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SEAP-BA

SECRETARIA DE ADMINISTRAÇÃO PENITENCIÁRIA E RESSOCIALIZAÇÃO

CURSO DE FORMAÇÃO DE
AGENTE PENITENCIÁRIO

CONTEÚDO
- Língua Portuguesa GRÁTIS
- Noções de Informática CONTEÚDO ONLINE
- Ética No Serviço Público
- Raciocínio Lógico
Português
- Atualidades
- Acentuação Gráfica
- Noções de Igualdade Racial e de Gênero
e Ortografia
- Noções de Direito Constitucional
Direitos Humanos
- Noções de Direito Administrativo
- Direitos e Garantias
- Noções de Direito Penal Fundamentais na
- Noções de Direito Processual Penal Constituição Federal
- Tópicos de Direitos Humanos
Direito Administrativo
- Ato Administrativo
CONTEÚDO DE ACORDO COM O ÚLTIMO EDITAL Direitos Humanos
2020 COLEÇÃO PREPARATÓRIA - Declaração Universal
dos Direitos Humanos
Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização - Bahia

SEAP-BA
Curso de Formação de Agente Penitenciário
A apostila preparatória é elaborada antes da publicação do Edital Oficial com base no edital anterior,
para que o aluno antecipe seus estudos.

JN062-N0

Cód.: 9088121380608
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Proibida a reprodução, total ou parcialmente, sem autorização prévia expressa por escrito da editora e do autor. Se você
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OBRA

Secretaria De Administração Penitenciária E Ressocialização - SEAP-BA

Curso de Formação de Agente Penitenciário

Atualizada até 06/2020

AUTORES
Língua Portuguesa - Profª Zenaide Auxiliadora Pachegas Branco
Noções de Informática - Profº Ovidio Lopes da Cruz Netto e Profª Márcia Eduvirges
Ética no Serviço Público - Profº Fernando Paternostro Zantedeschi
Raciocínio Lógico - Profº Bruno Chieregatti e Profº Joao de Sá Brasil
Atualidades - Profª Roberta Amorim
Noções de Igualdade Racial e de Gênero - Profº Bruna Pinotti e Profª Giovana Marques
Noções de Direito Constitucional - Profª Bruna Pinotti e Profª Giovana Marques
Noções de Direito Administrativo - Profª Fernando Paternostro Zantedeschi
Noções de Direito Penal - Profº Eduardo Gigante e Profº Rodrigo Gonçalves
Noções de Direito Processual Penal - Profº Eduardo Gigante e Profº Rodrigo Gonçalves
Tópicos de Direitos Humanos - Profº Fernando Paternostro Zantedeschi e Profª Bruna Pinotti

PRODUÇÃO EDITORIAL/REVISÃO
Aline Mesquita

DIAGRAMAÇÃO
Dayverson Ramon
Higor Moreira
Rodrigo Bernardes

CAPA
Joel Ferreira dos Santos

Edição JUN/2020

www.novaconcursos.com.br

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SUMÁRIO

LÍNGUA PORTUGUESA

Compreensão e Interpretação de Textos....................................................................................................................................................... 01


Tipologia Textual..................................................................................................................................................................................................... 09
Ortografia Oficial..................................................................................................................................................................................................... 10
Acentuação Gráfica................................................................................................................................................................................................ 15
Emprego das Classes de Palavras. Emprego/Correlação de Tempos e Modos Verbais.............................................................. 18
Emprego do Sinal Indicativo de Crase............................................................................................................................................................ 57
Sintaxe da Oração Ee do Período..................................................................................................................................................................... 61
Pontuação.................................................................................................................................................................................................................. 72
Concordância Nominal e Verbal....................................................................................................................................................................... 75
Regência Nominal e Verbal................................................................................................................................................................................. 83
Significação das Palavras..................................................................................................................................................................................... 90

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Noções de sistema operacional Windows................................................................................................................................................... 01


Edição de textos, planilhas e apresentações (ambientes Microsoft Office e BrOffice).............................................................. 09
Redes de computadores; Conceitos básicos, ferramentas, aplicativos e procedimentos de Internet e intranet............. 72
Programas de navegação (Microsoft Internet Explorer, Mozilla Firefox); Programas de correio eletrônico Outlook
Express; Sítios de busca e pesquisa na Internet; Grupos de discussão............................................................................................ 78
Conceitos de organização e de gerenciamento de informações, arquivos, pastas e programas.......................................... 133
Segurança da informação; Procedimentos de segurança; Noções de vírus, worms e pragas virtuais; Aplicativos para
segurança (antivírus, firewall, antispyware etc.)......................................................................................................................................... 133
Procedimentos de backup.................................................................................................................................................................................. 140

ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

Ética e Moral............................................................................................................................................................................................................. 01
Ética, Princípios e Calores.................................................................................................................................................................................... 04
Ética e Democracia: Exercício da Cidadania................................................................................................................................................. 07
Ética e Função Pública........................................................................................................................................................................................... 09
Ética no Setor Público........................................................................................................................................................................................... 12
SUMÁRIO

RACIOCÍNIO LÓGICO

Estruturas lógicas; Lógica de argumentação: analogias, inferências, deduções e conclusões; Lógica sentencial (ou
proposicional); Proposições simples e compostas................................................................................................................................... 01
Tabelas verdade; Equivalências; Leis de De Morgan; Diagramas lógicos; Lógica de primeira ordem.................................. 09
Princípios de contagem e probabilidade..................................................................................................................................................... 28
Operações com conjuntos................................................................................................................................................................................. 34
Raciocínio lógico envolvendo problemas aritméticos, geométricos e matriciais......................................................................... 56

ATUALIDADES

Tópicos relevantes e atuais de diversas áreas, tais como segurança, política, economia, sociedade, educação, saúde,
relações internacionais, desenvolvimento sustentável e ecologia...................................................................................................... 01

NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

Agentes Públicos – Aspectos Constitucionais............................................................................................................................................. 01


Constituição do Estado da Bahia, (Cap. XXIII “Do Negro”)..................................................................................................................... 09
Lei federal no 12.888, de 20 de julho de 2010 (Estatuto da Igualdade Racial)............................................................................... 10
Lei estadual nº 13.182 de 06 de junho de 2014 (Estatuto da Igualdade Racial e de Combate a Intolerância
Religioso).................................................................................................................................................................................................................... 17
Lei federal no 7.716, de 5 de janeiro de 1989, alterada pela Lei Federal no 9.459 de 13 de maio de 1997 (Tipificação
dos crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor).................................................................................................................... 27
Decreto Federal no 65.810, de 08 de dezembro de 1969 (Convenção internacional sobre a eliminação de todas as
formas de discriminação racial) ....................................................................................................................................................................... 31
Decreto federal no 4.377, de 13 de setembro de 2002 (Convenção sobre eliminação de todas as formas de
discriminação contra a mulher)......................................................................................................................................................................... 33
Lei federal no 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha)................................................................................................ 35
Código Penal Brasileiro (art. 140)..................................................................................................................................................................... 40
Lei federal nº 9.455/1997 (Combate à Tortura)........................................................................................................................................... 41
Lei federal nº 2.889/56 (Combate ao Genocídio)....................................................................................................................................... 44
Lei federal no 7.437, de 20 de Dezembro de 1985 (Lei Caó)................................................................................................................. 46
Lei estadual no 10.549 de 28 de dezembro de 2006 (Cria a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial); alterada
pela Lei estadual no 12.212/2011..................................................................................................................................................................... 47
Lei federal no 10.678 de 23 de maio de 2003 (Cria a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da
Presidência da República).................................................................................................................................................................................... 48
SUMÁRIO

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Constituição. Conceito, classificações, princípios fundamentais.......................................................................................................... 01


Direitos e garantias fundamentais. Direitos e deveres individuais e coletivos, direitos sociais, nacionalidade,
cidadania, direitos políticos, partidos políticos........................................................................................................................................... 01
Organização político-administrativa. União, estados, Distrito Federal, municípios e territórios. Administração
pública. Disposições gerais, servidores públicos........................................................................................................................................ 07
Poder Legislativo: composição.......................................................................................................................................................................... 16
Poder Executivo: forma e sistema de governo; chefia de Estado e chefia de Governo.............................................................. 21
Defesa do Estado e das instituições democráticas: segurança pública; organização da segurança pública..................... 23
Poder judiciário: disposições gerais. Anistia e Indulto: generalidades e competência............................................................... 28

NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Estado, governo e administração pública: conceitos, elementos, poderes e organização; natureza, fins e princípios. 01
Organização administrativa do Estado; administração direta e indireta......................................................................................... 04
Agentes públicos: espécies e classificação; poderes, deveres e prerrogativas; cargo, emprego e função públicos...... 07
Regime jurídico único: provimento, vacância, remoção, redistribuição e substituição; direitos e vantagens; regime
disciplinar; responsabilidade civil, criminal e administrativa................................................................................................................ 09
Poderes administrativos: poder hierárquico; poder disciplinar; poder regulamentar; poder de polícia; uso e abuso
do poder.................................................................................................................................................................................................................... 12
Atos administrativos: conceitos, requisitos, atributos, classificação, espécies e invalidação................................................... 19
Controle e responsabilização da administração: controle administrativo; controle judicial; controle legislativo;
responsabilidade civil do Estado..................................................................................................................................................................... 24
Regime Jurídico dos Servidores Públicos Civis do Estado da Bahia – Lei estadual nº 6.677/94............................................. 38
Lei federal nº 8.429/1992 (dispõe sobre as sanções aplicáveis aos agentes públicos nos casos de enriquecimento
ilícito no exercício de mandato, cargo, emprego ou função da administração pública direta, indireta ou fundacional
e dá outras providências)................................................................................................................................................................................... 38
Lei estadual nº 7.209/1997................................................................................................................................................................................. 50

NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Aplicação da lei penal. Princípios da legalidade e da anterioridade. A lei penal no tempo e no espaço. Tempo e lugar
do crime. Lei penal excepcional, especial e temporária. Territorialidade e extraterritorialidade da lei penal.................... 01
Pena cumprida no estrangeiro. Eficácia da sentença estrangeira. Contagem de prazo. Frações não computáveis da
pena. Interpretação da lei penal. Analogia. Irretroatividade da lei penal. Conflito aparente de normas penais.............. 15
Crimes contra a pessoa........................................................................................................................................................................................ 18
Crimes contra o patrimônio................................................................................................................................................................................ 25
Crimes contra a administração pública.......................................................................................................................................................... 35
SUMÁRIO

Disposições constitucionais aplicáveis ao direito penal.......................................................................................................................... 41


Abuso de autoridade (Lei federal nº 4.898/1965)...................................................................................................................................... 41
Lei de Drogas (Lei federal nº 11.343/2006).................................................................................................................................................. 43
Crimes hediondos; Crimes de tortura (Lei federal nº 9.455/1997)...................................................................................................... 47
Estatuto do Desarmamento (Lei federal nº 10.826/2003)...................................................................................................................... 50
Lei Maria da Penha (Lei federal nº 11.340/2006, arts. 01a 07).............................................................................................................. 58

NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Aplicação da lei processual no tempo, no espaço e em relação às pessoas; Disposições preliminares do Código de
Processo Penal......................................................................................................................................................................................................... 01
Inquérito policial..................................................................................................................................................................................................... 05
Ação Penal................................................................................................................................................................................................................. 10
Prisão e liberdade provisória; Lei federal nº 7.960/1989 (prisão temporária)................................................................................. 15
Processo e julgamento dos crimes de responsabilidade dos funcionários públicos................................................................... 23
O Habeas Corpus e Seu Processo.................................................................................................................................................................... 23
Jurisdição e Competência.................................................................................................................................................................................... 25
Lei de Execução Penal (Lei federal nº 7.210/1984).................................................................................................................................... 28
Juizados Especiais Criminais (Lei federal nº 9.099/1995, arts. 60 a 92)............................................................................................. 40

TÓPICOS DE DIREITOS HUMANOS

Declaração Universal dos Direitos Humanos (adotada e proclamada pela Resolução 217-A (III) – da Assembleia Geral das
Nações Unidas, em 10 de dezembro de 1948)............................................................................................................................................................ 01
Os Direitos Humanos na Constituição Federal de 1988 (artigos 5º ao 15º)................................................................................... 11
Regra mínimas para o tratamento de pessoas presas, da ONU.......................................................................................................... 11
Programa Nacional de Direitos Humanos (PNHD-3), Decreto federal nº 7.037/2009 e alterações...................................... 23
Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei federal nº 8.069 de 13 de julho de 1990 – arts. 1º ao 6º)................................ 24
Estatuto do Idoso (Lei federal nº 10.741 de 01 de outubro de 2003 – arts. 1º ao 10)............................................................... 27
ÍNDICE

LÍNGUA PORTUGUESA

Compreensão e interpretação de textos.................................................................................................................................................................. 01


Tipologia textual................................................................................................................................................................................................................. 08
Ortografia oficial................................................................................................................................................................................................................ 09
Acentuação gráfica............................................................................................................................................................................................................ 14
Emprego das classes de palavras................................................................................................................................................................................ 17
Emprego/correlação de tempos e modos verbais................................................................................................................................................ 56
Emprego do sinal indicativo de crase........................................................................................................................................................................ 56
Sintaxe da oração e do período................................................................................................................................................................................... 60
Pontuação............................................................................................................................................................................................................................. 70
Concordância nominal e verbal.................................................................................................................................................................................... 73
Regência nominal e verbal............................................................................................................................................................................................. 80
Significação das palavras................................................................................................................................................................................................ 86
Entendimento, atenção ao que realmente está escrito.
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO O texto diz que...
DE TEXTOS É sugerido pelo autor que...
De acordo com o texto, é correta ou errada a afirmação...
O narrador afirma...
INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
Erros de interpretação
Texto – é um conjunto de ideias organizadas e
relacionadas entre si, formando um todo significativo • Extrapolação (“viagem”) = ocorre quando se sai do
capaz de produzir interação comunicativa (capacidade contexto, acrescentando ideias que não estão no
de codificar e decodificar). texto, quer por conhecimento prévio do tema quer
pela imaginação.
Contexto – um texto é constituído por diversas frases. • Redução = é o oposto da extrapolação. Dá-se
Em cada uma delas, há uma informação que se liga com atenção apenas a um aspecto (esquecendo que
a anterior e/ou com a posterior, criando condições para um texto é um conjunto de ideias), o que pode
a estruturação do conteúdo a ser transmitido. A essa ser insuficiente para o entendimento do tema
interligação dá-se o nome de contexto. O relacionamento desenvolvido.
entre as frases é tão grande que, se uma frase for retirada • Contradição = às vezes o texto apresenta ideias
de seu contexto original e analisada separadamente, contrárias às do candidato, fazendo-o tirar
poderá ter um significado diferente daquele inicial. conclusões equivocadas e, consequentemente,
errar a questão.
Intertexto - comumente, os textos apresentam
referências diretas ou indiretas a outros autores através Observação: Muitos pensam que existem a ótica do
de citações. Esse tipo de recurso denomina-se intertexto. escritor e a ótica do leitor. Pode ser que existam, mas
em uma prova de concurso, o que deve ser levado em
Interpretação de texto - o objetivo da interpretação consideração é o que o autor diz e nada mais.
de um texto é a identificação de sua ideia principal.
A partir daí, localizam-se as ideias secundárias (ou Coesão e Coerência
fundamentações), as argumentações (ou explicações),
que levam ao esclarecimento das questões apresentadas Coesão - é o emprego de mecanismo de sintaxe que
na prova. relaciona palavras, orações, frases e/ou parágrafos entre
si. Em outras palavras, a coesão dá-se quando, através de
Normalmente, em uma prova, o candidato deve: um pronome relativo, uma conjunção (NEXOS), ou um
• Identificar os elementos fundamentais de uma ar- pronome oblíquo átono, há uma relação correta entre o
gumentação, de um processo, de uma época (nes- que se vai dizer e o que já foi dito.
te caso, procuram-se os verbos e os advérbios, os São muitos os erros de coesão no dia a dia e, entre
quais definem o tempo). eles, está o mau uso do pronome relativo e do pronome
• Comparar as relações de semelhança ou de dife- oblíquo átono. Este depende da regência do verbo;
renças entre as situações do texto. aquele, do seu antecedente. Não se pode esquecer
• Comentar/relacionar o conteúdo apresentado com também de que os pronomes relativos têm, cada um,
uma realidade. valor semântico, por isso a necessidade de adequação
• Resumir as ideias centrais e/ou secundárias. ao antecedente.
• Parafrasear = reescrever o texto com outras pala- Os pronomes relativos são muito importantes na
vras. interpretação de texto, pois seu uso incorreto traz erros
de coesão. Assim sendo, deve-se levar em consideração
Condições básicas para interpretar que existe um pronome relativo adequado a cada
circunstância, a saber:
Fazem-se necessários: conhecimento histórico- que (neutro) - relaciona-se com qualquer antecedente,
literário (escolas e gêneros literários, estrutura do texto), mas depende das condições da frase.
leitura e prática; conhecimento gramatical, estilístico qual (neutro) idem ao anterior.
(qualidades do texto) e semântico; capacidade de quem (pessoa)
observação e de síntese; capacidade de raciocínio. cujo (posse) - antes dele aparece o possuidor e depois
o objeto possuído.
Interpretar/Compreender como (modo)
LÍNGUA PORTUGUESA

onde (lugar)
Interpretar significa: quando (tempo)
Explicar, comentar, julgar, tirar conclusões, deduzir. quanto (montante)
Através do texto, infere-se que... Exemplo:
Falou tudo QUANTO queria (correto)
É possível deduzir que...
Falou tudo QUE queria (errado - antes do QUE, deveria
O autor permite concluir que...
aparecer o demonstrativo O).
Qual é a intenção do autor ao afirmar que...
Dicas para melhorar a interpretação de textos
Compreender significa

1
• Leia todo o texto, procurando ter uma visão geral Sei que a palavra da moda é precocidade, mas eu acredito
do assunto. Se ele for longo, não desista! Há muitos em conquistas tardias. Elas têm na minha vida um gosto
candidatos na disputa, portanto, quanto mais infor- especial.
mação você absorver com a leitura, mais chances Quando aprendi a guiar, aos 34 anos, tudo se transformou.
terá de resolver as questões. De repente, ganhei mobilidade e autonomia. A cidade,
• Se encontrar palavras desconhecidas, não interrom- minha cidade, mudou de tamanho e de fisionomia.
pa a leitura. Descer a Avenida Rebouças num táxi, de madrugada, era
• Leia o texto, pelo menos, duas vezes – ou quantas diferente – e pior – do que descer a mesma avenida com
forem necessárias. as mãos ao volante, ouvindo rock and roll no rádio. Pegar
• Procure fazer inferências, deduções (chegar a uma a estrada com os filhos pequenos revelou-se uma delícia
conclusão). insuspeitada.
• Volte ao texto quantas vezes precisar. Talvez porque eu tenha começado tarde, guiar me
• Não permita que prevaleçam suas ideias sobre parece, ainda hoje, uma experiência incomum. É um ato
as do autor. que, mesmo repetido de forma diária, nunca se banalizou
• Fragmente o texto (parágrafos, partes) para melhor inteiramente.
compreensão. Na véspera do Ano Novo, em Ubatuba, eu fiz outra
• Verifique, com atenção e cuidado, o enunciado de descoberta temporã.
cada questão. Depois de décadas de tentativas inúteis e frustrantes,
• O autor defende ideias e você deve percebê-las. num final de tarde ensolarado eu conquistei o dom
• Observe as relações interparágrafos. Um parágra- da flutuação. Nas águas cálidas e translúcidas da praia
fo geralmente mantém com outro uma relação de Brava, sob o olhar risonho da minha mulher, finalmente
continuação, conclusão ou falsa oposição. Identifi- consegui boiar.
que muito bem essas relações. Não riam, por favor. Vocês que fazem isso desde os
• Sublinhe, em cada parágrafo, o tópico frasal, ou seja, oito anos, vocês que já enjoaram da ausência de peso
a ideia mais importante. e esforço, vocês que não mais se surpreendem com a
• Nos enunciados, grife palavras como “correto” ou sensação de balançar ao ritmo da água – sinto dizer, mas
“incorreto”, evitando, assim, uma confusão na vocês se esqueceram de como tudo isso é bom.
hora da resposta – o que vale não somente para Nadar é uma forma de sobrepujar a água e impor-se a
Interpretação de Texto, mas para todas as demais ela. Boiar é fazer parte dela – assim como do sol e das
questões! montanhas ao redor, dos sons que chegam filtrados ao
• Se o foco do enunciado for o tema ou a ideia princi- ouvido submerso, do vento que ergue a onda e lança
pal, leia com atenção a introdução e/ou a conclusão. água em nosso rosto. Boiar é ser feliz sem fazer força, e
• Olhe com especial atenção os pronomes relativos, isso, curiosamente, não é fácil.
pronomes pessoais, pronomes demonstrativos, Essa experiência me sugeriu algumas considerações
etc., chamados vocábulos relatores, porque reme- sobre a vida em geral.
tem a outros vocábulos do texto. Uma delas, óbvia, é que a gente nunca para de aprender
ou de avançar. Intelectualmente e emocionalmente,
SITES de um jeito prático ou subjetivo, estamos sempre
incorporando novidades que nos transformam. Somos
Disponível em: <http://www.tudosobreconcursos. geneticamente elaborados para lidar com o novo, mas
com/materiais/portugues/como-interpretar-textos> não só. Também somos profundamente modificados por
Disponível em: <http://portuguesemfoco.com/pf/09- ele. A cada momento da vida, quando achamos que tudo
dicas-para-melhorar-a-interpretacao-de-textos-em- já aconteceu, novas capacidades irrompem e fazem de
provas> nós uma pessoa diferente do que éramos. Uma pessoa
Disponível em: <http://www.portuguesnarede. capaz de boiar é diferente daquelas que afundam como
com/2014/03/dicas-para-voce-interpretar-melhor-um. pedras.
html> Suspeito que isso tenha importância também para os
Disponível em: <http://vestibular.uol.com.br/ relacionamentos.
cursinho/questoes/questao-117-portugues.htm> Se a gente não congela ou enferruja – e tem gente que já
está assim aos 30 anos – nosso repertório íntimo tende a
se ampliar, a cada ano que passa e a cada nova relação.
Penso em aprender a escutar e a falar, em olhar o outro,
EXERCÍCIOS COMENTADOS em tocar o corpo do outro com propriedade e deixar-
se tocar sem susto. Penso em conter a nossa própria
frustração e a nossa fúria, em permitir que o parceiro
LÍNGUA PORTUGUESA

1. (EBSERH – Analista Administrativo – Estatística –


AOCP-2015) floresça, em dar atenção aos detalhes dele. Penso,
sobretudo, em conquistar, aos poucos, a ansiedade e
O verão em que aprendi a boiar insegurança que nos bloqueiam o caminho do prazer, não
Quando achamos que tudo já aconteceu, novas apenas no sentido sexual. Penso em estar mais tranquilo
capacidades fazem de nós pessoas diferentes do que na companhia do outro e de si mesmo, no mundo.
éramos Assim como boiar, essas coisas são simples, mas precisam
IVAN MARTINS ser aprendidas.

2
Estar no interior de uma relação verdadeira é como estar relacionamentos amorosos para que eles não
na água do mar. Às vezes você nada, outras vezes você se desfaçam = incorreta – o autor propõe viver
boia, de vez em quando, morto de medo, sente que pode intensamente.
afundar. É uma experiência que exige, ao mesmo tempo, Em “c”: haver sempre tempo para aprender a ser mais
relaxamento e atenção, e nem sempre essas coisas se criterioso com seus relacionamentos, a fim de que eles
combinam. Se a gente se põe muito tenso e cerebral, a sejam vividos intensamente = incorreta – ser menos
relação perde a espontaneidade. Afunda. Mas, largada objetivo nos relacionamentos.
apenas ao sabor das ondas, sem atenção ao equilíbrio, a Em “d”: haver sempre tempo para aprender coisas
relação também naufraga. Há uma ciência sem cálculos novas, inclusive agir com o raciocínio nas relações
que tem de ser assimilada a cada novo amor, por cada amorosas = incorreta – ser mais emoção.
um de nós. Ela fornece a combinação exata de atenção Em “e”: ser necessário aprender nos relacionamentos,
e relaxamento que permite boiar. Quer dizer, viver de porém sempre estando alerta para aquilo de ruim que
forma relaxada e consciente um grande amor. pode acontecer = incorreta – estar sempre cuidando,
Na minha experiência, esse aprendizado não se fez não pensando em algo ruim.
rapidamente. Demorou anos e ainda se faz. Talvez porque
eu seja homem, talvez porque seja obtuso para as coisas 2. (TJ-SC – ANALISTA ADMINISTRATIVO – FGV-2018)
do afeto. Provavelmente, porque sofro das limitações Observe a charge a seguir:
emocionais que muitos sofrem e que tornam as relações
afetivas mais tensas e trabalhosas do que deveriam ser.
Sabemos nadar, mas nos custa relaxar e ser felizes nas
águas do amor e do sexo. Nos custa boiar.
A boa notícia, que eu redescobri na praia, é que tudo
se aprende, mesmo as coisas simples que pareciam
impossíveis.
Enquanto se está vivo e relação existe, há chance de
melhorar. Mesmo se ela acabou, é certo que haverá outra
no futuro, no qual faremos melhor: com mais calma, com
mais prazer, com mais intensidade e menos medo.
O verão, afinal, está apenas começando. Todos os dias se
pode tentar boiar.
http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/ivan-martins/
noticia/2014/01/overao-em-que-aprendi-boiar.html
A charge acima é uma homenagem a Stephen Hawking,
De acordo com o texto, quando o autor afirma que “Todos destacando o fato de o cientista:
os dias se pode tentar boiar.”, ele refere-se ao fato de
a) ter alcançado o céu após sua morte;
a) haver sempre tempo para aprender, para tentar relaxar b) mostrar determinação no combate à doença;
e ser feliz nas águas do amor, agindo com mais calma, c) ser comparado a cientistas famosos;
com mais prazer, com mais intensidade e menos d) ser reconhecido como uma mente brilhante;
medo. e) localizar seus interesses nos estudos de Física.
b) ser necessário agir com mais cautela nos
relacionamentos amorosos para que eles não se
desfaçam. Resposta: Letra D
c) haver sempre tempo para aprender a ser mais criterioso Em “a”: ter alcançado o céu após sua morte; = incorreto
com seus relacionamentos, a fim de que eles sejam Em “b”: mostrar determinação no combate à doença;
vividos intensamente. = incorreto
d) haver sempre tempo para aprender coisas novas, Em “c”: ser comparado a cientistas famosos; = incorreto
inclusive agir com o raciocínio nas relações amorosas. Em “d”: ser reconhecido como uma mente brilhante;
e) ser necessário aprender nos relacionamentos, porém Em “e”: localizar seus interesses nos estudos de Física.
sempre estando alerta para aquilo de ruim que pode = incorreto
acontecer. Usemos a fala de Einstein: “a mente brilhante que
estávamos esperando”.
Resposta: Letra A
Ao texto: (...) tudo se aprende, mesmo as coisas simples 3. (BANPARÁ – ASSISTENTE SOCIAL – FADESP-2018)
LÍNGUA PORTUGUESA

que pareciam impossíveis. / Enquanto se está vivo e


relação existe, há chance de melhorar = sempre há Lastro e o Sistema Bancário
tempo para boiar (aprender). [...]
Em “a”: haver sempre tempo para aprender, para tentar Até os anos 60, o papel-moeda e o dinheiro depositado
relaxar e ser feliz nas águas do amor, agindo com nos bancos deviam estar ligados a uma quantidade de
mais calma, com mais prazer, com mais intensidade e ouro num sistema chamado lastro-ouro. Como esse
menos medo = correta. metal é limitado, isso garantia que a produção de dinheiro
Em “b”: ser necessário agir com mais cautela nos fosse também limitada. Com o tempo, os banqueiros se

3
deram conta de que ninguém estava interessado em Em “a”, tornar ilimitada a produção de dinheiro =
trocar dinheiro por ouro e criaram manobras, como a incorreta
reserva fracional, para emprestar muito mais dinheiro do Em “b”, proteger os bens dos clientes de bancos =
que realmente tinham em ouro nos cofres. Nas crises, incorreta
como em 1929, todos queriam sacar dinheiro para pagar Em “c”, impedir que os bancos fossem à falência =
suas contas e os bancos quebravam por falta de fundos, incorreta
deixando sem nada as pessoas que acreditavam ter suas Em “d”, permitir o empréstimo de mais dinheiro =
economias seguramente guardadas. correta
Em 1971, o presidente dos EUA acabou com o padrão- Em “e”, preservar as economias das pessoas = incorreta
ouro. Desde então, o dinheiro, na forma de cédulas e
principalmente de valores em contas bancárias, já não 4. (BANPARÁ – ASSISTENTE SOCIAL – FADESP-2018)
tendo nenhuma riqueza material para representar, é A leitura do texto permite a compreensão de que
criado a partir de empréstimos. Quando alguém vai até
o banco e recebe um empréstimo, o valor colocado em a) as dívidas dos clientes são o que sustenta os bancos.
sua conta é gerado naquele instante, criado a partir de b) todo o dinheiro que os bancos emprestam é imaginário.
uma decisão administrativa, e assim entra na economia. c) quem pede um empréstimo deve a outros clientes.
d) o pagamento de dívidas depende do “livre-mercado”.
Essa explicação permaneceu controversa e escondida
e) os bancos confiscam os bens dos clientes endividados.
por muito tempo, mas hoje está clara em um relatório do
Bank of England de 2014.
Resposta: Letra A
Praticamente todo o dinheiro que existe no mundo
Em “a”, as dívidas dos clientes são o que sustenta os
é criado assim, inventado em canetaços a partir da bancos = correta
concessão de empréstimos. O que torna tudo mais Em “b”, todo o dinheiro que os bancos emprestam é
estranho e perverso é que, sobre esse empréstimo, imaginário = nem todo
é cobrada uma dívida. Então, se eu peço dinheiro ao Em “c”, quem pede um empréstimo deve a outros
banco, ele inventa números em uma tabela com meu clientes = deve ao banco, este paga/empresta a outros
nome e pede que eu devolva uma quantidade maior clientes
do que essa. Para pagar a dívida, preciso ir até o dito Em “d”, o pagamento de dívidas depende do “livre-
“livre-mercado” e trabalhar, lutar, talvez trapacear, para mercado” = não só: (...) preciso ir até o dito “livre-
conseguir o dinheiro que o banco inventou na conta mercado” e trabalhar, lutar, talvez trapacear.
de outras pessoas. Esse é o dinheiro que vai ser usado Em “e”, os bancos confiscam os bens dos clientes
para pagar a dívida, já que a única fonte de moeda é endividados = desde que não paguem a dívida
o empréstimo bancário. No fim, os bancos acabam com
todo o dinheiro que foi inventado e ainda confiscam os 5. (BANESTES – ANALISTA ECONÔMICO FINANCEIRO
bens da pessoa endividada cujo dinheiro tomei. GESTÃO CONTÁBIL – FGV-2018) Observe a charge
Assim, o sistema monetário atual funciona com uma abaixo, publicada no momento da intervenção nas
moeda que é ao mesmo tempo escassa e abundante. atividades de segurança do Rio de Janeiro, em março de
Escassa porque só banqueiros podem criá-la, e abundante 2018.
porque é gerada pela simples manipulação de bancos
de dados. O resultado é uma acumulação de riqueza e
poder sem precedentes: um mundo onde o patrimônio
de 80 pessoas é maior do que o de 3,6 bilhões, e onde
o 1% mais rico tem mais do que os outros 99% juntos.
[...]
Disponível em https://fagulha.org/artigos/inventando-
dinheiro/
Acessado em 20/03/2018

De acordo com o autor do texto Lastro e o sistema


bancário, a reserva fracional foi criada com o objetivo de

a) tornar ilimitada a produção de dinheiro. Há uma série de informações implícitas na charge; NÃO
b) proteger os bens dos clientes de bancos. pode, no entanto, ser inferida da imagem e das frases a
c) impedir que os bancos fossem à falência. seguinte informação:
d) permitir o empréstimo de mais dinheiro
e) preservar as economias das pessoas. a) a classe social mais alta está envolvida nos crimes
LÍNGUA PORTUGUESA

cometidos no Rio;
b) a tarefa da investigação criminal não está sendo bem-
Resposta: Letra D
feita;
Ao texto: (...) Com o tempo, os banqueiros se deram
c) a linguagem do personagem mostra intimidade com
conta de que ninguém estava interessado em trocar
o interlocutor;
dinheiro por ouro e criaram manobras, como a reserva
d) a presença do orelhão indica o atraso do local da charge;
fracional, para emprestar muito mais dinheiro do que e) as imagens dos tanques de guerra denunciam a
realmente tinham em ouro nos cofres. presença do Exército.

4
Resposta: Letra D política, familiar ou de gênero, ou a censura da fala e
do pensamento de determinados indivíduos e, ainda,
o desgaste causado pelas condições de trabalho e
condições econômicas”. A manchete jornalística abaixo
que NÃO se enquadra em nenhum tipo de violência
citado nesse segmento é:

a) Presa por mensagem racista na internet;


b) Vinte pessoas são vítimas da ditadura venezuelana;
NÃO pode ser inferida da imagem e das frases a c) Apanhou de policiais por destruir caixa eletrônico;
seguinte informação: d) Homossexuais são perseguidos e presos na Rússia;
Em “a”, a classe social mais alta está envolvida nos e) Quatro funcionários ficaram livres do trabalho escravo.
crimes cometidos no Rio = inferência correta
Em “b”, a tarefa da investigação criminal não está Resposta: Letra C
sendo bem-feita = inferência correta Em “a”: Presa por mensagem racista na internet =
Em “c”, a linguagem do personagem mostra intimidade
como a repressão política, familiar ou de gênero
com o interlocutor = inferência correta
Em “b”: Vinte pessoas são vítimas da ditadura
Em “d”, a presença do orelhão indica o atraso do local
venezuelana = como a repressão política, familiar ou
da charge = incorreta
de gênero
Em “e”, as imagens dos tanques de guerra denunciam
a presença do Exército = inferência correta Em “c”: Apanhou de policiais por destruir caixa
eletrônico = não consta na Manchete acima
6. (TJ-AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FGV-2018) Observe Em “d”: Homossexuais são perseguidos e presos na
a charge abaixo. Rússia = como a repressão política, familiar ou de
gênero
Em “e”: Quatro funcionários ficaram livres do trabalho
escravo = o desgaste causado pelas condições de
trabalho

8. (MPE-AL – ANALISTA DO MINISTÉRIO PÚBLICO –


ÁREA JURÍDICA – FGV-2018)

Oportunismo à Direita e à Esquerda


Numa democracia, é livre a expressão, estão garantidos
o direito de reunião e de greve, entre outros, obedecidas
leis e regras, lastreadas na Constituição. Em um regime
de liberdades, há sempre o risco de excessos, a serem
No caso da charge, a crítica feita à internet é: devidamente contidos e seus responsáveis, punidos,
conforme estabelecido na legislação.
a) a criação de uma dependência tecnológica excessiva; É o que precisa acontecer no rescaldo da greve dos
b) a falta de exercícios físicos nas crianças; caminhoneiros, concluídas as investigações, por exemplo,
c) o risco de contatos perigosos; da ajuda ilegal de patrões ao movimento, interessados em
d) o abandono dos estudos regulares; se beneficiar do barateamento do combustível.
e) a falta de contato entre membros da família. Sempre há, também, o oportunismo político-ideológico
para se aproveitar da crise. Inclusive, neste ano de
Resposta: Letra A eleição, com o objetivo de obter apoio a candidatos.
Em “a”: a criação de uma dependência tecnológica Não faltam, também, os arautos do quanto pior, melhor,
excessiva; para desgastar governantes e reforçar seus projetos de
Em “b”: a falta de exercícios físicos nas crianças; = poder, por mais delirantes que sejam. Também aqui vale
incorreto o que está delimitado pelo estado democrático de direito,
Em “c”: o risco de contatos perigosos; = incorreto defendido pelos diversos instrumentos institucionais de
Em “d”: o abandono dos estudos regulares; = incorreto que conta o Estado – Polícia, Justiça, Ministério Público,
Em “e”: a falta de contato entre membros da família. = Forças Armadas etc.
incorreto A greve atravessou vários sinais ao estrangular as vias de
LÍNGUA PORTUGUESA

Através da fala do garoto chegamos à resposta: suprimento que mantêm o sistema produtivo funcionando,
dependência tecnológica - expressa em sua fala. do qual depende a sobrevivência física da população. Isso
não pode ser esquecido e serve de alerta para que as
7. (Câmara de Salvador-BA – Assistente Legislativo autoridades desenvolvam planos de contingência.
Municipal – FGV-2018-adaptada) “Hoje, esse O Globo, 31/05/2018.
termo denota, além da agressão física, diversos tipos
de imposição sobre a vida civil, como a repressão

5
“É o que precisa acontecer no rescaldo da greve dos de ser, então, a temática principal. Não que ela vá ser
caminhoneiros, concluídas as investigações, por exemplo, esquecida ou abafada; ela pertence ao nosso dia a dia e
da ajuda ilegal de patrões ao movimento, interessados em temos consciência disso. Porém, o sentido do discurso,
se beneficiar do barateamento do combustível.” Segundo a ideologia que o alimenta, precisa impregná-lo de
esse parágrafo do texto, o que “precisa acontecer” é palavras e conceitos que anunciem os valores humanos
que decantam a paz, que lhe proclamam e promovem. A
a) manter-se o direito de livre expressão do pensamento. violência já é bastante denunciada, e quanto mais falamos
b) garantir-se o direito de reunião e de greve. dela, mais lembramos de sua existência em nosso meio
c) lastrear leis e regras na Constituição. social. É hora de começarmos a convocar a presença da
d) punirem-se os responsáveis por excessos.
paz em nós, entre nós, entre nações, entre povos.
e) concluírem-se as investigações sobre a greve.
Um dos primeiros passos nesse sentido refere-se à gestão
de conflitos. Ou seja, prevenir os conflitos potencialmente
Resposta: Letra D violentos e reconstruir a paz e a confiança entre pessoas
Em “a”: manter-se o direito de livre expressão do originárias de situação de guerra é um dos exemplos mais
pensamento. = incorreto comuns a serem considerados. Tal missão estende-se às
Em “b”: garantir-se o direito de reunião e de greve. = escolas, instituições públicas e outros locais de trabalho
incorreto por todo o mundo, bem como aos parlamentos e centros
Em “c”: lastrear leis e regras na Constituição. = incorreto de comunicação e associações.
Em “d”: punirem-se os responsáveis por excessos. Outro passo é tentar erradicar a pobreza e reduzir as
Em “e”: concluírem-se as investigações sobre a greve. desigualdades, lutando para atingir um desenvolvimento
= incorreto sustentado e o respeito pelos direitos humanos,
Ao texto: (...) há sempre o risco de excessos, a serem reforçando as instituições democráticas, promovendo
devidamente contidos e seus responsáveis, punidos, a liberdade de expressão, preservando a diversidade
conforme estabelecido na legislação. / É o que precisa cultural e o ambiente.
acontecer... = precisa acontecer a punição dos É, então, no entrelaçamento “paz — desenvolvimento
excessos. — direitos humanos — democracia” que podemos
vislumbrar a educação para a paz.
9. (PC-MA – DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL – Leila Dupret. Cultura de paz e ações sócio-educativas:
CESPE-2018) desafios para a escola contemporânea. In: Psicol. Esc.
Educ. (Impr.) v. 6, n.º 1. Campinas, jun./2002 (com
Texto CG1A1AAA adaptações).
A paz não pode ser garantida apenas pelos acordos
políticos, econômicos ou militares. Cada um de nós, De acordo com o texto CG1A1AAA, os elementos
independentemente de idade, sexo, estrato social, “gestão de conflitos” e “erradicar a pobreza” devem ser
crença religiosa etc. é chamado à criação de um mundo concebidos como
pacificado, um mundo sob a égide de uma cultura da a) obstáculos para a construção da cultura da paz.
paz.
b) dispensáveis para a construção da cultura da paz.
Mas, o que significa “cultura da paz”?
c) irrelevantes na construção da cultura da paz.
Construir uma cultura da paz envolve dotar as crianças
d) etapas para a construção da cultura da paz.
e os adultos da compreensão de princípios como
e) consequências da construção da cultura da paz.
liberdade, justiça, democracia, direitos humanos,
tolerância, igualdade e solidariedade. Implica uma
rejeição, individual e coletiva, da violência que tem Resposta: Letra D
sido percebida na sociedade, em seus mais variados Em “a”: obstáculos para a construção da cultura da paz.
contextos. A cultura da paz tem de procurar soluções que = incorreto
advenham de dentro da(s) sociedade(s), que não sejam Em “b”: dispensáveis para a construção da cultura da
impostas do exterior. paz. = incorreto
Cabe ressaltar que o conceito de paz pode ser abordado Em “c”: irrelevantes na construção da cultura da paz.
em sentido negativo, quando se traduz em um estado = incorreto
de não guerra, em ausência de conflito, em passividade Em “d”: etapas para a construção da cultura da paz.
e permissividade, sem dinamismo próprio; em síntese, Em “e”: consequências da construção da cultura da paz.
condenada a um vazio, a uma não existência palpável, = incorreto
difícil de se concretizar e de se precisar. Em sua concepção Ao texto: Um dos primeiros passos nesse sentido
positiva, a paz não é o contrário da guerra, mas a prática da refere-se à gestão de conflitos. (...) Outro passo é tentar
LÍNGUA PORTUGUESA

não violência para resolver conflitos, a prática do diálogo erradicar a pobreza e reduzir as desigualdades = etapas
na relação entre pessoas, a postura democrática frente à para construção da paz.
vida, que pressupõe a dinâmica da cooperação planejada
e o movimento constante da instalação de justiça.
Uma cultura de paz exige esforço para modificar o
pensamento e a ação das pessoas para que se promova
a paz. Falar de violência e de como ela nos assola deixa

6
10. (TJ-AL – ANALISTA JUDICIÁRIO – OFICIAL DE Resposta: Letra C
JUSTIÇA AVALIADOR – FGV-2018) Em “a”: a violência era comum no passado. = incorreto
Em “b”: as pessoas lutam contra a violência. = incorreto
Em “c”: a violência está banalizada.
Em “d”: o preço que pagou pela violência foi alto. =
incorreto
Infelizmente, a personagem revela que a violência está
banalizada, nem há mais “punições” para os agressivos.

12. (PM-SP - ASPIRANTE DA POLÍCIA MILITAR


[INTERIOR] – VUNESP-2017) Leia a charge.

(Pancho. www.gazetadopovo.com.br)

É correto associar o humor da charge ao fato de que


O humor da tira é conseguido através de uma quebra de
expectativa, que é: a) os personagens têm uma autoestima elevada e são
a) o fato de um adulto colecionar figurinhas; otimistas, mesmo vivendo em uma situação de
b) as figurinhas serem de temas sociais e não esportivos; completo confinamento.
c) a falta de muitas figurinhas no álbum; b) os dois personagens estão muito bem informados
d) a reclamação ser apresentada pelo pai e não pelo filho; sobre a economia, o que não condiz com a imagem
e) uma criança ajudar a um adulto e não o contrário. de criminosos.
c) o valor dos cosméticos afetará diretamente a vida dos
Resposta: Letra B
personagens, pois eles demonstram preocupação
Em “a”: o fato de um adulto colecionar figurinhas; =
com a aparência.
incorreto
d) o aumento dos preços de cosméticos não surpreende
Em “b”: as figurinhas serem de temas sociais e não
os personagens, que estão acostumados a pagar caro
esportivos;
Em “c”: a falta de muitas figurinhas no álbum; = por eles nos presídios.
incorreto e) os preços de cosméticos não deveriam ser relevantes
Em “d”: a reclamação ser apresentada pelo pai e não para os personagens, dada a condição em que se
pelo filho; = incorreto encontram.
Em “e”: uma criança ajudar a um adulto e não o
contrário. = incorreto Resposta: Letra E
O humor está no fato de o álbum ser sobre um tema Em “a”: os personagens têm uma autoestima elevada
incomum: assuntos sociais. e são otimistas, mesmo vivendo em uma situação de
completo confinamento. = incorreto
11. (PM-SP - SARGENTO DA POLÍCIA MILITAR – Em “b”: os dois personagens estão muito bem
VUNESP-2015) Leia a tira. informados sobre a economia, o que não condiz com a
imagem de criminosos. = incorreto
Em “c”: o valor dos cosméticos afetará diretamente a vida
dos personagens, pois eles demonstram preocupação
com a aparência. = incorreto
Em “d”: o aumento dos preços de cosméticos não
surpreende os personagens, que estão acostumados
LÍNGUA PORTUGUESA

a pagar caro por eles nos presídios. = incorreto


Em “e”: os preços de cosméticos não deveriam ser
(Folha de S.Paulo, 02.10.2015. Adaptado) relevantes para os personagens, dada a condição em
Com sua fala, a personagem revela que que se encontram.
a) a violência era comum no passado. Pela condição em que as personagens se encontram, o
b) as pessoas lutam contra a violência. aumento no preço dos cosméticos não os afeta.
c) a violência está banalizada.
d) o preço que pagou pela violência foi alto.

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13. (TJ-AL – ANALISTA JUDICIÁRIO – OFICIAL DE Comumente relatamos sobre um acontecimento, um
JUSTIÇA AVALIADOR – FGV-2018) fato presenciado ou ocorrido conosco, expomos nossa
opinião sobre determinado assunto, descrevemos algum
Texto 1 – Além do celular e da carteira, cuidado com lugar que visitamos, fazemos um retrato verbal sobre
as figurinhas da Copa alguém que acabamos de conhecer ou ver. É exatamente
Gilberto Porcidônio – O Globo, 12/04/2018 nessas situações corriqueiras que classificamos os
nossos textos naquela tradicional tipologia: Narração,
A febre do troca-troca de figurinhas pode estar atingindo Descrição e Dissertação.
uma temperatura muito alta. Preocupados que os mais
afoitos pelos cromos possam até roubá-los, muitos As tipologias textuais se caracterizam pelos
jornaleiros estão levando seus estoques para casa aspectos de ordem linguística
quando termina o expediente. Pode parecer piada, mas Os tipos textuais designam uma sequência definida
há até boatos sobre quadrilhas de roubo de figurinha pela natureza linguística de sua composição. São
espalhados por mensagens de celular. observados aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais,
relações logicas. Os tipos textuais são o narrativo,
Sobre a estrutura do título dado ao texto 1, a afirmativa descritivo, argumentativo/dissertativo, injuntivo e
adequada é: expositivo.
A) Textos narrativos – constituem-se de verbos de
a) as figurinhas da Copa passaram a ocupar o lugar do ação demarcados no tempo do universo narrado,
celular e da carteira nos roubos urbanos; como também de advérbios, como é o caso de an-
b) as figurinhas da Copa se somaram ao celular e à tes, agora, depois, entre outros: Ela entrava em seu
carteira como alvo de desejo dos assaltantes; carro quando ele apareceu. Depois de muita conver-
c) o alerta dado no título se dirige aos jornaleiros que sa, resolveram...
vendem as figurinhas da Copa; B) Textos descritivos – como o próprio nome indica,
d) os ladrões passaram a roubar as figurinhas da Copa descrevem características tanto físicas quanto psi-
nas bancas de jornais; cológicas acerca de um determinado indivíduo ou
e) as figurinhas da Copa se transformaram no alvo objeto. Os tempos verbais aparecem demarcados
principal dos ladrões. no presente ou no pretérito imperfeito: “Tinha os
cabelos mais negros como a asa da graúna...”
Resposta: Letra B C) Textos expositivos – Têm por finalidade explicar
Em “a”: as figurinhas da Copa passaram a ocupar o um assunto ou uma determinada situação que se
lugar do celular e da carteira nos roubos urbanos; = almeje desenvolvê-la, enfatizando acerca das ra-
incorreto zões de ela acontecer, como em: O cadastramento
Em “b”: as figurinhas da Copa se somaram ao celular e irá se prorrogar até o dia 02 de dezembro, portan-
à carteira como alvo de desejo dos assaltantes; to, não se esqueça de fazê-lo, sob pena de perder o
Em “c”: o alerta dado no título se dirige aos jornaleiros benefício.
que vendem as figurinhas da Copa; = incorreto D) Textos injuntivos (instrucional) – Trata-se de
Em “d”: os ladrões passaram a roubar as figurinhas da uma modalidade na qual as ações são prescritas de
Copa nas bancas de jornais; = incorreto forma sequencial, utilizando-se de verbos expres-
Em “e”: as figurinhas da Copa se transformaram no sos no imperativo, infinitivo ou futuro do presente:
alvo principal dos ladrões. = incorreto Misture todos os ingrediente e bata no liquidificador
O título do texto já nos dá a resposta: além do celular até criar uma massa homogênea.
e da carteira, ou seja, as figurinhas da Copa também E) Textos argumentativos (dissertativo) – Demar-
passaram a ser alvo dos assaltantes. cam-se pelo predomínio de operadores argumen-
tativos, revelados por uma carga ideológica cons-
tituída de argumentos e contra-argumentos que
TIPOLOGIA TEXTUAL justificam a posição assumida acerca de um deter-
minado assunto: A mulher do mundo contemporâ-
neo luta cada vez mais para conquistar seu espaço
TIPOLOGIA E GÊNERO TEXTUAL no mercado de trabalho, o que significa que os gê-
neros estão em complementação, não em disputa.
A todo o momento nos deparamos com vários textos,
sejam eles verbais ou não verbais. Em todos há a presença Gêneros Textuais
LÍNGUA PORTUGUESA

do discurso, isto é, a ideia intrínseca, a essência daquilo


que está sendo transmitido entre os interlocutores. Estes São os textos materializados que encontramos em
interlocutores são as peças principais em um diálogo ou nosso cotidiano; tais textos apresentam características
em um texto escrito. sócio-comunicativas definidas por seu estilo, função,
É de fundamental importância sabermos classificar composição, conteúdo e canal. Como exemplos, temos:
os textos com os quais travamos convivência no nosso receita culinária, e-mail, reportagem, monografia, poema,
dia a dia. Para isso, precisamos saber que existem tipos editorial, piada, debate, agenda, inquérito policial, fórum,
textuais e gêneros textuais. blog, etc.

8
A escolha de um determinado gênero discursivo
depende, em grande parte, da situação de produção, ORTOGRAFIA OFICIAL
ou seja, a finalidade do texto a ser produzido, quem são
os locutores e os interlocutores, o meio disponível para
veicular o texto, etc. ORTOGRAFIA
Os gêneros discursivos geralmente estão ligados a
esferas de circulação. Assim, na esfera jornalística, por A ortografia é a parte da Fonologia que trata da
exemplo, são comuns gêneros como notícias, reportagens, correta grafia das palavras. É ela quem ordena qual som
editoriais, entrevistas e outros; na esfera de divulgação devem ter as letras do alfabeto. Os vocábulos de uma
científica são comuns gêneros como verbete de dicionário língua são grafados segundo acordos ortográficos.
ou de enciclopédia, artigo ou ensaio científico, seminário, A maneira mais simples, prática e objetiva de aprender
conferência. ortografia é realizar muitos exercícios, ver as palavras,
familiarizando-se com elas. O conhecimento das regras
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS é necessário, mas não basta, pois há inúmeras exceções
e, em alguns casos, há necessidade de conhecimento de
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co- etimologia (origem da palavra).
char. Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed. Reform.
– São Paulo: Saraiva, 2010. Regras ortográficas
CAMPEDELLI, Samira Yousseff, SOUZA, Jésus Barbosa.
A) O fonema S
Português – Literatura, Produção de Textos & Gramática –
volume único – 3.ª ed. – São Paulo: Saraiva, 2002.
São escritas com S e não C/Ç
• Palavras substantivadas derivadas de verbos com
SITE
radicais em nd, rg, rt, pel, corr e sent: pretender
- pretensão / expandir - expansão / ascender -
Disponível em: <http://www.brasilescola.com/ ascensão / inverter - inversão / aspergir - aspersão /
redacao/tipologia-textual.htm> submergir - submersão / divertir - diversão / impelir
- impulsivo / compelir - compulsório / repelir -
repulsa / recorrer - recurso / discorrer - discurso /
EXERCÍCIO COMENTADO sentir - sensível / consentir – consensual.

São escritos com SS e não C e Ç


1. (TJ-DFT – CONHECIMENTOS BÁSICOS – TÉCNICO
• Nomes derivados dos verbos cujos radicais termi-
JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA – CESPE –
nem em gred, ced, prim ou com verbos termina-
2015)
dos por tir ou -meter: agredir - agressivo / imprimir
- impressão / admitir - admissão / ceder - cessão /
Ouro em Fios exceder - excesso / percutir - percussão / regredir
- regressão / oprimir - opressão / comprometer -
A natureza é capaz de produzir materiais preciosos, compromisso / submeter – submissão.
como o ouro e o cobre - condutor de ENERGIA ELÉTRICA. • Quando o prefixo termina com vogal que se junta
O ouro já é escasso. A energia elétrica caminha para isso. com a palavra iniciada por “s”. Exemplos: a + simé-
Enquanto cientistas e governos buscam novas fontes de trico - assimétrico / re + surgir – ressurgir.
energia sustentáveis, faça sua parte aqui no TJDFT: • No pretérito imperfeito simples do subjuntivo.
- Desligue as luzes nos ambientes onde é possível usar a Exemplos: ficasse, falasse.
iluminação natural.
- Feche as janelas ao ligar o ar-condicionado. São escritos com C ou Ç e não S e SS
- Sempre desligue os aparelhos elétricos ao sair do am- • Vocábulos de origem árabe: cetim, açucena, açúcar.
biente. • Vocábulos de origem tupi, africana ou exótica: cipó,
- Utilize o computador no modo espera. Juçara, caçula, cachaça, cacique.
Fique ligado! Evite desperdícios. • Sufixos aça, aço, ação, çar, ecer, iça, nça, uça, uçu,
Energia elétrica. uço: barcaça, ricaço, aguçar, empalidecer, carniça,
A natureza cobra o preço do desperdício. caniço, esperança, carapuça, dentuço.
Internet: <www.tjdft.jus.br> (com adaptações) • Nomes derivados do verbo ter: abster - abstenção /
deter - detenção / ater - atenção / reter – retenção.
LÍNGUA PORTUGUESA

Há no texto elementos característicos das tipologias ex- • Após ditongos: foice, coice, traição.
positiva e injuntiva. • Palavras derivadas de outras terminadas em -te,
to(r): marte - marciano / infrator - infração / ab-
( ) CERTO   ( ) ERRADO sorto – absorção.

Resposta: Certo. Texto injuntivo – ou instrucional – é


aquele que passa instruções ao leitor. O texto acima
apresenta tal característica.

9
B) O fonema z • Palavras de origem inglesa e espanhola: xampu,
lagartixa.
São escritos com S e não Z • Depois de ditongo: frouxo, feixe.
• Sufixos: ês, esa, esia, e isa, quando o radical • Depois de “en”: enxurrada, enxada, enxoval.
é substantivo, ou em gentílicos e títulos Exceção: quando a palavra de origem não derive de
nobiliárquicos: freguês, freguesa, freguesia, poetisa, outra iniciada com ch - Cheio - (enchente)
baronesa, princesa.
• Sufixos gregos: ase, ese, ise e ose: catequese, São escritas com CH e não X
metamorfose.
• Formas verbais pôr e querer: pôs, pus, quisera, quis,  Palavras de origem estrangeira: chave, chumbo,
quiseste. chassi, mochila, espadachim, chope, sanduíche, salsicha.
• Nomes derivados de verbos com radicais terminados
em “d”: aludir - alusão / decidir - decisão / E) As letras “e” e “i”
empreender - empresa / difundir – difusão.
• Diminutivos cujos radicais terminam com “s”: Luís - • Ditongos nasais são escritos com “e”: mãe, põem.
Luisinho / Rosa - Rosinha / lápis – lapisinho. Com “i”, só o ditongo interno cãibra.
• Após ditongos: coisa, pausa, pouso, causa. • Verbos que apresentam infinitivo em -oar, -uar
• Verbos derivados de nomes cujo radical termina são escritos com “e”: caçoe, perdoe, tumultue.
com “s”: anális(e) + ar - analisar / pesquis(a) + ar Escrevemos com “i”, os verbos com infinitivo em
– pesquisar. -air, -oer e -uir: trai, dói, possui, contribui.

São escritos com Z e não S Há palavras que mudam de sentido quando


• Sufixos “ez” e “eza” das palavras derivadas de adje- substituímos a grafia “e” pela grafia “i”: área (superfície),
tivo: macio - maciez / rico – riqueza / belo – beleza. ária (melodia) / delatar (denunciar), dilatar (expandir)
• Sufixos “izar” (desde que o radical da palavra de / emergir (vir à tona), imergir (mergulhar) / peão (de
origem não termine com s): final - finalizar / con- estância, que anda a pé), pião (brinquedo).
creto – concretizar. Se o dicionário ainda deixar dúvida quanto à
• Consoante de ligação se o radical não terminar com ortografia de uma palavra, há a possibilidade de consultar
“s”: pé + inho - pezinho / café + al - cafezal o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP),
Exceção: lápis + inho – lapisinho. elaborado pela Academia Brasileira de Letras. É uma obra
de referência até mesmo para a criação de dicionários,
C) O fonema j pois traz a grafia atualizada das palavras (sem o
significado). Na Internet, o endereço é www.academia.
São escritas com G e não J org.br.
• Palavras de origem grega ou árabe: tigela, girafa,
gesso. Informações importantes
• Estrangeirismo, cuja letra G é originária: sargento,
gim. Formas variantes são as que admitem grafias ou
• Terminações: agem, igem, ugem, ege, oge (com pronúncias diferentes para palavras com a mesma
poucas exceções): imagem, vertigem, penugem, significação: aluguel/aluguer, assobiar/assoviar, catorze/
bege, foge. quatorze, dependurar/pendurar, flecha/frecha, germe/
Exceção: pajem. gérmen, infarto/enfarte, louro/loiro, percentagem/
porcentagem, relampejar/relampear/relampar/
• Terminações: ágio, égio, ígio, ógio, ugio: sortilégio, relampadar.
litígio, relógio, refúgio. Os símbolos das unidades de medida são escritos
• Verbos terminados em ger/gir: emergir, eleger, fugir, sem ponto, com letra minúscula e sem “s” para indicar
mugir. plural, sem espaço entre o algarismo e o símbolo: 2kg,
• Depois da letra “r” com poucas exceções: emergir, 20km, 120km/h.
surgir. Exceção para litro (L): 2 L, 150 L.
• Depois da letra “a”, desde que não seja radical
terminado com j: ágil, agente.
São escritas com J e não G Na indicação de horas, minutos e segundos, não
• Palavras de origem latinas: jeito, majestade, hoje. deve haver espaço entre o algarismo e o símbolo: 14h,
• Palavras de origem árabe, africana ou exótica: jiboia, 22h30min, 14h23’34’’(= quatorze horas, vinte e três
manjerona. minutos e trinta e quatro segundos).
LÍNGUA PORTUGUESA

• Palavras terminadas com aje: ultraje. O símbolo do real antecede o número sem espaço:
R$1.000,00. No cifrão deve ser utilizada apenas uma
D) O fonema ch barra vertical ($).

São escritas com X e não CH


• Palavras de origem tupi, africana ou exótica:
abacaxi, xucro.

10
Alguns Usos Ortográficos Especiais 3. substantivo, podendo estar precedido de artigo ou
pronome = Há males que vêm pra bem! / O mal
POR QUE / POR QUÊ / PORQUÊ / PORQUE não compensa.

POR QUE (separado e sem acento) REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

É usado em: SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa


1. interrogações diretas (longe do ponto de Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
interrogação) = Por que você não veio ontem? CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza
2. interrogações indiretas, nas quais o “que” equivale Cochar - Português linguagens: volume 1. – 7.ª ed. Reform.
a “qual razão” ou “qual motivo” = Perguntei-lhe por – São Paulo: Saraiva, 2010.
que faltara à aula ontem.
AMARAL, Emília... [et al.] Português: novas palavras:
3. equivalências a “pelo(a) qual” / “pelos(as) quais” =
literatura, gramática, redação. – São Paulo: FTD, 2000.
Ignoro o motivo por que ele se demitiu.
CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura,
POR QUÊ (separado e com acento) Produção de Textos & Gramática. Volume único / Samira
Yousseff, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição – São Paulo:
Usos: Saraiva, 2002.
1. como pronome interrogativo, quando colocado no
fim da frase (perto do ponto de interrogação) = SITE
Você faltou. Por quê?
2. quando isolado, em uma frase interrogativa = Por Disponível em: <http://www.pciconcursos.com.br/
quê? aulas/portugues/ortografia>

PORQUE (uma só palavra, sem acento gráfico) Hífen

Usos: O hífen é um sinal diacrítico (que distingue) usado


1. como conjunção coordenativa explicativa (equivale para ligar os elementos de palavras compostas (como ex-
a “pois”, “porquanto”), precedida de pausa na presidente, por exemplo) e para unir pronomes átonos
escrita (pode ser vírgula, ponto-e-vírgula e até a verbos (ofereceram-me; vê-lo-ei). Serve igualmente
ponto final) = Compre agora, porque há poucas para fazer a translineação de palavras, isto é, no fim de
peças. uma linha, separar uma palavra em duas partes (ca-/sa;
2. como conjunção subordinativa causal, substituível
compa-/nheiro).
por “pela causa”, “razão de que” = Você perdeu
porque se antecipou.
A) Uso do hífen que continua depois da Reforma
PORQUÊ (uma só palavra, com acento gráfico) Ortográfica:
1. Em palavras compostas por justaposição que for-
Usos: mam uma unidade semântica, ou seja, nos termos
1. como substantivo, com o sentido de “causa”, que se unem para formam um novo significado:
“razão” ou “motivo”, admitindo pluralização tio-avô, porto-alegrense, luso-brasileiro, tenente-
(porquês). Geralmente é precedido por artigo = -coronel, segunda-feira, conta-gotas, guarda-chuva,
Não sei o porquê da discussão. É uma pessoa cheia arco-íris, primeiro-ministro, azul-escuro.
de porquês. 2. Em palavras compostas por espécies botânicas e
zoológicas: couve-flor, bem-te-vi, bem-me-quer,
ONDE / AONDE abóbora-menina, erva-doce, feijão-verde.
3. Nos compostos com elementos além, aquém, re-
Onde = empregado com verbos que não expressam cém e sem: além-mar, recém-nascido, sem-núme-
a ideia de movimento = Onde você está? ro, recém-casado.
4. No geral, as locuções não possuem hífen, mas al-
Aonde = equivale a “para onde”. É usado com verbos gumas exceções continuam por já estarem con-
que expressam movimento = Aonde você vai? sagradas pelo uso: cor-de-rosa, arco-da-velha,
mais-que-perfeito, pé-de-meia, água-de-colônia,
queima-roupa, deus-dará.
MAU / MAL
5. Nos encadeamentos de vocábulos, como: ponte
Rio-Niterói, percurso Lisboa-Coimbra-Porto e nas
Mau = é um adjetivo, antônimo de “bom”. Usa-se
combinações históricas ou ocasionais: Áustria-
LÍNGUA PORTUGUESA

como qualificação = O mau tempo passou. / Ele é um


mau elemento. -Hungria, Angola-Brasil, etc.
6. Nas formações com os prefixos hiper-, inter- e su-
Mal = pode ser usado como per- quando associados com outro termo que é
1. conjunção temporal, equivalente a “assim que”, iniciado por “r”: hiper-resistente, inter-racial, super-
“logo que”, “quando” = Mal se levantou, já saiu. -racional, etc.
2. advérbio de modo (antônimo de “bem”) = Você foi 7. Nas formações com os prefixos ex-, vice-: ex-di-
mal na prova? retor, ex-presidente, vice-governador, vice-prefeito.

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8. Nas formações com os prefixos pós-, pré- e pró-: pré- Escreveremos sem hífen: pôr do sol, antirreforma,
-natal, pré-escolar, pró-europeu, pós-graduação, etc. antisséptico, antissocial, contrarreforma, minirrestaurante,
9. Na ênclise e mesóclise: amá-lo, deixá-lo, dá-se, ultrassom, antiaderente, anteprojeto, anticaspa, antivírus,
abraça-o, lança-o e amá-lo-ei, falar-lhe-ei, etc. autoajuda, autoelogio, autoestima, radiotáxi.
10. Nas formações em que o prefixo tem como se-
gundo termo uma palavra iniciada por “h”: sub-he- REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
pático, geo-história, neo-helênico, extra-humano,
semi-hospitalar, super-homem. SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
11. Nas formações em que o prefixo ou pseudopre- Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
fixo termina com a mesma vogal do segundo ele-
mento: micro-ondas, eletro-ótica, semi-interno, au- SITE
to-observação, etc.
Disponível em: <http://www.pciconcursos.com.br/
O hífen é suprimido quando para formar outros aulas/portugues/ortografia>
termos: reaver, inábil, desumano, lobisomem, reabilitar.

#FicaDica EXERCÍCIOS COMENTADOS


Ao separar palavras na translineação 1. (EBSERH – TÉCNICO EM FARMÁCIA- AOCP-2015)
(mudança de linha), caso a última palavra a Assinale a alternativa em que as palavras estão grafadas
ser escrita seja formada por hífen, repita-o corretamente.
na próxima linha. Exemplo: escreverei anti-
inflamatório e, ao final, coube apenas “anti-”. a) Extrovertido – extroverção.
Na próxima linha escreverei: “-inflamatório” b) Disponível – disponibilisar.
(hífen em ambas as linhas). Devido à c) Determinado – determinassão.
diagramação, pode ser que a repetição do d) Existir – existência.
hífen na translineação não ocorra em meus e) Característica – caracterizasão.
conteúdos, mas saiba que a regra é esta!
Resposta: Letra D
Em “a”: Extrovertido / extroverção = extroversão
B) Não se emprega o hífen: Em “b”: Disponível / disponibilisar = disponibilizar
1. Nas formações em que o prefixo ou falso prefixo Em “c”: Determinado / determinassão = determinação
termina em vogal e o segundo termo inicia-se em Em “d”: Existir / existência = corretas
“r” ou “s”. Nesse caso, passa-se a duplicar estas Em “e”: Característica / caracterizasão = caracterização
consoantes: antirreligioso, contrarregra, infrassom,
microssistema, minissaia, microrradiografia, etc. 2. (LIQUIGÁS – MOTORISTA DE CAMINHÃO GRANEL
2. Nas constituições em que o prefixo ou pseudoprefixo I – CESGRANRIO-2018) O termo destacado está grafado
termina em vogal e o segundo termo inicia-se com de acordo com as exigências da norma-padrão da língua
vogal diferente: antiaéreo, extraescolar, coeducação, portuguesa em:
autoestrada, autoaprendizagem, hidroelétrico,
plurianual, autoescola, infraestrutura, etc. a) O estagiário foi mal treinado, por isso não
3. Nas formações, em geral, que contêm os prefixos desempenhava satisfatoriamente as tarefas solicitadas
“dês” e “in” e o segundo elemento perdeu o “h” pelos seus superiores.
inicial: desumano, inábil, desabilitar, etc. b) O time não jogou mau no último campeonato,
4. Nas formações com o prefixo “co”, mesmo quando apesar de enfrentar alguns problemas com jogadores
o segundo elemento começar com “o”: cooperação, descontrolados.
coobrigação, coordenar, coocupante, coautor, c) O menino não era mal aluno, somente tinha dificuldade
coedição, coexistir, etc. em assimilar conceitos mais complexos sobre os temas
5. Em certas palavras que, com o uso, adquiriram expostos.
noção de composição: pontapé, girassol, d) Os funcionários perceberam que o chefe estava de
paraquedas, paraquedista, etc. mal humor porque tinha sofrido um acidente de carro
6. Em alguns compostos com o advérbio “bem”: na véspera.
benfeito, benquerer, benquerido, etc. e) Os participantes compreendiam mau o que estava
sendo discutido, por isso não conseguiam formular
LÍNGUA PORTUGUESA

Os prefixos pós, pré e pró, em suas formas perguntas.


correspondentes átonas, aglutinam-se com o elemento
seguinte, não havendo hífen: pospor, predeterminar, Resposta: Letra A
predeterminado, pressuposto, propor. Mal = advérbio (antônimo de “bem”) / mau = adjetivo
Escreveremos com hífen: anti-horário, anti-infeccioso, (antônimo de “bom”). Para saber quando utilizar um
auto-observação, contra-ataque, semi-interno, sobre- ou outro, a dica é substituir por seu antônimo. Se a
humano, super-realista, alto-mar. frase ficar coerente, saberemos qual dos dois deve ser

12
utilizado. Por exemplo: Cigarro faz mal/mau à saúde Em “c”: Não obstante, foi ele talvez o único a
= Cigarro faz bem à saúde. A frase ficou coerente – demonstrar fé, entusiasmo e coragem na aventura de
embora errada em termos de saúde! Então, a maneira 89 = correta
correta é “Cigarro faz mal à saúde”. Em “d”: A verdade é que Gonzaga, Cláudio Manuel da
Vamos aos itens: Costa, Alvarenga eram homens requintados, letrados,
Em “a”: O estagiário foi mal (bem) treinado = correta a quem a vida corria fácil, ao passo que o alferes
Em “b”: O time não jogou mau (bem)no último sempre lutara pela subsistência = correta
campeonato = mal Em “e”: Com coragem, serenidade e lucidez, até o fim,
Em “c”: O menino não era mal (bom) aluno = mau enfrentou a pena última = correta
Em “d”: Os funcionários perceberam que o chefe
estava de mal (bom) humor = mau 5. (TJ-MG – OFICIAL JUDICIÁRIO – COMISSÁRIO DA
Em “e”: Os participantes compreendiam mau (bem) o INFÂNCIA E DA JUVENTUDE – CONSULPLAN-2017)
que estava sendo discutido = mal Estabeleça a associação correta entre a 1.ª coluna e a 2.ª
considerando o emprego do por que / porque.
3. (TRANSPETRO – TÉCNICO AMBIENTAL JÚNIOR –
CESGRANRIO-2018) Obedecem às regras ortográficas (1) “Muitas pessoas se perguntam por que há tão poucas
da língua portuguesa as palavras mulheres [...].”
(2) “Misoginia é o ódio contra as mulheres apenas porque
a) admissão, paralisação, impasse são mulheres.”
b) bambusal, autorização, inspiração
c) consessão, extresse, enxaqueca ( ) Faltei _____________ você estava doente.
d) banalisação, reexame, desenlace ( ) Todos sabem _____________ não poderei estar presente.
e) desorganisação, abstração, cassação ( ) Não se sabe ____________realizou tal procedimento.
( ) Este ponto de vista é _________não há manifestação de
Resposta: Letra A outro pensamento.
Em “a”: admissão / paralisação / impasse = corretas
Em “b”: bambusal = bambuzal / autorização / A sequência está correta em:
inspiração a) 1, 1, 1, 2
Em “c”: consessão = concessão / extresse = estresse / b) 1, 2, 1, 2
enxaqueca c) 2, 1, 1, 2
Em “d”: banalisação = banalização / reexame / d) 2, 2, 2, 1
desenlace
Em “e”: desorganisação = desorganização / abstração Resposta: Letra C
/ cassação Faltei porque você estava doente. = conjunção causal
Todos sabem por que não poderei estar presente. = dá
4. (MPU – ANALISTA – ÁREA ADMINISTRATIVA – para substituir por “a causa pela qual”
ESAF-2004-ADAPTADA) Na questão abaixo, baseada Não se sabe por que realizou tal procedimento. =
em Manuel Bandeira, escolha o segmento do texto que substituir por “a causa”
não está isento de erros gramaticais e de ortografia, Este ponto de vista é porque não há manifestação de
considerando-se a ortodoxia gramatical. outro pensamento. = conjunção causal
Teremos: 2, 1, 1, 2
a) Descoberta a conspiração, enquanto os outros não
procuravam outra coisa se não salvar-se, ele revelou 6. (TJ-SC – TÉCNICO JUDICIÁRIO AUXILIAR – FGV-
a mais heróica força de ânimo, chamando a si toda a 2018) “Um dia, o cercaram e lhe perguntaram porque ele
culpa. só usava meias vermelhas”. Nesse segmento do texto 1
b) Antes de alistar-se na tropa paga, vivera da profissão há um erro gramatical, que é:
que lhe valera o apelido.
c) Não obstante, foi ele talvez o único a demonstrar fé, a) empregar-se “o cercaram” em lugar de “lhe cercaram”;
entusiasmo e coragem na aventura de 89. b) haver vírgula após a expressão “Um dia”;
d) A verdade é que Gonzaga, Cláudio Manuel da Costa, c) usar-se “lhe perguntaram” em lugar de “o perguntaram”;
Alvarenga eram homens requintados, letrados, a d) grafar-se “porque” em vez de “por que”;
quem a vida corria fácil, ao passo que o alferes sempre e) escrever-se “só usava” em lugar de “usava só”.
lutara pela subsistência. Resposta: Letra D
e) Com coragem, serenidade e lucidez, até o fim, “Um dia, o cercaram e lhe perguntaram porque ele só
enfrentou a pena última. usava meias vermelhas”
LÍNGUA PORTUGUESA

Em “a”: empregar-se “o cercaram” em lugar de “lhe


Resposta: Letra A cercaram”; = está correto, pois o “o” funciona como
Em “a”: Descoberta a conspiração, enquanto os outros objeto direto (sem preposição)
não procuravam outra coisa se não salvar-se (senão se Em “b”: haver vírgula após a expressão “Um dia”; = está
salvar) , ele revelou a mais heróica (heroica) força de correto, pois separa o advérbio no início do período
ânimo, chamando a si toda a culpa. Em “c”: usar-se “lhe perguntaram” em lugar de “o
Em “b”: Antes de alistar-se na tropa paga, vivera da perguntaram”; = está correto (o “lhe” é objeto indireto
profissão que lhe valera o apelido = correta – perguntaram o que a quem)

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Em “d”: grafar-se “porque” em vez de “por que”; do plural(s): Pará – café(s) – cipó(s) – Belém.
Em “e”: escrever-se “só usava” em lugar de “usava só”. Esta regra também é aplicada aos seguintes casos:
= correto, pois se invertermos haverá mudança de Monossílabos tônicos terminados em “a”, “e”, “o”,
sentido (ele usava só meias, nenhuma outra peça de seguidos ou não de “s”: pá – pé – dó – há
roupa). Formas verbais terminadas em “a”, “e”, “o” tônicos,
A incorreção está no uso de “porque” no lugar de “por seguidas de lo, la, los, las: respeitá-lo, recebê-lo, compô-lo
que”, já que se trata de uma pergunta indireta.
B) Paroxítonas: acentuam-se as palavras paroxítonas
terminadas em:
ACENTUAÇÃO GRÁFICA i, is: táxi – lápis – júri
us, um, uns: vírus – álbuns – fórum
l, n, r, x, ps: automóvel – elétron - cadáver – tórax –
Quanto à acentuação, observamos que algumas fórceps
palavras têm acento gráfico e outras não; na pronúncia, ã, ãs, ão, ãos: ímã – ímãs – órfão – órgãos
ora se dá maior intensidade sonora a uma sílaba, ora a ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido ou
outra. Por isso, vamos às regras! não de “s”: água – pônei – mágoa – memória

Regras básicas #FicaDica


A acentuação tônica está relacionada à intensidade Memorize a palavra LINURXÃO. Repare que
com que são pronunciadas as sílabas das palavras. esta palavra apresenta as terminações das
Aquela que se dá de forma mais acentuada, conceitua-se paroxítonas que são acentuadas: L, I N, U
como sílaba tônica. As demais, como são pronunciadas (aqui inclua UM = fórum), R, X, Ã, ÃO.
com menos intensidade, são denominadas de átonas. Assim ficará mais fácil a memorização!
De acordo com a tonicidade, as palavras são
classificadas como:
Oxítonas – São aquelas cuja sílaba tônica recai sobre C) Proparoxítona: a palavra é proparoxítona
a última sílaba: café – coração – Belém – atum – caju – quando a sua antepenúltima sílaba é tônica
papel (mais forte). Quanto à regra de acentuação:
Paroxítonas – a sílaba tônica recai na penúltima todas as proparoxítonas são acentuadas,
sílaba: útil – tórax – táxi – leque – sapato – passível independentemente de sua terminação: árvore,
Proparoxítonas - a sílaba tônica está na antepenúltima paralelepípedo, cárcere.
sílaba: lâmpada – câmara – tímpano – médico – ônibus
Regras especiais
Há vocábulos que possuem uma sílaba somente: são
os chamados monossílabos. Estes são acentuados quando Os ditongos de pronúncia aberta “ei”, “oi” (ditongos
tônicos e terminados em “a”, “e” ou “o”: vá – fé – pó - ré. abertos), que antes eram acentuados, perderam o acento
de acordo com a nova regra, mas desde que estejam em
Os acentos palavras paroxítonas.

A) acento agudo (´) – Colocado sobre as letras “a”


FIQUE ATENTO!
e “i”, “u” e “e” do grupo “em” - indica que estas
letras representam as vogais tônicas de palavras Se os ditongos abertos estiverem em uma
como pá, caí, público. Sobre as letras “e” e “o” indi- palavra oxítona (herói) ou monossílaba
ca, além da tonicidade, timbre aberto: herói – céu (céu) ainda são acentuados: dói, escarcéu.
(ditongos abertos).
B) acento circunflexo (^) – colocado sobre as letras
“a”, “e” e “o” indica, além da tonicidade, timbre Antes Agora
fechado: tâmara – Atlântico – pêsames – supôs .
assembléia assembleia
C) acento grave (`) – indica a fusão da preposição “a”
com artigos e pronomes: à – às – àquelas – àqueles idéia ideia
D) trema ( ¨ ) – De acordo com a nova regra, foi to- geléia geleia
talmente abolido das palavras. Há uma exceção: é
utilizado em palavras derivadas de nomes próprios jibóia jiboia
estrangeiros: mülleriano (de Müller) apóia (verbo apoiar) apoia
LÍNGUA PORTUGUESA

E) til (~) – indica que as letras “a” e “o” representam paranóico paranoico
vogais nasais: oração – melão – órgão – ímã
Acento Diferencial
Regras fundamentais
Representam os acentos gráficos que, pelas regras
A) Palavras oxítonas:acentuam-se todas as oxítonas de acentuação, não se justificariam, mas são utilizados
terminadas em: “a”, “e”, “o”, “em”, seguidas ou não para diferenciar classes gramaticais entre determinadas

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palavras e/ou tempos verbais. Por exemplo: Pôr (verbo) X
por (preposição) / pôde (pretérito perfeito do Indicativo do #FicaDica
verbo “poder”) X pode (presente do Indicativo do mesmo
verbo). Memorize a palavra CREDELEVÊ. São os
Se analisarmos o “pôr” - pela regra das monossílabas: verbos que, no plural, dobram o “e”, mas
terminada em “o” seguida de “r” não deve ser acentuada, que não recebem mais acento como antes:
mas nesse caso, devido ao acento diferencial, acentua-se, CRER, DAR, LER e VER.
para que saibamos se se trata de um verbo ou preposição. Repare:
Os demais casos de acento diferencial não são O menino crê em você. / Os meninos creem
mais utilizados: para (verbo), para (preposição), pelo em você.
(substantivo), pelo (preposição). Seus significados e Elza lê bem! / Todas leem bem!
classes gramaticais são definidos pelo contexto. Espero que ele dê o recado à sala. / Esperamos
Polícia para o trânsito para que se realize a operação que os garotos deem o recado!
planejada. = o primeiro “para” é verbo; o segundo, Rubens vê tudo! / Eles veem tudo!
conjunção (com relação de finalidade). Cuidado! Há o verbo vir: Ele vem à tarde! /
Eles vêm à tarde!

#FicaDica
As formas verbais que possuíam o acento tônico na
Quando, na frase, der para substituir o “por”
raiz, com “u” tônico precedido de “g” ou “q” e seguido de
por “colocar”, estaremos trabalhando com
“e” ou “i” não serão mais acentuadas:
um verbo, portanto: “pôr”; nos demais casos,
“por” é preposição: Faço isso por você. /
Posso pôr (colocar) meus livros aqui? Antes Agora
apazigúe (apaziguar) apazigue
averigúe (averiguar) averigue
Regra do Hiato
argúi (arguir) argui
Quando a vogal do hiato for “i” ou “u” tônicos,
segunda vogal do hiato, acompanhado ou não de “s”, Acentuam-se os verbos pertencentes a terceira
haverá acento: saída – faísca – baú – país – Luís pessoa do plural de: ele tem – eles têm / ele vem – eles
Não se acentuam o “i” e o “u” que formam hiato vêm (verbo vir). A regra prevalece também para os verbos
quando seguidos, na mesma sílaba, de l, m, n, r ou z: conter, obter, reter, deter, abster: ele contém – eles contêm,
Ra-ul, Lu-iz, sa-ir, ju-iz ele obtém – eles obtêm, ele retém – eles retêm, ele convém
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se – eles convêm.
estiverem seguidas do dígrafo nh: ra-i-nha, ven-to-i-nha.
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
vierem precedidas de vogal idêntica: xi-i-ta, pa-ra-cu-u-
ba SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Não serão mais acentuados “i” e “u” tônicos, Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
formando hiato quando vierem depois de ditongo (nas CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza
paroxítonas): Cochar - Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed. Reform.
– São Paulo: Saraiva, 2010.
Antes Agora
SITE
bocaiúva bocaiuva
feiúra feiura Disponível em: <http://www.brasilescola.com/
gramatica/acentuacao.htm>
Sauípe Sauipe

O acento pertencente aos encontros “oo” e “ee” foi


abolido: EXERCÍCIOS COMENTADOS

Antes Agora 1. (BANPARÁ – TÉCNICO BANCÁRIO – EXATUS-2015)


Assinale a alternativa em que a palavra é acentuada pela
crêem creem
LÍNGUA PORTUGUESA

mesma razão que “Bíblia”:


lêem leem
vôo voo a) íris.
b) estórias.
enjôo enjoo c) queríamos.
d) aí.
e) páginas.

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Resposta: Letra B Resposta: Letra D
“Bíblia” = esta é acentuada por ser uma paroxítona Em “a”: Todo escritor de novela tem = singular (não
terminada em ditongo. acentuado)
Em “a”, íris = paroxítona terminada em i(s) Em “b”: Os telespectadores veem = correta - plural
Em “b”, estórias = paroxítona terminada em ditongo dobra o “e” (perdeu o acento com o Acordo)
Em “c”, queríamos = proparoxítona Em “c”: Alguns novelistas gostam de superpor =
Em “d”, aí = regra do hiato correta
Em “e”, páginas = proparoxítona
Em “d”: Para decorar o texto antes de gravar, cada ator
2. (BANPARÁ – TÉCNICO BANCÁRIO – FADESP-2018) rele = relê (oxítona)
A sequência de palavras cujos acentos são empregados Em “e”: Alguns atores de novela constroem = correta
pelo mesmo motivo é
5. (TJ-SP - ANALISTA EM COMUNICAÇÃO E
a) público, função, dói. PROCESSAMENTO DE DADOS JUDICIÁRIO –
b) burocráticos, próximo, século. VUNESP/2012) Seguem a mesma regra de acentuação
c) será, aí, é, está. gráfica relativa às palavras paroxítonas:
d) glória, exercício, publicação.
e) hábito, bancário, poética. a) probatório; condenatório; crédito.
b) máquina; denúncia; ilícita.
Resposta: Letra B c) denúncia; funcionário; improcedência.
Em “a”, público = proparoxítona / função = o til tem d) máquina; improcedência; probatório.
função de nasalizar (indicar som fechado) / dói =
e) condenatório; funcionário; frágil.
monossílabo formado por ditongo aberto
Em “b”, burocráticos = proparoxítona / próximo =
proparoxítona / século = proparoxítona Resposta: Letra C
Em “c”, será = oxítona terminada em ‘a” / aí = regra do Vamos a elas:
hiato / é = (verbo) monossílabo tônico terminado em Em “a”: probatório = paroxítona terminada em ditongo
“e” / está = (verbo) oxítona terminada em “a” / condenatório = paroxítona terminada em ditongo /
Em “d”, glória = paroxítona terminada em ditongo crédito = proparoxítona.
/ exercício = paroxítona terminada em ditongo / Em “b”: máquina = proparoxítona / denúncia
publicação = o til indica nasalização (som fechado) = paroxítona terminada em ditongo / ilícita =
Em “e”, hábito = (substantivo) proparoxítona / proparoxítona.
bancário = paroxítona terminada em ditongo / poética Em “c”: Denúncia = paroxítona terminada em ditongo
= proparoxítona / funcionário = paroxítona terminada em ditongo /
improcedência = paroxítona terminada em ditongo
3. (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – NÍVEL SUPERIOR – Em “d”: máquina = proparoxítona / improcedência
CONHECIMENTOS BÁSICOS – CESPE-2014) O emprego
= paroxítona terminada em ditongo / probatório =
do acento gráfico nas palavras “metálica”, “acúmulo”
e “imóveis” justifica-se com base na mesma regra de paroxítona terminada em ditongo
acentuação. Em “e”: condenatório = paroxítona terminada em
ditongo / funcionário = = paroxítona terminada em
( ) CERTO ( ) ERRADO ditongo / Frágil = paroxítona terminada em “l”

Resposta: Errado 6. (TJ-AC – TÉCNICO EM MICROINFORMÁTICA


O emprego do acento gráfico nas palavras “metálica”, - CESPE/2012) As palavras “conteúdo”, “calúnia” e
“acúmulo” e “imóveis” justifica-se com base na mesma “injúria” são acentuadas de acordo com a mesma regra
regra de acentuação. de acentuação gráfica.
metálica = proparoxítona / acúmulo = proparoxítona /
imóveis = paroxítona terminada em ditongo ( ) CERTO ( ) ERRADO
Resposta: Errado
4. (LIQUIGÁS – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO –
“Conteúdo” = regra do hiato / calúnia = paroxítona
CESGRANRIO-2018) A palavra que precisa ser acentuada
terminada em ditongo / injúria = paroxítona terminada
graficamente para estar correta quanto às normas em
vigor está destacada na seguinte frase: em ditongo.

a) Todo escritor de novela tem o desejo de criar um 7. (TRE-AP - TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2011) Entre
personagem inesquecível. as frases que seguem, a única correta é:
LÍNGUA PORTUGUESA

b) Os telespectadores veem as novelas como um espelho


da realidade. a) Ele se esqueceu de que?
c) Alguns novelistas gostam de superpor temas sociais b) Era tão ruím aquele texto, que não deu para distribui-
com temas políticos. lo entre os presentes.
d) Para decorar o texto antes de gravar, cada ator rele c) Embora devessemos, não fomos excessivos nas críticas.
sua fala várias vezes. d) O juíz nunca negou-se a atender às reivindicações dos
e) Alguns atores de novela constroem seus personagens funcionários.
fazendo pesquisa. e) Não sei por que ele mereceria minha consideração.

16
Resposta: Letra E C.1 Desinências nominais: indicam o gênero e o
Em “a”: Ele se esqueceu de que? = quê? número dos nomes. Para a indicação de gênero,
Em “b”: Era tão ruím (ruim) aquele texto, que não deu o português costuma opor as desinências -o/-a:
para distribui-lo (distribuí-lo) entre os presentes. garoto/garota; menino/menina. Para a indicação
Em “c”: Embora devêssemos (devêssemos), não fomos de número, costuma-se utilizar o morfema –s,
excessivos nas críticas. que indica o plural em oposição à ausência de
Em “d”: O juíz (juiz) nunca (se) negou a atender às morfema, que indica o singular: garoto/garotos;
reivindicações dos funcionários. garota/garotas; menino/meninos; menina/meninas.
Em “e”: Não sei por que ele mereceria minha No caso dos nomes terminados em –r e –z, a
consideração. desinência de plural assume a forma -es: mar/
mares; revólver/revólveres; cruz/cruzes.
C.2 Desinências verbais: em nossa língua, as
desinências verbais pertencem a dois tipos
EMPREGO DAS CLASSES DE PALAVRAS distintos. Há desinências que indicam o modo e
o tempo (desinências modo-temporais) e outras
que indicam o número e a pessoa dos verbos
ESTRUTURA DAS PALAVRAS (desinência número-pessoais):

As palavras podem ser analisadas sob o ponto de vista cant-á-va-mos:


de sua estrutura significativa. Para isso, nós as dividimos cant: radical / -á-: vogal temática / -va-: desinência
em seus menores elementos (partes) possuidores de modo-temporal (caracteriza o pretérito imperfeito do
sentido. A palavra inexplicável, por exemplo, é constituída indicativo) / -mos: desinência número-pessoal (caracteriza
por três elementos significativos: a primeira pessoa do plural)
In = elemento indicador de negação
Explic – elemento que contém o significado básico da cant-á-sse-is:
palavra cant: radical / -á-: vogal temática / -sse-:desinência
Ável = elemento indicador de possibilidade modo-temporal (caracteriza o pretérito imperfeito do
subjuntivo) / -is: desinência número-pessoal (caracteriza
Estes elementos formadores da palavra recebem o a segunda pessoa do plural)
nome de morfemas. Através da união das informações
contidas nos três morfemas de inexplicável, pode-se D) Vogal temática
entender o significado pleno dessa palavra: “aquilo que Entre o radical cant- e as desinências verbais, surge
não tem possibilidade de ser explicado, que não é possível sempre o morfema –a. Este morfema, que liga o
tornar claro”. radical às desinências, é chamado de vogal temá-
Morfemas = são as menores unidades significativas tica. Sua função é ligar-se ao radical, constituindo
que, reunidas, formam as palavras, dando-lhes sentido. o chamado tema. É ao tema (radical + vogal temá-
Classificação dos morfemas tica) que se acrescentam as desinências. Tanto os
verbos como os nomes apresentam vogais temá-
A) Radical, lexema ou semantema – é o elemento ticas. No caso dos verbos, a vogal temática indica
portador de significado. É através do radical que as conjugações: -a (da 1.ª conjugação = cantar), -e
podemos formar outras palavras comuns a um (da 2.ª conjugação = escrever) e –i (3.ª conjugação
grupo de palavras da mesma família. Exemplo: = partir).
pequeno, pequenininho, pequenez. O conjunto de
palavras que se agrupam em torno de um mesmo D.1 Vogais temáticas nominais: São -a, -e, e -o,
radical denomina-se família de palavras. quando átonas finais, como em mesa, artista, per-
B) Afixos – elementos que se juntam ao radical antes da, escola, base, combate. Nestes casos, não pode-
(os prefixos) ou depois (sufixos) dele. Exemplo: ríamos pensar que essas terminações são desinên-
beleza (sufixo), prever (prefixo), infiel (prefixo). cias indicadoras de gênero, pois mesa e escola, por
C) Desinências - Quando se conjuga o verbo amar, exemplo, não sofrem esse tipo de flexão. É a estas
obtêm-se formas como amava, amavas, amava, vogais temáticas que se liga a desinência indica-
amávamos, amáveis, amavam. Estas modificações dora de plural: mesa-s, escola-s, perda-s. Os nomes
ocorrem à medida que o verbo vai sendo flexio- terminados em vogais tônicas (sofá, café, cipó, ca-
nado em número (singular e plural) e pessoa (pri- qui, por exemplo) não apresentam vogal temática.
LÍNGUA PORTUGUESA

meira, segunda ou terceira). Também ocorrem se


modificarmos o tempo e o modo do verbo (ama- D.2 Vogais temáticas verbais: São -a, -e e -i, que
va, amara, amasse, por exemplo). Assim, podemos caracterizam três grupos de verbos a que se dá o
concluir que existem morfemas que indicam as fle- nome de conjugações. Assim, os verbos cuja vogal
xões das palavras. Estes morfemas sempre surgem temática é -a pertencem à primeira conjugação;
no fim das palavras variáveis e recebem o nome de aqueles cuja vogal temática é -e pertencem à se-
desinências. Há desinências nominais e desinên- gunda conjugação e os que têm vogal temática -i
cias verbais. pertencem à terceira conjugação.

17
E) Interfixos janta (substantivo) - deriva de jantar (verbo) / pesca
São os elementos (vogais ou consoantes) que se in- (substantivo) – deriva de pescar (verbo)
tercalam entre o radical e o sufixo, para facilitar ou
mesmo possibilitar a leitura de uma determinada • Derivação imprópria: a palavra nova (derivada) é
palavra. Por exemplo: obtida pela mudança de categoria gramatical da
Vogais: frutífero, gasômetro, carnívoro. palavra primitiva. Não ocorre, pois, alteração na
Consoantes: cafezal, sonolento, friorento. forma, mas somente na classe gramatical.
Não entendi o porquê da briga. (o substantivo
Formação das Palavras “porquê” deriva da conjunção porque)
Há em Português palavras primitivas, palavras Seu olhar me fascina! (olhar aqui é substantivo, deriva
derivadas, palavras simples, palavras compostas.
do verbo olhar).
A) Palavras primitivas: aquelas que, na língua
portuguesa, não provêm de outra palavra: pedra,
flor. #FicaDica
B) Palavras derivadas: aquelas que, na língua
portuguesa, provêm de outra palavra: pedreiro, A derivação regressiva “mexe” na estrutura
floricultura. da palavra, geralmente transforma verbos
C) Palavras simples: aquelas que possuem um só em substantivos: caça = deriva de caçar,
radical: azeite, cavalo. saque = deriva de sacar
D) Palavras compostas: aquelas que possuem mais
de um radical: couve-flor, planalto.
A derivação imprópria não “mexe” com a palavra,
As palavras compostas podem ou não ter seus
elementos ligados por hífen. apenas faz com que ela pertença a uma classe
gramatical “imprópria” da qual ela realmente, ou melhor,
Processos de Formação de Palavras costumeiramente faz parte. A alteração acontece devido
Na Língua Portuguesa há muitos processos de à presença de outros termos, como artigos, por exemplo:
formação de palavras. Entre eles, os mais comuns são a O verde das matas! (o adjetivo “verde” passou a
derivação, a composição, a onomatopeia, a abreviação e funcionar como substantivo devido à presença do artigo
o hibridismo. “o”)
Composição
Derivação por Acréscimo de Afixos Haverá composição quando se juntarem dois ou mais
É o processo pelo qual se obtêm palavras novas radicais para formar uma nova palavra. Há dois tipos de
(derivadas) pela anexação de afixos à palavra primitiva. A composição: justaposição e aglutinação.
derivação pode ser: prefixal, sufixal e parassintética. A) Justaposição: ocorre quando os elementos que
formam o composto são postos lado a lado, ou
A) Prefixal (ou prefixação): a palavra nova é obtida seja, justapostos: para-raios, corre-corre, guarda-
por acréscimo de prefixo. roupa, segunda-feira, girassol.
In feliz / des leal B) Composição por aglutinação: ocorre quando os
Prefixo radical prefixo radical elementos que formam o composto aglutinam-
se e pelo menos um deles perde sua integridade
B) Sufixal (ou sufixação): a palavra nova é obtida sonora: aguardente (água + ardente), planalto
por acréscimo de sufixo.
(plano + alto), pernalta (perna + alta), vinagre
Feliz mente / leal dade
(vinho + acre).
Radical sufixo radical sufixo

C) Parassintética: a palavra nova é obtida pelo Onomatopeia – é a palavra que procura reproduzir
acréscimo simultâneo de prefixo e sufixo. Por certos sons ou ruídos: reco-reco, tique-taque, fom-fom.
parassíntese formam-se principalmente verbos. Abreviação – é a redução de palavras até o limite
permitido pela compreensão: moto (motocicleta), pneu
En trist ecer (pneumático), metrô (metropolitano), foto (fotografia).
Prefixo radical sufixo Abreviatura: é a redução na grafia de certas palavras,
limitando-as quase sempre à letra inicial ou às letras
En tard ecer iniciais: p. ou pág. (para página), Sr. (para senhor).
prefixo radical sufixo Sigla: é um caso especial de abreviatura, na qual
se reduzem locuções substantivas próprias às suas
Há dois casos em que a palavra derivada é formada letras iniciais (são as siglas puras) ou sílabas iniciais
LÍNGUA PORTUGUESA

sem que haja a presença de afixos. São eles: a derivação (siglas impuras), que se grafam de duas formas: IBGE,
regressiva e a derivação imprópria. MEC (siglas puras); DETRAN ou Detran, PETROBRAS ou
Petrobras (siglas impuras).
Derivação Hibridismo: é a palavra formada com elementos
oriundos de línguas diferentes: automóvel (auto: grego;
• Derivação regressiva: a palavra nova é obtida por móvel: latim); sociologia (socio: latim; logia: grego);
redução da palavra primitiva. Ocorre, sobretudo, sambódromo (samba: dialeto africano; dromo: grego).
na formação de substantivos derivados de verbos.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS de garganta gutural
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa de gelo glacial
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. de guerra bélico
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza
de homem viril ou humano
Cochar. Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed. Reform.
– São Paulo: Saraiva, 2010. de ilha insular
AMARAL, Emília... [et al.] Português: novas palavras: de inverno hibernal ou invernal
literatura, gramática, redação. – São Paulo: FTD, 2000.
de lago lacustre
SITE de leão leonino
de lebre leporino
Disponível em: http://www.brasilescola.com/
de lua lunar ou selênico
gramatica/estrutura-e-formacao-de-palavras-i.htm
de madeira lígneo
CLASSES DE PALAVRAS de mestre magistral
de ouro áureo
1. ADJETIVO
de paixão passional
É a palavra que expressa uma qualidade ou de pâncreas pancreático
característica do ser e se relaciona com o substantivo,
de porco suíno ou porcino
concordando com este em gênero e número.
As praias brasileiras estão poluídas. dos quadris ciático
Praias = substantivo; brasileiras/poluídas = adjetivos de rio fluvial
(plural e feminino, pois concordam com “praias”).
de sonho onírico
Locução adjetiva de velho senil
Locução = reunião de palavras. Sempre que são de vento eólico
necessárias duas ou mais palavras para falar sobre a
mesma coisa, tem-se locução. Às vezes, uma preposição de vidro vítreo ou hialino
+ substantivo tem o mesmo valor de um adjetivo: é a de virilha inguinal
Locução Adjetiva (expressão que equivale a um adjetivo). de visão óptico ou ótico
Por exemplo: aves da noite (aves noturnas), paixão sem
freio (paixão desenfreada). Observação:
Nem toda locução adjetiva possui um adjetivo
Observe outros exemplos: correspondente, com o mesmo significado: Vi as alunas
da 5ª série. / O muro de tijolos caiu.
de águia aquilino
de aluno discente Morfossintaxe do Adjetivo (Função Sintática):
O adjetivo exerce sempre funções sintáticas (função
de anjo angelical dentro de uma oração) relativas aos substantivos,
de ano anual atuando como adjunto adnominal ou como predicativo
de aranha aracnídeo (do sujeito ou do objeto).

de boi bovino Adjetivo Pátrio (ou gentílico)


de cabelo capilar Indica a nacionalidade ou o lugar de origem do ser.
Observe alguns deles:
de cabra caprino
de campo campestre ou rural Estados e cidades brasileiras:
de chuva pluvial
de criança pueril Alagoas alagoano
de dedo digital Amapá amapaense
de estômago estomacal ou gástrico Aracaju aracajuano ou aracajuense
LÍNGUA PORTUGUESA

de falcão falconídeo Amazonas amazonense ou baré


de farinha farináceo Belo Horizonte belo-horizontino
de fera ferino Brasília brasiliense
de ferro férreo Cabo Frio cabo-friense
de fogo ígneo Campinas campineiro ou campinense

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Adjetivo Pátrio Composto Caso o adjetivo seja uma palavra que também
exerça função de substantivo, ficará invariável, ou seja,
Na formação do adjetivo pátrio composto, o primeiro se a palavra que estiver qualificando um elemento for,
elemento aparece na forma reduzida e, normalmente, originalmente, um substantivo, ela manterá sua forma
erudita. Observe alguns exemplos: primitiva. Exemplo: a palavra cinza é, originalmente, um
substantivo; porém, se estiver qualificando um elemento,
funcionará como adjetivo. Ficará, então, invariável. Logo:
África afro- / Cultura afro-americana camisas cinza, ternos cinza.
germano- ou teuto-/Competições Motos vinho (mas: motos verdes)
Alemanha
teuto-inglesas Paredes musgo (mas: paredes brancas).
américo- / Companhia américo- Comícios monstro (mas: comícios grandiosos).
América
africana
B) Adjetivo Composto
belgo- / Acampamentos belgo- É aquele formado por dois ou mais elementos.
Bélgica
franceses Normalmente, esses elementos são ligados por hífen.
China sino- / Acordos sino-japoneses Apenas o último elemento concorda com o substantivo
a que se refere; os demais ficam na forma masculina,
Espanha hispano- / Mercado hispano-português
singular. Caso um dos elementos que formam o adjetivo
Europa euro- / Negociações euro-americanas composto seja um substantivo adjetivado, todo o adjetivo
franco- ou galo- / Reuniões franco- composto ficará invariável. Por exemplo: a palavra “rosa”
França é, originalmente, um substantivo, porém, se estiver
italianas
qualificando um elemento, funcionará como adjetivo.
Grécia greco- / Filmes greco-romanos
Caso se ligue a outra palavra por hífen, formará um
Inglaterra anglo- / Letras anglo-portuguesas adjetivo composto; como é um substantivo adjetivado, o
Itália ítalo- / Sociedade ítalo-portuguesa adjetivo composto inteiro ficará invariável. Veja:
Camisas rosa-claro.
Japão nipo- / Associações nipo-brasileiras Ternos rosa-claro.
Portugal luso- / Acordos luso-brasileiros Olhos verde-claros.
Calças azul-escuras e camisas verde-mar.
Flexão dos adjetivos Telhados marrom-café e paredes verde-claras.

O adjetivo varia em gênero, número e grau. Observação:


Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qualquer
Gênero dos Adjetivos adjetivo composto iniciado por “cor-de-...” são sempre
invariáveis: roupas azul-marinho, tecidos azul-celeste,
Os adjetivos concordam com o substantivo a que se vestidos cor-de-rosa.
referem (masculino e feminino). De forma semelhante O adjetivo composto surdo-mudo tem os dois
aos substantivos, classificam-se em: elementos flexionados: crianças surdas-mudas.

Grau do Adjetivo
A) Biformes - têm duas formas, sendo uma para o
masculino e outra para o feminino: ativo e ativa, mau
Os adjetivos se flexionam em grau para indicar a
e má. intensidade da qualidade do ser. São dois os graus do
Se o adjetivo é composto e biforme, ele flexiona no adjetivo: o comparativo e o superlativo.
feminino somente o último elemento: o moço norte-
americano, a moça norte-americana. A) Comparativo
Exceção: surdo-mudo e surda-muda. Nesse grau, comparam-se a mesma característica
atribuída a dois ou mais seres ou duas ou mais
B) Uniformes - têm uma só forma tanto para o características atribuídas ao mesmo ser. O comparativo
masculino como para o feminino: homem feliz e pode ser de igualdade, de superioridade ou de
mulher feliz. inferioridade.
Se o adjetivo é composto e uniforme, fica invariável
no feminino: conflito político-social e desavença político- Sou tão alto como você. = Comparativo de Igualdade
social. No comparativo de igualdade, o segundo termo da
comparação é introduzido pelas palavras como, quanto
LÍNGUA PORTUGUESA

Número dos Adjetivos ou quão.

A) Plural dos adjetivos simples Sou mais alto (do) que você. = Comparativo de
Os adjetivos simples se flexionam no plural de acordo Superioridade
com as regras estabelecidas para a flexão numérica dos
substantivos simples: mau e maus, feliz e felizes, ruim e Sílvia é menos alta que Tiago. = Comparativo de
Inferioridade
ruins, boa e boas.

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Alguns adjetivos possuem, para o comparativo de O superlativo absoluto sintético se apresenta sob duas
superioridade, formas sintéticas, herdadas do latim. formas: uma erudita - de origem latina – e outra popular
São eles: bom /melhor, pequeno/menor, mau/pior, alto/ - de origem vernácula. A forma erudita é constituída pelo
superior, grande/maior, baixo/inferior. radical do adjetivo latino + um dos sufixos -íssimo, -imo
ou érrimo: fidelíssimo, facílimo, paupérrimo; a popular é
Observe que: constituída do radical do adjetivo português + o sufixo
• As formas menor e pior são comparativos de -íssimo: pobríssimo, agilíssimo.
superioridade, pois equivalem a mais pequeno e Os adjetivos terminados em –io fazem o superlativo
mais mau, respectivamente. com dois “ii”: frio – friíssimo, sério – seriíssimo; os
• Bom, mau, grande e pequeno têm formas sintéticas terminados em –eio, com apenas um “i”: feio - feíssimo,
(melhor, pior, maior e menor), porém, em cheio – cheíssimo.
comparações feitas entre duas qualidades de um
mesmo elemento, deve-se usar as formas analíticas REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
mais bom, mais mau,mais grande e mais pequeno.
Por exemplo: CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza
Pedro é maior do que Paulo - Comparação de dois Cochar - Português linguagens: volume 2 – 7.ª ed. Reform.
elementos. – São Paulo: Saraiva, 2010.
Pedro é mais grande que pequeno - comparação de SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
duas qualidades de um mesmo elemento. Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Sou menos alto (do) que você. = Comparativo de Português: novas palavras: literatura, gramática,
Inferioridade redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
Sou menos passivo (do) que tolerante.
SITE
B) Superlativo
O superlativo expressa qualidades num grau muito Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/
elevado ou em grau máximo. Pode ser absoluto ou secoes/morf/morf32.php>
relativo e apresenta as seguintes modalidades:
2. ADVÉRBIO
B.1 Superlativo Absoluto: ocorre quando a
qualidade de um ser é intensificada, sem relação com Compare estes exemplos:
outros seres. Apresenta-se nas formas: O ônibus chegou.
• Analítica: a intensificação é feita com o auxílio de O ônibus chegou ontem.
palavras que dão ideia de intensidade (advérbios).
Por exemplo: O concurseiro é muito esforçado. Advérbio é uma palavra invariável que modifica o
• Sintética: nessa, há o acréscimo de sufixos. Por sentido do verbo (acrescentando-lhe circunstâncias de
exemplo: O concurseiro é esforçadíssimo. tempo, de modo, de lugar, de intensidade), do adjetivo e
do próprio advérbio.
Observe alguns superlativos sintéticos: Estudei bastante. = modificando o verbo estudei
Ele canta muito bem! = intensificando outro advérbio
benéfico beneficentíssimo (bem)
Ela tem os olhos muito claros. = relação com um
bom boníssimo ou ótimo
adjetivo (claros)
comum comuníssimo
cruel crudelíssimo Quando modifica um verbo, o advérbio pode
acrescentar ideia de:
difícil dificílimo
Tempo: Ela chegou tarde.
doce dulcíssimo Lugar: Ele mora aqui.
fácil facílimo Modo: Eles agiram mal.
Negação: Ela não saiu de casa.
fiel fidelíssimo
Dúvida: Talvez ele volte.
B.2 Superlativo Relativo: ocorre quando a qualidade
Flexão do Advérbio
de um ser é intensificada em relação a um conjunto de
seres. Essa relação pode ser:
Os advérbios são palavras invariáveis, isto é, não
• De Superioridade: Essa matéria é a mais fácil de
LÍNGUA PORTUGUESA

apresentam variação em gênero e número. Alguns


todas.
advérbios, porém, admitem a variação em grau. Observe:
• De Inferioridade: Essa matéria é a menos fácil de
todas.
A) Grau Comparativo
Forma-se o comparativo do advérbio do mesmo
O superlativo absoluto analítico é expresso por meio
modo que o comparativo do adjetivo:
dos advérbios muito, extremamente, excepcionalmente,
• de igualdade: tão + advérbio + quanto (como):
antepostos ao adjetivo.
Renato fala tão alto quanto João.

21
• de inferioridade: menos + advérbio + que (do H) Exclusão: apenas, exclusivamente, salvo, senão,
que): Renato fala menos alto do que João. somente, simplesmente, só, unicamente. Por
• de superioridade: exemplo: Brando, o vento apenas move a copa das
árvores.
A.1 Analítico: mais + advérbio + que (do que): Renato I) Inclusão: ainda, até, mesmo, inclusivamente,
fala mais alto do que João. também. Por exemplo: O indivíduo também
A.2 Sintético: melhor ou pior que (do que): Renato amadurece durante a adolescência.
fala melhor que João. J) Ordem: depois, primeiramente, ultimamente. Por
exemplo: Primeiramente, eu gostaria de agradecer
B) Grau Superlativo
aos meus amigos por comparecerem à festa.
O superlativo pode ser analítico ou sintético:
B.1 Analítico: acompanhado de outro advérbio:
Renato fala muito alto. Saiba que:
muito = advérbio de intensidade / alto = advérbio Para se exprimir o limite de possibilidade, antepõe-se
de modo ao advérbio “o mais” ou “o menos”. Por exemplo: Ficarei
B.2 Sintético: formado com sufixos: Renato fala o mais longe que puder daquele garoto. Voltarei o menos
altíssimo. tarde possível.
Quando ocorrem dois ou mais advérbios em -mente,
Observação: em geral sufixamos apenas o último: O aluno respondeu
As formas diminutivas (cedinho, pertinho, etc.) são calma e respeitosamente.
comuns na língua popular. Distinção entre Advérbio e Pronome Indefinido
Maria mora pertinho daqui. (muito perto)
A criança levantou cedinho. (muito cedo) Há palavras como muito, bastante, que podem
Classificação dos Advérbios aparecer como advérbio e como pronome indefinido.
Advérbio: refere-se a um verbo, adjetivo, ou a outro
De acordo com a circunstância que exprime, o advérbio e não sofre flexões. Por exemplo: Eu corri muito.
advérbio pode ser de: Pronome Indefinido: relaciona-se a um substantivo
A) Lugar: aqui, antes, dentro, ali, adiante, fora, acolá,
e sofre flexões. Por exemplo: Eu corri muitos quilômetros.
atrás, além, lá, detrás, aquém, cá, acima, onde, perto,
aí, abaixo, aonde, longe, debaixo, algures, defronte,
nenhures, adentro, afora, alhures, nenhures, aquém, #FicaDica
embaixo, externamente, a distância, à distância de,
de longe, de perto, em cima, à direita, à esquerda, Como saber se a palavra bastante é
ao lado, em volta. advérbio (não varia, não se flexiona) ou
B) Tempo: hoje, logo, primeiro, ontem, tarde, outrora, pronome indefinido (varia, sofre flexão)? Se
amanhã, cedo, dantes, depois, ainda, antigamente, der, na frase, para substituir o “bastante” por
antes, doravante, nunca, então, ora, jamais,
“muito”, estamos diante de um advérbio; se
agora, sempre, já, enfim, afinal, amiúde, breve,
der para substituir por “muitos” (ou muitas),
constantemente, entrementes, imediatamente,
primeiramente, provisoriamente, sucessivamente, às é um pronome. Veja:
vezes, à tarde, à noite, de manhã, de repente, de vez em 1. Estudei bastante para o concurso. (estudei
quando, de quando em quando, a qualquer momento, muito, pois “muitos” não dá!) = advérbio
de tempos em tempos, em breve, hoje em dia. 2. Estudei bastantes capítulos para o concurso.
C) Modo: bem, mal, assim, adrede, melhor, pior, (estudei muitos capítulos) = pronome
depressa, acinte, debalde, devagar, às pressas, às indefinido
claras, às cegas, à toa, à vontade, às escondidas, aos
poucos, desse jeito, desse modo, dessa maneira, em
geral, frente a frente, lado a lado, a pé, de cor, em Advérbios Interrogativos
vão e a maior parte dos que terminam em “-mente”:
calmamente, tristemente, propositadamente,
São as palavras: onde? aonde? donde? quando? como?
pacientemente, amorosamente, docemente,
escandalosamente, bondosamente, generosamente. por quê? nas interrogações diretas ou indiretas, referentes
D) Afirmação: sim, certamente, realmente, decerto, às circunstâncias de lugar, tempo, modo e causa. Veja:
efetivamente, certo, decididamente, deveras,
indubitavelmente. Interrogação Direta Interrogação Indireta
E) Negação: não, nem, nunca, jamais, de modo algum,
de forma nenhuma, tampouco, de jeito nenhum. Como aprendeu? Perguntei como aprendeu
F) Dúvida: acaso, porventura, possivelmente, Onde mora? Indaguei onde morava
LÍNGUA PORTUGUESA

provavelmente, quiçá, talvez, casualmente, por


Por que choras? Não sei por que choras
certo, quem sabe.
G) Intensidade: muito, demais, pouco, tão, em Aonde vai? Perguntei aonde ia
excesso, bastante, mais, menos, demasiado, quanto, Donde vens? Pergunto donde vens
quão, tanto, assaz, que (equivale a quão), tudo,
nada, todo, quase, de todo, de muito, por completo, Quando voltas? Pergunto quando voltas
extremamente, intensamente, grandemente, bem
(quando aplicado a propriedades graduáveis).

22
Locução Adverbial B) Artigos indefinidos – usados para indicar seres
de modo vago, impreciso: Uma candidata foi
Quando há duas ou mais palavras que exercem aprovada! Umas candidatas foram aprovadas!
função de advérbio, temos a locução adverbial, que
pode expressar as mesmas noções dos advérbios. Iniciam Circunstâncias em que os artigos se manifestam:
ordinariamente por uma preposição. Veja:
A) lugar: à esquerda, à direita, de longe, de perto, Considera-se obrigatório o uso do artigo depois do
para dentro, por aqui, etc. numeral “ambos”: Ambos os concursos cobrarão tal conteúdo.
B) afirmação: por certo, sem dúvida, etc. Nomes próprios indicativos de lugar (ou topônimos)
C) modo: às pressas, passo a passo, de cor, em vão, admitem o uso do artigo, outros não: São Paulo, O Rio de
em geral, frente a frente, etc.
Janeiro, Veneza, A Bahia...
D) tempo: de noite, de dia, de vez em quando, à tarde,
Quando indicado no singular, o artigo definido pode
hoje em dia, nunca mais, etc.
indicar toda uma espécie: O trabalho dignifica o homem.
A locução adverbial e o advérbio modificam o verbo, No caso de nomes próprios personativos, denotando
o adjetivo e outro advérbio: a ideia de familiaridade ou afetividade, é facultativo o uso
Chegou muito cedo. (advérbio) do artigo: Marcela é a mais extrovertida das irmãs. / O
Joana é muito bela. (adjetivo) Pedro é o xodó da família.
De repente correram para a rua. (verbo) No caso de os nomes próprios personativos estarem
Usam-se, de preferência, as formas mais bem e mais no plural, são determinados pelo uso do artigo: Os Maias,
mal antes de adjetivos ou de verbos no particípio: os Incas, Os Astecas...
Essa matéria é mais bem interessante que aquela.
Nosso aluno foi o mais bem colocado no concurso! Usa-se o artigo depois do pronome indefinido todo(a)
O numeral “primeiro”, ao modificar o verbo, é para conferir uma ideia de totalidade. Sem o uso dele (do
advérbio: Cheguei primeiro. artigo), o pronome assume a noção de “qualquer”.
Toda a classe parabenizou o professor. (a sala toda)
Quanto a sua função sintática: o advérbio e a Toda classe possui alunos interessados e desinteressados.
locução adverbial desempenham na oração a função (qualquer classe)
de adjunto adverbial, classificando-se de acordo com as
circunstâncias que acrescentam ao verbo, ao adjetivo ou Antes de pronomes possessivos, o uso do artigo é
ao advérbio. Exemplo: facultativo: Preparei o meu curso. Preparei meu curso.
Meio cansada, a candidata saiu da sala. = adjunto A utilização do artigo indefinido pode indicar uma
adverbial de intensidade (ligado ao adjetivo “cansada”)
ideia de aproximação numérica: O máximo que ele deve
Trovejou muito ontem. = adjunto adverbial de
ter é uns vinte anos.
intensidade e de tempo, respectivamente.
O artigo também é usado para substantivar palavras
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS pertencentes a outras classes gramaticais: Não sei o
porquê de tudo isso. / O bem vence o mal.
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza
Cochar - Português linguagens: volume 2 – 7.ª ed. Reform. Há casos em que o artigo definido não pode ser
– São Paulo: Saraiva, 2010. usado:
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras:
literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000. Antes de nomes de cidade (topônimo) e de pessoas
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa conhecidas: O professor visitará Roma.
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. Mas, se o nome apresentar um caracterizador, a
presença do artigo será obrigatória: O professor visitará
SITE a bela Roma.

Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/ Antes de pronomes de tratamento: Vossa Senhoria


secoes/morf/morf75.php> sairá agora?
Exceção: O senhor vai à festa?
3. ARTIGO Após o pronome relativo “cujo” e suas variações:
Esse é o concurso cujas provas foram anuladas?/ Este é o
O artigo integra as dez classes gramaticais, definindo- candidato cuja nota foi a mais alta.
se como o termo variável que serve para individualizar ou
generalizar o substantivo, indicando, também, o gênero
(masculino/feminino) e o número (singular/plural). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LÍNGUA PORTUGUESA

Os artigos se subdividem em definidos (“o” e as


variações “a”[as] e [os]) e indefinidos (“um” e as variações CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza
“uma”[s] e “uns]). Cochar - Português linguagens: volume 2 – 7.ª ed. Reform.
– São Paulo: Saraiva, 2010.
A) Artigos definidos – São usados para indicar seres AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras:
determinados, expressos de forma individual: O literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.
concurseiro estuda muito. Os concurseiros estudam SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
muito. Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.

23
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza B) Adversativas: ligam duas orações ou palavras,
Cochar - Português linguagens: volume 1– 7.ª ed. Reform. expressando ideia de contraste ou compensação.
– São Paulo: Saraiva, 2010. São elas: mas, porém, contudo, todavia, entretanto,
no entanto, não obstante.
SITE Tentei chegar mais cedo, porém não consegui.

Disponível em: <http://www.brasilescola.com/ C) Alternativas: ligam orações ou palavras,


gramatica/artigo.htm> expressando ideia de alternância ou escolha,
indicando fatos que se realizam separadamente.
São elas: ou, ou... ou, ora... ora, já... já, quer... quer,
4. CONJUNÇÃO
seja... seja, talvez... talvez.
Ou escolho agora, ou fico sem presente de aniversário.
Além da preposição, há outra palavra também
invariável que, na frase, é usada como elemento de D) Conclusivas: ligam a oração anterior a uma oração
ligação: a conjunção. Ela serve para ligar duas orações ou que expressa ideia de conclusão ou consequência.
duas palavras de mesma função em uma oração: São elas: logo, pois (depois do verbo), portanto, por
O concurso será realizado nas cidades de Campinas e conseguinte, por isso, assim.
São Paulo. Marta estava bem preparada para o teste, portanto
A prova não será fácil, por isso estou estudando muito. não ficou nervosa.
Morfossintaxe da Conjunção Você nos ajudou muito; terá, pois, nossa gratidão.

As conjunções, a exemplo das preposições, não E) Explicativas: ligam a oração anterior a uma oração
exercem propriamente uma função sintática: são que a explica, que justifica a ideia nela contida. São
conectivos. elas: que, porque, pois (antes do verbo), porquanto.
Não demore, que o filme já vai começar.
Classificação da Conjunção Falei muito, pois não gosto do silêncio!

De acordo com o tipo de relação que estabelecem, as Conjunções Subordinativas


conjunções podem ser classificadas em coordenativas e
subordinativas. No primeiro caso, os elementos ligados São aquelas que ligam duas orações, sendo uma
delas dependente da outra. A oração dependente,
pela conjunção podem ser isolados um do outro. Esse
introduzida pelas conjunções subordinativas, recebe o
isolamento, no entanto, não acarreta perda da unidade
nome de oração subordinada. Veja o exemplo: O baile já
de sentido que cada um dos elementos possui. Já no tinha começado quando ela chegou.
segundo caso, cada um dos elementos ligados pela O baile já tinha começado: oração principal
conjunção depende da existência do outro. Veja: quando: conjunção subordinativa (adverbial temporal)
Estudei muito, mas ainda não compreendi o conteúdo. ela chegou: oração subordinada
Podemos separá-las por ponto:
Estudei muito. Ainda não compreendi o conteúdo. As conjunções subordinativas subdividem-se em
integrantes e adverbiais:
Temos acima um exemplo de conjunção (e,
consequentemente, orações coordenadas) coordenativa Integrantes - Indicam que a oração subordinada
– “mas”. Já em: por elas introduzida completa ou integra o sentido
Espero que eu seja aprovada no concurso! da principal. Introduzem orações que equivalem
a substantivos, ou seja, as orações subordinadas
Não conseguimos separar uma oração da outra, pois substantivas. São elas: que, se.
a segunda “completa” o sentido da primeira (da oração Quero que você volte. (Quero sua volta)
principal): Espero o quê? Ser aprovada. Nesse período
temos uma oração subordinada substantiva objetiva Adverbiais - Indicam que a oração subordinada exerce
direta (ela exerce a função de objeto direto do verbo da a função de adjunto adverbial da principal. De acordo com
oração principal). a circunstância que expressam, classificam-se em:

A) Causais: introduzem uma oração que é causa da


Conjunções Coordenativas
ocorrência da oração principal. São elas: porque,
que, como (= porque, no início da frase), pois que,
São aquelas que ligam orações de sentido completo visto que, uma vez que, porquanto, já que, desde
e independente ou termos da oração que têm a mesma que, etc.
LÍNGUA PORTUGUESA

função gramatical. Subdividem-se em: Ele não fez a pesquisa porque não dispunha de meios.
A) Aditivas: ligam orações ou palavras, expressando B) Concessivas: introduzem uma oração que expressa
ideia de acréscimo ou adição. São elas: e, nem (= e ideia contrária à da principal, sem, no entanto,
não), não só... mas também, não só... como também, impedir sua realização. São elas: embora, ainda
bem como, não só... mas ainda. que, apesar de que, se bem que, mesmo que, por
A sua pesquisa é clara e objetiva. mais que, posto que, conquanto, etc.
Não só dança, mas também canta. Embora fosse tarde, fomos visitá-lo.

24
C) Condicionais: introduzem uma oração que indica como, como se, (tão)... como, tanto como, tanto
a hipótese ou a condição para ocorrência da quanto, do que, quanto, tal, qual, tal qual, que nem,
principal. São elas: se, caso, contanto que, salvo se, que (combinado com menos ou mais), etc.
a não ser que, desde que, a menos que, sem que, etc. O jogo de hoje será mais difícil que o de ontem.
Se precisar de minha ajuda, telefone-me.
I) Consecutivas: introduzem uma oração que expressa
a consequência da principal. São elas: de sorte que,
#FicaDica de modo que, sem que (= que não), de forma que, de
Você deve ter percebido que a conjunção jeito que, que (tendo como antecedente na oração
condicional “se” também é conjunção principal uma palavra como tal, tão, cada, tanto,
integrante. A diferença é clara ao ler as tamanho), etc.
orações que são introduzidas por ela. Acima, Estudou tanto durante a noite que dormiu na hora do
ela nos dá a ideia da condição para que exame.
recebamos um telefonema (se for preciso
ajuda). Já na oração: Não sei se farei o
concurso. = Não há ideia de condição FIQUE ATENTO!
alguma, há? Outra coisa: o verbo da oração Muitas conjunções não têm classificação
principal (sei) pede complemento (objeto única, imutável, devendo, portanto, ser
direto, já que “quem não sabe, não sabe classificadas de acordo com o sentido que
algo”). Portanto, a oração em destaque apresentam no contexto (destaque da Zê!).
exerce a função de objeto direto da oração
principal, sendo classificada como oração
subordinada substantiva objetiva direta. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa


D) Conformativas: introduzem uma oração que Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
exprime a conformidade de um fato com outro. CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza
São elas: conforme, como (= conforme), segundo, Cochar - Português linguagens: volume 2 – 7.ª ed. Reform.
consoante, etc. – São Paulo: Saraiva, 2010.
O passeio ocorreu como havíamos planejado. AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras:
literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.
E) Finais: introduzem uma oração que expressa
a finalidade ou o objetivo com que se realiza a
SITE
oração principal. São elas: para que, a fim de que,
que, porque (= para que), que, etc.
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/
Toque o sinal para que todos entrem no salão.
secoes/morf/morf84.php>
F) Proporcionais: introduzem uma oração que
expressa um fato relacionado proporcionalmente 5. INTERJEIÇÃO
à ocorrência do expresso na principal. São elas: à
medida que, à proporção que, ao passo que e as Interjeição é a palavra invariável que exprime
combinações quanto mais... (mais), quanto menos... emoções, sensações, estados de espírito. É um recurso da
(menos), quanto menos... (mais), quanto menos... linguagem afetiva, em que não há uma ideia organizada
(menos), etc. de maneira lógica, como são as sentenças da língua, mas
O preço fica mais caro à medida que os produtos sim a manifestação de um suspiro, um estado da alma
escasseiam. decorrente de uma situação particular, um momento ou
um contexto específico. Exemplos:
Observação: Ah, como eu queria voltar a ser criança!
São incorretas as locuções proporcionais à medida ah: expressão de um estado emotivo = interjeição
em que, na medida que e na medida em que. Hum! Esse pudim estava maravilhoso!
hum: expressão de um pensamento súbito =
G) Temporais: introduzem uma oração que interjeição
acrescenta uma circunstância de tempo ao fato
expresso na oração principal. São elas: quando, O significado das interjeições está vinculado à maneira
LÍNGUA PORTUGUESA

enquanto, antes que, depois que, logo que, todas as como elas são proferidas. O tom da fala é que dita o
vezes que, desde que, sempre que, assim que, agora sentido que a expressão vai adquirir em cada contexto
que, mal (= assim que), etc. em que for utilizada. Exemplos:
A briga começou assim que saímos da festa.
Psiu!
H) Comparativas: introduzem uma oração que contexto: alguém pronunciando esta expressão
expressa ideia de comparação com referência à na rua ; significado da interjeição (sugestão): “Estou te
oração principal. São elas: como, assim como, tal chamando! Ei, espere!”

25
Psiu! Locução Interjetiva
contexto: alguém pronunciando em um hospital;
significado da interjeição (sugestão): “Por favor, faça Ocorre quando duas ou mais palavras formam uma
silêncio!” expressão com sentido de interjeição: Ora bolas!, Virgem
Maria!, Meu Deus!, Ó de casa!, Ai de mim!, Graças a Deus!
Puxa! Ganhei o maior prêmio do sorteio!
puxa: interjeição; tom da fala: euforia Toda frase mais ou menos breve dita em tom
Puxa! Hoje não foi meu dia de sorte! exclamativo torna-se uma locução interjetiva,
puxa: interjeição; tom da fala: decepção dispensando análise dos termos que a compõem:
Macacos me mordam!, Valha-me Deus!, Quem me dera!
As interjeições cumprem, normalmente, duas funções: 1. As interjeições são como frases resumidas,
A) Sintetizar uma frase exclamativa, exprimindo sintéticas. Por exemplo: Ué! (= Eu não esperava
alegria, tristeza, dor, etc.: Ah, deve ser muito por essa!) / Perdão! (= Peço-lhe que me desculpe)
interessante! 2. Além do contexto, o que caracteriza a interjeição
B) Sintetizar uma frase apelativa: Cuidado! Saia da é o seu tom exclamativo; por isso, palavras de
minha frente. outras classes gramaticais podem aparecer como
interjeições. Por exemplo: Viva! Basta! (Verbos) /
As interjeições podem ser formadas por: Fora! Francamente! (Advérbios)
• simples sons vocálicos: Oh!, Ah!, Ó, Ô 3. A interjeição pode ser considerada uma “palavra-
• palavras: Oba! Olá! Claro! frase” porque sozinha pode constituir uma
• grupos de palavras (locuções interjetivas): Meu mensagem. Por exemplo: Socorro! Ajudem-me!
Deus! Ora bolas!
Silêncio! Fique quieto!
4. Há, também, as interjeições onomatopaicas ou
Classificação das Interjeições
imitativas, que exprimem ruídos e vozes. Por
exemplo: Miau! Bumba! Zás! Plaft! Pof! Catapimba!
Comumente, as interjeições expressam sentido de:
Tique-taque! Quá-quá-quá!, etc.
A) Advertência: Cuidado! Devagar! Calma! Sentido!
5. Não se deve confundir a interjeição de apelo
Atenção! Olha! Alerta!
«ó» com a sua homônima «oh!», que exprime
B) Afugentamento: Fora! Passa! Rua!
C) Alegria ou Satisfação: Oh! Ah! Eh! Oba! Viva! admiração, alegria, tristeza, etc. Faz-se uma pausa
D) Alívio: Arre! Uf! Ufa! Ah! depois do «oh!» exclamativo e não a fazemos
E) Animação ou Estímulo: Vamos! Força! Coragem! depois do «ó» vocativo. Por exemplo: “Ó natureza!
Ânimo! Adiante! ó mãe piedosa e pura!” (Olavo Bilac)
F) Aplauso ou Aprovação: Bravo! Bis! Apoiado! Viva!
G) Concordância: Claro! Sim! Pois não! Tá! REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
H) Repulsa ou Desaprovação: Credo! Ih!
Francamente! Essa não! Chega! Basta! SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
I) Desejo ou Intenção: Pudera! Tomara! Oxalá! Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Queira Deus! CAMPEDELLI, Samira Yousseff, SOUZA, Jésus Barbosa
J) Desculpa: Perdão! - Português – Literatura, Produção de Textos & Gramática
K) Dor ou Tristeza: Ai! Ui! Ai de mim! Que pena! – volume único – 3.ª Ed. – São Paulo: Saraiva, 2002.
L) Dúvida ou Incredulidade: Que nada! Qual o quê!
M) Espanto ou Admiração: Oh! Ah! Uai! Puxa! Céus! SITE
Quê! Caramba! Opa! Nossa! Hein? Cruz! Putz!
N) Impaciência ou Contrariedade: Hum! Raios! Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/
Puxa! Pô! Ora! secoes/morf/morf89.php>
O) Pedido de Auxílio: Socorro! Aqui! Piedade!
P) Saudação, Chamamento ou Invocação: Salve! 6. NUMERAL
Viva! Olá! Alô! Tchau! Psiu! Socorro! Valha-me,
Deus! Numeral é a palavra variável que indica quantidade
Q) Silêncio: Psiu! Silêncio! numérica ou ordem; expressa a quantidade exata de
R) Terror ou Medo: Credo! Cruzes! Minha nossa! pessoas ou coisas ou o lugar que elas ocupam numa
determinada sequência.
Saiba que: Os numerais traduzem, em palavras, o que os números
As interjeições são palavras invariáveis, isto é, não
LÍNGUA PORTUGUESA

indicam em relação aos seres. Assim, quando a expressão


sofrem variação em gênero, número e grau como os é colocada em números (1, 1.º, 1/3, etc.) não se trata de
nomes, nem de número, pessoa, tempo, modo, aspecto numerais, mas sim de algarismos.
e voz como os verbos. No entanto, em uso específico, Além dos numerais mais conhecidos, já que refletem
algumas interjeições sofrem variação em grau. Não se a ideia expressa pelos números, existem mais algumas
trata de um processo natural desta classe de palavra, mas palavras consideradas numerais porque denotam
tão só uma variação que a linguagem afetiva permite.
quantidade, proporção ou ordenação. São alguns
Exemplos: oizinho, bravíssimo, até loguinho.
exemplos: década, dúzia, par, ambos(as), novena.

26
Classificação dos Numerais

A) Cardinais: indicam quantidade exata ou determinada de seres: um, dois, cem mil, etc. Alguns cardinais têm
sentido coletivo, como por exemplo: século, par, dúzia, década, bimestre.
B) Ordinais: indicam a ordem, a posição que alguém ou alguma coisa ocupa numa determinada sequência: primeiro,
segundo, centésimo, etc.
As palavras anterior, posterior, último, antepenúltimo, final e penúltimo também indicam posição dos seres, mas são
classificadas como adjetivos, não ordinais.
C) Fracionários: indicam parte de uma quantidade, ou seja, uma divisão dos seres: meio, terço, dois quintos, etc.
D) Multiplicativos: expressam ideia de multiplicação dos seres, indicando quantas vezes a quantidade foi
aumentada: dobro, triplo, quíntuplo, etc.

Flexão dos numerais

Os numerais cardinais que variam em gênero são um/uma, dois/duas e os que indicam centenas de duzentos/
duzentas em diante: trezentos/trezentas, quatrocentos/quatrocentas, etc. Cardinais como milhão, bilhão, trilhão, variam
em número: milhões, bilhões, trilhões. Os demais cardinais são invariáveis.

Os numerais ordinais variam em gênero e número:

primeiro segundo milésimo


primeira segunda milésima
primeiros segundos milésimos
primeiras segundas milésimas

Os numerais multiplicativos são invariáveis quando atuam em funções substantivas: Fizeram o dobro do esforço e
conseguiram o triplo de produção.
Quando atuam em funções adjetivas, esses numerais flexionam-se em gênero e número: Teve de tomar doses triplas do medicamento.
Os numerais fracionários flexionam-se em gênero e número. Observe: um terço/dois terços, uma terça parte/duas terças partes.
Os numerais coletivos flexionam-se em número: uma dúzia, um milheiro, duas dúzias, dois milheiros.
É comum na linguagem coloquial a indicação de grau nos numerais, traduzindo afetividade ou especialização de
sentido. É o que ocorre em frases como:
“Me empresta duzentinho...”
É artigo de primeiríssima qualidade!
O time está arriscado por ter caído na segundona. (= segunda divisão de futebol)

Emprego e Leitura dos Numerais

Os numerais são escritos em conjunto de três algarismos, contados da direita para a esquerda, em forma de
centenas, dezenas e unidades, tendo cada conjunto uma separação através de ponto ou espaço correspondente a um
ponto: 8.234.456 ou 8 234 456.
Em sentido figurado, usa-se o numeral para indicar exagero intencional, constituindo a figura de linguagem
conhecida como hipérbole: Já li esse texto mil vezes.
No português contemporâneo, não se usa a conjunção “e” após “mil”, seguido de centena: Nasci em mil novecentos
e noventa e dois.
Seu salário será de mil quinhentos e cinquenta reais.

Mas, se a centena começa por “zero” ou termina por dois zeros, usa-se o “e”: Seu salário será de mil e quinhentos reais. (R$1.500,00)
Gastamos mil e quarenta reais. (R$1.040,00)
Para designar papas, reis, imperadores, séculos e partes em que se divide uma obra, utilizam-se os ordinais até
décimo e, a partir daí, os cardinais, desde que o numeral venha depois do substantivo;

Ordinais Cardinais
LÍNGUA PORTUGUESA

João Paulo II (segundo) Tomo XV (quinze)


D. Pedro II (segundo) Luís XVI (dezesseis)
Ato II (segundo) Capítulo XX (vinte)
Século VIII (oitavo) Século XX (vinte)
Canto IX (nono) João XXIII ( vinte e três)

27
Se o numeral aparece antes do substantivo, será lido como ordinal: XXX Feira do Bordado. (trigésima)

#FicaDica
Ordinal lembra ordem. Memorize assim, por associação. Ficará mais fácil!

Para designar leis, decretos e portarias, utiliza-se o ordinal até nono e o cardinal de dez em diante:
Artigo 1.° (primeiro) Artigo 10 (dez)
Artigo 9.° (nono) Artigo 21 (vinte e um)

Ambos/ambas = numeral dual, porque sempre se refere a dois seres. Significam “um e outro”, “os dois” (ou “uma
e outra”, “as duas”) e são largamente empregados para retomar pares de seres aos quais já se fez referência. Sua
utilização exige a presença do artigo posposto: Ambos os concursos realizarão suas provas no mesmo dia. O artigo só é
dispensado caso haja um pronome demonstrativo: Ambos esses ministros falarão à imprensa.

Quadro de alguns numerais

Cardinais Ordinais Multiplicativos Fracionários


Um Primeiro -
Dois Segundo Dobro, Duplo Meio
Três Terceiro Triplo, Tríplice Terço
Quatro Quarto Quádruplo Quarto
Cinco Quinto Quíntuplo Quinto
Seis Sexto Sêxtuplo Sexto
Sete Sétimo Sétuplo Sétimo
Oito Oitavo Óctuplo Oitavo
Nove Nono Nônuplo Nono
Dez Décimo Décuplo Décimo
Onze Décimo Primeiro - Onze Avos
Doze Décimo Segundo - Doze Avos
Treze Décimo Terceiro - Treze Avos
Catorze Décimo Quarto - Catorze Avos
Quinze Décimo Quinto - Quinze Avos
Dezesseis Décimo Sexto - Dezesseis Avos
Dezessete Décimo Sétimo - Dezessete Avos
Dezoito Décimo Oitavo - Dezoito Avos
Dezenove Décimo Nono - Dezenove Avos
Vinte Vigésimo - Vinte Avos
Trinta Trigésimo - Trinta Avos
Quarenta Quadragésimo - Quarenta Avos
Cinqüenta Quinquagésimo - Cinquenta Avos
Sessenta Sexagésimo - Sessenta Avos
Setenta Septuagésimo - Setenta Avos
LÍNGUA PORTUGUESA

Oitenta Octogésimo - Oitenta Avos


Noventa Nonagésimo - Noventa Avos
Cem Centésimo Cêntuplo Centésimo
Duzentos Ducentésimo - Ducentésimo
Trezentos Trecentésimo - Trecentésimo

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Quatrocentos Quadringentésimo - Quadringentésimo
Quinhentos Quingentésimo - Quingentésimo
Seiscentos Sexcentésimo - Sexcentésimo
Setecentos Septingentésimo Septingentésimo
Oitocentos Octingentésimo Octingentésimo
Nongentésimo ou
Novecentos Nongentésimo
Noningentésimo
Mil Milésimo Milésimo
Milhão Milionésimo Milionésimo
Milhão Bilionésimo Bilionésimo

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Cochar - Português linguagens: volume 2 – 7.ª ed. Reform. – São
Paulo: Saraiva, 2010.
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras: literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.

SITE

Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf40.php>

7. PREPOSIÇÃO

Preposição é uma palavra invariável que serve para ligar termos ou orações. Quando esta ligação acontece,
normalmente há uma subordinação do segundo termo em relação ao primeiro. As preposições são muito importantes
na estrutura da língua, pois estabelecem a coesão textual e possuem valores semânticos indispensáveis para a
compreensão do texto.

Tipos de Preposição

A) Preposições essenciais: palavras que atuam exclusivamente como preposições: a, ante, perante, após, até, com,
contra, de, desde, em, entre, para, por, sem, sob, sobre, trás, atrás de, dentro de, para com.
B) Preposições acidentais: palavras de outras classes gramaticais que podem atuar como preposições, ou seja,
formadas por uma derivação imprópria: como, durante, exceto, fora, mediante, salvo, segundo, senão, visto.
C) Locuções prepositivas: duas ou mais palavras valendo como uma preposição, sendo que a última palavra é uma
(preposição): abaixo de, acerca de, acima de, ao lado de, a respeito de, de acordo com, em cima de, embaixo de, em
frente a, ao redor de, graças a, junto a, com, perto de, por causa de, por cima de, por trás de.

A preposição é invariável, no entanto pode unir-se a outras palavras e, assim, estabelecer concordância em gênero
ou em número. Exemplo: por + o = pelo / por + a = pela.
Essa concordância não é característica da preposição, mas das palavras às quais ela se une.
Esse processo de junção de uma preposição com outra palavra pode se dar a partir dos processos de:

• Combinação: união da preposição “a” com o artigo “o”(s), ou com o advérbio “onde”: ao, aonde, aos. Os vocábulos
não sofrem alteração.
• Contração: união de uma preposição com outra palavra, ocorrendo perda ou transformação de fonema: de + o =
do, em + a = na, per + os = pelos, de + aquele = daquele, em + isso = nisso.
• Crase: é a fusão de vogais idênticas: à (“a” preposição + “a” artigo), àquilo (“a” preposição + 1.ª vogal do pronome
“aquilo”).
LÍNGUA PORTUGUESA

O “a” pode funcionar como preposição, pronome pessoal oblíquo e artigo. Como distingui-los? Caso o “a” seja
um artigo, virá precedendo um substantivo, servindo para determiná-lo como um substantivo singular e feminino: A
matéria que estudei é fácil!

Quando é preposição, além de ser invariável, liga dois termos e estabelece relação de subordinação entre eles.
Irei à festa sozinha.
Entregamos a flor à professora! = o primeiro “a” é artigo; o segundo, preposição.

29
Se for pronome pessoal oblíquo estará ocupando o as pessoas do discurso ou a elas se relacionar, indicando-
lugar e/ou a função de um substantivo: Nós trouxemos a lhes sua situação no tempo ou no espaço. Em virtude
apostila. = Nós a trouxemos. dessa característica, os pronomes apresentam uma forma
específica para cada pessoa do discurso.
Relações semânticas (= de sentido) estabelecidas Minha carteira estava vazia quando eu fui assaltada.
por meio das preposições: [minha/eu: pronomes de 1.ª pessoa = aquele que fala]
Tua carteira estava vazia quando tu foste assaltada?
Destino = Irei a Salvador. [tua/tu: pronomes de 2.ª pessoa = aquele a quem se
Modo = Saiu aos prantos. fala]
Lugar = Sempre a seu lado. A carteira dela estava vazia quando ela foi assaltada.
Assunto = Falemos sobre futebol. [dela/ela: pronomes de 3.ª pessoa = aquele de quem
Tempo = Chegarei em instantes. se fala]
Causa = Chorei de saudade.
Em termos morfológicos, os pronomes são palavras
Fim ou finalidade = Vim para ficar.
variáveis em gênero (masculino ou feminino) e em
Instrumento = Escreveu a lápis.
número (singular ou plural). Assim, espera-se que a
Posse = Vi as roupas da mamãe. referência através do pronome seja coerente em termos
Autoria = livro de Machado de Assis de gênero e número (fenômeno da concordância) com
Companhia = Estarei com ele amanhã. o seu objeto, mesmo quando este se apresenta ausente
Matéria = copo de cristal. no enunciado.
Meio = passeio de barco. Fala-se de Roberta. Ele quer participar do desfile da
Origem = Nós somos do Nordeste. nossa escola neste ano.
Conteúdo = frascos de perfume. [nossa: pronome que qualifica “escola” = concordância
Oposição = Esse movimento é contra o que eu penso. adequada]
Preço = Essa roupa sai por cinquenta reais. [neste: pronome que determina “ano” = concordância
adequada]
Quanto à preposição “trás”: não se usa senão nas [ele: pronome que faz referência à “Roberta” =
locuções adverbiais (para trás ou por trás) e na locução concordância inadequada]
prepositiva por trás de.
Existem seis tipos de pronomes: pessoais, possessivos,
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS demonstrativos, indefinidos, relativos e interrogativos.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. Pronomes Pessoais
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza
Cochar - Português linguagens: volume 2 – 7.ª ed. Reform. São aqueles que substituem os substantivos,
– São Paulo: Saraiva, 2010. indicando diretamente as pessoas do discurso. Quem fala
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras: ou escreve assume os pronomes “eu” ou “nós”; usa-se os
literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000. pronomes “tu”, “vós”, “você” ou “vocês” para designar a
quem se dirige, e “ele”, “ela”, “eles” ou “elas” para fazer
referência à pessoa ou às pessoas de quem se fala.
Os pronomes pessoais variam de acordo com as
SITE
funções que exercem nas orações, podendo ser do caso
Disponível em: <http://www.infoescola.com/
reto ou do caso oblíquo.
portugues/preposicao/>
A) Pronome Reto
8. PRONOME Pronome pessoal do caso reto é aquele que, na
sentença, exerce a função de sujeito: Nós lhe ofertamos
Pronome é a palavra variável que substitui ou flores.
acompanha um substantivo (nome), qualificando-o de Os pronomes retos apresentam flexão de número,
alguma forma. gênero (apenas na 3.ª pessoa) e pessoa, sendo essa
O homem julga que é superior à natureza, por isso o última a principal flexão, uma vez que marca a pessoa do
homem destrói a natureza... discurso. Dessa forma, o quadro dos pronomes retos é
Utilizando pronomes, teremos: O homem julga que é assim configurado:
superior à natureza, por isso ele a destrói... 1.ª pessoa do singular: eu
Ficou melhor, sem a repetição desnecessária de 2.ª pessoa do singular: tu
termos (homem e natureza). 3.ª pessoa do singular: ele, ela
1.ª pessoa do plural: nós
LÍNGUA PORTUGUESA

Grande parte dos pronomes não possuem significados 2.ª pessoa do plural: vós
fixos, isto é, essas palavras só adquirem significação 3.ª pessoa do plural: eles, elas
dentro de um contexto, o qual nos permite recuperar
a referência exata daquilo que está sendo colocado Esses pronomes não costumam ser usados como
por meio dos pronomes no ato da comunicação. Com complementos verbais na língua-padrão. Frases como
exceção dos pronomes interrogativos e indefinidos, os “Vi ele na rua”, “Encontrei ela na praça”, “Trouxeram eu
demais pronomes têm por função principal apontar para até aqui”- comuns na língua oral cotidiana - devem

30
ser evitadas na língua formal escrita ou falada. Na B.2 Pronome Oblíquo Tônico
língua formal, devem ser usados os pronomes oblíquos Os pronomes oblíquos tônicos são sempre
correspondentes: “Vi-o na rua”, “Encontrei-a na praça”, precedidos por preposições, em geral as preposições a,
“Trouxeram-me até aqui”. para, de e com. Por esse motivo, os pronomes tônicos
exercem a função de objeto indireto da oração. Possuem
Frequentemente observamos a omissão do pronome acentuação tônica forte.
reto em Língua Portuguesa. Isso se dá porque as próprias Lista dos pronomes oblíquos tônicos:
formas verbais marcam, através de suas desinências, as 1.ª pessoa do singular (eu): mim, comigo
pessoas do verbo indicadas pelo pronome reto: Fizemos 2.ª pessoa do singular (tu): ti, contigo
boa viagem. (Nós) 3.ª pessoa do singular (ele, ela): si, consigo, ele, ela
1.ª pessoa do plural (nós): nós, conosco
B) Pronome Oblíquo 2.ª pessoa do plural (vós): vós, convosco
Pronome pessoal do caso oblíquo é aquele que, na 3.ª pessoa do plural (eles, elas): si, consigo, eles, elas
sentença, exerce a função de complemento verbal
(objeto direto ou indireto): Ofertaram-nos flores. Observe que as únicas formas próprias do pronome
(objeto indireto) tônico são a primeira pessoa (mim) e segunda pessoa
(ti). As demais repetem a forma do pronome pessoal do
Observação: caso reto.
O pronome oblíquo é uma forma variante do As preposições essenciais introduzem sempre
pronome pessoal do caso reto. Essa variação indica pronomes pessoais do caso oblíquo e nunca pronome
a função diversa que eles desempenham na oração: do caso reto. Nos contextos interlocutivos que exigem o
pronome reto marca o sujeito da oração; pronome uso da língua formal, os pronomes costumam ser usados
oblíquo marca o complemento da oração. Os pronomes desta forma:
oblíquos sofrem variação de acordo com a acentuação Não há mais nada entre mim e ti.
tônica que possuem, podendo ser átonos ou tônicos. Não se comprovou qualquer ligação entre ti e ela.
Não há nenhuma acusação contra mim.
B.1 Pronome Oblíquo Átono Não vá sem mim.
São chamados átonos os pronomes oblíquos que
não são precedidos de preposição. Possuem acentuação Há construções em que a preposição, apesar de
tônica fraca: Ele me deu um presente. surgir anteposta a um pronome, serve para introduzir
Lista dos pronomes oblíquos átonos uma oração cujo verbo está no infinitivo. Nesses casos,
1.ª pessoa do singular (eu): me o verbo pode ter sujeito expresso; se esse sujeito for um
2.ª pessoa do singular (tu): te pronome, deverá ser do caso reto.
3.ª pessoa do singular (ele, ela): o, a, lhe Trouxeram vários vestidos para eu experimentar.
1.ª pessoa do plural (nós): nos Não vá sem eu mandar.
2.ª pessoa do plural (vós): vos
3.ª pessoa do plural (eles, elas): os, as, lhes A frase: “Foi fácil para mim resolver aquela questão!”
está correta, já que “para mim” é complemento de “fácil”.
A ordem direta seria: Resolver aquela questão foi fácil
FIQUE ATENTO! para mim!
Os pronomes o, os, a, as assumem formas
especiais depois de certas terminações A combinação da preposição “com” e alguns
verbais: pronomes originou as formas especiais comigo, contigo,
consigo, conosco e convosco. Tais pronomes oblíquos
1. Quando o verbo termina em -z, -s ou tônicos frequentemente exercem a função de adjunto
-r, o pronome assume a forma lo, los, la adverbial de companhia: Ele carregava o documento
ou las, ao mesmo tempo que a terminação consigo.
verbal é suprimida. Por exemplo:
fiz + o = fi-lo A preposição “até” exige as formas oblíquas tônicas:
fazeis + o = fazei-lo Ela veio até mim, mas nada falou.
dizer + a = dizê-la Mas, se “até” for palavra denotativa (com o sentido de
inclusão), usaremos as formas retas: Todos foram bem na
2. Quando o verbo termina em som nasal, prova, até eu! (= inclusive eu)
o pronome assume as formas no, nos, na,
nas. Por exemplo:
LÍNGUA PORTUGUESA

As formas “conosco” e “convosco” são substituídas


viram + o: viram-no por “com nós” e “com vós” quando os pronomes pessoais
repõe + os = repõe-nos são reforçados por palavras como outros, mesmos,
retém + a: retém-na próprios, todos, ambos ou algum numeral.
tem + as = tem-nas Você terá de viajar com nós todos.
Estávamos com vós outros quando chegaram as más
notícias.
Ele disse que iria com nós três.

31
B.3 Pronome Reflexivo Também são pronomes de tratamento o senhor,
São pronomes pessoais oblíquos que, embora a senhora e você, vocês. “O senhor” e “a senhora”
funcionem como objetos direto ou indireto, referem- são empregados no tratamento cerimonioso; “você”
se ao sujeito da oração. Indicam que o sujeito pratica e e “vocês”, no tratamento familiar. Você e vocês são
recebe a ação expressa pelo verbo. largamente empregados no português do Brasil; em
algumas regiões, a forma tu é de uso frequente; em
Lista dos pronomes reflexivos: outras, pouco empregada. Já a forma vós tem uso restrito
1.ª pessoa do singular (eu): me, mim = Eu não me à linguagem litúrgica, ultraformal ou literária.
lembro disso.
2.ª pessoa do singular (tu): te, ti = Conhece a ti mesmo. Observações:
3.ª pessoa do singular (ele, ela): se, si, consigo =
Guilherme já se preparou. 1. Vossa Excelência X Sua Excelência: os pronomes
Ela deu a si um presente. de tratamento que possuem “Vossa(s)” são
Antônio conversou consigo mesmo. empregados em relação à pessoa com quem
falamos: Espero que V. Ex.ª, Senhor Ministro,
1.ª pessoa do plural (nós): nos = Lavamo-nos no rio. compareça a este encontro.
2.ª pessoa do plural (vós): vos = Vós vos beneficiastes
com esta conquista. 2. Emprega-se “Sua (s)” quando se fala a respeito
3.ª pessoa do plural (eles, elas): se, si, consigo = Eles se da pessoa: Todos os membros da C.P.I. afirmaram
conheceram. / Elas deram a si um dia de folga. que Sua Excelência, o Senhor Presidente da
República, agiu com propriedade.

#FicaDica 3. Os pronomes de tratamento representam uma


forma indireta de nos dirigirmos aos nossos
O pronome é reflexivo quando se refere interlocutores. Ao tratarmos um deputado por
à mesma pessoa do pronome subjetivo Vossa Excelência, por exemplo, estamos nos
(sujeito): Eu me arrumei e saí. endereçando à excelência que esse deputado
É pronome recíproco quando indica supostamente tem para poder ocupar o cargo que
reciprocidade de ação: Nós nos amamos. / ocupa.
Olhamo-nos calados.
O “se” pode ser usado como palavra 4. Embora os pronomes de tratamento dirijam-se à
expletiva ou partícula de realce, sem ser 2.ª pessoa, toda a concordância deve ser feita
rigorosamente necessária e sem função com a 3.ª pessoa. Assim, os verbos, os pronomes
sintática: Os exploradores riam-se de suas possessivos e os pronomes oblíquos empregados
tentativas. / Será que eles se foram? em relação a eles devem ficar na 3.ª pessoa.

Basta que V. Ex.ª cumpra a terça parte das


C) Pronomes de Tratamento suas promessas, para que seus eleitores lhe fiquem
São pronomes utilizados no tratamento formal, reconhecidos.
cerimonioso. Apesar de indicarem nosso interlocutor
(portanto, a segunda pessoa), utilizam o verbo na 5. Uniformidade de Tratamento: quando escrevemos
terceira pessoa. Alguns exemplos: ou nos dirigimos a alguém, não é permitido mudar,
Vossa Alteza (V. A.) = príncipes, duques ao longo do texto, a pessoa do tratamento escolhida
Vossa Eminência (V. E.ma) = cardeais inicialmente. Assim, por exemplo, se começamos
Vossa Reverendíssima (V. Ver.ma) = sacerdotes e a chamar alguém de “você”, não poderemos usar
religiosos em geral “te” ou “teu”. O uso correto exigirá, ainda, verbo na
Vossa Excelência (V. Ex.ª) = oficiais de patente superior terceira pessoa.
à de coronel, senadores, deputados, embaixadores,
professores de curso superior, ministros de Estado Quando você vier, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos
e de Tribunais, governadores, secretários de Estado, teus cabelos. (errado)
presidente da República (sempre por extenso)
Vossa Magnificência (V. Mag.ª) = reitores de Quando você vier, eu a abraçarei e enrolar-me-ei nos
universidades seus cabelos. (correto) = terceira pessoa do singular
Vossa Majestade (V. M.) = reis, rainhas e imperadores
ou
LÍNGUA PORTUGUESA

Vossa Senhoria (V. S.a) = comerciantes em geral, oficiais


até a patente de coronel, chefes de seção e funcionários
de igual categoria Quando tu vieres, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos
Vossa Meretíssima (sempre por extenso) = para juízes teus cabelos. (correto) = segunda pessoa do singular
de direito
Vossa Santidade (sempre por extenso) = tratamento
cerimonioso
Vossa Onipotência (sempre por extenso) = Deus

32
Pronomes Possessivos A) Em relação ao espaço:
Este(s), esta(s) e isto = indicam o que está perto da
São palavras que, ao indicarem a pessoa gramatical pessoa que fala:
(possuidor), acrescentam a ela a ideia de posse de algo Este material é meu.
(coisa possuída).
Este caderno é meu. (meu = possuidor: 1.ª pessoa do Esse(s), essa(s) e isso = indicam o que está perto da
singular) pessoa com quem se fala:
Esse material em sua carteira é seu?
Número Pessoa Pronome
Aquele(s), aquela(s) e aquilo = indicam o que está
Singular Primeira Meu(s), minha(s) distante tanto da pessoa que fala como da pessoa com
Singular Segunda Teu(s), tua(s) quem se fala:
Aquele material não é nosso.
Singular Terceira Seu(s), sua(s)
Vejam aquele prédio!
Plural Primeira Nosso(s), nossa(s)
Plural Segunda Vosso(s), vossa(s) B) Em relação ao tempo:
Este(s), esta(s) e isto = indicam o tempo presente em
Plural Terceira Seu(s), sua(s)
relação à pessoa que fala:
Esta manhã farei a prova do concurso!
Note que:
A forma do possessivo depende da pessoa gramatical
Esse(s), essa(s) e isso = indicam o tempo passado,
a que se refere; o gênero e o número concordam com o
porém relativamente próximo à época em que se situa
objeto possuído: Ele trouxe seu apoio e sua contribuição
a pessoa que fala:
naquele momento difícil.
Essa noite dormi mal; só pensava no concurso!
Observações: Aquele(s), aquela(s) e aquilo = indicam um
afastamento no tempo, referido de modo vago ou como
1. A forma “seu” não é um possessivo quando resultar tempo remoto:
da alteração fonética da palavra senhor: Muito Naquele tempo, os professores eram valorizados.
obrigado, seu José.
C) Em relação ao falado ou escrito (ou ao que se falará
2. Os pronomes possessivos nem sempre indicam ou escreverá):
posse. Podem ter outros empregos, como: Este(s), esta(s) e isto = empregados quando se quer
A) indicar afetividade: Não faça isso, minha filha. fazer referência a alguma coisa sobre a qual ainda se
B) indicar cálculo aproximado: Ele já deve ter seus 40 falará:
anos. Serão estes os conteúdos da prova: análise sintática,
C) atribuir valor indefinido ao substantivo: Marisa tem ortografia, concordância.
lá seus defeitos, mas eu gosto muito dela.
Esse(s), essa(s) e isso = utilizados quando se pretende
3. Em frases onde se usam pronomes de tratamento, fazer referência a alguma coisa sobre a qual já se falou:
o pronome possessivo fica na 3.ª pessoa: Vossa Sua aprovação no concurso, isso é o que mais
Excelência trouxe sua mensagem? desejamos!

4. Referindo-se a mais de um substantivo, o Este e aquele são empregados quando se quer fazer
possessivo concorda com o mais próximo: Trouxe- referência a termos já mencionados; aquele se refere ao
me seus livros e anotações. termo referido em primeiro lugar e este para o referido
por último:
5. Em algumas construções, os pronomes pessoais
oblíquos átonos assumem valor de possessivo: Vou Domingo, no Pacaembu, jogarão Palmeiras e São
seguir-lhe os passos. (= Vou seguir seus passos) Paulo; este está mais bem colocado que aquele. (= este
[São Paulo], aquele [Palmeiras])
6. O adjetivo “respectivo” equivale a “devido, seu, ou
próprio”, por isso não se deve usar “seus” ao utilizá-
LÍNGUA PORTUGUESA

lo, para que não ocorra redundância: Coloque tudo Domingo, no Pacaembu, jogarão Palmeiras e São
nos respectivos lugares. Paulo; aquele está mais bem colocado que este. (= este
[São Paulo], aquele [Palmeiras])
Pronomes Demonstrativos
Os pronomes demonstrativos podem ser variáveis ou
São utilizados para explicitar a posição de certa invariáveis, observe:
palavra em relação a outras ou ao contexto. Essa relação Variáveis: este(s), esta(s), esse(s), essa(s), aquele(s),
pode ser de espaço, de tempo ou em relação ao discurso. aquela(s).

33
Invariáveis: isto, isso, aquilo. algum, alguns, alguma(s), bastante(s) (= muito,
Também aparecem como pronomes demonstrativos: muitos), demais, mais, menos, muito(s), muita(s), nenhum,
• o(s), a(s): quando estiverem antecedendo o “que” e nenhuns, nenhuma(s), outro(s), outra(s), pouco(s), pouca(s),
puderem ser substituídos por aquele(s), aquela(s), qualquer, quaisquer, qual, que, quanto(s), quanta(s), tal,
aquilo. tais, tanto(s), tanta(s), todo(s), toda(s), um, uns, uma(s),
Não ouvi o que disseste. (Não ouvi aquilo que disseste.) vários, várias.
Essa rua não é a que te indiquei. (não é aquela que te Menos palavras e mais ações.
indiquei.) Alguns se contentam pouco.
• mesmo(s), mesma(s), próprio(s), própria(s):
Os pronomes indefinidos podem ser divididos em
variam em gênero quando têm caráter reforçativo:
variáveis e invariáveis. Observe:
Estas são as mesmas pessoas que o procuraram ontem.
Eu mesma refiz os exercícios. • Variáveis = algum, nenhum, todo, muito, pouco,
Elas mesmas fizeram isso. vário, tanto, outro, quanto, alguma, nenhuma, toda,
Eles próprios cozinharam. muita, pouca, vária, tanta, outra, quanta, qualquer,
Os próprios alunos resolveram o problema. quaisquer*, alguns, nenhuns, todos, muitos, poucos,
vários, tantos, outros, quantos, algumas, nenhumas,
• semelhante(s): Não tenha semelhante atitude. todas, muitas, poucas, várias, tantas, outras, quantas.
• Invariáveis = alguém, ninguém, outrem, tudo, nada,
• tal, tais: Tal absurdo eu não cometeria. algo, cada.

1. Em frases como: O referido deputado e o Dr. Alcides *Qualquer é composto de qual + quer (do verbo
eram amigos íntimos; aquele casado, solteiro este. querer), por isso seu plural é quaisquer (única palavra
(ou então: este solteiro, aquele casado) - este se cujo plural é feito em seu interior).
refere à pessoa mencionada em último lugar;
aquele, à mencionada em primeiro lugar. Todo e toda no singular e junto de artigo significa
2. O pronome demonstrativo tal pode ter conotação inteiro; sem artigo, equivale a qualquer ou a todas as:
irônica: A menina foi a tal que ameaçou o professor? Toda a cidade está enfeitada. (= a cidade inteira)
3. Pode ocorrer a contração das preposições a, de, Toda cidade está enfeitada. (= todas as cidades)
em com pronome demonstrativo: àquele, àquela,
Trabalho todo o dia. (= o dia inteiro)
deste, desta, disso, nisso, no, etc: Não acreditei no
Trabalho todo dia. (= todos os dias)
que estava vendo. (no = naquilo)

Pronomes Indefinidos São locuções pronominais indefinidas: cada qual,


cada um, qualquer um, quantos quer (que), quem quer
São palavras que se referem à 3.ª pessoa do discurso, (que), seja quem for, seja qual for, todo aquele (que), tal
dando-lhe sentido vago (impreciso) ou expressando qual (= certo), tal e qual, tal ou qual, um ou outro, uma
quantidade indeterminada. ou outra, etc.
Alguém entrou no jardim e destruiu as mudas recém- Cada um escolheu o vinho desejado.
plantadas.
Pronomes Relativos
Não é difícil perceber que “alguém” indica uma pessoa São aqueles que representam nomes já mencionados
de quem se fala (uma terceira pessoa, portanto) de forma anteriormente e com os quais se relacionam. Introduzem
imprecisa, vaga. É uma palavra capaz de indicar um ser as orações subordinadas adjetivas.
humano que seguramente existe, mas cuja identidade é O racismo é um sistema que afirma a superioridade de
desconhecida ou não se quer revelar. Classificam-se em: um grupo racial sobre outros.
(afirma a superioridade de um grupo racial sobre
A) Pronomes Indefinidos Substantivos: assumem o outros = oração subordinada adjetiva).
lugar do ser ou da quantidade aproximada de seres
na frase. São eles: algo, alguém, fulano, sicrano,
O pronome relativo “que” refere-se à palavra “sistema”
beltrano, nada, ninguém, outrem, quem, tudo.
Algo o incomoda? e introduz uma oração subordinada. Diz-se que a palavra
Quem avisa amigo é. “sistema” é antecedente do pronome relativo que.
O antecedente do pronome relativo pode ser o
B) Pronomes Indefinidos Adjetivos: qualificam um pronome demonstrativo o, a, os, as.
ser expresso na frase, conferindo-lhe a noção de Não sei o que você está querendo dizer.
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quantidade aproximada. São eles: cada, certo(s), Às vezes, o antecedente do pronome relativo não vem
certa(s). expresso.
Cada povo tem seus costumes. Quem casa, quer casa.
Certas pessoas exercem várias profissões.
Observe:
Note que: Pronomes relativos variáveis = o qual, cujo, quanto, os
Ora são pronomes indefinidos substantivos, ora quais, cujos, quantos, a qual, cuja, quanta, as quais, cujas,
pronomes indefinidos adjetivos: quantas.

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Pronomes relativos invariáveis = quem, que, onde. Na indicação de tempo, deve-se empregar quando
ou em que: Sinto saudades da época em que (quando)
Note que: morávamos no exterior.
O pronome “que” é o relativo de mais largo emprego,
sendo por isso chamado relativo universal. Pode ser Podem ser utilizadas como pronomes relativos as
substituído por o qual, a qual, os quais, as quais, quando palavras:
seu antecedente for um substantivo.
O trabalho que eu fiz refere-se à corrupção. (= o qual) • como (= pelo qual) – desde que precedida das
A cantora que acabou de se apresentar é péssima. (= palavras modo, maneira ou forma:
a qual) Não me parece correto o modo como você agiu semana
Os trabalhos que eu fiz referem-se à corrupção. (= os passada.
quais)
As cantoras que se apresentaram eram péssimas. (= • quando (= em que) – desde que tenha como
as quais) antecedente um nome que dê ideia de tempo:
Bons eram os tempos quando podíamos jogar
O qual, os quais, a qual e as quais são exclusivamente videogame.
pronomes relativos, por isso são utilizados didaticamente
para verificar se palavras como “que”, “quem”, “onde”
Os pronomes relativos permitem reunir duas orações
(que podem ter várias classificações) são pronomes
numa só frase.
relativos. Todos eles são usados com referência à
O futebol é um esporte. / O povo gosta muito deste
pessoa ou coisa por motivo de clareza ou depois de
determinadas preposições: Regressando de São Paulo, esporte.
visitei o sítio de minha tia, o qual me deixou encantado. = O futebol é um esporte de que o povo gosta muito.
O uso de “que”, neste caso, geraria ambiguidade. Veja:
Regressando de São Paulo, visitei o sítio de minha tia, que Numa série de orações adjetivas coordenadas, pode
me deixou encantado (quem me deixou encantado: o ocorrer a elipse do relativo “que”: A sala estava cheia de
sítio ou minha tia?). gente que conversava, (que) ria, observava.
Essas são as conclusões sobre as quais pairam muitas
dúvidas? (com preposições de duas ou mais sílabas Pronomes Interrogativos
utiliza-se o qual / a qual) São usados na formulação de perguntas, sejam
O relativo “que” às vezes equivale a o que, coisa que, elas diretas ou indiretas. Assim como os pronomes
e se refere a uma oração: Não chegou a ser padre, mas indefinidos, referem-se à 3.ª pessoa do discurso de modo
deixou de ser poeta, que era a sua vocação natural. impreciso. São pronomes interrogativos: que, quem, qual
O pronome “cujo”: exprime posse; não concorda (e variações), quanto (e variações).
com o seu antecedente (o ser possuidor), mas com o Com quem andas?
consequente (o ser possuído, com o qual concorda Qual seu nome?
em gênero e número); não se usa artigo depois deste Diz-me com quem andas, que te direi quem és.
pronome; “cujo” equivale a do qual, da qual, dos quais, O pronome pessoal é do caso reto quando tem
das quais. função de sujeito na frase. O pronome pessoal é do caso
Existem pessoas cujas ações são nobres. oblíquo quando desempenha função de complemento.
(antecedente) (consequente) 1. Eu não sei essa matéria, mas ele irá me ajudar.
2. Maria foi embora para casa, pois não sabia se devia
Se o verbo exigir preposição, esta virá antes do lhe ajudar.
pronome: O autor, a cujo livro você se referiu, está aqui!
(referiu-se a) Na primeira oração os pronomes pessoais “eu” e “ele”
exercem função de sujeito, logo, são pertencentes ao
“Quanto” é pronome relativo quando tem por caso reto. Já na segunda oração, o pronome “lhe” exerce
antecedente um pronome indefinido: tanto (ou variações) função de complemento (objeto), ou seja, caso oblíquo.
e tudo: Os pronomes pessoais indicam as pessoas do discurso.
O pronome oblíquo “lhe”, da segunda oração, aponta
Emprestei tantos quantos foram necessários. para a segunda pessoa do singular (tu/você): Maria não
(antecedente) sabia se devia ajudar... Ajudar quem? Você (lhe).
Ele fez tudo quanto havia falado.
Os pronomes pessoais oblíquos podem ser átonos ou
(antecedente)
tônicos: os primeiros não são precedidos de preposição,
LÍNGUA PORTUGUESA

diferentemente dos segundos, que são sempre


O pronome “quem” se refere a pessoas e vem sempre
precedido de preposição. precedidos de preposição.
É um professor a quem muito devemos. A) Pronome oblíquo átono: Joana me perguntou o
(preposição) que eu estava fazendo.
B) Pronome oblíquo tônico: Joana perguntou para
“Onde”, como pronome relativo, sempre possui mim o que eu estava fazendo.
antecedente e só pode ser utilizado na indicação de
lugar: A casa onde morava foi assaltada.

35
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Mesóclise = É a colocação pronominal no meio do
verbo. A mesóclise é usada:
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. Quando o verbo estiver no futuro do presente ou
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza futuro do pretérito, contanto que esses verbos não
Cochar - Português linguagens: volume 2 – 7.ª ed. Reform. estejam precedidos de palavras que exijam a próclise.
– São Paulo: Saraiva, 2010. Exemplos: Realizar-se-á, na próxima semana, um grande
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras: evento em prol da paz no mundo.
literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000. Repare que o pronome está “no meio” do verbo
CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura, “realizará”: realizar – SE – á. Se houvesse na oração
Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira alguma palavra que justificasse o uso da próclise, esta
Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição – prevaleceria. Veja: Não se realizará...
São Paulo: Saraiva, 2002. Não fossem os meus compromissos, acompanhar-te-ia
nessa viagem.
(com presença de palavra que justifique o uso de
SITE
próclise: Não fossem os meus compromissos, EU te
acompanharia nessa viagem).
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/
secoes/morf/morf42.php> Ênclise = É a colocação pronominal depois do verbo.
A ênclise é usada quando a próclise e a mesóclise não
Colocação Pronominal forem possíveis:
• Quando o verbo estiver no imperativo afirmativo:
Colocação Pronominal trata da correta colocação dos Quando eu avisar, silenciem-se todos.
pronomes oblíquos átonos na frase. • Quando o verbo estiver no infinitivo impessoal: Não
era minha intenção machucá-la.
• Quando o verbo iniciar a oração. (até porque não se
#FicaDica inicia período com pronome oblíquo).
Pronome Oblíquo é aquele que exerce a Vou-me embora agora mesmo.
função de complemento verbal (objeto). Por Levanto-me às 6h.
isso, memorize:
OBlíquo = OBjeto! • Quando houver pausa antes do verbo: Se eu passo
no concurso, mudo-me hoje mesmo!
• Quando o verbo estiver no gerúndio: Recusou a
proposta fazendo-se de desentendida.
Embora na linguagem falada a colocação dos
pronomes não seja rigorosamente seguida, algumas Colocação pronominal nas locuções verbais
normas devem ser observadas na linguagem escrita.
• Após verbo no particípio = pronome depois do
Próclise = É a colocação pronominal antes do verbo. verbo auxiliar (e não depois do particípio):
A próclise é usada: Tenho me deliciado com a leitura!
• Quando o verbo estiver precedido de palavras que Eu tenho me deliciado com a leitura!
atraem o pronome para antes do verbo. São elas: Eu me tenho deliciado com a leitura!
A) Palavras de sentido negativo: não, nunca, ninguém,
jamais, etc.: Não se desespere! • Não convém usar hífen nos tempos compostos e
B) Advérbios: Agora se negam a depor. nas locuções verbais:
C) Conjunções subordinativas: Espero que me Vamos nos unir!
expliquem tudo! Iremos nos manifestar.
D) Pronomes relativos: Venceu o concurseiro que se
esforçou. • Quando há um fator para próclise nos tempos
E) Pronomes indefinidos: Poucos te deram a compostos ou locuções verbais: opção pelo uso
oportunidade. do pronome oblíquo “solto” entre os verbos =
F) Pronomes demonstrativos: Isso me magoa muito. Não vamos nos preocupar (e não: “não nos vamos
preocupar”).
• Orações iniciadas por palavras interrogativas: Quem
Emprego de o, a, os, as
LÍNGUA PORTUGUESA

lhe disse isso?


• Orações iniciadas por palavras exclamativas: Quanto
se ofendem! • Em verbos terminados em vogal ou ditongo oral, os
• Orações que exprimem desejo (orações optativas): pronomes: o, a, os, as não se alteram.
Que Deus o ajude. Chame-o agora.
• A próclise é obrigatória quando se utiliza o pronome Deixei-a mais tranquila.
reto ou sujeito expresso: Eu lhe entregarei o
• Em verbos terminados em r, s ou z, estas consoantes
material amanhã. / Tu sabes cantar?

36
finais alteram-se para lo, la, los, las. Exemplos: Classificação dos Substantivos
(Encontrar) Encontrá-lo é o meu maior sonho.
(Fiz) Fi-lo porque não tinha alternativa. A) Substantivos Comuns e Próprios
• Em verbos terminados em ditongos nasais (am, em, Observe a definição:
ão, õe), os pronomes o, a, os, as alteram-se para
no, na, nos, nas. Cidade: s.f. 1. Povoação maior que vila, com muitas
Chamem-no agora. casas e edifícios, dispostos em ruas e avenidas (no Brasil,
Põe-na sobre a mesa. toda a sede de município é cidade). 2. O centro de uma
cidade (em oposição aos bairros).

#FicaDica Qualquer “povoação maior que vila, com muitas


casas e edifícios, dispostos em ruas e avenidas” será
Próclise – pró lembra pré; pré é prefixo que chamada cidade. Isso significa que a palavra cidade é um
significa “antes”! Pronome antes do verbo! substantivo comum.
Ênclise – “en” lembra, pelo “som”, /Ənd/
(end, em Inglês – que significa “fim, final!). Substantivo Comum é aquele que designa os seres de
Pronome depois do verbo! uma mesma espécie de forma genérica: cidade, menino,
Mesóclise – pronome oblíquo no Meio do homem, mulher, país, cachorro.
verbo Estamos voando para Barcelona.

O substantivo Barcelona designa apenas um ser da


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS espécie cidade. Barcelona é um substantivo próprio –
aquele que designa os seres de uma mesma espécie de
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa forma particular: Londres, Paulinho, Pedro, Tietê, Brasil.
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza B) Substantivos Concretos e Abstratos
Cochar - Português linguagens: volume 3 – 7.ª ed. Reform. B.1 Substantivo Concreto: é aquele que designa
– São Paulo: Saraiva, 2010. o ser que existe, independentemente de outros
seres.
SITE
Observação:
Os substantivos concretos designam seres do mundo
Disponível em: <http://www.portugues.com.br/gra-
real e do mundo imaginário.
matica/colocacao-pronominal-.html>
Seres do mundo real: homem, mulher, cadeira, cobra,
Brasília.
9. SUBSTANTIVO Seres do mundo imaginário: saci, mãe-d’água,
fantasma.
Substantivo é a classe gramatical de palavras
variáveis, as quais denominam todos os seres que existem, B.2 Substantivo Abstrato: é aquele que designa se-
sejam reais ou imaginários. Além de objetos, pessoas e res que dependem de outros para se manifestarem
fenômenos, os substantivos também nomeiam: ou existirem. Por exemplo: a beleza não existe por
• lugares: Alemanha, Portugal si só, não pode ser observada. Só podemos obser-
• sentimentos: amor, saudade var a beleza numa pessoa ou coisa que seja bela.
• estados: alegria, tristeza A beleza depende de outro ser para se manifestar.
• qualidades: honestidade, sinceridade Portanto, a palavra beleza é um substantivo abs-
• ações: corrida, pescaria trato.
Os substantivos abstratos designam estados,
Morfossintaxe do substantivo qualidades, ações e sentimentos dos seres, dos quais
podem ser abstraídos, e sem os quais não podem existir:
Nas orações, geralmente o substantivo exerce funções vida (estado), rapidez (qualidade), viagem (ação), saudade
diretamente relacionadas com o verbo: atua como núcleo (sentimento).
do sujeito, dos complementos verbais (objeto direto
ou indireto) e do agente da passiva, podendo, ainda, • Substantivos Coletivos
funcionar como núcleo do complemento nominal ou do Ele vinha pela estrada e foi picado por uma abelha,
aposto, como núcleo do predicativo do sujeito, do objeto outra abelha, mais outra abelha.
ou como núcleo do vocativo. Também encontramos Ele vinha pela estrada e foi picado por várias abelhas.
LÍNGUA PORTUGUESA

substantivos como núcleos de adjuntos adnominais Ele vinha pela estrada e foi picado por um enxame.
e de adjuntos adverbiais - quando essas funções são
desempenhadas por grupos de palavras. Note que, no primeiro caso, para indicar plural, foi
necessário repetir o substantivo: uma abelha, outra
abelha, mais outra abelha. No segundo caso, utilizaram-
se duas palavras no plural. No terceiro, empregou-se
um substantivo no singular (enxame) para designar um
conjunto de seres da mesma espécie (abelhas).

37
O substantivo enxame é um substantivo coletivo. penca bananas, chaves
Substantivo Coletivo: é o substantivo comum que,
mesmo estando no singular, designa um conjunto de pinacoteca pinturas, quadros
seres da mesma espécie. quadrilha ladrões, bandidos
ramalhete flores
Substantivo coletivo Conjunto de: rebanho ovelhas
assembleia pessoas reunidas peças teatrais, obras
alcateia lobos repertório
musicais
acervo livros réstia alhos ou cebolas
trechos literários romanceiro poesias narrativas
antologia
selecionados revoada pássaros
arquipélago ilhas sínodo párocos
banda músicos talha lenha
desordeiros ou tropa muares, soldados
bando
malfeitores
turma estudantes, trabalhadores
banca examinadores
vara porcos
batalhão soldados
cardume peixes Formação dos Substantivos
caravana viajantes peregrinos
A) Substantivos Simples e Compostos
cacho frutas Chuva - subst. Fem. 1 - água caindo em gotas sobre a
cancioneiro canções, poesias líricas terra.
colmeia abelhas O substantivo chuva é formado por um único
elemento ou radical. É um substantivo simples.
concílio bispos
congresso parlamentares, cientistas A.1 Substantivo Simples: é aquele formado por um
atores de uma peça ou único elemento.
elenco Outros substantivos simples: tempo, sol, sofá, etc.
filme
Veja agora: O substantivo guarda-chuva é formado por
esquadra navios de guerra dois elementos (guarda + chuva). Esse substantivo é
enxoval roupas composto.
falange soldados, anjos
A.2 Substantivo Composto: é aquele formado por
fauna animais de uma região dois ou mais elementos. Outros exemplos: beija-
feixe lenha, capim flor, passatempo.
flora vegetais de uma região
B) Substantivos Primitivos e Derivados
frota navios mercantes, ônibus B.1 Substantivo Primitivo: é aquele que não deriva
girândola fogos de artifício de nenhuma outra palavra da própria língua
portuguesa. O substantivo limoeiro, por exemplo, é
horda bandidos, invasores derivado, pois se originou a partir da palavra limão.
médicos, bois, credores, B.2 Substantivo Derivado: é aquele que se origina
junta
examinadores de outra palavra.
júri jurados
Flexão dos substantivos
legião soldados, anjos, demônios
leva presos, recrutas O substantivo é uma classe variável. A palavra é
malfeitores ou variável quando sofre flexão (variação). A palavra menino,
malta por exemplo, pode sofrer variações para indicar:
desordeiros
Plural: meninos / Feminino: menina / Aumentativo:
manada búfalos, bois, elefantes,
LÍNGUA PORTUGUESA

meninão / Diminutivo: menininho


matilha cães de raça
A) Flexão de Gênero
molho chaves, verduras
Gênero é um princípio puramente linguístico, não
multidão pessoas em geral devendo ser confundido com “sexo”. O gênero diz
insetos (gafanhotos, respeito a todos os substantivos de nossa língua, quer se
nuvem refiram a seres animais providos de sexo, quer designem
mosquitos, etc.)
apenas “coisas”: o gato/a gata; o banco, a casa.

38
Na língua portuguesa, há dois gêneros: masculino e Exceções: barão – baronesa, ladrão - ladra, sultão -
feminino. Pertencem ao gênero masculino os substantivos sultana
que podem vir precedidos dos artigos o, os, um, uns. Veja • Substantivos terminados em -or:
estes títulos de filmes: acrescenta-se -a ao masculino = doutor – doutora
O velho e o mar troca-se -or por -triz: = imperador – imperatriz
Um Natal inesquecível
Os reis da praia • Substantivos com feminino em -esa, -essa, -isa:
cônsul - consulesa / abade - abadessa / poeta
Pertencem ao gênero feminino os substantivos que - poetisa / duque - duquesa / conde - condessa /
podem vir precedidos dos artigos a, as, uma, umas: profeta - profetisa
A história sem fim • Substantivos que formam o feminino trocando o -e
Uma cidade sem passado final por -a: elefante - elefanta
As tartarugas ninjas • Substantivos que têm radicais diferentes no
masculino e no feminino: bode – cabra / boi - vaca
Substantivos Biformes e Substantivos Uniformes • Substantivos que formam o feminino de maneira
especial, isto é, não seguem nenhuma das regras
1. Substantivos Biformes (= duas formas): anteriores: czar – czarina, réu - ré
apresentam uma forma para cada gênero: gato –
gata, homem – mulher, poeta – poetisa, prefeito - Formação do Feminino dos Substantivos
prefeita Uniformes

2. Substantivos Uniformes: apresentam uma única Epicenos:


forma, que serve tanto para o masculino quanto Novo jacaré escapa de policiais no rio Pinheiros.
para o feminino. Classificam-se em:
Não é possível saber o sexo do jacaré em questão.
A) Epicenos: referentes a animais. A distinção de sexo Isso ocorre porque o substantivo jacaré tem apenas uma
se faz mediante a utilização das palavras “macho” forma para indicar o masculino e o feminino.
e “fêmea”: a cobra macho e a cobra fêmea, o jacaré Alguns nomes de animais apresentam uma só forma
macho e o jacaré fêmea. para designar os dois sexos. Esses substantivos são
B) Sobrecomuns: substantivos uniformes referentes chamados de epicenos. No caso dos epicenos, quando
a pessoas de ambos os sexos: a criança, a houver a necessidade de especificar o sexo, utilizam-se
testemunha, a vítima, o cônjuge, o gênio, o ídolo, palavras macho e fêmea.
o indivíduo. A cobra macho picou o marinheiro.
C) Comuns de Dois ou Comum de Dois Gêneros: A cobra fêmea escondeu-se na bananeira.
indicam o sexo das pessoas por meio do artigo: o
colega e a colega, o doente e a doente, o artista e Sobrecomuns:
a artista. Entregue as crianças à natureza.

Substantivos de origem grega terminados em ema A palavra crianças se refere tanto a seres do sexo
ou oma são masculinos: o fonema, o poema, o sistema, o masculino, quanto a seres do sexo feminino. Nesse
sintoma, o teorema. caso, nem o artigo nem um possível adjetivo permitem
• Existem certos substantivos que, variando de gênero, identificar o sexo dos seres a que se refere a palavra. Veja:
variam em seu significado: A criança chorona chamava-se João.
o águia (vigarista) e a águia (ave; perspicaz); o cabeça A criança chorona chamava-se Maria.
(líder) e a cabeça (parte do corpo); o capital (dinheiro)
e a capital (cidade); o coma (sono mórbido) e a coma Outros substantivos sobrecomuns:
(cabeleira, juba); o lente (professor) e a lente (vidro de a criatura = João é uma boa criatura. Maria é uma
aumento); o moral (estado de espírito) e a moral (ética; boa criatura.
conclusão); o praça (soldado raso) e a praça (área pública); o cônjuge = O cônjuge de João faleceu. O cônjuge de
o rádio (aparelho receptor) e a rádio (estação emissora). Marcela faleceu

Formação do Feminino dos Substantivos Biformes Comuns de Dois Gêneros:


Motorista tem acidente idêntico 23 anos depois.
Regra geral: troca-se a terminação -o por –a: aluno
LÍNGUA PORTUGUESA

- aluna. Quem sofreu o acidente: um homem ou uma mulher?


• Substantivos terminados em -ês: acrescenta-se -a É impossível saber apenas pelo título da notícia, uma
ao masculino: freguês - freguesa vez que a palavra motorista é um substantivo uniforme.
• Substantivos terminados em -ão: fazem o feminino A distinção de gênero pode ser feita através da
de três formas: análise do artigo ou adjetivo, quando acompanharem o
1. troca-se -ão por -oa. = patrão – patroa substantivo: o colega - a colega; o imigrante - a imigrante;
2. troca-se -ão por -ã. = campeão - campeã um jovem - uma jovem; artista famoso - artista famosa;
3. troca-se -ão por ona. = solteirão - solteirona repórter francês - repórter francesa

39
A palavra personagem é usada indistintamente pala (poncho), a pala (parte anterior do boné ou quepe,
nos dois gêneros. Entre os escritores modernos nota- anteparo), o rádio (aparelho receptor), a rádio (emissora),
se acentuada preferência pelo masculino: O menino o voga (remador), a voga (moda).
descobriu nas nuvens os personagens dos contos de
carochinha. B) Flexão de Número do Substantivo
Com referência à mulher, deve-se preferir o feminino: Em português, há dois números gramaticais: o
O problema está nas mulheres de mais idade, que não singular, que indica um ser ou um grupo de seres, e o
aceitam a personagem. plural, que indica mais de um ser ou grupo de seres. A
característica do plural é o “s” final.
Diz-se: o (ou a) manequim Marcela, o (ou a) modelo
fotográfico Ana Belmonte. Plural dos Substantivos Simples

Masculinos: o tapa, o eclipse, o lança-perfume, o dó Os substantivos terminados em vogal, ditongo oral e


(pena), o sanduíche, o clarinete, o champanha, o sósia, o “n” fazem o plural pelo acréscimo de “s”: pai – pais; ímã –
maracajá, o clã, o herpes, o pijama, o suéter, o soprano, o ímãs; hífen - hifens (sem acento, no plural).
proclama, o pernoite, o púbis. Exceção: cânon - cânones.
Femininos: a dinamite, a derme, a hélice, a omoplata, Os substantivos terminados em “m” fazem o plural
a cataplasma, a pane, a mascote, a gênese, a entorse, a
em “ns”: homem - homens.
libido, a cal, a faringe, a cólera (doença), a ubá (canoa).
Os substantivos terminados em “r” e “z” fazem o plural
pelo acréscimo de “es”: revólver – revólveres; raiz - raízes.
São geralmente masculinos os substantivos de origem
grega terminados em -ma: o grama (peso), o quilograma,
Atenção:
o plasma, o apostema, o diagrama, o epigrama, o
O plural de caráter é caracteres.
telefonema, o estratagema, o dilema, o teorema, o trema,
o eczema, o edema, o magma, o estigma, o axioma, o
tracoma, o hematoma. Os substantivos terminados em al, el, ol, ul flexionam-
Exceções: a cataplasma, a celeuma, a fleuma, etc. se no plural, trocando o “l” por “is”: quintal - quintais;
caracol – caracóis; hotel - hotéis. Exceções: mal e males,
Gênero dos Nomes de Cidades - Com raras exceções, cônsul e cônsules.
nomes de cidades são femininos: A histórica Ouro Preto. / Os substantivos terminados em “il” fazem o plural de
A dinâmica São Paulo. / A acolhedora Porto Alegre. / Uma duas maneiras:
Londres imensa e triste. 1. Quando oxítonos, em “is”: canil - canis
Exceções: o Rio de Janeiro, o Cairo, o Porto, o Havre. 2. Quando paroxítonos, em “eis”: míssil - mísseis.

Gênero e Significação
Observação:
Muitos substantivos têm uma significação no A palavra réptil pode formar seu plural de duas
masculino e outra no feminino. Observe: maneiras: répteis ou reptis (pouco usada).
o baliza (soldado que, que à frente da tropa, indica os
movimentos que se deve realizar em conjunto; o que vai à Os substantivos terminados em “s” fazem o plural de
frente de um bloco carnavalesco, manejando um bastão), duas maneiras:
a baliza (marco, estaca; sinal que marca um limite ou 1. Quando monossilábicos ou oxítonos, mediante o
proibição de trânsito), o cabeça (chefe), a cabeça (parte do acréscimo de “es”: ás – ases / retrós - retroses
corpo), o cisma (separação religiosa, dissidência), a cisma 2. Quando paroxítonos ou proparoxítonos, ficam
(ato de cismar, desconfiança), o cinza (a cor cinzenta), invariáveis: o lápis - os lápis / o ônibus - os ônibus.
a cinza (resíduos de combustão), o capital (dinheiro),
a capital (cidade), o coma (perda dos sentidos), a coma Os substantivos terminados em “ão” fazem o plural
(cabeleira), o coral (pólipo, a cor vermelha, canto em coro), de três maneiras.
a coral (cobra venenosa), o crisma (óleo sagrado, usado 1. substituindo o -ão por -ões: ação - ações
na administração da crisma e de outros sacramentos), 2. substituindo o -ão por -ães: cão - cães
a crisma (sacramento da confirmação), o cura (pároco), 3. substituindo o -ão por -ãos: grão - grãos
a cura (ato de curar), o estepe (pneu sobressalente), a
estepe (vasta planície de vegetação), o guia (pessoa que Observação:
guia outras), a guia (documento, pena grande das asas
LÍNGUA PORTUGUESA

Muitos substantivos terminados em “ão” apresentam


das aves), o grama (unidade de peso), a grama (relva), dois – e até três – plurais:
o caixa (funcionário da caixa), a caixa (recipiente, setor aldeão – aldeões/aldeães/aldeãos ancião – anciões/
de pagamentos), o lente (professor), a lente (vidro de anciães/anciãos
aumento), o moral (ânimo), a moral (honestidade, bons charlatão – charlatões/charlatães corrimão –
costumes, ética), o nascente (lado onde nasce o Sol), a corrimãos/corrimões
nascente (a fonte), o maria-fumaça (trem como locomotiva
guardião – guardiões/guardiães vilão – vilãos/vilões/
a vapor), maria-fumaça (locomotiva movida a vapor), o
vilães

40
Os substantivos terminados em “x” ficam invariáveis: Plural das Palavras Substantivadas
o látex - os látex.
As palavras substantivadas, isto é, palavras de outras
Plural dos Substantivos Compostos classes gramaticais usadas como substantivo, apresentam,
no plural, as flexões próprias dos substantivos.
A formação do plural dos substantivos compostos Pese bem os prós e os contras.
depende da forma como são grafados, do tipo de O aluno errou na prova dos noves.
palavras que formam o composto e da relação que Ouça com a mesma serenidade os sins e os nãos.
estabelecem entre si. Aqueles que são grafados sem
hífen comportam-se como os substantivos simples: Observação:
aguardente/aguardentes, girassol/girassóis, pontapé/ Numerais substantivados terminados em “s” ou “z”
pontapés, malmequer/malmequeres. não variam no plural: Nas provas mensais consegui muitos
O plural dos substantivos compostos cujos elementos seis e alguns dez.
são ligados por hífen costuma provocar muitas dúvidas
e discussões. Algumas orientações são dadas a seguir: Plural dos Diminutivos

A) Flexionam-se os dois elementos, quando Flexiona-se o substantivo no plural, retira-se o “s”


formados de: final e acrescenta-se o sufixo diminutivo.
substantivo + substantivo = couve-flor e couves-flores
substantivo + adjetivo = amor-perfeito e amores- pãe(s) + zinhos = pãezinhos
perfeitos
adjetivo + substantivo = gentil-homem e gentis- animai(s) + zinhos = animaizinhos
homens botõe(s) + zinhos = botõezinhos
numeral + substantivo = quinta-feira e quintas-feiras
chapéu(s) + zinhos = chapeuzinhos
B) Flexiona-se somente o segundo elemento, farói(s) + zinhos = faroizinhos
quando formados de: tren(s) + zinhos = trenzinhos
verbo + substantivo = guarda-roupa e guarda-roupas
colhere(s) + zinhas = colherezinhas
palavra invariável + palavra variável = alto-falante e
alto-falantes flore(s) + zinhas = florezinhas
palavras repetidas ou imitativas = reco-reco e reco- mão(s) + zinhas = mãozinhas
recos
papéi(s) + zinhos = papeizinhos
C) Flexiona-se somente o primeiro elemento, nuven(s) + zinhas = nuvenzinhas
quando formados de: funi(s) + zinhos = funizinhos
substantivo + preposição clara + substantivo = água-
de-colônia e águas-de-colônia túnei(s) + zinhos = tuneizinhos
substantivo + preposição oculta + substantivo = pai(s) + zinhos = paizinhos
cavalo-vapor e cavalos-vapor pé(s) + zinhos = pezinhos
substantivo + substantivo que funciona como
determinante do primeiro, ou seja, especifica a função ou pé(s) + zitos = pezitos
o tipo do termo anterior: palavra-chave - palavras-chave,
bomba-relógio - bombas-relógio, homem-rã - homens-rã, Plural dos Nomes Próprios Personativos
peixe-espada - peixes-espada.
Devem-se pluralizar os nomes próprios de pessoas
D) Permanecem invariáveis, quando formados de: sempre que a terminação preste-se à flexão.
verbo + advérbio = o bota-fora e os bota-fora Os Napoleões também são derrotados.
verbo + substantivo no plural = o saca-rolhas e os As Raquéis e Esteres.
saca-rolhas
Plural dos Substantivos Estrangeiros
Casos Especiais
Substantivos ainda não aportuguesados devem ser
escritos como na língua original, acrescentando-se “s”
o louva-a-deus e os louva-a-deus (exceto quando terminam em “s” ou “z”): os shows, os
o bem-te-vi e os bem-te-vis shorts, os jazz.
LÍNGUA PORTUGUESA

o bem-me-quer e os bem-me-queres Substantivos já aportuguesados flexionam-se de


acordo com as regras de nossa língua: os clubes, os
o joão-ninguém e os joões-ninguém. chopes, os jipes, os esportes, as toaletes, os bibelôs, os
garçons, os réquiens.
Observe o exemplo: Este jogador faz gols toda vez que
joga.
O plural correto seria gois (ô), mas não se usa.

