
de trezentos quilômetros de estradas de rodagem. Reconstruiu a rede de distribuição de energia elétrica e
reformou o sistema de abastecimento de água do estado. Restaurou o palácio Olímpio de Campos ou das
Secretarias, destinado ao funcionamento dos vários órgãos do governo, e vários edifícios e escolas públicas,
inaugurando em fevereiro de 1958 o Instituto de Educação Rui Barbosa, em Aracaju. Concluiu e inaugurou
igualmente o aeroporto de Santa Maria, também na capital estadual. Instituiu, finalmente, o sistema de mesas-
redondas para debater assuntos de interesse público e obter maiores esclarecimentos sobre os vários
problemas do estado; em fevereiro de 1961, foi nomeado presidente do Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA),
por Jânio Quadros, que então iniciava seu governo.

LUIZ GARCIA (1959-1962)


(Criou a Secretaria de Agricultura, a Comissão de Planejamento do Estado; para expandir a lavoura e
a indústria, instituiu o Banco de Fomento Econômico do Estado de Sergipe, obtendo ainda o aumento do
limite de crédito para a agência do Banco do Brasil; conseguiu a ampliação do financiamento do Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE) para a instalação de um novo alimentador,
ampliando em mais de 2.000kW o fornecimento de energia elétrica procedente de Paulo Afonso. Foi
também responsável pela expansão das redes de energia elétrica e de água aos bairros da Zona Norte
da capital; Foram ainda obras do seu governo a ampliação da estação do aeroporto de Santa Maria, a
construção da estação rodoviária, da Faculdade de Medicina de Sergipe e de um ginásio esportivo em
Maruim, a instalação do Museu de Sergipe no antigo palácio provincial, em São Cristóvão, e a criação
de um instituto de previdência para o funcionalismo, além da construção de 13 grupos escolares, oito ginásios
e diversas estradas; Criou o Departamento de Previdência do Instituto de Previdência do Estado de
Sergipe, o antigo IPES, pela Lei 1.091 de 16 de dezembro de 1961; Em julho de 1962, Luís Garcia renunciou
ao governo para candidatar-se a uma cadeira no Senado, transmitindo o cargo ao vice-governador Dionísio
Machado).

Na década de 60 foi inaugurada a Rodoviária Luiz Garcia (1962), após o desmonte do Morro do Bomfim.
Foi construído o primeiro conjunto habitacional de Sergipe: o Agamenon Magalhães (no atual bairro José Conrado de
Araújo).
O governador João Seixas Dória (1963-1964) apoiou as Reformas de Base de João Goulart, enquanto os fazendeiros e empresários
ligados a UDN tentavam impedi-las a todo preço.
✓ Em 1º de abril de 1964, tropas do Exército derrubaram o presidente da República. O governador de Sergipe Seixas Dória foi
preso juntamente com políticos, líderes estudantis, jornalistas, intelectuais e líderes sindicais nas dependências do quartel do 28º
BC.

SEIXAS DÓRIA (janeiro de 1963- abril de 1964) (um dos signatários do “Manifesto dos
governadores democratas; criou uma comissão de tombamento para a preservação do patrimônio
artístico e cultural de Sergipe; conseguiu empréstimos para a construção de um presídio de mulheres
e da Vila Militar de Aracaju e inaugurou o Banco de Fomento Econômico do Estado de
Sergipe; Assumiu a Secretaria de Transportes e Obras Públicas de Sergipe em agosto de 1988, no
governo de Valadares e em 1989, no governo de João Alves Filho; fez parte do Conselho de
administração da Companhia Vale do Rio Doce em julho de 1990; com a eclosão do movimento
político-militar em 31 de março de 1964 fez-se ouvir pelo rádio na noite seguinte. Atacando a
sublevação vitoriosa, teve sua palavra sustada por ordens do comandante do 28º. Batalhão de
Caçadores, major Francisco da Silveira. Em seguida foi preso e substituído no governo de Sergipe
pelo vice-governador, Sebastião Celso de Carvalho)

SEBASTIÃO CELSO DE CARVALHO (enfrentou diversas greves, como a dos bancários; teve a
missão de fiscalizar a conduta política e civil dos sergipanos; uma das medidas adotadas pelo seu
governo foi o combate à subversão e a corrupção pelo interior do Estado; assumiu postura conciliadora,
procurando negociar direitos civis; governo marcado por ações técnico-burocráticas; surge a CODISE
(Companhia de Desenvolvimento Industrial de Sergipe) e o CONDESE (Conselho de Desenvolvimento
Econômico de Sergipe); reestrutura do IPES (Instituto de Previdência de Sergipe).

O TUTELA MILITAR EM SERGIPE (1964-1984)

▪ Nesse período, os governadores sergipanos foram indicados pelos presidentes militares, sendo os principais:

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Lourival Baptista (1967-1970) Conspícuo administrador do erário público, manteve-se com inflexível coerência,
fiel a seu propósito de promover o desenvolvimento do Estado, nomeando um secretariado de alta qualificação
técnica, que viabilizou a realização de marcantes obras para Sergipe, como a construção do Estádio Lourival Baptista,
o Edifício Estado de Sergipe (sede do Banco do Estado de Sergipe - Banese), além de importantes serviços nos
setores educacional (Universidade Federal, durante seu mandato) e rodoviário. No seu Governo, que foi
caracterizado pela ênfase no trabalho e no progresso, sendo a ele atribuído o título de "O Realizador", implantou
o primeiro Distrito Industrial de Sergipe e iniciou a reforma agrária, com desapropriações rigorosamente pagas pelo
Poder Público, ou utilizando terras do Estado.

JOÃO ANDRADE GARCEZ (1970-1971) Durante sua gestão, abriu frentes pioneiras de trabalho no setor
rodoviário, em áreas atingidas pela seca, firmando também convênios com o Movimento Brasileiro de Alfabeti-
zação (Mobral) e com o Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (Funrural) para atuação no interior do
estado. Assinou ainda contrato de concessão de empréstimo com o Banco do Brasil para a realização dos
trabalhos de dragagem da barra de acesso ao porto de Aracaju.

PAULO BARRETO (1971-1975) Durante sua administração ampliou a rede educacional do estado,
construindo ginásios e aperfeiçoando a biblioteca estadual. Também nesse período foi aprovado o Estatuto
do Magistério estadual. No setor agrícola, a política de seu governo voltou-se para o fortalecimento do
cooperativismo no interior do estado e para a ampliação do sistema de abastecimento de água para o
combate às secas, promovendo ainda o asfaltamento de rodovias estaduais. Foram lançadas as bases para
a instalação do Distrito Industrial de Estância, foi criada a Telecomunicações de Sergipe (Telergipe), pri-
meira subsidiária da Telecomunicações Brasileiras (Telebrás), e organizada a Empresa Sergipana de
Turismo (Emsetur).

JOSÉ ROLLEMBERG LEITE (1947-1951) e (1975-1979) *Já mencionado

AUGUSTO DO PRADO FRANCO (1979-1982) Empossado em março de 1979, em junho seguinte prestou
depoimento no Simpósio sobre a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), promovido
pela Câmara, tendo culpado o “discriminatório modelo de desenvolvimento nacional” pelos “problemas do
Nordeste”. Declarou ainda que a “disparidade entre o desenvolvimento do Nordeste e do Centro-Sul, o
progressivo esvaziamento da Sudene, a fragmentação dos incentivos fiscais, a centralização das decisões
pelo governo federal e a falta de uma reforma fundiária têm levado a região a uma asfixia que permitiu, em
contraste com o crescimento do país, aflorar o subdesenvolvimento e a maior concentração demográfica de
baixa renda das Américas”. Defendeu a reestruturação da Sudene, afirmando que a criação de outros
organismos, os quais também passaram a receber incentivos fiscais, enfraquecera aquela entidade.