41
Plural com Mudança de Timbre Analítico = substantivo acompanhado de um adjetivo
que indica pequenez. Por exemplo: casa pequena.
Certos substantivos formam o plural com mudança Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo
de timbre da vogal tônica (o fechado / o aberto). É um indicador de diminuição. Por exemplo: casinha.
fato fonético chamado metafonia (plural metafônico).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Singular Plural SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Corpo (ô) Corpos (ó) Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Esforço Esforços CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza
Cochar. Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed. Reform.
Fogo Fogos – São Paulo: Saraiva, 2010.
Forno Fornos CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura,
Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira
Fosso Fossos Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição –
Imposto Impostos São Paulo: Saraiva, 2002.
Olho Olhos
SITE
Osso (ô) Ossos (ó)
Ovo Ovos Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se-
coes/morf/morf12.php>
Poço Poços
Porto Portos 10. VERBO
Posto Postos
Verbo é a palavra que se flexiona em pessoa, número,
Tijolo Tijolos tempo e modo. A estes tipos de flexão verbal dá-se o
nome de conjugação (por isso também se diz que verbo
Têm a vogal tônica fechada (ô): adornos, almoços, é a palavra que pode ser conjugada). Pode indicar, entre
bolsos, esposos, estojos, globos, gostos, polvos, rolos, soros, outros processos: ação (amarrar), estado (sou), fenômeno
etc. (choverá); ocorrência (nascer); desejo (querer).

Observação: Estrutura das Formas Verbais


Distinga-se molho (ô) = caldo (molho de carne), de
molho (ó) = feixe (molho de lenha). Do ponto de vista estrutural, o verbo pode apresentar
os seguintes elementos:
Há substantivos que só se usam no singular: o sul, o
norte, o leste, o oeste, a fé, etc. A) Radical: é a parte invariável, que expressa o
Outros só no plural: as núpcias, os víveres, os pêsames, significado essencial do verbo. Por exemplo: fal-ei;
as espadas/os paus (naipes de baralho), as fezes. fal-ava; fal-am. (radical fal-)
B) Tema: é o radical seguido da vogal temática que
Outros, enfim, têm, no plural, sentido diferente do
indica a conjugação a que pertence o verbo. Por
singular: bem (virtude) e bens (riquezas), honra (probidade,
exemplo: fala-r. São três as conjugações:
bom nome) e honras (homenagem, títulos).
1.ª - Vogal Temática - A - (falar), 2.ª - Vogal Temática
Usamos, às vezes, os substantivos no singular, mas - E - (vender), 3.ª - Vogal Temática - I - (partir).
com sentido de plural: Aqui morreu muito negro.
Celebraram o sacrifício divino muitas vezes em capelas C) Desinência modo-temporal: é o elemento que
improvisadas. designa o tempo e o modo do verbo. Por exemplo:
falávamos ( indica o pretérito imperfeito do indicativo)
C) Flexão de Grau do Substantivo / falasse ( indica o pretérito imperfeito do subjuntivo)
Grau é a propriedade que as palavras têm de exprimir
as variações de tamanho dos seres. D) Desinência número-pessoal: é o elemento que
designa a pessoa do discurso (1.ª, 2.ª ou 3.ª) e o
Classifica-se em: número (singular ou plural):
1. Grau Normal - Indica um ser de tamanho falamos (indica a 1.ª pessoa do plural.) / falavam
considerado normal. Por exemplo: casa (indica a 3.ª pessoa do plural.)
2. Grau Aumentativo - Indica o aumento do tamanho
LÍNGUA PORTUGUESA

do ser. Classifica-se em:


Analítico = o substantivo é acompanhado de um FIQUE ATENTO!
adjetivo que indica grandeza. Por exemplo: casa grande. O verbo pôr, assim como seus derivados
Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo (compor, repor, depor), pertencem à 2.ª
indicador de aumento. Por exemplo: casarão. conjugação, pois a forma arcaica do verbo
pôr era poer. A vogal “e”, apesar de haver
3. Grau Diminutivo - Indica a diminuição do tamanho desaparecido do infinitivo, revela-se em
do ser. Pode ser: algumas formas do verbo: põe, pões, põem, etc.

42
Formas Rizotônicas e Arrizotônicas Havia muitos candidatos no dia da prova. (Havia =
Existiam)
Ao combinarmos os conhecimentos sobre a estrutura Houve duas guerras mundiais. (Houve = Aconteceram)
dos verbos com o conceito de acentuação tônica, Haverá debates hoje. (Haverá = Realizar-se-ão)
percebemos com facilidade que nas formas rizotônicas o Viajei a Madri há muitos anos. (há = faz)
acento tônico cai no radical do verbo: opino, aprendam,
amo, por exemplo. Nas formas arrizotônicas, o acento 2. Fazer, ser e estar (quando indicam tempo)
tônico não cai no radical, mas sim na terminação verbal Faz invernos rigorosos na Europa.
(fora do radical): opinei, aprenderão, amaríamos. Era primavera quando o conheci.
Estava frio naquele dia.
Classificação dos Verbos
3. Todos os verbos que indicam fenômenos da
Classificam-se em: natureza são impessoais: chover, ventar, nevar, gear,
trovejar, amanhecer, escurecer, etc. Quando, porém,
A) Regulares: são aqueles que apresentam o radical se constrói, “Amanheci cansado”, usa-se o verbo
inalterado durante a conjugação e desinências “amanhecer” em sentido figurado. Qualquer verbo
idênticas às de todos os verbos regulares da impessoal, empregado em sentido figurado, deixa
mesma conjugação. Por exemplo: comparemos os de ser impessoal para ser pessoal, ou seja, terá
verbos “cantar” e “falar”, conjugados no presente
conjugação completa.
do Modo Indicativo:
Amanheci cansado. (Sujeito desinencial: eu)
Choveram candidatos ao cargo. (Sujeito: candidatos)
Canto Falo Fiz quinze anos ontem. (Sujeito desinencial: eu)
Cantas Falas
4. O verbo passar (seguido de preposição), indicando
Canta Falas
tempo: Já passa das seis.
Cantamos Falamos
Cantais Falais 5. Os verbos bastar e chegar, seguidos da preposição
“de”, indicando suficiência:
Basta de tolices.
#FicaDica Chega de promessas.
Observe que, retirando os radicais, as
6. Os verbos estar e ficar em orações como “Está bem,
desinências modo-temporal e número-
Está muito bem assim, Não fica bem, Fica mal”, sem
pessoal mantiveram-se idênticas. Tente fazer
referência a sujeito expresso anteriormente (por
com outro verbo e perceberá que se repetirá
exemplo: “ele está mal”). Podemos, nesse caso,
o fato (desde que o verbo seja da primeira
classificar o sujeito como hipotético, tornando-se,
conjugação e regular!). Faça com o verbo
tais verbos, pessoais.
“andar”, por exemplo. Substitua o radical
“cant” e coloque o “and” (radical do verbo
andar). Viu? Fácil! 7. O verbo dar + para da língua popular, equivalente
de “ser possível”. Por exemplo:
Não deu para chegar mais cedo.
B) Irregulares: são aqueles cuja flexão provoca Dá para me arrumar uma apostila?
alterações no radical ou nas desinências: faço, fiz,
farei, fizesse. E) Unipessoais: são aqueles que, tendo sujeito,
conjugam-se apenas nas terceiras pessoas, do
Observação: singular e do plural. São unipessoais os verbos
Alguns verbos sofrem alteração no radical apenas constar, convir, ser (= preciso, necessário) e todos os
para que seja mantida a sonoridade. É o caso de: corrigir/ que indicam vozes de animais (cacarejar, cricrilar,
corrijo, fingir/finjo, tocar/toquei, por exemplo. Tais miar, latir, piar).
alterações não caracterizam irregularidade, porque o
fonema permanece inalterado. Os verbos unipessoais podem ser usados como
verbos pessoais na linguagem figurada:
C) Defectivos: são aqueles que não apresentam Teu irmão amadureceu bastante.
LÍNGUA PORTUGUESA

conjugação completa. Os principais são adequar, O que é que aquela garota está cacarejando?
precaver, computar, reaver, abolir, falir.
D) Impessoais: são os verbos que não têm sujeito Principais verbos unipessoais:
e, normalmente, são usados na terceira pessoa do
singular. Os principais verbos impessoais são: • Cumprir, importar, convir, doer, aprazer, parecer,
ser (preciso, necessário):
1. Haver, quando sinônimo de existir, acontecer, Cumpre estudarmos bastante. (Sujeito: estudarmos
realizar-se ou fazer (em orações temporais). bastante)

43
Parece que vai chover. (Sujeito: que vai chover)
É preciso que chova. (Sujeito: que chova)

• Fazer e ir, em orações que dão ideia de tempo, seguidos da conjunção que.
Faz dez anos que viajei à Europa. (Sujeito: que viajei à Europa)
Vai para (ou Vai em ou Vai por) dez anos que não a vejo. (Sujeito: que não a vejo)

F) Abundantes: são aqueles que possuem duas ou mais formas equivalentes, geralmente no particípio, em que,
além das formas regulares terminadas em -ado ou -ido, surgem as chamadas formas curtas (particípio irregular).
O particípio regular (terminado em “–do”) é utilizado na voz ativa, ou seja, com os verbos ter e haver; o irregular é
empregado na voz passiva, ou seja, com os verbos ser, ficar e estar. Observe:

Particípio Particípio
Infinitivo
Regular Irregular
Aceitar Aceitado Aceito
Acender Acendido Aceso
Anexar Anexado Anexo
Benzer Benzido Bento
Corrigir Corrigido Correto
Dispersar Dispersado Disperso
Eleger Elegido Eleito
Envolver Envolvido Envolto
Imprimir Imprimido Impresso
Inserir Inserido Inserto
Limpar Limpado Limpo
Matar Matado Morto
Misturar Misturado Misto
Morrer Morrido Morto
Murchar Murchado Murcho
Pegar Pegado Pego
Romper Rompido Roto
Soltar Soltado Solto
Suspender Suspendido Suspenso
Tingir Tingido Tinto
Vagar Vagado Vago

Estes verbos e seus derivados possuem, apenas, o particípio irregular: abrir/aberto, cobrir/coberto, dizer/dito,
escrever/escrito, pôr/posto, ver/visto, vir/vindo.

G) Anômalos: são aqueles que incluem mais de um radical em sua conjugação. Existem apenas dois: ser (sou, sois,
fui) e ir (fui, ia, vades).

H) Auxiliares: São aqueles que entram na formação dos tempos compostos e das locuções verbais. O verbo
principal (aquele que exprime a ideia fundamental, mais importante), quando acompanhado de verbo auxiliar, é
expresso numa das formas nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio.

Vou espantar todos!


LÍNGUA PORTUGUESA

(verbo auxiliar) (verbo principal no infinitivo)

Está chegando a hora!


(verbo auxiliar) (verbo principal no gerúndio)

Observação:
Os verbos auxiliares mais usados são: ser, estar, ter e haver.

44
Conjugação dos Verbos Auxiliares
SER - Modo Indicativo

Pret. mais-que- Fut. do


Presente Pret. Perfeito Pret. Imp. Fut.do Pres.
perf. Pretérito
Sou Fui Era Fora Serei Seria
És Foste Eras Foras Serás Serias
É Foi Era Fora Será Seria
Somos Fomos Éramos Fôramos Seremos Seríamos
Sois Fostes Éreis Fôreis Sereis Seríeis
São Foram Eram Foram Serão Seriam

SER - Modo Subjuntivo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro


que eu seja se eu fosse quando eu for
que tu sejas se tu fosses quando tu fores
que ele seja se ele fosse quando ele for
que nós sejamos se nós fôssemos quando nós formos
que vós sejais se vós fôsseis quando vós fordes
que eles sejam se eles fossem quando eles forem

SER - Modo Imperativo


Afirmativo Negativo
sê tu não sejas tu
seja você não seja você
sejamos nós não sejamos nós
sede vós não sejais vós
sejam vocês não sejam vocês

SER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


ser ser eu sendo sido
seres tu
ser ele
sermos nós
serdes vós
serem eles

ESTAR - Modo Indicativo

Presente Pret. perf. Pret. Imp. Pret.mais-q-perf. Fut.doPres Fut.do Preté


estou estive estava estivera estarei estaria
LÍNGUA PORTUGUESA

estás estiveste estavas estiveras estarás estarias


está esteve estava estivera estará estaria
estamos estivemos estávamos estivéramos estaremos estaríamos
estais estivestes estáveis estivéreis estareis estaríeis
estão estiveram estavam estiveram estarão estariam

45
ESTAR Modo Subjuntivo – Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


esteja estivesse estiver
estejas estivesses estiveres está estejas
esteja estivesse estiver esteja esteja
estejamos estivéssemos estivermos estejamos estejamos
estejais estivésseis estiverdes estai estejais
estejam estivessem estiverem estejam estejam

ESTAR - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


estar estar estando estado
estares
estar
estarmos
estardes
estarem

HAVER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imp. Pret.Mais-Q-Perf. Fut.do Pres. Fut.doPreté.


hei houve havia houvera haverei haveria
hás houveste havias houveras haverás haverias
há houve havia houvera haverá haveria
havemos houvemos havíamos houvéramos haveremos haveríamos
haveis houvestes havíeis houvéreis havereis haveríeis
hão houveram haviam houveram haverão haveriam

HAVER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


ja houvesse houver
hajas houvesses houveres há hajas
haja houvesse houver haja haja
hajamos houvéssemos houvermos hajamos hajamos
hajais houvésseis houverdes havei hajais
hajam houvessem houverem hajam hajam

HAVER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


haver haver havendo havido
LÍNGUA PORTUGUESA

haveres
haver
havermos
haverdes
haverem

46
TER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imp. Pret.Mais-Q-Perf. Fut.do Pres. Fut.doPreté.


tenho tive tinha tivera terei teria
tens tiveste tinhas tiveras terás terias
tem teve tinha tivera terá teria
temos tivemos tínhamos tivéramos teremos teríamos
tendes tivestes tínheis tivéreis tereis teríeis
têm tiveram tinham tiveram terão teriam

TER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


tenha tivesse tiver
tenhas tivesses tiveres tem tenhas
tenha tivesse tiver tenha tenha
tenhamos tivéssemos tivermos tenhamos tenhamos
tenhais tivésseis tiverdes tende tenhais
tenham tivessem tiverem tenham tenham

I) Pronominais: São aqueles verbos que se conjugam com os pronomes oblíquos átonos me, te, se, nos, vos, se, na
mesma pessoa do sujeito, expressando reflexibilidade (pronominais acidentais) ou apenas reforçando a ideia já
implícita no próprio sentido do verbo (pronominais essenciais). Veja:

• Essenciais: são aqueles que sempre se conjugam com os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos, se. São poucos:
abster-se, ater-se, apiedar-se, atrever-se, dignar-se, arrepender-se, etc. Nos verbos pronominais essenciais a
reflexibilidade já está implícita no radical do verbo. Por exemplo: Arrependi-me de ter estado lá.
A ideia é de que a pessoa representada pelo sujeito (eu) tem um sentimento (arrependimento) que recai sobre ela
mesma, pois não recebe ação transitiva nenhuma vinda do verbo; o pronome oblíquo átono é apenas uma partícula
integrante do verbo, já que, pelo uso, sempre é conjugada com o verbo. Diz-se que o pronome apenas serve de
reforço da ideia reflexiva expressa pelo radical do próprio verbo. Veja uma conjugação pronominal essencial (verbo e
respectivos pronomes):
Eu me arrependo, Tu te arrependes, Ele se arrepende, Nós nos arrependemos, Vós vos arrependeis, Eles se arrependem

• Acidentais: são aqueles verbos transitivos diretos em que a ação exercida pelo sujeito recai sobre o objeto
representado por pronome oblíquo da mesma pessoa do sujeito; assim, o sujeito faz uma ação que recai sobre
ele mesmo. Em geral, os verbos transitivos diretos ou transitivos diretos e indiretos podem ser conjugados com
os pronomes mencionados, formando o que se chama voz reflexiva. Por exemplo: A garota se penteava.
A reflexibilidade é acidental, pois a ação reflexiva pode ser exercida também sobre outra pessoa: A garota penteou-
me.

Por fazerem parte integrante do verbo, os pronomes oblíquos átonos dos verbos pronominais não possuem função
sintática.
Há verbos que também são acompanhados de pronomes oblíquos átonos, mas que não são essencialmente
pronominais - são os verbos reflexivos. Nos verbos reflexivos, os pronomes, apesar de se encontrarem na pessoa
idêntica à do sujeito, exercem funções sintáticas. Por exemplo:
Eu me feri. = Eu (sujeito) – 1.ª pessoa do singular; me (objeto direto) – 1.ª pessoa do singular

Modos Verbais
LÍNGUA PORTUGUESA

Dá-se o nome de modo às várias formas assumidas pelo verbo na expressão de um fato certo, real, verdadeiro.
Existem três modos:
A) Indicativo - indica uma certeza, uma realidade: Eu estudo para o concurso.
B) Subjuntivo - indica uma dúvida, uma possibilidade: Talvez eu estude amanhã.
C) Imperativo - indica uma ordem, um pedido: Estude, colega!

47
Formas Nominais Quando o particípio exprime somente estado, sem
nenhuma relação temporal, assume verdadeiramente a
Além desses três modos, o verbo apresenta ainda função de adjetivo. Por exemplo: Ela é a aluna escolhida
formas que podem exercer funções de nomes (substantivo, pela turma.
adjetivo, advérbio), sendo por isso denominadas formas
nominais. Observe:

A) Infinitivo
A.1 Impessoal: exprime a significação do verbo de
modo vago e indefinido, podendo ter valor e
função de substantivo. Por exemplo:
Viver é lutar. (= vida é luta) (Ziraldo)
É indispensável combater a corrupção. (= combate à)
Tempos Verbais
O infinitivo impessoal pode apresentar-se no presente
(forma simples) ou no passado (forma composta). Por Tomando-se como referência o momento em que
exemplo: se fala, a ação expressa pelo verbo pode ocorrer em
É preciso ler este livro. diversos tempos.
Era preciso ter lido este livro.
A) Tempos do Modo Indicativo
A.2 Infinitivo Pessoal: é o infinitivo relacionado às Presente - Expressa um fato atual: Eu estudo neste
três pessoas do discurso. Na 1.ª e 3.ª pessoas do colégio.
singular, não apresenta desinências, assumindo a Pretérito Imperfeito - Expressa um fato ocorrido
mesma forma do impessoal; nas demais, flexiona- num momento anterior ao atual, mas que não foi
se da seguinte maneira: completamente terminado: Ele estudava as lições quando
2.ª pessoa do singular: Radical + ES = teres (tu) foi interrompido.
1.ª pessoa do plural: Radical + MOS = termos (nós) Pretérito Perfeito - Expressa um fato ocorrido
2.ª pessoa do plural: Radical + DES = terdes (vós) num momento anterior ao atual e que foi totalmente
3.ª pessoa do plural: Radical + EM = terem (eles) terminado: Ele estudou as lições ontem à noite.
Foste elogiado por teres alcançado uma boa colocação. Pretérito-mais-que-perfeito - Expressa um fato
ocorrido antes de outro fato já terminado: Ele já estudara
B) Gerúndio: o gerúndio pode funcionar como as lições quando os amigos chegaram. (forma simples).
adjetivo ou advérbio. Por exemplo: Futuro do Presente - Enuncia um fato que deve
Saindo de casa, encontrei alguns amigos. (função de ocorrer num tempo vindouro com relação ao momento
advérbio) atual: Ele estudará as lições amanhã.
Água fervendo, pele ardendo. (função de adjetivo) Futuro do Pretérito - Enuncia um fato que pode
ocorrer posteriormente a um determinado fato passado:
Na forma simples (1), o gerúndio expressa uma ação Se ele pudesse, estudaria um pouco mais.
em curso; na forma composta (2), uma ação concluída:
Trabalhando (1), aprenderás o valor do dinheiro. B) Tempos do Modo Subjuntivo
Tendo trabalhado (2), aprendeu o valor do dinheiro. Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer no
momento atual: É conveniente que estudes para o exame.
Quando o gerúndio é vício de linguagem Pretérito Imperfeito - Expressa um fato passado,
(gerundismo), ou seja, uso exagerado e inadequado do mas posterior a outro já ocorrido: Eu esperava que ele
gerúndio: vencesse o jogo.
1. Enquanto você vai ao mercado, vou estar jogando Futuro do Presente - Enuncia um fato que pode
futebol. ocorrer num momento futuro em relação ao atual:
2. – Sim, senhora! Vou estar verificando! Quando ele vier à loja, levará as encomendas.
Em 1, a locução “vou estar” + gerúndio é adequada,
pois transmite a ideia de uma ação que ocorre no FIQUE ATENTO!
momento da outra; em 2, essa ideia não ocorre, já que
Há casos em que formas verbais de um
a locução verbal “vou estar verificando” refere-se a um
determinado tempo podem ser utilizadas
futuro em andamento, exigindo, no caso, a construção
para indicar outro.
“verificarei” ou “vou verificar”.
LÍNGUA PORTUGUESA

Em 1500, Pedro Álvares Cabral descobre o


Brasil.
C) Particípio: quando não é empregado na formação
descobre = forma do presente indicando
dos tempos compostos, o particípio indica,
passado ( = descobrira/descobriu)
geralmente, o resultado de uma ação terminada,
No próximo final de semana, faço a prova!
flexionando-se em gênero, número e grau. Por
faço = forma do presente indicando futuro (
exemplo: Terminados os exames, os candidatos
= farei)
saíram.

48
Tabelas das Conjugações Verbais

Modo Indicativo

Presente do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desinência pessoal


CANTAR VENDER PARTIR
cantO vendO partO O
cantaS vendeS parteS S
canta vende parte -
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaIS vendeIS partIS IS
cantaM vendeM parteM M

Pretérito Perfeito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desinência pessoal


CANTAR VENDER PARTIR
canteI vendI partI I
cantaSTE vendeSTE partISTE STE
cantoU vendeU partiU U
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaSTES vendeSTES partISTES STES
cantaRAM vendeRAM partiRAM RAM

Pretérito mais-que-perfeito

3.ª conjugação
1.ª conjugação 2.ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal
1.ª/2.ª e 3.ª conj
CANTAR VENDER PARTIR
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantaRAS vendeRAS partiRAS RA S
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantáRAMOS vendêRAMOS partíRAMOS RA MOS
cantáREIS vendêREIS partíREIS RE IS
cantaRAM vendeRAM partiRAM RA M

Pretérito Imperfeito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantAVA vendIA partIA
cantAVAS vendIAS partAS
LÍNGUA PORTUGUESA

CantAVA vendIA partIA


cantÁVAMOS vendÍAMOS partÍAMOS
cantÁVEIS vendÍEIS partÍEIS
cantAVAM vendIAM partIAM

49
Futuro do Presente do Indicativo
1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação
CANTAR VENDER PARTIR
cantar ei vender ei partir ei
cantar ás vender ás partir ás
cantar á vender á partir á
cantar emos vender emos partir emos
cantar eis vender eis partir eis
cantar ão vender ão partir ão

Futuro do Pretérito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantarIA venderIA partirIA
cantarIAS venderIAS partirIAS
cantarIA venderIA partirIA
cantarÍAMOS venderÍAMOS partirÍAMOS
cantarÍEIS venderÍEIS partirÍEIS
cantarIAM venderIAM partirIAM

Presente do Subjuntivo

Para se formar o presente do subjuntivo, substitui-se a desinência -o da primeira pessoa do singular do presente do
indicativo pela desinência -E (nos verbos de 1.ª conjugação) ou pela desinência -A (nos verbos de 2.ª e 3.ª conjugação).

Desinên. Pessoal Des. tem


1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des.temporal
1.ª conj. 2.ª/3.ª conj.poral
CANTAR VENDER PARTIR
cantE vendA partA E A Ø
cantES vendAS partAS E A S
cantE vendA partA E A Ø
cantEMOS vendAMOS partAMOS E A MOS
cantEIS vendAIS partAIS E A IS
cantEM vendAM partAM E A M

Pretérito Imperfeito do Subjuntivo

Para formar o imperfeito do subjuntivo, elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito,
obtendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -SSE mais a desinência de
número e pessoa correspondente.

Des.temporal
1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desin. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
LÍNGUA PORTUGUESA

cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø


cantaSSES vendeSSES partiSSES SSE S
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantáSSEMOS vendêSSEMOS partíSSEMOS SSE MOS
cantáSSEIS vendêSSEIS partíSSEIS SSE IS
cantaSSEM vendeSSEM partiSSEM SSE M

50
Futuro do Subjuntivo

Para formar o futuro do subjuntivo elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito,
obtendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -R mais a desinência de
número e pessoa correspondente.

Des.temporal
1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desin. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaR vendeR partiR Ø
cantaRES vendeRES partiRES R ES
cantaR vendeR partiR R Ø
cantaRMOS vendeRMOS partiRMOS R MOS
cantaRDES vendeRDES partiRDES R DES
cantaREM vendeREM partiREM R EM

C) Modo Imperativo

Imperativo Afirmativo

Para se formar o imperativo afirmativo, toma-se do presente do indicativo a 2.ª pessoa do singular (tu) e a segunda
pessoa do plural (vós) eliminando-se o “S” final. As demais pessoas vêm, sem alteração, do presente do subjuntivo. Veja:

Presente do Imperativo Presente do


Indicativo Afirmativo Subjuntivo
Eu canto - Que eu cante
Tu cantas CantA tu Que tu cantes
Ele canta Cante você Que ele cante
Nós cantamos Cantemos nós Que nós cantemos
Vós cantais CantAI vós Que vós canteis
Eles cantam Cantem vocês Que eles cantem

Imperativo Negativo

Para se formar o imperativo negativo, basta antecipar a negação às formas do presente do subjuntivo.

Presente do Subjuntivo Imperativo Negativo


Que eu cante -
Que tu cantes Não cantes tu
Que ele cante Não cante você
Que nós cantemos Não cantemos nós
Que vós canteis Não canteis vós
Que eles cantem Não cantem eles

• No modo imperativo não faz sentido usar na 3.ª pessoa (singular e plural) as formas ele/eles, pois uma ordem,
pedido ou conselho só se aplicam diretamente à pessoa com quem se fala. Por essa razão, utiliza-se você/vocês.
LÍNGUA PORTUGUESA

• O verbo SER, no imperativo, faz excepcionalmente: sê (tu), sede (vós).

51
Infinitivo Pessoal
#FicaDica
1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Não confundir o emprego reflexivo do verbo
CANTAR VENDER PARTIR com a noção de reciprocidade:
cantar vender partir Os lutadores feriram-se. (um ao outro)
Nós nos amamos. (um ama o outro)
cantarES venderES partirES
cantar vender partir Formação da Voz Passiva
cantarMOS venderMOS partirMOS
cantarDES venderDES partirDES A voz passiva pode ser formada por dois processos:
analítico e sintético.
cantarEM venderEM partirEM
A) Voz Passiva Analítica = Constrói-se da seguinte
• O verbo parecer admite duas construções: maneira:
Elas parecem gostar de você. (forma uma locução Verbo SER + particípio do verbo principal. Por
verbal) exemplo:
Elas parece gostarem de você. (verbo com sujeito A escola será pintada pelos alunos. (na ativa teríamos:
oracional, correspondendo à construção: parece gostarem os alunos pintarão a escola)
de você). O trabalho é feito por ele. (na ativa: ele faz o trabalho)

• O verbo pegar possui dois particípios (regular e Observações:


irregular):
Elvis tinha pegado minhas apostilas. • O agente da passiva geralmente é acompanhado
Minhas apostilas foram pegas. da preposição por, mas pode ocorrer a construção
com a preposição de. Por exemplo: A casa ficou cer-
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS cada de soldados.

SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa • Pode acontecer de o agente da passiva não estar
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. explícito na frase: A exposição será aberta amanhã.
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza
Cochar - Português linguagens: volume 2. – 7.ª ed. Reform. • A variação temporal é indicada pelo verbo auxi-
– São Paulo: Saraiva, 2010. liar (SER), pois o particípio é invariável. Observe a
AMARAL, Emília... [et al.] - Português: novas palavras: transformação das frases seguintes:
literatura, gramática, redação. – São Paulo: FTD, 2000.
Ele fez o trabalho. (pretérito perfeito do Indicativo)
SITE O trabalho foi feito por ele. (verbo ser no pretérito
perfeito do Indicativo, assim como o verbo principal da
Disponível em: http://www.soportugues.com.br/ voz ativa)
secoes/morf/morf54.php
Ele faz o trabalho. (presente do indicativo)
Vozes do Verbo O trabalho é feito por ele. (ser no presente do
indicativo)
Dá-se o nome de voz à maneira como se apresenta a
ação expressa pelo verbo em relação ao sujeito, indicando Ele fará o trabalho. (futuro do presente)
se este é paciente ou agente da ação. Importante lembrar O trabalho será feito por ele. (futuro do presente)
que voz verbal não é flexão, mas aspecto verbal. São três
as vozes verbais: • Nas frases com locuções verbais, o verbo SER as-
sume o mesmo tempo e modo do verbo principal
A) Ativa = quando o sujeito é agente, isto é, pratica a da voz ativa. Observe a transformação da frase se-
ação expressa pelo verbo: guinte:
Ele fez o trabalho. O vento ia levando as folhas. (gerúndio)
sujeito agente ação objeto (paciente) As folhas iam sendo levadas pelo vento. (gerúndio)

B) Passiva = quando o sujeito é paciente, recebendo


LÍNGUA PORTUGUESA

B) Voz Passiva Sintética = A voz passiva sintética -


a ação expressa pelo verbo: ou pronominal - constrói-se com o verbo na 3.ª
O trabalho foi feito por ele. pessoa, seguido do pronome apassivador “se”. Por
sujeito paciente ação agente da passiva exemplo:
Abriram-se as inscrições para o concurso.
C) Reflexiva = quando o sujeito é, ao mesmo tempo, Destruiu-se o velho prédio da escola.
agente e paciente, isto é, pratica e recebe a ação:
O menino feriu-se.

52
Observação: dinheiro e o amigo. Nos primeiros pedidos, eu ajudava,
O agente não costuma vir expresso na voz passiva com a consciência de que era uma doação. A situação
sintética. foi piorando. Os argumentos também. No início era para
pagar a escola do filho. Depois vieram as mães e avós
Conversão da Voz Ativa na Voz Passiva doentes. Lamentavelmente, aprendi a não ser generoso.
Ajudava um rapaz, que não conheço pessoalmente.
Pode-se mudar a voz ativa na passiva sem alterar Mas que sofreu um acidente e não tinha como pagar a
substancialmente o sentido da frase. fisioterapia. Comecei pagando a físio. Vieram sucessivas
internações, remédios. A situação piorando, eu já estava
O concurseiro comprou a apostila. (Voz Ativa) encomendando missa de sétimo dia. Falei com um amigo
Sujeito da Ativa objeto Direto médico, no Rio de Janeiro. Ele aceitou tratar o caso
gratuitamente. Surpresa! O doente não aparecia para
A apostila foi comprada pelo concurseiro. (Voz Passiva) a consulta. Até que o coloquei contra a parede. Ou se
Sujeito da Passiva Agente da Passiva consultava ou eu não ajudava mais.
Cheio de saúde, ele foi ao consultório. Pediu uma receita
Observe que o objeto direto será o sujeito da passiva; de suplementos para ficar com o corpo atlético. Nunca
o sujeito da ativa passará a agente da passiva, e o verbo conheci o sujeito, repito. Eu me senti um idiota por ter
ativo assumirá a forma passiva, conservando o mesmo caído na história. Só que esse rapaz havia perdido o
tempo. emprego após o suposto acidente. Foi por isso que me
Os mestres têm constantemente aconselhado os deixei enganar. Mas, ao perder salário, muita gente perde
alunos. também a vergonha. Pior ainda. A violência aumenta. As
Os alunos têm sido constantemente aconselhados pessoas buscam vagas nos mercados em expansão. Se a
pelos mestres. indústria automobilística vai bem, é lá que vão trabalhar.
Eu o acompanharei. Podemos esperar por um futuro melhor ou o que nos
Ele será acompanhado por mim. aguarda é mais descrédito? Novos candidatos vão surgir.
Serão novos? Ou os antigos? Ou novos com cabeça
Quando o sujeito da voz ativa for indeterminado, não de velhos? Todos pedem que a gente tenha uma nova
haverá complemento agente na passiva. Por exemplo: consciência para votar. Como? Num mundo em que as
Prejudicaram-me. / Fui prejudicado. notícias são plantadas pela internet, em que muitos sites
Com os verbos neutros (nascer, viver, morrer, dormir, servem a qualquer mentira. Digo por mim. Já contaram
acordar, sonhar, etc.) não há voz ativa, passiva ou reflexiva, cada história a meu respeito que nem sei o que dizer.
porque o sujeito não pode ser visto como agente, Já inventaram casos de amor, tramas nas novelas que
paciente ou agente paciente. escrevo. Pior. Depois todo mundo me pergunta por
que isso ou aquilo não aconteceu na novela. Se mudei
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS a trama. Respondo: — Nunca foi para acontecer. Era
mentira da internet.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Duvidam. Acham que estou mentindo.
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. CARRASCO, W. O ano da esperança. Época, 25 dez. 2017,
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co- p.97. Adaptado.
char - Português linguagens: volume 2. – 7.ª ed. Reform.
– São Paulo: Saraiva, 2010. No trecho “perde-se o dinheiro e o amigo”, a colocação
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras: do pronome átono em destaque está de acordo com a
literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000. norma-padrão da língua portuguesa. O mesmo ocorre
em:
SITE
a) Não se perde nem o dinheiro nem o amigo.
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/ b) Perderia-se o dinheiro e o amigo.
secoes/morf/morf54.php> c) O dinheiro e o amigo tinham perdido-se.
d) Se perdeu o dinheiro, mas não o amigo.
e) Se o amigo que perdeu-se voltasse, ficaria feliz.
EXERCÍCIOS COMENTADOS Resposta: Letra A
Em “a”: Não se perde = correta (advérbio atrai o
1. (LIQUIGÁS – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – pronome = próclise)
CESGRANRIO-2018)
LÍNGUA PORTUGUESA

Em “b”: Perderia-se = verbo no futuro do pretérito:


perder-se-ia (mesóclise)
O ano da esperança Em “c”: O dinheiro e o amigo tinham perdido-se =
tinham se perdido
O ano de 2017 foi difícil. Avalio pelo número de amigos Em “d”: Se perdeu = não se inicia período com
desempregados. E pedidos de empréstimos. Um atrás pronome oblíquo/partícula apassivadora (Perdeu-se)
do outro. Nunca fui de botar dinheiro nas relações Em “e”: Se o amigo que perdeu-se = o “que” atrai o
de amizade. Como afirmou Shakespeare, perde-se o pronome (próclise): que se perdeu

53
2. (PETROBRAS – ADMINISTRADOR JÚNIOR – Resposta: Letra C
CESGRANRIO-2018) Segundo as exigências da norma- Correções à frente:
padrão da língua portuguesa, o pronome destacado foi Em “a”: que cercam-lo = o “que” atrai o pronome (que
utilizado na posição correta em: o cercam)
Em “b”: que cercam-no = que o cercam (“no” está
a) Os jornais noticiaram que alguns países mobilizam-se para correta – caso não tivéssemos o “que”, pois, devido a
combater a disseminação de notícias falsas nas redes sociais. sua presença, teremos próclise, não ênclise)
b) Para criar leis eficientes no combate aos boatos,
Em “c”: que o cercam = correta
sempre deve-se ter em mente que o problema de
Em “d”: que lhe cercam = a posição está correta, mas
divulgação de notícias falsas é grave e muito atual.
c) Entre os numerosos usuários da internet, constata-se o pronome está errado (“lhe” é para objeto indireto =
um sentimento generalizado de reprovação à prática a ele/ela)
de divulgação de inverdades. Em “e”: que cercam-lhe = que o cercam
d) Uma nova lei contra as fake news promulgada na
Alemanha não aplica-se aos sites e redes sociais com 5. (PC-SP - ESCRIVÃO DE POLÍCIA – VUNESP-2014)
menos de 2 milhões de membros. Considerando apenas as regras de regência e de colocação
e) Uma vultosa multa é, muitas vezes, o estímulo mais pronominal da norma-padrão da língua portuguesa, a
eficaz para que adote-se a conduta correta em relação expressão destacada em – Ainda assim, 60% afirmam que
à reputação das celebridades. raramente ou nunca têm informações sobre o impacto
ambiental do produto ou do comportamento da empresa.
Resposta: Letra C – pode ser corretamente substituída por
Em “a”: Os jornais noticiaram que alguns países
mobilizam-se = se mobilizam a) ... nunca informam-se sob o impacto...
Em “b”: Para criar leis eficientes no combate aos b)... nunca se informam o impacto...
boatos, sempre deve-se = sempre se deve
c) ... nunca informam-se ao impacto...
Em “c”: Entre os numerosos usuários da internet,
constata-se um sentimento = correta d) ... nunca se informam do impacto...
Em “d”: Uma nova lei contra as fake news promulgada e)... nunca informam-se no impacto...
na Alemanha não aplica-se = não se aplica
Em “e”: Uma vultosa multa é, muitas vezes, o estímulo Resposta: Letra D
mais eficaz para que adote-se = que se adote Por eliminação: o advérbio “nunca” atrai o pronome,
teremos próclise (nunca se). Ficamos com B e D. Agora
3. (ALERJ-RJ – ESPECIALISTA LEGISLATIVO – vamos ao verbo: quem se informa, informa-se sobre
ARQUITETURA – FGV-2017-ADAPTADA) Se algo = precisa de preposição. A alternativa que tem
substituíssemos os complementos dos verbos abaixo por preposição presente é a D (do = de+o). Teremos:
pronomes pessoais oblíquos enclíticos, a única forma nunca se informam do impacto.
INADEQUADA seria:
6. (PC-SP - ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL
a) impregna a vida cotidiana / impregna-a; – VUNESP-2013) Considerando a substituição da
b) entender os debates / entendê-los; expressão em destaque por um pronome e as normas da
c) ganha destaque / ganha-o;
colocação pronominal, a oração – … que abrem a cabeça
d) supõe um conhecimento / supõe-lo;
… – equivale, na norma-padrão da língua, a:
e) marcaram sua história / marcaram-na.

Resposta: Letra D a) que abrem-a.


Em “a”: impregna a vida cotidiana / impregna-a = b) que abrem-na.
correta c) que a abrem.
Em “b”: entender os debates / entendê-los = correta d) que lhe abrem.
Em “c”: ganha destaque / ganha-o = correta e) que abrem-lhe.
Em “d”: supõe um conhecimento / supõe-lo = supõe-no
Em “e”: marcaram sua história / marcaram-na = correta Resposta: Letra C
Primeiramente: o “que” atrai o pronome oblíquo,
4. (PC-SP - ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL então teremos que + pronome. Resta-nos identificar
– VUNESP-2014) Considerando-se o uso do pronome se o pronome é objeto direto (a) ou indireto (lhe).
e a colocação pronominal, a expressão em destaque no Voltemos ao verbo: abrir. Quem abre, abre algo... abre
trecho – ... que cercam o sentido da existência humana... o quê? Sem preposição! Portanto: objeto direto = que
LÍNGUA PORTUGUESA

– está corretamente substituída pelo pronome, de acordo


a abrem.
com a norma-padrão da língua portuguesa, na alternativa:

a) ... que cercam-lo... 7. (TST - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA APOIO


b) ... que cercam-no... ESPECIALIZADO - ESPECIALIDADE MEDICINA DO
c)... que o cercam... TRABALHO – FCC/2012) Aos poucos, contudo, fui
d) ... que lhe cercam... chegando à constatação de que todo perfil de rede
e) ... que cercam-lhe... social é um retrato ideal de nós mesmos.

54
Mantendo-se a correção e a lógica, sem que outra Em “b”, que proliferaram = pretérito perfeito (e
alteração seja feita na frase, o elemento grifado pode ser também mais-que-perfeito) do Indicativo
substituído por: Em “c”, que transformou = pretérito perfeito do
Indicativo
a) ademais. Em “d”, que se esforcem = presente do Subjuntivo
b) conquanto. Em “e”, há algo novo nesse cenário = presente do
c) porquanto. Indicativo
d) entretanto.
e) apesar. 10. (TRT 23.ª REGIÃO-MT - Técnico Judiciário – FCC-
2016) Empregam-se todas as formas verbais de acordo
Resposta: Letra D com a norma culta na seguinte frase:
Contudo é uma conjunção adversativa (expressa
oposição). A substituição deve utilizar outra de mesma a) Para que se mantesse sua autenticidade, o documento
classificação, para que se mantenha a ideia do período. não poderia receber qualquer tipo de retificação.
A correta é entretanto. b) Os documentos com assinatura digital disporam de
algoritmos de criptografia que os protegeram.
8. (TRT 23.ª REGIÃO-MT - ANALISTA JUDICIÁRIO - c) Arquivados eletronicamente, os documentos poderam
ÁREA ADMINISTRATIVA- FCC-2016) contar com a proteção de uma assinatura digital.
... para quem Manoel de Barros era comparável a São d) Quem se propor a alterar um documento criptogra-
Francisco de Assis... fado deve saber que comprometerá sua integridade.
e) Não é possível fazer as alterações que convierem sem
O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo que o da comprometer a integridade dos documentos.
frase acima está em:
Resposta: Letra E
a) Dizia-se um “vedor de cinema”... Em “a”, Para que se mantesse (mantivesse) sua
b) Porque não seria certo ficar pregando moscas no autenticidade, o documento não poderia receber
espaço... qualquer tipo de retificação.
c) Na juventude, apaixonou-se por Arthur Rimbaud e Em “b”, Os documentos com assinatura digital
Charles Baudelaire. disporam (dispuseram) de algoritmos de criptografia
d) Quase meio século separa a estreia de Manoel de que os protegeram.
Barros na literatura... Em “c”, Arquivados eletronicamente, os documentos
e) ... para depois casá-las... poderam (puderam) contar com a proteção de uma
assinatura digital.
Resposta: Letra A Em “d”, Quem se propor (propuser) a alterar
“Era” = verbo “ser” no pretérito imperfeito do um documento criptografado deve saber que
Indicativo. Procuremos nos itens: comprometerá sua integridade.
Em “a”, Dizia-se = pretérito imperfeito do Indicativo Em “e”, Não é possível fazer as alterações que
Em “b”, Porque não seria = futuro do pretérito do convierem sem comprometer a integridade dos
Indicativo documentos = correta
Em “c”, Na juventude, apaixonou-se = pretérito perfeito
do Indicativo 11. (POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO -
Em “d”, Quase meio século separa = presente do SOLDADO PM 2.ª CLASSE – VUNESP/2017) Considere
Indicativo as seguintes frases:
Em “e”, para depois casá-las = Infinitivo pessoal (casar elas) Primeiro, associe suas memórias com objetos físicos.
Segundo, não memorize apenas por repetição.
9. (TRT 20.ª REGIÃO-SE - TÉCNICO JUDICIÁRIO – Terceiro, rabisque!
FCC-2016) Precisamos de um treinador que nos ajude a
comer... Um verbo flexionado no mesmo modo que o dos verbos
O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo que o empregados nessas frases está em destaque em:
sublinhado acima está também sublinhado em:
a) ... o acesso rápido e a quantidade de textos fazem
a) ... assim que conseguissem se virar sem as mães ou as com que o cérebro humano não considere útil gravar
amas... esses dados...
b) Não é por acaso que proliferaram os coaches. b) Na internet, basta um clique para vasculhar um sem-
LÍNGUA PORTUGUESA

c) ... país que transformou a infância numa bilionária número de informações.


indústria de consumo... c) ... após discar e fazer a ligação, não precisamos mais
d) E, mesmo que se esforcem muito... dele...
e) Hoje há algo novo nesse cenário. d) Pense rápido: qual o número de telefone da casa em
que morou quando era criança?
Respsta: Letra D e) É o que mostra também uma pesquisa recente
que nos ajude = presente do Subjuntivo conduzida pela empresa de segurança digital
Em “a”, que conseguissem = pretérito do Subjuntivo Kaspersky...

55
Resposta: Letra D A palavra “oposição”, da charge, é classificada
Os verbos das frases citadas estão no Modo Imperativo morfologicamente como:
(expressam ordem). Vamos aos itens:
Em “a”, ... o acesso rápido e a quantidade de textos a) Substantivo concreto.
fazem = presente do Indicativo b) Substantivo abstrato.
Em “b”, Na internet, basta um clique = presente do c) Substantivo coletivo.
Indicativo d) Substantivo próprio.
Em “c”, ... após discar e fazer a ligação, não precisamos e) Adjetivo.
= presente do Indicativo
Em “d”, Pense rápido: = Imperativo Resposta: Letra B
Em “e”, É o que mostra também uma pesquisa = O termo “oposição” é classificado – morfologicamente
presente do Indicativo – como substantivo abstrato, pois não existe por si só
– depende de outro ser para “se concretizar”.
12. (PC-SP - ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL –
VUNESP-2014) Assinale a alternativa em que a palavra
em destaque na frase pertence à classe dos adjetivos
EMPREGO/CORRELAÇÃO DE TEMPOS E
(palavra que qualifica um substantivo).
MODOS VERBAIS
a) Existe grande confusão entre os diversos tipos de
eutanásia... Prezado candidato, este material já foi abordado ante-
b)... o médico ou alguém causa ativamente a morte... riormente.
c) prolonga o processo de morrer procurando distanciar
a morte. EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE
d) Ela é proibida por lei no Brasil,... CRASE
e) E como seria a verdadeira boa morte?

Resposta: Letra E CRASE


Em “a”, Existe grande confusão = substantivo
Em “b”, o médico ou alguém causa ativamente a A crase se caracteriza como a fusão de duas vogais
morte = pronome idênticas, relacionadas ao emprego da preposição “a”
Em “c”, prolonga o processo de morrer procurando com o artigo feminino a(s), com o “a” inicial referente
distanciar a morte = substantivo aos pronomes demonstrativos – aquela(s), aquele(s),
Em “d”, Ela é proibida por lei no Brasil = substantivo aquilo e com o “a” pertencente ao pronome relativo a
Em “e”, E como seria a verdadeira boa morte? = qual (as quais). Casos estes em que tal fusão encontra-se
adjetivo demarcada pelo acento grave ( ` ): à(s), àquela, àquele,
àquilo, à qual, às quais.
13. (PROCESSO SELETIVO INTERNO DA SECRETARIA O uso do acento indicativo de crase está condicionado
DE DEFESA SOCIAL DO ESTADO DE PERNAMBUCO-PE aos nossos conhecimentos acerca da regência verbal e
– SARGENTO DA POLÍCIA MILITAR - FM-2010) nominal, mais precisamente ao termo regente e termo
regido. Ou seja, o termo regente é o verbo - ou nome -
que exige complemento regido pela preposição “a”, e o
termo regido é aquele que completa o sentido do termo
regente, admitindo a anteposição do artigo a(s).
Refiro-me a ( a) funcionária a ntiga, e n ão a (a)quela
contratada recentemente.
Após a junção da preposição com o artigo (destacados
entre parênteses), temos:
Refiro-me à funcionária a ntiga, e n ão àquela
contratada recentemente.

O verbo referir, de acordo com sua transitividade,


classifica-se como transitivo indireto, pois sempre
nos referimos a alguém ou a algo. Houve a fusão da
preposição a + o artigo feminino (à) e com o artigo
feminino a + o pronome demonstrativo aquela (àquela).
LÍNGUA PORTUGUESA

Observações importantes:
Disponível em: http://www.acharge.com.br/index.htm (acesso: 03/03/2010) Alguns recursos servem de ajuda para que possamos
confirmar a ocorrência ou não da crase. Eis alguns:

• Substitui-se a palavra feminina por uma masculina


equivalente. Caso ocorra a combinação a + o(s), a
crase está confirmada.

56
Os dados foram solicitados à diretora. Casos passíveis de nota:
Os dados foram solicitados ao diretor.
• A crase é facultativa diante de nomes próprios femi-
• No caso de nomes próprios geográficos, substitui-se ninos: Entreguei o caderno a (à) Eliza.
o verbo da frase pelo verbo voltar. Caso resulte na • Também é facultativa diante de pronomes posses-
expressão “voltar da”, há a confirmação da crase. sivos femininos: O diretor fez referência a (à) sua
Faremos uma visita à Bahia. empresa.
Faz dois dias que voltamos da Bahia. (crase confirmada) • Facultativa em locução prepositiva “até a”: A loja fi-
cará aberta até as (às) dezoito horas.
Não me esqueço da viagem a Roma. • Constata-se o uso da crase se as locuções prepo-
Ao voltar de Roma, relembrarei os belos momentos sitivas à moda de, à maneira de apresentarem-se
jamais vividos. implícitas, mesmo diante de nomes masculinos:
Tenho compulsão por comprar sapatos à Luis XV. (à
moda de Luís XV)
FIQUE ATENTO!
• Não se efetiva o uso da crase diante da locução ad-
Nas situações em que o nome geográfico verbial “a distância”: Na praia de Copacabana, ob-
se apresentar modificado por um adjunto servamos a queima de fogos a distância.
adnominal, a crase está confirmada.
Atendo-me à bela Fortaleza, senti saudades Entretanto, se o termo vier determinado, teremos
de suas praias.
uma locução prepositiva, aí sim, ocorrerá crase: O
Use a regrinha “Vou A volto DA, crase HÁ;
pedestre foi arremessado à distância de cem metros.
vou A volto DE, crase PRA QUÊ?” Exemplo:
Vou a Campinas. = Volto de Campinas.
• De modo a evitar o duplo sentido – a ambiguidade
(crase pra quê?)
-, faz-se necessário o emprego da crase.
Vou à praia. = Volto da praia. (crase há!)
Ensino à distância.
Ensino a distância.
Quando o nome de lugar estiver especificado,
• Em locuções adverbiais formadas por palavras
ocorrerá crase. Veja:
Retornarei à São Paulo dos bandeirantes. = mesmo repetidas, não há ocorrência da crase.
que, pela regrinha acima, seja a do “VOLTO DE” Ela ficou frente a frente com o agressor.
Irei à Salvador de Jorge Amado. Eu o seguirei passo a passo.

A letra “a” dos pronomes demonstrativos aquele(s), Casos em que não se admite o emprego da crase:
aquela(s) e aquilo receberão o acento grave se o termo
regente exigir complemento regido da preposição “a”. Antes de vocábulos masculinos.
Entregamos a encomenda àquela menina. As produções escritas a lápis não serão corrigidas.
(preposição + pronome demonstrativo) Esta caneta pertence a Pedro.

Iremos àquela reunião. Antes de verbos no infinitivo.


(preposição + pronome demonstrativo) Ele estava a cantar.
Começou a chover.
Sua história é semelhante às que eu ouvia quando
criança. (àquelas que eu ouvia quando criança) Antes de numeral.
(preposição + pronome demonstrativo) O número de aprovados chegou a cem.
Faremos uma visita a dez países.
A letra “a” que acompanha locuções femininas
(adverbiais, prepositivas e conjuntivas) recebem o acento Observações:
grave: • Nos casos em que o numeral indicar horas –
• locuções adverbiais: às vezes, à tarde, à noite, às funcionando como uma locução adverbial
pressas, à vontade... feminina – ocorrerá crase: Os passageiros partirão
• locuções prepositivas: à frente, à espera de, à às dezenove horas.
procura de... • Diante de numerais ordinais femininos a crase
• locuções conjuntivas: à proporção que, à medida está confirmada, visto que estes não podem ser
LÍNGUA PORTUGUESA

que. empregados sem o artigo: As saudações foram


direcionadas à primeira aluna da classe.
Cuidado: quando as expressões acima não exercerem • Não ocorrerá crase antes da palavra casa, quando
a função de locuções não ocorrerá crase. Repare: essa não se apresentar determinada: Chegamos
Eu adoro a noite! todos exaustos a casa.
Adoro o quê? Adoro quem? O verbo “adoro” requer Entretanto, se vier acompanhada de um adjunto
objeto direto, no caso, a noite. Aqui, o “a” é artigo, não adnominal, a crase estará confirmada: Chegamos todos
preposição. exaustos à casa de Marcela.

57
• Não há crase antes da palavra “terra”, quando Em “b”, tinha uma propensão à jogar = a jogar (sem acento
essa indicar chão firme: Quando os navegantes grave indicativo de crase antes de verbo no infinitivo)
regressaram a terra, já era noite. Em “c”, tinha um comportamento indiferente à qualquer
influência = a qualquer (antes de pronome indefinido)
Contudo, se o termo estiver precedido por um Em “d”, refere-se à uma maneira = a uma (antes de
determinante ou referir-se ao planeta Terra, ocorrerá artigo indefinido)
crase. Em “e”, O personagem revelou à pessoa com quem
Paulo viajou rumo à sua terra natal. conversava que jogava o tempo fora = revelou o quê?
O astronauta voltou à Terra. que jogava o tempo fora; revelou a quem? à pessoa
(objeto indireto, com preposição) = correta.
• Não ocorre crase antes de pronomes que requerem
2. (PM-SP - SOLDADO DE 2.ª CLASSE – VUNESP-2017)
o uso do artigo.
Assinale a alternativa que preenche, correta e
Os livros foram entregues a mim.
respectivamente, as lacunas do texto a seguir.
Dei a ela a merecida recompensa. Quase 30 anos depois de iniciar um trabalho de
atendimento _____ presos da Casa de Detenção, em São
• Pelo fato de os pronomes de tratamento relativos Paulo, o médico oncologista Drauzio Varella chega ao
à senhora, senhorita e madame admitirem artigo, fim de uma trilogia com o livro “Prisioneiras”. Depois de
o uso da crase está confirmado no “a” que os “Estação Carandiru” (1999), que mostra ________ entranhas
antecede, no caso de o termo regente exigir a daquela que foi ________maior prisão da América Latina,
preposição. e de “Carcereiros” (2012), sobre os funcionários que
Todos os méritos foram conferidos à senhorita Patrícia. trabalham no sistema prisional, Varella agora faz um
retrato das detentas da Penitenciária Feminina da Capital,
• Não ocorre crase antes de nome feminino utilizado também na capital paulista, onde cumprem pena mais de
em sentido genérico ou indeterminado: duas mil mulheres.
Estamos sujeitos a críticas. (https://oglobo.globo.com. Adaptado)
Refiro-me a conversas paralelas.
a) à … às … a
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS b) a … as … a
c) a … às … a
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa d) à … às … à
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. e) a … as … à
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza
Cochar. Português linguagens: volume 3 – 7.ª ed. Reform. Resposta: Letra B
– São Paulo: Saraiva, 2010. Quase 30 anos depois de iniciar um trabalho de
atendimento a (preposição – regência nominal de
“atendimento”, mas sem acento grave por estar diante
SITE
de palavra masculina) presos da Casa de Detenção,
em São Paulo, o médico oncologista Drauzio Varella
Disponível em: <http://www.portugues.com.br/ chega ao fim de uma trilogia com o livro “Prisioneiras”.
gramatica/o-uso-crase-.html> Depois de “Estação Carandiru” (1999), que mostra as
(objeto direto do verbo “mostrar”) entranhas daquela
que foi a (artigo definido) maior prisão da América
EXERCÍCIOS COMENTADOS Latina, e de “Carcereiros” (2012), sobre os funcionários
que trabalham no sistema prisional, Varella agora faz
um retrato das detentas da Penitenciária Feminina da
1. (POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO - Capital, também na capital paulista, onde cumprem
SOLDADO PM 2.ª CLASSE – VUNESP/2017) O acento pena mais de duas mil mulheres.
indicativo de crase está empregado corretamente em: Teremos: a / as / a.

a) O personagem evita considerar à internet responsável


por suas atitudes. 3. (CÂMARA MUNICIPAL DE DOIS CÓRREGOS-SP
b) O personagem reconheceu que já tinha uma propensão - OFICIAL DE ATENDIMENTO E ADMINISTRAÇÃO –
à jogar o tempo fora. VUNESP-2018) Assinale a alternativa em que o acento
c) O personagem tinha um comportamento indiferente à indicativo de crase está empregado corretamente.
qualquer influência da internet.
d) O personagem refere-se à uma maneira de se portar a) Algumas pessoas com supermemória chegam à sofrer
com dores de cabeça.
LÍNGUA PORTUGUESA

com relação ao tempo.


b) Há lembranças tão vivas que nos fazem voltar à
e) O personagem revelou à pessoa com quem conversava episódios de nosso passado.
que jogava o tempo fora. c) Lembrar-se do passado pode ser uma tarefa muito
difícil à determinadas pessoas.
Resposta: Letra E d) Ela referiu-se à vontade de esquecer completamente
Aos itens: os momentos dolorosos.
Em “a”, evita considerar à internet = a internet (objeto e) Ao nos atermos à uma experiência ruim,
direto) desconsideramos o que ela traz de bom.

58
Resposta: Letra D a 20 anos, prolongada pelo desempenho econômico da
Aos itens: Ásia e de negócios ligados ________ tecnologia.
Em “a”, chegam à sofrer = a sofrer (antes de verbo no (IstoÉ, 15.11.2017. Adaptado)
infinitivo não se usa acento grave)
Em “b”, que nos fazem voltar à episódios = a episódios Em conformidade com a norma-padrão, as lacunas do
(palavra masculina e no plural) texto devem ser preenchidas, respectivamente, com:
Em “c”, pode ser uma tarefa muito difícil à determinadas
= a determinadas (palavra no plural e presença só da a) a … a … a
preposição) b) à … à … à
Em “d”, Ela referiu-se à vontade = correta (quem se c) a … à … à
refere, refere-se a algo ou a alguém) d) à … à … a
Em “e”, Ao nos atermos à uma experiência = a uma e) a … a … à
(antes de artigo indefinido)
Resposta: Letra E
4. (IPSM-SP - ASSISTENTE DE GESTÃO MUNICIPAL - Vamos aos trechos:
VUNESP-2018) De acordo com a norma- -padrão, a rápida industrialização nos Estados Unidos deu
o acento indicativo da crase está corretamente origem a algumas das maiores fortunas = antes de
empregado em: pronome indefinido
e passaram a ostentar sua riqueza = antes de verbo
a) O leitor aludiu à escrita como se ela fosse questão de no infinitivo
talento: quem não tem, não vai nunca aprender. e de negócios ligados à tecnologia = regência nominal
b) A escrita deve levar o texto à uma riqueza, marcada de “ligados” pede preposição
pela clareza e precisão, afastando o leitor da confusão
ou tédio. 6. (CÂMARA MUNICIPAL DE COTIA-SP – CONTADOR -
c) De parte à parte, o texto precisa organizar-se como um VUNESP-2017) Assinale a alternativa correta quanto ao
tecido coeso e claro, instigando, assim, o leitor. emprego do acento indicativo da crase.
d) Existem aquelas pessoas que chegam à conclusões
semelhantes, no entanto elas seguem pelo lado a) A circulação instantânea das notícias falsas, as quais
oposto. chegam à um grande público devido à rapidez da
e) Também não estamos falando só de correção internet, é favorável à formação de ondas de credulidade.
gramatical e ortográfica. Estamos nos referindo à b) A circulação instantânea das notícias falsas, às quais
pensamento. chegam à muitas pessoas devido a rapidez da internet,
favorece que se formem ondas de credulidade.
Resposta: Letra A c) A circulação instantânea das notícias falsas, as quais
Em “a”, O leitor aludiu à escrita = correta (regência do chegam a muitas pessoas devido à rapidez da internet,
verbo “aludir” pede preposição) é favorável à formação de ondas de credulidade.
Em “b”, A escrita deve levar o texto à uma riqueza = a d) A circulação instantânea das notícias falsas, às quais
uma (antes de artigo indefinido) chegam a um grande número de pessoas devido à
Em “c”, De parte à parte = parte a parte (entre palavras rapidez da internet, é favorável as ondas de credulidade
repetidas) que se formam.
Em “d”, Existem aquelas pessoas que chegam à e) A circulação instantânea das notícias falsas, às quais
conclusões = a conclusões (antes de palavra no plural chegam a muitas pessoas devido a rapidez da internet,
e o “a” está “sozinho” = somente preposição) favorece à formação de ondas de credulidade.
Em “e”, Estamos nos referindo à pensamento = a
pensamento (palavra masculina) Resposta: Letra C
Acertos entre parênteses:
Em “a”, as quais chegam à um (a um) grande público
5. (PREFEITURA MUNICIPAL DE MOGI DAS CRUZES-
devido à rapidez (ok) da internet, é favorável à
SP - AUXILIAR DE APOIO ADMINISTRATIVO -
formação (ok)
VUNESP-2018)
Em “b”, às quais (as quais) chegam à muitas (a muitas)
No começo do século 20, a rápida industrialização nos
pessoas devido a rapidez (à rapidez) da internet
Estados Unidos deu origem _______ algumas das maiores
Em “c”, as quais chegam a muitas pessoas devido à
fortunas que o mundo já viu. Famílias como os Vanderbilt
rapidez da internet, é favorável à formação = correta
e os Rockefeller investiram em ferrovias, petróleo e
Em “d”, às quais (as quais) chegam a um (ok) grande
aço, obtendo um grande retorno, e passaram _________
número de pessoas devido à rapidez (ok) da internet,
LÍNGUA PORTUGUESA

ostentar sua riqueza. O período ficou conhecido como


é favorável as ondas (às ondas)
Era Dourada. A desigualdade nunca foi tão grande – até
Em “e”, às quais (as quais) chegam a muitas (ok)
agora. É o que mostra um relatório da UBS, companhia de
pessoas devido a rapidez (à rapidez) da internet,
serviços financeiros, feito em parceria com a consultora
favorece à formação (a formação)
PwC.
Observação: quanto à regência verbal de “favorecer”
Para os autores do documento, a primeira Era Dourada
= pede complemento verbal direto (favorece o quê?
aconteceu entre 1870 e 1910. Segundo eles, a atual
favorece quem?); já a regência nominal de “favorável”
começou em 1980 e deve se estender pelos próximos 10
pede preposição (favorável a quem? a quê?).

59
Cantei, dancei e depois dormi.
SINTAXE DA ORAÇÃO E DO PERÍODO Quero que você estude mais.

Termos da Oração
FRASE, ORAÇÃO E PERÍODO
SINTAXE DA ORAÇÃO E DO PERÍODO Termos essenciais
TERMOS DA ORAÇÃO
COORDENAÇÃO E SUBORDINAÇÃO O sujeito e o predicado são considerados termos
essenciais da oração, ou seja, são termos indispensáveis
Frase é todo enunciado suficiente por si mesmo para para a formação das orações. No entanto, existem
estabelecer comunicação. Normalmente é composta orações formadas exclusivamente pelo predicado. O
por dois termos – o sujeito e o predicado – mas não que define a oração é a presença do verbo. O sujeito é o
obrigatoriamente, pois há orações ou frases sem sujeito: termo que estabelece concordância com o verbo.
Trovejou muito ontem à noite. O candidato está preparado.
Os candidatos estão preparados.
Quanto aos tipos de frases, além da classificação
em verbais (possuem verbos, ou seja, são orações) e Na primeira frase, o sujeito é “o candidato”.
nominais (sem a presença de verbos), feita a partir de seus “Candidato” é a principal palavra do sujeito, sendo, por
elementos constituintes, elas podem ser classificadas a isso, denominada núcleo do sujeito. Este se relaciona
partir de seu sentido global: com o verbo, estabelecendo a concordância (núcleo no
A) frases interrogativas = o emissor da mensagem singular, verbo no singular: candidato = está).
formula uma pergunta: Que dia é hoje? A função do sujeito é basicamente desempenhada
B) frases imperativas = o emissor dá uma ordem ou por substantivos, o que a torna uma função substantiva
faz um pedido: Dê-me uma luz! da oração. Pronomes, substantivos, numerais e quaisquer
C) frases exclamativas = o emissor exterioriza um outras palavras substantivadas (derivação imprópria)
estado afetivo: Que dia abençoado! também podem exercer a função de sujeito.
D) frases declarativas = o emissor constata um fato: A Os dois sumiram. (dois é numeral; no exemplo,
prova será amanhã. substantivo)
Um sim é suave e sugestivo. (sim é advérbio; no
Quanto à estrutura da frase, as que possuem verbo
exemplo: substantivo)
(oração) são estruturadas por dois elementos essenciais:
sujeito e predicado.
Os sujeitos são classificados a partir de dois elementos:
O sujeito é o termo da frase que concorda com o
o de determinação ou indeterminação e o de núcleo do
verbo em número e pessoa. É o “ser de quem se declara
sujeito.
algo”, “o tema do que se vai comunicar”; o predicado é
a parte da frase que contém “a informação nova para
o ouvinte”, é o que “se fala do sujeito”. Ele se refere ao Um sujeito é determinado quando é facilmente
tema, constituindo a declaração do que se atribui ao identificado pela concordância verbal. O sujeito
sujeito. determinado pode ser simples ou composto.
Quando o núcleo da declaração está no verbo (que A indeterminação do sujeito ocorre quando não
indique ação ou fenômeno da natureza, seja um verbo é possível identificar claramente a que se refere a
significativo), temos o predicado verbal. Mas, se o concordância verbal. Isso ocorre quando não se pode
núcleo estiver em um nome (geralmente um adjetivo), ou não interessa indicar precisamente o sujeito de uma
teremos um predicado nominal (os verbos deste tipo de oração.
predicado são os que indicam estado, conhecidos como Estão gritando seu nome lá fora.
verbos de ligação): Trabalha-se demais neste lugar.
O menino limpou a sala. = “limpou” é verbo de ação
(predicado verbal) O sujeito simples é o sujeito determinado que
A prova foi fácil. – “foi” é verbo de ligação (ser); o apresenta um único núcleo, que pode estar no singular
núcleo é “fácil” (predicado nominal) ou no plural; pode também ser um pronome indefinido.
Abaixo, sublinhei os núcleos dos sujeitos:
Quanto ao período, ele denomina a frase constituída Nós estudaremso juntos.
por uma ou mais orações, formando um todo, com A humanidade é frágil.
sentido completo. O período pode ser simples ou Ninguém se move.
composto. O amar faz bem. (“amar” é verbo, mas aqui houve uma
derivação imprópria, tranformando-o em substantivo)
LÍNGUA PORTUGUESA

Período simples é aquele constituído por apenas As crianças precisam de alimentos saudáveis.
uma oração, que recebe o nome de oração absoluta. O sujeito composto é o sujeito determinado que
Chove. apresenta mais de um núcleo.
A existência é frágil. Alimentos e roupas custam caro.
Amanhã, à tarde, faremos a prova do concurso. Ela e eu sabemos o conteúdo.
Período composto é aquele constituído por duas ou O amar e o odiar são duas faces da mesma moeda.
mais orações: Além desses dois sujeitos determinados, é comum a

60
referência ao sujeito implícito na desinência verbal (o Está tarde.
“antigo” sujeito oculto [ou elíptico]), isto é, ao núcleo Já são dez horas.
do sujeito que está implícito e que pode ser reconhecido Faz frio nesta época do ano.
pela desinência verbal ou pelo contexto. Há muitos concursos com inscrições abertas.
Abolimos todas as regras. = (nós)
Falaste o recado à sala? = (tu) Predicado é o conjunto de enunciados que contém a
informação sobre o sujeito – ou nova para o ouvinte. Nas
Os verbos deste tipo de sujeito estão sempre na orações sem sujeito, o predicado simplesmente enuncia
primeira pessoa do singular (eu) ou plural (nós) ou na um fato qualquer. Nas orações com sujeito, o predicado
segunda do singular (tu) ou do plural (vós), desde que os é aquilo que se declara a respeito deste sujeito. Com
pronomes não estejam explícitos. exceção do vocativo - que é um termo à parte - tudo
Iremos à feira juntos? (= nós iremos) – sujeito implícito o que difere do sujeito numa oração é o seu predicado.
na desinência verbal “-mos” Chove muito nesta época do ano.
Cantais bem! (= vós cantais) - sujeito implícito na Houve problemas na reunião.
desinência verbal “-ais”
Em ambas as orações não há sujeito, apenas
Mas: predicado. Na segunda oração, “problemas” funciona
Nós iremos à festa juntos? = sujeito simples: nós como objeto direto.
Vós cantais bem! = sujeito simples: vós
As questões estavam fáceis!
O sujeito indeterminado surge quando não se quer - Sujeito simples = as questões
ou não se pode - identificar a que o predicado da oração Predicado = estavam fáceis
refere-se. Existe uma referência imprecisa ao sujeito, caso
contrário, teríamos uma oração sem sujeito. Passou-me uma ideia estranha pelo pensamento.
Na língua portuguesa, o sujeito pode ser Sujeito = uma ideia estranha
indeterminado de duas maneiras: Predicado = passou-me pelo pensamento

A) com verbo na terceira pessoa do plural, desde que Para o estudo do predicado, é necessário verificar
o sujeito não tenha sido identificado anteriormente: se seu núcleo é um nome (então teremos um predicado
Bateram à porta; nominal) ou um verbo (predicado verbal). Deve-se
Andam espalhando boatos a respeito da queda do considerar também se as palavras que formam o
ministro. predicado referem-se apenas ao verbo ou também ao
sujeito da oração.
Se o sujeito estiver identificado, poderá ser simples
ou composto: Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres
Os meninos bateram à porta. (simples) de opinião.
Os meninos e as meninas bateram à porta. (composto) Predicado

B) com o verbo na terceira pessoa do singular, O predicado acima apresenta apenas uma palavra
acrescido do pronome “se”. Esta é uma que se refere ao sujeito: pedem. As demais palavras se
construção típica dos verbos que não apresentam ligam direta ou indiretamente ao verbo.
complemento direto: A cidade está deserta.
Precisa-se de mentes criativas.
Vivia-se bem naqueles tempos. O nome “deserta”, por intermédio do verbo, refere-
Trata-se de casos delicados. se ao sujeito da oração (cidade). O verbo atua como
Sempre se está sujeito a erros. elemento de ligação (por isso verbo de ligação) entre o
sujeito e a palavra a ele relacionada (no caso: deserta =
O pronome “se”, nestes casos, funciona como índice predicativo do sujeito).
de indeterminação do sujeito.
O predicado verbal é aquele que tem como núcleo
significativo um verbo:
As orações sem sujeito, formadas apenas pelo
Chove muito nesta época do ano.
predicado, articulam-se a partir de um verbo impessoal.
Estudei muito hoje!
A mensagem está centrada no processo verbal. Os
Compraste a apostila?
principais casos de orações sem sujeito com:
LÍNGUA PORTUGUESA

Os verbos acima são significativos, isto é, não servem


• os verbos que indicam fenômenos da natureza:
apenas para indicar o estado do sujeito, mas indicam processos.
Amanheceu.
Está trovejando.
O predicado nominal é aquele que tem como núcleo
significativo um nome; este atribui uma qualidade ou
• os verbos estar, fazer, haver e ser, quando indicam
estado ao sujeito, por isso é chamado de predicativo do
fenômenos meteorológicos ou se relacionam ao
sujeito. O predicativo é um nome que se liga a outro nome
tempo em geral:
da oração por meio de um verbo (o verbo de ligação).

61
Nos predicados nominais, o verbo não é significativo, C) para evitar ambiguidade: Ao povo prejudica a crise.
isto é, não indica um processo, mas une o sujeito ao (sem preposição, o sentido seria outro: O povo
predicativo, indicando circunstâncias referentes ao prejudica a crise)
estado do sujeito: Os dados parecem corretos.
O verbo parecer poderia ser substituído por estar, O objeto indireto é o complemento que se liga
andar, ficar, ser, permanecer ou continuar, atuando como indiretamente ao verbo, ou seja, através de uma
elemento de ligação entre o sujeito e as palavras a ele preposição.
relacionadas. Gosto de música popular brasileira.
Necessito de ajuda.
A função de predicativo é exercida, normalmente, por
um adjetivo ou substantivo. Objeto Pleonástico

O predicado verbo-nominal é aquele que apresenta É a repetição de objetos, tanto diretos como indiretos.
dois núcleos significativos: um verbo e um nome. No Normalmente, as frases em que ocorrem objetos
predicado verbo-nominal, o predicativo pode se referir pleonásticos obedecem à estrutura: primeiro aparece o
ao sujeito ou ao complemento verbal (objeto). objeto, antecipado para o início da oração; em seguida,
O verbo do predicado verbo-nominal é sempre ele é repetido através de um pronome oblíquo. É à
significativo, indicando processos. É também sempre por repetição que se dá o nome de objeto pleonástico.
intermédio do verbo que o predicativo se relaciona com
o termo a que se refere. “Aos fracos, não os posso proteger, jamais.” (Gonçalves
O dia amanheceu ensolarado; Dias)
As mulheres julgam os homens inconstantes.
objeto pleonástico
No primeiro exemplo, o verbo amanheceu apresenta
duas funções: a de verbo significativo e a de verbo de
ligação. Este predicado poderia ser desdobrado em dois:
Ao traidor, nada lhe devemos.
um verbal e outro nominal.
O dia amanheceu. / O dia estava ensolarado.
O termo que integra o sentido de um nome chama-
se complemento nominal, que se liga ao nome que
No segundo exemplo, é o verbo julgar que relaciona o completa por intermédio de preposição:
complemento homens com o predicativo “inconstantes”. A arte é necessária à vida. = relaciona-se com a
palavra “necessária”
Termos integrantes da oração Temos medo de barata. = ligada à palavra “medo”

Os complementos verbais (objeto direto e indireto) e o Termos acessórios da oração e vocativo


complemento nominal são chamados termos integrantes
da oração. Os termos acessórios recebem este nome por serem
Os complementos verbais integram o sentido explicativos, circunstanciais. São termos acessórios o adjunto
dos verbos transitivos, com eles formando unidades adverbial, o adjunto adnominal, o aposto e o vocativo – este,
significativas. Estes verbos podem se relacionar com sem relação sintática com outros temos da oração.
seus complementos diretamente, sem a presença
de preposição, ou indiretamente, por intermédio de O adjunto adverbial é o termo da oração que indica
preposição. uma circunstância do processo verbal ou intensifica o
sentido de um adjetivo, verbo ou advérbio. É uma função
O objeto direto é o complemento que se liga adverbial, pois cabe ao advérbio e às locuções adverbiais
diretamente ao verbo. exercerem o papel de adjunto adverbial: Amanhã voltarei
Houve muita confusão na partida final. a pé àquela velha praça.
Queremos sua ajuda.
O adjunto adnominal é o termo acessório que
O objeto direto preposicionado ocorre determina, especifica ou explica um substantivo. É uma
principalmente: função adjetiva, pois são os adjetivos e as locuções
adjetivas que exercem o papel de adjunto adnominal na
A) com nomes próprios de pessoas ou nomes comuns oração. Também atuam como adjuntos adnominais os
LÍNGUA PORTUGUESA

referentes a pessoas: artigos, os numerais e os pronomes adjetivos.


Amar a Deus; Adorar a Xangô; Estimar aos pais. O poeta inovador enviou dois longos trabalhos ao seu
(o objeto é direto, mas como há preposição, amigo de infância.
denomina-se: objeto direto preposicionado)
O adjunto adnominal se liga diretamente ao
B) com pronomes indefinidos de pessoa e pronomes substantivo a que se refere, sem participação do verbo.
de tratamento: Não excluo a ninguém; Não quero Já o predicativo do objeto se liga ao objeto por meio de
cansar a Vossa Senhoria. um verbo.

62
O poeta português deixou uma obra originalíssima. Duas orações são coordenadas quando estão juntas
O poeta deixou-a. em um mesmo período, (ou seja, em um mesmo bloco
(originalíssima não precisou ser repetida, portanto: de informações, marcado pela pontuação final), mas têm,
adjunto adnominal) ambas, estruturas individuais, como é o exemplo de:
Estou comprando um protetor solar, depois irei à praia.
O poeta português deixou uma obra inacabada. (Período Composto)
O poeta deixou-a inacabada. Podemos dizer:
(inacabada precisou ser repetida, então: predicativo 1. Estou comprando um protetor solar.
do objeto) 2. Irei à praia.

Enquanto o complemento nominal se relaciona a um Separando as duas, vemos que elas são independentes.
substantivo, adjetivo ou advérbio, o adjunto nominal se Tal período é classificado como Período Composto por
relaciona apenas ao substantivo. Coordenação.
Quanto à classificação das orações coordenadas,
O aposto é um termo acessório que permite ampliar, temos dois tipos: Coordenadas Assindéticas e Coordenadas
explicar, desenvolver ou resumir a ideia contida em um Sindéticas.
termo que exerça qualquer função sintática: Ontem,
segunda-feira, passei o dia mal-humorado. A) Coordenadas Assindéticas
São orações coordenadas entre si e que não são
Segunda-feira é aposto do adjunto adverbial de
ligadas através de nenhum conectivo. Estão apenas
tempo “ontem”. O aposto é sintaticamente equivalente
justapostas.
ao termo que se relaciona porque poderia substituí-lo:
Entrei na sala, deitei-me no sofá, adormeci.
Segunda-feira passei o dia mal-humorado.
O aposto pode ser classificado, de acordo com seu
B) Coordenadas Sindéticas
valor na oração, em:
Ao contrário da anterior, são orações coordenadas
A) explicativo: A linguística, ciência das línguas entre si, mas que são ligadas através de uma conjunção
humanas, permite-nos interpretar melhor nossa coordenativa, que dará à oração uma classificação. As
relação com o mundo. orações coordenadas sindéticas são classificadas em
B) enumerativo: A vida humana compõe-se de muitas cinco tipos: aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas
coisas: amor, arte, ação. e explicativas.
C) resumidor ou recapitulativo: Fantasias, suor e
sonho, tudo forma o carnaval. Dica: Memorize SINdética = SIM, tem conjunção!
D) comparativo: Seus olhos, indagadores holofotes,
fixaram-se por muito tempo na baía anoitecida. • Orações Coordenadas Sindéticas Aditivas: suas
principais conjunções são: e, nem, não só... mas
O vocativo é um termo que serve para chamar, também, não só... como, assim... como.
invocar ou interpelar um ouvinte real ou hipotético, Nem comprei o protetor solar nem fui à praia.
não mantendo relação sintática com outro termo da Comprei o protetor solar e fui à praia.
oração. A função de vocativo é substantiva, cabendo
a substantivos, pronomes substantivos, numerais e • Orações Coordenadas Sindéticas Adversativas:
palavras substantivadas esse papel na linguagem. suas principais conjunções são: mas, contudo,
João, venha comigo! todavia, entretanto, porém, no entanto, ainda,
Traga-me doces, minha menina! assim, senão.
Fiquei muito cansada, contudo me diverti bastante.
Períodos Compostos Li tudo, porém não entendi!

Período Composto por Coordenação • Orações Coordenadas Sindéticas Alternativas:


suas principais conjunções são: ou... ou; ora...ora;
O período composto se caracteriza por possuir mais quer...quer; seja...seja.
de uma oração em sua composição. Sendo assim: Ou uso o protetor solar, ou uso o óleo bronzeador.
Eu irei à praia. (Período Simples = um verbo, uma
oração)
• Orações Coordenadas Sindéticas Conclusivas:
Estou comprando um protetor solar, depois irei à suas principais conjunções são: logo, portanto,
LÍNGUA PORTUGUESA

praia. (Período Composto =locução verbal + verbo, duas por fim, por conseguinte, consequentemente, pois
orações) (posposto ao verbo).
Já me decidi: só irei à praia, se antes eu comprar Passei no concurso, portanto comemorarei!
um protetor solar. (Período Composto = três verbos, três A situação é delicada; devemos, pois, agir.
orações).
Há dois tipos de relações que podem se estabelecer • Orações Coordenadas Sindéticas Explicativas:
suas principais conjunções são: isto é, ou seja, a
entre as orações de um período composto: uma relação
saber, na verdade, pois (anteposto ao verbo).
de coordenação ou uma relação de subordinação.

63
Não fui à praia, pois queria descansar durante o Classificação das Orações Subordinadas
Domingo. Substantivas
Maria chorou porque seus olhos estão vermelhos.
Conforme a função que exerce no período, a oração
Período Composto Por Subordinação subordinada substantiva pode ser:

Quero que você seja aprovado! 1. Subjetiva - exerce a função sintática de sujeito do
Oração principal oração subordinada verbo da oração principal:

Observe que na oração subordinada temos o verbo É fundamental o seu comparecimento à reunião.
“seja”, que está conjugado na terceira pessoa do singular Sujeito
do presente do subjuntivo, além de ser introduzida por
conjunção. As orações subordinadas que apresentam É fundamental que você compareça à reunião.
verbo em qualquer dos tempos finitos (tempos do modo Oração Principal Oração Subordinada Substantiva
do indicativo, subjuntivo e imperativo) e são iniciadas Subjetiva
por conjunção, chamam-se orações desenvolvidas ou
explícitas.
FIQUE ATENTO!
Podemos modificar o período acima. Veja: Observe que a oração subordinada
substantiva pode ser substituída pelo
Quero ser aprovado. pronome “isso”. Assim, temos um período
Oração Principal Oração Subordinada simples:
É fundamental isso ou Isso é fundamental.
A análise das orações continua sendo a mesma:
“Quero” é a oração principal, cujo objeto direto é a Desta forma, a oração correspondente a
oração subordinada “ser aprovado”. Observe que a “isso” exercerá a função de sujeito.
oração subordinada apresenta agora verbo no infinitivo
(ser). Além disso, a conjunção “que”, conectivo que unia
as duas orações, desapareceu. As orações subordinadas
cujo verbo surge numa das formas nominais (infinitivo, Veja algumas estruturas típicas que ocorrem na
gerúndio ou particípio) são chamadas de orações oração principal:
reduzidas ou implícitas (como no exemplo acima).
• Verbos de ligação + predicativo, em construções
Observação: do tipo: É bom - É útil - É conveniente - É certo - Parece
As orações reduzidas não são introduzidas por certo - É claro - Está evidente - Está comprovado
conjunções nem pronomes relativos. Podem ser, É bom que você compareça à minha festa.
eventualmente, introduzidas por preposição.
• Expressões na voz passiva, como: Sabe-se, Soube-
A) Orações Subordinadas Substantivas se, Conta-se, Diz-se, Comenta-se, É sabido, Foi
A oração subordinada substantiva tem valor de anunciado, Ficou provado.
substantivo e vem introduzida, geralmente, por conjunção Sabe-se que Aline não gosta de Pedro.
integrante (que, se).
• Verbos como: convir - cumprir - constar - admirar -
Não sei se sairemos hoje. importar - ocorrer - acontecer
Oração Subordinada Substantiva Convém que não se atrase na entrevista.

Temos medo de que não sejamos aprovados. Observação:


Oração Subordinada Substantiva Quando a oração subordinada substantiva é subjetiva,
o verbo da oração principal está sempre na 3.ª pessoa do
Os pronomes interrogativos (que, quem, qual) também singular.
introduzem as orações subordinadas substantivas, bem
como os advérbios interrogativos (por que, quando, onde, 2. Objetiva Direta = exerce função de objeto direto
como). do verbo da oração principal:
O garoto perguntou qual seu nome.
Oração Subordinada Substantiva
LÍNGUA PORTUGUESA

Todos querem sua aprovação no concurso.


Objeto Direto
Não sabemos quando ele virá. Todos querem que você seja aprovado. (Todos querem
Oração Subordinada Substantiva isso)
Oração Principal Oração Subordinada Substantiva
Objetiva Direta

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As orações subordinadas substantivas objetivas 6. Apositiva = exerce função de aposto de algum
diretas (desenvolvidas) são iniciadas por: termo da oração principal.
• Conjunções integrantes “que” (às vezes elíptica) e Fernanda tinha um grande sonho: a felicidade!
“se”: A professora verificou se os alunos estavam Aposto
presentes.
• Pronomes indefinidos que, quem, qual, quanto (às Fernanda tinha um grande sonho: ser feliz!
vezes regidos de preposição), nas interrogações Oração subordinada
indiretas: O pessoal queria saber quem era o dono substantiva apositiva reduzida de infinitivo
do carro importado.
• Advérbios como, quando, onde, por que, quão (às (Fernanda tinha um grande sonho: isso)
vezes regidos de preposição), nas interrogações
indiretas: Eu não sei por que ela fez isso. Dica: geralmente há a presença dos dois pontos! ( : )

3. Objetiva Indireta = atua como objeto indireto B) Orações Subordinadas Adjetivas


do verbo da oração principal. Vem precedida de Uma oração subordinada adjetiva é aquela que possui
preposição. valor e função de adjetivo, ou seja, que a ele equivale.
As orações vêm introduzidas por pronome relativo e
Meu pai insiste em meu estudo. exercem a função de adjunto adnominal do antecedente.
Objeto Indireto
Esta foi uma redação bem-sucedida.
Meu pai insiste em que eu estude. (= Meu pai insiste Substantivo Adjetivo (Adjunto Adnominal)
nisso)
Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indireta O substantivo “redação” foi caracterizado pelo adjetivo
“bem-sucedida”. Neste caso, é possível formarmos outra
Observação: construção, a qual exerce exatamente o mesmo papel:
Em alguns casos, a preposição pode estar elíptica na
oração. Esta foi uma redação que fez sucesso.
Marta não gosta (de) que a chamem de senhora. Oração Principal Oração Subordinada Adjetiva
Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indireta
Perceba que a conexão entre a oração subordinada
4. Completiva Nominal = completa um nome adjetiva e o termo da oração principal que ela modifica é
que pertence à oração principal e também vem feita pelo pronome relativo “que”. Além de conectar (ou
marcada por preposição. relacionar) duas orações, o pronome relativo desempenha
uma função sintática na oração subordinada: ocupa o
Sentimos orgulho de seu comportamento. papel que seria exercido pelo termo que o antecede (no
Complemento Nominal caso, “redação” é sujeito, então o “que” também funciona
como sujeito).
Sentimos orgulho de que você se comportou. (=
Sentimos orgulho disso.) FIQUE ATENTO!
Oração Subordinada Substantiva Completiva
Vale lembrar um recurso didático para
Nominal
reconhecer o pronome relativo “que”: ele
sempre pode ser substituído por: o qual -
As orações subordinadas substantivas objetivas
a qual - os quais - as quais
indiretas integram o sentido de um verbo, enquanto Refiro-me ao aluno que é estudioso. = Esta
que orações subordinadas substantivas completivas oração é equivalente a: Refiro-me ao aluno
nominais integram o sentido de um nome. Para distinguir o qual estuda.
uma da outra, é necessário levar em conta o termo
complementado. Esta é a diferença entre o objeto indireto
e o complemento nominal: o primeiro complementa um Forma das Orações Subordinadas Adjetivas
verbo; o segundo, um nome.
Quando são introduzidas por um pronome
5. Predicativa = exerce papel de predicativo do relativo e apresentam verbo no modo indicativo ou
LÍNGUA PORTUGUESA

sujeito do verbo da oração principal e vem sempre subjuntivo, as orações subordinadas adjetivas são
depois do verbo ser. chamadas desenvolvidas. Além delas, existem as
Nosso desejo era sua desistência. orações subordinadas adjetivas reduzidas, que não
Predicativo do Sujeito são introduzidas por pronome relativo (podem ser
introduzidas por preposição) e apresentam o verbo numa
Nosso desejo era que ele desistisse. (= Nosso desejo das formas nominais (infinitivo, gerúndio ou particípio).
era isso) Ele foi o primeiro aluno que se apresentou.
Oração Subordinada Substantiva Predicativa Ele foi o primeiro aluno a se apresentar.

65
No primeiro período, há uma oração subordinada Durante a madrugada, eu olhei você dormindo.
adjetiva desenvolvida, já que é introduzida pelo pronome Oração Subordinada Adverbial
relativo “que” e apresenta verbo conjugado no pretérito
perfeito do indicativo. No segundo, há uma oração A oração em destaque agrega uma circunstância de
subordinada adjetiva reduzida de infinitivo: não há tempo. É, portanto, chamada de oração subordinada
pronome relativo e seu verbo está no infinitivo. adverbial temporal. Os adjuntos adverbiais são termos
acessórios que indicam uma circunstância referente, via
Classificação das Orações Subordinadas Adjetivas de regra, a um verbo. A classificação do adjunto adverbial
depende da exata compreensão da circunstância que
Na relação que estabelecem com o termo que exprime.
caracterizam, as orações subordinadas adjetivas podem Naquele momento, senti uma das maiores emoções de
atuar de duas maneiras diferentes. Há aquelas que minha vida.
restringem ou especificam o sentido do termo a que Quando vi o mar, senti uma das maiores emoções de
se referem, individualizando-o. Nestas orações não minha vida.
há marcação de pausa, sendo chamadas subordinadas
adjetivas restritivas. Existem também orações que realçam No primeiro período, “naquele momento” é um
um detalhe ou amplificam dados sobre o antecedente, adjunto adverbial de tempo, que modifica a forma verbal
que já se encontra suficientemente definido. Estas orações “senti”. No segundo período, este papel é exercido
denominam-se subordinadas adjetivas explicativas. pela oração “Quando vi o mar”, que é, portanto, uma
oração subordinada adverbial temporal. Esta oração é
Exemplo 1: desenvolvida, pois é introduzida por uma conjunção
subordinativa (quando) e apresenta uma forma verbal do
Jamais teria chegado aqui, não fosse um homem que modo indicativo (“vi”, do pretérito perfeito do indicativo).
passava naquele momento. Seria possível reduzi-la, obtendo-se:
Oração Subordinada Adjetiva Restritiva Ao ver o mar, senti uma das maiores emoções de
minha vida.
No período acima, observe que a oração em destaque
restringe e particulariza o sentido da palavra “homem”: A oração em destaque é reduzida, apresentando uma
trata-se de um homem específico, único. A oração limita das formas nominais do verbo (“ver” no infinitivo) e não
o universo de homens, isto é, não se refere a todos os é introduzida por conjunção subordinativa, mas sim por
homens, mas sim àquele que estava passando naquele uma preposição (“a”, combinada com o artigo “o”).
momento.
Observação:
Exemplo 2: A classificação das orações subordinadas adverbiais
é feita do mesmo modo que a classificação dos adjuntos
O homem, que se considera racional, muitas vezes adverbiais. Baseia-se na circunstância expressa pela
age animalescamente. oração.
Oração Subordinada Adjetiva Explicativa
Classificação das Orações Subordinadas Adverbiais
Agora, a oração em destaque não tem sentido
restritivo em relação à palavra “homem”; na verdade, A) Causal = A ideia de causa está diretamente
apenas explicita uma ideia que já sabemos estar contida ligada àquilo que provoca um determinado fato,
no conceito de “homem”. ao motivo do que se declara na oração principal.
Principal conjunção subordinativa causal: porque.
Saiba que: Outras conjunções e locuções causais: como
A oração subordinada adjetiva explicativa é separada (sempre introduzido na oração anteposta à oração
da oração principal por uma pausa que, na escrita, principal), pois, pois que, já que, uma vez que, visto
é representada pela vírgula. É comum, por isso, que a
que.
pontuação seja indicada como forma de diferenciar as
As ruas ficaram alagadas porque a chuva foi muito
orações explicativas das restritivas; de fato, as explicativas
forte.
vêm sempre isoladas por vírgulas; as restritivas, não.
Já que você não vai, eu também não vou.
C) Orações Subordinadas Adverbiais
A diferença entre a subordinada adverbial causal e
Uma oração subordinada adverbial é aquela que
a sindética explicativa é que esta “explica” o fato que
exerce a função de adjunto adverbial do verbo da oração
aconteceu na oração com a qual ela se relaciona; aquela
LÍNGUA PORTUGUESA

principal. Assim, pode exprimir circunstância de tempo,


apresenta a “causa” do acontecimento expresso na
modo, fim, causa, condição, hipótese, etc. Quando
oração à qual ela se subordina. Repare:
desenvolvida, vem introduzida por uma das conjunções
1. Faltei à aula porque estava doente.
subordinativas (com exclusão das integrantes, que
2. Melissa chorou, porque seus olhos estão vermelhos.
introduzem orações subordinadas substantivas).
Classifica-se de acordo com a conjunção ou locução
conjuntiva que a introduz (assim como acontece com as
coordenadas sindéticas).

66
Em 1, a oração destacada aconteceu primeiro (causa) Ele dorme como um urso. (como um urso dorme)
que o fato expresso na oração anterior, ou seja, o fato de Você age como criança. (age como uma criança age)
estar doente impediu-me de ir à aula. No exemplo 2, a
oração sublinhada relata um fato que aconteceu depois, • geralmente há omissão do verbo.
já que primeiro ela chorou, depois seus olhos ficaram
vermelhos. F) Conformativa = indica ideia de conformidade, ou
seja, apresenta uma regra, um modelo adotado
B) Consecutiva = exprime um fato que é consequência, para a execução do que se declara na oração
é efeito do que se declara na oração principal. São principal. Principal conjunção subordinativa
introduzidas pelas conjunções e locuções: que, conformativa: conforme. Outras conjunções
de forma que, de sorte que, tanto que, etc., e pelas conformativas: como, consoante e segundo (todas
estruturas tão...que, tanto...que, tamanho...que. com o mesmo valor de conforme).
Principal conjunção subordinativa consecutiva: que Fiz o bolo conforme ensina a receita.
(precedido de tal, tanto, tão, tamanho) Consoante reza a Constituição, todos os cidadãos têm
Nunca abandonou seus ideais, de sorte que acabou direitos iguais.
concretizando-os.
Não consigo ver televisão sem bocejar. (Oração G) Final = indica a intenção, a finalidade daquilo que
Reduzida de Infinitivo) se declara na oração principal. Principal conjunção
subordinativa final: a fim de. Outras conjunções
C) Condicional = Condição é aquilo que se impõe finais: que, porque (= para que) e a locução
como necessário para a realização ou não de conjuntiva para que.
um fato. As orações subordinadas adverbiais Aproximei-me dela a fim de que ficássemos amigas.
condicionais exprimem o que deve ou não ocorrer Estudarei muito para que eu me saia bem na prova.
para que se realize - ou deixe de se realizar - o fato
expresso na oração principal. H) Proporcional = exprime ideia de proporção,
Principal conjunção subordinativa condicional: se. ou seja, um fato simultâneo ao expresso na
Outras conjunções condicionais: caso, contanto que, oração principal. Principal locução conjuntiva
desde que, salvo se, exceto se, a não ser que, a menos que, subordinativa proporcional: à proporção que.
sem que, uma vez que (seguida de verbo no subjuntivo). Outras locuções conjuntivas proporcionais: à
Se o regulamento do campeonato for bem elaborado, medida que, ao passo que. Há ainda as estruturas:
certamente o melhor time será campeão. quanto maior...(maior), quanto maior...(menor),
Caso você saia, convide-me. quanto menor...(maior), quanto menor...(menor),
quanto mais...(mais), quanto mais...(menos), quanto
D) Concessiva = indica concessão às ações do menos...(mais), quanto menos...(menos).
verbo da oração principal, isto é, admitem uma À proporção que estudávamos mais questões
contradição ou um fato inesperado. A ideia de acertávamos.
concessão está diretamente ligada ao contraste, À medida que lia mais culto ficava.
à quebra de expectativa. Principal conjunção
subordinativa concessiva: embora. Utiliza-se I) Temporal = acrescenta uma ideia de tempo ao fato
também a conjunção: conquanto e as locuções expresso na oração principal, podendo exprimir
ainda que, ainda quando, mesmo que, se bem que, noções de simultaneidade, anterioridade ou
posto que, apesar de que. posterioridade. Principal conjunção subordinativa
Só irei se ele for. temporal: quando. Outras conjunções
A oração acima expressa uma condição: o fato de subordinativas temporais: enquanto, mal e
“eu” ir só se realizará caso essa condição seja satisfeita. locuções conjuntivas: assim que, logo que, todas as
Compare agora com: vezes que, antes que, depois que, sempre que, desde
Irei mesmo que ele não vá. que, etc.
Assim que Paulo chegou, a reunião acabou.
A distinção fica nítida; temos agora uma concessão: Terminada a festa, todos se retiraram. (= Quando
irei de qualquer maneira, independentemente de sua ida. terminou a festa) (Oração Reduzida de Particípio)
A oração destacada é, portanto, subordinada adverbial
concessiva. Orações Reduzidas
Observe outros exemplos:
Embora fizesse calor, levei agasalho. As orações subordinadas podem vir expressas como
LÍNGUA PORTUGUESA

Foi aprovado sem estudar (= sem que estudasse / reduzidas, ou seja, com o verbo em uma de suas formas
embora não estudasse). (reduzida de infinitivo) nominais (infinitivo, gerúndio ou particípio) e sem
conectivo subordinativo que as introduza.
E) Comparativa= As orações subordinadas adverbiais É preciso estudar! = reduzida de infinitivo
comparativas estabelecem uma comparação com É preciso que se estude = oração desenvolvida
a ação indicada pelo verbo da oração principal. (presença do conectivo)
Principal conjunção subordinativa comparativa:
como.

67
Para classificá-las, precisamos imaginar como seriam a) para a criação de uma desigualdade social;
“desenvolvidas” – como no exemplo acima. b) para que se criasse uma desigualdade social;
É preciso estudar = oração subordinada substantiva c) para que se crie uma desigualdade social;
subjetiva reduzida de infinitivo d) para a criatividade de uma desigualdade social;
É preciso que se estude = oração subordinada e) para criarem uma desigualdade social.
substantiva subjetiva
Resposta: Letra B
Orações Intercaladas Em “b”: para que se criasse uma desigualdade social;
Em “c”: para que se crie uma desigualdade social;
São orações independentes encaixadas na sequência Desenvolvida = tem conjunção. Ambas têm. A
do período, utilizadas para um esclarecimento, um diferença é o tempo verbal. A ação aconteceu (foi
aparte, uma citação. Elas vêm separadas por vírgulas ou usada para criar): Ou seja, foi usada para que se criasse
travessões. uma desigualdade social.
Nós – continuava o relator – já abordamos este
assunto. 3. (IBGE – AGENTE CENSITÁRIO – ADMINISTRATIVO
– FGV-2017) Uma manchete do Estado de São Paulo,
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 10/04/2017, dizia o seguinte: “Atentados contra cristãos
matam 44 no Egito e país decreta emergência”. As duas
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa orações desse período mantêm entre si a seguinte
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. relação lógica:
CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura,
Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira a) causa e consequência;
Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição – b) informação e comprovação;
São Paulo: Saraiva, 2002. c) fato e exemplificação;
d) afirmação e explicação;
SITE e) tese e argumentação.

Disponível em: <http://www.pciconcursos.com.br/ Resposta: Letra A


aulas/portugues/frase-periodo-e-oracao> Atentados contra cristãos matam 44 no Egito e país
decreta emergência = devido aos atentados (causa),
o país decretou emergência (consequência).
EXERCÍCIOS COMENTADOS 4. (IBGE – AGENTE CENSITÁRIO – ADMINISTRATIVO
– FGV-2017) “Com as novas medidas para evitar a
1. (BANESTES – TÉCNICO BANCÁRIO – FGV-2018) abstenção, o governo espera uma economia vultosa no
“Talvez um dia seja bom relembrar este dia”. (Virgílio) A Enem”. A oração reduzida “para evitar a abstenção” pode
forma de oração desenvolvida adequada correspondente ser adequadamente substituída pela seguinte oração
à oração sublinhada acima é: desenvolvida:

a) relembrarmos este dia; a) para que se evitasse a abstenção;


b) a relembrança deste dia; b) a fim de que a abstenção fosse evitada;
c) que relembremos este dia; c) para que se evite a abstenção;
d) que relembrássemos este dia; d) a fim de evitar-se a abstenção;
e) uma nova lembrança deste dia. e) evitando-se a abstenção.

Resposta: Letra C Resposta: Letra C


Em “c”: que relembremos este dia; Em “a”: para que se evitasse a abstenção;
Em “d”: que relembrássemos este dia; Em “b”: a fim de que a abstenção fosse evitada;
Em uma oração desenvolvida há a presença de Em “c”: para que se evite a abstenção;
conjunção. Ambos os itens têm, mas temos que fazer Desenvolvida tem conjunção. O período traz “para
a correlação verbal com o período da oração reduzida evitar a abstenção” = hipótese. A forma correta é: “com
(o verbo nos dá uma hipótese – talvez seja bom as novas medidas para que se evite a abstenção”.
relembrar). Portanto, a forma correta é: Talvez um dia
seja bom que relembremos este dia. 5. (MPE-AL – ANALISTA DO MINISTÉRIO PÚBLICO –
ÁREA JURÍDICA – FGV-2018) Assinale a opção em que
LÍNGUA PORTUGUESA

2. (CÂMARA DE SALVADOR-BA – ASSISTENTE o termo sublinhado funciona como sujeito.


LEGISLATIVO MUNICIPAL – FGV-2018) “Ou seja,
foi usada para criar uma desigualdade social...”; se a) “Em um regime de liberdades, há sempre o risco de
modificarmos a oração reduzida de infinitivo por uma excessos”.
oração desenvolvida, a forma adequada seria: b) “Sempre há, também, o oportunismo político-
ideológico para se aproveitar da crise”.
c) “Não faltam, também, os arautos do quanto pior, melhor, ...”.

68
d) “A greve atravessou vários sinais ao estrangular as O verbo que exige complemento tal como o sublinhado
vias de suprimento que mantêm o sistema produtivo acima está em:
funcionando”.
e) “Numa democracia, é livre a expressão”. a) A capacidade de computação duplicou a cada 18 me-
ses nos últimos 20 anos ...
Resposta: Letra C b) ... que deriva da informação.
Em “a”: há sempre o risco de excessos = objeto direto c) ... que reduz as barreiras ao acesso.
Em “b”: “Sempre há, também, o oportunismo político- d) ... do que era nos anos 70.
ideológico = objeto direto e) ... atualmente, 200 gigabytes cabem no bolso de uma
Em “c”: “Não faltam, também, os arautos do quanto camisa.
pior, melhor = sujeito
Em “d”: que mantêm o sistema produtivo funcionando Resposta: Letra C
= objeto direto “Ocupava uma sala” = transitivo direto
Em “e”: é livre a expressão = predicativo do sujeito Em “a”: A capacidade de computação duplicou =
verbo intransitivo
6. (TJ-PE – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FUNÇÃO Em “b”: que deriva da informação = transitivo indireto
JUDICIÁRIA – IBFC-2017 - ADAPTADA) “A resposta que Em “c”: que reduz as barreiras = transitivo direto
lhe daria seria: ‘Essa estória não aconteceu nunca para Em “d”: do que era nos anos 70 = verbo de ligação
Em “e”: atualmente, 200 gigabytes cabem = verbo
que aconteça sempre... ’” O pronome destacado cumpre
intransitivo
papel coesivo, mas também sintático na oração. Assim,
sintaticamente, ele deve ser classificado como:
9. (TJ-AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FGV-2018) “Tenho
comentado aqui na Folha em diversas crônicas, os usos da
a) adjunto adnominal.
internet, que se ressente ainda da falta de uma legislação
b) objeto direto.
específica que coíba não somente os usos mas os abusos
c) complemento nominal. deste importante e eficaz veículo de comunicação”. Sobre
d) objeto indireto. as ocorrências do vocábulo que, nesse segmento do
e) predicativo. texto, é correto afirmar que:
Resposta: Letra D a) são pronomes relativos com o mesmo antecedente;
O verbo “dar” é bitransitivo (transitivo direto e indireto): b) exemplificam classes gramaticais diferentes;
Quem dá, dá algo (direto) a alguém (indireto). No c) mostram diferentes funções sintáticas;
caso: resposta (objeto direto) / lhe (objeto indireto = d) são da mesma classe gramatical e da mesma função
a ele[a]) sintática;
e) iniciam o mesmo tipo de oração subordinada.
7. (TRE-AC – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA
ADMINISTRATIVA – AOCP-2015) Em “Ele diz que vota Resposta: Letra D
desde os 18, quando ainda era jovem e morava em Minas “Tenho comentado aqui na Folha em diversas crônicas,
Gerais, sua terra natal...”, a expressão em destaque os usos da internet, que (= a qual) se ressente ainda da
falta de uma legislação específica que (= a qual) coíba
a) exerce função de vocativo e não pode ser excluída da não somente os usos mas os abusos deste importante
oração por tratar-se de um termo essencial. e eficaz veículo de comunicação” = ambos podem
b) exerce função de aposto e pode ser excluída da oração ser substituídos por “a qual”, portanto são pronomes
por tratar-se de um termo acessório. relativos (pertencem à mesma classe gramatical); o 1.º
c) exerce função de aposto e não pode ser excluída da inicia uma oração subordinada adjetiva explicativa; o
oração por tratar-se de um termo essencial. 2.º, adjetiva restritiva.
d) exerce função de adjunto adnominal, portanto é um
termo acessório. 10. (TRE-RJ – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA
e) exerce função de adjunto adverbial, portanto é um ADMINISTRATIVA – CONSULPLAN-2017) Analise as
termo acessório. afirmações apresentadas a seguir.

Resposta: Letra B I. Em “Existe alguma hora que não seja de relógio?”, a


A expressão destacada exerce a função de aposto oração sublinhada é uma oração subordinada adjetiva
– uma informação a mais sobre o termo citado explicativa.
LÍNGUA PORTUGUESA

anteriormente (no caso, Minas Gerais). É um termo II. Em “[...] tem surgido, cada vez mais frequente, o
acessório, podendo ser retirado do período sem diminutivo do gerúndio.”, a expressão destacada atua
prejudicar a coerência. como sujeito da locução verbal “ter surgido”.
III. “Não pense que para por aí [...]”, a oração sublinhada
8. (TRF-1.ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO – é uma oração subordinada substantiva objetiva direta.
INFORMÁTICA – FCC-2014) IV. Em “[...] se te chamarem de ‘queridinho’, querem é
que você exploda.”, a oração destacada é uma oração
Em 1980, um gigabyte de dados armazenados ocupava
subordinada adverbial causal.
uma sala...

69
Estão corretas apenas as afirmativas B) Ponto e Vírgula (;)

a) I e II. • Separa várias partes do discurso, que têm a mesma


b) II e III. importância: “Os pobres dão pelo pão o trabalho; os
c) III e IV. ricos dão pelo pão a fazenda; os de espíritos genero-
d) I, II e IV. sos dão pelo pão a vida; os de nenhum espírito dão
Resposta: Letra B pelo pão a alma...” (VIEIRA)
Em “I” - “Existe alguma hora que não seja de relógio?”,
a oração sublinhada é uma oração subordinada • Separa partes de frases que já estão separadas por
adjetiva explicativa = substituindo “que” por “a qual”, vírgulas: Alguns quiseram verão, praia e calor; ou-
continua com sentido, então é pronome relativo – tros, montanhas, frio e cobertor.
presente nas adjetivas, mas no período em questão
temos uma restritiva = incorreta • Separa itens de uma enumeração, exposição de mo-
Em “II” - tem surgido, cada vez mais frequente, o tivos, decreto de lei, etc.
diminutivo do gerúndio.”, a expressão destacada Ir ao supermercado;
atua como sujeito da locução verbal “ter surgido” = Pegar as crianças na escola;
correta Caminhada na praia;
Em “III” - “Não pense que para por aí [...]”, a oração Reunião com amigos.
sublinhada é uma oração subordinada substantiva
objetiva direta = correta C) Dois pontos (:)
Em “IV” - se te chamarem de ‘queridinho’, a oração
destacada é uma oração subordinada adverbial causal • Antes de uma citação = Vejamos como Afrânio Cou-
= adverbial condicional (“se”) = incorreta tinho trata este assunto:
• Antes de um aposto = Três coisas não me agradam:
chuva pela manhã, frio à tarde e calor à noite.
• Antes de uma explicação ou esclarecimento: Lá es-
PONTUAÇÃO tava a deplorável família: triste, cabisbaixa, vivendo
a rotina de sempre.

Os sinais de pontuação são marcações gráficas que • Em frases de estilo direto


servem para compor a coesão e a coerência textual, além Maria perguntou:
de ressaltar especificidades semânticas e pragmáticas. - Por que você não toma uma decisão?
Um texto escrito adquire diferentes significados quando
pontuado de formas diversificadas. O uso da pontuação D) Ponto de Exclamação (!)
depende, em certos momentos, da intenção do autor do
discurso. Assim, os sinais de pontuação estão diretamente • Usa-se para indicar entonação de surpresa, cólera,
relacionados ao contexto e ao interlocutor. susto, súplica, etc.: Sim! Claro que eu quero me
casar com você!
Principais funções dos sinais de pontuação • Depois de interjeições ou vocativos
Ai! Que susto!
A) Ponto (.) João! Há quanto tempo!

• Indica o término do discurso ou de parte dele, en- E) Ponto de Interrogação (?)


cerrando o período.
• Usa-se nas interrogações diretas e indiretas livres.
• Usa-se nas abreviaturas: pág. (página), Cia. (Com- “- Então? Que é isso? Desertaram ambos?” (Artur
panhia). Se a palavra abreviada aparecer em final Azevedo)
de período, este não receberá outro ponto; neste
caso, o ponto de abreviatura marca, também, o fim F) Reticências (...)
de período. Exemplo: Estudei português, matemári-
ca, constitucional, etc. (e não “etc..”) • Indica que palavras foram suprimidas: Comprei lápis,
canetas, cadernos...
• Nos títulos e cabeçalhos é opcional o emprego do • Indica interrupção violenta da frase: “- Não... quero
ponto, assim como após o nome do autor de uma dizer... é verdad... Ah!”
citação: • Indica interrupções de hesitação ou dúvida: Este
LÍNGUA PORTUGUESA

Haverá eleições em outubro mal... pega doutor?


O culto do vernáculo faz parte do brio cívico. (Napoleão • Indica que o sentido vai além do que foi dito: Deixa,
Mendes de Almeida) (ou: Almeida.) depois, o coração falar...

• Os números que identificam o ano não utilizam pon-


to nem devem ter espaço a separá-los, bem como
os números de CEP: 1975, 2014, 2006, 17600-250.

70
G) Vírgula (,) • os colchetes ([ ]) = usados em transcrições
feitas pelo narrador ([vide pág. 5]), usado como
Não se usa vírgula primeira opção aos parênteses, principalmente na
Separando termos que, do ponto de vista sintático, matemática;
ligam-se diretamente entre si: • o asterisco (*) = usado para remeter o leitor a uma
nota de rodapé ou no fim do livro, para substituir
1. Entre sujeito e predicado: um nome que não se quer mencionar.
Todos os alunos da sala foram advertidos.
Sujeito predicado REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

2. Entre o verbo e seus objetos: CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza


O trabalho custou sacrifício aos realizadores. Cochar - Português linguagens: volume 3. – 7.ª ed. Reform.
V.T.D.I. O.D. O.I. – São Paulo: Saraiva, 2010.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Usa-se a vírgula: Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.

1. Para marcar intercalação: SITE


A) do adjunto adverbial: O café, em razão da sua
abundância, vem caindo de preço. Disponível em: <http://www.infoescola.com/
B) da conjunção: Os cerrados são secos e áridos. portugues/pontuacao/>
Estão produzindo, todavia, altas quantidades de Disponível em: <http://www.brasilescola.com/
alimentos. gramatica/uso-da-virgula.htm>
C) das expressões explicativas ou corretivas: As
indústrias não querem abrir mão de suas vantagens,
isto é, não querem abrir mão dos lucros altos.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
2. Para marcar inversão:
A) do adjunto adverbial (colocado no início da 1. (BANPARÁ – ASSISTENTE SOCIAL – FADESP-2018)
oração): Depois das sete horas, todo o comércio está O enunciado em que a vírgula foi empregada em
de portas fechadas. desacordo com as regras de pontuação é
B) dos objetos pleonásticos antepostos ao verbo: Aos
pesquisadores, não lhes destinaram verba alguma. a) Como esse metal é limitado, isso garantia que a
C) do nome de lugar anteposto às datas: Recife, 15 de produção de dinheiro fosse também limitada.
maio de 1982. b) Em 1971, o presidente dos EUA acabou com o padrão-
ouro.
3. Para separar entre si elementos coordenados c) Praticamente todo o dinheiro que existe no mundo
(dispostos em enumeração): é criado assim, inventado em canetaços a partir da
Era um garoto de 15 anos, alto, magro. concessão de empréstimos.
A ventania levou árvores, e telhados, e pontes, e d) Assim, o sistema monetário atual funciona com uma
animais. moeda que é ao mesmo tempo escassa e abundante.
e) Escassa porque só banqueiros podem criá-la, e
4. Para marcar elipse (omissão) do verbo: Nós abundante porque é gerada pela simples manipulação
queremos comer pizza; e vocês, churrasco. de bancos de dados.

5. Para isolar: Resposta: Letra E


A) o aposto: São Paulo, considerada a metrópole O enunciado pede a alternativa em desacordo:
brasileira, possui um trânsito caótico. Em “a”, Como esse metal é limitado, isso garantia
B) o vocativo: Ora, Thiago, não diga bobagem. que a produção de dinheiro fosse também limitada
= correta
Observações: Em “b”, Em 1971, o presidente dos EUA acabou com o
Considerando-se que “etc.” é abreviatura da padrão-ouro = correta
expressão latina et coetera, que significa “e outras coisas”, Em “c”, Praticamente todo o dinheiro que existe no
seria dispensável o emprego da vírgula antes dele. mundo é criado assim, inventado em canetaços a
partir da concessão de empréstimos = correta
Porém, o acordo ortográfico em vigor no Brasil exige
Em “d”, Assim, o sistema monetário atual funciona
LÍNGUA PORTUGUESA

que empreguemos etc. predecido de vírgula: Falamos de


com uma moeda que é ao mesmo tempo escassa e
política, futebol, lazer, etc.
abundante = correta
As perguntas que denotam surpresa podem ter
Em “e”, Escassa porque só banqueiros podem criá-
combinados o ponto de interrogação e o de exclamação:
la, (X) e abundante porque é gerada pela simples
Você falou isso para ela?!
manipulação de bancos de dados = incorreta - a
Temos, ainda, sinais distintivos:
vírgula pode ser utilizada antes da conjunção “e”,
• a barra ( / ) = usada em datas (25/12/2014), desde que haja mudança de sujeito, por exemplo (o
separação de siglas (IOF/UPC); que não acontece na questão)

71
2. (BANESTES – ANALISTA ECONÔMICO FINANCEIRO Resposta: Letra C
GESTÃO CONTÁBIL – FGV-2018) Indiquei com (X) os lugares inadequados e acrescentei
a pontuação que faltou:
Texto 1 Em “a”, O jeitinho, essa instituição tipicamente
brasileira , pode ser considerado, sem dúvida, um
Em artigo publicado no jornal carioca O Globo, 19/3/2018, desvio de caráter.
com o nome Erros do passado, o articulista Paulo Em “b”, Apareciam novos problemas , (X) e o funcionário
Guedes escreve o seguinte: “Os regimes trabalhista e , embora competente, nem sempre conseguia resolvê-
previdenciário brasileiros são politicamente anacrônicos, los.
economicamente desastrosos e socialmente perversos. Em “c”, Ainda que os níveis de educação estivessem
Arquitetados de início em sistemas políticos fechados avançando, o sentimento geral, às vezes, era de
(na Alemanha imperial de Bismarck e na Itália fascista frustração.= correta
de Mussolini), e desde então cultivados por obsoletos Em “d”, É claro , (X) que se fôssemos levar a lei ao pé da
programas socialdemocratas, são hoje armas de letra, muitos sofreriam sanções diariamente.
destruição em massa de empregos locais em meio à Em “e”, O tempo não para , as transformações sociais
competição global. Reduzem a competitividade das são urgentes , mas há quem não perceba esse fato,
empresas, fabricam desigualdades sociais, dissipam em que é evidente.
consumo corrente a poupança compulsória dos encargos
recolhidos, derrubam o crescimento da economia e 4. (BANCO DO BRASIL – ESCRITURÁRIO –
solapam o valor futuro das aposentadorias”. (adaptado) CESGRANRIO-2018) De acordo com a norma-padrão
da língua portuguesa, a pontuação está corretamente
No texto 1, os termos inseridos nos parênteses – na empregada em:
Alemanha imperial de Bismarck e na Itália fascista de
Mussolini – têm a finalidade textual de: a) O conjunto de preocupações e ações efetivas, quando
atendem, de forma voluntária, aos funcionários e
à comunidade em geral, pode ser definido como
a) enumerar os sistemas políticos fechados do passado;
responsabilidade social.
b) destacar os sistemas onde se originaram os regimes
b) As empresas que optam por encampar a prática da
trabalhista e previdenciário;
responsabilidade social, beneficiam-se de conseguir
c) criticar o atraso político de alguns sistemas da História;
uma melhor imagem no mercado.
d) condenar nossos regimes trabalhista e previdenciário c) A noção de responsabilidade social foi muito utilizada
por serem muito antigos; em campanhas publicitárias: por isso, as empresas
e) exemplificar alguns dos nossos erros do passado. precisam relacionar-se melhor, com a sociedade.
d) A responsabilidade social explora um leque abrangente
Resposta: Letra B de beneficiários, envolvendo assim: a qualidade de
Arquitetados de início em sistemas políticos fechados vida o bem-estar dos trabalhadores, a redução de
(na Alemanha imperial de Bismarck e na Itália impactos negativos, no meio ambiente.
fascista de Mussolini) = os termos entre parênteses e) Alguns críticos da responsabilidade social defendem
servem para se referir aos sistemas políticos fechados, a ideia de que: o objetivo das empresas é o lucro e
exemplificando-os. a geração de empregos não a preocupação com a
Em “a”, enumerar os sistemas políticos fechados do sociedade como um todo.
passado = incorreta
Em “b”, destacar os sistemas onde se originaram os Resposta: Letra A
regimes trabalhista e previdenciário = correta Assinalei com (X) as inadequações e destaquei as
Em “c”, criticar o atraso político de alguns sistemas da inclusões:
História = incorreta Em “a”: O conjunto de preocupações e ações efetivas,
Em “d”, condenar nossos regimes trabalhista e quando atendem, de forma voluntária, aos funcionários
previdenciário por serem muito antigos = incorreta e à comunidade em geral, pode ser definido como
Em “e”, exemplificar alguns dos nossos erros do responsabilidade social = correta
passado = incorreta Em “b”: As empresas que optam por encampar a
prática da responsabilidade social, (X) beneficiam-se
3. (BADESC – ANALISTA DE SISTEMA – BANCO DE de conseguir uma melhor imagem no mercado.
DADOS – FGV-2010) Assinale a alternativa em que a Em “c”: A noção de responsabilidade social foi muito
vírgula está corretamente empregada. utilizada em campanhas publicitárias: (X) ; por isso, as
empresas precisam relacionar-se melhor, (X) com a
a) O jeitinho, essa instituição tipicamente brasileira pode sociedade.
ser considerado, sem dúvida, um desvio de caráter. Em “d”: A responsabilidade social explora um leque
LÍNGUA PORTUGUESA

b) Apareciam novos problemas, e o funcionário embora abrangente de beneficiários, envolvendo , assim: (X) ,
competente, nem sempre conseguia resolvê-los. a qualidade de vida , o bem-estar dos trabalhadores,
c) Ainda que os níveis de educação estivessem avançando, (X) e a redução de impactos negativos, (X) no meio
o sentimento geral, às vezes, era de frustração. ambiente.
d) É claro, que se fôssemos levar a lei ao pé da letra, Em “e”: Alguns críticos da responsabilidade social
muitos sofreriam sanções diariamente. defendem a ideia de que: (X) o objetivo das empresas é
e) O tempo não para as transformações sociais são urgentes o lucro e a geração de empregos , não a preocupação
mas há quem não perceba esse fato, que é evidente. com a sociedade como um todo.

72
5. (PC-SP - Investigador de Polícia – Vunesp-2014) No primeiro exemplo, o verbo estar se encontra
na terceira pessoa do plural, concordando com o seu
sujeito, os concurseiros. No segundo exemplo, o adjetivo
“apreensivos” está concordando em gênero (masculino)
e número (plural) com o substantivo a que se refere:
concurseiros. Nesses dois exemplos, as flexões de pessoa,
número e gênero se correspondem. A correspondência
de flexão entre dois termos é a concordância, que pode
(Folha de S.Paulo, 03.01.2014. Adaptado) ser verbal ou nominal.

De acordo com a norma-padrão, no primeiro quadrinho, Concordância Verbal


na fala de Hagar, deve ser utilizada uma vírgula,
obrigatoriamente, É a flexão que se faz para que o verbo concorde com
seu sujeito.
a) antes da palavra “olho”.
b) antes da palavra “e”. Sujeito Simples - Regra Geral
c) depois da palavra “evitar”.
d) antes da palavra “evitar”. O sujeito, sendo simples, com ele concordará o verbo
e) depois da palavra “e”. em número e pessoa. Veja os exemplos:

Resposta: Letra C A prova para ambos os cargos será aplicada às 13h.


“Não posso evitar doutor” = no diálogo, Hagar fala com 3.ª p. Singular 3.ª p. Singular
o doutor (vocativo); portanto, presença obrigatória de
vírgula após o verbo “evitar”. Os candidatos à vaga chegarão às 12h.
3.ª p. Plural 3.ª p. Plural
6. (TJ-RS – JUIZ DE DIREITO – SUBSTITUTO –
VUNESP-2018) No trecho do primeiro parágrafo Casos Particulares
do texto – Nas escolas da Catalunha, a separação da
Espanha tem apoio maciço. É uma situação que contrasta A) Quando o sujeito é formado por uma expressão
com outros lugares de Barcelona, uma cidade que vive partitiva (parte de, uma porção de, o grosso de,
hoje em duas dimensões. De um lado, há a Barcelona metade de, a maioria de, a maior parte de, grande
dos turistas, que se cotovelam nos pontos turísticos da
parte de...) seguida de um substantivo ou pronome
cidade, … –, empregam-se as vírgulas para separar as
no plural, o verbo pode ficar no singular ou no
expressões destacadas porque elas
plural.
a) acrescem às informações precedentes comentários
A maioria dos jornalistas aprovou / aprovaram a ideia.
que lhes ampliam o sentido.
b) sintetizam as ideias centrais das informações Metade dos candidatos não apresentou / apresentaram
precedentes. proposta.
c) apresentam informações que se opõem às informações
precedentes. Esse mesmo procedimento pode se aplicar aos casos
d) retificam as informações precedentes, dando-lhes o dos coletivos, quando especificados: Um bando de
correto matiz semântico. vândalos destruiu / destruíram o monumento.
e) estabelecem certas restrições de sentido às informações
precedentes. Observação:
Nesses casos, o uso do verbo no singular enfatiza a
Resposta: Letra A unidade do conjunto; já a forma plural confere destaque
É uma situação que contrasta com outros lugares aos elementos que formam esse conjunto.
de Barcelona, uma cidade que vive hoje em duas
dimensões. De um lado, há a Barcelona dos turistas, B) Quando o sujeito é formado por expressão que
que se cotovelam nos pontos turísticos da cidade indica quantidade aproximada (cerca de, mais
Os períodos destacados acrescentam informações aos de, menos de, perto de...) seguida de numeral e
termos citados anteriormente. substantivo, o verbo concorda com o substantivo.
Cerca de mil pessoas participaram do concurso.
Perto de quinhentos alunos compareceram à
solenidade.
CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL
LÍNGUA PORTUGUESA

Mais de um atleta estabeleceu novo recorde nas


últimas Olimpíadas.

Observação:
CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL Quando a expressão “mais de um” se associar a verbos
que exprimem reciprocidade, o plural é obrigatório: Mais
Os concurseiros estão apreensivos. de um colega se ofenderam na discussão. (ofenderam um
Concurseiros apreensivos. ao outro)

73
C) Quando se trata de nomes que só existem no G) Com a expressão “um dos que”, o verbo deve
plural, a concordância deve ser feita levando-se assumir a forma plural.
em conta a ausência ou presença de artigo. Sem Ademir da Guia foi um dos jogadores que mais
artigo, o verbo deve ficar no singular; com artigo encantaram os poetas.
no plural, o verbo deve ficar o plural. Este candidato é um dos que mais estudaram!
Os Estados Unidos possuem grandes universidades.
Estados Unidos possui grandes universidades. • Se a expressão for de sentido contrário – nenhum
Alagoas impressiona pela beleza das praias. dos que, nem um dos que -, não aceita o verbo no
As Minas Gerais são inesquecíveis. singular:
Minas Gerais produz queijo e poesia de primeira. Nenhum dos que foram aprovados assumirá a vaga.
Nem uma das que me escreveram mora aqui.
D) Quando o sujeito é um pronome interrogativo ou
indefinido plural (quais, quantos, alguns, poucos, • Quando “um dos que” vem entremeada de
muitos, quaisquer, vários) seguido por “de nós” ou substantivo, o verbo pode:
“de vós”, o verbo pode concordar com o primeiro 1. ficar no singular – O Tietê é um dos rios que atravessa
pronome (na terceira pessoa do plural) ou com o o Estado de São Paulo. (já que não há outro rio que
pronome pessoal. faça o mesmo).
Quais de nós são / somos capazes? 2. ir para o plural – O Tietê é um dos rios que estão
poluídos (noção de que existem outros rios na
Alguns de vós sabiam / sabíeis do caso?
mesma condição).
Vários de nós propuseram / propusemos sugestões
inovadoras.
H) Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o
verbo fica na 3ª pessoa do singular ou plural.
Observação:
Vossa Excelência está cansado?
Veja que a opção por uma ou outra forma indica a Vossas Excelências renunciarão?
inclusão ou a exclusão do emissor. Quando alguém
diz ou escreve “Alguns de nós sabíamos de tudo e nada I) A concordância dos verbos bater, dar e soar faz-se
fizemos”, ele está se incluindo no grupo dos omissos. Isso de acordo com o numeral.
não ocorre ao dizer ou escrever “Alguns de nós sabiam de Deu uma hora no relógio da sala.
tudo e nada fizeram”, frase que soa como uma denúncia. Deram cinco horas no relógio da sala.
Nos casos em que o interrogativo ou indefinido Soam dezenove horas no relógio da praça.
estiver no singular, o verbo ficará no singular. Baterão doze horas daqui a pouco.
Qual de nós é capaz? Observação:
Algum de vós fez isso. Caso o sujeito da oração seja a palavra relógio, sino,
E) Quando o sujeito é formado por uma expressão torre, etc., o verbo concordará com esse sujeito.
que indica porcentagem seguida de substantivo, o O tradicional relógio da praça matriz dá nove horas.
verbo deve concordar com o substantivo. Soa quinze horas o relógio da matriz.
25% do orçamento do país será destinado à Educação.
85% dos entrevistados não aprovam a administração J) Verbos Impessoais: por não se referirem a nenhum
do prefeito. sujeito, são usados sempre na 3.ª pessoa do
1% do eleitorado aceita a mudança. singular. São verbos impessoais: Haver no sentido
1% dos alunos faltaram à prova. de existir; Fazer indicando tempo; Aqueles que
indicam fenômenos da natureza. Exemplos:
• Quando a expressão que indica porcentagem não Havia muitas garotas na festa.
é seguida de substantivo, o verbo deve concordar Faz dois meses que não vejo meu pai.
com o número. Chovia ontem à tarde.
25% querem a mudança.
1% conhece o assunto. Sujeito Composto

• Se o número percentual estiver determinado por A) Quando o sujeito é composto e anteposto ao


artigo ou pronome adjetivo, a concordância far- verbo, a concordância se faz no plural:
se-á com eles: Pai e filho conversavam longamente.
Os 30% da produção de soja serão exportados. Sujeito
Esses 2% da prova serão questionados.
Pais e filhos devem conversar com frequência.
LÍNGUA PORTUGUESA

F) O pronome “que” não interfere na concordância;


já o “quem” exige que o verbo fique na 3.ª pessoa Sujeito
do singular.
Fui eu que paguei a conta. B) Nos sujeitos compostos formados por pessoas
Fomos nós que pintamos o muro. gramaticais diferentes, a concordância ocorre da
És tu que me fazes ver o sentido da vida. seguinte maneira: a primeira pessoa do plural (nós)
prevalece sobre a segunda pessoa (vós) que, por
Sou eu quem faz a prova.
sua vez, prevalece sobre a terceira (eles). Veja:
Não serão eles quem será aprovado.

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Teus irmãos, tu e eu tomaremos a decisão. Nem um nem outro saiu do colégio.
Primeira Pessoa do Plural (Nós)
• Com “um e outro”, o verbo pode ficar no plural ou
Tu e teus irmãos tomareis a decisão. no singular: Um e outro farão/fará a prova.
Segunda Pessoa do Plural (Vós)
• Quando os núcleos do sujeito são unidos por “com”,
Pais e filhos precisam respeitar-se. o verbo fica no plural. Nesse caso, os núcleos
Terceira Pessoa do Plural (Eles) recebem um mesmo grau de importância e a
palavra “com” tem sentido muito próximo ao de
Observação: “e”.
Quando o sujeito é composto, formado por um O pai com o filho montaram o brinquedo.
elemento da segunda pessoa (tu) e um da terceira (ele), O governador com o secretariado traçaram os planos
é possível empregar o verbo na terceira pessoa do plural para o próximo semestre.
(eles): “Tu e teus irmãos tomarão a decisão.” – no lugar O professor com o aluno questionaram as regras.
de “tomaríeis”.
Nesse mesmo caso, o verbo pode ficar no singular, se
C) No caso do sujeito composto posposto ao verbo, a ideia é enfatizar o primeiro elemento.
passa a existir uma nova possibilidade de concor- O pai com o filho montou o brinquedo.
dância: em vez de concordar no plural com a tota- O governador com o secretariado traçou os planos
lidade do sujeito, o verbo pode estabelecer con- para o próximo semestre.
cordância com o núcleo do sujeito mais próximo. O professor com o aluno questionou as regras.
Faltaram coragem e competência.
Faltou coragem e competência. Com o verbo no singular, não se pode falar em
Compareceram todos os candidatos e o banca. sujeito composto. O sujeito é simples, uma vez que as
Compareceu o banca e todos os candidatos. expressões “com o filho” e “com o secretariado” são
adjuntos adverbiais de companhia. Na verdade, é como
D) Quando ocorre ideia de reciprocidade, a se houvesse uma inversão da ordem. Veja:
concordância é feita no plural. Observe: “O pai montou o brinquedo com o filho.”
Abraçaram-se vencedor e vencido.
Ofenderam-se o jogador e o árbitro. “O governador traçou os planos para o próximo
Casos Particulares semestre com o secretariado.”
“O professor questionou as regras com o aluno.”
• Quando o sujeito composto é formado por núcleos
sinônimos ou quase sinônimos, o verbo fica no Casos em que se usa o verbo no singular:
singular.
Descaso e desprezo marca seu comportamento. Café com leite é uma delícia!
A coragem e o destemor fez dele um herói. O frango com quiabo foi receita da vovó.

• Quando o sujeito composto é formado por núcleos Quando os núcleos do sujeito são unidos por
dispostos em gradação, verbo no singular: expressões correlativas como: “não só... mas ainda”, “não
Com você, meu amor, uma hora, um minuto, um somente”..., “não apenas... mas também”, “tanto...quanto”,
segundo me satisfaz. o verbo ficará no plural.
Não só a seca, mas também o pouco caso castigam o
• Quando os núcleos do sujeito composto são unidos Nordeste.
por “ou” ou “nem”, o verbo deverá ficar no plural, Tanto a mãe quanto o filho ficaram surpresos com a
de acordo com o valor semântico das conjunções: notícia.
Drummond ou Bandeira representam a essência da
Quando os elementos de um sujeito composto são
poesia brasileira.
resumidos por um aposto recapitulativo, a concordância
Nem o professor nem o aluno acertaram a resposta.
é feita com esse termo resumidor.
Em ambas as orações, as conjunções dão ideia de
Filmes, novelas, boas conversas, nada o tirava da
“adição”. Já em:
apatia.
Juca ou Pedro será contratado.
Trabalho, diversão, descanso, tudo é muito importante
Roma ou Buenos Aires será a sede da próxima
na vida das pessoas.
Olimpíada.
LÍNGUA PORTUGUESA

Outros Casos
Temos ideia de exclusão, por isso os verbos ficam
no singular.
O Verbo e a Palavra “SE”
• Com as expressões “um ou outro” e “nem um
Dentre as diversas funções exercidas pelo “se”, há
nem outro”, a concordância costuma ser feita no
duas de particular interesse para a concordância verbal:
singular.
A) quando é índice de indeterminação do sujeito;
Um ou outro compareceu à festa.
B) quando é partícula apassivadora.

75
Quando índice de indeterminação do sujeito, o “se” Quando o verbo SER indicar
acompanha os verbos intransitivos, transitivos indiretos
e de ligação, que obrigatoriamente são conjugados na • horas e distâncias, concordará com a expressão
terceira pessoa do singular: numérica:
Precisa-se de funcionários. É uma hora.
Confia-se em teses absurdas. São quatro horas.
Daqui até a escola é um quilômetro / são dois
quilômetros.
Quando pronome apassivador, o “se” acompanha
verbos transitivos diretos (VTD) e transitivos diretos e • datas, concordará com a palavra dia(s), que pode
indiretos (VTDI) na formação da voz passiva sintética. estar expressa ou subentendida:
Nesse caso, o verbo deve concordar com o sujeito da Hoje é dia 26 de agosto.
oração. Exemplos: Hoje são 26 de agosto.
Construiu-se um posto de saúde.
Construíram-se novos postos de saúde. • Quando o sujeito indicar peso, medida, quantidade
Aqui não se cometem equívocos e for seguido de palavras ou expressões como
Alugam-se casas. pouco, muito, menos de, mais de, etc., o verbo SER
fica no singular:
Cinco quilos de açúcar é mais do que preciso.
#FicaDica Três metros de tecido é pouco para fazer seu vestido.
Duas semanas de férias é muito para mim.
Para saber se o “se” é partícula apassivadora
ou índice de indeterminação do sujeito, ten- • Quando um dos elementos (sujeito ou predicativo)
te transformar a frase para a voz passiva. Se for pronome pessoal do caso reto, com este
a frase construída for “compreensível”, esta- concordará o verbo.
remos diante de uma partícula apassivadora; No meu setor, eu sou a única mulher.
se não, o “se” será índice de indeterminação. Aqui os adultos somos nós.
Veja:
Precisa-se de funcionários qualificados. Observação:
Tentemos a voz passiva: Sendo ambos os termos (sujeito e predicativo)
Funcionários qualificados são precisados (ou representados por pronomes pessoais, o verbo concorda
precisos)? Não há lógica. Portanto, o “se” com o pronome sujeito.
destacado é índice de indeterminação do Eu não sou ela.
sujeito. Ela não é eu.
Agora:
Vendem-se casas. • Quando o sujeito for uma expressão de sentido
Voz passiva: Casas são vendidas. Constru- partitivo ou coletivo e o predicativo estiver no
ção correta! Então, aqui, o “se” é partícula plural, o verbo SER concordará com o predicativo.
apassivadora. (Dá para eu passar para a voz A grande maioria no protesto eram jovens.
passiva. Repare em meu destaque. Percebeu O resto foram atitudes imaturas.
semelhança? Agora é só memorizar!).
O Verbo “Parecer”
O verbo parecer, quando é auxiliar em uma
locução verbal (é seguido de infinitivo), admite duas
O Verbo “Ser” concordâncias:

A concordância verbal dá-se sempre entre o verbo • Ocorre variação do verbo PARECER e não se flexiona
e o sujeito da oração. No caso do verbo ser, essa o infinitivo: As crianças parecem gostar do desenho.
concordância pode ocorrer também entre o verbo e o • A variação do verbo parecer não ocorre e o infinitivo
predicativo do sujeito. sofre flexão:
Quando o sujeito ou o predicativo for: As crianças parece gostarem do desenho.
(essa frase equivale a: Parece gostarem do desenho
aas crianças)
A) Nome de pessoa ou pronome pessoal – o verbo
SER concorda com a pessoa gramatical:
Com orações desenvolvidas, o verbo PARECER fica no
Ele é forte, mas não é dois. singular. Por exemplo: As paredes parece que têm ouvidos.
LÍNGUA PORTUGUESA

Fernando Pessoa era vários poetas. (Parece que as paredes têm ouvidos = oração subordinada
A esperança dos pais são eles, os filhos. substantiva subjetiva).

B) nome de coisa e um estiver no singular e o outro no Concordância Nominal


plural, o verbo SER concordará, preferencialmente,
com o que estiver no plural: A concordância nominal se baseia na relação entre
Os livros são minha paixão! nomes (substantivo, pronome) e as palavras que a eles se
Minha paixão são os livros! ligam para caracterizá-los (artigos, adjetivos, pronomes

76
adjetivos, numerais adjetivos e particípios). Lembre-se: Cristina saiu só.
normalmente, o substantivo funciona como núcleo de um Cristina e Débora saíram sós.
termo da oração, e o adjetivo, como adjunto adnominal.
A concordância do adjetivo ocorre de acordo com as Observação:
seguintes regras gerais: Quando a palavra “só” equivale a “somente” ou
A) O adjetivo concorda em gênero e número quando “apenas”, tem função adverbial, ficando, portanto,
se refere a um único substantivo: As mãos trêmulas invariável: Eles só desejam ganhar presentes.
denunciavam o que sentia.
B) Quando o adjetivo refere-se a vários substantivos,
a concordância pode variar. Podemos sistematizar #FicaDica
essa flexão nos seguintes casos:
• Adjetivo anteposto aos substantivos: Substitua o “só” por “apenas” ou “sozinho”.
O adjetivo concorda em gênero e número com o Se a frase ficar coerente com o primeiro,
substantivo mais próximo. trata-se de advérbio, portanto, invariável; se
Encontramos caídas as roupas e os prendedores. houver coerência com o segundo, função de
Encontramos caída a roupa e os prendedores. adjetivo, então varia:
Encontramos caído o prendedor e a roupa. Ela está só. (ela está sozinha) – adjetivo
Ele está só descansando. (apenas
Caso os substantivos sejam nomes próprios ou de descansando) - advérbio
parentesco, o adjetivo deve sempre concordar no plural.
As adoráveis Fernanda e Cláudia vieram me visitar.
Encontrei os divertidos primos e primas na festa. Mas cuidado! Se colocarmos uma vírgula depois de
“só”, haverá, novamente, um adjetivo:
• Adjetivo posposto aos substantivos: Ele está só, descansando. (ele está sozinho e
O adjetivo concorda com o substantivo mais próximo descansando)
ou com todos eles (assumindo a forma masculina plural
se houver substantivo feminino e masculino). G) Quando um único substantivo é modificado por
A indústria oferece localização e atendimento perfeito. dois ou mais adjetivos no singular, podem ser
A indústria oferece atendimento e localização perfeita. usadas as construções:
A indústria oferece localização e atendimento perfeitos. • O substantivo permanece no singular e coloca-se o
A indústria oferece atendimento e localização perfeitos. artigo antes do último adjetivo: Admiro a cultura
espanhola e a portuguesa.
Observação: • O substantivo vai para o plural e omite-se o artigo
Os dois últimos exemplos apresentam maior clareza,
antes do adjetivo: Admiro as culturas espanhola e
pois indicam que o adjetivo efetivamente se refere aos
portuguesa.
dois substantivos. Nesses casos, o adjetivo foi flexionado
no plural masculino, que é o gênero predominante
Casos Particulares
quando há substantivos de gêneros diferentes.
Se os substantivos possuírem o mesmo gênero, o
adjetivo fica no singular ou plural. É proibido - É necessário - É bom - É preciso - É
A beleza e a inteligência feminina(s). permitido
O carro e o iate novo(s).
• Estas expressões, formadas por um verbo mais
C) Expressões formadas pelo verbo SER + adjetivo: um adjetivo, ficam invariáveis se o substantivo a
O adjetivo fica no masculino singular, se o substantivo que se referem possuir sentido genérico (não vier
não for acompanhado de nenhum modificador: Água é precedido de artigo).
bom para saúde. É proibido entrada de crianças.
O adjetivo concorda com o substantivo, se este Em certos momentos, é necessário atenção.
for modificado por um artigo ou qualquer outro No verão, melancia é bom.
determinativo: Esta água é boa para saúde. É preciso cidadania.
Não é permitido saída pelas portas laterais.
D) O adjetivo concorda em gênero e número com
os pronomes pessoais a que se refere: Juliana • Quando o sujeito destas expressões estiver
encontrou-as muito felizes. determinado por artigos, pronomes ou adjetivos,
tanto o verbo como o adjetivo concordam com ele.
E) Nas expressões formadas por pronome indefinido É proibida a entrada de crianças.
LÍNGUA PORTUGUESA

neutro (nada, algo, muito, tanto, etc.) + preposição Esta salada é ótima.
DE + adjetivo, este último geralmente é usado A educação é necessária.
no masculino singular: Os jovens tinham algo de São precisas várias medidas na educação.
misterioso.
Anexo - Obrigado - Mesmo - Próprio - Incluso - Quite
F) A palavra “só”, quando equivale a “sozinho”, tem Estas palavras adjetivas concordam em gênero e
função adjetiva e concorda normalmente com o número com o substantivo ou pronome a que se referem.
nome a que se refere:

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Seguem anexas as documentações requeridas.
A menina agradeceu: - Muito obrigada.
Muito obrigadas, disseram as senhoras. EXERCÍCIOS COMENTADOS
Seguem inclusos os papéis solicitados.
Estamos quites com nossos credores. 1. (BANCO DA AMAZÔNIA – TÉCNICO BANCÁRIO –
CESGRANRIO-2018) A forma verbal em destaque está
Bastante - Caro - Barato - Longe empregada de acordo com a norma-padrão em:
Estas palavras são invariáveis quando funcionam
como advérbios. Concordam com o nome a que se a) Atualmente, comercializa-se diferentes criptomoedas
referem quando funcionam como adjetivos, pronomes mas a bitcoin é a mais conhecida de todas as moedas
adjetivos, ou numerais. virtuais.
As jogadoras estavam bastante cansadas. (advérbio) b) A especulação e o comércio ilegal, de acordo com
Há bastantes pessoas insatisfeitas com o trabalho. alguns analistas, pode tornar as bitcoins inviáveis.
(pronome adjetivo) c) As notícias informam que até hoje, em nenhuma parte
Nunca pensei que o estudo fosse tão caro. (advérbio) do mundo, se substituíram totalmente as moedas
As casas estão caras. (adjetivo) reais pelas virtuais.
Achei barato este casaco. (advérbio) d) De acordo com as regras do mercado financeiro,
Hoje as frutas estão baratas. (adjetivo) criou-se apenas 21 milhões de bitcoins nos últimos
anos.
Meio - Meia e) O valor dos produtos comercializados seriam
A palavra “meio”, quando empregada como adjetivo, determinados por uma moeda virtual se a real fosse
concorda normalmente com o nome a que se refere: Pedi abolida.
meia porção de polentas.
Quando empregada como advérbio permanece Resposta: Letra C
invariável: A candidata está meio nervosa. Em “a”: Atualmente, comercializam-se diferentes
criptomoedas mas a bitcoin é a mais conhecida de
todas as moedas virtuais.
#FicaDica Em “b”: A especulação e o comércio ilegal, de
acordo com alguns analistas, podem tornar as bitcoins
Dá para eu substituir por “um pouco”, assim
inviáveis.
saberei que se trata de um advérbio, não
Em “c”: As notícias informam que até hoje, em nenhuma
de adjetivo: “A candidata está um pouco
parte do mundo, se substituíram totalmente as
nervosa”.
moedas reais pelas virtuais. = correta
Em “d”: De acordo com as regras do mercado
financeiro, criaram-se apenas 21 milhões de bitcoins
Alerta - Menos nos últimos anos.
Essas palavras são advérbios, portanto, permanecem Em “e”: O valor dos produtos comercializados seria
sempre invariáveis. determinado por uma moeda virtual se a real fosse
Os concurseiros estão sempre alerta. abolida.
Não queira menos matéria!
2. (LIQUIGÁS – MOTORISTA DE CAMINHÃO GRANEL
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS I – CESGRANRIO-2018) A concordância da palavra
destacada atende às exigências da norma-padrão da
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza língua portuguesa em:
Cochar. Português linguagens: volume 3 – 7.ª ed. Reform.
– São Paulo: Saraiva, 2010. a) Alimentos saudáveis e prática constante de exercícios
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa são necessárias para uma vida longa e mais
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. equilibrada.
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras: b) Inexistência de esgoto em muitas regiões e falta de
literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000. tratamento adequado da água são causadores de
doenças.
SITE c) Notícias falsas e boatos perigosos não deveriam
ser reproduzidas nas redes sociais da forma como
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/ acontece hoje.
secoes/sint/sint49.php> d) Plantas da caatinga e frutos pouco conhecidos
LÍNGUA PORTUGUESA

da Região Nordeste foram elogiados por suas


propriedades alimentares.
e) Profissionais dedicados e pesquisas constantes
precisam ser estimuladas para que se avance na cura
de algumas doenças.

78
Resposta: Letra D 4. (IBGE – AGENTE CENSITÁRIO – ADMINISTRATIVO –
Em “a”: Alimentos saudáveis e prática constante de FGV-2017) Observe os seguintes casos de concordância
exercícios são necessárias (necessários) para uma vida nominal retirados do texto 1:
longa e mais equilibrada.
Em “b”: Inexistência de esgoto em muitas regiões e 1. A democracia reclama um jornalismo vigoroso e
falta de tratamento adequado da água são causadores independente.
(causadoras) de doenças. 2. A agenda pública é determinada pela imprensa
Em “c”: Notícias falsas e boatos perigosos não tradicional.
deveriam ser reproduzidas (reproduzidos) nas redes 3. Mas o pontapé inicial é sempre das empresas de
sociais da forma como acontece hoje. conteúdo independentes.
Em “d”: Plantas da caatinga e frutos pouco conhecidos
da Região Nordeste foram elogiados por suas A afirmação correta sobre essas concordâncias é:
propriedades alimentares = correta
Em “e”: Profissionais dedicados e pesquisas constantes a) os dois adjetivos da frase (1) referem-se,
precisam ser estimuladas (estimulados) para que se respectivamente a ‘democracia’ e ‘jornalismo’;
avance na cura de algumas doenças.
b) os adjetivos da frase (1) deveriam estar no plural por
3. (PETROBRAS – ADMINISTRADOR JÚNIOR referirem-se a dois substantivos;
– CESGRANRIO-2018) A concordância do verbo c) na frase (2), a forma de particípio ‘determinada’ se
destacado foi realizada de acordo com as exigências da refere a ‘imprensa’;
norma-padrão da língua portuguesa em: d) na frase (3), o adjetivo ‘independentes’ está
corretamente no plural por referir-se a ‘empresas’;
a) Com a corrida desenfreada pelas versões mais atuais e) na frase (3), o adjetivo ‘independentes’ deveria estar
dos smartphones, evidenciou-se atitudes agressivas e no singular por referir-se ao substantivo ‘conteúdo’.
violentas por parte dos usuários.
b) Devido à utilização de estratégias de marketing, Resposta: Letra D
desenvolveu-se, entre os jovens, a ideia de que a 1. A democracia reclama um jornalismo vigoroso e
posse de novos aparelhos eletrônicos é garantia de independente.
sucesso. 2. A agenda pública é determinada pela imprensa
c) É necessário que se envie a todas as escolas do país tradicional.
vídeos educacionais que permitam esclarecer os 3. Mas o pontapé inicial é sempre das empresas de
jovens sobre o vício da tecnologia. conteúdo independentes.
d) É preciso educar as novas gerações para que se reduza Em “a”: os dois adjetivos da frase (1) referem-se,
os comportamentos compulsivos relacionados ao uso respectivamente a ‘democracia’ e ‘jornalismo’;
das novas tecnologias. A democracia reclama um jornalismo vigoroso e
e) Nos países mais industrializados, comprovou-se independente = apenas a “jornalismo”
os danos psicológicos e o consumismo exagerado Em “b”: os adjetivos da frase (1) deveriam estar no
causados pelo vício da tecnologia. plural por referirem-se a dois substantivos;
A democracia reclama um jornalismo vigoroso e
Resposta: Letra B independente = a um substantivo (jornalismo)
Em “a”: Com a corrida desenfreada pelas versões mais Em “c”: na frase (2), a forma de particípio ‘determinada’
atuais dos smartphones, evidenciou-se (evidenciaram- se refere a ‘imprensa’;
se) atitudes agressivas e violentas por parte dos A agenda pública é determinada pela imprensa
usuários. tradicional = refere-se ao termo “agenda pública”
Em “b”: Devido à utilização de estratégias de Em “d”: na frase (3), o adjetivo ‘independentes’ está
marketing, desenvolveu-se, entre os jovens, a ideia de corretamente no plural por referir-se a ‘empresas’;
que a posse de novos aparelhos eletrônicos é garantia Mas o pontapé inicial é sempre das empresas de
de sucesso = correta conteúdo independentes = correta
Em “c”: É necessário que se envie (enviem) a todas as Em “e”: na frase (3), o adjetivo ‘independentes’
escolas do país vídeos educacionais que permitam deveria estar no singular por referir-se ao substantivo
esclarecer os jovens sobre o vício da tecnologia. ‘conteúdo’ = incorreta (refere-se a “empresas”)
Em “d”: É preciso educar as novas gerações para que
se reduza (reduzam) os comportamentos compulsivos 5. (MPU – ANALISTA DO MPU – CESPE-2015)
relacionados ao uso das novas tecnologias.
LÍNGUA PORTUGUESA

Em “e”: Nos países mais industrializados, comprovou- Texto I


se (comprovaram-se) os danos psicológicos e o
consumismo exagerado causados pelo vício da Na organização do poder político no Estado moderno,
tecnologia. à luz da tradição iluminista, o direito tem por função a
preservação da liberdade humana, de maneira a coibir a
desordem do estado de natureza, que, em virtude do risco
da dominação dos mais fracos pelos mais fortes, exige
a existência de um poder institucional. Mas a conquista

79
da liberdade humana também reclama a distribuição do Resposta: Letra C
poder em ramos diversos, com a disposição de meios Esses alunos que são usuários constantes de redes sociais
que assegurem o controle recíproco entre eles para o têm um risco 27% maior de desenvolver depressão
advento de um cenário de equilíbrio e harmonia nas Em: ( ) Caso os termos ‘Esses alunos’ fosse passado
sociedades estatais. A concentração do poder em um só para o singular, outras quatro palavras deveriam sofrer
órgão ou pessoa viria sempre em detrimento do exercício ajustes para fins de concordância.
da liberdade. É que, como observou Montesquieu, “todo Esse aluno que é usuário constante de redes sociais
homem que tem poder tende a abusar dele; ele vai até tem um risco 27% maior de desenvolver depressão
onde encontra limites. Para que não se possa abusar do = (verdadeira = haveria quatro alterações)
poder, é preciso que, pela disposição das coisas, o poder Em: ( ) Mais da metade dos alunos que usam redes
limite o poder”. sociais podem ficar deprimidos.
Até Montesquieu, não eram identificadas com clareza = falsa (o período em análise não nos transmite tal
as esferas de abrangência dos poderes políticos: “só se informação, apenas afirma que usuários constantes
concebia sua união nas mãos de um só ou, então, sua têm um risco 27% maior que os demais)
separação; ninguém se arriscava a apresentar, sob a forma Em: ( ) O risco de alunos usuários de redes sociais
de sistema coerente, as consequências de conceitos desenvolverem depressão constante extrapola o
diversos”. Pensador francês do século XVIII, Montesquieu índice dos 27%.
situa-se entre o racionalismo cartesiano e o empirismo = Falsa (“depressão constante” altera o sentido do
de origem baconiana, não abandonando o rigor das período)
certezas matemáticas em suas certezas morais. Porém,
refugindo às especulações metafísicas que, no plano da
idealidade, serviram aos filósofos do pacto social para a
explicação dos fundamentos do Estado ou da sociedade REGÊNCIA NOMINAL E VERBAL
civil, ele procurou ingressar no terreno dos fatos.
Fernanda Leão de Almeida. A garantia institucional do
Ministério Público em função da proteção dos direitos REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL
humanos. Tese de doutorado. São Paulo: USP, 2010, p.
18-9. Internet: <www.teses.usp.br> (com adaptações). Dá-se o nome de regência à relação de subordinação
A flexão plural em “eram identificadas” decorre da que ocorre entre um verbo (regência verbal) ou um nome
concordância com o sujeito dessa forma verbal: “as (regência nominal) e seus complementos.
esferas de abrangência dos poderes políticos”.
Regência Verbal = Termo Regente: VERBO
( ) CERTO   ( ) ERRADO
A regência verbal estuda a relação que se estabelece
Resposta: Certo entre os verbos e os termos que os complementam
(...) Até Montesquieu, não eram identificadas com (objetos diretos e objetos indiretos) ou caracterizam
clareza as esferas de abrangência dos poderes (adjuntos adverbiais). Há verbos que admitem mais
políticos = passando o período para a ordem direta de uma regência, o que corresponde à diversidade
(sujeito + verbo), temos: Até Montesquieu, as esferas de significados que estes verbos podem adquirir
de abrangência dos poderes políticos não eram dependendo do contexto em que forem empregados.
identificadas com clareza.
A mãe agrada o filho = agradar s ignifica acariciar,
6. (PC-RS – ESCRIVÃO e Inspetor de Polícia – contentar.
Fundatec-2018 - adaptada) Sobre a frase “Esses alunos A mãe agrada ao filho = agradar s ignifica “causar
que são usuários constantes de redes sociais têm um risco agrado ou prazer”, satisfazer.
27% maior de desenvolver depressão”, avalie as assertivas
que seguem, assinalando V, se verdadeiras, ou F, se falsas. Conclui-se que “agradar alguém” é diferente de
( ) Caso os termos ‘Esses alunos’ fosse passado para o “agradar a alguém”.
singular, outras quatro palavras deveriam sofrer ajustes O conhecimento do uso adequado das preposições
para fins de concordância. é um dos aspectos fundamentais do estudo da regência
( ) Mais da metade dos alunos que usam redes sociais verbal (e também nominal). As preposições são capazes
podem ficar deprimidos. de modificar completamente o sentido daquilo que está
( ) O risco de alunos usuários de redes sociais sendo dito.
desenvolverem depressão constante extrapola o índice
dos 27%.
Cheguei ao metrô.
LÍNGUA PORTUGUESA

A ordem correta de preenchimento dos parênteses, de


Cheguei no metrô.
cima para baixo, é:
No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no
a) V – V – V.
segundo caso, é o meio de transporte por mim utilizado.
b) F – V – F.
c) V – F – F.
A voluntária distribuía leite às crianças.
d) F – F – V.
A voluntária distribuía leite com as crianças.
e) F – F – F.

80
Na primeira frase, o verbo “distribuir” foi empregado Conheço-lhe o mau humor! (= conheço seu mau
como transitivo direto (objeto direto: leite) e indireto humor)
(objeto indireto: às crianças); na segunda, como transitivo
direto (objeto direto: crianças; com as crianças: adjunto C) Verbos Transitivos Indiretos
adverbial). Os verbos transitivos indiretos são complementados
Para estudar a regência verbal, agruparemos os por objetos indiretos. Isso significa que esses verbos
verbos de acordo com sua transitividade. Esta, porém, exigem uma preposição para o estabelecimento da
não é um fato absoluto: um mesmo verbo pode atuar de relação de regência. Os pronomes pessoais do caso
diferentes formas em frases distintas. oblíquo de terceira pessoa que podem atuar como
A) Verbos Intransitivos objetos indiretos são o “lhe”, o “lhes”, para substituir
Os verbos intransitivos não possuem complemento. É pessoas. Não se utilizam os pronomes o, os, a, as como
importante, no entanto, destacar alguns detalhes relativos complementos de verbos transitivos indiretos. Com os
aos adjuntos adverbiais que costumam acompanhá-los. objetos indiretos que não representam pessoas, usam-se
pronomes oblíquos tônicos de terceira pessoa (ele, ela)
Chegar, Ir
em lugar dos pronomes átonos lhe, lhes.
Normalmente vêm acompanhados de adjuntos
adverbiais de lugar. Na língua culta, as preposições
Os verbos transitivos indiretos são os seguintes:
usadas para indicar destino ou direção são: a, para.
Consistir - Tem complemento introduzido pela
Fui ao teatro. preposição “em”: A modernidade verdadeira consiste em
Adjunto Adverbial de Lugar direitos iguais para todos.

Ricardo foi para a Espanha. Obedecer e Desobedecer - Possuem seus


Adjunto Adverbial de Lugar complementos introduzidos pela preposição “a”:
Devemos obedecer aos nossos princípios e ideais.
Comparecer Eles desobedeceram às leis do trânsito.
O adjunto adverbial de lugar pode ser introduzido
por em ou a. Responder - Tem complemento introduzido pela
Comparecemos ao estádio (ou no estádio) para ver o preposição “a”. Esse verbo pede objeto indireto para
último jogo. indicar “a quem” ou “ao que” se responde.
Respondi ao meu patrão.
B) Verbos Transitivos Diretos Respondemos às perguntas.
Os verbos transitivos diretos são complementados por Respondeu-lhe à altura.
objetos diretos. Isso significa que não exigem preposição
para o estabelecimento da relação de regência. Ao Observação:
empregar esses verbos, lembre-se de que os pronomes O verbo responder, apesar de transitivo indireto
oblíquos o, a, os, as atuam como objetos diretos. Esses quando exprime aquilo a que se responde, admite voz
pronomes podem assumir as formas lo, los, la, las (após passiva analítica:
formas verbais terminadas em -r, -s ou -z) ou no, na, nos, O questionário foi respondido corretamente.
nas (após formas verbais terminadas em sons nasais), Todas as perguntas foram respondidas
enquanto lhe e lhes são, quando complementos verbais, satisfatoriamente.
objetos indiretos.
São verbos transitivos diretos, dentre outros: Simpatizar e Antipatizar - Possuem seus
abandonar, abençoar, aborrecer, abraçar, acompanhar, complementos introduzidos pela preposição “com”.
acusar, admirar, adorar, alegrar, ameaçar, amolar, amparar,
Antipatizo com aquela apresentadora.
auxiliar, castigar, condenar, conhecer, conservar, convidar,
Simpatizo com os que condenam os políticos que
defender, eleger, estimar, humilhar, namorar, ouvir,
governam para uma minoria privilegiada.
prejudicar, prezar, proteger, respeitar, socorrer, suportar,
ver, visitar.
Na língua culta, esses verbos funcionam exatamente D) Verbos Transitivos Diretos e Indiretos
como o verbo amar:
Amo aquele rapaz. / Amo-o. Os verbos transitivos diretos e indiretos são
Amo aquela moça. / Amo-a. acompanhados de um objeto direto e um indireto.
Amam aquele rapaz. / Amam-no. Merecem destaque, nesse grupo: agradecer, perdoar
Ele deve amar aquela mulher. / Ele deve amá-la. e pagar. São verbos que apresentam objeto direto
LÍNGUA PORTUGUESA

relacionado a coisas e objeto indireto relacionado a


Observação: pessoas.
Os pronomes lhe, lhes só acompanham esses verbos
para indicar posse (caso em que atuam como adjuntos Agradeço aos ouvintes a audiência.
adnominais): Objeto Indireto Objeto Direto
Quero beijar-lhe o rosto. (= beijar seu rosto)
Prejudicaram-lhe a carreira. (= prejudicaram sua Paguei o débito ao cobrador.
carreira) Objeto Direto Objeto Indireto

81
O uso dos pronomes oblíquos átonos deve ser feito Observação:
com particular cuidado: Na língua culta, o verbo “preferir” deve ser usado
Agradeci o presente. / Agradeci-o. sem termos intensificadores, tais como: muito, antes, mil
Agradeço a você. / Agradeço-lhe. vezes, um milhão de vezes, mais. A ênfase já é dada pelo
Perdoei a ofensa. / Perdoei-a. prefixo existente no próprio verbo (pre).
Perdoei ao agressor. / Perdoei-lhe.
Paguei minhas contas. / Paguei-as. Mudança de Transitividade - Mudança de
Paguei aos meus credores. / Paguei-lhes. Significado
Há verbos que, de acordo com a mudança de
Informar transitividade, apresentam mudança de significado. O
Apresenta objeto direto ao se referir a coisas e objeto conhecimento das diferentes regências desses verbos é
indireto ao se referir a pessoas, ou vice-versa. um recurso linguístico muito importante, pois além de
Informe os novos preços aos clientes. permitir a correta interpretação de passagens escritas,
Informe os clientes dos novos preços. (ou sobre os oferece possibilidades expressivas a quem fala ou
novos preços) escreve. Dentre os principais, estão:

Na utilização de pronomes como complementos, veja Agradar


as construções: Agradar é transitivo direto no sentido de fazer
Informei-os aos clientes. / Informei-lhes os novos carinhos, acariciar, fazer as vontades de.
preços. Sempre agrada o filho quando.
Informe-os dos novos preços. / Informe-os deles. (ou Aquele comerciante agrada os clientes.
sobre eles)
Agradar é transitivo indireto no sentido de causar
Observação: agrado a, satisfazer, ser agradável a. Rege complemento
A mesma regência do verbo informar é usada para os introduzido pela preposição “a”.
seguintes: avisar, certificar, notificar, cientificar, prevenir. O cantor não agradou aos presentes.
O cantor não lhes agradou.
Comparar
Quando seguido de dois objetos, esse verbo admite as O antônimo “desagradar” é sempre transitivo indireto:
preposições “a” ou “com” para introduzir o complemento O cantor desagradou à plateia.
indireto: Comparei seu comportamento ao (ou com o) de
uma criança. Aspirar
Aspirar é transitivo direto no sentido de sorver, inspirar
Pedir (o ar), inalar: Aspirava o suave aroma. (Aspirava-o)
Esse verbo pede objeto direto de coisa (geralmente
na forma de oração subordinada substantiva) e indireto Aspirar é transitivo indireto no sentido de desejar,
de pessoa. ter como ambição: Aspirávamos a um emprego melhor.
(Aspirávamos a ele)
Pedi-lhe favores.
Objeto Indireto Objeto Direto Como o objeto direto do verbo “aspirar” não é pessoa,
as formas pronominais átonas “lhe” e “lhes” não são
Pedi-lhe que se mantivesse em silêncio. utilizadas, mas, sim, as formas tônicas “a ele(s)”, “a ela(s)”.
Objeto Indireto Oração Subordinada Substantiva Veja o exemplo: Aspiravam a uma existência melhor. (=
Objetiva Direta Aspiravam a ela)

A construção “pedir para”, muito comum na Assistir


linguagem cotidiana, deve ter emprego muito limitado Assistir é transitivo direto no sentido de ajudar, prestar
na língua culta. No entanto, é considerada correta assistência a, auxiliar.
quando a palavra licença estiver subentendida. As empresas de saúde negam-se a assistir os idosos.
Peço (licença) para ir entregar-lhe os catálogos em As empresas de saúde negam-se a assisti-los.
casa.
Assistir é transitivo indireto no sentido de ver,
Observe que, nesse caso, a preposição “para” introduz presenciar, estar presente, caber, pertencer.
LÍNGUA PORTUGUESA

uma oração subordinada adverbial final reduzida de Assistimos ao documentário.


infinitivo (para ir entregar-lhe os catálogos em casa). Não assisti às últimas sessões.
Essa lei assiste ao inquilino.
Preferir
Na língua culta, esse verbo deve apresentar objeto No sentido de morar, residir, o verbo “assistir” é
indireto introduzido pela preposição “a”: intransitivo, sendo acompanhado de adjunto adverbial
Prefiro qualquer coisa a abrir mão de meus ideais. de lugar introduzido pela preposição “em”: Assistimos
Prefiro trem a ônibus. numa conturbada cidade.

82
Chamar Quando o objeto é “coisa”, não se utiliza “lhe” nem
Chamar é transitivo direto no sentido de convocar, “lhes”: As leis são essas, mas todos desobedecem a elas.
solicitar a atenção ou a presença de.
Por gentileza, vá chamar a polícia. / Por favor, vá Proceder
chamá-la. Proceder é intransitivo no sentido de ser decisivo, ter
Chamei você várias vezes. / Chamei-o várias vezes. cabimento, ter fundamento ou comportar-se, agir. Nessa
Chamar no sentido de denominar, apelidar pode segunda acepção, vem sempre acompanhado de adjunto
apresentar objeto direto e indireto, ao qual se refere adverbial de modo.
predicativo preposicionado ou não. As afirmações da testemunha procediam, não havia
A torcida chamou o jogador mercenário. como refutá-las.
A torcida chamou ao jogador mercenário. Você procede muito mal.
A torcida chamou o jogador de mercenário.
A torcida chamou ao jogador de mercenário. Nos sentidos de ter origem, derivar-se (rege a
preposição “de”) e fazer, executar (rege complemento
introduzido pela preposição “a”) é transitivo indireto.
Chamar com o sentido de ter por nome é pronominal:
O avião procede de Maceió.
Como você se chama? Eu me chamo Zenaide.
Procedeu-se aos exames.
O delegado procederá ao inquérito.
Custar
Custar é intransitivo no sentido de ter determinado Querer
valor ou preço, sendo acompanhado de adjunto adverbial: Querer é transitivo direto no sentido de desejar, ter
Frutas e verduras não deveriam custar muito. vontade de, cobiçar.
Querem melhor atendimento.
No sentido de ser difícil, penoso, pode ser intransitivo Queremos um país melhor.
ou transitivo indireto, tendo como sujeito uma oração
reduzida de infinitivo. Querer é transitivo indireto no sentido de ter afeição,
estimar, amar: Quero muito aos meus amigos.
Muito custa viver tão longe da família.
Verbo Intransitivo Oração Subordinada Visar
Substantiva Subjetiva Reduzida de Infinitivo Como transitivo direto, apresenta os sentidos de
mirar, fazer pontaria e de pôr visto, rubricar.
Custou-me (a mim) crer nisso. O homem visou o alvo.
Objeto Indireto Oração Subordinada O gerente não quis visar o cheque.
Substantiva Subjetiva Reduzida de Infinitivo
No sentido de ter em vista, ter como meta, ter como
A Gramática Normativa condena as construções que objetivo é transitivo indireto e rege a preposição “a”.
atribuem ao verbo “custar” um sujeito representado por O ensino deve sempre visar ao progresso social.
pessoa: Custei para entender o problema. Prometeram tomar medidas que visassem ao bem-
= Forma correta: Custou-me entender o problema. estar público.

Implicar Esquecer – Lembrar


Como transitivo direto, esse verbo tem dois sentidos: Lembrar algo – esquecer algo
A) dar a entender, fazer supor, pressupor: Suas atitudes Lembrar-se de algo – esquecer-se de algo
implicavam um firme propósito. (pronominal)
B) ter como consequência, trazer como consequência,
No 1.º caso, os verbos são transitivos diretos, ou seja,
acarretar, provocar: Uma ação implica reação.
exigem complemento sem preposição: Ele esqueceu o
Como transitivo direto e indireto, significa
livro.
comprometer, envolver: Implicaram aquele jornalista em
No 2.º caso, os verbos são pronominais (-se, -me,
questões econômicas. etc) e exigem complemento com a preposição “de”. São,
portanto, transitivos indiretos:
No sentido de antipatizar, ter implicância, é transitivo Ele se esqueceu do caderno.
indireto e rege com preposição “com”: Implicava com Eu me esqueci da chave.
quem não trabalhasse arduamente. Eles se esqueceram da prova.
Nós nos lembramos de tudo o que aconteceu.
LÍNGUA PORTUGUESA

Namorar
Sempre tansitivo direto: Luísa namora Carlos há dois Há uma construção em que a coisa esquecida ou
anos. lembrada passa a funcionar como sujeito e o verbo sofre
leve alteração de sentido. É uma construção muito rara
Obedecer - Desobedecer na língua contemporânea, porém, é fácil encontrá-la
Sempre transitivo indireto: em textos clássicos tanto brasileiros como portugueses.
Todos obedeceram às regras. Machado de Assis, por exemplo, fez uso dessa construção
Ninguém desobedece às leis. várias vezes.

83
Esqueceu-me a tragédia. (cair no esquecimento)
Lembrou-me a festa. (vir à lembrança)
Não lhe lembram os bons momentos da infância? (= momentos é sujeito)

Simpatizar - Antipatizar
São transitivos indiretos e exigem a preposição “com”:
Não simpatizei com os jurados.
Simpatizei com os alunos.

Importante:
A norma culta exige que os verbos e expressões que dão ideia de movimento sejam usados com a preposição “a”:
Chegamos a São Paulo e fomos direto ao hotel.
Cláudia desceu ao segundo andar.
Hoje, com esta chuva, ninguém sairá à rua.

Regência Nominal
É o nome da relação existente entre um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) e os termos regidos por esse
nome. Essa relação é sempre intermediada por uma preposição. No estudo da regência nominal, é preciso levar em
conta que vários nomes apresentam exatamente o mesmo regime dos verbos de que derivam. Conhecer o regime de
um verbo significa, nesses casos, conhecer o regime dos nomes cognatos. Observe o exemplo: Verbo obedecer e os
nomes correspondentes: todos regem complementos introduzidos pela preposição a. Veja:
Obedecer a algo/ a alguém.
Obediente a algo/ a alguém.

Se uma oração completar o sentido de um nome, ou seja, exercer a função de complemento nominal, ela será
completiva nominal (subordinada substantiva).

Regência de Alguns Nomes


Substantivos
Admiração a, por Devoção a, para, com, por Medo a, de
Aversão a, para, por Doutor em Obediência a
Atentado a, contra Dúvida acerca de, em, sobre Ojeriza a, por
Bacharel em Horror a Proeminência sobre
Capacidade de, para Impaciência com Respeito a, com, para com, por

Adjetivos
Acessível a Diferente de Necessário a
Acostumado a, com Entendido em Nocivo a
Afável com, para com Equivalente a Paralelo a
Agradável a Escasso de Parco em, de
Alheio a, de Essencial a, para Passível de
Análogo a Fácil de Preferível a
Ansioso de, para, por Fanático por Prejudicial a
Apto a, para Favorável a Prestes a
Ávido de Generoso com Propício a
Benéfico a Grato a, por Próximo a
Capaz de, para Hábil em Relacionado com
Compatível com Habituado a Relativo a
LÍNGUA PORTUGUESA

Contemporâneo a, de Idêntico a Satisfeito com, de, em, por


Contíguo a Impróprio para Semelhante a
Contrário a Indeciso em Sensível a
Curioso de, por Insensível a Sito em
Descontente com Liberal com Suspeito de
Desejoso de Natural de Vazio de

84
Advérbios servem a qualquer mentira. Digo por mim. Já contaram
Longe de Perto de cada história a meu respeito que nem sei o que dizer. Já
inventaram casos de amor, tramas nas novelas que escre-
Observação: vo. Pior. Depois todo mundo me pergunta por que isso
Os advérbios terminados em -mente tendem a seguir ou aquilo não aconteceu na novela. Se mudei a trama.
o regime dos adjetivos de que são formados: paralela a; Respondo: — Nunca foi para acontecer. Era mentira da
paralelamente a; relativa a; relativamente a. internet.
Duvidam. Acham que estou mentindo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CARRASCO, W. O ano da esperança. Época, 25 dez. 2017,
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza p.97. Adaptado.
Cochar - Português linguagens: volume 3. – 7.ª ed. Reform.
– São Paulo: Saraiva, 2010. Considere o trecho “Podemos esperar por um futuro me-
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa lhor”. Respeitando-se as regras da norma-padrão e con-
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. servando-se o conteúdo informacional, o trecho acima
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras: está corretamente reescrito em:
literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.
SITE a) Podemos esperar para um futuro melhor
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/ b) Podemos esperar com um futuro melhor
secoes/sint/sint61.php>
c) Podemos esperar um futuro melhor
d) Podemos esperar porquanto um futuro melhor
e) Podemos esperar todavia um futuro melhor
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Resposta: Letra C
1. (LIQUIGÁS – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – CES- Em “a”: Podemos esperar para um futuro melhor = po-
GRANRIO-2018) demos esperar o quê?
Em “b”: Podemos esperar com um futuro melhor = po-
O ano da esperança demos esperar o quê?
Em “c”: Podemos esperar um futuro melhor = correta
O ano de 2017 foi difícil. Avalio pelo número de amigos Em “d”: Podemos esperar porquanto um futuro me-
desempregados. E pedidos de empréstimos. Um atrás lhor = sentido de “porque”
do outro. Nunca fui de botar dinheiro nas relações de Em “e”: Podemos esperar todavia um futuro melhor =
amizade. Como afirmou Shakespeare, perde-se o dinhei- conjunção adversativa (ideia contrária à apresentada
ro e o amigo. Nos primeiros pedidos, eu ajudava, com a anteriormente)
consciência de que era uma doação. A situação foi pio- A única frase correta – e coerente - é podemos esperar
rando. Os argumentos também. No início era para pagar um futuro melhor.
a escola do filho. Depois vieram as mães e avós doentes.
Lamentavelmente, aprendi a não ser generoso. Ajudava 2. (PETROBRAS – ADMINISTRADOR JÚNIOR – CES-
um rapaz, que não conheço pessoalmente. Mas que so- GRANRIO-2018) Considere a seguinte frase: “Os lança-
freu um acidente e não tinha como pagar a fisioterapia. mentos tecnológicos a que o autor se refere podem re-
Comecei pagando a físio. Vieram sucessivas internações, sultar em comportamentos impulsivos nos consumidores
remédios. A situação piorando, eu já estava encomen- desses produtos”. A utilização da preposição destacada
dando missa de sétimo dia. Falei com um amigo médico, a é obrigatória para atender às exigências da regência
no Rio de Janeiro. Ele aceitou tratar o caso gratuitamen- do verbo “referir-se”, de acordo com a norma-padrão da
te. Surpresa! O doente não aparecia para a consulta. Até língua portuguesa. É também obrigatório o uso de uma
que o coloquei contra a parede. Ou se consultava ou eu preposição antecedendo o pronome que destacado em:
não ajudava mais.
Cheio de saúde, ele foi ao consultório. Pediu uma receita a) Os consumidores, ao adquirirem um produto que qua-
de suplementos para ficar com o corpo atlético. Nunca se ninguém possui, recém-lançado no mercado, pas-
conheci o sujeito, repito. Eu me senti um idiota por ter sam a ter uma sensação de superioridade.
caído na história. Só que esse rapaz havia perdido o em- b) Muitos aparelhos difundidos no mercado nem sempre
prego após o suposto acidente. Foi por isso que me dei- trazem novidades que justifiquem seu preço elevado
xei enganar. Mas, ao perder salário, muita gente perde
em relação ao modelo anterior.
também a vergonha. Pior ainda. A violência aumenta. As
c) O estudo de mapeamento cerebral que o pesquisador
pessoas buscam vagas nos mercados em expansão. Se a
LÍNGUA PORTUGUESA

realizou foi importante para mostrar que o vício em


indústria automobilística vai bem, é lá que vão trabalhar.
novidades tecnológicas cresce cada vez mais.
Podemos esperar por um futuro melhor ou o que nos
d) O hormônio chamado dopamina é responsável por
aguarda é mais descrédito? Novos candidatos vão sur-
causar sensações de prazer que levam as pessoas a se
gir. Serão novos? Ou os antigos? Ou novos com cabeça
de velhos? Todos pedem que a gente tenha uma nova sentirem recompensadas.
consciência para votar. Como? Num mundo em que as e) As pessoas, na maioria das vezes, gastam muito mais
notícias são plantadas pela internet, em que muitos sites do que o seu orçamento permite em aparelhos que
elas não necessitam.

85
Resposta: Letra E Resposta: Letra C
Em “a”: Os consumidores, ao adquirirem um produto Em “a”: Ao ver a quantidade excessiva de prateleiras, o
que (= o qual) quase ninguém possui, recém-lançado amigo comentou de (X) que = comentou que
no mercado, passam a ter uma sensação de superio- Em “b”: Enquanto seu amigo continua encomendando
ridade. livros de papel, o autor aderiu o = aderiu ao
Em “b”: Muitos aparelhos difundidos no mercado nem Em “c”: Álvaro convenceu-se de que o melhor a fazer
sempre trazem novidades que (= as quais) justifiquem seria sair para jantar = correta
seu preço elevado em relação ao modelo anterior. Em “d”: As estantes que o autor aludiu = às quais/a
Em “c”: O estudo de mapeamento cerebral que (= o que
qual) o pesquisador realizou foi importante para mos- Em “e”: O único detalhe do apartamento que o amigo
trar que o vício em novidades tecnológicas cresce se ateve = ao qual/ a que
cada vez mais.
Em “d”: O hormônio chamado dopamina é responsá- 5. (TJ-SP – ADVOGADO - VUNESP/2013 - ADAPTADA)
vel por causar sensações de prazer que (= as quais)
Na passagem – ... e ausência de candidatos para preen-
levam as pessoas a se sentirem recompensadas.
chê-las. –, substituindo-se o verbo preencher por concor-
Em “e”: As pessoas, na maioria das vezes, gastam mui-
rer e atendendo-se à norma-padrão, obtém-se:
to mais do que o seu orçamento permite em apare-
lhos de que (= das quais) elas não necessitam.
a) … e ausência de candidatos para concorrer a elas.
3. (MPU – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CESPE-2010) b) … e ausência de candidatos para concorrer à elas.
A pobreza é um dos fatores mais comumente responsá- c) … e ausência de candidatos para concorrer-lhes.
veis pelo baixo nível de desenvolvimento humano e pela d) … e ausência de candidatos para concorrê-las.
origem de uma série de mazelas, algumas das quais proi- e) … e ausência de candidatos para lhes concorrer.
bidas por lei ou consideradas crimes. É o caso do traba-
lho infantil. A chaga encontra terreno fértil nas sociedades Resposta: Letra A
subdesenvolvidas, mas também viceja onde o capitalismo, Vamos por exclusão: “à elas” está errada, já que não
em seu ambiente mais selvagem, obriga crianças e adoles- temos acento indicativo de crase antes de pronome
centes a participarem do processo de produção. Foi assim pessoal; quando temos um verbo no infinitivo, po-
na Revolução Industrial de ontem e nas economias ditas demos usar a construção: verbo + preposição + pro-
avançadas. E ainda é, nos dias de hoje, nas manufaturas nome pessoal. Por exemplo: Dar a eles (ao invés de
da Ásia ou em diversas regiões do Brasil. Enquanto, entre “dar-lhes”).
as nações ricas, o trabalho infantil foi minimizado, já que
nunca se pode dizer erradicado, ele continua sendo grave
problema nos países mais pobres.
Jornal do Brasil, Editorial, 1.º/7/2010 (com adaptações). SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS

O emprego de preposição em “a participarem” é exigido


pela regência da forma verbal “obriga”. SIGNIFICADO DAS PALAVRAS

( ) CERTO   ( ) ERRADO Semântica é o estudo da significação das palavras


e das suas mudanças de significação através do tempo
Resposta: Certo ou em determinada época. A maior importância está em
(...) o capitalismo, em seu ambiente mais selvagem, distinguir sinônimos e antônimos (sinonímia / antonímia)
obriga crianças e adolescentes a participarem = e homônimos e parônimos (homonímia / paronímia).
quem obriga, obriga alguém (crianças e adolescentes –
objeto direto) a algo (a participarem – objeto indireto:
Sinônimos
com preposição – no caso, uma oração com a função
São palavras de sentido igual ou aproximado: alfabeto
de objeto indireto).
- abecedário; brado, grito - clamor; extinguir, apagar -
4. (PC-SP - ESCRIVÃO DE POLÍCIA – VUNESP-2013) abolir.
Considerando as regras de regência verbal, assinale a al- Duas palavras são totalmente sinônimas quando
ternativa correta. são substituíveis, uma pela outra, em qualquer contexto
(cara e rosto, por exemplo); são parcialmente sinônimas
a) Ao ver a quantidade excessiva de prateleiras, o amigo quando, ocasionalmente, podem ser substituídas,
comentou de que o livro estava acabando. uma pela outra, em deteminado enunciado (aguadar e
LÍNGUA PORTUGUESA

b) Enquanto seu amigo continua encomendando livros esperar).


de papel, o autor aderiu o livro digital.
c) Álvaro convenceu-se de que o melhor a fazer seria sair Observação:
para jantar. A contribuição greco-latina é responsável pela
d) As estantes que o autor aludiu foram projetadas para existência de numerosos pares de sinônimos: adversário e
armazenar livros e CDs. antagonista; translúcido e diáfano; semicírculo e hemiciclo;
e) O único detalhe do apartamento que o amigo se ateve contraveneno e antídoto; moral e ética; colóquio e diálogo;
foi o número de estantes. transformação e metamorfose; oposição e antítese.

86
Antônimos O hiperônimo impõe as suas propriedades ao
São palavras que se opõem através de seu significado: hipônimo, criando, assim, uma relação de dependência
ordem - anarquia; soberba - humildade; louvar - censurar; semântica. Por exemplo: Veículos está numa relação de
mal - bem. hiperonímia com carros, já que veículos é uma palavra de
significado genérico, incluindo motos, ônibus, caminhões.
Observação: Veículos é um hiperônimo de carros.
A antonímia pode se originar de um prefixo de Um hiperônimo pode substituir seus hipônimos em
sentido oposto ou negativo: bendizer e maldizer; quaisquer contextos, mas o oposto não é possível. A
simpático e antipático; progredir e regredir; concórdia e utilização correta dos hiperônimos, ao redigir um texto,
discórdia; ativo e inativo; esperar e desesperar; comunista evita a repetição desnecessária de termos.
e anticomunista; simétrico e assimétrico.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Homônimos e Parônimos
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
• Homônimos = palavras que possuem a mesma
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza
grafia ou a mesma pronúncia, mas significados
Cochar - Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed. Reform.
diferentes. Podem ser
– São Paulo: Saraiva, 2010.
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras:
A) Homógrafas: são palavras iguais na escrita e literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.
diferentes na pronúncia: XIMENES, Sérgio. Minidicionário Ediouro da Lìngua
rego (subst.) e rego (verbo); colher (verbo) e colher Portuguesa – 2.ª ed. reform. – São Paulo: Ediouro, 2000.
(subst.); jogo (subst.) e jogo (verbo); denúncia (subst.)
e denuncia (verbo); providência (subst.) e providencia SITE
(verbo).
Disponível em: <http://www.coladaweb.com/
B) Homófonas: são palavras iguais na pronúncia e portugues/sinonimos,-antonimos,-homonimos-e-
diferentes na escrita: paronimos>
acender (atear) e ascender (subir); concertar
(harmonizar) e consertar (reparar); cela (compartimento) Polissemia
e sela (arreio); censo (recenseamento) e senso ( juízo); paço Polissemia é a propriedade de uma palavra adquirir
(palácio) e passo (andar). multiplicidade de sentidos, que só se explicam dentro de
um contexto. Trata-se, realmente, de uma única palavra,
C) Homógrafas e homófonas simultaneamente (ou mas que abarca um grande número de significados
perfeitas): São palavras iguais na escrita e na pro- dentro de seu próprio campo semântico.
núncia: Reportando-nos ao conceito de Polissemia, logo
caminho (subst.) e caminho (verbo); cedo (verbo) e percebemos que o prefixo “poli” significa multiplicidade
cedo (adv.); livre (adj.) e livre (verbo). de algo. Possibilidades de várias interpretações levando-
se em consideração as situações de aplicabilidade. Há
• Parônimos = palavras com sentidos diferentes, uma infinidade de exemplos em que podemos verificar a
porém de formas relativamente próximas. São ocorrência da polissemia:
palavras parecidas na escrita e na pronúncia: cesta O rapaz é um tremendo gato.
(receptáculo de vime; cesta de basquete/esporte) O gato do vizinho é peralta.
Precisei fazer um gato para que a energia voltasse.
e sesta (descanso após o almoço), eminente
Pedro costuma fazer alguns “bicos” para garantir sua
(ilustre) e iminente (que está para ocorrer), osso
sobrevivência
(substantivo) e ouço (verbo), sede (substantivo
O passarinho foi atingido no bico.
e/ou verbo “ser” no imperativo) e cede (verbo),
comprimento (medida) e cumprimento (saudação), Nas expressões polissêmicas rede de deitar, rede de
autuar (processar) e atuar (agir), infligir (aplicar computadores e rede elétrica, por exemplo, temos em
pena) e infringir (violar), deferir (atender a) e comum a palavra “rede”, que dá às expressões o sentido
diferir (divergir), suar (transpirar) e soar (emitir de “entrelaçamento”. Outro exemplo é a palavra “xadrez”,
som), aprender (conhecer) e apreender (assimilar; que pode ser utilizada representando “tecido”, “prisão”
apropriar-se de), tráfico (comércio ilegal) e ou “jogo” – o sentido comum entre todas as expressões
tráfego (relativo a movimento, trânsito), mandato é o formato quadriculado que têm.
LÍNGUA PORTUGUESA

(procuração) e mandado (ordem), emergir (subir à


superfície) e imergir (mergulhar, afundar). Polissemia e homonímia
A confusão entre polissemia e homonímia é bastante
Hiperonímia e Hiponímia comum. Quando a mesma palavra apresenta vários
Hipônimos e hiperônimos são palavras que pertencem significados, estamos na presença da polissemia. Por
a um mesmo campo semântico (de sentido), sendo outro lado, quando duas ou mais palavras com origens
o hipônimo uma palavra de sentido mais específico; o e significados distintos têm a mesma grafia e fonologia,
hiperônimo, mais abrangente. temos uma homonímia.

87
A palavra “manga” é um caso de homonímia. Ela pode SITE
significar uma fruta ou uma parte de uma camisa. Não
é polissemia porque os diferentes significados para a Disponível em: <http://www.brasilescola.com/
palavra “manga” têm origens diferentes. “Letra” é uma gramatica/polissemia.htm>
palavra polissêmica: pode significar o elemento básico
do alfabeto, o texto de uma canção ou a caligrafia de Denotação e Conotação
um determinado indivíduo. Neste caso, os diferentes
significados estão interligados porque remetem para o Exemplos de variação no significado das palavras:
mesmo conceito, o da escrita. Os domadores conseguiram enjaular a fera. (sentido
literal)
Polissemia e ambiguidade Ele ficou uma fera quando soube da notícia. (sentido
Polissemia e ambiguidade têm um grande impacto figurado)
na interpretação. Na língua portuguesa, um enunciado Aquela aluna é fera na matemática. (sentido figurado)
pode ser ambíguo, ou seja, apresentar mais de uma
interpretação. Esta ambiguidade pode ocorrer devido à As variações nos significados das palavras ocasionam
colocação específica de uma palavra (por exemplo, um o sentido denotativo (denotação) e o sentido conotativo
advérbio) em uma frase. Vejamos a seguinte frase: (conotação) das palavras.
Pessoas que têm uma alimentação equilibrada
frequentemente são felizes. A) Denotação
Neste caso podem existir duas interpretações Uma palavra é usada no sentido denotativo quando
diferentes: apresenta seu significado original, independentemente
As pessoas têm alimentação equilibrada porque do contexto em que aparece. Refere-se ao seu significado
são felizes ou são felizes porque têm uma alimentação mais objetivo e comum, aquele imediatamente
equilibrada. reconhecido e muitas vezes associado ao primeiro
significado que aparece nos dicionários, sendo o
De igual forma, quando uma palavra é polissêmica, significado mais literal da palavra.
ela pode induzir uma pessoa a fazer mais do que uma A denotação tem como finalidade informar o receptor
interpretação. Para fazer a interpretação correta é muito da mensagem de forma clara e objetiva, assumindo um
importante saber qual o contexto em que a frase é caráter prático. É utilizada em textos informativos, como
proferida. jornais, regulamentos, manuais de instrução, bulas de
Muitas vezes, a disposição das palavras na construção medicamentos, textos científicos, entre outros. A palavra
do enunciado pode gerar ambiguidade ou, até mesmo, “pau”, por exemplo, em seu sentido denotativo é apenas
comicidade. Repare na figura abaixo: um pedaço de madeira. Outros exemplos:
O elefante é um mamífero.
As estrelas deixam o céu mais bonito!

B) Conotação
Uma palavra é usada no sentido conotativo quando
apresenta diferentes significados, sujeitos a diferentes
interpretações, dependendo do contexto em que esteja
inserida, referindo-se a sentidos, associações e ideias que
vão além do sentido original da palavra, ampliando sua
significação mediante a circunstância em que a mesma
é utilizada, assumindo um sentido figurado e simbólico.
Como no exemplo da palavra “pau”: em seu sentido
(http://www.humorbabaca.com/fotos/diversas/corto- conotativo ela pode significar castigo (dar-lhe um pau),
cabelo-e-pinto. Acesso em 15/9/2014). reprovação (tomei pau no concurso).
A conotação tem como finalidade provocar
Poderíamos corrigir o cartaz de inúmeras maneiras, sentimentos no receptor da mensagem, através da
mas duas seriam: expressividade e afetividade que transmite. É utilizada
principalmente numa linguagem poética e na literatura,
Corte e coloração capilar mas também ocorre em conversas cotidianas, em letras
ou de música, em anúncios publicitários, entre outros.
Faço corte e pintura capilar Exemplos:
LÍNGUA PORTUGUESA

Você é o meu sol!


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Minha vida é um mar de tristezas.
Você tem um coração de pedra!
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza
Cochar. Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed. Reform.
– São Paulo: Saraiva, 2010.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.

88
a) tinta indelével / que não se apaga;
#FicaDica b) ação impossível / que não se possui;
c) trabalho inexequível / que não se exemplifica;
Procure associar Denotação com Dicionário: d) carro invisível / que não tem vistoria;
trata-se de definição literal, quando o termo e) voz inaudível / que não possui audiência.
é utilizado com o sentido que consta no
dicionário. Resposta: Letra A
Em “a”: tinta indelével / que não se apaga = correta
Em “b”: ação impossível = que não é possível
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Em “c”: trabalho inexequível = que não se executa
Em “d”: carro invisível = que não se vê
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Em “e”: voz inaudível = que não se ouve
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto 3. (MPU – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CESPE-2010)
Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – A pobreza é um dos fatores mais comumente responsáveis
São Paulo: Saraiva, 2010. pelo baixo nível de desenvolvimento humano e pela
origem de uma série de mazelas, algumas das quais
SITE proibidas por lei ou consideradas crimes. É o caso do
trabalho infantil. A chaga encontra terreno fértil nas
http://www.normaculta.com.br/conotacao-e- sociedades subdesenvolvidas, mas também viceja onde
denotacao/ o capitalismo, em seu ambiente mais selvagem, obriga
crianças e adolescentes a participarem do processo de
produção. Foi assim na Revolução Industrial de ontem
EXERCÍCIOS COMENTADOS e nas economias ditas avançadas. E ainda é, nos dias de
hoje, nas manufaturas da Ásia ou em diversas regiões do
Brasil. Enquanto, entre as nações ricas, o trabalho infantil
1. (BANESTES – TÉCNICO BANCÁRIO – FGV-2018) Um
foi minimizado, já que nunca se pode dizer erradicado,
ex-governador do estado do Amazonas disse o seguinte:
ele continua sendo grave problema nos países mais
“Defenda a ecologia, mas não encha o saco”. (Gilberto
pobres.
Mestrinho) O vocábulo sublinhado, composto do radical- Jornal do Brasil, Editorial, 1.º/7/2010 (com adaptações).
logia (“estudo”), se refere aos estudos de defesa do meio
ambiente; o vocábulo abaixo, com esse mesmo radical, A palavra “chaga”, empregada com o sentido de ferida
que tem seu significado corretamente indicado é: social, refere-se, na estrutura sintática do parágrafo, a
“pobreza”.
a) Antropologia: estudo do homem como representante
do sexo masculino; ( ) CERTO   ( ) ERRADO
b) Etimologia: estudo das raças humanas;
c) Meteorologia: estudo dos impactos de meteoros sobre
a Terra; Resposta: Errado
d) Ginecologia: estudo das doenças privativas das (...) É o caso do trabalho infantil. A chaga encontra
mulheres; terreno = refere-se a “trabalho infantil”.
e) Fisiologia: estudo das forças atuantes na natureza.
4. (MPU – CONHECIMENTOS BÁSICOS PARA O CARGO
Resposta: Letra D 33 – TÉCNICO ADMINISTRATIVO - Nível Médio –
Em “a”: Antropologia: Ciência que se dedica ao estudo CESPE-2013)
do homem (espécie humana) em sua totalidade Há um dispositivo no Código Civil que condiciona a
Em “b”: Etimologia: Ciência que investiga a origem edição de biografias à autorização do biografado ou
das palavras procurando determinar as causas e descendentes. As consequências da norma são negativas.
circunstâncias de seu processo evolutivo Uma delas é a impossibilidade de se registrar e deixar
Em “c”: Meteorologia: Estudo dos fenômenos para a posteridade a vida de personagens importantes
atmosféricos e das suas leis, principalmente com a na formação do país, em qualquer ramo de atividade.
intenção de prever as variações do tempo. Permite-se a interdição de registros de época, em
Em “d”: Ginecologia: estudo das doenças privativas das prejuízo dos historiadores e pesquisadores do futuro.
mulheres = correta Dessa forma, tem sido sonegado, por exemplo, o relato da
Em “e”: Fisiologia: Ciência que trata das funções vida do poeta Manoel Bandeira e dos escritores Mário de
LÍNGUA PORTUGUESA

orgânicas pelas quais a vida se manifesta Andrade e Guimarães Rosa. Tanto no jornalismo quanto
na literatura não pode haver censura prévia. Publicada a
2. (CÂMARA DE SALVADOR-BA – ASSISTENTE reportagem (ou biografia), os que se sentirem atingidos
LEGISLATIVO MUNICIPAL – FGV-2018) “Na verdade, que recorram à justiça. É preciso seguir o padrão existente
todos os anos a imprensa nacional destaca os inaceitáveis em muitos países, em que há biografias “autorizadas” e
números da violência no país”. O vocábulo “inaceitáveis” “não autorizadas”.
equivale ao “que não se aceita”. A equivalência correta Reclamações posteriores, quando existem, são
abaixo indicada é: encaminhadas ao foro devido, os tribunais.