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História de Sergipe

DJENAL TAVARES DE QUEIRÓS (14 de maio de 1982- 15 de março de 1983) nasceu em Frei
Paulo (SE), no dia 12 de maio de 1916, filho de Rosalvo Queirós e de Djanira Tavares Queirós.
Eleito vice-governador pela via indireta em maio de 1979, após a extinção do bipartidarismo
filiou-se ao Partido Democrático Social (PDS), sucessor da ARENA. Em maio de 1982 assumiu o Executivo
estadual sergipano depois que o então governador Augusto Franco desincompatibilizou-se para disputar
uma vaga na Câmara dos Deputados.

▪ Preocupados com o crescimento das manifestações contrárias ao governo


autoritário, os militares realizaram em Aracaju, em fevereiro de 1976, a “OPERAÇÃO
CAJUEIRO”, prendendo políticos, sindicalistas e líderes estudantis oposicionistas.

SERGIPE E OS CONTRASTES

o Em Sergipe, os governos militares realizaram construções das chamadas “obras


faraônicas”, a exemplo do Edifício Estado de Sergipe, conhecido como o “Maria Feliciana” e estádios de futebol.
o Aumentou o número de famílias camponesas sem-terra.
o Muitos empresários e políticos receberam benefícios financeiros na agricultura e na construção civil, além de concessões de
meios de comunicação social.
O RESTABELECIMENTO DA DEMOCRACIA EM SERGIPE (Nova República)
- No final do regime militar foi permitida a volta do pluripartidarismo.
- A partir de 1982 todos os governadores de Sergipe foram eleitos pelo voto popular:

JOÃO ALVES FILHO (PFL / 1983-1986 / 1991-1994 e 2003-2006)


(Ex-Ministro do Interior; um dos principais envolvidos na Operação Navalha; autor de várias obras como a “Toda
a verdade sobre a Transposição do rio São Francisco”; João realizou, em seu primeiro governo, projetos voltados
para o homem do campo, com o programa Chapéu de Couro – projeto de irrigação que ajudou a
cictricultura, região Centro-Sul do Estado (região que passou por grande processo de
desenvolvimento, com a instalação de grandes indústrias, como a Maratá), Ex.: Boquim -, onde a
construção de açudes amenizava o problema da seca no sertão; retorno do pluripartidarismo; No seu segundo
governo cria o Projeto do Platô de Neópolis ou Projeto Califórnia (Fruticutura); criação do Hospital João
Alves Filho (hoje HUSE), inaugurado em 7 de novembro de 1986; investiu na primeira etapa da reforma da Orla
de Atalaia (projeto da reforma de autoria do arquiteto Carlos Magno); criou o DIS (Distrito Industrial de Socorro);
no seu terceiro mandato promove projeto para erradicação das casas de taipa; Projeto Pré-SEED;
construção da Ponte Aracaju-Barra dos Coqueiros. Faleceu no dia 24 de novembro de 2020 (Brasília)

Com o apoio do Banco Mundial, ele criou o Projeto Chapéu de


Couro, que beneficiava a região do agreste e semiárido com a
perfuração de poços artesianos e a construção de cisternas,
além de abertura de estradas vicinais, redes de energia elétrica,
escolas e postos de saúde, dando novas formas aos municípios
sergipanos.

Foi na década de 90 que João idealizou e inaugurou a Orla da


Atalaia, um dos principais cartões-postais de Aracaju e que
levaria o título de Orla mais bonita do Brasil.

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História de Sergipe

ANTÔNIO CARLOS VALADARES (PFL / 1987-1990)


(Promulga a atual Constituição de Sergipe, de 1989; seu governo coincide com uma grave crise
econômica que abala o Brasil, crise que gerou uma série de greves em Sergipe, acarretando em perdas
de direitos dos trabalhadores; Em maio de 1988, com autorização da Assembleia Legislativa, decretou
intervenção em Aracaju afastando Jackson Barreto após denúncias do Tribunal de Contas de Sergipe;
em dezembro de 2016, votou a favor da PEC do Teto dos Gastos Públicos; em julho de 2017 votou
contra a reforma trabalhista; em julho de 2017, votou a favor da cassação de Aécio Neves no conselho
de ética do Senado; Parque dos Cajueiros (Parque Governador Antônio Carlos Valadares).

ALBANO FRANCO (PSDB / 1995-1998 e 1999-2002)


(Política baseada no neoliberalismo (venda de estatais); lança o PDV (Programa de Demissão Voluntária, afetando
muitos funcionários públicos); inaugura o Porto de Sergipe (Terminal Marítimo Inácio Barbosa, na Barra
dos Coqueiros); acusado de suspeita de desvios de verbas públicas, na venda da Distribuidora de Energia de
Sergipe (Energipe) que foi vendida por R$ 537 milhões ao grupo mineiro Cataguazes-Leopoldina. O destino dado
pelo governo a parte dessa verba está na raiz das principais acusações; primeiro governador reeleito de forma
consecutiva.

MARCELO DEDA (PT / 2007-2010 e 2011-2013)


(Proinvest; criação de novas indústrias (Mabel, Santista); procurou desenvolver a qualidade de vida;
urbanização de bairros como os loteamentos Estrela do Oriente, Cigano, Ângela Catarina;
investimento em saneamento básico; na prefeitura da capital realizou obras como: reformas de
avenidas, como a Gasoduto (Conjunto Orlando Dantas); o viaduto Carvalho Déda; construção da
Escola Professor Nunes Mendonça (bairro Coroa do Meio). A frente do Governo do Estado: fez
desenvolver as rodovias Rota do Sertão e Rota da Integração; pontes Joel Silveira e Gilberto
Amado; reforma do Aeroporto de Aracaju; Barragem do rio Poxim). Faleceu no dia 02 de dezembro
de 2013 (São Paulo).

JACKSON BARRETO (PMDB / 2013-2014 e 2015-2018)


(Jackson Barreto recebeu muito destaque da imprensa nacional em 2009 por conta da sua proposta de emenda à
Constituição Federal (PEC) que previa a possibilidade de duas reeleições para membros do Executivo; foi alvo de
vexame nacional ao “inaugurar” o Centro de Nefrologia do HUSE; Centro Especializado em Reabilitação de
Sergipe tipo IV (CER IV), o Espaço vai tratar das deficiências física, auditiva, visual e intelectual; viabilizou a
reforma do terminal de passageiros do aeroporto Santa Maria; obra cultural Largo da Gente Sergipana; assina
Ordem de Serviço para a construção de uma unidade prisional em regime semiaberto no município de
Areia Branca; três obras de infraestrutura rodoviária que estão em andamento na região norte de Sergipe. As
estradas que ligam Pirambu a Pacatuba; Japoatã a Propriá e Nossa Senhora de Lourdes ao povoado Escurial
somam mais de 75 quilômetros).

BELIVALDO CHAGAS SILVA / (2018-2022)

Em 4 de julho de 2019, durante o "Simpósio de Oportunidades para o Novo Cenário do Gás Natural
em Sergipe", evento que discutiria com empresários as perspectivas para o setor no Estado, o
empresário Sadi Paulo Castiel Gitz cometeu suicídio na frente de Belivaldo Chagas e do Ministro
de Minas e Energia, Bento Albuquerque. Segundo testemunhas,
o empresário gritou a frase "Belivaldo, você é um mentiroso"
após a fala do governador sergipano e, em seguida, sacou uma
arma e atirou contra a própria boca.
- Plano de Retomada da Economia (efeitos da pandemia de
2020), junho de 2020
- Governo pede que Alese reconheça Estado de calamidade em Sergipe (efeitos da pandemia),
março de 2020

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História de Sergipe
- Belivaldo participa de entrega de Colar do Mérito Judiciário ao presidente do Supremo Tribunal
Federal (Dias Toffoli), janeiro de 2020
- Presidente Bolsonaro e governador Belivaldo inauguram termoelétrica de Sergipe, 17 de gosto de
2020 (Usina Termoelétrica Porto do Sergipe I)
- Governo do Estado inicia processo de erradicação dos lixões em Sergipe (outubro de 2019)
- Governador apresenta termoelétrica de Sergipe ao prefeito de Miami (Francis Xavier Suarez),
agosto de 2019

POLÍTICAS GOVERNAMENTAIS E CONFLITOS SOCIAIS

Décadas de 1980 e 1990:


- Obras públicas;
- Incentivo ao turismo;
- Inauguração de conjunto habitacionais;
- Projetos de irrigação e eletrificação no campo;
- Concentração de terras;
- Problemas na saúde pública;
- Greves.
A TRAJETÓRIA DO POVO XOCÓ
Os Xocós são povos remanescentes advindos de vários grupos indígenas que no decorrer do tempo
passaram por miscigenações, perdendo suas características culturais e fenotípicas de seu grupo
de origem. Muitos dos remanescentes que vivem hoje na Ilha de São Pedro, por lá já habitavam a
época da expropriação de suas terras pelos fazendeiros, presenciaram ainda crianças a expulsão
de suas famílias da região da Caiçara.
O território dos índios Xocós está localizado às margens do rio São Francisco, na ilha de São Pedro,
também conhecido popularmente como terra da caiçara no município de Porto da Folha, Sergipe,
fazendo limite com a cidade alagoana de Pão de Açúcar, compreendendo na sua totalidade 4.317
hectares. As terras dos Xocós foram demarcadas como área indígena desde o início do
século XVIII, quando o governo português delimitou como território indígena várias
áreas no Brasil.
Na segunda metade da década de 1970, um grupo de professores da Universidade Federal de
Sergipe, a saber: Beatriz Góis Dantas, Luiz Alberto dos Santos, Maria Hélia de Paula Barreto e
Fernando Lins, ligados a época ao Departamento de Psicologia se debruçaram a pesquisar sobre os índios em Sergipe, contando com
o apoio da Comissão Pro-Índio. A partir desses estudos, com o apoio também dos movimentos estudantis e sociais, e, a
Igreja Católica através de Dom José Brandão de Castro, homens, mulheres e crianças, chegam a Ilha de São Pedro, em
09 de setembro de 1979.
Em 07 de dezembro de 1979, o então Governador do Estado de Sergipe, Augusto Franco, desapropria a Ilha de São Pedro,
pagando na época dois milhões e quatrocentos mil cruzeiros, a família Britto de Propriá. Após ser desapropriada, no dia 07
de dezembro de 1979, iniciou-se então um período de muita burocracia e de pressões intensas, até 27 de junho de 1984, quando em
solenidade ocorrida no Palácio do Governo em Aracaju, o então governador João Alves Filho entregou documentação para o Presidente
da FUNAI, passando a Ilha de São Pedro para a União.
Com relação à religião, os Xocós se consideram católicos e tem grande devoção ao São Pedro. Na aldeia temos a Igreja de
São Pedro que é tombada pelo Governo do Estado como patrimônio histórico.
Os anos noventa foi uma época de realização, conquista e mudanças na aldeia. Em 1991, a Presidência da República através do
Decreto nº401/91, reconhece e decreta a área indígena Caiçara ocupada permanentemente pelos bravos guerreiros
Xocós. O processo demarcatório teve início em março do mesmo ano. A homologação foi feita no dia 24 de dezembro. (Mas somente
em 1993 foi definitivo)
Algumas atividades tradicionais, mitos e religiões ainda se fazem presente entre os Xocós, como: a dança do Toré, uma marca forte
do povo que encantam os pesquisadores da temática indígena, e o Ouricuri, ritual sagrado dos Povos Indígenas, que é realizado
mensalmente, no caso dos Xocós. Com relação ao cemitério primitivo construído pelos Jesuítas, ainda existe e conservado pela
comunidade. (Fonte: Artigo de Marcos Paulo Carvalho Lima sobre os Xocós: “A trajetória do povo indígena xocó após a chegada a Ilha
de São Pedro e a retomada de uma identidade”). *Na imagem, Apolônio Xocó.

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História de Sergipe

SERGIPE: ALGUMAS DAS INÚMERAS MANIFESTAÇÕES CULTURAIS

Concebido pelo arquiteto e urbanista Ézio Déda, o Largo se propõe a ser um


monumento de celebração da cultura popular do Estado, como um troféu à céu aberto
concedido pela primeira vez a oito representações folclóricas sergipanas em espaço
público: Lambe Sujo e Caboclinhos, Chegança, Cacumbi, Taieira,
Bacamarteiro, Reisado (não Boi-Bumbá), São Gonçalo e Parafuso. As obras
avançam sobre as águas do rio Sergipe, na faixa concentrada em frente ao Museu da
Gente Sergipana.

O REISADO (introduzido pelos portugueses) é formado por um grupo de músicos,


cantores e dançarinos que percorrem as ruas das cidades e até propriedades rurais,
de porta em porta, anunciando a chegada do Messias, pedindo prendas e fazendo
louvações aos donos das casas por onde passam. A denominação de Reisado persiste ainda
em Alagoas, Sergipe e Bahia. Em diversas outras regiões o folguedo é chamado de Bumba-
meu-boi, Boi de Reis, Boi-Bumbá ou simplesmente, Boi. Em São Paulo é conhecido como
Folia de Reis. Em Sergipe, é apresentado em qualquer época do ano e não apenas nas
festas de Natal e Reis. Os temas de seu enredo variam de acordo com o lugar e o período
em que são encenados: amor, guerra, religião, entre outros.
São destacados os Reisados do município de Laranjeiras: Bom Jesus dos Navegantes,
Flor do Lírio, Benjamim, reisado de Nadir, São Benedito, Menino Jesus, Sagrado Coração de Jesus; em Estância: Sete Estrelinha e
Mulatinhas Dengosas; Pirambu: o reisado Marimbondo; em Japaratuba: o de Dona Bizu de; em Japoatã, o Reisado Prima com Prima
e o de Dona Vavá; em Itaporanga D’Ajuda: o Santo Antônio, o Filhas de Maria, e o de Juarez; na Barra dos Coqueiros: o reisado
da Barra; Moita Bonita: o Baile Estrela, o Reisado da Melhor Idade e o Familiar Pé de Serra; Reisado São José de São Miguel do
Aleixo; o Reisado da Terceira Idade de Frei Paulo; os Reisados Sergipano de Guarujá, o da Paz e o infantil de São Cristóvão; o
grupo Filhas de Maria de Santa Rosa de Lima; Reisado de dona Anúsia de Santo Amaro das Brotas; e o grupo de reisado Manuel
Joaquim de Cristinápolis; em Rosário do Catete o Reisado 12 Estrelinhas.