89
O alegado “direito à privacidade” é argumento frágil
para justificar o veto a que a historiografia do país seja
enriquecida, como se não bastasse o fato de o poder HORA DE PRATICAR!
de censura concedido a biografados e herdeiros ser um
atentado à Constituição. 1. (CAMAR - CURSO DE ADAPTAÇÃO DE MÉDICOS DA
O Globo, 23/9/2013 (com adaptações). AERONÁUTICA PARA O ANO DE 2016) “Os astrônomos
eram formidáveis. Eu, pobre de mim, não desvendaria os
A palavra “sonegado” está sendo empregada com o segredos do céu. Preso à terra, sensibilizar-me-ia com his-
sentido de reduzido, diminuído. tórias tristes [...]”. Nas alternativas a seguir, os vocábulos
acentuados do trecho anterior foram colocados em pares
( ) CERTO   ( ) ERRADO com palavras também acentuadas graficamente. Dentre
os pares formados, indique o que apresenta igual justifi-
Resposta: Errado cativa para tal evento.
(...) Permite-se a interdição de registros de época, em
prejuízo dos historiadores e pesquisadores do futuro. a) céu / avô
Dessa forma, tem sido sonegado, por exemplo, o b) astrônomos / álibi
relato da vida do poeta Manoel Bandeira e dos c) histórias / balaústre
escritores Mário de Andrade e Guimarães Rosa = o d) formidáveis / ínterim
sentido é o de “impedido”.
2. (MINISTÉRIO DA DEFESA COMANDO DA AERO-
5. (PC-SP - ESCRIVÃO DE POLÍCIA – VUNESP-2014) O NÁUTICA ESCOLA DE ESPECIALISTAS DE AERONÁU-
termo destacado na passagem do primeiro parágrafo – TICA EXAME DE ADMISSÃO AO CFS-B 1-2/2014) Rela-
Mesmo com tantas opções, ainda há resistência na hora cione as colunas quanto às regras de acentuação gráfica,
da compra. – tem sentido equivalente a sabendo que haverá repetição de números. Em seguida,
assinale a alternativa com a sequência correta.
a) impetuosidade.
b) empatia. (1) Põe-se acento agudo no i e no u tônicos que formam
c) relutância. hiato com a vogal anterior.
d) consentimento. (2) Acentua-se paroxítona terminada em i ou u seguidos
e) segurança. ou não de s.
(3) Todas as proparoxítonas devem ser acentuadas.
Resposta: Letra C (4) Oxítona terminada em e ou o, seguidos ou não de s,
Mesmo com tantas opções, ainda há resistência na é acentuada.
hora da compra.
Em “a”: impetuosidade (força) = incorreto ( ) íris
Em “b”: empatia = incorreto ( ) saída
Em “c”: relutância (resistência). ( ) compraríamos
Em “d”: consentimento (aceitação) = incorreto ( ) vendê-lo
Em “e”: segurança = incorreto ( ) bônus
A substituição que manteria o sentido do período é ( ) viúvo
“ainda há relutância”. ( ) bisavôs

a) 2 – 1 – 3 – 4 – 2 – 1 – 4
b) 1 – 2 – 3 – 4 – 1 – 1 – 4
c) 4 – 1 – 1 – 2 – 2 – 3 – 2
d) 2 – 2 – 3 – 4 – 2 – 1 – 3

3. (TRANSPETRO – TÉCNICO AMBIENTAL JÚNIOR –


CESGRANRIO-2018) Em conformidade com o Acordo
Ortográfico da Língua Portuguesa vigente, atendem às
regras de acentuação todas as palavras em:

a) andróide, odisseia, residência


b) arguição, refém, mausoléu
c) desbloqueio, pêlo, escarcéu
LÍNGUA PORTUGUESA

d) feiúra, enjoo, maniqueísmo


e) sutil, assembléia, arremesso

90
4. (ALERJ-RJ – ESPECIALISTA LEGISLATIVO – ARQUI- 8. (IBGE – AGENTE CENSITÁRIO – ADMINISTRATIVO
TETURA – FGV-2017-ADAPTADA) Entre as palavras – FGV-2017)
abaixo, retiradas dos textos 1 e 2, aquela que só existe
com acento gráfico é: Texto 1 - “A democracia reclama um jornalismo vigo-
roso e independente. A agenda pública é determinada
a) história; pela imprensa tradicional. Não há um único assunto rele-
b) evidência; vante que não tenha nascido numa pauta do jornalismo
c) até; de qualidade. Alguns formadores de opinião utilizam as
d) país; redes sociais para reverberar, multiplicar e cumprem as-
e) humanitárias. sim relevante papel mobilizador. Mas o pontapé inicial é
sempre das empresas de conteúdo independentes”.
(O Estado de São Paulo, 10/04/2017)
5. (CAMAR - CURSO DE ADAPTAÇÃO DE MÉDICOS
O texto 1, do Estado de São Paulo, mostra um conjunto
DA AERONÁUTICA PARA O ANO DE 2016) De acordo de adjetivos sublinhados que poderiam ser substituídos
com seu significado, o conjunto de características for- por locuções; a substituição abaixo que está adequada é:
mais e sua posição estrutural no interior da oração, as
palavras podem pertencer à mesma classe de palavras a) independente = com dependência;
ou não. Estabeleça a relação correta entre as colunas a b) pública = de publicidade;
seguir considerando tais aspectos (considere as palavras c) relevante = de relevância;
em destaque). d) sociais = de associados;
e) mobilizador = de motivação.
(1) advérbio
(2) pronome 9. (PC-SP - AUXILIAR DE NECROPSIA – VUNESP-2014)
(3) conjunção Considerando que o adjetivo é uma palavra que modifica
(4) substantivo o substantivo, com ele concordando em gênero e núme-
ro, assinale a alternativa em que a palavra destacada é
( ) “Não há prisão pior [...]” um adjetivo.
( ) “O lugar de estudo era isso.”
( ) “E o olho sem se mexer [...]” a) ... um câncer de boca horroroso, ...
( ) “Ora, se eles enxergavam coisas tão distantes, [...]” b) Ele tem dezesseis anos...
( ) “Emília respondeu com uma pergunta que me espan- c) Eu queria que ele morresse logo, ...
tou.” d) ... com a crueldade adicional de dar esperança às fa-
mílias.
e) E o inferno não atinge só os terminais.
A sequência está correta em
10. (TRE-AC – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMI-
a) 1 – 4 – 2 – 3 – 2 NISTRATIVA – AOCP-2015) Assinale a alternativa cujo
b) 2 – 1 – 3 – 3 – 4 “que” em destaque funciona como pronome relativo.
c) 3 – 4 – 1 – 3 – 2
d) 4 – 2 – 4 – 1 – 3 a) «É uma maneira de expressar a vontade que a gente
tem. Acho que um voto pode fazer a diferença”.
6. (EBSERH – TÉCNICO EM FARMÁCIA- AOCP-2015) b) “Ele diz que vota desde os 18...”.
Assinale a alternativa em que o termo destacado é um c) “Acho que um voto pode fazer a diferença”.
pronome indefinido. d) “... e acreditam que um voto consciente agora pode
influenciar futuramente na vida de seus filhos e netos”.
a) “Ele não exige fatos...”. e) “O idoso afirma que sempre incentivou sua família a
b) “Era um ídolo para mim.”. votar”.
c) “Discordo dele.”.
d) “... espécie de carinho consigo mesmo.”. 11. (TRF-1.ª Região – ANALISTA JUDICIÁRIO – INFOR-
e) “O bom humor está disponível a todos...”. MÁTICA – FCC- 2014-ADAPTADA) No período O livro
explica os espíritos chamados ‘xapiris’, que os ianomâmis
7. (EBSERH – TÉCNICO EM FARMÁCIA- AOCP-2015) creem serem os únicos capazes de cuidar das pessoas e
Em “Mas o bom humor de ambos os tornava parecidos.”, das coisas, a palavra grifada tem a função de pronome
os termos destacados são, respectivamente, relativo, retomando um termo anterior. Do mesmo modo
como ocorre em:
a) artigo e pronome.
a) Os ianomâmis acreditam que os xamãs recebem dos
LÍNGUA PORTUGUESA

b) artigo e preposição. espíritos chamados “xapiris” a capacidade de cura.


c) preposição e artigo. b) Eu queria escrever para os não indígenas não acharem
d) pronome e artigo. que índio não sabe nada.
e) preposição e pronome. c) O branco está preocupado que não chove mais em
alguns lugares.
d) Gravou 15 fitas em que narrou também sua própria
trajetória.
e) Não sabia o que me atrapalhava o sono.

91
12. (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – NÍVEL SUPERIOR b) Conforme o grau de influência e importância interna-
– CONHECIMENTOS BÁSICOS – CESPE-2014-ADAP- cional, classificou-se as 50 maiores cidades em três
TADA) diferentes classes, a maior parte delas na Europa.
c) Há quase duzentos anos, atribuem-se às cidades a
A busca de uma convenção para medir riquezas e trocar responsabilidade de motor propulsor do desenvolvi-
mercadorias é quase tão antiga quanto a vida em so- mento e a condição de lugar privilegiado para os ne-
ciedade. Ao longo da história, os mais diversos artigos gócios e a cultura.
foram usados com essa finalidade, como o chocolate, d) Em centros com grandes aglomerações populacionais,
entre os astecas, e o bacalhau seco, entre os noruegue- realiza-se negócios nacionais e internacionais, além
ses, tendo cabido aos gregos do século VII a.C. a criação de um atendimento bastante diversificado, como jor-
de uma moeda metálica com um valor padronizado pelo nais, teatros, cinemas, entre outros.
Estado. “Foi uma invenção revolucionária. Ela facilitou o e) Em todos os estudos geopolíticos, considera-se as ci-
acesso das camadas mais pobres às riquezas, o acúmulo dades globais como verdadeiros polos de influência
de dinheiro e a coleta de impostos – coisas muito difíceis internacional, devido à presença de sedes de grandes
de fazer quando os valores eram contados em bois ou empresas transnacionais e importantes centros de
imóveis”, afirma a arqueóloga Maria Beatriz Florenzano, pesquisas.
da Universidade de São Paulo. A segunda grande revo-
lução na história do dinheiro, o papel-moeda, teve uma 15. (LIQUIGÁS – MOTORISTA DE CAMINHÃO GRANEL
origem mais confusa. Existiam cédulas na China do ano I – CESGRANRIO-2018) A palavra destacada atende às
exigências de concordância da norma-padrão da língua
960, mas elas não se espalharam para outros lugares e
portuguesa em:
caíram em desuso no fim do século XIV.
As notas só apareceram na Europa – e daí para o mundo
a) Atualmente, causa impacto nas eleições de vários paí-
– em 1661, na Suécia. Há quem acredite que cartões de
ses as notícias falsas.
crédito e caixas eletrônicos em rede já representam uma
b) A recomendação de testar a veracidade das notícias
terceira revolução monetária. “Com a informática, o di- precisam ser seguidas, para não prejudicar as pessoas.
nheiro se transformou em impulsos eletrônicos invisíveis, c) O propósito de conferir grandes volumes de dados re-
livres do espaço, do tempo e do controle de governos e sultaram na criação de serviços especializados.
corporações”, afirma o antropólogo Jack Weatherford, da d) Os boatos causam efeito mais forte do que as notícias
Faculdade Macalester, nos Estados Unidos da América. reais porque vem acompanhados de títulos chamativos.
Internet: <http://super.abril.com.br> (com adaptações). e) Os resultados de pesquisas recentes mostram que
67% das pessoas consultam os jornais diariamente.
A expressão “essa finalidade” refere-se ao trecho “para
medir riquezas e trocar mercadorias”. 16. (PETROBRAS – ENGENHEIRO(A) DE MEIO AM-
BIENTE JÚNIOR – CESGRANRIO-2018)
( ) CERTO   ( ) ERRADO
Texto I
13. (CÂMARA DE SALVADOR-BA – ASSISTENTE LE-
GISLATIVO MUNICIPAL – FGV-2018) “Por outro lado, Portugueses no Rio de Janeiro
nas sociedades complexas, a violência deixou de ser uma
ferramenta de sobrevivência e passou a ser um instrumen- O Rio de Janeiro é o grande centro da imigração portu-
to da organização da vida comunitária. Ou seja, foi usada guesa até meados dos anos cinquenta do século passa-
para criar uma desigualdade social sem a qual, acreditam do, quando chega a ser a “terceira cidade portuguesa do
alguns teóricos, a sociedade não se desenvolveria nem se mundo”, possuindo 196 mil portugueses — um décimo
complexificaria”. A utilização do termo “ou seja” introduz: de sua população urbana. Ali, os portugueses dedicam-
-se ao comércio, sobretudo na área dos comestíveis,
a) uma informação sobre o significado de um termo an- como os cafés, as panificações, as leitarias, os talhos,
teriormente empregado; além de outros ramos, como os das papelarias e lojas
b) a explicação de uma expressão de difícil entendimento; de vestuários. Fora do comércio, podem exercer as mais
c) uma outra maneira de dizer-se rigorosamente a mesma coisa; variadas profissões, como atividades domésticas ou as de
d) acréscimo de um esclarecimento sobre o que foi dito antes; barbeiros e alfaiates. Há, de igual forma, entre os mais
e) a ênfase de algo que parece importante para o texto. afortunados, aqueles ligados à indústria, voltados para
construção civil, o mobiliário, a ourivesaria e o fabrico de
14. (BANCO DO BRASIL – ESCRITURÁRIO – CESGRAN- bebidas.
LÍNGUA PORTUGUESA

RIO-2018) De acordo com as exigências da norma-pa- A sua distribuição pela cidade, apesar da não formação
drão da língua portuguesa, o verbo destacado está cor- de guetos, denota uma tendência para a sua concentra-
retamente empregado em: ção em determinados bairros, escolhidos, muitas das ve-
zes, pela proximidade da zona de trabalho. No Centro da
a) No mundo moderno, conferem-se às grandes metró- cidade, próximo ao grande comércio, temos um grupo
poles importante papel no desenvolvimento da eco- significativo de patrícios e algumas associações de por-
te, como o Real Gabinete Português de Leitura e o Liceu
nomia e da geopolítica mundiais, por estarem no topo
Literário Português. Nos bairros da Cidade Nova, Estácio
da hierarquia urbana.

92
de Sá, Catumbi e Tijuca, outro ponto de concentração d) Não seria fácil, de fato, que venha a se equilibrar, na
da colônia, se localizam outras associações portuguesas, cabeça de um jovem cronista de hoje, os valores de
como a Casa de Portugal e um grande número de casas sua experiência pessoal com os de sua comunidade.
regionais. Há, ainda, pequenas concentrações nos bairros e) Tanto uma padaria como um banheiro poderiam ofe-
periféricos da cidade, como Jacarepaguá, originalmente recer matéria para uma boa crônica, desde que não
formado por quintas de pequenos lavradores; nos subúr- falte ao cronista recursos de grande imaginação.
bios, como Méier e Engenho Novo; e nas zonas mais pri-
vilegiadas, como Botafogo e restante da zona sul carioca, 19. (PC-BA – DELEGADO DE POLÍCIA – VUNESP-2018)
área nobre da cidade a partir da década de cinquenta, A concordância está em conformidade com a norma-pa-
preferida pelos mais abastados. drão na seguinte frase:
PAULO, Heloísa. Portugueses no Rio de Janeiro: salaza-
ristas e opositores em manifestação na cidade. In: ALVES, a) São comuns que a adaptação de livros para o cinema
Ida et alii. 450 Anos de Portugueses no Rio de Janeiro. Rio suscitem reações negativas nos fãs do texto escrito.
de Janeiro: Ofi cina Raquel, 2017, pp. 260-1. Adaptado. b) Cabem aos leitores completar, com a imaginação, as
lacunas que fazem parte da estrutura significativa do
O texto emprega duas vezes o verbo “haver”. Ambos es- texto literário.
tão na 3.ª pessoa do singular, pois são impessoais. Esse c) Aos esforços envolvidos na leitura soma-se a imagina-
papel gramatical está repetido corretamente em: ção, a que a linguagem literária apela constantemente.
d) Algumas pessoas mantém o hábito de só assistirem à
a) Ninguém disse que os portugueses havia de saírem adaptação de uma obra depois de as terem lido, para
da cidade. não ser influenciadas.
b) Se houvessem mais oportunidades, os imigrantes fi- e) Há livros que dispõe de uma infinidade de adaptações
cariam ricos. para o cinema, as quais tende a compor seu repertório
c) Haveriam de haver imigrantes de outras procedências de leituras.
na cidade.
d) Os imigrantes vieram de Lisboa porque lá não haviam 20. (FUNDASUS-MG – ANALISTA EM SERVIÇO PÚBLI-
empregos. CO DE SAÚDE - ANALISTA DE SISTEMA – AOCP-2015)
e) Os portugueses gostariam de que houvesse mais ofer- Observe o excerto: “Entre os fatores ligados à relação do
tas de trabalho. aluno com a instituição e com os colegas, gostar de ir à
escola (...)” e assinale a alternativa correta com relação
ao emprego do acento utilizado nos termos destacados.
17. (TRANSPETRO – TÉCNICO AMBIENTAL JÚNIOR
– CESGRANRIO-2018) A concordância da forma verbal
a) Trata-se do acento grave, empregado para indicar a
destacada foi realizada de acordo com as exigências da
supressão do advérbio “a” com o pronome feminino
norma-padrão da língua portuguesa em:
“a” que acompanha os substantivos “relação” e “es-
cola”.
a) Com o crescimento da espionagem virtual, é necessá- b) Trata-se do acento agudo, empregado para indicar a
rio que se promova novos estudos sobre mecanismos nasalidade da vogal “a” que acompanha os substanti-
de proteção mais eficazes. vos “relação” e “escola”.
b) O rastreamento permanente das invasões cibernéticas c) Trata-se do acento circunflexo, empregado para assi-
de grande porte permite que se suspeitem dos hac- nalar a vogal aberta “a” que acompanha os substanti-
kers responsáveis. vos “relação” e “escola”.
c) Para atender às demandas dos usuários de celulares, é d) Trata-se do acento agudo, empregado para indicar a
preciso que se destinem à pesquisa tecnológica mui- supressão da preposição “a” com o artigo feminino “a”
tos milhões de dólares. que acompanha os substantivos “relação” e “escola”.
d) Para detectar as consequências mais prejudiciais da e) Trata-se do acento grave, empregado para indicar a
guerra virtual pela informação, necessitam-se de es- junção da preposição “a” com o artigo feminino “a”
tudos mais aprofundados. que acompanha os substantivos “relação” e “escola”.
e) Se o crescimento das redes sociais assumir uma pro- 21. (BADESC – ANALISTA DE SISTEMA – BANCO DE
porção incontrolável, é aconselhável que se estabele- DADOS – FGV-2010) Na frase “é ingênuo creditar a pos-
ça novas restrições de utilização pelos jovens. tura brasileira apenas à ausência de educação adequada”
foi corretamente empregado o acento indicativo de crase.
18. (PC-AP – DELEGADO DE POLÍCIA – FCC-2017) As
normas de concordância e a adequada articulação entre Assinale a alternativa em que o acento indicativo de cra-
tempos e modos verbais estão plenamente observadas se está corretamente empregado.
na frase:
a) O memorando refere-se à documentos enviados na
a) É comum que se assinale numa crônica os aspectos do semana passada.
LÍNGUA PORTUGUESA

cotidiano que o escritor resolvesse analisar e interpre- b) Dirijo-me à Vossa Senhoria para solicitar uma audiên-
tar, apesar das dificuldades que encerram tal desafio. cia urgente.
b) Se às crônicas de Rubem Braga viessem a faltar sua c) Prefiro montar uma equipe de novatos à trabalhar com
marca autoral inconfundível, elas terão deixado de pessoas já desestimuladas.
constituir textos clássicos desse gênero. d) O antropólogo falará apenas àquele aluno cujo nome
c) Caso um dia venham a surgir, simultaneamente, ta- consta na lista.
lentos à altura de um Rubem Braga, esse gênero terá e) Quanto à meus funcionários, afirmo que têm horário
alcançado uma relevância jamais vista. flexível e são responsáveis.

93
22. (BADESC – TÉCNICO DE FOMENTO A – FGV-2010) d) Os consumidores compulsivos sujeitam-se a ficar ho-
De acordo com as regras gramaticais, no trecho “a exor- ras na fila para serem os primeiros que comprarão os
bitante carga tributária a que estão submetidas as empre- novos lançamentos.
sas”, não se deve empregar acento indicativo de crase, e) As pessoas precisam ficar atentas a fatura do cartão
devendo ocorrer o mesmo na frase: de crédito para não serem surpreendidas com valores
muito altos.
a) Entregue o currículo as assistentes do diretor.
b) Recorra a esta empresa sempre que precisar. 26. (PC-SP - INVESTIGADOR DE POLÍCIA – VU-
c) Avise aquela colega que chegou sua correspondência. NESP-2014)
d) Refira-se positivamente a proposta filosófica da com- A cada ano, ocorrem cerca de 40 mil mortes; segundo
panhia. especialistas, quase metade delas está associada _____
e) Transmita confiança aqueles que observam seu de- bebidas alcoólicas. Isso revela a necessidade de um com-
sempenho. bate efetivo _____ embriaguez ao volante.
As lacunas do trecho devem ser preenchidas, correta e
23. (BANCO DA AMAZÔNIA – TÉCNICO BANCÁRIO – respectivamente, com:
CESGRANRIO-2018) De acordo com a norma-padrão da
língua portuguesa, o sinal grave indicativo da crase deve a) às … a
ser empregado na palavra destacada em: b) as … à
c) à … à
a) A intenção da entrevista com o diretor estava relacio- d) às … à
nada a programação que a empresa pretende desen- e) à … a
volver.
b) As ações destinadas a atrair um número maior de 27. (PC-SP - AGENTE DE POLÍCIA – VUNESP-2013) De
clientes são importantes para garantir a saúde finan- acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, o
ceira das instituições. acento indicativo de crase está corretamente empregado
c) As instituições financeiras deveriam oferecer condi- em:
ções mais favoráveis de empréstimo a quem está fora
do mercado formal de trabalho. a) A população, de um modo geral, está à espera de que,
d) As pessoas interessadas em ampliar suas reservas fi- com o novo texto, a lei seca possa coibir os acidentes.
nanceiras consideram que vale a pena investir na nova b) A nova lei chega para obrigar os motoristas à repensa-
moeda virtual. rem a sua postura.
e) Os participantes do seminário sobre mercado financei- c) A partir de agora os motoristas estarão sujeitos à puni-
ro foram convidados a comparar as importações e as ções muito mais severas.
exportações em 2017. d) À ninguém é dado o direito de colocar em risco a vida
dos demais motoristas e de pedestres.
24. (LIQUIGÁS – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – e) Cabe à todos na sociedade zelar pelo cumprimento da
CESGRANRIO-2018) O emprego do acento indicativo nova lei para que ela possa funcionar.
de crase está de acordo com a norma-padrão em:
28. (CÂMARA DE SALVADOR-BA – ASSISTENTE LE-
a) O escritor de novelas não escolhe seus personagens GISLATIVO MUNICIPAL – FGV-2018)
à esmo.
b) A audiência de uma novela se constrói no dia à dia. Texto 1 – Guerra civil
c) Uma boa história pode ser escrita imediatamente ou Renato Casagrande, O Globo, 23/11/2017
à prazo.
d) Devido à interferências do público, pode haver mu- O 11.º Relatório do Fórum Brasileiro de Segurança Pú-
danças na trama. blica, mostrando o crescimento das mortes violentas no
e) O novelista ficou aliviado quando entregou a sinopse Brasil em 2016, mais uma vez assustou a todos. Foram
à emissora.
61.619 pessoas que perderam a vida devido à violência.
Outro dado relevante é o crescimento da violência em
25. (PETROBRAS – ADMINISTRADOR JÚNIOR – CES-
alguns estados do Sul e do Sudeste.
GRANRIO-2018) De acordo com a norma- -padrão
Na verdade, todos os anos a imprensa nacional destaca
da língua portuguesa, o acento grave indicativo da crase
os inaceitáveis números da violência no país. Todos se
deve ser empregado na palavra destacada em:
assustam, o tempo passa, e pouca ação ocorre de fato.
Tem sido assim com o governo federal e boa parte das
a) Os novos lançamentos de smartphones apresentam,
demais unidades da Federação. Agora, com a crise, o ar-
LÍNGUA PORTUGUESA

em geral, pequena variação de funções quando com-


gumento é a incapacidade de investimento, mas, mesmo
parados a versões anteriores.
em períodos de economia mais forte, pouco se viu da im-
b) Estudantes do ensino médio fizeram uma pesquisa
plementação de programas estruturantes com o objetivo
junto a crianças do ensino fundamental para ver como
de enfrentar o crime. Contratação de policiais, aquisição
elas se comportam no ambiente virtual.
de equipamentos, viaturas e novas tecnologias são medi-
c) O acesso dos jovens a redes sociais tem causado enor-
mes prejuízos ao seu desempenho escolar, conforme das essenciais, mas é preciso ir muito além. Definir metas
o depoimento de professores. e alcançá-las, utilizando um bom método de trabalho,

94
deve ser parte de um programa bem articulado, que per-
mita o acompanhamento das ações e que incentive o
trabalho integrado entre as forças policiais do estado, da GABARITO
União e das guardas municipais.

O segmento do texto 1 em que a conjunção E tem valor


adversativo (oposição) e NÃO aditivo (adição) é: 1 B
2 A
a) “...crescimento da violência em alguns estados do Sul
e do Sudeste”; 3 B
b) “Todos se assustam, o tempo passa, e pouca ação de- 4 E
corre de fato”;
5 A
c) “Tem sido assim com o governo federal e boa parte
das demais unidades da Federação”; 6 E
d) “...viaturas e novas tecnologias”; 7 A
e) “Definir metas e alcançá-las...”.
8 C
29. (ALERJ-RJ – ESPECIALISTA LEGISLATIVO – AR- 9 A
QUITETURA – FGV-2017) “... implica poder decifrar as
referências cristãs...”; a forma reduzida sublinhada fica 10 A
convenientemente substituída por uma oração em forma 11 D
desenvolvida na seguinte opção: 12 CERTO
a) a possibilidade de decifrar as referências cristãs; 13 D
b) a possibilidade de decifração das referências cristãs; 14 C
c) que se pudessem decifrar as referências cristãs;
d) que possamos decifrar as referências cristãs; 15 E
e) a possibilidade de que decifrássemos as referências 16 E
cristãs.
17 C
30. (COMPESA-PE – ANALISTA DE GESTÃO – ADMI- 18 C
NISTRADOR – FGV-2018) “... mas já conhecem a brutal 19 C
realidade dos desaventurados cuja sina é cruzar fronteiras
para sobreviver.” A forma reduzida de “para sobreviver” 20 E
pode ser nominalizada de forma conveniente na seguin- 21 D
te alternativa:
22 B
a) para que sobrevivam. 23 A
b) a fim de que sobrevivessem. 24 E
c) para sua sobrevida.
d) no intuito de sobreviverem. 25 E
e) para sua sobrevivência. 26 D
27 A
28 B
29 D
30 E
LÍNGUA PORTUGUESA

95
ANOTAÇÕES

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96
ÍNDICE

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Noções de sistema operacional Windows................................................................................................................................................ 01


Edição de textos, planilhas e apresentações (ambientes Microsoft Office e BrOffice)........................................................... 08
Redes de computadores. Conceitos básicos, ferramentas, aplicativos e procedimentos de Internet e intranet.
Programas de navegação (Microsoft Internet Explorer, Mozilla Firefox). Programas de correio eletrônico Outlook
Express. Sítios de busca e pesquisa na Internet. Grupos de discussão. ....................................................................................... 32
Conceitos de organização e de gerenciamento de informações, arquivos, pastas e programas. ..................................... 46
Segurança da informação. Procedimentos de segurança. Noções de vírus, worms e pragas virtuais. Aplicativos
para segurança (antivírus, firewall, antispyware etc.). ......................................................................................................................... 47
Procedimentos de backup............................................................................................................................................................................... 52
pode processar grandes quantidades de memória com
NOÇÕES DE SISTEMA OPERACIONAL mais eficácia do que um de 32 bits, o sistema de 64 bits
WINDOWS. poderá responder melhor ao executar vários programas
ao mesmo tempo e alternar entre eles com frequência”.
Uma maneira prática de usar o Windows 7 (Win 7) é
WINDOWS reinstalá-lo sobre um SO já utilizado na máquina. Nesse
caso, é possível instalar:
O Windows assim como tudo que envolve a informáti-
- Sobre o Windows XP;
ca passa por uma atualização constante, os concursos pú-
blicos em seus editais acabam variando em suas versões, - Uma versão Win 7 32 bits, sobre Windows Vista
por isso vamos abordar de uma maneira geral tanto as (Win Vista), também 32 bits;
versões do Windows quanto do Linux. - Win 7 de 64 bits, sobre Win Vista, 32 bits;
O Windows é um Sistema Operacional, ou seja, é um - Win 7 de 32 bits, sobre Win Vista, 64 bits;
software, um programa de computador desenvolvido por - Win 7 de 64 bits, sobre Win Vista, 64 bits;
programadores através de códigos de programação. Os - Win 7 em um computador e formatar o HD durante
Sistemas Operacionais, assim como os demais softwares, a insta- lação;
são considerados como a parte lógica do computador, - Win 7 em um computador sem SO;
uma parte não palpável, desenvolvida para ser utilizada
apenas quando o computador está em funcionamento. O Antes de iniciar a instalação, devemos verificar qual
Sistema Operacional (SO) é um programa especial, pois é tipo de instalação será feita, encontrar e ter em mãos a
o primeiro a ser instalado na máquina. chave do produto, que é um código que será solicitado
Quando montamos um computador e o ligamos pela durante a instalação.
primeira vez, em sua tela serão mostradas apenas algu- Vamos adotar a opção de instalação com formatação
mas rotinas presentes nos chipsets da máquina. Para uti- de disco rígido, segundo o site oficial da Microsoft Cor-
lizarmos todos os recursos do computador, com toda a poration:
qualidade das placas de som, vídeo, rede, acessarmos a - Ligue o seu computador, de forma que o Windows
Internet e usufruirmos de toda a potencialidade do hard-
seja inicializado normalmente, insira do disco de
ware, temos que instalar o SO.
instalação do Windows 7 ou a unidade flash USB e
Após sua instalação é possível configurar as placas
para que alcancem seu melhor desempenho e instalar os desligue o seu computador.
demais programas, como os softwares aplicativos e utili- - Reinicie o computador.
tários. - Pressione qualquer tecla, quando solicitado a fazer
O SO gerencia o uso do hardware pelo software e ge- isso, e siga as instruções exibidas.
rencia os demais programas. - Na página de Instalação Windows, insira seu idioma
A diferença entre os Sistemas Operacionais de 32 bits e ou outras preferências e clique em avançar.
64 bits está na forma em que o processador do computa- - Se a página de Instalação Windows não aparecer
dor trabalha as informações. O Sistema Operacional de 32 e o programa não solicitar que você pressione al-
bits tem que ser instalado em um computador que tenha guma tecla, talvez seja necessário alterar algumas
o processador de 32 bits, assim como o de 64 bits tem que configurações do sistema. Para obter mais infor-
ser instalado em um computador de 64 bits. mações sobre como fazer isso, consulte. Inicie o
Os Sistemas Operacionais de 64 bits do Windows, se- seu computador usando um disco de instalação do
gundo o site oficial da Microsoft, podem utilizar mais me- Windows 7 ou um pen drive USB.
mória que as versões de 32 bits do Windows. “Isso ajuda - Na página Leia os termos de licença, se você aceitar
a reduzir o tempo despendido na permuta de processos os termos de licença, clique em aceito os termos
para dentro e para fora da memória, pelo armazenamen- de licença e em avançar.
to de um número maior desses processos na memória de
- Na página que tipo de instalação você deseja? cli-
acesso aleatório (RAM) em vez de fazê-lo no disco rígido.
que em Personalizada.
Por outro lado, isso pode aumentar o desempenho geral
do programa”. - Na página onde deseja instalar Windows? clique em
opções da unidade (avançada).
WINDOWS 7 - Clique na partição que você quiser alterar, clique na
opção de formatação desejada e siga as instruções.
Para saber se o Windows é de 32 ou 64 bits, basta: - Quando a formatação terminar, clique em avançar.
1. Clicar no botão Iniciar , clicar com o botão direito - Siga as instruções para concluir a instalação do
em computador e clique em Propriedades. Windows 7, inclusive a nomenclatura do compu-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

2. Em sistema, é possível exibir o tipo de sistema. tador e a configuração de uma conta do usuário
inicial.
“Para instalar uma versão de 64 bits do Windows 7,
você precisará de um processador capaz de executar uma CONCEITOS DE ORGANIZAÇÃO E DE GERENCIA-
versão de 64 bits do Windows. Os benefícios de um siste- MENTO DE INFORMAÇÕES; ARQUIVOS, PASTAS E
ma operacional de 64 bits ficam mais claros quando você PROGRAMAS.
tem uma grande quantidade de RAM (memória de aces-
so aleatório) no computador, normalmente 4 GB ou mais. Pastas – são estruturas digitais criadas para organizar
Nesses casos, como um sistema operacional de 64 bits arquivos, ícones ou outras pastas.

1
Arquivos – são registros digitais criados e salvos por Clicamos duas vezes na pasta “Trabalho” para abrí-la
meio de programas aplicativos. Por exemplo, quando e agora criaremos mais duas pastas dentro dela:
abrimos o Microsoft Word, digitamos uma carta e a sal- Para criarmos as outras duas pastas, basta repetir o
vamos no computador, estamos criando um arquivo. procedimento: botão direito, Novo, Pasta.
Ícones – são imagens representativas associadas a
programas, arquivos, pastas ou atalhos. 2. Área de trabalho:
Atalhos – são ícones que indicam um caminho mais
curto para abrir um programa ou até mesmo um arquivo.

1. Criação de pastas (diretórios)

Área de Trabalho

A figura acima mostra a primeira tela que vemos


quando o Windows 7 é iniciado. A ela damos o nome
de área de trabalho, pois a ideia original é que ela sir-
va como uma prancheta, onde abriremos nossos livros e
documentos para dar início ou continuidade ao trabalho.
Em especial, na área de trabalho, encontramos a barra
de tarefas, que traz uma série de particularidades, como:
Criação de pastas

#FicaDica Barra de tarefas


Clicando com o botão direito do mouse em 1) Botão Iniciar: é por ele que entramos em contato
um espaço vazio da área de trabalho ou outro com todos os outros programas instalados, programas
apropriado, podemos encontrar a opção pasta. que fazem parte do sistema operacional e ambientes de
Clicando nesta opção com o botão esquerdo configuração e trabalho. Com um clique nesse botão,
do mouse, temos então uma forma prática de abrimos uma lista, chamada Menu Iniciar, que contém
criar uma pasta. opções que nos permitem ver os programas mais aces-
sados, todos os outros programas instalados e os recur-
sos do próprio Windows. Ele funciona como uma via de
acesso para todas as opções disponíveis no computador.
Por meio do botão Iniciar, também podemos:
- desligar o computador, procedimento que encerra
o Sistema Operacional corretamente, e desliga efe-
tivamente a máquina;
Criamos aqui uma pasta - colocar o computador em modo de espera, que
chamada “Trabalho”. reduz o consumo de energia enquanto a máquina
estiver ociosa, ou seja, sem uso. Muito usado nos
casos em que vamos nos ausentar por um breve
período de tempo da frente do computador;
- reiniciar o computador, que desliga e liga automa-
ticamente o sistema. Usado após a instalação de
alguns programas que precisam da reinicialização
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

do sistema para efetivarem sua instalação, durante


congelamento de telas ou travamentos da máqui-
na.
- realizar o logoff, acessando o mesmo sistema com
nome e senha de outro usuário, tendo assim um
ambiente com características diferentes para cada
usuário do mesmo computador.

Tela da pasta criada

2
especificar se o relógio do computador está sincronizado
automaticamente com um servidor de horário na Inter-
net. Este relógio é atualizado pela bateria da placa mãe,
que vimos na figura 26. Quando ele começa a mostrar
um horário diferente do que realmente deveria mostrar,
na maioria das vezes, indica que a bateria da placa mãe
deve precisar ser trocada. Esse horário também é sincro-
nizado com o mesmo horário do SETUP.
Lixeira: Contém os arquivos e pastas excluídos pelo
usuário. Para excluirmos arquivos, atalhos e pastas, po-
demos clicar com o botão direito do mouse sobre eles e
depois usar a opção “Excluir”. Outra forma é clicar uma
vez sobre o objeto desejado e depois pressionar o botão
delete, no teclado. Esses dois procedimentos enviarão
para lixeira o que foi excluído, sendo possível a restaura-
ção, caso haja necessidade. Para restaurar, por exemplo,
um arquivo enviado para a lixeira, podemos, após abri-la,
restaurar o que desejarmos.

Menu Iniciar – Windows 7

Na figura acima temos o menu Iniciar, acessado com


um clique no botão Iniciar.
2) Ícones de inicialização rápida: São ícones coloca-
dos como atalhos na barra de tarefas para serem
Restauração de arquivos
acessados com facilidade.
3) Barra de idiomas: Mostra qual a configuração de enviados para a lixeira
idioma que está sendo usada pelo teclado.
4) Ícones de inicialização/execução: Esses ícones A restauração de objetos enviados para a lixeira pode
são configurados para entrar em ação quando o ser feita com um clique com o botão direito do mouse
computador é iniciado. Muitos deles ficam em exe- sobre o item desejado e depois, outro clique com o es-
cução o tempo todo no sistema, como é o caso querdo em “Restaurar”. Isso devolverá, automaticamente
de ícones de programas antivírus que monitoram o arquivo para seu local de origem.
constantemente o sistema para verificar se não há
invasões ou vírus tentando ser executados.
5) Propriedades de data e hora: Além de mostrar o
#FicaDica
relógio constantemente na sua tela, clicando duas Outra forma de restaurar é usar a opção
vezes, com o botão esquerdo do mouse nesse íco- “Restaurar este item”, após selecionar o objeto.
ne, acessamos as Propriedades de data e hora.

Alguns arquivos e pastas, por terem um tamanho


muito grande, são excluídos sem irem antes para a Li-
xeira. Sempre que algo for ser excluído, aparecerá uma
mensagem, ou perguntando se realmente deseja enviar
aquele item para a Lixeira, ou avisando que o que foi se-
lecionado será permanentemente excluído. Outra forma
de excluir documentos ou pastas sem que eles fiquem
armazenados na Lixeira é usar as teclas de atalho Shif-
t+Delete.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A barra de tarefas pode ser posicionada nos quatro


cantos da tela para proporcionar melhor visualização de
outras janelas abertas. Para isso, basta pressionar o botão
esquerdo do mouse em um espaço vazio dessa barra e
com ele pressionado, arrastar a barra até o local desejado
Propriedades de data e hora (canto direito, superior, esquerdo ou inferior da tela).
Para alterar o local da Barra de Tarefas na tela, temos
Nessa janela, é possível configurarmos a data e a hora, que verificar se a opção “Bloquear a barra de tarefas” não
determinarmos qual é o fuso horário da nossa região e está marcada.

3
Figura 74: Guia Menu Iniciar e Personalizar Menu Iniciar

Pela figura acima podemos notar que é possível a


aparência e comportamento de links e menus do menu
Iniciar.

Bloqueio da Barra de Tarefas

Propriedades da barra de tarefas e do menu iniciar:


Por meio do clique com o botão direito do mouse na bar-
ra de tarefas e do esquerdo em “Propriedades”, podemos
acessar a janela “Propriedades da barra de tarefas e do
menu iniciar”.

Barra de Ferramentas

3. Painel de controle
O Painel de Controle é o local onde podemos alterar
configurações do Windows, como aparência, idioma, confi-
gurações de mouse e teclado, entre outras. Com ele é possí-
vel personalizar o computador às necessidades do usuário.
Para acessar o Painel de Controle, basta clicar no Bo-
tão Iniciar e depois em Painel de Controle. Nele encon-
tramos as seguintes opções:
- Sistema e Segurança: “Exibe e altera o status do sis-
tema e da segurança”, permite a realização de backups e
restauração das configurações do sistema e de arquivos.
Possui ferramentas que permitem a atualização do Siste-
ma Operacional, que exibem a quantidade de memória
RAM instalada no computador e a velocidade do proces-
sador. Oferece ainda, possibilidades de configuração de
Firewall para tornar o computador mais protegido.
Propriedades da barra de - Rede e Internet: mostra o status da rede e possibi-
tarefas e do menu iniciar lita configurações de rede e Internet. É possível também
definir preferências para compartilhamento de arquivos
Na guia “Barra de Tarefas”, temos, entre outros: e computadores.
- Bloquear a barra de tarefas – que impede que ela - Hardware e Sons: é possível adicionar ou remover
seja posicionada em outros cantos da tela que não seja o hardwares como impressoras, por exemplo. Também
inferior, ou seja, impede que seja arrastada com o botão permite alterar sons do sistema, reproduzir CDs automa-
esquerdo do mouse pressionado. ticamente, configurar modo de economia de energia e
atualizar drives de dispositivos instalados.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

- Ocultar automaticamente a barra de tarefas – ocul-


ta (esconde) a barra de tarefas para proporcionar maior - Programas: através desta opção, podemos realizar
aproveitamento da área da tela pelos programas abertos, a desinstalação de programas ou recursos do Windows.
e a exibe quando o mouse é posicionado no canto infe- - Contas de Usuários e Segurança Familiar: aqui al-
rior do monitor. teramos senhas, criamos contas de usuários, determina-
mos configurações de acesso.
- Aparência: permite a configuração da aparência da
área de trabalho, plano de fundo, proteção de tela, menu
iniciar e barra de tarefas.
- Relógio, Idioma e Região: usamos esta opção para

4
alterar data, hora, fuso horário, idioma, formatação de o antigo Menu Iniciar e consiste em um mosaico com
números e moedas. imagens animadas. Cada mosaico representa um aplica-
- Facilidade de Acesso: permite adaptarmos o com- tivo que está instalado no computador. Os atalhos dessa
putador às necessidades visuais, auditivas e motoras do área de trabalho, que representam aplicativos de versões
usuário. anteriores, ficam com o nome na parte de cima e um pe-
queno ícone na parte inferior. Novos mosaicos possuem
3.1. Computador tamanhos diferentes, cores diferentes e são atualizados
automaticamente.
A tela pode ser customizada conforme a conveniência
#FicaDica do usuário. Alguns utilitários não aparecem nessa tela,
mas podem ser encontrados clicando com o botão direi-
Através do “Computador“ podemos con-
to do mouse em um espaço vazio da tela. Se deseja que
sultar e acessar unidades de disco e outros
um desses aplicativos apareça na sua tela inicial, clique
dispositivos conectados ao nosso compu-
com o botão direito sobre o ícone e vá para a opção Fixar
tador.
na Tela Inicial.

Para acessá-lo, basta clicar no Botão Iniciar e em 1. Charms Bar


Computador. A janela a seguir será aberta: O objetivo do Windows 8 é ter uma tela mais limpa
e esse recurso possibilita “esconder” algumas configura-
ções e aplicações. É uma barra localizada na lateral que
pode ser acessada colocando o mouse no canto direito e
inferior da tela ou clicando no atalho Tecla do Windows +
C. Essa função substitui a barra de ferramentas presente
no sistema e configurada de acordo com a página em
que você está.
Com a Charm Bar ativada, digite Personalizar na bus-
ca em configurações. Depois escolha a opção tela inicial
e em seguida escolha a cor da tela. O usuário também
pode selecionar desenhos durante a personalização do
papel de parede.

2. Redimensionar as tiles
Na tela esses mosaicos ficam uns maiores que os ou-
tros, mas isso pode ser alterado clicando com o botão di-
Computador reito na divisão entre eles e optando pela opção menor.
Você pode deixar maior os aplicativos que você quiser
Observe que é possível visualizarmos as unidades de destacar no computador.
disco, sua capacidade de armazenamento livre e usada.
Vemos também informações como o nome do computa- 3. Grupos de Aplicativos
dor, a quantidade de memória e o processador instalado Pode-se criar divisões e grupos para unir programas
na máquina. parecidos. Isso pode ser feito várias vezes e os grupos
podem ser renomeados.
WINDOWS 8
4. Visualizar as pastas
É o sistema operacional da Microsoft que substituiu o A interface do programas no computador podem ser
Windows 7 em tablets, computadores, notebooks, celu- vistos de maneira horizontal com painéis dispostos lado
lares, etc. Ele trouxe diversas mudanças, principalmente a lado. Para passar de um painel para outro é necessário
no layout, que acabou surpreendendo milhares de usuá- usar a barra de rolagem que fica no rodapé.
rios acostumados com o antigo visual desse sistema.
A tela inicial completamente alterada foi a mudança 5. Compartilhar e Receber
que mais impactou os usuários. Nela encontra-se todas Comando utilizado para compartilhar conteúdo,
as aplicações do computador que ficavam no Menu Ini- enviar uma foto, etc. Tecle Windows + C, clique na op-
ciar e também é possível visualizar previsão do tempo, ção Compartilhar e depois escolha qual meio vai usar.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

cotação da bolsa, etc. O usuário tem que organizar as Há também a opção Dispositivo que é usada para re-
pequenas miniaturas que aparecem em sua tela inicial ceber e enviar conteúdos de aparelhos conectados ao
para ter acesso aos programas que mais utiliza. computador.
Caso você fique perdido no novo sistema ou dentro de
uma pasta, clique com o botão direito e irá aparecer um 6. Alternar Tarefas
painel no rodapé da tela. Caso você esteja utilizando uma Com o atalho Alt + Tab, é possível mudar entre os pro-
das pastas e não encontre algum comando, clique com o gramas abertos no desktop e os aplicativos novos do SO.
botão direito do mouse para que esse painel apareça. Com o atalho Windows + Tab é possível abrir uma lista na
A organização de tela do Windows 8 funciona como lateral esquerda que mostra os aplicativos modernos.

5
7. Telas Lado a Lado 2. Windows 10 Pro
Esse sistema operacional não trabalha com o conceito de Além dos recursos da versão de entrada, fornece pro-
janelas, mas o usuário pode usar dois programas ao mesmo teção de dados avançada e criptografada com o BitLoc-
tempo. É indicado para quem precisa acompanhar o Face- ker, permite a hospedagem de uma Conexão de Área de
book e o Twitter, pois ocupa ¼ da tela do computador. Trabalho Remota em um computador, trabalhar com má-
quinas virtuais, e permite o ingresso em um domínio para
8. Visualizar Imagens realizar conexões a uma rede corporativa.
O sistema operacional agora faz com que cada vez
que você clica em uma figura, um programa específico 3. Windows 10 Enterprise
abre e isso pode deixar seu sistema lento. Para alterar Baseada na versão 10 Pro, é disponibilizada por meio
isso é preciso ir em Programas – Programas Default – Se- do Licenciamento por Volume, voltado a empresas.
lecionar Windows Photo Viewer e marcar a caixa Set this
Program as Default. 4. Windows 10 Education
Baseada na versão Enterprise, é destinada a atender
9. Imagem e Senha as necessidades do meio educacional. Também tem seu
O usuário pode utilizar uma imagem como senha ao método de distribuição baseado através da versão aca-
dêmica de licenciamento de volume.
invés de escolher uma senha digitada. Para fazer isso,
acesse a Charm Bar, selecione a opção Settings e logo
5. Windows 10 Mobile
em seguida clique em More PC settings. Acesse a opção
Embora o Windows 10 tente vender seu nome fanta-
Usuários e depois clique na opção “Criar uma senha com
sia como um sistema operacional único, os smartphones
imagem”. Em seguida, o computador pedirá para você com o Windows 10 possuem uma versão específica do
colocar sua senha e redirecionará para uma tela com um sistema operacional compatível com tais dispositivos.
pequeno texto e dando a opção para escolher uma foto.
Escolha uma imagem no seu computador e verifique se a 6. Windows 10 Mobile Enterprise
imagem está correta clicando em “Use this Picture”. Você Projetado para smartphones e tablets do setor cor-
terá que desenhar três formas em touch ou com o mou- porativo. Também estará disponível através do Licencia-
se: uma linha reta, um círculo e um ponto. Depois, finalize mento por Volume, oferecendo as mesmas vantagens do
o processo e sua senha estará pronta. Na próxima vez, Windows 10 Mobile com funcionalidades direcionadas
repita os movimentos para acessar seu computador. para o mercado corporativo.

10. Internet Explorer no Windows 8 7. Windows 10 IoT Core


Se você clicar no quadrinho Internet Explorer da pá- IoT vem da expressão “Internet das Coisas” (Internet
gina inicial, você terá acesso ao software sem a barra de of Things). A Microsoft anunciou que haverá edições do
ferramentas e menus. Windows 10 baseadas no Enterprise e Mobile Enterprise
destinados a dispositivos como caixas eletrônicos, ter-
WINDOWS 10 minais de autoatendimento, máquinas de atendimento
para o varejo e robôs industriais. Essa versão IoT Core
O Windows 10 é uma atualização do Windows 8 que será destinada para dispositivos pequenos e de baixo
veio para tentar manter o monopólio da Microsoft no custo.
mundo dos Sistemas Operacionais, uma das suas mis- Para as versões mais populares (10 e 10 Pro), a Micro-
sões é ficar com um visual mais de smart e touch. soft indica como requisitos básicos dos computadores:
• Processador de 1 Ghz ou superior;
• 1 GB de RAM (para 32bits); 2GB de RAM (para
64bits);
• Até 20GB de espaço disponível em disco rígido;
• Placa de vídeo com resolução de tela de 800×600
ou maior.

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2013) Considere


que o usuário de um computador com sistema opera-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Tela do Windows 10 cional Windows 7 tenha permissão de administrador e


deseje fazer o controle mais preciso da segurança das
O Windows 10 é disponibilizado nas seguintes ver- conexões de rede estabelecidas no e com o seu compu-
sões (com destaque para as duas primeiras): tador. Nessa situação, ele poderá usar o modo de segu-
rança avançado do firewall do Windows para especificar
1. Windows 10 precisamente quais aplicativos podem e não podem fa-
É a versão de “entrada” do Windows 10, que possui a zer acesso à rede, bem como quais serviços residentes
maioria dos recursos do sistema. É voltada para Desktops podem, ou não, ser externamente acessados.
e Laptops, incluindo o tablete Microsoft Surface 3.
( ) CERTO   ( ) ERRADO

6
Resposta: Certo. Um firewall (em português: Parede 5. (AGENTE ADMINISTRATIVO – CESPE – 2014) No
de fogo) é um dispositivo de uma rede de compu- Windows, não há possibilidade de o usuário interagir
tadores que tem por objetivo aplicar uma política de com o sistema operacional por meio de uma tela de
segurança a um determinado ponto da rede. O fire- computador sensível ao toque.
wall pode ser do tipo filtros de pacotes, proxy de apli-
cações, etc. Os firewalls são geralmente associados a ( ) CERTO   ( ) ERRADO
redes TCP/IP.
Este dispositivo de segurança existe na forma de soft- Resposta: Errado. As versões mais recentes do Win-
ware e de hardware, a combinação de ambos é cha- dows existe este recurso. Para usá-lo há a necessidade
mada tecnicamente de “appliance”. A complexidade de que a tela seja sensível ao toque.
de instalação depende do tamanho da rede, da polí-
tica de segurança, da quantidade de regras que con- 6. (AGENTE – CESPE – 2014) Comparativamente a
trolam o fluxo de entrada e saída de informações e do computadores com outros sistemas operacionais, com-
grau de segurança desejado. putadores com o sistema Linux apresentam a vantagem
de não perderem dados caso as máquinas sejam desliga-
2. (PERITO CRIMINAL – CESPE – 2013) A instalação e a
das por meio de interrupção do fornecimento de energia
atualização de programas na plataforma Linux a serem efe-
elétrica.
tuadas com o comando aptget, podem ser acionadas por
meio das opções install e upgrade, respectivamente. Em am-
( ) CERTO   ( ) ERRADO
bos os casos, é indispensável o uso do comando sudo, ou
equivalente, se o usuário não for administrador do sistema.
Resposta: Errado. Nenhum sistema operacional pos-
( ) CERTO   ( ) ERRADO sui a vantagem de não perder dados caso a máquina
seja desligada por meio de interrupção do forneci-
Resposta: Errado. O comando para a atualização é mento de energia elétrica.
“sudo apt-get upgrade”. O comando para instalar pa-
cotes é “sudo apt-get install nome_do_pacote”. O co- 7. (AGENTE – CESPE – 2014) As rotinas de inicialização
mando é “apt-get” e não “aptget”. O comando sudo GRUB e LILO, utilizadas em diversas distribuições Linux,
realmente permite a usuários comuns obter privilégios podem ser acessadas por uma interface de linha de co-
de outro usuário como o administrador mando.

3. (PERITO CRIMINAL – CESPE – 2013) Em compu- ( ) CERTO   ( ) ERRADO


tadores com sistema operacional Linux ou Windows, o Resposta: Certo. É possível acessar as rotinas de ini-
aumento da memória virtual possibilita a redução do cialização GRUB e LILO para realizar a sua configura-
consumo de memória RAM em uso, o que permite exe- ção, assim como é possível alterar as opções de inicia-
cutar, de forma paralela e distribuída, no computador, lização do Windows (em Win+Pause, Configurações
uma quantidade maior de programas. Avançadas do Sistema, Propriedades do Sistema, Ini-
cialização e Recuperação).
( ) CERTO   ( ) ERRADO
8. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2013) Conside-
Resposta: Errado. O que torna esta alternativa mais re que um usuário de login joao_jose esteja usando o
eficaz é o uso da memória em um dispositivo alterna- Windows Explorer para navegar no sistema de arquivos
tivo (para o PC não “travar”), e não uma redução de de um computador com ambiente Windows 7. Considere
consumo de memória RAM em uso, visto que esta op- ainda que, enquanto um conjunto de arquivos e pastas é
ção foi projetada para ajudar quando a memória RAM apresentado, o usuário observe, na barra de ferramentas
do PC for insuficiente para a execução de demasiados do Windows Explorer, as seguintes informações: Biblio-
programas. tecas > Documentos > Projetos. Nessa situação, é mais
provável que tais arquivos e pastas estejam contidos no
4. (PAPILOSCOPISTA – CESPE – 2012) Tanto no siste- diretório C:\Bibliotecas\Documentos\Projetos que no di-
ma operacional Windows quanto no Linux, cada arquivo, retório C:\Users\joao_jose\Documents\Projetos.
diretório ou pasta encontra-se em um caminho, podendo
cada pasta ou diretório conter diversos arquivos que são ( ) CERTO   ( ) ERRADO
gravados nas unidades de disco nas quais permanecem
até serem apagados. Em uma mesma rede é possível ha- Resposta: Errado. O correto é “C:\Users\joao_jose\
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

ver comunicação e escrita de pastas, diretórios e arquivos Documents\Projetos”. Há possibilidade das pastas
entre máquinas com Windows e máquinas com Linux. estarem em outro diretório, se forem feitas configu-
rações customizadas pelo usuário. Mesmo na configu-
( ) CERTO   ( ) ERRADO ração em português o diretório dos documentos do
usuário continua sendo nomeado em inglês: “docu-
Resposta: Certo. O sistema Linux e o sistema Windo- ments”. Portanto, a afirmação de que o diretório seria
ws conseguem compartilhar diretórios/pastas entre si “C:\biblioteca\documentos\projetos” não está correta.
pois utilizam se do protocolo, o SMB.CIFS. O item considera o comportamento padrão do siste-
ma operacional Windows 7, e, portanto, a afirmação

7
não pode ser absoluta, devido à flexibilidade inerente a este sistema software. A premissa de que a informação
fosse apresentada na barra de ferramentas não compromete o entendimento da questão.”

9. (AGENTE ADMINISTRATIVO – CESPE – 2014) No ambiente Linux, é possível utilizar comandos para copiar
arquivos de um diretório para um pen drive.

( ) CERTO   ( ) ERRADO

Resposta: Certo. No ambiente Linux, é permitida a execução de vários comandos por meio de um console. O
comando “cp” é utilizado para copiar arquivos entre diretórios e arquivos para dispositivos.

10. (DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2004) Ao se clicar a opção , será exibida uma janela por meio
da qual se pode verificar diversas propriedades do arquivo, como o seu tamanho e os seus atributos.
Em computadores do tipo PC, a comunicação com periféricos pode ser realizada por meio de diferentes interfaces.
Acerca desse assunto, julgue os seguintes itens.

( ) CERTO   ( ) ERRADO

Resposta: Certo. Dentre as diversas opções que podem ser consultadas ao se ativar as propriedades de um ar-
quivo estão as opções: tamanho e os seus atributos.

EDIÇÃO DE TEXTOS, PLANILHAS E APRESENTAÇÕES (AMBIENTES MICROSOFT OFFICE E


BROFFICE).

WORD 2010, 2013 E DETALHES GERAIS


NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Tela do Microsoft Word 2010

As guias foram criadas para serem orientadas por tarefas, já os grupos dentro de cada guia criam subtarefas para
as tarefas, e os botões de comando em cada grupo possui um comando.
As extensões são fundamentais, desde a versão 2007 passou a ser DOCX, mas vamos analisar outras extensões
que podem ser abordadas em questões de concursos na Figura 7.

8
Extensões de Arquivos ligados ao Word

#FicaDica
As guias envolvem grupos e botões de comando, e são organizadas por tarefa. Os Grupos dentro de
cada guia quebram uma tarefa em subtarefas. Os Botões de comando em cada grupo possuem um co-
mando ou exibem um menu de comandos.

Existem guias que vão aparecer apenas quando um determinado objeto aparecer para ser formatado. No exemplo
da imagem, foi selecionada uma figura que pode ser editada com as opções que estiverem nessa guia.

Indicadores de caixa de diálogo

Indicadores de caixa de diálogo – aparecem em alguns grupos para oferecer a abertura rápida da caixa de diálogo
do grupo, contendo mais opções de formatação.
As réguas orientam na criação de tabulações e no ajuste de parágrafos, por exemplo.
Determinam o recuo da primeira linha, o recuo de deslocamento, recuo à esquerda e permitem tabulações esquer-
da, direita, centralizada, decimal e barra.
Para ajustar o recuo da primeira linha, após posicionar o cursor do mouse no parágrafo desejado, basta pressionar
o botão esquerdo do mouse sobre o “Recuo da primeira linha” e arrastá-lo pela régua.
Para ajustar o recuo à direita do documento, basta selecionar o parágrafo ou posicionar o cursor após a linha dese-
jada, pressionar o botão esquerdo do mouse no “Recuo à direita” e arrastá-lo na régua.
Para ajustar o recuo, deslocando o parágrafo da esquerda para a direita, basta selecioná-lo e mover, na régua, como
explicado anteriormente, o “Recuo deslocado”.
Podemos também usar o recurso “Recuo à esquerda”, que move para a esquerda, tanto a primeira linha quanto o
restante do parágrafo selecionado.
Com a régua, podemos criar tabulações, ou seja, determinar onde o cursor do mouse vai parar quando pressionar-
mos a tecla Tab.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Réguas

4. Grupo edição

Permite localizar palavras em um documento, substituir palavras localizadas por outras ou aplicar formatações e
selecionar textos e objetos no documento.
Para localizar uma palavra no texto, basta clicar no ícone Localizar , digitar a palavra na linha do localizar e clicar no
botão Localizar Próxima.

9
A cada clique será localizada a próxima palavra digi- De n a m ocorrências
tada no texto. Temos também como realçar a palavra que do 10{1,3} localiza 10,
desejamos localizar para facilitar a visualizar da palavra {n,m}
caractere ou 100 e 1000.
localizada. expressão anterior
Na janela também temos o botão “Mais”. Neste bo-
tão, temos, entre outras, as opções: Uma ou mais
- Diferenciar maiúscula e minúscula: procura a palavra ocorrências do ca@tinga localiza
@
digitada na forma que foi digitada, ou seja, se foi digitada caractere ou catinga e caatinga.
em minúscula, será localizada apenas a palavra minúscu- expressão anterior
la e, se foi digitada em maiúscula, será localizada apenas
e palavra maiúscula. O grupo tabela é muito utilizado em editores de tex-
- Localizar palavras inteiras: localiza apenas a palavra to, como por exemplo a definição de estilos da tabela.
exatamente como foi digitada. Por exemplo, se tentar-
mos localizar a palavra casa e no texto tiver a palavra ca-
saco, a parte “casa” da palavra casaco será localizada, se
essa opção não estiver marcada. Marcando essa opção,
apenas a palavra casa, completa, será localizada.
- Usar caracteres curinga: com esta opção marcada,
usamos caracteres especiais. Por exemplo, é possível usar
o caractere curinga asterisco (*) para procurar uma se-
Estilos de Tabela
quência de caracteres (por exemplo, “t*o” localiza “tris-
tonho” e “término”).
Fornece estilos predefinidos de tabela, com formata-
Veja a lista de caracteres que são considerados curin-
ga, retirada do site do Microsoft Office: ções de cores de células, linhas, colunas, bordas, fontes
e demais itens presentes na mesma. Além de escolher
um estilo predefinido, podemos alterar a formatação do
Para localizar digite exemplo sombreamento e das bordas da tabela.
Qualquer caractere s?o localiza salvo e Com essa opção, podemos alterar o estilo da borda,
?
único sonho. a sua espessura, desenhar uma tabela ou apagar partes
Qualquer sequência t*o localiza tristonho de uma tabela criada e alterar a cor da caneta e ainda,
* clicando no “Escolher entre várias opções de borda”, para
de caracteres e término.
exibir a seguinte tela:
<(org) localiza
organizar e
O início de uma
< organização,
palavra
mas não localiza
desorganizado.
(do)> localiza medo
O final de uma palavra > e cedo, mas não
localiza domínio.
Um dos caracteres
[] v[ie]r localiza vir e ver
especificados
[r-t]ã localiza rã e sã.
Qualquer caractere Os intervalos devem
[-]
único neste intervalo estar em ordem
crescente.
Qualquer caractere Bordas e sombreamento
único, exceto F[!a-m]rro localiza
os caracteres no [!x-z] forro, mas não Na janela Bordas e sombreamento, no campo “Defi-
intervalo entre localiza ferro. nição”, escolhemos como será a borda da nossa tabela:
colchetes
- Nenhuma: retira a borda;
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Exatamente n
ca{2}tinga localiza - Caixa: contorna a tabela com uma borda tipo caixa;
ocorrências do
{n} caatinga, mas não - Todas: aplica bordas externas e internas na tabela
caractere ou
catinga. iguais, conforme a seleção que fizermos nos de-
expressão anterior
mais campos de opção;
Pelo menos n - Grade: aplica a borda escolhida nas demais opções
ocorrências do ca{1,}tinga localiza da janela (como estilo, por exemplo) ao redor da
{n,}
caractere ou catinga e caatinga. tabela e as bordas internas permanecem iguais.
expressão anterior - Estilo: permite escolher um estilo para as bordas
da tabela, uma cor e uma largura.

10
- Visualização: através desse recurso, podemos defi-
nir bordas diferentes para uma mesma tabela. Por
exemplo, podemos escolher um estilo e, em visua-
lização, clicar na borda superior; escolher outro es-
tilo e clicar na borda inferior; e assim colocar em
cada borda um tipo diferente de estilo, com cores
e espessuras diferentes, se assim desejarmos.

A guia “Borda da Página”, desta janela, nos traz re-


cursos semelhantes aos que vimos na Guia Bordas. A di- Grupo Texto
ferença é que se trata de criar bordas na página de um
documento e não em uma tabela. 1 – Caixa de texto: insere caixas de texto pré-formata-
Outra opção diferente nesta guia, é o item Arte. Com das. As caixas de texto são espaços próprios para inser-
ele, podemos decorar nossa página com uma borda que ção de textos que podem ser direcionados exatamente
onde precisamos. Por exemplo, na figura “Grupo Texto”,
envolve vários tipos de desenhos.
os números ao redor da figura, do 1 até o 7, foram adi-
Alguns desses desenhos podem ser formatados
cionados através de caixas de texto.
com cores de linhas diferentes, outros, porém não per-
2 – Partes rápidas: insere trechos de conteúdos reuti-
mitem outras formatações a não ser o ajuste da largura.
lizáveis, incluindo campos, propriedades de documentos
Podemos aplicar as formatações de bordas da página
como autor ou quaisquer fragmentos de texto pré-for-
no documento todo ou apenas nas sessões que desejar- mado.
mos, tendo assim um mesmo documento com bordas 3 – Linha de assinatura: insere uma linha que serve
em uma página, sem bordas em outras ou até mesmo como base para a assinatura de um documento.
bordas de página diferentes em um mesmo documento. 4 – Data e hora: insere a data e a hora atuais no documento.
5 – Insere objeto: insere um objeto incorporado.
5. Grupo Ilustrações: 6 – Capitular: insere uma letra maiúscula grande no
início de cada parágrafo. É uma opção de formatação
decorativa, muito usada principalmente, em livros e re-
vistas. Para inserir a letra capitular, basta clicar no pará-
grafo desejado e depois na opção “Letra Capitular”. Veja
o exemplo:

Neste parágrafo foi inserida a letra capitular

7. Guia revisão

Grupo Ilustrações 7.1. Grupo revisão de texto

1 – Inserir imagem do arquivo: permite inserir no teto


uma imagem que esteja salva no computador ou em ou-
tra mídia, como pendrive ou CD.
2 – Clip-art: insere no arquivo imagens e figuras
que se encontram na galeria de imagens do Word.
3 – Formas: insere formas básicas como setas, cubos,
elipses e outras.
4 – SmartArt: insere elementos gráficos para co-
municar informações visualmente.
5 – Gráfico: insere gráficos para ilustrar e comparar Grupo revisão de texto
dados.
1 – Pesquisar: abre o painel de tarefas viabilizando
6. Grupo Links: pesquisas em materiais de referência como jornais,
enciclopédias e serviços de tradução.
Inserir hyperlink: cria um link para uma página da 2 – Dica de tela de tradução: pausando o cursor sobre
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

algumas palavras é possível realizar sua tradução


Web, uma imagem, um e – mail. Indicador: cria um indi-
para outro idioma.
cador para atribuir um nome a um ponto do texto. Esse
3 – Definir idioma: define o idioma usado para realizar
indicador pode se tornar um link dentro do próprio do-
a correção de ortografia e gramática.
cumento.
4 – Contar palavras: possibilita contar as palavras, os
Referência cruzada: referência tabelas.
caracteres, parágrafos e linhas de um documento.
Grupo cabeçalho e rodapé: 5 – Dicionário de sinônimos: oferece a opção de alte-
Insere cabeçal rar a palavra selecionada por outra de significado
hos, rodapés e números de páginas. igual ou semelhante.
Grupo texto:

11
6 – Traduzir: faz a tradução do texto selecionado para 9. Grupo controle:
outro idioma.
7 – Ortografia e gramática: faz a correção ortográfica e gra-
matical do documento. Assim que clicamos na opção
“Ortografia e gramática”, a seguinte tela será aberta:

Grupo controle

1 – Controlar alterações: controla todas as alterações


feitas no documento como formatações, inclusões,
exclusões e alterações.
2 – Balões: permite escolher a forma de visualizar as
alterações feitas no documento com balões no
próprio documento ou na margem.
3 – Exibir para revisão: permite escolher a forma de
exibir as alterações aplicadas no documento.
4 – Mostrar marcações: permite escolher o tipo de
marcação a ser exibido ou ocultado no documento.
5 – Painel de revisão: mostra as revisões em uma tela
separada.

Verificar ortografia e gramática 10. Grupo alterações:

A verificação ortográfica e gramatical do Word, já


busca trechos do texto ou palavras que não se enqua-
drem no perfil de seus dicionários ou regras gramaticais
e ortográficas. Na parte de cima da janela “Verificar orto-
grafia e gramática”, aparecerá o trecho do texto ou pa-
lavra considerada inadequada. Em baixo, aparecerão as
sugestões. Caso esteja correto e a sugestão do Word não
se aplique, podemos clicar em “Ignorar uma vez”; caso a
regra apresentada esteja incorreta ou não se aplique ao
trecho do texto selecionado, podemos clicar em “Ignorar Grupo alterações
regra”; caso a sugestão do Word seja adequada, clicamos
em “Alterar” e podemos continuar a verificação de orto- 1 – Rejeitar: rejeita a alteração atual e passa para a
grafia e gramática clicando no botão “Próxima sentença”. próxima alteração proposta.
Se tivermos uma palavra sublinhada em vermelho, 2 – Anterior: navega até a revisão anterior para que
indicando que o Word a considera incorreta, podemos
seja aceita ou rejeitada.
apenas clicar com o botão direito do mouse sobre ela e
3 – Próximo: navega até a próxima revisão para que
verificar se uma das sugestões propostas se enquadra.
possa ser rejeitada ou aceita.
4 – Aceitar: aceita a alteração atual e continua a nave-
#FicaDica gação para aceitação ou rejeição.

Por exemplo, a palavra informática. Se Para imprimir nosso documento, basta clicar no bo-
clicarmos com o botão direito do mouse tão do Office e posicionar o mouse sobre o ícone “Im-
sobre ela, um menu suspenso nos será primir”. Este procedimento nos dará as seguintes opções:
mostrado, nos dando a opção de escolher
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

a palavra informática. Clicando sobre ela, a - Imprimir – onde podemos selecionar uma impresso-
palavra do texto será substituída e o texto ra, o número de cópias e outras opções de confi-
ficará correto. guração antes de imprimir.
- Impressão Rápida – envia o documento diretamente
8. Grupo comentário: para a impressora configurada como padrão e não
abre opções de configuração.
Novo comentário: adiciona um pequeno texto que ser- - Visualização da Impressão – promove a exibição do
ve como comentário do texto selecionado, onde é pos- documento na forma como ficará impresso, para
sível realizar exclusão e navegação entre os comentários. que possamos realizar alterações, caso necessário

12
Como se não bastasse, clicando com o botão direito do
mouse sobre uma palavra desconhecida, é possível ver
sua definição através do dicionário integrado do Word.
Documentos em PDF: agora é possível editar um do-
cumento PDF no Word, sem necessitar recorrer ao Adobe
Acrobat. Em seu novo formato, o Word é capaz de con-
verter o arquivo em uma extensão padrão e, depois de
editado, salvá-lo novamente no formato original. Esta fa-
çanha, contudo, passou a ser de extensa utilização, pois o
uso de arquivos PDF está sendo cada vez mais corriquei-
ro no ambiente virtual.
Interação de maneira simplificada: o Word trata nor-
malmente a colaboração de outras pessoas na criação de
um documento, ou seja, os comentários realizados neste,
como se cada um fosse um novo tópico. Com o Word
2013 é possível responder diretamente o comentário de
outra pessoa clicando no ícone de uma folha, presente
no campo de leitura do mesmo. Esta interação de usuá-
rios, realizada através dos comentários, aparece em for-
ma de pequenos balões à margem documento.
Compartilhamento Online: compartilhar seus documen-
tos com diversos usuários e até mesmo enviá-lo por e-mail
tornou-se um grande diferencial da nova plataforma Office
2013. O responsável por esta apresentação online é o Office
Presentation Service, porém, para isso, você precisa estar lo-
.
gado em uma Conta Microsoft para acessá-lo. Ao terminar
Imprimir
o arquivo, basta clicar em Arquivo / Compartilhar / Apre-
sentar Online / Apresentar Online e o mesmo será enviado
As opções que temos antes de imprimir um arquivo es-
para a nuvem e, com isso, você irá receber um link onde
tão exibidas na imagem acima. Podemos escolher a impres- poderá compartilhá-lo também por e-mail, permitindo aos
sora, caso haja mais de uma instalada no computador ou na demais usuários baixá-lo em formato PDF.
rede, configurar as propriedades da impressora, podendo Ocultar títulos em um documento: apontado como
estipular se a impressão será em alta qualidade, econômica, uma dificuldade por grande parte dos usuários, a rolagem
tom de cinza, preto e branca, entre outras opções. e edição de determinadas partes de um arquivo muito ex-
Escolhemos também o intervalo de páginas, ou seja, tenso, com vários títulos, acabou de se tornar uma tarefa
se desejamos imprimir todo o documento, apenas a pá- mais fácil e menos desconfortável. O Word 2013 permite
gina atual (página em que está o ponto de inserção), ou ocultar as seções e/ou títulos do documento, bastando os
um intervalo de páginas. Podemos determinar o número mesmos estarem formatados no estilo Títulos (pré-defini-
de cópias e a forma como as páginas sairão na impres- dos pelo Office). Ao posicionar o mouse sobre o título, é
são. Por exemplo, se forem duas cópias, determinamos exibida uma espécie de triângulo a sua esquerda, onde,
se sairão primeiro todas as páginas de número 1, depois ao ser clicado, o conteúdo referente a ele será ocultado,
as de número 2, assim por diante, ou se desejamos que bastando repetir a ação para o mesmo reaparecer.
a segunda cópia só saia depois que todas as páginas da Enfim, além destas novidades apresentadas existem
primeira forem impressas. outras tantas, como um layout totalmente modificado,
focado para a utilização do software em tablets e apare-
lhos com telas sensíveis ao toque. Esta nova plataforma,
#FicaDica também, abre um amplo leque para a adição de vídeos
Perguntas de intervalos de impressão são online e imagens ao documento. Contudo, como forma
constantes em questões de concurso! de assegurar toda esta relação online de compartilha-
mento e boas novidades, a Microsoft adotou novos me-
canismos de segurança para seus aplicativos, retornando
mais tranquilidade para seus usuários.
WORD 2013 O grande trunfo do Office 2013 é sua integração com a
nuvem. Do armazenamento de arquivos a redes sociais, os
Vejamos abaixo alguns novos itens implementados softwares dessa versão são todos conectados. O ponto de
na plataforma Word 2013: encontro deles é o SkyDrive, o HD na internet da Microsoft.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Modo de leitura: o usuário que utiliza o software para A tela de apresentação dos principais programas é
a leitura de documentos perceberá rapidamente a dife- ligada ao serviço, oferecendo opções de login, upload e
rença, pois seu novo Modo de Leitura conta com um mé- download de arquivos. Isso permite que um arquivo do
todo que abre o arquivo automaticamente no formato Word, por exemplo, seja acessado em vários dispositivos
de tela cheia, ocultando as barras de ferramentas, edição com seu conteúdo sincronizado. Até a página em que o
e formatação. Além de utilizar a setas do teclado (ou o documento foi fechado pode ser registrada.
toque do dedo nas telas sensíveis ao toque) para a troca Da mesma maneira, é possível realizar trabalhos em
e rolagem da página durante a leitura, basta o usuário conjunto entre vários usuários. Quem não tem o Office
dar um duplo clique sobre uma imagem, tabela ou gráfi- instalado pode fazer edições na versão online do sistema.
co e o mesmo será ampliado, facilitando sua visualização. Esses e outros contatos podem ser reunidos no Outlook.

13
As redes sociais também estão disponíveis nos outros programas. É possível fazer buscas de imagens no Bing ou
baixar fotografias do Flickr, por exemplo. Outro serviço de conectividade é o SharePoint, que indica arquivos a serem
acessados e contatos a seguir baseado na atividade do usuário no Office.
O Office 365 é um novo jeito de usar os tão conhecidos softwares do pacote Office da Microsoft. Em vez de comprar
programas como Word, Excel ou PowerPoint, você agora pode fazer uma assinatura e desfrutar desses aplicativos e de
muitos outros no seu computador ou smartphone.
A assinatura ainda traz diversas outras vantagens, como 1 TB de armazenamento na nuvem com o OneDrive, mi-
nutos Skype para fazer ligações para telefones fixos e acesso ao suporte técnico especialista da Microsoft. Tudo isso
pagando uma taxa mensal, o que você já faz para serviços essenciais para o seu dia a dia, como Netflix e Spotify. Porém,
aqui estamos falando da suíte de escritório indispensável para qualquer computador.

Veja abaixo as versões do Office 365

Versões Office 365


14. LibreOffice Writer

O LibreOffice (que se chamava BrOffice) é um software livre e de código aberto que foi desenvolvido tendo como
base o OpenOffice. Pode ser instalado em vários sistemas operacionais (Windows, Linux, Solaris, Unix e Mac OS X), ou
seja, é multiplataforma. Os aplicativos dessa suíte são:

• Writer - editor de texto;


• Calc - planilha eletrônica;
• Impress - editor de apresentações;
• Draw - ferramenta de desenho vetorial;
• Base - gerenciador de banco de dados;
• Math - editor de equações matemáticas.

- O LibreOffice trabalha com um formato de padrão aberto chamado Open Document Format for Office Applications
(ODF), que é um formato de arquivo baseado na linguagem XML. Os formatos para Writer, Calc e Impress utilizam o
mesmo “prefixo”, que é “od” de “Open Document”. Dessa forma, o que os diferencia é a última letra. Writer → .odt (Open
Document Text); Calc → .ods (Open Document Spreadsheet); e Impress → .odp (Open Document Presentations).
Em relação a interface com o usuário, o LibreOffice utiliza o conceito de menus para agrupar as funcionalidades do
aplicativo. Além disso, todos os aplicativos utilizam uma interface semelhante. Veja no exemplo abaixo o aplicativo Writer.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Tela do Libreoffice Writer

14
O LibreOffice permite que o usuário crie tarefas automatizadas que são conhecidas como macros (utilizando a
linguagem LibreOffice Basic).
O Writer é o editor de texto do LibreOffice e o seu formato de arquivo padrão é o .odt (Open Document Text). As
principais teclas de atalho do Writer são:
Destacar essa tabela devido a recorrência em cair atalhos em concurso

Atalhos Word x Writer

Excel 2010, 2013 e detalhes gerais

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

15
Barra de Títulos:
A linha superior da tela é a barra de títulos, que mostra o nome da pasta de trabalho na janela. Ao iniciar o programa
aparece Pasta 1 porque você ainda não atribuiu um nome ao seu arquivo.

Faixa de Opções:
Desde a versão 2007 do Office, os menus e barras de ferramentas foram substituídos pela Faixa de Opções. Os co-
mandos são organizados em uma única caixa, reunidos em guias. Cada guia está relacionada a um tipo de atividade e,
para melhorar a organização, algumas são exibidas somente quando necessário.

Faixa de Opções

Barra de Ferramentas de Acesso Rápido:


A Barra de Ferramentas de Acesso Rápido fica posicionada no topo da tela e pode ser configurada com os botões
de sua preferência, tornando o trabalho mais ágil.

Barra de Ferramentas de Acesso Rápido

Adicionando e Removendo Componentes:


Para ocultar ou exibir um botão de comando na barra de ferramentas de acesso rápido podemos clicar com o botão
direito no componente que desejamos adicionar, em qualquer guia. Será exibida uma janela com a opção de Adicionar
à Barra de Ferramentas de Acesso Rápido. Temos ainda outra opção de adicionar ou remover componentes nesta bar-
ra, clicando na seta lateral. Na janela apresentada temos várias opções para personalizar a barra, além da opção Mais
Comandos..., onde temos acesso a todos os comandos do Excel.

Adicionando componentes à Barra de Ferramentas de Acesso Rápido

Para remoção do componente, selecione-o, clique com o botão direito do mouse e escolha Remover da Barra de
Ferramentas de Acesso Rápido.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Barra de Status:
Localizada na parte inferior da tela, a barra de status exibe mensagens, fornece estatísticas e o status de algumas
teclas. Nela encontramos o recurso de Zoom e os botões de “Modos de Exibição”.

Barra de Status

Clicando com o botão direito sobre a barra de status, será exibida a caixa Personalizar barra de status. Nela pode-
mos ativar ou desativar vários componentes de visualização.

16
Personalizar Barra de Status

Barras de Rolagem: Nos lados direito e inferior da região de texto estão as barras de rolagem. Clique nas setas para
cima ou para baixo para mover a tela verticalmente, ou para a direita e para a esquerda para mover a tela horizontal-
mente, e assim poder visualizar toda a sua planilha.

Planilha de Cálculo: A área quadriculada representa uma planilha de cálculos, na qual você fará a inserção de dados
e fórmulas para colher os resultados desejados.
Uma planilha é formada por linhas, colunas e células. As linhas são numeradas (1, 2, 3, etc.) e as colunas nomeadas
com letras (A, B, C, etc.).

Planilha de Cálculo
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

17
Cabeçalho de Coluna: Cada coluna tem um cabeça-
lho, que contém a letra que a identifica. Ao clicar na letra,
toda a coluna é selecionada.

Cabeçalho de linha

#FicaDica
Célula: As células, são as combinações en-
tre linha e colunas. Por exemplo, na coluna
A, linha 1, temos a célula A1. Na Caixa de
Seleção de Coluna Nome, aparecerá a célula onde se encontra
o cursor.
Ao dar um clique com o botão direito do mouse so-
bre o cabeçalho de uma coluna, aparecerá o menu pop-
-up, onde as opções deste menu são as seguintes: Sendo assim, as células são representadas como mos-
-Formatação rápida: a caixa de formatação rápida tra a tabela:
permite escolher a formatação de fonte e formato
de dados, bem como mesclagem das células (será
abordado mais detalhadamente adiante).
-Recortar: copia toda a coluna para a área de trans-
ferência, para que possa ser colada em outro local
determinado e, após colada, essa coluna é excluída
do local de origem.
-Copiar: copia toda a coluna para a área de transfe-
rência, para que possa ser colada em outro local
determinado.
-Opções de Colagem: mostra as diversas opções de Representação das Células
itens que estão na área de transferência e que te-
nham sido recortadas ou copiadas. Caixa de Nome: Você pode visualizar a célula na qual
-Colar especial: permite definir formatos específicos o cursor está posicionado através da Caixa de Nome, ou,
na colagem de dados, sobretudo copiados de ou- ao contrário, pode clicar com o mouse nesta caixa e digi-
tros aplicativos. tar o endereço da célula em que deseja posicionar o cur-
-Inserir: insere uma coluna em branco, exatamente sor. Após dar um “Enter”, o cursor será automaticamente
antes da coluna selecionada. posicionado na célula desejada.
-Excluir: exclui toda a coluna selecionada, inclusive os
dados nela contidos e sua formatação. Guias de Planilhas: Em versões anteriores do Excel,
-Limpar conteúdo: apenas limpa os dados de toda a ao abrir uma nova pasta de trabalho no Excel, três pla-
coluna, mantendo a formatação das células. nilhas já eram criadas: Plan1, Plan2 e Plan3. Nesta ver-
-Formatar células: permite escolher entre diversas op- são, somente uma planilha é criada, e você poderá criar
ções para fazer a formatação das células (tal proce- outras, se necessitar. Para criar nova planilha dentro da
dimento será visto detalhadamente adiante). pasta de trabalho, clique no sinal + ( ). Para
-Largura da coluna: permite definir o tamanho da co- alternar entre as planilhas, basta clicar sobre a guia, na
luna selecionada. planilha que deseja trabalhar.
-Ocultar: oculta a coluna selecionada. Muitas vezes Você verá, no decorrer desta lição, como podemos
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

uma coluna é utilizada para fazer determinados cruzar dados entre planilhas e até mesmo entre pastas
cálculos, necessários para a totalização geral, mas de trabalho diferentes, utilizando as guias de planilhas.
desnecessários na visualização. Neste caso, utiliza- Ao posicionar o mouse sobre qualquer uma das pla-
-se esse recurso. nilhas existentes e clicar com o botão direito aparecerá
-Re-exibir: reexibe colunas ocultas. um menu pop up.

Cabeçalho de Linha: Cada linha tem também um ca-


beçalho, que contém o número que a identifica. Clicando
no cabeçalho de uma linha, esta ficará selecionada.

18
Caixa Selecionar Tudo

Barra de Fórmulas: Na barra de fórmulas são digita-


das as fórmulas que efetuarão os cálculos.
A principal função do Excel é facilitar os cálculos com
o uso de suas fórmulas. A partir de agora, estudaremos
Menu Planilhas várias de suas fórmulas. Para iniciar, vamos ter em mente
que, para qualquer fórmula que será inserida em uma
As funções deste menu são as seguintes: célula, temos que ter sinal de “=” no seu início. Esse sinal,
-Inserir: insere uma nova planilha exatamente antes oferece uma entrada no Excel que o faz diferenciar textos
da planilha selecionada. ou números comuns de uma fórmula.
-Excluir: exclui a planilha selecionada e os dados que
ela contém. Somar: Se tivermos uma sequência de dados numéri-
-Renomear: renomeia a planilha selecionada. cos e quisermos realizar a sua soma, temos as seguintes
-Mover ou copiar: você pode mover a planilha para formas de fazê-lo:
outra posição, ou mesmo criar uma cópia da planilha
com todos os dados nela contidos.
-Proteger Planilha: para impedir que, por acidente ou
deliberadamente, um usuário altere, mova ou exclua da-
dos importantes de planilhas ou pastas de trabalho, você
pode proteger determinados elementos da planilha (pla-
nilha: o principal documento usado no Excel para arma-
zenar e trabalhar com dados, também chamado planilha
Soma simples
eletrônica. Uma planilha consiste em células organizadas
em colunas e linhas; ela é sempre armazenada em uma
pasta de trabalho.) ou da pasta de trabalho, com ou sem Usamos, nesse exemplo, a fórmula =B2+B3+B4.
senha (senha: uma forma de restringir o acesso a uma Após o sinal de “=” (igual), clicar em uma das células,
pasta de trabalho, planilha ou parte de uma planilha. As digitar o sinal de “+” (mais) e continuar essa sequência
senhas do Excel podem ter até 255 letras, números, espa- até o último valor.
ços e símbolos. É necessário digitar as letras maiúsculas Após a sequência de células a serem somadas, clicar
e minúsculas corretamente ao definir e digitar senhas.). no ícone soma, ou usar as teclas de atalho Alt+=.
É possível remover a proteção da planilha, quando ne- A última forma que veremos é a função soma digi-
cessário. tada. Vale ressaltar que, para toda função, um início é
-Exibir código: pode-se criar códigos de programação fundamental:
em VBA (Visual Basic for Aplications) e vincular às guias = nome da função (
de planilhas (trata-se de tópico de programação avança-
da, que não é o objetivo desta lição, portanto, não será
abordado).
-Cor da guia: muda a cor das guias de planilhas.
-Ocultar/Re-exibir: oculta/reexibe uma planilha. 1 - Sinal de igual.
-Selecionar todas as planilhas: cria uma seleção em 2 – Nome da função.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

todas as planilhas para que possam ser configuradas e 3 – Abrir parênteses.


impressas juntamente.
Após essa sequência, o Excel mostrará um pequeno
Selecionar Tudo: Clicando-se na caixa Selecionar lembrete sobre a função que iremos usar, e nele é possí-
tudo, todas as células da planilha ativa serão selecionadas. vel clicar e obter ajuda, também. Usaremos, no exemplo
a seguir, a função = soma(B2:B4).
Lembre-se, basta colocar a célula que contém o pri-
meiro valor, em seguida os dois pontos (:) e por último a
célula que contém o último valor.

19
Subtrair: A subtração será feita sempre entre dois va- Na célula C1 está sendo mostrado o resultado da fun-
lores, por isso não precisamos de uma função específica. ção =hoje(), que aparece na barra de fórmulas.
Tendo dois valores em células diferentes, podemos Inteiro: Com essa função podemos obter o valor in-
apenas clicar na primeira, digitar o sinal de “-” (menos) teiro de uma fração. A função a ser digitada é =int(A2).
e depois clicar na segunda célula. Usamos na figura a Lembramos que A2 é a célula escolhida e varia de acordo
seguir a fórmula = B2-B3. com a célula a ser selecionada na planilha trabalhada.

Multiplicar: Para realizarmos a multiplicação, proce- Arredondar para cima: Com essa função, é possível
demos de forma semelhante à subtração. Clicamos no arredondar um número com casas decimais para o nú-
primeiro número, digitamos o sinal de multiplicação que, mero mais distante de zero.
para o Excel é o “*” asterisco, e depois, clicamos no último Sua sintaxe é: = ARREDONDAR.PARA.CIMA(núm;núm_
valor. No próximo exemplo, usaremos a fórmula =B2*B3. dígitos)
Outra forma de realizar a multiplicação é através da Onde:
seguinte função: Núm: é qualquer número real que se deseja arredon-
=mult(B2;c2) multiplica o valor da célula B2 pelo va- dar.
lor da célula C2. Núm_dígitos: é o número de dígitos para o qual se
deseja arredondar núm.
Dividir: Para realizarmos a divisão, procedemos de
forma semelhante à subtração e multiplicação. Clicamos
no primeiro número, digitamos o sinal de divisão que,
para o Excel é a “/” barra, e depois, clicamos no último
valor. No próximo exemplo, usaremos a fórmula =B3/B2.

Máximo: Mostra o maior valor em um intervalo de Início da função arredondar para cima
células selecionadas. Na figura a seguir, iremos calcular
a maior idade digitada no intervalo de células de A2 até Veja na figura, que quando digitamos a parte inicial
A5. A função digitada será = máximo(A2:A5). da função, o Excel nos mostra que temos que selecio-
Onde: “= máximo” – é o início da função; (A2:A5) – nar o num, ou seja, a célula que desejamos arredondar
refere-se ao endereço dos valores onde você deseja ver e, depois do “;” (ponto e vírgula), digitar a quantidade de
qual é o maior valor. No caso a resposta seria 10. dígitos para a qual queremos arredondar.
Na próxima figura, para efeito de entendimento, dei-
Mínimo: Mostra o menor valor existente em um in- xaremos as funções aparentes, e os resultados dispostos
tervalo de células selecionadas. na coluna C:
Na figura a seguir, calcularemos o menor salário digi-
tado no intervalo de A2 até A5. A função digitada será = A função Arredondar.para.Baixo segue exatamente o
mínimo (A2:A5). mesmo conceito.
Onde: “= mínimo” – é o início da função; (A2:A5) – Resto: Com essa função podemos obter o resto de
refere-se ao endereço dos valores onde você deseja ver uma divisão. Sua sintaxe é a seguinte:
qual é o maior valor. No caso a resposta seria R$ 622,00. = mod (núm;divisor)
Onde:
Média: A função da média soma os valores de uma Núm: é o número para o qual desejamos encontrar
sequência selecionada e divide pela quantidade de valo- o resto.
res dessa sequência. divisor: é o número pelo qual desejamos dividir o
Na figura a seguir, foi calculada a média das alturas número.
de quatro pessoas, usando a função = média (A2:A4)
Foi digitado “= média )”, depois, foram selecionados
os valores das células de A2 até A5. Quando a tecla Enter
for pressionada, o resultado será automaticamente colo-
cado na célula A6.
Todas as funções, quando um de seus itens for altera-
do, recalculam o valor final. Exemplo de digitação da função MOD

Data: Esta fórmula insere a data automática em uma Os valores do exemplo a cima serão, respectivamen-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

planilha. te: 1,5 e 1.


Valor Absoluto: Com essa função podemos obter o
valor absoluto de um número. O valor absoluto, é o nú-
mero sem o sinal. A sintaxe da função é a seguinte:
=abs(núm)
Onde: aBs(núm)
Núm: é o número real cujo valor absoluto você deseja
Exemplo função hoje obter.

20
Exemplo função abs

Dias 360: Retorna o número de dias entre duas datas com base em um ano de 360 dias (doze meses de 30 dias).
Sua sintaxe é:
= DIAS360(data_inicial;data_final)
Onde:
data_inicial = a data de início de contagem.
Data_final = a data a qual quer se chegar.

No exemplo a seguir, vamos ver quantos dias faltam para chegar até a data de 14/06/2018, tendo como data inicial
o dia 05/03/2018. A função utilizada será =dias360(A2;B2)

Exemplo função dias360

Vamos usar a Figura abaixo para explicar as próximas funções (Se, SomaSe, Cont.Se)

Exemplo (Se, SomaSe, Cont.se)


NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Função SE: O SE é uma função condicional, ou seja, verifica SE uma condição é verdadeira ou falsa.
A sintaxe dessa função é a seguinte:
=SE(teste_lógico;“valor_se_verdadeiro”;“valor_se_falso”)
=: Significa a chamada para uma fórmula/função
SE: função SE
teste_lógico: a pergunta a qual se deseja ter resposta
“valor_se_verdadeiro”: se a resposta da pergunta for verdadeira, define o resultado “valor_se_falso” se a resposta da
pergunta for falsa, define o resultado.
Usando a planilha acima como exemplo, na coluna ‘E’ queremos colocar uma mensagem se o funcionário recebe um
salário igual ou acima do valor mínimo R$ 724,00 ou abaixo do valor mínimo determinado em R$ 724,00.

21
Assim, temos a condição: MOSTRA O RESULTADO NA CÉLULA D17
SE VALOR DE C3 FOR MAIOR OU IGUAL a 724, então Traduzindo a condição em variáveis teremos:
ESCREVA “ACIMA”, senão ESCREVA “ABAIXO” MOSTRA O Resultado: será mostrado na célula D17, portanto é
RESULTADO NA CÉLULA E3 onde devemos digitar a fórmula
Traduzindo a condição em variáveis teremos: Intervalo para análise: C3:C10
Resultado: será mostrado na célula C3, portanto é Critério: “FEMININO”
onde devemos digitar a fórmula Intervalo para soma: D3:D10
Teste lógico: C3>=724 Assim, com o cursor na célula D17, digitamos:
Valor_se_verdadeiro: “Acima” =SomaSE(D3:D10;”feminino”;C3:C10)
Valor_se_falso: “Abaixo”
Assim, com o cursor na célula E3, digitamos: Função CONT.SE: O CONT.SE é uma função de con-
=SE(C3>=724;”Acima”;”Abaixo”) tagem condicionada, ou seja, CONTA a quantidade de
registros, SE determinada condição for verdadeira. A sin-
Para cada uma das linhas, podemos copiar e colar as taxe desta função é a seguinte:
fórmulas, e o Excel, inteligentemente, acertará as linhas e =CONT.SE(intervalo;“critérios”)
colunas nas células. Nossas fórmulas ficarão assim: = : significa a chamada para uma fórmula/função
E4 ↑ =SE(C4>=724;”Acima”;”Abaixo”) CONT.SE: chamada para a função CONT.SE
E5 ↑ =SE(C5>=724;”Acima”;”Abaixo”) intervalo: intervalo de células onde será feita a análise
E6 ↑ =SE(C6>=724;”Acima”;”Abaixo”) dos dados
E7 ↑ =SE(C7>=724;”Acima”;”Abaixo”) “critérios”: critérios a serem avaliados nas células do
E8 ↑ =SE(C8>=724;”Acima”;”Abaixo”) “intervalo”
E9 ↑ =SE(C9>=724;”Acima”;”Abaixo”) Usando a planilha acima como exemplo, queremos
E10 ↑ =SE(C10>=724;”Acima”;”Abaixo”) saber quantas pessoas ganham R$ 1.200,00 ou mais, e
mostrar o resultado na célula D14, e quantas ganham
Função SomaSE: A SomaSE é uma função de soma abaixo de R$1.200,00 e mostrar o resultado na célula
condicionada, ou seja, SOMA os valores, SE determina- D15. Para isso precisamos criar a seguinte condição:
da condição for verdadeira. A sintaxe desta função é a
seguinte: R$ 1.200,00 ou MAIS:
=SomaSe(intervalo;“critérios”;intervalo_soma) SE SALÁRIO NO INTERVALO C3 ATÉ C10 FOR MAIOR
=Significa a chamada para uma fórmula/função OU IGUAL A 1.200,00, ENTÃO
SomaSe: função SOMASE CONTA REGISTROS NO INTERVALO C3 ATÉ C10
intervalo: Intervalo de células onde será feita a análise MOSTRA O RESULTADO NA CÉLULA D14
dos dados
“critérios”: critérios (sempre entre aspas) a serem ava- Traduzindo a condição em variáveis teremos:
liados a fim de chegar à condição verdadeira Resultado: será mostrado na célula D14, portanto é
intervalo_soma: Intervalo de células onde será verifi- onde devemos digitar a fórmula
cada a condição para soma dos valores Intervalo para análise: C3:C10
Exemplo: usando a planilha acima, queremos somar Critério: >=1200
os salários de todos os funcionários HOMENS e mostrar Assim, com o cursor na célula D14, digitamos:
o resultado na célula D16. E também queremos somar =CONT.SE(C3:C10;”>=1200”)
os salários das funcionárias mulheres e mostrar o resul- MENOS DE R$ 1.200,00:
tado na célula D17. Para isso precisamos criar a seguinte SE SALÁRIO NO INTERVALO C3 ATÉ C10 FOR ME-
condição: NOR QUE 1200, ENTÃO
HOMENS: CONTA REGISTROS NO INTERVALO C3 ATÉ C10
SE SEXO NO INTERVALO C3 ATÉ C10 FOR MASCU- MOSTRA O RESULTADO NA CÉLULA D15
LINO, ENTÃO
SOMA O VALOR DO SALÁRIO MOSTRADO NO Traduzindo a condição em variáveis teremos:
INTERVALO D3 ATÉ D10 Resultado: será mostrado na célula D15, portanto é
MOSTRA O RESULTADO NA CÉLULA D16 onde devemos digitar a fórmula
Intervalo para análise: C3:C10
Traduzindo a condição em variáveis teremos: Critério: <1200
Resultado: será mostrado na célula D16, portanto é Assim, com o cursor na célula D15, digitamos:
onde devemos digitar a fórmula =CONT.SE(C3:C10;”<1200”)
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Intervalo para análise: C3:C10


Critério: “MASCULINO” Observações: fique atento com o > (maior) e < (me-
Intervalo para soma: D3:D10 nor), >= (maior ou igual) e <=(menor ou igual). Se tivés-
Assim, com o cursor na célula D16, digitamos: semos determinado a contagem de valores >1200 (maior
=SOMASE(D3:D10;”masculino”;C3:C10) que 1200) e <1200 (menor que 1200), o valor =1200
MULHERES: (igual a 1200) não entraria na contagem.
SE SEXO NO INTERVALO C3 ATÉ C10 FOR FEMINI-
NO, ENTÃO Formatação de Células: Ao observar a planilha abai-
SOMA O VALOR DO SALÁRIO MOSTRADO NO IN- xo, fica claro que não é uma planilha bem formatada, va-
TERVALO D3 ATÉ D10 mos deixar ela de uma maneira mais agradável.

22
Planilha sem Formatação

Vamos utilizar os 3(três) passos apontados na Figura abaixo:

Formatando a planilha

O primeiro passo é mesclar e centralizar o título, para isso utilizamos o botão Mesclar e Centralizar, entre outras
opções de alinhamento, como centralizar, direção do texto, entre outras.

Formatando a planilha (Passo 1)

Em seguida, vamos colocar uma borda no texto digitado, vamos escolher a opção “Todas as bordas”, podemos
mudar o título para negrito, mudar a cor do fundo e/ou de uma fonte, basta selecionar a(s) célula(s) e escolher as for-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

matações.

Formatando a planilha (Passo 2)

23
Para finalizar essa etapa vamos formatar a coluna C para moeda, que é o caso desse exemplo, porém pode ser rea-
lizado vários outros tipos de formatação, como, porcentagem, data, hora, científico, basta clicar no dropbox onde está
escrito geral e escolher.

Formatando a planilha (Passo 3)

O resultado final nos traz uma planilha muito mais agradável e de fácil entendimento:

Planilha Formatada

Ordenando os dados: Você pode digitar os dados em qualquer ordem, pois o Excel possui uma ferramenta muito
útil para ordenar os dados.
Ao clicar neste botão, você tem as opções para classificar de A a Z (ordem crescente), de Z a A (ordem decrescente)
ou classificação personalizada.
Para ordenar seus dados, basta clicar em uma célula da coluna que deseja ordenar, e selecionar a classificação cres-
cente ou decrescente. Mas cuidado! Se você selecionar uma coluna inteira, nas versões mais antigas do Excel, você irá
classificar os dados dessa coluna, mas vai manter os dados das outras colunas onde estão. Ou seja, seus dados ficarão
alterados. Nas versões mais novas, ele fará a pergunta, se deseja expandir a seleção e dessa forma, fazer a classificação
dos dados junto com a coluna de origem, ou se deseja manter a seleção e classificar somente a coluna selecionada.
Filtrando os dados: Ainda no botão temos a opção FILTRO. Ao selecionar esse botão, cada uma das colunas da
nossa planilha irá abrir uma seta para fazer a seleção dos dados que desejamos visualizar. Assim, podemos filtrar e
visualizar somente os dados do mês de Janeiro ou então somente os gastos com contas de consumo, por exemplo.

Grupo ferramentas de dados:


- Texto para colunas: separa o conteúdo de uma célula do Excel em colunas separadas.
- Remover duplicatas: exclui linhas duplicadas de uma planilha - Validação de dados: permite especificar valores invá-
lidos para uma planilha. Por exemplo, podemos especificar que a planilha não aceitará receber valores menores que 10.
- Consolidar: combina valores de vários intervalos em um novo intervalo.
- Teste de hipóteses: testa diversos valores para a fórmula na planilha.

Gráficos: Outra forma interessante de analisar os dados é utilizando gráficos. O Excel monta os gráficos rapida-
mente e é muito fácil. Na Guia Inserir da Faixa de Opções, temos diversas opções de gráficos que podem ser utilizados.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Gráficos

Utilizando a planilha da Concessionária Grupo Nova, teremos o seguinte gráfico escolhido

24
Gráfico de Colunas – 3D

Redimensione o gráfico clicando com o mouse nas bordas para aumentar de tamanho. Reposicione o gráfico na
página, clicando nas linhas e arrastando até o local desejado.

#FicaDica
Importante mencionar que o conceito do Excel 365 é o mesmo apontado no Word, ou seja, fazem parte do
Office 365, que podem ser comprados conforme figura 39.

LibreOffice Calc

O Calc é o software de planilha eletrônica do LibreOffice e o seu formato de arquivo padrão é o .ods (Open Docu-
ment Spreadsheet).
O Calc trabalha de modo semelhante ao Excel no que se refere ao uso de fórmulas. Ou seja, uma fórmula é iniciada
pelo sinal de igual (=) e seguido por uma sequência de valores, referências a células, operadores e funções.
Algumas diferenças entre o Calc e o Excel:
Para fazer referência a uma interseção no Calc, utiliza-se o sinal de exclamação (!). Por exemplo, “B2:C4!C3:C6” retor-
nará a C3 e C4 (interseção entre os dois intervalos). No Excel, isso é feito usando um espaço em branco (B2:C4 C3:C6).
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Exemplo de Operação no Calc

25
Para fazer referência a uma célula que esteja em outra planilha, na mesma pasta de trabalho, digite “nome_da_pla-
nilha + . + célula. Por exemplo, “Plan2.A1” faz referência a célula A1 da planilha chamada Plan2. No Excel, isso é feito
usando o sinal de exclamação ! (Plan2!A1).
Menus do Calc
Arquivo - contém comandos que se aplicam ao documento inteiro como Abrir, Salvar e Exportar como PDF.
Editar - contém comandos para editar o conteúdo documento como, por exemplo, Desfazer, Localizar e Substituir,
Cortar, Copiar e Colar.
Exibir - contém comandos para controlar a exibição de um documento tais como Zoom, Tela Inteira e Navegador.
Inserir - contém comandos para inserção de novos elementos no documento como células, linhas, colunas, plani-
lhas, gráficos.
Formatar - contém comandos para formatar células selecionadas, objetos e o conteúdo das células no documento.
Ferramentas - contém ferramentas como Ortografia, Atingir meta, Rastrear erro, etc.
Dados - contém comandos para editar os dados de uma planilha. É possível classificar, utilizar filtros, validar, etc.
Janela - contém comandos para manipular e exibir janelas no documento.
Ajuda - permite acessar o sistema de ajuda do LibreOffice.

PowerPoint 2010, 2013 e detalhes gerais


Na tela inicial do PowerPoint, são listadas as últimas apresentações editadas (à esquerda), opção para criar nova
apresentação em branco e ainda, são sugeridos modelos para criação de novas apresentações (ao centro).
Ao selecionar a opção de Apresentação em Branco você será direcionado para a tela principal, composta pelos
elementos básicos apontados na figura abaixo, e descritos nos tópicos a seguir.

Figura 52: Tela Principal do PowerPoint 2013

Barra de Títulos: A linha superior da tela é a barra de títulos, que mostra o nome da apresentação na janela. Ao
iniciar o programa aparece Apresentação 1 porque você ainda não atribuiu um nome ao seu arquivo.
Faixa de Opções: Desde a versão 2007 do Office, os menus e barras de ferramentas foram substituídos pela Faixa de
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Opções. Os comandos são organizados em uma única caixa, reunidos em guias. Cada guia está relacionada a um tipo
de atividade e, para melhorar a organização, algumas são exibidas somente quando necessário.

Faixa de Opções

26
Barra de Ferramentas de Acesso Rápido: A Barra de Ferramentas de Acesso Rápido fica posicionada no topo da
tela e pode ser configurada com os botões de sua preferência, tornando o trabalho mais ágil.
Adicionando e Removendo Componentes: Para ocultar ou exibir um botão de comando na barra de ferramentas
de acesso rápido podemos clicar com o botão direito no componente que desejamos adicionar, em qualquer guia. Será
exibida uma janela com a opção de Adicionar à Barra de Ferramentas de Acesso Rápido.

Adicionando itens à Barra de Ferramentas de Acesso Rápido

Temos ainda outra opção de adicionar ou remover componentes nesta barra, clicando na seta lateral. É aberto o
menu Personalizar Barra de Ferramentas de Acesso Rápido, que apresenta várias opções para personalizar a barra, além
da opção Mais Comandos..., onde temos acesso a todos os comandos do PowerPoint.
Para remoção do componente, no mesmo menu selecione-o. Se preferir, clique com o botão direito do mouse sobre
o ícone que deseja remover e escolha Remover da Barra de Ferramentas de Acesso Rápido.
Barra de Status: Localizada na parte inferior da tela, a barra de status permite incluir anotações e comentários na
sua apresentação, mensagens, fornece estatísticas e o status de algumas teclas. Nela encontramos o recurso de Zoom
e os botões de ‘Modos de Exibição’.

Barra de Status

Clicando com o botão direito sobre a barra de status, será exibida a caixa Personalizar barra de status. Nela pode-
mos ativar ou desativar vários componentes de visualização.
Durante uma apresentação, os slides do PowerPoint vão sendo projetados no monitor do computador, lembrando
os antigos slides fotográficos.
O apresentador pode inserir anotações, observações importantes, que deverão ser abordadas durante a apresentação.
Estas anotações serão visualizadas somente pelo apresentador quando, durante a apresentação, for selecionado o Modo
de Exibição do Apresentador (basta clicar com o botão direito do mouse e selecionar esta opção durante a apresentação).

Modelos e Temas Online: Algumas vezes parece impossível iniciar uma apresentação. Você nem mesmo sabe
como começar. Nestas situações pode-se usar os modelos prontos, que fornecem sugestões para que você possa
iniciar a criação de sua apresentação. A versão PowerPoint 2013 traz vários modelos disponíveis online divididos por
temas (é necessário estar conectado à internet).
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Modelos e temas online

27
Para utilizar um modelo pronto, selecione um tema. Em nosso exemplo, vamos selecionar ‘Negócios’. Aparecerão
vários modelos prontos que podem ser utilizados para a criação de sua apresentação, conforme mostra a figura abaixo.

Apresentações Modelo ‘Negócios’

Procure conhecer os modelos, clicando sobre eles. Utilize as barras de rolagem para rolar a tela, visualizar as possi-
bilidades, e possivelmente escolher um modelo, dentre as inúmeras possibilidades fornecidas, para criar apresentações
profissionais com muita agilidade.
Ao escolher um modelo, clique no botão ‘Criar’ e aguarde o download do arquivo. Será criado um novo arquivo em
seu computador, que você poderá salvar onde quiser. A partir daí, basta customizar os dados e utilizá-lo como SUA
APRESENTAÇÃO.
Tanto o layout como o padrão de formatação de fontes, poderão ser alterados em qualquer momento, para atender
às suas necessidades.

Apresentação de Slides:

Antes de começarmos a trabalhar em um novo slide, ou nova apresentação, vamos entender um pouco melhor
como funciona uma apresentação. Escolha um modelo pronto qualquer, faça o download, e inicie a apresentação,
assim:
Na barra ‘Modos de exibição de slides’, localizada na barra de status, clique no botão ‘Modo de Apresentação de
Slides’.
Dê cliques com o mouse para seguir ao próximo slide. Ao clicar na apresentação, são exibidos botões de navegação,
que permitem que você siga para o próximo slide ou volte ao anterior, conforme mostrado abaixo. Além dos botões de
navegação você também conta com outras ferramentas durante sua apresentação.

Botões de Navegação e Outras Ferramentas

Exibição de Slides: Vamos agora começar a personalizar nossa apresentação, tendo como base o modelo criado. Se
ainda estiver com uma apresentação aberta, termine a apresentação, retornando à estrutura. Clique, na faixa de opções,
no menu ‘EXIBIÇÃO’.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Alternando entre os Modos de Exibição

Modo Normal: No modo de exibição ‘Normal’, você trabalha em um slide de cada vez e pode organizar a estrutura
de todos os slides da apresentação.

28
Modo de Exibição ‘Normal’.

#FicaDica
Para mover de um slide para outro clique sobre o slide (do lado esquerdo) que deseja visualizar na tela,
ou utilize as teclas ‘PageUp’ e ‘PageDown’.

Modo de Exibição de Estrutura de Tópicos: Este modo de visualização é interessante principalmente durante a cons-
trução do texto da apresentação. Você pode ir digitando o texto do lado esquerdo e o PowerPoint monta os slides pra você.
Classificação de Slides: Este modo permite ver seus slides em miniatura, para auxiliar na organização e estrutura-
ção de sua apresentação. No modo de classificação de slides, você pode reordenar slides, adicionar transições e efeitos
de animação e definir intervalos de tempo para apresentações eletrônicas de slides.

Figura 60: Classificação de Slides


NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Para alterar a sequência de exibição de slides, clique no slide e arraste até a posição desejada. Você também pode
ocultar um slide dando um clique com o botão direito do mouse sobre ele e selecionando ‘Ocultar Slide’.

Alterando o Design:
O design de um slide é a apresentação visual do mesmo, ou seja, as cores nele utilizadas, tipos de fontes, etc. O
PowerPoint disponibiliza vários temas prontos para aplicar ao design de sua apresentação.
Para inserir um Tema de design pronto nos slides acesse a guia ‘Design’ na Faixa de Opções. Clique na seta lateral
para visualizar todos os temas existentes.
Clique no tema desejado, para aplicar ao slide selecionado. O tema será aplicado em todos os slides.

29
Variantes -> Cores e Variantes -> Fontes: ainda na Aparecerá a caixa de conteúdo no slide como mos-
guia ‘Design’ podemos aplicar variações dos temas, al- trado na figura a seguir. A caixa de conteúdos ao centro
terando cores e fontes, criando novos temas de cores. do slide possui diversas opções de tipo de conteúdo que
Clique na seta da caixa ‘Variantes’ para abrir as opções. se pode utilizar.
Passe o mouse sobre cada tema para visualizar o efeito As demais ferramentas da ‘Caixa de Conteúdo’ são:
na apresentação. Após encontrar a variação desejada, dê
um clique com o mouse para aplicá-la à apresentação. • Escolher Elemento Gráfico SmartArt
• Inserir Imagem
• Inserir Imagens Online
• Inserir Vídeo

Explore as opções, utilize os recursos oferecidos para


enriquecer seus conhecimentos e, em consequência,
criar apresentações muito mais interessantes. O funcio-
namento de cada item é semelhante aos já abordados.

Agora é com você!


Exercite: crie diversos slides de conteúdo, procurando
Variantes de Temas de Design utilizar todas as opções oferecidas para cada tipo de con-
teúdo. Desta forma, você estará aprendendo ainda mais
Variantes -> Efeitos: os efeitos de tema especificam utilizar os recursos do PowerPoint e do Office.
como os efeitos são aplicados a gráficos SmartArt, for-
mas e imagens. Clique na seta do botão ‘Efeitos’ para Animação dos Slides: A animação dos slides é um
acessar a galeria de Efeitos. Aplicando o efeito alteramos dos últimos passos da criação de uma apresentação.
Essa é uma etapa importante, pois, apesar dos inúmeros
rapidamente a aparência dos objetos.
recursos oferecidos pelo programa, não é aconselhável
exagerar na utilização dos mesmos, pois além de tornar
Layout de Texto:
a apresentação cansativa, tira a atenção das pessoas que
O primeiro slide criado em nossa apresentação é um
estão assistindo, ao invés de dar foco ao conteúdo da
‘Slide de título’. Nele não deve ser inserido o conteúdo apresentação, passam a dar foco para as animações.
da palestra ou reunião, mas apenas o título e um subtítu-
lo pois trata-se do slide inicial. Transições: A transição dos slides nada mais é que
Clique no quadro onde está indicado ‘Clique aqui a mudança entre um slide e outro. Você pode escolher
para adicionar um título’, e escreva o título de sua apre- entre diversas transições prontas, através da faixa de op-
sentação. A apresentação que criaremos será sobre ‘Gru- ções ‘TRANSIÇÕES’. Selecione o primeiro slide da nossa
po Nova”. apresentação e clique nesta opção.
No quadro onde está indicado ‘Clique aqui para adi- Escolha uma das transições prontas e veja o que
cionar um subtítulo’ coloque seu nome ou o nome da acontece. Explore os diversos tipos de transições, apenas
empresa em que trabalha, ou mesmo um subtítulo ligado clicando sobre elas e assistindo os efeitos que elas pro-
ao tema da apresentação. duzem. Isso pode ser bastante divertido, mas dependen-
Formate o texto da forma como desejar, selecionando do do intuito da apresentação, o exagero pode tornar
o tipo da fonte, tamanho, alinhamento, etc., clicando so- sua apresentação pouco profissional.
bre a ‘Caixa de Texto’ para fazer as formatações. Ainda em ‘TRANSIÇÕES’ escolha como será feito o
Clique no botão novo slide da guia ‘PÁGINA INICIAL’. avanço do slide, se após um tempo pré-definido ou ‘Ao
Será criado um novo slide com layout diferente do an- Clicar com o Mouse’, dentro da faixa ‘INTERVALO’. Você
terior. Isso acontece porque o programa entende que o também pode aplicar som durante a transição.
próximo slide não é mais de título, e sim de conteúdo,
e assim sucessivamente para a criação da sua apresen- Animações: As animações podem ser definidas para
tação. cada caixa de texto dos slides. Ou seja, durante sua apre-
Layouts de Conteúdo: sentação você pode optar em ir abrindo o texto confor-
Utilizando os layouts de conteúdo é possível inserir me trabalha os assuntos.
figura ou cliparts, tabelas, gráficos, diagramas ou clipe Neste exemplo, selecionaremos o Slide 3 de nossa
de mídia (que podem ser animações, imagens, sons, etc.). apresentação para enriquecer as explicações. Clique um
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A utilização destes recursos é muito simples, bastan- uma das caixas de texto do slide, e na opção ‘ANIMA-
do clicar, no próprio slide, sobre o recurso que deseja ÇÕES’ abra o ‘PAINEL DE ANIMAÇÃO’.
utilizar.
Salve a apresentação atual como ‘Ensino a Distância’
e, sem fechá-la, abra uma nova apresentação. Vamos ver
a utilização dos recursos de Conteúdo.
Na guia ‘Início’ da Faixa de Opções, clique na seta la-
teral da caixa Layout. Será exibida uma janela com várias
opções. Selecione o layout ‘Título e conteúdo’.

30
Animações

Escolheremos a opção ‘Flutuar para Dentro’, mas você pode explorar as diversas opções e escolher a que mais te
agradar. Clique na opção escolhida. No Painel de Animação, abra todas as animações clicando na seta para baixo.

Abrindo a lista do Painel de Animações

Cada parágrafo de texto pode ser configurado, bastando que você clique no parágrafo desejado e faça a opção
de animação desejada. O parágrafo pode aparecer somente quando você clicar com o mouse, ou juntamente com o
anterior. Pode mantê-lo aberto na tela enquanto outros estão fechados, etc.
Em nosso exemplo, vamos animar da seguinte forma: os textos da caixa de texto do lado esquerdo vão aparecer
juntos após clicar. Os textos da caixa do lado direito permanecem fechados. Ao clicar novamente, os dois parágrafos
aparecerão ao mesmo tempo na tela.
Passo a passo:
Com a caixa de texto do lado esquerdo selecionada, clique em ‘Iniciar ao clicar’ no 1º parágrafo, mostrado no Painel
de Animações;
selecione o 2º parágrafo e selecione ‘Iniciar com anterior’;
selecione a caixa de texto do lado direito e aplique uma animação;
no Painel de Animações clique em ‘Iniciar ao clicar’ no 1º parágrafo da caixa de texto
selecione o 2º parágrafo da caixa de texto e selecione ‘Iniciar com anterior’.

Impress
É o editor de apresentações do LibreOffice e o seu formato de arquivo padrão é o .odp (Open Document Presen-
tations).
- O usuário pode iniciar uma apresentação no Impress de duas formas:
• do primeiro slide (F5) - Menu Apresentação de Slides -> Iniciar do primeiro slide.
• do slide atual (Shift + F5) - Menu Apresentação de Slides -> Iniciar do slide atual.

- Menu do Impress:
• Arquivo - contém comandos que se aplicam ao documento inteiro como Abrir, Salvar e Exportar como PDF;
• Editar - contém comandos para editar o conteúdo documento como, por exemplo, Desfazer, Localizar e Substi-
tuir, Cortar, Copiar e Colar;
• Exibir - contém comandos para controlar a exibição de um documento tais como Zoom, Apresentação de Slides,
Estrutura de tópicos e Navegador;
• Inserir - contém comandos para inserção de novos slides e elementos no documento como figuras, tabelas e hiperlinks;
• Formatar - contém comandos para formatar o layout e o conteúdo dos slides, tais como Modelos de slides,
Layout de slide, Estilos e Formatação, Parágrafo e Caractere;
• Ferramentas - contém ferramentas como Ortografia, Compactar apresentação e Player de mídia;
• Apresentação de Slides - contém comandos para controlar a apresentação de slides e adicionar efeitos em
objetos e na transição de slides.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (ESCRIVÃO – DE POLÍCIA – CESPE 2013) Título, assunto, palavras-chave e comentários de um documento são
metadados típicos presentes em um documento produzido por processadores de texto como o BrOffice e o Microsoft
Office.

( ) CERTO   ( ) ERRADO

31
Resposta: CERTO. Quando um determinado documento Resposta: ERRADO. A mala direta é usada para criar
de texto produzido tanto pelo BrOffice quanto pelo Mi- correspondências em massa que podem ser personali-
crosoft Office ele fica armazenado em forma de arquivo zadas para cada destinatário. É possível adicionar ele-
em uma memória especificada no momento da gravação mentos individuais a qualquer parte de uma etiqueta,
deste. Ao clicar como botão direito do mouse no arquivo carta, envelope, ou e-mail, desde a saudação até o con-
de texto armazenado e clicar em propriedades é possível teúdo do documento, inclusive imagens. O Word preen-
por meio da guia Detalhes perceber os metadados “Títu- che automaticamente os campos com as informações
lo, assunto, palavras-chave e comentários”. do destinatário e gera todos os documentos individuais.
Contudo, não envia um arquivo a outros usuários como
2. (PERITO CRIMINAL – CESPE – 2013) Considere que diz a questão.
um usuário disponha de um computador apenas com Li-
nux e BrOffice instalados. Nessa situação, para que esse 6. (AGENTE – CESPE – 2014) No Word 2013, ao se se-
computador realize a leitura de um arquivo em formato lecionar uma palavra, clicar sobre ela com o botão direito
de planilha do Microsoft Office Excel, armazenado em do mouse e, na lista disponibilizada, selecionar a opção
um pendrive formatado com a opção NTFS, será neces- definir, será mostrado, desde que estejam satisfeitas to-
sária a conversão batch do arquivo, antes de sua leitura das as configurações exigidas, um dicionário contendo
com o aplicativo instalado, dispensando-se a montagem significados da palavra selecionada.
do sistema de arquivos presente no pendrive.
( ) CERTO   ( ) ERRADO
( ) CERTO   ( ) ERRADO
Resposta: CERTO. A inclusão do dicionário no botão di-
Resposta: ERRADO. Um pendrive formatado com o reito na versão Word 2013 é novidade, mas já é antiga no
sistema de arquivos NTFS será lido normalmente pelo Word pelo comando Shift + F7(dicionário de sinônimos).
Linux, sem necessidade de conversão de qualquer natu-
reza. E o fato do suposto arquivo estar em formato Excel
(xls ou xlsx) é indiferente também, já que o BrOffice é
capaz de abrir ambos os formatos. REDES DE COMPUTADORES. CONCEITOS
BÁSICOS, FERRAMENTAS, APLICATIVOS
3. (PAPILOSCOPISTA – CESPE – 2012) O BrOffice 3, que E PROCEDIMENTOS DE INTERNET E
reúne, entre outros softwares livres de escritório, o editor INTRANET. PROGRAMAS DE NAVEGAÇÃO
de texto Writer, a planilha eletrônica Calc e o editor de (MICROSOFT INTERNET EXPLORER,
apresentação Impress, é compatível com as plataformas MOZILLA FIREFOX). PROGRAMAS DE
computacionais Microsoft Windows, Linux e MacOS-X CORREIO ELETRÔNICO OUTLOOK EXPRESS.
SÍTIOS DE BUSCA E PESQUISA NA
( ) CERTO   ( ) ERRADO INTERNET.
GRUPOS DE DISCUSSÃO.
Resposta: CERTO. O BrOffice 3 faz parte de um conjun-
to de aplicativos para escritório livre multiplataforma
chamado OpenOffice.org. REDES DE COMPUTADORES
Distribuída para Microsoft Windows, Unix, Solaris, Linux
e Mac OS X, mantida pela Apache Software Foundation. Redes de Computadores refere-se à interligação por
meio de um sistema de comunicação baseado em trans-
4. (AGENTE – CESPE – 2014) No Word 2013, a partir missões e protocolos de vários computadores com o ob-
de opção disponível no menu Inserir, é possível inserir jetivo de trocar informações, entre outros recursos. Essa
em um documento uma imagem localizada no próprio ligação é chamada de estações de trabalho (nós, pontos
computador ou em outros computadores a que o usuá- ou dispositivos de rede).
rio esteja conectado, seja em rede local, seja na Web. Atualmente, existe uma interligação entre computado-
res espalhados pelo mundo que permite a comunicação
( ) CERTO   ( ) ERRADO entre os indivíduos, quer seja quando eles navegam pela
internet ou assiste televisão. Diariamente, é necessário utili-
Resposta: CERTO. A opção Inserir, Ilustrações, Imagem zar recursos como impressoras para imprimir documentos,
possibilita a inserção de imagens no documento, sejam reuniões através de videoconferência, trocar e-mails, aces-
elas armazenadas no computador, na rede ou na Inter- sar às redes sociais ou se entreter por meio de jogos, etc.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

net (no 2013 é possível na opção Imagens on-line, no Hoje, não é preciso estar em casa para enviar e-mails,
2010 não). basta ter um tablet ou smartphone com acesso à inter-
net nos dispositivos móveis. Apesar de tantas vantagens,
5. (AGENTE – CESPE – 2014) Para criar um documento o crescimento das redes de computadores também tem
no Word 2013 e enviá-lo para outras pessoas, o usuário seu lado negativo. A cada dia surgem problemas que
deve clicar o menu Inserir e, na lista disponibilizada, sele- prejudicam as relações entre os indivíduos, como pirata-
cionar a opção Iniciar Mala Direta. ria, espionagem, phishing - roubos de identidade, assun-
tos polêmicos como racismo, sexo, pornografia, sendo
( ) CERTO   ( ) ERRADO destacados com mais exaltação, entre outros problemas.

32
Há muito tempo, o ser humano sentiu a necessida- Topologia de Barramento – modelo utilizado nas pri-
de de compartilhar conhecimento e estabelecer relações meiras conexões feitas pelas redes Ethernet. Refere- se
com pessoas a distância. Na década de 1960, durante a computadores conectados em formato linear, cujo ca-
a Guerra Fria, as redes de computadores surgiram com beamento é feito sequencialmente;
objetivos militares: interconectar os centros de comando Redes de Difusão (Broadcast) – quando as máquinas
dos EUA para com objetivo de proteger e enviar dados. estão interligadas por um mesmo canal através de paco-
tes endereçados (unicast, broadcast e multicast).
Alguns tipos de Redes de Computadores
Cabos
Antigamente, os computadores eram conectados
em distâncias curtas, sendo conhecidas como redes lo- Os cabos ou cabeamentos fazem parte da estrutura
cais. Mas, com a evolução das redes de computadores, física utilizada para conectar computadores em rede, es-
foi necessário aumentar a distância da troca de infor- tando relacionados a largura de banda, a taxa de trans-
mações entre as pessoas. As redes podem ser classifi- missão, padrões internacionais, etc. Há vantagens e des-
cadas de acordo com sua arquitetura (Arcnet, Ethernet, vantagens para a conexão feita por meio de cabeamento.
DSL, Token ring, etc.), a extensão geográfica (LAN, PAN, Os mais utilizados são:
MAN, WLAN, etc.), a topologia (anel, barramento, estrela, Cabos de Par Trançado – cabos caracterizados por sua
ponto-a-ponto, etc.) e o meio de transmissão (redes por velocidade, pode ser feito sob medida, comprados em
cabo de fibra óptica, trançado, via rádio, etc.). lojas de informática ou produzidos pelo usuário;
Veja alguns tipos de redes: Cabos Coaxiais – cabos que permitem uma distância
Redes Pessoais (Personal Area Networks – PAN) – se maior na transmissão de dados, apesar de serem flexíveis,
comunicam a 1 metro de distância. Ex.: Redes Bluetooth; são caros e frágeis. Eles necessitam de barramento ISA,
suporte não encontrado em computadores mais novos;
Redes Locais (Local Area Networks – LAN) – redes em Cabos de Fibra Óptica – cabos complexos, caros e de
que a distância varia de 10m a 1km. Pode ser uma sala, difícil instalação. São velozes e imunes a interferências
um prédio ou um campus de universidade; eletromagnéticas.
Redes Metropolitanas (Metropolitan Area Network –
MAN) – quando a distância dos equipamentos conec-
tados à uma rede atinge áreas metropolitanas, cerca de #FicaDica
10km. Ex.: TV à cabo; Após montar o cabeamento de rede é neces-
Redes a Longas Distâncias (Wide Area Network – sário realizar um teste através dos testadores
WAN) – rede que faz a cobertura de uma grande área de cabos, adquirido em lojas especializadas.
geográfica, geralmente, um país, cerca de 100 km; Apesar de testar o funcionamento, ele não
Redes Interligadas (Interconexão de WANs) – são re- detecta se existem ligações incorretas. É pre-
des espalhadas pelo mundo podendo ser interconecta- ciso que um técnico veja se os fios dos cabos
das a outras redes, capazes de atingirem distâncias bem estão na posição certa.
maiores, como um continente ou o planeta. Ex.: Internet;
Rede sem Fio ou Internet sem Fio (Wireless Local Area
Network – WLAN) – rede capaz de conectar dispositivos
eletrônicos próximos, sem a utilização de cabeamento. Sistema de Cabeamento Estruturado
Além dessa, existe também a WMAN, uma rede sem fio
para área metropolitana e WWAN, rede sem fio para Para que essa conexão não prejudique o ambiente de traba-
grandes distâncias. lho, em uma grande empresa, são necessárias várias conexões
e muitos cabos, sendo necessário o cabeamento estruturado.
Topologia de Redes Por meio dele, um técnico irá poupar trabalho e tem-
po, tanto para fazer a instalação, quanto para a remoção
Astopologias das redes de computadores são as es- da rede. Ele é feito através das tomadas RJ-45 que pos-
truturas físicas dos cabos, computadores e componen- sibilitam que vários conectores possam ser inseridos em
tes. Existem as topologias físicas, que são mapas que um único local, sem a necessidade de serem conectados
mostram a localização de cada componente da rede que diretamente no hub.
serão tratadas a seguir. e as lógicas, representada pelo Além disso, o sistema de cabeamento estruturado
modo que os dados trafegam na rede: possui um painel de conexões, o Patch Panel, onde os
Topologia Ponto-a-ponto – quando as máquinas estão in- cabos das tomadas RJ-45 são conectados, sendo um
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

terconectadas por pares através de um roteamento de dados; concentrador de tomadas, favorecendo a manutenção
Topologia de Estrela – modelo em que existe um pon- das redes. Eles são adaptados e construídos para serem
to central (concentrador) para a conexão, geralmente um inseridos em um rack.
hub ou switch; Todo esse planejamento deve fazer parte do projeto
Topologia de Anel – modelo atualmente utilizado em do cabeamento de rede, em que a conexão da rede é
automação industrial e na década de 1980 pelas redes To- pensada de forma a realizar a sua expansão.
ken Ring da IBM. Nesse caso, todos os computadores são Repetidores: Dispositivo capaz de expandir o cabea-
entreligados formando um anel e os dados são propagados mento de rede. Ele poderá transformar os sinais recebi-
de computador a computador até a máquina de origem; dos e enviá-los para outros pontos da rede. Apesar de

33
serem transmissores de informações para outros pontos, O projeto inicial, chamado ARPANET, usava uma co-
eles também diminuem o desempenho da rede, poden- nexão a longa distância e possibilitava que as mensagens
do haver colisões entre os dados à medida que são ane- fossem fragmentadas e endereçadas ao seu computador
xas outras máquinas. Esse equipamento, normalmente, de destino. O percurso entre o emissor e o receptor da
encontra-se dentro do hub. informação poderia ser realizado por várias rotas, assim,
Hubs: Dispositivos capazes de receber e concentrar caso algum ponto no trajeto fosse destruído, os dados
todos os dados da rede e compartilhá-los entre as outras poderiam seguir por outro caminho garantindo a entre-
estações (máquinas). Nesse momento nenhuma outra ga da informação, é importante mencionar que a maior
máquina consegue enviar um determinado sinal até que distância entre um ponto e outro, era de 450 quilôme-
os dados sejam distribuídos completamente. Eles são uti- tros. No começo dos anos 80, essa tecnologia rompeu as
lizados em redes domésticas e podem ter 8, 16, 24 e 32 barreiras de distância, passando a interligar e favorecer
portas, variando de acordo com o fabricante. Existem os a troca de informações de computadores de universi-
Hubs Passivos, Ativos, Inteligentes e Empilháveis. dades dos EUA e de outros países, criando assim uma
Bridges: É um repetidor inteligente que funciona rede (NET) internacional (INTER), consequentemente seu
como uma ponte. Ele lê e analisa os dados da rede, além nome passa a ser, INTERNET.
de relacionar diferentes arquiteturas. A evolução não parava, além de atingir fronteiras
Switches: Tipo de aparelho semelhante a um hub, continentais, os computadores pessoais evoluíam em
mas que funciona como uma ponte: ele envia os dados forte escala alcançando forte potencial comercial, a Inter-
apenas para a máquina que o solicitou. Ele possui muitas net deixou de conectar apenas computadores de univer-
portas de entrada e melhor performance, podendo ser sidades, passou a conectar empresas e, enfim, usuários
utilizado para redes maiores. domésticos. Na década de 90, o Ministério das Comu-
nicações e o Ministério da Ciência e Tecnologia do Brasil
Roteadores: Dispositivo utilizado para conectar redes trouxeram a Internet para os centros acadêmicos e co-
e arquiteturas diferentes e de grande porte. Ele funciona merciais. Essa tecnologia rapidamente foi tomando conta
como um tipo de ponte na camada de rede do modelo de todos os setores sociais até atingir a amplitude de sua
OSI (Open Systens Interconnection - protocolo de inter- difusão nos tempos atuais.
conexão de sistemas abertos para conectar máquinas de Um marco que é importante frisar é o surgimento do
diferentes fabricantes), identificando e determinando um WWW que foi a possibilidade da criação da interface grá-
IP para cada computador que se conecta com a rede. fica deixando a internet ainda mais interessante e vanta-
Sua principal atribuição é ordenar o tráfego de da- josa, pois até então, só era possível a existência de textos.
dos na rede e selecionar o melhor caminho. Existem os Para garantir a comunicação entre o remetente e o
roteadores estáticos, capaz de encontrar o menor cami- destinatário o americano Vinton Gray Cerf, conhecido
nho para tráfego de dados, mesmo se a rede estiver con- como o pai da internet criou os protocolos TCP/IP, que
gestionada; e os roteadores dinâmicos que encontram são protocolos de comunicação. O TCP – TRANSMIS-
caminhos mais rápidos e menos congestionados para o SION CONTROL PROTOCOL (Protocolo de Controle de
tráfego. Transmissão) e o IP – INTERNET PROTOCOL (Protocolo
Modem: Dispositivo responsável por transformar a de Internet) são conjuntos de regras que tornam possível
onda analógica que será transmitida por meio da linha tanto a conexão entre os computadores, quanto ao en-
telefônica, transformando-a em sinal digital original. tendimento da informação trocada entre eles.
Servidor: Sistema que oferece serviço para as redes A internet funciona o tempo todo enviando e rece-
de computadores, como por exemplo, envio de arquivos bendo informações, por isso o periférico que permite a
ou e-mail. Os computadores que acessam determinado conexão com a internet chama MODEM, porque que ele
servidor são conhecidos como clientes. MOdula e DEModula sinais, e essas informações só po-
Placa de Rede: Dispositivo que garante a comunicação dem ser trocadas graças aos protocolos TCP/IP.
entre os computadores da rede. Cada arquitetura de rede
depende de um tipo de placa específica. As mais utilizadas Protocolos Web
são as do tipo Ethernet e Token Ring (rede em anel).
Já que estamos falando em protocolos, citaremos ou-
CONCEITOS DE TECNOLOGIAS RELACIONADAS À tros que são largamente usados na Internet:
INTERNET E INTRANET, BUSCA E PESQUISA NA - HTTP (Hypertext Transfer Protocol): Protocolo de
WEB, MECANISMOS DE BUSCA NA WEB. transferência de Hipertexto, desde 1999 é utilizado para
trocar informações na Internet. Quando digitamos um
O objetivo inicial da Internet era atender necessida- site, automaticamente é colocado à frente dele o http://
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

des militares, facilitando a comunicação. A agência nor- Exemplo: http://www.novaconcursos.com.br


te-americana ARPA – ADVANCED RESEARCH AND PRO- Onde:
JECTS AGENCY e o Departamento de Defesa americano, http:// → Faz a solicitação de um arquivo de hipermí-
na década de 60, criaram um projeto que pudesse conec- dia para a Internet, ou seja, um arquivo que pode conter
tar os computadores de departamentos de pesquisas e texto, som, imagem, filmes e links.
bases militares, para que, caso um desses pontos sofres- - URL (Uniform Resource Locator): Localizador Padrão
se algum tipo de ataque, as informações e comunicação de recursos, serve para endereçar um recurso na web,
não seriam totalmente perdidas, pois estariam salvas em é como se fosse um apelido, uma maneira mais fácil de
outros pontos estratégicos. acessar um determinado site.

34
Exemplo: http://www.novaconcursos.com.br, onde: principais deste protocolo, o POP2 e o POP3, aos
quais são atribuídas respectivamente as portas 109
Faz a solicitação de um arquivo de e 110, funcionando com o auxílio de comandos tex-
http:// tuais radicalmente diferentes, na troca de e-mails
hiper mídia para a Internet.
ele é o protocolo de entrada.
Estipula que esse recurso está na - IMAP (Internet Message Access Protocol): É um pro-
rede mundial de computadores tocolo alternativo ao protocolo POP3, que ofere-
www
(veremos mais sobre www em um ce muitas mais possibilidades, como, gerir vários
próximo tópico). acessos simultâneos e várias caixas de correio,
É o endereço de domínio. Um além de poder criar mais critérios de triagem.
endereço de domínio representará - SMTP (Simple Mail Transfer Protocol): É o protocolo
novaconcursos padrão para envio de e-mails através da Internet.
sua empresa ou seu espaço na
Internet. Faz a validação de destinatários de mensagens. Ele
que verifica se o endereço de e-mail do destinatá-
Indica que o servidor onde esse site rio está corretamente digitado, se é um endereço
está existente, se a caixa de mensagens do destinatário
.com
hospedado é de finalidades está cheia ou se recebeu sua mensagem, na troca
comerciais. de e-mails ele é o protocolo de saída.
.br Indica queo servidor está no Brasil. - UDP (User Datagram Protocol): Protocolo que atua
na camada de transporte dos protocolos (TCP/IP).
Encontramos, ainda, variações na URL de um site, Permite que a aplicação escreva um datagrama en-
que demonstram a finalidade e organização que o criou, capsulado num pacote IP e transportado ao des-
como: tino. É muito comum lermos que se trata de um
.gov - Organização governamental protocolo não confiável, isso porque ele não é im-
.edu - Organização educacional plementado com regras que garantam tratamento
.org - Organização de erros ou entrega.
.ind - Organização Industrial
.net - Organização telecomunicações Provedor
.mil - Organização militar
.pro - Organização de profissões O provedor é uma empresa prestadora de serviços
.eng – Organização de engenheiros que oferece acesso à Internet. Para acessar a Internet, é
E também, do país de origem: necessário conectar-se com um computador que já este-
.it – Itália ja na Internet (no caso, o provedor) e esse computador
.pt – Portugal deve permitir que seus usuários também tenham acesso
.ar – Argentina a Internet.
.cl – Chile No Brasil, a maioria dos provedores está conectada
.gr – Grécia à Embratel, que por sua vez, está conectada com outros
computadores fora do Brasil. Esta conexão chama-se link,
Quando vemos apenas a terminação .com, sabemos que é a conexão física que interliga o provedor de aces-
que se trata de um site hospedado em um servidor dos so com a Embratel. Neste caso, a Embratel é conhecida
Estados Unidos. como backbone, ou seja, é a “espinha dorsal” da Internet
- HTTPS (Hypertext transfer protocol secure): Seme- no Brasil. Pode-se imaginar o backbone como se fosse
lhante ao HTTP, porém permite que os dados sejam uma avenida de três pistas e os links como se fossem as
transmitidos através de uma conexão criptografa- ruas que estão interligadas nesta avenida. Tanto o link
da e que se verifique a autenticidade do servidor e como o backbone possui uma velocidade de transmis-
do cliente através de certificados digitais. são, ou seja, com qual velocidade ele transmite os dados.
- FTP (File Transfer Protocol): Protocolo de transferên- Esta velocidade é dada em bps (bits por segundo).
cia de arquivo, é o protocolo utilizado para poder Deve ser feito um contrato com o provedor de acesso,
subir os arquivos para um servidor de internet, que fornecerá um nome de usuário, uma senha de aces-
seus programas mais conhecidos são, o Cute FTP, so e um endereço eletrônico na Internet.
FileZilla e LeechFTP, ao criar um site, o profissio-
nal utiliza um desses programas FTP ou similares 3. Home Page
e executa a transferência dos arquivos criados, o
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

manuseio é semelhante à utilização de gerencia- Pela definição técnica temos que uma Home Page é
dores de arquivo, como o Windows Explorer, por um arquivo ASCII (no formato HTML) acessado de com-
exemplo. putadores rodando um Navegador (Browser), que per-
- POP (Post Office Protocol): Protocolo de Posto dos mite o acesso às informações em um ambiente gráfico
Correios permite, como o seu nome o indica, recu- e multimídia. Todo em hipertexto, facilitando a busca de
perar o seu correio num servidor distante (o servi- informações dentro das Home Pages.
dor POP). É necessário para as pessoas não ligadas
permanentemente à Internet, para poderem consul-
tar os mails recebidos offline. Existem duas versões

35
Assim, não demorou muito a surgir um novo concei-
#FicaDica to, que tem interessado um número cada vez maior de
empresas, hospitais, faculdades e outras organizações
O endereço de Home Pages tem o seguinte interessadas em integrar informações e usuários: a intra-
formato: net. Seu advento e disseminação promete operar uma
http://www.endereço.com/página.html revolução tão profunda para a vida organizacional quan-
Por exemplo, a página principal do meu pro- to o aparecimento das primeiras redes locais de compu-
jeto de mestrado: tadores, no final da década de 80.
http://www.youtube.com/canaldoovidio
O que é Intranet?
Plug-ins O termo “intranet” começou a ser usado em meados
de 1995 por fornecedores de produtos de rede para se
Os plug-ins são programas que expandem a capaci- referirem ao uso dentro das empresas privadas de tecno-
dade do Browser em recursos específicos - permitindo, logias projetadas para a comunicação por computador
por exemplo, que você toque arquivos de som ou veja entre empresas. Em outras palavras, uma intranet consis-
filmes em vídeo dentro de uma Home Page. As empresas te em uma rede privativa de computadores que se baseia
de software vêm desenvolvendo plug-ins a uma veloci- nos padrões de comunicação de dados da Internet pú-
dade impressionante. Maiores informações e endereços blica, baseadas na tecnologia usada na Internet (páginas
sobre plug-ins são encontradas na página: HTML, e-mail, FTP, etc.) que vêm, atualmente fazendo
http://www.yahoo.com/Computers_and_Internet/Soft- muito sucesso. Entre as razões para este sucesso, estão
ware/ Internet/World_Wide_Web/Browsers/Plug_Ins/Indices/ o custo de implantação relativamente baixo e a facilida-
Atualmente existem vários tipos de plug-ins. Abaixo de de uso propiciada pelos programas de navegação na
temos uma relação de alguns deles: Web, os browsers.
- 3D e Animação (Arquivos VRML, MPEG, QuickTime,
etc.). Objetivo de construir uma Intranet
- Áudio/Vídeo (Arquivos WAV, MID, AVI, etc.).
- Visualizadores de Imagens (Arquivos JPG, GIF, BMP, Organizações constroem uma intranet porque ela é
PCX, etc.).
uma ferramenta ágil e competitiva. Poderosa o suficien-
- Negócios e Utilitários.
te para economizar tempo, diminuir as desvantagens da
- Apresentações.
distância e alavancar sobre o seu maior patrimônio de
capital com conhecimentos das operações e produtos da
INTRANET
empresa.
A Intranet ou Internet Corporativa é a implantação de
Aplicações da Intranet
uma Internet restrita apenas a utilização interna de uma
empresa. As intranets ou Webs corporativas, são redes
Já é ponto pacífico que apoiarmos a estrutura de co-
de comunicação internas baseadas na tecnologia usada
municações corporativas em uma intranet dá para sim-
na Internet. Como um jornal editado internamente, e que
plificar o trabalho, pois estamos virtualmente todos na
pode ser acessado apenas pelos funcionários da empre-
mesma sala. De qualquer modo, é cedo para se afirmar
sa.
onde a intranet vai ser mais efetiva para unir (no sentido
A intranet cumpre o papel de conectar entre si filiais
operacional) os diversos profissionais de uma empresa.
e departamentos, mesclando (com segurança) as suas
informações particulares dentro da estrutura de comuni- Mas em algumas áreas já se vislumbram benefícios, por
cações da empresa. exemplo:
O grande sucesso da Internet, é particularmente da - Marketing e Vendas - Informações sobre produ-
World Wide Web (WWW) que influenciou muita coisa na tos, listas de preços, promoções, planejamento de
evolução da informática nos últimos anos. eventos;
Em primeiro lugar, o uso do hipertexto (documentos - Desenvolvimento de Produtos - OT (Orientação de
interligados através de vínculos, ou links) e a enorme fa- Trabalho), planejamentos, listas de responsabilida-
cilidade de se criar, interligar e disponibilizar documentos des de membros das equipes, situações de proje-
multimídia (texto, gráficos, animações, etc.), democrati- tos;
zaram o acesso à informação através de redes de com- - Apoio ao Funcionário - Perguntas e respostas, siste-
putadores. Em segundo lugar, criou-se uma gigantesca mas de melhoria contínua (Sistema de Sugestões),
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

base de usuários, já familiarizados com conhecimentos manuais de qualidade;


básicos de informática e de navegação na Internet. Fi- - Recursos Humanos - Treinamentos, cursos, apos-
nalmente, surgiram muitas ferramentas de software de tilas, políticas da companhia, organograma, opor-
custo zero ou pequeno, que permitem a qualquer orga- tunidades de trabalho, programas de desenvolvi-
nização ou empresa, sem muito esforço, “entrar na rede” mento pessoal, benefícios.
e começar a acessar e colocar informação. O resultado
inevitável foi a impressionante explosão na informação Para acessar as informações disponíveis na Web cor-
disponível na Internet, que segundo consta, está dobran- porativa, o funcionário praticamente não precisa ser trei-
do de tamanho a cada mês. nado. Afinal, o esforço de operação desses programas se

36
resume quase somente em clicar nos links que remetem +palavra_chave
às novas páginas. No entanto, a simplicidade de uma in-
tranet termina aí. Projetar e implantar uma rede desse Retorna uma busca fazendo uma inclusão forçada de
tipo é uma tarefa complexa e exige a presença de pro- uma palavra chave nos resultados. De maneira análoga
fissionais especializados. Essa dificuldade aumenta com ao exemplo anterior, se eu fizer uma busca do tipo com-
o tamanho da intranet, sua diversidade de funções e a putação, terei como retorno uma gama mista de resul-
quantidade de informações nela armazenadas. tados. Caso eu queira filtrar somente os casos em que
ciências aparece, e também no estado de SP, realizo uma
A intranet é baseada em quatro conceitos: busca do tipo computação + ciência SP.

- Conectividade - A base de conexão dos computa- “frase_chave”


dores ligados por meio de uma rede, e que podem
transferir qualquer tipo de informação digital entre Retorna uma busca em que existam as ocorrências
si; dos termos que estão entre aspas, na ordem e grafia
- Heterogeneidade - Diferentes tipos de computa- exatas ao que foi inserido. Assim, se você realizar uma
dores e sistemas operacionais podem ser conecta- busca do tipo “como faser” – sim, com a escrita incorreta
dos de forma transparente; da palavra FAZER, verá resultados em que a frase idêntica
- Navegação - É possível passar de um documento foi empregada.
a outro por meio de referências ou vínculos de
hipertexto, que facilitam o acesso não linear aos palavras_chave_01 OR palavra_chave_02
documentos;
- Execução Distribuída - Determinadas tarefas de Mostra resultado para pelo menos uma das palavras
acesso ou manipulação na intranet só podem ocor- chave citadas. Faça uma busca por facebook OR msn, por
rer graças à execução de programas aplicativos, exemplo, e terá como resultado de sua busca, páginas
que podem estar no servidor, ou nos microcompu- relevantes sobre pelo menos um dos dois temas - nes-
tadores que acessam a rede (também chamados se caso, como as duas palavras chaves são populares, os
de clientes, daí surgiu à expressão que caracteriza dois resultados são apresentados em posição de desta-
a arquitetura da intranet: cliente-servidor). que.
- A vantagem da intranet é que esses programas
são ativados através da WWW, permitindo grande filetype:tipo
flexibilidade. Determinadas linguagens, como Java,
assumiram grande importância no desenvolvimen- Retorna as buscas em que o resultado tem o tipo de
to de softwares aplicativos que obedeçam aos três extensão especificada. Por exemplo, em uma busca fi-
conceitos anteriores. letype:pdf jquery serão exibidos os conteúdos da palavra
chave jquery que tiverem como extensão .pdf. Os tipos
Mecanismos de Buscas de extensão podem ser: PDF, HTML ou HTM, XLS, PPT,
DOC.
Pesquisar por algo no Google e não ter como retorno
exatamente o que você queria pode trazer algumas ho- palavra_chave_01 * palavra_chave_02
ras de trabalho a mais, não é mesmo? Por mais que os
algoritmos de busca sejam sempre revisados e busquem Retorna uma “busca combinada”, ou seja, sendo o *
de certa forma “adivinhar” o que se passa em sua cabeça, um indicador de “qualquer conteúdo”, retorna resultados
lançar mão de alguns artifícios para que sua busca seja em que os termos inicial e final aparecem, independente
otimizada poupará seu tempo e fará com que você tenha do que “esteja entre eles”. Realize uma busca do tipo fa-
acesso a resultados mais relevantes. cebook * msn e veja o resultado na prática.
Os mecanismos de buscas contam com operadores
para filtro de conteúdo. A maior parte desse filtros, no Áudio e Vídeo
entanto, pode não interessar a você, caso não seja um
praticante de SEO. Contudo, alguns são realmente úteis
A popularização da banda larga e dos serviços de
e estão listados abaixo. Realize uma busca simples e de-
e-mail com grande capacidade de armazenamento está
pois aplique os filtros para poder ver o quanto os resul-
aumentando a circulação de vídeos na Internet. O pro-
tados podem ser mais especializados em relação ao que
blema é que a profusão de formatos de arquivos pode
você procura.
tornar a experiência decepcionante.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A maioria deles depende de um único programa para


-palavra_chave
rodar. Por exemplo, se a extensão é MOV, você vai neces-
sitar do QuickTime, da Apple. Outros, além de um player
Retorna uma busca excluindo aquelas em que a pa-
de vídeo, necessitam do “codec” apropriado. Acrônimo
lavra chave aparece. Por exemplo, se eu fizer uma busca
de “COder/DECoder”, codec é uma espécie de comple-
por computação, provavelmente encontrarei na relação
mento que descomprime - e comprime - o arquivo. É o
dos resultados informaçõe sobre “Ciência da computa-
caso do MPEG, que roda no Windows Media Player, des-
ção“. Contudo, se eu fizer uma busca por computação
de que o codec esteja atualizado - em geral, a instalação
-ciência, os resultados que tem a palavra chave ciência
é automática.
serão omitidos.

37
Com os três players de multimídia mais populares - Transferência de arquivos pela internet
Windows Media Player, Real Player e Quicktime -, você
dificilmente encontrará problemas para rodar vídeos, FTP (File Transfer Protocol – Protocolo de Transferên-
tanto offline como por streaming (neste caso, o down- cia de Arquivos) é uma das mais antigas formas de inte-
load e a exibição do vídeo são simultâneos, como na TV ração na Internet. Com ele, você pode enviar e receber
Terra). arquivos para, ou de computadores que se caracterizam
Atualmente, devido à evolução da internet com os como servidores remotos. Voltaremos aqui ao conceito
mais variados tipos de páginas pessoais e redes sociais, de arquivo texto (ASCII – código 7 bits) e arquivos não
há uma grande demanda por programas para trabalhar texto (Binários – código 8 bits). Há uma diferença interes-
com imagens. E, como sempre é esperado, em resposta a sante entre enviar uma mensagem de correio eletrônico
isso, também há no mercado uma ampla gama de ferra- e realizar transferência de um arquivo. A mensagem é
mentas existentes que fazem algum tipo de tratamento sempre transferida como uma informação textual, en-
ou conversão de imagens. quanto a transferência de um arquivo pode ser caracteri-
Porém, muitos destes programas não são o que se zada como textual (ASCII) ou não-textual (binário).
pode chamar de simples e intuitivos, causando confusão Um servidor FTP é um computador que roda um pro-
em seu uso ou na manipulação dos recursos existentes. grama que chamamos de servidor de FTP e, portanto, é
Caso o que você precise seja apenas um programa para capaz de se comunicar com outro computador na Rede
visualizar imagens e aplicar tratamentos e efeitos simples que o esteja acessando através de um cliente FTP.
ou montar apresentações de slides, é sempre bom dar FTP anônimo versus FTP com autenticação existem
uma conferida em alguns aplicativos mais leves e com re- dois tipos de conexão FTP, a primeira, e mais utilizada,
cursos mais enxutos como os visualizadores de imagens. é a conexão anônima, na qual não é preciso possuir um
Abaixo, segue uma seleção de visualizadores, muitos username ou password (senha) no servidor de FTP, bas-
deles trazendo os recursos mais simples, comuns e fáceis tando apenas identificar-se como anonymous (anônimo).
de se utilizar dos editores, para você que não precisa de Neste caso, o que acontece é que, em geral, a árvore de
tantos recursos, mas ainda assim gosta de dar um trata- diretório que se enxerga é uma sub-árvore da árvore do
mento especial para as suas mais variadas imagens. sistema. Isto é muito importante, porque garante um
O Picasa está com uma versão cheia de inovações que nível de segurança adequado, evitando que estranhos
faz dele um aplicativo completo para visualização de fo- tenham acesso a todas as informações da empresa.
tos e imagens. Além disso, ele possui diversas ferramen- Quando se estabelece uma conexão de “FTP anônimo”,
tas úteis para editar, organizar e gerenciar arquivos de o que acontece em geral é que a conexão é posicionada
imagem do computador. no diretório raiz da árvore de diretórios. Dentre os mais
As ferramentas de edição possuem os métodos mais comuns estão: pub, etc, outgoing e incoming. O segundo
avançados para automatizar o processo de correção de tipo de conexão envolve uma autenticação, e portanto, é
imagens. No caso de olhos vermelhos, por exemplo, o indispensável que o usuário possua um username e uma
programa consegue identificar e corrigir todos os olhos password que sejam reconhecidas pelo sistema, quer di-
vermelhos da foto automaticamente sem precisar sele- zer, ter uma conta nesse servidor. Neste caso, ao esta-
cionar um por um. Além disso, é possível cortar, endirei- belecer uma conexão, o posicionamento é no diretório
tar, adicionar textos, inserir efeitos, e muito mais. criado para a conta do usuário – diretório home, e dali
Um dos grandes destaques do Picasa é sua poderosa ele poderá percorrer toda a árvore do sistema, mas só
biblioteca de imagens. Ele possui um sistema inteligen- escrever e ler arquivos nos quais ele possua.
te de armazenamento capaz de filtrar imagens que con- Assim como muitas aplicações largamente utilizadas
tenham apenas rostos. Assim você consegue visualizar hoje em dia, o FTP também teve a sua origem no sistema
apenas as fotos que contém pessoas. operacional UNIX, que foi o grande percursor e respon-
Depois de tudo organizado em seu computador, você sável pelo sucesso e desenvolvimento da Internet.
pode escolher diversas opções para salvar e/ou compar-
tilhar suas fotos e imagens com amigos e parentes. Isso Algumas dicas
pode ser feito gravando um CD/DVD ou enviando via
Web. O programa possui integração com o PicasaWeb, o 1. Muitos sites que aceitam FTP anônimo limitam o
número de conexões simultâneas para evitar uma
qual possibilita enviar um álbum inteiro pela internet em
sobrecarga na máquina. Uma outra limitação pos-
poucos segundos.
sível é a faixa de horário de acesso, que muitas
O IrfanView é um visualizador de imagem muito leve
vezes é considerada nobre em horário comercial,
e com uma interface gráfica simples porém otimizada e
e portanto, o FTP anônimo é temporariamente de-
fácil de utilizar, mesmo para quem não tem familiaridade
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

sativado.
com este tipo de programa. Ele também dispõe de al-
2. Uma saída para a situação acima é procurar “sites
guns recursos simples de editor. Com ele é possível fazer
espelhos” que tenham o mesmo conteúdo do site
operações como copiar e deletar imagens até o efeito
sendo acessado.
de remoção de olhos vermelhos em fotos. O programa
3. Antes de realizar a transferência de qualquer arqui-
oferece alternativas para aplicar efeitos como texturas e
vo verifique se você está usando o modo correto,
alteração de cores em sua imagem por meio de apenas
isto é, no caso de arquivos-texto, o modo é ASCII, e
um clique.
no caso de arquivos binários (.exe, .com, .zip, .wav,
Além disso sempre é possível a visualização de ima-
etc.), o modo é binário. Esta prevenção pode evitar
gens pelo próprio gerenciador do Windows.
perda de tempo.

38
4. Uma coisa interessante pode ser o uso de um servi- • Badoo: relacionamentos amorosos.
dor de FTP em seu computador. Isto pode permitir • Snapchat: envio de mensagens instantâneas.
que um amigo seu consiga acessar o seu compu- • Messenger: envio de mensagens instantâneas.
tador como um servidor remoto de FTP, bastando • Flickr: partilha de imagens.
que ele tenha acesso ao número IP, que lhe é atri- • Google+: partilha de conteúdos.
buído dinamicamente. • Tumblr: partilha de pequenas publicações, seme-
lhante ao Twitter.
Grupos de Discussão e Redes Sociais
Vantagens e Desvantagens
São espaços de convivências virtuais em que grupos
Existem várias vantagens em fazer parte de redes
de pessoas ou empresas se relacionam por meio do en-
sociais e é principalmente por isso que elas tiveram um
vio de mensagens, do compartilhamento de conteúdo,
crescimento tão significativo ao longo dos anos.
entre outras ações. Isso porque as redes sociais podem aproximar as pes-
As redes sociais tiveram grande avanço devido a evo- soas. Afinal, elas são uma maneira fácil de manter as re-
lução da internet, cujo boom aconteceu no início do mi- lações e o contato com quem está distante, propiciando,
lênio. Vejamos como esse percurso aconteceu: assim, a possibilidade de interagir em tempo real.
As redes também facilitam a relação com quem está
Em 1994 foi lançado o GeoCities, a primeira comuni- mais perto. Em decorrência da rotina corrida do dia a dia,
dade que se assemelha a uma rede social. O GeoCities nem sempre há tempo para que as pessoas se encon-
que, no entanto, não existe mais, orientava as pessoas trem fisicamente.
para que elas próprias criassem suas páginas na internet. Além disso, as redes sociais oferecem uma forma rá-
Em 1995 surge o The Globe, que dava aos internautas pida e eficaz de comunicar algo para um grande número
a oportunidade de interagir com um grupo de pessoas. de pessoas ao mesmo tempo.
No mesmo ano, também surge uma plataforma que Podemos citar como exemplo o fato de poder avisar
permite a interação com antigos colegas da escola, o um acontecimento, a preparação de uma manifestação
Classmates. ou a mobilização de um grupo para um protesto.
Já nos anos 2000, surge o Fotolog, uma plataforma No entanto, em decorrência de alguns perigos, as re-
que, desta vez, tinha como foco a publicação de foto- des sociais apresentam as suas desvantagens. Uma delas
grafias. é a falta de privacidade.
Em 2002 surge o que é considerada a primeira verda- Por esse motivo, o uso das redes sociais tem sido
deira rede social, o Friendster. cada vez mais discutido, inclusive pela polícia, que alerta
para algumas precauções.
No ano seguinte, é lançado o LinkedIn, a maior rede
social de caráter profissional do mundo.
E em 2004, junto com a maior de todas as redes, o #FicaDica
Facebook, surgem o Orkut e o Flickr.
Há vários tipos de redes sociais. A grande diferença Por ser algo muito atual, tem caído muitas
entre elas é o seu objetivo, os quais podem ser: questões de redes sociais nos concursos
• Estabelecimento de contatos pessoais (relações de atualmente.
amizade ou namoro).
• Networking: partilha e busca de conhecimentos
profissionais e procura emprego ou preenchimen- VPN
to de vagas. É o acrônimo de (Virtual Private Network), que signifi-
• Partilha e busca de imagens e vídeos. ca Rede Particular Virtual, que define-se como a conexão
• Partilha e busca de informações sobre temas varia- de dois computadores utilizando uma rede pública (In-
dos. ternet), imagine uma empresa que quer ligar suas filiais,
• Divulgação para compra e venda de produtos e ser- esse é um caso clássico, ou também pensando na mo-
dalidade de trabalho homeoffice, onde o funcionário da
viços.
casa dele pode acessar todos seus arquivos e softwares
• Jogos, entre outros.
específicos da empresa.
A palavra tunelamento é algo normal ao se trabalhar com
Há dezenas de redes sociais. Dentre as mais conheci- VPNs, é como se criasse um túnel para que os dados possam
das, destacamos: ser enviados sem que outros usuários tenham acesso.
• Facebook: interação e expansão de contatos. Para criar uma rede VPN não é preciso mais do que
• Youtube: partilha de vídeos. dois (ou mais) computadores conectados à Internet e um
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• Whatsapp: envio de mensagens instantâneas e cha- programa de VPN instalado em cada máquina. O proces-
madas de voz. so para o envio dos dados é o seguinte:
• Instagram: partilha de fotos e vídeos. • Os dados são criptografados e encapsulados.
• Twitter: partilha de pequenas publicações, as quais • Algumas informações extras, como o número de IP
são conhecidas como “tweets”. da máquina remetente, são adicionadas aos dados
• Pinterest: partilha de ideias de temas variados. que serão enviados para que o computador receptor
• Skype: telechamada. possa identificar quem mandou o pacote de dados.
• LinkedIn: interação e expansão de contatos profis- • O pacote contendo todos os dados é enviado atra-
sionais. vés do “túnel” criado até o computador de destino.

39
• A máquina receptora irá identificar o computador Com base na figura acima, que ilustra as configurações
remetente através das informações anexadas ao da rede local do navegador Internet Explorer (IE), versão
pacote de dados. 9, julgue os próximos itens.
• Os dados são recebidos e desencapsulados.
• Finalmente os dados são descriptografados e ar- ( ) CERTO   ( ) ERRADO
mazenados no computador de destino.
Resposta: Certo. HTTP (Hyper Text Transfer Protocol)
é um protocolo, ou seja, uma determinada regra que
#FicaDica permite ao seu computador trocar informações com
Com o aumento do HomeOffice cada vez um servidor que abriga um site. Isso significa que, uma
mais cresce o uso de VPNs. vez conectados sob esse protocolo, as máquinas po-
dem receber e enviar qualquer conteúdo textual – os
códigos que resultam na página acessada pelo nave-
gador.
O problema com o HTTP é que, em redes Wi-Fi ou
EXERCÍCIOS COMENTADOS outras conexões propícias a phishing (fraude eletrô-
nica) e hackers, pessoas mal-intencionadas podem
1. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2013) Se uma atravessar o caminho e interceptar os dados transmiti-
impressora estiver compartilhada em uma intranet por dos com relativa facilidade. Portanto, uma conexão em
meio de um endereço IP, então, para se imprimir um ar- HTTP é insegura.
quivo nessa impressora, é necessário, por uma questão Nesse ponto entra o HTTPS (Hyper Text Transfer Pro-
de padronização dessa tecnologia de impressão, indicar tocol Secure), que insere uma camada de proteção na
no navegador web a seguinte url: transmissão de dados entre seu computador e o ser-
, em vidor. Em sites com endereço HTTPS, a comunicação
que deve estar acessível via rede e é criptografada, aumentando significativamente a se-
gurança dos dados. É como se cliente e servidor con-
deve ser do tipo PDF. versassem uma língua que só as duas entendessem,
dificultando a interceptação das informações.
Para saber se está navegando em um site com crip-
( ) CERTO   ( ) ERRADO tografia, basta verificar a barra de endereços, na qual
será possível identificar as letras HTTPS e, geralmente,
Resposta: Errado. Pelo comando da questão, esta afir- um símbolo de cadeado que denota segurança. Além
ma que somente arquivos no formato PDF, poderiam disso, o usuário deverá ver uma bandeira com o nome
ser impressos, o que torna o item errado, o comando do site, já que a conexão segura também identifica pá-
para impressão não verifica o formato do arquivo, tão ginas na Internet por meio de seu certificado.
somente o local onde está o arquivo a ser impresso.
3. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2013) Se o ser-
2. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2013) Se, em vidor proxy responder na porta 80 e a conexão passar
uma intranet, for disponibilizado um portal de informa- por um firewall de rede, então o firewall deverá permitir
ções acessível por meio de um navegador, será possível conexões de saída da estação do usuário com a porta 80
acessar esse portal fazendo-se uso dos protocolos HTTP de destino no endereço do proxy.
ou HTTPS, ou de ambos, dependendo de como esteja
configurado o servidor do portal. ( ) CERTO   ( ) ERRADO

Resposta: Certo. E muitas redes LAN o servidor pro-


xy e o firewall estão no mesmo servidor físico/virtual,
porém isso não é uma regra, ou seja, os dois serviços
podem aparecer eventualmente em servidores físicos/
virtuais separados. Para que uma estação de usuário
(que utiliza proxy na porta 80) possa “sair” da rede
LAN para o mundo exterior “WAN” é necessário que
o firewall permita conexões de saída na mesma porta
em que o proxy está respondendo, ou seja, a porta 80.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

4. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2013) A opção


de usar um servidor proxy para a rede local faz que o IE
solicite autenticação em toda conexão de Internet que
for realizada.

( ) CERTO   ( ) ERRADO

40
Resposta: Errado. Somente é solicitado a autentica- 8. (AGENTE ADMINISTRATIVO – CESPE – 2014) No
ção se o servidor assim estiver configurado, do con- Internet Explorer 10, por meio da opção Sites Sugeridos,
trário nenhuma senha é solicitada, além de que foi de- o usuário pode registrar os sítios que considera mais im-
finido para a rede Interna e não para acesso à Internet. portantes e recomendá-los aos seus amigos.

5. (PERITO CRIMINAL – CESPE – 2013) Considere ( ) CERTO   ( ) ERRADO


que um usuário necessite utilizar diferentes dispositivos
computacionais, permanentemente conectados à Inter- Resposta: Errado. O recurso Sites Sugeridos é um ser-
net, que utilizem diferentes clientes de e-mail, como o viço online que o Internet Explorer usa para recomen-
Outlook Express e Mozilla Thunderbird. Nessa situação, o dar sítios de que o usuário possa gostar, com base nos
usuário deverá optar pelo uso do protocolo IMAP (Inter- sítios visitados com frequência. Para acessá-lo, basta
net message access protocol), em detrimento do POP3 clicar o menu Ferramentas-Arquivo- Sites Sugeridos.
(post office protocol), pois isso permitirá a ele manter o
conjunto de e-mails no servidor remoto ou, alternativa- Considere que um delegado de polícia federal, em uma
mente, fazer o download das mensagens para o compu- sessão de uso do Internet Explorer 6 (IE6), obteve a janela
tador em uso. ilustrada acima, que mostra uma página web do sítio do
DPF, cujo endereço eletrônico está indicado no campo
( ) CERTO   ( ) ERRADO . A partir dessas informações, julgue os itens de
09 a 12.
Resposta: Certo. Em clientes de correios eletrônicos o
padrão é utilizar o Protocolo POP ou POP3 que tem a 9. (DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2004) O con-
função de baixar as mensagens do servidor de e-mail teúdo da página acessada pelo delegado, por conter da-
para o computador que o programa foi configurado. dos importantes à ação do DPF, é constantemente atua-
Quando o POP é substituído pelo IMAP, essas men- lizado por seu webmaster. Após o acesso mencionado
sagens são baixadas para o computador do usuário acima, o delegado desejou verificar se houve alteração
só que apenas uma cópia delas, deixando no servidor desse conteúdo.
as mensagens originais; quando o acesso é feito por Nessa situação, ao clicar no botão , o delegado terá
outro computador essas mensagens que estão no ser- condições de verificar se houve ou não a alteração men-
vidor são baixadas para este outro computador, dei- cionada, independentemente da configuração do IE6,
xando sempre a original no servidor. mas desde que haja recursos técnicos e que o IE6 esteja
em modo online.
6. (PAPILOSCOPISTA – CESPE – 2012) Twitter, Orkut,
Google+ e Facebook são exemplos de redes sociais que ( ) CERTO   ( ) ERRADO
utilizam o recurso scraps para propiciar o compartilha-
mento de arquivos entre seus usuários Resposta: Certo. O botão atualizar (F5) efetua uma
nova consulta ao servidor WEB, recarregando deste
( ) CERTO   ( ) ERRADO modo o arquivo novamente, se houver alterações, es-
tas serão exibidas, caso contrário o arquivo será reexi-
Resposta: Errado. Scrap é um recado e sua função bido sem alterações.
principal é enviar mensagens e não o compartilha-
mento de arquivos. Ainda que algumas redes permi-
tam o compartilhamento de fotos e gifs animados, o 10. (DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2004) O ar-
objetivo não é o compartilhamento de arquivos e nem mazenamento de informações em arquivos denomina-
todas as redes citadas na questão permitem. dos cookies pode constituir uma vulnerabilidade de um
sistema de segurança instalado em um computador. Para
7. (AGENTE ADMINISTRATIVO – CESPE – 2014) Nas reduzir essa vulnerabilidade, o IE6 disponibiliza recursos
versões recentes do Mozilla Firefox, há um recurso que para impedir que cookies sejam armazenados no com-
mantém o histórico de atualizações instaladas, no qual putador. Caso o delegado deseje configurar tratamentos
são mostrados detalhes como a data da instalação e o referentes a cookies, ele encontrará recursos a partir do
usuário que executou a operação. uso do menu .

( ) CERTO   ( ) ERRADO ( ) CERTO   ( ) ERRADO


NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Reposta: Errado. Esse recurso existe nas últimas ver- Resposta: Certo. No navegador Internet Explorer 11, a
sões do Firefox, contudo o histórico não contém o seguinte sequência de ação pode ser usada para fazer
usuário que executou a operação. Este recurso está o bloqueio de cookies: Clicar no botão Ferramentas,
disponível no menu Firefox – Opções – Avançado – depois em Opções da Internet, ativar guia Privacidade
Atualizações – Histórico de atualizações. e, em Configurações, mover o controle deslizante até
em cima para bloquear todos os cookies e, em segui-
da, clicar em OK.

41
11. (DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2004) Caso o
acesso à Internet descrito tenha sido realizado mediante
um provedor de Internet acessível por meio de uma co-
nexão a uma rede LAN, à qual estava conectado o com-
putador do delegado, é correto concluir que as informa-
ções obtidas pelo delegado transitaram na LAN de modo
criptografado. Símbolo do Google Chrome

( ) CERTO   ( ) ERRADO #FicaDica


Resposta: Errado. Pela barra de endereço se verifica Ultimamente tem caído perguntas
que o protocolo utilizado é o HTTP; dessa forma se relacionadas a guia anônima que não deixa
conclui que não há uma criptografia, se fosse o proto- rastro (senhas, auto completar, entre outros),
colo HTTPS, poderia se aferir que haveria algum tipo e é acessado com o atalho CTRL+SHIFT+N
de criptografia do tipo SSL.

12. (DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2004) Por Mozila Firefox: O Mozila Firefox é outro excelente
meio do botão , o delegado poderá obter, desde que navegador ele é gratuito e fácil de utilizar apesar de não
disponíveis, informações a respeito das páginas previa- ter uma interface tão amigável, porém é um dos navega-
mente acessadas na sessão de uso do IE6 descrita e de dores mais rápidas e com maior segurança contra hac-
outras sessões de uso desse aplicativo, em seu computa- kers.
dor. Outro recurso disponibilizado ao se clicar nesse bo-
tão permite ao delegado realizar pesquisa de conteúdo
nas páginas contidas no diretório histórico do IE6.

( ) CERTO   ( ) ERRADO

Resposta: Certo. É possível através do botão descrito, Símbolo do Mozilla Firefox


o botão de histórico, que se encontre informações das
páginas acessadas anteriormente, e também permite Opera: Usabilidade muito agradável, possui grande
que se pesquise a respeito de conteúdos nas páginas desempenho, porém especialistas em segurança o consi-
contidas no diretório do IE6. dera o navegador com menos segurança.

NOÇÕES BÁSICAS DE FERRAMENTAS E APLICATI-


VOS DE NAVEGAÇÃO E CORREIO ELETRÔNICO

Um browser ou navegador é um aplicativo que opera


através da internet, interpretando arquivos e sites web
Símbolo do Opera
desenvolvidos com frequência em código HTML que
contém informação e conteúdo em hipertexto de todas
Safari: O Safari é o navegador da Apple, é um ótimo
as partes do mundo.
navegador considerado pelos especialistas e possui uma
Navegadores: Navegadores de internet ou browsers
interface bem bonita, apesar de ser um navegador da
são programas de computador especializados em vi-
Apple existem versões para Windows.
sualizar e dar acesso às informações disponibilizadas na
web, até pouco tempo atrás tínhamos apenas o Internet
Explorer e o Netscape, hoje temos uma série de navega-
dores no mercado, iremos fazer uma breve descrição de
cada um deles, e depois faremos toda a exemplificação
utilizando o Internet Explorer por ser o mais utilizado em
todo o mundo, porém o conceito e usabilidade dos ou-
tros navegadores seguem os mesmos princípios lógicos.
Chrome: O Chrome é o navegador do Google e con- Símbolo do Safari
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

sequentemente um dos melhores navegadores existen-


tes. Outra vantagem devido ser o navegador da Google Internet Explorer: O Internet Explorer ou IE é o nave-
é o mais utilizado no meio, tem uma interface simples gador padrão do Windows. Como o próprio nome diz, é
muito fácil de utilizar. um programa preparado para explorar a Internet dando
acesso a suas informações. Representado pelo símbolo
do “e” azul, é possível acessá-lo apenas com um duplo
clique em seu símbolo.

42
a maior distância entre um e outro era de 450 KM. No fim
da década de 60, o Departamento de Defesa norte-ameri-
cano resolveu criar um sistema interligado para trocar in-
formações sobre pesquisas e armamentos que não pudes-
se chegar nas mãos dos soviéticos. Sendo assim, foi criado
o projeto Arpanet pela Agência para Projeto de Pesquisa
Figura 5: Símbolo do Internet Explorer Avançados do Departamento de Defesa dos EUA.
Ao ganhar proporções mundiais, esse tipo de cone-
xão recebeu o nome de internet e até a década de 80
#FicaDica ficou apenas entre os meios acadêmicos. No Brasil ela
Glossário interessante que abordam internet chegou apenas na década de 90. É na internet que é exe-
e correio eletrônico cutada a World Wide Web (www), sistema que contém
Anti-spam: Ferramenta utilizada para filtro de milhares de informações (gráficos, vídeos, textos, sons,
mensagens indesejadas. etc) que também ficou conhecido como rede mundial.
Browser: Programa utilizado para navegar Tim Berners-Lee na década de 80 começou a criar um
na Web, também chamado de navegador. projeto que pode ser considerado o princípio da World
Exemplo: Mozilla Firefox. Wide Web. No início da década de 90 ele já havia elabo-
Cliente de e-mail: Software destinado a ge-
rado uma nova proposta para o que ficaria conhecido
renciar contas de correio eletrônico, possi-
como WWW. Tim falava sobre o uso de hipertexto e a
bilitando a composição, envio, recebimen-
partir disso surgiu o “http” (em português significa pro-
to, leitura e arquivamento de mensagens. A
seguir, uma lista de gerenciadores de e-mail tocolo de transferência de hipertexto). Vinton Cerf tam-
(em negrito os mais conhecidos e utilizados bém é um personagem importante e inclusive é conheci-
atualmente): do por muitos como o pai da internet.
Microsoft Office Outlook, Microsoft Outlook
Express, Mozilla Thunderbird, Eudora,
#FicaDica
Pegasus Mail, Apple Mail (Apple), Kmail (Li-
nux) e Windows Mail. URL: Tudo que é disponível na Web tem seu
próprio endereço, chamado URL, ele facilita
a navegação e possui características especí-
Outros pontos importantes de conceitos que podem ficas como a falta de acentuação gráfica e
ser abordado no seu concurso são: palavras maiúsculas. Uma url possui o http
MIME (Multipurpose Internet Mail Extensions – Exten- (protocolo), www (World Wide Web), o nome
sões multiuso do correio da Internet): Provê mecanismos da empresa que representa o site, .com (ex:
para o envio de outros tipo sde informações por e-mail, se for um site governamental o final será
como imagens, sons, filmes, entre outros. .gov) e a sigla do país de origem daquele site
MTA (Mail Transfer Agent – Agente de Transferência (no Brasil é usado o BR).
de Correio): Termo utilizado para designar os servidores
de Correio Eletrônico.
MUA (Mail User Agent – Agente Usuário de Correio): CORREIOS ELETRÔNICOS
Programas clientes de e-mail, como o Mozilla Thunder-
bird, Microsoft Outlook Express etc. Os correios eletrônicos se dividem em duas formas:
POP3 (Post Office Protocol Version 3 - Protocolo de os agentes de usuários e os agentes de transferência de
Agência de Correio “Versão 3”): Protocolo padrão para mensagens. Os agentes usuários são exemplificados pelo
receber e-mails. Através do POP, um usuário transfere Mozilla Thunderbird e pelo Outlook. Já os agentes de
para o computador as mensagens armazenada sem sua transferência realizam um processo de envio dos agentes
caixa postal no servidor. usuários e servidores de e-mail.
SMTP (Simple Mail Transfer Protocol - Protocolo de Os agentes de transferência usam três protoco-
Transferência Simples de Correio): É um protocolo de en- los: SMTP (Simple Transfer Protocol), POP (Post Office
vio de e-mail apenas. Com ele, não é possível que um Protocol) e IMAP (Internet Message Protocol). O SMTP
usuário descarregue suas mensagens de umservidor. é usado para transferir mensagens eletrônicas entre os
Esse protocolo utiliza a porta 25 do protocolo TCP. computadores. O POP é muito usado para verificar men-
Spam: Mensagens de correio eletrônico não autorizadas sagens de servidores de e-mail quando ele se conecta ao
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

ou não solicitadas pelo destinatário, geralmente de conota- servidor suas mensagens são levadas do servidor para o
ção publicitária ou obscena, enviadas em larga escala para computador local. Pode ser usado por quem usa conexão
uma lista de e-mails, fóruns ou grupos de discussão. discada.
UM POUCO DE HISTÓRIA Já o IMAP também é um protocolo padrão que per-
mite acesso a mensagens nos servidores de e-mail. Ele
A internet é uma rede de computadores que liga os
possibilita a leitura de arquivos dos e-mails, mas não per-
computadores a redor de todo o mundo, mas quando ela
mite que eles sejam baixados. O IMAP é ideal para quem
começou não era assim, tinham apenas 4 computadores e
acessa o e-mail de vários locais diferentes.

43
para quem você deseja enviar uma mensagem.
#FicaDica Nos dias de hoje, praticamente todo mundo que tra-
Um e-mail hoje é um dos principais meios de balha dentro de uma empresa tem uma assinatura pró-
comunicação, por exemplo: pria para deixar os comunicados enviados por e-mail
canaldoovidio@gmail.com com uma aparência mais profissional.
Onde, canaldoovidio é o usuário o arroba Dessa forma, é considerado um conhecimento básico
quer dizer na, o gmail é o servidor e o .com saber como criar assinaturas no Outlook, de forma que
é a tipagem. este conteúdo pode ser cobrado em alguma questão
dentro de um concurso público.
Por isso mesmo vale a pena inserir o tema dentro de
Para editarmos e lermos nossas mensagens eletrô- seus estudos do conteúdo básico de informática para a sua
nicas em um único computador, sem necessariamente preparação para concurso. Ao contrário do que muita gente
estarmos conectados à Internet no momento da criação pensa, a verdade é que todo o processo de criar uma assi-
ou leitura do e-mail, podemos usar um programa de cor- natura é bastante simples, de forma que perder pontos por
reio eletrônico. Existem vários deles. Alguns gratuitos, conta dessa questão em específico é perder pontos à toa.
como o Mozilla Thunderbird, outros proprietários como Para conseguir criar uma assinatura no Outlook basta
o Outlook Express. Os dois programas, assim como vá- que você entre no menu Arquivo e busque pelo botão
rios outros que servem à mesma finalidade, têm recursos de Opções. Lá você vai encontrar o botão para E-mail
similares. Apresentaremos os recursos dos programas de e logo em seguida o botão de Assinaturas, que é onde
correio eletrônico através do Outlook Express que tam- você deve clicar. Feito isso, você vai conseguir adicio-
bém estão presentes no Mozilla Thunderbird. nar as suas assinaturas de maneira rápida e prática sem
Um conhecimento básico que pode tornar o dia a dia maiores problemas.
com o Outlook muito mais simples é sobre os atalhos No Outlook Express podemos preparar uma mensa-
de teclado para a realização de diversas funções dentro gem através do ícone Criar e-mail, demonstrado na figura
do Outlook. Para você começar os seus estudos, anote acima, ao clicar nessa imagem aparecerá a tela a seguir:
alguns atalhos simples. Para criar um novo e-mail, basta
apertar Ctrl + Shift + M e para excluir uma determinada
mensagem aposte no atalho Ctrl + D. Levando tudo isso
em consideração inclua os atalhos de teclado na sua ro-
tina de estudos e vá preparado para o concurso com os
principais na cabeça.
Uma das funcionalidades mais úteis do Outlook para
profissionais que compartilham uma mesma área é o
compartilhamento de calendário entre membros de uma
mesma equipe.
Por isso mesmo é importante que você tenha o co-
nhecimento da técnica na hora de fazer uma prova de
concurso que exige os conhecimentos básicos de infor-
mática, pois por ser uma função bastante utilizada tem
maiores chances de aparecer em uma ou mais questões.
O calendário é uma ferramenta bastante interessante Figura 6: Tela de Envio de E-mail
do Outlook que permite que o usuário organize de for-
ma completa a sua rotina, conseguindo encaixar tarefas, #FicaDica
compromissos e reuniões de maneira organizada por dia,
de forma a ter um maior controle das atividades que de- Para: deve ser digitado o endereço eletrôni-
vem ser realizadas durante o seu dia a dia. co ou o contato registrado no Outlook do
Dessa forma, uma funcionalidade do Outlook permite destinatário da mensagem. Campo obriga-
que você compartilhe em detalhes o seu calendário ou tório.
parte dele com quem você desejar, de forma a permitir Cc: deve ser digitado o endereço eletrônico
que outra pessoa também tenha acesso a sua rotina, o ou o contato registrado no Outlook do des-
que pode ser uma ótima pedida para profissionais den- tinatário que servirá para ter ciência desse
tro de uma mesma equipe, principalmente quando um e-mail.
determinado membro entra de férias. Cco: Igual ao Cc, porém os destinatários fi-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Para conseguir utilizar essa função basta que você en- cam ocultos.
tre em Calendário na aba indicada como Página Inicial.
Feito isso, basta que você clique em Enviar Calendário
por E-mail, que vai fazer com que uma janela seja aberta Assunto: campo onde será inserida uma breve des-
no seu Outlook. crição, podendo reservar-se a uma palavra ou uma frase
Nessa janela é que você vai poder escolher todas as sobre o conteúdo da mensagem. É um campo opcional,
informações que vão ser compartilhadas com quem você mas aconselhável, visto que a falta de seu preenchimento
deseja, de forma que o Outlook vai formular um calen- pode levar o destinatário a não dar a devida importância
dário de forma simples e detalhada de fácil visualização à mensagem ou até mesmo desconsiderá-la.

44
Corpo da mensagem: logo abaixo da linha assunto, é a) SPAM.
equivalente à folha onde será digitada a mensagem. b) Alta Prioridade.
A mensagem, após digitada, pode passar pelas for- c) Baixa Prioridade.
matações existentes na barra de formatação do Outlook: d) Assinatura Personalizada.
Mozilla Thunderbird é um cliente de email e notícias e) Arquivo Anexado.
open-source e gratuito criado pela Mozilla Foundation
(mesma criadora do Mozilla Firefox). Resposta: Letra B. É possível sinalizar a mensagem
Webmail é o nome dado a um cliente de e-mail que como sendo de alta prioridade quando se deseja que
não necessita de instalação no computador do usuário, já as pessoas saibam que a mensagem precisa de aten-
que funciona como uma página de internet, bastando o ção urgente. Se a mensagem é apenas um informativo
ou se está enviando um e-mail sobre um tema que
usuário acessar a página do seu provedor de e-mail com
não precisa ser priorizado, defina o indicador de baixa
seu login e senha. Desta forma, o usuário ganha mobili-
prioridade.
dade já que não necessita estar na máquina em que um A maioria dos clientes de e-mail, os destinatários veem
cliente de e-mail está instalado para acessar seu e-mail. um indicador específico na lista de mensagens ou nos
cabeçalhos.
Na faixa de opções, é possível saber quando a priori-
#FicaDica dade foi definida, pois o botão fica realçado.
Segmentos do Outlook Express
Painel de Pastas: permite que o usuário sal- 3. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP – 2017) Um usuário
ve seus e-mails em pastas específicas e dá a preparou uma mensagem de correio eletrônico usando o
Microsoft Outlook 2010, em sua configuração padrão, e
possibilidade de criar novas pastas;
enviou para o destinatário. Porém, algum tempo depois,
Painel das Mensagens: onde se concentra a
percebeu que esqueceu de anexar um arquivo. Esse mes-
lista de mensagens de determinada pasta e mo usuário preparou, então, uma nova mensagem com
quando se clica em um dos e-mails o con- o mesmo assunto, e enviou para o mesmo destinatário,
teúdo é disponibilizado no painel de conte- agora com o anexo. Assinale a alternativa correta.
údo.
Painel de Conteúdo: esse painel é onde irá a) A mensagem original, sem o anexo, foi automatica-
aparecer o conteúdo das mensagens envia- mente apagada no computador do destinatário e
das. substituída pela segunda mensagem, uma vez que
Painel de Contatos: nesse local se concen- ambas têm o mesmo assunto e são do mesmo reme-
tram as pessoas que foram cadastradas em tente.
sua lista de endereço. b) Como as duas mensagens têm o mesmo assunto, a
segunda mensagem não foi transmitida, permanecen-
do no computador do destinatário apenas a primeira
mensagem.
EXERCÍCIOS COMENTADOS c) A segunda mensagem não pode ser transmitida e fica
bloqueada na caixa de saída do remetente, até que a
1. (TJ-ES – CBNM1-01 – NÍVEL MÉDIO – CESPE – 2011) primeira mensagem tenha sido lido pelo destinatário.
UM PROGRAMA DE CORREIO ELETRÔNICO VIA WEB d) O destinatário recebeu 2 mensagens, sendo, a primei-
(WEBMAIL) é uma opção viável para usuários que es- ra, sem anexo, e a segunda, com o anexo.
tejam longe de seu computador pessoal. A partir de e) O remetente não recebeu nenhuma das mensagens,
qualquer outro computador no mundo, o usuário pode, pois não é possível transmitir mais de uma mensagem
com o mesmo assunto e mesmo remetente.
via Internet, acessar a caixa de correio armazenada no
próprio computador cliente remoto e visualizar eventuais
Resposta: Letra D.
novas mensagens. Alternativa “A” está incorreta, pois todas mensagens
enviadas são armazenadas de forma independente,
( ) CERTO   ( ) ERRADO novas mensagens com mesmo assunto ou ainda idên-
ticas a anteriores não influenciam em mensagens já
Resposta: Errado. O programa WebMail irá acessar o enviadas.
servidor de e-mail, e não a máquina dousuário (com- Alternativa “B” está incorreta, pois é perfeitamente
putador cliente remoto). possível enviar mensagens com mesmo assunto ou
ainda idênticas, sem prejuízo algum de mensagens
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

2. (ENGENHEIRO CIVIL – VUNESP – 2018) No MS- anteriores.


-Outlook 2010, em sua configuração padrão, quando Alternativa “C” está incorreta, pois Todas as mensa-
uma mensagem está sendo preparada, o usuário pode gens serão enviadas, independentemente do destina-
indicar aos destinatários que a mensagem precisa de tário ler as anteriores.
atenção utilizando a marca de _________________. Esse re- Alternativa “D” está correta, pois o destinatário rece-
curso pode ser encontrado no grupo Marcas, da guia beu 2 mensagens, sendo, a primeira, sem anexo, e a
Mensagem. segunda, com o anexo.
Assinale a alternativa que apresenta a opção que preen- Alternativa “E” está incorreta, pois é possível enviar
che corretamente a lacuna do enunciado. mais de uma mensagem, com mesmo assunto e mes-
mo destinatário.

45
4. (SOLDADO – PM DE 2ª CLASSE – VUNESP – 2017) 6. (ENGENHEIRO CIVIL – VUNESP – 2018) Considere a
João recebeu uma mensagem de correio eletrônico com imagem a seguir, extraída do Internet Explorer 11, em sua
as seguintes características: configuração padrão. A página exibida no navegador foi
De: Pedro completamente carregada.
Para: João; Marta
Cc: Ricardo; Ana
Usando o Microsoft Outlook 2010, em sua configuração
padrão, ele usou um recurso para responder a mensa-
gem que manteve apenas Pedro na lista de destinatários.
Isso significa que João usou a opção:

a) Responder.
b) Arquivar.
c) Marcar como não lida.
d) Responder a todos.
e) Marcar como lida

Resposta: Letra A. Se o João deseja “responder” ao


e-mail recebido de Pedro, e deseja responder apenas ao
remetente já se pode eliminar as alternativas “B”, “C” e “E”
por não terem correspondência com a função “Resposta”.
Tem-se então, apenas duas alternativas, “A” e “D”, mas
como o João deseja responder apenas para Pedro ele
deve escolher a opção “Responder”, pois se escolhes-
Ao pressionar o botão F5 do teclado, a página exibida
se “Responder a todos”, Marta, Ricardo e Ana também
será
receberiam a mensagem.

5. (AGENTE POLICIAL – VUNESP – 2013)Observe o ar- a) imediatamente fechada.


gumento de busca que o usuário fará utilizando o Goo- b) enviada para impressão.
gle, na ilustração apresentada a seguir. c) atualizada.
d) enviada por e-mail.
e) aberta em uma nova aba.

Resposta: Letra C.
a) Imediatamente fechada.
۰ Alt + F4 = fecha todas as guias
۰ Ctrl + F4 = fecha só guia atual
b) Enviada para impressão.
۰ Ctrl + P
c) Atualizada.
Com base na figura e no que foi digitado, assinale a al- ۰ F5
ternativa correta. d) Enviada por e-mail.
۰ CTRL + Enter (MS Outlook)
a) Será pesquisado o conjunto exato de palavras. e) Aberta em uma nova aba.
b) A pesquisa trará como resultados o que encontrar ۰ Ctrl + T = abre uma nova aba
como antônimo do que foi digitado. ۰ Ctrl + N = abre um novo comando
c) O conjunto de palavras será excluído dos resultados
pesquisados.
d) A pesquisa trará somente as imagens e vídeos não re- CONCEITOS DE ORGANIZAÇÃO E DE
lacionados ao argumento digitado. GERENCIAMENTO DE INFORMAÇÕES,
e) Além das palavras digitadas, a pesquisa também trará ARQUIVOS, PASTAS E PROGRAMAS.
os seus sinônimos
Prezado candidato, este material já foi abordado ante-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Resposta: Letra A. O comando “entre aspas” duran- riormente.


te uma busca, efetua a busca pela ocorrência exata
de tudo que está entre as aspas, agrupado da mesma
forma, desta forma, para esta questão será retornado
o resultado da ocorrência “garota de Ipanema”.
Obs.: As pesquisas com aspas podem excluir resulta-
dos relevantes. Por exemplo, uma pesquisa por “Ale-
xander Bell” excluirá páginas que se referem a Alexan-
der G. Bell.

46
- Confidencialidade – especificidade que limita o
acesso a informação somente às entidades autên-
SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO.
ticas, ou seja, àquelas autorizadas pelo proprietário
PROCEDIMENTOS DE SEGURANÇA.
da informação.
NOÇÕES DE VÍRUS, WORMS E PRAGAS
- Integridade – especificidade que assegura que a in-
VIRTUAIS. APLICATIVOS PARA
formação manipulada mantenha todas as caracte-
SEGURANÇA (ANTIVÍRUS, FIREWALL,
rísticas autênticas estabelecidas pelo proprietário
ANTISPYWARE ETC.).
da informação, incluindo controle de mudanças e
garantia do seu ciclo de vida (nascimento, manu-
tenção e destruição).
SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO: - Disponibilidade – especificidade que assegura que
PROCEDIMENTOS DE SEGURANÇA a informação esteja sempre disponível para o uso
legítimo, ou seja, por aqueles usuários que têm au-
A Segurança da Informação refere-se às proteções torização pelo proprietário da informação.
existentes em relação às informações de uma determi- - Autenticidade – especificidade que assegura que
nada empresa, instituição governamental ou pessoa. Ou a informação é proveniente da fonte anunciada
seja, aplica-se tanto às informações corporativas quanto e que não foi alvo de mutações ao longo de um
às pessoais. processo.
Entende-se por informação todo e qualquer conteú- - Irretratabilidade ou não repúdio – especificidade
do ou dado que tenha valor para alguma corporação ou que assegura a incapacidade de negar a autoria
pessoa. Ela pode estar guardada para uso restrito ou ex- em relação a uma transação feita anteriormente.
posta ao público para consulta ou aquisição.