DANÇA DE SÃO GONÇALO (origem lusitana) segundo a tradição, São Gonçalo era um religioso
alegre e brincalhão, tocava alaúde, viola, e, cantava para as prostitutas dançarem até se cansarem
e recolherem-se, evitando com isso que fossem pecar com os homens. São Gonçalo teria
conseguido salvar nove delas da prostituição. Os grupos em sua maioria são formados somente por
homens em fila dupla, vestidos com trajes femininos. Seus membros usam vestidos brancos ou
estampados com calças por baixo, além de colares, brincos, pulseiras, lenços amarrados na cabeça
e fitas coloridas. A dança realiza-se, geralmente, na Festa de Santos Reis e São Benedito, no dia 6
de Janeiro. Em Laranjeiras, São Gonçalo encontra-se no povoado Mussuca. Existem grupos do
folguedo nos municípios de Itaporanga D’Ajuda, Pinhão, Poço Verde, Riachão do Dantas, São
Cristóvão e Simão Dias.

CHEGANÇA (de origem portuguesa) é um ato popular de origem europeia ligado ao ciclo
natalino, que desenvolve temas relacionados à vida do mar e as lutas entre os Mouros e
Cristãos. Em Laranjeiras, a Chegança preserva as suas características mais tradicionais. A
versão de seus participantes é que a Chegança surgiu a partir de uma promessa feita outrora,
por um tripulante de uma embarcação que durante uma viagem, enfrentou forte tempestade
e recorreu à Virgem do Rosário e foram salvos. As Chegança como a São Benedito de Divina
Pastora, a Almirante Barroso e a Almirante Tamandaré de Laranjeiras, a Santa Cruz de
Itabaiana, e ainda as Cheganças de Lagarto e de São Cristóvão, são representativas do
folguedo em Sergipe.

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História de Sergipe

A TAIEIRA (origem africana) A Taieira é dançada apenas por mulheres. Usavam saias brancas
rodadas e camisas brancas de rendas, numa imitação das baianas. Hoje o traje usado não é mais
imitação das baianas. As mulatas se vestem de saias de laquê bem rodadas, blusas brancas com
enfeites de renda. Trazem na cabeça diademas com fitas ou papel crepom, que caem em várias
cores até a altura dos joelhos. São destacados os grupos dos municípios de Japaratuba,
Lagarto e Laranjeiras. A Taieira de Laranjeiras é a mais antiga manifestação desse folguedo
em Sergipe, cujo ponto alto é a coroação, quando o badalar dos sinos e o estourar dos fogos de
artifício, anunciam para a cidade que a Rainha foi coroada.

LAMBE-SUJO e CABOCLINHO - O traço cultural negro e indígena fundamenta o folguedo que


traz uma dramaturgia forte com presença de lutas, traições, combates e embaixadas, como uma
verdadeira ópera popular que acontece por todo o dia, desde muito cedo, acordando a cidade no
mês de outubro. Os primeiros registros datam de 1930, mas é sabido que já existia antes mesmo
da abolição da escravatura. Tudo se inicia em lugares distintos, nas primeiras horas da manhã,
quando são armados o quilombo dos negros e a taba dos índios que, tendo sua princesa roubada
pelos negros, dão início as estratégias de lutas para libertá-la, enriquecendo sua dramaturgia com
cantos, danças e personagens definidos.
Tava capinando
A princesa me chamou
Alevanta, nego
Cativeiro acabou.
Os lambe-sujos, cujo nome se deve à tradição de pintar o corpo com carvão pisado e misturado ao cabaú, têm como
personagens: o Rei Africano, vestido de calça vermelha, camisa de mangas compridas, colete e coroa; a Princesa, cujo vestido é
brilhoso, adornado por um diadema de papelão; os Embaixadores, que guardam o Rei; a Mãe Suzana, trajando uma bata estampada
de retalhos, carregando um cesto de palha cheio de panelas e doações da população; o Pai Juá, o guia espiritual dos negros durante
a batalha; o Feitor, que se distingue dos demais por usar um colete; os Tocadores e os brincantes, vestidos com calções e gorros
vermelhos, tendo na mão seu instrumento de trabalho, a foice. Usam ainda, um cachimbo ou uma chupeta. Já nos caboclinhos,
são constituídos pelos Índios, onde se distingue o chefe, a Princesa, os Embaixadores, os Tocadores e os brincantes. Se vestem
com saiotes de penas coloridas e cocar, portando o arco e flechas destinadas à sua defesa. Todos passam no corpo roxo-terra
misturado com água, para lhes dar um tom avermelhado. Com o roubo da Princesa, as embaixadas acontecem. Os negros se recusam
a entregar a Princesa e a se render, o que provoca a realização do momento mais importante do folguedo, que é o combate. A luta
entre os dois grupos, segundo alguns pesquisadores, relembra a destruição dos quilombos pelos capitães do mato. Os caboclinhos
saem vencedores, salvando sua Princesa, levando os negros acorrentados pela cidade. Para comprar a liberdade dos negros,
Mãe Suzana, recolhe doações da população. Cantos, danças e lutas compõe a dramaturgia do folguedo, que tem grande beleza
estética. Como o batuque é um traço musical presente, tanto entre os africanos como entre os indígenas, os cantos são marcados
pela força do seu ritmo sincopado.
Samba, nego,
Branco não vem cá.
Se vier, pau
Há de levar.
A estrutura dramática apresenta ações que acontecem em dois espaços distintos: o dos negros, o quilombo e dos indígenas, a taba.
Há ainda um terceiro ambiente, geralmente uma praça, o espaço aberto onde o combate acontece. No final, vencedores e vencidos
se integram com a música, a bebida e a batucada, pois, seguindo a tradição, uma autoridade pede aos caboclinhos que libertem os
negros, no que é atendido, instalando a alegria na cidade. Ninguém que assiste sua apresentação está livre de sair sujo de vermelho
ou preto, porque faz parte do espírito da brincadeira. É característico dos municípios de Itaporanga D’Ajuda e Laranjeiras.

CACUMBI - Provavelmente, o Cacumbi resulta da evolução e junção de elementos de outras danças e


folguedos. Encontrado em vários municípios brasileiros, recebendo diferentes identificações dependendo
da região, como variantes de congos e congadas: Ticumbi, Quicumbi ou Cucumbi. Em sua origem,
remete a uma luta entre um rei negro e um chefe caboclo, sempre vencida pelo rei. O grupo é constituído
apenas por homens, que se apresenta para louvar São Benedito e Nossa Senhora do Rosário, vestidos
de calça branca e camisa amarela. Trazem ainda um chapéu decorado com fitas coloridas e espelhos. O
ritmo forte do batuque fala de sua origem, hoje resumida em uma série de volteios, na formação de
dois cordões e em círculos contínuos voltando sempre às fileiras, no centro dos quais atuam o Mestre e
o Contramestre, distintos dos demais componentes do grupo por usarem a camisa azul. A coreografia,
embora simples, é muito vigorosa nos movimentos, retomando a feição guerreira que o gerou tão forte,
com a força do batuque que impulsiona os movimentos que exigem preparo físico. Abaixados ou de pé, cruzando pernas, o rigor da
dança está presente no ritmo marcado pelo tambor acompanhado do corror, da onça, do ganzá, do pandeiro, do reco-reco e do
tamborim, tocados por todos os brincantes.