Mecanismos de segurança
#FicaDica
Antes de proteger, devemos saber: O suporte para as orientações de segurança pode ser
- O que proteger; encontrado em:
- De quem proteger; Controles físicos: são barreiras que limitam o contato
- Pontos frágeis; ou acesso direto a informação ou a infraestrutura (que
- Normas a serem seguidas. assegura a existência da informação) que a suporta.
Controles lógicos: são bloqueios que impedem ou
limitam o acesso à informação, que está em ambien-
A Segurança da Informação se refere à proteção
te controlado, geralmente eletrônico, e que, de outro
existente sobre as informações de uma determinada
modo, ficaria exibida a alteração não autorizada por ele-
empresa ou pessoa, isto é, aplica-se tanto às informa-
mento mal-intencionado.
ções corporativas quanto aos pessoais. Entende-se por
Existem mecanismos de segurança que sustentam os
informação todo conteúdo ou dado que tenha valor para
controles lógicos:
alguma organização ou pessoa. Ela pode estar guardada
- Mecanismos de cifração ou encriptação: Permitem
para uso restrito ou exibida ao público para consulta ou
a modificação da informação de forma a torná-la
aquisição.
ininteligível a terceiros. Utiliza-se para isso, algo-
Podem ser estabelecidas métricas (com o uso ou não
ritmos determinados e uma chave secreta para, a
de ferramentas) para definir o nível de segurança que há
partir de um conjunto de dados não criptografa-
e, com isto, estabelecer as bases para análise de melho-
dos, produzir uma sequência de dados criptografa-
rias ou pioras de situações reais de segurança. A seguran-
dos. A operação contrária é a decifração.
ça de certa informação pode ser influenciada por fatores
- Assinatura digital: Um conjunto de dados cripto-
comportamentais e de uso de quem se utiliza dela, pelo
grafados, agregados a um documento do qual são
ambiente ou infraestrutura que a cerca ou por pessoas
função, garantindo a integridade e autenticidade
mal-intencionadas que têm o objetivo de furtar, destruir
do documento associado, mas não ao resguardo
ou modificar tal informação.
das informações.
A tríade CIA (Confidentiality, Integrity and Availabi-
- Mecanismos de garantia da integridade da infor-
lity) — Confidencialidade, Integridade e Disponibilidade
mação: Usando funções de “Hashing” ou de checa-
— representa as principais características que, atualmen-
gem, é garantida a integridade através de compa-
te, orientam a análise, o planejamento e a implementa-
ração do resultado do teste local com o divulgado
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

ção da segurança para um certo grupo de informações


pelo autor.
que se almeja proteger. Outros fatores importantes são
- Mecanismos de controle de acesso: Palavras-chave,
a irrevogabilidade e a autenticidade. Com a evolução do
sistemas biométricos, firewalls, cartões inteligen-
comércio eletrônico e da sociedade da informação, a pri-
tes.
vacidade é também uma grande preocupação.
- Mecanismos de certificação: Atesta a validade de
Portanto as características básicas, de acordo com os
um documento.
padrões internacionais (ISO/IEC 17799:2005) são as se-
- Integridade: Medida em que um serviço/informa-
guintes:
ção é autêntico, ou seja, está protegido contra a
entrada por intrusos.

47
- Honeypot: É uma ferramenta que tem a função - DES (Data Encryption Standard): Faz uso de chaves
proposital de simular falhas de segurança de um de 56 bits, que corresponde à aproximadamente
sistema e obter informações sobre o invasor en- 72 quatrilhões de combinações. Mesmo sendo um
ganando-o, e fazendo-o pensar que esteja de fato número extremamente elevado, em 1997, quebra-
explorando uma fraqueza daquele sistema. É uma ram esse algoritmo através do método de ‘tentati-
espécie de armadilha para invasores. O HoneyPot va e erro’, em um desafio na internet.
não oferece forma alguma de proteção. - RC (Ron’s Code ou RivestCipher): É um algoritmo mui-
- Protocolos seguros: Uso de protocolos que garan- to utilizado em e-mails e usa chaves de 8 a 1024
tem um grau de segurança e usam alguns dos me- bits. Além disso, ele tem várias versões que diferen-
canismos citados. ciam uma das outras pelo tamanho das chaves.
- EAS (Advanced Encryption Standard): Atualmente é
Mecanismos de encriptação um dos melhores e mais populares algoritmos de
criptografia. É possível definir o tamanho da chave
como sendo de 128 bits, 192 bits ou 256 bits.
#FicaDica - IDEA (International Data Encryption Algorithm): É um
algoritmo que usa chaves de 128 bits, parecido com
A criptografia vem, originalmente, da fusão o DES. Seu ponto forte é a fácil execução de software.
entre duas palavras gregas:
• CRIPTO = ocultar, esconder. As chaves simétricas não são absolutamente seguras
• GRAFIA= escrever quando referem-se às informações extremamente valio-
sas, principalmente pelo emissor e o receptor precisa-
rem ter o conhecimento da mesma chave. Dessa forma,
Criptografia é a ciência de escrever em cifra ou em a transmissão pode não ser segura e o conteúdo pode
códigos. Ou seja, é um conjunto de técnicas que tornam chegar a terceiros.
uma mensagem ininteligível, e permite apenas que o Chave Assimétrica utiliza duas chaves: a privada e a
destinatário que saiba a chave de encriptação possa de- pública. Elas se sintetizam da seguinte forma: a chave
criptar e ler a mensagem com clareza. pública para codificar e a chave privada para decodificar,
Permitem a transformação reversível da informação considerando-se que a chave privada é secreta. Entre os
de forma a torná-la ininteligível a terceiros. Utiliza-se algoritmos utilizados, estão:
para isso, algoritmos determinados e uma chave secreta - RSA (Rivest, Shmirand Adleman): É um dos algo-
para, a partir de um conjunto de dados não encriptados, ritmos de chave assimétrica mais usados, em que
produzir uma continuação de dados encriptados. A ope- dois números primos (aqueles que só podem ser
ração inversa é a desencriptação. divididos por 1 e por eles mesmos) são multipli-
Existem dois tipos de chave: a chave pública e a chave cados para obter um terceiro valor. Assim, é preci-
privada. so fazer fatoração, que significa descobrir os dois
A chave pública é usada para codificar as informa- primeiros números a partir do terceiro, sendo um
ções, e a chave privada é usada para decodificar. cálculo difícil. Assim, se números grandes forem
Dessa forma, na pública, todos têm acesso, mas para utilizados, será praticamente impossível descobrir
‘abrir’ os dados da informação, que aparentemente não o código. A chave privada do RSA são os números
tem sentido, é preciso da chave privada, que apenas o que são multiplicados e a chave pública é o valor
emissor e receptor original possui. que será obtido.
Hoje, a criptografia pode ser considerada um método - El Gamal: Utiliza-se do ‘logaritmo discreto’, que é
100% seguro, pois, quem a utiliza para enviar e-mails e um problema matemático que o torna mais segu-
proteger seus arquivos, estará protegido contra fraudes ro. É muito usado em assinaturas digitais.
e tentativas de invasão.
Os termos ‘chave de 64 bits’ e ‘chave de 128 bits’ NOÇÕES DE VÍRUS
são usados para expressar o tamanho da chave, ou seja,
quanto mais bits forem utilizados, mais segura será essa Firewall é uma solução de segurança fundamentada
criptografia. em hardware ou software (mais comum) que, a partir de
Um exemplo disso é se um algoritmo usa uma chave um conjunto de regras ou instruções, analisa o tráfego
de 8 bits, apenas 256 chaves poderão ser usadas para de rede para determinar quais operações de transmissão
decodificar essa informação, pois 2 elevado a 8 é igual a ou recepção de dados podem ser realizadas. “Parede de
256. Assim, um terceiro pode tentar gerar 256 tentativas fogo”, a tradução literal do nome, já deixa claro que o
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

de combinações e decodificar a mensagem, que mes- firewall se enquadra em uma espécie de barreira de defe-
mo sendo uma tarefa difícil, não é impossível. Portanto, sa. A sua missão, consiste basicamente em bloquear trá-
quanto maior o número de bits, maior segurança terá a fego de dados indesejados e liberar acessos desejados.
criptografia. Para melhor compreensão, imagine um firewall como
Existem dois tipos de chaves criptográficas, as chaves sendo a portaria de um condomínio: para entrar, é neces-
simétricas e as chaves assimétricas sário obedecer a determinadas regras, como se identifi-
Chave Simétrica é um tipo de chave simples, que é car, ser esperado por um morador e não portar qualquer
usada para a codificação e decodificação. Entre os algo- objeto que possa trazer riscos à segurança; para sair, não
ritmos que usam essa chave, estão: se pode levar nada que pertença aos condôminos sem a
devida autorização.

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Neste sentido, um firewall pode impedir uma série de número de solicitações, firewalls deste tipo são opções
ações maliciosas: um malware que utiliza determinada interessantes de segurança porque não permitem a co-
porta para se instalar em um computador sem o usuário municação direta entre origem e destino.
saber, um programa que envia dados sigilosos para a in- A imagem a seguir ajuda na compreensão do concei-
ternet, uma tentativa de acesso à rede a partir de compu- to. Perceba que em vez de a rede interna se comunicar
tadores externos não autorizados, entre outros. diretamente com a internet, há um equipamento entre
Você já sabe que um firewall atua como uma espécie ambos que cria duas conexões: entre a rede e o proxy; e
de barreira que verifica quais dados podem passar ou entre o proxy e a internet. Observe:
não. Esta tarefa só pode ser feita mediante o estabele-
cimento de políticas, isto é, de regras estabelecidas pelo
usuário.
Em um modo mais restritivo, um firewall pode ser
configurado para bloquear todo e qualquer tráfego no
computador ou na rede. O problema é que esta condi-
ção isola este computador ou esta rede, então pode-se
criar uma regra para que, por exemplo, todo aplicativo
aguarde autorização do usuário ou administrador para
ter seu acesso liberado. Esta autorização poderá inclusive
ser permanente: uma vez dada, os acessos seguintes se-
rão automaticamente permitidos.
Em um modo mais versátil, um firewall pode ser con-
figurado para permitir automaticamente o tráfego de de-
terminados tipos de dados, como requisições HTTP (veja Figura 91: Proxy
mais sobre esse protocolo no ítem 7), e bloquear outras,
como conexões a serviços de e-mail. Perceba que todo o fluxo de dados necessita passar
Perceba, como estes exemplos, tem políticas de um pelo proxy. Desta forma, é possível, por exemplo, esta-
firewall que são baseadas, inicialmente, em dois princí- belecer regras que impeçam o acesso de determinados
pios: todo tráfego é bloqueado, exceto o que está expli- endereços externos, assim como que proíbam a comu-
citamente autorizado; todo tráfego é permitido, exceto o nicação entre computadores internos e determinados
que está explicitamente bloqueado. serviços remotos.
Firewalls mais avançados podem ir além, direcionan- Este controle amplo também possibilita o uso do pro-
do determinado tipo de tráfego para sistemas de segu- xy para tarefas complementares: o equipamento pode
rança internos mais específicos ou oferecendo um refor- registrar o tráfego de dados em um arquivo de log; con-
ço extraem procedimentos de autenticação de usuários, teúdo muito utilizado pode ser guardado em uma espé-
por exemplo. cie de cache (uma página Web muito acessada fica guar-
O trabalho de um firewall pode ser realizado de várias dada temporariamente no proxy, fazendo com que não
formas. O que define uma metodologia ou outra são fa- seja necessário requisitá-la no endereço original a todo
tores como critérios do desenvolvedor, necessidades es- instante, por exemplo); determinados recursos podem
pecíficas do que será protegido, características do siste- ser liberados apenas mediante autenticação do usuário;
ma operacional que o mantém, estrutura da rede e assim entre outros.
por diante. É por isso que podemos encontrar mais de A implementação de um proxy não é tarefa fácil, haja
um tipo de firewall. A seguir, os mais conhecidos. visto a enorme quantidade de serviços e protocolos exis-
Filtragem de pacotes (packetfiltering): As primeiras tentes na internet, fazendo com que, dependendo das
soluções de firewall surgiram na década de 1980 basean- circunstâncias, este tipo de firewall não consiga ou exija
do-se em filtragem de pacotes de dados (packetfiltering), muito trabalho de configuração para bloquear ou autori-
uma metodologia mais simples e, por isso, mais limitada, zar determinados acessos.
embora ofereça um nível de segurança significativo. Proxy transparente: No que diz respeito a limitações,
Para compreender, é importante saber que cada pa- é conveniente mencionar uma solução chamada de pro-
cote possui um cabeçalho com diversas informações a xy transparente. O proxy “tradicional”, não raramente,
seu respeito, como endereço IP de origem, endereço IP exige que determinadas configurações sejam feitas nas
do destino, tipo de serviço, tamanho, entre outros. O Fi- ferramentas que utilizam a rede (por exemplo, um na-
rewall então analisa estas informações de acordo com as vegador de internet) para que a comunicação aconteça
regras estabelecidas para liberar ou não o pacote (seja sem erros. O problema é, dependendo da aplicação, este
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

para sair ou para entrar na máquina/rede), podendo tam- trabalho de ajuste pode ser inviável ou custoso.
bém executar alguma tarefa relacionada, como registrar O proxy transparente surge como uma alternativa
o acesso (ou tentativa de) em um arquivo de log. para estes casos porque as máquinas que fazem parte
O firewall de aplicação, também conhecido como da rede não precisam saber de sua existência, dispensan-
proxy de serviços (proxy services) ou apenas proxy é uma do qualquer configuração específica. Todo acesso é feito
solução de segurança que atua como intermediário entre normalmente do cliente para a rede externa e vice-ver-
um computador ou uma rede interna e outra rede, exter- sa, mas o proxy transparente consegue interceptá-lo e
na normalmente, a internet. Geralmente instalados em
responder adequadamente, como se a comunicação, de
servidores potentes por precisarem lidar com um grande
fato, fosse direta.

49
É válido ressaltar que o proxy transparente também Os vírus, worms, Trojans, spyware são tipos de pro-
tem lá suas desvantagens, por exemplo: um proxy «nor- gramas de software que são implementados sem o con-
mal» é capaz de barrar uma atividade maliciosa, como sentimento (e inclusive conhecimento) do usuário ou
um malware enviando dados de uma máquina para a proprietário de um computador e que cumprem diver-
internet; o proxy transparente, por sua vez, pode não sas funções nocivas para o sistema. Entre elas, o roubo e
bloquear este tráfego. Não é difícil entender: para con- perda de dados, alteração de funcionamento, interrup-
seguir se comunicar externamente, o malware teria que ção do sistema e propagação para outros computadores.
ser configurado para usar o proxy «normal» e isso geral- Os antivírus são aplicações de software projetadas
mente não acontece; no proxy transparente não há esta como medida de proteção e segurança para resguardar
limitação, portanto, o acesso aconteceria normalmente. os dados e o funcionamento de sistemas informáticos
1. Limitações dos firewalls caseiros e empresariais de outras aplicações conhecidas
comumente como vírus ou malware que tem a função de
alterar, perturbar ou destruir o correto desempenho dos
#FicaDica computadores.
Um programa de proteção de vírus tem um funcio-
Firewalls têm lá suas limitações, sendo que
estas variam conforme o tipo de solução e namento comum que com frequência compara o código
a arquitetura utilizada. De fato, firewalls são de cada arquivo que revisa com uma base de dados de
recursos de segurança bastante importantes, códigos de vírus já conhecidos e, desta maneira, pode
mas não são perfeitos em todos os sentidos. determinar se trata de um elemento prejudicial para o
sistema. Também pode reconhecer um comportamento
ou padrão de conduta típica de um vírus. Os antivírus
Seguem abaixo algumas dessas limitações: podem registrar tanto os arquivos encontrados dentro
- Um firewall pode oferecer a segurança desejada, do sistema como aqueles que procuram ingressar ou in-
mas comprometer o desempenho da rede (ou teragir com o mesmo.
mesmo de um computador). Esta situação pode Como novos vírus são criados de maneira quase
gerar mais gastos para uma ampliação de infraes- constante, sempre é preciso manter atualizado o pro-
trutura capaz de superar o problema; grama antivírus de maneira de que possa reconhecer as
- A verificação de políticas tem que ser revista perio- novas versões maliciosas. Assim, o antivírus pode perma-
dicamente para não prejudicar o funcionamento necer em execução durante todo tempo que o sistema
de novos serviços; informático permaneça ligado, ou registrar um arquivo
- Novos serviços ou protocolos podem não ser devi- ou série de arquivos cada vez que o usuário exija. Nor-
damente tratados por proxies já implementados; malmente, o antivírus também pode verificar e-mails e
- Um firewall pode não ser capaz de impedir uma ati- sites de entrada e saída visitados.
vidade maliciosa que se origina e se destina à rede Um antivírus pode ser complementado por outros
interna; aplicativos de segurança, como firewalls ou anti-spywa-
- Um firewall pode não ser capaz de identificar uma res que cumprem funções auxiliares para evitar a entrada
atividade maliciosa que acontece por descuido do de vírus.
usuário - quando este acessa um site falso de um Então, antivírus são os programas criados para man-
banco ao clicar em um link de uma mensagem de ter seu computador seguro, protegendo-o de programas
e-mail, por exemplo; maliciosos, com o intuito de estragar, deletar ou roubar
- Firewalls precisam ser “vigiados”. Malwares ou ata- dados de seu computador.
cantes experientes podem tentar descobrir ou ex- Ao pesquisar sobre antivírus para baixar, sempre es-
plorar brechas de segurança em soluções do tipo; colha os mais famosos, ou conhecidos, pois hackers es-
- Um firewall não pode interceptar uma conexão que tão usando este mercado para enganar pessoas com fal-
não passa por ele. Se, por exemplo, um usuário sos softwares, assim, você instala um “antivírus” e deixa
acessar a internet em seu computador a partir de seu computador vulnerável aos ataques.
uma conexão 3G (justamente para burlar as res- E esses falsos softwares estão por toda parte, cuidado
trições da rede, talvez), o firewall não conseguirá ao baixar programas de segurança em sites desconheci-
interferir. dos, e divulgue, para que ninguém seja vítima por falta
de informação.
2. Sistema antivírus Os vírus que se anexam a arquivos infectam também
todos os arquivos que estão sendo ou e serão execu-
Qualquer usuário já foi, ou ainda é vítima dos vírus, tados. Alguns às vezes recontaminam o mesmo arquivo
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

spywares, trojans, entre muitos outros. Quem que nunca tantas vezes e ele fica tão grande que passa a ocupar um
precisou formatar seu computador? espaço considerável (que é sempre muito precioso) em
Os vírus representam um dos maiores problemas seu disco. Outros, mais inteligentes, se escondem entre
para usuários de computador. Para poder resolver esses os espaços do programa original, para não dar a menor
problemas, as principais desenvolvedoras de softwares pista de sua existência.
criaram o principal utilitário para o computador, os an- Cada vírus possui um critério para começar o ataque
tivírus, que são programas com o propósito de detectar propriamente dito, onde os arquivos começam a ser apa-
e eliminar vírus e outros programas prejudiciais antes ou gados, o micro começa a travar, documentos que não
depois de ingressar no sistema. são salvos e várias outras tragédias. Alguns apenas mos-

50
tram mensagens chatas, outros mais elaborados fazem sigilosos ou não, mantidos no micro da vítima. Quando
estragos muito grandes. a máquina contaminada por um Trojan conectar-se à In-
Existe uma variedade enorme de softwares antivírus ternet, poderá ter todas as informações contidas no HD
no mercado. Independente de qual você usa, mantenha- visualizadas e capturadas por um intruso qualquer. Estas
-o sempre atualizado. Isso porque surgem vírus novos visitas são feitas imperceptivelmente. Só quem já esteve
todos os dias e seu antivírus precisa saber da existência dentro de um computador alheio sabe as possibilidades
deles para proteger seu sistema operacional. oferecidas.
A maioria dos softwares antivírus possuem serviços Worms (vermes) podem ser interpretados como um
de atualização automática. Abaixo há uma lista com os tipo de vírus mais inteligente que os demais. A princi-
antivírus mais conhecidos: pal diferença entre eles está na forma de propagação:
Norton AntiVirus - Symantec - www.symantec.com.br os worms podem se propagar rapidamente para outros
- Possui versão de teste. computadores, seja pela Internet, seja por meio de uma
McAfee - McAfee - http://www.mcafee.com.br - Pos- rede local. Geralmente, a contaminação ocorre de ma-
sui versão de teste. neira discreta e o usuário só nota o problema quando o
AVG - Grisoft - www.grisoft.com - Possui versão paga computador apresenta alguma anormalidade. O que faz
e outra gratuita para uso não comercial (com menos fun- destes vírus inteligentes é a gama de possibilidades de
cionalidades). propagação. O worm pode capturar endereços de e-mail
Panda Antivírus - Panda Software - www.pandasoft- em arquivos do usuário, usar serviços de SMTP (sistema
ware.com.br - Possui versão de teste.
de envio de e-mails) próprios ou qualquer outro meio
É importante frisar que a maioria destes desenvolve-
que permita a contaminação de computadores (normal-
dores possuem ferramentas gratuitas destinadas a re-
mente milhares) em pouco tempo.
mover vírus específicos. Geralmente, tais softwares são
Spywares, keyloggers e hijackers: Apesar de não
criados para combater vírus perigosos ou com alto grau
serem necessariamente vírus, estes três nomes também
de propagação.
representam perigo. Spywares são programas que ficam
«espionando» as atividades dos internautas ou capturam
informações sobre eles. Para contaminar um computa-
dor, os spywares podem vir embutidos em softwares
desconhecidos ou serem baixados automaticamente
quando o internauta visita sites de conteúdo duvidoso.
Os keyloggers são pequenos aplicativos que podem
vir embutidos em vírus, spywares ou softwares suspeitos,
destinados a capturar tudo o que é digitado no teclado.
O objetivo principal, nestes casos, é capturar senhas.
Hijackers são programas ou scripts que «sequestram»
navegadores de Internet, principalmente o Internet Ex-
plorer. Quando isso ocorre, o hijacker altera a página ini-
Principais antivírus do mercado atual cial do browser e impede o usuário de mudá-la, exibe
propagandas em pop-ups ou janelas novas, instala bar-
3. Tipos de Vírus ras de ferramentas no navegador e podem impedir aces-
so a determinados sites (como sites de software antivírus,
Cavalo-de-Tróia: A denominação “Cavalo de Tróia” por exemplo).
(Trojan Horse) foi atribuída aos programas que permi- Os spywares e os keyloggers podem ser identifica-
tem a invasão de um computador alheio com espanto- dos por programas anti-spywares. Porém, algumas des-
sa facilidade. Nesse caso, o termo é análogo ao famoso tas pragas são tão perigosas que alguns antivírus podem
artefato militar fabricado pelos gregos espartanos. Um ser preparados para identificá-las, como se fossem vírus.
“amigo” virtual presenteia o outro com um “presente de No caso de hijackers, muitas vezes é necessário usar uma
grego”, que seria um aplicativo qualquer. Quando o leigo ferramenta desenvolvida especialmente para combater
o executa, o programa atua de forma diferente do que aquela praga. Isso porque os hijackers podem se infiltrar
era esperado. no sistema operacional de uma forma que nem antivírus
Ao contrário do que é erroneamente informado na nem anti-spywares conseguem “pegar”.
mídia, que classifica o Cavalo de Tróia como um vírus, ele Hoaxes: São boatos espalhados por mensagens de
não se reproduz e não tem nenhuma comparação com correio eletrônico, que servem para assustar o usuário de
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

vírus de computador, sendo que seu objetivo é total- computador. Uma mensagem no e-mail alerta para um
mente diverso. Deve-se levar em consideração, também, novo vírus totalmente destrutivo que está circulando na
que a maioria dos antivírus faz a sua detecção e os classi- rede e que infectará o micro do destinatário enquanto a
ficam como tal. A expressão “Trojan” deve ser usada, ex- mensagem estiver sendo lida ou quando o usuário clicar
clusivamente, como definição para programas que cap- em determinada tecla ou link. Quem cria a mensagem
turam dados sem o conhecimento do usuário. O Cavalo hoax normalmente costuma dizer que a informação par-
de Tróia é um programa que se aloca como um arquivo tiu de uma empresa confiável, como IBM e Microsoft, e
no computador da vítima. Ele tem o intuito de roubar que tal vírus poderá danificar a máquina do usuário. Des-
informações como passwords, logins e quaisquer dados, considere a mensagem.

51
4. Política de segurança da Informação ISO/IEC 27002:2005) quando a informação é alterada,
falsificada ou furtada, ocorre à quebra da integridade. A
Hoje as informações são bens ativos da empresa, integridade é garantida quando se mantém a informação
imagine uma Universidade perdendo todos os dados no seu formato original.
dos seus alunos, ou até mesmo o tornar públicos, com A disponibilidade é a garantia de que os usuários
isso pode-se dizer que a informação se tornou o ativo autorizados obtenham acesso à informação e aos ati-
mais valioso das organizações, podendo ser alvo de uma vos correspondentes sempre que necessário (NBR ISO/
série de ameaças com a finalidade de explorar as vulne- IEC 27002:2005). Quando a informação está indisponível
rabilidades e causar prejuízos consideráveis. A informa- para o acesso, ou seja, quando os servidores estão inope-
ção é encarada, atualmente, como um dos recursos mais rantes por conta de ataques e invasões, considera-se um
importantes de uma organização, contribuindo decisiva-
incidente de segurança da informação por quebra de
mente para a uma maior ou menor competitividade, por
disponibilidade. Mesmo as interrupções involuntárias de
isso é necessária a implementação de políticas de segu-
sistemas, ou seja, não intencionais, configuram quebra
rança da informação que busquem reduzir as chances de
fraudes ou perda de informações. de disponibilidade.
A Política de Segurança da Informação é um docu-
mento que contém um conjunto de normas, métodos e
procedimentos, que obrigatoriamente precisam ser co-
PROCEDIMENTOS DE BACKUP.
municados a todos os funcionários, bem como analisado
e revisado criticamente, em intervalos regulares ou quan-
do mudanças se fizerem necessárias. O Backup ajuda a proteger os dados de exclusão
Para se elaborar uma Política de Segurança da Infor- acidentais, ou até mesmo de falhas, por exemplo se os
mação, deve se levar em consideração a NBR ISO/IEC dados originais do disco rígido forem apagados ou subs-
27001:2005, que é uma norma de códigos de práticas tituídos acidentalmente ou se ficarem inacessíveis devido
para a gestão de segurança da informação, na qual po- a um defeito do disco rígido, você poderá restaurar facil-
dem ser encontradas as melhores práticas para iniciar, mente os dados usando a cópia arquivada.
implementar, manter e melhorar a gestão de segurança
da informação em uma organização. Tipos de Backup
Importante mencionar que conforme a ISO/IEC Fazer um backup é simples. Basta copiar os arqui-
27002:2005(2005), a informação é um conjunto de dados vos que você usa para outro lugar e pronto, está feito o
que representa um ponto de vista, um dado processado backup. Mas e se eu alterar um arquivo? E se eu excluir
é o que gera uma informação. Um dado não tem valor acidentalmente um arquivo? E se o arquivo atual corrom-
antes de ser processado, a partir do seu processamento, peu? Bem, é aí que a coisa começa a ficar mais legal. É
ele passa a ser considerado uma informação, que pode nessa hora que entram as estratégias de backup.
gerar conhecimento, logo, a informação é o conheci- Se você perguntar a alguém que não é familiarizado
mento produzido como resultado do processamento de com backups, a maioria pensará que um backup é so-
dados. mente uma cópia idêntica de todos os dados do com-
De fato, com o aumento da concorrência de mercado, putador. Em outras palavras, se um backup foi criado na
tornou-se vital melhorar a capacidade de decisão em to-
noite de terça-feira, e nada mudou no computador du-
dos os níveis. Como resultado deste significante aumen-
rante o dia todo na quarta-feira, o backup criado na noite
to da interconectividade, a informação está agora expos-
de quarta seria idêntico àquele criado na terça. Apesar
ta a um crescente número e a uma grande variedade de
ameaças e vulnerabilidades. de ser possível configurar backups desta maneira, é mais
Segundo a ABNT NBR ISO/IEC 17799:2005 (2005, p.ix), provável que você não o faça. Para entender mais sobre
“segurança da informação é a proteção da informação de este assunto, devemos primeiro entender os tipos dife-
vários tipos de ameaças para garantir a continuidade do rentes de backup que podem ser criados. Estes são:
negócio, minimizar o risco ao negócio, maximizar o re- • Backups completos;
torno sobre os investimentos e as oportunidades de ne- • Backups incrementais;
gócio, para isso é muito importante a confidencialidade, • Backups diferenciais;
integridade e a disponibilidade, onde: • Backups delta;
A confidencialidade é a garantia de que a informa-
ção é acessível somente por pessoas autorizadas a terem O backup completo é simplesmente fazer a cópia de
acesso (NBR ISO/IEC 27002:2005). Caso a informação todos os arquivos para o diretório de destino (ou para os
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

seja acessada por uma pessoa não autorizada, intencio- dispositivos de backup correspondentes), independente
nalmente ou não, ocorre a quebra da confidencialidade. de versões anteriores ou de alterações nos arquivos des-
A quebra desse sigilo pode acarretar danos inestimáveis de o último backup. Este tipo de backup é o tradicional
para a empresa ou até mesmo para uma pessoa física. e a primeira ideia que vêm à mente das pessoas quan-
Um exemplo simples seria o furto do número e da senha do pensam em backup: guardar TODAS as informações.
do cartão de crédito, ou até mesmo, dados da conta ban- Outra característica do backup completo é que ele é o
cária de uma pessoa. ponto de início dos outros métodos citados abaixo. To-
A integridade é a garantia da exatidão e completeza dos usam este backup para assinalar as alterações que
da informação e dos métodos de processamento (NBR
deverão ser salvas em cada um dos métodos.

52
Este tipo consiste no backup de todos os arquivos para sentido. A razão principal para usar drives de disco como
a mídia de backup. Conforme mencionado anteriormente, um meio de backup é a velocidade. Não há um meio de
se os dados sendo copiados nunca mudam, cada backup armazenamento em massa mais rápido. A velocidade
completo será igual aos outros. Esta similaridade ocorre pode ser um fator crítico quando a janela de backup do
devido ao fato que um backup completo não verifica se seu centro de dados é curta e a quantidade de dados a
o arquivo foi alterado desde o último backup; copia tudo serem copiados é grande.
indiscriminadamente para a mídia de backup, tendo mo- O armazenamento deve ser sempre levado em con-
dificações ou não. Esta é a razão pela qual os backups sideração, onde o administrador desses backups deve se
completos não são feitos o tempo todo. Todos os arqui- preocupar em encontrar um equilíbrio que atenda ade-
vos seriam gravados na mídia de backup. Isto significa que quadamente às necessidades de todos, e também asse-
uma grande parte da mídia de backup é usada mesmo gurar que os backups estejam disponíveis para a pior das
que nada tenha sido alterado. Fazer backup de 100 giga- situações.
bytes de dados todas as noites quando talvez 10 gigaby- Após todas as técnicas de backups estarem efetivadas
tes de dados foram alterados não é uma boa prática; por deve-se garantir os testes para que com o passar do tem-
este motivo os backups incrementais foram criados. po não fiquem ilegíveis.
Já os backups incrementais primeiro verificam se o
horário de alteração de um arquivo é mais recente que o Recomendações para proteger seus backups
horário de seu último backup, por exemplo, já atuei em Fazer backups é uma excelente prática de seguran-
uma Instituição, onde todos os backups eram programa-
ça básica. Agora lhe damos conselhos simples para que
dos para a quarta-feira.
você esteja a salvo no dia em que precisar deles:
A vantagem principal em usar backups incrementais
1. Tenha seus backups fora do PC, em outro escritório,
é que rodam mais rápido que os backups completos. A
e, se for possível, em algum recipiente à prova de
principal desvantagem dos backups incrementais é que
incêndios, como os cofres onde você guarda seus
para restaurar um determinado arquivo, pode ser neces-
documentos e valores importantes.
sário procurar em um ou mais backups incrementais até
encontrar o arquivo. Para restaurar um sistema de ar- 2. Faça mais de uma cópia da sua informação e as
quivo completo, é necessário restaurar o último backup mantenha em lugares separados.
completo e todos os backups incrementais subsequen- 3. Estabeleça uma idade máxima para seus backups,
tes. Numa tentativa de diminuir a necessidade de procu- é melhor comprimir os arquivos que já sejam mui-
rar em todos os backups incrementais, foi implementada to antigos (quase todos os programas de backup
uma tática ligeiramente diferente. Esta é conhecida como contam com essa opção), assim você não desper-
backup diferencial. diça espaço útil.
Os backups diferenciais, também só copiam arquivos 4. Proteja seus backups com uma senha, de maneira
alterados desde o último backup, mas existe uma dife- que sua informação fique criptografada o suficien-
rença, eles mapeiam as alterações em relação ao último te para que ninguém mais possa acessá-la. Se sua
backup completo, importante mencionar que essa téc- informação é importante para seus entes queridos,
nica ocasiona o aumento progressivo do tamanho do implemente alguma forma para que eles possam
arquivo. saber a senha se você não estiver presente.
Os backups delta sempre armazenam a diferença en-
tre as versões correntes e anteriores dos arquivos, co- VPN
meçando a partir de um backup completo e, a partir daí, É o acrônimo de (Virtual Private Network), que signifi-
a cada novo backup são copiados somente os arquivos ca Rede Particular Virtual, que define-se como a conexão
que foram alterados enquanto são criados hardlinks para de dois computadores utilizando uma rede pública (In-
os arquivos que não foram alterados desde o último ternet), imagine uma empresa que quer ligar suas filiais,
backup. Esta é a técnica utilizada pela Time Machine da esse é um caso clássico, ou também pensando na mo-
Apple e por ferramentas como o rsync. dalidade de trabalho homeoffice, em que o funcionário
pode, da casa dele, acessar todos seus arquivos e softwa-
Mídias res específicos da empresa.
A fita foi o primeiro meio de armazenamento de da- A palavra tunelamento é algo normal ao se trabalhar
dos removível amplamente utilizado. Tem os benefícios com VPNs, é como se criasse um túnel para que os dados
de custo baixo e uma capacidade razoavelmente boa de possam ser enviados sem que outros usuários tenham
armazenamento. Entretanto, a fita tem algumas desvan- acesso.
tagens. Ela está sujeita ao desgaste e o acesso aos dados Para criar uma rede VPN não é preciso mais do que
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

na fita é sequencial por natureza. Estes fatores significam dois (ou mais) computadores conectados à Internet e um
que é necessário manter o registro do uso das fitas (apo- programa de VPN instalado em cada máquina. O proces-
sentá-las ao atingirem o fim de suas vidas úteis) e tam- so para o envio dos dados é o seguinte:
bém que a procura por um arquivo específico nas fitas • Os dados são criptografados e encapsulados.
pode ser uma tarefa longa. • Algumas informações extras, como o número de IP
Ultimamente, os drives de disco nunca seriam usados da máquina remetente, são adicionadas aos da-
como um meio de backup. No entanto, os preços de ar- dos que serão enviados para que o computador
mazenamento caíram a um ponto que, em alguns casos,
receptor possa identificar quem mandou o pacote
usar drives de disco para armazenamento de backup faz
de dados.

53
• O pacote contendo todos os dados é enviado por
meio do “túnel” criado até o computador de des- HORA DE PRATICAR!
tino.
• A máquina receptora irá identificar o computador
remetente por meio das informações anexadas ao 1. (LIQUIGÁS 2012 - CESGRANRIO - ASSISTENTE
pacote de dados. ADMINISTRATIVO) Um computador é um equipamen-
• Os dados são recebidos e desencapsulados. to capaz de processar com rapidez e segurança grande
• Finalmente os dados são descriptografados e arma- quantidade de informações.
zenados no computador de destino Assim, além dos componentes de hardware, os compu-
tadores necessitam de um conjunto de softwares deno-
Computação na nuvem (cloud computing) minado:
Ao utilizar e acessar arquivos e executar tarefas pela
internet, o usuário está utilizando o conceito de compu- a) arquivo de dados.
tação em nuvens, não há a necessidade de instalar apli- b) blocos de disco.
cativos no seu computador para tudo, pois pode acessar c) navegador de internet.
diferentes serviços online para fazer o que precisa, já que d) processador de dados.
e) Sistema operacional.
os dados não se encontram em um computador específi-
co, mas sim em uma rede, um grande exemplo disso é o
2. (TJ/RR 2012 - CESPE - AGENTE DE PROTEÇÃO) Acer-
Google com o Google Docs, Planilhas, e até mesmo porta
ca de organização e gerenciamento de informações, ar-
aquivos como o Google Drive, ou de outras empresas
quivos, pastas e programas, de segurança da informação
como o One Drive. e de armazenamento de dados na nuvem, julgue os itens
Uma vez devidamente conectado ao serviço online, é subsequentes. Um arquivo é organizado logicamente em
possível desfrutar suas ferramentas e salvar todo o tra- uma sequência de registros, que são mapeados em blo-
balho que for feito para acessá-lo depois de qualquer cos de discos. Embora esses blocos tenham um tamanho
lugar — é justamente por isso que o seu computador fixo determinado pelas propriedades físicas do disco e
estará nas nuvens, pois você poderá acessar os aplicati- pelo sistema operacional, o tamanho do registro pode
vos a partir de qualquer computador que tenha acesso variar.
à internet.
( ) CERTO   ( ) ERRADO
#FicaDica 3. (CNJ 2013 - CESPE - TÉCNICO JUDICIÁRIO - PRO-
Basta pensar que, a partir de uma conexão GRAMAÇÃO DE SISTEMAS) Acerca dos ambientes Li-
com a internet, você pode acessar um servi- nux e Windows, julgue os itens seguintes.2No sistema
dor capaz de executar o aplicativo desejado, operacional Windows 8, há a possibilidade de integrar-se
que pode ser desde um processador de textos à denominada nuvem de computadores que fazem parte
até mesmo um jogo ou um pesado editor de da Internet.
vídeos. Enquanto os servidores executam um
programa ou acessam uma determinada infor- ( ) CERTO   ( ) ERRADO
mação, o seu computador precisa apenas do
monitor e dos periféricos para que você inte- 4. (FHEMIG 2013 - FCC - TÉCNICO EM INFORMÁTI-
raja. CA) Alguns programas do computador de Ana estão
muito lentos e ela receia que haja um problema com o
hardware ou com a memória principal. Muitos de seus
programas falham subitamente e o carregamento de ar-
quivos grandes de imagens e vídeos está muito demo-
rado. Além disso, aparece, com frequência, mensagens
indicando conflitos em drivers de dispositivos. Como ela
utiliza o Windows 7, resolveu executar algumas funções
de diagnóstico, que poderão auxiliar a detectar as causas
para os problemas e sugerir as soluções adequadas.
Para realizar a verificação da memória e, em seguida do
hardware, Ana utilizou, respectivamente, as ferramentas:
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

a) Diagnóstico de memória do Windows e Monitor de


desempenho.
b) Monitor de recursos de memória e Diagnóstico de
conflitos do Windows.
c) Monitor de memória do Windows e Diagnóstico de
desempenho de hardware.
d) Mapeamento de Memória do Windows e Mapeamen-
to de hardware do Windows.
e) Diagnóstico de memória e desempenho e Diagnóstico
de hardware do Windows.

54
5. (TRT 1ª 2013 - FCC - ANALISTA JUDICIÁRIO - EXE- 10. (IBGE 2016 - FGV - Analista - Análise de Sistemas
CUÇÃO DE MANDADOS) Beatriz trabalha em um es- - Desenvolvimento de Aplicações - Web Mobile) Um
critório de advocacia e utiliza um computador com o desenvolvedor Android deseja inserir a funcionalidade
Windows 7 Professional em português. Certo dia notou de backup em uma aplicação móvel para, de tempos em
que o computador em que trabalha parou de se comu- tempos, armazenar dados automaticamente. A classe da
API de Backup (versão 6.0 ou superior) a ser utilizada é a:
nicar com a internet e com outros computadores ligados
na rede local. Após consultar um técnico, por telefone, a) BkpAgent;
foi informada que sua placa de rede poderia estar com b) BkpHelper;
problemas e foi orientada a checar o funcionamento do c) BackupManager;
adaptador de rede. Para isso, Beatriz entrou no Painel de d) BackupOutputData;
Controle, clicou na opção Hardware e Sons e, no grupo e) BackupDataStream.
Dispositivos e Impressoras, selecionou a opção:
11. (Prefeitura de Cristiano Otoni 2016 - INAZ do Pará
a) Central de redes e compartilhamento. - Psicólogo) Realizar cópia de segurança é uma forma de
b) Verificar status do computador. prevenir perda de informações. Qual é o Backup que só
c) Redes e conectividade. efetua a cópia dos últimos arquivos que foram criados
pelo usuário ou sistema?
d) Gerenciador de dispositivos.
e) Exibir o status e as tarefas de rede. a) Backup incremental
b) Backup diferencial
6. (DEMAE/GO 2016 - UFG - Agente Administrativo) Um c) Backup completo
funcionário precisa conectar um projetor multimídia a um d) Backup Normal
computador. Qual é o padrão de conexão que ele deve usar? e) Backup diário

a) RJ11 12. (CRO-PR 2016 - Quadrix - Auxiliar de Departa-


b) RGB mento) Como é chamado o backup em que o sistema
c) HDMI não é interrompido para sua realização?
d) PS2
a) Backup Incremental.
e) RJ45 b) Cold backup.
c) Hot backup.
7. (IF-PA 2016 - FUNRIO - Técnico de Tecnologia da d) Backup diferencial.
Informação) São dispositivos ou periféricos de entrada e) Backup normal
de um computador:
13. (Copergás 2016 - FCC – Técnico Operacional Segu-
a) Câmera, Microfone, Projetor e Scanner. rança do Trabalho) A ferramenta Outlook :
b) Câmera, Mesa Digitalizadora, Microfone e Scanner.
c) Microfone, Modem, Projetor e Scanner. a) é um serviço de e-mail gratuito para gerenciar todos
os e-mails, calendários e contatos de um usuário.
d) Mesa Digitalizadora, Monitor, Microfone e Projetor.
b) 2016 é a versão mais recente, sendo compatível com o
e) Câmera, Microfone, Modem e Scanner. Windows 10, o Windows 8.1 e o Windows 7.
c) permite que todas as pessoas possam ver o calendá-
8. (SABESP 2014 - FCC - Analista de Gestão - Adminis- rio de um usuário, mas somente aquelas com e-mail
tração) Correspondem, respectivamente, aos elementos Outlook.com podem agendar reuniões e responder a
placa de som, editor de texto, modem, editor de planilha convites.
e navegador de internet: d) funciona apenas em dispositivos com Windows, não
funcionando no iPad, no iPhone, em tablets e em tele-
a) software, software, hardware, software e hardware. fones com Android.
b) hardware, software, software, software e hardware. e) versão 2015 oferece acesso gratuito às ferramentas do
c) hardware, software, hardware, hardware e software. pacote de webmail Office 356 da Microsoft.
d) software, hardware, hardware, software e software.
14. (CRM-PI 2016 - Quadrix – Médico Fiscal) Em um
e) hardware, software, hardware, software e software. computador com o sistema operacional Windows insta-
lado, um funcionário deseja enviar 50 arquivos, que jun-
9. (DEMAE/GO 2016 - UFG - Agente Administrativo) tos totalizam 2 MB de tamanho, anexos em um e-mail.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Um computador à venda em um sítio de comércio ele- Para facilitar o envio, resolveu compactar esse conjunto
trônico possui 3.2 GHz, 8 GB, 2 TB e 6 portas USB. Essa de arquivos em um único arquivo utilizando um softwa-
configuração indica que: re compactador. Só não poderá ser utilizado nessa tarefa
o software:
a) a velocidade do processador é 3.2 GHz.
b) a capacidade do disco rígido é 8 GB. a) 7-Zip.
b) WinZip.
c) a capacidade da memória RAM é 2 TB.
c) CuteFTP.
d) a resolução do monitor de vídeo é composta de 6 por- d) jZip.
tas USB. e) WinRAR.

55
15. (CEITEC 2012 - FUNRIO - ADMINISTRAÇÃO/CIÊNCIAS CONTÁBEIS/DIREITO/PREGOEIRO PÚBLICO) Na inter-
net o protocolo_________ permite a transferência de mensagens eletrônicas dos servidores de _________para caixa postais
nos computadores dos usuários. As lacunas se completam adequadamente com as seguintes expressões:

a) Ftp/ Ftp.
b) Pop3 / Correio Eletrônico.
c) Ping / Web.
d) navegador / Proxy.
e) Gif / de arquivos

16. (TRT 1ª 2013 - FCC - TÉCNICO JUDICIÁRIO - ÁREA ADMINISTRATIVA) Após ministrar uma palestra sobre Se-
gurança no Trabalho, Iracema comunicou aos funcionários presentes que disponibilizaria os slides referentes à palestra
na intranet da empresa para que todos pudessem ter acesso. Quando acessou a intranet e tentou fazer o upload do
arquivo de slides criado no Microsoft PowerPoint 2010 (em português), recebeu a mensagem do sistema dizendo que
o formato do arquivo era inválido e que deveria converter/salvar o arquivo para o formato PDF e tentar realizar o pro-
cedimento novamente. Para realizar a tarefa sugerida pelo sistema, Iracema

a) clicou no botão Iniciar do Windows, selecionou a opção Todos os programas, selecionou a opção Microsoft Office
2010 e abriu o software Microsoft Office Converter Professional 2010. Em seguida, clicou na guia Arquivo e na opção
Converter. Na caixa de diálogo que se abriu, selecionou o arquivo de slides e clicou no botão Converter.
b )abriu o arquivo utilizando o Microsoft PowerPoint 2010, clicou na guia Ferramentas e, em seguida, clicou na opção
Converter. Na caixa de diálogo que se abriu, clicou na caixa de combinação que permite definir o tipo do arquivo e
selecionou a opção PDF. Em seguida, clicou no botão Converter.
c )abriu a pasta onde o arquivo estava salvo, utilizando os recursos do Microsoft Windows 7, clicou com o botão direito
do mouse sobre o nome do arquivo e selecionou a opção Salvar como PDF.
d) abriu o arquivo utilizando o Microsoft PowerPoint 2010, clicou na guia Arquivo e, em seguida, clicou na opção Sal-
var Como. Na caixa de diálogo que se abriu, clicou na caixa de combinação que permite definir o tipo do arquivo e
selecionou a opção PDF. Em seguida, clicou no botão Salvar.
e) baixou da internet um software especializado em fazer a conversão de arquivos do tipo PPTX para PDF, pois verificou
que o PowerPoint 2010 não possui opção para fazer tal conversão.

17. (SERGIPE GÁS S/A 2013 - FCC - ADMINISTRADOR) Em um slide em branco de uma apresentação criada utili-
zando-se o Microsoft PowerPoint 2010 (em português), uma das maneiras de acessar alguns dos comandos mais im-
portantes é clicando-se com o botão direito do mouse sobre a área vazia do slide. Dentre as opções presentes nesse
menu, estão as que permitem

a) copiar o slide e salvar o slide.


b) salvar a apresentação e inserir um novo slide.
c) salvar a apresentação e abrir uma apresentação já existente.
d) apresentar o slide em tela cheia e animar objetos presentes no slide.
e) mudar o layout do slide e a formatação do plano de fundo do slide.

18. (TRT 11ª 2012 - FCC - ANALISTA JUDICIÁRIO - JUDICIÁRIA) Em um slide mestre do BrOffice.org Apresentação
(Impress), NÃO se trata de um espaço reservado que se possa configurar a partir da janela Elementos mestres:

a) Número da página.
b) Texto do título.
c) Data/hora.
d) Rodapé.
e) Cabeçalho.

19. (CNJ 2013 - CESPE - TÉCNICO JUDICIÁRIO - PROGRAMAÇÃO DE SISTEMAS) A respeito do Excel, para ordenar,
por data, os registros inseridos na planilha, é suficiente selecionar a coluna data de entrada, clicar no menu Dados e, na
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

lista disponibilizada, clicar ordenar data.

( ) CERTO   ( ) ERRADO

56
20. (TRT 1ª 2013 - FCC - TÉCNICO JUDICIÁRIO - ÁREA ADMINISTRATIVA) A planilha abaixo foi criada utilizando-se
o Microsoft Excel 2010 (em português).

A linha 2 mostra uma dívida de R$ 1.000,00 (célula B2) com um Credor A (célula A2) que deve ser paga em 2 meses
(célula D2) com uma taxa de juros de 8% ao mês (célula C2) pelo regime de juros simples. A fórmula correta que deve
ser digitada na célula E2 para calcular o montante que será pago é

a) =(B2+B2)*C2*D2.
b) =B2+B2*C2/D2.
c) =B2*C2*D2.
d) =B2*(1+(C2*D2)).
e) =D2*(1+(B2*C2)).

21. (MINISTÉRIO DA FAZENDA 2012 - ESAF - ASSISTENTE TÉCNICO ADMINISTRATIVO) O BrOffice é uma suíte
para escritório gratuita e de código aberto. Um dos aplicativos da suíte é o Calc, que é um programa de planilha eletrô-
nica e assemelha-se ao Excel da Microsoft. O Calc é destinado à criação de planilhas e tabelas, permitindo ao usuário
a inserção de equações matemáticas e auxiliando na elaboração de gráficos de acordo com os dados presentes na
planilha. O Calc utiliza como padrão o formato:

a) XLS.
b) ODF.
c) XLSX.
d) PDF.
e) DOC.

22. (SERGIPE GÁS S/A 2013 - FCC - ASSISTENTE TÉCNICO ADMINISTRATIVO - RH) Paulo utiliza em seu trabalho o
editor de texto Microsoft Word 2010 (em português) para produzir os documentos da empresa. Certo dia Paulo digitou
um documento contendo 7 páginas de texto, porém, precisou imprimir apenas as páginas 1, 3, 5, 6 e 7. Para imprimir
apenas essas páginas, Paulo clicou no Menu Arquivo, na opção Imprimir e, na divisão Configurações, selecionou a op-
ção Imprimir Intervalo Personalizado. Em seguida, no campo Páginas, digitou

a) 1,3,5-7 e clicou no botão Imprimir.


b) 1;3-5;7 e clicou na opção enviar para a Impressora.
c) 1−3,5-7 e clicou no botão Imprimir.
d) 1+3,5;7 e clicou na opção enviar para a Impressora.
e) 1,3,5;7 e clicou no botão Imprimir.

23. (TRT 1ª 2013 - FCC - ANALISTA JUDICIÁRIO - EXECUÇÃO DE MANDADOS) João trabalha no departamento
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

financeiro de uma grande empresa de vendas no varejo e, em certa ocasião, teve a necessidade de enviar a 768 clientes
inadimplentes uma carta com um texto padrão, na qual deveria mudar apenas o nome do destinatário e a data em que
deveria comparecer à empresa para negociar suas dívidas. Por se tratar de um número expressivo de clientes, João pes-
quisou recursos no Microsoft Office 2010, em português, para que pudesse cadastrar apenas os dados dos clientes e
as datas em que deveriam comparecer à empresa e automatizar o processo de impressão, sem ter que mudar os dados
manualmente. Após imprimir todas as correspondências, João desejava ainda imprimir, também de forma automática,
um conjunto de etiquetas para colar nos envelopes em que as correspondências seriam colocadas. Os recursos do
Microsoft Office 2010 que permitem atender às necessidades de João são os recursos

57
a) para criação de mala direta e etiquetas disponíveis na 28. (TRT/MT - 2015 - CESPE - Analista Judiciário) Ser-
guia Correspondências do Microsoft Word 2010. viços de cloud storage (armazenagem na nuvem)
b) de automatização de impressão de correspondências
disponíveis na guia Mala Direta do Microsoft Power- a) aumentam a capacidade de processamento de com-
Point 2010. putadores remotamente.
c) de banco de dados disponíveis na guia Correspondên- b) aumentam a capacidade de memória RAM de compu-
cias do Microsoft Word 2010. tadores remotamente.
d) de mala direta e etiquetas disponíveis na guia Inserir c) suportam o aumento da capacidade de processamen-
do Microsoft Word 2010. to e armazenamento remotamente.
e) de banco de dados e etiquetas disponíveis na guia d) suportam o aumento da capacidade dos recursos da
Correspondências do Microsoft Excel 2010. rede de computadores localmente.
e) suportam cópia de segurança remota de arquivos.
24. (TCE/SP 2012 - FCC - AUXILIAR DE FISCALIZAÇÃO
FINANCEIRA II) No editor de textos Writer do pacote BR 29. (Polícia Civil - 2017 – Escrivão de Polícia Civil) Com
Office, é possível modificar e criar estilos para utilização relação à computação nas nuvens (cloud computing),
no texto. Dentre as opções de Recuo e Espaçamento para analise as afirmativas a seguir.
um determinado estilo, é INCORRETO afirmar que é pos-
I. Uma desvantagem é em relação ao custo.
sível alterar um valor para
II. Para sua utilização, é necessária uma conexão com a
Internet.
a) recuo da primeira linha.
III. A palavra “nuvem” se refere à Internet.
b) recuo antes do texto. IV. Google, Amazon e Microsoft são exemplos de empre-
c) recuo antes do parágrafo. sas líderes nesse serviço.
d) espaçamento acima do parágrafo.
e) espaçamento abaixo do parágrafo. Estão corretas as afirmativas:
25. (SUDECO 2013 - FUNCAB - Contador) No sistema a) I. III e IV. apenas
operacional Linux,o comando que NÃO está relacionado b) I, II, III e IV.
a manipulação de arquivos é: c) I, II e III apenas.
d) II. III e IV. apenas
a) kill e) I. 11 e IV apenas.
b) cat
c) rm 30. (Petrobrás - 2018 - Cesgranrio - Analista de Sis-
d) cp tema Júnior) A Virtual Private Network (VPN) permite o
e) ftp estabelecimento de um enlace seguro do tipo host-to-
-host, host-to-gateway ou gateway-to-gateway. Existe
26. (FHEMIG 2013 - FCC - TÉCNICO EM INFORMÁTI- uma técnica que permite o encapsulamento de um pa-
CA) No console do sistema operacional Linux, alguns cote inteiro em outro pacote na VPN do tipo host-to-ga-
comandos permitem executar operações com arquivos teway, de forma segura, usando criptografia.
e diretórios do disco.
Os comandos utilizados para criar, acessar e remover um Essa técnica é o(a)
diretório vazio são, respectivamente,
a) empacotamento
a) pwd, mv e rm. b) encaminhamento
b) md, ls e rm. c) tunelamento
c) mkdir, cd e rmdir. d) reflexão segura
d) cdir, lsdir e erase. e) inundação segura
e) md, cd e rd.
31. (CFM- 2018 - IADES - Analista de Tecnologia da
27. (TRT 10ª 2013 - CESPE - TÉCNICO JUDICIÁRIO - Informação) Em relação à Virtual Private Network (VPN),
ADMINISTRATIVA) Acerca dos conceitos de sistema assinale a alternativa correta.
operacional (ambientes Linux e Windows) e de redes de
computadores, julgue os itens.3Por ser um sistema ope- a) O protocolo Encapsulating Security Payload (ESP), do
Protocolo de Segurança IP (IPSec), provê apenas a au-
racional aberto, o Linux, comparativamente aos demais
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

tenticação aos usuários de uma conexão VPN.


sistemas operacionais, proporciona maior facilidade de
b) Para se criar um túnel VPN, utiliza-se o Autentication
armazenamento de dados em nuvem.
Header (AH), do IPSec, para gerenciamento de chaves.
c) Uma VPN pode ser constituída utilizando-se o ESP, do
( ) CERTO   ( ) ERRADO
IPSec, para prover a integridade e o sigilo dos dados.
d) Com o IPSec, pode-se estabelecer uma VPN; porém,
não é possível estabelecer sigilo entre os dois hosts.
e) Um túnel VPN constitui-se entre dois hosts utilizando
o Autentication Header (AH), do IPSec, para encapsu-
lamento dos pacotes, garantindo o sigilo dos dados.

58
32. (MPE/PE 2012 - FCC - TÉCNICO MINISTERIAL - 35. (TRT 10ª 2013 - CESPE - ANALISTA JUDICIÁRIO
ADMINISTRATIVO) Existem vários tipos de vírus de – ADMINISTRATIVA) As características básicas da segu-
computadores, dentre eles um dos mais comuns são ví- rança da informação — confidencialidade, integridade e
rus de macros, que: disponibilidade — não são atributos exclusivos dos siste-
mas computacionais.
a) são programas binários executáveis que são baixados
de sites infectados na Internet. ( ) CERTO   ( ) ERRADO
b) podem infectar qualquer programa executável do
computador, permitindo que eles possam apagar ar- 36. (TRE/CE 2012 - FCC - ANALISTA JUDICIÁRIO – JU-
quivos e outras ações nocivas. RÍDICA) São ações para manter o computador protegi-
c) são programas interpretados embutidos em docu- do, EXCETO:
mentos do MS Office que podem infectar outros do-
cumentos, apagar arquivos e outras ações nocivas. a) Evitar o uso de versões de sistemas operacionais ultra-
d) são propagados apenas pela Internet, normalmente passadas, como Windows 95 ou 98.
em sites com software pirata. b) Excluir spams recebidos e não comprar nada anuncia-
e) podem ser evitados pelo uso exclusivo de software le- do através desses spams.
gal, em um computador com acesso apenas a sites da c) Não utilizar firewall.
Internet com boa reputação. d) Evitar utilizar perfil de administrador, preferindo sem-
pre utilizar um perfil mais restrito.
e) Não clicar em links não solicitados, pois links estranhos
muitas vezes são vírus.
33. (SABESP 2012 - FCC - ANALISTA DE GESTÃO I - 37. (TRT 10ª 2013 - CESPE - ANALISTA JUDICIÁRIO -
SISTEMAS) Sobre vírus, considere: TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO) Com relação à certifi-
I. Para que um computador seja infectado por um vírus cação digital, julgue os itens que se seguem.O certificado
é preciso que um programa previamente infectado seja digital revogado deve constar da lista de certificados re-
executado. vogados, publicada na página de Internet da autoridade
II. Existem vírus que procuram permanecer ocultos, in- certificadora que o emitiu.
fectando arquivos do disco e executando uma série de
atividades sem o conhecimento do usuário. ( ) CERTO   ( ) ERRADO
III. Um vírus propagado por e-mail (e-mail borne vírus)
sempre é capaz de se propagar automaticamente, sem a 38. (TRT 10ª 2013 - CESPE - ANALISTA JUDICIÁRIO -
ação do usuário. ADMINISTRATIVA) Acerca de segurança da informação,
IV. Os vírus não embutem cópias de si mesmo em outros julgue os itens a seguir. O vírus de computador é assim
programas ou arquivos e não necessitam serem explici- denominado em virtude de diversas analogias poderem
tamente executados para se propagarem. ser feitas entre esse tipo de vírus e os vírus orgânicos.
Está correto o que se afirma em ( ) CERTO   ( ) ERRADO
a) II, apenas. 39. (TRT 10ª 2013 - CESPE - ANALISTA JUDICIÁRIO
b) I e II, apenas. – ADMINISTRATIVA) As características básicas da segu-
c) II e III, apenas. rança da informação — confidencialidade, integridade e
d) I, II e III, apenas. disponibilidade — não são atributos exclusivos dos siste-
e) I, II, III e IV. mas computacionais.
34. (MPE/PE 2012 - FCC - ANALISTA MINISTERIAL - ( ) CERTO   ( ) ERRADO
INFORMÁTICA) Sobre Cavalo de Tróia, é correto afirmar:
40. (TRE/CE 2012 - FCC - ANALISTA JUDICIÁRIO – JU-
a) Consiste em um conjunto de arquivos .bat que não RÍDICA) São ações para manter o computador protegi-
necessitam ser explicitamente executados.
do, EXCETO:
b) Contém um vírus, por isso, não é possível distinguir as
ações realizadas como consequência da execução do
a) Evitar o uso de versões de sistemas operacionais ultra-
Cavalo de Tróia propriamente dito, daquelas relacio-
passadas, como Windows 95 ou 98.
nadas ao comportamento de um vírus.
b) Excluir spams recebidos e não comprar nada anuncia-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

c) Não é necessário que o Cavalo de Tróia seja executado


do através desses spams.
para que ele se instale em um computador. Cavalos de
c) Não utilizar firewall.
Tróia vem anexados a arquivos executáveis enviados
d) Evitar utilizar perfil de administrador, preferindo sem-
por e-mail.
pre utilizar um perfil mais restrito.
d) Não instala programas no computador, pois seu único
e) Não clicar em links não solicitados, pois links estranhos
objetivo não é obter o controle sobre o computador,
muitas vezes são vírus.
mas sim replicar arquivos de propaganda por e-mail.
e) Distingue-se de um vírus ou de um worm por não
infectar outros arquivos, nem propagar cópias de si
mesmo automaticamente.

59
41. (TRT 10ª 2013 - CESPE - ANALISTA JUDICIÁRIO - 46. (SERGIPE GÁS S/A 2013 - FCC - ASSISTENTE TÉC-
TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO) Com relação à certifi- NICO ADMINISTRATIVO - RH) No Microsoft Internet
cação digital, julgue os itens que se seguem.O certificado Explorer 9 é possível acessar a lista de sites visitados nos
digital revogado deve constar da lista de certificados re- últimos dias e até semanas, exceto aqueles visitados em
vogados, publicada na página de Internet da autoridade modo de navegação privada. Para abrir a opção que per-
certificadora que o emitiu. mite ter acesso a essa lista, com o navegador aberto, cli-
ca-se na ferramenta cujo desenho é
( ) CERTO   ( ) ERRADO
a) uma roda dentada, posicionada no canto superior di-
42. (TRT 10ª 2013 - CESPE - ANALISTA JUDICIÁRIO - reito da janela.
ADMINISTRATIVA) Acerca de segurança da informação, b) uma casa, posicionada no canto superior direito da
julgue os itens a seguir. O vírus de computador é assim janela.
denominado em virtude de diversas analogias poderem c) uma estrela, posicionada no canto superior direito da
ser feitas entre esse tipo de vírus e os vírus orgânicos. janela.
d) um cadeado, posicionado no canto inferior direito da
( ) CERTO   ( ) ERRADO janela.
e) um globo, posicionado à esquerda da barra de ende-
43. (CASA DA MOEDA 2012 - CESGRANRIO - ASSISTEN- reços.
TE TÉCNICO ADMINISTRATIVO - APOIO ADMINISTRA-
TIVO) Em uma rede local, cujas estações de trabalho usam
o sistema operacional Windows XP e endereços IP fixos em
suas configurações de conexão, um novo host foi instalado
e, embora esteja normalmente conectado à rede, não con-
segue acesso à internet distribuída nessa rede.
Considerando que todas as outras estações da rede estão
acessando a internet sem dificuldades, um dos motivos que
pode estar ocasionando esse problema no novo host é:

a) a codificação incorreta do endereço de FTP para o do-


mínio registrado na internet.
b) a falta de registro da assinatura digital do host nas
opções da internet.
c) um erro no Gateway padrão, informado nas proprieda-
des do Protocolo TCP/IP desse host.
d) um erro no cadastramento da conta ou da senha do
próprio host.
e) um defeito na porta do switch onde a placa de rede
desse host está conectada.

44. (CASA DA MOEDA 2012 - CESGRANRIO - ASSIS-


TENTE TÉCNICO ADMINISTRATIVO - APOIO ADMI-
NISTRATIVO) Para conectar sua estação de trabalho a
uma rede local de computadores controlada por um ser-
vidor de domínios, o usuário dessa rede deve informar
uma senha e um[a]

a) endereço de FTP válido para esse domínio.


b) endereço MAC de rede registrado na máquina cliente.
c) porta válida para a intranet desse domínio.
d) conta cadastrada e autorizada nesse domínio.
e) certificação de navegação segura registrada na intra-
net.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

45. (CÂMARA DOS DEPUTADOS 2012 - CESPE - ANA-


LISTA LEGISLATIVO - TÉCNICA LEGISLATIVA) Com
relação a redes de computadores, julgue os próximos
itens.5Uma rede local (LAN — local area network) é ca-
racterizada por abranger uma área geográfica, em teoria,
ilimitada. O alcance físico dessa rede permite que os da-
dos trafeguem com taxas acima de 100 Mbps.

( ) CERTO   ( ) ERRADO

60
43 C
GABARITO 44 D
45 Errado
01 E 46 C
02 Certo
03 Certo
04 A
05 D
06 C
07 B
08 E
09 A
10 C
11 A
12 C
13 B
14 C
15 B
16 D
17 E
18 B
19 Errado
20 D
21 B
22 A
23 A
24 C
25 A
26 C
27 Errado
28 E
29 D
30 C
31 C
32 C
33 B
34 E
35 Certo
36 C
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

37 Certo
38 Certo
39 Certo
40 C
41 Certo
42 Certo

61
ANOTAÇÕES

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA

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ÍNDICE
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
Ética e Moral............................................................................................................................................................................................................. 01
Ética, Princípios e Calores.................................................................................................................................................................................... 04
Ética e Democracia: Exercício da Cidadania................................................................................................................................................. 07
Ética e Função Pública........................................................................................................................................................................................... 09
Ética no Setor Público........................................................................................................................................................................................... 12
consideração de valor como equivalente de uma medi-
ÉTICA E MORAL ção do que é real e voluntarioso no campo das ações
virtuosas”2.
É difícil estabelecer um único significado para a pala-
A ética é composta por valores reais e presentes na vra ética, mas os conceitos acima contribuem para uma
sociedade, a partir do momento em que, por mais que às compreensão geral de seus fundamentos, de seu objeto
vezes tais valores apareçam deturpados no contexto so- de estudo.
cial, não é possível falar em convivência humana se esses Quanto à etimologia da palavra ética: No grego exis-
forem desconsiderados. Entre tais valores, destacam-se tem duas vogais para pronunciar e grafar a vogal e, uma
os preceitos da Moral e o valor do justo (componente breve, chamada épsilon, e uma longa, denominada eta.
ético do Direito). Éthos, escrita com a vogal longa, significa costume; po-
Se, por um lado, podemos constatar que as bruscas rém, se escrita com a vogal breve, éthos, significa caráter,
transformações sofridas pela sociedade através dos tem- índole natural, temperamento, conjunto das disposições
pos provocaram uma variação no conceito de ética, por físicas e psíquicas de uma pessoa. Nesse segundo sen-
outro, não é possível negar que as questões que envol- tido, éthos se refere às características pessoais de cada
vem o agir ético sempre estiveram presentes no pensa- um, as quais determinam que virtudes e que vícios cada
mento filosófico e social. indivíduo é capaz de praticar (aquele que possuir todas
Aliás, uma característica da ética é a sua imutabilida- as virtudes possuirá uma virtude plena, agindo estrita-
de: a mesma ética de séculos atrás está vigente hoje. Por mente de maneira conforme à moral)3.
exemplo, respeitar o próximo nunca será considerada A ética passa por certa evolução natural através da
uma atitude antiética. Outra característica da ética é a história, mas uma breve observação do ideário de alguns
sua validade universal, no sentido de delimitar a diretriz pensadores do passado permite perceber que ela é com-
do agir humano para todos os que vivem no mundo. Não posta por valores comuns desde sempre consagrados.
há uma ética conforme cada época, cultura ou civiliza- Entre os elementos que compõem a Ética, destacam-
ção. A ética é uma só, válida para todos eternamente, de -se a Moral e o Direito. Assim, a Moral não é a Ética, mas
forma imutável e definitiva, por mais que possam surgir apenas parte dela. Neste sentido, Moral vem do grego
novas perspectivas a respeito de sua aplicação prática. Mos ou Morus, referindo-se exclusivamente ao regra-
É possível dizer que as diretrizes éticas dirigem o mento que determina a ação do indivíduo.
comportamento humano e delimitam os abusos à liber- Assim, Moral e Ética não são sinônimos, não apenas
dade, estabelecendo deveres e direitos de ordem moral, pela Moral ser apenas uma parte da Ética, mas princi-
sendo exemplos destas leis o respeito à dignidade das palmente porque enquanto a Moral é entendida como
pessoas e aos princípios do direito natural, bem como a a prática, como a realização efetiva e cotidiana dos valo-
exigência de solidariedade e a prática da justiça1. res; a Ética é entendida como uma “filosofia moral”, ou
seja, como a reflexão sobre a moral. Moral é ação, Ética
Conceitos alternativos de ética: é reflexão.

• Ciência do comportamento adequado dos homens ÉTICA MORAL


em sociedade, em consonância com a virtude.
• Disciplina normativa, não por criar normas, mas • Mais ampla • Parte da ética
por descobri-las e elucidá-las. Seu conteúdo mos- • Teoria • Prática
tra às pessoas os valores e princípios que devem • Reflexão • Ação
nortear sua existência.
• Doutrina do valor do bem e da conduta humana • Filosofia moral/ • Realização efetiva e
Doutrina cotidiana dos valores
que tem por objetivo realizar este valor.
• Saber discernir entre o devido e o indevido, o bom
e o mau, o bem e o mal, o correto e o incorreto, o No início do pensamento filosófico não prevalecia
certo e o errado. real distinção entre Direito e Moral, as discussões sobre o
• Fornece as regras fundamentais da conduta huma- agir ético envolviam essencialmente as noções de virtude
na. Delimita o exercício da atividade livre. Fixa os e de justiça, constituindo
usos e abusos da liberdade. uma das dimensões da virtude. Por exemplo, na Gré-
• Doutrina do valor do bem e da conduta humana cia antiga, berço do pensamento filosófico, embora com
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

que o visa realizar. variações de abordagem, o conceito de ética aparece


sempre ligado ao de virtude.
“Em seu sentido de maior amplitude, a Ética tem sido
entendida como a ciência da conduta humana perante
o ser e seus semelhantes. Envolve, pois, os estudos de
aprovação ou desaprovação da ação dos homens e a
2 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas,
2010.
1 MONTORO, André Franco. Introdução à ciência do Direito. 26. 3 CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. 13. ed. São Paulo: Ática,
ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005. 2005.

1
Aristóteles4, um dos principais filósofos deste mo- máxima da razão que é o imperativo categórico. Por isso,
mento histórico, concentra seus pensamentos em algu- o prazer ou a dor, fatores geralmente relacionados ao
mas bases: apetite, não são aptos para determinar uma lei prática,
mas apenas uma máxima, de modo que é a razão pura
a) definição do bem supremo como sendo a felicida- prática que determina o agir ético. Ou seja, se a razão
de, que necessariamente ocorrerá por uma ativida- prevalecer, a escolha ética sempre será algo natural.
de da alma que leva ao princípio racional, de modo Quando acabou a Segunda Guerra Mundial, perce-
que a felicidade está ligada à virtude; beu-se o quão graves haviam sido as suas consequên-
b) crença na bondade humana e na prevalência da cias. O pensamento filosófico ganhou novos rumos,
virtude sobre o apetite; retomando aspectos do passado, mas reforçando a di-
c) reconhecimento da possibilidade de aquisição das mensão coletiva da ética. Maritain7, um dos redatores
virtudes pela experiência e pelo hábito, isto é, pela da Declaração Universal de Direitos Humanos de 1948,
prática constante; defendeu que o homem ético é aquele que compõe a
d) afastamento da ideia de que um fim pudesse ser sociedade e busca torná-la mais justa e adequada ao
bom se utilizado um meio ruim. ideário cristão. Assim, a atitude ética deve ser conside-
rada de maneira coletiva, como impulsora da sociedade
Já na Idade Média, os ideais éticos se identificaram justa, embora partindo da pessoa humana individual-
com os religiosos. O homem viveria para conhecer, amar mente considerada como um ser capaz de agir conforme
e servir a Deus, diretamente e em seus irmãos. Santo To- os valores morais.
más de Aquino5, um dos principais filósofos do período, Já a discussão sobre o conceito de justiça, intrínse-
lançou bases que até hoje são invocadas quando o tópi- ca a do conceito de ética, embora sempre tenha estado
co em questão é a Ética: presente, com maior ou menor intensidade dependendo
do momento, possuiu diversos enfoques ao longo dos
a) consideração do hábito como uma qualidade que tempos.
deverá determinar as potências para o bem; Pode-se considerar que, do pensamento grego até
b) estabelecimento da virtude como um hábito que o Renascimento, a justiça foi vista como uma virtude e
sozinho é capaz de produzir a potência perfeita, não como uma característica do Direito. Por sua vez, no
podendo ser intelectual, moral ou teologal – três Renascimento, o conceito de Ética foi bifurcado, reme-
virtudes que se relacionam porque não basta tendo-se a Moral para o espaço privado e remanescendo
possuir uma virtude intelectual, capaz de levar ao a justiça como elemento ético do espaço público. No en-
conhecimento do bem, sem que exista a virtude tanto, como se denota pela teoria de Maquiavel8, o justo
moral, que irá controlar a faculdade apetitiva e naquele tempo era tido como o que o soberano impu-
quebrar a resistência para que se obedeça à razão nha (o rei poderia fazer o que bem entendesse e utilizar
(da mesma forma que somente existirá plenitude quaisquer meios, desde que visasse um único fim, qual
virtuosa com a existência das virtudes teologais); seja o da manutenção do poder).
c) presença da mediania como critério de determina- Posteriormente, no Iluminismo, retomou-se a discus-
ção do agir virtuoso; são da justiça como um elemento similar à Moral, mas
d) crença na existência de quatro virtudes cardeais – a inerente ao Direito, por exemplo, Kant9 defendeu que a
prudência, a justiça, a temperança e a fortaleza. ciência do direito justo é aquela que se preocupa com o
conhecimento da legislação e com o contexto social em
No Iluminismo, Kant6 definiu a lei fundamental da ra- que ela está inserida, sendo que sob o aspecto do con-
zão pura prática, que se resume no seguinte postulado: teúdo seria inconcebível que o Direito prescrevesse algo
“age de tal modo que a máxima de tua vontade possa va- contrário ao imperativo categórico da Moral kantiana.
ler-te sempre como princípio de uma legislação univer- Ainda, Locke, Montesquieu e Rousseau, em comum
sal”. Mais do que não fazer ao outro o que não gostaria defendiam que o Estado era um mal necessário, mas que
que fosse feito a você, a máxima prescreve que o homem o soberano não possuía poder divino/absoluto, sendo
deve agir de tal modo que cada uma de suas atitudes re- suas ações limitadas pelos direitos dos cidadãos subme-
flita aquilo que se espera de todas as pessoas que vivem tidos ao regime estatal.
em sociedade. O filósofo não nega que o homem poderá Tais pensamentos iluministas não foram plenamente
ter alguma vontade ruim, mas defende que ele racional- seguidos, de forma que se firmou a teoria jurídica do po-
mente irá agir bem, pela prevalência de uma lei prática sitivismo, pela qual Direito é apenas o que a lei impõe
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

(de modo que se uma lei for injusta nem por isso será
4 ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Tradução Pietro Nassetti. São inválida), que somente foi abalada após o fim trágico da
Paulo: Martin Claret, 2006. 2ª Guerra Mundial e a consolidação de um sistema glo-
5 AQUINO, Santo Tomás de. Suma teológica. Tradução Aldo Van-
nucchi e Outros. Direção Gabriel C. Galache e Fidel García Rodrí- 7 MARITAIN, Jacques. Humanismo integral. Tradução Afrânio Couti-
guez. Coordenação Geral Carlos-Josaphat Pinto de Oliveira. Edição nho. 4. ed. São Paulo: Dominus Editora S/A, 1962.
Joaquim Pereira. São Paulo: Loyola, 2005. v. IV, parte II, seção I, 8 MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe. Tradução Pietro Nassetti. São
questões 49 a 114. Paulo: Martin Claret, 2007.
6 KANT, Immanuel. Crítica da razão prática. Tradução Paulo Barrera. 9 KANT, Immanuel. Doutrina do Direito. Tradução Edson Bini. São
São Paulo: Ícone, 2005. Paulo: Ícone, 1993.

2
bal de proteção de direitos humanos (criação da ONU exterior, a moral enfatiza a intenção; o direito estabelece
+ declaração universal de 1948). Com o ideário huma- uma correlação entre os direitos e as obrigações, a moral
nista consolidou-se o Pós-positivismo, que junto consigo prescreve deveres que não dão origem a direitos subje-
trouxe uma valorização das normas principiológicas do tivos; o direito estabelece obrigações sancionadas pelo
ordenamento jurídico, conferindo-as normatividade. Poder, a moral escapa às sanções organizadas. Assim, as
Assim, a concepção de uma base ética objetiva no principais notas que distinguem a Moral do Direito não
comportamento das pessoas e nas múltiplas modalida- se referem propriamente ao conteúdo, pois é comum
des da vida social foi esquecida ou contestada por fortes que diretrizes morais sejam disciplinadas como normas
correntes do pensamento moderno. Concepções de ins- jurídicas.12
piração positivista, relativista ou cética e políticas volta- Com efeito, a partir da segunda metade do século XX
das para o homo economicus passaram a desconsiderar a (pós-guerra), a razão jurídica é uma razão ética, fundada
importância e a validade das normas de ordem ética no na garantia da intangibilidade da dignidade da pessoa
campo da ciência e do comportamento dos homens, da humana, na aquisição da igualdade entre as pessoas, na
sociedade da economia e do Estado. busca da efetiva liberdade, na realização da justiça e na
No campo do Direito, as teorias positivistas que pre- construção de uma consciência que preserve integral-
valeceram a partir do final do século XIX sustentavam mente esses princípios.
que só é direito aquilo que o poder dominante deter- Assim, as principais notas que distinguem Moral e Di-
mina. Ética, valores humanos, justiça eram considerados reito são:
elementos estranhos ao Direito, extrajurídicos. Pensavam
com isso em construir uma ciência pura do direito e ga- Direito Moral
rantir a segurança das sociedades.10
Atualmente, entretanto, é quase universal a retoma- Comportamento Comportamento
Exterioridade
da dos estudos e exigências da ética na vida pública e exterior interior
na vida privada, na administração e nos negócios, nas Pode se exigir Não pode se exigir
empresas e na escola, no esporte, na política, na justiça, Exigibilidade a obrigação o cumprimento de
na comunicação. Neste contexto, é relevante destacar derivada da lei obrigações morais
que ainda há uma divisão entre a Moral e o Direito, que Sanções não
constituem dimensões do conceito de Ética, embora a Sanções aplicadas organizadas (ex.:
tendência seja que cada vez mais estas dimensões se jun- Coação
pelo Estado exclusão de um
tem, caminhando lado a lado. grupo social)
Dentro desta distinção pode-se dizer que alguns au-
tores, entre eles Radbruch e Del Vechio são partidários de
uma dicotomia rigorosa, na qual a Ética abrange apenas #FicaDica
a Moral e o Direito. Contudo, para autores como Miguel Os critérios que distinguem Moral e Direito
Reale, as normas dos costumes e da etiqueta compõem a são:
dimensão ética, não possuindo apenas caráter secundá- Exterioridade – Ética é exterior, Moral é in-
rio por existirem de forma autônoma, já que fazem parte terior;
do nosso viver comum.11 Exigibilidade – Direito é exigível, Moral não;
Coação – Direito é coativo, Moral não – o
#FicaDica Direito exerce sua pressão social a partir do
centro ativo do Poder, a moral pressiona
Posição 1 - Radbruch e Del Vechio - Ética = pelo grupo social não organizado. Tanto no
Moral + Direito Direito quanto na Moral existem sanções.
Posição 2 - Miguel Reale - Ética = Moral + Elas somente são aplicadas de forma diver-
Direito + Costumes sa, sendo que somente o Direito aceita a
coação, que é a sanção aplicada pelo Es-
tado.

Para os fins da presente exposição, basta atentar para


o binômio Moral-Direito como fator pacífico de compo-
O descumprimento das diretivas morais gera sanção,
sição da Ética. Assim, nas duas posições adotadas, uma
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

e caso ele se encontre transposto para uma norma jurí-


das vertentes da Ética é a Moral, e a outra é o Direito.
dica, gera coação (espécie de sanção aplicada pelo Esta-
Tradicionalmente, os estudos consagrados às relações
do). Assim, violar uma lei ética não significa excluir a sua
entre o Direito e a Moral se esforçam em distingui-los,
validade. Por exemplo, matar alguém não torna matar
nos seguintes termos: o direito rege o comportamento
uma ação correta, apenas gera a punição daquele que
cometeu a violação.
10 KELSEN, Hans. Teoria pura do Direito. 6. ed. Tradução João
Baptista Machado. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
11 REALE, Miguel. Filosofia do direito. 19. ed. São Paulo: Saraiva, 12 PERELMAN, Chaïm. Ética e Direito. Tradução Maria Ermantina
2002. Galvão. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

3
Neste sentido, explica Reale13: “No plano das normas 3. (MPU – TÉCNICO DO MPU – SEGURANÇA INSTITU-
éticas, a contradição dos fatos não anula a validez dos CIONAL E TRANSPORTE – CESPE – 2015) Com relação
preceitos: ao contrário, exatamente porque a normativi- a moral e ética, julgue o item a seguir.
dade não se compreende sem fins de validez objetiva e Moral pode ser definida como todo o sistema público de
estes têm sua fonte na liberdade espiritual, os insucessos regras próprio de diferentes grupos sociais, que abrange
e as violações das normas conduzem à responsabilidade normas e valores que são aceitos e praticados, como cer-
e à sanção, ou seja, à concreta afirmação da ordenação tos e errados.
normativa”.
Como se percebe, Ética e Moral são conceitos interli- ( ) CERTO   ( ) ERRADO
gados, mas a primeira é mais abrangente que a segunda,
porque pode abarcar outros elementos, como o Direito Resposta: Certo. A moral é responsável por criar re-
e os costumes. Todas as regras éticas são passíveis de gras internas a um grupo social, que correspondem a
alguma sanção, sendo que as incorporadas pelo Direito normas e valores. Estas normas e valores são aceitos
aceitam a coação, que é a sanção aplicada pelo Estado. como certos e errados de forma genérica e abstrata,
Sob o aspecto do conteúdo, muitas das regras jurídicas de maneira consistente no grupo social. Assim, a mo-
são compostas por postulados morais, isto é, envolvem ral é interna, mas não significa que não possa ser ge-
os mesmos valores e exteriorizam os mesmos princípios. neralizada, criando a moral de um grupo social.

EXERCÍCIOS COMENTADOS
ÉTICA, PRINCÍPIOS E VALORES
1. (MPU – ANALISTA DO MPU – CONHECIMENTOS
BÁSICOS – CESPE – 2015) Com base nas disposições da
Lei nº 8.429/1992 e nos preceitos de ética, moral e cida- A área da filosofia do direito que estuda a ética é co-
dania, julgue o item seguinte. Uma vez que a moral se nhecida como axiologia, do grego “valor” + “estudo, tra-
reveste de conteúdo mais doutrinário e normativo que tado”. Por isso, a axiologia também é chamada de teoria
a ética, é correto afirmar que um dos fundamentos de dos valores. Daí valores e princípios serem componentes
existência da noção de moral seria a formação de uma da ética sob o aspecto da exteriorização de suas diretri-
base teórica para o estudo da ética. zes. Em outras palavras, a mensagem que a ética preten-
de passar se encontra consubstanciada num conjunto de
( ) CERTO   ( ) ERRADO valores, para cada qual corresponde um postulado cha-
mado princípio.
Resposta: Errado. A moral não se reveste de conteú- De uma maneira geral, a axiologia proporciona um
do mais doutrinário e normativo do que a ética, pelo estudo dos padrões de valores dominantes na sociedade
contrário. Além disso, a moral não se fundamenta que revelam princípios básicos. Valores e princípios, por
na necessidade de se formar uma base teórica para serem elementos que permitem a compreensão da ética,
o estudo da ética, embora isso tenha ocorrido inva- também se encontram presentes no estudo do Direito,
riavelmente, quando se observa a evolução histórica notadamente quando a posição dos juristas passou a ser
do conceito de ética e sua normalização através dos mais humanista e menos positivista (se preocupar mais
tempos. com os valores inerentes à dignidade da pessoa humana
do que com o que a lei específica determina).
2. (MPU – TÉCNICO DO MPU – SEGURANÇA INSTITU- Os juristas, descontentes com uma concepção positi-
CIONAL E TRANSPORTE – CESPE – 2015) Com relação vista, estadística e formalista do Direito, insistem na im-
a moral e ética, julgue o item a seguir. portância do elemento moral em seu funcionamento, no
A ética é um ramo da filosofia que estuda a moral, os di- papel que nele desempenham a boa e a má-fé, a inten-
ferentes sistemas públicos de regras, seus fundamentos ção maldosa, os bons costumes e tantas outras noções
e suas características. cujo aspecto ético não pode ser desprezado. Algumas
dessas regras foram promovidas à categoria de princí-
( ) CERTO   ( ) ERRADO pios gerais do direito e alguns juristas não hesitam em
considerá-las obrigatórias, mesmo na ausência de uma
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

Resposta: Certo. A ética é ramo da filosofia e subdi- legislação que lhes concedesse o estatuto formal de lei
vide-se classicamente em Moral e Direito. Estuda não positiva, tal como o princípio que afirma os direitos da
apenas a moral, mas os sistemas de regras, seus fun- defesa. No entanto, a Lei de Introdução às Normas do
damentos e suas características. Direito Brasileiro é expressa no sentido de aceitar a apli-
cação dos princípios gerais do Direito (artigo 4°).14

13 REALE, Miguel. Filosofia do direito. 19. ed. São Paulo: Saraiva, 14 PERELMAN, Chaïm. Ética e Direito. Tradução Maria Ermantina
2002. Galvão. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

4
É inegável que o Direito possui forte cunho axiológi- se referindo de forma específica à ética no setor público.
co, diante da existência de valores éticos e morais como O mais relevante princípio da ordem jurídica brasileira
diretrizes do ordenamento jurídico, e até mesmo como é o da dignidade da pessoa humana, que embasa todos
meio de aplicação da norma. os demais princípios jurídico-constitucionais (artigo 1°,
Assim, perante a Axiologia, o Direito não deve ser in- III, CF).
terpretado somente sob uma concepção formalista e po- Claro, o Direito não é composto exclusivamente por
sitivista, sob pena de provocar violações ao princípio que postulados éticos, já que muitas de suas normas não
justifica a sua criação e estruturação: a justiça. possuem qualquer cunho valorativo (por exemplo, uma
Neste sentido, Montoro15 entende que o Direito é norma que estabelece um prazo de 10 ou 15 dias não
uma ciência normativa ética: “A finalidade do direito tem um valor que a acoberta). Contudo, o é em boa par-
é dirigir a conduta humana na vida social. É ordenar a te.
convivência de pessoas humanas. É dar normas ao agir, A Moral é composta por diversos valores - bom,
para que cada pessoa tenha o que lhe é devido. É, em correto, prudente, razoável, temperante, enfim, todas
suma, dirigir a liberdade, no sentido da justiça. Insere-se, as qualidades esperadas daqueles que possam se dizer
portanto, na categoria das ciências normativas do agir, cumpridores da moral. É impossível esgotar um rol de
também denominadas ciências éticas ou morais, em sen- valores morais, mas nem ao menos é preciso: basta um
tido amplo. Mas o Direito se ocupa dessa matéria sob um olhar subjetivo para compreender o que se espera, num
aspecto especial: o da justiça”. caso concreto, para que se consolide o agir moral - bom
A formação da ordem jurídica, visando a conservação senso que todos os homens possuem (mesmo o corrupto
e o progresso da sociedade, se dá à luz de postulados sabe que está contrariando o agir esperado pela socieda-
éticos. O Direito criado não apenas é irradiação de prin- de, tanto que esconde e nega sua conduta, geralmente).
cípios morais como também força aliciada para a propa- Todos estes valores morais se consolidam em princí-
gação e respeitos desses princípios. pios, isto é, princípios são postulados determinantes dos
Um dos principais conceitos que tradicionalmente se valores morais consagrados.
relaciona à dimensão do justo no Direito é o de lei natu- Segundo Rizzatto Nunes18, “a importância da existên-
ral. Lei natural é aquela inerente à humanidade, indepen- cia e do cumprimento de imperativos morais está rela-
dentemente da norma imposta, e que deve ser respeitada cionada a duas questões: a) a de que tais imperativos
acima de tudo. O conceito de lei natural foi fundamen- buscam sempre a realização do Bem - ou da Justiça, da
tal para a estruturação dos direitos dos homens, ficando Verdade etc., enfim valores positivos; b) a possibilidade
reconhecido que a pessoa humana possui direitos ina- de transformação do ser - comportamento repetido e
lienáveis e imprescritíveis, válidos em qualquer tempo e durável, aceito amplamente por todos (consenso) - em
lugar, que devem ser respeitados por todos os Estados e dever ser, pela verificação de certa tendência normativa
membros da sociedade.16 do real”.
O Direito natural, na sua formulação clássica, não é Quando se fala em Direito, notadamente no direito
um conjunto de normas paralelas e semelhantes às do constitucional e nas normas ordinárias que disciplinam
Direito positivo, mas é o fundamento do Direito positivo. as atitudes esperadas da pessoa humana, percebem-se
É constituído por aquelas normas que servem de fun- os principais valores morais consolidados, na forma de
damento a este, tais como: “deve se fazer o bem”, “dar princípios e regras expressos. Por exemplo, quando eu
a cada um o que lhe é devido”, “a vida social deve ser proíbo que um funcionário público receba uma vanta-
conservada”, “os contratos devem ser observados” etc., gem indevida para deixar de praticar um ato de interesse
normas essas que são de outra natureza e de estrutura do Estado, consolido os valores morais da bondade, da
diferente das do Direito positivo, mas cujo conteúdo é a justiça e do respeito ao bem comum, prescrevendo a res-
ele transposto, notadamente na Constituição Federal.17 pectiva norma.
Importa fundamentalmente ao Direito que, nas rela- Uma norma, conforme seu conteúdo mais ou me-
ções sociais, uma ordem seja observada: que seja asse- nos amplo, pode refletir um valor moral por meio de um
gurada individualmente cada coisa que for devida, isto é, princípio ou de uma regra. Quando digo que “todos são
que a justiça seja realizada. Podemos dizer que o objeto iguais perante a lei [...]” (art. 5°, caput, CF) exteriorizo o
formal, isto é, o valor essencial, do direito é a justiça. valor moral do tratamento digno a todos os homens, na
No sistema jurídico brasileiro, estes princípios jurí- forma de um princípio constitucional (princípio da igual-
dicos fundamentais de cunho ético estão instituídos no dade). Por sua vez, quando proíbo um servidor público
sistema constitucional, isto é, firmados no texto da Cons- de “Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

tituição Federal. São os princípios constitucionais os mais indiretamente, ainda que fora da função ou antes de as-
importantes do arcabouço jurídico nacional, muitos deles sumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou acei-
tar promessa de tal vantagem” (art. 317, CP), estabeleço
15 MONTORO, André Franco. Introdução à ciência do Direito. 26. uma regra que traduz os valores morais da solidariedade
ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005.
e do respeito ao interesse coletivo. No entanto, sempre
16 LAFER, Celso. A reconstrução dos direitos humanos: um diá- por trás de uma regra infraconstitucional haverá um prin-
logo com o pensamento de Hannah Arendt. São Paulo: Cia. das
Letras, 2009.
17 MONTORO, André Franco. Introdução à ciência do Direito. 26. 18 NUNES, Luiz Antonio Rizzatto. Manual de introdução ao estu-
ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005. do do direito. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2006.

5
cípio constitucional. No caso do exemplo do art. 317 do
CP, pode-se mencionar o princípio do bem comum (ob- #FicaDica
jetivo da República segundo o art. 3º, IV, CF – “promover
o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, Regras são comandos definitivos, com teor
claro e preciso.
cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”)
Princípios são normas amplas, trazem man-
e o princípio da moralidade (art. 37, caput, CF, no que
damentos de otimização.
tange à Administração Pública).
Havendo conflito entre regras, a resolução
Conforme Alexy19, a distinção entre regras e princí-
se dá por critérios de especialidade ou an-
pios é uma distinção entre dois tipos de normas, for- terioridade.
necendo juízos concretos para o dever ser. A diferença Havendo conflito entre princípios, a reso-
essencial é que princípios são normas de otimização, ao lução se dá por ponderação à luz dos prin-
passo que regras são normas que são sempre satisfeitas cípios da razoabilidade e da proporciona-
ou não. Se as regras se conflitam, uma será válida e outra lidade.
não. Se princípios colidem, um deles deve ceder, embo-
ra não perca sua validade e nem exista fundamento em
uma cláusula de exceção, ou seja, haverá razões suficien-
tes para que em um juízo de sopesamento (ponderação)
um princípio prevaleça. Enquanto adepto da adoção de EXERCÍCIO COMENTADO
tal critério de equiparação normativa entre regras e prin-
cípios, o jurista alemão Robert Alexy é colocado entre os
nomes do pós-positivismo. 1.(PRF – AGENTE ADMINISTRATIVO – FUNCAB –
Em resumo, valor é a característica genérica que com- 2014) É certo que os princípios se distinguem de valo-
põe de alguma forma a ética (bondade, solidariedade, res e regras. Sobre os princípios e sua função, é correto
respeito...) ao passo que princípio é a diretiva de ação es- afirmar:
perada daquele que atende certo valor ético (por exem-
plo, não fazer ao outro o que não gostaria que fosse feito a) Nem sempre os princípios devem ser aplicados em
a você é um postulado que exterioriza o valor do respei- sua inteireza, pois, em caso de conflito entre regra e
to; tratar a todos igualmente na medida de sua igualdade princípio, as regras predominam, em razão de sua su-
é o postulado do princípio da igualdade que reflete os perioridade normativa.
valores da solidariedade e da justiça social). Por sua vez, b) Os princípios são comandos definitivos que se aplicam
virtude é a característica que a pessoa possui coligada a ou não se aplicam em uma determinada situação, se-
algum valor ético, ou seja, é a aptidão para agir conforme gundo um parâmetro de “tudo ou nada”.
algum dos valores morais (ser bondoso, ser solidário, ser c) Enquanto as regras são comandos definitivos, os prin-
temperante, ser magnânimo). cípios são normas de otimização, que comportam uma
Ética, Moral, Direito, princípios, virtudes e valores são ideia de gradação capaz de permitir sua aplicação de
elementos constantemente correlatos, que se comple- forma ponderada.
mentam e estruturam, delimitando o modo de agir es- d) A noção de validade é essencial ao reconhecimento
perado de todas as pessoas na vida social, bem como dos princípios porque estes devem ser sempre aplica-
preconizando quais os nortes para a atuação das insti- dos de modo que seja feito o que preveem na íntegra,
tuições públicas e privadas. Basicamente, a ética é com- em todas as situações.
posta pela Moral e pelo Direito (ao menos em sua par- e) Os princípios são valores individuais oriundos de juí-
te principal), sendo que virtudes são características que zos internos formulados por cada cidadão, valores es-
aqueles que agem conforme a ética (notadamente sob tes que serão tolerados se estiverem de acordo com
o aspecto Moral) possuem, as quais exteriorizam valores os valores sociais.
éticos, a partir dos quais é possível extrair postulados que
são princípios. Resposta: Letra C. A alternativa correta é a “c”, pois
descreve de forma clara a função das regras de tra-
zer comandos definitivos (com baixa margem de in-
terpretação, teor claro e preciso) e dos princípios de
trazerem mandamentos de otimização (ou seja, são o
fundamento para a melhor interpretação das regras) e
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

que podem ser graduados (colisões de princípios são


resolvidas por critérios de ponderação, diferente do
conflito de normas, em que uma norma anula a outra
– nos princípios, busca-se o equilíbrio).
A alternativa “a” está errada porque no conflito entre
regras e princípios, prevalecem os princípios, justa-
mente porque eles dão fundamento às regras.
As alternativas “b” e “d” estão erradas porque é possí-
19 ALEXY, Robert. Teoria dos direitos fundamentais. Tradução Vir- vel a aplicação parcial de um princípio.
gílio Afonso da Silva. 2. ed. São Paulo: Malheiros, 2011.

6
A alternativa “e” está errada porque os princípios são A democracia direta tornou-se cada vez mais difícil,
essencialmente gerais, não são formados em juízo in- considerado o grande número de cidadãos, de modo
dividual. que a regra é a democracia indireta. Na Grécia Antiga,
encontra-se um raro exemplo de democracia direta, que
somente era possível porque, embora a população fosse
ÉTICA E DEMOCRACIA: EXERCÍCIO DA grande, a maioria não era composta de pessoas conside-
CIDADANIA radas como cidadãs, como mulheres, escravos e crianças,
e somente os cidadãos tinham direito de participar do
processo democrático.
Historicamente, nota-se que por volta de 800 a.C. Contemporaneamente, o regime que mais se aproxi-
as comunidades de aldeias começaram a ceder lugar ma dos ideais de uma democracia direta é a democracia
para unidades políticas maiores, surgindo as chamadas semidireta da Suíça. Uma democracia semidireta é um
cidade-estado ou polis, como Tebas, Esparta e Atenas. regime de democracia em que existe a combinação de
Inicialmente eram monarquias, transformaram-se em representação política com formas de democracia direta.
oligarquias e, por volta dos séculos V e VI a.C., torna- Democracia é um conceito interligado à Ética no que
ram-se democracias. As origens da chamada democracia tange ao elemento da justiça, valor do Direito. Pode-se
se encontram na Grécia antiga, sendo permitida a parti- afirmar isto se considerados os três conceitos de Aristó-
cipação direta daqueles poucos que eram considerados teles sobre as dimensões da justiça (distributiva, comuta-
cidadãos, por meio da discussão na polis. tiva e social), dos quais se origina a dimensão da justiça
Democracia (do grego, “demo” + “kratos”) é um regi- participativa.
me de governo em que o poder de tomar decisões polí- Por esta dimensão da justiça participativa, resta des-
ticas está com os cidadãos, de forma direta (quando um pertada a consciência das pessoas para uma atitude de
cidadão se reúne com os demais e, juntos, eles tomam a agir, de falar, de atuar, de entrar na vida da comunidade
decisão política) ou indireta (quando ao cidadão é dado em que se vive ou trabalha. Enfim, busca despertar esta
o poder de eleger um representante). Com efeito, é um consciência de que há uma obrigação de cada um para
regime de governo em que se garante a soberania po- com a sociedade de participar de forma consciente e livre
pular, que pode ser conceituada como “a qualidade má- e de se inteirar total e habitualmente na vida social que
xima do poder extraída da soma dos atributos de cada pertence.
membro da sociedade estatal, encarregado de escolher Quem deve participar é quem vive na sociedade, é
os seus representantes no governo por meio do sufrágio o cidadão, aquele que pode ter direitos. Participar é ao
universal e do voto direto, secreto e igualitário”20. mesmo tempo um direito e um dever. O cidadão deve
Uma democracia pode existir num sistema presiden- participar, esta é uma obrigação de todo aquele que vive
cialista ou parlamentarista, republicano ou monárquico em sociedade. E o cidadão deve ter espaço para partici-
- somente importa que seja dado aos cidadãos o poder par, o fato de não participar em si já é uma injustiça. Com
de tomar decisões políticas (por si só ou por seu repre- a ampliação do conceito de soberania e cidadania e, con-
sentante eleito). sequentemente, da responsabilidade do cidadão, torna-
-se ainda mais evidente esta necessidade de participar.
A referência à justiça participativa, corolário do con-
#FicaDica ceito de cidadania, é de fundamental importância para o
A principal classificação das democracias é elemento moral da noção de ética, no sentido de possi-
a que distingue a direta da indireta: bilitar um agir voltado para o bem da sociedade.
a) direta, também chamada de pura, na Ninguém é obrigado a suportar desonestidades. A
qual o cidadão expressa sua vontade por cidadania tem um compromisso com a efetivação da
voto direto e individual em casa questão democracia participativa. E participar não é votar a cada
relevante; eleição, não se interessar pelo andamento da política e
b) indireta, também chamada representa- até se esquecer de quem mereceu seu sufrágio.
tiva, em que os cidadãos exercem indivi- Com efeito, participar é um direito de todo aquele
dualmente o direito de voto para escolher que é cidadão, consolidando o conceito de democracia
representante(s) e aquele(s) que for(em) e reforçando os valores éticos de preservação do justo e
mais escolhido(s) representa(m) todos os garantia do bem comum.
eleitores;
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

c) semidireta, também conhecida como


participativa, em que se tem uma demo-
cracia representativa mesclada com pecu-
liaridades e atributos da democracia direta
(sistema híbrido).

20 BULOS, Uadi Lammêngo. Constituição federal anotada. São


Paulo: Saraiva, 2000.

7
A respeito da democracia brasileira, expõe Lenza21:
#FicaDica “estamos diante da democracia semidireta ou participa-
tiva, um ‘sistema híbrido’, uma democracia representati-
Quem é cidadão? Cidadão, por sua vez, é va, com peculiaridades e atributos da democracia direta.
o nacional, isto é, aquele que possui o vín-
Pode-se falar, então, em participação popular no poder
culo político-jurídico da nacionalidade com
por intermédio de um processo, no caso, o exercício da
o Estado, que goza de direitos políticos, ou
soberania que se instrumentaliza por meio do plebiscito,
seja, que pode votar e ser votado.
referendo, iniciativa popular, bem como outras formas,
Nacionalidade: é o vínculo jurídico-político
que liga um indivíduo a determinado Esta- como a ação popular”.
do, fazendo com que ele passe a integrar
o povo daquele Estado, desfrutando assim Destaca-se o caput do artigo 14:
de direitos e obrigações.
Povo: conjunto de pessoas que compõem Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrá-
o Estado, unidas pelo vínculo da naciona- gio universal e pelo voto direto e secreto, com valor
lidade. igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:
População: conjunto de pessoas residentes I - plebiscito;
no Estado, nacionais ou não. II - referendo;
Direitos políticos: instrumentos por meio III - iniciativa popular.
dos quais a Constituição Federal permite o
exercício da soberania popular, atribuindo O que diferencia o plebiscito do referendo é o mo-
poderes aos cidadãos para que eles pos- mento da consulta à população: no plebiscito, primeiro
sam interferir na condução da coisa pública se consulta a população e depois se toma a decisão po-
de forma direta ou indireta1. lítica; no referendo, primeiro se toma a decisão política e
depois se consulta a população. Embora os dois partam
1 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional do Congresso Nacional, o plebiscito é convocado, ao
esquematizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. passo que o referendo é autorizado (art. 49, XV, CF), am-
bos por meio de decreto legislativo. O que os assemelha
é que os dois são “formas de consulta ao povo para que
Na disciplina constitucional, os direitos políticos ga- delibere sobre matéria de acentuada relevância, de natu-
rantidos àquele que é cidadão encontram-se disciplina- reza constitucional, legislativa ou administrativa”22.
dos nos artigos 14 e 15. O cidadão detém direitos políti- Na iniciativa popular, confere-se à população o poder
cos e, em regra, não poderá perdê-los, sofrendo apenas de apresentar projeto de lei à Câmara dos Deputados,
eventualmente com suspensão. mediante assinatura de 1% do eleitorado nacional, distri-
buído por 5 Estados no mínimo, com não menos de 0,3%
#FicaDica dos eleitores de cada um deles. Em complemento, prevê
o artigo 61, §2°, CF:
Os direitos políticos somente são perdidos
em dois casos, quais sejam cancelamento Art. 61, § 2º A iniciativa popular pode ser exercida pela
de naturalização por sentença transitada apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de
em julgado (o indivíduo naturalizado volta lei subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitora-
à condição de estrangeiro) e perda da na- do nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados,
cionalidade brasileira em virtude da aqui- com não menos de três décimos por cento dos eleito-
sição de outra (brasileiro se naturaliza em res de cada um deles.
outro país e assim deixa de ser considerado
um cidadão brasileiro, perdendo direitos
Entretanto, os mecanismos enumerados no artigo
políticos). Nota-se que não há perda de di-
14, CF não são os únicos que contemplam possibilida-
reitos políticos pela prática de atos atenta-
des de participação direta no poder político por parte
tórios contra a Administração Pública por
parte do servidor, mas apenas suspensão. do cidadão brasileiro. Ao longo do texto constitucional e
de legislações infraconstitucionais despontam inúmeros
outros mecanismos que exteriorizam uma relação cada
vez mais próxima entre o Estado e a sociedade civil.
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

A democracia brasileira adota a modalidade semidi- Além da já mencionada ação popular – prevista no
reta, porque possibilita a participação popular direta no artigo 5o, LXXIII, CF, segundo a qual “qualquer cidadão é
poder por intermédio de processos como o plebiscito, parte legítima para propor ação popular que vise a anular
o referendo e a iniciativa popular. Contudo, a democra- ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que
cia indireta que é predominantemente adotada no Brasil,
por meio do sufrágio universal (direito de todos de votar
21 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquematizado.
e de ser votado) e do voto direto e secreto com igual
15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
valor para todos.
22 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquematizado.
15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

8
o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio
ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o
autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais
EXERCÍCIOS COMENTADOS
e do ônus da sucumbência” – merecem destaque as au-
diências e as consultas públicas.
“O objetivo maior das audiências é incentivar os pre- 1. (MPU – ANALISTA DO MPU – CONHECIMENTOS
sentes na busca de soluções de problemas públicos. Po- BÁSICOS – CESPE – 2015) Com base nas disposições da
dem servir como forma de coleta de mais informações ou Lei nº 8.429/1992 e nos preceitos de ética, moral e cida-
provas (depoimentos, pareceres de especialistas, docu- dania, julgue o item seguinte.
mentos etc.) sobre determinados fatos. Também são rea- O exercício da cidadania sofre influência das questões
lizadas na definição de políticas públicas, bem como para éticas e morais que moldam o comportamento individual
elaboração de projetos de lei, a realização de empreen- do cidadão. Isso porque o conjunto das condutas indivi-
dimentos que podem gerar impactos à cidade, à vida das duais compõe o comportamento de determinado grupo
pessoas e ao meio ambiente. Além disso, as audiências social, do qual são extraídas as demandas que subsidiam
também podem ser feitas depois da implantação de po- a adoção de políticas públicas e a concretização de direi-
líticas, para discussão e avaliação de seus resultados e tos sociais.
impactos. Geralmente, a audiência é uma reunião com
duração de um período (manhã, tarde ou noite), coor- ( ) CERTO   ( ) ERRADO
denada pelo órgão competente ou em conjunto com
entidades da sociedade civil que a demandaram”23. As Resposta: Certo. Cidadania é um conceito estri-
consultas públicas possuem o mesmo objetivo, mas cos- tamente relacionado à ética, no sentido de impor a
tumam ser feitas por outros veículos que não reuniões cada indivíduo que se inclua socialmente e traga con-
presenciais, por exemplo, páginas oficiais de internet. tribuições para a comunidade em que está inserido.
Há que se denotar, ainda, uma ampliação da perspec- Assim, na relação entre ética e cidadania pensa-se
tiva de cidadania, vista não apenas como a participação no indivíduo como parte de um todo. Suas condutas
política nas vias tradicionais de poder como também a pertencem ao grupo social, pois nele está inserido. A
participação na comunidade em que a pessoa está inse- observação das necessidades dos coletivos, que são
rida. Neste foco, impõe-se a cada indivíduo que se inclua os grupos sociais, permite delimitar políticas públicas
socialmente e traga contribuições para a comunidade em e concretizar direitos sociais para além da perspectiva
que está inserido, nos aspectos ambientais e sociais. Se individual.
inserem neste campo os projetos sociais desenvolvidos
internamente em cada comunidade, buscando contribuir
para o desenvolvimento de seus membros, como crian-
ças, adolescentes, idosos, dependentes químicos, mulhe- ÉTICA E FUNÇÃO PÚBLICA
res, famílias, trabalhadores desempregados, etc.

#FicaDica Quando se fala em ética na função pública, não se


trata do simples respeito à moral social: a obrigação ética
Democracia – pode ser direta (exercida no setor público vai além e encontra-se disciplinada em
pelos cidadãos), indireta (exercida por re- detalhes na legislação, tanto na esfera constitucional (no-
presentantes) ou semidireta (mesclando os
tadamente no artigo 37) quanto na ordinária (em que se
dois, como no Brasil).
destaca a Lei n° 8.429/92 - Lei de Improbidade Adminis-
Cidadão – É direito e dever participar. A
trativa, a qual traz um amplo conceito de funcionário pú-
cidadania tem uma dimensão ética, sen-
blico no qual podem ser incluídos os servidores do Banco
do incumbência de cada um se integrar na
vida da comunidade em que se insere. Não do Brasil). Ocorre que o funcionário de uma instituição
basta votar ou exercer as vias legais da par- financeira da qual o Estado participe de certo modo ex-
ticipação direta. É preciso se integrar na co- terioriza os valores estatais, sendo que o Estado é o ente
munidade e contribuir para que ela avance, que possui a maior necessidade de respeito à ética. Por
garantindo o bem a todos. isso, o servidor além de poder incidir em ato de improbi-
dade administrativa (cível), poderá praticar crime contra
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

a Administração Pública (penal). Então, a ética profissio-


nal daquele que serve algum interesse estatal deve ser
ainda mais consolidada.
Se a Ética, num sentido amplo, é composta por ao
menos dois elementos - a Moral e o Direito (justo); no
caso da disciplina da Ética no Setor Público a expressão é
adotada num sentido estrito - ética corresponde ao valor
do justo, previsto no Direito vigente, o qual é estabeleci-
23 https://www.politize.com.br/audiencias-publicas-como-partici- do com um olhar atento às prescrições da Moral para a
par/

9
vida social. Em outras palavras, quando se fala em ética cíficas dentro da administração pública, passando a de-
no âmbito dos interesses do Estado não se deve pensar sempenhar um papel de fundamental interesse para o
apenas na Moral, mas sim em efetivas normas jurídicas Estado. Quando estiver nesta condição, mais ainda, será
que a regulamentam, o que permite a aplicação de san- exigido o respeito à ética. Afinal, o Estado é responsá-
ções. Veja o organograma: vel pela manutenção da sociedade, que espera dele uma
conduta ilibada e transparente.
Quando uma pessoa é nomeada como servidor pú-
blico, passa a ser uma extensão daquilo que o Estado
representa na sociedade, devendo, por isso, respeitar ao
máximo todos os consagrados preceitos éticos.
Todas as profissões reclamam um agir ético dos que
a exercem, o qual geralmente se encontra consubstan-
ciado em Códigos de Ética diversos atribuídos a cada
categoria profissional. No caso das profissões na esfera
pública, esta exigência se amplia.
Não se trata do simples respeito à moral social: a
obrigação ética no setor público vai além e encontra-se
disciplinada em detalhes na legislação, tanto na esfera
constitucional (notadamente no artigo 37) quanto na
ordinária (em que se destacam o Decreto n° 1.171/94 -
As regras éticas do setor público são mais do que
Código de Ética - a Lei n° 8.429/92 - Lei de Improbidade
regulamentos morais, são normas jurídicas e, como tais,
Administrativa - e a Lei n° 8.112/90 - regime jurídico dos
passíveis de coação. A desobediência ao princípio da
servidores públicos civis na esfera federal).
moralidade caracteriza ato de improbidade administra-
Em verdade, “[...] a profissão, como exercício habitual
tiva, sujeitando o servidor às penas previstas em lei. Da
de uma tarefa, a serviço de outras pessoas, insere-se no
mesma forma, o seu comportamento em relação ao Có-
complexo da sociedade como uma atividade específica.
digo de Ética pode gerar benefícios, como promoções, e
Trazendo tal prática benefícios recíprocos a quem a pra-
prejuízos, como censura e outras penas administrativas.
tica e a quem recebe o fruto do trabalho, também exige,
A disciplina constitucional é expressa no sentido de pres-
nessas relações, a preservação de uma conduta condi-
crever a moralidade como um dos princípios fundadores
zente com os princípios éticos específicos. O grupamen-
da atuação da administração pública direta e indireta,
to de profissionais que exercem o mesmo ofício termina
bem como outros princípios correlatos. Logo, o Estado
por criar as distintas classes profissionais e também a
brasileiro deve se conduzir moralmente por vontade ex-
conduta pertinente. Existem aspectos claros de observa-
pressa do constituinte, sendo que à imoralidade adminis-
ção do comportamento, nas diversas esferas em que ele
trativa aplicam-se sanções.
se processa: perante o conhecimento, perante o cliente,
Assim, tem-se que a obediência à ética não deve se
perante o colega, perante a classe, perante a sociedade,
dar somente no âmbito da vida particular, mas também
perante a pátria, perante a própria humanidade como
na atuação profissional, principalmente se tal atuação se
conceito global”25. Todos estes aspectos serão conside-
der no âmbito estatal, caso em que haverá coação. O Es-
rados em termos de conduta ética esperada.
tado é a forma social mais abrangente, a sociedade de
fins gerais que permite o desenvolvimento, em seu seio,
das individualidades e das demais sociedades, chamadas #FicaDica
de fins particulares. O Estado, como pessoa, é uma fic-
ção, é um arranjo formulado pelos homens para organi- O agente público é uma extensão do Es-
zar a sociedade de disciplinar o poder visando que todos tado e representa a sua vontade. Por isso
possam se realizar em plenitude, atingindo suas finalida- mesmo, deve se guiar pelos mesmos prin-
des particulares.24 cípios que ele se guia, conforme o manda-
O Estado tem um valor ético, de modo que sua atua- mento constitucional.
ção deve se guiar pela moral idônea. Mas não é propria-
mente o Estado que é aético, porque ele é composto
por homens. Assim, falta ética ou não aos homens que Em geral, as diretivas a respeito do comportamento
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

o compõe. Ou seja, o bom comportamento profissional profissional ético podem ser bem resumidas em alguns
do funcionário público é uma questão ligada à ética no princípios basilares.
serviço público, pois se os homens que compõe a estru- Segundo Nalini26, o princípio fundamental seria o de
tura do Estado tomam uma atitude correta perante os agir de acordo com a ciência, se mantendo sempre atua-
ditames éticos há uma ampliação e uma consolidação do lizado, e de acordo com a consciência, sabendo de seu
valor ético do Estado.
Alguns cidadãos recebem poderes e funções espe- 25 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas,
2010.
24 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São Paulo: 26 NALINI, José Renato. Ética geral e profissional. 8. ed. São Paulo:
Método, 2011. Revista dos Tribunais, 2011.

10
dever ético; tomando-se como princípios específicos: bito do interesse estatal seja mais rigorosa.
Neste sentido, destacam-se os dez mandamentos da
• Princípio da conduta ilibada - conduta irrepreensí- gestão ética nas empresas públicas:
vel na vida pública e na vida particular.
• Princípio da dignidade e do decoro profissional - PRIMEIRO: “Amar a verdade, a lealdade, a probidade
agir da melhor maneira esperada em sua profissão e a responsabilidade como fundamentos de dignidade
e fora dela, com técnica, justiça e discrição. pessoal”. Significa desempenhar suas funções com trans-
• Princípio da incompatibilidade - não se deve acu- parência, de forma honesta e responsável, sendo leal à
mular funções incompatíveis. instituição. O funcionário deve se portar de forma digna,
• Princípio da correção profissional - atuação com exteriorizando virtudes em suas ações.
transparência e em prol da justiça.
• Princípio do coleguismo - ciência de que você e SEGUNDO: “Respeitar a dignidade da pessoa huma-
todos os demais operadores do Direito querem a na”. A expressão “dignidade da pessoa humana” está
mesma coisa, realizar a justiça. estabelecida na Constituição Federal Brasileira, em seu
• Princípio da diligência - agir com zelo e escrúpulo art. 3º, III, como um dos fundamentos da República Fe-
em todas funções. derativa do Brasil. Ao adotar um significado mínimo
• Princípio do desinteresse - relegar a ambição pes- apreendido no discurso antropocentrista do humanismo,
soal para buscar o interesse da justiça. a expressão valoriza o ser humano, considerando este o
• Princípio da confiança - cada profissional de Direi- centro da criação, o ser mais elevado que habita o pla-
to é dotado de atributos personalíssimos e intrans- neta, o que justifica a grande consideração pelo Estado
feríveis, sendo escolhido por causa deles, de forma e pelos outros seres humanos na sua generalidade em
que a relação estabelecida entre aquele que busca relação a ele. Respeitar a dignidade da pessoa humana
o serviço e o profissional é de confiança. significa tomar o homem como valor-fonte para todas as
• Princípio da fidelidade - Fidelidade à causa da jus- ações e escolhas, inclusive na atuação empresarial.
tiça, aos valores constitucionais, à verdade, à trans-
parência. TERCEIRO: “Ser justo e imparcial no julgamento dos
• Princípio da independência profissional - a maior atos e na apreciação do mérito dos subordinados”.
autonomia no exercício da profissão do operador Retoma-se a questão dos planos de carreira, que ex-
do Direito não deve impedir o caráter ético. teriorizam a imparcialidade e a impessoalidade na es-
• Princípio da reserva - deve-se guardar segredo colha dos que deverão ser promovidos, a qual se fará
sobre as informações que acessa no exercício da exclusivamente com base no mérito. Não se pode to-
profissão. mar questões pessoais, como desavenças ou afinidades,
• Princípio da lealdade e da verdade - agir com boa- quando o julgamento se faz sobre a ação de um funcio-
-fé e de forma correta, com lealdade processual. nário - se agiu bem, merece ser recompensado; se agiu
• Princípio da discricionariedade - geralmente, o mal, deve ser punido.
profissional do Direito é liberal, exercendo com
boa autonomia sua profissão. QUARTO: “Zelar pelo preparo próprio, moral, intelec-
• Outros princípios éticos, como informação, so- tual e, também, pelo dos subordinados, tendo em vista o
lidariedade, cidadania, residência, localização, cumprimento da missão institucional”.
continuidade da profissão, liberdade profissional, A missão institucional envolve a obtenção de lucros,
função social da profissão, severidade consigo em regra, mas sempre aliada à promoção da ética. Na
mesmo, defesa das prerrogativas, moderação e to- missão institucional serão estabelecidas determinadas
lerância. metas para a empresa, que deverão ser buscadas pe-
los funcionários. Para tanto, cada um deve se preocupar
O rol acima é apenas um pequeno exemplo de atitu- com o aperfeiçoamento de suas capacidades, tornando-
des que podem ser esperadas do profissional, mas assim -se paulatinamente um melhor funcionário, por exemplo,
como é difícil delimitar um conceito de ética, é complica- buscando cursos e estudando técnicas.
do estabelecer exatamente quais as condutas esperadas
de um servidor: melhor mesmo é observar o caso con- QUINTO: “Acatar as ordens legais, não ser negligente
creto e ponderar com razoabilidade. e trabalhar em harmonia com a estrutura do órgão, res-
Em suma, respeitar a ética profissional é ter em mente peitando a hierarquia, seus colegas e cada concidadão,
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

os princípios éticos consagrados em sociedade, fazendo colaborando e aceitando colaboração”.


com que cada atividade desempenhada no exercício da Existe uma hierarquia para que as funções sejam de-
profissão exteriorize tais postulados, inclusive direcio- sempenhadas da melhor maneira possível, pois a desor-
nando os rumos da ética empresarial na escolha de dire- dem não permite que as atividades se encadeiem e se
trizes e políticas institucionais. enlacem, gerando perda de tempo e desperdício de re-
O funcionário que busca efetuar uma gestão ética se cursos. Não significa que ordens contrárias à ética devam
guia por determinados mandamentos de ação, os quais ser obedecidas, caso em que a medida cabível é levar a
valem tanto para a esfera pública quanto para a privada, questão para as autoridades responsáveis pelo controle
embora a punição dos que violam ditames éticos no âm- da ética da instituição. Cada atividade deve ser desem-

11
penhada da melhor maneira possível, isto é, não se pode riza a dimensão coletiva da ética. Maritain27 apontou as
deixar de praticá-la corretamente por ser mais trabalho- características essenciais do bem comum: redistribuição,
so (por negligência entende-se uma omissão perigosa). pela qual o bem comum deve ser redistribuído às pes-
No tratamento dos demais colegas e do público, o fun- soas e colaborar para o desenvolvimento delas; respeito
cionário deve ser cordial e ético, embora somente assim à autoridade na sociedade, pois a autoridade é neces-
estará contribuindo para a gestão ética da empresa. sária para conduzir a comunidade de pessoas humanas
para o bem comum; moralidade, que constitui a retidão
SEXTO: “Agir, na vida pessoal e funcional, com digni- de vida, sendo a justiça e a retidão moral elementos es-
dade, decoro, zelo, eficácia e moralidade”. senciais do bem comum.
O bom comportamento não deve se fazer presente
somente no exercício das funções. Cabe ao funcionário
se portar bem quando estiver em sua vida privada, na
#FicaDica
convivência com seus amigos e familiares, bem como A partir da consagração do princípio da
nos momentos de lazer. Por melhor que seja como fun- moralidade, é possível afirmar que agir de
cionário, não será aceito aquele que, por exemplo, for forma ética no desempenho de funções
visto frequentemente embriagado ou for sempre denun- públicas não é questão de mera morali-
ciado por violência doméstica. dade, mas verdadeiramente jurídica, com
Dignidade é a característica que incorpora todas as arcabouço legal, notadamente, Decreto
demais, significando o bom comportamento enquanto nº 1.171/1994, Lei nº 8.112/1990, Lei nº
pessoa humana, tratando os outros como gosta de ser 8.429/1992. Obedecer aos ditames da ética
tratado. Decoro significa discrição, aparecer o mínimo é verdadeiro dever funcional do servidor,
possível, não se vangloriar com base em feitos institucio- o qual, se desobedecido, pode gerar puni-
nais. Zelo quer dizer cuidado, cautela, para que as ativi- ções.
dades sempre sejam desempenhadas do melhor modo.
Eficácia remete ao dever de fazer com que suas ativida-
des atinjam o fim para o qual foram praticadas, isto é,
que não sejam abandonadas pela metade. Moralidade EXERCÍCIOS COMENTADOS
significa respeitar os ditames morais, mais que jurídicos,
que exteriorizam os valores tradicionais consolidados na 1. (MPU – TÉCNICO DO MPU – SEGURANÇA INSTI-
sociedade através dos tempos. TUCIONAL E TRANSPORTE – CESPE – 2015) Acerca de
ética deontológica e de ética e democracia, julgue o pró-
SÉTIMO: “Jamais tratar mal ou deixar à espera de so- ximo item.
lução uma pessoa que busca perante a Administração Ser honesto e verdadeiro e cumprir promessas são con-
Pública satisfazer um direito que acredita ser legítimo”. siderados princípios éticos.
O bom atendimento do público é necessário para que
uma gestão possa ser considerada ética. Aquele que tem ( ) CERTO   ( ) ERRADO
um direito merece ser ouvido, não pode ser deixado de
lado pelo funcionário, esperando por horas uma solução. Resposta: Certo. Não pode ser considerada conduta
Mesmo que a pessoa esteja errada, isto deve ser escla- ética ser desonesto e mentir, ou então deixar de cum-
recido, de forma que a confiabilidade na instituição não prir promessas feitas licitamente. Assim, honestidade
fique abalada. e seriedade são primados éticos que devem ser cum-
pridos no exercício da função pública.
OITAVO: “Cumprir e fazer cumprir as leis, os regula-
mentos, as instruções e as ordens das autoridades a que
estiver subordinado”. O Direito é uma das facetas mais
relevantes da Ética porque exterioriza o valor do justo e ÉTICA NO SETOR PÚBLICO
o seu cumprimento é essencial para que a gestão ética
seja efetiva.
O paradigma da Ética Pública parte da noção de liber-
NONO: “Agir dentro da lei e da sua competência, dade social, envolta nos valores da segurança, igualdade
atento à finalidade do serviço público”.Não basta cum- e solidariedade. Neste sentido, cada pessoa deve ter es-
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

prir o Direito, é preciso respeitar a divisão de funções paço para exercer individualmente sua liberdade moral,
feitas com o objetivo de otimizar as atividades desem- cabendo à ética pública garantir que os indivíduos que
penhadas. vivem em sociedade realizem projetos morais individuais.
A Ética Pública pode ser vista sob o aspecto da mo-
DÉCIMO: “Buscar o bem-comum, extraído do equilí- ralidade crítica e sob o aspecto da moralidade legaliza-
brio entre a legalidade e finalidade do ato administrativo da: quando se estuda a lei posta ou a ausência de lei e
a ser praticado”. Bem comum é o bem de toda a coleti-
vidade e não de um só indivíduo. Este conceito exterio-
27 MARITAIN, Jacques. Os direitos do homem e a lei natural. 3.
ed. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1967.

12
questiona-se a falta de justiça, há uma moralidade crítica; ca representa os interesses da coletividade, ela se
quando a regra justa é incorporada ao Direito, há mora- sujeita a uma relação de subordinação, pela qual
lidade legalizada ou positivada. só poderá fazer o que a lei expressamente deter-
Sobre a Ética Pública, explica Nalini28: “Ética é sempre mina (assim, na esfera estatal, é preciso lei ante-
ética, poder-se-ia afirmar. Ser ético é obrigação de to- rior editando a matéria para que seja preservado o
dos. Seja no exercício de alguma atividade estatal, seja princípio da legalidade). A origem deste princípio
no comportamento individual. Mas pode-se falar em éti- está na criação do Estado de Direito, no sentido
ca realçada quando se atua num universo mais amplo, de que o próprio Estado deve respeitar as leis que
de interesse de todos. Existe, pois, uma Ética Pública, e dita.
apura-se o seu sentido em contraposição com o de Ética b) Princípio da impessoalidade: Por força dos interes-
Privada. Um nome pelo qual a Ética Pública tem sido co- ses que representa, a administração pública está
nhecida é o da justiça”. proibida de promover discriminações gratuitas.
Assim, ética pública seria a moral incorporada ao Di- Discriminar é tratar alguém de forma diferente dos
reito, consolidando o valor do justo. Diante da relevância demais, privilegiando ou prejudicando. Segundo
social de que a Ética se faça presente no exercício das ati- este princípio, a administração pública deve tratar
vidades públicas, as regras éticas para a vida pública são igualmente todos aqueles que se encontrem na
mais do que regras morais, são regras jurídicas estabe- mesma situação jurídica (princípio da isonomia ou
lecidas em diversos diplomas do ordenamento, possibi- igualdade). Por exemplo, a licitação reflete a im-
litando a coação em caso de infração por parte daqueles pessoalidade no que tange à contratação de servi-
que desempenham a função pública. ços. O princípio da impessoalidade correlaciona-se
Os valores éticos inerentes ao Estado, os quais per- ao princípio da finalidade, pelo qual o alvo a ser
mitem que ele consolide o bem comum e garanta a pre- alcançado pela administração pública é somente
servação dos interesses da coletividade, se encontram o interesse público. Com efeito, o interesse parti-
exteriorizados em princípios e regras. Estes, por sua vez, cular não pode influenciar no tratamento das pes-
são estabelecidos na Constituição Federal e em legisla- soas, já que se deve buscar somente a preservação
ções infraconstitucionais, a exemplo das que serão es- do interesse coletivo.
tudadas neste tópico, quais sejam: Decreto n° 1.171/94, c) Princípio da moralidade: A posição deste princípio
Lei n° 8.112/90 e Lei n° 8.429/92. Todas as diretivas de no artigo 37 da CF representa o reconhecimen-
leis específicas sobre a ética no setor público partem da to de uma espécie de moralidade administrativa,
Constituição Federal, que estabelece alguns princípios intimamente relacionada ao poder público. A ad-
fundamentais para a ética no setor público. Em outras ministração pública não atua como um particular,
palavras, é o texto constitucional do artigo 37, especial- de modo que enquanto o descumprimento dos
mente o caput, que permite a compreensão de boa parte preceitos morais por parte deste particular não é
do conteúdo das leis específicas, porque possui um ca- punido pelo Direito (a priori), o ordenamento jurí-
ráter amplo ao preconizar os princípios fundamentais da dico adota tratamento rigoroso do comportamen-
administração pública. Estabelece a Constituição Federal: to imoral por parte dos representantes do Estado.
O princípio da moralidade deve se fazer presente
Art. 37. A administração pública direta e indireta de não só para com os administrados, mas também
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Dis- no âmbito interno. Está indissociavelmente ligado
trito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios à noção de bom administrador, que não somente
de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicida- deve ser conhecedor da lei, mas também dos prin-
de e eficiência e, também, ao seguinte: [...] cípios éticos regentes da função administrativa.
TODO ATO IMORAL SERÁ DIRETAMENTE ILEGAL
É de fundamental importância um olhar atento ao OU AO MENOS IMPESSOAL, daí a intrínseca liga-
significado de cada um destes princípios, posto que eles ção com os dois princípios anteriores.
estruturam todas as regras éticas prescritas no Código de d) Princípio da publicidade: A administração pública é
Ética e na Lei de Improbidade Administrativa, tomando obrigada a manter transparência em relação a to-
como base os ensinamentos de Carvalho Filho29 e Spit- dos seus atos e a todas informações armazenadas
zcovsky30: nos seus bancos de dados. Daí a publicação em
órgãos da imprensa e a afixação de portarias. Por
a) Princípio da legalidade: Para o particular, legalida- exemplo, a própria expressão “concurso público”
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

de significa a permissão de fazer tudo o que a lei (art. 37, II, CF) remonta ao ideário de que todos de-
não proíbe. Contudo, como a administração públi- vem tomar conhecimento do processo seletivo de
servidores do Estado. Diante disso, como será vis-
to, se negar indevidamente a fornecer informações
28 NALINI, José Renato. Ética geral e profissional. 8. ed. São Paulo:
ao administrado caracteriza ato de improbidade
Revista dos Tribunais, 2011.
administrativa. Somente pela publicidade os indi-
29 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito adminis-
trativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.
víduos controlarão a legalidade e a eficiência dos
atos administrativos. Os instrumentos para prote-
30 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São Paulo:
Método, 2011. ção são o direito de petição e as certidões (art. 5°,

13
XXXIV, CF), além do habeas data e - residualmente
- do mandado de segurança. #FicaDica
e) Princípio da eficiência: A administração pública
deve manter o ampliar a qualidade de seus servi- São princípios da administração pública,
nesta ordem:
ços com controle de gastos. Isso envolve eficiência
Legalidade
ao contratar pessoas (o concurso público selecio-
Impessoalidade
na os mais qualificados ao exercício do cargo), ao
Moralidade
manter tais pessoas em seus cargos (pois é possí-
Publicidade
vel exonerar um servidor público por ineficiência) Eficiência
e ao controlar gastos (limitando o teto de remu- Para memorizar: veja que as iniciais das pa-
neração), por exemplo. O núcleo deste princípio lavras formam o vocábulo LIMPE, que re-
é a procura por produtividade e economicidade. mete à limpeza esperada da Administração
Alcança os serviços públicos e os serviços adminis- Pública.
trativos internos, se referindo diretamente à con-
duta dos agentes.

Além destes cinco princípios administrativo-constitu- EXERCÍCIOS COMENTADOS


cionais diretamente selecionados pelo constituinte, po-
dem ser apontados como princípios de natureza ética re-
lacionados à função pública a probidade e a motivação: 1. (Instituto Rio Branco – Diplomata – CESPE – 2017)
Com relação à classificação da Constituição Federal de
a) Princípio da probidade: um princípio constitucio- 1988, ao controle de constitucionalidade e à atividade
nal incluído dentro dos princípios específicos da administrativa do Estado brasileiro, julgue (C ou E) o item
licitação, é o dever de todo o administrador pú- que se segue.
blico, o dever de honestidade e fidelidade com o O princípio da impessoalidade, que consagra a ideia de
Estado, com a população, no desempenho de suas que o poder público deve dispensar tratamento isonô-
funções. Possui contornos mais definidos do que mico e impessoal aos particulares, deve ser entendido de
a moralidade. Diógenes Gasparini31 alerta que forma absoluta, já que não comporta exceções ou trata-
alguns autores tratam como distintos os princí- mentos diferenciados pela administração.
pios da moralidade e da probidade administrativa,
( ) CERTO   ( ) ERRADO
mas não há características que permitam tratar os
mesmos como procedimentos distintos, sendo no
máximo possível afirmar que a probidade admi- Resposta: Errado. Em alguns casos, o desigual deve
nistrativa é um aspecto particular da moralidade ser tratado de forma desigual, pois o contrário que
administrativa. não seria isonômico. É o caso da fila preferencial para
b) Princípio da motivação: É a obrigação conferida ao gestantes e idosos nas repartições públicas, típico tra-
administrador de motivar todos os atos que edita, tamento diferenciado lícito e ético.
gerais ou de efeitos concretos. É considerado, en-
tre os demais princípios, um dos mais importantes, 2. (FUB – Conhecimentos Básicos – CESPE – 2016) Com
uma vez que sem a motivação não há o devido referência à Constituição Federal de 1988 e às disposi-
processo legal, uma vez que a fundamentação sur- ções nela inscritas relativamente a direitos sociais e polí-
ge como meio interpretativo da decisão que levou ticos, administração pública e servidores públicos, julgue
à prática do ato impugnado, sendo verdadeiro o item subsequente. Legalidade, impessoalidade, mora-
meio de viabilização do controle da legalidade dos lidade, publicidade e eficiência são princípios aplicáveis
atos da Administração. Motivar significa mencio- exclusivamente à administração pública federal: eles não
nar o dispositivo legal aplicável ao caso concreto se aplicam à administração pública dos estados, do Dis-
e relacionar os fatos que concretamente levaram à trito Federal nem dos municípios.
aplicação daquele dispositivo legal. Todos os atos
( ) CERTO   ( ) ERRADO
administrativos devem ser motivados para que o
Judiciário possa controlar o mérito do ato adminis-
trativo quanto à sua legalidade. Para efetuar esse Resposta: Errado. Nos termos do artigo 37, caput, CF:
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

controle, devem ser observados os motivos dos “A administração pública direta e indireta de qualquer
atos administrativos. dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Fe-
deral e dos Municípios obedecerá aos princípios de
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência e, também, ao seguinte: [...]”.

3. (Instituto Rio Branco – Diplomata – CESPE – 2015)


No que diz respeito à organização dos poderes, ao prin-
31 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 9ª ed. São Paulo: cípio da legalidade e ao controle dos atos administrati-
Saraiva, 2004.

14
vos, julgue (C ou E) o seguinte item. é que uma norma comportamental deva reger a prática
O princípio da legalidade consiste em estatuir que a re- profissional no que concerne a sua conduta, em relação
gulamentação de determinadas matérias há de fazer-se a seus semelhantes” 32. Logo, embora se reconheça que o
necessariamente por lei formal, e não por quaisquer ou- indivíduo tem particularidades no desempenho de suas
tras fontes normativas. funções, isto é, que emprega algo de sua personalida-
de no exercício delas, cabe o estabelecimento de um rol
( ) CERTO   ( ) ERRADO de condutas padronizadas genericamente, as quais cor-
respondem ao melhor desempenho profissional que se
Resposta: Errado. A legalidade pode emanar de di- pode ter, um desempenho ético.
versas fontes de regulação, por exemplo, Decretos, “Para que um Código de Ética Profissional seja organi-
Regulamentos, Portarias. zado, é preciso, preliminarmente, que se trace a sua base
filosófica. Tal base deve estribar-se nas virtudes exigíveis
a serem respeitadas no exercício da profissão, e em geral
DECRETO Nº 1.171/ 1994 (CÓDIGO DE ÉTICA abrange as relações com os utentes dos serviços, os co-
PROFISSIONAL DO SERVIDOR PÚBLICO CIVIL legas, a classe e a nação. As virtudes básicas são comuns
DO PODER EXECUTIVO FEDERAL) a todos os códigos. As virtudes específicas de cada pro-
fissão representam as variações entre os diversos estatu-
DECRETO N° 1.171 DE 22 DE JUNHO DE 1994 tos éticos. O zelo, por exemplo, é exigível em qualquer
profissão, pois representa uma qualidade imprescindível
Aprova o Código de Ética Profissional do Servidor Pú- a qualquer execução de trabalho, em qualquer lugar. O
blico Civil do Poder Executivo Federal. sigilo, todavia, deixa de ser necessário em profissões que
não lidam com confidências e resguardos de direitos” 33.
Consolidando um padrão de comportamento ético, Por exemplo, o servidor público tem o dever de zelo, ge-
merece destaque o Decreto nº 1.171/1994 (Código de nérico, e o dever de sigilo, específico, já que tem acesso a
Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Exe- informações privilegiadas no exercício do cargo.
cutivo Federal), o qual será estudado a partir deste pon- Tomadas estas premissas, vale lembrar que o Código
to. Considerados os princípios administrativos basilares de Ética foi expedido pelo Presidente da República, con-
do art. 37 da CF, destaca-se a existência de um diploma siderada a atribuição da Constituição Federal para dispor
específico que estabelece a ação ética esperada dos ser- sobre a organização e o funcionamento da administra-
vidores públicos, qual seja o Decreto n° 1.171/94. Trata- ção pública federal, conforme art. 84, IV e VI da Consti-
-se do chamado Código de Ética do Servidor Público, o tuição Federal: “IV - sancionar, promulgar e fazer publicar
qual disciplina normas éticas aplicáveis a esta categoria as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para
de profissionais, assemelhando-se no formato aos Códi- sua fiel execução; [...] VI - dispor, mediante decreto, so-
gos de Ética que costumam ser adotados para variadas bre: a) organização e funcionamento da administração
categorias profissionais (médicos, contadores...), mas federal, quando não implicar aumento de despesa nem
diferenciando-se destes por possuir o caráter jurídico, criação ou extinção de órgãos públicos; b) extinção de
logo, coativo. funções ou cargos públicos, quando vagos”. Exatamen-
A respeito dos motivos que ensejam a criação de um te por causa desta atribuição que o Código de Ética em
Código de Ética, tem-se que “as relações de valor que estudo adota a forma de decreto e não de lei, já que
existem entre o ideal moral traçado e os diversos campos as leis são elaboradas pelo Poder Legislativo (Congresso
da conduta humana podem ser reunidas em um instru- Nacional).
mento regulador. Tal conjunto racional, com o propósi- O Decreto n° 1.171/94 é um exemplo do chamado
to de estabelecer linhas ideais éticas, já é uma aplicação exercício de poder regulamentar inerente ao Executivo,
desta ciência que se consubstancia em uma peça magna, que se perfaz em decretos regulamentares. Embora se-
como se uma lei fosse entre partes pertencentes a grupa- jam factíveis decretos autônomos34, não é o caso do de-
mentos sociais. Uma espécie de contrato de classe gera creto em estudo, o qual encontra conexão com diplomas
o Código de Ética Profissional e os órgãos de fiscalização como as Leis n° 8.112/90 (regime jurídico dos servidores
do exercício passam a controlar a execução de tal peça públicos federais) e Lei n° 8.429/92 (lei de improbidade
magna. Tudo deriva, pois, de critérios de condutas de um administrativa), além da Constituição Federal. Assim, o
indivíduo perante seu grupo e o todo social. O interesse Decreto nº 1.171/94 não é autônomo!
no cumprimento do aludido código passa, entretanto, a
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

ser de todos. O exercício de uma virtude obrigatória tor-


na-se exigível de cada profissional [...], mas com proveito
geral. Cria-se a necessidade de uma mentalidade ética
e de uma educação pertinente que conduza à vontade
de agir, de acordo com o estabelecido. Essa disciplina 32
SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas,
da atividade é antiga, já encontrada nas provas históricas 2010.
mais remotas, e é uma tendência natural na vida das co-
33
SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas,
2010.
munidades. É inequívoco que o ser tenha sua individuali-
dade, sua forma de realizar seu trabalho, mas também o
34
LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 15. ed.
São Paulo: Saraiva, 2011.

15
Ainda assim, inegável que o decreto impõe normas gras determinantes da instituição de Comissões de Ética.
de conduta, o que gera controvérsias sobre o nível de
obrigatoriedade dele. Autores como Azevedo35 se posi-
cionam pela inconstitucionalidade do Decreto: “O Decre-
#FicaDica
to 1171 é inconstitucional, na medida em que impõe re- O Decreto nº 1.171/1994 não é autônomo e
gras de condutas, ferindo a Constituição. Esta Lei Máxima se vincula às disciplinas da Lei nº 8.112/1990
diz, no seu art. 5º, diz que ‘ninguém será obrigado a fazer – Regime Jurídico dos Servidores Públicos
ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei’ Civis Federais e da Lei nº 8.429/1992 – Lei
e que ‘não há crime sem lei anterior que o defina, nem de Improbidade Administrativa.
pena sem prévia cominação legal’. Esta lei citada pelo
art. 5º é a norma primária, não podendo ser confundida
com a possibilidade de ser imposta normas de conduta O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições
pela norma secundária. Assim, não poderia ser imposta que lhe confere o art. 84, incisos IV e VI, e ainda tendo
nenhuma norma de conduta a alguém via Decreto, que é em vista o disposto no art. 37 da Constituição, bem como
uma norma secundária, porque só a norma primária tem nos arts. 116 e 117 da Lei n° 8.112, de 11 de dezembro
esta capacidade constitucional. Atualmente, com a nova de 1990, e nos arts. 10, 11 e 12 da Lei n° 8.429, de 2 de
redação do art. 84, inciso VI, dada pela Emenda Cons- junho de 1992,
titucional nº 32, de 11 de setembro de 2001, é possível
falar em Decreto Autônomo. Isto é: é possível falar em DECRETA:
Decreto como norma primária, para fins de dispor sobre
organização e funcionamento da Administração Pública Art. 1° Fica aprovado o Código de Ética Profissional do
Federal, quando não houver aumento de despesa nem Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal, que
criação ou extinção de órgãos públicos, e também para com este baixa.
extinguir funções ou cargos públicos, quando vagos. So-
mente uma grande força de interpretação, que chegaria Art. 2° Os órgãos e entidades da Administração Pú-
a ultrapassar os limites constitucionais do art. 84, VI, da blica Federal direta e indireta implementarão, em
CF/88, poderia aceitar que a criação de normas de con- sessenta dias, as providências necessárias à plena vi-
duta para servidores públicos estaria inserta na organiza- gência do Código de Ética, inclusive mediante a Cons-
ção e funcionamento da Administração Pública Federal. tituição da respectiva Comissão de Ética, integrada
Apesar disto, o fato é que o Decreto Autônomo só apare- por três servidores ou empregados titulares de cargo
ceu verdadeiramente no ordenamento jurídico nacional efetivo ou emprego permanente.
em 11 de setembro de 2001, e o Decreto nº 1.171 é de Parágrafo único. A constituição da Comissão de Ética
22 de junho de 1994, quando não havia no ordenamen- será comunicada à Secretaria da Administração Fede-
to jurídico o Decreto como norma primária. Por isso, o ral da Presidência da República, com a indicação dos
Decreto nº 1.171 não impõe coerção quanto às normas respectivos membros titulares e suplentes.
materiais nele indicadas; impõe tão somente em relação Art. 3° Este decreto entra em vigor na data de sua
às normas processuais, como a obrigação de criação de publicação.
Comissão de Ética por todas as entidades e órgãos pú-
blicos federais”. Brasília, 22 de junho de 1994, 173° da Independência
Não se corrobora, em parte, o entendimento. O fato e 106° da República.
de os decretos autônomos terem surgido após o De-
creto nº 1.171/94 não o transforma em norma primária, Os principais elementos que podem ser extraídos do
realmente. Contudo, trata-se de uma norma secundária preâmbulo do Código de Ética são:
que encontra bases em normas primárias, quais sejam Trata-se de um diploma expedido pelo Presidente
a Lei nº 8.112/90 e a Lei nº 8.429/92: na prática, todas da República à época e, como tal, permanece válido até
as diretrizes estabelecidas no Código de Ética são repe- que seja revogado, isto é, até sobrevir outro de conteú-
tidas em leis federais e decorrem diretamente do texto do incompatível (revogação tácita) ou até outro decreto
constitucional. Assim, a adoção da forma de decreto não ser expedido para substituí-lo (revogação expressa). O
significa, de forma alguma, que suas diretrizes não sejam decreto aceita, ainda, reformas e revogações parciais:
obrigatórias: o servidor público federal que desobede- no caso, destaca-se o Decreto n° 6.029/07, que revogou
cê-las estará sujeito à apuração de sua conduta perante alguns incisos do Código e que será estudado oportu-
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

a respectiva Comissão de Ética, que enviará informações namente.


ao processo administrativo disciplinar, podendo gerar Parâmetros para o conteúdo do decreto: os incisos do
até mesmo a perda do cargo, ou aplicará a pena de cen- artigo 84, já citados anteriormente, remetem ao poder
sura nos casos menos graves. Não obstante, o respeito regulamentar o Executivo; os artigos da Lei n° 8.112/90
ao Código gera reconhecimento e é verificado para fins referem-se aos deveres e proibições do servidor público
de promoção. Isso sem falar na total efetividade das re- federal; os artigos da Lei n° 8.429/92 tratam dos atos de
improbidade administrativa.
35
AZEVEDO, Márcio. Ética no serviço público federal. Disponível
em: <http://portal.damasio.com.br/Arquivos/Material/AulasOnli-
A partir da aprovação do Código de Ética, ele se tor-
ne_MarcioAzevedo1.pdf>. Acesso em: 12 ago. 2013. nou obrigatório a todas as esferas da atividade pública.

16
Daí a obrigação de instituir o aparato próprio ao seu punição e processo disciplinar contra o servidor antiéti-
cumprimento, inclusive mediante criação das Comissões co, apesar de, na maioria das vezes, haver coincidência
de Ética, as quais não podem ser compostas por servido- entre a conduta antiética e a necessidade de punição ad-
res temporários. ministrativa. A verdadeira intenção do Código de Ética
O decreto conferiu um prazo para cada uma das enti- foi estimular os órgãos e entidades públicas federais a
dades da administração pública federal direta ou indireta promoverem o debate sobre a ética, para que ela, e as
para constituir em seu âmbito uma Comissão de Ética discussões que dela se extrai, permeie amiúde as reparti-
que irá apurar as infrações ao Código de Ética. Com efei- ções, até com naturalidade.
to, não há nenhuma facultatividade quanto ao dever de “Muitas são as virtudes que um profissional precisa ter
respeito ao Código de Ética, pois ele se aplica tanto na para que desenvolva com eficácia seu trabalho. Em ver-
administração direta quanto na indireta. A Comissão de dade, múltiplas exigências existem, mas entre elas, des-
Ética será composta por: três servidores ou empregados tacam-se algumas, básicas, sem as quais se impossibilita
titulares de cargo efetivo ou emprego permanente. A a consecução do êxito moral. Quase sempre, na maioria
constituição (quando foi criada) e a composição (quem a dos casos, o sucesso profissional se az acompanhar de
compõe) da Comissão deverão ser informadas à Secreta- condutas fundamentais corretas. Tais virtudes básicas
ria da Administração Federal da Presidência da República. são comuns a quase todas as profissões [...]. Virtudes
básicas profissionais são aquelas indispensáveis, sem as
ANEXO quais não se consegue a realização de um exercício ético
competente, seja qual for a natureza do serviço prestado.
Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil Tais virtudes devem formar a consciência ética estrutural,
do Poder Executivo Federal os alicerces do caráter e, em conjunto, habilitarem o pro-
fissional ao êxito em seu desempenho” 37.
CAPÍTULO I Para bem compreender o conteúdo dos incisos que
SEÇÃO I se seguem, é importante pensar: se eu fosse a pessoa
DAS REGRAS DEONTOLÓGICAS buscando atendimento no órgão público em questão,
como eu gostaria de ser tratado? Qual o tipo de funcio-
O Direito como valor do justo é estudado pela Filo- nário que eu gostaria que fosse responsável pela solução
sofia do Direito na parte denominada Deontologia Jurí- do meu problema? Enfim, basta lembrar da regra de ouro
dica, ou, no plano empírico e pragmático, pela Política da moralidade, pela qual eu somente devo fazer algo se
do Direito36. Deontologia é uma das teorias normativas racionalmente desejar que todas as pessoas ajam da
segundo as quais as escolhas são moralmente necessá- mesma forma - inclusive em relação a mim, ou seja, “age
rias, proibidas ou permitidas. Portanto inclui-se entre as de tal modo que a máxima de tua vontade possa valer-te
teorias morais que orientam nossas escolhas sobre o que sempre como princípio de uma legislação universal”38.
deve ser feito, considerada a moral vigente. Por sua vez,
a deontologia jurídica é a ciência que cuida dos deveres I - A dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia e a consci-
e dos direitos dos operadores do Direito, bem como de ência dos princípios morais são primados maiores que
seus fundamentos éticos e legais, consolidando o valor devem nortear o servidor público, seja no exercício do
do justo. Por isso, os incisos que se seguem traduzem o cargo ou função, ou fora dele, já que refletirá o exer-
comportamento moral esperado do servidor público não cício da vocação do próprio poder estatal. Seus atos,
só enquanto desempenha suas funções, mas também em comportamentos e atitudes serão direcionados para a
sua vida social. preservação da honra e da tradição dos serviços pú-
Deontologia é, assim, a teoria do dever no que diz blicos.
respeito à moral; conjunto de deveres que impõe a cer-
tos profissionais o cumprimento da sua função. Pode-se Primeiramente, vale compreender o sentido de algu-
dizer ainda que a deontologia consiste no conjunto de mas palavras do inciso: por dignidade, deve-se entender
regras e princípios que regem a conduta de um profis- autoridade moral; por decoro, compostura e decência;
sional, uma ciência que estuda os deveres de uma de- por zelo, cuidado e atenção; por eficácia, a produção do
terminada profissão. O profissional brasileiro está sujeito efeito esperado.
a uma deontologia própria a regular o exercício de sua Na verdade, tudo isto abrange o que o inciso chama
profissão conforme o Código de Ética de sua classe. O de consciência dos princípios morais: sei que devo agir
Direito é o mínimo de moral para que o homem viva em de modo que inspire os demais que me rodeiam, isto
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

sociedade e a deontologia dele decorre posto que trata é, exatamente como o melhor cidadão de bem; no de-
de direitos e deveres dos profissionais que estejam sujei- sempenho das minhas funções, devo me manter sério e
tos a especificidade destas normas. comprometido, desempenhando cada uma das atribui-
O Código de Ética cria regras deontológicas de ética, ções recebidas com o maior cuidado e atenção possível,
isto é, cria um sistema de princípios e fundamentos da evitando erros, de modo que o serviço que eu preste seja
moral, daí porque não se preocupa com a previsão de o melhor que eu puder prestar.
37
SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
36
REALE, Miguel. Filosofia do Direito. 19. ed. São Paulo: Saraiva, 38
KANT, Immanuel. Crítica da Razão Prática. Tradução Paulo Bar-
2002. rera. São Paulo: Ícone, 2005, p. 32.

17
Não basta que o funcionário aja desta forma no exer- Nota-se que o inciso faz referência ao §4°, que traz as
cício de suas funções, porque ele participa da sociedade consequências dos atos de improbidade administrativa,
e fica conhecido nela. O desempenho de cargo público, que poderão variar conforme o grau de gravidade (uma
por sua vez, faz com que ele seja visto de outra forma das sanções possíveis é a de obrigar o servidor a devol-
pela sociedade, que espera dele uma conduta ilibada, ou ver o dinheiro aos cofres públicos, o que se entende por
seja, livre de vícios e compulsões. Discrição é a palavra- ressarcir o erário).
-chave para a vida particular do servidor público, preser-
vando a instituição da qual faz parte. Por exemplo, quem III - A moralidade da Administração Pública não se
se sentiria bem em ser atendido por um funcionário que limita à distinção entre o bem e o mal, devendo ser
é sempre visto embriagado em bares ou provocando acrescida da ideia de que o fim é sempre o bem co-
confusões familiares, por mais que os serviços por ele mum. O equilíbrio entre a legalidade e a finalidade,
desempenhados sejam de qualidade? na conduta do servidor público, é que poderá consoli-
O comportamento ético do servidor público na sua
dar a moralidade do ato administrativo.
vida particular só é exigível se, pela natureza do cargo,
houver uma razoável exigência do servidor se comportar
Bem e mal são conceitos que transcendem a esfera
moralmente, como invariavelmente ocorre nas carreiras
particular. O servidor público não deve pensar por uma
típicas de Estado. O que dizer então do Decreto nº 1.171,
de 1994, que impõe o comportamento ético e moral de pessoa, mas por toda a sociedade. Assim, não se deve
todo e qualquer servidor, na sua vida particular, inde- agir de uma forma para beneficiar um particular - ainda
pendentemente da natureza do seu cargo? Quando tal que isso possa ser um bem para ele, é injusto para com
Código estabelece, logo no Capítulo I do Anexo, algu- a sociedade que uma pessoa seja tratada melhor que a
mas “Regras Deontológicas”, quer dizer que o servidor outra. O fim da atitude do servidor é o bem comum, ou
público está envolto em um sistema onde a moral tem seja, o bem da coletividade. O coletivo sempre deve pre-
forte influência no desenvolvimento da sua carreira pú- valecer sobre o particular.
blica. Assim, quem passa pelo serviço público sabe ou Por isso, o servidor deve equilibrar a legalidade, que
deveria saber que a promoção profissional e o adequado é o respeito ao que a lei determina, e a finalidade, que
cumprimento das atribuições do cargo estão condicio- é a busca do fim da preservação do bem comum. Assim,
nados também pela ética e, assim, pelo comportamento o respeito à lei é fundamental, mas a atitude do servidor
particular do servidor. não pode cair numa burocratização sem sentido, ou seja,
o respeito às minúcias da lei não pode prejudicar o bem
II - O servidor público não poderá jamais desprezar o comum, sob pena de violar a moralidade.
elemento ético de sua conduta. Assim, não terá que
decidir somente entre o legal e o ilegal, o justo e o IV - A remuneração do servidor público é custeada pe-
injusto, o conveniente e o inconveniente, o oportuno los tributos pagos direta ou indiretamente por todos,
e o inoportuno, mas principalmente entre o honesto e até por ele próprio, e por isso se exige, como contra-
o desonesto, consoante as regras contidas no art. 37, partida, que a moralidade administrativa se integre no
caput, e § 4°, da Constituição Federal. Direito, como elemento indissociável de sua aplicação
e de sua finalidade, erigindo-se, como consequência,
Este inciso traz alguns binômios abrangidos pelo con- em fator de legalidade.
ceito de ética que se contrapõem. Com efeito, o servidor
deve sempre escolher o conveniente, o oportuno, o justo O servidor público deve colocar de lado seus inte-
e o honesto. No caso, parte-se das escolhas de menor re-
resses egoísticos e buscar a aplicação da moralidade no
levância para aquelas fundamentais, que envolvem a op-
Direito, lembrando que quem paga pelos seus serviços
ção pelo justo e honesto. Estes são os principais valores
é a sociedade como um todo. “Parece ser uma tendên-
morais exigidos pelo inciso. Quando se fala que é preciso
cia do ser humano, como tem sido objeto de referência
escolher acima de tudo entre honesto e desonesto, evi-
dencia-se que o Código busca mais do que o respeito à de muitos estudiosos, a de defender, em primeiro lugar,
lei, e sim a efetiva ação conforme a moralidade. seus interesses próprios, quando, entretanto, esses são
Vale destacar o artigo 37 da Constituição Federal, ao de natureza pouco recomendável, ocorrem seriíssimos
qual o inciso em estudo faz remissão. problemas. Quando o trabalho é executado só para au-
ferir renda, em geral, tem seu valor restrito. Por outro
Art. 37. A administração pública direta e indireta de lado, nos serviços realizados com amor, visando ao be-
nefício de terceiros, dentro de vasto raio de ação, com
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Dis-


trito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios consciência do bem comum, passa a existir a expressão
de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicida- social do mesmo. O valor ético do esforço é, pois, variá-
de e eficiência e, também, ao seguinte: [...] vel de acordo com seu alcance em face da comunidade.
§ 4º Os atos de improbidade administrativa impor- Aquele que só se preocupa com os lucros, geralmente,
tarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da tende a ter menor consciência de grupo. Fascinado pela
função pública, a indisponibilidade dos bens e o res- preocupação monetária, a ele pouco importa o que ocor-
sarcimento ao erário, na forma e gradação previstas re com a sua comunidade e muito menos com a socieda-
em lei, sem prejuízo da ação penal cabível. de. [...] O egoísmo desenfreado pode atingir um número
expressivo de pessoas e até, através delas, influenciar o

18
destino de nações, partindo da ausência de conduta vir- VII - Salvo os casos de segurança nacional, inves-
tuosa de minorias poderosas, preocupadas apenas com tigações policiais ou interesse superior do Estado e
seus lucros. [...] Sabemos que a conduta do ser humano da Administração Pública, a serem preservados em
tende ao egoísmo, repetimos, mas, para os interesses processo previamente declarado sigiloso, nos termos
de uma classe, de toda uma sociedade, é preciso que se da lei, a publicidade de qualquer ato administrativo
acomode às normas, porque estas devem estar apoiadas constitui requisito de eficácia e moralidade, ensejando
em princípios de virtude. Como só a atitude virtuosa tem sua omissão comprometimento ético contra o bem co-
condições de garantir o bem comum, a Ética tem sido o mum, imputável a quem a negar.
caminho justo, adequado, para o benefício geral” 39.
Como visto, a publicidade é um princípio basilar da
V - O trabalho desenvolvido pelo servidor público pe- administração pública, ao lado da moralidade. Como tal,
rante a comunidade deve ser entendido como acrés- caminha lado a lado com ela. Não cabe ao servidor pú-
cimo ao seu próprio bem-estar, já que, como cidadão, blico negar o acesso à informação por parte do cidadão,
integrante da sociedade, o êxito desse trabalho pode salvo em situações especiais. Nota-se que “quando be-
ser considerado como seu maior patrimônio. nefícios morais se fazem exigíveis, especificamente, para
um desempenho de labor, forçoso é cumpri-los; só po-
O cidadão paga impostos e demais tributos apenas demos justificar o não cumprimento quando fatores de
para que o Estado garanta a ele a prestação do melhor ordem muito superior possam-no impedir, pois o des-
serviço público possível, isto é, a manutenção de uma so- cumprimento será sempre uma lesão à consciência ética”
ciedade justa e bem estruturada. O mesmo dinheiro que 40
.
sai dos bolsos do cidadão, inclusive do próprio servidor
público, é o que remunera os serviços por ele prestados.
FIQUE ATENTO!
Por isso, agir contra a moral é insultante, mais que um
aproveitamento da máquina estatal, é um desrespeito O dispositivo autoriza que os atos adminis-
ao cidadão honesto que paga parte do que recebe ao trativos não sejam públicos em situações ex-
Estado. cepcionais, quais sejam segurança nacional,
Assim, para bem aplicar o Direito é preciso agir con- investigações policiais e interesse superior
forme a moralidade administrativa, sob pena de mais que do Estado e da Administração Pública.
violar a lei, também desrespeitar o bem comum e preju-
dicar a sociedade como um todo - inclusive a si próprio.
No mais, chama-se atenção à vedação de que o ser- VIII - Toda pessoa tem direito à verdade. O servidor
vidor receba do particular qualquer verba extra: sua re- não pode omiti-la ou falseá-la, ainda que contrária
muneração já é paga pelo particular, por meio dos im- aos interesses da própria pessoa interessada ou da Ad-
postos, não devendo pretender mais do que aquilo. Isto ministração Pública. Nenhum Estado pode crescer ou
não significa que o patrimônio do servidor seja apenas o estabilizar-se sobre o poder corruptivo do hábito do
seu salário - há um patrimônio inerente à boa prestação erro, da opressão ou da mentira, que sempre aniqui-
do serviço, proporcionando a melhoria da sociedade em lam até mesmo a dignidade humana quanto mais a
que vive. de uma Nação.

VI - A função pública deve ser tida como exercício Mentir é uma atitude contrária à moralidade espe-
profissional e, portanto, se integra na vida particular rada do servidor público, ainda mais se tal mentira se
de cada servidor público. Assim, os fatos e atos veri- referir à função desempenhada, por exemplo, negando
ficados na conduta do dia-a-dia em sua vida privada a prática de um ato ou informando erroneamente um ci-
poderão acrescer ou diminuir o seu bom conceito na dadão. Não existe uma hipótese em que mentir é aceito:
vida funcional. não importa se dizer a verdade implicará em prejuízo à
Administração Pública.
Reiterando o que foi dito no inciso I, o Código de Éti- Se o Estado errar, e isso pode acontecer, não deverá
ca lembra que um funcionário público carrega consigo a se eximir de seu erro com base em uma mentira, pois isto
imagem da administração pública, ou seja, não é servi- ofende a integridade dos cidadãos e da própria Nação.
dor público apenas quando está desempenhando suas Para ser um bom país, não é preciso se fundar em erros
funções, mas o tempo todo. Por isso, não importa ser o ou mentiras, mas sim se esforçar ao máximo para evitá-
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

melhor funcionário público da repartição se a vida parti- -los e corrigi-los.


cular estiver devassada, isto é, se não agir com discrição,
coerência, compostura e moralidade também na vida IX - A cortesia, a boa vontade, o cuidado e o tempo
particular. Isso implica em ser um bom pai/mãe, uma dedicados ao serviço público caracterizam o esforço
pessoa livre de vícios, um cidadão reservado e cumpridor pela disciplina. Tratar mal uma pessoa que paga seus
de seus deveres sociais. tributos direta ou indiretamente significa causar-lhe

39
SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas, 40
SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas,
2010. 2010.

19
dano moral. Da mesma forma, causar dano a qual- do dano para obter de volta aquilo que pagou à vítima,
quer bem pertencente ao patrimônio público, deterio- considerada a existência de uma relação obrigacional
rando-o, por descuido ou má vontade, não constitui que se forma entre a vítima e a instituição que o agente
apenas uma ofensa ao equipamento e às instalações compõe.
ou ao Estado, mas a todos os homens de boa vontade Assim, o Estado responde pelos danos que seu agen-
que dedicaram sua inteligência, seu tempo, suas espe- te causar aos membros da sociedade, mas se este agente
ranças e seus esforços para construí-los. agiu com dolo ou culpa deverá ressarcir o Estado do que
foi pago à vítima. O agente causará danos ao praticar
Quem nunca chegou a uma repartição pública ou condutas incompatíveis com o comportamento ético
cartório e recebeu um tratamento ruim por parte de um dele esperado.42
funcionário? Infelizmente, esta é uma atitude comum no A responsabilidade civil do servidor exige prévio pro-
serviço público. Contudo, o esperado do servidor é que cesso administrativo disciplinar no qual seja assegurado
ele atenda aos cidadãos com atenção e boa vontade, fa- contraditório e ampla defesa.
zendo tudo o que for possível para ajudá-lo, despenden- Trata-se de responsabilidade civil subjetiva ou com
do o tempo necessário e tomando as devidas cautelas. culpa. Havendo ação ou omissão com culpa do servidor
O instituto da responsabilidade civil é parte inte- que gere dano ao erário (Administração) ou a terceiro
grante do direito obrigacional, uma vez que a principal (administrado), o servidor terá o dever de indenizar.
consequência da prática de um ato ilícito é a obrigação Mais do que incômodo, maltratar um cidadão que
que gera para o seu auto de reparar o dano, mediante o busca atendimento pode caracterizar dano moral, isto é,
pagamento de indenização que se refere às perdas e da- gerar tamanho abalo emocional e psicológico que impli-
nos. Afinal, quem pratica um ato ou incorre em omissão que num dano. Apesar deste dano não ser econômico,
que gere dano deve suportar as consequências jurídicas isto é, de a dor causada não ter meio de compensação
decorrentes, restaurando-se o equilíbrio social.41 financeiro que a repare, o juiz estabelecerá um valor que
A responsabilidade civil, assim, difere-se da penal, a compense razoavelmente.
podendo recair sobre os herdeiros do autor do ilícito até Por sua vez, deteriorar o patrimônio público caracteri-
os limites da herança, embora existam reflexos na ação za dano material. No caso, há um correspondente finan-
que apure a responsabilidade civil conforme o resultado ceiro direto, de modo que a condenação será no sentido
na esfera penal (por exemplo, uma absolvição por nega- de pagar ao Estado o equivalente ao bem destruído ou
tiva de autoria impede a condenação na esfera cível, ao deteriorado.
passo que uma absolvição por falta de provas não o faz).
Genericamente, os elementos da responsabilidade X - Deixar o servidor público qualquer pessoa à es-
civil se encontram no art. 186 do Código Civil: “aquele pera de solução que compete ao setor em que exerça
que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou im- suas funções, permitindo a formação de longas filas,
prudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda ou qualquer outra espécie de atraso na prestação do
que exclusivamente moral, comete ato ilícito”. Este é o serviço, não caracteriza apenas atitude contra a ética
artigo central do instituto da responsabilidade civil, que ou ato de desumanidade, mas principalmente grave
tem como elementos: ação ou omissão voluntária (agir dano moral aos usuários dos serviços públicos.
como não se deve ou deixar de agir como se deve), culpa
ou dolo do agente (dolo é a vontade de cometer uma Este inciso é um desdobramento do inciso anterior,
violação de direito e culpa é a falta de diligência), nexo descrevendo um tipo específico de conduta imoral com
causal (relação de causa e efeito entre a ação/omissão e relação ao usuário do serviço público, qual seja a de dei-
o dano causado) e dano (prejuízo sofrido pelo agente, xá-lo esperando por atendimento que seja de sua com-
que pode ser individual ou coletivo, moral ou material, petência. Claro, a espera é algo natural, notadamente
econômico e não econômico). quando o atendimento estiver sobrecarregado. O que o
Prevê o artigo 37, §6° da Constituição Federal: “As inciso pretende vetar é que as filas se alonguem quando
pessoas jurídicas de direito público e as de direito priva- o servidor enrola no atendimento, enfim, age com pre-
do prestadoras de serviços públicos responderão pelos guiça e desânimo.
danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a
terceiros, assegurado o direito de regresso contra o res- XI - O servidor deve prestar toda a sua atenção às
ponsável nos casos de dolo ou culpa”. Este artigo deixa ordens legais de seus superiores, velando atentamen-
clara a formação de uma relação jurídica autônoma en- te por seu cumprimento, e, assim, evitando a conduta
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

tre o Estado e o agente público que causou o dano no negligente. Os repetidos erros, o descaso e o acúmulo
desempenho de suas funções. Nesta relação, a respon- de desvios tornam-se, às vezes, difíceis de corrigir e
sabilidade civil será subjetiva, ou seja, caberá ao Estado caracterizam até mesmo imprudência no desempenho
provar a culpa do agente pelo dano causado, ao qual foi da função pública.
anteriormente condenado a reparar. Direito de regres- Dentro do serviço público há uma hierarquia, que
so é justamente o direito de acionar o causador direto deve ser obedecida para a boa execução das atividades.

41
GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade Civil. 9. ed. São SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São Paulo:
42

Paulo: Saraiva, 2005. Método, 2011.

20
Seria uma desordem se todos mandassem e se cada qual
decidisse que função iria desempenhar. Por isso, cabe #FicaDica
o respeito ao que o superior determina, executando as
funções da melhor forma possível. As regras deontológicas do Código de Ética
“A razão pela qual se exige uma disciplina do homem trazem uma concepção abrangente de de-
em seu grupo repousa no fato de que as associações veres comportamentais do servidor públi-
possuem, por suas naturezas, uma necessidade de equi- co, que adiante são aprofundadas de forma
líbrio que só se encontra quando a autonomia dos seres mais específica no inciso XIV.
se coordena na finalidade do todo. É a lei dos sistemas
que se torna imperiosa, do átomo às galáxias, de cada in-
divíduo até sua sociedade. [...] Cada ser, assim como a so- SEÇÃO II
matória deles em classe profissional, tem seu comporta- DOS PRINCIPAIS DEVERES DO SERVIDOR PÚBLICO
mento específico, guiado pela característica do trabalho
executado. Cada conjunto de profissionais deve seguir XIV - São deveres fundamentais do servidor público:
uma ordem que permita a evolução harmônica do traba-
lho de todos, a partir da conduta de cada um, através de Embora se trate de outra seção do Código de Ética, há
uma tutela no trabalho que conduza a regularização do continuidade no tratamento do agir moral esperado do
individualismo perante o coletivo” 43. servidor público. No caso, são elencados alguns deveres
Negligência é a omissão no agir como se deve, isto é, essenciais que devem ser obedecidos.
é deixar de fazer aquilo que lhe foi atribuído. As condutas “Todas as capacidades necessárias ou exigíveis para
negligentes devem ser evitadas, de modo que os erros
o desempenho eficaz da profissão são deveres éticos.
sejam minimizados, a atenção seja uma marca do serviço
Sendo o propósito do exercício profissional a prestação
e a retidão algo sempre presente. Imprudência, por sua
de uma utilidade a terceiros, todas as qualidades perti-
vez, é o agir sem cuidado, sem zelo, causando prejuízo
ao serviço público. nentes à satisfação da necessidade, de quem requer a
tarefa, passam a ser uma obrigação perante o desempe-
XII - Toda ausência injustificada do servidor de seu lo- nho. Logo, um complexo de deveres envolve a vida pro-
cal de trabalho é fator de desmoralização do serviço fissional, sob os ângulos da conduta a ser seguida para a
público, o que quase sempre conduz à desordem nas execução de um trabalho” 45.
relações humanas.
a) desempenhar, a tempo, as atribuições do cargo,
O servidor público tem obrigação de comparecer reli- função ou emprego público de que seja titular;
giosamente em seu local de trabalho no horário determi-
nado. Todas as ausências devem ser evitadas e, quando Cabe ao servidor público desempenhar todas as atri-
inevitáveis, devem ser justificadas. buições inerentes à posição de que seja titular.
Os demais funcionários e a sociedade sempre ficam
atentos às atitudes do servidor público e qualquer per- b) exercer suas atribuições com rapidez, perfeição e
cepção de relaxo no desempenho das funções será obser- rendimento, pondo fim ou procurando prioritariamen-
vada, notadamente no que tange a ausências frequentes. te resolver situações procrastinatórias, principalmente
diante de filas ou de qualquer outra espécie de atraso
XIII - O servidor que trabalha em harmonia com a na prestação dos serviços pelo setor em que exerça
estrutura organizacional, respeitando seus colegas e suas atribuições, com o fim de evitar dano moral ao
cada concidadão, colabora e de todos pode receber usuário;
colaboração, pois sua atividade pública é a grande
oportunidade para o crescimento e o engrandecimen- O desempenho de funções deve se dar de forma
to da Nação. eficiente. Situações procrastinatórias são aquelas que
adiam a prestação do serviço público. Procrastinar signi-
O bom desempenho das funções ao agir conforme fica enrolar, adiar, fugir ao dever de prestar o serviço, ler-
o esperado pela sociedade implica numa boa imagem
dear. Cabe ao servidor público não deixar para amanhã o
do servidor público, o que permite que ele receba apoio
que pode fazer no dia e agilizar ainda mais o seu serviço
dos demais quando realmente precisar. “É inequívoco
quando houver acúmulo de trabalho ou de filas, inclusive
que o trabalho individual influencia e recebe influências
para evitar dano moral ao cidadão.
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

do meio onde é praticado. Não é, pois, somente em seu


grupo que o profissional dá sua contribuição ou a sone-
ga. Quando adquire a consciência do valor social de sua c) ser probo, reto, leal e justo, demonstrando toda a
ação, da vontade volvida ao geral, pode realizar impor- integridade do seu caráter, escolhendo sempre, quan-
tantes feitos que alcançam repercussão ampla” 44. do estiver diante de duas opções, a melhor e a mais
vantajosa para o bem comum;
43
SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas,
2010.
44
SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas, 45
SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas,
2010. 2010.

21
Honestidade, retidão, lealdade e justiça são valores obter quaisquer favores, benesses ou vantagens inde-
morais consolidados na sociedade, refletindo o caráter vidas em decorrência de ações imorais, ilegais ou aé-
da pessoa. O servidor público deve erigir tais valores, ticas e denunciá-las;
sempre fazendo a melhor escolha para a coletividade.
O respeito à hierarquia é algo necessário ao setor pú-
d) jamais retardar qualquer prestação de contas, con- blico, pois se ele não existisse as atividades seriam de-
dição essencial da gestão dos bens, direitos e serviços sempenhadas de forma desorganizada, logo, ineficiente.
da coletividade a seu cargo; Isso não significa, contudo, que o servidor deva obede-
cer a todas as ordens sem questioná-las, notadamente
Prestar contas é uma atitude obrigatória por parte de quando perceber que a atitude de seu superior contraria
todos aqueles que cuidam de algo que não lhe perten- os interesses do bem comum, nem que deva ter medo
ce. No caso, o servidor público cuida do patrimônio do de denunciar atitudes antiéticas de seus superiores ou
Estado. Por isso, sempre deverá prestar contas a respeito colegas.
deste patrimônio, relatando a sua situação e garantindo São atitudes que não podem ser aceitas por parte
que ele seja preservado. dos superiores ou de pessoas que contratem ou bus-
quem serviços do poder público: obtenção de favores,
e) tratar cuidadosamente os usuários dos serviços benefícios ou vantagens indevidas, imorais, ilegais ou
aperfeiçoando o processo de comunicação e contato antiéticas. Ao se deparar com estas atitudes, deverá de-
com o público; nunciá-las.

A atitude ética esperada do servidor público consis- j) zelar, no exercício do direito de greve, pelas exigên
te em exercer suas funções de forma adequada, sempre cias específicas da defesa da vida e da segurança co-
atendendo da melhor forma possível os usuários. letiva;

f) ter consciência de que seu trabalho é regido por O Supremo Tribunal Federal decidiu que os servidores
princípios éticos que se materializam na adequada públicos possuem o direito de greve, devendo se atentar
prestação dos serviços públicos; pela preservação da sociedade quando exercê-lo. En-
quanto não for elaborada uma legislação específica para
Os funcionários públicos nunca podem perder de vis- os funcionários públicos, deverá ser obedecida a lei geral
ta o dever ético que eles possuem com relação à socie- de greve para os funcionários privados, qual seja a Lei n°
dade como um todo, que é o de respeito à moralidade 7.783/89 (Mandado de Injunção nº 20).
insculpida no texto constitucional. “A consciência ética
busca ser cidadã e, por isso, faz da honestidade pessoal l) ser assíduo e frequente ao serviço, na certeza de que
um caminho certo para a ética pública. Vivendo numa sua ausência provoca danos ao trabalho ordenado, re-
República, estamos tratando da ‘coisa pública’, do que é fletindo negativamente em todo o sistema;
de todos; isso requer vida administrativa e política trans- m) comunicar imediatamente a seus superiores todo
parente, numa disposição a colocar-se a serviço de toda e qualquer ato ou fato contrário ao interesse público,
a coletividade”46. exigindo as providências cabíveis;
n) manter limpo e em perfeita ordem o local de traba-
g) ser cortês, ter urbanidade, disponibilidade e aten- lho, seguindo os métodos mais adequados à sua orga-
ção, respeitando a capacidade e as limitações indi- nização e distribuição;
viduais de todos os usuários do serviço público, sem
qualquer espécie de preconceito ou distinção de raça, Os três incisos acima reiteram deveres constantemen-
sexo, nacionalidade, cor, idade, religião, cunho político te enumerados pelo Código de Ética como o de com-
e posição social, abstendo-se, dessa forma, de causar- parecimento assíduo e pontual no local de trabalho, o
-lhes dano moral; de comunicação de atos contrários ao interesse públi-
co (inclusive os praticados por seus superiores) e o de
Para bem atender os usuários, é preciso tratá-los com preservação do local de trabalho (mantendo-o limpo e
igualdade, sem preconceitos de qualquer natureza. Vale organizado).
lembrar que o tratamento preconceituoso e mal-educa-
do caracteriza dano moral, cabendo reparação. o) participar dos movimentos e estudos que se rela-
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

cionem com a melhoria do exercício de suas funções,


h) ter respeito à hierarquia, porém sem nenhum temor tendo por escopo a realização do bem comum;
de representar contra qualquer comprometimento in-
devido da estrutura em que se funda o Poder Estatal; Frequentemente, são promovidos cursos de aperfei-
i) resistir a todas as pressões de superiores hierárqui- çoamento pela própria instituição, sem contar aqueles
cos, de contratantes, interessados e outros que visem disponibilizados por faculdades e cursos técnicos. Cabe
ao servidor público participar sempre que for benéfico à
melhoria de suas funções.
46
AGOSTINI, Frei Nilo. Ética: diálogo e compromisso. São Paulo:
FTD, 2010.

22
“O valor do exercício profissional tende a aumentar à u) abster-se, de forma absoluta, de exercer sua função,
medida que o profissional também aumentar sua cultu- poder ou autoridade com finalidade estranha ao inte-
ra, especialmente em ramos do saber aplicáveis a todos resse público, mesmo que observando as formalidades
os demais, como são os relativos às culturas filosóficas, legais e não cometendo qualquer violação expressa à
matemáticas e históricas. Uma classe que se sustenta em lei;
elites cultas te garantida sua posição social, porque se
habilita às lideranças e aos postos de comando no po- O servidor público deve agir conforme a lei determi-
der. A especialização tem sua utilidade, seu valor, sendo na, observando-a estritamente, preservando assim os in-
impossível negar tal evidência [...]”47. teresses da sociedade.

p) apresentar-se ao trabalho com vestimentas ade- v) divulgar e informar a todos os integrantes da sua
quadas ao exercício da função; classe sobre a existência deste Código de Ética, esti-
mulando o seu integral cumprimento.
A roupa vestida pelo servidor público também refle-
te sua autoridade moral no exercício das funções. Por O Código de Ética é o principal instrumento jurídico
exemplo, é absurdo chegar ao local de trabalho utilizan- que trata das atitudes do servidor público esperadas e
do bermuda e chinelo, refletindo uma imagem de des- vedadas. É preciso obedecer a suas diretrizes e aconse-
caso do serviço público. As roupas devem ser sóbrias, lhar a sua leitura àqueles que o desconheçam.
compatíveis com a seriedade esperada da Administração
Pública e de seus funcionários. SEÇÃO III
DAS VEDAÇÕES AO SERVIDOR PÚBLICO
q) manter-se atualizado com as instruções, as normas
de serviço e a legislação pertinentes ao órgão onde XV - É vedado ao servidor público;
exerce suas funções; Nesta seção, são descritas algumas atitudes que con-
trariam as diretrizes do Código de Ética. Trata-se de um
A regulamentação das funções exercidas pelos ór- rol exemplificativo, ou seja, que pode ser ampliado por
gãos administrativos está sempre mudando, cabendo ao um juízo de interpretação das regras éticas até então es-
servidor público se manter atualizado. tudadas.

r) cumprir, de acordo com as normas do serviço e as


instruções superiores, as tarefas de seu cargo ou fun-
#FicaDica
ção, tanto quanto possível, com critério, segurança e Não será necessário gravar todas estas regras
rapidez, mantendo tudo sempre em boa ordem. se o candidato se atentar ao fato de que elas
se contrapõem às atitudes corretas até então
estudadas. Por óbvio, não agir da forma es-
A alínea reflete uma síntese do agir moral esperado
tabelecida caracteriza violação dos deveres
do servidor público, refletindo a prestação do serviço com
éticos, o que é proibido.
eficiência e respeito à lei, atendendo ao bem comum.

s) facilitar a fiscalização de todos atos ou serviços por a) o uso do cargo ou função, facilidades, amizades,
quem de direito; tempo, posição e influências, para obter qualquer fa-
vorecimento, para si ou para outrem;
As atividades de fiscalização são usuais no serviço
público e, por isso, os ficais devem ser bem atendidos, O cargo público é para a sociedade, não para o indi-
cabendo ao servidor demonstrar que as atividades atri- víduo. Por isso, ele não pode se beneficiar dele indevi-
buídas estão sendo prestadas conforme a lei determina. damente. A esta descrição corresponde o tipo criminal
da corrupção passiva, prescrito no Código Penal em seu
t) exercer com estrita moderação as prerrogativas artigo 317 nos seguintes termos:
funcionais que lhe sejam atribuídas, abstendo-se de
fazê-lo contrariamente aos legítimos interesses dos Corrupção passiva
usuários do serviço público e dos jurisdicionados ad-
ministrativos;
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem,


direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou
Prerrogativas funcionais são garantias atribuídas pela antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem in-
lei ao servidor público para que ele possa bem desempe- devida, ou aceitar promessa de tal vantagem: Pena -
nhar suas funções. Não cabe exercê-las a torto e direito, reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
é preciso ter razoabilidade, moderação. Assim, quando b) prejudicar deliberadamente a reputação de outros
invocá-las, o servidor público será levado a sério. servidores ou de cidadãos que deles dependam;

47
SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas,
2010.

23
Causar intrigas no trabalho, fazer fofocas e se negar a crime de corrupção - art. 317, CP), seja exigindo (restan-
ajudar os demais cidadãos que busquem atendimento é do presente o crime de concussão - art. 316, CP). Caso o
uma clara violação ao dever ético. faça, se sujeitará às penas cíveis, penais e administrativas.

c) ser, em função de seu espírito de solidariedade, coni- h) alterar ou deturpar o teor de documentos que deva
vente com erro ou infração a este Código de Ética ou ao encaminhar para providências;
Código de Ética de sua profissão;
Caso o faça, além das sanções cíveis e administrativas,
Como visto, é dever do servidor público denunciar incorre na prática do crime de alterar ou deturpar (modi-
aqueles que desrespeitem o Código de Ética, bem como ficar, alterar para pior; desfigurar; corromper; adulterar)
obedecê-lo estritamente. Não deve pensar que cobrir o dados de documentos.
erro do outro é algo solidário, porque todos os erros co-
metidos numa função pública são prejudiciais à sociedade. i) iludir ou tentar iludir qualquer pessoa que necessite
do atendimento em serviços públicos;
d) usar de artifícios para procrastinar ou dificultar o
exercício regular de direito por qualquer pessoa, cau- Como visto, o funcionário público deve atender com
sando-lhe dano moral ou material; eficiência o usuário do serviço, prestando todas as infor-
mações da maneira mais correta e verdadeira possível,
O trabalho não deve ser adiado, mas sim prestado de sem mentiras ou ilusões.
forma rápida e eficaz, sob pena de causar dano moral ou
material aos usuários e ao Estado. Na esfera penal, pode j) desviar servidor público para atendimento a interes-
incidir no crime de prevaricação (art. 319, CP): se particular;

Prevaricação Todos os servidores públicos são contratados pelo Es-


tado, devendo prestar serviços que atendam ao seu inte-
Art. 319. Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, resse. Por isso, um servidor não pode pedir ao seu subor-
ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa dinado que lhe preste serviços particulares, por exemplo,
de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal: pagar uma conta pessoal em agência bancária, telefonar
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. para consultórios para agendar consultas, fazer compras
e) deixar de utilizar os avanços técnicos e científicos ao num supermercado.
seu alcance ou do seu conhecimento para atendimento
do seu mister; l) retirar da repartição pública, sem estar legalmente
autorizado, qualquer documento, livro ou bem perten-
A incorporação da tecnologia aos serviços públicos, cente ao patrimônio público;
aproximando-o da sociedade, é chamada de governança
eletrônica. Cabe ao servidor público saber lidar bem com Os bens que se encontram no local de trabalho per-
tais tecnologias, pois elas melhoram a qualidade do servi- tencem à máquina estatal e devem ser utilizados exclu-
ço prestado. sivamente para a prestação do serviço público, não po-
dendo o funcionário retirá-los de lá. Se o fizer, responde
f) permitir que perseguições, simpatias, antipatias, ca- civil e administrativamente, bem como criminalmente
prichos, paixões ou interesses de ordem pessoal inter- por peculato (art. 312, CP).
firam no trato com o público, com os jurisdicionados
administrativos ou com colegas hierarquicamente su- Peculato
periores ou inferiores;
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de di-
O funcionário público deve agir com impessoalidade nheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou
na prestação do serviço, tratando todas as pessoas igual- particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou
mente, tanto os usuários quanto os colegas de trabalho. desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
g) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber qual- § 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário pú-
quer tipo de ajuda financeira, gratificação, prêmio, co- blico, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

missão, doação ou vantagem de qualquer espécie, para bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído,
si, familiares ou qualquer pessoa, para o cumprimento em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facili-
da sua missão ou para influenciar outro servidor para dade que lhe proporciona a qualidade de funcionário.
o mesmo fim;
Peculato caracteriza-se pela subtração ou desvio, por
A remuneração do servidor público já é paga pelo abuso de confiança, de dinheiro ou de coisa móvel apre-
Estado, fomentada pelos tributos do contribuinte. Não ciável economicamente, para proveito próprio ou alheio,
cabe ao servidor buscar bônus indevidos pela prestação por servidor público que o administra ou guarda.
de seus serviços, seja solicitando (caso que caracteriza

24
m) fazer uso de informações privilegiadas obtidas no “Estabelecido um código de ética, para uma classe,
âmbito interno de seu serviço, em benefício próprio, de cada indivíduo a ele passa a subordinar-se, sob pena de
parentes, de amigos ou de terceiros; incorrer em transgressão, punível pelo órgão competen-
te, incumbido de fiscalizar o exercício profissional. [...]
As informações que são acessadas pelo funcionário A fiscalização do exercício da profissão pelos órgãos de
público somente devem ser aproveitadas para o bom classe compreende as fases preventiva (ou educacional)
desempenho das funções. Não cabe fazer fofocas, ainda e executiva (ou de direta verificação da qualidade das
que sem nenhum interesse de obter privilégio econômi- práticas). Grande parte dos erros cometidos derivam-se
co, ou seja, apenas para aparentar importância por mera em parte do pouco conhecimento sobre a conduta, ou
vaidade pessoal. É possível que caracterize crime de vio- seja, da educação insuficiente, e outra parte, bem menor,
lação de sigilo funcional pois utilizar-se de informações deriva-se de atos propositadamente praticados. Os ór-
obtidas no âmbito interno da administração, nos casos gãos de fiscalização assumem, por conseguinte, um pa-
em que deva ser guardado sigilo pode caracterizar crime, pel relevante de garantia sobre a qualidade dos serviços
previsto no artigo 325, do Código Penal: prestados e da conduta humana dos profissionais” 48.
Com efeito, as Comissões de Ética possuem função
Violação de sigilo funcional de orientação e aconselhamento, devendo se fazer pre-
Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão sentes em todo órgão ou entidade da administração di-
do cargo e que deva permanecer em segredo, ou faci- reta ou indireta.
litar-lhe a revelação: A Comissão de Ética não tem por finalidade aplicar
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, sanções disciplinares contra os servidores Civis. Muito
se o fato não constitui crime mais grave. pelo contrário: a sua atuação tem por princípio evitar
n) apresentar-se embriagado no serviço ou fora dele a instauração desses processos, mediante trabalho de
habitualmente; orientação e aconselhamento. A finalidade do código de
ética consiste em produzir na pessoa do servidor público
Trata-se de ato típico de falta de decoro e retidão, va- a consciência de sua adesão às normas ético-profissio-
lore morais inerentes à boa prestação do serviço público. nais preexistentes à luz de um espírito crítico, para efeito
o) dar o seu concurso a qualquer instituição que aten- de facilitar a prática do cumprimento dos deveres legais
te contra a moral, a honestidade ou a dignidade da por parte de cada um e, em consequência, o resgate do
pessoa humana; respeito ao serviço público e à dignidade social de cada
p) exercer atividade profissional aética ou ligar o seu servidor. O objetivo deste código é a divulgação ampla
nome a empreendimentos de cunho duvidoso. dos deveres e das vedações previstas, através de um tra-
balho de cunho educativo com os servidores públicos
O servidor público, seja na vida privada, seja no exer- federais.
cício das funções, não deve se filiar a instituições que
contrariem a moral, por exemplo, que incitem o precon- XVII - Revogado pelo Decreto n° 6.029/07 (art. 25).
ceito e a desordem pública. Afinal, o servidor público é XVIII - À Comissão de Ética incumbe fornecer, aos or-
um espelho para a sociedade, devendo refletir seus valo- ganismos encarregados da execução do quadro de
res tradicionais. carreira dos servidores, os registros sobre sua conduta
ética, para o efeito de instruir e fundamentar promo-
CAPÍTULO II ções e para todos os demais procedimentos próprios
DAS COMISSÕES DE ÉTICA da carreira do servidor público.

XVI - Em todos os órgãos e entidades da Adminis- Além de orientar e aconselhar, a Comissão de Ética
tração Pública Federal direta, indireta autárquica e fornecerá as informações sobre os funcionários a ela
fundacional, ou em qualquer órgão ou entidade que submetidos, tanto para instruir promoções, quanto para
exerça atribuições delegadas pelo poder público, de- alimentar processo administrativo disciplinar.
verá ser criada uma Comissão de Ética, encarregada
de orientar e aconselhar sobre a ética profissional do XIX a XXI - Revogados pelo Decreto n° 6.029/07 (art.
servidor, no tratamento com as pessoas e com o pa- 25).
trimônio público, competindo-lhe conhecer concreta- XXII - A pena aplicável ao servidor público pela Co-
mente de imputação ou de procedimento suscetível de missão de Ética é a de censura e sua fundamentação
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

censura. constará do respectivo parecer, assinado por todos os


seus integrantes, com ciência do faltoso.

A única sanção que pode ser aplicada diretamen-


te pela Comissão de Ética é a de censura, que é a pena
mais branda pela prática de uma conduta inadequada

48
SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas,
2010.

25
que seja praticada no exercício das funções. Nos demais b) Serviço prestado: permanente, temporário ou ex-
casos, caberá sindicância ou processo administrativo dis- cepcional - isto é, ainda que preste o serviço só
ciplinar, sendo que a Comissão de Ética fornecerá ele- por um dia, como no caso do mesário de eleição, é
mentos para instrução. servidor público, da mesma forma que aquele que
Censura é o poder do Estado de interditar ou restrin- foi aprovado em concurso público e tomou posse;
gir a livre manifestação de pensamento, oral ou escrito, com ou sem retribuição financeira - por exemplo, o
quando se considera que tal pode ameaçar a ordem pú- jurado não recebe por seus serviços, mas não deixa
blica vigente. de ser servidor público;
c) Instituição ou órgão de prestação: ligado à admi-
nistração direta ou indireta, isto é, a qualquer ór-
#FicaDica
gão que tenha algum vínculo com o poder estatal.
Todas entidades da administração pública O conceito é o mais amplo possível, abrangendo
federal direta ou indireta devem constituir autarquias, fundações públicas, empresas públicas,
em seu âmbito uma Comissão de Ética que sociedades de economia mista, enfim, qualquer
irá apurar as infrações ao Código de Ética.
entidade ou setor que vise atender o interesse do
A Comissão será composta por três ser-
Estado.
vidores ou empregados titulares de cargo
efetivo ou emprego permanente.
A constituição (quando foi criada) e a compo-
sição (quem a compõe) da Comissão deverão EXERCÍCIOS COMENTADOS
ser informadas à Secretaria da Administração
Federal da Presidência da República. 1. (EBSERH – ANALISTA ADMINISTRATIVO – ADMI-
NISTRAÇÃO – CESPE – 2018) Julgue o item seguinte,
relativo ao regime dos servidores públicos federais e à
XXIV - Para fins de apuração do comprometimento ética no serviço público.
ético, entende-se por servidor público todo aquele que, Comissões de ética são obrigatórias para todos os ór-
por força de lei, contrato ou de qualquer ato jurídico, gãos da administração pública federal direta, sendo fa-
preste serviços de natureza permanente, temporária cultativas para entidades da administração indireta.
ou excepcional, ainda que sem retribuição financeira,
desde que ligado direta ou indiretamente a qualquer ( ) CERTO   ( ) ERRADO
órgão do poder estatal, como as autarquias, as funda-
ções públicas, as entidades paraestatais, as empresas Resposta: Errado. A previsão de obrigatoriedade está
públicas e as sociedades de economia mista, ou em expressa no Decreto nº 1.171/1994 em seu inciso XVI:
qualquer setor onde prevaleça o interesse do Estado. “Em todos os órgãos e entidades da Administração
Pública Federal direta, indireta autárquica e funda-
Este último inciso do Código de Ética é de fundamen- cional, ou em qualquer órgão ou entidade que exerça
tal importância para fins de concurso público, pois define atribuições delegadas pelo poder público, deverá ser
quem é o servidor público que se sujeita a ele. criada uma Comissão de Ética [...]”.
“Uma classe profissional caracteriza-se pela homoge-
neidade do trabalho executado, pela natureza do conhe- 2. (STJ – CONHECIMENTOS BÁSICOS – CESPE – 2018)
cimento exigido preferencialmente para tal execução e Considerando os conceitos, princípios e valores da ética
pela identidade de habilitação para o exercício da mes- e da moral, bem como o disposto na Lei nº 8.429/1992,
ma. A classe profissional é, pois, um grupo dentro da julgue o item a seguir.
sociedade, específico, definido por sua especialidade de A consciência moral deve nortear o comportamento do
desempenho de tarefa” 49. servidor público, que deve sempre apresentar conduta
ética, ainda que receba ordem hierárquica superior que
Elementos do conceito de servidor público: lhe imponha conduta imoral e antiética.

a) Instrumento de vinculação: por força de lei (por ( ) CERTO   ( ) ERRADO


exemplo, prestação de serviços como jurado ou
mesário), contrato (contratação direta, sem con- Resposta: Certo. O funcionário está subordinado em
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

curso público, para atender a uma urgência ou sua conduta às leis e ao Código de Ética e não pode
emergência) ou qualquer outro ato jurídico (é o desobedecê-los mesmo diante de ordens superiores.
caso da nomeação por aprovação em concurso A previsão decorre ainda do dever previsto no Decreto
público) - enfim, não importa o instrumento da nº 1.171/1994 em seu inciso XIV, “i”: “resistir a todas as
vinculação à administração pública, desde que es- pressões de superiores hierárquicos, de contratantes,
teja realmente vinculado; interessados e outros que visem obter quaisquer favo-
res, benesses ou vantagens indevidas em decorrência
de ações imorais, ilegais ou aéticas e denunciá-las”.
49
SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas,
2010.