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Meu São Benedito
É que venho lhe pedir
Eu quero que o Senhor abençoe
A força do meu Cacumbi.
A diferença dos timbres enriquece os cantos, mas o apito só é usado pelo Mestre e pelo Contramestre, para sinalizar o início ou o
término dos cantos ou marcações rítmicas e lhes dá autoridade de chefia. Costumam se apresentar nas procissões de Bom Jesus
dos Navegantes e no dia dos Santos Reis. Existem grupos nos municípios de Itaporanga D’Ajuda, Japaratuba, Lagarto, Laranjeiras,
Maruim e Riachuelo. Atualmente os Cacumbis não apresentam características temáticas, é antes, uma manifestação coreográfica,
embora mantenham a louvação a São Benedito e a Nossa Senhora do Rosário. Alguns grupos se destacam entre os Cacumbis
sergipanos: o de Mestre Deca de Laranjeiras, o do Mestre Juarez de Itaporanga D’Ajuda e o do Mestre Nêgo de Japaratuba.

BACAMARTEIRO - Originalmente, bacamarteiro ou barcamatista é a denominação do militar


integrante da infantaria do Exército Imperial Brasileiro, destacado na Guerra do Paraguai,
referindo-se ao soldado que manuseava o bacamarte, uma arma de fogo de cano curto e largo,
carregada com pólvora seca e com um poder de fogo mortal. Findo o conflito, o bacamarte passou
a ser utilizado na defesa pessoal e da propriedade, notadamente no interior do nordeste brasileiro
e, no período junino, quando as comunidades se reuniam para brincar, cantar, dançar, tirar versos
e tomar uma boa pinga, era usado como desafio à valentia. Para atirar, o bacamarteiro adotava
posições bem difíceis, ora com a arma sobre a cabeça, ora por baixo de uma das pernas, quando
o bom atirador não cai com o arrojo da pólvora. Só os mais fortes conseguiam manter o equilíbrio
nas posições desafiadoras que tomavam. O bacamarte se transformou em elemento de cena no
ato de dançar, e seu canto é um convite para se encantar:
Sinhá é hoje que a palha da cana avoa...
Oi sinhá é hoje que ela tem de avoar!
Embora não possua personagens específicos, um grupo é formado pelos Atiradores; o Mestre do Apito, que coordena as descargas
de tiro; as mulheres cantantes e dançantes do Samba de Coco; o Tirador de Versos ou Coqueiro; e os Tocadores, que se ocupam
dos pandeiros, ganzás, reco-recos, onças ou ronqueiras. O Coqueiro apresenta seus versos respondidos pelas mulheres que também
sambam com um gingado animado. O momento mais importante da apresentação é o da salva de tiros, a razão de ser do grupo.
Quando atiram, nem cantam, nem dançam, pois, é o grande momento de suspense e reconhecimento com aplauso para os melhores
atiradores. O espaço de sua apresentação é sempre um lugar aberto, para assegurar a integridade dos que assistem. A destreza em
atirar põe em destaque os melhores atiradores, que provam quem é cabra da peste que não teme fogo. Estão presentes nos
municípios de Capela, Carmópolis e General Maynard. O Batalhão de Bacamarteiros de Carmópolis foi constituído no final do
século XVIII, como um grupo de Samba de Roda por escravos dos canaviais do entorno do povoado Aguada. Somente depois da
Guerra do Paraguai, o bacamarte foi introduzido nas apresentações. O Batalhão Pinga Fogo de General Maynard e Os Bacamarteiros
de Capela são acompanhados pela banda de Pífanos, sem dançarinos.

A DANÇA DO PARAFUSO é um folguedo que surgiu em Sergipe, provavelmente, na


segunda metade do século XVIII. Segundo dados, praticada apenas em Sergipe,
precisamente em Lagarto. Concebida pelos escravos africanos e seus descendentes. Com o
objetivo de fugir da escravidão, ganhar a floresta e formar quilombos, os cativos tinham que
usar da artimanha até conseguir despistar seus senhores e os capitães do mato. Enquanto
fugiam se apoderavam das roupas íntimas femininas penduradas nos varais. Vestiam as
roupas, pintavam o rosto com argila branca para serem confundidos com homens brancos e
saiam correndo pelos canaviais. Como as anáguas eram ornadas com babados e bicos, os
que viam os supostos fantasmas tinham a impressão de que eles executavam movimentos
circulares como os parafusos. Geralmente a apresentação ocorre no Encontro Cultural de
Lagarto, no mês de abril.

Principais referências:

- DANTAS, Ibarê. História de Sergipe: República (1889-2000). Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2004.

- ____________. A tutela militar em Sergipe: 1964-1984 (partidos e eleições num Estado autoritário). 2 ed. São Cristóvão:
Editora UFS, 2014.

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História de Sergipe
- NUNES, Maria Thétis. Sergipe Colonial I. Sergipe: UFS; Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1989.

- ____________. Sergipe Colonial I. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1996.

- ____________. Sergipe Provincial II: 1840-1889. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro; Aracaju: Banco do Estado de Sergipe,
2006.

- ____________. História da educação em Sergipe. Governo do Estado de Sergipe. São Paulo: Editora Paz e Terra, 1984.

- Diana Maria de Faro Leal Diniz [et al.]. Textos para a história de Sergipe. Aracaju: UFS e Banco do Estado de Sergipe, 1991.

- MONTEIRO, Diogo Francisco Couto e RODRIGUES, Kléber. Temas de História e Cultura indígena em Sergipe. Aracaju:
Infographics, 2016.

- CARMO, Sura Souza. Doce Província?: o cotidiano do escravo na historiografia sobre Sergipe oitocentista. Aracaju: IHGSE,
2017.

- http://www.museudagentesergipana.com.br/ - Acesso em: 21 de fevereiro de 2021 – 10h50min.

QUESTÕES

1. (Banca Cespe-Cebraspe - 2019) Entre os europeus que chegaram ao atual estado de Sergipe no primeiro século da
colonização portuguesa, estávamos franceses, que tinham grande interesse no pau-brasil.