26
3. (SEDF – ANALISTA DE GESTÃO EDUCACIONAL – 5. (SUFRAMA – NÍVEL SUPERIOR – CESPE – 2014) Jul-
ADMINISTRAÇÃO – CESPE – 2017) À luz da legislação gue o item a seguir, acerca da organização político-ad-
que rege os atos administrativos, a requisição dos ser- ministrativa do Estado, da administração pública e dos
vidores distritais e a ética no serviço público, julgue o servidores públicos.
seguinte item. Em decorrência da regra constitucional que prevê o tra-
Servidor público apresentar-se ao trabalho com vesti- tamento isonômico e segundo a qual todos são iguais
mentas inadequadas ao exercício do cargo não constitui perante a lei, a administração pública deve atuar sem fa-
vedação relativa a comportamento profissional e atitu- voritismo ou perseguição e tratar todos de modo igual,
des éticas no serviço. sem fazer qualquer tipo de discriminação.

( ) CERTO   ( ) ERRADO ( ) CERTO   ( ) ERRADO

Resposta: Errado. Preconiza o Decreto nº 1.171/1994 6. (FUB – CONHECIMENTOS BÁSICOS – CESPE – 2016)
em seu inciso XIV, “p”: “São deveres fundamentais do Com relação à ética no setor público, julgue o item sub-
servidor público: [...] p) apresentar-se ao trabalho com secutivo. É dever fundamental do servidor comunicar a
vestimentas adequadas ao exercício da função”. seus superiores ato ou fato contrário ao interesse públi-
co.

HORA DE PRATICAR! ( ) CERTO   ( ) ERRADO

7. (FUB – CONHECIMENTOS BÁSICOS – CESPE – 2016)


1. (ANVISA – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CESPE –
Com relação à ética no setor público, julgue o item sub-
2016) Acerca da ética no serviço público, julgue o item
secutivo.
a seguir.
Não são considerados servidores públicos, para fins de
Por ser o Brasil um Estado democrático de direito, princí-
apuração de comportamento ético pela Comissão de Éti-
pios éticos não podem ser utilizados como instrumento
ca, aqueles que prestem serviços de natureza excepcio-
de interpretação da CF e das leis.
nal à administração, com ou sem remuneração.
( ) CERTO   ( ) ERRADO
( ) CERTO   ( ) ERRADO
2. (ANVISA – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CESPE –
8. (FUB – CONHECIMENTOS BÁSICOS – CESPE – 2016)
2016) Acerca da ética no serviço público, julgue o item
Com relação à ética no setor público, julgue o item sub-
a seguir.
secutivo.
O princípio da moralidade expresso na CF é reflexo da
O servidor não poderá omitir a verdade, ainda que possa
ciência da ética, na medida em que esta trata de uma
contrariar interesses de pessoa interessada ou da admi-
dimensão geral daquilo que é bom.
nistração pública.
( ) CERTO   ( ) ERRADO
( ) CERTO   ( ) ERRADO
3. (EBSERH – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – CESPE
9. (FUB – CONHECIMENTOS BÁSICOS – CESPE – 2016)
– 2018) Julgue o seguinte item, a respeito da ética no
Eduardo, servidor público em estágio probatório, fre-
serviço público.
quentemente se ausentava de seu local de trabalho sem
O uso do cargo ou função pública para obter favoreci-
justificativa e, quando voltava, se apresentava nitidamen-
mento, desde que não haja prejuízo a outrem, não cons-
te embriagado. Em razão desses fatos, a comissão de éti-
titui afronta à ética e à moral do serviço público.
ca, tendo apreciado a conduta do servidor, decidiu apli-
( ) CERTO   ( ) ERRADO car a ele a penalidade de advertência. Eduardo foi, então,
reprovado no estágio probatório e, por isso, foi demitido,
sem que a administração pública tenha observado o con-
4. (EBSERH – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – CESPE
traditório e a ampla defesa.
– 2018) Julgue o seguinte item, a respeito da ética no
Considerando essa situação hipotética, julgue o item a
serviço público.
seguir.
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

Apesar de a função pública ser tida como exercício pro-


A penalidade de advertência aplicada pela comissão de
fissional, ela não se integra à vida particular do indivíduo
ética encontra-se prevista no Código de Ética Profissional
e, portanto, os atos praticados em sua vida privada não
do Servidor Público.
poderão acrescer ou diminuir o seu conceito na vida fun-
cional.
( ) CERTO   ( ) ERRADO
( ) CERTO   ( ) ERRADO
10. (FUB – CONHECIMENTOS BÁSICOS – CESPE –
2016) Eduardo, servidor público em estágio probatório,
frequentemente se ausentava de seu local de trabalho

27
sem justificativa e, quando voltava, se apresentava niti-
damente embriagado. Em razão desses fatos, a comissão
ANOTAÇÕES
de ética, tendo apreciado a conduta do servidor, decidiu
aplicar a ele a penalidade de advertência. Eduardo foi,
então, reprovado no estágio probatório e, por isso, foi ___________________________________________________________
demitido, sem que a administração pública tenha obser-
____________________________________________________________
vado o contraditório e a ampla defesa.
Considerando essa situação hipotética, julgue o item a ____________________________________________________________
seguir.
A conduta de Eduardo – que se ausentava do trabalho e, ____________________________________________________________
quando comparecia, estava embriagado – violou deveres
____________________________________________________________
e vedações impostas ao servidor público pelo Código de
Ética Profissional do Servidor Público. ____________________________________________________________

( ) CERTO   ( ) ERRADO ____________________________________________________________

____________________________________________________________
GABARITO ____________________________________________________________

____________________________________________________________
1 ERRADO
2 CERTO ____________________________________________________________
3 ERRADO
4 ERRADO ____________________________________________________________
5 ERRADO
____________________________________________________________
6 CERTO
7 ERRADO ____________________________________________________________
8 CERTO
9 ERRADO ____________________________________________________________
10 CERTO
____________________________________________________________

____________________________________________________________

____________________________________________________________

____________________________________________________________

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ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

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28
ÍNDICE

RACIOCÍNIO LÓGICO

Estruturas lógicas, Lógica de argumentação: analogias, inferências, deduções e conclusões. Lógica senten-
cial (ou proposicional), Proposições simples e compostas...................................................................................................... 01
Tabelas verdade. Equivalências, Leis de De Morgan, Diagramas lógicos, Lógica de primeira ordem.................... 09
Princípios de contagem e probabilidade...................................................................................................................................... 25
Operações com conjuntos................................................................................................................................................................. 29
Raciocínio lógico envolvendo problemas aritméticos, geométricos e matriciais........................................................ 32
proposição é transmitir uma tese, que afirmam fatos ou
ESTRUTURAS LÓGICAS, LÓGICA DE ARGUMEN- juízos que formamos a respeito das coisas.
TAÇÃO: ANALOGIAS, INFERÊNCIAS, DEDUÇÕES Sabendo disso, uma questão importante tem que ser
E CONCLUSÕES. LÓGICA SENTENCIAL (OU PRO- respondida: como realmente podemos identificar uma
POSICIONAL), PROPOSIÇÕES SIMPLES E COM- proposição? A única técnica direta que temos é verifi-
POSTAS car se podemos atribuir o valor de verdadeiro ou falso a
elas. Entretanto, existe uma técnica indireta que facilita
muito o trabalho de identificação de uma proposição e é
CONCEITO FUNDAMENTAL
frequentemente cobrada em concursos públicos.
A técnica consiste em sabermos o que não é pro-
A Preposição
posição e por eliminação, achar a proposição. A seguir,
seguem exemplos do que não é proposição e a reco-
No ensino fundamental, nos ensinam que os seres
mendação é que se memorizem esses tipos para facilitar
humanos são diferentes dos outros animais e a justifica-
na hora da prova:
tiva é que os humanos pensam e os animais não pensam.
i.) Sentenças Imperativas: Todas as declarações que
Porém, temos animais com inteligência suficiente para
remeterem a uma ordem não são proposições.
serem treinados a executar tarefas, como os chimpanzés Ex: “Apague a luz.”, “Observe aquele painel”, “Não
e os golfinhos. Assim, qual é o real motivo que nos dife- faça isso”.
renciam de todos os outros seres vivos?
A resposta envolve não somente o ato se pensar ii.) Sentenças Interrogativas: Perguntas não são defi-
como também o de se comunicar. Primeiro, aprendemos nidas como proposições:
a falar, depois, a escrita dividiu nossa existência em Pré- Ex: “Olá, tudo bem?”, “Qual a raiz quadrada de 5?”,
-História e História. Os registros por escrito guardaram “Onde está minha carteira?”
os pensamentos de nossos antepassados, proporcionan-
do as gerações futuras, dados importantíssimos para se iii.) Sentenças Exclamativas:
ir além daquilo que já foi feito. Ex: “Como o dia está lindo!”, “Isto é um absurdo!”,
Porém, acabou surgindo o grande desafio que nor- “Não concordo com isto!”
teou a disciplina de lógica: Como interpretar esses re-
gistros? iv.) Sentenças que não tem verbo:
A grande diferença do ser humano em relação aos Ex: “A bicicleta de Bruno”, “O cartão de João”.
outros seres vivos está nesse ponto, pois tão importante
é o ato se interpretar uma informação quanto é elaborar v.) Sentenças abertas: Este tipo de sentença possui
a mesma. Assim, nossa mente é capaz de receber dados uma grande quantidade de exemplos e os exem-
e deles extrair uma conclusão. Essa habilidade está dire- plos são importantes para sabermos identifica-las:
tamente ligada ao raciocínio lógico. Ex: “x é menor que 7 ou x < 7” – Essa expressão por
Muitos pensam que essa disciplina está voltada ape- si só é genérica pois não temos informações de x
nas para as pessoas de “exatas”, mas ela é voltada para para saber se ele é ou não menor que 7.Entretanto,
o público em geral e aqui seguem alguns exemplos que caso seja atribuído um valor a x, essa sentença se
provam nosso conceito: tornará uma proposição, pois será possível atribuir
VERDADEIRO ou FALSO a sentença original. Assim,
- Um advogado reúne todas as informações dos au-
a expressão “Para x=5, tem-se que: 5 é menor que
tos do processo e através do Raciocínio Lógico, elabora
7” é uma proposição e é VERDADEIRA. Por outro
sua tese de acusação ou defesa;
lado, “Para x=9, tem-se que: 9 é menor que 7” é
- Um médico ao estudar todos os exames consegue
uma proposição mas é FALSA.
a partir de raciocínio lógico, elaborar um diagnostico e Ex: “z é a capital da França” – As sentenças abertas
propor um tratamento; não necessariamente são números, como mostra
- Um CEO de uma empresa, através dos relatórios o exemplo. Se substituirmos “z” por “Toulouse”, a
mensais consegue definir o plano de ação para estimular sentença virará proposição e será FALSA. Se z = Pa-
o crescimento da companhia. ris, a proposição será VERDADEIRA.
Todos os exemplos acima mostram como será o estu-
do da disciplina, onde receberemos informações e delas Valores Lógicos das proposições – Leis de Pensamento
extrairemos respostas ou em outras palavras, conclusões.
No Raciocínio Lógico, essas informações terão uma Definido o que é preposição, podemos aprofundar
particularidade: Elas sempre serão declarações onde po- o conceito apresentando as leis fundamentais (axiomas)
RACIOCÍNIO LÓGICO

deremos classificá-las de duas maneiras, VERDADEIRA que norteiam a lógica:


ou FALSA. Essas declarações serão chamadas de PRO-
POSIÇÕES. 1) Princípio do Terceiro Excluído: “Toda proposição
As proposições são a base do pensamento lógico. ou é verdadeira ou é falsa, isto é, verifica-se sem-
Este pensamento pode ser composto por uma ou mais pre um destes casos e nunca um terceiro”.
sentenças lógicas, formando uma idéia mais complexa. Pode parecer óbvio, mas às vezes as pessoas se con-
É importante ressaltar que objetivo fundamental de uma fundem em questões de concursos públicos quando

3
aparecem as alternativas “VERDADEIRO”, “FALSO” ou As sentenças compostas dos exemplos acima não são
“NENHUMA DAS ANTERIORES”. Qualquer proposição ligadas apenas pela conjunção “e”, podem ser ligadas
lógica será verdadeira ou falsa, não existe uma terceira por outros CONECTORES LÓGICOS (Capítulo 2). Seguem
opção. alguns exemplos para iniciar sua curiosidade pelo próxi-
mo capítulo:
2) Principio da identidade: “Se uma proposição é T – Osmar tem uma moto OU Tainá tem um carro.
verdadeira, então todo objeto idêntico a ela tam- U – SE Kléber é asiático ENTÃO eu sou brasileiro.
bém será verdadeiro”.

Esse principio coloca que se duas proposições que FIQUE ATENTO!


apresentam a mesma informação mas são escritas de As proposições compostas irão nortear seus
maneiras distintas, devem possuir o mesmo valor lógico. estudos nos próximos capítulos, então aten-
Por exemplo, “Bruno é 5 anos mais velho que João” e te-se a saber como dividir as proposições
“João é 5 anos mais novo que Bruno”. As duas propo- compostas em duas ou mais proposições
sições dizem a mesma coisa mas de maneira diferente. simples!
Portanto se uma delas é verdadeira, a outra deve ser.

3) Princípio da não contradição: “Uma proposição


não pode ser verdadeira ou falsa ao mesmo tem-
po” EXERCÍCIOS COMENTADOS

Esse axioma é importante, pois a partir do momento 1. (SEFAZ-SP – AGENTE FISCAL DE TRIBUTOS ESTA-
em uma proposição recebe um valor lógico, ele deve ser DUAIS – FCC – 2006) Das cinco frases abaixo, quatro
carregado em toda a análise para evitar contradições. delas têm uma mesma característica lógica em comum,
enquanto uma delas não tem essa característica.
Tipos de proposições
I. Que belo dia!
Existem dois tipos de proposições: Simples e Com- II. Um excelente livro de raciocínio lógico.
postas III. O jogo terminou empatado?
As proposições simples são aquelas que não con- IV. Existe vida em outros planetas do universo.
têm nenhuma outra proposição como parte de si mes- V. Escreva uma poesia.
ma. São, geralmente, designadas por letras minúsculas
do alfabeto (p,q,r,s,...). Uma definição equivalente é de A frase que não possui essa característica comum é a
uma proposição que não se consegue dividi-la em partes
menores, de tal maneira que as partes divididas gerem a) I
novas proposições. Exemplos: b) II
p – O rato comeu o queijo; c) III
q – Astolfo é advogado; d) IV
r – Hermenegildo gosta de pizza; e) V
s – Raimunda adora samba.
Resposta: Letra D. Podemos interpretar do exercício
que o mesmo quer a identificação da proposição. As
Já as proposições compostas são formadas por uma
alternativas A,B,C e E são respectivamente sentenças
ou mais proposições que podem ser divididas, formando
exclamativas, sem verbo, interrogativa e imperativa, o
proposições simples. São, geralmente, designadas por
que não as caracterizam como proposições. Já a al-
letras maiúsculas do alfabeto (P,Q,R,S,...).Exemplos: ternativa D é uma sentença que pode ser classificada
P – O rato é branco e comeu o queijo; como verdadeira ou falsa, caracterizando uma propo-
Q – Astolfo é advogado e gosta de jogar futebol; sição.
R – Hermenegildo gosta de pizza e de suco de uva;
S – Raimunda adora samba e seu tênis é vermelho. 2. (NOVA CONCURSOS – 2018) Assinale a alternativa
que representa um não cumprimento das 3 leis de pen-
Veja que as proposições acima podem ser divididas samento da lógica
em duas partes. Observe:
a) Se Abelardo é mais alto que Hormindo, pelo princípio
da identidade posso dizer que Hormindo é mais baixo
RACIOCÍNIO LÓGICO

que Abelardo.
b) A proposição “Choveu está manhã na cidade” pode
ser considerada “meia verdade” se apenas uma leve
garoa atingir a cidade.
c) O réu no processo afirmou que não estava dirigindo
embriagado, porém o mesmo foi encontrado sentado
no banco do motorista durante a abordagem policial,

4
caracterizando uma contradição. p : A secretária foi ao banco esta tarde.
d) Eu sou milionário pois tenho patrimônio acima de 1
milhão de reais. Josevaldo possui menos que 1 milhão O exemplo acima já usa os conceitos vistos no capí-
e não pode ser considerado um milionário. tulo 1, onde temos uma proposição simples e chamare-
e) Não estava presente para afirmar que foi o gato que mos essa proposição com uma letra minúscula “p” (Lê-
derrubou o vaso. -se “proposição p”). Vamos agora negar essa proposição
usando os dois símbolos possíveis:
Resposta: Letra B. Não existe “meia verdade” dentro ~ p : A secretária não foi ao banco esta tarde.
da lógica. As proposições receberão apenas dois valo- ¬ p : A secretária não foi ao banco esta tarde.
res lógicos: Verdadeiro ou Falso.
Os símbolos “~” e “¬” são os símbolos que indicam
CONECTIVOS LÓGICOS negação. É Importante frisar que os símbolos de negação
não indicam a presença da palavra “não” na frase. Obser-
Como visto rapidamente no capítulo anterior, os co- ve este outro exemplo:
nectivos lógicos são estruturas usadas para formar pro- q : Bráulio não comprou detergente
posições compostas a partir da junção de proposições
simples. As proposições compostas são linhas de raciocí- Observe que a proposição q possui a palavra “não” e
nio mais complexas e permitem se formular teses lógicas quando negarmos a mesma, ficaremos com a frase afir-
com vários níveis de pensamento. Observe o exemplo a mativa:
seguir: ~ q : Bráulio comprou detergente.
“Otávio gosta de jogar futebol e seu irmão não gosta ¬ q : Bráulio comprou detergente.
de jogar futebol”
Facilmente conseguimos separar essa sentença em
duas: “Otávio gosta de jogar futebol” e “O irmão de Otá- FIQUE ATENTO!
vio não gosta de jogar futebol”. Entretanto, ao invés de No Raciocínio Lógico, pode-se existir a “ne-
tratarmos as duas proposições simples separadamente, gação da negação” que chamaremos de
ligamos as mesmas com a palavrinha “e”, que é um dos Dupla Negação e veremos isso mais adiante
conectores lógicos que iremos estudar a seguir. no capítulo 4. O que você precisa saber nes-
Logo, com esse vínculo, poderemos estudar se a pro- te momento é que negando uma negação,
posição composta é inteiramente verdadeira ou inteira- voltaremos a uma frase afirmativa, ou na lin-
mente falsa, dependendo do valor lógico de cada propo- guagem coloquial: “O não do não é o sim”.
sição simples, ou seja, cada proposição simples interfere
no valor a ser atribuído na proposição composta.
As seções a seguir irão estudar os cinco conectivos A CONJUNÇÃO – CONECTIVO “E”
lógicos, apresentando suas características principais e as
combinações possíveis entre duas proposições simples. O próximo conectivo lógico certamente é um dos
mais usados dentro do raciocínio lógico e é também um
A Negação – Conectivo “Não” dos mais conhecidos. O “e” também é chamado de con-
junção e segue a mesma classificação da própria língua
O primeiro conectivo a ser estudado é o mais sim- portuguesa.
ples de todos e remete a negação de uma proposição. Diferentemente do conectivo “não”, a conjunção irá
A importância deste conectivo se dá na ligação entre o relacionar duas proposições simples, formando uma pro-
valor lógico VERDADEIRO e o valor lógico FALSO pois a posição composta. Vamos ao exemplo:
negação de um valor lógico será exatamente o outro va- p : Carlos gosta de jogar badminton.
lor lógico, ou seja: q : Pablo tomou suco de maçã

i) Se uma proposição for VERDADEIRA, sua negação Temos acima duas proposições simples e podemos
será FALSA. formar uma proposição composta usando o conectivo
ii) Se uma proposição for FALSA, sua negação será “e”:
VERDADEIRA. 𝑹 = 𝒑 ∧ 𝒒 : Carlos gosta de jogar badminton e Pablo
tomou suco de maçã.
Aqui conseguimos observar a importância do “Prin- Seguindo as definições do capítulo 1, a proposição
cípio do terceiro excluído”, explicado no capítulo 1. Se composta será indicada com uma letra maiúscula, neste
RACIOCÍNIO LÓGICO

tivéssemos mais do que dois valores lógicos, a negação caso, R. O símbolo


𝑹 = 𝒑 ∧ 𝒒indica a conjunção, ou seja, quando
se tornaria impossível pois não conseguiríamos criar um ele aparecer, estaremos usando o conectivo “e”.
vínculo de “ida e volta” entre os valores lógicos. Se invertermos a ordem das proposições simples, for-
O conectivo NÃO possui dois símbolos e recomenda- maremos outra proposição composta:
-se que o leitor conheça ambos pois as bancas de con- 𝑺 = 𝒒 ∧ 𝒑 : Pablo tomou suco de maçã e Carlos gosta
cursos não possuem um padrão em qual símbolo usar. de jogar badminton.
Observe o exemplo a seguir:

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No caso da conjunção, o valor lógico da proposição (e muito!) na memorização das combinações possíveis
composta não se altera com a inversão das proposições dos conectivos lógicos. Por enquanto, vamos enumerar
simples, mas outros conectivos que veremos a seguir po- todos os casos para familiarização:
dem ter alterações dependendo da ordem das proposi-
ções simples. i) Uma proposição composta formada por uma
Vamos agora analisar quais os valores lógicos possí- disjunção será VERDADEIRA se uma ou mais pro-
veis para uma proposição composta formada pelo co- posições forem VERDADEIRAS.
nectivo “e”. No capítulo 3 aprenderemos sobre as tabe- ii) Uma proposição composta formada por uma
las-verdade e elas ajudarão (e muito!) na memorização disjunção será FALSA se todas as proposições sim-
das combinações possíveis dos conectivos lógicos. Por ples forem FALSAS.
enquanto, vamos enumerar todos os casos para familia-
rização: Comparando com a conjunção, observa-se que hou-
ve uma certa “inversão” em relação as combinações das
i) Uma proposição composta formada por uma con- proposições simples. Enquanto na conjunção precisáva-
junção será VERDADEIRA se todas as proposições mos de todas as proposições simples VERDADEIRAS para
simples forem VERDADEIRAS. que a proposição composta ser VERDADEIRA, no ope-
ii) Uma proposição composta formada por uma con- rador “ou” precisamos de apenas 1 delas para tornar a
junção será FALSA se uma ou mais proposições proposição composta VERDADEIRA.
simples forem FALSAS. No caso do valor lógico FALSO também há inversão,
onde no conectivo “e” basta 1 proposição simples ser
Recuperando o exemplo anterior: FALSA e na disjunção, precisamos de todas FALSAS.
𝑹 = 𝒑 ∧ 𝒒 : Carlos gosta de jogar badminton e Pablo Assim:
tomou suco de maçã. 𝑹 = 𝒑 ∨ 𝒒 : Carlos gosta de jogar badminton ou Pablo
tomou suco de maçã.
Termos que R será VERDADEIRO somente se p e q
forem VERDADEIROS. Se uma (ou as duas) proposições Termos que R será VERDADEIRO se uma (ou as duas)
simples for (forem) falsa(s), R será FALSO. proposição (ões) sejam VERDADEIRAS e R será FALSO se
p e q forem FALSOS.
A DISJUNÇÃO – CONECTIVO “OU”
A DISJUNÇÃO EXCLUSIVA – CONECTIVO “OU
O conectivo “ou”, também conhecido como disjun- EXCLUSIVO”
ção, segue a mesma linha de pensamento que o conec- O conectivo “ou” possui um caso particular que nor-
tivo “e”, relacionando duas proposições simples, forman- malmente é cobrado em concursos públicos de maior
do uma proposição composta. Vamos manter o exemplo complexidade, porém é importante que o leitor tenha
da seção anterior: conhecimento do mesmo pois pode se tornar um dife-
p : Carlos gosta de jogar badminton. rencial importante em concursos públicos de maior dis-
q : Pablo tomou suco de maçã puta.
Este caso particular é chamado de “ou exclusivo” pois
Temos acima duas proposições simples e vamos for- implica que as proposições simples são eliminatórias, ou
mar agora uma proposição composta usando o conecti- seja, quando uma delas for VERDADEIRA, a outra será
vo “ou”: necessariamente FALSA. Veja o exemplo:
𝑹 = 𝒑 ∨ 𝒒 : Carlos gosta de jogar badminton ou Pablo p: Diego nasceu no Brasil
tomou suco de maçã. q: Diego nasceu na Argentina

O símbolo
𝑹 = 𝒑 ∨ 𝒒indica a disjunção, ou seja, quando ele Temos duas proposições referentes a nacionalidade
aparecer, estaremos usando o conectivo “ou”. Observe de Diego. Fica claro que ele não pode ter nascido em
que ele é o símbolo do conectivo “e” invertido, então, dois locais diferentes, ou seja, se p for VERDADEIRO, q
muita atenção na hora de identificar um ou o outro. é necessariamente FALSO e vice-versa. Assim, quando
Se invertermos a ordem das proposições simples, for- montarmos a disjunção, temos que indicar essa questão
maremos outra proposição composta: e será feito da seguinte forma:
𝑺 = 𝒒 ∨ 𝒑 : Pablo tomou suco de maçã ou Carlos gos- 𝑹 = 𝒑 ∨ 𝒒 : Ou Diego nasceu no Brasil ou na Argen-
ta de jogar badminton. tina
RACIOCÍNIO LÓGICO

No caso da disjunção, o valor lógico da proposição A leitura da proposição lógica acrescente mais um
composta também não se altera com a inversão das pro- “ou” no início e o restante é como se fosse um operador
posições simples (igual a conjunção). “ou” convencional (que para diferenciar, é chamado de
Vamos agora analisar quais os valores lógicos possí- inclusivo), porém, o símbolo é sublinhado para indicar
veis para uma proposição composta formada pelo co- exclusividade:
𝑹=𝒑∨𝒒 . Os casos possíveis para o “ou exclusi-
nectivo “ou”. Novamente vale lembrar que no capítulo 3 vo” são:
aprenderemos sobre as tabelas-verdade e elas ajudarão i) Uma proposição composta formada por uma

6
disjunção exclusiva será VERDADEIRA se apenas Observe agora que a posição da proposição em rela-
uma das proposições for VERDADEIRA. ção ao conector lógico importa no resultado da proposi-
ii) Uma proposição composta formada por uma ção composta. Considerando os casos observados, certa-
disjunção exclusiva será FALSA se todas as propo- mente deve haver dúvidas do leitor em relação a situação
sições simples forem FALSAS ou se as duas propo- onde a proposição a esquerda do conector ser falsa e
sições forem VERDADEIRAS. isso implicar que a proposição composta seja verdadeira.
A explicação é a seguinte: Na condicional, limitamos
Perceba que a diferença é sutil entre os casos inclusi- apenas ao caso da proposição da esquerda do conector
vo e exclusivo e ela se dá no caso das duas proposições em si e não em relação a sua negação, ou seja, quan-
simples serem VERDADEIRAS. No caso exclusivo, isso é do montamos 𝑹 = 𝒑 → 𝒒 , estamos condicionando apenas ao
uma contradição e assim a proposição composta deve caso de p ocorrer, ou em outras palavras, p ser VERDA-
ser FALSA. Usando o exemplo: DEIRO. Se p for FALSO, não há nenhuma condição para
q, ou seja, não importa o que acontecer com q, já que
𝑹 = 𝒑 ∨ 𝒒 : Ou Diego nasceu no Brasil ou na Argen- p não é VERDADEIRO. Assim, define-se 𝑹 = 𝒑 → 𝒒 sempre
tina VERDADEIRO quando p for FALSO. Logo:
𝑹 = 𝒑 → 𝒒 : Se Carlos gosta de jogar badminton en-
Temos que R é VERDADEIRO se p for VERDADEIRO e tão Pablo tomou suco de maçã.
q FALSO ou p FALSO e q VERDADEIRO. R é FALSO se p e Temos R VERDADEIRO se p for FALSO ou se p for
q forem ambas VERDADEIRAS ou ambas FALSAS. VERDADEIRO e q VERDADEIRO e R é FALSO apenas se p
for VERDADEIRO e q FALSO.
A CONDICIONAL – CONECTIVO “SE...ENTÃO”
Pegadinhas da condicional
O conectivo “Se...então”, conhecido como condicio-
nal não é tão conhecido quanto o “e” e o “ou”, porém é Este tópico é uma análise complementar da condi-
o que normalmente gera mais dúvidas e o que contém cional. Em concursos mais apurados, sobretudo de en-
as famosas “pegadinhas” que confundem o candidato sino superior, existem certas “pegadinhas” que testam a
durante a prova. A principal característica dele é que se atenção do candidato em relação ao seu conhecimento.
você inverter a ordem das proposições simples, o valor Existem quatro formas de raciocínio que envolvem a con-
lógico da proposição composta muda, o que não acon- dicional que merecem destaque.
tecia na conjunção e na disjunção. Vamos recuperar o i) Modus Ponens: Essa linha de raciocínio é o básico
mesmo exemplo das seções 2.2.3 e 2.2.4: da condicional onde considera a mesma VERDA-
p : Carlos gosta de jogar badminton. DEIRA e no caso da ocorrência de p, podemos afir-
q : Pablo tomou suco de maçã mar com certeza que q ocorreu:
Temos acima duas proposições simples e vamos for-
mar agora uma proposição composta usando o conecti-
vo “Se...então”:
𝑹 = 𝒑 → 𝒒 : Se Carlos gosta de jogar badminton en-
tão Pablo tomou suco de maçã.
Exemplo:
Observe que agora temos uma condição para que
Pablo tome o suco de maçã. A frase em si pode parecer
sem nexo, mas no Raciocínio Lógico nem sempre fará
sentido a conexão de duas proposições e até por isso
nós montamos esses exemplos para o leitor ficar mais
familiarizado com essa situação! ii) Falácia de afirmar o consequente: Pode-se dizer
O símbolo
𝑹 = 𝒑“ → ”𝒒 indica a condicional, mostrando que que é a pegadinha mais clássica da condicional
a proposição da esquerda condiciona o acontecimento pois induz a pessoa a considerar que se o conse-
da proposição da direita. As combinações possíveis para quente ocorreu (q), pode-se afirmar que o antece-
esse conector são: dente (p) também ocorreu:

i) Uma proposição composta formada por uma condi- Esse raciocínio está INCORRETO. Para justificar, lem-
cional será VERDADEIRA se ambas as proposições bre-se dos casos em que a condicional é VERDADEIRA.
forem VERDADEIRAS ou a proposição a esquerda Em um desses casos, se o antecedente (p) for FALSO, não
RACIOCÍNIO LÓGICO

do conector for FALSA. importa o valor lógico de q, a proposição com condicio-


ii) Uma proposição composta formada por uma con- nal será VERDADEIRA. Assim, se q ocorrer não é garantia
dicional será FALSA se a proposição a esquerda que p também ocorreu:
(antecedente) do conector for VERDADEIRA e a
proposição a direita (consequente) do conector for
FALSA.

7
iii) Modus Tollens: Nessa linha de raciocínio, esta- O símbolo
𝑹=𝒑↔𝒒 indica a bi condicional, ou seja, os dois
mos negando que o consequente (q) ocorreu e se sentidos devem ser satisfeitos. Em outras palavras, a bi
olharmos os casos possíveis da condicional, isso condicional será VERDADEIRA apenas se os valores lógi-
só será possível se o antecedente (p) também não cos das duas proposições forem iguais:
ocorrer:
i) Uma proposição composta formada por uma bi
condicional será VERDADEIRA se ambas as propo-
sições forem VERDADEIRAS ou se ambas as propo-
sições forem FALSAS.
ii) Uma proposição composta formada por uma bi
Exemplo: condicional será FALSA se uma proposição for
VERDADEIRA e outra for FALSA e vice-versa.

Assim:
𝑹 = 𝒑 ↔ 𝒒 : Carlos gosta de jogar badminton se e
somente se Pablo tomou suco de maçã.
iv) Falácia de negar o antecedente: Novamente um A proposição R será VERDADEIRA se p e q forem VER-
erro de pensamento referente aos casos possí- DADEIROS ou p e q forem FALSOS e R será FALSO
veis da condicional. Se você nega o antecedente se p for VERDADEIRO e q FALSO ou p FALSO e q
(p) não é garantia que o consequente (q) não irá VERDADEIRO.
ocorrer pois a partir do momento que temos ~p, o
valor lógico de q pode ser qualquer um e a condi-
cional se manterá VERDADEIRA:
EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (PREFEITURA DE SARZEDO, MG – TÉCNICO ADMI-


NISTRATIVO – IBGP, 2018) “Cecília comprará ou o vesti-
do azul ou o vestido preto.”
Com base na estrutura lógica, assinale a alternati-
Exemplo: va CORRETA.

a) 𝑝∨𝑞
b) 𝑝∧𝑞
c) 𝑝∨𝑞
d) 𝑝→𝑞

FIQUE ATENTO! Resposta: Letra C. Provavelmente muitos devem ter


As pegadinhas da condicional nem sempre pensado que este era um caso de “ou exclusivo”, mas
são cobradas em concursos mas se você ob- observe que o verbo em questão é “comprar” e não
servar os exercícios resolvidos deste capítu- “vestir”. Cecília pode muito bem comprar os dois ves-
lo, verá o quanto é importante este conector tidos, não há nada lógico que impeça isso, porém se a
lógico e o conhecimento de todos os casos proposição fosse “Cecília vestirá ou o vestido azul ou
possíveis. o vestido preto”, aí teríamos o caso de “ou exclusivo”
pois ela não poderia vestir os dois vestidos ao mesmo
tempo.
A BI-CONDICIONAL – CONECTIVO “SE E SOMENTE SE”
2. (EMATER-MG – ASSESSOR JURÍDICO – GESTÃO
O conectivo “Se e somente se”, conhecido como bi CONCURSO – 2018) Considere as proposições compos-
condicional elimina justamente o limitante da condicio- tas abaixo, identificadas como P e Q.
nal de não ser possível inverter a ordem das proposições
sem perder o valor lógico da proposição composta. Ago- P: Se faz frio, então bebo muita água.
ra, os dois valores lógicos serão limitantes, tanto se a Q: Se estudo e trabalho no mesmo dia, fico muito can-
proposição a esquerda do conector for VERDADEIRA ou sado.
FALSA. Novamente vamos ao mesmo exemplo:
p : Carlos gosta de jogar badminton. Sabendo-se que as duas proposições citadas no enuncia-
RACIOCÍNIO LÓGICO

q : Pablo tomou suco de maçã do são falsas, é verdade afirmar que


a) Fico muito cansado ou bebo muita água
Temos acima duas proposições simples e vamos for- b) Não estudo e trabalho no mesmo dia e faz frio
mar agora uma proposição composta usando o conecti- c) Não fico muito cansado e não bebo muita água
vo “Se e somente se”: d) Se faz frio, então não estudo e trabalho no mesmo dia
𝑹 = 𝒑 ↔ 𝒒 : Carlos gosta de jogar badminton se e
somente se Pablo tomou suco de maçã. Resposta: Letra C. O enunciado nos diz que as duas

8
condicionais são falsas, ou seja, podemos afirmar que
TABELAS VERDADE. EQUIVALÊNCIAS, LEIS DE
“Faz frio” e “Estudo e trabalho no mesmo dia” são
VERDADEIRAS e “Bebo muita água” e “Fico muito can- DE MORGAN, DIAGRAMAS LÓGICOS,
sado” são FALSAS, pois é a única combinação possível LÓGICA DE PRIMEIRA ORDEM
para as condicionais serem FALSAS. Logo, a letra A é
FALSA pois ambas são FALSAS e a disjunção será FAL- TABELAS VERDADE
SA, a letra B é FALSA pois ‘Não estudo e trabalho” é
FALSO o que faz a conjunção ser FALSA. A letra C é A tabela-verdade é um dispositivo prático muito
VERDADEIRA pois as duas negações geram proposi- usado para a organizar os valores lógicos de proposições
ções VERDADEIRAS que combinada em uma conjun- compostas pois ela ilustra todos os possíveis valores
ção, formam uma proposição VERDADEIRA. E por fim lógicos da estrutura composta, correspondentes a todas
a letra D é FALSA pois “Faz frio” é VERDADEIRO e “Não as possíveis atribuições de valores lógicos às proposições
estudo e trabalho no mesmo dia” é FALSO e combina- simples.
dos em uma condicional, gera uma proposição FALSA.
Para se construir uma tabela verdade, são necessárias
três informações iniciais: O número de proposições que
3. (COLÉGIO PEDRO II – ANALISTA DA TECNOLOGIA
compõem a proposição composta, o número de linhas
DA INFORMAÇÃO - 2018) Considere as seguintes pro-
que a tabela-verdade irá ter e a variação dos valores
posições P e Q, sendo que P é falsa e Q é verdadeira;
lógicos.
A primeira informação é puramente visual, basta olhar
P: Se o monitor está funcionando, então a placa de vídeo
não está com defeito. a proposição composta e verificar quantas proposições
Q: A placa de vídeo está com defeito se, e somente se, a simples a compõem, contando a quantidade de letras
memória não apresenta defeito. distintas que existem nela, vejam os exemplos:
𝒑 ∧ 𝒒 : Temos as proposições simples p e q, ou seja, a
Logo, é verdadeira a proposição: proposição composta possui duas proposições;
(𝒑 ∧ 𝒒) → (~𝒒 ↔ 𝒑) : Esta estrutura possui duas
a) Se o monitor não está funcionando, então a memória proposições simples também, p e q. Não se deve
não apresenta defeito. considerar a repetição das proposições que no caso de p
b) Ou o monitor está funcionando ou a memória não e q, repetiram duas vezes;
apresenta defeito. 𝒓 ↔ (𝒑 ∨ 𝒒) : Neste caso, com a presença da
c) O monitor não está funcionando ou a memória apre- proposição r, temos três proposições simples distintas,
senta defeito. p,q e r.
d) O monitor está funcionando e a memória apresenta A segunda informação, que é o número de linhas
defeito. da tabela verdade, deriva do número de proposições
simples que a estrutura composta possui. Usando essa
Resposta: Letra A e B (Anulada). Como P é uma conta simples:
condicional FALSA, temos que “O monitor está fun-
cionando” é VERDADEIRO e “A placa de vídeo não 𝐿 = 2𝑛
está com defeito” é FALSO. No caso de Q temos duas
possibilidades: “A placa de vídeo está com defeito” e
“A memória não apresenta defeito” são ambas VER- Onde L é o número de linhas da tabela-verdade e n
DADEIRAS ou ambas FALSAS. Entretanto, como vimos é o número de proposições simples que ela possui. Ou
em P que “A placa de vídeo está com defeito” é VER- seja, para duas proposições simples, temos 4 linhas na
DADEIRO, só teremos um caso, onde “A memória não tabela-verdade, para 3 proposições simples, 8 linhas
apresenta defeito” também é VERDADEIRO. A alter- na tabela e para 4 proposições simples, a tabela possui
nativa A é VERDADEIRA pois temos uma condicional 16 linhas. Além disso, para o caso de uma proposição
e a proposição “O monitor não está funcionando” é simples, pode-se aplicar a fórmula também, e teremos
FALSA, o que faz a condicional ser VERDADEIRA. A al- duas linhas na tabela-verdade.
ternativa B é VERDADEIRA também pois “O monitor Esses valores são derivados da organização da tabela,
está funcionando” é VERDADEIRO e isso já basta para para que tenhamos todos os casos possíveis avaliados.
uma disjunção ser VERDADEIRA, além disso, “A me- Com essa informação, podemos organizar a tabela e isso
mória não apresenta defeito” também é VERDADEIRA. será apresentado caso a caso nas seções seguintes.
A alternativa C é FALSA pois “O monitor não está fun-
cionando” é FALSO e “A memória apresenta defeito” TABELA-VERDADE DE PROPOSIÇÃO SIMPLES: NE-
também é FALSA, sendo o único caso da disjunção ser GAÇÃO
RACIOCÍNIO LÓGICO

FALSA. Por fim, a alternativa D também é falsa pois “A


memória apresenta defeito” é FALSA e isso na conjun- Nós iremos seguir a ordem do capítulo anterior e
ção já caracteriza uma proposição composta FALSA. apresentar a montagem das tabelas-verdade para os
operadores lógicos descritos. Inicia-se pele negação, que
é uma proposição simples e terá apenas duas linhas na
tabela-verdade:

9
p ~p V
V F V
F V F
F
Observe que a tabela possui duas colunas. A primeira
contém os valores possíveis para a proposição simples, ii) Para a segunda coluna, repita o mesmo procedi-
que pela fundamentação da lógica, é o VERDADEIRO (V) mento dentro de cada valor lógico atribuído para
e o FALSO (F). a coluna anterior. Ou seja, como temos V nas duas
Já a segunda coluna possui o operador lógico primeiras linhas de p, vamos colocar V na primeira
negação. O operador foi aplicado em casa linha da linha e F na segunda. Da mesma forma, vamos fa-
tabela, gerando o resultado correspondente. Ou seja, se zer o mesmo procedimento para as duas linhas de
a proposição p é V, sua negação será F e vice-versa. p que contém F:
É importante frisar que as operações da tabela-
verdade ocorrem de linha em linha, ou seja, se na
p q
primeira linha temos que a proposição p é V, esse valor
permanecerá assim até que todas as operações daquela V V
linha correspondente tenham terminado. V F
F V
TABELA-VERDADE PARA 2 PROPOSIÇÕES SIM-
PLES F F

Chegamos as seções onde a tabela-verdade fará mais Pronto, a tabela-verdade para duas proposições foi
sentido, pois ela é aplicada em proposições compostas. organizada e agora podemos passar para as pro-
Iniciando com uma estrutura de duas proposições posições compostas.
simples, vamos primeiramente explicar a organização
destas proposições. Tabela Verdade da Conjunção (“e”)
Como já sabemos que são duas proposições simples,
que chamaremos de p e q, temos que a tabela-verdade Seguindo a ordem do capítulo anterior, temos o
terá quatro linhas: operador lógico “e”, ou a conjunção. Para atribuir valores
lógicos a essa expressão, cria-se uma terceira coluna na
tabela-verdade e insere no título qual proposição lógica
p q
iremos tratar, desta maneira:

p q 𝒑∧𝒒

V V
V F
F V
FIQUE ATENTO!
F F
Observe que além das linhas corresponden-
tes da tabela-verdade, nós inserimos uma li-
No caso da conjunção, temos que ela é VERDADEIRA
nha inicial indicando qual a proposição que
apenas se as duas proposições compostas, p e q, forem
estamos atribuindo o valor lógico. Isso é de
suma importância para se dominar esse con- VERDADEIRAS, caso contrário, ela será FALSA. Usando
teúdo. essa informação, vamos preencher a tabela:
Na primeira linha, temos que p é VERDADEIRO e
q é VERDADEIRO, logo, a conjunção nesse caso será
Agora temos que combinar os dois valores lógicos VERDADEIRA por definição:
possíveis entre as proposições, formando as quatro
linhas. Para isso, recomenda-se que sigam os seguintes
p q 𝒑∧𝒒
passos:
V V V
RACIOCÍNIO LÓGICO

i) Na coluna da primeira proposição, atribua o valor


de V para a primeira metade das linhas e F para a V F
segunda metade. Ou seja, as duas primeiras linhas F V
são V e as duas últimas são F: F F

p q

10
A segunda linha possui p = V e q = F. Para a conjunção suficiente para o operador lógico ser VERDADEIRO:
é necessário que as duas proposições sejam V para ela
ser V, logo, ela será FALSA: p q 𝒑∨𝒒

p q 𝒑∧𝒒 V V V
V F V
V V V
F V V
V F F
F F
F V
F F Já a última linha, possui ambas proposições simples
com o valor lógico FALSO, o que faz a disjunção ser
Seguindo o mesmo raciocínio, a terceira linha possui FALSA também:
p = F e q = V, o que faz a conjunção ser FALSA:
p q 𝒑∨𝒒
p q 𝒑∧𝒒
V V V
V V V
V F V
V F F
F V V
F V F
F F F
F F
Esta é a tabela da disjunção é também deve ser
Finalmente, a quarta linha possui as duas proposições
memorizada.
simples com valor lógico FALSO, o que faz a conjunção
ser FALSA também:
Tabela Verdade da Condicional (“Se...então”)
O próximo conector lógico é a condicional (“Se...
p q 𝒑∧𝒒 então”) e montaremos a tabela-verdade do mesmo jeito
que os anteriores:
V V V
V F F p q 𝒑→𝒒
F V F
F F F V V
V F
Esta é a tabela-verdade para conjunção é deve ser F V
memorizada ou resolvida de forma rápida no caso de
tabelas maiores. F F

Tabela Verdade da Disjunção (“ou”) O princípio deste operador lógico está na relação
entre o antecedente (p) e o consequente (q). Ele será
Passando agora para o próximo conectivo, que é FALSO apenas se 𝑝 = 𝑉 e 𝑞 = 𝐹 , o que ocorre na
a disjunção (“ou”). Esse operador possui a definição segunda linha. Nos outros casos, ele será VERDADEIRO.
contrária a conjunção, onde ele só será FALSO no caso Em caso de dúvidas deste operador, recomenda-se a
de as duas proposições simples serem FALSAS, caso releitura do capítulo 2.
contrário, será sempre VERDADEIRO.
p q 𝒑→𝒒
Montando a tabela:
V V V
p q 𝒑∨𝒒 V F F
F V V
V V
F F V
RACIOCÍNIO LÓGICO

V F
F V Tabela Verdade da Condicional (“Se...então”)
F F
O último operador é o Bicondicional (“Se e somente
A primeira, segunda e terceira linhas possuem ao se”) e a tabela será montada da mesma forma:
menos 1 valor lógico VERDADEIRO, ou seja, condição

11
p q terceira coluna a partir da primeira e da segunda:
𝒑↔𝒒

V V p q 𝒑∧𝒒
V F
V V V
F V
V F F
F F
F V F
Montaremos a tabela usando sua lógica simples: F F F
Ele será VERDADEIRO se as duas proposições simples
tiverem o mesmo valor lógico e FALSO se tiverem valores Agora, vamos resolver o segundo parêntese. Para
diferentes: isso, precisaremos da negação de p para fazer uma
disjunção com q. Logo, vamos criar primeiro uma coluna
da negação e depois faremos a disjunção:
p q 𝒑↔𝒒

V V V p q 𝒑∧𝒒 ~p

V F F
V V V F
F V F
V F F F
F F V
F V F V
Com essas informações memorizadas é possível F F F V
montar QUALQUER tabela-verdade.
Observe que esta quarta coluna é a negação da
Montagem de tabelas usando mais de um primeira, como deve ser, já que estamos negando a
operador lógico proposição p. Criaremos agora uma quinta coluna, onde
faremos a disjunção de ~p (quarta coluna) e q (segunda
Obviamente que as seções acima introduziram as coluna):
tabelas-verdade fundamentais, que vão auxiliar na
montagem de tabelas mais complexas. Vamos apresentar p q ~p ~𝒑 ∨ 𝒒
𝒑∧𝒒
um exemplo onde isso será aplicado. Considere a
seguinte proposição composta: V V V F
V F F F
(𝒑 ∧ 𝒒) ↔ ~𝒑 ∨ 𝒒
F V F V
Observe que a proposição possui duas proposições F F F V
simples mas possui três operações lógicas. Para montar
a tabela-verdade desta proposição, deveremos fazer Nós temos que utilizar os valores lógicos da quarta
combinações dos resultados fundamentais vistos e segunda colunas em cada linha correspondente da
anteriormente. tabela. É aqui que muitos candidatos se confundem e
Iniciando, vamos montar a estrutura inicial, com as acabam usando colunas diferentes. Na primeira linha,
colunas de p e q: temos que a quarta coluna tem valor F e a segunda
coluna tem valor V, assim a disjunção entre elas será V:
p q
V V p q 𝒑∧𝒒 ~p ~𝒑 ∨ 𝒒
V F
V V V F V
F V
V F F F
F F
F V F V
Agora, vamos analisar a expressão: temos dois F F F V
RACIOCÍNIO LÓGICO

parênteses separados por uma bicondicional, portanto,


teremos que saber os valores lógicos de cada parêntese Na segunda linha, temos a quarta e a segunda coluna
antes de resolver o “se e somente se”. Para isso, vamos com valores lógicos FALSO, o que faz a disjunção FALSA:
criar colunas específicas na tabela para cada informação
e depois agrupá-las.
p q ~p
Começando com a conjunção no primeiro parêntese 𝒑∧𝒒 ~𝒑 ∨ 𝒒
e atribuindo os valores lógico de cada linha, cria-se uma

12
V V V F V
V F F F F
F V F V
F F F V

Na terceira linha, temos ambos VERDADEIROS, o que faz a disjunção VERDADEIRA:

p q 𝒑∧𝒒 ~p

V V V F V
V F F F F
F V F V V
F F F V

E na quarta linha, temos a quarta coluna VERDADEIRA e a segunda coluna FALSA, o que faz a disjunção ser
VERDADEIRA:

p q 𝒑∧𝒒 ~p ~𝒑 ∨ 𝒒

V V V F V
V F F F F
F V F V V
F F F V V

FIQUE ATENTO!
Fizemos uma disjunção entre a quarta e a segunda coluna, NESTA ORDEM. No caso da disjunção, se fi-
zéssemos invertido, não haveria problemas, mas nem sempre isso acontece. A recomendação é que se
mantenha a ordem da operação lógica.

Finalmente, vamos criar a sexta coluna que será a bicondicional da terceira e quinta colunas:

p q 𝒑∧𝒒 ~p ~𝒑 ∨ 𝒒 𝒑 ∧ 𝒒) ↔ (~𝒑 ∨ 𝒒

V V V F V
V F F F F
F V F V V
F F F V V

Na primeira linha, temos a terceira coluna VERDADEIRA e a quinta também, que pela bicondicional, gera um valor
VERDADEIRO:

p q 𝒑∧𝒒 ~p ~𝒑 ∨ 𝒒 𝒑 ∧ 𝒒) ↔ (~𝒑 ∨ 𝒒

V V V F V V
RACIOCÍNIO LÓGICO

V F F F F
F V F V V
F F F V V

Na segunda linha, temos ambas as colunas FALSAS, que pela bicondicional, gera um valor VERDADEIRO:

13
p q 𝒑∧𝒒 ~p ~𝒑 ∨ 𝒒 𝒑 ∧ 𝒒) ↔ (~𝒑 ∨ 𝒒

V V V F V V
V F F F F V
F V F V V
F F F V V

Na terceira e quarta linhas temos o mesmo caso, com a terceira coluna FALSA e a quinta VERDADEIRA, o que gera
um valor FALSO na bicondicional:

p q 𝒑∧𝒒 ~p ~𝒑 ∨ 𝒒 𝒑 ∧ 𝒒) ↔ (~𝒑 ∨ 𝒒

V V V F V V
V F F F F V
F V F V V F
F F F V V F

Pronto, esses são os resultados possíveis da proposição composta 𝒑 ∧ 𝒒) ↔ (~𝒑 ∨ 𝒒 , variando os valores lógicos
das proposições simples p e q que a compõem.

TABELA VERDADE PARA 3 PROPOSIÇÕES SIMPLES

Vamos agora aumentar a complexidade do problema inserindo uma terceira proposição, que chamaremos de r. Pela
relação de número de linhas da tabela, teremos então L=23=8 linhas. A tabela fica na seguinte forma:

p q r

Para organizar todas as combinações possíveis dos valores lógicos, vamos usar o mesmo artifício visto na tabela
com duas proposições simples. Primeiro, vamos dividir a primeira coluna em dois blocos de 4 linhas, onde o primeiro
bloco será VERDADEIRO e o segundo, FALSO:

p q r
V
V
V
V
F
RACIOCÍNIO LÓGICO

F
F
F

Na segunda coluna, vamos subdividir cada bloco da primeira coluna em dois novamente, colocando VERDADEIRO na
primeira parte e FALSO na segunda, desta maneira:

14
p q r p q r ~p
V V V V V F
V V V V F F
V F V F V F
V F V F F F
F F V V V
F F V F V
F F F V V
F F F F V

Veja que o primeiro bloco da primeira coluna, que é Agora precisaremos fazer a conjunção entre q e r
VERDADEIRO foi dividido em dois blocos de duas linhas no primeiro parênteses para poder combinar com a
cada, em um, colocamos duas linhas VERDADEIRO e nas negação de p. Montando a quinta coluna com 𝒒 ∧ 𝒓 ,
outras duas linhas, FALSO. Fazendo o mesmo para o que é a combinação entre a segunda e a terceira coluna,
bloco seguinte: temos que:

p q r p q r ~p 𝒒∧𝒓
V V
V V V F V
V V
V V F F F
V F
V F V F F
V F
V F F F F
F V
F V V V V
F V
F V F V F
F F
F F V V F
F F
F F F V F
A terceira coluna é mais simples, basta subdividir
Interessante observar que ficamos apenas com duas
cada bloco de duas linhas em uma linha cada, colocando
linhas com o valor lógico VERDADEIRO e isso não é nenhum
V e F intercalado, montando assim todas as combinações
problema, pois quando se realiza operações lógicas não
possíveis:
teremos sempre a divisão de 50% VERDADEIRO e 50%
FALSO. Combinando a quarta e quinta colunas, podemos
p q r formar o primeiro parênteses, que é ~𝑝 → 𝑞 ∧ 𝑟 :
V V V
V V F p q r ~p 𝒒∧𝒓 ~𝒑 → 𝒒 ∧ 𝒓

V F V V V V F V V
V F F V V F F F V
F V V V F V F F V
F V F V F F F F V
F F V F V V V V V
F F F F V F V F F

Como exemplo, vamos montar a tabela-verdade da F F V V F F


seguinte proposição composta: ~𝑝 → 𝑞 ∧ 𝑟 ↔ 𝑝 ∨ 𝑟 . F F F V F F
RACIOCÍNIO LÓGICO

Com a tabela acima, vamos organizar quais informações


precisamos para montar a expressão final. Observando o Antes de montarmos a bicondicional entre os
primeiro parênteses, precisaremos da negação de p, ou dois parênteses, precisamos montar a coluna relativa
seja, ~p. Criando uma quarta coluna e preenchendo em ao segundo parênteses da expressão. Colocando a
função da primeira: conjunção a partir da primeira e terceira colunas:

15
p q r ~p 𝒒∧𝒓 ~𝒑 → 𝒒 ∧ 𝒓 𝒑∨𝒓

V V V F V V V
V V F F F V V
V F V F F V V
V F F F F V V
F V V V V V V
F V F V F F F
F F V V F F V
F F F V F F F

Finalmente, a oitava coluna é montada a partir da combinação entre a sexta e a sétima colunas:

p q r ~p 𝒒∧𝒓 ~𝒑 → 𝒒 ∧ 𝒓 𝒑∨𝒓 ~𝒑 → 𝒒 ∧ 𝒓 ↔ 𝒑∨𝒓

V V V F V V V V
V V F F F V V V
V F V F F V V V
V F F F F V V V
F V V V V V V V
F V F V F F F V
F F V V F F V F
F F F V F F F V

O resultado é interessante pois apenas a sétima linha da proposição completa possui valor lógico FALSO. Isso pode
ser facilmente uma questão de concurso, onde pergunta-se quais são os valores lógicos para que a proposição acima
seja FALSA. A resposta correta é p e q FALSOS e r VERDADEIRO.

TABELA VERDADE PARA 4 PROPOSIÇÕES SIMPLES

Os problemas envolvendo 4 proposições simples são mais trabalhosos pois envolvem 16 linhas de análise. Entretanto,
a resolução é a mesma dos problemas de duas ou três proposições simples. Considerando as proposições p, q, r e s, a
tabela fica da seguinte maneira:

p q r s
RACIOCÍNIO LÓGICO

16
A primeira coluna é dividida em dois blocos de oito p q r s
linhas, atribuindo V ao primeiro bloco e F ao segundo.
V V V
p q r s V V V
V V V F
V V V F
V V F V
V V F V
V V F F
V V F F
V F V V
V F V V
F F V F
F F V F
F F F V
F F F V
F F F F
F F F F
F
A quarta coluna basta intercalar V e F:
F
p q r s
A segunda coluna subdivide a primeira novamente V V V V
em dois, formando blocos de quatro linhas, intercalando
V V V F
os valores V e F:
V V F V
V V F F
p q r s
V F V V
V V V F V F
V V V F F V
V V V F F F
F V V V
V V
F V V F
V F F V F V
V F F V F F
V F F F V V
F F V F
V F
F F F V
F V F F F F
F V
F V
CLASSIFICAÇÃO DAS PROPOSIÇÕES SEGUNDO
F V A TABELA-VERDADE
F F
Após a montagem de qualquer proposição composta
F F
na tabela-verdade, podemos classificar seu resultado de
F F três maneiras:
RACIOCÍNIO LÓGICO

F F
Tautologia
A terceira coluna subdivide a segunda em blocos de
duas linhas, intercalando V e F: A tautologia ocorre quando todas as linhas da
coluna correspondente a proposição composta seja
VERDADEIRA. Ou seja, não importa os valores lógicos
das proposições simples, a proposição composta terá

17
sempre o valor lógico V. Observe o exemplo: precisaremos montar a negação de q, a bicondicional do
primeiro parênteses e a disjunção do segundo, assim:
Tabela-verdade para a proposição 𝑝 ∧ 𝑞 → 𝑝 ∨ 𝑞 .
p q ~q 𝑝𝑝↔
↔~𝑞
~𝑞 ∧∧(𝑝
(𝑝∧∧𝑞).
𝑞).
São duas proposições simples, o que formará quatro
linhas na tabela: V V F F V
V F V V F
p q F V F V F
V V F F V F F
V F
F V Combinando a quarta e quinta colunas para montar a
disjunção entre os dois parênteses:
F F

Inserindo os dois parênteses na terceira e quarta p q ~q 𝑝𝑝 ↔


↔ ~𝑞
~𝑞 ∧∧ (𝑝
(𝑝 ∧∧ 𝑞).
𝑞). 𝑝 ↔ ~𝑞 ∧ (𝑝 ∧ 𝑞).
colunas:
V V F F V F
V F V V F F
p q 𝑝∧𝑞 → 𝑝∨𝑞
F V F V F F
V V V V F F V F F F
V F F V
Como todas as linhas do resultado final são FALSAS,
F V F V
temos uma contradição.
F F F F
Contingência
Aplicando a condicional entre a terceira e quarta
colunas: A contingência é o caso mais simples de todos
pois são as tabelas-verdade que não são tautologia ou
p q 𝑝𝑝∧∧𝑞𝑞 →→ 𝑝𝑝∨∨𝑞𝑞 𝑝∧𝑞 → 𝑝∨𝑞
contradição, ou seja, possui os dois valores lógicos (V e
F) no resultado final.
V V V V V
V F F V V
EXERCÍCIOS COMENTADOS
F V F V V
F F F F V 1. (EMATER, MG – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO –
GESTÃO CONCURSO, 2018) Para Alencar (2002, p.14),
O resultado da proposição composta mostra que “na tabela verdade figuram todos os possíveis valores
todas as linhas geraram um valor lógico VERDADEIRO. lógicos da proposição composta, correspondentes a to-
Assim, podemos classificar essa proposição composta das as possíveis atribuições de valores lógicos às pro-
como Tautologia. posições simples correspondentes.” Considerando duas
proposições identificadas como p e q, deseja-se construir
a tabela verdade da proposição composta ~ (p ᴧ ~ q),
FIQUE ATENTO! conforme descrito na tabela a seguir.
O exemplo de tautologia foi com duas propo-
sições simples mas considere que a classifica-
ção é válida também para três ou mais propo-
sições simples.

Contradição

A contradição é exatamente o contrário da tautologia, Os valores lógicos da proposição composta ~ (p ᴧ ~ q),


onde todos os resultados lógicos da operação da descritos de cima para baixo na última coluna da tabela,
RACIOCÍNIO LÓGICO

proposição composta devem ser FALSOS. Observe o serão, respectivamente,


exemplo:
a) (F);(F);(F);(F)
Tabela verdade para 𝑝 ↔ ~𝑞 ∧ (𝑝 ∧ 𝑞).. b) (F);(V);(F);(F)
c) (V);(V);(V);(V)
Antes de montarmos a proposição composta, d) (V);(F);(V);(V)

18
Resposta: Letra D. O exercício já auxiliou deixando a tabela com todas as colunas organizado. A “pegadinha” é se
você esquecer de fazer a negação final, que faria você marcar a alternativa B e não a D.

p q ~q 𝒑 ∧ ~𝒒 ~(𝒑 ∧ ~𝒒)

V V F F V
V F V V F
F V F F V
F F V F V

2. (EMATER, MG – ASSESSOR JURÍDICO – GESTÃO CONCURSO, 2018) Considere que temos três proposições, iden-
tificadas como p, q e r. Objetiva-se construir uma tabela-verdade para avaliar os valores lógicos que a proposição
composta 𝑝 𝑣 ~ 𝑟 → 𝑞 ᴧ ~ 𝑟 .A esse respeito, avalie as afirmações a seguir.

I. A tabela-verdade, nesse caso, terá seis linhas.


II. A tabela-verdade, nesse caso, terá oito linhas.
III. Haverá apenas três linhas da tabela-verdade na coluna correspondente à proposição composta p v ~ r → q ᴧ ~ r, que
assumirá o valor verdadeiro.

Está correto apenas o que se afirma em

a) II
b) III
c) I e III
d) II e III

Resposta: Letra A. Antes de montarmos a tabela-verdade, já podemos verificar que a afirmação I está errada e a
II está certa pois está relacionado com o número de linhas da tabela, que é uma função apenas da quantidade de
proposições simples, neste caso 3. Montando a tabela verdade e respeitando a ordem de resolução dos operadores
lógicos, pois não temos parênteses (negação primeiro, depois as conjunções e disjunções e por fim a condicional),
você verificará que a linhas 2,5,6 e 7 são VERDADEIRAS, tornando a afirmação III incorreta pois ela afirma que são 3
linhas que são VERDADEIRAS.

3. (CÂMARA MUNICIPAL DE ARARAQUARA – AGENTE ADMINISTRATIVO – IBFC, 2017) De acordo com o raciocí-
nio lógico proposicional a proposição composta [𝑝 ∨ (~𝑞 ↔ 𝑟)] → ~𝑝 é uma:

a) Contingência
b) Tautologia
c) Contradição
d) Equivalência

Resposta: Letra A. Construindo a tabela verdade:

p q r ~p ~q[𝑝 ∨ (~𝑞 ↔ 𝑟)] →𝒑 ∨~𝑝


(~𝒒 ↔ 𝒓) 𝒑 ∨ ~𝒒 ↔ 𝒓 → ~𝒑

V V V F F F V F
V V F F F V V F
V F V F V V V F
V F F F V F V F
F V V V F F F V
F V F V F V V V
RACIOCÍNIO LÓGICO

F F V V V V V V
F F F V V F F V

EQUIVALÊNCIA LÓGICA

A equivalência lógica é a relação entre duas proposições lógicas que serão ditas equivalentes, ou seja, ao se mon-

19
tar a tabela-verdade de ambas, a distribuição dos valores João é professor ou João é professor = João é pro-
lógicos será a mesma. fessor
O domínio desta teoria passará ao candidato a se-
gurança de se manipular expressões lógicas, buscando Comutação
a equivalência correta nas alternativas da questão. Na
maioria das vezes, os enunciados das questões de equi- A propriedade comutativa da equivalência lógica é
valência lógica, usando frases simples como: “A negação análoga a propriedade de mesmo nome da matemática.
da expressão ... é:” ou também “A expressão logicamente Ela descreve que podemos mudar a ordem das propo-
equivalente a ... é:”. sições simples sem afetar o resultado final. Existem três
Para resolver esses exercícios, o candidato deverá re- casos:
conhecer na expressão original que tipo de equivalência
pode ser usada e é isso que iremos apresentar nas seções 𝑝∧𝑞 =𝑞∧𝑝
a seguir. 𝑝∧𝑞 =𝑞∧𝑝
𝑝 ∧ 𝑞𝑝=
∨𝑞∧=𝑝𝑞 ∨ 𝑝
𝑝∨𝑞=𝑞∨𝑝
EQUIVALÊNCIAS LÓGICAS NOTÁVEIS
𝑝𝑝∨↔𝑞=𝑞=
𝑞 ∨𝑞 𝑝↔ 𝑝
𝑝↔𝑞=𝑞↔𝑝
Iniciando pelas equivalências mais simples, apresen- 𝑝↔𝑞=𝑞↔𝑝
taremos os cinco primeiros casos de relações lógicas:

Dupla Negação Ou seja, para a disjunção, conjunção e bicondicional é


possível inverter a ordem das proposições simples, man-
A dupla negação já foi introduzida quando se definiu tendo o resultado final da proposição composta. Usando
o operador lógico negação, ou o “não” e se apresentou novamente frases como exemplo, temos que se p = “An-
que “a negação da negação é a própria afirmação”. Em dei 5km” e q = “Tomei um suco”:
outras palavras, a dupla negação anula dois operadores Andei 5km e tomei um suco = Tomei um suco e andei 5 km
“não” que estão juntos, como no exemplo a seguir: Andei 5km ou tomei um suco = Tomei um suco ou
andei 5 km
Andei 5km se e somente se tomei um suco = Tomei
~ ~𝑝 = 𝑝
um suco se e somente se andei 5 km

Ou seja, os dois operadores lógicos “~” são retirados,


restando apenas a proposição simples. FIQUE ATENTO!
O leitor mais atento percebeu uma poten-
Idempotência cial “pegadinha” nesta propriedade pois ela
não vale para o operador “Se...então” que é a
A idempotência trata de duas relações, uma com o condicional. Muita atenção quando for utili-
operador “e” (conjunção) e outra com o operador “ou” zar essa propriedade!
(disjunção). A idéia básica é mostrar que quando se apli-
ca esses operadores na mesma proposição simples, o re- Associação
sultado é a própria proposição. Vejam os casos:
A propriedade associativa também tem a mesma ca-
𝑝∧𝑝=𝑝 racterística encontrada na matemática, onde você pode
inverter a ordem das operações lógicas. Isso só pode ser
𝑝∨𝑝=𝑝 feito caso tenhamos APENAS disjunção e conjunção nas
operações, observe:
Essa equivalência é fácil verificar na tabela-verdade:
𝑝∧ 𝑞∧𝑟 = 𝑝∧𝑞 ∧𝑟
𝑝∧ 𝑞∧𝑟 = 𝑝∧𝑞 ∧𝑟
p 𝑝∧𝑝=𝑝 𝑝∨𝑝=𝑝 𝑝∨ 𝑞∨𝑟 = 𝑝∨𝑞 ∨𝑟
𝑝∨ 𝑞∨𝑟 = 𝑝∨𝑞 ∨𝑟
V V V
F F F
O que a propriedade nos mostrou é que podemos
fazer a operação entre p e q antes de realizar a operação
RACIOCÍNIO LÓGICO

Tanto na tabela-verdade da disjunção e da conjunção, entre q e r.


quando ambas as proposições são VERDADEIRAS, o re-
sultado é VERDADEIRO e quando ambas são FALSAS, o Distribuição
resultado da proposição composta é FALSO.
Usando frases nas proposições, essa propriedade nos A propriedade distributiva também segue a analogia
permite dizer que se p = “João é professor”, temos que: da propriedade vista na matemática, sendo conhecida
João é professor e João é professor = João é professor

20
também como a propriedade “chuveirinho” onde a partir “Eu sei nadar” e q = “Eu sei correr”, a negação correta
de um operador lógico externo aos parênteses, faz-se a de “Eu sei nadar e sei correr” será “Eu não sei nadar ou
distribuição nos elementos internos, desta forma: não sei correr”

𝑝 ∧ 𝑞 ∨ 𝑟 = 𝑝 ∧ 𝑞 ∨ (𝑝 ∧ 𝑟) Negação da disjunção – Regra de De Morgan


𝑝 ∧ 𝑞 ∨ 𝑟 = 𝑝 ∧ 𝑞 ∨ (𝑝 ∧ 𝑟)
𝑝 ∨ 𝑞 ∧ 𝑟 = 𝑝 ∨ 𝑞 ∧ (𝑝 ∨ 𝑟) A negação da disjunção também é conhecida como
𝑝 ∨ 𝑞 ∧ 𝑟 = 𝑝 ∨ 𝑞 ∧ (𝑝 ∨ 𝑟) Regra de De Morgan:

Observe novamente que essa propriedade também é ∼ 𝑝 ∨ 𝑞 = ~𝑝 ∧∼ 𝑞


válida APENAS para os operadores disjunção (“e”) e con-
junção (“ou”), sendo incorreto aplicar na condicional e na A regra nos diz que ao negar uma disjunção, pode-
bicondicional. Usando frases como exemplo, considere mos negar individualmente cada proposição simples
que: p = “Almir é biólogo”, q = “Joseval é escritor” e r trocando o operador “ou” por um operador “e”. A prova
= “Arlequina é bandida”, assim: desta relação se dá na tabela-verdade a seguir:
A propriedade 𝑝 ∧ 𝑞 ∨ 𝑟 = 𝑝 ∧ 𝑞 ∨ (𝑝 ∧ 𝑟) nos
permite dizer que a proposição: “Almir é biólogo, e Jo- p q ∼ 𝑝 ∧ 𝑞 = ~𝑝 ~p
𝑝 ∨ 𝑞 ∧ 𝑟 = 𝑝 ∨ 𝑞 ∧ (𝑝 ∨ 𝑟) ~ 𝒑∨∼
∧𝒒𝑞 ∼ 𝑝 ∧~q
𝑞 = ~𝑝 ∨∼ 𝑞
seval é médico ou Arlequina é bandida” é equivalente
à proposição: “Almir é biólogo e Joseval é escritor, ou
𝑝 ∧ 𝑞 ∨ 𝑟 = 𝑝 ∧ 𝑞 ∨ (𝑝 ∧ 𝑟) V V V F F F F
Almir é biólogo e Arlequina é bandida”
V F V F F V F
Já a propriedade 𝑝 ∨ 𝑞 ∧ 𝑟 = 𝑝 ∨ 𝑞 ∧ (𝑝 ∨ 𝑟) nos
permite dizer que a proposição: “Almir é biólogo, ou Jo- F V V F V F F
seval é médico e Arlequina é bandida” é equivalente à F F F V V V V
proposição: “Almir é biólogo ou Joseval é escritor, e Al-
mir é biólogo ou Arlequina é bandida” Observando a quarta e a sétima coluna, verifica-se o
mesmo valor lógico em todas as linhas, o que prova a
NEGAÇÃO DOS OPERADORES LÓGICOS equivalência.
Usando frases como exemplo, se considerarmos p =
Este tópico provavelmente é o mais importante deste “Andei de bicicleta” e q = “joguei futebol”, a negação
capítulo pois apresentará as negações das proposições correta de “Eu andei de bicicleta ou joguei futebol” será
lógicas mais utilizadas: “Disjunção”, “Conjunção”, “Condi- “Eu não andei de bicicleta e não joguei futebol”.
cional” e “Bicondicional”
Negação da Condicional
Negação da conjunção – Regra de De Morgan
A negação da condicional é uma expressão que vem
As negações da conjunção e da disjunção são conhe- derivada de outras duas equivalências lógicas: Regra de
cidas como Regras de De Morgan e são fáceis de memo- De Morgan e Implicação material (apresentada nos tópi-
rizar pela sua estrutura simples: cos seguintes). Como a idéia não é apresentar deduções,
vamos mostrar a equivalência e prova-la através da ta-
∼ 𝑝 ∧ 𝑞 = ~𝑝 ∨∼ 𝑞 bela-verdade:

A regra nos diz que ao negar uma conjunção, po- ∼ 𝑝 → 𝑞 = 𝑝 ∧∼ 𝑞


demos negar individualmente cada proposição simples
trocando o operador “e” por um operador “ou”. A prova
Montando a tabela-verdade:
desta relação se dá na tabela-verdade a seguir:

p q ~q
p q ∼ 𝑝 ∧ 𝑞 =~~𝑝𝒑∨∼
∧ 𝒒𝑞 ~p
∼ 𝑝 ∧~q
𝑞 = ~𝑝 ∨∼ 𝑞
𝒑→𝒒 ~ 𝒑→𝒒 𝒑 ∧∼ 𝒒

V V V F F F
V V V F F F F
V F F V V V
V F F V F V V
F V V F F F
RACIOCÍNIO LÓGICO

F V F V V F V
F F V F V F
F F F V V V V
Comparando a quarta e sexta colunas, podemos ob-
Observando a quarta e a sétima coluna, verifica-se o
servar que todas as linhas possuem os mesmos valores
mesmo valor lógico em todas as linhas, o que prova a
lógicos, comprovando a equivalência desta negação.
equivalência.
Usando frases como exemplo, se considerarmos p =
Usando frases como exemplo, se considerarmos p =

21
“Fiz muitos gols” e q = “Sou o artilheiro”, a negação correta de “Se fiz muitos gols então sou o artilheiro” será “Fiz
muitos gols e não sou o artilheiro”.

Negação da Bicondicional

Certamente a negação da bicondicional é a expressão mais difícil dentre as apresentadas na equivalência lógica. Ela
não é simples de deduzir e usaremos a mesma abordagem da negação da condicional, que é apresentar a expressão
e provar com a tabela-verdade:

∼ 𝑝 ↔ 𝑞 = (𝑝 ∧∼ 𝑞) ∨ (𝑞 ∧ ~𝑝)

Montando a tabela-verdade:

p q∼ 𝑝 ↔ 𝑞 =∼(𝑝𝑝∧∼
↔ 𝑞) ~p
𝑞 ∼∨=(𝑞
𝑝
(𝑝↔ 𝑞~q𝑞)
∧∧∼
~𝑝) =∨(𝑝(𝑞∧∼
∧ ~𝑝)
𝑞) ∨∼(𝑞𝑝∧↔
~𝑝)
𝑞 = (𝑝 ∧∼ 𝑞) ∨ (𝑞 ∧ ~𝑝)
V V V F F F F F F
V F F V F V V F V
F V F V V F F V V
F F V F V V F F F

Observando a quarta e nona colunas, verifica-se o mesmo valor lógico em todas as linhas, o que prova a equiva-
lência lógica.
Usando frases como exemplo, se considerarmos p = “Passei de ano” e q = “Tirei 10 na prova”, a negação correta
de “Passei de ano se e somente se tirei 10 na prova” será “Passei de ano e não tirei 10 na prova ou tirei 10 na prova e
não passei de ano”.

EQUIVALÊNCIAS LÓGICAS DA CONDICIONAL E BICONDICIONAL

Além das negações dos operadores lógicos condicional e bicondicional, existem outras equivalências lógicas impor-
tantes que estatisticamente são cobradas com certa frequência nos concursos públicos e serão apresentadas a seguir:

Implicação Material

A implicação material é uma equivalência lógica aplicada ao operador condicional que transforma esse operador
em uma disjunção (“ou”):

𝑝 → 𝑞 = ~𝑝 ∨ 𝑞

Montando a tabela-verdade:

p q ~p
𝑝 → 𝑞 𝑝 =→~𝑝
𝑞 ∨=𝑞~𝑝 ∨ 𝑞

V V V F V
V F F F F
F V V V V
F F V V V

A terceira e quinta colunas possuem os mesmos valores lógicos em todas as linhas, podendo afirmar que são, por-
RACIOCÍNIO LÓGICO

tanto, proposições equivalentes.


Usando frases como exemplo, se considerarmos p = “Andei distraído” e q = “Tropecei na calçada”, uma expres-
são equivalente a “Se andei distraído então tropecei na calçada” será “Não andei distraído ou tropecei na calçada”

Transposição

A transposição, como o próprio nome diz, é aplicada ao operador condicional, trocando de posição as proposições

22
simples, algo que não é permitido diretamente pela propriedade comutativa apresentada anteriormente. A equivalên-
cia é a seguinte:

𝑝 → 𝑞 = ~𝑞 → ~𝑝

Ou seja, nega-se e inverte-se as proposições simples para formar a equivalência. Comprovando pela tabela-verdade:

p q ~p →𝑝 ~𝑝
𝑝 → 𝑞 = ~𝑞 →~q𝑞 = ~𝑞 → ~𝑝

V V V F F V
V F F F V F
F V V V F V
F F V V V V

Assim, como a terceira e sexta colunas são idênticas, temos a equivalência lógica comprovada.
Usando as frases da implicação material como exemplo novamente, se considerarmos p = “Andei distraído” e q
= “Tropecei na calçada”, uma expressão equivalente a “Se andei distraído então tropecei na calçada” será “Se não
tropecei na calçada, então não andei distraído”

FIQUE ATENTO!
Sempre que no enunciado de um exercício de equivalência tivermos o operador condicional, desconfie se
não será aplicada as regras de implicação material ou transposição, normalmente elas que serão utilizadas
para resolver a questão!

Equivalência Material

A equivalência material é a última relação que veremos neste capítulo e envolve o operador bicondicional que sem-
pre irá proporcionar expressões maiores para memorização. Além disso, são dois casos para se analisar: O primeiro,
transforma-se a bicondicional em duas operações condicionais:

𝒑↔𝒒 = 𝒑→𝒒 ∧ 𝒒→𝒑

Intuitivamente essa expressão não é difícil pois o próprio nome “bicondicional” já se refere a “duas condicionais”.
O importante é lembrar que as duas condicionais são ligadas por um operador “e” e não por um operador “ou”. A
tabela-verdade fica:

p q 𝒑𝒑 ↔
↔ 𝒒𝒒 =
= 𝒑𝒑 →
→ 𝒒𝒒 ∧∧ 𝒒𝒒
𝒑→→
↔𝒑𝒑𝒒 = 𝒑 → 𝒒 ∧ 𝒒 → 𝒑
V V V V V V
V F F F V F
F V F V F F
F F V V V V

Usando frases como exemplo, se considerarmos p = “A bolsa é azul” e q = “O estojo é vermelho”, uma expressão
equivalente para “A bolsa é azul se e somente se o estojo é vermelho” será “Se a bolsa é azul então o estojo é vermelho
e se o estojo é vermelho então a bolsa é azul”.
O outro caso de equivalência material é a conversão da bicondicional em operadores “ou” e “e”:
RACIOCÍNIO LÓGICO

𝒑 ↔ 𝒒 = 𝒑 ∧ 𝒒 ∨ ~𝒑 ∧ ~𝒒

Essa expressão não é tão intuitiva como o primeiro caso mas dá para se criar um raciocínio imaginando que a bi-
condicional foi separada em duas conjunções das afirmações e negações ligadas por uma disjunção. A tabela-verdade
fica desta maneira:

23
p q 𝒑 ↔ 𝒒 = ~p
𝒑𝒑→↔𝒒~q
𝒒∧ =𝒒 𝒑
→∧𝒑𝒒 ∨ ~𝒑
𝒑↔∧ ~𝒒
𝒒 = 𝒑 ∧ 𝒒 ∨ ~𝒑 ∧ ~𝒒

V V V F F V F V
V F F F V F F F
F V F V F F F F
F F V V V F V V

Com a terceira e oitava coluna idênticas, temos a equivalência comprovada. Usando as mesmas frases como exem-
plo, se considerarmos p = “A bolsa é azul” e q = “O estojo é vermelho”, uma outra expressão equivalente para “A
bolsa é azul se e somente se o estojo é vermelho” será “A bolsa é azul e o estojo é vermelho ou a bolsa não é azul e
o estojo não é vermelho”.

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (EMSERH – PSICÓLOGO – FUNCAB, 2016). Dizer que não é verdade que Francisco é dentista e Tânia é enfermeira,
é logicamente equivalente a dizer que é verdade que:

a) Se Francisco não é dentista, então Tânia não é enfermeira.


b) Francisco não é dentista e Tânia não é enfermeira.
c) Se Francisco não é dentista, então Tânia é enfermeira.
d) Francisco não é dentista ou Tânia não é enfermeira.
e) Francisco é dentista ou Tânia não é enfermeira.

Resposta: Letra D. Aplicando a regra de De Morgan, a negação da conjunção será a disjunção das negações, então
nega-se ambas as proposições e aplica-se o operador “ou”.

2. (TJ-SP – ESCREVENTE – VUNESP, 2017). Uma negação lógica para a afirmação “João é rico, ou Maria é pobre” é:

a) Se João é rico, então Maria é pobre


b) João não é rico, e Maria não é pobre
c) João é rico, e Maria não e pobre
d) Se João não é rico, então Maria não é pobre
e) João não é rico, ou Maria não é pobre

Resposta: Letra B. Aplicando a regra de De Morgan, a negação da disjunção será a conjunção das negações.

3. (PREFEITURA DE MARILÂNDIA – AGENTE ADMINISTRATIVO – IDECAN, 2016). A negação da proposição com-


posta “Se goleia o rival, então é campeão” é equivalente a:

a) Não goleia o rival e é campeão.


b) Goleia o rival e não é campeão.
c) Não goleia o rival ou é campeão.
d) Nem goleia o rival, nem é campeão.

Resposta: Letra B. A negação da condicional é uma conjunção da primeira proposição com a negação da segunda,
o que aparece na alternativa B.

4. (TJ-PR – ANALISTA JUDICIÁRIO – PUC-PR, 2017). Arno, especialista em lógica, perguntou: qual a negação de “hoje
é carnaval se, e somente se, for 8 ou 9 de fevereiro”?

A resposta CORRETA é:
RACIOCÍNIO LÓGICO

a) Hoje não é Carnaval se, e somente se, não for 8 ou 9 de fevereiro


b) Hoje não é Carnaval e não é 8 nem 9 de fevereiro
c) Hoje não é Carnaval e é 8 ou 9 de fevereiro ou hoje é Carnaval e não é nem 8 e nem 9 de fevereiro
d) Hoje é Carnaval e é 8 de fevereiro
e) Hoje é Carnaval e é 8 ou 9 de fevereiro ou hoje não é Carnaval e não é nem 8 e nem 9 de fevereiro

24
Resposta: Letra C. Questão trabalhosa mas possível. c) Se a Lua é um satélite natural, então Saturno tem anéis
Considere p = “Hoje é Carnaval” e q = “É 8 ou 9 de e Se Saturno tem anéis, então a Lua é um satélite na-
fevereiro”. Aplicando a negação da bicondicional, te- tural
mos que: = Hoje é carnaval e não é nem 8 e nem 9 d) Se a Lua não é um satélite natural, então Saturno não
de fevereiro ou é 8 ou 9 de fevereiro e não é carnaval. tem anéis e Se Saturno tem anéis, então a Lua é um
Usando a propriedade comutativa onde podemos in- satélite natural
verter a ordem das proposições, conseguimos montar
a alternativa C. Resposta: Letra C. Aplicando a equivalência material
que transforma a bicondicional em duas condicionais,
5. (ANAC – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – ESAF, 2016). temos que “Se a Lua é um satélite natural, então sa-
A proposição “se o voo está atrasado, então o aeroporto turno tem anéis e se Saturno tem anéis, então a Lua é
está fechado para decolagens” é logicamente equivalen- um satélite natural”.
te à proposição:

a) o voo está atrasado e o aeroporto está fechado para PRINCÍPIOS DE CONTAGEM E PROBABILIDADE
decolagens.
b) o voo não está atrasado e o aeroporto não está fecha-
do para decolagens.
c) o voo está atrasado, se e somente se, o aeroporto está PROBABILIDADE
fechado para decolagens.
d) se o voo não está atrasado, então o aeroporto não No estudo de probabilidades em todos os casos es-
está fechado para decolagens. tudados serão considerados experimentos aleatórios, ou
e) o voo não está atrasado ou o aeroporto está fechado seja, experimentos no qual o resultado não seja conhe-
para decolagens. cido previamente. Diz-se que o resultado é imprevisível.
Há alguns exemplos clássicos como o lançamento de um
Resposta: Letra E. Como a questão envolve condicio- dado (qualquer número pode ser o resultado), retirada
nal, devemos pensar em aplicar a implicação material da carta de um baralho completo, lançamento de uma
ou a transposição. Olhando as alternativas, temos ape- moeda (cara e coroa), entre tantos outros exemplos.
nas uma delas que é condicional, então provavelmen- Para iniciar o estudo de probabilidades é necessário
te será melhor aplicar a implicação material primeiro, definir alguns conceitos fundamentais que serão utiliza-
que gera o seguinte resultado: “O voo não está atra- dos em todos os tópicos desse capítulo. São eles: espaço
sado ou o aeroporto está fechado para decolagens”. amostral e evento.

6. (PMRJ – ADMINISTRADOR – PMRJ, 2016). Uma Espaço amostral


proposição logicamente equivalente a “se eu não posso
pagar um táxi, então vou de ônibus” é a seguinte: O espaço amostral é definido como o conjunto uni-
verso de um experimento aleatório qualquer. Em resu-
a) se eu não vou de ônibus, então posso pagar um táxi mo, é um conjunto que contém todas as possibilidades
b) se eu posso pagar um táxi, então não vou de ônibus de um experimento. Por exemplo, em um lançamento de
c) se eu vou de ônibus, então não posso pagar um táxi uma moeda há duas possibilidades, apenas: cara ou co-
d) se eu não vou de ônibus, então não posso pagar um roa. Portanto, o espaço amostral do lançamento de uma
táxi moeda contém dois elementos (cara e coroa). O espaço
amostral é denotado pela letra S, e o número de elemen-
Resposta: Letra A. Como todas as alternativas são tos por n(S). Assim, nesse caso do lançamento de uma
condicionais, provavelmente o exercício se resolve moeda tem-se que: S={Cara, Coroa} e n(S)=2.
aplicando a transposição. Negando as duas proposi-
Considerando um outro exemplo, o lançamento de
ções e invertendo a ordem, temos que “Se eu não vou
um dado não viciado (ou seja, no lançamento todo nú-
de ônibus, então posso pagar um taxi”. Observe que
mero tem a mesma chance de ser o resultado), o espaço
já temos uma negação na frase original e na hora de
amostral é: S={1, 2, 3, 4, 5, 6} e, portanto, n(S)=6.
negarmos, faremos uma dupla negação, eliminando
os dois “não”.
Evento
7. (PMRJ – ADMINISTRADOR – PMRJ, 2016). A propo-
sição equivalente para “A lua é um satélite natural se e Evento é um subconjunto do espaço amostral, ou
somente se Saturno ter anéis” é: seja, é uma das possibilidades do experimento aleatório.
RACIOCÍNIO LÓGICO

Considere o primeiro exemplo da seção anterior, o lança-


a) Se a Lua é um satélite natural, então Saturno tem anéis mento de uma moeda. Após o lançamento há duas pos-
ou Se Saturno tem anéis, então a Lua é um satélite sibilidades: cara e coroa (espaço amostral). Diz-se, então,
natural que “sair cara” é um evento do experimento aleatório
b) Se a Lua é um satélite natural, então Saturno não tem “lançar uma moeda”. Já no lançamento de um dado, “sair
anéis e Se Saturno não tem anéis, então a Lua é um 3” é um evento desse experimento. Assim como “sair 4”,
satélite natural e todos os outros números.

25
Geralmente, em um exercício de concurso público o Veja um outro exemplo.
objetivo é encontrar a probabilidade da ocorrência de Considere um baralho completo (52 cartas, 13 de
um evento. Se o exercício pede para calcular a proba- cada naipe – paus, espadas, ouros e copas). Desse bara-
bilidade de “sair 5 em um lançamento de um dado”, o lho será sorteada uma carta qualquer. Calcule as seguin-
evento desejado será “sair 5”. tes probabilidades:
O evento é denotado por E e o número de eventos
possíveis é denotado por n(E). Seguindo no exemplo do a) probabilidade da carta sorteada ser o número 6
lançamento de um dado, deseja-se saber a probabilida- Solução:
de de “sair um número par”. Os eventos possíveis são O espaço amostral corresponde a todas as cartas do
E={2, 4, 6} e, portanto, há três possibilidades para esse baralho (não serão todas escritas aqui para não
evento. Logo, n(E)=3. poluir o texto). Ou seja, n(S)=52, que é o total de
cartas do baralho. Já o evento (carta ser igual ao
Probabilidade de um Evento Qualquer número 6), pode ter quatro possibilidades pois em
um baralho completo há 4 cartas de cada número
A probabilidade da ocorrência de um evento qual- ou letra, sendo uma de cada naipe,, n(E)=4. Logo, a
quer representa a chance de ocorrência desse evento. probabilidade pedida é igual a:
Seja um evento E, contido em um espaço amostral S. A
probabilidade de ocorrência de E é definida por: 𝑛 𝐸 4 1
𝑃 𝐸 = = =
𝑛 𝑆 52 13
𝑛 𝐸
𝑃 𝐸 =
𝑛 𝑆 b) a probabilidade da carta sorteada ser uma letra
Solução:
É possível ver a aplicação dessa fórmula em situações No baralho há cartas com números e letras, sendo
simples. Considere o lançamento de um dado não vicia- elas J, Q e K (valete, rainha e rei, respectivamen-
do. Calculam-se as seguintes probabilidades: te). Para cada naipe há três cartas que são letras
e como há quatro naipes no baralho, o total de
a) probabilidade do resultado do lançamento ser cartas que são letras é igual a 4 � 3 = 12 . Assim,
igual a 5 n(E)=12 e a probabilidade pedida é igual a:
b) probabilidade do resultado do lançamento ser um
número ímpar 𝑛 𝐸 12 3
𝑃 𝐸 = = =
Solução: 𝑛 𝑆 52 13
Para ambos os casos, o espaço amostral é S={1, 2, 3,
4, 5, 6} e, consequentemente, n(S)=6. No item a), para Probabilidade de eventos independentes
o evento (resultado do lançamento ser igual a 5) há so-
mente uma possibilidade. Portanto, E={5} e, n(E)=1. As- Eventos são independentes quando a ocorrência de
sim, nesse caso, a probabilidade do resultado do lança- um não interfere na chance do outro ocorrer. Por exem-
mento ser igual a 5 é: plo, ao lançar um dado não viciado duas vezes consecu-
tivas, o resultado do primeiro lançamento não interfere
𝑛 𝐸 1 em nada o resultado do segundo lançamento. Assim,
𝑃 𝐸 = = = 0,166 … = 16,67% dois lançamentos de um mesmo dado são eventos in-
𝑛 𝑆 6 dependentes.
Aqui tem origem o cálculo de probabilidades de
Já no item b), para o evento (resultado do lançamento eventos independentes e a regra para esse cálculo é
ser um número ímpar) há três possibilidades, E={1, 3, 5} conhecida por “regra do produto”. Sejam dois eventos
e, n(E)=3. Assim, nesse caso, a probabilidade do resulta- independentes A e B. A probabilidade da ocorrência de
do do lançamento ser igual a 5 é:
ambos é denotada por 𝑃 𝐴 ∩ 𝐵 = e o𝑃 seu
𝐴 �cálculo
𝑃 𝐵 é dado
por:
𝑛 𝐸 3
𝑃 𝐸 = = = 0,5 = 50%
𝑛 𝑆 6 𝑃 𝐴∩𝐵 = 𝑃 𝐴 �𝑃 𝐵
RACIOCÍNIO LÓGICO

FIQUE ATENTO! FIQUE ATENTO!


A resposta de uma probabilidade pode ser Geralmente utiliza-se essa regra quando no
dada tanto na forma de uma fração ou de enunciado há o conectivo “e”, quando se
uma porcentagem. deseja calcular a probabilidade de que am-
bos os eventos ocorram.

26
A seguir um exemplo. PROBABILIDADE COM UNIÃO E INTERSECÇÃO
Considere um dado não viciado. Qual a probabilidade DE EVENTOS
de que, em dois lançamentos consecutivos, os dois nú-
meros sejam pares? Nesse caso, serão considerados dois eventos e de
um mesmo espaço amostral . É possível que entre es-
Solução ses eventos haja algum elemento em comum ou não. A
O enunciado deseja calcular a probabilidade de que o probabilidade de ocorrer a união desses dois eventos é
primeiro número seja par e o segundo, também (note o calculada por:
destaque no conectivo “e”). Assim, são considerados os
dois eventos: 𝑃 𝐴∪𝐵 = 𝑃 𝐴 + 𝑃 𝐵 −𝑃 𝐴∩𝐵
A: resultado do lançamento ser um número par
B: resultado do lançamento ser um número par
Nesse caso, ambos os eventos são iguais então basta FIQUE ATENTO!
calcular a probabilidade de um deles para utilizar a re- Geralmente utiliza-se essa regra quando no
gra do produto. Vale destacar que não necessariamente enunciado há o conectivo “ou”, quando de-
as probabilidades dos eventos independentes serão as seja-se calcular a probabilidade de ocorra
mesmas, afinal não é sempre que os eventos serão iguais. um evento ou o outro.
Como já visto em exemplos anteriores, o espaço
amostral no lançamento de um dado é S={1, 2, 3, 4 ,5,
6} e n(S)=6. Já para o evento “resultado ser par”, tem-se A seguir um exemplo.
A={2, 4, 6} e, portanto, n(A)=3. Logo, a probabilidade da Considere um baralho completo. Qual é a probabili-
ocorrência do evento A (e consequentemente do even- dade de, ao sortear uma carta, essa carta ser um valete
𝑛 𝐴 3 1 ou um ás?
to B) é igual a: 𝑃 𝐴 = = = . Agora, aplica-se a
𝑛 𝑆 6 2
regra do produto, para calcular a probabilidade de que
ambos os eventos ocorram: Solução:
Os eventos considerados são os seguintes:
1 1 1 A: carta ser um valete
𝑃 𝐴∩𝐵 = 𝑃 𝐴 �𝑃 𝐵 = � = = 0,25 = 25%
2 2 4 B: carta ser um ás

A seguir, um outro exemplo. Nesse caso, os eventos não possuem elementos em


Considere uma urna com 4 bolas verdes e 5 bolas comum pois é impossível que a carta sorteada seja, ao
amarelas. Uma pessoa irá retirar duas bolas dessa urna, mesmo tempo, um valete e um ás. Assim, na fórmula
sem reposição, ou seja, após retirada a bola não retorna apresentada acima, o último termo é nulo, 𝑃 𝐴 ∩ 𝐵 = 0 .
para a urna. Calcule a probabilidade de, em um mesmo Portanto a probabilidade pedida será, simplesmente:
sorteio, ambas as bolas sorteadas serem amarelas.
𝑃 𝐴 ∪ 𝐵 = 𝑃 𝐴 + 𝑃(𝐵)
Solução Em um baralho de 52 cartas (n(S)=52), há 4 valetes
Problemas com sorteio de objetos são comuns. Aqui (n(A)=4) e 4 ases (n(B)=4). Assim, a probabilidade de
é sempre importante saber se há ou não reposição entre cada um dos eventos será igual a:
um sorteio e outro pois isso afeta diretamente o cálcu-
lo. Nesse caso não há reposição e, portanto, o espaço
𝑛 𝐴 4 1 𝑛 𝐵 4 1
amostral muda para cada evento. O exercício deseja sa- 𝑃 𝐴 = = = e𝑃 𝐵 = = =
𝑛 𝑆 52 13 𝑛 𝑆 52 13
ber a probabilidade de que a primeira bola seja amarela
e a segunda, também. Para o primeiro sorteio, há 9 bolas
na urna e, portanto, n(S)=9. O total de bolas amarelas é Portanto, a probabilidade pedida será igual a:
igual a 5. Logo, a probabilidade de, no primeiro sorteio, a
𝑛 𝐴 5 1 1 2
bola sorteada ser amarela é igual a 𝑃 𝐴 = = . Para 𝑃 𝐴∪𝐵 = + =
𝑛 𝑆 9 13 13 13
o segundo sorteio, como não há reposição, há 8 bolas
na urna sendo 4 delas amarelas. Assim, o espaço amos-
tral desse evento é igual a n(S)=8 e o total de possibili- Agora, um outro exemplo.
dades para o evento é igual a n(B)=4. A probabilidade Considere um baralho completo. Qual é a probabili-
de uma bola sorteada no segundo sorteio ser amarela é: dade de, ao sortear uma carta, essa carta ser um rei ou
RACIOCÍNIO LÓGICO

𝑃 𝐵 = ..
4 uma carta de espada?
8
Os eventos considerados são os seguintes:
Assim, a probabilidade de que ambas as bolas sortea- A: carta ser um rei
das sejam amarelas é igual a: B: carta ser de espadas

5 4 20 5 Analogamente ao exemplo anterior, em um baralho


𝑃 𝐴∩𝐵 =𝑃 𝐴 �𝑃 𝐵 = � = = de 52 cartas (n(S)=52), há 4 reis (n(A)=4) e 13 cartas de
9 8 72 18

27
espadas (n(B)=13). Assim, a probabilidade de cada um Sejam os eventos
dos eventos será igual a: A: ter especialização em marketing
B: ter especialização em finanças
𝑛 𝐴 4 1 𝑛 𝐵 13 1
𝑃 𝐴 =𝑛 = 52 = 13 e 𝑃 𝐵 = = 52 = 4
𝑆 𝑛 𝑆 A probabilidade de que um membro possua ambas a
especializações é dada por:
Mas nesse caso, os eventos têm um elemento em co-
mum pois, ao sortear uma carta é possível que ela seja ao 2 1
mesmo tempo um rei de espadas e, portanto, pertence 𝑃 𝐴∩𝐵 = =
20 10
aos dois eventos simultaneamente. Nesse caso, o tercei-
ro termo da expressão para o cálculo da probabilidade
A probabilidade de que ele tenha especialização em
com união de eventos, não é nulo e deve ser calculado.
finanças é igual a
Nesse caso, como há somente um rei de espadas em 52
cartas, a probabilidade da ocorrência simultânea entre os
1
8 2
eventos A e B é igual a 𝑃 𝐴 ∩ 𝐵 = . Assim, a proba- 𝑃 𝐵 = =
52 20 5
bilidade de carta sorteada ser um rei ou uma carta de
espadas é igual a:
Assim, a probabilidade de um membro ter especiali-
1 1 1 16 4 zação em marketing sabendo que ele possui especializa-
𝑃 𝐴∪𝐵 = 𝑃 𝐴 +𝑃 𝐵 −𝑃 𝐴∩𝐵 = + − =
13 4 52 52 13
=
ção em finanças é dada por:

PROBABILIDADE CONDICIONAL 𝑃 𝐴∩𝐵 1⁄10 1 5 5 1


𝑃 𝐴⁄𝐵 = = = � = =
𝑃 𝐵 2⁄5 10 2 20 4
Entende-se por probabilidade condicional a probabi-
lidade da ocorrência de um evento, sabendo-se que um
outro evento dependente já ocorreu. Sejam os eventos
A e B, a probabilidade do evento A ocorrer sabendo-se EXERCÍCIOS COMENTADOS
da ocorrência de B é denotada por P(A|B) e lê-se “proba-
bilidade de A dado B”. O cálculo dessa probabilidade é 1. (AL-RO – ASSISTENTE LEGISLATIVO – FGV, 2018).
dado por: Em uma caixa há 4 cartões amarelos e 6 cartões verme-
𝑃 𝐴∩𝐵 lhos. Foram retirados, aleatoriamente, 2 cartões da caixa.
𝑃 𝐴⁄𝐵 = A probabilidade de os dois cartões retirados serem ver-
𝑃 𝐵
melhos é de

Um problema que envolve o cálculo de uma proba- a) 1/2


bilidade condicional pode ser resolvido com o auxílio do b) 1/3
Diagrama de Venn. A seguir, um exemplo: c) 1/4
Em uma equipe, todos são formados em administra- d) 1/5
ção, porém cada um tem uma especialização diferente. e) 1/6
Dos 20 membros da equipe, 12 possuem especialização
em marketing, 8 possuem especialização em finanças e 2 Resposta: Letra B. Os sorteios, de cada um dos car-
possuem ambas as especializações. Calcule a probabili- tões, são eventos independentes. Como não haverá
dade de um membro da equipe que possui a especializa- reposição, após o sorteio do primeiro cartão vermelho
ção em finanças também possuir em marketing. restarão 5 cartões na caixa. A probabilidade pedida é
igual a 𝑃 = 6 � 5 = 30 = 1.
10 9 90 3
Solução:
É um problema de probabilidade condicional pois de-
2. (UPE – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – IAUPE,
seja-se saber a probabilidade de um membro da equipe
2017). Uma loja pretende dar um brinde aos dois primei-
possuir a especialização em marketing sabendo que ele
ros clientes do dia. Qual a probabilidade de esses clientes
possui especialização em finanças. Para auxiliar, monta-
serem do mesmo sexo?
-se o diagrama de Venn do problema:
a) 25%
RACIOCÍNIO LÓGICO

b) 5%
c) 100%
d) 20%
e) 50%

Resposta: Letra E. Há duas possibilidades nesse caso:


ou ambas as clientes são mulheres ou ambos são

28
homens. A probabilidade de um cliente ser homem 150 3
ou mulher é de 50%, ou .Assim, a probabilidade de da é, então igual a: 𝑃 = 650 = 13. .
1 1 1
ambas serem mulheres é 𝑃 = 2 � 2 = 4 , que é a mes-
ma probabilidade de ambos serem homens. Como
não é possível que um cliente seja homem e mulher
ao mesmo tempo, a probabilidade pedida é igual a OPERAÇÕES COM CONJUNTOS
𝑃 = 𝑃 ℎ𝑜𝑚𝑒𝑛𝑠 + 𝑃 𝑚𝑢𝑙ℎ𝑒𝑟𝑒𝑠 .→ 𝑃 = + = = → 𝑃 = 0,5 = 50%.
1 1 2 1
4 4 4 2
1 1 2 1
𝑃 𝑚𝑢𝑙ℎ𝑒𝑟𝑒𝑠 → 𝑃 = + = = → 𝑃 = 0,5 = 50%.
4 4 4 2 TEORIA DOS CONJUNTOS
3. (CÂMARA DE CURRAIS NOVOS – AGENTE – COM- Conceitos Básicos
PERVE, 2017). Em uma pesquisa realizada com 1.100
moradores da cidade de Currais Novos, identificou-se
Conjuntos: Não existe uma definição de conjunto
que 650 consomem queijo manteiga e 600 consomem
pois trata-se de um conceito primitivo. Um cacho de ba-
queijo coalho. Sabendo que nesse grupo de moradores
nanas, um cardume de peixes, uma porção de livros, uma
existem aqueles que consomem os dois tipos de quei-
coleção de objetos ou equipes são todos exemplos de
jos e que todos os pesquisados consomem pelo menos
um dos tipos, ao se escolher aleatoriamente um morador conjuntos.
que gosta de queijo manteiga, a probabilidade de que
ele também consuma queijo coalho é de Elemento: É todo componente de um conjunto. Em
um cacho de bananas (conjunto), um elemento é uma
a) 3/22 banana, por exemplo. Convém frisar que um conjunto
b) 3/13 pode ele mesmo ser elemento de algum outro conjunto
c) 3/10
d) 3/25 Tipos de Conjuntos

Resposta: Letra B. Trata-se de um problema de pro- Finito: É todo conjunto que possui um número finito
babilidade condicional pois deseja-se saber a proba- de elementos. Por exemplo, o conjunto dos números na-
bilidade de um morador consumir queijo de coalho turais pares e menores do que 10. Esse conjunto é dado
sabendo-se que ele gosta de queijo manteiga. O por: e possui 4 elementos.
diagrama de Venn do problema é o seguinte (não é
conhecida a quantidade de moradores que consome Infinito: É todo conjunto que possui infinitos ele-
ambos os queijos): mentos. Por exemplo, o conjunto dos números naturais
pares. Esse conjunto é dado por: {2,4,6,8,10,12,…} e pos-
sui infinitos elementos.

Unitário: É todo conjunto que possui um único ele-


mento. Por exemplo, o conjunto dos números naturais
pares e menores do que 4. Esse conjunto é dado por {2}
e possui um único elemento.

Vazio: É todo conjunto que não possui elementos.


Como há 1100 moradores: Por exemplo, o conjunto dos números naturais ímpares
e menores do que 1. Como não existe nenhum número
650 − 𝑥 + 𝑥 + 600 − 𝑥 = 1100 → 1250 − 𝑥 = 1100 →natural
𝑥 = 150ímpar menor do que 1, esse conjunto é vazio. A
representação de um conjunto vazio pode ser feita de
− 𝑥 = 1100 → 1250 − 𝑥 = 1100 → 𝑥 = 150 duas formas: ∅ ou { }.
Atualizando o diagrama de Venn:
Representação de Conjuntos

Os conjuntos podem ser representados de três for-


mas diferentes:

Extensão: Nessa forma, o conjunto é nomeado por


RACIOCÍNIO LÓGICO

uma letra maiúscula e os elementos são escritos entre


chaves. Por exemplo: A={1,3,5,7,9}.

Graficamente: Os conjuntos são representados por


Assim, considerando os 650 moradores que conso- formas geométricas onde os elementos são escritos no
mem queijo manteiga, desses 650, nota-se que 150 tam- seu interior.
bém consomem queijo de coalho. A probabilidade pedi-

29
Portanto A ≠ B significa que A é diferente de B. Por-
tanto A ≠ B se, e somente se, A não é subconjunto de B
ou B não é subconjunto de A.
Simbolicamente: A ≠ B ⇔ A ⊄ B ou B ⊄ A

Operações
Compreensão: aqui é indicada uma caracte-
rística comum a todos os elementos. Por exemplo: União de conjuntos
B = x x é natural e par}.. (Lê-se x, tal que x é par). Ou
seja, o conjunto B possui elementos (representados por A união (ou reunião) dos conjuntos A e B é o conjunto
x) que são números naturais pares. formado por todos os elementos que pertencem a A ou a
B. Representa-se por A ∪ B
Relações Simbolicamente:

Pertinência: expressa a relação entre ELEMENTO e


CONJUNTO. É representada pelos símbolos (pertence)
ou (não pertence)

Se x é um elemento de um conjunto A, escrevemos A


Lê-se: x é elemento de A ou x pertence a A.

Se x não é um elemento de um conjunto A, escreve-


remos x A
Lê-se x não é elemento de A ou x não pertence a A.

Continência: expressa a relação entre CONJUNTOS.


Aqui nasce o conceito de subconjunto.
Exs:
Subconjunto {2,3}∪{4,5,6}={2,3,4,5,6}
{2,3,4}∪{3,4,5}={2,3,4,5}
Sejam A e B dois conjuntos. Se todo elemento de A é {2,3}∪{1,2,3,4}={1,2,3,4}
também elemento de B, dizemos que A é um subconjun- {a,b}∪∅={a,b}
to de B ou A é a parte de B ou, ainda, A está contido em
B e indicamos por A ⊂ B. Intersecção de conjuntos
Simbolicamente: AB ⇔ ()( ∈ A ⇒ ∈ B) (= para todo)
A intersecção dos conjuntos A e B é o conjunto for-
mado por todos os elementos que pertencem, simulta-
Portanto, A ⊄ B significa que A não é um subconjunto neamente, a A e a B.
de B ou A não é parte de B ou, ainda, A não está contido Representa-se por A ∩ B .
em B. Simbolicamente:
Por outro lado, A ⊄ B se, e somente se, existe, pelo
menos, um elemento de A que não é elemento de B.
Simbolicamente: A ⊄ B ⇔ ()( ∈ A e ∉ B) (=existe)

Ex:
{2,4} ⊂ {2,3,4}, pois 2 ∈ {2,3,4} e 4 ∈ {2,3,4}
{2,3,4} ⊄ {2,4}, pois 3 ∉ {2,4}
{5,6} ⊂ {5,6}, pois 5 ∈ {5,6} e 6 ∈ {5,6}

Igualdade entre Conjuntos

Sejam A e B dois conjuntos. Dizemos que A é igual a B


e indicamos por A = B se, e somente se, A é subconjunto Exemplos
RACIOCÍNIO LÓGICO

de B e B é também subconjunto de A. {2,3,4}∩{3,5}={3}


Simbolicamente: A = B ⇔ A ⊂ B e B ⊂ A {1,2,3}∩{2,3,4}={2,3}
Demonstrar que dois conjuntos A e B são iguais equi- {2,3}∩{1,2,3,5}={2,3}
vale, segundo a definição, a demonstrar que A ⊂ B e B {2,4}∩{3,5,7}=∅
⊂ A.
Segue da definição que dois conjuntos são iguais se, Observação: Se A ∩ B = ∅ , dizemos que A e B são
e somente se, possuem os mesmos elementos. conjuntos disjuntos.

30
NÚMERO DE ELEMENTOS DA UNIÃO E DA IN-
TERSECÇÃO DE CONJUNTOS

Dados dois conjuntos A e B, como vemos na figura


abaixo, podemos estabelecer uma relação entre os res-
pectivos números de elementos.

Diferença

A diferença entre os conjuntos A e B é o conjunto


formado por todos os elementos que pertencem a A e
não pertencem a B.
Representa-se por A - B.

Simbolicamente:
n(A∪B)=n(A)+n(B)-n(A∩B)

Note que ao subtrairmos os elementos comuns evi-


tamos que eles sejam contados duas vezes.

FIQUE ATENTO!
Se os conjuntos A e B forem disjuntos ou se
mesmo um deles estiver contido no outro,
ainda assim a relação dada será verdadeira.

Se, o conjunto é também chamado de conjunto com-


plementar de B em relação a A, representado por . #FicaDica
Simbolicamente:
Podemos ampliar a relação do número de
Exs: elementos para três ou mais conjuntos com
a mesma eficiência.
A = {0,1,2,3} e B = {0,2}
A – B = {1,3}, C_A B={1,3} e C_B A = B – A =∅
Veja o exemplo abaixo:
A = {1,2,3} e B = {2,3,4}
A – B = {1}

A = {0,2,4} e B = {1 ,3 ,5}
A – B = {0,2,4}

NÚMERO DE ELEMENTOS DE UM CONJUNTO

Sendo X um conjunto com um número finito de ele-


mentos, representa-se por o número de elementos de .
Sendo, ainda, e dois conjuntos quaisquer, com número
finito de elementos temos:

n(A∪B)=n(A)+n(B)-n(A∩B)
n(A∪B∪C)=n(A)+n(B)+n(C)-n(A∩B)-
Se A∩B=∅→ n(A∪B)=n(A)+n(B) -n(A∩C)-n(B∩C)+n(A∩B∩C)
RACIOCÍNIO LÓGICO

n(A -B)=n(A)-n(A∩B)

B A n(A-B)=n(A)-n(B)

31
100% + d = 135%
d = 35% → Pessoas que gostam ao mesmo tempo de
EXERCÍCIOS COMENTADOS chocolate, batata frita e pizza.
Substituindo o valor de d na primeira equação, temos:
1. (UFMG) Uma escola realizou uma pesquisa sobre v + d = 60%
os hábitos alimentares de seus alunos. Alguns resultados v + 35% = 60%
dessa pesquisa foram: v = 25% → Pessoas que gostam de chocolate e pizza.

82% do total de entrevistados gostam de chocolate; 2. (UFPA) Um professor de Matemática, ao lecionar Teo-
78% do total de entrevistados gostam de pizza; e ria dos Conjuntos em uma certa turma, realizou uma pes-
75% do total de entrevistados gostam de batata frita. quisa sobre as preferências clubísticas de seus n alunos,
tendo chegado ao seguinte resultado:
Então, é CORRETO afirmar que, no total de alunos en-
trevistados, a porcentagem dos que gostam, ao mesmo 23 alunos torcem pelo Paysandu Sport Club;
tempo, de chocolate, de pizza e de batata frita é, pelo 23 alunos torcem pelo Clube do Remo;
menos, de: 15 alunos torcem pelo Clube de Regatas Vasco da
Gama;
a) 25%. 6 alunos torcem pelo Paysandu e pelo Vasco;
b) 30%. 5 alunos torcem pelo Vasco e pelo Remo.
c) 35%.
d) 40%. Se designarmos por A o conjunto dos torcedores do
Paysandu, por B o conjunto dos torcedores do Remo e
Resposta: Letra C. Inicialmente devemos nomear as por C o conjunto dos torcedores do Vasco, todos da refe-
incógnitas da equação da questão: rida turma, teremos, evidentemente, A ∩ B = Ø. Concluí-
x = pessoas que gostam de pizza. mos que o número n de alunos dessa turma é
y = pessoas que gostam de chocolate.
z = pessoas que gostam de batata frita. a) 49.
w = pessoas que gostam de chocolate e batata frita. b) 50.
s = pessoas que gostam de batata frita e pizza. c) 47.
v = pessoas que gostam de chocolate e pizza. d) 45.
d = pessoas que gostam ao mesmo tempo de choco- d) 46.
late, pizza e batata frita.
Agora que já sabemos quais são as incógnitas, vamos Resposta: Letra B. Para resolver essa questão, deve-
escrever as equações: mos desenhar os diagramas de todos os conjuntos
Gostam de chocolate: Selecionaremos todas as variá- descritos no enunciado, destacando a sua intersecção.
veis que possuem chocolate:
y + w + v + d = 82%
Gostam de pizza: Selecionaremos todas as variáveis
que possuem pizza:
x + s + v + d = 78%
Gostam de batata frita: Selecionaremos todas as vari-
áveis que possuem batata frita:
z + d + s + w = 75%
Agora vamos realizar a soma das equações das pes-
soas que gostam de chocolate com as pessoas que
gostam de pizza:
y + w + v + d + x + s + v + d = 82% + 78%
y + w + v + d + x + s + ( v + d ) = 160% → Veja que y Efetuando a adição, temos que: 17 + 18 + 5 + 6 + 4
+ w + v + d + x + s = 100% de pessoas. = 50
100% + v + d = 160% O número n de alunos dessa turma é 50.
v + d = 160% - 100%
v + d = 60%
Some as equações gerais com a equação referente às RACIOCÍNIO LÓGICO ENVOLVENDO PROBLE-
pessoas que gostam de batata frita (v + d = 60%): MAS ARITMÉTICOS, GEOMÉTRICOS E MATRI-
z + d + s + w + v + d = 75% + 60% CIAIS
RACIOCÍNIO LÓGICO

z + d + s + w + v + (d) = 135% → Observe que z + d


+ s + w + v = 100%.
100% + d = 135. IMPLICAÇÃO LÓGICA
Obtemos, então, o sistema:
v + d = 60% → Primeira equação Os problemas de implicação lógica são muito seme-
100% + d = 135% → Segunda equação lhantes à estrutura apresentada no capítulo de lógica
Resolvendo a segunda equação, obtemos: da argumentação. Eles são constituídos de proposições,

32
simples ou compostas, que irão levar a uma conclusão,
que nesse caso, será válida uma vez que foi deduzida a de C, que na hipótese entra como FALSO, pois Caio é
partir das hipóteses. inocente. Como se trata de um operador condicional, o
A estratégia de resolução, portanto, será a mesma único caso onde a proposição é VERDADEIRA com a se-
utilizada na lógica da argumentação, com algumas alte- gunda proposição simples FALSA é quando a primeira
rações. São dois tipos de problemas que serão apresen- também é FALSA, logo Beto não é inocente: B=F.
tados a seguir: Por fim, a primeira hipótese, “André é inocente ou
Beto é inocente” é uma disjunção e como Beto não é
Implicação Lógica tipo I – Premissas Verdadeiras inocente, para que a proposição composta seja VERDA-
DEIRA, temos que André é inocente, logo: A=V.
O primeiro tipo de implicação lógica adota a mes- Com os valores lógicos, testam-se as alternativas:
ma resolução que o método de premissas verdadeiras
da lógica da argumentação. Consideram-se todas as pre- a) Caio e Beto são inocentes – Errado, Beto é culpado.
missas verdadeiras para se conseguir atribuir os valores b) André e Caio são inocentes – Certo, ambos são ino-
lógicos das proposições simples. Com esses valores de- centes.
finidos, testam-se as alternativas, procurando a resposta c) André e Beto são inocentes – Errado, Beto é cul-
correta. pado.
Vale lembrar que no caso de problemas de premissas d) Caio e Dênis são culpados – Errado, Caio é inocente
verdadeiras é necessário que tenhamos nas hipóteses ao e) André e Dênis são culpados – Errado, André é ino-
cente.
menos 1 proposição simples ou uma conjunção (opera-
Assim a alternativa correta é a B.
dor “e”) para iniciarmos o problema. Sem essa condição,
os problemas serão do tipo II que serão apresentados na
Para o leitor ter um segundo exemplo mais detalha-
sequência.
do, observe este agora, também da banca Esaf:
Vamos iniciar com um exemplo, que foi cobrado em
Ex. Se a professora de Matemática foi a reunião, nem a
um concurso de fiscal, pela banca ESAF, em 2013:
professora de Inglês nem a professora de Francês deram
Ex. André é inocente ou Beto é inocente. Se Beto é
aula. Se a professora de Francês não deu aula, a professora
inocente, então Caio é culpado. Caio é inocente, se e so-
de Português foi a reunião. Se a professora de Português
mente se, Dênis é culpado. Ora, Dênis é culpado, Logo:
foi a reunião, todos os problemas foram resolvidos. Ora,
a) Caio e Beto são inocentes pelo menos um problema não foi resolvido. Logo:
b) André e Caio são inocentes
c) André e Beto são inocentes a) a professora de Matemática não foi a reunião e a
d) Caio e Dênis são culpados professora de Francês não deu aula
e) André e Dênis são culpados b) a professora de Matemática e a professora de Por-
tuguês não foram à reunião
Diferente de um exercício comentado, este nós iremos c) a professora de Francês não deu aula e a professora
de Português não foi à reunião
destrinchar em todos os detalhes, para que o leitor consiga
d) a professora de Francês não deu aula ou a profes-
fazer os próximos a partir do raciocínio proposto aqui.
sora de Português foi à reunião
Iniciando, temos 4 proposições onde é pedido uma
e) a professora de Inglês e a professora de Francês
conclusão. Reparem que a última delas, “Dênis é culpa- não deram aula.
do”, é uma proposição simples, portanto, podemos ado-
tar o método de premissas verdadeiras para obter os va- Novamente é um problema de Implicação Lógica
lores lógicos desejados. Tipo I, pois temos uma proposição simples envolvida:
Considerando as proposições simples A: André é ino- “Um problema não foi resolvido”. Nomeando as propo-
cente, B: Beto é inocente, C: Caio é inocente e D: Dênis é sições, temos que:
inocente, vamos começar a atribuir os valores lógicos em M : A professora de Matemática foi a reunião.
cada uma delas. I: A professora de Inglês deu aula.
Pelo método, iniciamos justamente pela proposição F: A professora de Francês deu aula.
simples, ou seja, “Dênis é culpado”. Se ela é considera- P: A professora de Português foi a reunião.
da VERDADEIRA, então temos que Dênis não é inocente, R: Todos os problemas foram resolvidos.
logo: D=F.
Com o valor lógico de D, parte-se para a terceira hi- Com a nomenclatura, podemos transformar as hipó-
pótese, que é “Caio é inocente, se e somente se, Dênis é teses em operações lógicas, desta maneira:
RACIOCÍNIO LÓGICO

culpado”. Como Dênis é culpado e no operador bicon- “Se a professora de Matemática foi a reunião, nem a
dicional temos que ter os dois valores lógicos das pro- professora de Inglês nem a professora de Francês deram
posições simples iguais para ter a proposição composta aula” = 𝑀 → (~𝐼 ∧ ~𝐹)
VERDADEIRA, temos que Caio é inocente, logo: C=V. “Se a professora de Francês não deu aula, a professo-
ra de Português foi a reunião” = (~𝐹) → 𝑃
Partindo agora para a segunda hipótese, “Se Beto é
“Se a professora de Português foi a reunião, todos os
inocente, então Caio é culpado”, temos o valor lógico
problemas foram resolvidos” = 𝑃 → 𝑅

33
“Um problema não foi resolvido” = ~𝑅 bebo. Logo:
a) não durmo, estou furioso e não bebo.
Como todas as premissas são VERDADEIRAS, vamos b) durmo, estou furioso e não bebo.
novamente partir da proposição simples, que nos dará c) não durmo, estou furioso e bebo.
que 𝑅 = 𝐹 . d) não durmo, não estou furioso e não bebo.
Com essa informação, para que a terceira hipótese, e) não durmo, não estou furioso e bebo.
que é uma condicional, seja VERDADEIRA, temos que ter
𝑃 = 𝐹: Como se pode observar, não há proposições simples
Analogamente, a segunda hipótese segue o mesmo ou conjunções. Assim, é um problema de implicação ló-
raciocínio, com ~𝐹 = 𝐹 ou seja: 𝐹 = 𝑉 . gica tipo II. São três proposições simples, “Eu durmo”, “Eu
Já a primeira hipótese, temos que ~𝐹 = 𝐹 , ou seja, estou furioso” e “Eu bebo”, que chamaremos de P,Q e R.
a conjunção entre parênteses será FALSA, independente Assim, traduzindo as hipóteses para a linguagem lógica:
do valor lógico de I. Para a hipótese ser VERDADEIRA, Se não durmo, bebo = (~𝑃) → 𝑅
temos que ter: 𝑀 = 𝐹 . Se estou furioso, durmo = 𝑄 → 𝑃
Este problema é interessante, pois não conseguimos Se durmo, não estou furioso = 𝑃 → (~𝑄)
atribuir um valor lógico para I e isto não é nenhum con- Se não estou furioso, não bebo = (~𝑄) → (~𝑅)
tratempo, basta utilizar essa informação para testar as
alternativas: Agora, temos que escolher uma proposição para atri-
a) a professora de Matemática não foi a reunião e a buirmos um valor lógico. Pode ser qualquer uma das três
professora de Francês não deu aula mas para o método ficar mais eficiente, busca-se aquela
Errado, a professora de Francês deu aula. que aparece mais vezes nas hipóteses, pois ficará mais
fácil para provar a contradição. Neste caso, tanto P quan-
b) a professora de Matemática e a professora de Por- to Q aparecem 4 vezes e R aparece 2 vezes. Vamos es-
tuguês não foram à reunião colher então P e atribuiremos a ela o valor VERDADEIRO.
Correto, ambas não foram a reunião. Considerando P=V, observam-se as hipóteses:
A primeira hipótese mostra que se P=V, temos
c) a professora de Francês não deu aula e a professora ~𝑃 = 𝐹 . Assim o valor de R fica indefinido neste caso.
de Português não foi à reunião Na segunda hipótese, considerando P=V, também te-
Errado, a professora de Francês deu aula. remos indefinição sobre o valor lógico de Q.
Na terceira hipótese, se P=V, necessariamente deve-
d) a professora de Francês não deu aula ou a profes- remos ter ~𝑄 = 𝑉 para a condicional ser VERDADEIRA,
sora de Português foi à reunião logo Q=F.
Errado, a professora de Francês deu aula. Já a quarta hipótese, com os valor lógico de Q, chega-
-se a conclusão que ~𝑅 = 𝑉 , ou seja R=F.
e) a professora de Inglês e a professora de Francês
não deram aula. Observe que todos os casos atenderam as premis-
Errado, a professora de Francês deu aula e não se sas verdadeiras, ou seja, são os valores lógicos corretos.
pode afirmar sobre a professora de Inglês. Obviamente foi um golpe de sorte já acertarmos o va-
lor lógico de P e para se ter uma ideia como funcionaria
Implicação Lógica tipo II a contradição, vamos agora testar como se tivéssemos
atribuído o valor FALSO a P.
O segundo caso de problemas de implicação lógica é Considerando P=F, observam-se as hipóteses:
justamente aqueles que não compõem o primeiro tipo, A primeira hipótese mostra que se P=F, temos
ou seja, nas hipóteses não há proposições simples e nem ~𝑃 = 𝑉 . Assim o valor de R deverá ser VERDADEIRO
conjunções de onde parte-se a resolução. para a condicional ser VERDADEIRA.
São duas estratégias possíveis. A primeira será utili- Na segunda hipótese, considerando P=F, temos que
zar a contradição como ferramenta, ou seja, provar que ter o valor lógico de Q também FALSO para a condicional
uma determinada proposição simples não pode ser VER- ser VERDADEIRA.
DADEIRA ou FALSA ao mesmo tempo. Para isso, man- Na terceira hipótese, se P=F, Q poderia ser qualquer
tém-se a ideia de premissas verdadeiras, adicionando a valor, mas como já definimos que Q é FALSO, a premissa
atribuição de um valor lógico (VERDADEIRO ou FALSO) a está correta.
uma das proposições simples. Com este valor definido,
analisam-se as proposições e verifica-se se alguma delas Finalmente na quarta hipótese, como Q=F e R=V,
RACIOCÍNIO LÓGICO

atribuirá valores diferentes a uma mesma proposição. Se temos que ~𝑄 → ~𝑅 = 𝑉 → 𝐹 = 𝐹 , ou seja, com esses
isso ocorrer, prova-se que o valor lógico atribuído ini- valores lógicos, a quarta hipótese falha e não será VER-
cialmente está errado e portanto, o valor correto é seu DADEIRA. Com isso, prova-se a contradição mostrando
oposto. Para o método ficar mais claro, observe o exem- que o valor lógico de P não pode ser FALSO e sim VER-
plo a seguir: DADEIRO.
Ex. Se não durmo, bebo. Se estou furioso, durmo. Mostrada a solução pelo método da contradição, va-
Se durmo, não estou furioso. Se não estou furioso, não mos apresentar a segunda estratégia agora, que é a mais

34
clássica e mais popular entre os estudantes de raciocínio lógico: A Tabela-Verdade. Recordando o capítulo de lógica da
argumentação, praticamente todos os problemas deste tipo podem ser solucionados com a Tabela-Verdade e neste
caso não seria diferente. Mantendo a mesma nomenclatura das proposições e usando as expressões lógicas já feitas,
montamos a seguinte tabela:

P Q R (~𝑷) → 𝑹 𝑸→𝑷 𝑷 → (~𝑸) ~𝑸) → (~𝑹

V V V
V V F
V F V
V F F
F V V
F V F
F F V
F F F

Agora basta preencher as colunas das hipóteses com os valores lógicos de cada linha, resultando em:

P Q R (~𝑷) → 𝑹 𝑸→𝑷 𝑷 → (~𝑸) ~𝑸) → (~𝑹

V V V V V F V
V V F V V F V
V F V V V V F
V F F V V V V
F V V V F V V
F V F F F V V
F F V V V V F
F F F F V V V

Se você observar, apenas uma linha terá as 4 hipóteses VERDADEIRAS, que neste caso, é a quarta linha. Assim, os
valores lógicos de P,Q e R respectivamente são VERDADEIRO, FALSO e FALSO como encontrado no primeiro método.

Com os valores obtidos, testam-se as alternativas:

a) não durmo, estou furioso e não bebo.


Errado, pois “Eu estou furioso é FALSO” e “Eu não durmo” é FALSO.

b) durmo, estou furioso e não bebo.


Errado, pois “Eu estou furioso é FALSO”.

c) não durmo, estou furioso e bebo.


Errado, pois “Eu estou furioso é FALSO”, “Eu não durmo” é FALSO e “Eu bebo” é FALSO.

d) durmo, não estou furioso e não bebo.


Certo, pois “Eu durmo” é VERDADEIRO, “Eu não estou furioso” é VERDADEIRO e “Eu não bebo” é VERDADEIRO.

e) não durmo, não estou furioso e bebo.


Errado, “Eu não durmo” é FALSO e “Eu bebo” é FALSO.
RACIOCÍNIO LÓGICO

Assim, a alternativa correta é a D.

ASSOCIAÇÃO LÓGICA

Os problemas de associação lógica, por mais que se tenha uma definição formal deles, são problemas considerados
educativos, ou na melhor das palavras, lúdicos. São os famosos desafios que você recebe pela internet, ou quando

35
compra uma revistinha de passatempos.
A palavra associação vem justamente da estratégia que será utilizada. Os problemas terão diversas categorias como,
por exemplo, nomes de pessoas, cores, veículos e cidades, e a ideia será associar um membro de cada categoria com
um membro das outras, neste caso, um nome de pessoa, com uma cor, um veículo e uma cidade.
Como no caso de problemas de implicação lógica, não há um desenvolvimento de teoria neste tipo de problema,
pois o aprendizado se dá por exemplos e organização dos dados. O que vocês irão observar é que os enunciados irão
descrever o problema e passar as dicas que serão as informações para se obter a solução. Observe os exemplos a seguir.
Ex. Vamos utilizar outro exemplo da banca ESAF, pois ela é especialista neste tipo de abordagem: “Os carros de
Artur, Bernardo e César são, não necessariamente nesta ordem, uma Brasília, uma Parati e um Santana. Um dos carros
é cinza, um outro é verde e o outro é azul. O carro de Artur é cinza, o carro de César é o Santana; o carro de Bernardo
não é verde e não é a Brasília. As cores da Brasília, da Parati e do Santana são, respectivamente:
a) cinza, verde e azul
b) azul, cinza e verde
c) azul, verde e cinza
d) cinza, azul e verde
e) verde, azul e cinza

Como descrevemos na introdução da seção, os problemas lógicos terão várias categorias que devem ter um mem-
bro de cada uma delas associada a um membro das outras. Neste caso, temos 3 categorias: nome, carro e cor. Ou seja,
uma pessoa tem um carro com uma determinada cor e o objetivo é saber justamente como é cada caso.
Para fazer isso, vamos novamente recorrer ao uso das tabelas, mas neste caso, não é a tabela-verdade, sendo ape-
nas uma tabela de organização. A tabela é montada a partir de uma das categorias e a partir dela vamos associando as
outras. Neste tipo de exemplo, normalmente utilizam-se as pessoas como referências e assim o faremos. Montando a
tabela, ficamos com a seguinte divisão:

Carro Cor do Carro


Nomes Brasília Parati Santana cinza verde azul
Artur
Bernardo
César

Com essa tabela, conseguimos associar uma pessoa a uma categoria, usando as dicas presentes no enunciado.
Começando com a primeira, o enunciado fala que o carro de Artur é cinza, ou seja, podemos marcar um “X”, na linha
correspondente a Artur, a cor cinza:

Carro Cor do Carro


Nomes Brasília Parati Santana cinza verde azul
Artur X
Bernardo
César

Com essa informação, conseguimos eliminar algumas possibilidades, como por exemplo, o fato de Bernardo e César
não terem carros cinza e Artur não ter carro nem verde e nem azul, assim:

Carro Cor do Carro


Nomes Brasília Parati Santana cinza verde azul
Artur X - -
RACIOCÍNIO LÓGICO

Bernardo -
César -

A segunda dica nos fala que “O carro de César é o Santana”, preenchendo a tabela, já colocando as eliminações:

36
Carro Cor do Carro
Nomes Brasília Parati Santana cinza verde azul
Artur - X - -
Bernardo - -
César - - X -

A terceira dica nos diz que “O carro de Bernardo não é verde e não é a Brasília”, assim, temos apenas eliminações
para fazer:

Carro Cor do Carro


Nomes Brasília Parati Santana cinza verde azul
Artur - X - -
Bernardo - - - -
César - - X -

Com as dicas postas, podemos tirar algumas conclusões. A primeira delas é que se a Brasília não é de Bernardo e
não é de César, ela será necessariamente de Artur:

Carro Cor do Carro


Nomes Brasília Parati Santana cinza verde azul
Artur X - X - -
Bernardo - - - -
César - - X -

Como Artur tem a Brasília, não terá a Parati, que sobra para Bernardo:

Carro Cor do Carro


Nomes Brasília Parati Santana cinza verde azul
Artur X - - X - -
Bernardo - X - - -
César - - X -

Analogamente, como o carro de Artur e de Bernardo não é verde, sobra essa cor para César e por eliminação, sobra
a cor azul para Bernardo:

Carro Cor do Carro


Nomes Brasília Parati Santana cinza verde azul
Artur X - - X - -
Bernardo - X - - - X
César - - X - X -

Assim, Artur tem uma Brasília cinza, Bernardo tem uma Parati azul e César tem um Santana Verde. Logo, a alternativa
correta é a D.
Vamos agora trocar um pouco de banca, e vamos usar um exemplo da FCC, com uma tabela maior.
RACIOCÍNIO LÓGICO

Ex. Cinco amigos, que estudaram juntos no colégio estão reunidos num jantar. São eles: Almir, Branco, Caio, Danilo
e Edílson. Atualmente eles moram nas cidades de Atibaia, Batatais, Catanduva, Dracena e Embu, onde exercem as se-
guintes profissões: advogado, bibliotecário, contabilista, dentista e engenheiro. Considere que:
I. Nenhum deles vive na cidade que tem a mesma letra inicial de seu nome, nem o nome de sua ocupação tem a
mesma inicial de seu nem da cidade em que vive
II. Almir não reside em Batatais e Edílson, que não é bibliotecário e nem dentista, tampouco ai vive.
III. Branco, que não é contabilista e nem dentista, não mora em Catanduva e nem em Dracena.

37
IV. Danilo vive em Embu, não é bibliotecário e nem advogado.
V. O bibliotecário não mora em Catanduva.
Nessas condições, é verdade que:

a) Almir é contabilista e reside em Dracena


b) Branco é advogado e reside em Atibaia
c) Caio é dentista e reside em Catanduva
d) Danilo é dentista e reside em Embu
e) Edílson é advogado e reside em Catanduva

Bom, temos muitas dicas e 3 categorias com 5 membros cada. A tabela ficará grande, mas é possível organizá-la
abreviando os nomes:

Cidade Profissão
Nomes At. Bat. Cat. Dra. Emb. Adv. Bibl. Cont. Dent. Eng.
Almir
Branco
Caio
Danilo
Edílson

Iniciando a primeira dica, temos que ninguém vive na cidade que começa com a letra do seu nome, assim faremos
uma eliminação em diagonal:

Cidade Profissão
Nomes At. Bat. Cat. Dra. Emb. Adv. Bibl. Cont. Dent. Eng.
Almir -
Branco -
Caio -
Danilo -
Edílson -

A segunda parte da primeira dica fala que a profissão da pessoa também não se inicia com a letra do nome e tam-
bém com a letra da cidade, logo teremos uma eliminação em diagonal também na parte de profissão:

Cidade Profissão
Nomes At. Bat. Cat. Dra. Emb. Adv. Bibl. Cont. Dent. Eng.
Almir - -
Branco - -
Caio - -
Danilo - -
Edílson - -

Ainda falta a parte que o nome da cidade e da profissão não são os mesmos, mas não temos colocar isso na tabela
agora pois faltam informações. Deve-se lembrar de usar ao longo da resolução.
A segunda dica elimina informações sobre Almir e Edilson:

Cidade Profissão
Nomes At. Bat. Cat. Dra. Emb. Adv. Bibl. Cont. Dent. Eng.
Almir - - -
RACIOCÍNIO LÓGICO

Branco - -
Caio - -
Danilo - -
Edílson - - - - -

38
Usamos todas as informações da dica. A terceira fala sobre Branco:

Cidade Profissão
Nomes At. Bat. Cat. Dra. Emb. Adv. Bibl. Cont. Dent. Eng.
Almir - - -
Branco - - - - - -
Caio - -
Danilo - -
Edílson - - - - -

Também usamos todas as informações da dica. A quarta fala sobre Danilo;

Cidade Profissão
Nomes At. Bat. Cat. Dra. Emb. Adv. Bibl. Cont. Dent. Eng.
Almir - - -
Branco - - - - - -
Caio - -
Danilo - X - - -
Edílson - - - - -

Para completar a quarta dica, vamos preencher as eliminações da informação de que Danilo vive em Embu.

Cidade Profissão
Nomes At. Bat. Cat. Dra. Emb. Adv. Bibl. Cont. Dent. Eng.
Almir - - - -
Branco - - - - - - -
Caio - - -
Danilo - - - - X - - -
Edílson - - - - -

Além das informações da cidade, há uma outra eliminação que podemos fazer. Como descobrimos a cidade de
Danilo, sabemos que sua profissão não pode começar com a inicial do seu nome nem do nome da cidade. Como ele
vive em Embu, ele não pode ser engenheiro:

Cidade Profissão
Nomes At. Bat. Cat. Dra. Emb. Adv. Bibl. Cont. Dent. Eng.
Almir - - - -
Branco - - - - - - -
Caio - - -
Danilo - - - - X - - - -
Edílson - - - - -

Com esse dado, resta apenas que Danilo é Contabilista. Fazendo a marcação e preenchendo as eliminações:

Cidade Profissão
Nomes At. Bat. Cat. Dra. Emb. Adv. Bibl. Cont. Dent. Eng.
Almir - - - - -
RACIOCÍNIO LÓGICO

Branco - - - - - - -
Caio - - -
Danilo - - - - X - - X - -
Edílson - - - - - -

39
Como a quinta dica relaciona uma cidade com uma profissão, não temos como preencher na tabela agora e vamos
usar assim que possível. Dando seguimento, com a definição da profissão de Danilo, definiu-se também a profissão de
Edílson, que é advogado:

Cidade Profissão
Nomes At. Bat. Cat. Dra. Emb. Adv. Bibl. Cont. Dent. Eng.
Almir - - - - -
Branco - - - - - - -
Caio - - -
Danilo - - - - X - - X - -
Edílson - - X - - - -

Fazendo as eliminações relativas a profissão e descartando que ele vive em Atibaia, temos que:

Cidade Profissão
Nomes At. Bat. Cat. Dra. Emb. Adv. Bibl. Cont. Dent. Eng.
Almir - - - - -
Branco - - - - - - - -
Caio - - - -
Danilo - - - - X - - X - -
Edílson - - - X - - - -

Com essas eliminações, resolvemos a associação relativa a Branco. Sobrou para ele viver em Atibaia e ser Engenhei-
ro:

Cidade Profissão
Nomes At. Bat. Cat. Dra. Emb. Adv. Bibl. Cont. Dent. Eng.
Almir - - - - -
Branco X - - - - - - - - X
Caio - - - -
Danilo - - - - X - - X - -
Edílson - - - X - - - -

Aplicando as eliminações:

Cidade Profissão
Nomes At. Bat. Cat. Dra. Emb. Adv. Bibl. Cont. Dent. Eng.
Almir - - - - - -
Branco X - - - - - - - - X
Caio - - - - - -
Danilo - - - - X - - X - -
Edílson - - - X - - - -

Agora, vamos olhar para Caio que só resta como possibilidade de Batatais:

Cidade Profissão
Nomes At. Bat. Cat. Dra. Emb. Adv. Bibl. Cont. Dent. Eng.
RACIOCÍNIO LÓGICO

Almir - - - - - -
Branco X - - - - - - - - X
Caio - X - - - - -
Danilo - - - - X - - X - -
Edílson - - - X - - - -

40
Fazendo as eliminações sobre a cidade e descartando que ele seja bibliotecário, tem-se que:

Cidade Profissão
Nomes At. Bat. Cat. Dra. Emb. Adv. Bibl. Cont. Dent. Eng.
Almir - - - - - -
Branco X - - - - - - - - X
Caio - X - - - - - - -
Danilo - - - - X - - X - -
Edílson - - - X - - - -

Com essa eliminação, cobra para Caio a profissão de Dentista:

Cidade Profissão
Nomes At. Bat. Cat. Dra. Emb. Adv. Bibl. Cont. Dent. Eng.
Almir - - - - - - -
Branco X - - - - - - - - X
Caio - X - - - - - - X -
Danilo - - - - X - - X - -
Edílson - - - X - - - -

Assim, Almir será o Bibliotecário:

Cidade Profissão
Nomes At. Bat. Cat. Dra. Emb. Adv. Bibl. Cont. Dent. Eng.
Almir - - - - X - - -
Branco X - - - - - - - - X
Caio - X - - - - - - X -
Danilo - - - - X - - X - -
Edílson - - - X - - - -

Com as profissões resolvidas, resta saber onde Almir e Edílson vive. Para isso, usa-se a quinta dica que fala que o
Bibliotecário não vive em Catanduva, ou seja, Almir mora em Dracena e Edílson em Catanduva:

Cidade Profissão
Nomes At. Bat. Cat. Dra. Emb. Adv. Bibl. Cont. Dent. Eng.
Almir - - - X - - X - - -
Branco X - - - - - - - - X
Caio - X - - - - - - X -
Danilo - - - - X - - X - -
Edílson - - X - - X - - - -

Observando as alternativas, a correta é a letra E.


RACIOCÍNIO LÓGICO

QUEM ESTÁ MENTINDO?

O último tipo de problema a ser estudado neste capítulo são as verdades e mentiras. Basicamente são problemas
onde receberemos afirmações de pessoas e uma delas estará mentindo. Os enunciados apresentação as orações e
teremos que determinar quem está faltando com a verdade.
Análogo aos outros dois tipos de problemas, não temos uma teoria envolvida para a resolução, apenas técnicas com
as ferramentas que já aprendemos em raciocínio lógico. Vamos aos exemplos, começando com um da ESAF:

41
Ex. Cinco colegas foram a um parque de diversões e colocações, sendo uma delas verdadeira e a outra falsa:
um deles entrou sem pagar. Apanhados por um funcio- Juiz 1: “André foi o primeiro, Beto foi o segundo”.
nário do parque, que queria saber qual deles entrou pa- Juiz 2: “André foi o segundo, Dênis foi o terceiro”.
gar, eles informaram: Juiz 3: “Caio foi o segundo, Dênis foi o quarto”.
“Não fui eu, nem o Manuel”, disse Marcos
“Foi o Manuel ou a Maria”, disse Mário Sabendo que não houve empates, o primeiro, o se-
“Foi a Mara”, disse Manuel, disse Manuel gundo, o terceiro e o quarto colocados foram respecti-
“O Mário está mentindo”, disse Mara vamente:
“Foi a Mara ou o Marcos”, disse Maria a) André, Caio, Beto e Dênis
b) André, Caio, Dênis e Beto
Sabendo-se que um e somente um dos cinco colegas c) Beto, André, Dênis e Caio
mentiu, conclui-se logicamente que quem entrou sem d) Beto, André, Caio, Dênis
pagar foi... e) Caio, Beto, Dênis, André

Para resolver o problema, temos que achar o mentiro- Observe que desta vez não há um juiz que está men-
so e por consequência, quem entrou sem pagar, cuidado tindo integralmente, mas todos estão mentindo parcial-
com a pegadinha neste caso pois o mentiroso não neces- mente. Logo, o teste de verdades e mentiras deve ser
sariamente é o que entrou sem pagar. mais cuidadoso, porém com a mesma metodologia.
Casos que envolvem verdades e mentiras geralmente Vamos iniciar com o Juiz 1, considerando a primei-
são resolvidos através de testes das hipóteses colocadas, ra afirmação VERDADEIRA e a segunda FALSA, ou seja,
atribuindo a mentira a uma delas e verificando se as ou- André foi o primeiro e Beto não foi o segundo. No Juiz
tras se mantém consistentes. Vamos iniciar então consi- 2, temos que André foi o segundo, mas como considera-
derando que Marcos mentiu. mos ele como primeiro lugar no Juiz 1, essa tem que ser
Se Marcos mentiu, então ou ele entrou sem pagar, a mentira e logo Dênis será o terceiro. No Juiz 3, afirma-
ou Manuel. Vamos comparar portanto com as outras falas. -se que Caio foi o segundo e Dênis o quarto, mas como
Mário disse que foi Manuel ou Maria e isso pode verdade Dênis foi o terceiro segundo a verdade do Juiz 2, temos
uma vez que Manuel ou Marcos são os suspeitos. Entretanto, que Caio será o segundo, o que condiz com o que o Juiz
a fala de Manuel contradiz a nossa hipótese pois se Marcos 1 falou de Beto não ser o segundo. Logo, tudo permane-
ou Manuel são os suspeitos, ao afirmar que foi Mara, Manuel ceu coerente com André em primeiro, Caio em segundo,
também está mentindo, mas sabemos que há apenas 1 men- Dênis em terceiro e Beto em quarto, o que resulta na
tiroso na história. Assim Marcos está falando a VERDADE. alternativa B.
Como Marcos fala a VERDADE, já sabemos que não Para caráter didático, vamos inverter a verdade do
foi ele e nem Manuel que entraram sem pagar. Vamos Juiz 1, considerando que André não foi o primeiro e Beto
testar agora a hipótese de Mário estar mentindo. Se ele foi o segundo. No Juiz 2, ele afirma que André foi o se-
está mentindo, então temos que nem Manuel e nem gundo, mas Beto foi o segundo de acordo com o Juiz
Maria entraram em pagar, o que por enquanto pode ser 1, assim, essa é a mentira e a verdade é que Dênis foi o
VERDADE. Pegando a fala de Manuel, temos que ele acu- terceiro. O Juiz 3 afirma que Caio foi o segundo, mas não
sa a Mara, e como admitimos que ele fala a VERDADE, é pode ser já que André é o segundo pelo Juiz 1, sobra a
Mara que entrou sem pagar. verdade para Dênis foi o quarto, mas isso contradiz com
Porém, temos que ver se isso não cai em contradição o Juiz 2 que afirmou que Dênis foi o terceiro. Logo, por
com as falas de Mara e Maria. Mara diz que o Mário está contradição, a hipótese de Beto ser segundo e André não
mentindo e isto está correto pois estamos considerando ser o primeiro é equivocada, restando apenas o caso in-
isto também. Já Maria, disse que ou foi a Mara ou foi o verso descrito anteriormente.
Marcos, mas como Marcos está falando a VERDADE e ele
afirma que não foi ele, resta apenas Mara como a pessoa
que entrou sem ingresso. EXERCÍCIOS COMENTADOS
Como todas as hipóteses foram consistentes, temos
que Mário mentiu e Mara entrou sem pagar, assinalando
1. (CGU – TODOS OS CARGOS – AFC, 2006). Ana é ar-
a alternativa C. tista ou Carlos é compositor. Se Mauro gosta de música,
Vale como exercício vocês provarem a contradição então Flávia não é fotógrafa. Se Flávia não é fotógrafa,
considerando os casos onde Manuel, Mara e Maria men- então Carlos não é compositor. Ana não é artista e Da-
tiram individualmente. niela não fuma. Pode-se portanto concluir corretamente
Vamos partir para mais um exemplo, onde vocês ve- que:
RACIOCÍNIO LÓGICO

rão exatamente a mesma estratégia, onde testaremos


quem está mentindo e testando se as outras falas per- a) Ana não é artista e Carlos não é compositor.
manecem coerentes: b) Carlos é compositor e Flávia é fotógrafa.
Ex. Quatro amigos, André, Beto, Caio e Dênis, obti- c) Mauro gosta de música e Daniela não fuma.
veram os quatro primeiros lugares em um concurso de d) Ana não é artista e Mauro gosta de música
oratória julgado por uma comissão de três juízes. Ao co- e) Mauro não gosta de música e Flávia não é fotógrafa
municarem a classificação final, cada juiz anunciou duas

42
Resposta: Letra B. Esta questão não possui uma pro- próprio Zezinho quem quebrou. Mas Luizinho diz que
posição simples, mas tem-se uma conjunção na última Zezinho está mentindo, o que é verdade, mas não po-
hipótese que nos auxilia a iniciar a resolução. Partin- deria ser já que consideramos que Huguinho falava a
do dela como VERDADEIRA, teremos A=F e D=F. Da verdade. Com essa contradição, já sabemos que Hu-
primeira hipótese temos C=V, da segunda, F=V e da guinho mente, ou seja, ele que quebrou o vaso. Resta
terceira, M=F. Substituindo os valores lógicos nas al- saber quem fala a verdade, mas nesse caso é fácil, já
ternativas, encontra-se a correta. que Luizinho afirma que Zezinho está mentindo. Se ele
está dizendo a verdade, Zézinho realmente mentiu, o
2. (MPOG – TODOS OS CARGOS – ESAF, 2006). Ana, que faz sentido pois quem quebrou o vaso foi Hugui-
Beatriz e Carla desempenham diferentes papéis em uma nho. Logo, Luizinho fala a verdade.
peça de teatro. Uma delas faz o papel de bruxa, a outra
o de fada e a outra o de princesa. Sabe-se que: ou Ana é Prezado candidato, complete seus estudos em tó-
Bruxa, ou Carla é bruxa; ou Ana é fada, ou Beatriz é prin- picos anteriores, no que diz respeito a Lógica e pro-
cesa; ou Carla é princesa, ou Beatriz é princesa; ou Beatriz blemas aritméticos.
é fada, ou Carla é fada. Com essas informações conclui-
-se que os papéis desempenhados por Ana e Carla são GEOMETRIA ESPACIAL
respectivamente
Poliedros
a) bruxa e fada
b) bruxa e princesa Poliedros são sólidos compostos por faces, arestas e
c) fada e bruxa vértices. As faces de um poliedro são polígonos. Quan-
d) princesa e fada do as faces do poliedro são polígonos regulares e todas
e) fada e princesa as faces possuem o mesmo número de arestas, temos
um poliedro regular. Há 5 tipos de poliedros regulares,
Resposta: Letra B. Este problema é interessante, pois a saber:
não há condicionais, apenas disjunções, exclusivas ou
não. Testando o método da contradição, vamos atri-
buir que Ana é Bruxa. Na primeira hipótese, se Ana é Tetraedro: poliedro de quatro faces
Bruxa, Carla não pode ser, portanto está correta. Já a Hexaedro: poliedro de seis faces (cubo)
segunda hipótese, como Ana é Bruxa, Beatriz neces- Octaedro: poliedro de oito faces
sariamente tem que ser a princesa. Na terceira, como Dodecaedro: poliedro de doze faces
Beatriz é a princesa, Carla não é, portanto está correta Icosaedro: poliedro de vinte faces
e a quarta, como Beatriz não é a Fada, sobra Carla ser
a Fada, o que é consistente com Ana ser a Bruxa e
Beatriz a princesa.

3. (TST – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC, 2012). Hugui-


nho, Zezinho e Luizinho, três irmãos gêmeos, estavam
brincando na casa de seu tio quando um deles quebrou
seu vaso de estimação. Ao saber do ocorrido, o tio per-
guntou a cada um deles quem havia quebrado o vaso.
Leia as respostas de cada um:
Huguinho: Eu não quebrei o vaso.
Zezinho: Foi o Luizinho quem quebrou o vaso.
Luizinho: O Zezinho está mentindo.

Sabendo que somente um dos três falou a verdade, Já poliedros não regulares são sólidos cujas faces ou
conclui-se que o sobrinho que quebrou o vaso e o que são polígonos não regulares ou não possuem o mesmo
disse a verdade são, respectivamente, número de arestas. Os exemplos mais usuais são pirâmi-
des (com exceção do tetraedro) e prismas (com exceção
a) Huguinho e Luizinho do cubo).
b) Huguinho e Zezinho Relação de Euler: relação entre o número de arestas
c) Zezinho e Huguinho (A), faces (F) e vértices (V) de um poliedro convexo. É
d) Luizinho e Zezinho dada por:
e) Luizinho e Huguinho
RACIOCÍNIO LÓGICO

Resposta: Letra A. Agora, ao invés de termos um V− A+F = 2


mentindo temos apenas uma pessoa dizendo a ver-
dade. Vamos aos testes. Considerando que Huguinho Prismas
está falando a verdade, ele afirma que não quebrou o
vaso, já Zezinho, mentindo, está dizendo que foi Lui- Prisma é um sólido geométrico delimitado por faces
zinho o que não é verdade, sendo por eliminação o planas, no qual as bases se situam em planos paralelos.

43
Quanto à inclinação das arestas laterais, os prismas podem ser retos ou oblíquos.

Prisma reto

As arestas laterais têm o mesmo comprimento.


As arestas laterais são perpendiculares ao plano da base.
As faces laterais são retangulares.

Prisma oblíquo

As arestas laterais têm o mesmo comprimento.


As arestas laterais são oblíquas (formam um ângulo diferente de um ângulo reto) ao plano da base.
As faces laterais não são retangulares.

Bases: regiões poligonais congruentes

Altura: distância entre as bases

Arestas laterais paralelas: mesmas


medidas

Faces laterais: paralelogramos

Prisma reto Aspectos comuns Prisma oblíquo

Prismas regulares: prismas que possuem como base, polígonos regulares (todos os lados iguais).

Sendo AB , a área da base, ou seja, a área do polígono correspondente e AL , a área lateral, caracterizada pela
soma das áreas dos retângulos formados entre as duas bases, temos que:

Área total: AT = AL + 2 � AB

Volume: V = AB . h , onde h é a altura, caracterizada pela distância entre as duas bases

Cilindros

São sólidos parecidos com prismas, que apresentam bases circulares e também podem ser retos ou oblíquos.
RACIOCÍNIO LÓGICO

44
Sendo R o raio da base, a altura do cilindro, temos que: Área da Base: AB = πR2
Área da base: AB = πR2
Área lateral: AL = 2πRh Área Lateral: AL = πgR
Área total: AT = AL + 2AB
Volume: V = AB � h Área Total: AT = AL + AB

Pirâmides AB � h
Volume: V =
3
As pirâmides possuem somente uma base e as faces laterais
Esfera
são triângulos. A distância do vértice de encontro dos triângulos
com a base é o que determina a altura da pirâmide (h).
A esfera é o conjunto de pontos nos quais a distância
em relação a um centro é menor ou igual ao raio da es-
fera R. A esfera é popularmente conhecida como “bola”
pois seu formato é o mesmo de uma bola de futebol, por
exemplo.

2
Área da Superfície Esférica: A = 4πR

4πR3
Sendo AB a área da base, determinada pelo polígono Volume: V =
3
que forma a base, a área lateral, determinada pela soma
das áreas dos triângulos laterais, temos que:
#FicaDica
Área total: AT = AL + AB Na área total dos prismas e cilindros, mul-
tiplicamos a área da base por 2 pois temos
duas bases formando o sólido. Já no caso
Volume: V =
AB � h das pirâmides e dos cones isto não ocorre,
3 pois há apenas uma base em ambos.
Cones

Os cones são sólidos possuem uma única base (cír-


culo). A distância do vértice à circunferência (contorno EXERCÍCIOS COMENTADOS
da base) é chamada de geratriz (g) e a distância entre o
vértice e o centro do círculo é a altura do cone (h). 1. (TJ-SP – ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO –
VUNESP/2017) As figuras seguintes mostram os blocos
de madeira A, B e C, sendo A e B de formato cúbico e
C com formato de paralelepípedo reto retângulo, cujos
respectivos volumes, em cm³, são representados por VA,
VB e VC.
RACIOCÍNIO LÓGICO

Geratriz: g 2 = R2 + h2

45
Se VA + VB = 1/2 VC , então a medida da altura do blo-
co C, indicada por h na figura, é, em centímetros, igual a: 1
A h = 1,3 � πR2cil hcil
3 B C
a) 15,5
1 2
b) 11 πR h = 1,3 � πR2cil hcil
c) 12,5 3 C C
d) 14 1
3R cil 2 � 39 = 1,3 � R2cil hcil
e) 16 3
1
Resposta : Letra C. . 9R2cil . 39 = 1,3 � R2cil hcil
3
3R2cil. 39 = 1,3 � R2cilhcil
VA = 53 = 125 cm³
117
VB = 103 = 1000 cm³ 3.39 = 1,3 � hcil → hcil = = 90 cm
VC
1,3
Logo: = VA + VB = 125 + 1000
2 4. (CÂMARA DE ARACRUZ-ES – AGENTE ADMINIS-
VC TRATIVO E LEGISLATIVO – IDECAN/2016) João pos-
→ = 1125 → VC = 2250 cm³ sui cinco esferas as quais, quando colocadas em certa
2
ordem, seus volumes formam uma progressão aritméti-
2250 ca. Sabendo que a diferença do volume da maior esfera
Portanto, VC = 18 � 10 � h = 2250 → h = 180
= 12,5 cm para a menor é 32 cm³ e que o volume da segunda maior
esfera é 86,5 cm³, então o diâmetro da menor esfera é:
(Considere: π = 3)
2. (PEDAGOGO – IF/2016) Uma lata de óleo de soja de
1 litro, com formato cilíndrico, possui 8 cm de diâmetro
a) 2 cm
interno. Assim, a sua altura é de aproximadamente: (Con-
b) 2,5 cm
sidere π = 3,14 )
c) 4,25 cm
d) 5 cm
a) 20 cm
b) 25 cm
Resposta: Letra D.
c) 201 cm
Sendo a P.A. (V1 , V2 , V3, V4 , V5), (, o enunciado fornece:
d) 200 cm
Do termo geral da P.A., sabe-se que
e) 24 cm
V5 = V1 + 5 − 1 � r = V1 + 4r
Resposta: Letra A. onde r é a razão da P.A.
1L = 1dm3 = 1000 cm³
Volume da lata(cilindro): Assim, V1 + 4r − V1 = 32 → 4r = 32 → r = 8
VC = πR2h → 3,14 � 42 � h = 1000 → h ≅ 20 cm
Como
Obs: Como o diâmetro é igual a 8cm o raio é igual a
4cm.
V4 = V1 + 3r
3. (PREF. ITAPEMA-SC – TÉCNICO CONTÁBIL – MS → V1 + 3 � 8 = 86,5
CONCURSOS/2016) O volume de um cone circular reto, → V1 + 24 = 86,5
cuja altura é 39 cm, é 30% maior do que o volume de → V1 = 62,5 cm
um cilindro circular reto. Sabendo que o raio da base do Como
cone é o triplo do raio da base do cilindro, a altura do
cilindro é: 4 3
V= πR
3
a) 9 cm 4
b) 30 cm → � 3 � R3 = 62,5
c) 60 cm 3
62,5
d) 90 cm → R3 =
4
Resposta: Letra D. → R3 = 15,625
Volume do cone: VC → R = 2,5 cm
RACIOCÍNIO LÓGICO

Volume do cilindro: Vcil


Do enunciado: VC = 1,3. Vcil (30% maior). Como o exercício pediu o diâmetro, D = 2.2,5 = 5 cm

INTRODUÇÃO A GEOMETRIA PLANA

Ponto, Reta e Plano


A definição dos entes primitivos ponto, reta e plano

46
é quase impossível, o que se sabe muito bem e aqui será - Se uma reta contém dois pontos de um plano, esta
o mais importante é sua representação geométrica e es- reta está contida neste plano.
pacial.

Representação, (notação)
→ Pontos serão representados por letras latinas
maiúsculas; ex: A, B, C,…
→ Retas serão representados por letras latinas minús-
culas; ex: a, b, c,…
→ Planos serão representados por letras gregas mi-
núsculas; ex: β,∞,α,...
- Duas retas são concorrentes se tiverem apenas um
Representação gráfica
ponto em comum.

Observe que r ∩ s = {H} . Sendo que H está contido


na reta r e na reta s.

Um plano é um subconjunto do espaço R3 de tal


modo que quaisquer dois pontos desse conjunto podem
ser ligados por um segmento de reta inteiramente con-
tida no conjunto.
Um plano no espaço pode ser determinado por qual-
quer uma das situações:
Postulados primitivos da geometria, qualquer postu- - Três pontos não colineares (não pertencentes à
lado ou axioma é aceito sem que seja necessária a prova, mesma reta);
contanto que não exista a contraprova. - Um ponto e uma reta que não contem o ponto;
- Numa reta bem como fora dela há infinitos pontos - Um ponto e um segmento de reta que não contem
distintos. o ponto;
- Dois pontos determinam uma única reta (uma e so- - Duas retas paralelas que não se sobrepõe;
mente uma reta). - Dois segmentos de reta paralelos que não se so-
brepõe;
- Duas retas concorrentes;
- Dois segmentos de reta concorrentes.
Duas retas (segmentos de reta) no espaço R3 podem
ser: paralelas, concorrentes ou reversas.
Duas retas são ditas reversas quando uma não tem
interseção com a outra e elas não são paralelas. Pode-se
- Pontos colineares pertencem à mesma reta. pensar de uma reta r desenhada no chão de uma casa e
uma reta s desenhada no teto dessa mesma casa.
RACIOCÍNIO LÓGICO

- Três pontos determinam um único plano. Uma reta é perpendicular a um plano no espaço R3, se
ela intersecta o plano em um ponto P e todo segmento
de reta contido no plano que tem P como uma de suas
extremidades é perpendicular à reta.

47
nalidade entre segmentos de reta, através das medidas
desse segmentos.
Vamos considerar primeiramente um caso particular
com quatro segmentos de reta com suas medidas apre-
sentadas na tabela a seguir:

Uma reta r é paralela a um plano no espaço R3, se m(AB) = 2cm m(PQ) =4 cm


m(CD) = 3cm m(RS) = 6cm
existe uma reta s inteiramente contida no plano que é
paralela à reta dada. A razão entre os segmentos AB e CD e a razão entre
Seja P um ponto localizado fora de um plano. A dis- os segmentos PQ e RS e , são dadas por frações equivalen-
tância do ponto ao plano é a medida do segmento de tes, isto é A B⁄C D = 2⁄3; PQ/RS = 4/6 e como 2/3 = 4/6,
reta perpendicular ao plano em que uma extremidade é segue a existência de uma proporção entre esses quatro
o ponto P e a outra extremidade é o ponto que é a inter- segmentos de reta. Isto nos conduz à definição de seg-
seção entre o plano e o segmento. mentos proporcionais.
Se o ponto P estiver no plano, a distância é nula. Diremos que quatro segmentos de reta, AB, BC, CD e DE
, nesta ordem, são proporcionais se: A B⁄B C = C D⁄D E .
Os segmentos AB e DE são os segmentos extremos e
os segmentos BC e CD e são os segmentos meios.
A proporcionalidade acima é garantida pelo fato que
existe uma proporção entre os números reais que repre-
sentam as medidas dos segmentos:

Planos concorrentes no espaço são planos cuja inter- m (AB) m (CD)


seção é uma reta. =
Planos paralelos no espaço R3 são planos que não m (BC) m (DE)
tem interseção.
Feixe de Retas Paralelas
Quando dois planos são concorrentes, dizemos que
tais planos formam um diedro e o ângulo formado en-
Um conjunto de três ou mais retas paralelas num pla-
tre estes dois planos é denominado ângulo diedral. Para
no é chamado feixe de retas paralelas. A reta que inter-
obter este ângulo diedral, basta tomar o ângulo forma-
cepta as retas do feixe é chamada de reta transversal. As
do por quaisquer duas retas perpendiculares aos planos
retas a, b, c e d que aparecem no desenho anexado, for-
concorrentes.
mam um feixe de retas paralelas enquanto que as retas s
e t são retas transversais.

Planos normais são aqueles cujo ângulo diedral é um


ângulo reto (90°).

Razão entre Segmentos de Reta

Segmento de reta é o conjunto de todos os pontos


de uma reta que estão limitados por dois pontos que são
as extremidades do segmento, sendo um deles o ponto Teorema de Tales: Um feixe de retas paralelas de-
inicial e o outro o ponto final. Denotamos um segmento termina sobre duas transversais quaisquer, segmentos
por duas letras como, por exemplo, AB, sendo A o início proporcionais. A figura abaixo representa uma situação
e B o final do segmento. onde aparece um feixe de três retas paralelas cortadas
Ex: AB é um segmento de reta que denotamos por AB. por duas retas transversais.
RACIOCÍNIO LÓGICO

Segmentos Proporcionais

Proporção é a igualdade entre duas razões equiva-


lentes. De forma semelhante aos que já estudamos com
números racionais, é possível estabelecer a proporcio-

48
Identificamos na sequência algumas proporções:

A B⁄B C = DE⁄E F
B C⁄ A B = EF ⁄D E
A B⁄D E = B C⁄ E F
D E⁄ A B = E F ⁄B C

Ex: Consideremos a figura ao lado com um feixe de


retas paralelas, sendo as medidas dos segmentos indica-
das em centímetros.
Ângulo Central

a) Da circunferência: é o ângulo cujo vértice é o cen-


tro da circunferência;

b) Do polígono: é o ângulo, cujo vértice é o centro do


polígono regular e cujos lados passam por vértices
consecutivos do polígono.

Ângulo Circunscrito: É o ângulo, cujo vértice não per-


tence à circunferência e os lados são tangentes à
ela.
Assim:

B C⁄A B = E F⁄D E
A B⁄D E = B C⁄E F
D E⁄A B = E F⁄B C

#FicaDica
Uma proporção entre segmentos pode
ser formulada de várias maneiras. Se um Ângulo Inscrito: É o ângulo cujo vértice pertence a
dos segmentos do feixe de paralelas for uma circunferência e seus lados são secantes a ela.
desconhecido, a sua dimensão pode
ser determinada com o uso de razões
proporcionais.

Ângulos

Ângulo: Do latim - angulu (canto, esquina), do grego


- gonas; reunião de duas semi-retas de mesma origem
não colineares.

Ângulo Obtuso: É o ângulo cuja medida é maior do


que 90º.
RACIOCÍNIO LÓGICO

Ângulo Agudo: É o ângulo, cuja medida é menor do


que 90º.

49
Ângulo Raso:

- É o ângulo cuja medida é 180º;

- É aquele, cujos lados são semi-retas opostas.

Ângulos Suplementares: Dois ângulos são ditos su-


plementares se a soma das suas medidas de dois ângulos
Ângulo Reto:
é 180º.
- É o ângulo cuja medida é 90º;
- É aquele cujos lados se apóiam em retas perpendi-
culares.

Grau: (º): Do latim - gradu; dividindo a circunferência


em 360 partes iguais, cada arco unitário que corresponde
a 1/360 da circunferência denominamos de grau.

Ângulos Complementares: Dois ângulos são comple- Ângulos formados por duas retas paralelas com
mentares se a soma das suas medidas é 900. uma transversal

Lembre-se: Retas paralelas são retas que estão no


mesmo plano e não possuem ponto em comum.

Vamos observar a figura abaixo:

Ângulos Congruentes: São ângulos que possuem a


mesma medida.

Todos esses ângulos possuem relações entre si, e elas


estão descritas a seguir:

Ângulos colaterais internos: O termo colateral signifi-


ca “mesmo lado” e sua propriedade é que a soma destes
ângulos será sempre 180°

Ângulos Opostos pelo Vértice: Dois ângulos são


RACIOCÍNIO LÓGICO

opostos pelo vértice se os lados de um são as respectivas


semi-retas opostas aos lados do outro.

50
Assim a soma dos ângulos 4 e 5 é 180° e a soma dos Assim, o ângulo 4 é igual ao ângulo 6 e o ângulo 3 é
ângulos 3 e 6 também será 180° igual ao ângulo 5

Ângulos colaterais externos: O termo colateral signifi- Ângulos alternos externos: O termo alterno significa
ca “mesmo lado” e sua propriedade é que a soma destes lados diferentes e sua propriedade é que eles sempre se-
ângulos será sempre 180° rão congruentes

Assim a soma dos ângulos 2 e 7 é 180° e a soma dos Assim, o ângulo 1 é igual ao ângulo 7 e o ângulo 2 é
ângulos 1 e 8 também será 180° igual ao ângulo 8

Ângulos alternos internos: O termo alterno significa Ângulos correspondentes: São ângulos que ocupam
lados diferentes e sua propriedade é que eles sempre se- uma mesma posição na reta transversal, um na região
rão congruentes interna e o outro na região externa.
RACIOCÍNIO LÓGICO

51
Resposta: x = 50° e y = 130°
Facilmente observamos que os ângu-
los x e 50° são opostos pelo vértice, logo, x = 50°. Po-
demos constatar também que y e 50° são suplemen-
tares, ou seja:

50° + y = 180°
y = 180° – 50°
y = 130°
Assim, o ângulo 1 é igual ao ângulo 5, o ângulo 2 é
Portanto,os ângulos procurados são y = 130° e x = 50°
igual ao ângulo 6, o ângulo 3 é igual ao ângulo 7 e o
ângulo 4 é igual ao ângulo 8.

HORA DE PRATICAR!
FIQUE ATENTO!
Há cinco classificações distintas para os ân- 1. (ABIN – Agente de Inteligência – CESPE/2018) As
gulos formados por duas retas paralelas que seguintes proposições lógicas formam um conjunto de
intersectam uma transversal. Então, procure premissas de um argumento:
visualizar bem as imagens para associá-las a
cada classificação existente. • Se Pedro não é músico, então André é servidor da
ABIN.
• Se André é servidor da ABIN, então Carlos não é um
EXERCÍCIOS COMENTADOS espião.
• Carlos é um espião.

1. (CS-UFG-2016) Considere que a figura abaixo re- A partir dessas premissas, julgue o item a seguir,
presenta um relógio analógico cujos ponteiros das ho- acerca de lógica de argumentação.
ras (menor) e dos minutos (maior) indicam 3 h e 40 min. Se a proposição lógica “Pedro é músico.” for a conclusão
Nestas condições, a medida do menor ângulo, em graus, desse argumento, então, as premissas juntamente com
formado pelos ponteiros deste relógio, é:
essa conclusão constituem um argumento válido.

( ) Certo ( ) Errado

2. (TRT 7ª REGIÃO – Analista Judiciário – CESPE/2017)


Texto CB1A5BBB – Argumento formado pelas premissas
(ou proposições) P1 e P2 e pela conclusão C

P1: Se eu assino o relatório, sou responsável por todo


o seu conteúdo, mesmo que tenha escrito apenas
uma parte.
a) 120° P2: Se sou responsável pelo relatório e surge um pro-
b) 126° blema em seu conteúdo, sou demitido.
c) 130° C: Logo, escrevo apenas uma parte do relatório, mas
d) 132° sou demitido.

Resposta: Letra C. Se o ponteiro das horas estivesse O argumento apresentado no texto CB1A5BBB se
no 4 daria 120 graus. Como ele está antes e se passou tornaria válido do ponto de vista da lógica sentencial, se,
40 minutos (2/3 de uma hora), então ele está 1/3 de além das premissas P1 e P2, a ele fosse acrescentada a
30° (10°) atrás. Se somarmos 120+ 10 = 130° proposição

2. Na imagem a seguir, as retas u, r e s são paralelas e a) Não sou demitido ou não escrevo uma parte do rela-
cortadas por uma reta transversal. Determine o valor dos tório.
ângulos x e y. b) Sou responsável apenas pela parte que escrevi do re-
RACIOCÍNIO LÓGICO

latório.
c) Eu escrevo apenas uma parte do relatório, assino o
relatório e surge um problema em seu conteúdo.
d) Se não escrevo nenhuma parte do relatório, não sou
demitido.

52
3. (TRF 1ª REGIÃO – Técnico Judiciário – CESPE/2017) Proposição CG1A5AAA
Texto CB2A6BBB A qualidade da educação dos jovens sobe ou a sensa-
A maior prova de honestidade que realmente posso ção de segurança da sociedade diminui.
dar neste momento é dizer que continuarei sendo o A quantidade de linhas da tabela-verdade correspon-
cidadão desonesto que sempre fui. dente à proposição CG1A5AAA é igual a
Considerando o texto CB2A6BBB, julgue o item
seguinte, concernente à argumentação e aos tipos de a) 2.
argumentos. b) 4.
Verifica-se a ocorrência de falácia no argumento da c) 8.
frase. d) 16.
e) 32.
( ) Certo ( ) Errado
7. (EBSERH – Cargos de nível Superior – CESPE/2018)
4. (TRF 1ª REGIÃO – Técnico Judiciário – CESPE/2017) Se P, Q e R forem proposições simples e se ~R indicar
Texto CB2A6BBB a negação da proposição R, então, independentemente
A maior prova de honestidade que realmente posso dos valores lógicos V = verdadeiro ou F = falso de P, Q e
dar neste momento é dizer que continuarei sendo o ci- R, a proposição P→Q∨(~R) será sempre V.
dadão desonesto que sempre fui.
( ) Certo ( ) Errado
Considerando o texto CB2A6BBB, julgue o item se-
guinte, concernente à argumentação e aos tipos de ar-
8. (ABIN – Oficial Técnico de Inteligência – CES-
gumentos.
PE/2018) Julgue o item a seguir, a respeito de lógica
Pode-se inferir da frase que a maior parte dos cida-
proposicional.
dãos é corrupta e que, portanto, a sociedade é corrupta
A proposição “Os Poderes Executivo, Legislativo e Ju-
em sua totalidade.
diciário devem estar em constante estado de alerta sobre
as ações das agências de inteligência.” pode ser corre-
( ) Certo ( ) Errado
tamente representada pela expressão lógica PΛQΛR, em
que P, Q e R são proposições simples adequadamente
5. (SERES/PE – Agente de Segurança Penitenciária –
escolhidas.
CESPE/2017) De uma urna que continha 20 bolas idên-
ticas, identificadas por números de 1 a 20, foi extraída
aleatoriamente uma bola. Esse evento define o espaço ( ) Certo ( ) Errado
amostral Ω = {1, 2, 3, ..., 20}. Considere os seguintes even-
tos: A = {a bola retirada da urna é identificada por um 9. (ABIN – Oficial Técnico de Inteligência – CES-
número múltiplo de 4}; B = {a bola retirada da urna é PE/2018) Julgue o item a seguir, a respeito de lógica
identificada por um número múltiplo de 5}. A partir das proposicional.
probabilidades P(A), P(B) e P(A∪B) — que são, respec- A proposição “A vigilância dos cidadãos exercida pelo
tivamente, as probabilidades de os eventos A, B e A∪B Estado é consequência da radicalização da sociedade
ocorrerem —, considere o argumento formado pelas civil em suas posições políticas.” pode ser corretamente
premissas P1 e P2 e pela conclusão C, em que representada pela expressão lógica P→Q, em que P e Q
são proposições simples escolhidas adequadamente.

( ) Certo ( ) Errado

10. (TRF 1ª REGIÃO – cargos de nível superior – CES-


PE/2017) Em uma reunião de colegiado, após a apro-
vação de uma matéria polêmica pelo placar de 6 votos
a favor e 5 contra, um dos 11 presentes fez a seguinte
Com base nessas informações, assinale a opção afirmação: “Basta um de nós mudar de ideia e a decisão
correta. será totalmente modificada.”
Considerando a situação apresentada e a proposição
A A premissa P1 é uma proposição verdadeira, e a correspondente à afirmação feita, julgue o próximo item.
conclusão C é uma proposição falsa. A tabela-verdade da referida proposição, construída a
B A premissa P2 e a conclusão C são proposições ver- partir dos valores lógicos das proposições simples que a
dadeiras.
compõem, tem mais de 8 linhas.
RACIOCÍNIO LÓGICO

C A conclusão C é falsa, mas o argumento é válido.


D A premissa P1 é falsa e o argumento não é válido.
( ) Certo ( ) Errado
E A premissa P1 e a conclusão C são proposições ver-
dadeiras e o argumento é válido.
11. (PC/MA – Escrivão de Polícia – CESPE/2018) Pro-
posição CG1A5AAA
6. (PC/MA – Escrivão de Polícia – Nível Superior – CES-
A qualidade da educação dos jovens sobe ou a sensa-
PE/2018) A qualidade da educação dos jovens sobe ou a
ção de segurança da sociedade diminui.
sensação de segurança da sociedade diminui.

53
Assinale a opção que apresenta uma proposição é equivalente à seguinte proposição: Se determinado
equivalente à proposição CG1A5AAA. candidato não se tornou soldado combatente do corpo
de bombeiros local, então ele foi reprovado nas provas
a) Se a qualidade da educação dos jovens não sobe, en- objetivas do concurso e no curso de formação de praças.
tão a sensação de segurança da sociedade diminui.
b) Se qualidade da educação dos jovens sobe, então a ( ) Certo ( ) Errado
sensação de segurança da sociedade diminui.
c) Se a qualidade da educação dos jovens não sobe, en- 15. (CORPO DE BOMBEIROS MILITAR/AL – Oficial
tão a sensação de segurança da sociedade não dimi- Combatente – CESPE/2018) A respeito de proposições
nui. lógicas, julgue os itens a seguir.Considere que P e Q se-
d) Se a sensação de segurança da sociedade diminui, en- jam as seguintes proposições:
tão a qualidade da educação dos jovens sobe.
e) Se a sensação de segurança da sociedade não diminui, P: Se a humanidade não diminuir a produção de ma-
então a qualidade da educação dos jovens não sobe.
terial plástico ou não encontrar uma solução para o pro-
blema do lixo desse material, então o acúmulo de plásti-
12.. (TRF1ª região Analista Judiciário – CESPE/2017)
co no meio ambiente irá degradar a vida no planeta.
Em uma reunião de colegiado, após a aprovação de uma
Q: A humanidade diminui a produção de material
matéria polêmica pelo placar de 6 votos a favor e 5 con-
plástico e encontra uma solução para o problema do lixo
tra, um dos 11 presentes fez a seguinte afirmação: “Basta
um de nós mudar de ideia e a decisão será totalmente desse material ou o acúmulo de plástico no meio am-
modificada.” biente degradará a vida no planeta.
Considerando a situação apresentada e a proposição
correspondente à afirmação feita, julgue o próximo item. Nesse caso, é correto afirmar que as proposições P e
A proposição é equivalente, sob o ponto de vista da Q são equivalentes.
lógica sentencial, à proposição “Desde que um membro
mude de ideia, a decisão será totalmente modificada”. ( ) CERTO ( ) ERRADO

( ) Certo ( ) Errado 16. (EBSERH – Cargos de nível Superior – CESPE/2018)


A respeito de lógica proposicional, julgue o item que se
13. (TRT 7ª Região - Analista Judiciário – CESPE/2017) segue.
Texto CB1A5AAA – Proposição P A negação da proposição “Se o fogo for desencadea-
A empresa alegou ter pago suas obrigações previ- do por curto-circuito no sistema elétrico, será recomen-
denciárias, mas não apresentou os comprovantes de pa- dável iniciar o combate às chamas com extintor à base de
gamento; o juiz julgou, pois, procedente a ação movida espuma.” é equivalente à proposição “O fogo foi desen-
pelo ex-empregado. cadeado por curto-circuito no sistema elétrico e não será
Assinale a opção que apresenta uma proposição recomendável iniciar o combate às chamas com extintor
equivalente, sob o ponto de vista da lógica sentencial, à à base de espuma.”
proposição P do texto CB1A5AAA.
( ) Certo ( ) Errado
a) A empresa alegou ter pago suas obrigações previden-
ciárias, mas não apresentou os comprovantes de pa- 17. (PC/MA – Escrivão de Polícia – CESPE/2018) Pro-
gamento, ou o juiz julgou procedente a ação movida posição CG1A5AAA
pelo ex-empregado. A qualidade da educação dos jovens sobe ou a
b) Se o juiz julgou procedente a ação movida pelo ex- sensação de segurança da sociedade diminui.
-empregado, então a empresa alegou ter pago suas Assinale a opção que apresenta uma proposição que
obrigações previdenciárias, mas não apresentou os constitui uma negação da proposição CG1A5AAA.
comprovantes de pagamento.
c) Se a empresa alegou ter pago suas obrigações previ- a) A qualidade da educação dos jovens não sobe e a sen-
denciárias, mas não apresentou os comprovantes de sação de segurança da sociedade não diminui.
pagamento, então o juiz julgou procedente a ação b) A qualidade da educação dos jovens desce ou a sensa-
movida pelo ex-empregado. ção de segurança da sociedade aumenta.
d) A empresa alegou ter pago suas obrigações previden- c) A qualidade da educação dos jovens não sobe ou a
ciárias, mas não apresentou os comprovantes de pa- sensação de segurança da sociedade não diminui.
gamento, mas o juiz julgou procedente a ação movida d) A qualidade da educação dos jovens sobe e a sensa-
RACIOCÍNIO LÓGICO

pelo ex-empregado. ção de segurança da sociedade diminui.


e) A qualidade da educação dos jovens diminui ou a sen-
14. (CORPO DE BOMBEIROS MILITAR/AL – Soldado sação de segurança da sociedade sobe.
Combatente – CESPE/2018) A proposição Se determi-
nado candidato foi aprovado nas provas objetivas do 18. (SERES/PE – Agente de Segurança Penitenciária –
concurso e no curso de formação de praças, ele se tor- CESPE/2017) Assinale a opção que corresponde a uma
nou soldado combatente do corpo de bombeiros local. negativa da seguinte proposição: “Se nas cidades medie-

54
vais não havia lugares próprios para o teatro e as apre- ciárias e apresentou os comprovantes de pagamento.
sentações eram realizadas em igrejas e castelos, então a d) A empresa não alegou ter pago suas obrigações pre-
maior parte da população não era excluída dos espetá- videnciárias nem apresentou os comprovantes de pa-
culos teatrais”. gamento.

a) Nas cidades medievais havia lugares próprios para o 21. (ABIN - Oficial Técnico de Inteligência – CES-
teatro ou as apresentações eram realizadas em igrejas PE/2018) Como forma de melhorar a convivência, as
e castelos e a maior parte da população era excluída famílias Turing, Russell e Gödel disputaram, no parque
dos espetáculos teatrais. da cidade, em um domingo à tarde, partidas de futebol
b) Se a maior parte da população das cidades medievais e de vôlei. O quadro a seguir mostra os quantitativos de
era excluída dos espetáculos teatrais, então havia lu- membros de cada família presentes no parque, distribu-
gares próprios para o teatro e as apresentações eram ídos por gênero.
realizadas em igrejas e castelos.
c) Se nas cidades medievais havia lugares próprios para
Família Masculino Feminino
o teatro e as apresentações não eram realizadas em
igrejas e castelos, então a maior parte da população Turing 5 7
era excluída dos espetáculos teatrais. Russel 6 5
d) Se nas cidades medievais havia lugares próprios para o
Gödel 5 9
teatro ou as apresentações eram realizadas em igrejas
e castelos, então a maior parte da população era ex-
cluída dos espetáculos teatrais. A partir dessa tabela, julgue o item subsequente.
e) Nas cidades medievais não havia lugares próprios para
o teatro, as apresentações eram realizadas em igrejas Considere que, em eventual sorteio de brindes, um
e castelos e a maior parte da população era excluída nome tenha sido retirado, ao acaso, do interior de uma
dos espetáculos teatrais. urna que continha os nomes de todos os familiares
presentes no evento. Nessa situação, sabendo-se
19. (TRF 1ª REGIÃO – Analista Judiciário – CES- que o sorteado não é uma mulher da família Gödel, a
PE/2017) Em uma reunião de colegiado, após a apro- probabilidade de ser uma mulher da família Russel será
vação de uma matéria polêmica pelo placar de 6 votos superior a 20%.
a favor e 5 contra, um dos 11 presentes fez a seguinte
afirmação: “Basta um de nós mudar de ideia e a decisão ( ) Certo ( ) Errado
será totalmente modificada.”
Considerando a situação apresentada e a proposição (PM/MA – 1º Tenente PM-Cirurgião Dentista – CES-
correspondente à afirmação feita, julgue o próximo item. PE/2017) Determinado laboratório de análises clínicas
A negação da proposição pode ser corretamente está sendo investigado por emitir laudos falsos de um
expressa por “Basta um de nós não mudar de ideia ou a exame constituído por 7 indicadores, correspondentes
decisão não será totalmente modificada”. à concentração de 4 compostos na corrente sanguínea,
obtidos da seguinte forma: uma medição da concentra-
( ) Certo ( ) Errado ção de cada um dos compostos A, B, C e D, e 3 medições,
por 3 diferentes técnicas, da concentração do composto
20. (TRT 7ª REGIÃO – Analista Judiciário – CES- E. Os laudos verdadeiros de 7 pacientes (chamados pa-
PE/2017) Texto CB1A5AAA – Proposição P cientes-fonte), com prenomes distintos, entre eles Aman-
A empresa alegou ter pago suas obrigações previ- da, Bárbara, Carlos e Daniel, eram usados para compor
denciárias, mas não apresentou os comprovantes de pa- laudos falsos para os demais pacientes. Para dificultar a
gamento; o juiz julgou, pois, procedente a ação movida ação da autoridade policial, na montagem de um laudo
falso, o laboratório tomava o cuidado de, no conjunto de
pelo ex-empregado.
7 medições que constituíam cada laudo falsificado, usar
A Proposição Q: A empresa alegou ter pago suas
apenas uma medição de cada paciente-fonte, ou seja, de
obrigações previdenciárias, mas não apresentou os com-
nunca usar 2 ou mais medições de um mesmo paciente-
provantes de pagamento.
-fonte.
Com referência a essa situação hipotética, julgue os
A proposição Q, anteriormente apresentada, está pre-
itens seguintes.
sente na proposição P do texto CB1A5AAA.
A negação da proposição Q pode ser expressa por 22. Se fosse adotada a estratégia de falsificar laudos
seguindo-se a ordem sucessiva de medições referentes
RACIOCÍNIO LÓGICO

a) A empresa não alegou ter pago suas obrigações pre- aos compostos A, B, C e D e, em seguida, as medições
videnciárias ou apresentou os comprovantes de pa- referentes ao composto E, a quantidade de laudos falsos
gamento. distintos que poderiam ser gerados pelo laboratório se-
b) A empresa alegou ter pago suas obrigações previden- ria superior a 800.
ciárias ou não apresentou os comprovantes de paga-
mento.
( ) Certo ( ) Errado
c) A empresa alegou ter pago suas obrigações previden-

55
23. Com relação ao composto E, a quantidade de laudos ( ) Certo ( ) Errado
falsos distintos constituídos com dados dos exames de
Amanda, Bárbara e Carlos que poderia ser produzida é 27. .Com base nas informações e no diagrama preceden-
superior a 50 tes, julgue o item a seguir.
Se um casal dessa comunidade for escolhido ao aca-
( ) Certo ( ) Errado so, então a probabilidade de ele ter menos de 4 filhos
será superior a 0,3.
24. Caso o laboratório escolhesse aleatoriamente, entre
os dados dos 7 pacientes-fonte, aqueles que seriam usa- ( ) Certo ( ) Errado
dos nas medições referentes ao composto E, a probabi-
lidade de serem usados os dados de Amanda, Bárbara e 28. Com base nas informações e no diagrama preceden-
Carlos seria inferior a 3%. tes, julgue o item a seguir.
A referida comunidade é formada por menos de 180
( ) Certo ( ) Errado pessoas.

25. (TRT 7ª REGIÃO – Analista Judiciário – CES- ( ) Certo ( ) Errado


PE/2017) Se, na presente prova, em que cada questão
tem quatro opções de resposta, um candidato escolher 29. (EBSERH – Técnico Em Radiologia – CESPE/2018)
ao acaso uma única resposta para cada uma das quatro Considere as seguintes proposições: P: O paciente rece-
primeiras questões, então a probabilidade de ele acertar berá alta; Q: O paciente receberá medicação; R: O pacien-
exatamente duas questões será igual a te receberá visitas.
Tendo como referência essas proposições, julgue o
a) 1/2 . item a seguir, considerando que a notação ~S significa a
b) 9/16 . negação da proposição S.
c) 27/128 . Se, em uma unidade hospitalar, houver os seguintes
d) 9/256 . conjuntos de pacientes: A = {pacientes que receberão
alta}; B = {pacientes que receberão medicação} e C =
(EBSERH – Áreas Médicas – CESPE/2018) Uma pesqui- {pacientes que receberão visitas}; se, para os pacientes
sa revelou características da população de uma pequena
dessa unidade hospitalar, a proposição ~P→[Q∨R] for
comunidade composta apenas por casais e seus filhos.
verdadeira; e se Ac foro conjunto complementar de A,
Todos os casais dessa comunidade são elementos do
então Ac⊂B∪C.
conjunto A∪B∪C, em que
( ) Certo ( ) Errado
A = {casais com pelo menos um filho com mais de 20
anos de idade};
30. (TRF 1ª REGIÃO – Analista Judiciário – CES-
B = {casais com pelo menos um filho com menos de 10
PE/2017) Em uma reunião de colegiado, após a apro-
anos de idade};
vação de uma matéria polêmica pelo placar de 6 votos
C = {casais com pelo menos 4 filhos}.
a favor e 5 contra, um dos 11 presentes fez a seguinte
afirmação: “Basta um de nós mudar de ideia e a decisão
Considerando que n(P) indique a quantidade de
será totalmente modificada.”
elementos de um conjunto P, suponha que n(A) = 18;
Considerando a situação apresentada e a proposição
n(B) = 20; n(C) = 25; n(A∩B) = 13; n(A∩C) = 11; n(B∩C)
correspondente à afirmação feita, julgue o próximo item.
= 12 e n(A∩B∩C) = 8. O diagrama a seguir mostra essas
Se A for o conjunto dos presentes que votaram a fa-
quantidades de elementos.
vor e B for o conjunto dos presentes que votaram con-
tra, então o conjunto diferença A\B terá exatamente um
elemento.

( ) Certo ( ) Errado

31. (CBTU – Assistente Operacional – FUMARC/2016)


Dois quintos de certa quantia inicial, em reais, somados
aos seus três quartos e o resultado acrescido de cin-
co, fornecem o dobro da quantia inicial. Essa quantia
é, aproximadamente, igual a
RACIOCÍNIO LÓGICO

a) R$ 1,58
b) R$ 5,88
26. Com base nas informações e no diagrama preceden- c) R$ 6,80
tes, julgue o item a seguir. e) R$ 8,00
Pelo menos 30 casais dessa comunidade têm 2 ou
mais filhos.

56
ANOTAÇÕES
GABARITO

1 CERTO __________________________________________________
2 C ___________________________________________________
3 ERRADO
___________________________________________________
4 ERRADO
__________________________________________________
5 C
6 B __________________________________________________
7 ERRADO ___________________________________________________
8 ERRADO
___________________________________________________
9 ERRADO
10 ERRADO ___________________________________________________

11 A ___________________________________________________
12 ERRADO ___________________________________________________
13 C
___________________________________________________
14 ERRADO
15 CERTO ___________________________________________________
16 CERTO ___________________________________________________
17 A
___________________________________________________
18 E
___________________________________________________
19 ERRADO
20 A ___________________________________________________
21 ERRADO ___________________________________________________
22 CERTO
___________________________________________________
23 ERRADO
24 CERTO ___________________________________________________

25 C ___________________________________________________
26 CERTO ___________________________________________________
27 ERRADO
___________________________________________________
28 ERRADO
29 ERRADO ___________________________________________________
30 ERRADO ___________________________________________________
31 B
___________________________________________________

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___________________________________________________

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RACIOCÍNIO LÓGICO

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57
ANOTAÇÕES

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RACIOCÍNIO LÓGICO

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58
ÍNDICE

ATUALIDADES

Tópicos relevantes e atuais de diversas áreas, tais como segurança, política, economia, sociedade, educação,
saúde, relações internacionais, desenvolvimento sustentável e ecologia................................................................................... 01
do presidente. A Presidência também conta com dois ór-
QUESTÕES RELACIONADAS A gãos de consulta: o Conselho da República e o Conselho
FATOS POLÍTICOS, ECONÔMICOS, de Defesa Nacional.
SOCIAIS E CULTURAIS, NACIONAIS Os ministérios são 16: Agricultura, Pecuária e Abas-
tecimento; Cidadania; Ciência, Tecnologia, Inovações e
E INTERNACIONAIS, DIVULGADOS
Comunicações; Defesa; Desenvolvimento Regional; Eco-
NA MÍDIA LOCAL E/OU NACIONAL,
nomia; Educação; Infraestrutura; Justiça e Segurança Pú-
VEICULADOS NOS ÚLTIMOS SEIS MESES blica; Meio Ambiente; Minas e Energia; Mulher, Família e
ANTERIORES À DATA DA PROVA Direitos Humanos; Relações Exteriores; Saúde; Turismo; e
a Controladoria-Geral da União. De acordo com a nova
organização, também possuem o status de ministros de
Estado o chefe da Casa Civil da Presidência da Repúbli-
POLÍTICA
ca; o chefe da Secretaria de Governo da Presidência da
República; o chefe da Secretaria-Geral da Presidência da
Posse de Jair Messias Bolsonaro
República; o chefe do Gabinete de Segurança Institucio-
nal da Presidência da República; o advogado-geral da
Jair Messias Bolsonaro (PSL), 63, tomou posse como
o 38º presidente do Brasil às 15h15 desta terça-feira União; e o presidente do Banco Central.
(1º/01/19), em cerimônia no Congresso Nacional, para
o mandato entre 2019 e 2022. Emocionado, ele acom- Fonte:
panhou a execução do Hino Nacional antes de fazer o https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noti-
juramento constitucional e assinar o termo de posse. cias/2019/01/01/bolsonaro-moro-guedes-ministerio-
Em seguida, fez seu primeiro discurso no novo cargo. Às -governo-medida-provisoria-primeiro-ato.htm
16h35, teve início o cerimonial rumo ao Palácio do Pla-
nalto. Após descer a rampa do Congresso ao lado dos Flávio Bolsonaro: entenda as suspeitas e o que o
presidentes do Senado, Eunicio Oliveira (MDB-CE), e da senador eleito diz sobre elas
Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), Bolsonaro ouviu nova-
mente o Hino e passou as tropas em revista. Às 17h01, Filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro, o se-
após subir a rampa do Planalto acompanhado da primei- nador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) se tornou o cen-
ra-dama, Michelle, do vice, Hamilton Mourão e da mu- tro das atenções da família depois que veio à tona, em
lher dele, Paula, Bolsonaro recebeu a faixa presidencial dezembro de 2018, um relatório do Coaf (Conselho de
das mãos do agora ex-presidente Michel Temer (MDB). Controle de Atividades Financeiras), órgão do Ministério
da Fazenda, sobre movimentação financeiras atípicas fei-
Fonte: tas por seu então assessor parlamentar, Fabricio Queiroz.
https://www.bol.uol.com.br/noticias/2019/01/01/bol- Além disso, Flávio também é investigado por ter ocu-
sonaro-posse-presidente.htm pado um cargo comissionado na Câmara dos Deputados
enquanto fazia estágio e faculdade no Rio.
MP de Bolsonaro reorganiza ministério e dá supe- Já no dia 22 de janeiro, uma nova operação do MP
restrutura a Moro e Guedes contra 13 suspeitos de envolvimento com milícias trou-
xe novamente o nome o nome do primogênito de Jair
Nas primeiras horas de seu governo, o presidente Bolsonaro aos holofotes: Flávio Bolsonaro empregou em
Jair Bolsonaro (PSL) publicou três atos nesta terça-feira seu gabinete parentes do ex-capitão da PM Adriano Ma-
(01/01/19): uma medida provisória que determina a es- galhães da Nóbrega, acusado de comandar milícias no
trutura do novo governo e um decreto que estabelece o Rio de Janeiro.
novo valor do salário mínimo (R$ 998) e a nomeação de
21 dos 22 ministros do novo governo. A medida provi- Caso Queiroz
sória publicada em edição extraordinária do Diário Oficial
“estabelece a organização básica dos órgãos da Presi- O Conselho de Controle de Atividades Financeiras
dência da República e dos Ministérios”, oficializando fu- (Coaf), órgão ligado ao Ministério da Fazenda que atua
sões, extinções e transferências de órgãos e a criação da na prevenção e combate à lavagem de dinheiro, pro-
superestrutura das pastas comandadas por Sergio Moro duziu um relatório de inteligência financeira que sinali-
(Justiça e Segurança Pública) e Paulo Guedes (Economia). za movimentações atípicas de diversas pessoas ligadas
De acordo com a medida, os seguintes órgãos inte- à Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Entre
gram a Presidência da República: Casa Civil, secretaria de elas, Fabricio Queiroz, um policial militar aposentado que
Governo, secretaria-geral, o gabinete pessoal do presi- foi motorista e segurança de Flávio Bolsonaro e é amigo
dente, o gabinete de Segurança Institucional e a Autori- do presidente Jair Bolsonaro desde os anos 1980.
dade Nacional de Proteção de Dados Pessoais. Também A investigação do Ministério Público Federal, um des-
ATUALIDADES

integram a Presidência da República, mas como órgãos dobramento da Operação Lava Jato, buscava identificar
de assessoramento, o Conselho de Governo, o Conselho movimentações suspeitas que poderiam estar relaciona-
Nacional de Política Energética, o Conselho do Programa das a pagamento de propina a deputados em troca de
de Parcerias de Investimentos da Presidência da Repú- apoio ao governo de Sérgio Cabral no Rio de Janeiro.
blica, o Advogado-Geral da União e a assessoria especial

1
Fonte: “Queremos reformar a União Europeia (UE) e o Par-
https://www.bol.uol.com.br/noticias/2019/01/25/ lamento Europeu, sem destruí-los. Queremos trazer mu-
flavio-bolsonaro-entenda-quais-sao-as-suspeitas-e-o- danças radicais”, disse Meuthen.
-que-o-senador-eleito-diz-sobre-elas.htm Líderes dos direitistas Partido Popular Dinamarquês
e Finns, da Finlândia, também participaram do encon-
Presidência divulga balanço de ações do primeiro tro organizado por Salvini. A Rassemblement National
mês de governo (Agrupamento ou Comício Nacional, a antiga Frente Na-
cional), de Marine Le Pen, e o Partido da Liberdade da
O governo federal divulgou hoje (31/1/19) o balanço Áustria também devem se juntar à EAPN, embora não
de um mês de trabalho. Em uma nota, divulgada pela tenham participado da reunião desta segunda-feira.
assessoria da Presidência da República, foram destaca- “A ideia é deixar de ter uma Europa centralizada e co-
das 15 ações. Dentre elas, a proposta de reforma da Pre- mum para todos, mas devolver o poder aos parlamentos
vidência que, segundo integrantes do governo federal, nacionais para criar uma cooperação honesta entre Es-
tados iguais e abandonar a perigosa utopia dos Estados
está em fase final de elaboração e será apresentada no
unidos da Europa”, disse Marco Zanni, porta-voz de as-
Congresso em fevereiro.
suntos estrangeiros da Liga, à agência de notícias alemã
A reforma da Previdência será destaque também da
DPA.
mensagem do presidente Jair Bolsonaro ao Congresso
Meuthen defendeu uma “proteção poderosa” das
Nacional, que será lida no próximo dia 4/2/19. Nela, o fronteiras externas da UE e a supressão da “migração ile-
presidente ressaltará a necessidade de mudar o sistema gal”.
atual. Na Itália, o discurso de Salvini contra a imigração ile-
A nota do Palácio do Planalto lembra que em janeiro gal e o lema de “primeiro os italianos” seduziu eleitores.
foi assinada a medida provisória para combater fraudes Agora, ele quer conquistar com a suas ideias também as
na Previdência. O texto altera regras de concessão de instituições europeias.
benefícios, como auxílio-reclusão, pensão por morte e “Fazemos parte de famílias políticas distintas, mas o
aposentadoria rural. Além disso, prevê a revisão de uma importante é que estamos promovendo alianças, esta-
série de benefícios e “processos com suspeitas de irregu- mos trabalhando para tornar realidade um novo sonho
laridades” concedidos pelo Instituto Nacional de Seguri- europeu, ainda que para alguns em Bruxelas isso seja um
dade Social (INSS). Segundo o governo federal, a MP vai pesadelo”, afirmou Salvini.
gerar uma economia de R$ 9,8 bilhões nos primeiros 12 Atualmente, há três grupos de extrema direita e eu-
meses de vigência. rocéticos no Parlamento Europeu: o Europa da Liberdade
e da Democracia Direta, da AfD; os Conservadores e Re-
Fonte: formadores Europeus, que incluem o Partido Lei e Justiça
http://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noti- (PiS), da Polônia; e o Europa das Nações e da Liberdade,
cia/2019-01/presidencia-divulga-balanco-de-acoes-do- da Liga e de Le Pen.
-primeiro-mes-de-governo (Fonte:https://www.dw.com/pt-br/populistas-
-anunciam-alian%C3%A7a-europeia-de-extrema-direi-
Populistas anunciam aliança europeia de extrema ta/a-48253448)
direita
STF proíbe privatização de estatais sem aval do
Os partidos populistas de direita Alternativa para a Congresso, mas permite venda de subsidiárias
Alemanha (AfD) e Liga, da Itália, anunciaram nesta se- O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta quin-
ta-feira (6/6/19) que o governo federal não pode vender
gunda-feira (08/04/19) que pretendem formar um novo
estatais sem aval do Congresso Nacional e sem licitação
bloco no Parlamento Europeu junto com outras legendas
quando a transação implicar perda de controle acionário.
eurocéticas e de extrema direita.
Na terceira sessão de julgamento do tema, a maioria
O novo grupo deve se chamar Aliança Europeia de
dos magistrados da Suprema Corte permitiu vendas sem
Pessoas e Nações (EAPN), afirmou Jörg Meuthen, um dos autorização do parlamento somente para as empresas
líderes da AfD, em coletiva de imprensa ao lado do líder estatais subsidiárias. A decisão também vale para gover-
da Liga, o ministro do Interior e vice-primeiro-ministro nos estaduais e prefeituras.
italiano, Matteo Salvini, em Milão. Uma empresa subsidiária é uma espécie de subdivi-
Meuthen, que também é o principal candidato da AfD são de uma companhia, encarregada de tarefas especí-
para as eleições europeias de maio deste ano, afirmou ficas no mesmo ramo de atividades da “empresa-mãe”.
que o encontro em Milão foi um “sinal de partida para A Petrobras, por exemplo, tem 36 subsidiárias, como a
algo novo”. Ele viajou à Itália a convite de Salvini, que Transpetro e a BR Distribuidora; a Eletrobras, 30; e o Ban-
também lançou sua campanha para o Parlamento Euro- co do Brasil, 16.
peu. O governo federal tem, segundo o Ministério da Eco-
ATUALIDADES

Meuthen enfatizou que, no futuro, os nacionalistas de nomia, 134 estatais, das quais 88 são subsidiárias.
direita não estariam mais fragmentados, mas unidos. O
desejo do grupo é promover a concessão de mais pode- Fonte:
res aos Estados-membros e reduzir a influência de Bru- https://g1.globo.com/politica/noticia/2019/06/06/st-
xelas. f-julgamento-privatizacao-estatais.ghtml

2
ECONOMIA Agora, o Ministério da Economia tem 3.612 cargos
comissionados distribuídos da seguinte forma: 1.569
Renault-Nissan-Mitsubishi: conheça a aliança cria- cargos de DAS e 2.043 Funções Comissionadas do Poder
da pelo brasileiro Carlos Ghosn Executivo (FCPE). Essas últimas só podem ser ocupadas
por servidores concursados.
A repercussão mundial da prisão do brasileiro Carlos Ao todo, sete Secretarias Especiais compõem o pri-
Ghosn está muito ligada ao fato de ele ser o homem de meiro escalão do ministério: Fazenda; Receita Federal;
frente não só da Nissan, onde é membro do conselho, Previdência e Trabalho; Comércio Exterior e Assuntos
mas de 3 grandes montadoras, comandando a chamada Internacionais; Desestatização e Desinvestimento; Pro-
Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi. dutividade, Emprego e Competitividade; e Desburocra-
Juntas, elas venderam 10,6 milhões de carros no mun- tização, Gestão e Governo Digital, além da Procuradoria-
do em 2017, reivindicando o posto de número 1 sobre o -Geral da Fazenda Nacional.
grupo Volkswagen. Cada uma das Secretarias Especiais tem pelo menos
Ghosn foi preso sob suspeita de sonegação e fraude duas secretarias, como a Secretaria de Previdência e a
fiscal. O executivo não declarou mais de 5 bilhões de ie- Secretaria de Trabalho, que integram da Secretaria Espe-
nes (o equivalente a R$ 167,4 milhões) de seu pagamento cial de Previdência e Trabalho. Responsável por herdar as
como presidente na Nissan. As fraudes fiscais ocorreram atividades do antigo Ministério da Fazenda e parte das
entre 2010 e 2015. atividades dos antigos Ministérios do Planejamento e do
A Nissan não é dona da Renault, nem vice-versa. Po- Trabalho, a Secretaria Especial de Fazenda tornou-se a
rém, são mais do que parceiras: as duas montadoras têm divisão com mais órgãos, com quatro secretarias, cinco
parte das ações uma da outra, mas nunca houve uma subsecretarias e dois departamentos.
fusão. (...) Entre as atribuições do Ministério da Economia, estão
Na prática, elas dividem conhecimentos em engenha- a administração financeira e a contabilidade pública, a
ria, pesquisa e desenvolvimento, partes da produção e desburocratização, a gestão e o governo digital, a fiscali-
têm investimentos comuns. Isso resulta em menos gas- zação e o controle do comércio exterior, a previdência e
tos para ambas, uma bandeira de Ghosn, que chegou a as negociações econômicas e financeiras com governos,
ser apelidado de “cost-killer” (“cortador de custos”) na organismos multilaterais e agências governamentais.
Nissan.
Fonte:
Fonte http://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noti-
:https://g1.globo.com/carros/noticia/2018/11/21/re- cia/2019-01/ministerio-da-economia-reduziu-29-mil-
nault-nissan-mitsubishi-conheca-a-alianca-criada-pelo- -cargos-em-comissao
-brasileiro-carlos-ghosn.ghtml
Governo informa que neste ano não haverá horá-
Ministério da Economia reduziu 2,9 mil cargos em rio de verão
comissão
O porta-voz da Presidência da República, Otávio
A fusão de quatro antigos ministérios – Fazenda; Pla- Rêgo Barros, informou nesta sexta-feira (5/4/19) que não
nejamento; Indústria, Comércio Exterior e Serviços; e par- haverá horário de verão neste ano.
te da estrutura do Trabalho – gerou a redução de 2,9 mil Inicialmente, Rêgo Barros disse que o governo havia
cargos. O novo quadro dos cargos em comissão e das decidido acabar com o horário de verão. De acordo com
funções de confiança entrou em vigor hoje (30/01/19). o porta-voz, o Ministério de Minas e Energia fez uma
A economia em dinheiro não foi informada. Os fun- pesquisa segundo a qual 53% dos entrevistados pediram
cionários serão dispensados amanhã (31/01/19). De o fim do horário de verão.
acordo com a pasta, foi necessário um período de transi- Pouco depois de Otávio Rêgo Barros informar a de-
ção em janeiro para não demitir todos os comissionados cisão do governo, Bolsonaro publicou uma mensagem
de uma vez e afetar a continuidade do ministério. sobre o assunto em uma rede social:
Nos últimos 28 dias, o Ministério da Economia ado- “Após estudos técnicos que apontam para a elimina-
tou medidas para alocar os servidores dentro da nova ção dos benefícios por conta de fatores como iluminação
estrutura, publicar os atos de nomeação e definir a cor- mais eficiente, evolução das posses, aumento do consu-
respondência entre as funções dos órgãos extintos e do mo de energia e mudança de hábitos da população, de-
novo ministério. cidimos que não haverá Horário de Verão na temporada
A adequação dos espaços físicos está em andamento 2019/2020.”
e levará vários meses. Segundo o Ministério da Econo- De acordo com o Ministério de Minas e Energia, o
mia, os servidores deverão permanecer no local onde Brasil economizou pelo menos R$ 1,4 bilhão desde 2010
desempenham suas funções. Pela nova estrutura, a pasta por adotar o horário de verão. Segundo os números já
funciona em cinco prédios da Esplanada dos Ministérios. divulgados, entre 2010 e 2014, o aproveitamento da luz
ATUALIDADES

Segundo o Ministério da Economia, a fusão permitiu do sol resultou em economia de R$ 835 milhões para os
a redução de 243 cargos de Direção e Assessoramento consumidores.
Superior (DAS), 389 funções comissionadas do Poder
Executivo (FCPE) e mais 2.355 funções gratificadas, tota-
lizando 2.987 cargos extintos.

3
negociados na bolsa de valores de Nova York (NYSE). Os
acionistas da Avon terão opção de receber ADRs nego-
ciados na NYSE ou ações listadas na B3.
Em comunicado, a Natura informa que a transação
permanece “sujeita às condições finais habituais, incluin-
do a aprovação tanto pelos acionistas da Natura quanto
da Avon, assim como das autoridades antitruste do Brasil
e outras jurisdições”. A conclusão da operação é espera-
da para o início de 2020.

Fonte:
https://g1.globo.com/economia/noticia/2019/05/22/
natura-anuncia-compra-da-avon.ghtml

Brasil fica isolado no Brics por posições sobre Ve-


nezuela e comércio

A situação na Venezuela e a reforma da Organização


Mundial do Comércio estão aprofundando o racha den-
tro dos Brics e ameaçam a reunião do grupo que se reali-
zará em Brasília, nos dias 13 e 14 de novembro.
O placar entre os Brics é de 4 a 1 no tema Venezuela:
Fonte:
China, Rússia, África do Sul e Índia têm posição oposta à
https://g1.globo.com/economia/noticia/2019/04/05/ do Brasil, que se alinhou aos EUA.
governo-anuncia-fim-do-horario-de-verao.ghtml Nenhum dos quatro países reconhece como legítimo
o governo do autodeclarado presidente interino Juan
Desemprego cresce em 14 das 27 unidades da fe- Guaidó, ao contrário do Brasil, e todos se opõem a qual-
deração no 1º trimestre, diz IBGE quer tipo de intervenção externa.

O desemprego cresceu em 14 das 27 unidades da fe- Fonte:


deração no 1º trimestre, na comparação com o trimestre https://www.diariodocentrodomundo.com.br/essen-
anterior, segundo dados divulgados nesta quinta-feira cial/brasil-fica-isolado-no-brics-por-posicoes-sobre-ve-
(16) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística nezuela-e-comercio/
(IBGE). Nos demais estados, houve estabilidade.
A taxa de desemprego média no país nos 3 primeiros Guerra comercial entre EUA e China se agrava
meses do ano subiu para 12,7%, conforme já divulgado
anteriormente pelo órgão. Pequim, 24 Ago 2019 (AFP) - O presidente dos Es-
Segundo o IBGE, as maiores taxas de desemprego fo- tados Unidos, Donald Trump, reagiu nesta sexta-feira às
ram observadas no Amapá (20,2%), Bahia (18,3%) e Acre novas tarifas anunciadas por Pequim contra produtos
(18,0%), e a menores, em Santa Catarina (7,2%), Rio Gran- americanos elevando a taxação sobre bens chineses,
de do Sul (8,0%) e Paraná e Rondônia (ambos com 8,9%). ampliando a guerra comercial que ameaça a economia
Em São Paulo e no Rio de Janeiro, as taxas ficaram em global. Trump criticou a “relação comercial injusta” e dis-
13,5% e 15,3%, respectivamente. se que “a China não deveria ter colocado novas tarifas
(Fonte:https://g1.globo.com/economia/noti- sobre 75 bilhões de dólares de produtos americanos” por
cia/2019/05/16/desemprego-cresce-em-14-das-27-uni- motivação política. O presidente decidiu elevar a tarifa de
dades-da-federacao-no-1o-trimestre-diz-ibge.ghtml) 25% sobre 250 bilhões em produtos chineses para 30%,
a partir de 1º de outubro. E as tarifas sobre 300 bilhões
de dólares em produtos que devem entrar em vigor em
Natura anuncia compra da Avon
1º de setembro e que eram de 10%, agora serão fixadas
em 15%.
A fabricante de cosméticos Natura anunciou nesta
Acusando a China de “tirar proveito dos Estados Uni-
quarta-feira (22) a aquisição da Avon, em uma operação dos em comércio, roubo de propriedade intelectual e
de troca de ações. Segundo a companhia, a operação cria muito mais”, Trump disse que, “devemos equilibrar essa
o quarto maior grupo exclusivo de beleza do mundo. relação comercial muito... Injusta”.
A partir da transação, será criada uma nova holding O conflito acelerado preocupa as empresas america-
brasileira, Natura Holding. Os atuais acionistas da Natura nas, muitas das quais dependem da China para fornecer
ficarão com 76% da nova companhia, enquanto os atuais insumos, produtos e até para a fabricação.
ATUALIDADES

detentores da Avon terão os demais cerca de 24%.


No negócio, o valor da Avon é estimado em US$ 3,7 Fonte
bilhões, e o da nova companhia combinada em US$ 11 :https://economia.uol.com.br/noticias/
bilhões. Os papéis da Natura Holding serão listados na afp/2019/08/24/guerra-comercial-entre-eua-e-china-se-
B3, a bolsa brasileira, e terão certificados de ações (ADRs) -agrava.htm

4
Plano de Ação cios do País. A Sepec reconhece todos os desafios diag-
nosticados nesse ranking, mas traz uma visão de futuro
O secretário especial de Produtividade e Competitivi- e um plano de trabalho que vão transformar a produtivi-
dade do Ministério da Economia, Carlos Da Costa, reforça dade e a competitividade do Brasil.
que, desde que assumiu a Secretaria, trabalha para colo-
car em prática um plano de ataque aos problemas que Fonte:
impedem o crescimento econômico do Brasil. http://www.economia.gov.br/noticias/2019/10/bra-
“Nosso planejamento estratégico inclui metas ambi- sil-sobe-no-ranking-de-competitividade-do-forum-eco-
ciosas, baseadas em indicadores globais de desempenho nomico-mundial
ancorados no GCI e desdobradas em planos alinhados
com os desafios que temos a enfrentar”, afirma. A meta Número de empresas abertas no país cresce 30,8%
para 2022 é chegar ao 50º lugar, por meio de ações que em outubro
estão sendo desenvolvidas.
Para Da Costa, o Brasil ainda tem muito a melhorar. O número de empresas abertas em outubro deste
“Em relação aos Estados Unidos, nossa produtividade ano aumentou 30,8%, ante o mesmo período de 2018,
vem caindo desde 1980 e hoje representa aproximada- com o surgimento de 307.443 novos empreendimentos,
mente 25% da americana. O baixo progresso na produ- quase 10 mil por dia, segundo levantamento da Serasa
tividade brasileira levou à queda do país nos rankings Experian.
de competitividade global. Ainda estamos distantes dos O acumulado de janeiro a outubro foi de 2,6 milhões,
países da OCDE (Organização para Cooperação e Desen- 23,1% a mais do que a soma de janeiro a dezembro de
volvimento Econômico). Os estudos internacionais con- 2018, quando o volume foi de 2,5 milhões.
vergem sobre os principais gargalos da produtividade no Segundo os dados, as empresas do setor de serviços
Brasil, e estamos trabalhando para atacá-los um a um”, apresentaram variação de 26,6%, seguidas por indústrias
complementa. (18,2%) e comércio (13,1%). Até outubro, os microem-
preendedores individuais representavam 81,5% do total,
enquanto 7,2% eram sociedades limitadas e 5,4%, em-
Fonte:
presas individuais.
http://www.economia.gov.br/noticias/2019/10/bra-
“Os novos empreendedores se formalizam para ter
sil-sobe-no-ranking-de-competitividade-do-forum-eco-
mais opções de trabalho em um contexto de geração
nomico-mundial
de emprego formal ainda bastante lento. Adicionalmen-
te, alguns setores da economia, como a construção civil
Brasil sobe no ranking de competitividade do Fó-
residencial, estão se tornando mais dinâmicos e podem
rum Econômico Mundial
buscar profissionais que sejam formalizados para ter
mais facilidade na contratação”, disse o economista da
O Brasil subiu um degrau no ranking do Fórum Eco-
Serasa Experian Luiz Rabi..
nômico Mundial que avalia a competitividade de 141 Segundo Rabi, outro fator que pode ter impulsiona-
países. Avançamos da 72ª posição (2018) para a 71ª co- do é o aquecimento do mercado típico de fim do ano,
locação na lista de 2019. O Global Competitiveness Index quando as pessoas buscam alternativas para aumentar a
(GCI) foi divulgado, nesta quarta-feira (9/10/19), pelo Fó- renda familiar e acabam abrindo novos negócios.
rum Econômico Mundial. Singapura foi apontado como
o país mais competitivo do mundo, à frente dos Estados Fonte:
Unidos e de Hong Kong. Os últimos lugares ficaram com http://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noti-
República Democrática do Congo, Yemen e Chade. cia/2019-12/numero-de-empresas-abertas-no-pais-
Os melhores resultados do Brasil foram nos pilares -cresce-308-em-outubro
de infraestrutura, dinamismo de negócios e mercado de
trabalho. Em infraestrutura, o país passou para o 78º lu- Mercado vê ritmo ainda fraco de crescimento no
gar, avançando três pontos em relação a 2018; em dina- 3º trimestre, mas projeta PIB melhor em 2020
mismo de negócios, subimos da 108ª posição para a 67ª,
principalmente, por causa da redução do tempo para A economia brasileira manteve a trajetória de recu-
abrir um negócio. Outra melhora foi registrada no pilar peração no 3º trimestre, mas em ritmo ainda fraco, com
mercado de trabalho: estávamos em 114º lugar em 2018 o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) sendo sus-
e passamos para a 105ª posição em 2019. tentado por um maior consumo das famílias, em meio a
Em capacidade de inovação, permanecemos na 40ª um cenário de juros mais baixos, inflação controlada e
posição, mesmo desempenho do ano passado. E em expansão do volume das operações de crédito.
qualificação, caímos do 94º para o 96º lugar. Já em mer- Levantamento do G1 aponta para uma expectativa
cado de produtos, passamos da 117ª para 124ª coloca- de alta entre 0,3% e 0,66% do Produto Interno Bruto
ATUALIDADES

ção. Segundo a Secretaria Especial de Produtividade e (PIB) no 3º trimestre, frente aos 3 meses anteriores. Das
Competitividade do Ministério da Economia (Sepec), os 14 consultorias e instituições financeiras consultadas, 9
números refletem principalmente dados até 2018, e são esperam uma alta entre 0,4% e 0,5%. Os dados oficiais
fruto das políticas praticadas por governos anteriores, serão divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
que produziram diversos entraves no ambiente de negó- Estatística (IBGE) nesta terça-feira (3/12/19).

5
Para o resultado de 2019, 7 das 14 ainda estimam um Fundadora de site pornô que divulgava vídeos de
avanço abaixo 1%, e outras 7 preveem uma alta de 1% ou câmera escondida é presa na Coreia do Sul
1,1%. Portanto, provavelmente abaixo do desempenho
registrado nos 2 anos anteriores. Já para 2012, 12 delas Cofundadora de um dos maiores sites de pornografia
projetam um crescimento de, no mínimo, 2%. da Coreia do Sul, Soranet Song, de 46 anos, foi senten-
Por conta das possíveis revisões dos resultados an- ciada a quatro anos de prisão, em Seul, por incentivar a
teriores, ainda há dúvidas se o resultado do PIB do 3º ajudar na distribuição de material pornográfico.
trimestre será maior ou menor que o do 2º trimestre. Song tinha mais de um milhão de usuários em seu
Para o economista Thiago Xavier, da consultoria Ten- site e hospedava milhares de vídeos ilegais, muitos fil-
dências, a economia apresentou ritmo de crescimento mados com câmeras escondidas e compartilhados sem o
semelhante ao registrado no 2° trimestre. “A nossa análi- consentimento das mulheres retratadas.
se é calcada nas projeções para o período tanto na métri- Mulheres organizaram enormes protestos de rua na
ca interanual [0,9% no 3º trimestre ante 1% no 2º trimes- Coreia do Sul, pedindo para que o governo tomasse me-
tre] como margem dessazonalizada [0,3% no 3º trimestre didas mais sérias contra a pornografia ilegal.
ante 0,4% no 2º trimestre]”, afirma.
Segundo o economista da Austin Rating, Alex Agosti- Fonte:
ni, os dados preliminares do 3º trimestre indicam que as https://www.bol.uol.com.br/noticias/2019/01/09/fun-
bases de comparação já estão se recompondo. “Não dá dadora-de-site-porno-que-divulgava-videos-de-came-
para soltar rojões, mas é possível comemorar. Portanto, ra-escondida-e-presa-na-coreia-do-sul.htm
o crescimento daqui em diante, ainda que em nível baixo
para um país emergente, já é um sinal muito positivo”, Por que o Brasil decidiu isentar de visto turistas de
afirma. EUA, Japão, Austrália e Canadá
A avaliação geral é que, independentemente do per-
centual de crescimento no período de julho a setembro, O governo brasileiro anunciou nesta segunda-feira
a economia brasileira chega na reta final do ano com que cidadãos de EUA, Japão, Austrália e Canadá não pre-
perspectivas melhores que as que se tinha nos primei- cisarão mais de vistos para viajar ao Brasil como turistas.
ros meses do ano, quando parte do mercado chegou a A decisão - que rompe o princípio de reciprocidade
temer inclusive o risco de uma recessão técnica, caracte- adotado historicamente pela diplomacia brasileira - não
implica qualquer contrapartida dos países contemplados,
rizada por duas retrações trimestrais seguidas.
que continuarão a exigir vistos para turistas brasileiros.
O decreto que detalha a medida, publicado em uma
Fonte:
edição extraordinária do Diário Oficial da União, é assi-
https://g1.globo.com/economia/noticia/2019/12/02/
nado pelo presidente Jair Bolsonaro e pelos ministros Er-
mercado-ve-ritmo-ainda-fraco-de-crescimento-no-3o-
nesto Araújo (Relações Exteriores), Sérgio Moro (Justiça e
-trimestre-mas-projeta-pib-melhor-em-2020.ghtml
Segurança Pública) e Marcelo Álvaro Antônio (Turismo).
A isenção se aplica a turistas que visitem o Brasil por
até 90 dias e pode ser prorrogada por outros 90, desde
SOCIEDADE que a estadia não ultrapasse 180 dias por ano a partir da
primeira entrada no país.
Ministra de Bolsonaro, Damares aparece vestindo
azul em loja e é questionada por vendedor Princípio de reciprocidade
Uma declaração da ministra Damares Alves - de que Em janeiro, a BBC News Brasil publicou que o Minis-
meninos devem vestir azul e meninas, a cor rosa - gerou tério das Relações Exteriores - historicamente contrário à
bastante repercussão e resultou em cenas de constran- liberação unilateral de vistos - havia revisto sua posição
gimento para a própria ministra da Família, Mulher e Di- sob o comando de Araújo.
reitos Humanos. Damares foi questionada por um ven-
dedor ao entrar vestida de azul em uma loja do Brasília Fonte:
Shopping. https://www.bbc.com/portuguese/brasil-47605005
A cena repercutiu e também foi compartilhada pela
deputada federal Erika Kokay. “Flagrante! Ministra Dama- Sarampo causou 142 mil mortes no mundo em
res usa azul e se revolta com vendedor que pergunta se 2018, diz OMS
ela é menino ou menina! #cornãotemgênero”, escreveu
a parlamentar. Depois de décadas de grandes progressos, a luta
contra o sarampo está estagnando e o número de mor-
Fonte: tes voltou a aumentar em 2018, de acordo com alerta da
ATUALIDADES

https://www.bol.uol.com.br/entretenimen- Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgado nesta


to/2019/01/04/ministra-de-bolsonaro-damares-apare- quinta-feira (5). No total, 142 mil pessoas morreram de
ce-vestindo-azul-em-loja-e-e-questionada-por-vende- sarampo no mundo em 2018. A cifra é quatro vezes me-
dor.htm nor do que em 2000, mas 15% maior do que em 2017. As
crianças representam a maior parte das mortes.

6
O sarampo é um vírus muito contagioso, que pode Mudança no topo
permanecer em uma área até duas horas depois de que
uma pessoa infectada tenha falecido. Ressurgiu com epi- Além da queda do Brasil, outras mudanças devem
demias nos cinco continentes desde 2018, sobretudo, em acontecer na parte de cima do ranking populacional. De
cidades ou vizinhanças com baixos níveis de vacinação. acordo com as estimativas da ONU, por volta de 2027 a
Em 2019, quase 12 mil pessoas tiveram sarampo no Índia deve superar a China no primeiro lugar, graças às
Brasil, principalmente jovens. Antes considerado um país medidas de controle de natalidade de Pequim.
livre do sarampo, o Brasil perdeu o certificado de elimi- Os países da África Subsaariana também aumentarão
nação da doença concedido pela Organização Pan-Ame- suas taxas de natalidade nos próximos anos e a popu-
ricana da Saúde (OPAS) em fevereiro deste ano, após re- lação na região, uma das mais pobres do mundo, deve
gistrar mais de 10 mil casos em 2018. O surto aconteceu dobrar até 2050.
principalmente nos estados de Amazonas e Roraima. Já no Brasil, a população passará a encolher a partir
de 2049, quando atingirá o ápice de 229.196.000 brasi-
Surtos pelo mundo leiros. A redução se dará de maneira gradual ao longo da
segunda metade do século e, em 2100, o Brasil deve ter
As pequenas ilhas da Samoa, no Pacífico Sul, atual- 180,6 milhões de habitantes — voltando ao patamar do
mente lutam contra uma epidemia de sarampo. Foram 62 início dos anos 2000.
mortes desde outubro, quase todas entre crianças meno- O país era o quinto mais populoso do mundo desde
res de quatro anos. As autoridades cortaram o acesso o final da Segunda Guerra Mundial, em 1945. Em oitenta
ao arquipélago e lançaram uma campanha de vacinação anos, deve despencar para a 12ª posição, sendo ultra-
nesta quinta-feira (05/12/19). passado por Nigéria, Etiópia, República Democrática do
Cinco países concentraram quase metade dos casos Congo, Tanzânia, Egito e Angola.
em 2018: República Democrática do Congo (RDC), Libé- Hoje, a taxa de natalidade brasileira é de 1,73 nasci-
ria, Madagascar, Somália e Ucrânia, segundo um informe mentos por mulher, valor mais aproximado ao de países
publicado pelos Centros para o Controle e a Prevenção desenvolvidos, como o Japão, com média de 1,3 filhos.
de Doenças (CDC) dos Estados Unidos. A taxa paquistanesa, por exemplo, é de 3,48 nasci-
Nos países ricos, o sarampo mata pouco, ou nada. Na mentos, e a da Índia, apesar da megapopulação, conti-
RDC, porém, esse vírus matou o dobro do que o do pe- nua em 2,33 filhos por mulher.
rigoso vírus ebola, com mais de 5 mil mortes neste ano.
O vírus se propaga com facilidade. Israel importou Fonte:
uma centena de casos de outros países, como Filipinas e https://veja.abril.com.br/mundo/paquistao-ultra-
Ucrânia. De lá, alguns viajantes infectados transmitiram a passa-o-brasil-em-lista-de-paises-mais-populosos-do-
doença aos bairros judeus de Nova York e contribuíram -mundo
para a maior epidemia dos Estados Unidos desde 1992.
Guia Alimentar Brasileiro poderá ser adaptado
Fonte: para outros países
https://g1.globo.com/bemestar/sarampo/noti-
cia/2019/12/05/sarampo-causou-140-mil-mortes-no- Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de
-mundo-em-2018-diz-oms.ghtml 2 Anos, publicação feita pelo Ministério da Saúde com
o intuito de combater a obesidade infantil, poderá ser
Paquistão ultrapassa o Brasil em lista de países adaptado e usado por outros países que têm o portu-
mais populosos do mundo guês como língua oficial. A sugestão foi apresentada
hoje (13/12/19) pelo ministro da Saúde, Luiz Henrique
Com uma população de 216 milhões de pessoas, o Mandetta, durante a V Reunião de Ministros da Saúde
Paquistão ultrapassou o Brasil e conquistou a posição de – encontro que reúne autoridades da Comunidade dos
quinto país mais populoso do mundo. Países de Língua Portuguesa (CPLP), em Lisboa, Portugal.
Segundo a Projeção de População Mundial da Orga- Lançado este ano, o guia apresenta recomendações e
nização das Nações Unidas (ONU), atualmente o Brasil informações sobre alimentação de crianças nos dois pri-
tem 211 milhões de pessoas. A perspectiva é de que em meiros anos de vida.
um ano o país ganhe “apenas” um milhão de pessoas, Além de promover saúde, crescimento e desenvolvi-
enquanto o Paquistão deve chegar a 220 milhões de ha- mento a esse público, o guia subsidia família e profissio-
bitantes, consolidando-se no top 5 do ranking. nais de saúde em ações de educação alimentar e nutri-
Nas primeiras posições estão China, Índia, Estados cional. Ao mesmo tempo, é um instrumento que ajuda
Unidos e Indonésia. Juntas, as cinco nações somam me- na orientação de políticas públicas que visam a apoiar,
tade de toda a população global, de 7,7 bilhões de pes- proteger e promover a saúde das crianças.
ATUALIDADES

soas. Ainda de acordo com o relatório, mais 2 bilhões No encontro da Comunidade dos Países de Língua
de indivíduos devem nascer nos próximos vinte anos, Portuguesa, Mandetta compartilhou a experiência brasi-
apesar da tendência à redução populacional em diversas leira e ofereceu ajuda aos demais países integrantes do
regiões. grupo, no sentido de elaborar e adaptar guias alimenta-
res às realidades locais de cada um deles.

7
A ideia é promover, já no primeiro trimestre de 2020, EDUCAÇÃO
oficinas técnicas para apresentar a metodologia adotada
pelo Brasil na elaboração do guia. Análise de dados pode ajudar a melhorar educa-
Instituída em julho de 1996, a CPLP reúne nove Esta- ção, dizem especialistas
dos membros: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau,
Guiné-Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e A coleta e a análise de dados se tornaram uma rea-
Príncipe e Timor-Leste. Juntos, esses países têm 230 mi- lidade não somente na economia, mas em diversas
lhões de habitantes distribuídos por quatro continentes. áreas. Para especialistas, também na educação, esse tipo
(Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noti- de prática pode contribuir para identificar problemas e
cia/2019-12/guia-alimentar-brasileiro-podera-ser-adap- orientar a ação de gestores, profissionais e governantes
tado-para-outros-paises) tanto na administração escolar quanto na elaboração de
políticas públicas.
Anvisa decide banir gordura trans até 2023 O tema foi discutido no evento Data Meeting Brazil,
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) realizado em Brasília hoje (26/11/19). A professora de ad-
aprovou hoje (17/12/19), por votação unânime, um novo ministração da Universidade de São Paulo (USP) Alessan-
conjunto de regras que visa banir o uso e o consumo de dra Montini destacou que, atualmente, há muitos dados
gorduras trans até 2023. disponíveis e o desafio é extrair deles valor para institui-
A nova norma será dividida em 3 etapas. A primeira ções e benefícios para a sociedade.
será a limitação da gordura na produção industrial de Na avaliação do gerente de políticas do movimento
óleos refinados. O índice de gordura trans nessa cate- Todos pela Educação, Gabriel Corrêa, o trabalho orienta-
goria de produtos será de, no máximo, 2%. Essa etapa do por dados pode ajudar de diversas formas no setor.
tem um prazo de 18 meses de adaptação, e deverá ser A primeira é reconhecendo o que funciona. Entre 2007 e
totalmente aplicada até 1º de julho de 2021. 2017, por exemplo, os percentuais de alunos do 5o ano
A data também marca o início da segunda etapa, com aprendizagem satisfatória em língua portuguesa e
mais rigorosa, que limita a 2% a presença de gorduras
matemática mais que dobraram, saindo, respectivamen-
trans em todos os gêneros alimentícios. De acordo com
te, de 28% para 60,7% e de 23,7% para 48,9%.
nota publicada pela Anvisa, a medida deverá “ampliar a
proteção à saúde, alcançando todos os produtos desti-
Fonte:
nados à venda direta aos consumidores”.
http://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noti-
A restrição da segunda fase será aplicada até 1º de
cia/2019-11/analise-de-dados-pode-ajudar-melhorar-e-
janeiro de 2023 - período que marca o início da terceira
ducacao-dizem-especialistas
fase e o banimento total do ingrediente para fins de con-
sumo. A gordura trans ainda poderá ser usada para fins
industriais, mas não como ingrediente final em receitas Videoprova em Libras do Enem está disponível na
para o consumidor. internet

Ácidos graxos trans A videoprova em Libras do Exame Nacional do Ensino


Médio (Enem) deste ano está disponível na internet, na
Presente principalmente em produtos industrializa- página do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Edu-
dos, a gordura trans - ou ácido graxo trans, na nomen- cacionais Anísio Teixeira (Inep). Com o material, o partici-
clatura técnica - é usada para eliminar odores desagra- pante que já fez o Enem pode assistir à prova, comparar
dáveis e indesejáveis nos produtos finais. A gordura trans os resultados das respostas e conferir o gabarito. Para
está associada ao aumento do colesterol ruim (LDL) e de- quem ainda não fez a prova, o material servirá de suporte
gradação do colesterol bom (HDL). para os estudos.
Segundo informa a Anvisa, há provas concretas de O Inep passou a oferecer a videoprova em Libras em
que o consumo de gordura trans acima de 1% do va- 2017 como parte da política de inclusão do instituto. Em
lor energético total dos alimentos aumenta o risco de 2018, foi lançado o selo Enem em Libras, com todo o
doenças cardiovasculares. A agência informou ainda que, conteúdo disponível em Língua Brasileira de Sinais. No
em 2010, a média de consumo de gorduras trans pelos mesmo ano foi lançada a Plataforma Enem em Libras, na
brasileiros em alimentos industrializados girava em torno qual a videoprova pode ser acessada em plataforma si-
de 1,8% - valor considerado perigoso. Segundo a Orga- milar à adotada na aplicação da prova.
nização Mundial de Saúde (OMS), a gordura trans foi res- (Fonte:http://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/no-
ponsável por 11,5% das mortes por doenças coronárias ticia/2019-12/videoprova-em-libras-do-enem-esta-dis-
no Brasil naquele ano, o equivalente a 18.576 óbitos em ponivel-na-internet)
decorrência do consumo excessivo do óleo.
BNCC é “instrumento poderoso” para ensino de
Fonte: qualidade, diz educadora
ATUALIDADES

http://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noti-
cia/2019-12/anvisa-decide-banir-gordura-trans-a- A diretora do Instituto Reúna, Kátia Smole, disse hoje
te-2023 (11) que a implementação integral da Base Nacional Co-
mum Curricular (BNCC) vai permitir, pela primeira vez, a
criação de um sistema coerente de educação no país.

8
Na avaliação da educadora, o ensino de qualidade Violência contra professores e alunos cresce na
homogênea compreenderia um alinhamento entre currí- rede pública paulista
culo, material didático, formações inicial e continuada de
professores e avaliação, independentemente da esfera Pesquisa inédita realizada pelo Instituto Locomotiva
de gestão da escola, ou seja, se é de âmbito municipal, e pelo Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Es-
estadual ou federal. tado de São Paulo (Apeoesp) revela que 54% dos pro-
“Nós não vamos ter revolução 4.0, 5.0 se os alunos fessores já sofreram algum tipo de violência nas escolas.
não aprenderem o que é certo, na idade certa”, afirmou Em 2017, o percentual era 51% e, em 2014, 44%. Entre
Kátia, que participou hoje do 1º Encontro da Organiza- os estudantes, 37% declararam ter sofrido violência (em
ção dos Estados Ibero-Americanos (OEI) de Políticas Pú- 2014 eram 38%, e 2017, 39%).
blicas de Educação e Cultura, realizado em São Paulo. Em 2019, 81% dos estudantes e 90% dos professores
Na opinião da diretora, de nada adianta investir em souberam de casos de violência em suas escolas esta-
ações de aceleração de aprendizagem se ainda houver duais no último ano. Ocorrências mais frequentes de vio-
distorções na assimilação de conteúdos. lência nas escolas estaduais envolveram bullying, agres-
“A base [BNCC] tem, para mim, um valor importan- são verbal, agressão física e vandalismo.
te porque diz claramente, corajosamente, ainda que nós Entre os estudantes, há mais casos de bullying, cita-
possamos ter muitas sugestões de melhoria: há uma dos por 62% deles e, entre os professores, as ocorrências
progressão de aprendizagem. É necessário que eu passe mais frequentes são de agressão verbal, citada por 83%
pela escola e aprenda na escola o que é certo, na idade dos docentes. “O bullying é o ponto de partida para di-
certa, não por sorte, não porque eu peguei um professor versas violências”, disse a presidente do sindicato.
bom, não porque deu certo de eu estar em uma esco- Outro ponto da pesquisa mostra que 95% da popu-
la privilegiada, mas porque é direito. É direito. Eu posso lação de SP, 98% dos estudantes e 99% dos professores
saber mais do que está aí [previsto na BNCC], mas eu afirmam que o governo estadual deveria dar mais condi-
não posso saber menos”, disse Katia, que foi secretária ções de segurança às escolas.
de Educação Básica do Ministério da Educação, durante
Opinião semelhante tem a população do país: 93%
o governo Michel Temer.
dos brasileiros acreditam que o governo estadual deveria
“Por sorte, eu tive professores que fizeram a diferen-
dar mais condições de segurança as escolas, revelou o
ça. Eu não queria que dependesse da sorte”, destacou.
estudo.
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC), aprovada
A percepção da violência pelos professores aumen-
pelo Brasil em 2017 para o ensino infantil e fundamental
tou nos últimos anos: 71% dos estudantes e 71% dos
e, em 2018, para o ensino médio, define o mínimo que
professores perceberam o aumento este ano. Em 2017,
os estudantes devem aprender a cada etapa de ensino. A
BNCC prevê ainda que, em todo o período escolar, além a percepção era de 72% para os estudantes e 61% para
de capacidades acadêmicas, sejam desenvolvidas habili- os professores. Em 2014, a taxa era menor: 70% e 57%
dades socioemocionais. A partir da Base, as redes públi- respectivamente.
cas de ensino e as escolas privadas devem elaborar os Entre a população, a grande maioria (77%) soube de
currículos que serão implementados nas salas de aula. Os algum caso recente de violência em escolas públicas. No
novos currículos estão em fase de elaboração. estado de São Paulo, essa percepção atinge 79% da po-
pulação. “A violência passa a fazer parte do território da
Obstáculos da carreira docente aprendizagem, é essa a realidade das escolas”, lamentou
Meirelles.
O secretário de Educação do estado de São Paulo,
Rossieli Soares, destacou a importância da valorização Crise e cortes na educação
dos professores da rede pública de ensino.
Um dos problemas, segundo ele, é a forma como a Para a população, saúde e educação são áreas que
progressão salarial da categoria está estruturada, além deveriam ser poupadas de cortes mesmo em períodos
da remuneração inicial baixa. Para o educador, porém, a de crise. Para 45% dos entrevistados, a saúde vem em
questão transcende tal aspecto, passando também pela primeiro lugar e não deveria sofrer cortes. Em seguida,
condição de trabalho a que são submetidos, que estaria figuram educação, criminalidade, violência e geração de
fazendo com que percam “o brilho no olhar” quanto à empregos.
profissão.
Um levantamento sistematizado pelo Interdisciplina- Fonte:
ridade e Evidências no Debate Educacional (Iede), com http://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noti-
base nos dados do Programa Internacional de Avaliação cia/2019-12/violencia-contra-professores-e-alunos-
de Alunos (Pisa) de 2015, revelou que apenas 3,3% dos -cresce-na-rede-publica-paulista
estudantes brasileiros de 15 anos querem ser professo-
res. Se a opção for pela docência na educação básica, o Cursos à distância superam presenciais em nota
percentual cai para 2,4%. máxima
ATUALIDADES

O percentual de cursos de ensino a distância (EaD)


Fonte: com nota máxima superou o de presenciais em avaliação
http://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noti- do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacio-
cia/2019-12/bncc-e-instrumento-poderoso-para-ensi- nais Anísio Teixeira (Inep), que mede a qualidade do en-
no-de-qualidade-diz-educadora sino superior.

9
Os dados são do indicador ao Conceito Preliminar de BNCC
Curso (CPC), referentes a 2018, e foram divulgados hoje A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um
(12/12/19) pelo Inep, vinculado ao Ministério da Educa- documento de caráter normativo que define o conjun-
ção (MEC). to orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais
Ao todo, 2,7% dos cursos EaD obtiveram conceito que todos os alunos devem desenvolver ao longo das
5, enquanto apenas 1,6% dos presenciais alcançaram etapas e modalidades da Educação Básica, de modo a
o mesmo patamar. O CPC classifica os cursos em uma que tenham assegurados seus direitos de aprendizagem
escala de 1 a 5. O conceito 3 reúne a maior parte dos e desenvolvimento, em conformidade com o que precei-
cursos. Aqueles que tiveram um desempenho menor que tua o Plano Nacional de Educação (PNE). Este documento
a maioria recebe conceitos 1 ou 2. Já os que tiveram de- normativo aplica-se exclusivamente à educação escolar,
sempenho superior à maioria, recebem 4 ou 5. tal como a define o § 1º do Artigo 1º da Lei de Diretrizes
Ainda considerando as modalidades de ensino, mais e Bases da Educação Nacional (LDB, Lei nº 9.394/1996),
cursos distância (94,5%) obtiveram conceito superior a e está orientado pelos princípios éticos, políticos e esté-
3: 94,5%. Entre os cursos presenciais, 86,7% obtiveram ticos que visam à formação humana integral e à cons-
conceitos entre 3 e 5. Na relação de cursos com pior de- trução de uma sociedade justa, democrática e inclusiva,
sempenho, o CPC 2018 apurou uma maior participação como fundamentado nas Diretrizes Curriculares Nacio-
da modalidade presencial. Enquanto 0,4% de cursos pre- nais da Educação Básica (DCN).
senciais conseguiram conceito 1, o percentual do EaD foi Ao longo da Educação Básica, as aprendizagens essen-
de 0%. Já os cursos com nota 2 representam 5,5% na ciais definidas na BNCC devem concorrer para assegurar
aos estudantes o desenvolvimento de dez competências
modalidade EaD e 9,5% entre os presenciais.
gerais, que consubstanciam, no âmbito pedagógico, os
direitos de aprendizagem e desenvolvimento.
Fonte:
Na BNCC, competência é definida como a mobiliza-
http://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noti-
ção de conhecimentos (conceitos e procedimentos), ha-
cia/2019-12/cursos-distancia-superam-presenciais-em- bilidades (práticas, cognitivas e socioemocionais), atitu-
-nota-maxima des e valores para resolver demandas complexas da vida
cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo
Mais quatro universidades portuguesas vão usar do trabalho.
Enem para selecionar alunos
Fonte:
Quatro novas instituições de ensino superior de Por- http://basenacionalcomum.mec.gov.br
tugal assinaram acordo para usar as notas do Exame
Nacional do Ensino Médio (Enem) como forma de se- TECNOLOGIA
lecionar estudantes para seus cursos de graduação. As
Universidades de Coimbra e do Algarve, que foram as DNA de fósseis do Brasil desafia teorias de ‘desco-
primeiras a firmar parceria para usar o exame, também berta’ da América
renovaram os convênios com o Instituto Nacional de Es-
tudos e Pesquisas Educacionais (Inep), órgão ligado ao Todos os indígenas que vivem ou já viveram nas Amé-
Ministério da Educação (MEC). ricas descendem de uma única população que chegou ao
Ao todo são 41 instituições portuguesas que usam o Novo Mundo vinda do leste asiático, através do estreito
Enem. Entre as quatro novas, três têm sede em Lisboa – de Bering, há cerca de 20 mil anos. A conclusão, de um
Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE), a Universidade trabalho de uma equipe internacional de 72 arqueólogos
Autônoma de Lisboa (UAL) e o Instituto Politécnico da e geneticistas - entre os quais 17 brasileiros -, refuta as
Lusofonia (Ipluso). A quarta nova instituição conveniada teorias mais discutidas ou aceitas até hoje sobre o po-
é a Escola Superior de Saúde Norte da Cruz Vermelha voamento do continente posteriormente “descoberto”
Portuguesa, em Oliveira de Azeméis. por Cristóvão Colombo.
O programa de convênio com as instituições portu- Assinado por pesquisadores das universidades de São
guesas completou cinco anos em maio de 2019. As duas Paulo (USP) e Harvard, dos Estados Unidos, e do Instituto
Max Planck, da Alemanha, o artigo científico foi publica-
primeiras instituições a assinar o acordo, em 2014, a Uni-
do nesta quinta-feira na prestigiosa revista científica Cell.
versidade de Coimbra e a Universidade do Algarve, reno-
Para chegar às conclusões, os autores se basearam
varam o convênio.
na análise do DNA fóssil de 49 esqueletos provenientes
Ao celebrar o acordo, a instituição passa a ter acesso
de 15 sítios arqueológicos, dos quais dois na Argentina
facilitado, junto ao Inep, aos resultados dos estudantes (11 esqueletos com idades entre 8,9 mil e 6,6 mil anos),
que buscam vaga em seus cursos. Cada instituição define um em Belize (três, de 9,4 mil a 7,3 mil anos), quatro no
as regras e os pesos para uso das notas. Brasil (15, de 10,1 mil a 1 mil anos), três no Chile (cinco,
de 11,1 mil a 540 anos) e sete no Peru (15, de 10,1 mil a
ATUALIDADES

Fonte: 730 anos).


https://exame.abril.com.br/mundo/mais-quatro-uni- Dos esqueletos brasileiros, sete, com cerca de 9,6 mil
versidades-portuguesas-vao-usar-enem-para-selecio- anos, foram escavados no sítio arqueológicos Lapa do
nar-alunos/ Santo, na região de Lagoa Santa, em Minas Gerais; cinco,
com idade em torno de 2 mil anos, no sambaqui Jabu-

10
ticabeira 2, em Santa Catarina; e dois, de 6,7 mil anos, e Engineering Fair) 2019, realizada no dia 17 de maio, nos
um, com 5,8 mil anos, nos sambaquis fluviais Laranjal e Estados Unidos. A jovem, que é de Osório, no Rio Grande
Moraes, respectivamente, localizados no Vale do Ribeira do Sul, também poderá batizar um asteroide com seu
no estado de São Paulo. nome por conta do resultado.
Em seu projeto, Juliana utiliza casca da macadâmia
Fonte: para alimentar microorganismos responsáveis por pro-
https://www.terra.com.br/noticias/ciencia/dna-de- duzir membranas que podem ser utilizadas em várias si-
-fosseis-do-brasil-desafia-teorias-de-descoberta-da- tuações, como para fabricar embalagens biodegradáveis.
-america,d35d470f5700c8d641e78af6bba8c4b7cjdn- Ela também está investigando como aplicar essa pesqui-
b19b.html sa na área de saúde, utilizando a membrana como cura-
tivos após a realização de cirurgias.
Foto de um buraco negro é revelada pela primeira O projeto foi apresentado na Feira Brasileira de Ciên-
vez na história cias e Engenharia (FEBRACE), organizada pela Universida-
de de São Paulo (USP), em março de 2019, quando foi se-
A primeira imagem de um buraco negro foi revelada lecionado para a Intel ISEF. Nos Estados Unidos, a jovem
nesta quarta-feira, 10/04/19, pela Fundação Nacional de teve a oportunidade de conhecer o trabalho científicos
Ciências (National Science Foundation, em inglês). A sur- de 1,8 mil jovens pesquisadores de 80 países.
preendente foto é resultado do trabalho de uma rede de Realizada desde 1950, a Intel ISELF é considerada a
telescópios, o projeto Event Horizon Telescope. maior feira de ciências do mundo para os estudantes que
A imagem disponibilizada mostra um buraco negro ainda estão no Ensino Médio. Além do prêmio de US$ 3
no centro da enorme galáxia Messier 87, localizada no mil, Estradioto terá a honra de batizar um asteroide com
aglomerado vizinho de Virgem, a 5 milhões de anos-luz o seu sobrenome.
da Terra. A região escura da foto é, na realidade, a som- Juliana pretende ingressar na graduação na área de
bra do buraco negro. O buraco negro fotografado é 6,5 Biologia — e, um dia, trazer um Prêmio Nobel para o
bilhões de vezes mais massivo que o Sol. Brasil. Além disso, ela afirma que deseja ajudar na divul-
gação científica e trabalhar com outros jovens. “Um dos
Até então, os astrônomos não tinham conseguido
maiores ensinamentos que aprendi é espalhar essa lição
captar precisamente a imagem de um buraco negro.
de fazer a ciência”.
Eram conhecidas apenas ilustrações, concepções artísti-
cas e simulações. Mas por que levou-se tanto tempo? A
Fonte:
razão principal é que eles são fenômenos invisíveis —
https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/noti-
com a força da gravidade exercendo uma pressão que
cia/2019/05/brasileira-ganha-1-lugar-na-feira-de-cien-
nada escapa ao seu redor: incluindo a radiação eletro-
cias-da-intel-maior-do-mundo.html
magnética.
“Se você quiser tirar uma foto de algo que se recusa Cientista brasileira cria “caneta” que detecta cân-
a ser fotografado, como um buraco negro, você precisa cer durante cirurgia
construir um tipo especial de telescópio. Então, conec-
tamos radiotelescópios ao redor do globo, os sincroni- Uma cientista brasileira de 33 anos desenvolveu uma
zamos com relógios atômicos e todos eles olham para o espécie de caneta capaz de detectar células tumorais em
mesmo buraco negro ao mesmo tempo”, explicou She- poucos segundos. Livia Schiavinato Eberlin é formada em
perd Doeleman, diretor assistente para observação na Química pela Universidade Estadual de Campinas (Uni-
Black Hole Initiative. camp) e, apesar da pouca idade, já é chefe de um labo-
A importância do anúncio foi explicada na conferên- ratório de pesquisa da Universidade do Texas em Austin,
cia internacional, acompanhada ao vivo por diversos paí- nos Estados Unidos.
ses. Segundo um dos porta-vozes, a imagem do buraco Foi lá que, há quatro anos, ela iniciou os estudos de
negro é resultado do trabalho em equipe de centenas de um dispositivo capaz de extrair moléculas de tecido hu-
cientistas e pesquisadores ao redor do mundo — envol- mano e apontar, no material analisado, a presença de
veram-se no projeto oito telescópios e profissionais de células cancerosas. A tecnologia está em estudo, mas já
20 países —, além de ter sido fruto do sonho de Albert teve resultados promissores ao ser usada na análise de
Einstein, há 100 anos. 800 amostras de tecido humano.
A pesquisadora, que já mora há dez anos nos EUA,
Fonte: para onde se mudou para fazer doutorado, está no Brasil
https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Espaco/no- nesta semana para apresentar os achados de sua pes-
ticia/2019/04/foto-de-um-buraco-negro-e-revelada-pe- quisa no congresso Next Frontiers to Cure Cancer, pro-
la-primeira-vez-na-historia.html movido anualmente pelo A.C. Camargo Cancer Center na
cidade de São Paulo.
Brasileira ganha 1º lugar na feira de ciências da Nos Estados Unidos, Livia ganhou destaque na comu-
Intel, a maior do mundo nidade científica ao ser uma das personalidades selecio-
ATUALIDADES

nadas em 2018 para receber a renomada bolsa da Fun-


Com apenas 18 anos, Juliana Estradioto já conta com dação MacArthur, conhecida como “bolsa dos gênios” e
um currículo acadêmico de dar orgulho. Agora, ela ga- destinada a profissionais com atuação destacada e criati-
nhou o primeiro lugar na categoria Ciência dos Materiais va em sua área. O prêmio, no valor de U$ 625 mil (cerca
na premiação da Intel ISELF (International Science and de R$ 2,5 milhões), é de uso livre pelo bolsista.

11
A caneta desenvolvida por ela e sua equipe de pes- “Nós nos acostumamos a receber cartas que eram
quisadores usa uma técnica de análise química para dar para outras pessoas, ou ter que ficar na estrada acenan-
essa mesma resposta que um patologista daria. “A cane- do para motoristas de entrega.”
ta tem um reservatório preenchido com água. Quando Dez anos trabalhando na indústria da música, que en-
a ponta dela toca o tecido, capta moléculas que se dis- volviam também a tentativa de fazer com que as bandas
solvem em água e são transportadas para um espectrô- se encontrassem em entradas específicas dos locais de
metro de massa, equipamento que caracteriza a amostra apresentação, também alimentaram sua frustração.
como cancerosa ou não”, explica a cientista. “Eu tentei orientar as pessoas a usarem longitude e
Essa caracterização da amostra em maligna ou não latitude, mas isso nunca pegou de fato”, disse Sheldrick.
pode ser feita porque a tecnologia usa, além dos equi- “Então, pensei: como comprimir 16 dígitos em algo
pamentos de análise química, técnicas de inteligência ar- muito mais amigável? Eu estava falando com um mate-
tificial para que a máquina “responda” se as células são mático e descobrimos que havia combinações suficientes
tumorais.
de três palavras para cada local do mundo.”
Para isso, foram usadas, na criação do modelo, cen-
Na verdade, 40 mil palavras foram suficientes.
tenas de amostras de tecidos cancerosos que, por meio
A empresa começou em 2013 e agora emprega mais
de suas características, “ensinam” a máquina a identificar
de cem pessoas em sua base em Royal Oak, oeste de
tecido tumoral.
Londres.
Fonte:
https://exame.abril.com.br/ciencia/cientista-brasilei- Serviços de emergência e guias de viagem
ra-cria-caneta-que-detecta-cancer-durante-cirurgia
A Mongólia adotou as palavras-chave para seu ser-
What3words: como um aplicativo usa três pala- viço postal, e o guia de viagens Lonely Planet sobre o
vras para salvar vidas país fornece endereços de três palavras para pontos tu-
rísticos.
A polícia britânica pediu a todos que façam o down- A Mercedes Benz também incluiu o sistema em seus
load do aplicativo what3words para celular porque, se- carros, e o what3words está sendo usado agora em 35
gundo eles, várias vidas foram salvas graças ao programa idiomas. O Airbnb também usa as três palavras para lo-
disponível também no Brasil. Mas como ele funciona? calizar imóveis oferecidos na plataforma.
“Chutado. Convergido. Futebol” Segundo Lee Wilkes, gerente do Cornwall Fire and
Essas três palavras escolhidas aleatoriamente pelo Rescue Service, um dos 35 serviços de emergência ingle-
aplicativo salvaram Jess Tinsley e seus amigos quando ses e galeses que assinaram o sistema, o aplicativo “eli-
eles se perderam na floresta em uma noite escura e úmi- mina toda a ambiguidade sobre onde precisamos estar”.
da na Inglaterra. O grupo havia planejado uma trilha cir- O sistema pode ajudar também a combater incêndios
cular de 8 km na Hamsterley Forest, de quase 20 km², em grandes extensões rurais, por exemplo, disse Wilkes.
no condado de Durham, na noite de domingo, mas os “Em vez de dizer ‘encontrem-se no portão e depois
amigos se perderam depois de três horas. sejam orientados de lá’, podemos ser absolutamente es-
“Estávamos em um campo e não fazíamos ideia de pecíficos sobre onde a nossa equipe precisa chegar”, dis-
onde era aquilo”, disse a jovem de 24 anos. “Foi horrível. se Wilkes. “Eu simplesmente não consigo ver uma des-
Eu estava fazendo piadas sobre a situação, tentando rir vantagem (no sistema).”
para não chorar.” Caso as pessoas perdidas não tenham o aplicativo
Às 22h30 do horário local, encontraram uma área com
instalado, os serviços de emergência poderão enviar uma
sinal de telefone e ligaram para o serviço de emergência.
mensagem de texto contendo um link da web para seus
“Uma das primeiras coisas que o atendente nos dis-
telefones.
se para fazer foi baixar o aplicativo what3words, do qual
Essa alternativa exigiria um sinal de celular. No Bra-
nunca tinha ouvido falar”, disse Tinsley.
Quando o CEP ou o GPS não dão conta sil, a operadora com maior cobertura 3G do país, a Vivo,
O aplicativo what3words, essencialmente, aponta atende a 4.471 dos 4.635 municípios do país, seguida por
para um local muito específico. Tim (3.195), Claro (3.966) e Oi (1.644), segundo dados da
Seus desenvolvedores dividiram o mundo em 57 tri- consultoria Teleco.
lhões de quadrados, cada um medindo 3m x 3m e com Mas o what3words não precisa dessa conexão de da-
um endereço exclusivo de três palavras, atribuído alea- dos para determinar a localização de três palavras.
toriamente. “Digamos que um membro de um grupo se feriu em
A estação de metrô Faria Lima em São Paulo, por uma montanha e não pode se locomover. Eles não têm
exemplo, tem duas entradas e saídas. Uma delas pode sinal de celular para pedir ajuda, mas podem anotar as
ser encontrada pelo trio de palavras “Gelar. Recuar. Le- três palavras e avisar as equipes de resgate assim que
var” e a outra, “Falhar. Pirata. Aflita”. conseguirem sinal e determinar exatamente onde está a
ATUALIDADES

O aplicativo surgiu de problemas ligados a corres- pessoa ferida”, disse Sheldrick.


pondências do fundador da empresa, Chris Sheldrick, Foi o caso da polícia do Condado inglês de South
que cresceu na zona rural de Hertfordshire. Yorkshire, que usou as três palavras para encontrar um
“Nosso CEP não apontava direito para a nossa casa”, homem de 65 anos que ficou preso depois de cair em um
disse ele. aterro em Sheffield.

12
O Serviço de Bombeiros e Resgate de outro condado, Produção de energia eólica no Brasil se equipara
North Yorkshire, encontrou uma mulher que havia batido a de Itaipu
o carro, mas não sabia onde estava.
E a polícia do Condado inglês de Humberside con- A produção de energia eólica no Brasil atingiu a mar-
seguiu resolver rapidamente um crime em curso envol- ca de 14 gigawatts (GW) de capacidade instalada. Os
vendo reféns depois que uma vítima conseguiu dizer aos dados referentes à medição de setembro foram divulga-
policiais exatamente onde ela estava detida. dos nesta segunda-feira, 5, pela Associação Brasileira de
“Essa foi uma situação crítica e ser capaz de usar um Energia Eólica (Abeeólica) e mostram que o total da pro-
endereço de três palavras significava que os policiais po- dução dessa matriz energética é equivalente a mesma
deriam chegar lá muito mais rápido, resgatar o refém e capacidade instalada de Itaipu, a maior usina hidrelétrica
prender um homem”, disse Sheldrick. do Brasil.
No total, são 14,34 GW de capacidade instalada em
Fonte: 568 parques eólicos e mais de 7.000 aerogeradores em
https://www.bbc.com/portuguese/geral-49353306 12 estados. Os estados da Região Nordeste agregam a
maior parte da produção. O Rio Grande do Norte apare-
ENERGIA ce em primeiro lugar com 146 parques e 3.949,3 mega-
watts (MW) de potência. Em seguida vem a Bahia, com
Brasil ocupa oitavo lugar no ranking mundial de 133 parques e potência de 3.525 MW; o Ceará vem em
produção de energia eólica terceiro lugar, com 2.049,9 MW de potência e 80 parques
instalados.
e vento em popa. Este é o ritmo do crescimento da “A fonte eólica tem mostrado um crescimento con-
energia eólica no Brasil. Os investimentos no setor co- sistente, passando de menos de 1 GW em 2011 para os
meçaram por volta de 2005 e, menos de 10 anos após 14 GW de agora, completamente conectados à rede de
o primeiro leilão da energia dos ventos no país (realiza- transmissão. Em média, a energia gerada por estas eóli-
do em 2009), o Brasil atingiu na semana passada a po-
cas equivale atualmente ao consumo residencial médio
tência instalada 13 gigawatts (GW), quase a mesma da
de cerca de 26 milhões de habitações [80 milhões de
Hidrelétrica de Itaipu (14GWs). Segundo dia da série do
pessoas]”, informou a associação.
Estado de Minas sobre energias limpas mostra como o
De acordo com a Abeeólica, a energia produzida com
Brasil passou a ocupar o oitavo lugar no ranking mundial
ventos está chegando a atender quase 14% do Sistema
da produção de energia, divulgado pelo Global World
Interligado Nacional (SIN). No caso específico do Nor-
Energy Council (GWEC), superando países desenvolvidos
deste, os recordes de atendimentos a carga ultrapassam
como Itália e Canadá. O salto foi dado nos últimos cinco
70% da energia produzida na região.
anos, pois, até 2012, estava em 15º.
Com mais 500 parques eólicos em operação, o país “O dado mais recente de recorde da região é do dia
tem uma produtividade bem acima da média mundial, se- 13 de setembro, uma quinta-feira, quando 74,12% da
gundo a Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeo- demanda foi atendida pela energia eólica, com geração
lica). O crescimento sustentável e os sucessivos recordes média diária de 7.839,65 MWmed [megawatts médios] e
de geração levaram esse tipo de energia a abastecer 11% fator de capacidade de 76,58%. Nesta data, houve uma
do país, em setembro de 2017. Sua importância é maior máxima às 8h, com 82,34% de atendimento da demanda
no Nordeste, onde, em alguns meses do ano, ela garan- e 85,98% de fator de capacidade. Vale mencionar tam-
te 60% do abastecimento. Lá estão os três estados que bém que, nesse mesmo dia, o Nordeste foi exportador
lideram o ranking da produção eólica nacional: Rio Gran- de energia durante todo dia, uma realidade totalmente
de do Norte (3,7GW); Bahia (2,5GW) e Ceará (1,9GW). O oposta ao histórico do submercado que é por natureza
quarto colocado é o Rio Grande do Sul, com 1,8GW. importador de energia”, disse a Abeeólica.
Os avanços do país no setor se devem diretamente (Fonte: https://www.fiern.org.br/producao-de-ener-
à boa qualidade dos ventos do Nordeste e do Rio Gran- gia-eolica-no-brasil-se-equipara-de-itaipu/)
de do Sul, segundo a presidente da Abeeólica. “O Bra-
sil conseguiu trazer novas tecnologias desenvolvidas lá Governo seguirá com privatização da Eletrobras e
fora para serem aplicadas aqui. Ao trazer a tecnologia da reformas em energia, diz ministro
energia eólica, percebemos que o Brasil tem uma grande
particularidade: o país tem os melhores ventos do mun- O novo ministro de Minas e Energia, almirante Bento
do para gerar energia. Os aerogeradores no Brasil –prin- Albuquerque, afirmou que o presidente Jair Bolsonaro
cipalmente no Nordeste e no Sul do país – têm uma pro- levará adiante propostas de desestatização da Eletro-
dutividade que costuma ser o dobro da produtividade do brase de reformas no setor de energia apresentadas no
restante do mundo”, explica Elbia. governo de Michel Temer, ao falar durante cerimônia de
transmissão do cargo em Brasília.
Fonte: O projeto de Temer para a Eletrobras previa a priva-
ATUALIDADES

https://www.em.com.br/app/noticia/econo- tização da companhia por meio de uma oferta bilionária


mia/2018/02/26/internas_economia,940112/brasil-ocu- de novas ações que diluiria a participação do governo na
pa-8-lugar-no-ranking-mundial-de-producao-de-ener- elétrica a uma posição minoritária.
gia-eolica.shtml As ações ordinárias da estatal dispararam após a fala
de Albuquerque, e subiam quase de 16% às 13h26.

13
“Sempre levando em consideração o interesse pú- nou ao país. Ele foi capturado no sábado (12/01/19) por
blico, se dará prosseguimento ao processo em curso de agentes bolivianos em parceria com italianos após fugir
capitalização da Eletrobras”, afirmou o ministro em seu do Brasil, onde era buscado pela PF (Polícia Federal).
discurso, sem detalhar. Considerado terrorista pelas autoridades brasileiras e
Ele também disse que pretende avançar com uma re- italianas, Battisti foi condenado pelo assassinato de qua-
forma da regulamentação do setor elétrico que chegou tro pessoas na década de 1970, quando integrava o gru-
a ser apoiada por Temer e continuar com mudanças nas po Proletários Armados pelo Comunismo, um braço das
regras para exploração de campos de petróleo, incluindo Brigadas Vermelhas.Em 1991, a sentença foi confirmada
na região do pré-sal. pela Corte Suprema italiana (Cassazione).
“Modernizaremos o modelo do setor elétrico, preser- Após fugir da Itália na década de 1980, Battisti se es-
vando a segurança energética e priorizando a racionali- condeu em Paris e logo depois foi para o México. Depois
dade econômica”, apontou Albuquerque. de 10 anos em território mexicano, ele voltou a fugir para
“No setor de óleo e gás, aprimoraremos a Lei da Parti- a França onde viveu por 15 anos sob proteção do Eliseu,
lha da Produção, de modo a proporcionar maior compe- mas teve que deixar o país com a mudança de governo.
titividade no ambiente de exploração e produção, maior Em 2004 fugiu para o Brasil e viveu foragido até ser pre-
pluralidade de investidores, menor custo de transação so em Copacabana, em 2007. Foi solto em 2011, após o
para a União e, consequentemente, mais investimentos e ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) negar a extra-
retornos econômicos e sociais”, acrescentou. dição e conceder-lhe o status de refugiado político. Em
2017 voltou a ser preso, desta vez na Bolívia, mas três
Fonte: dias depois estava livre novamente. Após o ex-presiden-
https://epocanegocios.globo.com/Brasil/noti- te Michel Temer autorizar a extradição no final do ano
cia/2019/01/governo-seguira-com-privatizacao-da-ele- passado, voltou a ficar foragido em dezembro do ano
trobras-e-reformas-em-energia-diz-ministro.html passado até ser preso neste sábado, em Santa Cruz de
la Sierra.
Sirius: primeira volta de elétrons no acelerador
Fonte:
principal demonstra funcionalidade de laboratório
https://www.bol.uol.com.br/noticias/2019/01/14/bat-
tisti-italia-37-anos-fuga.htm
Principal projeto de pesquisa científica do governo
federal, o Sirius, em Campinas (SP), registrou um impor-
Trump firma acordo que acaba com ‘shutdown’
tante avanço nesta sexta-feira (22/11/19). Pesquisadores
concluíram com sucesso a 1ª volta de elétrons no tercei-
O presidente Donald Trump firmou nesta sexta-feira
ro e principal acelerador, demonstrando a funcionalidade (25/01/19) um acordo com a oposição democrata para
do equipamento. reabrir temporariamente o governo federal, paralisado
Diretor do projeto, Antônio José Roque da Silva clas- há um recorde de cinco semanas devido à disputa so-
sificou o teste como um “grande marco” e projetou que bre o financiamento do muro na fronteira entre Estados
as primeiras linhas de luz da estrutura possam realizar Unidos e México. Trump assinou a lei que prevê o finan-
experimentos no segundo semestre de 2020 - o atraso ciamento de parte das agências federais até 15 de fe-
no orçamento, no entanto, impede a conclusão das 13 vereiro, informou o Executivo. “Alcançamos um acordo
linhas de pesquisa previstas para o ano que vem. para encerrar o ‘shutdown’ e reabrir o governo federal
O Sirius é um laboratório de luz síncrotron de 4ª ge- (...) por três semanas, até 15 de fevereiro”, havia declara-
ração, que atua como uma espécie de “raio X superpo- do o presidente. O projeto foi aprovado por unanimida-
tente” que analisa diversos tipos de materiais em escalas de no Senado.
de átomos e moléculas. Atualmente, há apenas um la- Legisladores e a Casa Branca estavam sob intensa
boratório de 4ª geração de luz síncrotron operando no pressão para resolver o impasse, enquanto centenas de
mundo: o MAX-IV, na Suécia. milhares de trabalhadores federais entravam em um se-
No Brasil, essa tecnologia só está disponível em equi- gundo mês sem pagamentos, e o impasse político come-
pamentos de 2ª geração, em funcionamento há 30 anos. çou a atrapalhar alguns dos aeroportos mais movimen-
(Fonte: https://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/ tados do país.
noticia/2019/11/22/sirius-primeira-volta-de-eletrons-
-no-acelerador-principal-demonstra-funcionalidade-de- Fonte:
-laboratorio.ghtml) www.bol.uol.com.br/noticias/2019/01/26/trump-fir-
ma-acordo-que-acaba-com-hutdown.htm
RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Incêndio consome catedral de Notre-Dame de Pa-
Battisti chega à Itália após 37 anos de fuga ris
O terrorista italiano Cesare Battisti, 64, desembarcou
por volta das 11h30, do horário local, (8h30 no horário Na noite desta segunda-feira (15/04/19), os bombei-
ATUALIDADES

de Brasília) desta segunda-feira (14/01/19) no aeroporto ros já haviam controlado quase todo o fogo na catedral
de Ciampino, em Roma, após ser entregue na tarde de mais conhecida e visitada de todo o planeta. Mas os
ontem às autoridades italianas no aeroporto de Viru Viru, danos na Notre-Dame, em Paris, são incalculáveis. Um
em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia. Battisti deixou a desastre de proporções gigantescas para o patrimônio
Itália após fugir da prisão, em 1981, e nunca mais retor- cultural e arquitetônico da humanidade.

14
Os parisienses e turistas testemunharam atônitos a Modi enfrentou críticas no início da campanha por ter
queda do ponto mais alto da catedral, conhecido como falhado em criar mais empregos e pelos baixos preços
flecha. O incêndio começou uma hora antes, perto das agrícolas, e tanto analistas quanto políticos disseram que
19h no horário local – 14h no Brasil. a disputa eleitoral estava ficando acirrada, com o prin-
Fiéis que participavam de uma missa abandonaram cipal partido de oposição, Congresso Nacional Indiano,
a catedral. Rapidamente, as chamas no prédio de mais ganhando território.
de 850 anos podiam ser vistas de quase toda a capital O primeiro-ministro fez campanha entre sua base na-
francesa. As imagens se espalharam pelas redes sociais. cionalista hindu e transformou a disputa em uma briga
A polícia disse que a estrutura principal foi salva. As por segurança nacional após uma escalada nas tensões
estátuas de bronze foram removidas na semana passada
com o Paquistão. Ele atacou seu principal adversário por
para as obras.
ser “frouxo” com relação ao arqui-inimigo do país.
O Ministério Público já abriu uma investigação para
apurar as causas do incêndio. O presidente francês can- O partido de Modi deve conquistar entre 339 e 365
celou um pronunciamento que faria na TV e foi até o cadeiras da câmara baixa do Parlamento, composta por
local conversar com bombeiros. 545 membros, seguido por 77 a 108 cadeiras para a alian-
ça de oposição liderada pelo Congresso Nacional India-
Fonte: no, mostrou a pesquisa boca de urna India Today Axis.
https://g1.globo.com/jornal-nacional/noti- Na Índia, uma força política precisa somar o apoio de
cia/2019/04/15/incendio-consome-catedral-de-notre- uma maioria simples, ou seja, pelo menos 272 parlamen-
-dame-de-paris.ghtml tares, para poder formar governo.
Pesquisas boca de urna, no entanto, têm um histórico
Maduro rompe com EUA, pede lealdade a milita- controverso em um país com 900 milhões de eleitores
res e diz que não sai do poder --dos quais cerca de dois terços votaram na eleição de
sete etapas. As pesquisas frequentemente erraram o nú-
O aumento da pobreza e a repressão do governo de mero de cadeiras, mas o resultado, em geral, tem sido
Nicolás Maduro propiciou uma onda de manifestações acertado, disseram analistas.
na Venezuela pedindo a queda do ditador. O país agora Com as pesquisas indicando uma vitória da aliança
vive a instalação de um governo paralelo, liderado pelo
de Modi, os mercados acionários indianos devem subir
deputado de oposição, Juan Guaidó.
com força na segunda-feira, enquanto também se espera
Maduro afirma que não deixará a presidência da Ve-
nezuela e culpa os Estados Unidos por “uma tentativa de que a rupia indiana se fortaleça contra o dólar, de acordo
golpe”. Maduro rompeu relações com os EUA e está se com analistas do mercado financeiro.
apoiando na força dos militares do país. Uma vitória clara significaria que Modi poderá realizar
as reformas que investidores esperam o que tornará a
Guaidó desmente maduro Índia um lugar mais fácil para negócios, disseram eco-
nomistas.
Após o anúncio de Maduro, Juan Guaidó publicou (Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/
um documento em suas redes sociais dirigido a todas noticia/2019-05/india-encerra-eleicao-que-deve-reele-
embaixadas presentes na Venezuela afirmando que as ger-narendra-modi)
relações diplomáticas com todos os países do mundo
estão mantidas. “Peço que vocês desconheçam qualquer Brexit
ordem ou disposição que contradiga o firme propósito
do poder legislativo da Venezuela”, afirmou. Relatos da Brexit é o processo de saída do Reino Unido da União
imprensa afirmam que há uma ordem de prisão contra Europeia iniciado em 2017 e com previsão para terminar
Guaidó, que já foi preso brevemente há cerca de duas em 2020.
semanas. Em 24 de novembro de 2018, após dois anos de ne-
gociação, a União Europeia aceitou os termos de retirada
Fonte:
https://www.bol.uol.com.br/noticias/2019/01/23/ma- apresentado pela então primeira-ministra Theresa May.
duro-rompe-com-os-eua-e-diz-que-nao-deixara-presi- No entanto, sem conseguir que seu projeto fosse
dencia-da-venezuela.html aprovado no Parlamento, May demitiu-se e foi substituí-
da pelo deputado Boris Johnson.
Índia encerra eleição que deve reeleger Narendra O Brexit está previsto para 31 de janeiro de 2020.
Modi
Aprovação do acordo do Brexit
Indianos foram às urnas neste domingo (19/05) para
a sétima e última fase das eleições gerais no país. Pesqui- Após intensas negociações com os 27 países inte-
sas de boca de urna indicam vitória do Partido do Povo grantes da União Europeia, o Reino Unido conseguiu um
Indiano (BJP), legenda nacionalista hindu do primeiro- acordo para a saída desse bloco econômico, em 16 de
-ministro Narendra Modi. outubro de 2019.
ATUALIDADES

O pleito, o maior do mundo com um eleitorado de Desta vez, estão garantidas a livre circulação de pes-
902 milhões de pessoas, teve início em 11 de abril. A con- soas e mercadorias entre a fronteira da República da Ir-
tagem de votos das sete fases das eleições está prevista landa e da Irlanda do Norte. No entanto, o novo acordo
para a próxima quinta-feira, 23 de maio, e os resultados prevê o fim do status especial para o Reino Unido e o
só devem ser conhecidos na quinta ou na sexta-feira. torna um rival.

15
O projeto foi aprovado no Parlamento britânico no Economia
mesmo mês. Porém, os parlamentares não concederam
debater o texto em apenas dois dias e obrigaram ao pri- Em relação à situação econômica e social, a alta co-
meiro-ministro pedir um adiamento de três meses. missária da ONU afirmou que a crise continua afetando
Como consequência, Johnson teve que pedir novo os direitos dos venezuelanos. De acordo com a Comis-
adiamento à União Europeia. Desta vez, a data para um são Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal),
possível Brexit será 31 de janeiro de 2020. em 2019, a economia do país sofrerá uma contração de
25,5%, atingindo uma perda acumulada do Produto In-
Referendo sobre o Brexit terno Bruto (PIB) de 62,2% desde 2013.
“Embora nos últimos meses tenha havido melhora
O Brexit tem origem no governo do primeiro-ministro no suprimento de alimentos, apenas a minoria da po-
conservador David Cameron. pulação com acesso a divisas estrangeiras pode cobrir
Para disputar a reeleição, Cameron se aliou ao partido regularmente os altos preços dos alimentos devido à hi-
nacionalista, Partido da Independência do Reino Unido perinflação e à dolarização de fato da economia”, relata
(UKIP, na sigla em inglês). Bachellet, acrescentando que o salário mínimo no país
Em troca do seu apoio, este partido exigiu a convoca- cobre apenas 3,5% da cesta básica.
ção de um referendo onde os eleitores pudessem esco- Na apresentação, feita hoje em Bruxelas, Bachelet dis-
lher entre seguir ou sair da União Europeia. se que sua equipe visitou a cidade de Maracaibo, onde
O UKIP argumentava que a União Europeia retirava a verificou longas filas para comprar combustível, em meio
soberania do Reino Unido em assuntos econômicos e de a prolongados e repetidos cortes de eletricidade, que
imigração. Por isso, pedia que fosse feito uma consulta à também afetam o abastecimento de água. “Os direitos
população sobre a permanência neste bloco econômico. à saúde e educação também foram afetados, principal-
(Fonte: https://www.todamateria.com.br/brexit/) mente devido à falta de pessoal, infraestrutura precária
e falta de insumos”.
ONU alerta para incorporação de milícia às Forças Segundo Bachelet, durante o mês de novembro, a
Armadas venezuelanas Cáritas informou que, nas paróquias mais pobres de 19
estados do país, 11,9% das crianças apresentam sinais de
A alta comissária da Organização das Nações Uni-
desnutrição aguda – um aumento de 56% em relação a
das para os Direitos Humanos (ONU), Michelle Bachelet,
2018 – e que 32,6% têm atrasos de crescimento. A Cári-
apresentou hoje (18/12/19) um novo relatório sobre a
tas também relatou que 48,5% das gestantes atendidas
situação na Venezuela. Entre os temas abordados estão a
apresentam deficiências nutricionais.
liberação de presos políticos, a falha no acesso à saúde e
educação, os altos índices de violência e a preocupação
Violência
com uma possível incorporação das milícias às Forças Ar-
madas nacionais.
A alta comissária da ONU, em sua apresentação hoje, Diante da ausência de dados oficiais atualizados e pú-
em Bruxelas, demonstrou preocupação com apelos de blicos, o Observatório Venezuelano da Violência estimou
altas autoridades venezuelanas para que continuem a ar- uma taxa de 60,3 homicídios violentos por 100 mil ha-
mar as milícias, bem como a apresentação, no Congres- bitantes de janeiro a novembro de 2019. Embora tenha
so, de um projeto de lei que fortalece e incorpora esses havido uma redução em relação a 2018, o número segue
grupos às Forças Armadas Nacionais da Bolívia. sendo um dos mais altos da região.
Bachelet afirmou ainda que membros de sua equi- “Reitero minha preocupação com os níveis de violên-
pe fizeram visitas a nove centros de detenção e entre- cia que nos últimos meses também impactaram os líde-
vistaram, de maneira confidencial, mais de 70 pessoas res políticos locais, como ilustrado pelos assassinatos do
privadas de liberdade. Foram detectados 118 casos (109 ex-vereador da oposição Edmundo “Pipo” Rada Angulo
homens e nove mulheres) que requerem uma resposta e do ex-governador oficialista Johnny Yáñez Rangel. De
urgente por motivos de saúde, atrasos em processos ju- agosto até hoje, meu escritório documentou alegações
diciais e demora na liberação de pessoas que já cumpri- de supostas execuções extrajudiciais por membros das
ram suas penas. Forças de Ações Especiais (Faes), principalmente contra
“Destaco a liberação em setembro e outubro de 28 jovens, no contexto de operações de segurança em fa-
pessoas (24 homens e quatro mulheres) privadas de li- velas.”
berdade por motivos políticos e exorto as autoridades a Bachelet afirmou ainda que vê com preocupação al-
liberar incondicionalmente todas as pessoas detidas por tos índices de violência e a presença de grupos armados
motivos políticos, incluso militares. Reitero meu pedido irregulares envolvidos em exploração ilegal de recursos
para que se continue dando cumprimento às orientações naturais.
do grupo de trabalho sobre detenções arbitrárias”, afir-
mou Bachelet. Migrações
ATUALIDADES

Bachelet relatou atos de assédio, ameaças e deten-


ções pelos serviços de inteligência e forças de segurança, A Plataforma de Coordenação das Nações Unidas
além de outros casos de restrição das liberdades públicas para Refugiados e Migrantes da Venezuela estima que
que “limitam o espaço cívico-democrático”, como a de- 4,7 milhões de venezuelanos deixaram o país e projeta
tenção de jornalistas. que esse número chegará a 6,5 ​​milhões no final de 2020.

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“Estou preocupada com o aumento da migração ir- A comunidade internacional deve “impedir que a
regular devido, por um lado, às maiores exigências de península volte à tensão e ao confronto”, argumentou
entrada em alguns países de trânsito e destino, mas tam- o porta-voz chinês, em entrevista coletiva, em que justifi-
bém pelas dificuldades que o povo venezuelano enfrenta cou o pedido apresentado à ONU.
na obtenção de sua documentação de viagem. Recente- Entre outras medidas, o documento sugere a suspen-
mente, as autoridades venezuelanas aumentaram o custo são da proibição de importação de carvão, de ferro, de
da emissão de passaportes em 70%, um custo equivalen- minério de ferro e de têxteis da Coreia do Norte.
te a 54 salários mínimos. O uso de rotas mais perigosas e China e Rússia pedem ainda o fim de uma medida
a exposição ao tráfico de pessoas aumentaram”, afirmou. que exige que os países recusem trabalhadores norte-
-coreanos que procurem emigrar.
Ano eleitoral O documento pede também a Pyongyang que inicie
um processo de desnuclearização. O pedido tem sido re-
cusado por Kim Jong-un, alegando que as armas nuclea-
Michelle Bachelet demonstrou preocupação com o
res são a única forma de garantir a segurança nacional
processo eleitoral de 2020. “É crucial garantir as liberda- contra ataques externos.
des públicas que são fundamentais para criar as condi-
ções necessárias para eleições livres, imparciais, credíveis, Fonte:
transparentes e pacíficas. A esse respeito, estou preocu- http://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noti-
pada com a retirada da imunidade de cinco deputados cia/2019-12/china-e-russia-pedem-onu-reducao-de-
da oposição, aumentando o total para 30 deputados -sancoes-contra-coreia-do-norte)
privados de imunidade, bem como com atos de assédio
contra representantes da oposição, incluindo o presiden- DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
te da Assembleia Nacional”, afirmou a alta comissária da
ONU. Mais da metade da população mundial não tem
acesso à água potável, diz ONU
Fonte:
http://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noti- Considerado um direito humano pela Organização
cia/2019-12/onu-alerta-para-incorporacao-de-milicia- das Nações Unidas (ONU), o acesso à água potável e
-forcas-armadas-venezuelanas ao saneamento básico está longe de ser uma realidade
para mais da metade da população mundial. Segundo o
Relatório Mundial da ONU sobre Desenvolvimento dos
China e Rússia pedem à ONU redução de sanções
Recursos Hídricos 2019, lançado hoje em Genebra, fal-
contra Coreia do Norte
ta água limpa e segura para 2,1 bilhões de pessoas, en-
quanto 4,5 bilhões carecem de serviços sanitários. Com o
A China pediu hoje (17/12/19) ao Conselho de Se- alerta de que a expectativa é de que a situação se agrave,
gurança da Organização das Nações Unidas (ONU) que devido às mudanças climáticas, o documento, intitulado
apoie uma proposta sino-russa de reduzir as sanções Não deixar ninguém para trás, destaca a necessidade de
contra a Coreia do Norte, desde que o país aceite um políticas públicas comprometidas a mudar essa situação.
plano de desnuclearização. “Os números falam por eles mesmos. Como o rela-
Nas últimas semanas, o governo norte-coreano tem tório mostra, se a degradação do ambiente natural e a
pedido aos Estados Unidos (EUA) que suspenda as san- pressão insustentável sobre os recursos hídricos globais
ções impostas e fez um ultimato, ameaçando com um continuarem nas taxas atuais, 45% do Produto Interno
“presente de Natal” se Washington não fizer concessões Bruto global e 40% da produção global de grãos estarão
em sua posição. em risco em 2050”, disse, em comunicado de imprensa,
O presidente norte-americano, Donald Trump, res- Gilbert F. Houngbo, presidente da ONU Água e do Fun-
pondeu ao ultimato da Coreia do Norte, afirmando que do Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida). “Os
ficaria “decepcionado se alguma coisa estivesse sendo pobres e as populações marginalizadas serão afetados
preparada”, referindo-se à possibilidade de qualquer re- desproporcionalmente, exacerbando mais as desigualda-
des já crescentes. O relatório de 2019 fornece evidências
taliação militar por parte de Pyongyang.
da necessidade de adaptar abordagens, tanto nas políti-
A proposta apresentada por Pequim e Moscou à ONU
cas quanto na prática, e de adereçar às causas da exclu-
busca uma solução para o impasse, sugerindo que os são e da desigualdade.”
EUA ajustem as suas sanções contra a Coreia do Norte Na semana em que se comemora o Dia da Água, cele-
“de acordo com os passos dados por esse país em dire- brado na sexta-feira, o trabalho da ONU detalha as múlti-
ção à desnuclearização”. plas faces da disparidade ao acesso aos recursos hídricos.
A proposta chega em um momento de tensão entre Por exemplo, em países mais pobres, as mulheres estão
Washington e Pyongyang, com as negociações travadas em desvantagem dentro do grupo dos mais desfavore-
desde o fracasso da cúpula entre Donald Trump e o pre- cidos — nesses locais, geralmente cabe a elas andar qui-
sidente da Coreia do Norte, Kim Jong-un, em fevereiro lômetros para coletar água. O relatório mostra que, em
ATUALIDADES

passado. uma escala global, metade das pessoas que toma água
“A península coreana atravessa um período impor- de fontes não seguras vive na África. Na região subsaa-
tante e sensível. A urgência de um acordo político au- riana do continente, somente 24% da população têm
mentou ainda mais”, disse o porta-voz do Ministério dos água potável e apenas 28% contam com saneamento
Negócios Estrangeiros da China. não compartilhado com outras pessoas.

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Dentro das cidades, a desigualdade também está ma dos níveis pré-industriais e de envidar esforços para
presente. “Na África subsaariana, a maioria da popula- limitar o aumento da temperatura a 1,5°C acima dos ní-
ção tem acesso nas cidades, mas, na periferia urbana, veis pré-industriais.
não acessam nem água nem saneamento”, exemplifica Para que comece a vigorar, necessita da ratificação de
Massimo Lombardo, oficial de Meio Ambiente da Orga- pelo menos 55 países responsáveis por 55% das emis-
nização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e sões de GEE. O secretário-geral da ONU, numa cerimônia
a Cultura (Unesco) no Brasil. Ele esclarece que o relató- em Nova York, no dia 22 de abril de 2016, abriu o período
rio não traz informações destacadas por países, mas diz para assinatura oficial do acordo, pelos países signatá-
que alguns dos problemas descritos, como desigualda-
rios. Este período se encerrou em 21 de abril de 2017.
des regionais, territoriais e socioeconômicas associadas
Para o alcance do objetivo final do Acordo, os gover-
ao acesso à água de qualidade, também são realidade
nos se envolveram na construção de seus próprios com-
brasileira.
promissos, a partir das chamadas Pretendidas Contribui-
Fonte: ções Nacionalmente Determinadas (iNDC, na sigla em
https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/ inglês). Por meio das iNDCs, cada nação apresentou sua
ciencia-e- saude/2019/03/19/interna_ciencia_saude, contribuição de redução de emissões dos gases de efeito
743808/mais-da-metade-da-populacao-mundial-nao- estufa, seguindo o que cada governo considera viável a
-tem-acesso-a-agua-potavel.shtml partir do cenário social e econômico local.
Após a aprovação pelo Congresso Nacional, o Brasil
Queimadas e desmatamento na Amazônia aumen- concluiu, em 12 de setembro de 2016, o processo de ra-
tam após saída do Exército tificação do Acordo de Paris. No dia 21 de setembro, o
instrumento foi entregue às Nações Unidas. Com isso,
Na Amazônia, as queimadas e o desmatamento vol- as metas brasileiras deixaram de ser pretendidas e tor-
taram a crescer em novembro, com o fim da atuação das naram-se compromissos oficiais. Agora, portanto, a sigla
Forças Armadas na região. perdeu a letra “i” (do inglês, intended) e passou a ser
A operação de garantia da lei e da ordem, a GLO, na chamada apenas de NDC.
região amazônica durou dois meses. Terminou no fim de A NDC do Brasil comprometeu-se a reduzir as emis-
outubro. Dez mil soldados combateram quase dois mil sões de gases de efeito estufa em 37% abaixo dos ní-
focos de queimadas na floresta
veis de 2005, em 2025, com uma contribuição indicativa
Em agosto, o Inpe registrou quase 31 mil focos de
subsequente de reduzir as emissões de gases de efeito
queimada. Em setembro e outubro, com a GLO, os nú-
meros caíram para 19.900 e depois para 7.800. Agora em estufa em 43% abaixo dos níveis de 2005, em 2030. Para
novembro, depois da saída dos militares, os focos au- isso, o país se comprometeu a aumentar a participação
mentaram de novo: 10.200. de bioenergia sustentável na sua matriz energética para
O mesmo movimento foi registrado com o desmata- aproximadamente 18% até 2030, restaurar e reflorestar
mento. Aumento em agosto, 223%a mais que em agosto 12 milhões de hectares de florestas, bem como alcançar
de 2018. E com a entrada da GLO o ritmo de crescimento uma participação estimada de 45% de energias renová-
do desmatamento diminui em setembro e em outubro, veis na composição da matriz energética em 2030. Con-
mas voltou a aumentar em novembro 40% em relação ao fira os fundamentos para NDC brasileira.
mesmo mês de 2018. A NDC do Brasil corresponde a uma redução estima-
O ministro do Meio Ambiente disse que, para comba- da em 66% em termos de emissões de gases efeito de
ter o desmatamento, o governo vai investir no desenvol- estufa por unidade do PIB (intensidade de emissões) em
vimento sustentável. 2025 e em 75% em termos de intensidade de emissões
em 2030, ambas em relação a 2005. O Brasil, portanto,
Fonte: reduzirá emissões de gases de efeito estufa no contexto
https://g1.globo.com/jornal-nacional/noti- de um aumento contínuo da população e do PIB, bem
cia/2019/11/29/numero-de-queimadas-na-amazonia- como da renda per capita, o que confere ambição a essas
-aumenta-apos-saida-do-exercito.ghtml
metas.
No que diz respeito ao financiamento climático, o
Acordo de Paris
Acordo de Paris determina que os países desenvolvidos
Na 21ª Conferência das Partes (COP21) da UNFCCC, deverão investir 100 bilhões de dólares por ano em me-
em Paris, foi adotado um novo acordo com o objetivo didas de combate à mudança do clima e adaptação, em
central de fortalecer a resposta global à ameaça da mu- países em desenvolvimento. Uma novidade no âmbito
dança do clima e de reforçar a capacidade dos países do apoio financeiro é a possibilidade de financiamento
para lidar com os impactos decorrentes dessas mudan- entre países em desenvolvimento, chamada “cooperação
ças. Sul-Sul”, o que amplia a base de financiadores dos pro-
ATUALIDADES

O Acordo de Paris foi aprovado pelos 195 países Parte jetos.


da UNFCCC para reduzir emissões de gases de efeito es- Esse mecanismo exige que os países atualizem con-
tufa (GEE) no contexto do desenvolvimento sustentável. tinuamente seus compromissos, permitindo que am-
O compromisso ocorre no sentido de manter o aumento pliem suas ambições e aumentem as metas de redução
da temperatura média global em bem menos de 2°C aci- de emissões, evitando qualquer retrocesso. Para tanto, a

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partir do início da vigência do acordo, acontecerão ciclos com o outro, o que condiciona e modela nosso compor-
de revisão desses objetivos de redução de gases de efei- tamento. Existem, pelo menos, duas pessoas que partici-
to estufa a cada cinco anos. pam dessa interação: o agressor e a vítima.
De fato, é inconcebível uma conduta violenta sem a
Fonte: presença do outro. Não há violência sem vítima. Ela en-
https://www.mma.gov.br/clima/convencao-das-na- contra sua origem imediata e se explica com referência
coes-unidas/acordo-de-paris à palavra e aos atos de outrem. Mas, também não existe
violência sem um contexto. Um comportamento social
SEGURANÇA não é um ato de indivíduos isolados, porém de pessoas
que têm os mesmos valores, expectativas, papéis e re-
Jovem é assassinado ao defender mãe durante as- gras que definem as relações entre si.
salto a mercado no Rio Sobre a violência contemporânea, vale destacar o
acentuado processo de banalização da vida humana pro-
O estudante de psicologia Matheus dos Santos Lessa, vocado pela nossa intensa exposição a cenas televisivas
22, morreu na noite do dia 15 ao tentar defender a mãe violentas. O intenso contato com este tipo de programa-
ção de TV, associado ao irreversível processo de urba-
durante um assalto ao mercado da família, no bairro de
nização e desenvolvimento tecnológico que nos afasta
Guaratiba, na zona oeste do Rio.
cada vez mais dos relacionamentos sociais direitos, tem
Segundo a PM, dois homens chegaram ao local em
provocado nas pessoas, em geral, reações de total indife-
uma moto e anunciaram o assalto à mãe de Matheus,
rença em relação às ações violentas alheias.
Carla Rodrigues Santos, que estava no caixa do merca-
Hoje em dia, somos capazes de viver dez, quinze ou
do. Ao ver a abordagem, o jovem reagiu, colocou-se na
vinte anos no mesmo edifício de apartamentos e, ainda
frente da mãe e acabou baleado no pescoço e no braço.
assim, não sabermos o nome do nosso vizinho de porta.
Tudo o que sabemos sobre o mundo e as pessoas nos
Fonte: chega através da TV, da Rede mundial de computado-
https://www.bol.uol.com.br/noticias/2019/01/16/jo- res ou do telefone. Este processo social que nos torna
vem-morre-ao-defender-mae-durante-assalto-a-merca- próximos do ponto de vista físico e distantes do ponto
do-no-rio.htm de vista dos relacionamentos sociais, faz com que não
esbocemos mais nenhuma reação emocional quando
Mídia, violência e segurança pública: Novos as- nos deparamos com a violência praticada contra pessoas
pectos da violência e da criminalidade no Brasil que não conhecemos. Somente nos chocamos com a
violência sofrida por seres humanos que compartilham
Atualmente vem ocorrendo significativas mudanças do nosso, cada vez mais restrito, rol de relacionamentos
no perfil social da violência. Pessoas, sobretudo jovens, pessoais.
que não fazem parte do mundo da pobreza e da dis- Destacando o mesmo problema na sociedade dos
criminação racial, têm tido participação constante nas Estados Unidos da América, recentemente um famoso
ações de violência. No Brasil, são cada vez mais frequen- cineasta, produziu dois filmes de curta duração que fo-
tes as informações que nos chegam sobre atos de violên- ram exibidos em diversas vias públicas dos centros ur-
cia envolvendo jovens da alta classe média que agridem, banos do seu país. O primeiro vídeo mostrava a técnica
por diversão ou intolerância, homossexuais, profissionais de retirar pele de coelhos desenvolvida por uma artesã
do sexo, negros, nordestinos e indígenas, entre outros do interior de um dos estados tradicionais dos EUA. A
seguimentos que integram um extenso leque de mino- retirada da pele ocorria sem os coelhos serem abatidos
rias sociais. preliminarmente e, a população que assistia a cena, em
Há muitos questionamentos sobre os elementos que total perplexidade, dava as costas à tela que exibia o ima-
motivam os jovens que receberam carinho dos pais, edu- ginável ritual de dor ao qual estavam sendo submetidos
cação escolar de qualidade e acesso ativo ao mercado de os animais, recusava-se a continuar vendo as imagens. O
consumo, a praticar ações de violência. segundo mostrava um homem negro sendo baleado – à
Para tentar responder este questionamento, uma coi- queima roupa – por um policial após roubar uma cartei-
sa é certa, não podemos deixar de levar em considera- ra. As pessoas que assistiam um ser humano perdendo
ção os novos elementos que passaram a atuar no nosso a vida de forma brutal não esboçavam nenhuma reação
processo de socialização dos anos 80 do século passado emotiva. Alguns justificavam sua frieza afirmando que o
para cá. Há pelo menos três décadas, crianças e jovens coelho não havia roubado ninguém.
do Brasil estão em contato diário com uma série de infor- Sobre este enfoque, torna-se interessante investigar
mações que incentivam e banalizam a violência. os atos de violência associados a pessoas ou grupos so-
De modo geral, a violência, traduz-se na época atual ciais que não habitam o espaço social violento, mas que
por um evento cujas implicações e desdobramentos atin- estão frequentemente expostos aos seus efeitos através
gem, sem distinção, todos os segmentos sociais. dos instrumentos de mídia.
ATUALIDADES

Conforme relata Moser (1991), a violência é, concei- Inúmeras pesquisas no campo da psicologia têm
tualmente, um comportamento social, já que pressupõe mostrado, de maneira repetida, que há correlação positi-
uma relação que envolve pelo menos duas pessoas, va em a assistência a filmes violentos e o comportamento
como a maioria das condutas humanas. É uma intera- agressivo dos pacientes. Na realidade, a carga de violên-
ção, na medida em que se origina e se efetiva na relação cia a que as crianças estão expostas na televisão está po-

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sitivamente correlacionada com certos comportamentos ‘Coletes amarelos’ protestam na França mesmo
agressivos como discutir, entrar em conflitos com os pais, após medidas anunciadas por Emmanuel Macron
ou, mesmo, cometer atos delituosos. (MOSER, 1991).
Não resta dúvida que o resultado de tanta exposição Vários milhares de “coletes amarelos” mobilizaram-se
aos cenários de violência influencia diretamente o nosso pela 24ª vez neste sábado (27/04/19) em diversas cida-
comportamento social. A escalada da violência no Brasil des da França, apesar do recente anúncio do presidente
se banaliza cada vez mais porque ela está ganhando con-
Emmanuel Macron de medidas em resposta à crise social
tornos culturais. Geertz (1989), por exemplo, afirma que
a tentativa de compreender tanto a organização da ati- no país.
vidade social como a natureza de suas relações, nos im- O Ministério do Interior registrou 23.600 manifestan-
põe a difícil tarefa científica de interpretar a cultura. Para tes em todo o país, 2.600 dos quais em Paris, onde duas
interpretar a cultura é preciso voltar-se para o “universo marchas, também convocadas pela Confederação Geral
das idéias”: conjunto de experiências, crenças e senti- do Trabalho, começaram pouco depois das 11h. Um de
mentos que dão ordem e significado ao comportamento seus alvos foram os canais de televisão, tachados de “mí-
social dos seres humanos. dia mentirosa” por sua cobertura dos protestos.
Não é nenhuma novidade que os heróis de nossos Cerca de 2 mil “coletes amarelos” desfilaram em Es-
filhos são personagens de desenhos animados que se trasburgo, cidade-sede do Parlamento Europeu, cujas
relacionam de forma violenta e intolerante com seus ad-
eleições estão marcadas para dentro de um mês. A mani-
versários. Qualquer pai que passa uma manhã acompa-
nhando a programação infantil de TV que seu filho assis- festação, inicialmente calma, cresceu em tensão quando
te semanalmente veria porque que mesmo nunca tendo as forças de segurança impediram a massa de seguir em
comprado uma arma de brinquedo para o garoto, ainda direção às instituições europeias e responderam com gás
sim, ele vive transformando seus brinquedos de encaixe lacrimogêneo ao lançamento de pedras e garrafas.
em poderosas metralhadoras e emitindo sons de rajadas Em resposta à série de manifestações, numa confe-
de balas pelos corredores da casa. rência de imprensa na quinta-feira o presidente francês
Os modernos jogos de videogame, com suas cenas apresentara um conjunto de medidas visando aumentar
que tentam imitar uma suposta realidade, são tão vio- o poder aquisitivo das classes média e baixa, com corte
lentos que o governo brasileiro estuda a possibilidade de impostos, redução dos gastos públicos e reforma da
de proibir alguns deles: acredita-se que eles incitam a
previdência social.
violência e o crime.
Se no passado a violência estava presente no ambien- Macron anunciou ainda uma indexação das pequenas
te sócio-cultural das populações marginalizadas pela po- correções da inflação, redução no imposto sobre o ren-
breza e, por isso, não era passível de escolha; hoje, os dimento para 15 milhões de famílias até 2020, e garantiu
jogos virtuais tornaram a violência, inclusive, opcional: que até 2022 não haverá fechamento de escolas ou hos-
compra-se um DVD com jogos violentos, e a violência pitais sem acordo das autoridades locais.
– virtual – vai até você. Você pode levar a violência para Há mais de cinco meses os “coletes amarelos” saem à
casa e oferecê-la para seus filhos, parentes e amigos. rua todos os sábados sob o pretexto de pedir mais justiça
Na verdade, a violência ganhou sentido mercadológi- social e fiscal, em passeatas em parte entremeadas de
co. Os produtores de jogos e programas de TV violentos violência, com prédios incendiados, vitrines, estilhaçadas
argumentam que, nos dias de hoje, as pessoas já apren- e lojas saqueadas.
deram a distinguir a fantasia do real. Contudo, o que não
se pode esquecer é que as pessoas são produtos do seu
meio: seja ele real ou virtual. Fonte:
De todo modo, percebe-se que muito mais que um https://g1.globo.com/mundo/noticia/2019/04/27/
efeito do velho comércio de drogas alimentado pelo coletes-amarelos-protestam-na-franca-mesmo-apos-
consumo das classes médias urbanas, a violência hoje -medidas-anunciadas-por-emmanuel-macron.ghtml
também gera lucros como instrumento de diversão. Ela
pode ser percebida nas rinhas clandestinas de cães ou
de seres humanos que lutam para gerar diversão a um ECOLOGIA
público sedento para poder acompanhar a banalização
da vida: banalização da vida que produz lucro.
Isso é um problema para o Brasil, principalmente Rio São Francisco está contaminado com rejeitos
quando os efeitos deste novo tipo de violência se somam da barragem de Brumadinho
aos da violência tradicional, ligada ao ambiente social da
pobreza. De acordo com dados fornecidos por Cerqueira Quase três meses após a tragédia do rompimento da
(2005), nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Belo barragem da mineradora Vale, em Brumadinho (MG), que
Horizonte, o custo da violência e da criminalidade, entre matou 210 pessoas e deixou outras 96 ainda considera-
os anos de 1995 e 1999, somou mais de 70 bilhões de
das desaparecidas, um relatório da Fundação SOS Mata
reais. As estimativas para os anos posteriores acresciam a
este total cerca de 5% ao ano. Atlântica revela que os danos ambientais provocados por
mais um crime da empresa são ainda piores do que os
ATUALIDADES

Fonte: divulgados até o momento.


https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-74/mi- Segundo a entidade, o rio São Francisco está conta-
dia-violencia-e-seguranca-publica-novos-aspectos-da- minado com rejeitos de minério. Entre os dias 8 e 14 de
-violencia-e-da-criminalidade-no-brasil março, a equipe da SOS Mata Atlântica revisitou a região

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até o Alto São Francisco para monitorar sua água. A notificação exigiu também a licença para operação
Dos 12 pontos analisados, nove estavam com con- do terminal da Guaíba, que não foi apresentada. Nova
dição ruim e três regular, o que torna o trecho a partir notificação foi feita no dia 21 de janeiro, também com
do Reservatório de Retiro Baixo, entre os municípios de a mesma resposta de que as licenças não seriam neces-
Felixlândia e Pompéu até o Reservatório de Três Marias, sárias. Segundo a prefeitura, a operação no finger não
no Alto São Francisco, com água imprópria para uso da precisa de licença, mas ela é necessária para o armaze-
população. namento temporário do minério no local, atividade com
A análise apontou que, em alguns trechos, as con- grande capacidade poluidora.
centrações de ferro, manganês, cromo e cobre, assim O prefeito Alan Costa afirmou que o Executivo mu-
como o nível de turbidez da água, estavam acima do re- nicipal pesquisou a legislação ambiental para embasar a
comendado pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente interdição. “Fizemos um grande estudo, baseado na le-
(Conama). gislação ambiental e com fundamentação jurídica para
A turbidez é avaliada pela quantidade de partícula não errarmos. Temos toda a capacidade de avaliar as ati-
sólida em suspensão, o que impede a passagem da luz vidades de disposição de minério, que são de competên-
e a fotossíntese, causando a morte da vida aquática (em cia da prefeitura”.
relatório divulgado pelo Portal do Meio Ambiente de Mi- A Secretaria de Meio Ambiente destaca também a ne-
nas Gerais, datado do dia 20/02, a Vale teria informado cessidade de outorga para a captação de água e a licença
que já teriam sido encontrados mais de 1.500 peixes na- de operação das atividades de gestão do terminal aqua-
tivos mortos no Paraopeba). viário e informa que é possível que as praias ao redor da
Ilha da Guaíba estejam poluídas por resíduos de minério
Fonte: de ferro.
http://conexaoplaneta.com.br/blog/rio-sao-francis- O prefeito informou que a Vale tem grande importân-
co-esta-contaminado-com-rejeitos-da-barragem-de- cia para o município, em geração de emprego e arreca-
-brumadinho dação, e que a intenção não é paralisar as atividades, que
poderão ser retomadas após a apresentação das licenças
Sobe o número de mortos por tsunami na Indoné- ou assinatura de um Termo de Compromisso Ambiental.
sia; vulcão ainda está em erupção A Vale tem 20 dias para recorrer da multa.
Localizado na parte leste da Baía da Ilha Grande, o
O balanço de vítimas do tsunami que atingiu a Indo- terminal foi construído em 1973 e recebe cerca de 40 mi-
nésia no último sábado subiu para 373 mortos e mais lhões toneladas de minério de ferro por ano, que chegam
de 1.400 feridos, anunciou a Agência Nacional de Gestão de trem e são levados de navio ao Porto de Sepetiba,
de Desastres nesta segunda-feira (24/12/18). Outras 128 para exportação. A Vale foi procurada pela reportagem
pessoas seguem desaparecidas. O tsunami foi provocado para se posicionar, mas ainda não deu retorno.
pela erupção do vulcão Anak Krakatoa, que segundo a
agência ainda está em erupção e pode provocar novos Fonte:
tsunamis. http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noti-
cia/2019-01/mangaratiba-interdita-terminal-da-vale-e-
Fonte: -aplica-multa-de-r-20-milhoes
https://g1.globo.com/mundo/noticia/2018/12/24/
sobe-o-numero-de-mortos-por-tsunami-na-indonesia- Crianças e jovens lideram greve global pelo clima
-vulcao-ainda-esta-em-erupcao.ghtml Mais 1 milhão de crianças e jovens foram às ruas em
120 países para pressionar líderes políticos e empresa-
Mangaratiba interdita terminal da Vale e aplica riais a agirem para evitar que as mudanças climáticas afe-
multa de R$ 20 milhões tem gravemente o futuro deles. A greve global de estu-
dantes pelo clima mobilizou também pais e professores
A prefeitura de Mangaratiba interditou o terminal da nesta sexta-feira (15/03/19). No Rio de Janeiro, a greve
mineradora Vale localizado na Ilha de Guaíba e multou foi na frente da Assembleia Legislativa (Alerj).
a empresa em R$ 20 milhões. A interdição ocorreu após O movimento de greve escolar é liderado pela jovem
uma vistoria feita na manhã de hoje (31/01/19) pela Se- sueca Greta Thunberg, de 16 anos, que em uma sexta-
cretaria Municipal de Meio Ambiente do município. -feira de agosto do ano passado começou a protestar so-
A ação contou com engenheiros ambientais, enge- zinha em frente ao parlamento sueco, em Estocolmo. Na-
nheiros químicos, técnicos do trabalho, biólogos, Polícia quele dia, ela faltou à aula e levou seu cartaz explicativo
Militar, Guarda Municipal, além do prefeito, Alan Costa. “em greve escolar pelo clima”, deflagrando o movimento
Foram inspecionados cerca de 15 itens e encontradas di- chamado de Fridays for Future [Sextas pelo Futuro], que
versas irregularidades. culminou nesta sexta-feira em greves em mais de 120
Segundo a prefeitura, a Secretaria de Meio Ambiente países. O número de quantas pessoas participaram ainda
solicitou da empresa as licenças ambientais no dia 18 de está sendo apurado.
ATUALIDADES

dezembro de 2018, mas a Vale teria respondido que “as A greve escolar no Rio foi articulada pela Priscilla
atividades de terminal marítimo no finger pier, que rece- Gouvas, Milena Batista, Nayara Almeida e pelo Carlos
be navios e o transporte de passageiros (funcionários), Victor Dourado e contou com o apoio da ONG de jo-
estavam corretas, já que não há necessidade de licencia- vens Engajamundo. Cerca de 40 estudantes do ensino
mento”. médio e superior participaram do evento. Priscilla, de 22

21
anos, explicou que resolveu organizar a greve depois de O que representa Trump cumprir promessa e tirar
ler uma matéria com críticas por não ter mobilização da EUA do Acordo de Paris
juventude no Brasil. A estudante, que terminou ensino
médio no tradicional Colégio Pedro II em 2018 e se pre- A exatamente um ano de enfrentar a disputa eleito-
para para o vestibular, abriu um evento no Facebook e ral que poderá reconduzi-lo à Casa Branca ou retirá-lo
começou daí a organizar a greve. da presidência, o presidente americano Donald Trump
cumpriu uma promessa de campanha e notificou a Or-
De acordo com a Embaixada da Suécia, até a véspera
ganização das Nações Unidas (ONU) sobre a retirada dos
da greve global, estavam programadas 19 greves no Bra- Estados Unidos do Acordo do Clima de Paris. O envio da
sil. Já para os mobilizadores do Rio, estavam confirmadas carta de saída, divulgada pelo secretário do departamen-
18 greves no país: Juazeiro do Norte (CE), Belo Horizonte, to de Estado Mike Pompeo, via Twitter, foi confirmado
Florianópolis, Goiânia, Recife, Rio de Janeiro, Santa Maria à BBC News Brasil pela ONU. “Recebemos o pedido de
(RS), Imbé (RS), São Paulo, Brasília, Confresa (MT), Fran- retirada dos Estados Unidos do Acordo do Clima hoje e
cisco Beltrão (PR), Alta Floresta (MT), Natal, Pato Branco vamos iniciar as medidas para efetivar esse pedido uni-
(PR), Aracaju, Jundiaí e Mogi das Cruzes. lateral. Mas a retirada efetivamente só acontecerá daqui
um ano”, afirmou o porta-voz da ONU Farah Haq.
Fonte:
https://www.oeco.org.br/reportagens/criancas-e-jo- Promessa nos EUA, promessa no Brasil
vens-lideram-greve-global-pelo-clima
Alinhado ideologicamente a Trump, o presidente bra-
sileiro Jair Bolsonaro também chegou a fazer promessas
Balanços oficiais de desmatamento da Amazônia de retirar o Brasil do Acordo de Paris ainda durante sua
confirmam dados de sistema de alerta; entenda campanha eleitoral, em 2018. “O que está em jogo é a
soberania nacional, porque são 136 milhões de hectares
A série com dados oficiais de desmatamento da Ama- que perdemos ingerência sobre eles”, afirmou, em refe-
zônia dos últimos três anos, compilados pelo Instituto rência à dimensão da área que deveria ser protegida de
Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), mostra que os desmatamento pelo governo federal. “Eu saio do Acordo
alertas preliminares de áreas com sinais de devastação de Paris se isso continuar sendo objeto. Se nossa parte
na floresta vêm sendo confirmados ano a ano, e com for para entregar 136 milhões de hectares da Amazônia,
estou fora sim.”
margem.
Além da retirada do acordo de Paris, Bolsonaro havia
A divulgação destes alertas gerou críticas do presi- prometido acabar com o Ministério do Meio Ambiente e
dente Jair Bolsonaro, que afirmou que os números preju- rever as medidas de proteção ambiental do Código Flo-
dicam a imagem do país. O episódio levou à exoneração restal. O presidente também resolveu que o Brasil já não
do então diretor do instituto, Ricardo Galvão. Tanto a mais seria anfitrião de um acordo global do clima, mar-
taxa oficial quanto os alertas diários preliminares são do cado para acontecer no país no final de 2019. O encontro
Inpe, que é ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia. foi transferido para o Chile que, diante das intensas ma-
De agosto de 2018 a julho deste ano, os alertas indi- nifestações de rua que enfrenta, redirecionou o evento
caram que 6,8 mil km² poderiam estar sob desmate. O para Madri, na Espanha.
balanço do período que se encerrou em julho de 2019 Os posicionamentos políticos de Bolsonaro caíram
mal na opinião pública internacional. A possibilidade de
ainda não foi divulgado.
que produtos agrícolas brasileiros sofressem boicote in-
Em comparação, de agosto de 2017 a julho de 2018 ternacional levou o governo a rever seu posicionamento
os alertas sinalizaram desmate em 4,5 mil km ² e a taxa antes mesmo que as queimadas na Amazônia ganhas-
oficial ficou em 7,5 mil km² – 64,8% maior. sem manchetes em jornais do mundo todo. Em junho
Os alertas diários são emitidos pelo Sistema de Detec- desse ano, no encontro dos líderes dos países do G-20,
ção de Desmatamento em Tempo Real (Deter) e servem em Osaka, Japão, o presidente sinalizou à comunidade
para embasar ações de fiscalização do Instituto Brasileiro internacional a intenção de manter o compromisso esta-
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis belecido no acordo do clima.
(Ibama). Historicamente, Brasil e Estados Unidos ocupam po-
Já os dados oficiais são do Programa de Monitora- sição muito distintas no debate internacional sobre meio
mento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite (Pro- ambiente. Enquanto o primeiro assumiu protagonismo
no tema ainda na década de 1990, o segundo reluta em
des), que tem índice de confiança próximo a 95%.
se posicionar de modo efetivo em relação ao assunto.
Especialistas dizem que a falta de fiscalização e puni- Um exemplo disso é o fato de os americanos não terem
ção está levando ao crescimento do desmatamento na ratificado o acordo anterior ao de Paris, o Protocolo de
região amazônica. Kyoto. Assim, politicamente, tomar uma medida como
essa teria um impacto negativo muito maior no públi-
Fonte: co brasileiro do que potencialmente terá no eleitorado
https://g1.globo.com/natureza/noticia/2019/08/18/ americano no geral.
ATUALIDADES

balancos-oficiais-de-desmatamento-da-amazonia-con-
firmam-dados-de-sistema-de-alerta-entenda.ghtml Fonte:
https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/bb-
c/2019/11/04/o-que-representa-trump-cumprir-pro-
messa-e-tirar-eua-do-acordo-de-paris.htm

22
Manchas de óleo no litoral atingem mais de 500 As principais características das florestas tropicais são:
locais no Nordeste e Sudeste a presença de árvores altas, o clima quente e a elevada
precipitação. A temperatura média atinge 20 ºC e chove
Chegou a 527 o número de locais afetados pelas cerca de 1.200 milímetros anuais.
manchas de óleo que desde o final de agosto poluem a Apesar de suportar uma enorme variedade de plan-
costa brasileira. O dado é do último balanço do Instituto tas, os solos das florestas tropicais são pobres. A sua
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Re- produtividade é garantida pela grande disponibilidade
nováveis (Ibama), divulgado na manhã desta quarta-feira de água e temperatura elevada. Além disso, os nutrientes
(13/11/19) com dados compilados até terça (12/11/19). necessários encontram-se em sua maior parte na bio-
Ao todo, 68% dos municípios do litoral nordestino fo- massa das próprias árvores vivas do que no solo.
ram contaminados desde o início do desastre ambiental. O processo de decomposição da matéria orgânica é
Das 111 cidades afetadas, 107 estão no Nordeste e 4 no extremamente rápido nas florestas tropicais, garantindo
Espírito Santo, primeiro estado do Sudeste atingido pe- a ciclagem dos nutrientes, que é uma condição funda-
mental para manter o funcionamento desse complexo
las manchas. Segundo o IBGE, existem 156 municípios no
ecossistema.
litoral nordestino.
As florestas tropicais úmidas são encontradas na Áfri-
Ainda de acordo com o Ibama, 97 animais já morre-
ca, Ásia e na América Central e do Sul. Ocorrem princi-
ram por conta da contaminação e pelo menos 134 foram
palmente em quatro regiões, que são chamadas de do-
encontrados com manchas de óleo. Desses, apenas 37 mínios biogeográficos, a saber:
foram localizados vivos. As tartarugas marinhas são as Afrotropical: localizado no continente africano, em
mais atingidas: 90 tartarugas, de diferentes espécies, fo- Madagascar e em ilhas dispersas;
ram contaminadas. Austrália: localizado na Austrália, Nova Guiné e nas
Ilhas do Pacífico;
Investigação federal Indomalásio: localizado na Índia, Sri Lanka, continente
asiático e Sudeste da Ásia;
Segundo órgãos federais, a substância é a mesma em Neotropical: localizado na América do Sul, América
todos os locais: petróleo cru. O fenômeno tem afetado a Central e nas ilhas do Caribe.
vida de animais marinhos e causado impactos nas cida- As maiores regiões de florestais tropicais concen-
des litorâneas. tram-se na América do Sul com a Amazônia e nas regiões
Uma investigação da Polícia Federal aponta que o africanas e do sudeste da Ásia.
navio grego Bouboulina é o principal suspeito pelo va- A maior floresta tropical do mundo é a Floresta Ama-
zamento. A embarcação carregou 1 milhão de barris de zônica. Esse bioma abriga enorme diversidade de formas
petróleo Merey 16 cru no Porto José, na Venezuela, no de vida e a maior disponibilidade de água doce do mun-
dia 15 de julho e zarpou em direção à Malásia, passando do.
pelo litoral da Paraíba no dia 28 de julho. Cerca de um
mês depois as primeiras manchas foram registradas em Fonte:
praias do estado. https://www.todamateria.com.br/floresta-tropical
A empresa Delta Tankers, responsável pelo navio, afir-
ma ter provas de que o Bouboulina não tem relação com
o incidente. A Delta foi notificada pela Marinha brasileira
junto com responsáveis por outras quatro embarcações EXERCÍCIO COMENTADO
de bandeira grega.
Dentre os cinco navios gregos notificados pela Mari-
01. (Prefeitura de Itapevi - SP - Agente de Combate a
nha do Brasil na investigação sobre o vazamento de óleo,
Endemias - VUNESP - 2019) Nesta terça-feira (22.jan.),
dois não transportaram petróleo da Venezuela no perío-
o presidente Jair Bolsonaro, em encontro com executi-
do de julho até setembro. A Petrobras disse, no último
vos no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça,
dia 25, que o material encontrado nas praias nordestinas afirmou que “nossa missão agora é avançar na compa-
é petróleo bruto originário de três diferentes campos da tibilização entre a preservação do meio ambiente e da
Venezuela. biodiversidade com o necessário desenvolvimento eco-
nômico, lembrando que são interdependentes e indisso-
Fonte: ciáveis”.
https://g1.globo.com/natureza/noticia/2019/10/08/ (Último Segundo – IG - https://bit.ly/2GhajfX. Acesso em
lista-de-praias-atingidas-pelas-manchas-de-oleo-no- 27.01.2019. Adaptado)
-nordeste.ghtml
Além da afirmação, o presidente esclareceu que o Brasil
Floresta Tropical
ATUALIDADES

a) deverá criar novas reservas ambientais no Nordeste.


As florestas tropicais ou pluviais ou úmidas são bio- b) permanecerá no Acordo de Paris sobre o clima.
mas com maior produtividade e variedade de espécies c) impedirá o avanço da agricultura na mata atlântica.
do planeta, com alto índice pluviométrico. Estão localiza- d) protegerá as terras indígenas de desmatamentos.
das entre os trópicos de Câncer e de Capricórnio. e) incentivará a criação de centros de pesquisa climáticas.

23
Resposta: B. Inicialmente com o objetivo e sair do em inglês). A surpreendente foto é resultado do tra-
acordo de Paris em uma política ambiental similar à balho de uma rede de telescópios, o projeto Event
do governo Donald Trump, Bolsonaro mudou seu po- Horizon Telescope.
sicionamento devido acordos econômicos entre Brasil
/ América do Sul e Europa que exigiu a permanência
04. (SABESP - Estagiário Ensino Médio Regular - FCC -
do Brasil no acordo.
2019) A estudante gaúcha Juliana Estradioto, de 18 anos,
batizará um asteroide com seu nome. A oportunidade é
02. (TJ-SP - Contador Judiciário - VUNESP - 2019) Mi-
dada para os vencedores que ficam em primeiro e se-
lhares de pessoas foram às ruas para manifestarem- -se
gundo lugar de cada categoria da maior feira de ciências
contra o aumento de combustíveis. São chamados de
do mundo. A jovem conquistou a premiação máxima na
“coletes amarelos”.
categoria de Ciências Materiais.
As forças de segurança lançaram gás lacrimogêneo e
(Disponível em: https://jovempan.uol.com.br. Adaptado)
usaram um canhão de água para conter o avanço dos
manifestantes que tentavam ultrapassar o perímetro de
A pesquisa da brasileira é sobre
segurança determinado pela polícia. Os manifestantes
gritam palavras de ordem e carregam cartazes pedindo a
a) a utilização da folha da mandioca.
renúncia do presidente.
b) o aproveitamento da casca da macadâmia.
Para as autoridades, facções de extrema-direita podem
c) o reaproveitamento de canudos plásticos.
ter se infiltrado entre os manifestantes para radicalizar o
d) a reciclagem de peças de computadores.
movimento.
e) o uso de materiais orgânicos em tecidos.
Os protestos mantêm os bloqueios de centros logísticos
e estradas iniciados há uma semana, mas com menos in-
Resposta: B. Em seu projeto, Juliana utiliza casca da
tensidade que no sábado passado, quando eram estima-
macadâmia para alimentar microorganismos respon-
dos quase 300 mil manifestantes.
sáveis por produzir membranas que podem ser utili-
(http://agenciabrasil.ebc.com.br, 24.11.2018.
zadas em várias situações, como para fabricar emba-
Adaptado)
lagens biodegradáveis. Ela também está investigando
A notícia refere-se a acontecimento como aplicar essa pesquisa na área de saúde, utilizan-
do a membrana como curativos após a realização de
a) na Hungria. cirurgias.
b) no Peru.
c) na Índia. 05. (SANASA Campinas - Analista de Tecnologia da
d) na França. Informação - Análise e Desenvolvimento - FCC - 2019)
e) no México. Uma cientista brasileira de 33 anos, formada em Química
pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), de-
Resposta: D. A onda de protestos do movimento cha- senvolveu um equipamento que poderá revolucionar o
mado de “coletes amarelos” ocorreu na França. tratamento de uma moléstia que, não raro, necessita de
intervenção cirúrgica. Apesar da pouca idade, a cientista
é chefe de um laboratório de pesquisa da Universidade
03. (SABESP - Estagiário Ensino Médio Regular - FCC
do Texas, em Austin (EUA).
- 2019) A notícia abaixo relata uma recente imagem cap-
(Disponível em: https://bit.ly/2WaaiPh. Acesso em
tada por telescópio e recebida como um grande avanço
31.05.2019)
para os estudos astronômicos:
Até então, os astrônomos não tinham conseguido captar O equipamento criado pela brasileira assemelha-se a
precisamente a imagem. Eram conhecidas apenas ilustra- uma caneta capaz de
ções, concepções artísticas e simulações. A razão princi-
pal é que eles são fenômenos invisíveis − com a força da a) detectar células tumorais.
gravidade exercendo uma pressão que nada escapa ao b) extrair tumores do cérebro de forma pouca invasiva.
seu redor: incluindo a radiação eletromagnética. c) executar filmagens em órgãos com células canceríge-
(Disponível em: https://revistagalileu.globo.com. Adap- nas.
tado) d) injetar medicamentos direta e somente nas células
malignas.
A imagem captada é e) possibilitar a aplicação quimioterápica na residência
do doente.
a) da Órbita de Plutão.
b) da Via Láctea. Resposta: A. Uma cientista brasileira de 33 anos de-
c) da Galáxia de Andrômeda. senvolveu uma espécie de caneta capaz de detectar
d) da Camada de Ozônio. células tumorais em poucos segundos. Livia Schiavi-
ATUALIDADES

e) do Buraco Negro. nato Eberlin é formada em Química pela Universidade


Estadual de Campinas (Unicamp) e, apesar da pouca
Resposta: E. A primeira imagem de um buraco ne- idade, já é chefe de um laboratório de pesquisa da
gro foi revelada nesta quarta-feira, 10, pela Fundação Universidade do Texas em Austin, nos Estados Unidos.
Nacional de Ciências (National Science Foundation,

24
06. (Câmara de Orlândia - SP – Contador - VUNESP d) A privacidade geralmente é pensada no contexto das
- 2019) Pesquisadores da Universidade de São Paulo e ações ou pensamentos privados de uma pessoa ou em
Harvard divulgaram nesta quinta-feira (8 de novembro) relação à interação dela com outras, mas a questão
uma importante descoberta arqueológica. Com ajuda é muito mais complexa envolvendo a inviolabilidade
da extração de DNA de fósseis enterrados por mais de da intimidade e a autodeterminação informativa, por
dez mil anos, eles puderam avaliar o código genético dos exemplo.
fósseis. e) A privacidade não está morta uma vez que sempre
(G1, 8 nov. 18. Disponível em:<https://goo.gl/ vamos querer maneiras de manter certas coisas priva-
vpdksa>. Adaptado) das, mas ficará mais difícil. As sociedades precisarão
A descoberta arqueológica mencionada na notícia con- reconsiderar o que a privacidade significa de diversas
tradiz maneiras.

a) a explicação consagrada para a sedentarização huma- Resposta: C. Esta Lei dispõe sobre o tratamento de
na, relacionada à agricultura. dados pessoais, inclusive nos meios digitais, por pes-
b) a teoria de que os primeiros habitantes da América soa natural ou por pessoa jurídica de direito público
tiveram diferentes origens. ou privado, com o objetivo de proteger os direitos
c) a tese que explicava a religiosidade ameríndia, funda- fundamentais de liberdade e de privacidade e o livre
da na crença em uma só divindade. desenvolvimento da personalidade da pessoa natural.
d) as ideias de “igualdade nativa” e “comunidades hori-
zontais” oriundas da antropologia. 08. (SABESP - Estagiário Ensino Médio Regular - FCC
e) a oposição entre povos “primitivos” e “avançados”, vis- - 2019) A taxa cresceu em 14 das 27 unidades da Fede-
tos respectivamente como selvagens e civilizados. ração no primeiro trimestre deste ano (2019), na compa-
ração com o último trimestre do ano passado, segundo o
Resposta: B. Todos os indígenas que vivem ou já Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Nas
viveram nas Américas descendem de uma única po- outras 13 unidades, a taxa manteve-se estável. No final
pulação que chegou ao Novo Mundo vinda do leste de abril, o IBGE informou a taxa no Brasil no primeiro se-
asiático, através do estreito de Bering, há cerca de 20 mestre: 12,7%. (Disponível em: https://www.cartacapital.
mil anos. A conclusão, de um trabalho de uma equipe com.br. Adaptado)
internacional de 72 arqueólogos e geneticistas - entre
os quais 17 brasileiros -, refuta as teorias mais discuti- De acordo com os seus conhecimentos sobre o panora-
das ou aceitas até hoje sobre o povoamento do con- ma da economia nacional contemporânea, a taxa men-
tinente posteriormente “descoberto” por Cristóvão cionada na notícia é a de
Colombo.
a) juros.
b) inflação.
07. (IF-PR - Professor – Sociologia - FAU - 2019) “Temo
c) desemprego.
o dia em que a tecnologia se sobreponha à nossa huma-
d) subutilização da mão de obra.
nidade. O mundo só terá uma geração de idiotas”. (Al-
e) aposentadoria por invalidez.
bert Einstein). Considerando que a internet e os apare-
lhos móveis mudaram para sempre nosso modo de viver
e imprimiram um novo ritmo de vida, produzindo novas Resposta: C. O desemprego cresceu em 14 das 27
realidades e moldando definitivamente o futuro da natu- unidades da federação no 1º trimestre, na compara-
reza humana, colocando-nos uma grande indagação no ção com o trimestre anterior, segundo dados divul-
tempo presente, a saber: “A tecnologia moldará o futuro gados nesta quinta-feira (16) pelo Instituto Brasileiro
da política, da sociedade e dos direitos humanos?”, ava- de Geografia e Estatística (IBGE). Nos demais estados,
lie os enunciados abaixo mencionados e marque a única houve estabilidade. A taxa de desemprego média no
questão considerada INCORRETA: país nos 3 primeiros meses do ano subiu para 12,7%,
conforme já divulgado anteriormente pelo órgão.
a) Compreendemos como um dos maiores problemas da
tecnologia em relação aos direitos humanos o fim da 09. (METRÔ-SP - Agente de Segurança Metroviária
privacidade, uma vez que precisaremos de sistemas - FCC - 2019) Os analistas do mercado financeiro ana-
robustos de proteção dos dados como leis, criptogra- lisaram pela 20a semana consecutiva a previsão de cres-
fia, cibersegurança e supervisão. cimento da economia em 2019, segundo dados divulga-
b) Sobre a questão da privacidade e sua relação com a dos pelo Banco Central (BC) em julho/2019.
tecnologia, as pessoas precisarão ter um debate públi-
co e aberto sobre o que é privacidade além dos limites Na previsão dos analistas, haverá
estreitos de segurança nacional e o que esperam que
seus governos protejam e as empresas respeitem. a) aumento dos impostos para obter recursos e incenti-
ATUALIDADES

c) Infelizmente o Brasil ainda não se atentou para a peri- var a produção.


culosidade da tecnologia de ponta e suas implicações b) redução da inflação anual que deverá atingir de 10 a
sobre os direitos humanos, não dispondo ainda de Le- 12%.
gislação sobre a proteção de dados pessoais. c) estabilização da taxa de juros entre 8 e 9%.

25
d) equiparação entre o dólar e o euro no mercado cam- 12. (SANASA Campinas - Agente Técnico de Hidrome-
bial. cânica - Torneiro Mecânico - FCC - 2019) Um recente
e) fraco crescimento do PIB (Produto Interno Bruto). relatório publicado pela Organização das Nações Unidas
(ONU), denominado “Perspectivas do Meio Ambiente
Resposta: E. A projeção do mercado financeiro para Mundial”, apresenta um quadro sombrio sobre as con-
o PIB de 2019 é de 0,87%, segundo o Boletim Focus sequências para a sociedade da degradação da qualida-
do Banco Central. O governo prevê um crescimento de ambiental planetária. Com relação à água, o relatório
ligeiramente menor, de 0,85%. mostra que uma em cada três pessoas no mundo, cerca
de 2,3 bilhões de habitantes, não têm acesso ao sanea-
10. (SABESP - Estagiário Ensino Médio Regular - FCC mento.
- 2019) O vice-primeiro-ministro italiano conduziu uma (Disponível em: https://www.ecodebate.com.br.Acesso
reunião de seus aliados europeus na frente da catedral em 26.mai.2019)
gótica de Milão no sábado 18/05/2019. Ele prometeu
mudar a história depois das eleições para o Parlamen- Sobre os recursos hídricos do Brasil e do mundo são fei-
to Europeu e fazer da aliança populista um dos maiores tas as seguintes proposições:
agrupamentos no Parlamento Europeu.
(Disponível em: https://www.cartacapital.com.br. Adap- I. As questões ambientais que envolvem os recursos hí-
tado) dricos devem ser tratadas de forma integrada, ou seja,
escassez ou abundância de água devem ser relaciona-
De acordo com a notícia e de seus conhecimentos so- das ao clima, à vegetação e às ações humanas.
bre a política internacional, os aliados europeus do vice- II. A gestão de recursos hídricos, elemento fundamental
-primeiro-ministro italiano representam uma orientação para a sobrevivência da humanidade, deve estar em-
política de basada em políticas de sustentabilidade.
III. Os problemas de segurança hídrica devem fazer par-
a) centro-direita. te das políticas públicas e, portanto, independem de
b) extrema-esquerda. ações da sociedade civil.
c) centro-esquerda.
d) extrema-direita.
Está correto o que consta APENAS de
e) centro.
a) II e III.
Resposta: D. Os partidos populistas de direita Alter- b) I e III.
nativa para a Alemanha (AfD) e Liga, da Itália, anun- c) II.
ciaram nesta segunda-feira (08/04/19) que pretendem d) I e II.
formar um novo bloco no Parlamento Europeu junto e) III.
com outras legendas eurocéticas e de extrema direita.
Resposta: D. A alternativa se torna incorreta, pois o
11. (Prefeitura de Itapevi - SP - Agente de Comba- problema de segurança hídrica DEPENDE das ações da
te a Endemias - VUNESP - 2019) O balanço de vítimas sociedade civil.
do tsunami que atingiu o país no último sábado [22.dez]
subiu para cerca de 400 mortos e mais de 1400 feridos,
anunciou a Agência Nacional de Gestão de Desastres 13. (SANASA Campinas - Analista de Tecnologia da
nesta segunda-feira (24.dez). Outras 128 pessoas seguem Informação - Análise e Desenvolvimento - FCC - 2019)
desaparecidas. O tsunami foi provocado pela erupção de Segundo o Relatório Mundial da ONU sobre Desenvolvi-
um vulcão que, segundo a agência, ainda está em erup- mento dos Recursos Hídricos 2019, lançado hoje em Ge-
ção e pode provocar novos tsunamis. nebra (19.03.2019), que trata do acesso da população à
(G1. https://glo.bo/2SkoF5K. Acesso em 29.01.2019. água potável e saneamento básico,
Adaptado) (Disponível em: https://bit.ly/2WaPp6q.Acesso em
02/06/2019)
É correto apontar como sendo o país atingido pelo tsu-
nami a que se refere a notícia: a) três bilhões de pessoas, aproximadamente, não têm
acesso a serviços sanitários.
a) as Filipinas. b) há sensível melhora dos índices de saneamento básico
b) a Índia. em países africanos.
c) a Malásia. c) somente cerca de 50% dos países da União Europeia
d) a Tailândia. oferecem água potável a toda população.
e) a Indonésia. d) cerca de 80% das águas residuais dos países ricos são
ATUALIDADES

tratadas antes de serem lançadas nos rios.


Resposta: E. O Referido país é a Indonésia.
e) falta água limpa e segura para mais de dois bilhões de
pessoas.

26
Resposta: E. Segundo o Relatório Mundial da ONU sobre Desenvolvimento dos Recursos Hídricos 2019, lançado
hoje em Genebra, falta água limpa e segura para 2,1 bilhões de pessoas, enquanto 4,5 bilhões carecem de serviços
sanitários. Com o alerta de que a expectativa é de que a situação se agrave, devido às mudanças climáticas, o do-
cumento, intitulado Não deixar ninguém para trás, destaca a necessidade de políticas públicas comprometidas a
mudar essa situação.

14. (Prefeitura de Várzea - PB - Auxiliar de Serviços Gerais - EDUCA - 2019) As Florestas Pluviais Tropicais são
encontradas nas regiões de clima quente e úmido. Essas florestas possuem o bioma mais complexo e rico em biodiver-
sidade da Terra, cobrem apenas 6% da superfície do planeta, mas possuem mais de 60% de todas as espécies animais
e vegetais. Essas formações se estendem por áreas nas Américas Central e do Sul, na África, na Ásia e na Oceania, em
torno da linha do equador.

A maior e mais importante Floresta Pluvial Tropical é a

a) Floresta de Taiga, no Hemisfério Norte.


b) Floresta do Congo, na África Central.
c) Floresta Amazônica, na América Latina.
d) Selva Valdiviana, no Chile.
e) Florestas Nubladas, no Equador.

Resposta: C. A maior floresta tropical do mundo é a Floresta Amazônica. Esse bioma abriga enorme diversidade de
formas de vida e a maior disponibilidade de água doce do mundo.

15. (Prefeitura de Resende - RJ - Agente Comunitário de Saúde - CONSULPAM - 2019) Yasodora Córdova, pes-
quisadora da Digital Kennedy School e do First Draft News, de Harvard, destaca alguns fatores sociais para a difusão
de desinformação no Brasil, que são:
Fonte: Disponível em https://www.bbc.com/portuguese/brasil45978191. Acessado em 01 mar de 2019. (Adaptado)

a) A nova safra de militantes de direita, mais massificados e organizados em rede.


b) O despreparo dos órgãos públicos, a conivência da imprensa oficial e a crise econômica.
c) A falta de veículos de imprensa locais, a falta de bibliotecas e o acesso limitado à internet.
d) O sentimento de antipetismo, a rejeição aos candidatos e o baixo nível intelectual do eleitor.

Resposta: C. Yasodora Córdova, pesquisadora da Digital Kennedy School e do First Draft News, de Harvard, elenca
outros fatores sociais para a difusão de desinformação no Brasil: a falta de veículos de imprensa locais, a falta de
bibliotecas e o acesso limitado à internet no Brasil.

16. (Prefeitura de Sonora - MS - Assistente Social - MS CONCURSOS - 2019) Leia, a seguir, o trecho da notícia pu-
blicada pelo G1 em 11 de agosto de 2019 e responda à próxima questão.
Brasil fecha Pan com recorde de medalhas e vice-liderança no quadro que não vinha há 56 anos

Mesmo com menos atletas que nas últimas três edições, delegação conquista o maior número de medalhas na história,
quebra o recorde de ouros, e termina atrás apenas dos Estados Unidos
ATUALIDADES

27
Barba, cabelo e bigode. A delegação brasileira conquis- c) Os prédios das Universidades Federais.
tou, nos Jogos Pan-Americanos de Lima, no Peru, en- d) Os templos religiosos.
cerrados neste domingo, os três maiores objetivos que
poderiam ser atingidos: quebrou o recorde de medalhas Resposta: D. A redação original, proposta pelo sena-
de ouro, levando 55, três a mais que no Pan de 2007, no dor Weverton Rocha (PDT-MA), previa punição para
Rio de Janeiro, foi ao pódio como jamais havia feito, 171, aquele que “praticar, induzir ou incitar a discriminção
14 vezes a mais do que a marca anterior, e encerrou o ou preconceito de ‘raça, cor, etnia, religião, proce-
evento em segundo no quadro geral, atrás apenas dos dência nacional, identidade de gênero e/ou orienta-
Estados Unidos, repetindo o ocorrido em 1963, no Pan ção sexual”, dentre outras ações – tais como impedir
de São Paulo. Portanto, o Brasil fechou com 55 ouros, 45 o acesso a locais públicos e o desempenho da ativi-
pratas e 71 bronzes. dade profissional em razão do preconceito. O relator
O Comitê Olímpico do Brasil (COB) não tinha colocado acrescentou ao texto um trecho que prevê punição a
uma meta em número de medalhas ou de pódios, nem quem “impedir ou restringir a manifestação razoável
posição no quadro. Para a entidade que comanda o es-
de afetividade de qualquer pessoa em local público
porte no país, o importante era a conquista de vagas
ou privado aberto ao público, ressalvados os templos
olímpicas e a melhora do desempenho da maioria dos
religiosos”.
esportes com relação a Toronto 2015. O país garantiu,
pelo Pan, um lugar na Olimpíada no handebol, hipismo,
tiro com arco, tênis de mesa, tênis, pentatlo e vela, mas 18. (Prefeitura de Acaraú - CE - Procurador Adminis-
acabou sucumbindo no handebol masculino e no tiro es- trativo - CETREDE - 2019) Gestos e atitudes como um
portivo. olhar, um sorriso, uma postura corporal e um aperto de
Outro recorde interessante atingido pelo Brasil foi o de mão constituem formas
número de modalidades que foi ao pódio. O Brasil con-
quistou medalha em 41, mais que os 40 do Rio 2007. Nos a) de interação virtual.
títulos, foram 22 modalidades com ouros, repetindo as b) de não interação.
22 de 2007. Com menos de 500 atletas, delegação foi a c) verbais de interação.
menor desde 2003, o Brasil se destacou muito mais em d) não verbais de interação.
esportes individuais do que nos coletivos. [...] e) não usuais de interação.
Fonte: https://globoesporte.globo.com/jogos-pan-ame-
ricanos/noticia/brasil-fecha-pan-de-lima-com-recorde-
Resposta: D. A linguagem verbal é aquela expressa
-de-medalhas-e-vice-lideranca-que-nao-vinha-ha-56-
por meio de palavras escritas ou falada, ou seja, a lin-
-anos.ghtml, acesso em 11/08/2019.
guagem verbalizada, já a linguagem não- verbal, utili-
As próximas Olímpiadas acontecerão no ano de: za dos signos visuais para ser efetivada, por exemplo,
as imagens nas placas e as cores na sinalização de
a) 2020. trânsito.
b) 2021.
c) 2022. 19. (PGE-PE - Conhecimentos Básicos - Cargos: 1, 2, 3
d) 2023. e 4 - CESPE - 2019) Acerca de temas da atualidade que
envolvem o Brasil e o mundo, julgue o item seguinte.
Resposta: A. As Olimpíadas acontecem de 4 em 4 As práticas sociais na atualidade são totalmente dire-
anos, a última foi realizada em 2016, já a próxima será cionadas pela comunicação nas redes sociais, que pro-
em 2020 serão realizadas em Tóquio, no Japão, de 24 porcionam amplo debate e favorecem o consenso sobre
de julho a 9 de agosto de 2020. temas relevantes à maioria da população.

17. (SCGás – Advogado - IESES - 2019) A Comissão de ( ) CERTO ( ) ERRADO


Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado apro-
vou no dia 22 de maio projeto de criminalização da ho- Resposta: Errado. As práticas sociais na atualidade
mofobia no Brasil. O texto (PL 672/2019) iguala as penas [NÃO] são totalmente direcionadas pela comunica-
para crimes motivados por preconceitos de gênero ou ção nas redes sociais, que [NÃO] proporcionam amplo
orientação sexual àquelas previstas para quem comete debate e [NÃO] favorecem o consenso sobre temas
crimes de discriminação racial. A redação original previa relevantes à maioria da população.
punição para aquele que “praticar, induzir ou incitar a
discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião, 20. (Prefeitura de Arujá - SP - Escriturário - Oficial
procedência nacional, identidade de gênero e/ou orien- Administrativo - VUNESP - 2019) Um importante e in-
tação sexual. O relator acrescentou ao texto um trecho fluente líder religiosa em atividade no país morreu nesta
que prevê punição a quem impedir ou restringir a mani-
quinta-feira (27 de dezembro) em Santo Antônio de Je-
ATUALIDADES

festação razoável de afetividade de qualquer pessoa em


sus (108 km de Salvador), aos 93 anos. Ela dedicou 80
local público ou privado aberto ao público, ressalvados:
anos da vida à religião.
(Folha de S.Paulo, 27 dez.18. Disponível em: <ht-
a) Os prédios públicos federais.
b) Os ambientes públicos de grande circulação. tps://goo.gl/6A1BRP>. Adaptado)

28
A notícia trata do falecimento de uma importante lide-
rança religiosa ligada
HORA DE PRATICAR!
a) ao espiritismo.
b) ao islamismo. 01. (Prefeitura de Sonora - MS - Assistente de Ad-
c) ao judaísmo. ministração - MS CONCURSOS - 2019) Para responder
d) ao candomblé. à questão, leia o trecho, a seguir, da notícia publicada
e) ao catolicismo. pela BBC News Brasil, em 15 de agosto de 2019.

Resposta: D. Mãe Stella é referência no combate ao What3words: como um aplicativo usa três pala-
racismo e à intolerância religiosa, sendo a primeira a vras para salvar vidas
receber o título de “imortal” pela Academia de Letras
da Bahia (ALB), com nove livros publicados. A ialorixá, A polícia britânica pediu a todos que façam o down-
inclusive, já recebeu o título de Doutora Honoris Cau- load do aplicativo what3words para celular porque, se-
sa pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). gundo eles, várias vidas foram salvas graças ao programa
disponível também no Brasil. Mas como ele funciona?
“Chutado. Convergido. Futebol”
Essas três palavras escolhidas aleatoriamente pelo
aplicativo salvaram Jess Tinsley e seus amigos quando
eles se perderam na floresta em uma noite escura e úmi-
da na Inglaterra.
O grupo havia planejado uma trilha circular de 8 km
na Hamsterley Forest, de quase 20 km², no condado de
Durham, na noite de domingo, mas os amigos se perde-
ram depois de três horas.
“Estávamos em um campo e não fazíamos ideia de
onde era aquilo”, disse a jovem de 24 anos. “Foi horrível.
Eu estava fazendo piadas sobre a situação, tentando rir
para não chorar.”
Às 22h30 do horário local, encontraram uma área com
sinal de telefone e ligaram para o serviço de emergência.
“Uma das primeiras coisas que o atendente nos dis-
se para fazer foi baixar o aplicativo what3words, do qual
nunca tinha ouvido falar”, disse Tinsley.
Um minuto depois do download, a polícia conseguiu
descobrir onde o grupo estava. Eles foram resgatados
pouco tempo depois.
Quando o CEP ou o GPS não dão conta
O aplicativo what3words, essencialmente, aponta
para um local muito específico.
Seus desenvolvedores dividiram o mundo em 57 tri-
lhões de quadrados, cada um medindo 3m x 3m e com
um endereço exclusivo de três palavras, atribuído alea-
toriamente.
A estação de metrô Faria Lima em São Paulo, por
exemplo, tem duas entradas e saídas. Uma delas pode
ser encontrada pelo trio de palavras “Gelar. Recuar. Le-
var” e a outra, “Falhar. Pirata. Aflita”.
O aplicativo surgiu de problemas ligados a corres-
pondências do fundador da empresa, Chris Sheldrick,
que cresceu na zona rural de Hertfordshire.
“Nosso CEP não apontava direito para a nossa casa”,
disse ele.
“Nós nos acostumamos a receber cartas que eram
para outras pessoas, ou ter que ficar na estrada acenan-
do para motoristas de entrega.”
Dez anos trabalhando na indústria da música, que en-
ATUALIDADES

volviam também a tentativa de fazer com que as bandas


se encontrassem em entradas específicas dos locais de
apresentação, também alimentaram sua frustração.
“Eu tentei orientar as pessoas a usarem longitude e
latitude, mas isso nunca pegou de fato”, disse Sheldrick.

29
“Então, pensei: como comprimir 16 dígitos em algo muito mais amigável? Eu estava falando com um matemático e
descobrimos que havia combinações suficientes de três palavras para cada local do mundo.”
[...]

Assinale a alternativa correta.

a) O what3words não precisa de conexão de dados (sinal de celular) para determinar a localização de três palavras.
b) O objetivo futuro de Chris Sheldrick é que seja abolido o modelo de endereçamento com CEP, como conhecemos.
c) O aplicativo conseguiu mapear o mundo todo, porém não há registros de que seja funcional em países como a
Mongólia e Senegal.
d) A polícia de alguns condados ingleses repudiou a nova forma de tratar as emergências, já que consideram ineficaz
a inovação trazida pelo what3words para socorro de vítimas.

02. (Prefeitura de Sonora - MS - Assistente de Administração - MS CONCURSOS - 2019) Ainda relacionado ao


texto acima. Na íntegra da notícia, são citados nomes de empresas/marcas que já estão usando o what3words. São elas:

a) Motorola e Jaguar.
b) Mercedes-Benz e Airbnb.
c) Apple e Nike.
d) Fiat e Walmart.

03. (Prefeitura de Porto Velho - RO - Especialista em Educação - Supervisão Educacional - IBADE - 2019) A Nova
Face da Criminalidade

Atualmente vem ocorrendo significativas mudanças no perfil social da violência. Pessoas, sobretudo jovens, que não
fazem parte do mundo da pobreza e da discriminação racial, têm tido participação constante nas ações de violência.
No Brasil, são cada vez mais frequentes as informações que nos chegam sobre atos de violência envolvendo jovens da
alta classe média que agridem, por diversão ou intolerância, homossexuais, profissionais do sexo, negros, nordestinos
e indígenas, entre outros seguimentos que integram um extenso leque de minorias sociais.
Há muitos questionamentos sobre os elementos que motivam os jovens que receberam carinho dos pais, educação
escolar de qualidade e acesso ativo ao mercado de consumo, a praticar ações de violência.
Para tentar responder este questionamento, uma coisa é certa, não podemos deixar de levar em consideração os
novos elementos que passaram a atuar no nosso processo de socialização dos anos 80 do século passado para cá.
Há pelo menos três décadas, crianças e jovens do Brasil estão em contato diário com uma série de informações que
incentivam e banalizam a violência.
Adaptação http://ambitojuridico.com.br/site/index.php?artigo_id=7319&n_ link=revista_artigos_le
Acerca do texto acima, podem ser feitas as seguintes afirmações:

I. A violência, traduz-se na época atual por um evento cujas implicações e desdobramentos atingem, sem distinção,
ATUALIDADES

todos os segmentos sociais.


II. A violência tem mostrado que ultrapassou os limites da pobreza, sendo praticada, também, por jovens de diferentes
classes sociais.
III. Informações que incentivam e banalizam a violência podem estar por trás do aumento e da prática indiscriminada.

30
IV. A prática da violência gerada pelo ódio à “diferenças” III As revoluções tecnológicas demandam capacidade de
tem sido mais presente no cotidiano dos jovens da inovação para estimular a competitividade, aspecto
alta classe média. que tem sido explorado por políticas públicas brasilei-
V. A violência no Brasil ocorre somente dentro das comu- ras que elevaram a posição do Brasil no ranking inter-
nidades mais pobres. nacional de competitividade.
IV Devido aos impactos resultantes da tecnologia no
Dos itens acima descritos, estão corretos: mercado de trabalho, a maioria das escolas brasileiras
da rede privada e pública já tem em seus currículos
a) I, II e III, somente. disciplinas relacionadas a programação e robótica.
b) II, III, IV e V, somente.
Estão certos apenas os itens
c) I, III, IV e V, somente.
d) I, II, III e IV, somente.
a) I e II.
e) I, II, III, IV e V. b) I e IV.
c) III e IV.
04. (Prefeitura de Itapevi - SP - Médico – Psiquiatria - d) I, II e III.
VUNESP - 2019) “Este é o melhor acordo possível.” e) II, III e IV.

A premiê britânica, Theresa May, tem repetido há sema- 06. (SANASA Campinas - Agente Técnico de Hidro-
nas essa frase na tentativa de convencer o Parlamento mecânica – Mecânico - FCC - 2019) É forte o ritmo do
de seu país a aprovar o acordo que ela negociou com a crescimento desta fonte de energia no Brasil. Os investi-
União Europeia, estabelecendo os termos do Brexit - o mentos no setor começaram por volta de 2005 e, menos
processo de saída do Reino Unido do bloco. de 10 anos após o primeiro leilão deste tipo de energia
Mas, na segunda-feira [17.dez], a premiê adiou indefini- no país (realizado em 2009), o Brasil atingiu no início de
damente a votação do acordo no Parlamento, reconhe- 2018 a potência instalada de 13 gigawatts (GW), quase a
cendo que ele seria rejeitado pela maioria dos parlamen- mesma da Hidrelétrica de Itaipu (14GWs). Atualmente, o
tares britânicos Brasil ocupa o oitavo lugar no ranking mundial da pro-
G1. https://glo.bo/2FTOmUF. Acesso em 24.jan.2019. dução deste tipo de energia, superando países desenvol-
vidos como Itália e Canadá. O salto foi dado nos últimos
Adaptado
cinco anos, pois, até 2012, estava em 15° lugar.
(Disponível:https://www.em.com.br. Acesso em
Tem sido considerado como o ponto mais delicado do 26.mai.2019)
acordo para viabilizar o Brexit
O texto descreve o avanço da energia
a) o retorno imediato dos cidadãos europeus que vivem
no Reino Unido para os seus países de origem, fato a) solar.
que provocaria forte déficit de mão de obra no Reino b) eólica.
Unido. c) de biogás.
b) a rápida desvalorização da libra nos mercados euro- d) de biocombustível
peu e mundial, fato que provocaria forte abalo econô- e) de biomassa.
mico-financeiro para todo o Reino Unido.
c) o fechamento da fronteira entre a Irlanda do Norte 07. (SEE-MG - Especialista em Educação Básica - FU-
(parte do Reino Unido) e a Irlanda, fato que retomaria MARC - 2018) A Base Nacional Comum Curricular é um
antigas tensões entre norte-irlandeses e irlandeses. documento de caráter que define um conjunto de apren-
d) a perda do prestígio político do Reino Unido frente dizagens essenciais que todos os alunos devem desen-
à Europa, o que inviabilizaria a permanência do país volver ao longo das etapas de um período da educação.
na OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte). O debate sobre a Base Nacional vem sendo ampliada em
2018 e é referente ao seguinte período da escolarização:
e) a obrigação do governo britânico em continuar rece-
bendo grupos de refugiados do Oriente Médio e Áfri-
ca mesmo após a saída do bloco econômico europeu. a) Mestrados em todas as universidades.
b) Especializações em universidades públicas.
05. (TJ-DFT - Titular de Serviços de Notas e de Re- c) Doutorado em universidades públicas.
gistros – Remoção - CESPE - 2019) Acerca de aspectos d) Cursos pré-vestibulares.
relacionados ao impacto da tecnologia no mercado de e) Educação básica.
trabalho, julgue os itens que se seguem.
08. (SABESP - Estagiário Ensino Médio Regular - FCC
I Os impactos da tecnologia no mundo do trabalho não - 2019) Em março de 2019, mais de 1 milhão de crian-
são necessariamente imediatos, mas, a longo prazo, ças e jovens foram às ruas em 120 países para pressionar
líderes políticos e empresariais a agirem para evitar que
ATUALIDADES

podem implicar no desaparecimento de determinadas


profissões. os problemas afetem gravemente o futuro deles. A greve
II Projeções sobre o futuro do mercado de trabalho dão global de estudantes mobilizou também pais e professo-
destaque às profissões de índole criativa no mercado res no Brasil.
de trabalho dominado pela tecnologia. (Disponível em: http://www.bit.ly. Adaptado)

31
Os protestos tiveram como alvo os problemas relacio-
nados
GABARITO
a) às mudanças climáticas.
b) à violência no trânsito. 1 A
c) à poluição dos aquíferos.
d) ao desmatamento de regiões temperadas 2 B
e) aos resíduos sólidos sem destinação adequada. 3 D
4 C
09. (Prefeitura de Sorocaba - SP - Conselheiro Tute-
lar - VUNESP - 2019) O presidente americano Donald 5 A
Trump prometeu, na sexta-feira, 10 de maio de 2019, 6 A
mais que dobrar as tarifas sobre US$ 200 bilhões em
7 E
mercadorias e introduzir novas taxas “em breve”. Segun-
do ele, o governo local está tentando recuar nos termos 8 A
do acordo que teria sido costurado entre os negociado- 9 C
res dos dois países.
10 D
BBC.https://www.bbc.com/portuguese/internacio-
nal-48228954. 13.05.2019. Adaptado

O excerto faz alusão

a) à guerra comercial contra o México devido ao aumen-


to de suas exportações.
b) às sanções comerciais impostas ao Irã devido ao seu
programa nuclear.
c) à guerra comercial em curso com a China devido ao
protecionismo norte-americano.
d) às sanções econômicas impostas à Coreia do Norte
devido ao seu programa balístico.

10. (METRÔ-SP - Agente de Segurança Metroviária -


FCC - 2019) A série com dados oficiais de desmatamento
da Amazônia dos últimos três anos, compilados pelo Ins-
tituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), mostra que
os alertas preliminares de áreas com sinais de devastação
na floresta vêm sendo confirmados ano a ano. (Adaptado
de: https://glo.bo/2Z5KAAY)
A respeito do desmatamento da Amazônia considere as
seguintes afirmações. I. Vários estudos já mostram que
uma das causas do aumento do desmatamento é a re-
dução da fiscalização. II. Em vários locais da região ob-
servam-se queimadas ilegais para abertura de pastagens
para o gado ou áreas agrícolas (principalmente para a
cultura de soja). III. Embora expressivas, as áreas amazô-
nicas desmatadas têm menor extensão do que as áreas
em desmatamento no cerrado e na caatinga. Está correto
o que consta APENAS em

a) II e III.
b) I e III.
c) II.
d) I e II.
e) III.
ATUALIDADES

32
ÍNDICE
NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
Agentes Públicos – Aspectos Constitucionais............................................................................................................................................. 01
Constituição do Estado da Bahia, (Cap. XXIII “Do Negro”)..................................................................................................................... 09
Lei federal no 12.888, de 20 de julho de 2010 (Estatuto da Igualdade Racial)............................................................................... 10
Lei estadual nº 13.182 de 06 de junho de 2014 (Estatuto da Igualdade Racial e de Combate a Intolerância
Religioso).................................................................................................................................................................................................................... 17
Lei federal no 7.716, de 5 de janeiro de 1989, alterada pela Lei Federal no 9.459 de 13 de maio de 1997 (Tipificação
dos crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor).................................................................................................................... 27
Decreto Federal no 65.810, de 08 de dezembro de 1969 (Convenção internacional sobre a eliminação de todas as
formas de discriminação racial) ....................................................................................................................................................................... 31
Decreto federal no 4.377, de 13 de setembro de 2002 (Convenção sobre eliminação de todas as formas de
discriminação contra a mulher)......................................................................................................................................................................... 33
Lei federal no 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha)................................................................................................ 35
Código Penal Brasileiro (art. 140)..................................................................................................................................................................... 40
Lei federal nº 9.455/1997 (Combate à Tortura)........................................................................................................................................... 41
Lei federal nº 2.889/56 (Combate ao Genocídio)....................................................................................................................................... 44
Lei federal no 7.437, de 20 de Dezembro de 1985 (Lei Caó)................................................................................................................. 46
Lei estadual no 10.549 de 28 de dezembro de 2006 (Cria a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial); alterada
pela Lei estadual no 12.212/2011..................................................................................................................................................................... 47
Lei federal no 10.678 de 23 de maio de 2003 (Cria a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da
Presidência da República).................................................................................................................................................................................... 48
adequada à sua finalidade didática. Segundo Alexandre
AGENTES PÚBLICOS – ASPECTOS de Moraes (2018) a tipologia ou a classificação das cons-
CONSTITUCIONAIS tituições pode ser basicamente delimitada:

Quanto ao conteúdo:
O CONSTITUCIONALISMO
• Material: conjunto de regras materialmente cons-
O Constitucionalismo é um movimento político-so- titucionais, ou seja, que contiver as normas funda-
cial, surgido no século XVIII e motivado por ideias ilumi- mentais e estruturais do Estado, a organização de
nistas para conter o absolutismo e fomentar a adoção de seus órgãos, os direitos e garantias fundamentais,
constituições escritas pelas nações, com a finalidade de independentemente da forma em que estejam or-
limitar o poder dos governantes. O ideal do constitucio- ganizadas tais disposições.
nalismo é, portanto, defender um regime político no qual • Formal: consubstanciada em um documento sole-
há a necessidade de uma Constituição para reger a vida ne estabelecido pelo poder constituinte originário.
de um país, limitando os atos do Executivo, numa forma É levado em consideração o processo de sua for-
de organizar o poder. mação, e não necessariamente a materialidade de
suas normas ou conteúdo.
O NEOCONSTITUCIONALISMO
Quanto à forma:
Diante das novas tendências e necessidades do uni-
verso jurídico constitucional na contemporaneidade, a • Escrita: expressa num único texto. “A Constituição
preocupação do chamado constitucionalismo pós-mo- escrita é o mais alto estatuto jurídico de determi-
derno, pós-positivismo ou neoconstitucionalismo não nada comunidade, caracterizando-se por ser a lei
mais consiste na ideia de limitação do poder político, fundamental de uma sociedade” (MORAES, 2018,
mas sim na eficácia e aplicabilidade das normas cons- p. 43).
titucionais, e na consequente concretização dos direitos • Não escrita: não estabelecida em um documento
fundamentais. único e solene, mas é costumeira, baseada e con-
substanciada nos costumes, convenções, jurispru-
DIREITO CONSTITUCIONAL dências e práticas sociais preestabelecidas.

O jurista Manoel Gonçalves Ferreira Filho (2005) en-


sina que o Direito Constitucional, como a própria deno- #FicaDica
minação revela, é correlativo à ideia de Constituição e o
conceito de Constituição é um fato cultural e, portanto, Arábia Saudita, Líbia, Nova Zelândia e Reino
histórico. Unido são exemplos de países que não tem
uma Constituição escrita.
Como ciência, o Direito Constitucional é o conheci-
mento sistematizado da organização jurídica funda-
Quanto ao modo de elaboração:
mental de Estado. Isto é, conhecimento sistematizado
das regras jurídicas relativas à forma do Estado, à for-
• Dogmática: também chamada de sistemática, é
ma do governo, ao modo de aquisição e exercício do
sempre escrita e estrutural e surge a partir de dog-
poder, ao estabelecimento de seus órgãos e aos limites
mas políticos ou sistemas ideológicos prévios.
de sua ação (FERREIRA FILHO, 2005, p. 16).
• Histórica: fruto da lenta e contínua síntese da his-
tória e tradições de um povo, como é o caso da
CONCEITO DE CONSTITUIÇÃO
NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

Constituição inglesa.
A Constituição é a lei máxima e fundamental de um
Quanto à origem:
país, que geralmente determina a sua organização social,
política, jurídica e econômica.
• Promulgada: também chamada de democrática,
Conjunto de normas jurídicas, normalmente escritas
votada ou popular, é fruto do trabalho de uma As-
em um texto unitário, que regulam a organização e atua-
sembleia Nacional Constituinte, eleita direta e legi-
ção do Estado nas relações sociais.
timamente pelo povo, para, em nome dele atuar.
• Outorgada: é a Constituição imposta de manei-
CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES
ra unilateral por governante que não recebeu do
povo a legitimidade para em nome dele atuar
Toda tipologia ou classificação depende dos crité-
(LENZA, 2019).
rios adotados por seus estudiosos. É importante escla-
recer que existem diferentes classificações entre os ju-
ristas mais renomeados. Não se trata, portanto, de uma
classificação ser mais acertada que outra, mas sim, mais

1
Quanto à estabilidade ou alterabilidade: Portanto, as normas constitucionais podem ser: de eficá-
cia plena, de eficácia contida e de eficácia limitada.
• Imutável: é vedada qualquer alteração. Segundo Lenza (2019), as normas constitucionais de
• Rígida: exige para a sua alteração um processo le- eficácia plena e aplicabilidade direta, imediata e integral
gislativo solene, mais complexo e árduo do que o são aquelas normas da Constituição que, no momento
empregado para a modificação das normas infra- que esta entra em vigor, estão aptas a produzir todos
constitucionais. Para Alexandre de Moraes (2018), os seus efeitos, independentemente de norma integra-
a Constituição Federal de 1988 pode ser conside- tiva infraconstitucional. Já as normas constitucionais de
rada super-rígida, porque em regra pode ser al- eficácia contida ou prospectiva têm aplicabilidade dire-
terada por um processo legislativo diferenciado, ta e imediata, mas possivelmente não integral. Embora
mas, excepcionalmente é imutável quanto às suas tenham força de produzir todos os seus efeitos quando
cláusulas pétreas, previstas em seu art. 60, § 4º. da promulgação da nova Constituição, ou da entrada em
Esta classificação, contudo, não tem sido adotada vigor ou introdução de novos preceitos por emendas à
pelo STF. Constituição, poderá haver a redução de sua abrangência
• Semirrígida: algumas regras poderão ser alteradas e limitação ou restrição à eficácia e à aplicabilidade que
pelo processo legislativo ordinário, enquanto ou- pode se dar por decretação do estado de defesa ou de
tras somente por um processo legislativo especial sítio, além de outras situações, por motivo de ordem pú-
e complexo. blica, bons costumes e paz social. Por sua vez, as normas
• Flexível: não exige um processo legislativo de alte- constitucionais de eficácia limitada são aquelas normas
ração mais dificultoso do que as normas infracons- que, de imediato, não têm o poder e a força de produzir
titucionais. Logo, pode ser alterada por processo todos os seus efeitos, precisando de norma regulamenta-
legislativo ordinário. dora infraconstitucional a ser editada pelo poder, órgão
ou autoridade competente, ou até mesmo de integração
Quanto à extensão e finalidade: por meio de emenda constitucional. São, portanto, con-
sideradas normas de aplicabilidade indireta, mediata e
• Analítica: também chamada de dirigente, é ampla reduzida, ou ainda, diferida.
e detalhada, trazendo todos os assuntos que po-
dem ser considerados fundamentais e relevantes à NORMAS PROGRAMÁTICAS
formação, destinação e funcionamento do Estado.
É minuciosa e normalmente estabelece regras que De modo geral, pode-se dizer que a Constituição de
poderiam ser matéria de leis infraconstitucionais. 1988 é programática. Isso porque grande parte de suas
• Sintética: é concisa, breve e sucinta, tratando ape- normas traçam, na verdade, princípios para serem cum-
nas de princípios fundamentais e estruturais do Es- pridos pelos seus órgãos em longo prazo. São verdadei-
tado. Geralmente são mais duradouras, um exem- ras metas a serem atingidas pelo Estado e seus progra-
plo é a Constituição dos Estados Unidos. mas de governo na realização de seus fins sociais.

Além desta classificação básica, alguns doutrinadores PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA CONSTITUIÇÃO


as dividem em outros tipos, de acordo com o que acre- FEDERAL DE 1988
ditam ser mais adequado para os seus estudos. Existem
ainda as constituições normativas, nominalistas e semân- Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela
ticas, as dualistas ou pactuadas, as principiológicas e pre- união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Dis-
ceituais, provisórias e definitivas, as heterônomas e autô- trito Federal, constitui-se em Estado Democrático de
nomas, as constituições garantia, balanço e dirigente, as Direito e tem como fundamentos:
liberais (negativas) e sociais (dirigentes) e, as expansivas. I - a soberania;
II - a cidadania
NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

III - a dignidade da pessoa humana;


FIQUE ATENTO! IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
A Constituição da República Federativa do (Vide Lei nº 13.874, de 2019).
Brasil de 1988 é formal, escrita, dogmática, V - o pluralismo político.
promulgada, rígida (ou super-rígida) e ana- Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o
lítica. E ainda, normativa, principiológica, exerce por meio de representantes eleitos ou direta-
definitiva, autônoma, de garantia, dirigente, mente, nos termos desta Constituição.
social e expansiva.
São, portanto, princípios fundamentais da Constitui-
ção: A soberania, que consiste num poder político supre-
EFICÁCIA E APLICABILIDADE DAS NORMAS CONS-
mo, independente na ordem internacional e não limitado
TITUCIONAIS
a nenhum outro na esfera interna. É a capacidade do país
editar e reger suas próprias normas e seu ordenamento
A positivação de uma norma constitucional não im-
jurídico.
plica automaticamente em sua eficácia e aplicabilidade.

2
A cidadania, condição da pessoa pertencente a um b) As normas definidoras dos direitos e garantias fun-
Estado, dotada de direitos e deveres. É o status de cida- damentais têm aplicação diferida, e não aplicação ou
dão inerente a todo jurisdicionado que tem direito de execução imediata como as normas programáticas.
votar e ser votado. c) As normas constitucionais de eficácia limitada não são
A dignidade da pessoa humana, valor moral persona- providas de aplicabilidade direta e imediata, vez que ca-
líssimo, inerente à própria condição humana. Fundamen- recem de regulamentação para tornarem-se aplicáveis.
to consistente no respeito pela vida e integridade do ser d) As normas constitucionais de eficácia contida não são
humano e a garantia de condições mínimas de existência dotadas de aplicabilidade integral, já que há a possi-
com liberdade, autonomia e igualdade de direitos. bilidade de o alcance do preceito ser reduzido pela
Os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, pois legislação ordinária.
é através do trabalho que o homem garante sua subsis-
tência e o crescimento do país. Por isso, a necessidade de Resposta: Letra B. Incorreta. Conforme art. 5º, § 1º,
se estabelecer a proteção deste importante direito social. CF/88: as normas definidoras dos direitos e garantias
Por sua vez, a livre iniciativa consiste numa doutrina que fundamentais têm aplicação imediata.
defende a total liberdade para o exercício de atividades
econômicas, sem qualquer interferência do Estado. 2. (TJSC – TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE RE-
Muito importante mencionar que os fundamentos ou GISTROS – PROVIMENTO – IESES – 2019) Marque a al-
princípios fundamentais são diferentes dos objetivos da ternativa INCORRETA sobre os princípios fundamentais
Constituição, previstos no art. 3º, CF: da Constituição Federal de 1988:

Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da Repú- a) Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio
blica Federativa do Brasil: de representantes eleitos ou diretamente, nos termos
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; da Constituição Federativa da República do Brasil de
II - garantir o desenvolvimento nacional; 1988.
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir b) A República Federativa do Brasil, formada pela união
as desigualdades sociais e regionais; indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Fe-
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de deral, constitui-se em Estado democrático de direito.
origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras for- c) São Poderes da União, independentes e harmônicos
mas de discriminação. entre si, o Legislativo, o Executivo, o Judiciário e o Mi-
nistério Público.
ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO d) A República Federativa do Brasil buscará a integração
econômica, política, social e cultural dos povos da
O Estado brasileiro é democrático porque é regido América Latina, visando à formação de uma comuni-
por normas democráticas, pela soberania da vontade dade latino-americana de nações.
popular, com eleições livres, periódicas e pelo povo, e
de direito porque pauta-se pelo respeito das autoridades Resposta: Letra C. Incorreta. Conforme art. 2º, CF: São
públicas aos direitos e garantias fundamentais, refletindo Poderes da União, independentes e harmônicos entre
a afirmação dos direitos humanos. si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. O MP não
é um poder reconhecido na Constituição, mas sim um
TRIPARTIÇÃO DE PODERES órgão autônomo e independente.

Art. 2º São poderes da União, independentes e har- 3. (PREFEITURA DE SÃO BERNARDO DO CAMPO-SP
mônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judici- – ASSISTENTE JURÍDICO – VUNESP – 2018) De acordo
ário. com a doutrina existente sobre eficácia e aplicabilidade
das normas constitucionais, são normas constitucionais
NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

Assim, o Estado brasileiro é marcado pela união in- de eficácia contida aquelas que:
dissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal a) no momento da sua entrada em vigor já estão aptas a
e separação dos poderes estatais, de modo que o legis- produzir todos os seus efeitos.
lativo, executivo e judiciário possam atuar em harmonia. b) geralmente determinam a criação de órgãos ou atri-
buem competências aos entes federativos.
c) por si só não são capazes de produzir todos os seus
EXERCÍCIOS COMENTADOS efeitos, necessitam de uma lei infraconstitucional.
d) têm aplicabilidade indireta, mediata e reduzida ou di-
1. (TJMG – TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE RE- ferida, e vinculam o legislador infraconstitucional.
GISTROS – PROVIMENTO – CONSULPLAN – 2018) Em e) possuem aplicabilidade direta, imediata e possivel-
relação à eficácia e aplicabilidade das normas constitu- mente não integral, com limitação da sua eficácia e
cionais, assinale a alternativa INCORRETA: aplicabilidade.

a) As normas constitucionais de eficácia plena são susce- Resposta: Letra E. Correta. As normas constitucionais
tíveis de aplicação sem solução de continuidade. de eficácia contida têm aplicabilidade direta e imedia-

3
ta, mas possivelmente não integral. Embora tenham Princípio da legalidade e liberdade de ação:
força de produzir todos os seus efeitos quando da
promulgação poderá haver a redução de sua abran- II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer
gência e limitação ou restrição à eficácia e à aplica- alguma coisa senão em virtude de lei;
bilidade que pode se dar por decretação do estado
de defesa ou de sítio, além de outras situações, por Vedação de práticas de tortura física e moral, tra-
motivo de ordem pública, bons costumes e paz social. tamento desumano e degradante:

4. (CÂMARA MUNICIPAL DE CAIEIRAS-SP – ASSIS- III - ninguém será submetido a tortura nem a trata-
TENTE LEGISLATIVO VUNESP – 2015) A atual Consti- mento desumano ou degradante;
tuição Federal adota o Sistema de Tripartição de Poderes.
A respeito desse tema, assinale a alternativa correta. Liberdade de manifestação do pensamento e ve-
dação do anonimato, visando coibir abusos e não
a) Os Poderes da União são entre si independentes e har- responsabilização pela veiculação de ideias e práticas
mônicos. prejudiciais:
b) Os Poderes da União são interdependentes e harmô-
nicos entre si. IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo ve-
c) Os Poderes da União são: o Executivo, o Legislativo e dado o anonimato;
o Moderador.
d) Os Poderes Executivo e Judiciário são autônomos e Direito de resposta e indenização:
dependentes entre si. V - é assegurado o direito de resposta, proporcional
e) O Poder Executivo centraliza as decisões políticas e ad- ao agravo, além da indenização por dano material,
ministrativas dos demais poderes. moral ou à imagem;

Resposta: Letra A. O art. 2º, CF estabelece que: São Liberdade religiosa e de consciência:
Poderes da União, independentes e harmônicos entre
si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença,
sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos
5. (CÂMARA DE CACOAL-RO – TÉCNICO EM INFOR- e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de
MÁTICA – IBADE – 2018) A Constituição da República culto e a suas liturgias;
Federativa do Brasil de1988 pode ser classificada como: VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de
assistência religiosa nas entidades civis e militares de
a) escrita e histórica. internação coletiva;
b) sintética e semântica. VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de
c) liberal e preceitual. crença religiosa ou de convicção filosófica ou política,
d) promulgada e dogmática. salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a
e) rígida e pretende ser nominal. todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alter-
nativa, fixada em lei;
Resposta: Letra D. A CF/88 é promulgada e dogmá-
tica, criada democraticamente a partir de um sistema Liberdade de expressão e proibição de censura:
ideológico prévio e fruto do trabalho de uma Assem-
bleia Nacional Constituinte. IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artís-
tica, científica e de comunicação, independentemente
de censura ou licença;
DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

Proteção à imagem, honra e intimidade da pessoa


Os direitos e deveres individuais e coletivos encon- humana:
tram-se elencados no art. 5º da Constituição.
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a hon-
Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção ra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a in-
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e denização pelo dano material ou moral decorrente de
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade sua violação;
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à seguran-
ça e à propriedade, nos termos seguintes: Proteção do domicílio do indivíduo:

Princípio da igualdade entre homens e mulheres: XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém
nela podendo penetrar sem consentimento do mora-
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obriga- dor, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou
ções, nos termos desta Constituição; para prestar socorro, ou, durante o dia, por determina-
ção judicial; (Vide Lei nº 13.105, de 2015) (Vigência).

4
Proteção do sigilo das comunicações: Intervenção do Estado na propriedade:

XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das co- XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desa-
municações telegráficas, de dados e das comunicações propriação por necessidade ou utilidade pública, ou
telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, por interesse social, mediante justa e prévia indeniza-
nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para ção em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta
fins de investigação criminal ou instrução processual Constituição;
penal; (Vide Lei nº 9.296, de 1996). XXV - no caso de iminente perigo público, a autorida-
de competente poderá usar de propriedade particular,
Liberdade de profissão: assegurada ao proprietário indenização ulterior, se
houver dano;
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou
profissão, atendidas as qualificações profissionais que Pequena propriedade rural:
a lei estabelecer;
XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida
Acesso à informação: em lei, desde que trabalhada pela família, não será
objeto de penhora para pagamento de débitos decor-
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e rentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre
resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao os meios de financiar o seu desenvolvimento;
exercício profissional;
Direitos autorais:
Liberdade de locomoção, direito de ir e vir:
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de
XV - é livre a locomoção no território nacional em utilização, publicação ou reprodução de suas obras,
tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;
da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:
bens; a) a proteção às participações individuais em obras
coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas,
Direito de reunião: inclusive nas atividades desportivas;
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econô-
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem ar- mico das obras que criarem ou de que participarem
mas, em locais abertos ao público, independentemente aos criadores, aos intérpretes e às respectivas repre-
de autorização, desde que não frustrem outra reunião sentações sindicais e associativas;
anteriormente convocada para o mesmo local, sendo XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos indus-
apenas exigido prévio aviso à autoridade competente; triais privilégio temporário para sua utilização, bem
como proteção às criações industriais, à propriedade
Liberdade de associação: das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos
distintivos, tendo em vista o interesse social e o desen-
XVII - é plena a liberdade de associação para fins líci- volvimento tecnológico e econômico do País;
tos, vedada a de caráter paramilitar;
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, Direito de herança:
a de cooperativas independem de autorização, sendo
vedada a interferência estatal em seu funcionamento; XXX - é garantido o direito de herança;
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no
dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por deci- País será regulada pela lei brasileira em benefício do
NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

são judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes
em julgado; seja mais favorável a lei pessoal do “de cujus”;
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a
permanecer associado; Direito do consumidor:
XXI - as entidades associativas, quando expressamen-
te autorizadas, têm legitimidade para representar seus XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa
filiados judicial ou extrajudicialmente; do consumidor;

Direito de propriedade e sua função social: Direito de informação, petição e obtenção de cer-
tidão junto aos órgãos públicos:
XXII - é garantido o direito de propriedade;
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social; XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos
informações de seu interesse particular, ou de interes-
se coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da
lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas

5
cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado; (Regulamento) (Vide Lei nº 12.527, de 2011).
XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas:
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse
pessoal;

Princípio da proteção judiciária ou da inafastabilidade do controle jurisdicional:

XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;

Segurança jurídica:

XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;

Direito adquirido é aquele incorporado ao patrimônio jurídico de seu titular, cujo começo do exercício tenha termo
pré-fixado ou condição pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem, nos termos do § 2º, do art. 6º, da Lei de In-
trodução às normas do Direito Brasileiro.
Ato jurídico perfeito é a situação ou direito consumado e definitivamente exercido, sem quaisquer vícios ou nulida-
des, segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou.
Coisa julgada é a matéria submetida a julgamento, cuja sentença proferida transitou em julgado e não cabe mais
recurso, não podendo, portanto, ser modificada.

Tribunal de exceção:

XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;


O juízo ou tribunal de exceção seria aquele criado exclusivamente para o julgamento de um fato específico já acon-
tecido, onde os julgadores são escolhidos arbitrariamente. A Constituição veda tal prática, pois todos os casos devem
se submeter a julgamento dos juízos e tribunais já existentes, conforme suas competências pré-fixadas.

Tribunal do Júri:

XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados:
a) a plenitude de defesa;
b) o sigilo das votações;
c) a soberania dos veredictos;
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;

Princípio da legalidade, da anterioridade e da retroatividade da lei penal:

XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal;
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;

Princípio da não discriminação:

XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais;
NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

Crimes inafiançáveis, imprescritíveis e insuscetíveis de graça e anistia:

XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura , o tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes,
os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem; (Regulamento).
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem cons-
titucional e o Estado Democrático.

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Crimes inafiançáveis e insuscetíveis de
Crimes inafiançáveis e imprescritíveis
graça e anistia

Racismo Prática de Tortura


Tráfico de drogas e entorpecentes
Ação de grupos armados contra a ordem Terrorismo
constitucional e o Estado Democrático.
Crimes hediondos

Princípio da intranscendência da pena:

XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do
perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do
patrimônio transferido;

Individualização da pena:

XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:


a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos;

Proibição de penas:

XLVII - não haverá penas:


a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis.

Estabelecimentos para cumprimento de pena:

XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do
apenado;

Respeito à Integridade Física e Moral dos Presos:

XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;

Direito de permanência e amamentação dos filhos pela presidiária mulher:


NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

L - às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus filhos durante o período de
amamentação;

Extradição:

LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da naturali-
zação, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;
LII - não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião;

Direito ao julgamento pela autoridade competente:

LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;

7
Devido Processo Legal: Identificação dos responsáveis pela prisão:

LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus LXIV - o preso tem direito à identificação dos respon-
bens sem o devido processo legal; sáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial;

Contraditório e a ampla defesa: Relaxamento da prisão ilegal:

LV - aos litigantes, em processo judicial ou adminis- LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada
trativo, e aos acusados em geral são assegurados o pela autoridade judiciária;
contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos
a ela inerentes; Garantia da liberdade provisória:

Provas ilícitas: LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido,


quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas sem fiança;
por meios ilícitos;
Prisão civil:
Presunção de inocência:
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito responsável pelo inadimplemento voluntário e ines-
em julgado de sentença penal condenatória; cusável de obrigação alimentícia e a do depositário
infiel;
Identificação criminal:
Habeas corpus:
LVIII - o civilmente identificado não será submetido
a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que al-
em lei; (Regulamento). guém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência
ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilega-
Ação Privada Subsidiária da Pública: lidade ou abuso de poder;

LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação Mandado de Segurança:
pública, se esta não for intentada no prazo legal;
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para
A publicidade dos atos processuais e o segredo de proteger direito líquido e certo, não amparado por
Justiça: habeas corpus ou habeas data, quando o responsá-
vel pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de
processuais quando a defesa da intimidade ou o inte- atribuições do Poder Público;
resse social o exigirem; LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser im-
petrado por:
Legalidade da prisão: a) partido político com representação no Congresso
Nacional;
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou b) organização sindical, entidade de classe ou associa-
por ordem escrita e fundamentada de autoridade judi- ção legalmente constituída e em funcionamento há
ciária competente, salvo nos casos de transgressão mi- pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus
NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

litar ou crime propriamente militar, definidos em lei; membros ou associados;

Comunicabilidade da prisão: Mandado de Injunção:

LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre
encontre serão comunicados imediatamente ao juiz que a falta de norma regulamentadora torne inviável
competente e à família do preso ou à pessoa por ele o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e
indicada; das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à sobera-
nia e à cidadania;
Informação ao preso:
Habeas data:
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os
quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada LXXII - conceder-se-á habeas data:
a assistência da família e de advogado; a) para assegurar o conhecimento de informações re-
lativas à pessoa do impetrante, constantes de registros

8
ou bancos de dados de entidades governamentais ou O rol dos direitos elencados no art. 5º da CF/88 não é
de caráter público; taxativo, mas sim exemplificativo. Os direitos e garan-
b) para a retificação de dados, quando não se prefira tias ali expressos não excluem outros de caráter cons-
fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo; titucional, decorrentes de princípios constitucionais,
do regime democrático, ou de tratados internacionais.
Ação Popular:
Tratados e Convenções Internacionais de Direitos
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor Humanos
ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimô-
nio público ou de entidade de que o Estado participe, § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre di-
à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao reitos humanos que forem aprovados, em cada Casa
patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, sal- do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quin-
vo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do tos dos votos dos respectivos membros, serão equi-
ônus da sucumbência; valentes às emendas constitucionais. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004) (Atos aprova-
Assistência Judiciária: dos na forma deste parágrafo: DLG nº 186, de 2008,
DEC 6.949, de 2009, DLG 261, de 2015, DEC 9.522, de
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica inte- 2018).
gral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de
recursos; Sanando discussões sobre a hierarquia desses dispo-
sitivos, com a Emenda Constitucional n° 45 de 2004, as
Indenização por erro judiciário: normas de tratados internacionais sobre direitos huma-
nos passam a ser reconhecidas como normas de hierar-
LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro ju- quia constitucional, porém, somente se aprovadas pelas
diciário, assim como o que ficar preso além do tempo duas casas do Congresso por 3/5 de seus membros em
fixado na sentença; dois turnos de votação.

Gratuidade de serviços públicos: Submissão à Jurisdição do Tribunal Penal Interna-


cional
LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente po-
bres, na forma da lei: (Vide Lei nº 7.844, de 1989) § 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal
a) o registro civil de nascimento; Internacional a cuja criação tenha manifestado ade-
b) a certidão de óbito; são. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de
LXXVII - são gratuitas as ações de habeas corpus e 2004).
habeas data, e, na forma da lei, os atos necessários ao
exercício da cidadania (Regulamento). O Brasil se submeteu expressamente à jurisdição do
Tribunal Penal Internacional, também conhecido por Cor-
Princípio da Celeridade Processual: te ou Tribunal de Haia, instituído pelo Estatuto de Roma e
ratificado em 20 de junho de 2002 pelo Brasil. A Emenda
LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, Constitucional n° 45/2004, deu a esta adesão força cons-
são assegurados a razoável duração do processo e os titucional. O objetivo do TPI é identificar e punir autores
meios que garantam a celeridade de sua tramitação. de crimes contra a humanidade.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004).

Aplicabilidade das normas de direitos e garantias CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DA BAHIA,


NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

fundamentais (CAP. XXIII “DO NEGRO”)

§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias


O capítulo XXIII, do título VI sobre “Ordem Econômi-
fundamentais têm aplicação imediata.
ca e Social” da Constituição da Bahia, é intitulado “Do
Assim, todas as normas relativas aos direitos e garan-
Negro”. Assim, do artigo 286 ao 290 do referido texto, o
tias fundamentais são autoaplicáveis.
constituinte estadual desenvolve abordagens específicas
sobre a população negra na Bahia:
Rol é exemplificativo
Art. 286. A sociedade baiana é cultural e historica-
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constitui-
mente marcada pela presença da comunidade afro-
ção não excluem outros decorrentes do regime e dos
-brasileira, constituindo a prática do racismo crime
princípios por ela adotados, ou dos tratados interna-
inafiançável e imprescritível, sujeito a pena de reclu-
cionais em que a República Federativa do Brasil seja
são, nos termos da Constituição Federal.
parte.

9
Nota-se a repetição do texto da Constituição que es-
tabelece o racismo como crime inafiançável e imprescri-
tível sujeito à pena de reclusão (artigo 5º, XLII, CF), o que EXERCÍCIO COMENTADO
se justifica em especial pelo fato da sociedade baiana ser
marcada em termos culturais e históricos pela presença 1. (PC-BA - Delegado de Polícia - CESPE - 2013) Jul-
da comunidade afro-brasileira. gue (C ou E) o item subsequentes. A legislação baiana
permite à administração pública estadual o uso de discri-
Art. 287. Com países que mantiverem política oficial cionariedade para autorizar a participação de empresas
de discriminação racial, o Estado não poderá: particulares sediadas em países que mantenham política
I - admitir participação, ainda que indireta, através de oficial de discriminação racial em processos licitatórios
empresas neles sediadas, em qualquer processo licita- que envolvam a administração indireta.
tório da Administração Pública direta ou indireta;
II - manter intercâmbio cultural ou desportivo, através ( ) CERTO ( ) ERRADO
de delegações oficiais.
Resposta: Errado.
O Estado baiano não pode aceitar a participação, Disciplina o artigo 287, Constituição Estadual: “Com
mesmo que indireta, de empresas a ele vinculadas em países que mantiverem política oficial de discrimina-
licitações e nem interagir por meio da cultura e do es- ção racial, o Estado não poderá: I - admitir participa-
porte com países que regulam práticas discriminatórias ção, ainda que indireta, através de empresas neles
como política estatal, isto é, com países que aceitam e sediadas, em qualquer processo licitatório da Admi-
oficializam o apartheid. nistração Pública direta ou indireta; II - manter inter-
câmbio cultural ou desportivo, através de delegações
Art. 288. A rede estadual de ensino e os cursos de oficiais”.
formação e aperfeiçoamento do servidor público civil
e militar incluirão em seus programas disciplina que
valorize a participação do negro na formação históri-
LEI FEDERAL NO 12.888, DE 20 DE JULHO DE
ca da sociedade brasileira.
2010 (ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL)
A importância do negro na formação histórica da so-
ciedade brasileira é matéria obrigatória na rede estadual Prezado candidato, confira que embora o edital
de ensino e nos cursos de formação e aperfeiçoamento indique a chamada 12.888 para a lei, no planalto ela
de servidores. pode ser encontrada como 12.288.