CERTO ERRADO

2. (Banca Cespe-Cebraspe - 2019) O início da colonização sergipana contou com a participação de nomes como Garcia
D’Ávila, grande proprietário de terras à época, e também de padres da Companhia de Jesus (jesuítas).
CERTO ERRADO

3. (Banca Cespe-Cebraspe - 2019) A presença dos holandeses em Sergipe, embora breve, foi vital para organizar a
economia da região: os conflitos cessaram e a estabilidade permitiu o desenvolvimento econômico que perdurou por
mais de dois séculos.
CERTO ERRADO

4. (Banca Cespe-Cebraspe - 2019) Historicamente, a economia sergipana está sustentada na agricultura, na pecuária e
na agroindústria; neste segmento, assentou-se, sobretudo, no café e na soja.
CERTO ERRADO

5. (Banca Cespe-Cebraspe - 2019) As manifestações culturais sergipanas refletem, em larga medida, influências
portuguesas e africanas.
CERTO ERRADO

6. (Banca Cespe- Delegado de Polícia - 2018) Em seu princípio, a organização socioespacial da Capitania de Sergipe Del
Rey se apoiou no setor primário da economia, baseando-se na produção colonial de cana-de-açúcar e fumo.
CERTO ERRADO

7. (Banca Cespe- Delegado de Polícia - 2018) A influência indígena mediante a miscigenação durante o processo de
ocupação e povoamento do território sergipano não foi maior devido à guerra e à hostilidade contra os indígenas, bem
como à fuga da maioria dos índios que sobreviviam aos ataques do homem branco.
CERTO ERRADO

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8. (Banca Cespe- Delegado de Polícia - 2018) A opção pelo processo de metropolização de Aracaju em detrimento de
São Cristóvão deveu-se a esta não dispor de condições para ser cidade portuária nem de capacidade para atender à
crescente demanda industrial e administrativa do estado.
CERTO ERRADO

9. (Banca Cespe – 2008) A formação histórica de Sergipe está bastante vinculada à concessão de sesmarias aos
colonizadores que venceram as guerras contra os índios.
CERTO ERRADO

10. (Banca Cespe – 2008) A fundação da cidade de São Cristóvão remete à personagem histórica de Cristóvão de Barros,
que liderou as lutas contra os índios em fins do século XVI.
CERTO ERRADO

11. (Banca Cespe – 2008) Por não ter tido qualquer participação na economia açucareira, Sergipe foi a última área do
Nordeste a ser colonizada por Portugal.
CERTO ERRADO

12. (Banca Cespe – 2008) A criação do gado, com mão de obra intensiva africana, foi base do povoamento de Sergipe.
CERTO ERRADO

13. (Banca Cespe – 2008) A Estrada da Boiada e o rio dos Currais constituem símbolos históricos da dinâmica
empreendida pela economia sergipana no período colonial inicial.
CERTO ERRADO

14. (Banca Cespe – 2008) A emancipação política vincula-se, em Sergipe, à concessão de carta régia de D. João VI e às
lutas posteriores que levaram ao reconhecimento da autoridade de D. Pedro I.
CERTO ERRADO

15. (Banca Cespe – 2008) Sergipe assistiu, no período regencial do século XIX, tranquilidade política que contrastou com
os tumultos políticos do resto do país.
CERTO ERRADO

16. (Banca Cespe – 2008) O algodão, especialmente depois da Guerra de Secessão nos Estados Unidos da América,
passou a ocupar papel importante na economia sergipana nos fins do século XIX.
CERTO ERRADO

17. (Banca Cespe – 2008) Seguindo os caminhos da história nacional, os militares ocuparam o poder em Sergipe no início
da República Velha, ampliando e diversificando o quadro político das elites.
CERTO ERRADO

18. (Banca Cespe – 2008) A cultura na formação social sergipana é modesta, sendo o Estado apenas tributário dos
movimentos intelectuais nordestinos como a Escola do Recife.
CERTO ERRADO

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19. (Banca Cespe – 2008) A ocupação colonial e o povoamento estiveram fortemente ligados às lutas contra caciques
indígenas como Surubi e Aperipê.
CERTO ERRADO

20. (Banca Cespe – 2008) O gado foi o fator econômico de ocupação que garantiu o povoamento de Sergipe nos
primeiros tempos da colônia.
CERTO ERRADO

21. (Banca Cespe – 2008) O poder político e os fundamentos econômicos da história sergipana possuem particularidades
que a dissociam da história do Nordeste e da evolução nacional.
CERTO ERRADO

22. (Banca Cespe – 2008) A prosperidade econômica assistida pela economia dos currais foi essencial à constituição das
bases culturais rurais do estado, mas foi sendo modificada no tempo diante de novas bases urbanas e fluxos nacionais.
CERTO ERRADO

23. (Banca Cespe – 2008) A Revolução de Santo Amaro, em pleno século XX, vinculou a Revolução de 1930 à vida social
e política sergipana.
CERTO ERRADO

24. (FCC - 2005) Durante o Império, Sergipe tornou-se um estado federativo livre e soberano, razão pelo qual possuía
uma Constituição que estabelecia o direito de voto à população nas eleições para a escolha de governador.
CERTO ERRADO

25. (FCC - 2005) No início do período republicano, ocorreram vários movimentos políticos em Sergipe, em razão da luta
pela disputa hegemônica local e pelas interferências do governo federal.
CERTO ERRADO

26. (FCC - 2005) Durante a década de 1860, os produtores de algodão de Sergipe foram beneficiados pelo aumento
considerável da produção e exportação de algodão sobretudo para a Inglaterra, em consequência da Guerra da
Secessão, nos EUA.
CERTO ERRADO

27. (FCC - 2005) No período do Estado Novo, os governantes do estado de Sergipe puderam desenvolver políticas sociais
de interesse da população, por terem sido eleitos pelo voto das camadas médias e populares.
CERTO ERRADO

28. (IBFC – 2018) A primeira capital do atual estado de Sergipe, Laranjeiras, é considerada a segunda cidade mais antiga
do Brasil. Durante o período da União Ibérica, a cidade foi praticamente destruída.
CERTO ERRADO

29. (IBFC – 2018) Como cidade projetada, Aracaju nasceu em meados do século XIX por necessidades econômicas, para
substituir Laranjeiras, que era a antiga sede da Capitania de Sergipe Del Rey, mas que se situava longe do mar, atendendo
à pressão de senhores de engenho
CERTO ERRADO

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30. (IBFC – 2018) A colonização e o povoamento sergipano foram efetuados no sentido sul-norte, dando-se prioridade
a ocupação das margens e das barras dos rios, tendo como ponto de partida o rio Real
CERTO ERRADO

31. O negro africano chegou ao território sergipano com os primeiros colonizadores que aí se estabeleceram, após a
vitória de Cristóvão de Barros sobre o gentio.
CERTO ERRADO

32. João Mulungu foi um dos grandes líderes quilombolas de Sergipe, um legítimo guerreiro na luta pela libertação de
escravizados.
CERTO ERRADO

33. Os “Olimpistas” conseguiram revoltar a Força Pública (atual Polícia Militar) que atacou o Palácio do Governo,
obrigando o presidente Guilherme de Campos a renunciar. Assim, os “Olimpistas” tomaram o poder: era a chamada “A
Tragédia de Sergipe” ou Revolta de Santo Amaro, que agitava o início da República em Sergipe.
CERTO ERRADO

34. O tenentismo defendia reformas na estrutura de poder do país, entre as quais se destacam o fim do voto aberto (fim
do voto de cabresto). Em Sergipe, a Revolta de 13 de Julho de 1924 representava a defesa de tais medidas.
CERTO ERRADO

35. O cangaço foi um fenômeno do banditismo, crimes e violência ocorrido em quase todo o sertão do Nordeste do
Brasil. Seu maior representante foi Virgulino Ferreira da Silva, vulgo Lampião, que percorreu diversos municípios do
agreste e sertão sergipano.
CERTO ERRADO

36. As manifestações culturais sergipanas refletem, em tacanha medida, influências dos principais grupos formadores
da sociedade brasileira, como o Samba de Coco e o Carnaval.
CERTO ERRADO

37. Em Sergipe, durante a vigência do Regime Militar, as eleições diretas para o governo do Estado permaneciam
inalteradas, diferente do quando nacional.
CERTO ERRADO