Art. 289. Sempre que for veiculada publicidade es- “O Estatuto da Igualdade Racial, instituído pela Lei nº
tadual com mais de duas pessoas, será assegurada a 12.288, de 20 de julho de 2010, visa ‘garantir à popula-
inclusão de uma da raça negra. ção negra a efetivação da igualdade de oportunidades, a
defesa dos direitos étnicos individuais, coletivos e difusos
Em comerciais e demais publicidades com imagens, e o combate à discriminação e às demais formas de in-
como outdoor, banner, posts na Internet, etc., é obriga- tolerância étnica’ (art. 1º), ou seja, coibir práticas de dis-
tória a presença de pelo menos uma pessoa negra, caso criminação racial e estabelecer políticas públicas para di-
duas pessoas estejam participando da publicidade. minuir a desigualdade social existente entre os diferentes
grupos raciais no Brasil. A edição do Estatuto da Câmara
dos Deputados traz também as legislações correlatas à
Art. 290. O dia 20 de novembro será considerado, no
Lei nº 12.288, como: a Convenção Internacional sobre a
calendário oficial, como Dia da Consciência Negra.
Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial;
NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

a Lei Antirracismo nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989; a Lei


Dia 20 de novembro é oficialmente o Dia da Cons- da Discriminação no Emprego nº 9.029, de 13 de abril de
ciência Negra, feriado estadual. 1995, entre outras.
A Lei nº 12.288/10 é bem abrangente e trata dos di-
#FicaDica reitos fundamentais para igualdade racial, dentre eles o
direito à saúde, à educação, cultura, esporte e lazer, li-
A Bahia é o estado brasileiro com maior berdade de consciência, de crença e religiosa, acesso à
população de negros, o que justifica a pre- moradia e trabalho.
ocupação especial que seu texto constitu- A Lei determina também a instituição do SINAPIR
cional volta a esta parcela significativa. (Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial),
‘como forma de organização e de articulação voltadas à
implementação do conjunto de políticas e serviços des-
tinados a superar as desigualdades étnicas existentes no
País’ (art. 47)”1.
1 http://www.portalconscienciapolitica.com.br/products/estatuto-
-da-igualdade-racial/

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Abaixo, comentamos e grifamos os principais aspec- especialmente nas atividades políticas, econômicas,
tos dos títulos I e II do Estatuto de Igualdade Racial: empresariais, educacionais, culturais e esportivas,
defendendo sua dignidade e seus valores religiosos e
TÍTULO I culturais.
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES Promover a igualdade não é só responsabilidade do
Estado, mas da sociedade como um todo.
Art. 1º Esta Lei institui o Estatuto da Igualdade Racial,
destinado a garantir à população negra a efetivação Art. 3º Além das normas constitucionais relativas
da igualdade de oportunidades, a defesa dos direitos aos princípios fundamentais, aos direitos e garantias
étnicos individuais, coletivos e difusos e o combate à fundamentais e aos direitos sociais, econômicos e
discriminação e às demais formas de intolerância ét- culturais, o Estatuto da Igualdade Racial adota como
nica. diretriz político-jurídica a inclusão das vítimas de de-
sigualdade étnico-racial, a valorização da igualdade
Logo, o estatuto volta-se à população negra brasi- étnica e o fortalecimento da identidade nacional bra-
leira, buscando garantir a igualdade material em relação sileira.
aos demais. Significa que este grupo vulnerável social-
mente receberá um tratamento próprio específico para São 3 as diretrizes político-jurídicas do estatuto, as
que de fato, na prática, tenha os mesmos direitos dos quais são complementadas pelas normas constitucionais.
demais brasileiros.
Art. 4º A participação da população negra, em condi-
Parágrafo único. Para efeito deste Estatuto, conside- ção de igualdade de oportunidade, na vida econômi-
ra-se: ca, social, política e cultural do País será promovida,
I - discriminação racial ou étnico-racial: toda distin- prioritariamente, por meio de:
ção, exclusão, restrição ou preferência baseada em I - inclusão nas políticas públicas de desenvolvimento
raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica econômico e social;
que tenha por objeto anular ou restringir o reconhe- II - adoção de medidas, programas e políticas de ação
cimento, gozo ou exercício, em igualdade de condi- afirmativa;
ções, de direitos humanos e liberdades fundamentais III - modificação das estruturas institucionais do Esta-
nos campos político, econômico, social, cultural ou em do para o adequado enfrentamento e a superação das
qualquer outro campo da vida pública ou privada; desigualdades étnicas decorrentes do preconceito e da
II - desigualdade racial: toda situação injustificada de discriminação étnica;
diferenciação de acesso e fruição de bens, serviços e IV - promoção de ajustes normativos para aperfeiçoar
oportunidades, nas esferas pública e privada, em vir- o combate à discriminação étnica e às desigualdades
tude de raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnicas em todas as suas manifestações individuais,
étnica; institucionais e estruturais;
III - desigualdade de gênero e raça: assimetria exis- V - eliminação dos obstáculos históricos, sociocultu-
tente no âmbito da sociedade que acentua a distância rais e institucionais que impedem a representação da
social entre mulheres negras e os demais segmentos diversidade étnica nas esferas pública e privada;
sociais; VI - estímulo, apoio e fortalecimento de iniciativas
IV - população negra: o conjunto de pessoas que se oriundas da sociedade civil direcionadas à promoção
autodeclaram pretas e pardas, conforme o quesito cor da igualdade de oportunidades e ao combate às de-
ou raça usado pela Fundação Instituto Brasileiro de sigualdades étnicas, inclusive mediante a implemen-
Geografia e Estatística (IBGE), ou que adotam autode- tação de incentivos e critérios de condicionamento e
finição análoga; prioridade no acesso aos recursos públicos;
V - políticas públicas: as ações, iniciativas e progra- VII - implementação de programas de ação afirma-
NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

mas adotados pelo Estado no cumprimento de suas tiva destinados ao enfrentamento das desigualdades
atribuições institucionais; étnicas no tocante à educação, cultura, esporte e lazer,
VI - ações afirmativas: os programas e medidas es- saúde, segurança, trabalho, moradia, meios de comu-
peciais adotados pelo Estado e pela iniciativa privada nicação de massa, financiamentos públicos, acesso à
para a correção das desigualdades raciais e para a terra, à Justiça, e outros.
promoção da igualdade de oportunidades. Parágrafo único. Os programas de ação afirmativa
O parágrafo único do artigo 1º traz conceitos que se- constituir-se-ão em políticas públicas destinadas a re-
rão utilizados para fins de aplicação desta lei. Voltar parar as distorções e desigualdades sociais e demais
atenção especial, porque podem cair nos testes das práticas discriminatórias adotadas, nas esferas pública
provas. e privada, durante o processo de formação social do
País.
Art. 2º É dever do Estado e da sociedade garantir a O artigo 4º trata dos meios que serão utilizados para
igualdade de oportunidades, reconhecendo a todo ci- a promoção da igualdade racial.
dadão brasileiro, independentemente da etnia ou da
cor da pele, o direito à participação na comunidade,

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Art. 5º Para a consecução dos objetivos desta Lei, é incentivos específicos para a garantia do direito à saú-
instituído o Sistema Nacional de Promoção da Igual- de, incluindo melhorias nas condições ambientais, no
dade Racial (Sinapir), conforme estabelecido no Título saneamento básico, na segurança alimentar e nutri-
III. cional e na atenção integral à saúde.

TÍTULO II Com efeito, o capítulo 1 do título II trata de um viés


DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS específico de promoção da igualdade da população ne-
gra que é o direito à saúde. Isto envolve não só a promo-
CAPÍTULO I ção de um acesso justo e igualitário ao SUS, mas também
DO DIREITO À SAÚDE a busca de desenvolvimento de estudos e pesquisas es-
pecíficos, além da vedação de discriminação nos setores
Art. 6º O direito à saúde da população negra será privados (ex: seguradoras de saúde).
garantido pelo poder público mediante políticas uni-
versais, sociais e econômicas destinadas à redução do CAPÍTULO II
risco de doenças e de outros agravos. DO DIREITO À EDUCAÇÃO, À CULTURA, AO ESPOR-
§ 1º O acesso universal e igualitário ao Sistema Único TE E AO LAZER
de Saúde (SUS) para promoção, proteção e recupera-
ção da saúde da população negra será de responsa- SEÇÃO I
bilidade dos órgãos e instituições públicas federais, DISPOSIÇÕES GERAIS
estaduais, distritais e municipais, da administração
direta e indireta. Art. 9º A população negra tem direito a participar de
§ 2º O poder público garantirá que o segmento da atividades educacionais, culturais, esportivas e de la-
população negra vinculado aos seguros privados de zer adequadas a seus interesses e condições, de modo
saúde seja tratado sem discriminação. a contribuir para o patrimônio cultural de sua comu-
nidade e da sociedade brasileira.
Art. 7º O conjunto de ações de saúde voltadas à po-
pulação negra constitui a Política Nacional de Saúde Art. 10. Para o cumprimento do disposto no art. 9º,
Integral da População Negra, organizada de acordo os governos federal, estaduais, distrital e municipais
com as diretrizes abaixo especificadas: adotarão as seguintes providências:
I - ampliação e fortalecimento da participação de li- I - promoção de ações para viabilizar e ampliar o
deranças dos movimentos sociais em defesa da saúde acesso da população negra ao ensino gratuito e às
da população negra nas instâncias de participação e atividades esportivas e de lazer;
controle social do SUS; II - apoio à iniciativa de entidades que mantenham
II - produção de conhecimento científico e tecnológico espaço para promoção social e cultural da população
em saúde da população negra; negra;
III - desenvolvimento de processos de informação, co- III - desenvolvimento de campanhas educativas, inclu-
municação e educação para contribuir com a redução sive nas escolas, para que a solidariedade aos mem-
das vulnerabilidades da população negra. bros da população negra faça parte da cultura de toda
a sociedade;
Art. 8º Constituem objetivos da Política Nacional de IV - implementação de políticas públicas para o forta-
Saúde Integral da População Negra: lecimento da juventude negra brasileira.
I - a promoção da saúde integral da população negra,
priorizando a redução das desigualdades étnicas e o Nota-se que envolve não somente uma postura esta-
combate à discriminação nas instituições e serviços do tal ativa, mas também uma de apoio às atitudes da socie-
SUS; dade como um todo neste sentido.
NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

II - a melhoria da qualidade dos sistemas de informa-


ção do SUS no que tange à coleta, ao processamento SEÇÃO II
e à análise dos dados desagregados por cor, etnia e DA EDUCAÇÃO
gênero;
III - o fomento à realização de estudos e pesquisas so- Art. 11. Nos estabelecimentos de ensino fundamental
bre racismo e saúde da população negra; e de ensino médio, públicos e privados, é obrigatório
IV - a inclusão do conteúdo da saúde da população o estudo da história geral da África e da história da
negra nos processos de formação e educação perma- população negra no Brasil, observado o disposto na
nente dos trabalhadores da saúde; Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996.
V - a inclusão da temática saúde da população negra § 1º Os conteúdos referentes à história da população
nos processos de formação política das lideranças de negra no Brasil serão ministrados no âmbito de todo o
movimentos sociais para o exercício da participação e currículo escolar, resgatando sua contribuição decisiva
controle social no SUS. para o desenvolvimento social, econômico, político e
Parágrafo único. Os moradores das comunidades de cultural do País.
remanescentes de quilombos serão beneficiários de § 2º O órgão competente do Poder Executivo fomen-

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tará a formação inicial e continuada de professores SEÇÃO III
e a elaboração de material didático específico para o DA CULTURA
cumprimento do disposto no caput deste artigo.
§ 3º Nas datas comemorativas de caráter cívico, os Art. 17. O poder público garantirá o reconhecimento
órgãos responsáveis pela educação incentivarão a das sociedades negras, clubes e outras formas de ma-
participação de intelectuais e representantes do mo- nifestação coletiva da população negra, com trajetó-
vimento negro para debater com os estudantes suas ria histórica comprovada, como patrimônio histórico e
vivências relativas ao tema em comemoração. cultural, nos termos dos arts. 215 e 216 da Constitui-
ção Federal.
Art. 12. Os órgãos federais, distritais e estaduais de
fomento à pesquisa e à pós-graduação poderão criar Art. 18. É assegurado aos remanescentes das comu-
incentivos a pesquisas e a programas de estudo volta- nidades dos quilombos o direito à preservação de seus
dos para temas referentes às relações étnicas, aos qui- usos, costumes, tradições e manifestos religiosos, sob
lombos e às questões pertinentes à população negra. a proteção do Estado.
Parágrafo único. A preservação dos documentos e dos
Art. 13. O Poder Executivo federal, por meio dos ór- sítios detentores de reminiscências históricas dos an-
gãos competentes, incentivará as instituições de ensi- tigos quilombos, tombados nos termos do § 5º do art.
no superior públicas e privadas, sem prejuízo da legis- 216 da Constituição Federal, receberá especial aten-
lação em vigor, a: ção do poder público.
I - resguardar os princípios da ética em pesquisa e
apoiar grupos, núcleos e centros de pesquisa, nos di- Art. 19. O poder público incentivará a celebração das
versos programas de pós-graduação que desenvolvam personalidades e das datas comemorativas relaciona-
temáticas de interesse da população negra; das à trajetória do samba e de outras manifestações
II - incorporar nas matrizes curriculares dos cursos de culturais de matriz africana, bem como sua comemo-
formação de professores temas que incluam valores ração nas instituições de ensino públicas e privadas.
concernentes à pluralidade étnica e cultural da socie-
dade brasileira; Art. 20. O poder público garantirá o registro e a pro-
III - desenvolver programas de extensão universitária teção da capoeira, em todas as suas modalidades,
destinados a aproximar jovens negros de tecnologias como bem de natureza imaterial e de formação da
avançadas, assegurado o princípio da proporcionali- identidade cultural brasileira, nos termos do art. 216
dade de gênero entre os beneficiários; da Constituição Federal.
IV - estabelecer programas de cooperação técnica, Parágrafo único. O poder público buscará garantir,
nos estabelecimentos de ensino públicos, privados e por meio dos atos normativos necessários, a preserva-
comunitários, com as escolas de educação infantil, en- ção dos elementos formadores tradicionais da capoei-
sino fundamental, ensino médio e ensino técnico, para ra nas suas relações internacionais.
a formação docente baseada em princípios de equida-
de, de tolerância e de respeito às diferenças étnicas. Aspectos ligados à cultura negra, como a capoeira e
os costumes em geral praticados nos quilombos, devem
Art. 14. O poder público estimulará e apoiará ações ser preservados, cabendo ainda a instituição de datas co-
socioeducacionais realizadas por entidades do mo- memorativas específicas em homenagem à cultura ne-
vimento negro que desenvolvam atividades voltadas gra.
para a inclusão social, mediante cooperação técnica,
intercâmbios, convênios e incentivos, entre outros me- SEÇÃO IV
canismos. DO ESPORTE E LAZER
NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

Art. 15. O poder público adotará programas de ação Art. 21. O poder público fomentará o pleno acesso da
afirmativa. população negra às práticas desportivas, consolidan-
do o esporte e o lazer como direitos sociais.
Art. 16. O Poder Executivo federal, por meio dos ór-
gãos responsáveis pelas políticas de promoção da Art. 22. A capoeira é reconhecida como desporto de
igualdade e de educação, acompanhará e avaliará os criação nacional, nos termos do art. 217 da Constitui-
programas de que trata esta Seção. ção Federal.
§ 1º A atividade de capoeirista será reconhecida em
Logo, no âmbito da educação foca-se no estudo crí- todas as modalidades em que a capoeira se manifesta,
tico dos precedentes da cultura negra, reforçando a sua seja como esporte, luta, dança ou música, sendo livre o
contribuição social, bem como o apoio às iniciativas de exercício em todo o território nacional.
pesquisa voltadas a este grupo social. § 2º É facultado o ensino da capoeira nas instituições
públicas e privadas pelos capoeiristas e mestres tradi-
cionais, pública e formalmente reconhecidos.

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Em destaque, a capoeira não é vista apenas como obras e outros bens de valor artístico e cultural, os
manifestação cultural, mas também como esporte. monumentos, mananciais, flora e sítios arqueológicos
vinculados às religiões de matrizes africanas;
CAPÍTULO III III - assegurar a participação proporcional de repre-
DO DIREITO À LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA E DE sentantes das religiões de matrizes africanas, ao lado
CRENÇA E AO LIVRE EXERCÍCIO DOS CULTOS RELI- da representação das demais religiões, em comissões,
GIOSOS conselhos, órgãos e outras instâncias de deliberação
vinculadas ao poder público.
Art. 23. É inviolável a liberdade de consciência e de
crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos As religiões africanas devem ser respeitadas assim
religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos como as demais, possuindo espaço próprio para a mani-
locais de culto e a suas liturgias. festação da crença religiosa individualmente ou em gru-
po, coibindo-se a discriminação. Isto não significa tolerar
Art. 24. O direito à liberdade de consciência e de práticas contrárias à lei, que deverão ser coibidas.
crença e ao livre exercício dos cultos religiosos de ma-
triz africana compreende: CAPÍTULO IV
I - a prática de cultos, a celebração de reuniões rela- DO ACESSO À TERRA E À MORADIA ADEQUADA
cionadas à religiosidade e a fundação e manutenção,
por iniciativa privada, de lugares reservados para tais SEÇÃO I
fins; DO ACESSO À TERRA
II - a celebração de festividades e cerimônias de acor-
do com preceitos das respectivas religiões; Art. 27. O poder público elaborará e implementará
III - a fundação e a manutenção, por iniciativa priva- políticas públicas capazes de promover o acesso da
da, de instituições beneficentes ligadas às respectivas população negra à terra e às atividades produtivas no
convicções religiosas; campo.
IV - a produção, a comercialização, a aquisição e o
uso de artigos e materiais religiosos adequados aos Art. 28. Para incentivar o desenvolvimento das ativi-
costumes e às práticas fundadas na respectiva religio- dades produtivas da população negra no campo, o po-
sidade, ressalvadas as condutas vedadas por legisla- der público promoverá ações para viabilizar e ampliar
ção específica; o seu acesso ao financiamento agrícola.
V - a produção e a divulgação de publicações relacio-
nadas ao exercício e à difusão das religiões de matriz Art. 29. Serão assegurados à população negra a as-
africana; sistência técnica rural, a simplificação do acesso ao
VI - a coleta de contribuições financeiras de pessoas crédito agrícola e o fortalecimento da infraestrutura
naturais e jurídicas de natureza privada para a manu- de logística para a comercialização da produção.
tenção das atividades religiosas e sociais das respec-
tivas religiões; Art. 30. O poder público promoverá a educação e a
VII - o acesso aos órgãos e aos meios de comunicação orientação profissional agrícola para os trabalhadores
para divulgação das respectivas religiões; negros e as comunidades negras rurais.
VIII - a comunicação ao Ministério Público para aber-
tura de ação penal em face de atitudes e práticas de Art. 31. Aos remanescentes das comunidades dos qui-
intolerância religiosa nos meios de comunicação e em lombos que estejam ocupando suas terras é reconhe-
quaisquer outros locais. cida a propriedade definitiva, devendo o Estado emi-
tir-lhes os títulos respectivos.
Art. 25. É assegurada a assistência religiosa aos pra-
NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

ticantes de religiões de matrizes africanas internados Art. 32. O Poder Executivo federal elaborará e de-
em hospitais ou em outras instituições de internação senvolverá políticas públicas especiais voltadas para
coletiva, inclusive àqueles submetidos a pena privativa o desenvolvimento sustentável dos remanescentes das
de liberdade. comunidades dos quilombos, respeitando as tradições
de proteção ambiental das comunidades.
Art. 26. O poder público adotará as medidas necessá-
rias para o combate à intolerância com as religiões de Art. 33. Para fins de política agrícola, os remanes-
matrizes africanas e à discriminação de seus seguido- centes das comunidades dos quilombos receberão dos
res, especialmente com o objetivo de: órgãos competentes tratamento especial diferenciado,
I - coibir a utilização dos meios de comunicação social assistência técnica e linhas especiais de financiamen-
para a difusão de proposições, imagens ou aborda- to público, destinados à realização de suas atividades
gens que exponham pessoa ou grupo ao ódio ou ao produtivas e de infraestrutura.
desprezo por motivos fundados na religiosidade de
matrizes africanas; Art. 34. Os remanescentes das comunidades dos qui-
II - inventariar, restaurar e proteger os documentos, lombos se beneficiarão de todas as iniciativas previs-

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tas nesta e em outras leis para a promoção da igual- nacional do Trabalho (OIT), que trata da discrimina-
dade étnica. ção no emprego e na profissão;
IV - os demais compromissos formalmente assumidos
Garante-se, assim, à população negra o acesso à ativi- pelo Brasil perante a comunidade internacional.
dade agrícola. Em especial, tal garantia volta-se à popu-
lação remanescente dos quilombos. Art. 39. O poder público promoverá ações que asse-
gurem a igualdade de oportunidades no mercado de
SEÇÃO II trabalho para a população negra, inclusive mediante
DA MORADIA a implementação de medidas visando à promoção da
igualdade nas contratações do setor público e o incen-
Art. 35. O poder público garantirá a implementação tivo à adoção de medidas similares nas empresas e
de políticas públicas para assegurar o direito à mora- organizações privadas.
dia adequada da população negra que vive em fave- § 1º A igualdade de oportunidades será lograda me-
las, cortiços, áreas urbanas subutilizadas, degradadas diante a adoção de políticas e programas de formação
ou em processo de degradação, a fim de reintegrá-las profissional, de emprego e de geração de renda volta-
à dinâmica urbana e promover melhorias no ambien- dos para a população negra.
te e na qualidade de vida. § 2º As ações visando a promover a igualdade de
Parágrafo único. O direito à moradia adequada, para oportunidades na esfera da administração pública
os efeitos desta Lei, inclui não apenas o provimento far-se-ão por meio de normas estabelecidas ou a se-
habitacional, mas também a garantia da infraestru- rem estabelecidas em legislação específica e em seus
tura urbana e dos equipamentos comunitários asso- regulamentos.
ciados à função habitacional, bem como a assistência § 3º O poder público estimulará, por meio de incen-
técnica e jurídica para a construção, a reforma ou a tivos, a adoção de iguais medidas pelo setor privado.
regularização fundiária da habitação em área urbana. § 4º As ações de que trata o caput deste artigo asse-
gurarão o princípio da proporcionalidade de gênero
Art. 36. Os programas, projetos e outras ações gover- entre os beneficiários.
namentais realizadas no âmbito do Sistema Nacional § 5º Será assegurado o acesso ao crédito para a pe-
de Habitação de Interesse Social (SNHIS), regulado quena produção, nos meios rural e urbano, com ações
pela Lei nº 11.124, de 16 de junho de 2005, devem afirmativas para mulheres negras.
considerar as peculiaridades sociais, econômicas e cul- § 6º O poder público promoverá campanhas de sensi-
turais da população negra. bilização contra a marginalização da mulher negra no
Parágrafo único. Os Estados, o Distrito Federal e os trabalho artístico e cultural.
Municípios estimularão e facilitarão a participação de § 7º O poder público promoverá ações com o objetivo
organizações e movimentos representativos da popu- de elevar a escolaridade e a qualificação profissional
lação negra na composição dos conselhos constituídos nos setores da economia que contem com alto índice
para fins de aplicação do Fundo Nacional de Habita- de ocupação por trabalhadores negros de baixa esco-
ção de Interesse Social (FNHIS). larização.

Art. 37. Os agentes financeiros, públicos ou privados, Art. 40. O Conselho Deliberativo do Fundo de Am-
promoverão ações para viabilizar o acesso da popula- paro ao Trabalhador (Codefat) formulará políticas,
ção negra aos financiamentos habitacionais. programas e projetos voltados para a inclusão da po-
pulação negra no mercado de trabalho e orientará a
Ao lado do direito de acesso à terra é garantido o destinação de recursos para seu financiamento.
direito à moradia, o que envolve, notadamente, o direi-
to de acesso a verbas de financiamento e de assistência Art. 41. As ações de emprego e renda, promovidas por
NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

técnica e jurídica para a compra, construção e reforma meio de financiamento para constituição e ampliação
de moradia. de pequenas e médias empresas e de programas de
geração de renda, contemplarão o estímulo à promo-
CAPÍTULO V ção de empresários negros.
DO TRABALHO Parágrafo único. O poder público estimulará as ati-
vidades voltadas ao turismo étnico com enfoque nos
Art. 38. A implementação de políticas voltadas para a in- locais, monumentos e cidades que retratem a cultura,
clusão da população negra no mercado de trabalho será os usos e os costumes da população negra.
de responsabilidade do poder público, observando-se:
I - o instituído neste Estatuto; Art. 42. O Poder Executivo federal poderá implemen-
II - os compromissos assumidos pelo Brasil ao ratificar tar critérios para provimento de cargos em comissão
a Convenção Internacional sobre a Eliminação de To- e funções de confiança destinados a ampliar a par-
das as Formas de Discriminação Racial, de 1965; ticipação de negros, buscando reproduzir a estrutura
III - os compromissos assumidos pelo Brasil ao ratificar da distribuição étnica nacional ou, quando for o caso,
a Convenção nº 111, de 1958, da Organização Inter- estadual, observados os dados demográficos oficiais.

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Cabe ao poder público garantir à população negra o O inteiro teor da Lei nº 12.288/2010, incluindo a re-
acesso igualitário ao emprego, o que envolve também o gulamentação do SINAPIR e as disposições finais da lei,
direito à qualificação para ocupar tais cargos, bem como podem ser acessados em:
o incentivo ao negócio próprio. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-
2010/2010/Lei/L12288.htm
CAPÍTULO VI
DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO
#FicaDica
Art. 43. A produção veiculada pelos órgãos de comu- O Estatuto da Igualdade Racial tem como
nicação valorizará a herança cultural e a participação seus principais aspectos:
da população negra na história do País. - Saúde: serão elaboradas políticas univer-
sais, sociais e econômicas destinadas à re-
Art. 44. Na produção de filmes e programas desti- dução do risco de doenças;
nados à veiculação pelas emissoras de televisão e em - Educação: o estudo da história africana e
salas cinematográficas, deverá ser adotada a prática da população negra no Brasil é obrigatório
de conferir oportunidades de emprego para atores, fi- em estabelecimentos de ensino fundamen-
gurantes e técnicos negros, sendo vedada toda e qual- tal e médio, públicos e privados;
quer discriminação de natureza política, ideológica, - Cultura: serão reconhecidos como patrimô-
étnica ou artística. nio histórico e cultural os clubes, as socieda-
Parágrafo único. A exigência disposta no caput não se des negras e outras formas de manifestação
aplica aos filmes e programas que abordem especifici- coletiva, com trajetória histórica comprovada;
dades de grupos étnicos determinados. - Capoeira: a capoeira será reconhecida, em
todas as suas modalidades, como bem de
Art. 45. Aplica-se à produção de peças publicitárias natureza imaterial e de formação da iden-
destinadas à veiculação pelas emissoras de televisão e tidade cultural;
em salas cinematográficas o disposto no art. 44. - Liberdade religiosa: o estatuto garanti-
rá o livre exercício de cultos religiosos e
a proteção aos locais de manifestação de
Art. 46. Os órgãos e entidades da administração
matrizes africanas. Será assegurada ainda
pública federal direta, autárquica ou fundacional, as
assistência religiosa para os que cumprem
empresas públicas e as sociedades de economia mista
medida privativa de liberdade;
federais deverão incluir cláusulas de participação de - Trabalho: será garantida a igualdade de
artistas negros nos contratos de realização de filmes, oportunidades no mercado de trabalho
programas ou quaisquer outras peças de caráter pu- para a população negra, com medidas que
blicitário. incentivem a igualdade nas contratações
§ 1º Os órgãos e entidades de que trata este artigo do setor público e de empresas e organi-
incluirão, nas especificações para contratação de ser- zações privadas;
viços de consultoria, conceituação, produção e reali- - Comunicação: a participação de atores,
zação de filmes, programas ou peças publicitárias, a figurantes e técnicos negros será incenti-
obrigatoriedade da prática de iguais oportunidades de vada em filmes e programas de TV, sendo
emprego para as pessoas relacionadas com o projeto proibida qualquer discriminação política,
ou serviço contratado. ideológica, étnica ou artística.
§ 2º Entende-se por prática de iguais oportunidades
de emprego o conjunto de medidas sistemáticas exe-
cutadas com a finalidade de garantir a diversidade
EXERCÍCIO COMENTADO
étnica, de sexo e de idade na equipe vinculada ao pro-
NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

jeto ou serviço contratado.


§ 3º A autoridade contratante poderá, se considerar 1. (EMBASA - Analista de Saneamento - Enfermeiro
necessário para garantir a prática de iguais oportu- do Trabalho - IBFC/2015) Assinale a alternativa correta
nidades de emprego, requerer auditoria por órgão do considerando as disposições da lei federal n° 12.288, de
poder público federal. 20/07/2010, que institui o Estatuto da Igualdade Racial.
§ 4º A exigência disposta no caput não se aplica às
produções publicitárias quando abordarem especifici- a) É assegurada a assistência religiosa aos praticantes de
dades de grupos étnicos determinados. religiões de matrizes africanas internados em hospi-
tais ou em outras instituições de internação coletiva,
Nos meios de comunicação vinculados à imprensa é excluídos os casos de pena privativa de liberdade.
preciso garantir espaço aos atores negros, tanto nas ativi- b) Os conteúdos referentes à história da população negra
dades artísticas em si quanto na publicidade. Veda-se a dis- no Brasil serão ministrados por meio de componente
criminação, mas não é tida como discriminação a realização curricular específico, resgatando sua contribuição de-
de obra artística que mostre o contexto de discriminação cisiva para o desenvolvimento social, econômico, polí-
racial (ex: novela que se passe nos tempos da escravidão). tico e cultural do País.

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c) É facultado o ensino da capoeira nas instituições pú- II - políticas públicas: ações, iniciativas e programas
blicas e privadas pelos capoeiristas formados em edu- adotados pelo Estado no cumprimento de suas atri-
cação física. buições institucionais;
d) Para incentivar o desenvolvimento das atividades pro- III - ações afirmativas: programas e medidas especiais
dutivas da população negra no campo, o poder pú- adotados pelo Estado e pela iniciativa privada para a
blico promoverá ações para viabilizar e ampliar o seu correção das desigualdades raciais e para a promoção
acesso ao financiamento agrícola. da igualdade de oportunidades;
IV - racismo: ideologia baseada em teorias e crenças
Resposta: Letra D. Corresponde ao teor do artigo 28 que estabelecem hierarquias entre raças e etnias e que
da lei: “Para incentivar o desenvolvimento das ativida- historicamente tem resultado em desvantagens so-
des produtivas da população negra no campo, o po- ciais, econômicas, políticas, religiosas e culturais para
der público promoverá ações para viabilizar e ampliar pessoas e grupos étnicos raciais específicos por meio
o seu acesso ao financiamento agrícola”. da discriminação, do preconceito e da intolerância;
A. Incorreta porque “é assegurada a assistência reli- V - racismo institucional: ações ou omissões sistêmi-
giosa aos praticantes de religiões de matrizes africa- cas caracterizadas por normas, práticas, critérios e
nas internados em hospitais ou em outras instituições padrões formais e não formais de diagnóstico e aten-
de internação coletiva, INCLUSIVE àqueles submetidos dimento, de natureza organizacional e institucional,
a pena privativa de liberdade” (art. 25). pública e privada, resultantes de preconceitos ou este-
B. Incorreta porque “os conteúdos referentes à histó- reótipos, que resulta em discriminação e ausência de
ria da população negra no Brasil serão ministrados NO efetividade em prover e ofertar atividades e serviços
ÂMBITO DE TODO O CURRÍCULO ESCOLAR, resgatan- qualificados às pessoas em função da sua raça, cor,
do sua contribuição decisiva para o desenvolvimento ascendência, cultura, religião, origem racial ou étnica;
social, econômico, político e cultural do País” (art. 11, VI - discriminação racial ou discriminação étnico-ra-
§ 1º). cial: toda distinção, exclusão, restrição ou preferência
C. Incorreta porque “é facultado o ensino da capoeira baseada em raça, cor, ascendência, origem nacional
nas instituições públicas e privadas pelos capoeiristas ou étnica, incluindo-se as condutas que, com base
E MESTRES TRADICIONAIS, PÚBLICA E FORMALMEN- nestes critérios, tenham por objeto anular ou restringir
TE RECONHECIDOS” (art. 21, §2º). o reconhecimento, exercício ou fruição, em igualda-
de de condições, de garantias e direitos nos campos
político, social, econômico, cultural, ambiental, ou em
qualquer outro campo da vida pública ou privada;
LEI ESTADUAL Nº 13.182 DE 06 DE JUNHO
VII - intolerância religiosa: toda distinção, exclusão,
DE 2014 (ESTATUTO DA IGUALDADE
restrição ou preferência, incluindo-se qualquer ma-
RACIAL E DE COMBATE A INTOLERÂNCIA
nifestação individual, coletiva ou institucional, de
RELIGIOSO)
conteúdo depreciativo, baseada em religião, concep-
ção religiosa, credo, profissão de fé, culto, práticas ou
O GOVERNADOR DO ESTADO DA BAHIA, faço saber peculiaridades rituais ou litúrgicas, e que provoque
que a Assembleia Legislativa decreta e eu sanciono a se- danos morais, materiais ou imateriais, atente contra
guinte Lei: os símbolos e valores das religiões afro-brasileiras ou
seja capaz de fomentar ódio religioso ou menosprezo
TÍTULO I às religiões e seus adeptos;
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES VIII - desigualdade racial: toda situação de diferen-
ciação negativa no acesso e fruição de bens, serviços
CAPÍTULO I e oportunidades, nas esferas pública e privada, em
DA FINALIDADE, DEFINIÇÕES E DIRETRIZES virtude de raça, cor, ascendência, origem nacional ou
NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

étnica;
Art. 1º - Esta Lei institui o Estatuto da Igualdade Racial e IX - desigualdade de gênero e raça: assimetria exis-
de Combate à Intolerância Religiosa do Estado da Bahia, tente no âmbito da sociedade que acentua a distância
destinado a garantir à população negra a efetivação da social entre mulheres negras e os demais segmentos
igualdade de oportunidades, defesa de direitos individu- sociais.
ais, coletivos e difusos e o combate à discriminação e de-
mais formas de intolerância racial e religiosa. Art. 3º - Caberá ao Estado divulgar, em meio e lin-
guagem acessíveis, os dados oficiais e públicos con-
Art. 2º - Para os fins deste Estatuto adotam-se as se- cernentes à mensuração da desigualdade racial e de
guintes definições: gênero, considerando os estudos produzidos pelos
I - população negra: conjunto de pessoas que se au- órgãos e instituições públicas, instituições oficiais de
todeclaram pretas e pardas, conforme o quesito cor pesquisa, universidades públicas, instituições de ensi-
ou raça utilizado pela Fundação Instituto Brasileiro de no superior privadas e organizações da sociedade civil
Geografia e Estatística - IBGE, ou que adotam autode- que tenham por finalidade estatutária a produção de
finição análoga; estudos e pesquisas sobre o tema.

17
VII - implementação de medidas e programas de ação
Art. 4º - É dever do Estado e da sociedade garantir a afirmativa destinados ao enfrentamento das desigual-
igualdade de oportunidades, reconhecendo a todo ci- dades raciais no tocante à educação, cultura, espor-
dadão brasileiro, independentemente da etnia ou cor te, lazer, saúde, segurança, trabalho, moradia, meios
da pele, o direito à participação na comunidade, es- de comunicação de massa, financiamentos públicos,
pecialmente nas atividades políticas, econômicas, em- acesso à terra, acesso à justiça e outros aspectos da
presariais, educacionais, culturais e esportivas, defen- vida pública.
dendo sua dignidade e valores religiosos e culturais. Parágrafo único - Os programas de ação afirmativa
constituem-se em políticas públicas destinadas a re-
Art. 5º - O presente Estatuto adota como diretrizes parar as desigualdades sociais, étnico-raciais e demais
político-jurídicas para projetos de desenvolvimento, consequências de práticas discriminatórias historica-
políticas públicas e medidas de ação afirmativa, a in- mente adotadas, nas esferas pública e privada, duran-
clusão do segmento da população atingido pela de- te o processo de formação social do país e do Estado.
sigualdade racial e a promoção da igualdade racial,
observando-se as seguintes dimensões: CAPÍTULO II
I - reparatória e compensatória para os descendentes DO SISTEMA ESTADUAL DE PROMOÇÃO DA
das vítimas da escravidão, do racismo e das demais IGUALDADE RACIAL - SISEPIR
práticas institucionais e sociais históricas que contri-
buíram para as profundas desigualdades raciais e as Art. 7º - Fica instituído o Sistema Estadual de Promo-
persistentes práticas de discriminação racial na socie- ção da Igualdade Racial - SISEPIR, com a finalidade
dade baiana, inclusive em face dos povos de terreiros de efetivar o conjunto de ações, políticas e serviços de
de religiões afro-brasileiras; enfrentamento ao racismo, promoção da igualdade
II - inclusiva, nas esferas pública e privada, asseguran- racial e combate à intolerância religiosa.
do a representação equilibrada dos diversos segmen- § 1º - Os Municípios poderão integrar o SISEPIR, me-
tos étnico-raciais componentes da sociedade baiana, diante participação no Fórum de Gestores de Promo-
solidificando a democracia e a participação de todos; ção da Igualdade Racial ou através de declaração de
III - otimizadora das relações socioculturais, econô- anuência, na forma estabelecida em regulamento.
micas e institucionais, pelos benefícios da diferença § 2 º - O SISEPIR manterá articulação com o Sistema
e da diversidade racial para a coletividade, enquanto Nacional de Promoção da Igualdade Racial - SINAPIR,
fatores de criatividade e inovação dinamizadores do instituído pela Lei Federal nº 12.288, de 20 de julho de
processo civilizatório e o desenvolvimento do Estado. 2010 e regulamentado pelo Decreto Federal nº 8.136,
de 05 de novembro de 2013.
Art. 6º - A participação da população negra, em con- § 3 º - O Estado instituirá linhas de apoio, benefícios e
dições de igualdade de oportunidades, na vida econô- incentivos para estimular a participação da sociedade
mica, social, política e cultural do Estado, será promo- civil e da iniciativa privada no SISEPIR.
vida, prioritariamente, por meio de:
I - inclusão igualitária nas políticas públicas, progra- Art. 8 º - Integram o SISEPIR:
mas de desenvolvimento econômico e social e de ação I - a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial - SE-
afirmativa, combatendo especificamente as desigual- PROMI, criada pela Lei nº 10.549, de 28 de dezembro
dades raciais e de gênero que atingem as mulheres de 2006, alterada pela Lei nº 12.212, de 04 de maio de
negras e a juventude negra; 2011, que o coordenará;
II - adoção de políticas, programas e medidas de ação II - o Conselho para o Desenvolvimento da Comuni-
afirmativa; dade Negra - CDCN, órgão colegiado de participação
III - adequação das estruturas institucionais do Poder e controle social, instituído pela Lei nº 4.697, de 15 de
Público para o eficiente enfrentamento e superação julho de 1987, alterado pelas Leis nº 10.549, de 20 de
NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

das desigualdades raciais decorrentes do racismo e da dezembro de 2006 e nº 12.212, de 4 de maio de 2011;
discriminação racial; III - a Comissão Estadual para a Sustentabilidade dos
IV - promoção de ajustes normativos para aperfeiçoar Povos e Comunidades Tradicionais - CESPCT, órgão
o combate à discriminação racial e às desigualdades colegiado de participação e controle social instituído
raciais em todas as suas manifestações estruturais, pelo Decreto nº 13.247, de 30 de agosto de 2011;
institucionais e individuais; IV - a Rede de Combate ao Racismo e à Intolerân-
V - eliminação dos obstáculos históricos, sociocultu- cia Religiosa, instrumento de articulação entre o Po-
rais e institucionais que impedem a representação da der Público, as instituições do Sistema de Justiça e a
diversidade racial nas esferas pública e privada; sociedade civil para a implementação da política de
VI - estímulo, apoio e fortalecimento de iniciativas promoção da igualdade racial no aspecto do enfrenta-
oriundas da sociedade civil destinadas à promoção mento ao racismo e à intolerância religiosa;
da igualdade de oportunidades e ao combate às de- V - o Centro de Referência de Combate ao Racismo
sigualdades raciais, inclusive mediante a implemen- e à Intolerância Religiosa, unidade administrativa de
tação de incentivos e critérios de condicionamento e apoio à implementação da Política de Promoção da
prioridade no acesso aos recursos públicos; Igualdade Racial, instituído pelo Decreto nº 14.297, de

18
31 de janeiro de 2013; nacionais;
VI - os Municípios a que se refere o § 1º do art. 7º V - doações de Estados estrangeiros, por meio de con-
desta Lei. vênios, tratados e acordos internacionais.

Art. 9º - O funcionamento do SISEPIR será disciplina- Art. 14 - Caberá ao Estado realizar o acompanha-
do no Regulamento deste Estatuto. mento, monitoramento e avaliação da execução in-
tersetorial das políticas e programas setoriais e de
promoção da igualdade racial, incluídas as ações es-
Art. 10 - Fica instituída a Ouvidoria de Promoção da pecíficas voltadas para os segmentos atingidos pela
Igualdade Racial, vinculada à estrutura da Ouvidoria discriminação racial, promovendo a integração dos
Geral do Estado, criada pelo Decreto nº 13.976, de 09 dados aos sistemas de monitoramento das ações do
de maio de 2012, com a finalidade de registro de ocor- Governo do Estado e contribuindo para a qualificação
rências de racismo, discriminação racial, intolerância da execução das ações no âmbito do SISEPIR, divul-
religiosa, conflitos fundiários envolvendo povos de gando relatório anual sobre os resultados alcançados.
terreiros e comunidades quilombolas e violação aos
direitos de que trata este Estatuto. TÍTULO II
DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
CAPÍTULO III
DO SISTEMA DE FINANCIAMENTO DAS POLÍTICAS CAPÍTULO I
DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL DO DIREITO À VIDA E À SAÚDE

Art. 11 - Fica instituído o Sistema de Financiamento Art. 15 - O direito à saúde da população negra será
das Políticas de Promoção da Igualdade Racial, com garantido pelo Poder Público mediante políticas so-
a finalidade de garantir prioridade no planejamento, ciais e econômicas destinadas à redução do risco de
alocação específica de recursos, aperfeiçoamento dos doenças e outros agravos, com foco nas necessidades
meios de execução e controle social das políticas de específicas deste segmento da população.
promoção da igualdade racial no âmbito do Estado. § 1º - Para o cumprimento do disposto no caput cabe
ao Poder Público promover o acesso universal, integral
Art. 12 - Na implementação dos programas e das e igualitário às ações e serviços de saúde integrados
ações constantes dos planos plurianuais e dos orça- ao Sistema Único de Saúde - SUS, em todos os níveis
mentos anuais do Estado, deverão ser observadas as de atenção, por meio de medidas de promoção, pro-
políticas de ação afirmativa a que se refere este Es- teção e recuperação da saúde visando à redução de
tatuto e outras políticas públicas que tenham como vulnerabilidades específicas da população negra.
objetivo promover a igualdade de oportunidades e a § 2º - O Poder Público poderá promover apoio técnico
inclusão social da população negra. e financeiro aos municípios tendo em vista a imple-
§ 1º - O Estado é autorizado a adotar medidas que mentação do disposto neste Capítulo na esfera local,
garantam, em cada exercício, a transparência na contemplando, inclusive, a atenção integral à saúde
alocação e na execução dos recursos necessários ao dos moradores de comunidades remanescentes de
financiamento das ações previstas neste Estatuto, ex- quilombo.
plicitando, entre outros, a proporção dos recursos or-
çamentários destinados aos programas de promoção Art. 16 - O conjunto de princípios, objetivos, instru-
da igualdade, especialmente nas áreas de educação, mentos e ações voltadas à promoção da saúde da po-
saúde, segurança pública, emprego e renda, desenvol- pulação negra, constitui a Política Estadual de Aten-
vimento agrário, habitação popular, desenvolvimento ção Integral à Saúde da População Negra, executada
regional, cultura, esporte e lazer. conforme as diretrizes abaixo especificadas:
NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

§ 2º - O Estado é autorizado a adotar as medidas I - ampliação e fortalecimento da participação dos


necessárias para a adequada implementação do dis- movimentos sociais em defesa da saúde da população
posto neste artigo, podendo estabelecer patamares de negra nas instâncias de participação e controle social
participação crescente dos programas de ação afirma- das políticas de saúde em âmbito estadual, notada-
tiva nos orçamentos anuais a que se refere o caput mente o Comitê Técnico Estadual de Saúde da Popu-
deste artigo. lação Negra ou instância equivalente;
II - produção de conhecimento científico e tecnológico
Art. 13 - Sem prejuízo da destinação de recursos ordi- sobre o enfrentamento ao racismo na área de saúde e
nários, poderão ser consignados nos orçamentos para a promoção da saúde da população negra;
o financiamento de que trata o art. 12 desta Lei: III - desenvolvimento de processos de informação, co-
I - transferências voluntárias da União; municação e educação para contribuir com a redução
II - doações voluntárias de particulares; das vulnerabilidades por meio da prevenção, para a
III - doações de empresas privadas e organizações melhoria da qualidade de vida da população negra e
não-governamentais, nacionais ou internacionais; para a sensibilização quanto à adequada utilização do
IV - doações voluntárias de fundos nacionais ou inter- quesito “raça/cor”;

19
IV - desenvolvimento de ações e estratégias de identi- Art. 21 - O Poder Público instituirá programas, incen-
ficação, abordagem, combate e desconstrução do ra- tivos e benefícios específicos para a garantia do direito
cismo institucional nos serviços e unidades de saúde, à saúde das comunidades quilombolas.
incluindo-se os de atendimento de urgência e emer- Parágrafo único - Será garantido a todas as comu-
gência, assim como no contexto da educação perma- nidades remanescentes de quilombo identificadas no
nente de trabalhadores da saúde; Estado, o pleno acesso às ações e serviços de saúde,
V - ações concretas para a redução de indicadores de notadamente pelo Programa de Saúde da Família e
morbi-mortalidade causada por doenças e agravos pelo Programa de Agentes Comunitários de Saúde,
prevalentes na população negra; de acordo com metas específicas estabelecidas e mo-
VI - formulação e/ou revisão das redes integradas de nitoradas pela Secretaria da Saúde, assegurando-se,
serviços de saúde do SUS, em âmbito estadual, com a sempre que possível, que as equipes destes programas
finalidade de inclusão das especificidades relaciona- sejam integradas por membros das comunidades.
das à saúde da população negra;
CAPÍTULO II
VII - implementação de programas específicos com DO DIREITO À EDUCAÇÃO, CULTURA,
foco nas doenças cujos indicadores epidemiológicos ESPORTE E LAZER
evidenciam as maiores desigualdades raciais;
VIII - definição de ações com recortes específicos para Art. 22 - O Estado desenvolverá ações para viabilizar
a criança e o adolescente negros, idosos negros e mu- e ampliar o acesso e fruição da população negra à
lheres negras. educação, cultura, esporte e lazer, almejando a efe-
tivação da igualdade de oportunidades de acesso ao
Art. 17 - As informações prestadas pelos órgãos esta- bem-estar, desenvolvimento e participação e contri-
duais de saúde e os respectivos instrumentos de coleta buição para a identidade e o patrimônio cultural bra-
de dados incluirão o quesito “raça/cor”, reconhecido sileiro.
de acordo com a autodeclaração dos usuários das Parágrafo único - O Estado poderá prestar apoio téc-
ações e serviços de saúde. nico e financeiro aos Municípios, tendo para imple-
mentação, na esfera local, das medidas previstas neste
Art. 18 - A Secretaria da Saúde realizará o acompa- Capítulo.
nhamento e o monitoramento das condições específi-
cas de saúde da população negra no Estado, visando SEÇÃO I
à redução dos indicadores de morbi-mortalidade por DO DIREITO À EDUCAÇÃO
doenças prevalentes na população negra.
Parágrafo único - Para o cumprimento do disposto no Art. 23 - Fica assegurada a participação da população
caput, a Secretaria da Saúde produzirá estatísticas vi- negra em igualdade de oportunidades nos espaços de
tais e análises epidemiológicas da morbi-mortalidade participação e controle social das políticas públicas em
por doenças prevalentes na população negra, quer se educação, cabendo ao Poder Público promover o acesso
trate de doenças geneticamente determinadas ou do- da população negra à educação em todas as modali-
enças causadas ou agravadas por condições de vida dades de ensino, abrangendo o Ensino Médio, Técnico e
da população negra atingida pela desigualdade racial. Superior, assim como os programas especiais em edu-
cação, visando a sua inserção nos mundos acadêmico
Art. 19 - É responsabilidade do Poder Público incen- e profissional.
tivar a produção de conhecimento científico e tecno- § 1º - O Estado implementará programa específico de
lógico sobre saúde da população negra e práticas de reconhecimento e fortalecimento da identidade e da
promoção da saúde de povos de terreiros de religi- autoestima de crianças e adolescentes negros, que per-
ões afro-brasileiras e das comunidades quilombolas, meará todo o Sistema Estadual de Ensino e os progra-
NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

inclusive podendo prestar apoio, técnico, cientifico e mas estaduais de acesso ao Ensino Superior.
financeiro a instituições de educação superior vincula- § 2º - O Estado e as instituições estaduais de educa-
das à Secretaria da Educação para a implantação de ção superior promoverão o acesso e a permanência da
linhas de pesquisa, núcleos e cursos de pós-graduação população negra na Educação Superior, incluindo-se os
sobre o tema. cursos de pós-graduação lato sensu, mestrado e douto-
rado, adotando medidas e programas específicos para
Art. 20 - A Secretaria da Saúde promoverá a forma- este fim.
ção inicial e continuada dos trabalhadores em saúde,
realizará campanhas educativas e distribuirá mate- Art. 24 - É assegurado aos alunos adeptos de religiões
rial em linguagem acessível à população, abordando afro-brasileiras o direito de realizar atividades com-
conteúdos relativos ao enfrentamento ao racismo na pensatórias, previamente definidas em ato normativo,
área de saúde, à promoção da saúde da população sob orientação e supervisão pelos respectivos profes-
negra e às práticas de promoção da saúde de povos de sores, na hipótese de necessidade de faltar às aulas em
terreiros de religiões afro-brasileiras e comunidades função de atividade religiosa devidamente comprova-
quilombolas. da, tendo em vista o cumprimento dos deveres escola-

20
res e o aproveitamento dos conteúdos programáticos. Art. 29 - O Estado estimulará a implementação e
manutenção dos programas e medidas de ação afir-
Art. 25 - O Estado adotará ações para assegurar a mativa para ampliação do acesso da população negra
qualidade do ensino da História e da Cultura Africa- ao Ensino Técnico e à Educação Superior, em todos os
na, Afro-brasileira e Indígena nas unidades do Ensino cursos, no âmbito de atuação do Estado, com prazo de
Fundamental e Médio do Sistema Estadual de Ensino, duração compatível com a correção das desigualda-
em conformidade com o estabelecido pela Lei de Di- des raciais verificadas.
retrizes e Bases da Educação Nacional, assegurando
a estrutura e os meios necessários à sua efetivação, Art. 30 - Poderá o Poder Público, em articulação com
inclusive no que se refere à formação permanente de os Municípios, disponibilizar apoio técnico, financeiro
educadores, realização de campanhas e disponibiliza- e operacional para promover o acesso efetivo e igua-
ção de material didático específico, no contexto de um litário de crianças negras, com idade entre zero e seis
conjunto de ações integradas com o combate ao racis- anos, à Educação Infantil.
mo e à discriminação racial nas escolas. Parágrafo único - É de responsabilidade do Estado,
§ 1º - O Estado exercerá a fiscalização e adotará as em parceria com a União e Municípios, estabelecer
providências cabíveis em caso de descumprimento das políticas de formação permanente de educadores da
medidas previstas no caput deste artigo. Educação Infantil, com ênfase no reconhecimento da
§ 2º - O Estado, mediante incentivos e prêmios, pro- contribuição dos africanos e dos afro-brasileiros para
moverá o reconhecimento de práticas didáticas e me- a história e a cultura na valorização da tolerância e no
todológicas no Ensino da História e da Cultura Africa- respeito às diferenças.
na, Afro-brasileira e Indígena nas escolas do Sistema
Estadual de Ensino e da rede privada. Art. 31 - O censo educacional concernente à “raça/
cor” será um dos mecanismos utilizados para o moni-
Art. 26 - A Secretaria da Educação procederá à apu- toramento, acompanhamento e avaliação das condi-
ração administrativa das ocorrências de racismo, dis- ções educacionais da população negra, contemplando
criminação racial, intolerância religiosa no âmbito entre outros aspectos, o acesso e a permanência no
das unidades do Sistema Estadual de Ensino, através Sistema Estadual de Ensino.
de estruturas administrativas especificamente criadas
para este fim, em articulação com a Rede e o Centro Art. 32 - Os órgãos e instituições estaduais de fomen-
de Referência de Combate ao Racismo e à Intolerân- to à pesquisa e à pós-graduação instituirão linhas de
cia Religiosa, que prestará apoio social, psicológico e pesquisa e programas de estudo voltados para temas
jurídico específico às pessoas negras atingidas, com relativos às relações raciais, combate às desigualda-
prioridade no atendimento de crianças e adolescentes des raciais e de gênero, enfrentamento ao racismo e
negros. outras questões pertinentes à garantia de direitos da
população negra.
Art. 27 - Na oferta de educação básica para a popu-
lação rural, inclusive às comunidades remanescentes SEÇÃO II
de quilombos e aos povos indígenas, os sistemas de DO DIREITO À CULTURA
ensino promoverão as adaptações necessárias para
a sua adequação às peculiaridades da vida rural de Art. 33 - O Estado garantirá o reconhecimento das
cada região, observando-se o seguinte: manifestações culturais preservadas pelas sociedades
I - conteúdos curriculares e metodologias apropriados negras, blocos afro, irmandades, clubes e outras formas de
à realidade das comunidades rurais e que, no caso das expressão cultural coletiva da população negra, com tra-
comunidades quilombolas e dos povos indígenas, con- jetória histórica comprovada, como patrimônio histórico
templem a trajetória histórica, as relações territoriais, e cultural, nos termos dos arts. 215 e 216 da Constituição
NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

a ancestralidade e a resistência coletiva à opressão Federal e art. 275 da Constituição do Estado da Bahia.
histórica;
II - adequação do calendário escolar às fases do ciclo Art. 34 - O Estado, por meio do Sistema Estadual de
agrícola e às condições climáticas; Cultura, estimulará e apoiará a produção cultural de
III - adequação às atividades laborais de subsistência e entidades do movimento negro e de grupos de ma-
aos modos de vida das comunidades rurais. nifestação cultural coletiva da população negra, que
desenvolvam atividades culturais voltadas para a pro-
Art. 28 - As comemorações de caráter cívico e de rele- moção da igualdade racial, o combate ao racismo e
vância para a memória e a história da população ne- a intolerância religiosa, mediante cooperação técnica,
gra brasileira e baiana serão previstas no Calendário seleção pública de apoio a projetos, apoio a ações de
Escolar do Sistema Estadual de Ensino, inserindo-se, formação de agentes culturais negros, intercâmbios e
desde já, o mês de agosto, em memória à Revolta dos incentivos, entre outros mecanismos.
Búzios de 1798 e de seus Heróis.

21
Parágrafo único - As seleções públicas de apoio a pro- transmissão oral do Brasil;
jetos na área de cultura deverão assegurar a equidade V - instituição e prêmios para a valorização de inicia-
na destinação de recursos a iniciativas de grupos de tivas voltadas para salvaguarda do universo dos sabe-
manifestação cultural da população negra. res e práticas das culturas tradicionais de transmissão
oral de matriz africana;
Art. 35 - É dever do Estado preservar e garantir a inte- VI - concessão de benefício pecuniário, na forma de
gridade, a respeitabilidade e a permanência dos valo- bolsa, como reconhecimento oficial e incentivo à
res das religiões afro-brasileiras e dos modos de vida, transmissão dos saberes e fazeres dos mestres e mes-
usos, costumes tradições e manifestações culturais das tras tradicionais de matriz africana.
comunidades quilombolas. Parágrafo único - A concessão de bolsas aos mestres
Parágrafo único - Para o cumprimento do disposto no e mestras tradicionais de matriz africana, a que se re-
caput, cabe ao Estado inventariar, restaurar e proteger fere o inciso IV deste artigo, observará o atendimento
os documentos, obras e outros bens de valor artístico aos critérios estabelecidos no art. 3º da Lei nº 8.899,
e cultural, os monumentos, mananciais, flora e sítios de 18 de dezembro de 2003, além dos requisitos e
arqueológicos, vinculados às comunidades remanes- procedimentos fixados em regulamento próprio a ser
centes de quilombo e aos povos de terreiros de religi- expedido pelo Poder Executivo.
ões afro-brasileiras, atendendo aos termos do art. 216,
§ 5º, da Constituição Federal. SEÇÃO III
DO DIREITO AO ESPORTE E AO LAZER
Art. 36 - Fica reconhecido o Programa Ouro Negro,
desenvolvido por meio de ações de apoio e fortale- Art. 39 - O Estado fomentará o pleno acesso da popu-
cimento institucional de blocos e agremiações de lação negra às práticas desportivas no Estado, consoli-
matriz africana e indígena, afoxés, blocos de samba, dando o esporte e o lazer como direitos sociais.
blocos de “reggae”, blocos de “samba-reggae”, da cul-
tura “Hip-Hop” e entidades culturais congêneres, cujas Art. 40 - Cabe ao Estado promover a democratização
ações serão realizadas durante todo o ano, nos termos do acesso a espaços, atividades e iniciativas gratuitas
do regulamento. de esporte e lazer, nas suas manifestações educativas,
artísticas e culturais, como direitos de todos, visando
Art. 37 - Fica reconhecida a categoria de mestres e resgatar a dignidade das populações das periferias
mestras dos saberes e fazeres das culturas tradicionais urbanas e rurais, valorizando a auto-organização e a
de matriz africana, com base na Lei nº 8.899, de 18 de participação da população negra.
dezembro de 2003, tendo em vista o reconhecimento, § 1º - O disposto no caput constitui diretriz para as
a valorização e o efetivo apoio ao exercício do seu pa- parcerias entre o Estado, a sociedade civil e a iniciativa
pel na sociedade baiana e brasileira. privada.
§ 1º - Para os fins previstos neste Estatuto, entende- § 2º - As políticas estaduais de fomento ao esporte e
-se por mestras e mestres dos saberes e fazeres, das lazer priorizarão a instalação de equipamentos públi-
culturas tradicionais de matriz africana, o indivíduo cos de esporte e lazer que atendam às comunidades
que se reconhece e é reconhecido pela sua própria co- negras urbanas e rurais, com foco na juventude negra
munidade como representante e herdeiro dos saberes e nas mulheres negras.
e fazeres da cultura tradicional que, através da orali-
dade, da corporeidade e da vivência dialógica, apren- Art. 41 - A atividade de capoeirista será reconhecida
de, ensina e torna-se a memória viva e afetiva desta em todas as modalidades em que a capoeira se mani-
cultura, transmitindo saberes e fazeres de geração em festa, seja como esporte, luta, dança ou música, sendo
geração, garantindo a ancestralidade e identidade do livre o exercício em todo o território estadual.
seu povo, a exemplo de Griô, Mestras e Mestres das Parágrafo único - É facultado o ensino da capoeira
NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

Artes, dos ofícios, entre outros. nas instituições públicas e privadas pelos capoeiristas
e mestres tradicionais, pública e formalmente reco-
Art. 38 - Além do disposto na Lei nº 8.899, de 18 de nhecidos.
dezembro de 2003, o reconhecimento dos mestres e
mestras dos saberes e fazeres das culturas tradicionais CAPÍTULO III
de matriz africana pelo Estado compreenderá: DO ACESSO À TERRA
I - apoio a ações de mobilização e organização;
II - apoio à manutenção e melhoria de espaços pú- Art. 42 - O Estado promoverá a regularização fundiá-
blicos tradicionalmente utilizados para o exercício de ria, o fortalecimento institucional e o desenvolvimento
suas atividades; sustentável das comunidades remanescentes de qui-
III - fomento à obtenção ou aquisição de matéria pri- lombos e dos povos e comunidades que historicamen-
ma e equipamentos para a produção e transferência te tem preservado as tradições africanas e afro-brasi-
das culturas tradicionais de transmissão oral do Brasil; lerias no Estado, de forma articulada com as políticas
IV - estímulo à geração de renda e à ampliação de específicas pertinentes.
mercado para os produtos das culturas tradicionais de Paragrafo único - Fica reconhecida a propriedade de-

22
finitiva das terras públicas estaduais, rurais e devolu- ção Racial, Xenofobia e Intolerâncias Correlatas, de
tas, dos espaço de preservação das tradições africanas 2001.
e afro-brasileiras.
Art. 47 - Cabe ao Estado implementar medidas e po-
Art. 43 - O Estado incentivará a participação de co- líticas que assegurem a igualdade de oportunidades
munidades remanescentes de quilombos e dos povos no mercado de trabalho para as mulheres negras e a
de terreiros de religiões afro-brasileiras nos órgãos população negra, observando-se o seguinte:
colegiados estaduais de formulação, participação e I - garantia de igualdade de oportunidades para o
controle social de políticas públicas nas áreas de edu- acesso a cargos, empregos e contratos com a Admi-
cação, saúde, segurança alimentar, meio ambiente, nistração Direta e Indireta;
desenvolvimento urbano, política agrícola e política II - implementação de políticas e programas específi-
agrária, no que for pertinente a cada segmento de po- cos voltados para a qualificação profissional, o aper-
pulação tradicional, assim como em outras áreas que feiçoamento e a inserção no mercado de trabalho;
lhes sejam concernentes. III - implementação de políticas e programas voltados
para o apoio ao empreendedorismo;
Art. 44 - O Estado estabelecerá diretrizes aplicáveis à IV - incentivo à criação de linhas de financiamento,
regularização fundiária dos terrenos em que se situam serviços, incentivos e benefícios fiscais e creditícios es-
templos e espaços de culto das religiões afro-brasilei- pecíficos para as organizações privadas que adotarem
ras, em articulação com as entidades representativas políticas de promoção racial, assegurando a propor-
deste segmento, atendendo ao disposto no art. 50 dos cionalidade racial e de gênero em conformidade com
Atos e Disposições Transitórias da Constituição do Es- a composição racial da população do Estado;
tado da Bahia. V - acesso ao crédito para a pequena produção, nos
Parágrafo único - A regularização fundiária de que meios rural e urbano, com ações afirmativas para mu-
trata o caput será efetivada pela expedição de título de lheres negras.
domínio coletivo e pró-indiviso em nome da associa- § 1º - As ações de que trata o caput deste artigo as-
ção legalmente constituída, que represente civilmente segurarão o princípio da proporcionalidade de gênero
a comunidade de religião afro-brasileira, gravado com entre os beneficiários.
cláusula de inalienabilidade, impenhorabilidade e im- § 2º - O Estado promoverá campanhas educativas
prescritibilidade. contra a marginalização da mulher negra no trabalho
artístico e cultural.
Art. 45 - Poderá ser realizada consulta prévia, livre e § 3º - O Estado promoverá ações com o objetivo de
informada aos povos e comunidades tradicionais, no- elevar a escolaridade e a qualificação profissional nos
tadamente às comunidades remanescentes de quilom- setores da economia que detenham alto índice de ocu-
bos e dos povos e comunidades que historicamente têm pação por trabalhadores negros de baixa escolariza-
preservado as tradições africanas e afro-brasilerias no ção.
Estado, de que trata este capítulo, sempre que forem
previstas medidas administrativas suscetíveis de afetá- Art. 48 - O quesito “raça/cor” constará obrigatoria-
-los diretamente. mente dos cadastros de servidores públicos estaduais,
para todos os cargos, empregos e funções públicas.
CAPÍTULO IV
DO DIREITO AO TRABALHO, AO EMPREGO, À REN- Art. 48 regulamentado pelo Decreto nº 15.669 de 19
DA, AO EMPREENDEDORISMO E AO DESENVOLVI- de novembro de 2014.
MENTO ECONÔMICO
Art. 49 - Fica instituída a reserva de vagas para a
Art. 46 - A implementação de políticas públicas vol- população negra nos concursos públicos e processos
NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

tadas para a promoção da igualdade no acesso da seletivos para provimento de pessoal no âmbito da
população negra ao trabalho, à qualificação profissio- Administração Pública Direta e Indireta Estadual, cor-
nal, ao empreendedorismo, ao emprego, à renda e ao respondente, no mínimo, a 30% (trinta por cento) das
desenvolvimento econômico é de responsabilidade do vagas a serem providas.
Estado, observando-se o seguinte: § 1º - A reserva de vagas de que trata o caput deste ar-
I - a Convenção Internacional sobre a Eliminação de tigo aplica-se aos concursos públicos para provimen-
Todas as Formas de Discriminação Racial, de 1965; to de cargos efetivos e empregos públicos, bem como
II - a Convenção nº 100, de 1951, sobre a “igualda- aos processos seletivos para contratações temporárias,
de de remuneração para a mão-de-obra masculina sob Regime Especial de Direito Administrativo - REDA,
e a mão-de-obra feminina por um trabalho de igual promovidos pelos órgãos e entidades da Administra-
valor”, e a Convenção nº 111, de 1958, que trata da ção Direta e Indireta do Poder Executivo do Estado da
discriminação no emprego e na profissão, ambas da Bahia.
Organização Internacional do Trabalho - OIT; § 2º - Terão acesso às medidas de ação afirmativa pre-
III - a Declaração e Plano de Ação emanados da III vistas neste artigo aqueles que se declarem pretos e
Conferência Mundial Contra o Racismo, Discrimina- pardos segundo a classificação adotada pelo Instituto

23
Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, prevale- Art. 55 - Os programas de avaliação de conhecimen-
cendo a autodeclaração. tos em concursos públicos e processos seletivos em
§ 3º - O Estado realizará o monitoramento e a avalia- âmbito estadual abordarão temas referentes às rela-
ção permanente dos resultados da aplicação da reser- ções étnico-raciais, à trajetória histórica da população
va de vagas em certames públicos, de que trata este negra no Brasil e na Bahia, sua contribuição decisiva
artigo. para o processo civilizatório nacional, e políticas de
§ 4º - O Estado garantirá a igualdade de oportunida- promoção da igualdade racial e de defesa de direi-
des para o acesso da população negra aos cargos de tos de pessoas e comunidades afetadas pelo racismo e
provimento temporário, assegurando-se a reserva de pela discriminação racial, com base na legislação es-
vagas para o acesso de pessoas negras a estes cargos, tadual e federal específica.
observada a equidade de gênero da medida, que será Art. 55 regulamentado pelo Decreto nº 15.669 de 19
definida em decreto do Chefe do Poder Executivo Es- de novembro de 2014.
tadual.
§ 4º do art. 49 regulamentado pelo Decreto nº 15.669 Art. 56 - O Estado disponibilizará cooperação técnica
de 19 de novembro de 2014. aos Municípios tendo em vista a implantação de pro-
grama de combate ao racismo institucional.
Art. 50 - As ações afirmativas previstas no art. 49 te-
rão vigência por 10 (dez) anos a partir da publicação Art. 57 - O Estado promoverá a oferta, aos servidores,
desta Lei. de cursos de capacitação e aperfeiçoamento para o
combate ao racismo institucional, que poderá ser um
Art. 51 - O Estado estimulará as atividades voltadas dos requisitos em processos de promoção dos servido-
ao turismo étnico com enfoque nos locais, monumen- res públicos estaduais.
tos e cidades que retratem a cultura, os usos e os cos- Art. 57 regulamentado pelo Decreto nº 15.669 de 19
tumes da população negra. de novembro de 2014.

Art. 52 - Os processos de contratação de obras, pro- Art. 58 - A eficácia do combate ao racismo institu-
dutos e serviços pela Administração Pública Estadual cional será considerado um dos critérios de avaliação
observarão critérios e incentivos que viabilizem a con- externa e interna da qualidade dos serviços públicos
tratação de empresas que implementem programas estaduais.
de ação afirmativa para acesso das mulheres negras e
da população negra a oportunidades de trabalho e de Art. 59 - O Estado adotará medidas para coibir atos
negócios em todos os níveis de sua atuação. de racismo, discriminação racial e intolerância reli-
Art. 52 regulamentado pelo Decreto nº 15.669 de 19 giosa pelos agentes e servidores públicos estaduais,
de novembro de 2014. observando-se a legislação pertinente para a apura-
ção da responsabilidade administrativa, civil e penal,
CAPÍTULO V no que couber.
DO COMBATE AO RACISMO INSTITUCIONAL
CAPÍTULO VI
Art. 53 - O Estado promoverá a adequação dos ser- DA COMUNICAÇÃO SOCIAL
viços públicos ao princípio do reconhecimento e valo-
rização da diversidade e da diferença racial, religiosa Art. 60 - A política de comunicação social do Estado
e cultural, em conformidade com o disposto neste Es- e a publicidade dos atos, programas, obras, serviços
tatuto. e campanhas institucionais do Estado se orientarão
pelo princípio da diversidade étnico-racial e cultural,
Art. 54 - No contexto das ações de combate ao racis- assegurando a representação justa e proporcional dos
NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

mo institucional, o Estado desenvolverá as seguintes diversos segmentos raciais da população nas peças
ações: institucionais, educacionais e publicitárias, observan-
I - articulação com gestores municipais objetivando a do-se o percentual da população negra na composi-
definição de estratégias e a implementação de planos ção demográfica do Estado.
de enfrentamento ao racismo institucional, compre-
endendo celebração de acordos de cooperação técnica Art. 61 - As emissoras públicas estaduais de teledifu-
para este fim; são e radiodifusão desenvolverão programação plura-
II - campanha de informação aos servidores públicos lista, assegurando a divulgação, valorização e promo-
visando oferecer subsídios para a identificação do ra- ção dos diversos segmentos étnico-raciais, religiosos e
cismo institucional; culturais do Estado.
III - formulação de protocolos de atendimento e im-
plementação de pesquisas de satisfação sobre a qua- Art. 62 - O Estado implementará um programa per-
lidade dos serviços públicos estaduais com foco no manente de incentivo à produção de mídia em veí-
enfrentamento ao racismo institucional. culos de comunicação públicos que fomente a pre-
servação, valorização, respeitabilidade e garantia da

24
integridade dos legados cultural e identitário dos po- segurando-se o fortalecimento de suas organizações
vos de terreiros de religiões afro-brasileiras. representativas.

Art. 63 - Fica assegurada a inviolabilidade da inti- Art. 69 - O Estado incentivará a representação da


midade, vida privada, honra e imagem das pessoas, juventude negra nos órgãos colegiados estaduais de
sendo vedada a exposição da imagem de pessoas cus- participação e controle social nas políticas públicas,
todiadas em estabelecimentos prisionais e policiais da nas áreas de promoção da igualdade racial, juventu-
estrutura da Administração Pública Estadual, ressal- de, educação, segurança pública, cultura e outras áre-
vados os casos justificados por motivo de interesse pú- as que lhes sejam concernentes, em consonância com
blico e de proteção aos direitos humanos, autorizados o Plano Estadual de Juventude, aprovado pela Lei nº
pelo dirigente da unidade ou autoridade policial civil 12.361, de 17 de novembro de 2011.
ou militar, mediante a formalização de requerimento
e justificativa. Art. 70 - O Estado produzirá, sistematizará e divulga-
§ 1º - A vedação do caput estende-se à divulgação rá anualmente estatísticas sobre o impacto das viola-
de fatos ou circunstâncias que possam depreciar a ções de direitos humanos sobre a qualidade de vida da
imagem da pessoa sob custódia ou expô-la a situação juventude negra no Estado, abordando especificamen-
vexatória. te os dados sobre homicídios e lesão corporal, utilizan-
§ 2º - Compete à autoridade policial civil ou militar do estes dados para a formulação de diretrizes e para
que preside o procedimento, ou à assessoria de comu- a implementação de ações no âmbito das políticas de
nicação do órgão, a prestação de informações de inte- segurança pública e de defesa social.
resse público aos veículos de comunicação, mediante
a formalização de requerimento e justificativa. Art. 71 - O Estado promoverá a proteção integral da
juventude negra exposta à exclusão social, à desigual-
CAPÍTULO VII dade racial e em conflito com a lei.
DAS MULHERES NEGRAS Parágrafo único - É assegurada a assistência integral
a jovens vítimas de violência policial e de grupos de
Art. 64 - Sem prejuízo das demais disposições des- extermínio, bem como às suas famílias, nos aspectos
te Estatuto, o Estado garantirá a efetiva igualdade de social, psicológico, de saúde e jurídico.
oportunidades, a defesa de direitos, a proteção contra
a violência e a participação das mulheres negras na CAPÍTULO IX
vida social, política, econômica, cultural e projetos de DO ACESSO À JUSTIÇA
desenvolvimento no Estado, assegurando-se o fortale-
cimento de suas organizações representativas. Art. 72 - O Estado estimulará a Defensoria Pública e
o Ministério Público, no âmbito das suas competên-
Art. 65 - O Estado incentivará a representação das cias institucionais, a prestarem orientação jurídica e
mulheres negras nos órgãos colegiados estaduais de promoverem a defesa de direitos individuais, difusos
participação, formulação e controle social nas polí- e coletivos da população negra, povos de terreiros de
ticas públicas, nas áreas de promoção da igualdade religiões afro-brasileiras e comunidades quilombolas.
racial, saúde, educação e outras áreas que lhes sejam
concernentes. Art. 73 - O Estado realizará estudos sobre a eficiên-
cia do atendimento da população negra pelo Sistema
Art. 66 - Cabe ao Estado assegurar a articulação e a de Justiça, com foco nas ocorrências e nos processos
integração entre as políticas de promoção da igualda- tendo por objeto o combate ao racismo, à discrimina-
de racial e combate ao racismo e ao sexismo e as po- ção racial e de gênero, intolerância religiosa e confli-
líticas para as mulheres negras, em âmbito estadual. tos fundiários que afetam comunidades quilombolas
NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

e povos de terreiros de religiões afro-brasileiras, pro-


Art. 67 - Observando-se as disposições deste Estatuto, pondo medidas aos órgãos e instituições competentes.
o conjunto de ações específicas voltadas à proteção e Art. 74 - O Estado apoiará ações de capacitação e
defesa dos direitos das mulheres negras constituirá o aperfeiçoamento jurídico de membros e servidores
Plano Estadual para as Mulheres Negras, parte inte- do Poder Público e instituições do Sistema de Justiça,
grante da Política Estadual para as Mulheres. implantação de núcleos e estruturas internas espe-
cializadas na defesa de direitos da população negra,
CAPÍTULO VIII educação jurídica à população negra, “mutirões” e ini-
DA JUVENTUDE NEGRA ciativas de atendimento jurídico, principalmente nas
áreas previdenciária, trabalhista, civil e penal, priori-
Art. 68 - Sem prejuízo das demais disposições des- zando a participação de população negra, mulheres
te Estatuto, o Estado garantirá a efetiva igualdade de negras, comunidades quilombolas e povos de terreiros
oportunidades, a defesa de direitos e a participação de religiões de matriz africana, em parceria com ór-
da juventude negra na vida social, política, econômica, gãos e instituições públicos competentes.
cultural e projetos de desenvolvimento no Estado, as-

25
CAPÍTULO X política de promoção da igualdade racial no enfrenta-
DO DIREITO À SEGURANÇA PÚBLICA mento ao racismo e à intolerância religiosa.
Art. 83 - Fica reconhecido o Centro de Referência de
Art. 75 - O Estado adotará medidas especiais para Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa, criado
prevenir e coibir atos que atentem contra os direitos pelo Decreto nº 14.297, de 31 de janeiro de 2013, a
humanos e a cidadania incidente sobre a população quem compete exercer as seguintes atividades:
negra. I - receber, encaminhar e acompanhar toda e qualquer
Parágrafo único - O Sistema de Defesa Social do Es- denúncia de discriminação racial ou de violência que
tado da Bahia - SDS implementará programa perma- tenha por fundamento a intolerância racial ou religiosa;
nente para prevenir e coibir a violência institucional II - orientar o atendimento psicológico, social e jurídico
sobre a população negra. os casos registrados no Centro, conforme suas necessi-
dades específicas;
Art. 76 - O Estado produzirá, sistematizará e divul- III - verificar e atuar em casos de racismo noticiados
gará periodicamente estatísticas sobre o impacto das pela mídia ou naqueles que o Centro de Referência de
violações de direitos humanos sobre a qualidade de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa venha
vida da população negra no Estado, abordando espe- a tomar conhecimento por qualquer outro meio;
cificamente os dados sobre homicídios. IV - promover debates, palestras, fóruns e oficinas
com o objetivo de divulgar e sensibilizar a sociedade
Art. 77 - O Estado manterá registro e monitoramento quanto à importância da garantia de direitos, comba-
das ações de policiamento ostensivo que impliquem te ao racismo e à intolerância religiosa e promoção da
em abordagem de pessoas e veículos e flexibilização igualdade racial;
da garantia constitucional de inviolabilidade dos do- V - propiciar a concretização de ações integradas com
micílios, identificando o impacto destas ações sobre os órgãos e entidades que compõem a Rede de Com-
comunidades negras no Estado. bate ao Racismo e à Intolerância Religiosa no Estado
da Bahia;
Art. 78 - Cabe ao Estado assegurar o registro e o VI - produzir materiais informativos, tais como car-
atendimento às demandas da população negra relati- tilhas, boletins e folhetos, sobre garantia de direitos,
vas às políticas de segurança pública e de defesa social combate ao racismo e à intolerância religiosa e pro-
do Estado. moção da igualdade racial, disponibilizando-os aos
órgãos, entidades e sociedade civil organizada;
Art. 79 - Será criada, na estrutura da Polícia Civil da VII - disponibilizar acesso gratuito, nas dependências
Bahia, da Secretaria da Segurança Pública, a Delega- do Centro de Referência de Combate ao Racismo e à
cia Especializada de Combate ao Racismo e à Intole- Intolerância Religiosa, a acervo audiovisual e biblio-
rância Religiosa. gráfico com ênfase na temática racial;
VIII - exercer outras atividades correlatas.
Art. 80 - A Secretaria de Segurança Pública coorde-
nará o processo de formulação e estabelecerá proce- CAPÍTULO XII
dimento unificado para o registro e investigação dos DA DEFESA DA LIBERDADE RELIGIOSA
crimes de racismo e crimes associados a práticas de
intolerância religiosa, tendo em vista a garantia da Art. 84 - É inviolável a liberdade de consciência e de
eficácia da sua apuração, prevenção e repressão. crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos
religiosos e garantida a proteção aos locais de culto e
CAPÍTULO XI às suas liturgias.
DO COMBATE AO RACISMO E À INTOLERÂNCIA
RELIGIOSA Art. 85 - É assegurado o acesso dos adeptos de religi-
NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

ões afro-brasileiras em estabelecimentos civis e mili-


Art. 81 - As ocorrências de racismo, discriminação tares de internação coletiva estaduais para prestar as-
racial e intolerância religiosa causadas por ação ou sistência religiosa, da forma prevista em regulamento.
omissão de pessoas físicas, ou de pessoas jurídicas, en-
sejarão a comunicação formal das pessoas e grupos Art. 86 - As medidas para o combate à intolerân-
atingidos aos entes que compõem o SISEPIR, à Rede de cia contra as religiões afro-brasileiras e seus adeptos
Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa, ao Mi- compreendem especialmente:
nistério Público, à Defensoria Pública e outros órgãos I - coibir a utilização dos meios de comunicação social
e instituições, de acordo com as suas competências para a difusão de proposições, imagens ou aborda-
institucionais. gens que exponham pessoa ou grupo ao desprezo ou
ao ódio por motivos fundados na religiosidade afro-
Art. 82 - Fica instituída a Rede de Combate ao Racis- -brasileira;
mo e à Intolerância Religiosa, como instrumento de II - inventariar, restaurar, preservar e proteger os do-
articulação entre o Estado, as instituições do Sistema cumentos, obras e outros bens de valor artístico e cul-
de Justiça e a sociedade civil para a implementação da tural, os espaços públicos, monumentos, mananciais,

26
flora, recursos ambientais e sítios arqueológicos vincu- ou cujo prazo tenha se esgotado, serão adequadas ao
lados às religiões afro-brasileiras; disposto no art. 31 deste Estatuto.
III - proibir a exposição, exploração comercial, veicu-
lação, titulação prejudiciais aos símbolos, expressões, Art. 92 - O Poder Executivo regulamentará esta Lei
músicas, danças, instrumentos, adereços, vestuário e no prazo de 90 (noventa) dias, ficando autorizado a
culinária, estritamente vinculados às religiões afro- promover os atos necessários:
-brasileiras. I - à revisão e elaboração dos atos regulamentares
e regimentais que decorram, implícita ou explicita-
TÍTULO III mente, das disposições desta Lei, inclusive os que se
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS relacionam com pessoal, material e patrimônio, bem
como as alterações organizacionais e de cargos em
Art. 87 - Para o cumprimento das disposições conti- comissão decorrentes desta Lei;
das neste Estatuto, o Estado celebrará convênios, con- II - às modificações orçamentárias que se fizerem ne-
tratos, acordos ou instrumentos similares de coopera- cessárias ao cumprimento do disposto nesta Lei, res-
ção com órgãos públicos ou instituições privadas. peitados os valores globais constantes do orçamento
vigente, e no Plano Plurianual.
Art. 88 - Ficam alteradas as redações dos §§ 1º e 3º
do art. 4º da Lei nº 7.988 , de 21 de dezembro de 2001, Art. 93 - Esta Lei entra em vigor na data da sua pu-
que passarão a vigorar com a seguinte redação: blicação.
“Art. 4º - ......................................................................................
............................. PALÁCIO DO GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA, em
§ 1º - Os recursos do Fundo serão aplicados única e 06 de junho de 2014.
exclusivamente em despesas finalísticas destinadas ao
combate à pobreza, salvo para atender as despesas
com pessoal da Secretaria de Combate à Pobreza e às
Desigualdades Sociais, garantindo-se a destinação de LEI FEDERAL NO 7.716, DE 5 DE JANEIRO DE
no mínimo 10% (dez por cento) do orçamento anual 1989, ALTERADA PELA LEI FEDERAL NO 9.459
do Fundo para ações do Sistema Estadual de Promo- DE 13 DE MAIO DE 1997 (TIPIFICAÇÃO DOS
ção da Igualdade Racial - SISEPIR. CRIMES RESULTANTES DE PRECONCEITO DE
......................................................................................................... RAÇA OU DE COR)
........................
§ 3º - Os recursos do Fundo poderão ser alocados dire-
tamente nos programas de trabalho de outros órgãos, A Lei federal nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989, de-
secretarias ou entidades da Administração Pública Es- fine os crimes resultantes de preconceito de raça ou de
tadual, para financiar ações que contribuam para a cor, ao passo que a Lei federal n° 9.459, de 13 de maio
consecução de diretrizes, objetivos e metas previstas de 1997, alterou os arts. 1º e 20 da Lei nº 7.716, de 5
no Plano Estadual de Combate e Erradicação da Po- de janeiro de 1989 e acrescentou parágrafo ao art. 140
breza, bem como as fixadas no Estatuto da Igualdade do Decreto-lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. As
Racial e de Combate à Intolerância Religiosa, observa- alterações efetuadas pela lei em questão já foram incluí-
das, em qualquer caso, as finalidades estabelecidas no das no corpo do texto da Lei nº 7.716/1989, conforme
art. 4º desta lei.» estudaremos abaixo. O artigo 140 do Código Penal será
estudado adiante.
Art. 89 - O Poder Executivo estimulará a criação e
o fortalecimento, no âmbito da Defensoria Pública Previsão constitucional
da Bahia, do Ministério Público da Bahia e do Poder
NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

Judiciário, de estruturas internas especializadas no Um dos objetivos da República Federativa do Bra-


combate ao racismo, proteção e defesa de direitos da sil é, nos termos do artigo 3º, IV, CF: “promover o bem
população negra, povos de terreiros de religiões afro- de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor,
-brasileiras e comunidades quilombolas. idade e quaisquer outras formas de discriminação”. A in-
tenção de construir uma sociedade livre de preconceitos
Art. 90 - Durante os 05 (cinco) primeiros anos, a con- de qualquer espécie, na verdade, já desponta no próprio
tar do exercício subsequente à publicação deste Esta- preâmbulo do texto constitucional: “Nós, representantes
tuto, os órgãos do Estado que desenvolvem políticas e do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional
programas nas áreas referidas no § 1º do art. 12 dis- Constituinte para instituir um Estado Democrático, desti-
criminarão em seus orçamentos anuais a participação nado a assegurar o exercício dos direitos sociais e indivi-
nos programas de ação afirmativa referidos no inciso duais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvol-
VII do art. 6º desta Lei. vimento, a igualdade e a justiça como valores supremos
de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconcei-
Art. 91 - As medidas de ação afirmativa para a popu- tos, fundada na harmonia social e comprometida, na or-
lação negra no Ensino Superior estadual já instituídas, dem interna e internacional, com a solução pacífica das

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controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a D. Pedro I, assim como seria absurdo na mesma empresa
seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO dar a um branco o emprego de um dos escravos do país.
BRASIL”. Neste sentido, no artigo 5º da CF destacam-se: “ Nota-se que nos dois exemplos não houve preconcei-
XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos to, mas apenas respeito ao interesse artístico envolvido.
direitos e liberdades fundamentais; XLII - a prática do ra- Diferente seria se uma empresa como um banco ou uma
cismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito fábrica qualquer se recusasse a contratar o candidato mais
à pena de reclusão, nos termos da lei”. qualificado apenas pela cor de sua pele ou pela sua raça.
A Lei nº 7.716/1989, uma decorrência das previsões
constitucionais, tutela a igualdade prevista como bem ju- Classificação dos crimes
rídico, sendo que se deve levar em conta não apenas as
características próprias do discriminado, mas também os Citada lei apresentou diversas formas de discrimina-
motivos que levam à discriminação, os quais, se lícitos, ção e preconceito, nenhuma delas, no entanto, teve a
afastam a incidência da lei. vida como objetivo a tutelar, sendo que talvez fossem
suficientes as relacionadas ao trabalho, à obtenção de
Incidência da Lei serviços, à livre locomoção, à educação, à convivência
familiar e social, quer no setor público ou privado, abran-
A lei de discriminação e preconceito apresenta diver- gendo a raça, cor, religião, etnia e procedência nacional.
sas formas de condutas criminosas que constituem atos Os crimes envolvem de forma geral atos de segrega-
de segregação tendo por base, dentre outros aspectos, ção racial que decorrem dos seguintes atos de impedi-
o racial. Todos eles apresentam uma conexão com seu mento ou obstáculo: a cargo da administração pública; a
artigo primeiro, onde afirma que ‘serão punidos, na for- emprego em empresas privadas; a estabelecimento co-
ma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação ou mercial, ou no atendimento de quem lá tenha entrado;
preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência ao ensino público ou privado; a hotel ou outras formas
nacional’. Isso significa que todas as condutas incrimina- de hospedagem; a restaurantes e bares; estabelecimen-
das devem ocorrer com orientação desse artigo. to esportivos, de diversão ou clubes sociais, desde que
abertos ao público; a entradas sociais de edifícios, in-
Etimologia cluindo-se o uso de elevadores; a transporte público nas
mais diversas formas; às forças armadas; ao casamento.
Discriminação é sinônimo de distinção. Na lei tem a Todos os delitos dessa legislação são dolosos, admi-
conotação de discriminação social, no sentido de propi- tem concurso de pessoas na forma de coautoria e parti-
ciar a exclusão social de uma pessoa pelo mero fato de cipação e são crimes de ação penal pública incondiciona-
pertencer a uma raça, cor, etnia, religião ou procedência da, independem da vontade da vítima para investigação
nacional. e consequente processo. Possuem ainda o mesmo objeto
Preconceito significa um conceito pré-estabelecido, jurídico, que é a igualdade constitucional.
que existe antes mesmo de se conhecer especificada-
mente o objeto do preconceito, no caso, uma pessoa. Crimes em espécie
Assim, pelo simples fato de alguém ser de certa raça, cor,
etnia, religião ou precedência nacional a outra pessoa a Art. 3º Impedir ou obstar o acesso de alguém, devida-
maltrata e a exclui, sem nem ao menos conhecê-la. mente habilitado, a qualquer cargo da Administração
Vale, ainda, distinguir as espécies de discriminações e Direta ou Indireta, bem como das concessionárias de
preconceitos coibidos pela lei: serviços públicos.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, por
• Raça - termo biológico referente a aspectos mor- motivo de discriminação de raça, cor, etnia, religião ou
fológicos como cor da pele e composição física, procedência nacional, obstar a promoção funcional.
que perde cada vez mais força, notadamente pela Pena: reclusão de dois a cinco anos.
NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

forte miscigenação social.


• Cor - termo biológico ainda mais estrito que o de Assim, todas as pessoas, independentemente de raça,
raça, aplicando-se apenas à cor da pele. cor, etnia, religião ou procedência nacional, concorrem
• Etnia - termo sociológico, aplicando-se a grupos igualmente a cargos públicos na administração direta
com afinidades linguísticas e culturais. ou indireta, além das prestadoras de serviços públicos,
• Religião - crença espiritual adotada pela pessoa, avaliando-se apenas sua capacidade. Da mesma forma, o
por exemplo, catolicismo, judaísmo, umbanda, etc. mais competente é o que deve ser promovido. Comete
• Procedência nacional - país de origem. o crime o servidor público que for responsável pela ava-
liação dos candidatos num concurso público e/ou o que
Discriminações lícitas controlar o quadro de funcionários da instituição.
Contudo, é preciso se atentar ao fato de que a lei apli- Art. 4º Negar ou obstar emprego em empresa priva-
ca-se às discriminações ilícitas, não às lícitas. Um exem- da.
plo de motivo lícito seria negar emprego a um negro ou § 1o Incorre na mesma pena quem, por motivo de dis-
a um oriental, em uma empresa teatral, para o papel de criminação de raça ou de cor ou práticas resultantes

28
do preconceito de descendência ou origem nacional criança e adolescente, sendo majorado, ante o natural
ou étnica: constrangimento pelo qual esta pessoa em formação e
I - deixar de conceder os equipamentos necessários ao que ainda não tem plena compreensão da vida em so-
empregado em igualdade de condições com os demais ciedade irá passar.
trabalhadores;
II - impedir a ascensão funcional do empregado ou Art. 7º Impedir o acesso ou recusar hospedagem em
obstar outra forma de benefício profissional; hotel, pensão, estalagem, ou qualquer estabelecimen-
III - proporcionar ao empregado tratamento diferen- to similar.
ciado no ambiente de trabalho, especialmente quanto Pena: reclusão de três a cinco anos.
ao salário.
§ 2o Ficará sujeito às penas de multa e de presta- Se uma pessoa pode pagar para se hospedar, não
ção de serviços à comunidade, incluindo atividades de pode ser impedida de fazê-lo por mero preconceito ou
promoção da igualdade racial, quem, em anúncios ou discriminação.
qualquer outra forma de recrutamento de trabalhado-
res, exigir aspectos de aparência próprios de raça ou Art. 8º Impedir o acesso ou recusar atendimento em
etnia para emprego cujas atividades não justifiquem restaurantes, bares, confeitarias, ou locais semelhan-
essas exigências. tes abertos ao público.
Pena: reclusão de dois a cinco anos. Pena: reclusão de um a três anos.

Obviamente, nas empresas privadas há maior liber- Locais voltados à alimentação que são abertos ao pú-
dade de contratação, mas isso não significa que seja per- blico não podem selecionar os clientes apenas pela et-
mitido o preconceito injustificado, deixando de contratar nia, cor ou raça. Tanto o funcionário que o fizer quanto
alguém por um motivo preconceituoso ou discriminató- o dono que assim tiver orientado responde pelo crime.
rio. Se ficar provada tal intenção, a pessoa responsável
pelo processo seletivo cometerá o crime do artigo 4º, Art. 9º Impedir o acesso ou recusar atendimento em
caput. Por isso mesmo que o §2º proíbe que anúncios de estabelecimentos esportivos, casas de diversões, ou
recrutamento mencionem aspectos físicos de certa raça clubes sociais abertos ao público.
ou etnia (como neste caso não se atingiu diretamente Pena: reclusão de um a três anos.
uma pessoa, a pena é mais branda, de prestação de ser-
viços à comunidade). Parques e clubes abertos ao público não podem sele-
Além disso, como se extrai dos incisos do §1º, o fun- cionar frequentadores pela raça ou etnia.
cionário não pode ser discriminado no exercício de suas
funções, seja pelas condições de segurança, seja quanto Art. 10. Impedir o acesso ou recusar atendimento em
à promoção no quadro funcional, seja quanto à remu- salões de cabeleireiros, barbearias, termas ou casas de
neração. massagem ou estabelecimento com as mesmas fina-
lidades.
Art. 5º Recusar ou impedir acesso a estabelecimen- Pena: reclusão de um a três anos.
to comercial, negando-se a servir, atender ou receber
cliente ou comprador. Também não é aceitável a seleção de clientes em es-
Pena: reclusão de um a três anos. tabelecimentos voltados à estética.

O funcionário de uma loja não pode deixar de atender Art. 11. Impedir o acesso às entradas sociais em edi-
uma pessoa por sua aparência, por exemplo, por achar fícios públicos ou residenciais e elevadores ou escada
que ela não tem condições de ali comprar, praticando o de acesso aos mesmos:
crime do artigo 5º. Responde não só o funcionário que se Pena: reclusão de um a três anos.
NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

negue a atender, mas eventual superior que assim tenha


determinado. É proibido selecionar elevadores ou escadas para
pessoas de etnia, raça, cor ou procedência nacional di-
Art. 6º Recusar, negar ou impedir a inscrição ou in- ferenciados.
gresso de aluno em estabelecimento de ensino público
ou privado de qualquer grau. Art. 12. Impedir o acesso ou uso de transportes públi-
Pena: reclusão de três a cinco anos. cos, como aviões, navios barcas, barcos, ônibus, trens,
Parágrafo único. Se o crime for praticado contra me- metrô ou qualquer outro meio de transporte conce-
nor de dezoito anos a pena é agravada de 1/3 (um dido.
terço). Pena: reclusão de um a três anos.

Não significa que processos seletivos sejam proibi- Basta que a pessoa pague, se for o caso, pelo uso do
dos, mas que nestes não se pode impedir o ingresso de transporte que poderá fazê-lo, não cabendo impedir o
uma pessoa capacitada apenas por sua raça ou etnia. O acesso apenas pela etnia, raça, cor, religião ou procedên-
crime é mais grave se o preconceito é cometido contra cia nacional.

29
Art. 13. Impedir ou obstar o acesso de alguém ao ser- por um motivo torpe (art. 121, §2º, I, CP), sujeitando-se à
viço em qualquer ramo das Forças Armadas. pena de reclusão de 12 a 30 anos, pois o preconceito é
Pena: reclusão de dois a quatro anos. um motivo torpe.
Assim, sempre que o preconceito gerar um crime
Podem se alistar todos os brasileiros com condições mais grave previsto na legislação, não será utilizada a
físicas e psicológicas objetivamente estabelecidas para fórmula mais ampla do artigo 20, caput.
servir. Não importa de qual raça, cor, etnia, religião ou [...]
procedência nacional a pessoa seja, desde que seja bra- § 2º Se qualquer dos crimes previstos no caput é co-
sileiro. metido por intermédio dos meios de comunicação so-
cial ou publicação de qualquer natureza:
Art. 14. Impedir ou obstar, por qualquer meio ou for- Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.
ma, o casamento ou convivência familiar e social.
Pena: reclusão de dois a quatro anos. A pena se amplia devido à maior repercussão do ilícito.
§ 3º No caso do parágrafo anterior, o juiz poderá
É garantida a liberdade para o casamento ou cons- determinar, ouvido o Ministério Público ou a pedido
tituir família entre pessoas de qualquer raça, cor, etnia, deste, ainda antes do inquérito policial, sob pena de
religião ou procedência nacional. desobediência:
I - o recolhimento imediato ou a busca e apreensão
Art. 20, § 1º Fabricar, comercializar, distribuir ou vei- dos exemplares do material respectivo;
cular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou II - a cessação das respectivas transmissões radiofôni-
propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, cas, televisivas, eletrônicas ou da publicação por qual-
para fins de divulgação do nazismo. quer meio;
Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa. III - a interdição das respectivas mensagens ou pági-
nas de informação na rede mundial de computadores.
O nazismo é uma das práticas de preconceito mais § 4º Na hipótese do § 2º, constitui efeito da condena-
condenáveis, que defende a existência de uma raça su- ção, após o trânsito em julgado da decisão, a destrui-
perior, a ariana, em relação às demais pessoas, notada- ção do material apreendido.
mente judeus, negros, homossexuais, etc. O nazismo foi
a ideologia por trás de uma das maiores tragédias da Efeitos da condenação
humanidade, a 2ª Guerra Mundial, sendo pregado pelo
regime alemão durante este período. Art. 16. Constitui efeito da condenação a perda do
cargo ou função pública, para o servidor público, e a
Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou suspensão do funcionamento do estabelecimento par-
preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência ticular por prazo não superior a três meses.
nacional.
Pena: reclusão de um a três anos e multa. Art. 18. Os efeitos de que tratam os arts. 16 e 17 desta
Lei não são automáticos, devendo ser motivadamente
Em seu artigo 20, caput, a Lei nº 7.716/1989 apresenta declarados na sentença.
uma fórmula genérica e de maior abrangência ao dispor
como crime ‘praticar, induzir ou incitar a discriminação Além de ser condenado à pena privativa de liberdade,
ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedên- o servidor público perderá o cargo ou função pública,
cia nacional’, de forma a abranger qualquer ato caracteri- assim como o estabelecimento particular em que o crime
zador de discriminação ou preconceito, e de certo modo foi praticado não funcionará por um prazo de até 3 me-
englobar todos os artigos anteriores que descrevem atos ses. É preciso que a sentença seja expressa neste sentido.
de segregação. Isto garante a efetividade da lei, pois al- O inteiro teor da Lei nº 7.716/1989 pode ser acessado
NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

guma falha no tipo específico permite o enquadramento em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7716.htm


neste tipo genérico.
Vale lembrar, no entanto, que um crime mais grave
previsto na legislação comum que seja praticado por mo- #FicaDica
tivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou proce- Tipificar a discriminação em razão de raça,
dência nacional não se enquadra no artigo 20, caput, mas cor, etnia, religião ou procedência nacional
sim no tipo mais grave. Afinal, crime mais grave absorve é o principal objetivo da Lei nº 7.716/1989.
o crime menos grave. O racismo é crime inafiançável e imprescri-
Por exemplo, pensemos num homicídio de uma pes- tível, sujeito à reclusão.
soa negra praticado por um grupo de neonazistas ou
num indígena assassinado por um grupo semelhante.
Obviamente, eles praticaram uma discriminação de raça/
etnia. No entanto, não faria sentido responderem pelo
preconceito, crime muito mais brando que o de homi-
cídio. Por isso, responderão pelo homicídio qualificado

30
05/01/1989, que define os crimes resultantes de precon-
ceito de raça ou de cor:
EXERCÍCIO COMENTADO
a) Impedir o acesso ou recusar hospedagem em hotel,
1. (PC-RJ - Oficial de Cartório - IBFC - 2013) A Lei nº pensão, estalagem, ou qualquer estabelecimento simi-
7.716/1989, que “Define os crimes resultantes de precon- lar é crime punível com detenção de dois a cinco anos.
ceitos de raça ou de cor”, dispõe que constitui discrimi- b) Impedir o acesso ou recusar atendimento em restau-
nação ou preconceito punível: rantes, bares, confeitarias, ou locais semelhantes aber-
tos ao público é crime punível com reclusão de um a
a) Recursar ou impedir acesso a estabelecimento comer- três anos.
cial, negando-se a servir, atender ou receber cliente c) Impedir o acesso ou recusar atendimento em estabele-
ou comprador em decorrência das vestes ousadas que cimentos esportivos, casas de diversões, ou clubes so-
utiliza. ciais abertos ao público é crime punível com reclusão
b) Impedir ou obstar, por qualquer meio ou forma, o ca- de um a dois anos.
samento ou convivência familiar e social em decorrên- d) Impedir o acesso ou recusar atendimento em salões
cia da classe social do indivíduo. de cabeleireiros, barbearias, termas ou casas de mas-
c) Impedir ou obstar o acesso de alguém ao serviço em sagem ou estabelecimento com as mesmas finalida-
qualquer ramo das Forças Armadas em decorrência da des é crime punível com detenção de um a cinco anos.
orientação sexual do candidato.
d) Negar ou obstar emprego em empresa privada à pes- Resposta: Letra B. Neste sentido, prevê o artigo 8º da
soa portadora de necessidades especiais. Lei nº 7.716/1989: “Art. 8º Impedir o acesso ou recusar
e) Obstar promoção funcional de servidor da Administra- atendimento em restaurantes, bares, confeitarias, ou
ção Pública em decorrência de raça, cor, etnia, religião locais semelhantes abertos ao público. Pena: reclusão
ou procedência nacional. de um a três anos”.
A e D. Os crimes da Lei nº 7.716/1989 são punidos
Resposta: Letra E. Prevê a Lei nº 7.716/89: “Art. 3º Im- com reclusão, o que já permite excluir desde logo as
pedir ou obstar o acesso de alguém, devidamente ha- duas alternativas que falam em pena de detenção.
bilitado, a qualquer cargo da Administração Direta ou C. A pena é de reclusão, de 1 a 3 anos, conforme artigo
Indireta, bem como das concessionárias de serviços pú- 9o, Lei nº 7.716/1989.
blicos. Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem,
por motivo de discriminação de raça, cor, etnia, religião
ou procedência nacional, obstar a promoção funcional”.
DECRETO FEDERAL NO 65.810, DE 08
A, B, C e D. Não descrevem crimes que se baseiam em
DE DEZEMBRO DE 1969 (CONVENÇÃO
preconceito de raça e cor.
INTERNACIONAL SOBRE A
ELIMINAÇÃO DE TODAS AS FORMAS DE
2. (PC-SE - Escrivão Substituto - IBFC - 2014) A Lei
DISCRIMINAÇÃO RACIAL)
n° 7.716/89 pune criminalmente algumas formas de pre-
conceito e discriminação praticados contra a pessoa hu-
mana. NÃO serão punidos criminalmente por esta lei o
Muito embora a sociedade brasileira seja pluralista e
preconceito e a discriminação decorrente de:
altamente miscigenada, ainda são comuns os casos de
preconceito racial e étnico, o que coloca pessoas como
a) Religião.
negros, índios e membros de grupos étnicos minoritários
b) Procedência nacional.
em geral na situação de vulnerabilidade que assegura
c) Etnia.
uma especial proteção sob o viés da igualdade material.
d) Orientação sexual
NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

Há diversos documentos internacionais específicos


voltados à proteção deste grupo vulnerável, destacan-
Resposta: Letra D. Prevê a Lei nº 7.716/89: “Art. 1º Se-
do-se: Declaração das Nações Unidas sobre a Elimina-
rão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes
ção de Todas as Formas de Discriminação Racial, de 20
de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia,
de novembro de 1963; Convenção Internacional sobre a
religião ou procedência nacional”.
Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial,
A, B, C. A Lei nº 7.716/8 se aplica “RACO REPRO”:
de 21 de dezembro de 1965 (Decreto nº 65.810 de 8 de
RAcismo
dezembro de 1969); e, recentemente, a Convenção Inte-
COr
ramericana contra o Racismo, a Discriminação Racial e
Religião
Formas Correlatas de Intolerância, de 5 de junho de 2013
Etnia
(ainda não incorporada ao ordenamento interno brasilei-
PROcedência nacional
ro, mas já assinadas pelo Brasil).
O artigo 1º da Declaração da ONU sintetiza bem a
3. (EMBASA - Analista de Saneamento - Enfermeiro
preocupação internacional com as constantes práticas de
do Trabalho - IBFC - 2015) Assinale a alternativa correta
discriminação racial e étnica: “A discriminação entre seres
considerando as disposições da lei federal n° 7.716, de

31
humanos em razão da raça, cor ou origem étnica é uma Estado em prol da igualdade material não caracterizam vio-
ofensa à dignidade humana e será condenado como lação. Na primeira parte da Convenção, também são abor-
uma negação dos princípios da Carta das Nações Unidas, dados: obrigação dos Estados de adotarem uma política de
como uma violação dos direitos humanos e liberdades eliminação de discriminação racial por todos meios apro-
fundamentais proclamados na Declaração Universal dos priados inclusive medidas especiais como ações afirmativas
Direitos Humanos, como um obstáculo às relações ami- (artigo 2o); condenação à segregação racial e ao apartheid
gáveis e pacíficas entre as nações e como um fato capaz (artigo 3o); condenação de propaganda e organizações que
de perturbar a paz e a segurança entre os povos”. se inspirem em ideias ou teorias baseadas na superiorida-
Em relação às medidas estatais, o artigo 2º frisa a ne- de racial ou étnica ou na justificação ou encorajamento de
cessidade de medidas de prevenção e combate a práticas ódio e discriminação (artigo 4o); proibição da discriminação,
discriminatórias com base na raça, cor ou origem étni- oferecendo igual tratamento perante órgãos da Justiça, se-
ca; o artigo 4º aborda a necessidade de medidas para gurança pessoal e proteção contra violência institucional, di-
rescindir leis e regulamentos que têm o efeito de criar reitos políticos e direitos civis (artigo 5o); proteção e recursos
e perpetuar a discriminação racial, ao passo que o arti- perante tribunais nacionais e órgãos do Estado (artigo 6o);
go 5º veda políticas de segregação racial (em especial adoção de medidas imediatas e eficazes no âmbito do ensi-
apartheid); o artigo 8º prevê que as medidas em questão no, da educação, da cultura e da informação para combate
também devem ser tomadas na área da educação; e os ao preconceito (artigo 7o). Na segunda parte da Convenção,
artigos 10 e 11 tratam da necessária cooperação inter- institui-se o Comitê para eliminação da discriminação racial,
nacional para o respeito dos direitos humanos quanto à com 18 peritos eleitos pelos Estados Membros, para man-
discriminação por motivo de raça, cor ou etnia. dato de 4 anos, aceita uma recondução (artigo 8o). Discipli-
Partindo para o estudo da Convenção, tem-se o arti- na-se o dever de apresentação de relatórios periódicos por
go 1º, de caráter conceitual: parte dos Estados (artigo 9o). Trata-se da possibilidade de
composição de mesa no Comitê para mandato de 2 anos,
Artigo 1o, Convenção. sem prejuízo de elaboração de relatório interno (artigo 10).
1. Nesta Convenção, a expressão “discriminação ra- A possibilidade de apresentação de denúncia de um Estado
cial” significará qualquer distinção, exclusão, restrição contra outro por violação das disposições da Convenção está
ou preferência baseada em raça, cor, descendência ou prevista no artigo 11, assegurando-se que tanto o Estado de-
origem nacional ou étnica que tem por objetivo ou nunciante quanto o denunciado reconheçam a competência
efeito anula ou restringir o reconhecimento, gozo ou do Comitê. O conflito será intermediado por uma Comissão
exercício num mesmo plano, (em igualdade de condi- de Conciliação ad hoc, com 5 componentes, que ao final irá
ção), de direitos humanos e liberdades fundamentais emitir relatório ao Comitê que será distribuído aos Estados
no domínio político econômico, social, cultural ou em Partes da controvérsia (artigos 12 e 13). Indivíduos e grupos
qualquer outro domínio de sua vida. de indivíduos também podem apresentar denúncias ao Co-
2. Esta Convenção não se aplicará às distinções, ex- mitê se os Estados reconhecerem sua competência para re-
clusões, restrições e preferências feitas por um Estado cebê-las, cabendo ao Estado criar um órgão nacional apto a
Parte nesta Convenção entre cidadãos. julgar tais denúncias, enviando-se Comunicação ao Comitê
3. Nada nesta Convenção poderá ser interpretado quando se chegar a uma solução (artigo 14). Também se fixa
como afetando as disposições legais dos Estados Par- o direito de petição dos povos com base em outros instru-
tes, relativas a nacionalidade, cidadania e naturaliza- mentos internacionais ou da Organização das Nações Unidas
ção, desde que tais disposições não discriminem con- e suas agências especializadas (artigo 15). A previsão sobre
tra qualquer nacionalidade particular. o Comitê não exclui a possibilidade dos Estados Partes re-
4. Não serão consideradas discriminações racial as comendarem aos outros, processos para a solução de uma
medidas especiais tomadas como o único objetivo de controvérsia de conformidade (artigo 16).
assegurar progresso adequado de certos grupos ra- A terceira parte da Convenção aborda questões sobre as-
ciais ou étnicos ou indivíduos que necessitem da pro- sinatura, adesão, depósito, reservas, denúncias, entre outros.
NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

teção que possa ser necessária para proporcionar a O inteiro teor da Convenção pode ser acessado em:
tais grupos ou indivíduos igual gozo ou exercício de http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1950-1969/
direitos humanos e liberdades fundamentais, contanto D65810.html
que, tais medidas não conduzam, em consequência,
à manutenção de direitos separados para diferentes
grupos raciais e não prossigam após terem sidos al- #FicaDica
cançados os seus objetivos.
O Comitê para eliminação da discriminação
racial apenas pode apreciar denúncias de
Com efeito, após o estabelecimento de um conceito de
Estados e indivíduos ou grupos de indiví-
discriminação racial, delimita-se que ela pode consistir em duos se houver reconhecimento da com-
distinções, exclusões, restrições e preferências, sem que isto petência para fazê-lo por parte do Estado
signifique que exista alguma obrigação estatal quanto à (tanto o denunciado quanto eventual de-
nacionalidade, cidadania e naturalização, desde que não se nunciante).
discrimine uma nacionalidade em particular, e encerra-se
prevendo que as ações discriminatórias positivas feitas pelo

32
Resposta: Letra B. Dispõe o art. 1º, 4, da Conven-
ção, “não serão consideradas discriminação racial as
EXERCÍCIOS COMENTADOS medidas especiais tomadas com o único objetivo de
assegurar o progresso adequado de certos grupos ra-
1. (PC-CE - Inspetor de Polícia Civil - CESPE - 2012) Jul- ciais ou étnicos ou de indivíduos que necessitem da
gue o próximo item, relativo à Convenção Internacional proteção que possa ser necessária para proporcionar
sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação a tais grupos ou indivíduos igual gozo ou exercício de
Racial: “Essa convenção aplica-se em âmbito universal à direitos humanos e liberdades fundamentais, contan-
proteção aos direitos à igualdade, proibindo, entre ou- to que tais medidas não conduzam, em consequência,
tras, distinções, exclusões, restrições e preferências feitas à manutenção de direitos separados para diferentes
por um Estado entre cidadãos e não cidadãos”. grupos raciais e não prossigam após terem sido alcan-
çados os seus objetivos”. Com efeito, as medidas es-
( ) CERTO ( ) ERRADO peciais ou ações afirmativas são permitidas, visando a
promoção da igualdade étnico-racial e apresentando-
Resposta: Errado. Em verdade, pelo art. 1º, 2, “esta -se como incumbência do Estado-parte.
Convenção não se aplicará às distinções, exclusões, A, C, D, E. Não são obrigatórias e nem proibidas, mas
restrições e preferências feitas por um Estado-parte sim permitidas.
entre cidadãos e não cidadãos”.

2. (PC-CE - Inspetor de Polícia Civil - CESPE - 2012) Jul-


DECRETO FEDERAL NO 4.377, DE 13 DE
gue o próximo item, relativo à Convenção Internacional
SETEMBRO DE 2002 (CONVENÇÃO SOBRE
sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação
ELIMINAÇÃO DE TODAS AS FORMAS DE
Racial: “Discriminação racial é toda distinção, exclusão,
DISCRIMINAÇÃO CONTRA A MULHER)
restrição ou preferência baseada em raça, cor, descen-
dência ou origem nacional ou étnica que tenha por ob-
jeto ou resultado anular ou restringir o reconhecimento,
A garantia desta igualdade sem uma proteção espe-
gozo ou exercício em um mesmo plano (em igualdade de
cífica é insuficiente, pois muitas mulheres ainda se en-
condição) de direitos humanos e liberdades fundamen-
contram numa posição subjugada da sociedade e, em
tais nos campos político, econômico, social, cultural ou
casos extremos, vítimas do domínio masculino. Assim,
em qualquer outro campo da vida pública”.
as mulheres formam uma categoria vulnerável que me-
rece proteção especial para que seja possível garantir a
( ) CERTO ( ) ERRADO
igualdade material entre os sexos. A razão desta vulne-
rabilidade reside no fato de que as conquistas femininas
Resposta: Certo. Dispõe o art. 1º, 1: “Para os fins da
de independência pessoal e financeira são relativamente
presente Convenção, a expressão ‘discriminação racial’
recentes na história da humanidade.
significará toda distinção, exclusão, restrição ou prefe-
Internacionalmente, esta fragilidade feminina é reco-
rência baseada em raça, cor, descendência ou origem
nhecida, notadamente, na Declaração da ONU sobre a
nacional ou étnica que tenha por objeto ou resultado
Eliminação da Discriminação contra as Mulheres, de 7 de
anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou exer-
novembro de 1967; na Convenção da ONU sobre a Eli-
cício em um mesmo plano (em igualdade de condi-
minação de Todas as Formas de Discriminação contra a
ção) de direitos humanos e liberdades fundamentais
Mulher, de 18 de dezembro de 1979; e na Convenção In-
nos campos político, econômico, social, cultural ou em
teramericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência
qualquer outro campo da vida pública”.
contra a Mulher, de 9 de junho de 1994.
Sintetiza o artigo 1º da Declaração da ONU sobre a
3. (DPE-MA - Defensor Público - FCC - 2009) À luz da
Eliminação da Discriminação contra as Mulheres: “a dis-
NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

Convenção Internacional sobre a Eliminação de todas as


criminação contra as mulheres, na medida em que nega
formas de Discriminação Racial, as ações afirmativas são:
ou limita a sua igualdade de direitos em relação aos ho-
mens, é fundamentalmente injusta e constitui uma ofen-
a) proibidas, porque constituem uma forma de discrimi-
sa à dignidade humana”.
nação direta positiva, nos termos da Convenção.
Algumas medidas apropriadas voltadas ao fim da dis-
b) permitidas, cabendo aos Estados-partes adotá-las
criminação das mulheres se encontram nos artigos 2º a
para fomentar a promoção da igualdade étnico-racial.
10:
c) obrigatórias, devendo os Estados-partes adotá-las no
prazo de até cinco anos a contar da data da ratificação
• abolição das leis, costumes, regulamentos e prá-
da Convenção.
ticas discriminatórias, assegurando a proteção
d) proibidas, porque constituem uma forma de discrimi-
jurídica das mulheres pelo princípio da igualdade
nação indireta negativa, nos termos da Convenção.
na Constituição e leis infraconstitucionais e pelos
e) obrigatórias, devendo os Estados-partes adotá-las no
instrumentos internacionais que deverão ser ratifi-
prazo de até dois anos a contar da data da ratificação
cados tão logo possível;
da Convenção.

33
• educação da opinião pública e direcionamento das Nesta linha, o artigo 1º da mencionada Convenção
aspirações nacionais à erradicação da discrimina- traz um conceito de discriminação contra a mulher, o que
ção e à abolição de práticas e conceitos machistas; não foi feito na Declaração: “[...] toda distinção, exclu-
garantia em condição de igualdade do direito ao são ou restrição baseada no sexo e que tenha por obje-
voto e ao desempenho de funções públicas; to ou resultado prejudicar ou anular o reconhecimento,
• garantia dos mesmos direitos que os homens re- gozo ou exercício pela mulher, independentemente de
lativamente à aquisição, mudança ou conservação seu estado civil, com base na igualdade do homem e da
de nacionalidade, nunca sendo obrigada a adotar mulher, dos direitos humanos e liberdades fundamentais
a nacionalidade do marido sob pena de ficar apá- nos campos político, econômico, social, cultural e civil ou
trida; em qualquer outro campo”.
• previsão legal, em condições de igualdade com os Ainda na primeira parte da Convenção, o artigo 4º
homens, do direito de adquirir, herdar e adminis- inova ao reforçar o conceito de igualdade material, acei-
trar bens (inclusive durante o casamento), de igual- tando medidas temporárias para acelerar a igualdade de
dade na capacidade jurídica e no seu exercício, de fato entre homens e mulheres, no que não se inserem
livre circulação, de liberdade de escolha matri- medidas protetivas da maternidade que sempre serão
monial, de preservação do superior interesse da necessárias. Por sua vez, o artigo 6º veda o tráfico de
criança na constância e dissolução do casamento mulheres e a exploração da prostituição delas.
(impedindo que no divórcio a criança fique obriga- As medidas descritas nos artigos 2º, 3º e 5º da primei-
toriamente com o pai), de igualdade de responsa- ra parte da Convenção, 7º, 8º e 9º da segunda parte da
bilidade quanto aos filhos entre pai e mãe; Convenção, 10 e 11 da terceira parte da Convenção e 15
• revogação de todas disposições do direito penal e 16 da quarta parte da Convenção, se aproximam muito
que sejam discriminatórias contra as mulheres; das especificadas na Declaração.
• igualdade na educação e no exercício do trabalho Ainda na terceira parte, o artigo 12 traz a igualdade
(inclusive remuneração, respeitadas as particulares entre homens e mulheres no tratamento da saúde e o
necessidades das mulheres, por exemplo, licença- artigo 13 traz tal igualdade no recebimento de benefí-
-maternidade). cios familiares, na obtenção de crédito financeiro e no
acesso a atividades recreativas. Já o artigo 14 destaca a
Já a Convenção da ONU sobre a Eliminação de Todas necessidade de proteção especial às mulheres que se en-
as Formas de Discriminação contra a Mulher vem para contram na zona rural. Na quinta parte está disciplinado
complementar a mencionada Declaração, diferenciando- o Comitê sobre a Eliminação da Discriminação contra a
-se dela na medida em que é um tratado internacional Mulher, composto por 18 membros, chegando a 23 com
comum, aberto à assinatura de Estados-partes, ao passo a adesão de 35 Estados. No Comitê funciona um sistema
que a Declaração é aprovada pela Assembleia Geral da de relatórios, que acompanha as medidas implementa-
organização e, por isso, aceita por todos os seus Estados- das pelos Estados-membros no campo dos direitos da
-membros. Não obstante, tem caráter mais amplo que a mulher.
Declaração, merecendo destaque a instituição de órgão O inteiro teor da Convenção pode ser acessado em:
protetivo próprio, qual seja o Comitê sobre a Eliminação http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/
da Discriminação contra a Mulher. D4377.htm
Ressalta-se que “[...] a Convenção sobre a Eliminação
de todas as formas de Discriminação contra a Mulher
enfrenta o paradoxo de ser o instrumento que recebeu #FicaDica
o maior número de reservas formuladas pelos Estados,
O Comitê sobre a Eliminação da Discrimi-
dentre os tratados internacionais de direitos humanos. nação contra a Mulher também pode re-
Um universo significativo de reservas concentrou-se na ceber e considerar comunicações, possi-
cláusula relativa à igualdade entre homens e mulheres bilidade que foi conferida pelo Protocolo
NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

na família. Tais reservas foram justificadas com base em Facultativo à Convenção sobre a Eliminação
argumentos de ordem religiosa, cultural ou mesmo legal, da Discriminação contra a Mulher. Para tan-
havendo países (como Bangladesh e Egito) que acusaram to, o Estado-membro deve ser signatário
o Comitê sobre a Eliminação da Discriminação contra a do Protocolo e reconhecer a competência
Mulher de praticar ‘imperialismo cultural e intolerân- do Comitê para apreciar denúncias de indi-
cia religiosa’, ao impor-lhes a visão de igualdade entre víduos e grupos de indivíduos.
homens e mulheres, inclusive na família. Isso reforça o
quanto a implementação dos direitos humanos das mu-
lheres está condicionada à dicotomia entre os espaços
público e privado, que, em muitas sociedades, confina a
mulher ao espaço exclusivamente doméstico da casa e EXERCÍCIO COMENTADO
da família”2.
1. (AGERBA - Técnico em Regulação - IBFC - 2017) As-
sinale a alternativa correta considerando as disposições
2 PIOVESAN, Flávia. Direitos humanos e o direito constitucional
internacional. São Paulo: Saraiva, 2008. do Decreto federal nº 4.377, de 13 de setembro de 2002

34
que promulga a Convenção sobre a Eliminação de Todas político, econômico, social, cultural e civil ou em qual-
as Formas de Discriminação contra a Mulher, de 1979, quer outro campo”.
e revoga o Decreto nº 89.460, de 20 de março de 1984. A, B, C, D. Por exclusão, as demais assertivas estão er-
radas, conforme artigo 1o da Convenção.
a) Para os fins da referida Convenção, a expressão “discri-
minação contra a mulher” significará toda a distinção,
exclusão ou restrição baseada no sexo e que tenha LEI FEDERAL NO 11.340, DE 7 DE AGOSTO DE
por objeto ou resultado prejudicar ou anular o reco- 2006 (LEI MARIA DA PENHA)
nhecimento, gozo ou exercício pela mulher casada ou
convivente em união estável, com base na igualdade
do homem e da mulher, dos direitos humanos e liber-
dades fundamentais nos campos político, econômico, LEI Nº 11.340, DE 7 DE AGOSTO DE 2006
social, cultural e civil ou em qualquer outro campo. Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e
b) Para os fins da referida Convenção, a expressão “discri- familiar contra a mulher, nos termos do § 8º do art.
minação contra a mulher” significará toda a distinção, 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a
exclusão ou restrição baseada no sexo e que tenha Eliminação de Todas as Formas de Discriminação con-
por objeto ou resultado prejudicar ou anular o reco- tra as Mulheres e da Convenção Interamericana para
nhecimento, gozo ou exercício pela mulher casada ou Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mu-
convivente em união estável, com base na igualdade lher; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência
do homem e da mulher, dos direitos humanos e li- Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o Código
berdades fundamentais, exclusivamente, nos campos de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução
econômico, social, cultural e civil. Penal; e dá outras providências.
c) Para os fins da referida Convenção, a expressão “discri- O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con-
minação contra a mulher” significará toda a distinção, gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
exclusão ou restrição baseada no sexo e que tenha
por objeto ou resultado prejudicar ou anular o reco- TÍTULO I
nhecimento, gozo ou exercício pela mulher casada ou DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
convivente em união estável, com base na igualdade
do homem e da mulher, dos direitos humanos e li- Art. 1º Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir
berdades fundamentais, exclusivamente, nos campos a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos
político, econômico e civil. termos do § 8º do art. 226 da Constituição Federal, da
d) Para os fins da referida Convenção, a expressão “discri- Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas
minação contra a mulher” significará toda a distinção, de Violência contra a Mulher, da Convenção Intera-
exclusão ou restrição baseada no sexo e que tenha mericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência
por objeto ou resultado prejudicar ou anular o reco- contra a Mulher e de outros tratados internacionais
nhecimento, gozo ou exercício pela mulher casada ou ratificados pela República Federativa do Brasil; dispõe
convivente em união estável, com base na igualdade sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica
do homem e da mulher, dos direitos humanos e li- e Familiar contra a Mulher; e estabelece medidas de
berdades fundamentais, exclusivamente, nos campos assistência e proteção às mulheres em situação de vio-
cultural e civil. lência doméstica e familiar.
e) Para os fins da referida Convenção, a expressão “discri-
minação contra a mulher” significará toda a distinção, Art. 2º Toda mulher, independentemente de classe,
exclusão ou restrição baseada no sexo e que tenha por raça, etnia, orientação sexual, renda, cultura, nível
objeto ou resultado prejudicar ou anular o reconheci- educacional, idade e religião, goza dos direitos funda-
mento, gozo ou exercício pela mulher, independen- mentais inerentes à pessoa humana, sendo-lhe asse-
NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

temente de seu estado civil, com base na igualdade guradas as oportunidades e facilidades para viver sem
do homem e da mulher, dos direitos humanos e liber- violência, preservar sua saúde física e mental e seu
dades fundamentais nos campos político, econômico, aperfeiçoamento moral, intelectual e social.
social, cultural e civil ou em qualquer outro campo.
Art. 3º Serão asseguradas às mulheres as condições
Resposta: Letra E. Traz o art. 1º da Convenção sobre para o exercício efetivo dos direitos à vida, à segu-
a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação rança, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura,
contra a Mulher: “Para os fins da presente Convenção, à moradia, ao acesso à justiça, ao esporte, ao lazer,
a expressão ‘discriminação contra a mulher’ significa- ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao
rá toda a distinção, exclusão ou restrição baseada no respeito e à convivência familiar e comunitária.
sexo e que tenha por objeto ou resultado prejudicar § 1º O poder público desenvolverá políticas que visem
ou anular o reconhecimento, gozo ou exercício pela garantir os direitos humanos das mulheres no âmbi-
mulher, independentemente de seu estado civil, com to das relações domésticas e familiares no sentido de
base na igualdade do homem e da mulher, dos direi- resguardá-las de toda forma de negligência, discrimi-
tos humanos e liberdades fundamentais nos campos nação, exploração, violência, crueldade e opressão.

35
§ 2º Cabe à família, à sociedade e ao poder público III - a violência sexual, entendida como qualquer
criar as condições necessárias para o efetivo exercício conduta que a constranja a presenciar, a manter ou
dos direitos enunciados no caput. a participar de relação sexual não desejada, median-
te intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que
Art. 4º Na interpretação desta Lei, serão considerados a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer
os fins sociais a que ela se destina e, especialmente, modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qual-
as condições peculiares das mulheres em situação de quer método contraceptivo ou que a force ao matri-
violência doméstica e familiar. mônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, me-
diante coação, chantagem, suborno ou manipulação;
TÍTULO II ou que limite ou anule o exercício de seus direitos se-
DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA xuais e reprodutivos;
A MULHER IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer
conduta que configure retenção, subtração, destruição
CAPÍTULO I parcial ou total de seus objetos, instrumentos de tra-
DISPOSIÇÕES GERAIS balho, documentos pessoais, bens, valores e direitos
ou recursos econômicos, incluindo os destinados a sa-
Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência tisfazer suas necessidades;
doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação V - a violência moral, entendida como qualquer con-
ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, duta que configure calúnia, difamação ou injúria.
lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano
moral ou patrimonial: (Vide Lei complementar nº 150, TÍTULO III
de 2015) DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR
como o espaço de convívio permanente de pessoas,
com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadica- CAPÍTULO I
mente agregadas; DAS MEDIDAS INTEGRADAS DE PREVENÇÃO
II - no âmbito da família, compreendida como a co-
munidade formada por indivíduos que são ou se con- Art. 8º A política pública que visa coibir a violência
sideram aparentados, unidos por laços naturais, por doméstica e familiar contra a mulher far-se-á por
afinidade ou por vontade expressa; meio de um conjunto articulado de ações da União,
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e de
agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, ações não-governamentais, tendo por diretrizes:
independentemente de coabitação. I - a integração operacional do Poder Judiciário, do
Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas nes- Ministério Público e da Defensoria Pública com as
te artigo independem de orientação sexual. áreas de segurança pública, assistência social, saúde,
educação, trabalho e habitação;
Art. 6º A violência doméstica e familiar contra a mu- II - a promoção de estudos e pesquisas, estatísticas e
lher constitui uma das formas de violação dos direitos outras informações relevantes, com a perspectiva de
humanos. gênero e de raça ou etnia, concernentes às causas, às
conseqüências e à freqüência da violência doméstica e
CAPÍTULO II familiar contra a mulher, para a sistematização de da-
DAS FORMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMI- dos, a serem unificados nacionalmente, e a avaliação
LIAR CONTRA A MULHER periódica dos resultados das medidas adotadas;

Art. 7º São formas de violência doméstica e familiar III - o respeito, nos meios de comunicação social, dos
NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

contra a mulher, entre outras: valores éticos e sociais da pessoa e da família, de forma
I - a violência física, entendida como qualquer condu- a coibir os papéis estereotipados que legitimem ou exa-
ta que ofenda sua integridade ou saúde corporal; cerbem a violência doméstica e familiar, de acordo com
II - a violência psicológica, entendida como qualquer o estabelecido no inciso III do art. 1º , no inciso IV do art.
conduta que lhe cause dano emocional e diminuição 3º e no inciso IV do art. 221 da Constituição Federal ;
da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o ple- IV - a implementação de atendimento policial espe-
no desenvolvimento ou que vise degradar ou contro- cializado para as mulheres, em particular nas Delega-
lar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, cias de Atendimento à Mulher;
mediante ameaça, constrangimento, humilhação, V - a promoção e a realização de campanhas educa-
manipulação, isolamento, vigilância constante, perse- tivas de prevenção da violência doméstica e familiar
guição contumaz, insulto, chantagem, violação de sua contra a mulher, voltadas ao público escolar e à socie-
intimidade, ridicularização, exploração e limitação do dade em geral, e a difusão desta Lei e dos instrumen-
direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cau- tos de proteção aos direitos humanos das mulheres;
se prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação; VI - a celebração de convênios, protocolos, ajustes, ter-
(Redação dada pela Lei nº 13.772, de 2018) mos ou outros instrumentos de promoção de parceria

36
entre órgãos governamentais ou entre estes e entida- de acordo com a tabela SUS, os custos relativos aos servi-
des não-governamentais, tendo por objetivo a imple- ços de saúde prestados para o total tratamento das vítimas
mentação de programas de erradicação da violência em situação de violência doméstica e familiar, recolhidos
doméstica e familiar contra a mulher; os recursos assim arrecadados ao Fundo de Saúde do ente
VII - a capacitação permanente das Polícias Civil e Mi- federado responsável pelas unidades de saúde que pres-
litar, da Guarda Municipal, do Corpo de Bombeiros e tarem os serviços. (Vide Lei nº 13.871, de 2019) (Vigência)
dos profissionais pertencentes aos órgãos e às áreas § 5º Os dispositivos de segurança destinados ao uso
enunciados no inciso I quanto às questões de gênero em caso de perigo iminente e disponibilizados para o
e de raça ou etnia; monitoramento das vítimas de violência doméstica ou
VIII - a promoção de programas educacionais que dis- familiar amparadas por medidas protetivas terão seus
seminem valores éticos de irrestrito respeito à digni- custos ressarcidos pelo agressor. (Vide Lei nº 13.871,
dade da pessoa humana com a perspectiva de gênero de 2019) (Vigência)
e de raça ou etnia; § 6º O ressarcimento de que tratam os §§ 4º e 5º deste
IX - o destaque, nos currículos escolares de todos os artigo não poderá importar ônus de qualquer nature-
níveis de ensino, para os conteúdos relativos aos di- za ao patrimônio da mulher e dos seus dependentes,
reitos humanos, à eqüidade de gênero e de raça ou nem configurar atenuante ou ensejar possibilidade de
etnia e ao problema da violência doméstica e familiar substituição da pena aplicada. (Vide Lei nº 13.871, de
contra a mulher. 2019) (Vigência)
§ 7º A mulher em situação de violência doméstica e fa-
CAPÍTULO II miliar tem prioridade para matricular seus dependen-
DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE tes em instituição de educação básica mais próxima
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR de seu domicílio, ou transferi-los para essa instituição,
mediante a apresentação dos documentos comproba-
Art. 9º A assistência à mulher em situação de vio- tórios do registro da ocorrência policial ou do processo
lência doméstica e familiar será prestada de forma de violência doméstica e familiar em curso. (Incluído
articulada e conforme os princípios e as diretrizes pre- pela Lei nº 13.882, de 2019)
vistos na Lei Orgânica da Assistência Social, no Siste- § 8º Serão sigilosos os dados da ofendida e de seus depen-
ma Único de Saúde, no Sistema Único de Segurança dentes matriculados ou transferidos conforme o disposto
Pública, entre outras normas e políticas públicas de no § 7º deste artigo, e o acesso às informações será reser-
proteção, e emergencialmente quando for o caso. vado ao juiz, ao Ministério Público e aos órgãos competen-
§ 1º O juiz determinará, por prazo certo, a inclusão da tes do poder público. (Incluído pela Lei nº 13.882, de 2019)
mulher em situação de violência doméstica e familiar
no cadastro de programas assistenciais do governo fe- CAPÍTULO III
deral, estadual e municipal. DO ATENDIMENTO PELA AUTORIDADE POLICIAL
§ 2º O juiz assegurará à mulher em situação de vio-
lência doméstica e familiar, para preservar sua integri- Art. 10. Na hipótese da iminência ou da prática de
dade física e psicológica: violência doméstica e familiar contra a mulher, a auto-
I - acesso prioritário à remoção quando servidora pú- ridade policial que tomar conhecimento da ocorrência
blica, integrante da administração direta ou indireta; adotará, de imediato, as providências legais cabíveis.
II - manutenção do vínculo trabalhista, quando ne- Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput deste
cessário o afastamento do local de trabalho, por até artigo ao descumprimento de medida protetiva de ur-
seis meses. gência deferida.
III - encaminhamento à assistência judiciária, quan- Art. 10-A. É direito da mulher em situação de vio-
do for o caso, inclusive para eventual ajuizamento da lência doméstica e familiar o atendimento policial e
ação de separação judicial, de divórcio, de anulação pericial especializado, ininterrupto e prestado por ser-
NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

de casamento ou de dissolução de união estável pe- vidores - preferencialmente do sexo feminino - pre-
rante o juízo competente. (Incluído pela Lei nº 13.894, viamente capacitados. (Incluído pela Lei nº 13.505, de
de 2019) 2017)
§ 3º A assistência à mulher em situação de violên- § 1º A inquirição de mulher em situação de violência
cia doméstica e familiar compreenderá o acesso aos doméstica e familiar ou de testemunha de violência
benefícios decorrentes do desenvolvimento científico doméstica, quando se tratar de crime contra a mulher,
e tecnológico, incluindo os serviços de contracepção obedecerá às seguintes diretrizes: (Incluído pela Lei nº
de emergência, a profilaxia das Doenças Sexualmente 13.505, de 2017)
Transmissíveis (DST) e da Síndrome da Imunodeficiên- I - salvaguarda da integridade física, psíquica e emo-
cia Adquirida (AIDS) e outros procedimentos médicos cional da depoente, considerada a sua condição pe-
necessários e cabíveis nos casos de violência sexual. culiar de pessoa em situação de violência doméstica e
§ 4º Aquele que, por ação ou omissão, causar lesão, violên- familiar; (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)
cia física, sexual ou psicológica e dano moral ou patrimo- II - garantia de que, em nenhuma hipótese, a mu-
nial a mulher fica obrigado a ressarcir todos os danos cau- lher em situação de violência doméstica e familiar,
sados, inclusive ressarcir ao Sistema Único de Saúde (SUS), familiares e testemunhas terão contato direto com

37
investigados ou suspeitos e pessoas a eles relaciona- necessários;
das; (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) V - ouvir o agressor e as testemunhas;
III - não revitimização da depoente, evitando sucessivas VI - ordenar a identificação do agressor e fazer juntar
inquirições sobre o mesmo fato nos âmbitos criminal, aos autos sua folha de antecedentes criminais, indi-
cível e administrativo, bem como questionamentos so- cando a existência de mandado de prisão ou registro
bre a vida privada. (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) de outras ocorrências policiais contra ele;
§ 2º Na inquirição de mulher em situação de violência VI-A - verificar se o agressor possui registro de porte
doméstica e familiar ou de testemunha de delitos de que ou posse de arma de fogo e, na hipótese de existência,
trata esta Lei, adotar-se-á, preferencialmente, o seguinte juntar aos autos essa informação, bem como notificar
procedimento: (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) a ocorrência à instituição responsável pela concessão
I - a inquirição será feita em recinto especialmente do registro ou da emissão do porte, nos termos da Lei
projetado para esse fim, o qual conterá os equipamen- nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003 (Estatuto do
tos próprios e adequados à idade da mulher em situ- Desarmamento); (Incluído pela Lei nº 13.880, de 2019)
ação de violência doméstica e familiar ou testemunha VII - remeter, no prazo legal, os autos do inquérito po-
e ao tipo e à gravidade da violência sofrida; (Incluído licial ao juiz e ao Ministério Público.
pela Lei nº 13.505, de 2017) § 1º O pedido da ofendida será tomado a termo pela
II - quando for o caso, a inquirição será intermediada autoridade policial e deverá conter:
por profissional especializado em violência doméstica I - qualificação da ofendida e do agressor;
e familiar designado pela autoridade judiciária ou po- II - nome e idade dos dependentes;
licial; (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) III - descrição sucinta do fato e das medidas protetivas
III - o depoimento será registrado em meio eletrônico solicitadas pela ofendida.
ou magnético, devendo a degravação e a mídia inte- IV - informação sobre a condição de a ofendida ser
grar o inquérito. (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) pessoa com deficiência e se da violência sofrida resul-
tou deficiência ou agravamento de deficiência preexis-
Art. 11. No atendimento à mulher em situação de tente. (Incluído pela Lei nº 13.836, de 2019)
violência doméstica e familiar, a autoridade policial § 2º A autoridade policial deverá anexar ao documento
deverá, entre outras providências: referido no § 1º o boletim de ocorrência e cópia de to-
I - garantir proteção policial, quando necessário, co- dos os documentos disponíveis em posse da ofendida.
municando de imediato ao Ministério Público e ao § 3º Serão admitidos como meios de prova os laudos
Poder Judiciário; ou prontuários médicos fornecidos por hospitais e pos-
II - encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de tos de saúde.
saúde e ao Instituto Médico Legal;
III - fornecer transporte para a ofendida e seus depen- Art. 12-A. Os Estados e o Distrito Federal, na formu-
dentes para abrigo ou local seguro, quando houver lação de suas políticas e planos de atendimento à
risco de vida; mulher em situação de violência doméstica e familiar,
IV - se necessário, acompanhar a ofendida para asse- darão prioridade, no âmbito da Polícia Civil, à criação
gurar a retirada de seus pertences do local da ocorrên- de Delegacias Especializadas de Atendimento à Mu-
cia ou do domicílio familiar; lher (Deams), de Núcleos Investigativos de Feminicídio
V - informar à ofendida os direitos a ela conferidos e de equipes especializadas para o atendimento e a
nesta Lei e os serviços disponíveis, inclusive os de as- investigação das violências graves contra a mulher.
sistência judiciária para o eventual ajuizamento pe-
rante o juízo competente da ação de separação ju- Art. 12-B. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.505, de
dicial, de divórcio, de anulação de casamento ou de 2017)
dissolução de união estável. (Redação dada pela Lei nº § 1º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)
13.894, de 2019) § 2º (VETADO. (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)
NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

§ 3º A autoridade policial poderá requisitar os serviços


Art. 12. Em todos os casos de violência doméstica e públicos necessários à defesa da mulher em situação
familiar contra a mulher, feito o registro da ocorrência, de violência doméstica e familiar e de seus dependen-
deverá a autoridade policial adotar, de imediato, os tes. (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)
seguintes procedimentos, sem prejuízo daqueles pre-
vistos no Código de Processo Penal: Art. 12-C. Verificada a existência de risco atual ou
I - ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência e iminente à vida ou à integridade física da mulher em
tomar a representação a termo, se apresentada; situação de violência doméstica e familiar, ou de seus
II - colher todas as provas que servirem para o esclare- dependentes, o agressor será imediatamente afastado
cimento do fato e de suas circunstâncias; do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendi-
III - remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, da: (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019)
expediente apartado ao juiz com o pedido da ofendida, I - pela autoridade judicial; (Incluído pela Lei nº
para a concessão de medidas protetivas de urgência; 13.827, de 2019)
IV - determinar que se proceda ao exame de corpo de II - pelo delegado de polícia, quando o Município não for
delito da ofendida e requisitar outros exames periciais sede de comarca; ou (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019)

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III - pelo policial, quando o Município não for sede de Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à
comarca e não houver delegado disponível no momen- representação da ofendida de que trata esta Lei, só
to da denúncia. (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019) será admitida a renúncia à representação perante o
§ 1º Nas hipóteses dos incisos II e III do caput deste juiz, em audiência especialmente designada com tal
artigo, o juiz será comunicado no prazo máximo de 24 finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvi-
(vinte e quatro) horas e decidirá, em igual prazo, sobre do o Ministério Público.
a manutenção ou a revogação da medida aplicada,
devendo dar ciência ao Ministério Público concomi- Art. 17. É vedada a aplicação, nos casos de violên-
tantemente. (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019) cia doméstica e familiar contra a mulher, de penas de
§ 2º Nos casos de risco à integridade física da ofendida cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem
ou à efetividade da medida protetiva de urgência, não como a substituição de pena que implique o paga-
será concedida liberdade provisória ao preso. (Incluído mento isolado de multa.
pela Lei nº 13.827, de 2019)
CAPÍTULO II
TÍTULO IV DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA
DOS PROCEDIMENTOS
SEÇÃO I
CAPÍTULO I DISPOSIÇÕES GERAIS
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 18. Recebido o expediente com o pedido da ofen-
Art. 13. Ao processo, ao julgamento e à execução das dida, caberá ao juiz, no prazo de 48 (quarenta e oito)
causas cíveis e criminais decorrentes da prática de horas:
violência doméstica e familiar contra a mulher apli- I - conhecer do expediente e do pedido e decidir sobre
car-se-ão as normas dos Códigos de Processo Penal as medidas protetivas de urgência;
e Processo Civil e da legislação específica relativa à II - determinar o encaminhamento da ofendida ao ór-
criança, ao adolescente e ao idoso que não conflita- gão de assistência judiciária, quando for o caso, inclu-
rem com o estabelecido nesta Lei. sive para o ajuizamento da ação de separação judicial,
de divórcio, de anulação de casamento ou de dissolu-
Art. 14. Os Juizados de Violência Doméstica e Fami- ção de união estável perante o juízo competente; (Re-
liar contra a Mulher, órgãos da Justiça Ordinária com dação dada pela Lei nº 13.894, de 2019)
competência cível e criminal, poderão ser criados pela III - comunicar ao Ministério Público para que adote
União, no Distrito Federal e nos Territórios, e pelos Es- as providências cabíveis.
tados, para o processo, o julgamento e a execução das IV - determinar a apreensão imediata de arma de fogo
causas decorrentes da prática de violência doméstica sob a posse do agressor. (Incluído pela Lei nº 13.880,
e familiar contra a mulher. de 2019)
Parágrafo único. Os atos processuais poderão realizar-
-se em horário noturno, conforme dispuserem as nor- Art. 19. As medidas protetivas de urgência poderão
mas de organização judiciária. ser concedidas pelo juiz, a requerimento do Ministério
Público ou a pedido da ofendida.
Art. 14-A. A ofendida tem a opção de propor ação de § 1º As medidas protetivas de urgência poderão ser
divórcio ou de dissolução de união estável no Juizado concedidas de imediato, independentemente de audi-
de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher. ência das partes e de manifestação do Ministério Pú-
(Incluído pela Lei nº 13.894, de 2019) blico, devendo este ser prontamente comunicado.
§ 1º Exclui-se da competência dos Juizados de Violên- § 2º As medidas protetivas de urgência serão aplica-
cia Doméstica e Familiar contra a Mulher a pretensão das isolada ou cumulativamente, e poderão ser substi-
NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

relacionada à partilha de bens. (Incluído pela Lei nº tuídas a qualquer tempo por outras de maior eficácia,
13.894, de 2019) sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem
§ 2º Iniciada a situação de violência doméstica e fa- ameaçados ou violados.
miliar após o ajuizamento da ação de divórcio ou de § 3º Poderá o juiz, a requerimento do Ministério Públi-
dissolução de união estável, a ação terá preferência co ou a pedido da ofendida, conceder novas medidas
no juízo onde estiver. (Incluído pela Lei nº 13.894, de protetivas de urgência ou rever aquelas já concedidas,
2019) se entender necessário à proteção da ofendida, de seus
familiares e de seu patrimônio, ouvido o Ministério
Art. 15. É competente, por opção da ofendida, para os Público.
processos cíveis regidos por esta Lei, o Juizado:
I - do seu domicílio ou de sua residência; Art. 20. Em qualquer fase do inquérito policial ou
II - do lugar do fato em que se baseou a demanda; da instrução criminal, caberá a prisão preventiva do
III - do domicílio do agressor. agressor, decretada pelo juiz, de ofício, a requerimento
do Ministério Público ou mediante representação da
autoridade policial.

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Parágrafo único. O juiz poderá revogar a prisão pre- desobediência, conforme o caso.
ventiva se, no curso do processo, verificar a falta de § 3º Para garantir a efetividade das medidas proteti-
motivo para que subsista, bem como de novo decretá- vas de urgência, poderá o juiz requisitar, a qualquer
-la, se sobrevierem razões que a justifiquem. momento, auxílio da força policial.
§ 4º Aplica-se às hipóteses previstas neste artigo, no
Art. 21. A ofendida deverá ser notificada dos atos pro- que couber, o disposto no caput e nos §§ 5º e 6º do art.
cessuais relativos ao agressor, especialmente dos per- 461 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código
tinentes ao ingresso e à saída da prisão, sem prejuízo de Processo Civil).
da intimação do advogado constituído ou do defensor
público.
Parágrafo único. A ofendida não poderá entregar inti-
mação ou notificação ao agressor . CÓDIGO PENAL BRASILEIRO (ART. 140)

SEÇÃO II
DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA QUE Injúria
OBRIGAM O AGRESSOR
Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade
Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica ou o decoro:
e familiar contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto § 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:
ou separadamente, as seguintes medidas protetivas de I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou
urgência, entre outras: diretamente a injúria;
I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas, II - no caso de retorsão imediata, que consista em ou-
com comunicação ao órgão competente, nos termos tra injúria.
da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003 ; § 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de
II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivên- fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado,
cia com a ofendida; se considerem aviltantes:
III - proibição de determinadas condutas, entre as Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa,
quais: além da pena correspondente à violência.
a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das § 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos
testemunhas, fixando o limite mínimo de distância en- referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a con-
tre estes e o agressor; dição de pessoa idosa ou portadora de deficiência:
b) contato com a ofendida, seus familiares e testemu- Pena - reclusão de um a três anos e multa.
nhas por qualquer meio de comunicação;
c) freqüentação de determinados lugares a fim de pre- O artigo 140 do Código Penal disciplina o crime de
servar a integridade física e psicológica da ofendida; injúria. Para os fins desta disciplina, destaca-se o §3º, cujo
IV - restrição ou suspensão de visitas aos dependentes teor decorre de acréscimo feito pela Lei federal n° 9.459,
menores, ouvida a equipe de atendimento multidisci- de 13 de maio de 1997. É importante que o candidato
plinar ou serviço similar; saiba distinguir os crimes de racismo, previstos na Lei nº
V - prestação de alimentos provisionais ou provisórios. 7.716/1989, do crime de injúria racial, previsto no artigo
VI – comparecimento do agressor a programas de 140, §3º, CP. Destacamos a explicação colocada no pró-
recuperação e reeducação; e (Incluído pela Lei nº prio site do Conselho Nacional de Justiça:
13.984, de 2020) “Embora impliquem possibilidade de incidência da
VII – acompanhamento psicossocial do agressor, por responsabilidade penal, os conceitos jurídicos de injúria
meio de atendimento individual e/ou em grupo de racial e racismo são diferentes. O primeiro está contido
NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

apoio. (Incluído pela Lei nº 13.984, de 2020) no Código Penal brasileiro e o segundo, previsto na Lei n.
§ 1º As medidas referidas neste artigo não impedem a 7.716/1989. Enquanto a injúria racial consiste em ofender
aplicação de outras previstas na legislação em vigor, a honra de alguém valendo-se de elementos referentes
sempre que a segurança da ofendida ou as circunstân- à raça, cor, etnia, religião ou origem, o crime de racismo
cias o exigirem, devendo a providência ser comunica- atinge uma coletividade indeterminada de indivíduos,
da ao Ministério Público. discriminando toda a integralidade de uma raça. Ao con-
§ 2º Na hipótese de aplicação do inciso I, encontran- trário da injúria racial, o crime de racismo é inafiançável e
do-se o agressor nas condições mencionadas no caput imprescritível. A injúria racial está prevista no artigo 140,
e incisos do art. 6º da Lei nº 10.826, de 22 de dezem- parágrafo 3º, do Código Penal, que estabelece a pena de
bro de 2003, o juiz comunicará ao respectivo órgão, reclusão de um a três anos e multa, além da pena corres-
corporação ou instituição as medidas protetivas de ur- pondente à violência, para quem cometê-la. De acordo
gência concedidas e determinará a restrição do porte com o dispositivo, injuriar seria ofender a dignidade ou o
de armas, ficando o superior imediato do agressor res- decoro utilizando elementos de raça, cor, etnia, religião,
ponsável pelo cumprimento da determinação judicial, origem ou condição de pessoa idosa ou portadora de
sob pena de incorrer nos crimes de prevaricação ou de deficiência.

40
Em geral, o crime de injúria está associado ao uso
de palavras depreciativas referentes à raça ou cor com #FicaDica
a intenção de ofender a honra da vítima. Um exemplo
Racismo – conduta discriminatória dirigida
recente de injúria racial ocorreu no episódio em que tor-
a determinado grupo, com base em raça,
cedores do time do Grêmio, de Porto Alegre, insultaram
cor, etnia, origem e religião.
um goleiro de raça negra chamando-o de ‘macaco’ du-
Injúria racial – ofender a honra de alguém
rante o jogo. No caso, o Ministério Público entrou com
com utilização de elementos sobre cor,
uma ação no Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande raça, etnia, origem e religião.
do Sul (TJRS), que aceitou a denúncia por injúria racial,
aplicando, na ocasião, medidas cautelares como o im-
pedimento dos acusados de frequentar estádios. Após
um acordo no Foro Central de Porto Alegre, a ação por
injúria foi suspensa.
Já o crime de racismo, previsto na Lei n. 7.716/1989, EXERCÍCIO COMENTADO
implica conduta discriminatória dirigida a determinado
grupo ou coletividade e, geralmente, refere-se a crimes 1. (SAEB-BA - Técnico de Registro de Comércio - IBFC
mais amplos. Nesses casos, cabe ao Ministério Público - 2015) Considere as disposições do Código Penal Bra-
a legitimidade para processar o ofensor. A lei enqua- sileiro e assinale a alternativa correta sobre o crime de
dra uma série de situações como crime de racismo, por injúria.
exemplo, recusar ou impedir acesso a estabelecimento a) O crime de injúria tem pena base de reclusão, de um a
comercial, impedir o acesso às entradas sociais em edifí- seis anos, ou multa.
cios públicos ou residenciais e elevadores ou às escadas b) O juiz pode deixar de aplicar a pena no caso de retor-
de acesso, negar ou obstar emprego em empresa priva- são imediata, que consista em outra injúria.
da, entre outros. De acordo com o promotor de Justiça c) O juiz não pode deixar de aplicar a pena se o ofendi-
do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territó- do, ainda que de forma reprovável, tenha provocado
rios (TJDFT) Thiago André Pierobom de Ávila, são mais a injúria.
comuns no país os casos enquadrados no artigo 20 da d) Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que,
legislação, que consiste em ‘praticar, induzir ou incitar a por sua natureza ou pelo meio empregado, se con-
discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião siderem aviltantes a pena passa a ser de reclusão de
ou procedência nacional’. três meses a um ano mais multa, excluindo-se a pena
Apologia – Em junho de 2015, por exemplo, a 1ª Tur- correspondente à violência.
ma Criminal do TJDFT manteve uma condenação por e) Se a injúria consiste na utilização de elementos refe-
crime de racismo de um homem que se autodenomina rentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição
‘skinhead’ e que fez apologia ao racismo contra judeus, de pessoa idosa ou portadora de deficiência a pena
negros e nordestinos em página da internet. De acordo passa a ser de detenção de um a três anos e multa.
com os desembargadores, que mantiveram a condena-
ção à unanimidade, ‘o crime de racismo é mais amplo do Resposta: Letra B. Conforme art. 140, § 1º, CP, “o juiz
que o de injúria qualificada, pois visa atingir uma coleti- pode deixar de aplicar a pena: [...] II - no caso de retor-
vidade indeterminada de indivíduos, discriminando toda são imediata, que consista em outra injúria”.
a integralidade de uma raça. No caso, o conjunto pro- A. A pena é de reclusão de um a três anos e multa (art.
batório ampara a condenação do acusado por racismo’. 140, §3º, CP).
Ao contrário da injúria racial, cuja prescrição é de oito C. Conforme artigo 140, § 1º, I, CP, “o juiz pode deixar
anos – antes de transitar em julgado a sentença final –, o de aplicar a pena: I - quando o ofendido, de forma
crime de racismo é inafiançável e imprescritível, confor- reprovável, provocou diretamente a injúria”.
me determina o artigo 5º da Constituição Federal. Apesar D. Não se exclui a pena correspondente à violência.
NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

disso, de acordo com o promotor Pierobom, na prática é E. A pena seria de reclusão (art. 140, §3º, CP).
difícil comprovar o crime quando os vestígios já desapa-
receram e a memória enfraqueceu. O promotor lembra
de um caso em que foi possível reconhecer o crime de LEI FEDERAL Nº 9.455/1997 (COMBATE À
racismo após décadas do ato praticado, o Habeas Corpus TORTURA)
82.424, julgado em 2003 no Supremo Tribunal Federal
(STF), em que a corte manteve a condenação de um livro
publicado com ideias preconceituosas e discriminatórias No Brasil, o uso da tortura - seja como meio de ob-
contra a comunidade judaica, considerando, por exem- tenção de provas através da confissão, seja como forma
plo, que o holocausto não teria existido. A denúncia con- de castigo a prisioneiros - data dos tempos da Colônia.
tra o livro foi feita em 1986 por movimentos populares Legado da Inquisição, a tortura nunca deixou de ser apli-
de combate ao racismo e o STF manteve a condenação cada durante os 322 anos de período colonial e nem
por considerar o crime de racismo imprescritível”3. posteriormente - nos 67 anos do Império e no período
republicano.
3 http://www.cnj.jus.br/noticias/cnj/79571-conheca-a-diferenca-
-entre-racismo-e-injuria-racial

41
Durante os chamados anos de chumbo, assim como desumana ou degradante”.
na ditadura Vargas (período denominado Estado Novo Merece evidência, ainda, o artigo 3º da Declaração:
ou República Nova, em alusão à República Velha, que se “Nenhum Estado poderá tolerar a tortura ou tratos ou
findava), houve a prática sistemática da tortura contra penas cruéis, desumanos ou degradantes. Não poderão
presos políticos - aqueles considerados subversivos, que ser invocadas circunstâncias excepcionais tais como es-
alegadamente ameaçavam a segurança nacional. Duran- tado de guerra ou ameaça de guerra, instabilidade polí-
te o regime militar de 1964, os torturadores brasileiros tica interna ou qualquer outra emergência pública como
eram em sua grande maioria militares das forças arma- justificativa da tortura ou outros tratamentos ou penas
das, em especial do exército. Os principais centros de cruéis, desumanos ou degradantes”. A tortura é uma
tortura no Brasil, nesta época, eram os DOI/CODI, órgãos ofensa tamanha à dignidade da pessoa humana que em
militares de defesa interna. nenhuma hipótese pode ser praticada, suspendendo ou
No final dos anos 1960 e início dos anos 1970, as dita- excetuando as garantias que a envolvem.
Os outros artigos da Declaração tratam dos deve-
duras militares do Brasil e de outros países da América do
res estatais de criminalização e punição da tortura, bem
Sul criaram a chamada Operação Condor, para perseguir,
como de conscientização em treinamento de seus agen-
torturar e eliminar opositores. Receberam o suporte de
tes a respeito de sua vedação e de reparação dos danos
especialistas militares norte-americanos, ligados à CIA,
causados, encerrando com a invalidação de qualquer de-
que ensinaram novas técnicas de tortura para obtenção claração ou confissão proferida nestas condições.
de informações. Em geral, a Convenção mencionada apenas amplia
Com a redemocratização, em 1985, cessou a prática as questões protetivas tratadas na Declaração, merecen-
da tortura com fins políticos. Mas as técnicas foram in- do destaque o seu artigo 1º, que diferente do primeiro
corporadas por muitos policiais, que passaram a aplicá- artigo da Declaração traz uma fórmula genérica para a
-las contra os presos comuns, “suspeitos” ou detentos. finalidade da tortura consistente em qualquer motivo
O artigo V da Declaração de 1948 prevê que “nin- baseado em discriminação de qualquer natureza. Não
guém será submetido à tortura, nem a tratamento ou obstante, exclui as sanções legítimas e lembra que se a
castigo cruel, desumano ou degradante”, previsão repe- lei nacional ou internacional trouxer conceito mais amplo
tida no artigo 7º do Pacto Internacional de Direitos Civis este prevalecerá.
e Políticos e no artigo 5º da Convenção Americana sobre No Brasil, a Constituição de 1988 prevê no artigo 5o, III
os Direitos Humanos. Vale lembrar que a tortura é o clás- que “ninguém será submetido a tortura nem a tratamen-
sico tipo de tratamento cruel. to desumano ou degradante” e considera a prática de
Há uma preocupação especial da comunidade inter- tortura como crime inafiançável e insuscetível de graça
nacional de vedar tais práticas. Neste sentido, na esfera ou anistia (para o STF, a proibição se estende ao indulto).
das Nações Unidas, tem-se a Declaração sobre a Prote- Pela lei infraconstitucional, a tortura é disciplinada
ção de Todas as Pessoas contra a Tortura e Outras Pe- pela Lei no 9.455, de 07 de abril de 1997, que tipifica o
nas ou Tratamentos Cruéis, Desumanos ou Degradantes, crime de tortura em seu artigo 1o, com pena de reclusão
adotada pela Assembleia Geral em 9 de dezembro de de 2 a 8 anos.
1975, e a Convenção contra a Tortura e Outras Penas ou Diferentemente da disciplina internacional, a tortura
Tratamentos Cruéis, Desumanos ou Degradantes, adota- não é ato exclusivamente praticado por funcionário pú-
da pela Assembleia Geral em 10 de dezembro de 1984 e blico ou terceiro particular às suas ordens (seria crime
ratificada pelo Brasil em 28 de setembro de 1989. próprio) e sim ato que pode ser praticado, em regra, por
Na referida Declaração, o artigo 1º traz um conceito qualquer pessoa. Desta feita, o que distinguirá a tortura
de tortura: “1. Sob os efeitos da presente declaração, será de outros tipos penais não será a condição do agente,
entendido por tortura todo ato pelo qual um funcionário mas sim a finalidade do ato ou mesmo a intensidade do
público, ou outra pessoa a seu poder, inflija intencional- sofrimento causado (esse é o critério para distinguir da
mente a uma pessoa penas ou sofrimentos graves, sendo prática de maus-tratos, art. 136, CP).
eles físicos ou mentais, com o fim de obter dela ou de um
terceiro informação ou uma confissão, de castigá-la por
NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

LEI NO 9.455, DE 07 DE ABRIL DE 1997


um ato que tenha cometido ou seja suspeita de que te-
nha cometido, ou de intimidar a essa pessoa ou a outras. Define os crimes de tortura e dá outras providências.
[...]”. No documento o conceito de tortura pode ser assim
subdividido: a) ação, não omissão; b) praticada por fun- Art. 1º Constitui crime de tortura:
cionário público ou alguém sob sua autoridade; c) com I - constranger alguém com emprego de violência
dolo (intenção); d) contra uma pessoa; e) consistente em ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou
penas ou sofrimentos graves, físicos ou mentais; f) visan- mental:
do - obtenção de informação ou confissão, castigo ou a) com o fim de obter informação, declaração ou con-
intimidação. fissão da vítima ou de terceira pessoa;
Pelo mesmo dispositivo, a pena privativa de liberdade Tortura-prova ou tortura-persecutória
que seja aplicada em obediência à lei, ou seja, sem arbi-
trariedade, em respeito aos direitos humanos consagra-
b) para provocar ação ou omissão de natureza
dos nas Regras Mínimas para o Tratamento dos Reclusos,
criminosa;
não é tortura. O que constitui tortura é “[...] uma forma
Tortura para a prática de crime ou tortura-crime
agravada e deliberada de tratamento ou de pena cruel,

42
c) em razão de discriminação racial ou religiosa; Tipo objetivo: tratando-se de conduta omissiva, não
Tortura discriminatória ou tortura-racismo admite tentativa.

Sujeito ativo: crime comum, qualquer pessoa. § 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou
Sujeito passivo: qualquer pessoa. gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos;
Elemento subjetivo: dolo, específico, variando para se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.
cada um dos três tipos.
Tipo objetivo: constranger alguém mediante violência Tortura qualificada
ou grave ameaça, gerando sofrimento físico ou mental, é
conduta plurissubsistente, logo, admite tentativa. Tortura + lesão grave ou gravíssima = reclusão, 4 a 10 anos.
Tortura + morte = reclusão, 8 a 16 anos.
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou auto-
ridade, com emprego de violência ou grave ameaça, Em ambos casos, vai se verificar se o autor da condu-
a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de ta realmente não quis nem assumiu o risco de produzir
aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo. o resultado da lesão grave/gravíssima ou da morte, ou
seja, a lesão grave/gravíssima ou a morte não podem ter
Tortura-castigo sido almejadas pelo autor, se forem, há concurso formal
entre a tortura e a lesão (art. 129, §§ 1o e 2o, CP) ou então
Sujeito ativo: crime próprio, pois a pessoa deve ter homicídio qualificado pela tortura (art. 121, §2o, III, CP).
atributo especial consistente em guarda, poder ou auto-
ridade sobre a outra. § 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:
Sujeito passivo: qualquer pessoa que esteja sob guar- I - se o crime é cometido por agente público;
da, poder ou autoridade de outrem. II – se o crime é cometido contra criança, gestante,
Elemento subjetivo: dolo, específico pois deve ser for- portador de deficiência, adolescente ou maior de 60
ma de castigo pessoal ou medida de caráter preventivo. (sessenta) anos;
Tipo objetivo: a conduta de submeter alguém a vio- III - se o crime é cometido mediante sequestro.
lência ou grave ameaça, intenso sofrimento físico ou Causas de aumento de pena
mental, é plurissubsistente e, como tal, admite tentativa. Se aplicam a todos os tipos anteriores.
Se houver mais de uma causa presente, o juiz apenas
Pena - reclusão, de dois a oito anos. aumenta a pena uma vez, no montante máximo de 1/3.
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa § 5º A condenação acarretará a perda do cargo, fun-
presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento ção ou emprego público e a interdição para seu exer-
físico ou mental, por intermédio da prática de ato não cício pelo dobro do prazo da pena aplicada.
previsto em lei ou não resultante de medida legal.
Tortura de preso ou de pessoa sujeita a medida de segurança Se o sujeito ativo for funcionário público, perderá o
cargo, função ou emprego; se não for, ficará impedido de
Sujeito ativo: crime comum, qualquer pessoa, mas na obtê-lo ou de tentar retornar a cargo diverso, pelo dobro
prática será comumente cometido por quem tenha po- do prazo da pena empregada.
deres no âmbito da detenção, como carcereiro ou agente
prisional, ou da medida de segurança, como enfermeiro. § 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de
Sujeito passivo: apenas pode ser pessoa presa ou su- graça ou anistia.
jeita a medida de segurança.
Elemento subjetivo: dolo. Também é insuscetível de indulto.
Tipo objetivo: submeter a sofrimento físico ou mental
diverso de ato típico previsto em lei ou resultante de me- § 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a
NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

dida legal, que é plurissubsistente, admitindo tentativa. hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em
Evidente que a pena e a medida de segurança tipicamen- regime fechado.
te geram um tipo de sofrimento, não é este abrangido
pela conduta típica. Salvo no caso de omissão para a prática de tortura,
o regime inicial de cumprimento da pena seria fechado.
§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, Entretanto, o STF afastou a obrigatoriedade de início de
quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incor- pena em regime fechado para crimes hediondos e equi-
re na pena de detenção de um a quatro anos. parados (HC 111.840/ES). Caberá ao juiz individualizar a
pena, inclusive quanto ao regime de cumprimento.
Omissão perante a tortura
Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o
Sujeito ativo: pessoa que tivesse autoridade para evi- crime não tenha sido cometido em território nacional,
tar ou apurar as condutas. sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente
Sujeito passivo: qualquer pessoa. em local sob jurisdição brasileira.
Elemento subjetivo: dolo.

43
Trata-se de hipótese de extraterritorialidade incondi- Resposta: Certo. Nos termos do art. 1º, I, “c” da Lei nº
cionada da lei penal. O legislador quis garantir a punição 9.455/97: “Art. 1º Constitui crime de tortura: I – cons-
da prática repulsiva da tortura independentemente da tranger alguém com emprego de violência ou grave
localização da vítima (sendo ela brasileira) ou da nacio- ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: […]
nalidade do agente (estando ele sob jurisdição brasileira). c) em razão de discriminação racial ou religiosa”.

Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. 3. (DEPEN - Agente Penitenciário Federal - Área 3 -
CESPE/2015) Com base na Lei Antitortura e na Lei contra
Art. 4º Revoga-se o art. 233 da Lei nº 8.069, de 13 de Abuso de Autoridade, julgue o item subsequente.
julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente. SITUAÇÃO HIPOTÉTICA: Um servidor público federal, no
exercício de atividade carcerária, colocou em perigo a
Brasília, 7 de abril de 1997; 176º da Independência e saúde física de preso em virtude de excesso na imposi-
109º da República. ção da disciplina, com a mera intenção de aplicar medida
educativa, sem lhe causar sofrimento. ASSERTIVA: Nes-
sa situação, o referido agente responderá pelo crime de
#FicaDica tortura.
– Tortura-prova ou tortura persecutória –
infligida com a finalidade de obter infor- ( ) CERTO   ( ) ERRADO
mação, declaração ou confissão da vítima
ou de terceira pessoa; Resposta: Errado. A Lei nº 9.455/97 prevê em seu art.
– Tortura para a prática de crime ou tortu- 1º, II: “Constitui crime de tortura: [...] II - submeter al-
ra-crime – infligida para provocar ação ou guém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com em-
omissão de natureza criminosa; prego de violência ou grave ameaça, a intenso sofri-
– Tortura discriminatória ou tortura-racis- mento físico ou mental, como forma de aplicar castigo
mo – infligida em razão de discriminação pessoal ou medida de caráter preventivo”. Falta o ele-
racial ou religiosa. mento do sofrimento intenso dolosamente causado.

LEI FEDERAL Nº 2.889/56 (COMBATE AO


EXERCÍCIOS COMENTADOS GENOCÍDIO)

1. (STJ - Analista Judiciário - Judiciária - CESPE/2018) A Lei nº 2.889/56 define e pune o crime de genocídio,
Tendo como referência a legislação penal extravagante cujos principais dispositivos são estudados abaixo:
e a jurisprudência das súmulas dos tribunais superiores,
julgue o item que se segue. Art. 1º Quem, com a intenção de destruir, no todo ou
A condenação pela prática de crime de tortura acarretará em parte, grupo nacional, étnico, racial ou religioso,
a perda do cargo, função ou emprego público e a inter- como tal:
dição para o seu exercício por prazo igual ao da pena
aplicada. O elemento subjetivo é o dolo, que é específico, con-
sistente na intenção de destruir, ou seja, fazer desapare-
( ) CERTO   ( ) ERRADO cer, exterminar, matar, extinguir, eliminar, desfazer, asso-
lar ou devastar, voltada a um todo ou parte de:
Resposta: Errado. Prevê a Lei nº 9.455/97, em seu
artigo 1o, § 5º: “A condenação acarretará a perda do • Grupo nacional - agrupamento de pessoas oriun-
NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

cargo, função ou emprego público e a interdição para das de uma mesma nação. Ex.: espanhóis, portu-
seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada”. gueses, brasileiros.
• Étnico - grupo com traços físicos e mentais seme-
2. (DPU - Defensor Público Federal - CESPE/2015) Em lhantes, com cultura e tradição comuns. Ex.: indíge-
relação aos crimes contra a fé pública, aos crimes contra nas, em seus diversos subgrupos, judeus.
a administração pública, aos crimes de tortura e aos cri- • Raça - grupo de descendentes de uma mesma
mes contra o meio ambiente, julgue o item a seguir. subdivisão da espécie humana determinado por
Caracteriza uma das espécies do crime de tortura a con- traços físicos (cor de pele, estrutura óssea, traços
duta consistente em, com emprego de grave ameaça, semelhantes). Ex.: negros, arianos, escandinavos.
constranger outrem em razão de discriminação racial, • Religioso – grupo com crença religiosa comum. Ex.:
causando-lhe sofrimento mental. católicos, umbandistas.

( ) CERTO   ( ) ERRADO

44
A partir do dolo específico, configuram genocídio as Impedimento ao nascimento
seguintes condutas: Pena – reclusão, de três a dez anos.
Trata-se do que se conhece como genocídio biológi-
a) matar membros do grupo; co, abrangendo atos como esterilização forçada, contro-
b) causar lesão grave à integridade física ou mental de le forçado de natalidade, mutilação dos órgãos sexuais,
membros do grupo; além de, evidentemente, provocação de aborto.
c) submeter intencionalmente o grupo a condições de
existência capazes de ocasionar-lhe a destruição física Transferência forçada de crianças
total ou parcial; Pena – reclusão, de um a três anos.
d) adotar medidas destinadas a impedir os nascimen- Consiste na conduta de transferir a criança do grupo
tos no seio do grupo; ao qual pertence e inseri-la em nova coletividade recep-
e) efetuar a transferência forçada de crianças do gru- tora incompatível com a cultura, o idioma e/ou religião do
po para outro grupo; grupo de origem. Criança, para o Estatuto da Criança e do
Será punido: Adolescente, é o ser humano de até 12 anos incompletos.
Com as penas do art. 121, § 2º, do Código Penal, no
caso da letra a; Art. 2º Associarem-se mais de 3 (três) pessoas para
Com as penas do art. 129, § 2º, no caso da letra b; prática dos crimes mencionados no artigo anterior:
Com as penas do art. 270, no caso da letra c; Pena: Metade da cominada aos crimes ali previstos.
Com as penas do art. 125, no caso da letra d;
Com as penas do art. 148, no caso da letra e; Associação ao genocídio

Homicídio Trata-se de associação para o crime de genocídio,


Pena – reclusão, de doze a trinta anos. respondendo-se pelos dois crimes em concurso material
Entende-se que o tipo abrange tanto a conduta dire- caso também se pratique a conduta do artigo 1o para a
ta, consistente em efetivos atos de assassinato (ex.: dis- qual se associou (as penas serão somadas), ou apenas
paro de armas de fogo, colocação em câmara de gás), pela associação caso não se concretize nem ao menos
quanto a conduta indireta, consistente em destruição da modalidade tentada dos crimes do artigo 1o.
infraestrutura e de outros sistemas vitais para a comuni- Atenção: Entende-se que as penas fixadas na metade
dade (ex.: destruição de plantações das quais a comuni- à cominada do delito configurado, não se aplicam mais,
dade tira a subsistência). havendo derrogação da lei anterior por lei posterior, eis
que a Lei dos Crimes Hediondos (Lei no 8.072/1990) em
Lesão grave seu artigo 8º alterou a forma de punir crimes de asso-
Pena – reclusão, de dois a oito anos. ciação em delitos hediondos, sendo que o genocídio é
Abrange-se tanto o que o Código Penal considera elencado pela Lei de Crimes Hediondos como tal. Assim,
como lesão grave (art. 129, § 1o) quanto o que ele consi- aplica-se a pena de reclusão por 3 a 6 anos para quem se
dera como lesão gravíssima (art. 129, § 2o): “§ 1º Se resul- associar para um crime dessa natureza.
ta: I - incapacidade para as ocupações habituais, por mais
de trinta dias; II - perigo de vida; III - debilidade perma- Art. 3º Incitar, direta e publicamente alguém a come-
nente de membro, sentido ou função; IV - aceleração de ter qualquer dos crimes de que trata o art. 1º:
parto. / § 2° Se resulta: I - incapacidade permanente para Pena: Metade das penas ali cominadas.
o trabalho; II - enfermidade incurável; III - perda ou inuti- § 1º A pena pelo crime de incitação será a mesma de
lização do membro, sentido ou função; IV - deformidade crime incitado, se este se consumar.
permanente; V - aborto”. O tipo pode ser interpretado § 2º A pena será aumentada de 1/3 (um terço), quan-
de forma ampla, indo além destas condutas expressas no do a incitação for cometida pela imprensa.
Código Penal, por exemplo, enquadram-se atos de escra-
NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

vidão, provocação de fome gerando desnutrição. Incitação ao genocídio

Submissão a condição de existência capazes de Trata-se da conduta de incitar outra pessoa a prati-
gerar destruição car algum dos crimes descritos no artigo 1o. Aplica-se a
Pena – reclusão, de dez a quinze anos. metade da pena do crime incitado caso não se consu-
Refere-se à destruição de um povo ou nação pela me o crime para o qual se dirigiu a incitação e a mesma
denominada “morte lenta”, característica das ações de pena do crime incitado caso se consume. Fixa-se causa
extermínios que usualmente se realizam em etapas, por de aumento de 1/3 caso a incitação seja cometida pela
longos períodos, visando causar o mais intenso sofrimen- imprensa.
to possível, atingindo não apenas o indivíduo, mas o gru-
po em si. Enquadra-se no tipo a conduta de deportação, Art. 4º A pena será agravada de 1/3 (um terço), no
perseguição e a detenção individual em guetos ou cam- caso dos arts. 1º, 2º e 3º, quando cometido o crime por
pos de concentração, experimentos médicos cruéis, além governante ou funcionário público.
de outras formas de privação de direitos fundamentais.

45
Fixa-se causa de aumento de pena de 1/3 pela na- são crimes hediondos, não equiparados a hediondos.
tureza do sujeito ativo – se governante ou funcionário
público.
LEI FEDERAL NO 7.437, DE 20 DE DEZEMBRO
Art. 5º Será punida com 2/3 (dois terços) das respec- DE 1985 (LEI CAÓ)
tivas penas a tentativa dos crimes definidos nesta lei.

Como regra, o Código Penal cria causa de diminuição A Lei nº 7.437/85 inclui, entre as contravenções pe-
de pena aos crimes tentados – 1/3 a 2/3 (art. 14, CP). nais a prática de atos resultantes de preconceito de raça,
Aqui, há exceção desta regra, de modo que na tentativa de cor, de sexo ou de estado civil, dando nova redação
dos crimes descritos na lei se aplicará 2/3 da pena que se à Lei nº 1.390, de 3 de julho de 1951 - Lei Afonso Arinos.
aplicaria ao crime consumado. Seus principais dispositivos são estudados abaixo:

Art. 6º Os crimes de que trata esta lei não serão con- Art. 1º. Constitui contravenção, punida nos termos
siderados crimes políticos para efeitos de extradição. desta lei, a prática de atos resultantes de preconceito
de raça, de cor, de sexo ou de estado civil.
A extradição não é possível para crimes políticos, mas
apenas para conexos com políticos. Art. 2º. Será considerado agente de contravenção o
diretor, gerente ou empregado do estabelecimento
que incidir na prática referida no artigo 1º. desta lei.
#FicaDica Das Contravenções
Genocídio significa matar (cídio) em virtude
da condição genética do grupo (gen). Con- Art. 3º. Recusar hospedagem em hotel, pensão, esta-
tudo, há várias formas de cometer geno- lagem ou estabelecimento de mesma finalidade, por
cídio sem ataque a grupo, mas a pessoas preconceito de raça, de cor, de sexo ou de estado civil.
que a ele pertencem. O importante para a Pena - prisão simples, de 3 (três) meses a 1 (um) ano,
caracterização do genocídio é que exista e multa de 3 (três) a 10 (dez) vezes o maior valor de
intenção de destruir total ou parcialmente referência (MVR).
um grupo nacional, étnico, racial ou religioso.
Art. 4º. Recusar a venda de mercadoria em lojas de
qualquer gênero ou o atendimento de clientes em res-
taurantes, bares, confeitarias ou locais semelhantes,
abertos ao público, por preconceito de raça, de cor, de
EXERCÍCIOS COMENTADOS sexo ou de estado civil.
Pena - Prisão simples, de 15 (quinze) dias a 3 (três)
1. (DESENBAHIA - Técnico Escriturário - Adaptada meses, e multa de 1 (uma) a 3 (três) vezes o maior
- INSTITUTO AOCP - 2017) Julgue o item: De acordo valor de referência (MVR).
com a Lei federal nº 2.889/1956 (Lei contra o genocídio),
quem adotar medidas destinadas a impedir os nascimen- Art. 5º. Recusar a entrada de alguém em estabeleci-
tos no seio de grupo nacional, étnico, racial ou religioso mento público, de diversões ou de esporte, por precon-
com o intuito de eliminá-lo será incurso nas penas comi- ceito de raça, de cor, de sexo ou de estado civil.
nadas no art. 121 do Código Penal (homicídio). Pena - Prisão simples, de 15 (quinze dias a 3 (três) me-
ses, e multa de 1 (uma) a 3 (três) vezes o maior valor
( ) CERTO ( ) ERRADO de referência (MVR).
NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

Resposta: “Errado”. A pena aplicável é do homicídio Art. 6º. Recusar a entrada de alguém em qualquer
qualificado (art. 1o, Lei nº 2.889/1956 c/c art. 121, § 2o, tipo de estabelecimento comercial ou de prestação de
CP). serviço, por preconceito de raça, de cor, de sexo ou de
estado civil.
2. (TJ-PA - Titular de Serviços de Notas e de Regis- Pena - prisão simples, de 15 (quinze) dias e 3 (três)
tros - Provimento - Adaptada - IESES - 2016) Julgue o meses, e multa de 1 (uma) a 3 (três) vezes o maior
item: O crime de Genocídio (Lei 2.889/56) é considerado valor de referência (MVR).
equiparado a hediondo.
Art. 7º. Recusar a inscrição de aluno em estabeleci-
( ) CERTO ( ) ERRADO mento de ensino de qualquer curso ou grau, por pre-
conceito de raça, de cor, de sexo ou de estado civil.
Resposta: “Errado”. O parágrafo único do art. 1º da Pena - prisão simples, de 3 (três) meses a 1 (um) ano,
Lei de Crimes Hediondos (Lei no 8.072/1990) prevê o e multa de 1(uma) a três) vezes o maior valor de refe-
genocídio e o porte ou posse ilegal de arma de fogo rência (MVR).

46
Parágrafo único. Se se tratar de estabelecimento ofi- bares, confeitarias ou locais semelhantes, abertos ao
cial de ensino, a pena será a perda do cargo para o público, por preconceito de raça, de cor, de sexo ou de
agente, desde que apurada em inquérito regular. estado civil constitui conduta punível com prisão sim-
Art. 8º. Obstar o acesso de alguém a qualquer cargo ples, de 15 (quinze) dias a 3 (três) meses, e multa de 1
público civil ou militar, por preconceito de raça, de cor, (uma) a 3 (três) vezes o maior valor de referência (MVR).
de sexo ou de estado civil. c) Recusar a entrada de alguém em qualquer tipo de es-
Pena - perda do cargo, depois de apurada a respon- tabelecimento comercial ou de prestação de serviço,
sabilidade em inquérito regular, para o funcionário por preconceito de raça, de cor, de sexo ou de estado
dirigente da repartição de que dependa a inscrição no civil constitui conduta punível com prisão simples, de
concurso de habilitação dos candidatos. 15 (quinze) dias e 3 (três) meses, e multa de 1 (uma) a
3 (três) vezes o maior valor de referência (MVR).
Art. 9º. Negar emprego ou trabalho a alguém em au- d) Recusar a entrada de alguém em estabelecimento pú-
tarquia, sociedade de economia mista, empresa con- blico, de diversões ou de esporte, por preconceito de
cessionária de serviço público ou empresa privada, por raça, de cor, de sexo ou de estado civil constitui con-
preconceito de raça, de cor, de sexo ou de estado civil. duta punível com prisão simples, de 30 (trinta) dias a
Pena - prisão simples, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, 6 (seis) meses, e multa de 1 (uma) a 3 (três) vezes o
e multa de 1 (uma) a 3 (três) vezes o maior valor de maior valor de referência (MVR).
referência (MVR), no caso de empresa privada; perda
do cargo para o responsável pela recusa, no caso de Resposta: Letra D. Prevê a Lei nº 7.437/85: “Art. 5º.
autarquia, sociedade de economia mista e empresa Recusar a entrada de alguém em estabelecimento pú-
concessionária de serviço público. blico, de diversões ou de esporte, por preconceito de
raça, de cor, de sexo ou de estado civil. Pena - Prisão
Art. 10. Nos casos de reincidência havidos em esta- simples, de 15 (quinze) dias a 3 (três) meses, e multa
belecimentos particulares, poderá o juiz determinar a de 1 (uma) a 3 (três) vezes o maior valor de referência
pena adicional de suspensão do funcionamento, por (MVR)”. O erro da assertiva está na pena prevista.
prazo não superior a 3 (três) meses. A. Em consonância com o artigo 3o da Lei nº 7.437/85.
B. Em consonância com o artigo 4o da Lei nº 7.437/85.
C. Em consonância com o artigo 6o da Lei nº 7.437/85.
#FicaDica
Antes de serem criminalizadas por meio
da Lei nº 7.716/89, as práticas resultantes LEI ESTADUAL NO 10.549 DE 28 DE
do preconceito eram tidas como contra- DEZEMBRO DE 2006 (CRIA A SECRETARIA
venção penal, conforme disposto na Lei nº DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL);
7.437/85. A norma, anterior à Constituição, ALTERADA PELA LEI ESTADUAL NO
deu nova redação à Lei Afonso Arinos, que 12.212/2011
tratava como contravenção penal a discri-
minação racial. A Lei estadual nº 10.549/06 modifica a estrutura orga-
nizacional da Administração Pública do Poder Executivo
Estadual e dá outras providências. Notadamente quanto
ao conteúdo cobrado neste edital, a referida lei cria a Se-
EXERCÍCIO COMENTADO cretaria de Promoção da Igualdade – SEPROMI, a qual se
volta de forma especial à promoção da igualdade racial
1. (EMBASA - Analista de Saneamento - Enfermeiro e de gênero.
do Trabalho - IBFC - 2015) Assinale a alternativa IN- A Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Huma-
NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

CORRETA considerando as disposições da lei federal n° nos – SJCDH teve parte de seus cargos transferidos e à
7.437, de 20/12/1985, que inclui, entre as contravenções Secretaria de Promoção da Igualdade – SEPROMI, nota-
penais a prática de atos resultantes de preconceito de damente nos aspectos da igualdade racial (Conselho de
raça, de cor, de sexo ou de estado civil, dando nova re- Desenvolvimento da Comunidade Negra) e de gênero
dação à Lei n° 1.390, de 3 de julho de 1951 - Lei Afonso (Conselho de Defesa dos Direitos da Mulher).
Arinos. A SEPROMI conta com uma Diretoria de Adminis-
tração e Finanças. Sua finalidade é planejar e executar
a) Recusar hospedagem em hotel, pensão, estalagem ou políticas de promoção da igualdade racial e proteção
estabelecimento de mesma finalidade, por preconcei- dos direitos de indivíduos e grupos étnicos atingidos
to de raça, de cor, de sexo ou de estado civil constitui pela discriminação e demais formas de intolerância, bem
conduta punível com prisão simples, de 3 (três) meses como planejar e executar as políticas públicas de caráter
a 1 (um) ano, e multa de 3 (três) a 10 (dez) vezes o transversal para as mulheres.
maior valor de referência (MVR).
b) Recusar a venda de mercadoria em lojas de qualquer Art. 3º - Ficam criadas as seguintes Secretarias:
gênero ou o atendimento de clientes em restaurantes, [...]

47
II - Secretaria de Promoção da Igualdade - SEPROMI; dos direitos de indivíduos e grupos raciais e étnicos,
[...] afetados por discriminação racial e demais formas de
intolerância.
Art. 4º - Ficam transferidas as seguintes atividades, § 4º - Fica acrescida à composição do Conselho de
funções, fundos, órgãos e entidades: [...] Desenvolvimento da Comunidade Negra e do Con-
selho Estadual de Defesa dos Diretos da Mulher, de
VI - da Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Hu- que tratam as alíneas “a” e “b” do art. 17 da Lei nº
manos - SJCDH, para a Secretaria de Promoção da 4.697/87, a representação da Secretaria de Promoção
Igualdade - SEPROMI: da Igualdade - SEPROMI.
a) o Conselho de Desenvolvimento da Comunidade
Negra; #FicaDica
b) o Conselho de Defesa dos Direitos da Mulher; [...]
Estrutura da SEPROMI:
Art. 5º - As estruturas básicas da Secretaria de Rela- Órgãos Colegiados: Conselho de Desenvol-
ções Institucionais - SERIN, da Secretaria de Promoção vimento da Comunidade Negra e Conselho
da Igualdade - SEPROMI e da Secretaria de Desenvol- Estadual de Defesa dos Direitos da Mulher
vimento e Integração Regional - SEDIR, não conterão (ambos transferidos da SJCDH).
a Diretoria Geral prevista no art. 2º da Lei 7.435/98. Órgãos da Administração Direta: Gabinete
do Secretário, Diretoria de Administração
Parágrafo único - Fica criada a Diretoria de Adminis-
e Finanças, Superintendência de Políticas
tração e Finanças em cada uma das Secretarias refe-
para as Mulheres, Superintendência de
ridas neste artigo e no Gabinete do Governador, tendo
Promoção da Igualdade Racial.
por finalidade o planejamento e coordenação das ati-
vidades de programação, orçamentação, acompanha-
mento, avaliação, estudos e análises, administração
financeira e de contabilidade, material, patrimônio,
serviços, recursos humanos, modernização adminis- LEI FEDERAL NO 10.678 DE 23 DE MAIO DE
trativa e informática. 2003 (CRIA A SECRETARIA DE POLÍTICAS
DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL DA
Art. 7º - A Secretaria de Promoção da Igualdade - PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA)
SEPROMI tem por finalidade planejar e executar polí-
ticas de promoção da igualdade racial e proteção dos
direitos de indivíduos e grupos étnicos atingidos pela A Lei nº 10.678/2003 cria a Secretaria Especial de Po-
discriminação e demais formas de intolerância, bem líticas de Promoção da Igualdade Racial, da Presidência
assim, planejar e executar as políticas públicas de ca- da República, e dá outras providências, contando com o
ráter transversal para as mulheres. seguinte teor:
§ 1º - A Secretaria de Promoção à Igualdade - SEPRO-
MI tem a seguinte estrutura básica: Art. 1º Fica criada, como órgão de assessoramento
I - Órgãos Colegiados: imediato ao Presidente da República, a Secretaria Es-
a) Conselho de Desenvolvimento da Comunidade Ne- pecial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial.
gra;
b) Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Mu- Art. 2º. (Revogado pela Lei nº 12.314, de 2010).
lher;
II - Órgãos da Administração Direta: Art. 3º O CNPIR será presidido pelo titular da Secre-
a) Gabinete do Secretário; taria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade
b) Diretoria de Administração e Finanças; Racial, da Presidência da República, e terá a sua com-
NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

c) Superintendência de Políticas para as Mulheres; posição, competências e funcionamento estabelecidos


d) Superintendência de Promoção da Igualdade Ra- em ato do Poder Executivo, a ser editado até 31 de
cial. agosto de 2003.
§ 2º - A Superintendência de Políticas para as Mu- Parágrafo único. A Secretaria Especial de Políticas de
lheres tem por finalidade orientar, apoiar, coordenar, Promoção da Igualdade Racial, da Presidência da Re-
acompanhar, controlar e executar programas e ati- pública, constituirá, no prazo de noventa dias, contado
vidades voltadas à implementação de políticas para da publicação desta Lei, grupo de trabalho integrado
as mulheres, implementar ações afirmativas e definir por representantes da Secretaria Especial e da socie-
ações públicas de promoção da igualdade entre ho- dade civil, para elaborar proposta de regulamentação
mens e mulheres e de combate à discriminação. do CNPIR, a ser submetida ao Presidente da República.
§ 3º - A Superintendência de Promoção da Igualdade
Racial tem por finalidade orientar, apoiar, coordenar, Art. 4º Fica criado, na Secretaria Especial de Políticas
acompanhar, controlar e executar programas e ativi- de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da
dades voltadas à implementação de políticas e dire- República, 1(um) cargo de Secretário-Adjunto, código
trizes para a promoção da igualdade e da proteção DAS 101.6.