38. O Centro Cultural da capital sergipana funciona no antigo prédio da Alfândega, que depois abrigou a Receita Federal,
na praça General Valadão, considerada o marco zero da cidade.
CERTO ERRADO

39. A Festa do Mastro marca o São Pedro na cidade de Itabaiana, considerado um dos maiores eventos do Estado de
Sergipe.
CERTO ERRADO

40. À medida que o século XVI avançava, o progresso da colonização portuguesa exigia o estabelecimento de
comunicação regular entre Salvador e Olinda, os dois mais importantes núcleos urbanos da colônia. Para a
concretização, tornava-se imprescindível a conquista do território sergipano.
CERTO ERRADO
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41. A história da Dança de São Gonçalo remete ao período colonial, no cenário dos engenhos, onde os escravos
sonhavam com a liberdade nos quilombos, para escapar do sofrimento. Procurando chegar ao quilombo, escravos em
fuga, usavam as anáguas das sinhás.
CERTO ERRADO

42. Em Sergipe, durante a vigência do Regime Militar, as eleições diretas para o governo do Estado permaneciam
inalteradas, diferente do quando nacional.

CERTO ERRADO

43. A adoção do nome Banese, acompanhou o processo de interiorização, com a inauguração das primeiras agências no
interior do Estado, paralelamente às mudanças na estrutura organizacional do Banco.
CERTO ERRADO

44. Com o claro objetivo de expandir a lavoura e a indústria, o Governo de Leandro Maciel instituiu o Banco de Fomento
Econômico do Estado de Sergipe.
CERTO ERRADO

45. A Romaria de Nossa Senhora Aparecida, Patrimônio Cultural e Imaterial do Estado de Sergipe, é considerada uma das
mais importantes manifestações do catolicismo popular do estado.
CERTO ERRADO

46. No século XIX, Sergipe era um centro de estudos superiores, o que acabava por tornar a província lugar atrativo para
as elites do país.
CERTO ERRADO

47. O início da República em Sergipe foi marcado pelo equilíbrio entre grupos políticos, que procuravam evitar qualquer
tipo de conturbação que afetasse as bases da ordenação republicana.

CERTO ERRADO

48. A economia de Sergipe reúne aspectos semelhantes a de outros Estados do Nordeste. Em relação a situação
econômica de Sergipe durante o período imperial é correto afirmar que o açúcar foi o principal produto exportado, só
perdendo espaço para o algodão no decorrer da guerra civil americana.
CERTO ERRADO

49. Fundada em fins do século XVI, a Praça de São Francisco, em São Cristóvão (SE), foi reconhecida como Patrimônio
Cultural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) em 2010.
Esse reconhecimento se deu porque a Praça marca a chegada dos padres jesuítas a região, onde fundaram a vila de São
Cristóvão.

CERTO ERRADO

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50. As ruas de Aracaju foram traçadas em formato de “xadrez”, com 32 quarteirões de 110 metros quadrados cada um.
O engenheiro responsável pelo projeto Sebastião Basílio Pirro

CERTO ERRADO

51. A cidade de São Cristóvão recebia grande quantidade de migrantes de diferentes cidades do interior de Sergipe e do
Nordeste; isso provocou reações da população desta cidade, que pressionou a Câmara Municipal para votar a
transferência da capital para Aracaju.

CERTO ERRADO

52. Durante uma década o Nordeste brasileiro viveu o clima do cangaço com o surgimento do bando chefiado por
Virgulino Ferreira, o Lampião. O grupo percorreu Sergipe e mais alguns estados nordestinos até 1938, ano em que
Lampião foi surpreendido pela volante e morto junto com alguns companheiros em seu esconderijo em Angico, no
sertão de Sergipe.

CERTO ERRADO

53. Devido ao sucesso do sistema de capitanias hereditárias, a Coroa portuguesa comprou, no século XVI, a capitania da
Baía de Todos os Santos, incluindo Sergipe.
CERTO ERRADO

54. Assim como em outros Estados nordestinos, Sergipe foi ocupado por colonizadores franceses interessados no
escambo de pau-brasil e algodão com os índios. Entretanto, entre o fim do século XVI e as primeiras décadas do século
XVII, os franceses colonizaram oficialmente o Estado e passaram a dominar definitivamente a região.

CERTO ERRADO

55. Durante a segunda metade do século XVI, a costa sergipana era frequentada pelos traficantes normandos do pau-
brasil.

CERTO ERRADO

56. Era a barra do rio Sergipe (barra do Cotinguiba, como então era chamado) o ponto preferido por traficantes
estrangeiros para explorar o litoral sergipano.
CERTO ERRADO

57. O território sergipano foi conquistado no final do século XVII, por Cristóvão de Barros e, desde essa época, ficou sob
a tutela da Bahia. Cristóvão de Barros conseguiu vencer os indígenas e dividiu as terras em sesmarias

CERTO ERRADO

58. Sergipe, durante quase dois séculos e meio, foi de capitania subalterna, dedicada a abastecer Bahia com sua
produção agropecuária. Dela, recebia as famílias dos dominantes, os encargos, autoridades e os produtos de seu
comércio.

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CERTO ERRADO

59. A independência do território de Sergipe da Bahia foi marcada por conturbadas lutas políticas e contestada na época
pelos líderes baianos e senhores de engenho.

CERTO ERRADO

60. A costa de Sergipe foi palco de naufrágios durante a Era Vargas, no contexto da Segunda Guerra Mundial. Os navios
Baependi, Araraquara e Aníbal Benévolo foram torpedeados por um submarino alemão.

CERTO ERRADO

61. (CESBRASPE 2021) Além de importante para economias fundadoras, como legumes, frutas e gado, o açúcar foi
importante para a exportação, já que a infertilidade do solo para a produção fumageira tornou o açúcar mascavo
produto de destaque no porto do Cotinguiba.

CERTO ERRADO

62. (PMSE – IBFC 2018) O Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) atua em Sergipe, desde 1937. O
estado possui inúmeros patrimônios vinculados ao ciclo econômico da cana-de-açúcar, representado por antigas capelas
de engenhos, igrejas e casarões, tanto na zona rural como nas áreas urbanas e importantes acervos de arte sacra dos
séculos XVIII e XIX, presentes nas duas cidades históricas de São Cristóvão e Laranjeiras (IPHAN, 2018).

Sobre as cidades de São Cristóvão e Laranjeiras, analise as afirmativas abaixo e assinale a alternativa correta.

I. O tombamento do conjunto arquitetônico, urbanístico e paisagístico de Laranjeiras ocorreu devido à sua importância
no desenvolvimento da região, identificado pela presença do primeiro porto.
II. No início do século XIX, Laranjeiras ainda era muito importante como um grande centro comercial e exportador, o
que levou o governo a designá-la como a primeira Alfândega de Sergipe.
III. A primeira capital do atual estado de Sergipe, Laranjeiras, é considerada a segunda cidade mais antiga do Brasil.
Durante o período da União Ibérica (1641 – 1660), a cidade foi praticamente destruída.
IV. A Igreja e Convento de São Francisco, as Igrejas de Nossa Senhora das Vitórias, a do Rosário dos Homens Pretos e de
Nosso Senhor dos Passos, são exemplos de edifícios históricos tombados pelo IPHAN em São Cristóvão.

Estão corretas as afirmativas:

a) IV, apenas
b) I e IV, apenas
c) I, II e IV, apenas
d) I, III e IV, apenas

63. (PMSE – IBFC 2018) A história da capital de Sergipe, Aracaju, antigo povoado Santo Antônio de Aracaju é uma das
mais inusitadas. Sua fundação ocorreu inversamente ao convencional. Ou seja, não surgiu de forma espontânea como
as demais cidades, foi planejada especialmente para ser a sede do Governo do Estado (IBGE, 2018). Sobre a cidade de
Aracaju, assinale a alternativa incorreta:
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História de Sergipe
a) As terras onde hoje se encontra o município de Aracaju pertenciam ao cacique Serigy, que compreendia desde as
margens do rio Sergipe até as margens do rio Vaza Barris. Em 1590, Cristóvão de Barros atacou as tribos do cacique
Serigy e de seu irmão Siriri, matando e derrotando os índios
b) Como cidade projetada, Aracaju nasceu em 1855 por necessidades econômicas, para substituir Laranjeiras, que era a
antiga sede da Capitania de Sergipe Del Rey, mas que se situava longe do mar, atendendo à pressão de senhores de
engenho
c) Para planejar a cidade em linhas retas, aterraram-se vales e elevou-se nos montes de areia; ocorrem desapropriações
onerosas e desnecessárias. A única exceção foi que a Rua da Frente ganhasse uma curva, criando a bela avenida que
margeia o rio Sergipe
d) As terras de Aracaju originaram-se das sesmarias, doadas a Pero Gonçalves por volta de 1602. Compreendiam 160
quilômetros de costa, que iam da barra do Rio Real à barra do Rio São Francisco, onde em todas as margens do estuário
não existia uma vila sequer. Apenas eram encontrados arraiais de pescadores

64. (PMSE – IBFC 2018) Sobre o processo de ocupação e formação territorial do estado do Sergipe no início da
colonização do Brasil, assinale a alternativa incorreta.
a) A Capitania de Sergipe, localizada entre as prósperas capitanias de Pernambuco e Sergipe, foi doada para Francisco
Pereira Coutinho em 1534, responsável pela fundação da cidade-forte de São Cristóvão
b) No litoral, Portugal procurou garantir a posse da terra pelo povoamento e ocupação, com a finalidade de eliminar a
influência francesa, cuja aliança com os indígenas ameaçava os domínios portugueses
c) Inicialmente, a ocupação se deu com a investida dos jesuítas, sob o pretexto da catequização dos indígenas. Logo
após, acontece a instalação definitiva dos portugueses nas terras sergipanas, pela necessidade de comunicação entre
Salvador e Olinda
d) A colonização e o povoamento sergipano foram efetuados no sentido sul-norte, dando-se prioridade a ocupação das
margens e das barras dos rios, tendo como ponto de partida o rio Real

65. (PMSE – IBFC 2018) “Em Sergipe, a Proclamação da República não encontrou resistência aberta que viesse
comprometer a implantação do regime republicano entre os que detinham o comando político da então Província. A
adesão foi imediata (...). Para presidir o Estado foi empossada, em 17 de novembro de 1889, uma Junta Governativa que
constituiu o Governo Provisório, composto por Antônio José de Siqueira Meneses, Vicente Luís de Oliveira Ribeiro e
Baltasar Góis. A Junta Governativa ficou no comando do Estado até 09 de dezembro de 1889 quando então foi
empossado o primeiro Presidente de Sergipe” (OLIVEIRA, 2008). Assinale a alternativa que indique o nome do primeiro
Presidente de Sergipe, equivalente hoje ao cargo de Governador do Estado:

a) Lourenço Freire de Mesquita Dantas


b) Augusto César da Silva
c) Vicente Luís de Oliveira Ribeiro
d) Felisbelo Firmo de Oliveira Freire

66. (Prova IBADE - 2018 - SEPLAG-SE - Guarda de Segurança do Sistema Prisional)


A respeito dos governadores do período republicano, é correto afirmar que:

I. Eronildes de Carvalho foi interventor federal (1935/1937) e eleito em sufrágio universal (1940/1944).
II. João Alves Filho foi eleito 3 vezes em sufrágio universal (1983/1987; 1991/1995; 2003/2007).
III. Augusto Franco foi eleito em sufrágio universal (1979/1982).
IV. Albano Franco foi interventor federal (1995/1999).

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Prof. Wesley Guerra
História de Sergipe
Estão corretos os itens:
a) III e IV.
b) II, III e IV.
c) I. II e III.
d) II e IV.
e) I e II.
67. (Prova IBADE - 2018 - SEPLAG-SE - Guarda de Segurança do Sistema Prisional) O Iphan atua em Sergipe desde 1937
quando ainda era integrado ao estado da Bahia. Desde 2010 a Unesco reconheceu como patrimônio mundial o único
testemunho dos 60 anos de união entre Portugal e Espanha do período colonial do Brasil que é a(o):

a) Capela de Lampião, em Angico


b) Grota de Angico, em Poço Redondo
c) Canoa de Tolda, em Brejo Grande
e) Praça de São Francisco, na cidade de São Cristóvão
e) Museu de Arte Sacra, em Aracaju

68. (CMB/SE – IBFC 2018) Assinale a alternativa que completa correta e respectivamente as lacunas do texto abaixo.
___________________, foi o Primeiro Período Republicano do Estado de Sergipe, que ocorreu entre os anos de 1900-
1910. Teve como característica a presença do voto de cabresto, o clientelismo e as oligarquias políticas. Dois partidos
políticos se destacaram nesse período: Partido Republicano Sergipense e o Partido Republicano de Sergipe, sendo q u
e_______________ era líder deste último partido e governador do Estado entre os anos de 1899 - 1902.

a) Revolta de Fausto Cardoso - Fausto Cardoso


b) Junta governativa sergipana - Felisbelo Firmo de Oliveira Freire
c) Oligarquia Olimpista - Olímpio Campos
d) Liga dos sergipanos - Manoel Bonfim

69. (CEBRASPE – COREN/SE 2021) Todas as instâncias da vida colonial delinearam-se a partir da ocupação e do uso do
território sergipano, principalmente em sua porção litorânea. Nesse contexto, assinale a opção correta em relação à
atividade econômica fundadora de Sergipe.

a) A agropecuária bovina e a produção de frutas tropicais desde o século XVIII até o período atual têm grande participação
na formação do PIB sergipano.
b) Durante o período colonial, as lavouras de algodão possibilitaram o desenvolvimento de uma rica e próspera economia
em Sergipe, o que induziu à posterior industrialização do estado.
c) A cultura de cana-de-açúcar é tradicional em Sergipe desde o período colonial até a atualidade, em especial na Zona da
Mata.
d) A substituição de lavouras tradicionais por novas culturas, como a laranja, o tabaco e o algodão, é uma das
características da economia sergipana ao longo dos últimos três séculos.

70. (CEBRASPE – COREN/SE 2021) Os primeiros núcleos urbanos coloniais sergipanos que se constituíram como cidades
históricas tombadas pelo patrimônio histórico na atualidade são
a) Laranjeiras e São Cristóvão.
b) Aracaju e Itabaiana.
c) Canindé de São Francisco e Poço Redondo.
d) cidades da região metropolitana de Aracaju, Nossa Senhora do Socorro e Barra dos Coqueiros.
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História de Sergipe

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