48
Racial, a Secretaria Nacional de Políticas para as Mulhe-
Art. 4º-A. Fica transformado o cargo de Secretário Es- res e o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher. Segue
pecial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial abaixo o teor:
no cargo de Ministro de Estado Chefe da Secretaria Es- Art. 19. Os Ministérios são os seguintes:
pecial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial.
[...]
Adiante, a Lei nº 13.341/16 alterou a estrutura do Po-
der Executivo Federal e realocou temáticas de raça e XII - da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos;
gênero para o Ministério da Justiça e cidadania.
Art. 44. Integram a estrutura básica do Ministério da
Art. 1º Ficam extintos: Mulher, da Família e dos Direitos Humanos:
VI - o Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial, da I - Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres;
Juventude e dos Direitos Humanos; II - Secretaria Nacional da Família;
III - Secretaria Nacional dos Direitos da Criança e do
Art. 4º Ficam extintos os cargos de: Adolescente;
VII - Ministro de Estado das Mulheres, da Igualdade IV - Secretaria Nacional da Juventude;
Racial, da Juventude e dos Direitos Humanos; V - Secretaria Nacional de Proteção Global;
XII - Secretário-Executivo do Ministério das Mulheres, VI - Secretaria Nacional de Políticas de Promoção da
da Igualdade Racial, da Juventude e dos Direitos Hu- Igualdade Racial;
manos; VII - Secretaria Nacional dos Direitos da Pessoa com
Deficiência;
Art. 6º Ficam transferidas as competências: VIII - Secretaria Nacional de Promoção e Defesa dos
IV - do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial, Direitos da Pessoa Idosa;
da Juventude e dos Direitos Humanos para o Ministé- IX - o Conselho Nacional de Promoção da Igualdade
rio da Justiça e Cidadania, ressalvadas as competên- Racial;
cias sobre políticas para a juventude; X - o Conselho Nacional dos Direitos Humanos;
XI - o Conselho Nacional de Combate à Discrimina-
Art. 7º Ficam transferidos os órgãos e as entidades ção;
supervisionadas, no âmbito: XII - o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do
IV - do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial, Adolescente;
da Juventude e dos Direitos Humanos para o Minis- XIII - o Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com
tério da Justiça e Cidadania, ressalvados aqueles com Deficiência;
competências relativas a políticas para a juventude; XIV - o Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Ido-
sa;
Art. 8º Ficam transformados os cargos de: XV - o Comitê Nacional de Prevenção e Combate à
XVII - Natureza Especial de Secretário Especial de Di- Tortura;
reitos Humanos do Ministério das Mulheres, da Igual- XVI - o Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate
dade Racial, da Juventude e dos Direitos Humanos em à Tortura;
cargo de Natureza Especial de Secretário Especial de XVII - o Conselho Nacional dos Povos e Comunidades
Direitos Humanos do Ministério da Justiça e Cidada- Tradicionais;
nia; XVIII - o Conselho Nacional de Política Indigenista;
XVIII - Natureza Especial de Secretário Especial de Po- XIX - o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher; e
líticas de Promoção da Igualdade Racial do Ministério XX - o Conselho Nacional da Juventude.
das Mulheres, da Igualdade Racial, da Juventude e dos
Direitos Humanos em cargo de Natureza Especial de
NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

Secretário Especial de Políticas de Promoção da Igual- #FicaDica


dade Racial do Ministério da Justiça e Cidadania; Atualmente, questões relacionadas à igual-
XIX - Natureza Especial de Secretário Especial de Po- dade de gênero e racial são abordadas no
líticas para as Mulheres do Ministério das Mulheres, âmbito do Ministério da Mulher, da Família
da Igualdade Racial, da Juventude e dos Direitos Hu- e dos Direitos Humanos.
manos em cargo de Natureza Especial de Secretário
Especial de Políticas para as Mulheres do Ministério da
Justiça e Cidadania; e

Em 2019, com a mudança no governo federal, foi


editada a medida provisória nº 870, de 01 de janeiro de
2019. Nela, instituiu-se o Ministério da Mulher, da Famí-
lia e dos Direitos Humanos, do qual fazem parte: a Se-
cretaria Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade
Racial, o Conselho Nacional de Promoção da Igualdade

49
tunidades de emprego para atores, figurantes e técnicos
negros, sendo vedada toda e qualquer discriminação de
HORA DE PRATICAR! natureza política, ideológica, étnica ou artística.
e) o poder público garantirá a implementação de po-
1. (AL-GO - PROCURADOR - CS-UFG - 2015) Confor- líticas públicas para assegurar o direito à moradia
me consta do art. 4º da Constituição Federal, a República adequada da população negra que vive em favelas,
Federativa do Brasil rege-se, nas suas relações interna- cortiços, áreas urbanas subutilizadas, degradadas ou
cionais, pelos seguintes princípios: em processo de degradação, a fim de reintegrá-las à
dinâmica urbana e promover melhorias no ambiente e
a) soberania, solução pacífica dos conflitos e prevalência na qualidade de vida.
dos direitos humanos.
b) autodeterminação dos povos, não intervenção e digni- 4. (SPGG - RS - ANALISTA DE PLANEJAMENTO, OR-
dade da pessoa humana. ÇAMENTO E GESTÃO - FUNDATEC - 2018) De acordo
c) repúdio ao terrorismo e ao racismo e concessão de com a Lei nº 12.288/2010 (Estatuto da Igualdade Racial),
asilo político e independência nacional. “toda situação injustificada de diferenciação de acesso
d) igualdade entre os Estados, cidadania e defesa da paz. e fruição de bens, serviços e oportunidades, nas esferas
pública e privada, em virtude de raça, cor, descendência
2. (PGE-BA - ANALISTA DE PROCURADORIA - ÁREA ou origem nacional ou étnica” corresponde ao conceito
DE APOIO ADMINISTRATIVO - FCC - 2013) Nos ter- de:
mos da Constituição do Estado da Bahia, é correto afir-
mar: a) discriminação racial.
b) desigualdade racial.
a) é responsabilidade do Estado estabelecer política de c) desigualdade de gênero.
combate e prevenção à violência contra a mulher ne- d) discriminação social.
gra, crianças, idosos e outros grupos socialmente vul- e) desigualdade social.
neráveis.
b) a sociedade baiana é cultural e historicamente marca- 5. (PC-PR - ESCRIVÃO DE POLÍCIA - COPS-UEL -
da pela presença da comunidade afro-brasileira vítima 2018) Assinale a alternativa que apresenta, corretamen-
do racismo como forma de exclusão social. te, a pena para quem, por motivo de práticas resultantes
c) o Estado da Bahia não pode manter relações interna- do preconceito de origem nacional, impede a ascensão
cionais com países que mantenham política oficial de funcional de empregado:
discriminação racial.
d) a rede estadual de ensino e os cursos de formação a) reclusão de 1 a 2 anos.
e aperfeiçoamento do servidor público incluirão em b) reclusão de 2 a 5 anos.
seus programas disciplina que valorize a participação c) detenção de 1 a 2 anos.
do negro na formação histórica da sociedade brasi- d) detenção de 2 a 4 anos.
leira. e) detenção de 1 a 5 anos.
e) é dever da sociedade baiana integrar os povos indí-
genas à sua cultura, não prejudicar o ecossistema das 6. (PC-GO - DELEGADO DE POLÍCIA - UEG - 2018)
terras indígenas originárias e reconhecer as lideranças Dispõe a Lei n. 7.716/1989, que define os crimes resul-
indicadas pela Fundação Nacional do Índio - FUNAI. tantes de preconceito de raça ou de cor, que ficará sujei-
to às penas de multa e de prestação de serviços à comu-
3. (AGU - ADMINISTRADOR - IDECAN - 2019) A res- nidade, incluindo atividades de promoção da igualdade
peito do Estatuto da Igualdade Racial, assinale a afirma- racial, quem:
tiva incorreta:
NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

a) exigir aspectos de aparência próprios de raça ou etnia


a) as entidades da Administração Pública Federal, exceto para emprego cujas atividades não justifiquem essas
as empresas públicas e sociedades de economia mis- exigências, em anúncios ou qualquer outra forma de
ta, deverão incluir cláusulas de participação de artistas recrutamento de trabalhadores.
negros nos contratos de realização de filmes, progra- b) recusar ou impedir acesso a estabelecimento comer-
mas ou quaisquer outras peças de caráter publicitário. cial, negando-se a servir, atender ou receber cliente
b) o poder público promoverá campanhas de sensibiliza- ou comprador.
ção contra a marginalização da mulher negra no tra- c) recusar, negar ou impedir a inscrição ou ingresso de
balho artístico e cultural. aluno em estabelecimento de ensino público ou pri-
c) a produção veiculada pelos órgãos de comunicação vado de qualquer grau.
valorizará a herança cultural e a participação da popu- d) impedir o acesso ou recusar atendimento em restau-
lação negra na história do País. rantes, bares, confeitarias, ou locais semelhantes aber-
d) na produção de filmes e programas destinados à veicu- tos ao público.
lação pelas emissoras de televisão e em salas cinemato- e) impedir a ascensão funcional do empregado ou obstar
gráficas, deverá ser adotada a prática de conferir opor- outra forma de benefício profissional, por motivo de

50
discriminação de raça ou de cor ou práticas resultan-
tes do preconceito de descendência ou origem nacio-
nal ou étnica. GABARITO

7. (TJ-RS - OFICIAL ESCREVENTE - FAURGS - 2013) 1 C


Acerca da Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006), assi- 2 D
nale a afirmativa correta: 3 A
4 B
a) as medidas protetivas de urgência poderão ser con- 5 B
cedidas de imediato pelo Juiz, desde que haja prévia 6 A
manifestação do Ministério Público. 7 D
b) as medidas protetivas deferidas, em sede de cognição
sumária, impõem à vítima o dever de representar cri-
minalmente no prazo decadencial de 6 (seis) meses,
sob pena de revogação das medidas.
c) enquanto não estruturados os Juizados de Violência
Doméstica e Familiar contra a Mulher, as Varas Cíveis
acumularão as competências cível e criminal para co-
nhecer e julgar as causas decorrentes da prática de
violência doméstica e familiar contra a mulher.
d) é garantido a toda mulher em situação de violência
doméstica e familiar o acesso aos serviços de Defen-
soria Pública ou de Assistência Judiciária Gratuita, nos
termos da lei, em sede policial e judicial.
e) o Juiz não poderá decretar outras medidas protetivas
para a mulher que não estejam previstas na lei.

NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

51
ANOTAÇÕES

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NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

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52
ÍNDICE

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Constituição. Conceito, classificações, princípios fundamentais.......................................................................................................... 01


Direitos e garantias fundamentais. Direitos e deveres individuais e coletivos, direitos sociais, nacionalidade,
cidadania, direitos políticos, partidos políticos........................................................................................................................................... 01
Organização político-administrativa. União, estados, Distrito Federal, municípios e territórios. Administração
pública. Disposições gerais, servidores públicos........................................................................................................................................ 07
Poder Legislativo: composição.......................................................................................................................................................................... 16
Poder Executivo: forma e sistema de governo; chefia de Estado e chefia de Governo.............................................................. 21
Defesa do Estado e das instituições democráticas: segurança pública; organização da segurança pública..................... 23
Poder judiciário: disposições gerais. Anistia e Indulto: generalidades e competência............................................................... 28
Proteção contra despedida arbitrária ou sem justa
CONSTITUIÇÃO. CONCEITO, causa:
CLASSIFICAÇÕES, PRINCÍPIOS
FUNDAMENTAIS I - relação de emprego protegida contra despedida
arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei com-
plementar, que preverá indenização compensatória,
Prezado candidato, o tópico acima já foi abordado dentre outros direitos;
em NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO.
Seguro-Desemprego:
DIREITOS E GARANTIAS
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego
FUNDAMENTAIS. DIREITOS E DEVERES
involuntário;
INDIVIDUAIS E COLETIVOS, DIREITOS
SOCIAIS, NACIONALIDADE, CIDADANIA, Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS):
DIREITOS POLÍTICOS, PARTIDOS
POLÍTICOS III - fundo de garantia do tempo de serviço;

Salário mínimo:
Prezado candidato, sobre Direitos e garantias fun-
damentais. Direitos e deveres individuais e coletivos, IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente uni-
já foram abordados em NOÇÕES DE IGUALDADE RA- ficado, capaz de atender a suas necessidades vitais bá-
CIAL E DE GÊNERO. Confira a seguir sobre direitos sicas e às de sua família com moradia, alimentação,
sociais, nacionalidade, cidadania, direitos políticos, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte
partidos políticos. e previdência social, com reajustes periódicos que lhe
preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vin-
DIREITOS SOCIAIS culação para qualquer fim;

Os chamados direitos sociais são aqueles que visam Piso salarial:


garantir qualidade de vida ou pelo menos, a melhoria de
suas condições através do bem-estar social e o pleno de- V - piso salarial proporcional à extensão e à comple-
xidade do trabalho;
senvolvimento da personalidade. São meios de se aten-
der ao princípio basilar da dignidade humana.
Irredutibilidadade do salário:
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a ali- VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em
mentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, convenção ou acordo coletivo;
a segurança, a previdência social, a proteção à ma-
ternidade e à infância, a assistência aos desampara- Proteção aos que percebem remuneração variável:
dos, na forma desta Constituição (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 90, de 2015). VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo,
para os que percebem remuneração variável;
Do direito ao trabalho
Décimo Terceiro Salário ou Gratificação Natalina:
Os direitos relativos aos trabalhadores podem ser de
duas ordens: VIII - décimo terceiro salário com base na remunera-
ção integral ou no valor da aposentadoria;
• Direitos individuais, previstos no art. 7º, CF;
Remuneração superior por trabalho noturno:
• Direitos coletivos dos trabalhadores, previstos nos
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

arts. 9º a 11, CF. IX - remuneração do trabalho noturno superior à do


diurno;
Os direitos individuais dos trabalhadores são aque-
les destinados a proteger a relação de trabalho contra Proteção do salário contra retenção dolosa:
uma profunda desigualdade, que resultaria da não-ob-
servância de preceitos mínimos destinados a compati- X - proteção do salário na forma da lei, constituindo
bilizar a função laboral com a dignidade e o bem-estar crime sua retenção dolosa;
do trabalhador, este, parte hipossuficiente da relação
trabalhista. Participação nos lucros:

Art. º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, XI - participação nos lucros, ou resultados, desvincu-
além de outros que visem à melhoria de sua condição lada da remuneração, e, excepcionalmente, participa-
ção na gestão da empresa, conforme definido em lei;
social:

1
Salário-família: Adicional por atividades penosas, insalubres ou
perigosas:
XII - salário-família pago em razão do dependente do
trabalhador de baixa renda nos termos da lei; (Reda- XXIII - adicional de remuneração para as atividades
ção dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998). penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei;

Jornada de Trabalho: Aposentadoria:

XXIV - aposentadoria;
XIII - duração do trabalho normal não superior a oito
horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada Assistência aos filhos pequenos:
a compensação de horários e a redução da jornada,
mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho; XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes
(Vide Decreto-Lei nº 5.452, de 1943). desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em
creches e pré-escolas; (Redação dada pela Emenda
Jornada especial para turnos ininterruptos de Constitucional nº 53, de 2006).
revezamento:
Reconhecimento das convenções e acordos coleti-
XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado vos de trabalho:
em turnos ininterruptos de revezamento, salvo nego-
ciação coletiva; XXVI - reconhecimento das convenções e acordos co-
letivos de trabalho;
Repouso (ou descanso) semanal remunerado
(DSR): Proteção em face da automação:

XXVII - proteção em face da automação, na forma da


XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente lei;
aos domingos;
Seguro contra acidentes de trabalho:
Pagamentos de horas extras:
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo
XVI - remuneração do serviço extraordinário supe- do empregador, sem excluir a indenização a que este
rior, no mínimo, em cinqüenta por cento à do normal; está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;
(Vide Del 5.452, art. 59 § 1º).
Ação trabalhista nos prazos prescricionais:
Férias remuneradas:
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das re-
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo lações de trabalho, com prazo prescricional de cinco
menos, um terço a mais do que o salário normal; anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o li-
mite de dois anos após a extinção do contrato de tra-
balho; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
Licença à gestante:
28, de 2000).
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e Não discriminação:
do salário, com a duração de cento e vinte dias;
XXX - proibição de diferença de salários, de exercício
Licença-paternidade: de funções e de critério de admissão por motivo de
sexo, idade, cor ou estado civil;
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei; XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante
a salário e critérios de admissão do trabalhador porta-
Proteção da mulher no mercado de trabalho: dor de deficiência;
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, me- Proibição de distinção do trabalho:


diante incentivos específicos, nos termos da lei;
XXXII - proibição de distinção entre trabalho ma-
Aviso Prévio: nual, técnico e intelectual ou entre os profissionais
respectivos;
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço,
Trabalho do menor:
sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei;
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou
Redução dos riscos do trabalho: insalubre a menores de dezoito e de qualquer traba-
lho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por aprendiz, a partir de quatorze anos; (Redação dada
meio de normas de saúde, higiene e segurança; pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998).

2
DA NACIONALIDADE
De 14 a 16 Só pode trabalhar na condição de
anos aprendiz. A nacionalidade é a condição de sujeito natural do
Estado, que pode participar dos atos pertinentes à nação.
De 16 a 18 É vedado o exercício de trabalho A atribuição da nacionalidade se dá por dois critérios:
anos noturno, perigoso ou insalubre. Jus solis: será brasileiro todo aquele nascido em ter-
ritório nacional;
A partir de 18 Jus sanguinis: será brasileiro todo filho de nacional,
Trabalho normal. mesmo nascido no exterior.
anos
O Brasil adota, em regra, o critério do jus solis, mitiga-
do por critérios do jus sanguinis. O art. 12 da Constitui-
Igualdade ao trabalhador avulso:
ção Federal elenca os direitos da nacionalidade, dividin-
do os brasileiros em dois grandes grupos: os brasileiros
XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com
natos e os naturalizados.
vínculo empregatício permanente e o trabalhador
avulso Art. 12. São brasileiros:
I - natos:
Empregados domésticos: a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda
que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos tra- a serviço de seu país;
balhadores domésticos os direitos previstos nos incisos b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe
IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da
XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condi- República Federativa do Brasil;
ções estabelecidas em lei e observada a simplificação c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de
do cumprimento das obrigações tributárias, principais mãe brasileira, desde que sejam registrados em re-
e acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas partição brasileira competente ou venham a residir
peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, na República Federativa do Brasil e optem, em qual-
XXV e XXVIII, bem como a sua integração à previdên- quer tempo, depois de atingida a maioridade, pela
cia social (Redação dada pela Emenda Constitucional nacionalidade brasileira; (Redação dada pela Emenda
nº 72, de 2013). Constitucional nº 54, de 2007).
II - naturalizados:
Os Direitos Coletivos dos Trabalhadores “são aque- a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade
les exercidos pelos trabalhadores, coletivamente ou no brasileira, exigidas aos originários de países de língua
interesse de uma coletividade” (LENZA, 2019, p. 2038) e portuguesa apenas residência por um ano ininterrup-
compreendem: to e idoneidade moral;
Liberdade de Associação Profissional Sindical: b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residen-
tes na República Federativa do Brasil há mais de quin-
prerrogativa dos trabalhadores para defesa de seus inte-
ze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde
resses profissionais e econômicos.
que requeiram a nacionalidade brasileira (Redação
Direito de Greve: direito de abstenção coletiva e si-
dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de
multânea do trabalho, de modo organizado para defesa
1994).
de interesses dos trabalhadores. Importante mencionar
que serviços considerados essenciais e inadiáveis à so- Cargos privativos do brasileiro nato:
ciedade não podem ser paralisados totalmente para o
exercício do direito de greve. Ademais, o STF (2017) en- § 3º São privativos de brasileiro nato os cargos:
tende que servidores que atuam diretamente na área de I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
segurança pública não podem entrar em greve em ne- II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

nhuma hipótese, por desempenharem atividade essen- III - de Presidente do Senado Federal;
cial à manutenção da ordem pública, e a manutenção da IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
segurança e da paz social deve estar acima dos interesses V - da carreira diplomática;
de determinadas categorias de servidores públicos. VI - de oficial das Forças Armadas.
Direito de Participação Laboral: assegura a partici- VII - de Ministro de Estado da Defesa (Incluído pela
pação dos trabalhadores e empregadores nos colegiados Emenda Constitucional nº 23, de 1999).
dos órgãos públicos em que interesses profissionais ou
previdenciários sejam objeto de discussão. Naturalização
Direito de Representação na Empresa: Nos termos
do art. 11, CF: nas empresas de mais de duzentos em- A naturalização é um meio derivado de aquisição da
pregados, é assegurada a eleição de um representante nacionalidade. É o modo de aquisição secundária da na-
destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes o cionalidade brasileira, permitida ao estrangeiro ou apá-
entendimento direto com os empregadores. trida que preencher os requisitos.

3
Também chamado de heimatlos, o apátrida é aquele A deportação será aplicada nas hipóteses de entrada
que não possui nenhuma nacionalidade, já o polipátrida ou estada irregular de estrangeiros no território nacional
é aquele que tem mais de uma nacionalidade. e a repatriação ocorre quando o clandestino é impedi-
A Lei nº 13.445/2017, que institui a Lei de Migração do de ingressar em território nacional pela fiscalização
trata de diversas questões acerca da nacionalidade e do fronteiriça e aeroportuária brasileira. A expulsão consis-
processo de naturalização. te em medida administrativa de retirada compulsória de
É vedada a diferenciação arbitrária entre brasileiros migrante ou visitante do território nacional, conjugada
natos e naturalizados. com o impedimento de reingresso por prazo determi-
nado, configurado pela prática de crimes em território
§ 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre brasi- brasileiro.
leiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos O banimento, que é a entrega de um brasileiro para
nesta Constituição. julgamento no exterior, prática comum na época da dita-
dura militar, é vedado pela Constituição.
Portugueses:
Idioma e símbolos nacionais:
Aos portugueses com residência permanente no país
serão atribuídos os mesmos direitos dos brasileiros, des- Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da Re-
de que haja reciprocidade. pública Federativa do Brasil.
§ 1º São símbolos da República Federativa do Brasil a
Art. 12 bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais.
§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios po-
§ 1º Aos portugueses com residência permanente no derão ter símbolos próprios.
País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros,
serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, DIREITOS POLÍTICOS
salvo os casos previstos nesta Constituição (Redação
dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de Os Direitos Políticos são medidas assecuratórias da
1994). participação do indivíduo na vida política e estrutural de
seu próprio Estado, garantindo-lhe a possibilidade de
Perda da Nacionalidade: acesso à condução da coisa pública e participação na
vida política. Abrangem o poder que qualquer cidadão
§ 4º Será declarada a perda da nacionalidade do bra- tem na condução dos destinos de sua coletividade, de
sileiro que: uma forma direta ou indireta, ou seja, sendo eleito ou
I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença elegendo representantes junto aos poderes públicos.
judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse
nacional; Cidadania e Nacionalidade:
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:(Re-
dação dada pela Emenda Constitucional de Revisão Nacional é diferente de cidadão. A condição de nacio-
nº 3, de 1994). nal é um pressuposto para a de cidadão. A cidadania em
a) de reconhecimento de nacionalidade originária sentido estrito é o status de nacional acrescido dos direi-
pela lei estrangeira; (Incluído pela Emenda Constitu- tos políticos, isto é, poder participar do processo gover-
cional de Revisão nº 3, de 1994). namental, sobretudo pelo voto. Assim, a nacionalidade
b) de imposição de naturalização, pela norma estran- é condição necessária, mas não suficiente da cidadania.
geira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro,
como condição para permanência em seu território ou Democracia Semidireta:
para o exercício de direitos civis; (Incluído pela Emen-
da Constitucional de Revisão nº 3, de 1994). Nos termos do art. 14 da Constituição Federal a sobe-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

rania popular é exercida pelo sufrágio universal, direto e


Extradição, repatriação, deportação e expulsão secreto, com valor igual para todos. Ademais, estabelece
também os instrumentos de participação semidireta pelo
Todas essas medidas são instrumentos do Estado so- povo.
berano para enviar uma pessoa que se encontra refugia-
da em seu território a outro Estado estrangeiro. Plebiscito: manifestação popular do eleitorado deci-
de acerca de uma determinada questão. Assim, em ter-
Segundo o Ministério da Justiça (2020), a extradição mos práticos, é feita uma pergunta à qual responde o
é um ato de cooperação internacional que consiste na eleitor. É uma consulta prévia à elaboração da lei.
entrega de uma pessoa, acusada ou condenada por um
ou mais crimes, ao país que a reclama. Não haverá extra- Referendo: manifestação popular, em que o eleitor
dição de brasileiro nato. Também não será concedida ex- aprova ou rejeita uma atitude governamental, normal-
tradição de estrangeiro por crime político ou de opinião. mente uma lei ou projeto de lei já existente.

4
Iniciativa Popular: é o direito de uma parcela da po- para exercício de mandato considerada vida pregres-
pulação (1% do eleitorado) apresentar ao Poder Legisla- sa do candidato, e a normalidade e legitimidade das
tivo um projeto de lei que deverá ser examinado e vota- eleições contra a influência do poder econômico ou o
do. Os eleitores também podem usar deste instrumento abuso do exercício de função, cargo ou emprego na
em nível estadual e municipal. administração direta ou indireta (Redação dada pela
Emenda Constitucional de Revisão nº 4, de 1994).
Direitos Políticos Ativos: alistamento eleitoral
Em regra:
Consiste na capacidade de votar, participar de ple-
biscito e referendo, subscrever projeto de lei de inicia- § 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.
tiva popular e de propor ação popular e se dá através Há também a inelegibilidade derivada do casamento
do alistamento eleitoral, obrigatório para os maiores de ou do parentesco com o Presidente da República, com
os Governadores de Estado e do Distrito Federal e com
dezoito anos e facultativo para os maiores de dezesseis e
os Prefeitos, ou com quem os haja substituído dentro
menores de dezoito, para os analfabetos e para os maio-
dos seis meses anteriores ao pleito.
res de setenta anos. § 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do ti-
São inalistáveis os estrangeiros e os conscritos du- tular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins,
rante serviço militar obrigatório, ou seja, aqueles que se até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da
alistaram no exército e foram convocados a prestar ser- República, de Governador de Estado ou Território,
viço militar. do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja
substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito,
Direitos Políticos Passivos: elegibilidade eleitoral salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à
reeleição.
Os direitos políticos passivos consistem na possibi-
lidade de ser votado, ou seja, na elegibilidade que é a Quanto à Reeleição e desincompatibilização, a
capacidade eleitoral passiva consistente na possibilidade Emenda Constitucional nº 16 trouxe a possibilidade de
de o cidadão pleitear determinados mandatos políticos, reeleição para o chefe dos Poderes Executivos federal,
mediante eleição popular, desde que preenchidos os de- estadual, distrital e municipal. Ao contrário do sistema
vidos requisitos. americano de reeleição, que permite apenas a recondu-
ção por um período somente, no Brasil, após o período
§ 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei: de um mandato, o governante pode voltar a se candida-
I - a nacionalidade brasileira; tar para o posto.
II - o pleno exercício dos direitos políticos;
III - o alistamento eleitoral; § 5º O Presidente da República, os Governadores de
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição; Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os
V - a filiação partidária; Regulamento. houver sucedido, ou substituído no curso dos manda-
VI - a idade mínima de: tos poderão ser reeleitos para um único período sub-
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presiden- sequente. (Redação dada pela Emenda Constitucional
te da República e Senador; nº 16, de 1997).
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de § 6º Para concorrerem a outros cargos, o Presidente
Estado e do Distrito Federal; da República, os Governadores de Estado e do Distrito
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos
Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de mandatos até seis meses antes do pleito.
paz;
d) dezoito anos para Vereador. Por sua vez, o militar é elegível, se cumpridos alguns
requisitos:
Inelegibilidades:
§ 8º O militar alistável é elegível, atendidas as seguin-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

tes condições:
A Constituição não menciona exaustivamente todas
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá
hipóteses de inelegibilidade, apenas fixa algumas dei-
afastar-se da atividade;
xando à lei complementar o desdobramento dos casos.
II - se contar mais de dez anos de serviço, será agre-
As hipóteses a serem previstas pela lei complementar re-
gado pela autoridade superior e, se eleito, passa-
lacionam-se à proteção da “normalidade e legitimidade
rá automaticamente, no ato da diplomação, para a
das eleições contra a influência do poder econômico ou inatividade.
abuso do exercício de função, cargo, ou emprego na ad-
ministração direta ou indireta”, devendo, outrossim, fixar O Mandato Eletivo pode ser impugnado:
os prazos de cessação das inelegibilidades.
§ 10 O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a
§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados da
inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de diplomação, instruída a ação com provas de abuso do
proteger a probidade administrativa, a moralidade poder econômico, corrupção ou fraude;

5
§ 11 A ação de impugnação de mandato tramitará em 2. (CNMP – ANALISTA DO CNMP – FCC – 2015) Em
segredo de justiça, respondendo o autor, na forma da conformidade com a disciplina constitucional dos direi-
lei, se temerária ou de manifesta má-fé. tos e deveres individuais e coletivos,

Suspensão e Perda dos Direitos Políticos a) o direito de acesso à informação é assegurado a to-
dos, sendo vedado o anonimato da fonte.
A perda e a suspensão dos direitos políticos podem-se b) a lei estabelecerá o procedimento para desapropria-
dar, respectivamente de forma definitiva ou temporária. ção por necessidade ou utilidade pública, ou por in-
Ocorrerá a perda quando: houver cancelamento da teresse social, mediante prévia indenização, em títulos
da dívida pública, ressalvados os casos previstos na
naturalização por sentença transitada em julgado e no
Constituição Federal.
caso de recusa de cumprir obrigação a todos impos-
c) a livre expressão da atividade intelectual, artística,
ta ou prestação alternativa (é o caso do serviço militar científica e de comunicação, independentemente de
obrigatório). Por sua vez, A suspensão dos direitos po- censura ou licença, não dispensa posterior responsa-
líticos se dá enquanto persistirem os motivos desta, ou bilização em caso de exercício abusivo.
seja, enquanto não retoma a capacidade civil, o indivíduo d) ninguém será levado à prisão ou nela mantido quando
terá seus direitos políticos suspensos; readquirindo-a, al- a lei admitir a liberdade provisória, desde que median-
cançará, novamente o status de cidadão. Também são te pagamento de fiança.
passíveis de suspensão os condenados criminalmente e) todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em
(com sentença transitado em julgado). Cumprida a pena, locais abertos ao público, independentemente de au-
readquirem os direitos políticos; no caso de improbida- torização e de prévio aviso, desde que não frustrem
de administrativa, a suspensão será, da mesma forma, outra reunião anteriormente convocada para o mes-
temporária. mo local.

Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja Resposta: Letra C. Nos termos do art. 5º, IX, CF a livre
perda ou suspensão só se dará nos casos de: expressão da atividade intelectual, artística, científica e
I - cancelamento da naturalização por sentença tran- de comunicação, independentemente de censura ou
sitada em julgado; licença, não dispensa posterior responsabilização em
II - incapacidade civil absoluta; caso de exercício abusivo.
III - condenação criminal transitada em julgado, en-
3. (ANCINE – ESPECIALISTA EM REGULAÇÃO ATIVI-
quanto durarem seus efeitos;
DADE CINEMATOGRÁFICA E AUDIOVISUAL – CESPE
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou
– 2013) Considerando os direitos sociais e os direitos e
prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;
garantias fundamentais, julgue o item seguinte:
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37,
Tanto os direitos sociais quanto os direitos e garantias
§ 4º.
individuais impõem ao Estado uma obrigação de não fa-
zer, ou seja, uma postura deliberadamente omissiva que
EXERCÍCIOS COMENTADOS visa resguardar a esfera de liberdade individual e coletiva
dos cidadãos.

1. (TRF 2ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC – ( ) CERTO   ( ) ERRADO


2012) Considere os seguintes cargos:
Resposta: Errado. os Direitos Socias impõem ao Esta-
I. Presidente da Câmara dos Deputados. do uma obrigação de fazer (positiva).
II. Presidente do Senado Federal.
III. Membro de Tribunal Regional Federal. 4. (TSE – PROGRAMADOR DE COMPUTADOR – CON-
IV. Ministro do Superior Tribunal de Justiça. SULPLAN – 2012) É vedada a cassação de direitos polí-
ticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de:
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

São, dentre outros, cargos privativos de brasileiro nato os


indicados APENAS em: I. cancelamento da naturalização por sentença transitada
em julgado.
a) I, II e III. II. incapacidade civil relativa.
b) II e III. III. condenação criminal transitada em julgado, enquanto
c) I e II. durarem seus efeitos.
d) I e IV.
e) II e IV. Assinale:

Resposta: Letra C. Nos termos do art. 12, § 3º, II e III a) se apenas as afirmativas I e II estiverem corretas.
são privativos de brasileiro nato os cargos de Presi- b) se apenas as afirmativas I, III estiverem corretas.
dente da Câmara dos Deputados e de Presidente do c) se apenas as afirmativas II e III estiverem corretas.
Senado Federal. d) se todas as afirmativas estiverem corretas.

6
Resposta: Letra B. Nos termos do art. 15, CF é vedada indissolúvel de estados com autonomia política. São en-
a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspen- tes da federação brasileira: a União; os Estados-Mem-
são só se dará nos casos de: bros; o Distrito Federal e os Municípios.
I - cancelamento da naturalização por sentença tran- Brasília é a capital federal e o Estado brasileiro é con-
sitada em julgado; siderado laico, mantendo uma posição de neutralidade
II - incapacidade civil absoluta; em matéria religiosa, admitindo o culto de todas as reli-
III - condenação criminal transitada em julgado, en- giões, sem qualquer intervenção.
quanto durarem seus efeitos;
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou COMPETÊNCIAS
prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, As competências dos entes federativos podem ser:
§ 4º. Materiais ou administrativas, que se dividem em
exclusivas e comuns;
5. (CÂMARA DE PALMAS -TO – ASSISTENTE ADMI-
Legislativas, que compreedem as exclusivas, as priva-
NISTRATIVO – COPESE-UFT – 2018) João, brasileiro
tivas e as concorrentes complementares e suplementares;
nato, pretende se candidatar a Vereador do Município de
Competência exclusiva é aquela conferida a um dos
Palmas. Nesse sentido, são condições de elegibilidade: I.
entes federativos (União, Estados, Distrito Federal e Mu-
pleno exercício dos direitos políticos. II. domicílio eleito-
nicípios) com exclusão dos demais. A competência priva-
ral na circunscrição. III. estar filiado a um partido político.
tiva é aquela enumerada como própria de um ente, com
IV. ter a idade mínima de 30 anos.
possibilidade, entretanto, de delegação para outro. Con-
corrente é a competência conferida em comum a mais de
Assinale a alternativa CORRETA.
um ente federativo. Na complementar, o ente federativo
tem competência naquilo que a norma federal (superior)
a) Apenas as afirmativas I, II e III estão corretas.
lhe dê condição de atuar e na suplementar, por sua vez,
b) Apenas as afirmativas I, III e IV estão corretas.
c) Apenas as afirmativas I, II e IV estão corretas. o ente federativo supre a competência federal não exer-
d) Apenas as afirmativas II, III e IV estão corretas. cida, porém, se esta o exercer, o ato aditado com base na
competência suplementar perde a eficácia.
Resposta: Letra A. nos termos do art. 14, § 3°, CF. (...)
VI - a idade mínima de: UNIÃO
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presiden-
te da República e Senador; A União é o ente federativo com dupla personalidade.
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Internamente, é uma pessoa jurídica de direito público
Estado e do Distrito Federal; interno, com autonomia financeira, administrativa e po-
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado lítica e capacidade de auto-organização, autogoverno,
Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de autolegislação e autoadministração. Internacionalmen-
paz; te, a União representa a República Federativa do Brasil
d) dezoito anos para Vereador. a quem cabe exercer as prerrogativas da soberania do
Estado brasileiro.

ORGANIZAÇÃO POLÍTICO- Bens da União:


ADMINISTRATIVA. UNIÃO, ESTADOS,
DISTRITO FEDERAL, MUNICÍPIOS São bens da União os previstos no art. 20, CF:
E TERRITÓRIOS. ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA. DISPOSIÇÕES GERAIS, I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vie-
SERVIDORES PÚBLICOS rem a ser atribuídos;
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das


fronteiras, das fortificações e construções militares,
FEDERAÇÃO das vias federais de comunicação e à preservação am-
biental, definidas em lei;
São elementos do Estado a soberania, a finalidade, o III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em
povo e o território. Assim, Dalmo de Abreu Dallari (apud terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um
Lenza, 2019, p. 719) define Estado como “a ordem jurídi- Estado, sirvam de limites com outros países, ou se es-
ca soberana que tem por fim o bem comum de um povo tendam a território estrangeiro ou dele provenham,
situado em determinado território”. bem como os terrenos marginais e as praias fluviais;
A Constituição de 1988 adotou a forma republicana IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com
de governo, o sistema presidencialista de governo e a outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas
forma federativa de Estado. Note tratar-se de três de- e as costeiras, excluídas, destas, as que contenham
finições distintas. O federalismo é marcado pela união a sede de Municípios, exceto aquelas áreas afetadas

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ao serviço público e a unidade ambiental federal, e f) os portos marítimos, fluviais e lacustres;
as referidas no art. 26, II; Redação dada pela Emenda XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Minis-
Constitucional nº 46, de 2005). tério Público do Distrito Federal e dos Territórios e a
V - os recursos naturais da plataforma continental e Defensoria Pública dos Territórios (Redação dada pela
da zona econômica exclusiva; Emenda Constitucional nº 69, de 2012) (Produção de
VI - o mar territorial; efeito);
VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos; XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia penal,
VIII - os potenciais de energia hidráulica; a polícia militar e o corpo de bombeiros militar do Dis-
IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;
trito Federal, bem como prestar assistência financeira
X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios ar-
ao Distrito Federal para a execução de serviços públi-
queológicos e pré-históricos;
cos, por meio de fundo próprio (Redação dada pela
XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.
Emenda Constitucional nº 104, de 2019);
Competências da União XV - organizar e manter os serviços oficiais de esta-
tística, geografia, geologia e cartografia de âmbito
Competência administrativa exclusiva da União: nacional;
XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo, de
Art. 21. Compete à União: diversões públicas e de programas de rádio e televisão;
I - manter relações com Estados estrangeiros e partici- XVII - conceder anistia;
par de organizações internacionais; XVIII - planejar e promover a defesa permanente con-
II - declarar a guerra e celebrar a paz; tra as calamidades públicas, especialmente as secas e
III - assegurar a defesa nacional; as inundações;
IV - permitir, nos casos previstos em lei complementar, XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de
que forças estrangeiras transitem pelo território na- recursos hídricos e definir critérios de outorga de direi-
cional ou nele permaneçam temporariamente; tos de seu uso (Regulamento);
V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urba-
intervenção federal; no, inclusive habitação, saneamento básico e trans-
VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de portes urbanos;
material bélico;
XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o sistema
VII - emitir moeda;
nacional de viação;
VIII - administrar as reservas cambiais do País e fis-
XXII - executar os serviços de polícia marítima, aero-
calizar as operações de natureza financeira, espe-
cialmente as de crédito, câmbio e capitalização, bem portuária e de fronteiras (Redação dada pela Emenda
como as de seguros e de previdência privada; Constitucional nº 19, de 1998);
IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de
de ordenação do território e de desenvolvimento eco- qualquer natureza e exercer monopólio estatal sobre a
nômico e social; pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamen-
X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional; to, a industrialização e o comércio de minérios nuclea-
XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, res e seus derivados, atendidos os seguintes princípios
concessão ou permissão, os serviços de telecomunica- e condições:
ções, nos termos da lei, que disporá sobre a organi- a) toda atividade nuclear em território nacional so-
zação dos serviços, a criação de um órgão regulador mente será admitida para fins pacíficos e mediante
e outros aspectos institucionais (Redação dada pela aprovação do Congresso Nacional;
Emenda Constitucional nº 8, de 15/08/95); b) sob regime de permissão, são autorizadas a comer-
XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, cialização e a utilização de radioisótopos para a pes-
concessão ou permissão: quisa e usos médicos, agrícolas e industriais (Redação
a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e ima-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

dada pela Emenda Constitucional nº 49, de 2006);


gens (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 8, c) sob regime de permissão, são autorizadas a pro-
de 15/08/95);
dução, comercialização e utilização de radioisótopos
b) os serviços e instalações de energia elétrica e o
de meia-vida igual ou inferior a duas horas (Redação
aproveitamento energético dos cursos de água, em ar-
dada pela Emenda Constitucional nº 49, de 2006);
ticulação com os Estados onde se situam os potenciais
hidroenergéticos; d) a responsabilidade civil por danos nucleares in-
c) a navegação aérea, aeroespacial e a infraestrutura depende da existência de culpa; (Redação dada pela
aeroportuária; Emenda Constitucional nº 49, de 2006);
d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do
entre portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que trabalho;
transponham os limites de Estado ou Território; XXV - estabelecer as áreas e as condições para o
e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e exercício da atividade de garimpagem, em forma
internacional de passageiros; associativa.

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Competências administrativas comuns da União, IX - diretrizes da política nacional de transportes;
Estados, Distrito Federal e Municípios: X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, ma-
rítima, aérea e aeroespacial;
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, XI - trânsito e transporte;
do Distrito Federal e dos Municípios: XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e
I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das metalurgia;
instituições democráticas e conservar o patrimônio XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização;
público; XIV - populações indígenas;
II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção XV - emigração e imigração, entrada, extradição e ex-
e garantia das pessoas portadoras de deficiência; pulsão de estrangeiros;
III - proteger os documentos, as obras e outros bens de XVI - organização do sistema nacional de emprego e
valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as condições para o exercício de profissões;
paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos; XVII - organização judiciária, do Ministério Público
IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracteriza- do Distrito Federal e dos Territórios e da Defensoria
ção de obras de arte e de outros bens de valor históri- Pública dos Territórios, bem como organização admi-
co, artístico ou cultural; nistrativa destes (Redação dada pela Emenda Consti-
V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à edu- tucional nº 69, de 2012) (Produção de efeito);
cação, à ciência, à tecnologia, à pesquisa e à inovação XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 85, de geologia nacionais;
2015);
XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da
VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição
poupança popular;
em qualquer de suas formas;
XX - sistemas de consórcios e sorteios;
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;
XXI - normas gerais de organização, efetivos, mate-
VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar o
rial bélico, garantias, convocação, mobilização, inati-
abastecimento alimentar;
vidades e pensões das polícias militares e dos corpos
IX - promover programas de construção de moradias
de bombeiros militares; (Redação dada pela Emenda
e a melhoria das condições habitacionais e de sanea-
Constitucional nº 103, de 2019);
mento básico;
X - combater as causas da pobreza e os fatores de XXII - competência da polícia federal e das polícias
marginalização, promovendo a integração social dos rodoviária e ferroviária federais;
setores desfavorecidos; XXIII - seguridade social;
XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de XXIV - diretrizes e bases da educação nacional;
direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos XXV - registros públicos;
e minerais em seus territórios; XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza;
XII - estabelecer e implantar política de educação para XXVII – normas gerais de licitação e contratação, em
a segurança do trânsito. todas as modalidades, para as administrações públi-
Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas cas diretas, autárquicas e fundacionais da União, Es-
para a cooperação entre a União e os Estados, o Dis- tados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o dis-
trito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilí- posto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e
brio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito sociedades de economia mista, nos termos do art. 173,
nacional (Redação dada pela Emenda Constitucional § 1°, III; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
nº 53, de 2006). 19, de 1998);
XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa
Competência Legislativa Privativa da União: marítima, defesa civil e mobilização nacional;
XXIX - propaganda comercial.
Art. 22. Compete privativamente à União legislar Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar
sobre: os Estados a legislar sobre questões específicas das
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, matérias relacionadas neste artigo.
agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;
II - desapropriação; Competência Legislativa concorrente da União,
III - requisições civis e militares, em caso de iminente Estados e Distrito Federal:
perigo e em tempo de guerra;
IV - águas, energia, informática, telecomunicações e Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito
radiodifusão; Federal legislar concorrentemente sobre:
V - serviço postal; I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econô-
VI - sistema monetário e de medidas, títulos e garan- mico e urbanístico (Vide Lei nº 13.874, de 2019);
tias dos metais; II - orçamento;
VII - política de crédito, câmbio, seguros e transferên- III - juntas comerciais;
cia de valores; IV - custas dos serviços forenses;
VIII - comércio exterior e interestadual; V - produção e consumo;

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VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natu- de municípios limítrofes, para integrar a organização,
reza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção o planejamento e a execução de funções públicas de
do meio ambiente e controle da poluição; interesse comum.
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artísti-
co, turístico e paisagístico; Bens dos Estados-Membros:
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao
consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estéti- Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados:
co, histórico, turístico e paisagístico; I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes,
emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na
IX - educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tec-
forma da lei, as decorrentes de obras da União;
nologia, pesquisa, desenvolvimento e inovação (Reda-
II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que esti-
ção dada pela Emenda Constitucional nº 85, de 2015); verem no seu domínio, excluídas aquelas sob domínio
X - criação, funcionamento e processo do juizado de da União, Municípios ou terceiros;
pequenas causas; III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à
XI - procedimentos em matéria processual; União;
XII - previdência social, proteção e defesa da saúde; IV - as terras devolutas não compreendidas entre as
XIII - assistência jurídica e Defensoria pública; da União.
XIV - proteção e integração social das pessoas porta-
doras de deficiência; MUNICÍPIOS
XV - proteção à infância e à juventude;
XVI - organização, garantias, direitos e deveres das O Município, que também é um ente federado que
polícias civis. possui autonomia administrativa (autoadministração) e
§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a compe- política (auto-organização, autogoverno e capacidade
tência da União limitar-se-á a estabelecer normas ge- normativa própria). E, vinculado ao Estado onde se lo-
rais (Vide Lei nº 13.874, de 2019); caliza, depende na sua criação, incorporação, fusão ou
§ 2º A competência da União para legislar sobre nor- desmembramento, de lei estadual dentro do período de-
terminado por lei complementar federal, além da realiza-
mas gerais não exclui a competência suplementar dos
ção de plebiscito.
Estados (Vide Lei nº 13.874, de 2019);
Sua capacidade de auto-organização consiste na pos-
§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Es- sibilidade da elaboração da lei orgânica própria. O mu-
tados exercerão a competência legislativa plena, para nicípio possui o Poder Executivo, exercido pelo Prefeito
atender a suas peculiaridades (Vide Lei nº 13.874, de e o Poder Legislativo, exercido pela Câmara Municipal.
2019); Entretanto, não há Poder Judiciário na esfera municipal.
§ 4º A superveniência de lei federal sobre normas ge- É regido por lei orgânica, nos termos do art. 29, CF. A
rais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for Constituição prevê ainda a composição das Câmaras Mu-
contrário (Vide Lei nº 13.874, de 2019). nicipais e o subsídio dos vereadores, de acordo com a
quantidade de habitantes do município.
ESTADOS
Competência:
O Brasil é composto de estados federados que gozam
de uma autonomia, consubstancianda na capacidade de A competência dos municípios está elencada no art.
auto-organização, auto-legislação, auto-governo e auto- 30, CF.
-administração. Os Estados podem se formar a partir de
Art. 30. Compete aos Municípios:
fusão, cisão ou desmembramento.
I - legislar sobre assuntos de interesse local;
II - suplementar a legislação federal e a estadual no
Competências Estaduais:
que couber;
III - instituir e arrecadar os tributos de sua competên-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas cia, bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo da
Constituições e leis que adotarem, observados os prin- obrigatoriedade de prestar contas e publicar balance-
cípios desta Constituição. tes nos prazos fixados em lei;
§ 1º São reservadas aos Estados as competências que IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a
não lhes sejam vedadas por esta Constituição. legislação estadual;
§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou me- V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de
diante concessão, os serviços locais de gás canalizado, concessão ou permissão, os serviços públicos de inte-
na forma da lei, vedada a edição de medida provisó- resse local, incluído o de transporte coletivo, que tem
ria para a sua regulamentação. (Redação dada pela caráter essencial;
Emenda Constitucional nº 5, de 1995). VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da
§ 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, União e do Estado, programas de educação infantil e
instituir regiões metropolitanas, aglomerações urba- de ensino fundamental; (Redação dada pela Emenda
nas e microrregiões, constituídas por agrupamentos Constitucional nº 53, de 2006)

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VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
União e do Estado, serviços de atendimento à saúde
da população; A administração pública consiste no conjunto de
VIII - promover, no que couber, adequado ordenamen- meios institucionais, materiais, financeiros e humanos do
to territorial, mediante planejamento e controle do Estado, preordenado à realização de seus serviços, visan-
uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano; do a satisfação das necessidades coletivas.
IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cul-
tural local, observada a legislação e a ação fiscaliza- A administração pública pode ser definida objetiva-
dora federal e estadual. mente como a atividade concreta e imediata que o Es-
tado desenvolve para a consecução dos interesses co-
Fiscalização financeira e orçamentária letivos e subjetivamente como o conjunto de órgãos e
de pessoas jurídicas aos quais a lei atribui o exercício da
função administrativa do Estado (MORAES, 2018, p. 476).
A fiscalização financeira e orçamentária dos Municí-
pios se dá sob duas modalidades: controle externo, exer-
A função administrativa é institucionalmente impu-
cido pela Câmara Municipal e o controle interno, exerci-
tada a diversas entidades governamentais autônomas,
do pelo próprio executivo municipal, nos termos do art.
expressas no art. 37 da Constituição Federal.
31, CF.
Art. 37. A administração pública direta e indireta de
DISTRITO FEDERAL qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Dis-
trito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios
O Distrito Federal é reconhecido como ente integran- de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicida-
te da Federação e goza de autonomia política, embora de e eficiência e, também, ao seguinte (Redação dada
não se enquadre nem como estado-membro ou municí- pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998):
pio. Sua principal função é servir como sede do Governo I - os cargos, empregos e funções públicas são acessí-
Federal e não pode haver divisões em municípios. veis aos brasileiros que preencham os requisitos esta-
belecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na for-
Organização do Distrito Federal: ma da lei; (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 19, de 1998)
O Distrito Federal não possui constituição, mas lei or- II - a investidura em cargo ou emprego público depen-
gânica própria, que define os princípios básicos de sua de de aprovação prévia em concurso público de provas
organização, suas competências e a organização de seus ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a
poderes governamentais, nos termos do art. 32, CF. complexidade do cargo ou emprego, na forma previs-
ta em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em
Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em comissão declarado em lei de livre nomeação e exo-
Municípios, reger- se-á por lei orgânica, votada em neração (Redação dada pela Emenda Constitucional
dois turnos com interstício mínimo de dez dias, e apro- nº 19, de 1998);
vada por dois terços da Câmara Legislativa, que a pro- III - o prazo de validade do concurso público será de
mulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período;
Constituição. IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital
§ 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as competên- de convocação, aquele aprovado em concurso público
de provas ou de provas e títulos será convocado com
cias legislativas reservadas aos Estados e Municípios.
prioridade sobre novos concursados para assumir car-
§ 2º A eleição do Governador e do Vice-Governador,
go ou emprego, na carreira;
observadas as regras do art. 77, e dos Deputados Dis-
V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente
tritais coincidirá com a dos Governadores e Deputados
por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Estaduais, para mandato de igual duração.


em comissão, a serem preenchidos por servidores de
§ 3º Aos Deputados Distritais e à Câmara Legislativa carreira nos casos, condições e percentuais mínimos
aplica-se o disposto no art. 27. previstos em lei, destinam-se apenas às atribuições de
§ 4º Lei federal disporá sobre a utilização, pelo Gover- direção, chefia e assessoramento (Redação dada pela
no do Distrito Federal, da polícia civil, da polícia pe- Emenda Constitucional nº 19, de 1998);
nal, da polícia militar e do corpo de bombeiros militar VI - é garantido ao servidor público civil o direito à
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 104, de livre associação sindical;
2019). VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos
limites definidos em lei específica (Redação dada pela
Hoje, não existe no Brasil nenhum Território. Com o Emenda Constitucional nº 19, de 1998);
advento da CF/88 Roraima e Amapá foram transforma- VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos
dos em Estados e Fernando de Noronha foi incorporado públicos para as pessoas portadoras de deficiência e
ao Estado de Pernambuco. definirá os critérios de sua admissão;

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IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por c) a de dois cargos ou empregos privativos de pro-
tempo determinado para atender a necessidade tem- fissionais de saúde, com profissões regulamentadas;
porária de excepcional interesse público; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 34, de
X - a remuneração dos servidores públicos e o sub- 2001);
sídio de que trata o § 4º do art. 39 somente poderão XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos
ser fixados ou alterados por lei específica, observada a e funções e abrange autarquias, fundações, empresas
iniciativa privativa em cada caso, assegurada revisão públicas, sociedades de economia mista, suas subsi-
geral anual, sempre na mesma data e sem distinção diárias, e sociedades controladas, direta ou indireta-
de índices (Redação dada pela Emenda Constitucional mente, pelo poder público (Redação dada pela Emen-
nº 19, de 1998) (Regulamento); da Constitucional nº 19, de 1998);
XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de XVIII - a administração fazendária e seus servidores
cargos, funções e empregos públicos da administra- fiscais terão, dentro de suas áreas de competência e
ção direta, autárquica e fundacional, dos membros jurisdição, precedência sobre os demais setores admi-
de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do nistrativos, na forma da lei;
Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de XIX – somente por lei específica poderá ser criada au-
mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os tarquia e autorizada a instituição de empresa pública,
proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, de sociedade de economia mista e de fundação, ca-
percebidos cumulativamente ou não, incluídas as van- bendo à lei complementar, neste último caso, definir
tagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não as áreas de sua atuação (Redação dada pela Emenda
poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Constitucional nº 19, de 1998);
Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se XX - depende de autorização legislativa, em cada
como limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e caso, a criação de subsidiárias das entidades mencio-
nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do nadas no inciso anterior, assim como a participação
Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio de qualquer delas em empresa privada;
dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Po- XXI - ressalvados os casos especificados na legislação,
der Legislativo e o subsidio dos Desembargadores do as obras, serviços, compras e alienações serão con-
Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte tratados mediante processo de licitação pública que
e cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em assegure igualdade de condições a todos os concor-
espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, rentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de
no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite pagamento, mantidas as condições efetivas da pro-
aos membros do Ministério Público, aos Procuradores posta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as
e aos Defensores Públicos (Redação dada pela Emen- exigências de qualificação técnica e econômica indis-
da Constitucional nº 41, 19.12.2003); pensáveis à garantia do cumprimento das obrigações
XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo (Regulamento).
e do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos XXII - as administrações tributárias da União, dos Es-
pagos pelo Poder Executivo; tados, do Distrito Federal e dos Municípios, atividades
XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quais- essenciais ao funcionamento do Estado, exercidas por
servidores de carreiras específicas, terão recursos prio-
quer espécies remuneratórias para o efeito de remu-
ritários para a realização de suas atividades e atuarão
neração de pessoal do serviço público (Redação dada
de forma integrada, inclusive com o compartilhamen-
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998);
to de cadastros e de informações fiscais, na forma da
XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por ser-
lei ou convênio (Incluído pela Emenda Constitucional
vidor público não serão computados nem acumula-
nº 42, de 19.12.2003).
dos para fins de concessão de acréscimos ulteriores;
§ 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de
e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter
1998);
educativo, informativo ou de orientação social, dela
XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de
não podendo constar nomes, símbolos ou imagens
cargos e empregos públicos são irredutíveis, ressalva-
que caracterizem promoção pessoal de autoridades
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

do o disposto nos incisos XI e XIV deste artigo e nos


ou servidores públicos.
arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; (Redação
§ 2º A não observância do disposto nos incisos II e III
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998);
implicará a nulidade do ato e a punição da autoridade
XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos
responsável, nos termos da lei.
públicos, exceto, quando houver compatibilidade de § 3º A lei disciplinará as formas de participação do
horários, observado em qualquer caso o disposto no usuário na administração pública direta e indireta, re-
inciso XI (Redação dada pela Emenda Constitucional gulando especialmente (Redação dada pela Emenda
nº 19, de 1998): Constitucional nº 19, de 1998):
a) a de dois cargos de professor; (Redação dada pela I - as reclamações relativas à prestação dos serviços
Emenda Constitucional nº 19, de 1998); públicos em geral, asseguradas a manutenção de
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou serviços de atendimento ao usuário e a avaliação pe-
científico (Redação dada pela Emenda Constitucional riódica, externa e interna, da qualidade dos serviços
nº 19, de 1998); (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998);

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II - o acesso dos usuários a registros administrativos § 12 Para os fins do disposto no inciso XI do caput des-
e a informações sobre atos de governo, observado o te artigo, fica facultado aos Estados e ao Distrito Fede-
disposto no art. 5º, X e XXXIII; (Incluído pela Emenda ral fixar, em seu âmbito, mediante emenda às respec-
Constitucional nº 19, de 1998); tivas Constituições e Lei Orgânica, como limite único,
III - a disciplina da representação contra o exercício o subsídio mensal dos Desembargadores do respectivo
negligente ou abusivo de cargo, emprego ou fun- Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte
ção na administração pública (Incluído pela Emenda e cinco centésimos por cento do subsídio mensal dos
Constitucional nº 19, de 1998); Ministros do Supremo Tribunal Federal, não se apli-
§ 4º - Os atos de improbidade administrativa impor- cando o disposto neste parágrafo aos subsídios dos
tarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da Deputados Estaduais e Distritais e dos Vereadores (In-
função pública, a indisponibilidade dos bens e o res- cluído pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005).
sarcimento ao erário, na forma e gradação previstas § 13 O servidor público titular de cargo efetivo pode-
em lei, sem prejuízo da ação penal cabível. rá ser readaptado para exercício de cargo cujas atri-
§ 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para buições e responsabilidades sejam compatíveis com a
ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou limitação que tenha sofrido em sua capacidade física
não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as ou mental, enquanto permanecer nesta condição, des-
respectivas ações de ressarcimento. de que possua a habilitação e o nível de escolaridade
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de di- exigidos para o cargo de destino, mantida a remu-
reito privado prestadoras de serviços públicos respon- neração do cargo de origem (Incluído pela Emenda
derão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, Constitucional nº 103, de 2019).
causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso § 14 A aposentadoria concedida com a utilização de
contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. tempo de contribuição decorrente de cargo, emprego
§ 7º A lei disporá sobre os requisitos e as restrições ou função pública, inclusive do Regime Geral de Pre-
ao ocupante de cargo ou emprego da administração vidência Social, acarretará o rompimento do vínculo
direta e indireta que possibilite o acesso a informações que gerou o referido tempo de contribuição (Incluído
privilegiadas (Incluído pela Emenda Constitucional nº pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019).
19, de 1998). § 15 É vedada a complementação de aposentadorias
§ 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira de servidores públicos e de pensões por morte a seus
dos órgãos e entidades da administração direta e in- dependentes que não seja decorrente do disposto nos
direta poderá ser ampliada mediante contrato, a ser §§ 14 a 16 do art. 40 ou que não seja prevista em lei
firmado entre seus administradores e o poder público, que extinga regime próprio de previdência social (In-
que tenha por objeto a fixação de metas de desempe- cluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019).
nho para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor
sobre (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de Administração Pública Direta e Indireta:
1998):
I - o prazo de duração do contrato; A administração direta é a administração centraliza-
II - os controles e critérios de avaliação de desem- da, definida como o conjunto de órgãos administrativos
penho, direitos, obrigações e responsabilidade dos subordinados diretamente ao Poder Executivo de cada
dirigentes; entidade. Por sua vez, a administração indireta é a des-
III - a remuneração do pessoal. centralizada, composta por entidades personalizadas de
§ 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empresas prestação de serviço ou exploração de atividades econô-
públicas e às sociedades de economia mista, e suas micas, mas vinculadas aos Poderes Executivos da entida-
subsidiárias, que receberem recursos da União, dos de pública.
Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios para
pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em Princípios Específicos da Administração Pública:
geral (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de
1998). Legalidade: todo o ato administrativo deve ser ante-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

§ 10 É vedada a percepção simultânea de proventos cedido de lei;


de aposentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts. Impessoalidade: todos atos e provimentos adminis-
42 e 142 com a remuneração de cargo, emprego ou trativos não são imputáveis ao agente político que o rea-
função pública, ressalvados os cargos acumuláveis na liza, mas sim ao órgão ou entidade pública em nome da
forma desta Constituição, os cargos eletivos e os car- qual atuou.
gos em comissão declarados em lei de livre nomeação Moralidade: impõe a obediência à lei, não só no que
e exoneração (Incluído pela Emenda Constitucional nº ela tem de formal, mas como na sua teleologia. Não bas-
20, de 1998). tará ao administrador o estrito cumprimento da legali-
§ 11 Não serão computadas, para efeito dos limites dade, devendo ele, no exercício de sua função pública,
remuneratórios de que trata o inciso XI do caput deste respeitar os princípios éticos de razoabilidade e justiça.
artigo, as parcelas de caráter indenizatório previstas Publicidade: todos os atos administrativos devem
em lei (Incluído pela Emenda Constitucional nº 47, de ser públicos, vedado o sigilo e o segredo, salvo em hipó-
2005). teses restritas que envolvam a segurança nacional.

13
Eficiência: trazido pela Emenda Constitucional nº 19, § 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do
este princípio estabelece que os atos administrativos de- servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual
vem cumprir os seus propósitos de forma eficaz. ocupante da vaga, se estável, reconduzido ao cargo
de origem, sem direito a indenização, aproveitado em
Improbidade Administrativa: outro cargo ou posto em disponibilidade com remu-
neração proporcional ao tempo de serviço (Redação
A improbidade administrativa é espécie de ilegalida- dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998);
de praticada pelo servidor, qualificada pela finalidade de § 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessida-
atribuir situação de vantagem a si ou a outrem. A Lei n° de, o servidor estável ficará em disponibilidade, com
8.429/92, chamada de Lei de Improbidade Administrati- remuneração proporcional ao tempo de serviço, até
va, disciplina este dispositivo constitucional, previsto no seu adequado aproveitamento em outro cargo (Reda-
art. 37, §4º. ção dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998);
§ 4º Como condição para a aquisição da estabilidade,
Servidores públicos civis e militares é obrigatória a avaliação especial de desempenho por
comissão instituída para essa finalidade (Incluído pela
Concurso Público: Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

A investidura em cargo ou emprego público só se São militares dos Estados, do Distrito Federal e dos
pode dar por meio de concurso público. Territórios, os membros das polícias militares e corpos de
bombeiros militares, instituições organizadas com base
na hierarquia e disciplina, nos termos do art. 42, CF. Aos
#FicaDica militares são proibidas a sindicalização e a greve, em face
das funções por eles desempenhadas.
Enquanto não há a posse, os aprovados têm
apenas uma expectativa de direito. Não há Art. 42. Os membros das Polícias Militares e Corpos
direito adquirido em relação ao cargo pela de Bombeiros Militares, instituições organizadas com
simples aprovação em concurso público.
base na hierarquia e disciplina, são militares dos Es-
tados, do Distrito Federal e dos Territórios (Redação
Regime Jurídico dos Servidores Públicos dada pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998).
§ 1º Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito
A Constituição Federal prevê todo o regime jurídico Federal e dos Territórios, além do que vier a ser fixado
dos Servidores Públicos, com sistema remuneratório, re- em lei, as disposições do art. 14, § 8º; do art. 40, § 9º;
gime previdenciário e regra geral de aposentadoria, nos e do art. 142, §§ 2º e 3º, cabendo a lei estadual espe-
termos do art. 40, CF. cífica dispor sobre as matérias do art. 142, § 3º, inci-
so X, sendo as patentes dos oficiais conferidas pelos
A estabilidade é uma das garantias do serviço públi-
respectivos governadores (Redação dada pela Emenda
co, prevista constitucionalmente. É adquirida pelo fun-
Constitucional nº 20, de 15/12/98).
cionário concursado após três anos de efetivo exercício
§ 2º Aos pensionistas dos militares dos Estados, do Dis-
da função pública e impede que ele seja desvinculado
trito Federal e dos Territórios aplica-se o que for fixado
do serviço público arbitrariamente, a não ser por senten-
em lei específica do respectivo ente estatal (Redação
ça transitada em julgado ou decisão administrativa em
dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003).
que lhe foi dado amplo direito de defesa, aposentadoria
§ 3º Aplica-se aos militares dos Estados, do Distrito
compulsória, exoneração a pedido ou morte:
Federal e dos Territórios o disposto no art. 37, inci-
so XVI, com prevalência da atividade militar (Incluído
Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercí- pela Emenda Constitucional nº 101, de 2019).
cio os servidores nomeados para cargo de provimento
efetivo em virtude de concurso público (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998). EXERCÍCIOS COMENTADOS
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1. (TJ-PE – TÉCNICO JUDICIÁRIO FUNÇÃO ADMINIS-
1998): TRATIVA – IBFC – 2017) A organização político-admi-
I - em virtude de sentença judicial transitada em jul- nistrativa do Brasil é tema central no texto da Constitui-
gado (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de ção da República. Sobre esse tema, assinale a alternativa
1998);
LÍNGUA PORTUGUESA

correta.
II - mediante processo administrativo em que lhe
seja assegurada ampla defesa (Incluído pela Emenda a) É de competência exclusiva da União legislar sobre
Constitucional nº 19, de 1998); matérias referentes ao acesso à cultura, educação, ci-
III - mediante procedimento de avaliação periódica de ência, tecnologia, pesquisa e inovação;
desempenho, na forma de lei complementar, assegu- b) Os Estados são organizados por meio de Lei Or-
rada ampla defesa (Incluído pela Emenda Constitucio- gânica aprovada em suas respectivas Assembleias
nal nº 19, de 1998); Legislativas;

14
c) O número de vereadores é variável de acordo com o c) Compete privativamente aos Estados-Membros legis-
número de habitantes do Município. Nas cidades com lar sobre trânsito e transporte.
até 300.000 (trezentos mil) habitantes esse número d) Compete privativamente à União proteger os docu-
está limitado a 22 (vinte e dois) vereadores; mentos, as obras e outros bens de valor histórico, ar-
d) O número de Deputados à Assembleia Legislativa cor- tístico e cultural, os monumentos, as paisagens natu-
responderá ao triplo da representação do Estado na rais notáveis e os sítios arqueológicos.
Câmara dos Deputados; e) A competência da União para legislar sobre normas
e) Compete aos Estados legislarem sobre trânsito e gerais não exclui a competência suplementar dos
transporte. Estados.

Resposta: Letra D. Nos termos do art. 27, CF o núme- Resposta: Letra E. Nos termos do art. 24, § 2º, CF:
ro de Deputados à Assembleia Legislativa correspon- A competência da União para legislar sobre normas
derá ao triplo da representação do Estado na Câmara gerais não exclui a competência suplementar dos
dos Deputados e, atingido o número de trinta e seis, Estados.
será acrescido de tantos quantos forem os Deputados
Federais acima de doze.
4. (PREFEITURA DE PENALVA-MA – PROCURADOR
MUNICIPAL – IMA – 2017) Acerca das atribuições cons-
2. (MPE-BA – ANALISTA TÉCNICO – INSTITUTO AOCP
titucionais da União, dos Estados, do Distrito Federal e
– 2014) De acordo com a Constituição Federal, analise as
dos Municípios, é CORRETO afirmar que:
assertivas e assinale a alternativa que aponta as corretas.
É competência comum da União, dos Estados, do Distrito
a) É competência comum da União, dos Estados, do Dis-
Federal e dos Municípios:
trito Federal e dos Municípios, planejar e promover a
I. cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e defesa permanente contra as calamidades públicas,
garantia das pessoas portadoras de deficiência. especialmente as secas e as inundações.
II. proteger os documentos, as obras e outros bens de b) Compete à União permitir, nos casos previstos em lei
valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as especial, que forças estrangeiras transitem pelo terri-
paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos. tório nacional ou nele permaneçam temporariamente.
III. proteger o meio ambiente e combater a poluição em c) Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal
qualquer de suas formas. legislar concorrentemente sobre educação, cultura,
IV. preservar as florestas, a fauna e a flora. ensino, desporto, ciência, tecnologia, pesquisa, desen-
volvimento e inovação.
a) Apenas I, II e III. d) Compete privativamente à União legislar sobre direi-
b) Apenas I, II e IV. to civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário,
c) Apenas II e III. marítimo, aeronáutico, espacial e tributário.
d) Apenas I e IV.
e) I, II, III e IV. Resposta: Letra C. Nos termos do art. 24, IX, CF: Com-
pete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar
Resposta: Letra E. Nos termos do art. 23, CF é com- concorrentemente sobre:
petência comum da União, dos Estados, do Distrito IX - educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tec-
Federal e dos Municípios: nologia, pesquisa, desenvolvimento e inovação.
II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e
garantia das pessoas portadoras de deficiência; 5. (MPE-RS – PROMOTOR DE JUSTIÇA – MPE-RS –
III - proteger os documentos, as obras e outros bens de 2017) Em relação ao tratamento constitucional dado aos
valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as
Municípios, é correto afirmar que:
paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos;
VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição
em qualquer de suas formas; a) o Município reger-se-á por lei orgânica, votada em
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora. dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e
aprovada por dois terços dos membros da Câmara
3. (IGP-RS – PERITO MÉDICO-LEGISTA – FUNDATEC – Municipal, sendo após promulgada e publicada pelo
2017) Sobre a organização do Estado, prevista na Cons- Prefeito Municipal.
tituição da República Federativa do Brasil, assinale a al- b) o subsídio dos Prefeitos e Secretários Municipais será
ternativa correta. fixado pelas respectivas Câmaras Municipais em cada
LÍNGUA PORTUGUESA

legislatura para a subsequente, observado o que dis-


a) As terras devolutas indispensáveis à defesa das fron- põe a Constituição Federal, respeitados os critérios es-
teiras, das fortificações e construções militares, das tabelecidos na respectiva Lei Orgânica.
vias federais de comunicação e à preservação am- c) a Câmara Municipal não gastará mais de cinquenta
biental, definidas em lei, são bens pertencentes aos por cento de sua receita com folha de pagamento,
Estados-Membros. incluído o gasto com o subsídio de seus Vereadores,
b) Os potenciais de energia hidráulica são bens perten- nos municípios que tenham mais de 300.000 (trezen-
centes aos Municípios. tos mil) habitantes.

15
d) o controle externo da Câmara Municipal será exerci- As comissões podem ser permanentes, definidas pe-
do com o auxílio exclusivo dos Tribunais de Contas do los respectivos regimentos internos, com o poder para
Município ou dos Conselhos ou Tribunais de Contas discutir e votar alguns projetos de lei sem passar pelo
dos Municípios, onde houver. plenário, e temporárias, criadas para tratar de assuntos
e) as proibições e incompatibilidades, no exercício da ve- específicos. As comissões também podem realizar au-
reança, são similares, no que couber, ao disposto na diências públicas com entidades da sociedade civil, con-
Constituição Federal para os membros do Congresso vocar autoridades e cidadãos para prestar informações.
Nacional e na Constituição do respectivo Estado para O Plenário é a instância máxima e soberana no Legis-
os membros da Assembleia Legislativa. lativo para qualquer decisão. Nas votações, a decisão de
cada um dos parlamentares é influenciada por vários fa-
tores, dentre eles o programa do partido político ao qual
Resposta: Letra E. Nos termos do art. 29, IX, CF: O cada parlamentar é filiado e os compromissos assumidos
Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois com as chamadas bases eleitorais.
turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e apro-
vada por dois terços dos membros da Câmara Mu- Os Senadores e Deputados
nicipal, que a promulgará, atendidos os princípios
estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do Art. 45. A Câmara dos Deputados compõe-se de re-
respectivo Estado e os seguintes preceitos: presentantes do povo, eleitos, pelo sistema proporcio-
IX - proibições e incompatibilidades, no exercício da nal, em cada Estado, em cada Território e no Distrito
vereança, similares, no que couber, ao disposto nesta Federal.
Constituição para os membros do Congresso Nacional § 1º O número total de Deputados, bem como a repre-
e na Constituição do respectivo Estado para os mem- sentação por Estado e pelo Distrito Federal, será esta-
bros da Assembleia Legislativa. belecido por lei complementar, proporcionalmente à
população, procedendo-se aos ajustes necessários, no
ano anterior às eleições, para que nenhuma daquelas
unidades da Federação tenha menos de oito ou mais
PODER LEGISLATIVO: COMPOSIÇÃO de setenta Deputados.
§ 2º Cada Território elegerá quatro Deputados.
Art. 46. O Senado Federal compõe-se de representan-
tes dos Estados e do Distrito Federal, eleitos segundo o
PODER LEGISLATIVO
princípio majoritário.
§ 1º Cada Estado e o Distrito Federal elegerão três Se-
O Poder Legislativo no Brasil é bicameral, ou seja, nadores, com mandato de oito anos.
composto por duas casas: a Câmara dos Deputados e § 2º A representação de cada Estado e do Distrito Fe-
o Senado Federal, a primeira constituída por represen- deral será renovada de quatro em quatro anos, alter-
tantes do povo e a segunda, por representantes dos nadamente, por um e dois terços.
Estados-Membros e do Distrito Federal (LENZA, 2019). § 3º Cada Senador será eleito com dois suplentes.
Câmara e Senado formam o Congresso Nacional. Art. 47. Salvo disposição constitucional em contrário,
Já o Poder Legislativo em âmbito estadual, munici- as deliberações de cada Casa e de suas Comissões se-
pal, distrital e dos Territórios Federais, é do tipo unica- rão tomadas por maioria dos votos, presente a maio-
meral, composto por uma única casa legislativa, sendo a ria absoluta de seus membros.
Assembleia Legislativa, composta pelos Deputados Esta-
Atribuições e competência do Congresso Nacional
duais, em âmbito estadual, e a Câmara Municipal, com-
posta pelos Vereadores em âmbito municipal. A maioria das pessoas se preocupa muito com as elei-
ções para os cargos do Executivo, dando menos impor-
Art. 44. O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso tância aos Deputados Federais, Estaduais, Senadores e
Nacional, que se compõe da Câmara dos Deputados e Vereadores municipais, entretanto, a esses representan-
do Senado Federal. tes competem uma função típica tão importante quanto
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Parágrafo único. Cada legislatura terá a duração de a de governar e administrar: a legislatura. São eles os
quatro anos. responsáveis por pensarem e fazerem as leis que regem
todo o país e são aplicadas pelo Poder Judiciário.
As casas Legislativas são geralmente formadas por
três instâncias: mesa diretora, comissões e plenário. Compete ao Congresso Nacional, com a sanção do
Presidente da República, nos termos do art. 48, CF, dis-
A mesa diretora tem funções administrativas sobre o
por sobre todas as matérias de competência da União,
funcionamento da Casa, e o presidente da mesa é o res-
especialmente sobre:
ponsável pelo processo legislativo. É ele quem organiza
a pauta das reuniões e, portanto, decide quais assuntos • Sistema tributário, arrecadação e distribuição de
serão examinados pelo plenário. Tem o poder de obstruir rendas;
as decisões do Executivo ou os projetos de lei dos parla- • Plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orça-
mentares se não os colocar em votação. A mesa do Con- mento anual, operações de crédito, dívida pública
gresso Nacional é presidida pelo presidente do Senado. e emissões de curso forçado;

16
• Fixação e modificação do efetivo das Forças • Fixar os subsídios do Presidente e do Vice-Presi-
Armadas; dente da República e dos Ministros de Estado, ob-
• Planos e programas nacionais, regionais e setoriais servado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4.º,
de desenvolvimento; 150, II, 153, III, e 153, § 2.º, I;
• Limites do território nacional, espaço aéreo e marí- • Julgar anualmente as contas prestadas pelo Presi-
timo e bens do domínio da União; dente da República e apreciar os relatórios sobre a
• Incorporação, subdivisão ou desmembramento de execução dos planos de governo;
áreas de Territórios ou Estados, ouvidas as respec- • Fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer
tivas Assembleias Legislativas; de suas Casas, os atos do Poder Executivo, incluí-
• Transferência temporária da sede do Governo dos os da administração indireta;
Federal; • Zelar pela preservação de sua competência legis-
• Concessão de anistia; lativa em face da atribuição normativa dos outros
• Organização administrativa, judiciária, do Ministé- Poderes;
rio Público e da Defensoria Pública da União e dos • Apreciar os atos de concessão e renovação de con-
Territórios, e organização judiciária e do Ministério cessão de emissoras de rádio e televisão;
Público do Distrito Federal (EC n. 69/2012); • Escolher dois terços dos membros do Tribunal de
• Criação, transformação e extinção de cargos, em- Contas da União;
pregos e funções públicas, observado o que esta- • Aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a
belece o art. 84, VI, “b”, já que, quando vagos os atividades nucleares;
• Autorizar referendo e convocar plebiscito;
cargos ou funções públicas, caberá ao Presidente,
• Autorizar, em terras indígenas, a exploração e o
mediante decreto, dispor sobre a extinção;
aproveitamento de recursos hídricos e a pesquisa
• Criação e extinção de Ministérios e órgãos da Ad-
e lavra de riquezas minerais;
ministração Pública (confira, também, o art. 88 da
• Aprovar, previamente, a alienação ou concessão de
CF/88, alterado pela EC n. 32/2001);
terras públicas com área superior a dois mil e qui-
• Telecomunicações e radiodifusão;
nhentos hectares (LENZA, 2019, p. 887).
• Matéria financeira, cambial e monetária, institui-
ções financeiras e suas operações;
Competências privativas da Câmara dos Deputa-
• Moeda, seus limites de emissão e montante da dí- dos e do Senado Federal.
vida mobiliária federal;
• Fixação do subsídio dos Ministros do STF, observa- A Câmara dos Deputados é composta por Deputa-
do o que dispõem os arts. 39, § 4º; 150, II; 153, III; dos Federais, representantes do povo, que eleitos, de-
e 153, § 2.º, I (LENZA, 2019, p. 886). vem manifestar a vontade popular, para um mandato
de quatro anos. O número de Deputados Federais será
Também compete exclusivamente ao Congresso Na- proporcional à população de cada Estado e do Distrito
cional, nos termos do art. 49, CF: Federal, não podendo cada Estado e o DF ter menos que
8, nem mais que 70 Deputados Federais, que devem: ser
• Resolver definitivamente sobre tratados, acordos brasileiro nato ou naturalizado, maior de 21 anos, ter fei-
ou atos internacionais que acarretem encargos ou to o alistamento eleitoral e estar em pleno exercício dos
compromissos gravosos ao patrimônio nacional; direitos políticos, ter domicílio eleitoral na circunscrição
• Autorizar o Presidente da República a declarar e filiação partidária (LENZA, 2019).
guerra, a celebrar a paz, a permitir que forças es- As matérias de competência privativa dos Deputados
trangeiras transitem pelo território nacional ou Federais não dependerão de sanção presidencial, nos
nele permaneçam temporariamente, ressalvados termos do art. 48, caput, CF e estão previstas no art. 51,
os casos previstos em lei complementar (cf. LC n. CF. Tais atribuições, geram espécies normativas materia-
90/97, com as alterações introduzidas pela LC n. lizadas por meio de resoluções.
149/2015);
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

• Autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da Re- Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos
pública a se ausentarem do País, quando a ausên- Deputados:
cia exceder a quinze dias; I - autorizar, por dois terços de seus membros, a ins-
• Aprovar o estado de defesa e a intervenção fede- tauração de processo contra o Presidente e o Vice-Pre-
ral, autorizar o estado de sítio, ou suspender qual- sidente da República e os Ministros de Estado;
quer uma dessas medidas; II - proceder à tomada de contas do Presidente da
• Sustar os atos normativos do Poder Executivo que República, quando não apresentadas ao Congresso
exorbitem do poder regulamentar ou dos limites Nacional dentro de sessenta dias após a abertura da
de delegação legislativa; sessão legislativa;
• Mudar temporariamente sua sede; III - elaborar seu regimento interno;
• Fixar idêntico subsídio para os Deputados Federais IV – dispor sobre sua organização, funcionamento, po-
e os Senadores, observado o que dispõem os arts. lícia, criação, transformação ou extinção dos cargos,
37, XI, 39, § 4.º, 150, II, 153, III, e 153, § 2.º, I; empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de

17
lei para fixação da respectiva remuneração, observa- VIII - dispor sobre limites e condições para a concessão
dos os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes de garantia da União em operações de crédito externo
orçamentárias; (Redação dada pela Emenda Constitu- e interno;
cional nº 19, de 1998). IX - estabelecer limites globais e condições para o
V - eleger membros do Conselho da República, nos montante da dívida mobiliária dos Estados, do Distrito
termos do art. 89, VII. Federal e dos Municípios;
X - suspender a execução, no todo ou em parte, de
O Senado Federal compõe-se de representantes dos lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do
Estados e do Distrito Federal, eleitos segundo o sistema
Supremo Tribunal Federal;
majoritário puro ou simples, em um único turno, sendo
XI - aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto,
que cada Estado e o Distrito Federal terão três senadores,
com mandato de oito anos. será considerado vencedor o a exoneração, de ofício, do Procurador-Geral da Repú-
candidato que obtiver maior número de votos, por maio- blica antes do término de seu mandato;
ria simples. O Senado tem a mesma relevância e força XII - elaborar seu regimento interno;
dada à Câmara dos Deputados (MORAES, 2018). XIII - dispor sobre sua organização, funcionamento,
Segundo Lenza (2019) cada Estado e o Distrito Fede- polícia, criação, transformação ou extinção dos car-
ral elegerão 3 Senadores, sendo que cada Senador será gos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa
eleito com 2 suplentes para o mandato de 8 anos, por- de lei para fixação da respectiva remuneração, obser-
tanto, duas legislaturas. São requisitos para a candida- vados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes
tura dos Senadores: ser brasileiro nato ou naturalizado, orçamentárias (Redação dada pela Emenda Constitu-
maior de 35 anos, estar em pleno exercício dos direitos cional nº 19, de 1998);
políticos; ter domicílio eleitoral na circunscrição; alista- XIV - eleger membros do Conselho da República, nos
mento eleitoral e filiação partidária. termos do art. 89, VII.
XV - avaliar periodicamente a funcionalidade do Sis-
Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal: tema Tributário Nacional, em sua estrutura e seus
I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presiden-
componentes, e o desempenho das administrações tri-
te da República nos crimes de responsabilidade, bem
butárias da União, dos Estados e do Distrito Federal e
como os Ministros de Estado e os Comandantes da
dos Municípios (Incluído pela Emenda Constitucional
Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da
mesma natureza conexos com aqueles (Redação dada nº 42, de 19.12.2003).
pela Emenda Constitucional nº 23, de 02/09/99); Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I e
II processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal II, funcionará como Presidente o do Supremo Tribunal
Federal, os membros do Conselho Nacional de Justiça Federal, limitando-se a condenação, que somente será
e do Conselho Nacional do Ministério Público, o Pro- proferida por dois terços dos votos do Senado Federal,
curador-Geral da República e o Advogado-Geral da à perda do cargo, com inabilitação, por oito anos, para
União nos crimes de responsabilidade (Redação dada o exercício de função pública, sem prejuízo das demais
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004); sanções judiciais cabíveis.
III - aprovar previamente, por voto secreto, após argui-
ção pública, a escolha de: Processo Legislativo
a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta
Constituição; O processo legislativo é o conjunto de regras cons-
b) Ministros do Tribunal de Contas da União indicados titucionalmente previstas para elaboração das normas e
pelo Presidente da República; leis previstas no art. 59, CF, pelo Poder Legislativo.
c) Governador de Território;
d) Presidente e diretores do banco central;
Art. 59. O processo legislativo compreende a elabo-
e) Procurador-Geral da República;
f) titulares de outros cargos que a lei determinar; ração de:
IV - aprovar previamente, por voto secreto, após ar- I - emendas à Constituição;
guição em sessão secreta, a escolha dos chefes de mis- II - leis complementares;
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

são diplomática de caráter permanente; III - leis ordinárias;


V - autorizar operações externas de natureza finan- IV - leis delegadas;
ceira, de interesse da União, dos Estados, do Distrito V - medidas provisórias;
Federal, dos Territórios e dos Municípios; VI - decretos legislativos;
VI - fixar, por proposta do Presidente da República, VII - resoluções.
limites globais para o montante da dívida consolida- Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a
da da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos elaboração, redação, alteração e consolidação das leis.
Municípios;
VII - dispor sobre limites globais e condições para as Quanto à organização política, o processo legislati-
operações de crédito externo e interno da União, dos vo brasileiro é o indireto ou representativo, pelo qual
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de suas o povo escolhe seus mandatários (parlamentares), que
autarquias e demais entidades controladas pelo Poder receberão de forma autônoma poderes para decidir so-
Público federal;
bre os assuntos de sua competência constitucional. Há

18
quatro espécies de processos ou procedimentos legisla- Câmara e do Senado, dentro de 30 dias a contar de seu
tivos, o comum ou ordinário, o sumário, os especiais e os recebimento, pelo voto da maioria absoluta dos Deputa-
especialíssimos. dos e Senadores.
O processo legislativo ordinário se destina à elabora- A fase final ou complementar do processo legislativo
ção das leis ordinárias, caracterizando-se pela sua maior compreende a promulgação e a publicação. A promulga-
extensão. O processo legislativo sumário, difere-se do ção é o ato de validade da lei, ainda não eficaz. E a publi-
ordinário apenas pela existência de prazo para que o cação é o ato de se dar publicidade a nova lei, inserindo
Congresso Nacional delibere sobre determinado assun- o conteúdo do texto no Diário Oficial. Com a publicação
to. Os processos legislativos especiais são estabelecidos se estabelece o momento da obrigatoriedade do cumpri-
para a elaboração das emendas à Constituição, leis com- mento da lei. Em regra, a lei começa a vigorar em todo o
plementares, leis delegadas, medidas provisórias, decre- país, 45 dias depois de sua publicação, nos termos da Lei
tos-legislativos e resoluções. E, o especialíssimo é previs- de Introdução às Normas do Direito Brasileiro. Excepcio-
to para leis financeiras e orçamentárias. nalmente, a Lei também pode entrar em vigor na data de
sua publicação.
São basicamente três as etapas ou fases do processo
legislativo brasileiro, havendo divergências doutrinárias: Fiscalização contábil, financeira e orçamentária
a iniciativa, a constitutiva, que compreende a delibera-
ção parlamentar, com a discussão e votação, e a delibe- A fiscalização contábil, financeira e orçamentária dos
ração executiva, através da sanção ou veto, e a comple- órgãos da União e da Administração Pública são de com-
mentar, que compreende a promulgação e a publicação. petência interna do sistema de controle de cada Poder e
As hipóteses da iniciativa são: geral, concorrente, pri- externo, do Congresso Nacional, com auxílio do Tribunal
vativa, popular, conjunta, do art. 67 e a parlamentar ou de Contas.
extraparlamentar. De maneira ampla, a CF atribui compe-
tência às seguintes pessoas e aos órgãos, conforme pre- Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamen-
vê o art. 61, caput (iniciativa geral): qualquer Deputado tária, operacional e patrimonial da União e das enti-
Federal ou Senador da República; Comissão da Câmara dades da administração direta e indireta, quanto à le-
dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Na- galidade, legitimidade, economicidade, aplicação das
cional; Presidente da República; Supremo Tribunal Fede- subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo
ral; Tribunais Superiores; Procurador-Geral da República Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo
e cidadãos (LENZA, 2019). sistema de controle interno de cada Poder.
A fase constitutiva expressa a conjugação de vonta- Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa físi-
des do legislativo (deliberação parlamentar - discussão e ca ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arreca-
votação) e do executivo (deliberação executiva - sanção de, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e
ou veto). A discussão e votação dos projetos de lei de valores públicos ou pelos quais a União responda, ou
iniciativa do Presidente da República, do Supremo Tri- que, em nome desta, assuma obrigações de natureza
bunal Federal e dos Tribunais Superiores, bem como os pecuniária (Redação dada pela Emenda Constitucio-
projetos de iniciativa concorrente dos Deputados ou de nal nº 19, de 1998).
Comissões da Câmara, os de iniciativa do Procurador-
-Geral da República e, naturalmente, os de iniciativa po- O Tribunal de Contas da União é o órgão auxiliar e
pular terão início na Câmara dos Deputados, sendo esta, de orientação do Poder Legislativo, embora autônomo e
portanto, a casa iniciadora e o Senado Federal, em todas a ele não subordinado, praticando atos de natureza ad-
essas hipóteses lembradas, a casa revisora. Perante o Se- ministrativa, concernentes, basicamente, à fiscalização.
nado Federal são propostos somente os projetos de lei Deve, portanto, examinar rotineiramente as contas pú-
de iniciativa dos Senadores ou de Comissões do Sena- blicas, nos termos do art. 71 e seguintes da Constituição
do, funcionando, nesses casos, a Câmara dos Deputados Federal:
como casa revisora (LENZA, 2019).
Ainda segundo Lenza (2019), terminada a fase de Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

discussão e votação, aprovado o projeto de lei, deverá Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de
ele ser encaminhado para a apreciação do Chefe do Exe- Contas da União, ao qual compete:
cutivo para sanção, concordância, ou veto, discordância I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Pre-
total ou parcial. A sanção poderá ser expressa ou táci- sidente da República, mediante parecer prévio que de-
ta e representa o momento em que o projeto de lei se verá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu
transforma em lei, para promulgação. Em caso de discor- recebimento;
dância, poderá o Presidente da República vetar o projeto II - julgar as contas dos administradores e demais res-
de lei, total ou parcialmente, no prazo de 15 dias úteis, ponsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da
contados da data do recebimento. O veto deverá ser administração direta e indireta, incluídas as fundações
sempre expresso e justificado, podendo ser considerado e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Públi-
inconstitucional (veto jurídico), ou contrário ao interes- co federal, e as contas daqueles que derem causa a
se público (veto político). O veto é irretratável, porém, perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte
relativo, podendo ser derrubado em sessão conjunta da prejuízo ao erário público;

19
III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos solicitar à autoridade governamental responsável que,
atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na ad- no prazo de cinco dias, preste os esclarecimentos
ministração direta e indireta, incluídas as fundações necessários.
instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetuadas § 1º Não prestados os esclarecimentos, ou considera-
as nomeações para cargo de provimento em comis- dos estes insuficientes, a Comissão solicitará ao Tri-
são, bem como a das concessões de aposentadorias, bunal pronunciamento conclusivo sobre a matéria, no
reformas e pensões, ressalvadas as melhorias pos- prazo de trinta dias.
teriores que não alterem o fundamento legal do ato § 2º Entendendo o Tribunal irregular a despesa, a Co-
concessório; missão, se julgar que o gasto possa causar dano irre-
IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos parável ou grave lesão à economia pública, proporá
Deputados, do Senado Federal, de Comissão técnica ao Congresso Nacional sua sustação.
ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza Art. 73. O Tribunal de Contas da União, integrado por
contábil, financeira, orçamentária, operacional e pa- nove Ministros, tem sede no Distrito Federal, quadro
trimonial, nas unidades administrativas dos Poderes próprio de pessoal e jurisdição em todo o território na-
Legislativo, Executivo e Judiciário, e demais entidades cional, exercendo, no que couber, as atribuições pre-
referidas no inciso II; vistas no art. 96.
V - fiscalizar as contas nacionais das empresas su- § 1º Os Ministros do Tribunal de Contas da União se-
pranacionais de cujo capital social a União participe, rão nomeados dentre brasileiros que satisfaçam os se-
de forma direta ou indireta, nos termos do tratado guintes requisitos:
constitutivo; I - mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco
VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repas- anos de idade;
sados pela União mediante convênio, acordo, ajuste II - idoneidade moral e reputação ilibada;
ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Dis- III - notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, eco-
trito Federal ou a Município; nômicos e financeiros ou de administração pública;
VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso IV - mais de dez anos de exercício de função ou de efe-
Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por qual- tiva atividade profissional que exija os conhecimentos
quer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização mencionados no inciso anterior.
contábil, financeira, orçamentária, operacional e pa- § 2º Os Ministros do Tribunal de Contas da União se-
trimonial e sobre resultados de auditorias e inspeções rão escolhidos:
realizadas; I - um terço pelo Presidente da República, com apro-
VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalida- vação do Senado Federal, sendo dois alternadamente
de de despesa ou irregularidade de contas, as san- dentre auditores e membros do Ministério Público jun-
ções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras to ao Tribunal, indicados em lista tríplice pelo Tribunal,
cominações, multa proporcional ao dano causado ao segundo os critérios de antiguidade e merecimento;
erário; II - dois terços pelo Congresso Nacional.
IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote § 3° Os Ministros do Tribunal de Contas da União te-
as providências necessárias ao exato cumprimento da rão as mesmas garantias, prerrogativas, impedimen-
lei, se verificada ilegalidade; tos, vencimentos e vantagens dos Ministros do Supe-
X - sustar, se não atendido, a execução do ato impug- rior Tribunal de Justiça, aplicando-se-lhes, quanto à
nado, comunicando a decisão à Câmara dos Deputa- aposentadoria e pensão, as normas constantes do art.
dos e ao Senado Federal; 40 (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20,
XI - representar ao Poder competente sobre irregulari- de 1998).
dades ou abusos apurados. § 4º O auditor, quando em substituição a Ministro,
§ 1º No caso de contrato, o ato de sustação será ado- terá as mesmas garantias e impedimentos do titular e,
tado diretamente pelo Congresso Nacional, que so- quando no exercício das demais atribuições da judica-
licitará, de imediato, ao Poder Executivo as medidas tura, as de juiz de Tribunal Regional Federal.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

cabíveis. Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário


§ 2º Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, manterão, de forma integrada, sistema de controle in-
no prazo de noventa dias, não efetivar as medidas terno com a finalidade de:
previstas no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a I - avaliar o cumprimento das metas previstas no pla-
respeito. no plurianual, a execução dos programas de governo
§ 3º As decisões do Tribunal de que resulte imputação e dos orçamentos da União;
de débito ou multa terão eficácia de título executivo. II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados,
§ 4º O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional, quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamentá-
trimestral e anualmente, relatório de suas atividades. ria, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades
Art. 72. A Comissão mista permanente a que se refere da administração federal, bem como da aplicação de
o art. 166, §1º, diante de indícios de despesas não au- recursos públicos por entidades de direito privado;
torizadas, ainda que sob a forma de investimentos não III - exercer o controle das operações de crédito, avais e
programados ou de subsídios não aprovados, poderá garantias, bem como dos direitos e haveres da União;

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IV - apoiar o controle externo no exercício de sua mis- Como chefe de Estado, o presidente representa o país
são institucional. nas suas relações internacionais e como chefe de gover-
§ 1º Os responsáveis pelo controle interno, ao toma- no exerce a liderança nacional, gerindo o país política e
rem conhecimento de qualquer irregularidade ou ile- administrativamente.
galidade, dela darão ciência ao Tribunal de Contas da
União, sob pena de responsabilidade solidária. Eleição do Presidente e Vice-presidente da
§ 2º Qualquer cidadão, partido político, associação República
ou sindicato é parte legítima para, na forma da lei,
denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o O presidente será eleito por maioria absoluta de vo-
Tribunal de Contas da União. tos, não computados os em branco e os nulos. Entende-
-se por maioria absoluta, mais que a metade, o número
Embora tenha o nome de Tribunal, é órgão adminis- subsequente à metade, ou a metade +1 do número total
trativo que não exerce função judicial. Entretanto, apesar de votantes. Quando o candidato mais votado não al-
de não ser órgão judicial, o cumprimento de suas deci- cança a maioria absoluta, realiza-se segundo turno entre
sões é obrigatório. O Tribunal de Contas pode respon- os dois mais votados.
sabilizar entidades e agentes por débitos irregulares e
aplicar multas, nos termos da lei, decisões, essas, que
têm eficácia de título executivo. Pode determinar tam- #FicaDica
bém que se adotem as providências necessárias ao exato
cumprimento da lei. A maioria absoluta é diferente da maioria
simples, que consiste no maior resultado da
A aprovação de contas pelo Tribunal de Contas não
votação, independentemente de exigência
afasta o seu exame pelo Legislativo ou pelo Judiciário.
de quórum percentual relacionado à quanti-
O modelo federal deverá ser seguido pelos Estados-
dade total de votantes.
-membros, Distrito Federal e Municípios, inclusive em
relação à composição e modo de investidura dos respec-
tivos conselheiros, respeitando-se as proporcionalidades Requisitos de elegibilidade do Presidente e
de escolha entre o Poder Executivo e o Poder Legislativo, Vice-Presidente:
nos mesmos moldes da Constituição Federal.
• Ser brasileiro nato;
Art. 75. As normas estabelecidas nesta seção apli- • Estar no gozo dos direitos políticos;
cam-se, no que couber, à organização, composição e • Ter mais de trinta e cinco anos;
fiscalização dos Tribunais de Contas dos Estados e do • Não ser inelegível;
Distrito Federal, bem como dos Tribunais e Conselhos • Possuir filiação partidária.
de Contas dos Municípios.
Parágrafo único. As Constituições estaduais disporão Art. 77. A eleição do Presidente e do Vice-Presiden-
sobre os Tribunais de Contas respectivos, que serão in- te da República realizar-se-á, simultaneamente, no
tegrados por sete Conselheiros.
primeiro domingo de outubro, em primeiro turno, e
no último domingo de outubro, em segundo turno,
PODER EXECUTIVO: FORMA E SISTEMA DE se houver, do ano anterior ao do término do manda-
GOVERNO; CHEFIA DE ESTADO E CHEFIA DE to presidencial vigente (Redação dada pela Emenda
GOVERNO Constitucional nº 16, de 1997).
§ 1º A eleição do Presidente da República importará a
do Vice-Presidente com ele registrado.
PODER EXECUTIVO
§ 2º Será considerado eleito Presidente o candidato
O Poder Executivo é o órgão constitucional cuja fun- que, registrado por partido político, obtiver a maioria
ção principal é a prática dos atos de chefia de estado, absoluta de votos, não computados os em branco e
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

de governo e de administração, mas de forma atípica, os nulos.


também legisla através da edição de Medidas Provisórias § 3º Se nenhum candidato alcançar maioria absoluta
e julga contenciosos administrativos. na primeira votação, far-se-á nova eleição em até vin-
te dias após a proclamação do resultado, concorrendo
Art. 76. O Poder Executivo é exercido pelo Presidente os dois candidatos mais votados e considerando-se
da República, auxiliado pelos Ministros de Estado. eleito aquele que obtiver a maioria dos votos válidos.
§ 4º Se, antes de realizado o segundo turno, ocorrer
Chefe de Estado e Chefe de Governo morte, desistência ou impedimento legal de candi-
dato, convocar-se-á, dentre os remanescentes, o de
O Brasil adota o presidencialismo, que tem unifica- maior votação.
das na figura do Presidente da República as funções do § 5º Se, na hipótese dos parágrafos anteriores, rema-
Chefe de Estado e Chefe de Governo. Portanto, o Poder nescer, em segundo lugar, mais de um candidato com
Executivo brasileiro é monocrático. a mesma votação, qualificar-se-á o mais idoso.

21
Art. 78. O Presidente e o Vice-Presidente da Repúbli- III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos
ca tomarão posse em sessão do Congresso Nacional, previstos nesta Constituição;
prestando o compromisso de manter, defender e cum- IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem
prir a Constituição, observar as leis, promover o bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel
geral do povo brasileiro, sustentar a união, a integri- execução;
dade e a independência do Brasil. V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente;
Parágrafo único. Se, decorridos dez dias da data fixada VI - dispor, mediante decreto, sobre: (Redação dada
para a posse, o Presidente ou o Vice-Presidente, salvo pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001).
motivo de força maior, não tiver assumido o cargo, a) organização e funcionamento da administração fe-
este será declarado vago. deral, quando não implicar aumento de despesa nem
criação ou extinção de órgãos públicos; (Incluída pela
Ordem de sucessão presidencial no caso de impe-
Emenda Constitucional nº 32, de 2001).
dimento ou vacância:
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando va-
gos; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 32, de
Em caso de impedimento ou vacância do cargo de
2001).
Presidente, este será substituído pelo: Vice-presidente,
Presidente da Câmara dos Deputados, Presidente do Se- VII - manter relações com Estados estrangeiros e acre-
nado Federal e Presidente do Supremo Tribunal Federal, ditar seus representantes diplomáticos;
nesta ordem. VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacio-
nais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional;
Art. 79. Substituirá o Presidente, no caso de impedi- IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio;
mento, e suceder-lhe-á, no de vaga, o Vice-Presidente. X - decretar e executar a intervenção federal;
Parágrafo único. O Vice-Presidente da República, XI - remeter mensagem e plano de governo ao Con-
além de outras atribuições que lhe forem conferidas gresso Nacional por ocasião da abertura da sessão le-
por lei complementar, auxiliará o Presidente, sempre gislativa, expondo a situação do País e solicitando as
que por ele convocado para missões especiais. providências que julgar necessárias;
Art. 80. Em caso de impedimento do Presidente e do XII - conceder indulto e comutar penas, com audiên-
Vice-Presidente, ou vacância dos respectivos cargos, cia, se necessário, dos órgãos instituídos em lei;
serão sucessivamente chamados ao exercício da Pre- XIII - exercer o comando supremo das Forças Arma-
sidência o Presidente da Câmara dos Deputados, o do das, nomear os Comandantes da Marinha, do Exérci-
Senado Federal e o do Supremo Tribunal Federal. to e da Aeronáutica, promover seus oficiais-generais
Art. 81. Vagando os cargos de Presidente e Vice-Pre- e nomeá-los para os cargos que lhes são privativos;
sidente da República, far-se-á eleição noventa dias de- (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de
pois de aberta a última vaga. 02/09/99)
§ 1º Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os
período presidencial, a eleição para ambos os cargos Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais
será feita trinta dias depois da última vaga, pelo Con-
Superiores, os Governadores de Territórios, o Procura-
gresso Nacional, na forma da lei.
dor-Geral da República, o presidente e os diretores do
§ 2º Em qualquer dos casos, os eleitos deverão com-
banco central e outros servidores, quando determina-
pletar o período de seus antecessores.
do em lei;
Art. 82. O mandato do Presidente da República é de
quatro anos e terá início em primeiro de janeiro do XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os Mi-
ano seguinte ao da sua eleição (Redação dada pela nistros do Tribunal de Contas da União;
Emenda Constitucional nº 16, de 1997). XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos nes-
Art. 83. O Presidente e o Vice-Presidente da Repúbli- ta Constituição, e o Advogado-Geral da União;
ca não poderão, sem licença do Congresso Nacional, XVII - nomear membros do Conselho da República,
ausentar-se do País por período superior a quinze dias, nos termos do art. 89, VII;
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

sob pena de perda do cargo. XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e o


Conselho de Defesa Nacional;
Atribuições do Presidente da República XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira,
autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado
Como chefe de Governo e Estado, compete ao Pre- por ele, quando ocorrida no intervalo das sessões le-
sidente da República as atribuições e responsabilidades gislativas, e, nas mesmas condições, decretar, total ou
trazidas nos artigos 84, 85 e 86, CF: parcialmente, a mobilização nacional;
XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da Congresso Nacional;
República: XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas;
I - nomear e exonerar os Ministros de Estado; XXII - permitir, nos casos previstos em lei complemen-
II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a tar, que forças estrangeiras transitem pelo território
direção superior da administração federal; nacional ou nele permaneçam temporariamente;

22
XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano pluria- Os Ministros de Estado
nual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as
propostas de orçamento previstos nesta Constituição; São membros auxiliares do Executivo livremente
XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, nomeados pelo Presidente. Competem aos Ministros a
dentro de sessenta dias após a abertura da sessão le- direção do Ministério ou seção administrativa que lhe
gislativa, as contas referentes ao exercício anterior; houver sido confiada. Podem também referendar atos
presidenciais, expedir instruções para a boa execução
XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais,
das leis, decretos e regulamentos e inclusive, receber de-
na forma da lei;
legação do Presidente da República para a realização de
XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, nos atos próprios da chefia do Poder Executivo.
termos do art. 62;
XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta Art. 87. Os Ministros de Estado serão escolhidos den-
Constituição. tre brasileiros maiores de vinte e um anos e no exercí-
Parágrafo único. O Presidente da República poderá cio dos direitos políticos.
delegar as atribuições mencionadas nos incisos VI, XII Parágrafo único. Compete ao Ministro de Estado, além
e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao Pro- de outras atribuições estabelecidas nesta Constituição
curador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da e na lei:
União, que observarão os limites traçados nas respec- I - exercer a orientação, coordenação e supervisão dos
tivas delegações. órgãos e entidades da administração federal na área
de sua competência e referendar os atos e decretos
assinados pelo Presidente da República;
Responsabilidade do Presidente da República
II - expedir instruções para a execução das leis, decre-
tos e regulamentos;
Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do III - apresentar ao Presidente da República relatório
Presidente da República que atentem contra a Consti- anual de sua gestão no Ministério;
tuição Federal e, especialmente, contra: IV - praticar os atos pertinentes às atribuições que lhe
I - a existência da União; forem outorgadas ou delegadas pelo Presidente da
II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Ju- República.
diciário, do Ministério Público e dos Poderes constitu- Art. 88. A lei disporá sobre a criação e extinção de
cionais das unidades da Federação; Ministérios e órgãos da administração pública (Reda-
III - o exercício dos direitos políticos, individuais e ção dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001).
sociais;
IV - a segurança interna do País; Do Conselho da República e do Conselho de Defe-
V - a probidade na administração; sa Nacional
VI - a lei orçamentária;
O Conselho da Repúbica é órgão consultivo do Pre-
VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais. sidente sobre intervenção federal, estado de defesa, es-
Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei tado de sítio e questões relevantes para a estabilidade
especial, que estabelecerá as normas de processo e das instituições democráticas. O Presidente não poderá
julgamento. tomar qualquer decisão sobre tais questões sem a au-
Art. 86. Admitida a acusação contra o Presidente diência do Conselho da República. Entretanto, sua fun-
da República, por dois terços da Câmara dos Depu- ção é apenas consultiva e não deliberativa, e não vincula
tados, será ele submetido a julgamento perante o necessariamente a atuação presidencial.
Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais co- O Conselho de Defesa Nacional é o órgão destinado
muns, ou perante o Senado Federal, nos crimes de a assessorar o Presidente da República nas questões re-
responsabilidade. lativas à defesa do território nacional.
§ 1º O Presidente ficará suspenso de suas funções:
I - nas infrações penais comuns, se recebida a denún- DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

cia ou queixa-crime pelo Supremo Tribunal Federal; DEMOCRÁTICAS: SEGURANÇA PÚBLICA;


II - nos crimes de responsabilidade, após a instauração ORGANIZAÇÃO DA SEGURANÇA PÚBLICA
do processo pelo Senado Federal.
§ 2º Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o jul-
DA DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES
gamento não estiver concluído, cessará o afastamento
DEMOCRÁTICAS
do Presidente, sem prejuízo do regular prosseguimen-
CAPÍTULO I
to do processo. DO ESTADO DE DEFESA E DO ESTADO DE SÍTIO
§ 3º Enquanto não sobrevier sentença condenatória, SEÇÃO I
nas infrações comuns, o Presidente da República não DO ESTADO DE DEFESA
estará sujeito a prisão.
§ 4º O Presidente da República, na vigência de seu Art. 136. O Presidente da República pode, ouvidos o
mandato, não pode ser responsabilizado por atos es- Conselho da República e o Conselho de Defesa Na-
tranhos ao exercício de suas funções. cional, decretar estado de defesa para preservar ou

23
prontamente restabelecer, em locais restritos e deter- II - declaração de estado de guerra ou resposta a
minados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas agressão armada estrangeira.
por grave e iminente instabilidade institucional ou Parágrafo único. O Presidente da República, ao soli-
atingidas por calamidades de grandes proporções na citar autorização para decretar o estado de sítio ou
natureza. sua prorrogação, relatará os motivos determinantes
§ 1º O decreto que instituir o estado de defesa deter- do pedido, devendo o Congresso Nacional decidir por
minará o tempo de sua duração, especificará as áreas maioria absoluta.
a serem abrangidas e indicará, nos termos e limites Art. 138. O decreto do estado de sítio indicará sua
da lei, as medidas coercitivas a vigorarem, dentre as duração, as normas necessárias a sua execução e as
seguintes: garantias constitucionais que ficarão suspensas, e,
I - restrições aos direitos de: depois de publicado, o Presidente da República de-
a) reunião, ainda que exercida no seio das associações; signará o executor das medidas específicas e as áreas
b) sigilo de correspondência; abrangidas.
c) sigilo de comunicação telegráfica e telefônica; § 1º O estado de sítio, no caso do art. 137, I, não pode-
II - ocupação e uso temporário de bens e serviços pú- rá ser decretado por mais de trinta dias, nem prorro-
blicos, na hipótese de calamidade pública, responden- gado, de cada vez, por prazo superior; no do inciso II,
do a União pelos danos e custos decorrentes. poderá ser decretado por todo o tempo que perdurar a
§ 2º O tempo de duração do estado de defesa não será guerra ou a agressão armada estrangeira.
superior a trinta dias, podendo ser prorrogado uma § 2º Solicitada autorização para decretar o estado de
sítio durante o recesso parlamentar, o Presidente do
vez, por igual período, se persistirem as razões que
Senado Federal, de imediato, convocará extraordina-
justificaram a sua decretação.
riamente o Congresso Nacional para se reunir dentro
§ 3º Na vigência do estado de defesa:
de cinco dias, a fim de apreciar o ato.
I - a prisão por crime contra o Estado, determinada
§ 3º O Congresso Nacional permanecerá em funcio-
pelo executor da medida, será por este comunicada
namento até o término das medidas coercitivas.
imediatamente ao juiz competente, que a relaxará, se
Art. 139. Na vigência do estado de sítio decretado
não for legal, facultado ao preso requerer exame de
com fundamento no art. 137, I, só poderão ser toma-
corpo de delito à autoridade policial; das contra as pessoas as seguintes medidas:
II - a comunicação será acompanhada de declaração, I - obrigação de permanência em localidade
pela autoridade, do estado físico e mental do detido determinada;
no momento de sua autuação; II - detenção em edifício não destinado a acusados ou
III - a prisão ou detenção de qualquer pessoa não po- condenados por crimes comuns;
derá ser superior a dez dias, salvo quando autorizada III - restrições relativas à inviolabilidade da correspon-
pelo Poder Judiciário; dência, ao sigilo das comunicações, à prestação de in-
IV - é vedada a incomunicabilidade do preso. formações e à liberdade de imprensa, radiodifusão e
§ 4º Decretado o estado de defesa ou sua prorrogação, televisão, na forma da lei;
o Presidente da República, dentro de vinte e quatro IV - suspensão da liberdade de reunião;
horas, submeterá o ato com a respectiva justificação V - busca e apreensão em domicílio;
ao Congresso Nacional, que decidirá por maioria VI - intervenção nas empresas de serviços públicos;
absoluta. VII - requisição de bens.
§ 5º Se o Congresso Nacional estiver em recesso, será Parágrafo único. Não se inclui nas restrições do inci-
convocado, extraordinariamente, no prazo de cinco so III a difusão de pronunciamentos de parlamentares
dias. efetuados em suas Casas Legislativas, desde que libe-
§ 6º O Congresso Nacional apreciará o decreto den- rada pela respectiva Mesa.
tro de dez dias contados de seu recebimento, devendo
continuar funcionando enquanto vigorar o estado de SEÇÃO III
defesa. DISPOSIÇÕES GERAIS
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

§ 7º Rejeitado o decreto, cessa imediatamente o esta-


do de defesa. Art. 140. A Mesa do Congresso Nacional, ouvidos os
líderes partidários, designará Comissão composta de
SEÇÃO II cinco de seus membros para acompanhar e fiscalizar a
DO ESTADO DE SÍTIO execução das medidas referentes ao estado de defesa
e ao estado de sítio.
Art. 137. O Presidente da República pode, ouvidos o Art. 141. Cessado o estado de defesa ou o estado de
Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacio- sítio, cessarão também seus efeitos, sem prejuízo da
nal, solicitar ao Congresso Nacional autorização para responsabilidade pelos ilícitos cometidos por seus exe-
decretar o estado de sítio nos casos de: cutores ou agentes.
I - comoção grave de repercussão nacional ou ocor- Parágrafo único. Logo que cesse o estado de defesa ou
rência de fatos que comprovem a ineficácia de medida o estado de sítio, as medidas aplicadas em sua vigên-
tomada durante o estado de defesa; cia serão relatadas pelo Presidente da República, em

24
mensagem ao Congresso Nacional, com especificação VIII - aplica-se aos militares o disposto no art. 7º, inci-
e justificação das providências adotadas, com rela- sos VIII, XII, XVII, XVIII, XIX e XXV, e no art. 37, incisos
ção nominal dos atingidos e indicação das restrições XI, XIII, XIV e XV, bem como, na forma da lei e com
aplicadas. prevalência da atividade militar, no art. 37, inciso XVI,
alínea “c”; (Inciso acrescido pela Emenda Constitucio-
CAPÍTULO II nal nº 18, de 1998 e com redação dada pela Emenda
DAS FORÇAS ARMADAS Constitucional nº 77, de 2014)
IX - (Revogado pela Emenda Constitucional nº 41, de
Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Mari- 2003)
nha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições X - a lei disporá sobre o ingresso nas Forças Armadas,
nacionais permanentes e regulares, organizadas com os limites de idade, a estabilidade e outras condições
base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade de transferência do militar para a inatividade, os di-
suprema do Presidente da República, e destinam-se reitos, os deveres, a remuneração, as prerrogativas e
à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitu- outras situações especiais dos militares, consideradas
cionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e as peculiaridades de suas atividades, inclusive aquelas
da ordem. cumpridas por força de compromissos internacionais
§ 1º Lei complementar estabelecerá as normas gerais e de guerra.
a serem adotadas na organização, no preparo e no Art. 143. O serviço militar é obrigatório nos termos
emprego das Forças Armadas. da lei.
§ 2º Não caberá habeas corpus em relação a punições § 1º Às Forças Armadas compete, na forma da lei,
disciplinares militares. atribuir serviço alternativo aos que, em tempo de paz,
§ 3º Os membros das Forças Armadas são denomina- após alistados, alegarem imperativo de consciência,
dos militares, aplicando-se-lhes, além das que vierem entendendo-se como tal o decorrente de crença reli-
a ser fixadas em lei, as seguintes disposições: giosa e de convicção filosófica ou política, para se exi-
I - as patentes, com prerrogativas, direitos e deveres a
mirem de atividades de caráter essencialmente militar.
elas inerentes, são conferidas pelo Presidente da Re-
§ 2º As mulheres e os eclesiásticos ficam isentos do
pública e asseguradas em plenitude aos oficiais da ati-
serviço militar obrigatório em tempo de paz, sujeitos,
va, da reserva ou reformados, sendo-lhes privativos os
porém, a outros encargos que a lei lhes atribuir.
títulos e postos militares e, juntamente com os demais
membros, o uso dos uniformes das Forças Armadas;
CAPÍTULO III
II - o militar em atividade que tomar posse em cargo
DA SEGURANÇA PÚBLICA
ou emprego público civil permanente, ressalvada a hi-
pótese prevista no art. 37, inciso XVI, alínea “c”, será
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, di-
transferido para a reserva, nos termos da lei;
reito e responsabilidade de todos, é exercida para a
III - o militar da ativa que, de acordo com a lei, tomar
posse em cargo, emprego ou função pública civil tem- preservação da ordem pública e da incolumidade das
porária, não eletiva, ainda que da administração indi- pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:
reta, ressalvada a hipótese prevista no art. 37, inciso I - polícia federal;
XVI, alínea “c”, ficará agregado ao respectivo quadro II - polícia rodoviária federal;
e somente poderá, enquanto permanecer nessa situa- III - polícia ferroviária federal;
ção, ser promovido por antiguidade, contando-se-lhe IV - polícias civis;
o tempo de serviço apenas para aquela promoção V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.
e transferência para a reserva, sendo depois de dois § 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão
anos de afastamento, contínuos ou não, transferido permanente, organizado e mantido pela União e es-
para a reserva, nos termos da lei; (Inciso acrescido pela truturado em carreira, destina-se a:
Emenda Constitucional nº 18, de 1998 e com redação I - apurar infrações penais contra a ordem política e
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

dada pela Emenda Constitucional nº 77, de 2014) social ou em detrimento de bens, serviços e interesses
IV – ao militar são proibidas a sindicalização e a greve; da União ou de suas entidades autárquicas e empre-
V - o militar, enquanto em serviço ativo, não pode es- sas públicas, assim como outras infrações cuja prática
tar filiado a partidos políticos; tenha repercussão interestadual ou internacional e
VI - o oficial só perderá o posto e a patente se for jul- exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei;
gado indigno do oficialato ou com ele incompatível, II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes
por decisão de tribunal militar de caráter permanente, e drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem
em tempo de paz, ou de tribunal especial, em tempo prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públi-
de guerra; cos nas respectivas áreas de competência;
VII - o oficial condenado na justiça comum ou militar III - exercer as funções de polícia marítima, aeropor-
a pena privativa de liberdade superior a dois anos, por tuária e de fronteiras;
sentença transitada em julgado, será submetido ao IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia
julgamento previsto no inciso anterior; judiciária da União.

25
§ 2º A polícia rodoviária federal, órgão permanente, Defesa das Instituições democráticas
organizado e mantido pela União e estruturado em
carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamen- • Reestabelecer a ordem constitucional, não per-
to ostensivo das rodovias federais. mitindo que determinado grupo se sobreponha a
§ 3º A polícia ferroviária federal, órgão permanente, outro.
organizado e mantido pela União e estruturado em
carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamen- Hipóteses de uso (ruptura pela não necessidade e se
to ostensivo das ferrovias federais.
perpetuar no tempo)
§ 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia
de carreira, incumbem, ressalvada a competência da
União, as funções de polícia judiciária e a apuração de
infrações penais, exceto as militares. Arbítrio
§ 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e
a preservação da ordem pública; aos corpos de bom- Necessidade
beiros militares, além das atribuições definidas em lei,
incumbe a execução de atividades de defesa civil. Golpe de Estado
§ 6º As polícias militares e corpos de bombeiros mi-
litares, forças auxiliares e reserva do Exército, su-
bordinam-se, juntamente com as polícias civis, aos
Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos
Temporariedade Ditadura
Territórios.
§ 7º A lei disciplinará a organização e o funcionamen-
to dos órgãos responsáveis pela segurança pública, de
maneira a garantir a eficiência de suas atividades. 2) Defesa das Instituições democráticas
§ 8º Os Municípios poderão constituir guardas muni-
cipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e • Estado de Defesa
instalações, conforme dispuser a lei. Possibilidades de decretação
§ 9º A remuneração dos servidores policiais integran- Preservar ou reestabelecer em locais restritos e deter-
tes dos órgãos relacionados neste artigo será fixada na
minados a Ordem Pública ou a paz social por iminente
forma do § 4º do art. 39.
instabilidade institucional ou calamidades naturais de
§ 10. A segurança viária, exercida para a preservação
da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do grande proporção.
seu patrimônio nas vias públicas:
I - compreende a educação, engenharia e fiscalização Procedimento
de trânsito, além de outras atividades previstas em lei,
que assegurem ao cidadão o direito à mobilidade ur- • Presidente da República: opinião do Conselho da
bana eficiente; e República e Conselho de Defesa, por DECRETO, de-
II - compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Fede- creta o estado de defesa. A opinião destes não é
ral e dos Municípios, aos respectivos órgãos ou entida- vinculativa.
des executivos e seus agentes de trânsito, estruturados • Características: tempo de duração, área abrangida
em Carreira, na forma da lei. (Parágrafo acrescido e medidas coercitivas.
pela Emenda Constitucional nº 82, de 2014) • Tempo: máximo de 30 dias prorrogável por mais
30.
1) Grupos de Proteção • Estado de Sítio
• Comoção grave de repercussão nacional
Defesa do Estado
• Ineficácia das medidas adotadas no estado de
defesa
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

• Instrumentos de defesa: forças armadas e seguran-


ça pública. • Declaração de guerra ou resposta a ataque
estrangeiro
Defesa das Instituições democráticas
Procedimento
• Instrumentos excepcionais: (sistema constitucional
de crises): estado de sítio e estado de defesa. • Presidente da República: opinião do Conselho da
República e Conselho de Defesa, por DECRETO, de-
Defesa do Estado creta o estado de defesa. A opinião destes não é
vinculativa.
• Defesa do território contra invasão estrangeira • Declarar os motivos determinantes para o decreto,
• Defesa da Soberania Nacional prévia solicitação ao Congresso Nacional, manifes-
• Defesa da Pátria tação pela maioria absoluta dos membros.

26
• decreto do estado de sítio indicará sua duração, as normas necessárias a sua execução e as garantias constitucio-
nais que ficarão suspensas, e, depois de publicado, o Presidente da República designará o executor das medidas
específicas e as áreas abrangidas.

Medidas coercitivas:

• obrigação de permanência em localidade determinada;


• detenção em edifício não destinado a acusados ou condenados por crimes comuns;
• restrições (não supressões) relativas à inviolabilidade da correspondência, ao sigilo das comunicações, à pres-
tação de informações e à liberdade de imprensa, radiodifusão e televisão, na forma da lei (desde que liberada
pela respectiva Mesa, não se inclui a difusão de pronunciamentos de parlamentares efetuados em suas Casas
Legislativas);
• suspensão da liberdade de reunião;
• busca e apreensão em domicílio;
• intervenção nas empresas de serviços públicos;
• requisição de bens.

3) Das Forças Armadas

Comando: Presidente da República. É quem nomeia os comandantes e cargos privativos.


Forças Armadas

Marinha

Presidente da Ministério da
Aeronáutica
República Defesa

Exército

4) Segurança Pública

Polícia Federal

Polícia Rodoviária
Federal
Federal
Polícia Ferroviária
Segurança Pública

Polícia Federal
Administrativa
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Corpo de
Bombeiros
Estadual
Polícia Militar
Federal
Estadual
Polícia Civil

27
EXERCÍCIO COMENTADO

1. (PM-MG – SOLDADO DA POLÍCIA MILITAR – PM-MG – 2018) Sobre os aspectos da segurança pública, de acordo
com a CRFB/88 marque a opção CORRETA.

a) Às polícias militares cabe, exclusivamente, a polícia repressiva criminal; aos corpos de bombeiros militares incumbe
a execução de atividades de defesa civil.
b) Os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações,
conforme dispuser a lei.
c) As polícias militares e corpos de bombeiros militares, forças complementares do Exército, subordinam-se, juntamen-
te com as polícias civis, aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.
d) Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as
funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, inclusive as militares.

Resposta: Letra B. Em “a”: Errado – Art. 144 – § 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação
da ordem pública; aoscorpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de
atividades de defesa civil.
Em “b”: Certo – Art. 144 – § 8º Os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de
seus bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei.
Em “c”: Errado – Art. 144 – § 6º As polícias militares e corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do
Exército, subordinam-se, juntamente com as polícias civis, aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos
Territórios.
Em “d”: Errado – Art. 144 – § 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada
a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares.

PODER JUDICIÁRIO: DISPOSIÇÕES GERAIS. ANISTIA E INDULTO: GENERALIDADES E


COMPETÊNCIA

PODER JUDICIÁRIO

Mais do que o Poder incumbido da função e prestação jurisdicional, é o Poder Judiciário o guardião da Constituição
e garantidor dos direitos fundamentais. A função jurisdicional só pode ser desempenhada pelo Poder Judiciário, único
poder capaz de produzir decisões que venham se revestir da força de coisa julgada.

Disposições Gerais

O Judiciário não é subordinado ao governo e suas principais características são a independência, autonomia a im-
parcialidade, fundamentais para que a lei possa ser aplicada ao caso concreto até mesmo em desfavor do governo e
da administração.
A função típica do Poder Judiciário é a prestação jurisdicional, mas este também exerce funções atípicas, legislativas,
como a edição de normas regimentais de seus órgãos, e administrativas, como a concessão de férias aos seus membros
e serventuários e o provimento dos cargos de juiz de carreira na respectiva jurisdição.
Para garantir a independência do exercício da jurisdição, os membros do Poder judiciário gozam de algumas garan-
tias, tais como: vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de vencimentos.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

28
Estrutura do Poder Judiciário:

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

15 conselheiros

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL – STF


4ª instância
11 ministros

TSM
STJ TST TSE
3ª instância
15
33 ministros 27 ministros 7 ministros
ministros

2ª instância TJ TRF TRT TRE TM

Juiz de Juizado Juizado Juiz do


1ª instância Juiz federal Juiz eleitoral Juiz militar
direto especial federal trabalho

Justiça Comum

Justiça Especial

Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário:


I - o Supremo Tribunal Federal;
I-A o Conselho Nacional de Justiça; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004).
II - o Superior Tribunal de Justiça;
II-A - o Tribunal Superior do Trabalho; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 92, de 2016).
III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais;
IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho;
V - os Tribunais e Juízes Eleitorais;
VI - os Tribunais e Juízes Militares;
VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios.
§ 1º O Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacional de Justiça e os Tribunais Superiores têm sede na Capital Fede-
ral. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004).
§ 2º O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Superiores têm jurisdição em todo o território nacional. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004).

#FicaDica
O CNJ é um órgão do Poder Judiciário, entretanto, goza de autonomia e independência e não está hierar-
quicamente subordinado a nenhum outro órgão de nenhuma das instâncias. Também não está acima do
STF ou abaixo dele, pois exerce a fiscalização dos atos de todos os outros órgãos e o controle disciplinar
de todos os membros do Judiciário.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Supremo Tribunal Federal (STF)

O STF é o órgão máximo e a mais alta instância do Judiciário brasileiro. É o guardião da Constituição Federal.

Art. 101. O Supremo Tribunal Federal compõe-se de onze Ministros, escolhidos dentre cidadãos com mais de trinta e
cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada.
Parágrafo único - Os Ministros do Supremo Tribunal Federal serão nomeados pelo Presidente da República, depois de
aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal.

Todas as competências do STF estão elencadas no art. 102, CF:

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:

29
I - processar e julgar, originariamente: dos Deputados, do Senado Federal, das Mesas de uma
a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato dessas Casas Legislativas, do Tribunal de Contas da
normativo federal ou estadual e a ação declaratória União, de um dos Tribunais Superiores, ou do próprio
de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal; Supremo Tribunal Federal;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de r) as ações contra o Conselho Nacional de Justiça e
1993), contra o Conselho Nacional do Ministério Público; (In-
b) nas infrações penais comuns, o Presidente da Re- cluída pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004).
pública, o Vice-Presidente, os membros do Congresso II - julgar, em recurso ordinário:
Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Ge- a) o habeas corpus, o mandado de segurança, o ha-
ral da República; beas data e o mandado de injunção decididos em úni-
c) nas infrações penais comuns e nos crimes de res- ca instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória
ponsabilidade, os Ministros de Estado e os Comandan- a decisão;
tes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ressal- b) o crime político;
vado o disposto no art. 52, I, os membros dos Tribunais III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas
Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os decididas em única ou última instância, quando a de-
chefes de missão diplomática de caráter permanente; cisão recorrida:
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de a) contrariar dispositivo desta Constituição;
1999). b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei
d) o habeas corpus, sendo paciente qualquer das pes- federal;
soas referidas nas alíneas anteriores; o mandado de c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado
segurança e o habeas data contra atos do Presidente em face desta Constituição.
da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e d) julgar válida lei local contestada em face de lei fe-
do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, deral. (Incluída pela Emenda Constitucional nº 45, de
do Procurador-Geral da República e do próprio Supre- 2004).
§ 1º A arguição de descumprimento de preceito fun-
mo Tribunal Federal;
damental, decorrente desta Constituição, será apre-
e) o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo in-
ciada pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei.
ternacional e a União, o Estado, o Distrito Federal ou
(Transformado em § 1º pela Emenda Constitucional nº
o Território;
3, de 17/03/93).
f) as causas e os conflitos entre a União e os Estados,
§ 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas
a União e o Distrito Federal, ou entre uns e outros,
pelo Supremo Tribunal Federal, nas ações diretas de
inclusive as respectivas entidades da administração
inconstitucionalidade e nas ações declaratórias de
indireta;
constitucionalidade produzirão eficácia contra todos
g) a extradição solicitada por Estado estrangeiro;
e efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos
i) o habeas corpus, quando o coator for Tribunal Supe- do Poder Judiciário e à administração pública direta
rior ou quando o coator ou o paciente for autoridade e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal.
ou funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de
à jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se trate 2004).
de crime sujeito à mesma jurisdição em uma única § 3º No recurso extraordinário o recorrente deverá
instância; (Redação dada pela Emenda Constitucional demonstrar a repercussão geral das questões consti-
nº 22, de 1999). tucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim
j) a revisão criminal e a ação rescisória de seus de que o Tribunal examine a admissão do recurso, so-
julgados; mente podendo recusá-lo pela manifestação de dois
l) a reclamação para a preservação de sua competên- terços de seus membros. (Incluída pela Emenda Cons-
cia e garantia da autoridade de suas decisões; titucional nº 45, de 2004).
m) a execução de sentença nas causas de sua compe-
tência originária, facultada a delegação de atribuições Com a Emenda Constitucional 45/04, alguns julgados
para a prática de atos processuais; e decisões do STF passaram a ter efeito vinculante. Des-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

n) a ação em que todos os membros da magistratura de então, o STF de ofício ou por provocação de qualquer
sejam direta ou indiretamente interessados, e aquela de seus membros, e mediante decisão de dois terços,
em que mais da metade dos membros do tribunal de pode aprovar o efeito vinculante de reiteradas decisões
origem estejam impedidos ou sejam direta ou indire- sobre determinada matéria. A Súmula Vinculante visa
tamente interessados; impor a unidade de interpretação jurídica não só aos ju-
o) os conflitos de competência entre o Superior Tribu- risdicionados, mas também aos próprios órgãos jurisdi-
nal de Justiça e quaisquer tribunais, entre Tribunais cionais de instâncias inferiores, dando segurança jurídica
Superiores, ou entre estes e qualquer outro tribunal; e solucionando parte da sobrecarga do Judiciário com
p) o pedido de medida cautelar das ações diretas de decisões repetidas.
inconstitucionalidade;
q) o mandado de injunção, quando a elaboração da Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de
norma regulamentadora for atribuição do Presiden- ofício ou por provocação, mediante decisão de dois
te da República, do Congresso Nacional, da Câmara terços dos seus membros, após reiteradas decisões

30
sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da Or-
partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efei- dem dos Advogados do Brasil; dois cidadãos, de notá-
to vinculante em relação aos demais órgãos do Poder vel saber jurídico e reputação ilibada, indicados um pela
Judiciário e à administração pública direta e indireta, Câmara dos Deputados e outro pelo Senado Federal. É
nas esferas federal, estadual e municipal, bem como sempre presidido pelo Presidente do STF e seus conse-
proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma lheiros devem:
estabelecida em lei (Incluído pela Emenda Constitu-
cional nº 45, de 2004) (Vide Lei nº 11.417, de 2006). • Elaborar projetos, propostas ou estudos sobre
§ 1º A súmula terá por objetivo a validade, a interpre- matérias de competência do CNJ e apresentá-
tação e a eficácia de normas determinadas, acerca das -los nas sessões plenárias ou reuniões de Comis-
quais haja controvérsia atual entre órgãos judiciários sões, observada a pauta fixada pelos respectivos
ou entre esses e a administração pública que acarrete Presidentes;
grave insegurança jurídica e relevante multiplicação • Requisitar de quaisquer órgãos do Poder Judiciá-
de processos sobre questão idêntica (Incluído pela rio, do CNJ e de outras autoridades competentes
Emenda Constitucional nº 45, de 2004). as informações e os meios que considerem úteis
§ 2º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em para o exercício de suas funções;
lei, a aprovação, revisão ou cancelamento de súmula • Propor à Presidência a constituição de grupos de
poderá ser provocada por aqueles que podem propor trabalho ou Comissões necessários à elaboração
a ação direta de inconstitucionalidade (Incluído pela de estudos, propostas e projetos a serem apresen-
Emenda Constitucional nº 45, de 2004). tados ao Plenário do CNJ;
§ 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que • Propor a convocação de técnicos, especialistas,
contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente representantes de entidades ou autoridades para
a aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal Fe- prestar os esclarecimentos que o CNJ entenda
deral que, julgando-a procedente, anulará o ato ad- convenientes;
ministrativo ou cassará a decisão judicial reclamada, • Pedir vista dos autos de processos em julgamento;
e determinará que outra seja proferida com ou sem a • Participar das sessões plenárias para as quais fo-
aplicação da súmula, conforme o caso (Incluído pela rem regularmente convocados;
Emenda Constitucional nº 45, de 2004). • Despachar, nos prazos legais, os requerimentos ou
expedientes que lhes forem dirigidos;
Conselho Nacional de Justiça (CNJ) • Desempenhar as funções de Relator nos processos
que lhes forem distribuídos (CNJ, 2020).
Segundo conceitua o próprio site do CNJ (2020), O
Conselho Nacional de Justiça (CNJ) é uma instituição pú- Superior Tribunal de Justiça (STJ)
blica que visa aperfeiçoar o trabalho do sistema judiciário
brasileiro, principalmente no que diz respeito ao controle O STJ é a corte jurisdicional responsável por uniformi-
e à transparência administrativa e processual, desenvol- zar a interpretação da lei federal em todo o Brasil, com-
vendo políticas judiciárias que promovam a efetividade e posta por 33 ministros.
a unidade do Poder Judiciário, orientadas para os valores
de justiça e paz social, impulsionando cada vez mais a Art. 104. O Superior Tribunal de Justiça compõe-se
efetividade da Justiça brasileira. de, no mínimo, trinta e três Ministros.
Criado com a Emenda Constitucional nº 45, o Con- Parágrafo único. Os Ministros do Superior Tribunal de
selho Nacional de Justiça é composto por 15 (quinze) Justiça serão nomeados pelo Presidente da República,
membros com mandato de 2 (dois) anos, admitida 1 dentre brasileiros com mais de trinta e cinco e menos
(uma) recondução, nos termos do art. 103-B, CF, sendo: de sessenta e cinco anos, de notável saber jurídico e
o Presidente do Supremo Tribunal Federal; um Ministro reputação ilibada, depois de aprovada a escolha pela
do Superior Tribunal de Justiça, indicado pelo respectivo maioria absoluta do Senado Federal, sendo (Redação
tribunal; um Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004):
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

indicado pelo respectivo tribunal; um desembargador de I - um terço dentre juízes dos Tribunais Regionais Fe-
Tribunal de Justiça, indicado pelo Supremo Tribunal Fe- derais e um terço dentre desembargadores dos Tribu-
deral; um juiz estadual, indicado pelo Supremo Tribunal nais de Justiça, indicados em lista tríplice elaborada
Federal; um juiz de Tribunal Regional Federal, indicado pelo próprio Tribunal;
pelo Superior Tribunal de Justiça; um juiz federal, indica- II - um terço, em partes iguais, dentre advogados e
do pelo Superior Tribunal de Justiça; um juiz de Tribunal membros do Ministério Público Federal, Estadual, do
Regional do Trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do Distrito Federal e Territórios, alternadamente, indica-
Trabalho; um juiz do trabalho, indicado pelo Tribunal Su- dos na forma do art. 94.
perior do Trabalho; um membro do Ministério Público da
União, indicado pelo Procurador-Geral da República; um Segundo dados do próprio site do STJ (2020), é de
membro do Ministério Público estadual, escolhido pelo sua responsabilidade a solução definitiva dos casos ci-
Procurador-Geral da República dentre os nomes indica- vis e criminais que não envolvam matéria constitucional
dos pelo órgão competente de cada instituição estadual; nem a justiça especializada. O principal tipo de processo

31
julgado pelo STJ é o recurso especial, que serve funda- Justiça, sob a presidência de juiz de direito, proces-
mentalmente para que o tribunal resolva interpretações sar e julgar os demais crimes militares. (Incluído pela
divergentes sobre um determinado dispositivo de lei. Emenda Constitucional nº 45, de 2004).
É ainda de responsabilidade do STJ resolver crimes § 6º O Tribunal de Justiça poderá funcionar descen-
de autorid​​ades, magistrados e políticos, federalizar pro- tralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim
cessos de grande violação de Direitos Humanos, julgar de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça
habeas corpus, habeas data ou mandado de segurança, em todas as fases do processo. (Incluído pela Emenda
contra ato ilegal de governadores, desembargadores ou Constitucional nº 45, de 2004).
conselheiros de tribunais de contas e outras autoridades, § 7º O Tribunal de Justiça instalará a justiça itineran-
bem como habeas corpus e mandados de segurança ne- te, com a realização de audiências e demais funções
gados em 2ª instância pelos Tribunais de Justiça ou Tribu- da atividade jurisdicional, nos limites territoriais da
nais Federais. É também responsável pela administração respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos
da Justiça Federal e por solucionar conflitos de compe- públicos e comunitários (Incluído pela Emenda Cons-
tência entre Tribunais. Todas as suas competências estão titucional nº 45, de 2004).
expressas no art. 105, CF (STJ, 2020). Art. 126. Para dirimir conflitos fundiários, o Tribunal
de Justiça proporá a criação de varas especializadas,
Dos Tribunais e juízes dos Estados com competência exclusiva para questões agrárias
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de
Os Tribunais de Justiça compreendem a 2ª instância 2004).
do judiciário brasileiro e os juízes estaduais ou juízes Parágrafo único. Sempre que necessário à eficiente
de direito correspondem à primeira instância da Justi- prestação jurisdicional, o juiz far-se-á presente no lo-
ça comum. Cada estado tem seu tribunal. Os tribunais cal do litígio.
são também responsáveis pelos Juizados Especiais Cí-
veis e Criminais suas Turmas recursais, regidos pela Lei Das funções essenciais à justiça
9099/1995, e os Centros Judiciários de Solução de Con-
flitos e Cidadania – CEJUSCs. Em sede de 1ª instância, os Para a efetiva a prestação jurisdicional, não basta que
juízes de direito são os responsáveis pelas diversas varas, existam os juízes e tribunais. O acesso à Justiça só é pos-
espalhadas nas comarcas. Cada tribunal será responsável sível graças a algumas funções essenciais: o Ministério
por sua organização estrutural. Público, a Advocacia Pública, a Advocacia e a Defensoria
Pública.
Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, obser-
vados os princípios estabelecidos nesta Constituição. Ministério Público (arts. 127 a 130, CF)
§ 1º A competência dos tribunais será definida na
Constituição do Estado, sendo a lei de organização ju- O MP está fora da estrutura dos demais poderes da
diciária de iniciativa do Tribunal de Justiça. República, consagrando sua total autonomia e inde-
§ 2º Cabe aos Estados a instituição de representação pendência para o cumprimento de suas funções sem-
de inconstitucionalidade de leis ou atos normativos pre em defesa dos direitos, garantias e prerrogativas da
estaduais ou municipais em face da Constituição Es- sociedade.
tadual, vedada a atribuição da legitimação para agir “O Ministério Público é instituição permanente, es-
a um único órgão. sencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe
§ 3º A lei estadual poderá criar, mediante proposta do a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos
Tribunal de Justiça, a Justiça Militar estadual, consti- interesses sociais e individuais indisponíveis” (MORAES,
tuída, em primeiro grau, pelos juízes de direito e pelos 2018, p. 791).
Conselhos de Justiça e, em segundo grau, pelo próprio Assim, constitucionalmente, o Ministério Público
Tribunal de Justiça, ou por Tribunal de Justiça Mili- abrange duas grandes Instituições, sem que haja qual-
tar nos Estados em que o efetivo militar seja superior quer relação de hierarquia e subordinação entre elas: o
a vinte mil integrantes (Redação dada pela Emenda Ministério Público da União, que compreende o Minis-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Constitucional nº 45, de 2004). tério Público Federal, o Ministério Público do Trabalho; o


§ 4º Compete à Justiça Militar estadual processar e Ministério Público Militar, o Ministério Público do Distrito
julgar os militares dos Estados, nos crimes militares Federal e Territórios; e o Ministério Público dos Estados
definidos em lei e as ações judiciais contra atos dis- (MORAES, 2018).
ciplinares militares, ressalvada a competência do júri Os membros do Ministério Público Federal são os
quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal com- procuradores da República e os do Ministério Público
petente decidir sobre a perda do posto e da patente dos Estados e do Distrito Federal são os Promotores e
dos oficiais e da graduação das praças (Redação dada Procuradores de Justiça
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004). São princípios institucionais do Ministério Público: a
§ 5º Compete aos juízes de direito do juízo militar unidade, a indivisibilidade, a independência funcional e
processar e julgar, singularmente, os crimes milita- o princípio do promotor natural. Ao Ministério Público
res cometidos contra civis e as ações judiciais contra compete a função de custos legis (fiscal da lei), a defesa
atos disciplinares militares, cabendo ao Conselho de do patrimônio público e os direitos constitucionais do

32
cidadão, além de ter poder investigativo, dentre tantas Advogado-Geral da União, de livre nomeação pelo Pre-
outras funções de grande relevância elencadas no art. sidente da República, entre cidadãos maiores de trinta e
129, CF e na Lei Orgânica Nacional do Ministério Público cinco anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada
(Lei nº 8.625/93). e integrada por muitos advogados que atuam vinculados
e subordinados à defesa dos interesses da nação.
Art. 129. São funções institucionais do Ministério
Público:
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na #FicaDica
forma da lei; Não confunda Advocacia Pública com ad-
II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e vocacia gratuita ou Assistência Judiciária. A
dos serviços de relevância pública aos direitos asse- assessoria jurídica prestada gratuitamente ao
gurados nesta Constituição, promovendo as medidas cidadão se dá pela Defensoria Pública ou por
necessárias a sua garantia; órgãos de assistência judiciária, normalmen-
III - promover o inquérito civil e a ação civil públi- te municipais, que contratam profissionais
ca, para a proteção do patrimônio público e social, para tal fim, ou ainda, por nomeação de ad-
do meio ambiente e de outros interesses difusos e vogados dativos feita pelos Tribunais.
coletivos; Também não se pode confundir Procurado-
IV - promover a ação de inconstitucionalidade ou re- res do Estado com Procuradores de Justiça
presentação para fins de intervenção da União e dos ou Procuradores da República, que não são
Estados, nos casos previstos nesta Constituição; advogados, mas sim membros do Ministério
V - defender judicialmente os direitos e interesses das Público Estadual e Federal.
populações indígenas;
VI - expedir notificações nos procedimentos adminis-
Art. 131. A Advocacia-Geral da União é a instituição
trativos de sua competência, requisitando informações
e documentos para instruí-los, na forma da lei com- que, diretamente ou através de órgão vinculado, re-
plementar respectiva; presenta a União, judicial e extrajudicialmente, caben-
VII - exercer o controle externo da atividade policial, do-lhe, nos termos da lei complementar que dispuser
na forma da lei complementar mencionada no artigo sobre sua organização e funcionamento, as ativida-
anterior; des de consultoria e assessoramento jurídico do Poder
VIII - requisitar diligências investigatórias e a instau- Executivo.
ração de inquérito policial, indicados os fundamentos § 1º A Advocacia-Geral da União tem por chefe o Ad-
jurídicos de suas manifestações processuais; vogado-Geral da União, de livre nomeação pelo Presi-
IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, dente da República dentre cidadãos maiores de trinta
desde que compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe e cinco anos, de notável saber jurídico e reputação
vedada a representação judicial e a consultoria jurídi- ilibada.
ca de entidades públicas. § 2º O ingresso nas classes iniciais das carreiras da
§ 1º - A legitimação do Ministério Público para as instituição de que trata este artigo far-se-á mediante
ações civis previstas neste artigo não impede a de concurso público de provas e títulos.
terceiros, nas mesmas hipóteses, segundo o disposto § 3º Na execução da dívida ativa de natureza tribu-
nesta Constituição e na lei. tária, a representação da União cabe à Procuradoria-
§ 2º As funções do Ministério Público só podem ser -Geral da Fazenda Nacional, observado o disposto em
exercidas por integrantes da carreira, que deverão lei.
residir na comarca da respectiva lotação, salvo au-
torização do chefe da instituição (Redação dada pela Também os Estados-Membros e o Distrito Federal têm
Emenda Constitucional nº 45, de 2004). seus advogados, chamados de Procuradores do Estado.
§ 3º O ingresso na carreira do Ministério Público far-
-se-á mediante concurso público de provas e títulos, Art. 132. Os Procuradores dos Estados e do Distrito
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

assegurada a participação da Ordem dos Advogados Federal, organizados em carreira, na qual o ingres-
do Brasil em sua realização, exigindo-se do bacha- so dependerá de concurso público de provas e títulos,
rel em direito, no mínimo, três anos de atividade ju- com a participação da Ordem dos Advogados do Bra-
rídica e observando-se, nas nomeações, a ordem de sil em todas as suas fases, exercerão a representação
classificação. judicial e a consultoria jurídica das respectivas unida-
des federadas (Redação dada pela Emenda Constitu-
Advocacia Pública cional nº 19, de 1998).
Parágrafo único. Aos procuradores referidos neste
A Advocacia Pública é a instituição que representa artigo é assegurada estabilidade após três anos de
a União, judicial e extrajudicialmente, que, assim como efetivo exercício, mediante avaliação de desempenho
todo ente jurídico, tem seus problemas e interesses, perante os órgãos próprios, após relatório circunstan-
que precisam ser defendidos perante o Poder Público. ciado das corregedorias (Redação dada pela Emenda
Assim, é a Advocacia-Geral da União, chefiada por um Constitucional nº 19, de 1998).

33
Advocacia aos necessitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5º
desta Constituição Federal (Redação dada pela Emen-
“Art. 133. O advogado é indispensável à administração da Constitucional nº 80, de 2014).
da Justiça, sendo inviolável por seus atos e manifesta- § 1º Lei complementar organizará a Defensoria Pú-
ções no exercício da profissão, nos limites da lei”. Logo, blica da União e do Distrito Federal e dos Territórios e
sem advogado não há justiça. A finalidade primordial prescreverá normas gerais para sua organização nos
da advocacia é a orientação jurídica e a defesa do ci- Estados, em cargos de carreira, providos, na classe
dadão em todos os graus. Para atuar, o bacharel em inicial, mediante concurso público de provas e títulos,
Direito deve estar regularmente inscrito e ativo nos assegurada a seus integrantes a garantia da inamo-
quadros da Ordem dos Advogados do Brasil, entidade vibilidade e vedado o exercício da advocacia fora das
sui generis, que presta serviço público independente e atribuições institucionais (Renumerado pela Emenda
relevante ao Direito brasileiro. Constitucional nº 45, de 2004).
§ 2º Às Defensorias Públicas Estaduais são assegura-
A presença do advogado pode ser dispensada, em- das autonomia funcional e administrativa e a inicia-
bora desaconselhável, como se observa, nos juizados es- tiva de sua proposta orçamentária dentro dos limites
peciais, para a impetração do habeas corpus, na Justiça estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias e su-
do Trabalho, para a propositura de ações revisionais, nas bordinação ao disposto no art. 99, § 2º (Incluído pela
hipóteses da Súmula Vinculante nº 5 etc. Emenda Constitucional nº 45, de 2004).
O advogado se submete ao Estatuto da Advocacia, § 3º Aplica-se o disposto no § 2º às Defensorias Pú-
ao Código de Ética e ao Regimento da OAB e goza de blicas da União e do Distrito Federal (Incluído pela
imunidade no exercício de sua profissão, entretanto, tal Emenda Constitucional nº 74, de 2013).
inviolabilidade, por seus atos e manifestações no exercí- § 4º São princípios institucionais da Defensoria Pú-
cio da profissão, não é absoluta, devendo se sujeitar aos blica a unidade, a indivisibilidade e a independência
limites legais e morais. funcional, aplicando-se também, no que couber, o dis-
posto no art. 93 e no inciso II do art. 96 desta Consti-
Defensoria Pública tuição Federal (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 80, de 2014).
Função essencial individualizada da advocacia pela
Emenda Constitucional nº 80/2014, a Defensoria Públi-
ca é instituição permanente do Estado, que também tem EXERCÍCIOS COMENTADOS
como finalidade primordial a orientação jurídica e a de-
fesa do cidadão em todos os graus, caracteriza-se por 1. (FUNASG – ADVOGADO – FUNCAB – 2015) Dentre
garantir o acesso à justiça aos mais necessitados. Possui as atribuições e responsabilidades do Presidente da Re-
autonomia funcional e administrativa, competindo-lhe a pública, assinale a alternativa INCORRETA.
promoção dos direitos humanos, a defesa, em todos os
graus, judicial e extrajudicial, dos direitos individuais e a) O ato do Presidente da República que atenta contra o
coletivos e a orientação jurídica dos cidadãos que não livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciá-
possuem recursos financeiros suficientes para a con- rio, do Ministério Público e dos Poderes constitucio-
tratação de um advogado particular. A independência nais das unidades da Federação é considerado crime
funcional no desempenho de suas atribuições, a inamo- de responsabilidade.
vibilidade, a irredutibilidade de vencimentos e a estabi- b) O Presidente da República responde a processo crimi-
lidade são também garantias dos defensores públicos. nal, por crime comum, no Supremo Tribunal Federal
São princípios institucionais da Defensoria Pública a uni- e, por crime de responsabilidade, perante o Senado
dade, a indivisibilidade e a independência funcional. O Federal.
ingresso na carreira de defensor também deve se dar por c) O Presidente da República ficará suspenso de suas
concurso público. funções nos crimes de responsabilidade, por 180 dias,
Diante da omissão constitucional sobre a necessida- após a condenação pelo órgão competente.
d) Compete privativamente ao Presidente da República
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

de de o defensor público continuar inscrito nos quadros


conceder indulto e comutar penas, com audiência, se
da OAB, dada a similitude das atividades da Defensoria
necessário, dos órgãos instituídos em lei.
Pública com a advocacia, se discute nos Tribunais supe-
e) O Presidente da República, na vigência de seu manda-
riores a obrigatoriedade da inscrição na OAB para os de-
to, não pode ser responsabilizado por atos estranhos
fensores públicos. ao exercício de suas funções.
Art. 134. A Defensoria Pública é instituição perma- Resposta: Letra C. Nos termos do art. 86, § 2, CF: Se,
nente, essencial à função jurisdicional do Estado, in- decorrido o prazo de 180 dias, o julgamento não es-
cumbindo-lhe, como expressão e instrumento do re- tiver concluído, cessará o afastamento do Presidente,
gime democrático, fundamentalmente, a orientação sem prejuízo do regular prosseguimento do processo.
jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa,
em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos
individuais e coletivos, de forma integral e gratuita,

34
2. (CÂMARA DOS DEPUTADOS – ANALISTA LEGISLA- 5. (TRF-3ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA
TIVO – CONSULTOR LEGISLATIVO CESPE – 2014) Com ADMINISTRATIVA – FCC – 2016) Adeldrupes, domicilia-
relação às atribuições da União, julgue o item que se se- do em Município que não possui sede da Justiça Federal,
gue. Nesse sentido, considere que a sigla CF, sempre que pretende ver reconhecida judicialmente a sua condição
empregada, se refere à Constituição Federal de 1988. de segurado junto à Instituição do Regime Geral de Pre-
O ato de declarar guerra a outro país é de competên- vidência Social, visto que esse pedido lhe foi negado na
cia do presidente da República, mas deve ser autorizado
esfera administrativa.
pelo Congresso Nacional, por meio de lei.
Para tanto, a ação poderá ser proposta:
( ) CERTO   ( ) ERRADO
a) somente perante a Justiça Estadual da Comarca de seu
Resposta: Errado. Pois o ato de declarar guerra a ou- domicílio.
tro país é de competência do presidente da República, b) somente perante a sede da Justiça Federal que dete-
mas deve ser autorizado pelo Congresso Nacional, por nha competência territorial sobre o Município em que
meio de decreto legislativo. domiciliado.
c) somente perante a sede da Justiça do Trabalho com
3. (CÂMARA DE PORTO VELHO-RO – TÉCNICO LEGIS- competência territorial sobre o Município em que
LATIVO – IBADE – 2018) Ao Poder Legislativo compete domiciliado.
a elaboração das leis e a fiscalização dos atos do Poder d) perante a Justiça Estadual da Comarca de seu domicílio
Executivo, nas esferas federal, estadual e municipal. So- ou a sede da Justiça Federal que detenha competência
bre o Poder Legislativo, analise as afirmativas a seguir: territorial sobre o Município em que domiciliado.
e) perante a sede da Justiça Federal ou da Justiça do
I. Compõem o Poder Legislativo Federal (art. 44 da Cons-
Trabalho que detenha competência territorial sobre o
tituição Federal) a Câmara dos Deputados (com repre-
sentantes do povo brasileiro), o Senado Federal (com Município em que domiciliado.
representantes dos Estados e do Distrito Federal), e o
Tribunal de Contas da União (órgão que presta auxílio ao Resposta: Letra D. Nos termos do art. 109, § 3º, CF:
Congresso Nacional nas atividades de controle e fiscali- Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no
zação externa). foro do domicílio dos segurados ou beneficiários, as
II. A autorização para instauração de processo contra o causas em que forem parte instituição de previdên-
Presidente e o Vice-Presidente da República e os Minis- cia social e segurado, sempre que a comarca não seja
tros de Estado é de competência privativa do Senado sede de vara do juízo federal, e, se verificada essa con-
Federal. dição, a lei poderá permitir que outras causas sejam
III. O legislativo Estadual é composto pela Assembleia também processadas e julgadas pela justiça estadual.
Legislativa; e o Municipal pela Câmara dos Vereadores.
Está correto o que se afirma em:
6. (TCE-PE – ANALISTA DE GESTÃO – ADMINISTRA-
a) I e III, apenas. ÇÃO CESPE – 2017) Com relação às funções essenciais à
b) III, apenas. justiça, julgue o item a seguir:
c) I apenas. Emenda à CF reconheceu à defensoria pública a indepen-
d) I, II e III. dência funcional.

Resposta: Letra B. Nos termos do art. 44, CF. O Poder ( ) CERTO   ( ) ERRADO
Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional, que
se compõe da Câmara dos Deputados e do Senado Resposta: Certo. Nos termos do art. 134, § 4º, CF São
Federal. princípios institucionais da Defensoria Pública a uni-
dade, a indivisibilidade e a independência funcional,
4. (TRT - 24ª REGIÃO (MS) – TÉCNICO JUDICIÁRIO –
ÁREA ADMINISTRATIVA – FCC – 2017) De acordo com aplicando- se também, no que couber, o disposto no
a Constituição Federal, as ações contra o Conselho Na- art. 93 e no inciso II do art. 96 desta Constituição Fe-
cional de Justiça são processadas e julgadas, originaria- deral. (Parágrafo acrescido pela Emenda Constitucio-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

mente, pelo: nal nº 80, de 2014).

a) Superior Tribunal de Justiça.


b) Supremo Tribunal Federal. REFERÊNCIAS
c) Congresso Nacional.
d) Senado Federal. BRASIL. Constituição Federal. Disponível em:
e) Conselho da Justiça Federal.
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/
Resposta: Letra B. Nos termos do art. 102, I, r, CF: constituicaocompilado.htm>. Acesso em: 21 fev.
Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamen- 2020.
te, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
r) as ações contra o Conselho Nacional de Justiça e CNJ. Conselho Nacional de Justiça. 2020. Disponível
contra o Conselho Nacional do Ministério Público; (In- em: <https://www.cnj.jus.br/>. Acesso em: 27 fev.
cluída pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004). 2020

35
FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Curso de Direi-
to Constitucional. São Paulo: Saraiva, 2005. HORA DE PRATICAR
LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematiza-
1. (PREFEITURA DE SÃO BERNARDO DO CAMPO-SP
do. 23. ed. São Paulo:
– ASSISTENTE JURÍDICO – VUNESP – 2018) De acordo
com a doutrina existente sobre eficácia e aplicabilidade
Saraiva, 2019.
das normas constitucionais, são normas constitucionais
de eficácia contida aquelas que:
MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. 34.
ed. São Paulo: Atlas, 2018.
a) no momento da sua entrada em vigor já estão aptas a
produzir todos os seus efeitos.
MINISTÉRIO DA JUSTIÇA E SEGURANÇA PÚBLICA.
b) geralmente determinam a criação de órgãos ou atri-
2020. Disponível em: <https://www.justica.gov.br/
buem competências aos entes federativos.
news/entenda-o-processo-de-extradicao>. Acesso
c) por si só não são capazes de produzir todos os seus
em: 27 fev. 2020.
efeitos, necessitam de uma lei infraconstitucional.
d) têm aplicabilidade indireta, mediata e reduzida ou di-
STJ. Superior Tribunal de Justiça. 2020. Disponível em:
ferida, e vinculam o legislador infraconstitucional.
<http://www.stj.jus.br>. Acesso em: 27 fev. 2020.
e) possuem aplicabilidade direta, imediata e possivel-
mente não integral, com limitação da sua eficácia e
aplicabilidade.

2. (TRF-4ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC –


2019) De acordo com a disciplina da Constituição Fe-
deral, em matéria de controle de constitucionalidade de
atos normativos.

a) o juiz de direito da Justiça Estadual não tem compe-


tência para afastar a aplicação, no caso concreto, de
lei estadual que contrarie a Constituição Federal, mas
apenas de lei estadual que contrarie a Constituição do
Estado.
b) o juiz federal não tem competência para afastar a apli-
cação, no caso concreto, de lei federal que contrarie
a Constituição Federal, uma vez que essa atribuição é
reservada ao plenário ou órgão especial dos tribunais,
pelo voto da maioria absoluta de seus membros.
c) o Tribunal Regional Federal não tem competência para
julgar reclamação constitucional proposta em face de
decisão judicial de primeiro grau que contrariar súmu-
la vinculante do Supremo Tribunal Federal.
c) cabe o ajuizamento de reclamação constitucional, pe-
rante o Supremo Tribunal Federal, contra lei federal
que contrariar o enunciado de súmula vinculante edi-
tada pelo Tribunal.
e) cabe o ajuizamento de ação declaratória de cons-
titucionalidade, perante o Supremo Tribunal Fede-
ral, contra ato normativo estadual que contrariar
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

a Constituição Federal, podendo ser proposta por


quaisquer dos legitimados para a ação direta de
inconstitucionalidade.

3. (CGE-RO – ASSISTENTE DE CONTROLE INTERNO –


FUNRIO – 2018) No âmbito dos princípios fundamentais
da Constituição Federal de 1988 consta o pertinente ao:

a) pluralismo político.
b) intervencionismo estatal.
c) comprometimento com a saúde.
d) projeto de defesa nacional.
e) desenvolvimento radical.

36
4. (TRE-PI – TÉCNICO JUDICIÁRIO – CESPE – 2016) A 6. (PREFEITURA DE BELO HORIZONTE-MG – GUARDA
respeito dos princípios fundamentais da Constituição Fe- CIVIL MUNICIPAL – FGR – 2019). Acerca dos direitos e
deral de 1988 (CF), assinale a opção correta: deveres individuais e coletivos é CORRETO afirmar que:

a) A soberania nacional pressupõe a soberania das nor- a) A prática do racismo constitui crime inafiançável e
mas internas fixadas pela CF sobre os atos normativos prescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da
das organizações internacionais nas situações em que lei.
houver conflito entre ambos. b) A lei não punirá qualquer discriminação atentatória
b) A dignidade da pessoa humana não representa, for- dos direitos e liberdades fundamentais.
malmente, um fundamento da República Federativa c) A lei não considerará crimes inafiançáveis e insuscetí-
do Brasil. veis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico
c) Os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa vi- ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e
sam proteger o trabalho exercido por qualquer pes- os definidos como crimes hediondos, por eles respon-
soa, desde que com finalidade lucrativa. dendo os mandantes, os executores e os que, poden-
d) Em decorrência do pluralismo político, é dever de do evitá-los, se omitirem.
todo cidadão tolerar as diferentes ideologias político- d) A lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu.
-partidárias, ainda que, na manifestação dessas ideo-
logias, haja conteúdo de discriminação racial. 7. (PREFEITURA DE ARACRUZ-ES – MÉDICO CLÍNICO
e) A forma federativa do Estado pressupõe a repartição GERAL – IBADE – 2019) Ao dispor sobre direitos e de-
de competências entre os entes federados, que são veres individuais e coletivos, a Constituição Federal prevê
dotados de capacidade de auto-organização e de que:
auto legislação.
a) a tortura e o tratamento desumano ou degradante são
5. (CORE-PE – ASSISTENTE JURÍDICO – INAZ DO PARÁ admitidos na hipótese de produção de prova em ação
penal contra organizações criminosas.
– 2019) A “separação dos poderes” é considerada um
b) ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a per-
modelo político no qual o Estado tem suas funções divi-
manecer associado.
didas e delineadas em órgãos diferentes e independen- c) é livre a manifestação do pensamento, sendo permiti-
tes, cada qual com distintas áreas de responsabilidade e, do, em regra, o anonimato, como forma de proteção à
em regra, indelegáveis. Qual alternativa apresenta uma pessoa humana.
afirmativa correta sobre a “separação dos poderes”. d) não tem direito a indenização quem teve violada sua
intimidade, vida privada, honra ou imagem.
a) O primeiro a tratar do assunto foi Nicolau Maquiavel, e) ninguém poderá penetrar na casa de outrem sem o
em sua obra O Príncipe, no qual afirmava que no co- consentimento do morador, ainda que em seu interior
meço do século XVI, na França, já havia três poderes esteja havendo flagrante delito ou desastre.
distintos: o legislativo (parlamento); o executivo (o rei);
e um judiciário independente. 8. (PC-ES – INVESTIGADOR – INSTITUTO AOCP –
b) A distinção entre os poderes não pode ser feita de 2019) De acordo com o contido na Constituição Federal,
forma orgânica, rígida, pois os poderes apresentam a soberania popular será exercida pelo sufrágio universal
funções típicas e atípicas. Assim como o judiciário ti- e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos,
picamente julga, pode, também, legislar. O executivo e, nos termos da lei, mediante
administra, mas pode também julgar.
c) Inaugurou, no Brasil, a Tripartição de Poderes na Cons- a) Referendo, Ação Popular e Iniciativa Popular.
tituição de 1934, pondo um fim ao chamado Poder b) Referendo, Eleições Gerais e Ação Popular.
Moderador. No mesmo dispositivo constitucional, se c) Mandado de Injunção, Iniciativa Popular e Ação Direta
estabeleceu os princípios que regem a separação dos de Inconstitucionalidade.
poderes. d) Plebiscito, Mandado de Injunção e Iniciativa Popular.
d) De forma diferente, algumas constituições adotam um e) Plebiscito, Referendo e Iniciativa Popular.
sistema de separação de poderes chamado de quadri-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

partição de poderes, como as constituições da Vene- 9. (CÂMARA DE SERTÃOZINHO-SP – PROCURADOR


zuela, de 1999; a da Costa Rica, de 1949; e a da China, JURÍDICO LEGISLATIVO – VUNESP – 2019) Inelegibili-
de 1947. dade é uma circunstância que obsta o exercício da capa-
e) Os princípios que regem a separação dos poderes são cidade eleitoral passiva pelo cidadão, ou seja, retira-lhe
a harmonia, a hierarquia, e a independência. O prin- o direito político subjetivo de ser votado e ser eleito. São
cípio da independência significa a não interferência inelegíveis, para qualquer cargo,
indevida de um poder sobre o outro, sobressaindo-se,
assim, o respeito entre os poderes. a) no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os
parentes, consanguíneos ou afins, até o terceiro grau
ou por adoção, do Presidente da República, de Gover-
nador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de
Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos
doze meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de
mandato eletivo e candidato à reeleição.

37
b) o Governador de Estado e do Distrito Federal e o Pre- 12. (PC-ES – ESCRIVÃO DE POLÍCIA – INSTITUTO AOCP
feito que perderem seus cargos eletivos por infrin- – 2019) Segundo a Constituição da República Federativa
gência a dispositivo da Constituição Estadual, da Lei do Brasil, são Funções Essenciais à Justiça, EXCETO:
Orgânica do Distrito Federal ou da Lei Orgânica do
Município, para as eleições que se realizarem durante a) o Ministério Público.
o período remanescente e nos 4 (quatro) anos subse- b) a Advocacia Pública.
quentes ao término do mandato para o qual tenham c) a Advocacia.
sido eleitos; o impedimento não é aplicável ao Vice- d) a Defensoria Pública.
-Governador e Vice-Prefeito e) o Tribunal de Contas da União.
c) os que tiverem suas contas relativas ao exercício de
cargos ou funções públicas rejeitadas por irregulari- 13. (CÂMARA DE ORLÂNDIA-SP – PROCURADOR JU-
dade insanável que configure ato doloso de improbi- RÍDICO – VUNESP – 2018) A Constituição Federal impe-
dade administrativa, e por decisão recorrível do órgão de os Entes Federados (União, Estados, Distrito Federal e
competente, independentemente de ter sido suspen- Municípios) a instituir impostos sobre:
sa pelo Poder Judiciário, para as eleições que se reali-
zarem nos 4 (quatro) anos seguintes. a) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos,
d) os que tenham contra sua pessoa representação jul- inclusive suas fundações, e das entidades sindicais do
gada procedente pela Justiça Eleitoral, em decisão empregador.
transitada em julgado ou proferida por órgão colegia- b) livros, jornais periódicos e o papel destinado à sua im-
do, em processo de apuração de abuso do poder eco- pressão, devendo o livro ser impresso e publicado por
nômico ou político, para a eleição na qual concorrem editora sediada no Brasil no idioma português.
ou tenham sido diplomados, bem como para as que c) autarquias e fundações instituídas e mantidas pelo
se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes. Poder Público, bem como sobre as Empresas Públicas
e) os que forem condenados, em decisão de mérito de que concorrem com o setor privado.
primeiro grau ou proferida por órgão da Justiça Elei- d) templos de qualquer culto, compreendendo somente
toral, por corrupção eleitoral, por captação ilícita de o patrimônio, a renda e os serviços, relacionados com
sufrágio, por doação, captação ou gastos ilícitos de as suas finalidades essenciais.
e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos
recursos de campanha ou por conduta vedada aos
no estrangeiro, contendo obras musicais ou literomu-
agentes públicos em campanhas eleitorais que impli-
sicais de autores brasileiros ou estrangeiros.
quem cassação do registro ou do diploma, pelo prazo
de 8 (oito) anos a contar da eleição.
14. (CÂMARA DE MONTE ALTO-SP – PROCURADOR
JURÍDICO – VUNESP – 2019) Ao tratar dos Municípios,
10. (TJ-AC – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO – VUNESP a Constituição Federal determina que:
– 2019) No que se refere às condições de elegibilidade,
bem como à ação de impugnação de mandato eletivo, a) o total da despesa com a remuneração dos vereadores
assinale a alternativa correta. não poderá ultrapassar o montante de oito por cento
da receita do município, e a inviolabilidade dos Verea-
a) Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da dores por suas opiniões, palavras e votos está adstrita
República, os Governadores de Estado e do Distrito ao exercício do mandato, mas alcança a circunscrição
Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos do Estado respectivo.
mandatos até noventa dias antes do pleito. b) as proibições e incompatibilidades, no exercício da ve-
b) O militar alistável com mais de dez anos de serviço, se reança, são similares, no que couber, ao disposto na
eleito, passará automaticamente, no ato da diploma- Constituição Federal para os membros do Congresso
ção, à inatividade. Nacional, e na Constituição do respectivo Estado para
c) A ação de impugnação de mandato não tramita em se- os membros da Assembleia Legislativa.
gredo de justiça por força do princípio da publicidade. c) o subsídio dos Vereadores será fixado pelas respec-
d) Exige-se a idade mínima de 21 anos de idade para tivas Câmaras Municipais em cada legislatura para a
Prefeito, mas não para Vice-Prefeito. subsequente, observado o que dispõe a Constituição
do respectivo Estado, observados os critérios estabe-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

11. (PGE-PE – ANALISTA ADMINISTRATIVO DE PRO- lecidos na Lei Orgânica e o limite máximo, em Mu-
nicípios de 50 (cinquenta) mil e um a 100 (cem) mil
CURADORIA – CESPE – 2019) Acerca da evolução da
habitantes, corresponderá a sessenta por cento do
administração pública no Brasil, julgue o item a seguir:
subsídio dos Deputados Estaduais.
O Decreto-Lei nº 200/1967 representou uma primeira d) para a composição das Câmaras Municipais, será ob-
tentativa de reforma gerencial que procurou substituir a servado o limite máximo de 18 (dezoito) Vereadores,
administração pública burocrática por uma administra- nos Municípios com mais de 30000 (trinta mil) habi-
ção voltada para o desenvolvimento. tantes e de até 50000 (cinquenta mil) habitantes.
e) o Município reger-se-á por lei orgânica, votada em
( ) CERTO   ( ) ERRADO dois turnos, com o interstício mínimo de vinte dias, e
aprovada por dois quintos dos membros da Câmara
Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios
estabelecidos na Constituição Federal e na Constitui-
ção do respectivo Estado.

38
15. (CRM-DF – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – QUA- V. Determinar a exoneração, de ofício, do Procurador-
DRIX – 2018) Com relação ao Poder Executivo na CF, -Geral da República antes do término de seu mandato.
julgue o item:
São de competência privativa do Presidente da República
O Poder Executivo congrega diferentes facetas, conju- SOMENTE as referidas em:
gando, a um só tempo, chefia de governo, de administra-
ção, de Estado e das Forças Armadas, além de contem- a) II, III e V.
plar a iniciativa legislativa e o planejamento e o controle b) I, III e V.
orçamentário. c) II, IV e V.
d) I, II e III.
( ) CERTO   ( ) ERRADO e) I, III e IV.

16. (DPE-RS – DEFENSOR PÚBLICO – FCC – 2018) So- 18. (CÂMARA DE FORTALEZA-CE – CONSULTOR TÉC-
bre o Poder Executivo, é correto afirmar que: NICO LEGISLATIVO – FCC – 2019) Segundo a Consti-
tuição Federal, bem como o entendimento do Supremo
a) qualquer cidadão pode denunciar o Presidente da
Tribunal Federal (STF), relativamente à organização e ao
República pela prática de crime de responsabilidade,
funcionamento de Comissões no âmbito do Congresso
sendo ele submetido a julgamento perante o Senado
Federal caso a Câmara dos Deputados, por três quin- Nacional,
tos dos seus membros, admita a acusação.
b) compete privativamente ao Presidente da República, a) as Comissões Parlamentares de Inquérito, dotadas de
dentre outras atribuições previstas no artigo 84 da poderes semelhantes à de Autoridade Policial, dis-
Constituição Federal, cujo rol é taxativo, dispor, me- põem de autonomia para promover interceptação das
diante decreto, sobre organização e funcionamento comunicações telefônicas.
da administração federal, quando não implicar au- b) o STF não tem competência originária para proces-
mento de despesa nem criação ou extinção de órgãos sar e julgar mandado de segurança e habeas corpus
públicos. impetrados contra Comissão Parlamentar de Inquéri-
c) ao contrário dos crimes de responsabilidade, somente to constituída no âmbito do Congresso Nacional ou
o Procurador-Geral da República possui legitimidade quaisquer de suas casas.
para acusar o Presidente da República pela prática de c) as Comissões Parlamentares de Inquérito podem efe-
infração penal comum, sendo ele submetido a julga- tuar prisão em flagrante independentemente de or-
mento pelo Supremo Tribunal Federal caso a Câmara dem judicial.
dos Deputados, por dois terços dos seus membros, d) não é função das Comissões receber petições, recla-
admita a acusação. mações, representações ou queixas contra atos ou
d) o Presidente e o Vice-Presidente da República não po- omissões de autoridades ou entidades públicas, ca-
derão, sem licença do Senado Federal, ausentar-se do bendo tais atribuições à Corregedoria do Congresso
país por período superior a quinze dias, sob pena de Nacional.
perda do cargo. e) em virtude do princípio da publicidade, é vedado o
e) as prerrogativas extraordinárias de caráter processual funcionamento de qualquer Comissão durante o re-
penal, consistentes na imunidade à prisão cautelar e a
cesso parlamentar do Congresso Nacional.
qualquer processo penal por atos estranhos ao exer-
cício de suas funções, são inerentes ao Presidente da
República enquanto Chefe de Estado, não podendo 19. (CÂMARA DE PORTO VELHO-RO – TÉCNICO LE-
ser estendidas aos demais chefes do Poder Executivo GISLATIVO – IBADE – 2018) Ao Poder Legislativo com-
pelas constituições estaduais e leis orgânicas. pete a elaboração das leis e a fiscalização dos atos do Po-
der Executivo, nas esferas federal, estadual e municipal.
17. (CÂMARA DE FORTALEZA-CE – CONSULTOR TÉC- Sobre o Poder Legislativo, analise as afirmativas a seguir:
NICO LEGISLATIVO – FCC – 2019) Considere as seguin-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

tes atribuições, à luz da Constituição Federal: I. Compõem o Poder Legislativo Federal (art. 44 da Cons-
tituição Federal) a Câmara dos Deputados (com repre-
I. Iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos pre- sentantes do povo brasileiro), o Senado Federal (com
vistos na Constituição Federal. representantes dos Estados e do Distrito Federal), e o
II. Permitir, nos casos previstos em lei complementar, que Tribunal de Contas da União (órgão que presta auxílio ao
forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou Congresso Nacional nas atividades de controle e fiscali-
nele permaneçam temporariamente. zação externa).
III. Enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o II. A autorização para instauração de processo contra o
projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as propostas Presidente e o Vice-Presidente da República e os Minis-
de orçamento previstos na Constituição. tros de Estado é de competência privativa do Senado
IV. Dispor sobre limites e condições para a concessão Federal.
de garantia da União em operações de crédito externo III. O legislativo Estadual é composto pela Assembleia
e interno. Legislativa; e o Municipal pela Câmara dos Vereadores.

39
Está correto o que se afirma em: 23. (TRF 1ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – CESPE
– 2017) Acerca das funções essenciais à justiça, julgue o
a) I e III, apenas. próximo item.
b) III, apenas. São princípios institucionais do Ministério Público e da
c) I. apenas. Defensoria Pública, enquanto funções essenciais à justiça,
d) I, II e III a indivisibilidade, a unidade e a independência funcional.
e) II e III. apenas.
( ) CERTO   ( ) ERRADO
20. (PREFEITURA DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS-SP –
PROCURADOR – VUNESP – 2019) A Constituição Fede- 24. (AGU – ANALISTA TÉCNICO-ADMINISTRATIVO –
ral, sobre o Poder Legislativo, estabelece que: IDECAN – 2018) A respeito das Funções Essenciais à Jus-
tiça, assinale a alternativa correta:
a) é de competência exclusiva do Senado Federal sustar
a) O advogado representa o direito de defesa, mas não é
os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem
indispensável à administração da justiça.
do poder regulamentar ou dos limites de delegação b) A Defensoria Pública é instituição permanente, essen-
legislativa. cial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe
b) salvo disposição constitucional em contrário, as de- a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e
liberações de cada Casa e de suas comissões serão dos interesses sociais.
tomadas por maioria dos votos, presente a maioria c) A Advocacia-Geral da União tem por chefe o Advo-
absoluta de seus membros. gado-Geral da União, nomeado pelo Presidente da
c) é de competência exclusiva do Congresso Nacional República a partir de lista tríplice de cidadãos maiores
autorizar, por dois terços de seus membros, a instau- de trinta e cinco anos, de notável saber jurídico e re-
ração de processo contra o Presidente e o Vice- -Pre- putação ilibada.
sidente da República e os Ministros de Estado. d) À Advocacia-Geral da União não é constitucionalmen-
d) os Deputados e Senadores, desde a posse, serão sub- te assegurada a autonomia funcional e administrativa.
metidos a julgamento perante o Supremo Tribunal e) São princípios institucionais da Advocacia Públi-
Federal. ca a unidade, a indivisibilidade e a independência
e) é de competência privativa da Câmara dos Deputados funcional.
julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente
da República e apreciar os relatórios sobre a execução 25. (TRT 6ª REGIÃO-PE – ANALISTA JUDICIÁRIO –
dos planos de governo. FCC – 2018) Nos estritos termos da Constituição Federal
acerca das funções essenciais à Justiça:
21. (MPE-GO – PROMOTOR DE JUSTIÇA – MPE-GO –
a) O Ministério Público da União tem por chefe o Procu-
2019) Assinalar a alternativa que não corresponde á ju-
rador-Geral de Justiça, nomeado pelo Presidente da
risprudência do STJ: República dentre integrantes da carreira, após a apro-
vação de seu nome pela maioria absoluta dos mem-
a) Não é possível a devolução ao erário dos valores rece- bros do Senado Federal.
bidos de boa-fé pelo servidor público, quando pagos b) Dentre as funções institucionais do Ministério Público
indevidamente pela Administração Pública, em função está a de prestar consultoria e assessoramento jurídi-
de interpretação equivocada de lei co para o Poder Executivo.
b) É ilegal a cobrança da taxa de esgoto quando não re- c) Os Procuradores-Gerais de Justiça nos Estados e no
alizado o tratamento final dos dejetos. Distrito Federal e Territórios poderão ser destituídos
c) Reconhecido o desvio de função, o servidor faz jus às por deliberação da maioria absoluta do Poder Legisla-
diferenças salariais decorrentes tivo, na forma da lei complementar respectiva.
d) A administração pública possui interesse de agir para d) O Ministério Público não poderá requisitar diligências
tutelar em juízo atos em que ela poderia atuar com investigatórias, nem a instauração de inquérito poli-
base em seu poder de polícia, em razão da inafastabi- cial, haja vista se tratar de atividade privativa de dele-
lidade do controle jurisdicional. gados de polícia.
e) Aos membros do Ministério Público junto aos Tribu-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

nais de Contas não se aplica a vedação constitucional


22. (PGM - MANAUS-AM – PROCURADOR DO MUNI- de participar de sociedade comercial.
CÍPIO – CESPE – 2018) Considerando a jurisprudência
do STF a respeito do direito de greve dos servidores pú- 26. (PGM JOÃO PESSOA-PB – PROCURADOR DO MU-
blicos, julgue o item seguinte: NICÍPIO – CESPE – 2018) Com base na CF, assinale a
A competência para analisar a legalidade de uma greve opção correta, acerca das funções essenciais à justiça:
de servidores públicos de autarquias e fundações é da
justiça comum, estadual ou federal, ainda que eles sejam a) Os membros da Defensoria Pública e do Ministério
regidos pela CLT. Público gozam de vitaliciedade após dois anos de
exercício da função, não podendo perder o cargo se-
( ) CERTO   ( ) ERRADO não por sentença judicial transitada em julgado.
b) A unidade, a indivisibilidade e a independência funcio-
nal são princípios institucionais do Ministério Público,
da Defensoria Pública e da Advocacia Pública.

40
c) O advogado geral da União, chefe da Advocacia Geral público que integram a administração direta e indireta.
da União, é selecionado entre integrantes da carreira Nesse sentido, algumas garantias são conferidas à advo-
maiores de trinta e cinco anos de idade e livremente cacia pública e aos seus membros, dentre as quais a
nomeado pelo presidente da República.
d) Às defensorias públicas é assegurada a iniciativa de a) aplicação do benefício da contagem em dobro ainda
leis que tratem da criação e da extinção de cargos, da que a lei estabeleça prazo próprio para o ente público.
remuneração de servidores e da fixação do subsídio b) necessidade de intimação pessoal, que far-se-á na pes-
dos defensores públicos. soa do advogado público designado para a demanda.
e) Aos membros do Ministério Público, da Defensoria c) contagem de prazo em dobro para todas as suas ma-
Pública e da Advocacia Pública é vedado o exercício nifestações processuais, com início a partir da intima-
de atividade político-partidária. ção pessoal.
d) impossibilidade de o membro da advocacia pública
ser civil e regressivamente responsável quando agir
27. (UEM – ADVOGADO – UEM – 2018) Não integra as
com dolo ou fraude no exercício de suas funções.
funções essenciais à justiça:
30. (MPE-SP – ANALISTA JURÍDICO DO MINISTÉRIO
a) a Advocacia Pública. PÚBLICO – VUNESP – 2018) Segundo a Lei Comple-
b) a Defensoria Pública. mentar Estadual n° 734/1993, as Promotorias de Justiça
c) os Auxiliares da Justiça. poderão ser:
d) a Advocacia Privada.
e) o Ministério Público. a) Criminais, Cíveis, da Infância e Juventude e de Execu-
ção Criminal.
28. (PC-ES – DELEGADO DE POLÍCIA – INSTITUTO b) Especializadas, Criminais, Cíveis, Cumulativas ou
ACESSO – 2019) A Constituição define dentre as funções Gerais.
essenciais à justiça a existência do Ministério Público, da c) Gerais, Especializadas, Criminais, Cíveis e
Advocacia Pública, da Advocacia e da Defensoria Pública. Administrativas.
Seguem-se cinco afirmações sobre os órgãos citados: d) Gerais, Criminais, Cíveis, de Atuação Especial e de Exe-
cução Criminal.
I. É vedado a seus membros receber, saldo em casos e) Criminal, Cível, de Execução Criminal, da Infância e Ju-
excepcionais, honorários, percentagens ou custas ventude e de Atuação Especial.
processuais;
II. O Advogado Geral da União representa a União na
execução da dívida ativa de natureza tributária;
III. O advogado é dispensável à administração da justi-
ça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no
exercício da profissão, mesmo que fora dos limites da
lei;
IV. A defesa dos direitos individuais e coletivos, de for-
ma integral e gratuita, aos necessitados, em todos os
graus e apenas no âmbito judicial, incumbe à Defen-
soria Pública;
V. A destituição do Procurador-Geral da República, por
iniciativa do Presidente da República, deverá ser pre-
cedida de autorização da maioria absoluta do Senado
Federal.

Marque a alternativa que contém a(s) afirmativa(s) corre-


NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

ta(s) com relação aos órgãos citados do enunciado.

a) Quatro delas: II, III, IV e V.


b) Quatro delas: I, II, III e IV.
c) Apenas a V.
d) Apenas a III.

29. (PREFEITURA DE PARNAMIRIM-RN – PROCURA-


DOR – COMPERVE – 2019) Incumbe à advocacia públi-
ca, na forma da lei, defender e promover os interesses
públicos da União, dos estados, do Distrito Federal e dos
municípios, por meio da representação judicial, em todos
os âmbitos federativos, das pessoas jurídicas de direito

41
GABARITO
ANOTAÇÕES
1 E _________________________________________________
2 C
3 A _________________________________________________
4 E
5 B _________________________________________________
6 D _________________________________________________
7 B
8 E _________________________________________________
9 D
_________________________________________________
10 B
11 CERTO _________________________________________________
12 E
13 D _________________________________________________
14 B
_________________________________________________
15 CERTO
16 E _________________________________________________
17 D
18 C _________________________________________________
19 B
_________________________________________________
20 B
21 B _________________________________________________
22 CERTO
23 CERTO _________________________________________________
24 D
_________________________________________________
25 C
26 D _________________________________________________
27 C
28 C _________________________________________________
29 C
_________________________________________________
30 B
_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________
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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

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42
ÍNDICE

NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Estado, governo e administração pública: conceitos, elementos, poderes e organização; natureza, fins e princípios. 01
Organização administrativa do Estado; administração direta e indireta......................................................................................... 04
Agentes públicos: espécies e classificação; poderes, deveres e prerrogativas; cargo, emprego e função públicos...... 07
Regime jurídico único: provimento, vacância, remoção, redistribuição e substituição; direitos e vantagens; regime
disciplinar; responsabilidade civil, criminal e administrativa................................................................................................................ 09
Poderes administrativos: poder hierárquico; poder disciplinar; poder regulamentar; poder de polícia; uso e abuso
do poder.................................................................................................................................................................................................................... 12
Atos administrativos: conceitos, requisitos, atributos, classificação, espécies e invalidação................................................... 19
Controle e responsabilização da administração: controle administrativo; controle judicial; controle legislativo;
responsabilidade civil do Estado..................................................................................................................................................................... 24
Regime Jurídico dos Servidores Públicos Civis do Estado da Bahia – Lei estadual nº 6.677/94............................................. 38
Lei federal nº 8.429/1992 (dispõe sobre as sanções aplicáveis aos agentes públicos nos casos de enriquecimento
ilícito no exercício de mandato, cargo, emprego ou função da administração pública direta, indireta ou fundacional
e dá outras providências)................................................................................................................................................................................... 38
Lei estadual nº 7.209/1997................................................................................................................................................................................. 50
Quanto aos Poderes do Estado, primeiramente de-
ve-se conceituar o que vem a ser um Estado de Direito,
ESTADO, GOVERNO E ADMINISTRAÇÃO pois só podemos falar em separação dos poderes quan-
PÚBLICA: CONCEITOS, ELEMENTOS, do estamos diante de um Estado que subordina a sua
PODERES E ORGANIZAÇÃO; NATUREZA, vontade à ordem legal. A necessidade da construção de
FINS E PRINCÍPIOS um Estado de Direito surge durante o Absolutismo (mea-
dos do século XVI e XVII), época em que o Poder Político
estava concentrado nas mãos de uma única pessoa, o
Monarca, e o Estado agia segundo a sua vontade, geran-
ESTADO, GOVERNO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.
do em gravíssimas violações aos direitos e liberdades de
CONCEITOS.
seus súditos. A necessidade de controlar o Estado, im-
Para compreender melhor o âmbito do estudo do pedindo-o de praticar tais abusos fez com que, durante
ramo de direito administrativo, é imprescindível com- a Revolução Francesa, surgisse as noções do Estado de
preender as noções e diferenças entre Estado, Governo, e Direito e da Separação dos Poderes.
Administração Pública. Muitas vezes utilizamos esses três A divisão dos Poderes que temos no Estado brasileiro
termos como sinônimos, ainda que de forma errônea. segue o modelo apresentado por Montesquieu durante
Isso ocorre porque os três têm um ponto em comum, a referida época. Assim, o Estado de Direito possui três
que é o fato de estarem inseridos no Poder Executivo, Poderes ou Funções: Executivo, Legislativo e Judiciário. O
mas que não se confundem entre si. Poder Legislativo é encarregado de criar as leis e demais
normas legais, válidas para todos, inclusive para o pró-
ESTADO: CONCEITO, NATUREZA, ELEMENTOS E prio Estado. O Poder Executivo tem como sua principal
PODERES função dar fiel execução às leis criadas pelo Legislativo,
bem como o exercício das funções política e administra-
Utilizamos o termo “Estado” para descrever uma for- tiva do Estado. Por fim, ao Poder Judiciário compete o
ma de governo sobre um povo em específico, situado exercício da jurisdição, dirimindo os conflitos de ordem
em um determinado território. O Estado possui natureza
jurídica que pairam sobre a sociedade. Para tanto, utiliza-
essencialmente política, com clara densidade cultural e
-se de diversos institutos de grande importância para o
reflexos jurídicos por toda a sociedade que se subordina
exercício da jurisdição, como o devido processo legal, o
ao mesmo, sendo considerado pessoa jurídica de direi-
to público, com poderes e prerrogativas especiais para a exercício do contraditório e ampla defesa, entre outros.
persecução de determinados fins. Importante mencionar que as principais característi-
cas dos Três Poderes do Estado é que estes são inde-
pendentes e harmônicos entre si. Os Poderes são inde-
#FicaDica pendentes, pois cada um apresenta sua própria esfera de
competência e que, em regra, não admite sobreposição
O conceito apresentado possui o que a dou-
trina denomina de elementos essenciais do de um sobre o outro. Ao mesmo tempo, são também
Estado. Embora não haja uma uniformida- harmônicos uma vez que atuam de forma conjunta, em
de em relação aos mesmos, o certo é que cooperação para perseguir os interesses estatais, o res-
podemos distinguir cada Estado baseado peito aos direitos dos cidadãos, e a garantia dos direitos
em, no mínimo, três elementos: soberania, fundamentais.
povo e território. Trata-se de assunto que
aparece em muitas questões de concursos 1. GOVERNO: CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO
que podem confundir o candidato.
Já mencionamos que Governo é um dos elementos
que estruturam o Estado. Trata-se da cúpula diretiva do
mesmo, responsável pela condução dos interesses esta-
Sobre os elementos do Estado, povo é um conjunto tais e pelo exercício do poder político, podendo ter sua
de cidadãos (natos e naturalizados) vinculados a um regi- composição modificada mediante o período das elei-
me jurídico do Estado, formando uma entidade jurídica.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

ções. São pessoas integrantes do Governo, o Presidente


Território é a base física, uma parte do globo em que o da República, os Deputados, Senadores, Prefeitos, Verea-
Estado pode exercer seu poder, servindo de limite a sua dores, e etc.
jurisdição e fornecendo-lhe recursos materiais. Governo Não há uma unanimidade quanto à classificação das
(ou soberania) é o exercício do poder do Estado, interna formas de governo. Aristóteles costumava dividir os go-
e externamente, conferindo-lhe a sua autodeterminação. vernos em dois grupos: os governos puros e perfeitos,
Não confundir com a composição do Estado, que é a sua como a Monarquia, a Aristocracia, e a Democracia; e o
divisão interna com base na sua forma confederativa. No grupo dos governos impuros e imperfeitos, como a Tira-
caso do Estado brasileiro, este é composto pela União, nia, a Oligarquia e a Demagogia, considerados antíteses
Estados, Municípios, e Distrito Federal. Atualmente não dos governos puros. Maquiavel, por sua vez, classifica
há mais nenhum Território Federal, pois os remanescen- todas as formas de governo em apenas duas espécies:
tes foram transformados em outros entes federativos, Monarquia e República, podendo ser subdividida em di-
nos termos da Constituição Federal de 1988. versas espécies. Kelsen, por sua vez, também divide as

1
diversas espécies de governo em dois grandes grupos: No Brasil, assim como no sistema de common law, o cos-
os governos democráticos, com participação popular na tume é uma das fontes principais do direito administrativo.
tomada de decisões, e os governos autocráticos, em que
há ausência dessa participação popular. ( ) CERTO   ( ) ERRADO

2. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: CONCEITO E ACEP- Resposta: Errado. A frase apresenta dois erros. Pri-
ÇÕES meiramente, o Brasil adota o sistema de civil law, o
que significa que damos maior destaque e importân-
Administração Pública, outro ente que integra o Po- cia aos comandos normativos do que os julgados de
der Executivo, é o conjunto de órgãos e agentes estatais nossos Juízes. Há maior obediência às Leis em sentido
no exercício da função administrativa, podendo estar amplo. Dessa forma, o costume não poderia ser consi-
presentes inclusive nos Poderes Legislativo e Judiciário, derado uma fonte principal de direito administrativo,
como parte de suas funções atípicas. Percebe-se que a mas é uma fonte secundária, ou mediata.
função administrativa não possui natureza política e, por
isso mesmo, a Administração Pública não se confunde DIREITO ADMINISTRATIVO. CONCEITO. OBJETO.
com Governo. FONTES.
Quanto à etimologia da palavra, “Administração Pú-
blica” é uma expressão que pode comportar pelo me- Administração vem do latim “administrare”, que signi-
nos dois sentidos: na sua acepção subjetiva, orgânica e
fica direcionar ou gerenciar negócios, pessoas e recursos,
formal, a Administração Pública confunde-se com a pes-
tendo sempre como objetivo alcançar metas específicas.
soa de seus agentes, órgãos, e entidades públicas que
A noção de gestão de negócios está intimamente ligada
exercem a função administrativa. Já na acepção objetiva
com o ramo de Direito Administrativo. Compreender as
e material da palavra, podemos definir a administração
pública (alguns doutrinadores preferem colocar a palavra noções básicas de Direito Administrativo significa definir
em letras minúsculas para distinguir melhor suas concep- a ele um conceito, determinar sua natureza, estabelecer
ções), como a atividade estatal de promover concreta- seu objeto, as fontes de onde se origina, e também os
mente o interesse público. Também podemos dividir, na princípios que o regem.
acepção material, em administração pública lato sensu e
stricto sensu. Em sentido amplo, abrange não somente a CONCEITO DE DIREITO ADMINISTRATIVO
função administrativa, como também a função política,
incluindo-se nela os órgãos governamentais. Em sentido A doutrina possui divergências quanto ao conceito de
estrito, administração pública envolve apenas a função Direito Administrativo. Enquanto uma corrente doutriná-
administrativa em si. ria define Direito Administrativo tendo como base a ideia
de função administrativa, outros preferem destacar o ob-
jeto desse ramo jurídico, isso é, o Estado, a figura pública
EXERCÍCIOS COMENTADOS composta por seus órgãos e agentes. Há também uma
terceira corrente de doutrinadores que, ao conceituar Di-
1. (PGE-PE – ANALISTA JUDICIÁRIO DE PROCURADO- reito Administrativo, destacam as relações jurídicas esta-
RIA – CESPE – 2019) Com relação à origem e às fontes belecidas entre as pessoas e os órgãos do Estado.
do direito administrativo, aos sistemas administrativos Embora haja essa diferença de posições na doutrina,
e à administração pública em geral, julgue o item que não há exatamente uma corrente predominante. Todos
segue. os elementos apontados fazem parte do Direito Admi-
De acordo com o critério teleológico, o direito adminis- nistrativo. Por isso, vamos conceituá-lo utilizando todos
trativo é um conjunto de normas que regem as relações esses aspectos em comum.
entre a administração e os administrados. Podemos definir Direito Administrativo como o con-
junto de princípios e regras que regulam o exercício da
( ) CERTO   ( ) ERRADO função administrativa exercida pelos órgãos e agentes
estatais, bem como as relações jurídicas entre eles e os
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Resposta: Errado. Segundo o critério teleológico (fi- demais cidadãos.


nalístico), o direito administrativo é um conjunto de Não devemos confundir Direito Administrativo com
normas que vai disciplinar a forma de atuação do po- a Ciência da Administração. Apesar da nomenclatura ser
der público para alcançar a sua finalidade e para con- parecida, são dois campos bastante distintos. A admi-
secução de seus fins. O enfoque deste conceito é o nistração, como ciência propriamente dita, não é ramo
seu objetivo ou finalidade primordial, que é sempre a jurídico. Consiste no estudo de técnicas e estratégias de
persecução do interesse público. controle da gestão governamental. Suas regras não são
independentes, estão subordinadas às normas de Direi-
2. (PGE-PE – ANALISTA JUDICIÁRIO DE PROCURADO- to Administrativo. Os concursos públicos não costumam
RIA – CESPE – 2019) Com relação à origem e às fontes exigir que o candidato tenha conhecimentos de técnicas
do direito administrativo, aos sistemas administrativos administrativas, mas requerem que conheçam a Admi-
e à administração pública em geral, julgue o item que nistração como entidade governamental, com suas prer-
segue. rogativas e prestando serviços para a sociedade.

2
1. NATUREZA JURÍDICA 6. Corrente negativista: pelo fato de ser uma árdua
tarefa, muitos autores decidem utilizar critério ne-
Determinar a natureza jurídica de um ramo do Direito gativo ao conceituar Direito Administrativo, defi-
significa, de modo geral, estabelecer em qual grupo ele nindo que pertence a esse ramo do Direito todas
pertence. Podemos classificar os ramos de Direito brasi- as questões que não pertencem a nenhum outro
leiro em dois grandes grupos: os ramos de Direito Públi- ramo jurídico. Esse critério por exclusão é bastante
co, e os de Direito Privado. Quanto à natureza jurídica, frágil e, por isso, não é muito utilizado.
não há dúvida de que o Direito Administrativo é ramo 7. Corrente funcional: é o critério predominante en-
de Direito Público. Isso porque o Direito Administrativo tre os demais doutrinadores administrativos, pois
regula as atividades estatais na gestão de seus negócios, define o Direito Administrativo como o ramo jurí-
recursos e pessoas. A simples presença do Poder Público dico que estuda a disciplina normativa da função
faz com que ele não se enquadre no grupo do Direito Pri- administrativa, independentemente de quem este-
vado, que são os ramos jurídicos cujas regras disciplinam ja encarregado de exercê-la (Administração Públi-
as atividades dos particulares. ca, Poder Legislativo, concessionário, etc).

2. OBJETO DO DIREITO ADMINISTRATIVO Com base no critério funcional, convém fazer uma di-
visão do objeto do Direito Administrativo. Assim, o obje-
A determinação de um objeto de estudo do Direito to imediato do Direito Administrativo são os princípios
Administrativo possui grande importância para a sua e regras que regulam a função administrativa. Por outro
conceituação, bem como para estabelecê-lo como um lado, temos como objeto mediato do Direito Adminis-
ramo jurídico autônomo. Várias correntes surgem na trativo a disciplina das atividades, agentes, pessoas e ór-
tentativa de criar um conceito próprio de Direito Admi- gãos que compõem a Administração Pública, o principal
nistrativo, bem como a definição de seu objeto: ente que exerce tal função.

1. Corrente legalista: o Direito Administrativo seria 3. FONTES DO DIREITO ADMINISTRATIVO


o conjunto de normas administrativa existente
dentro do país. Tal critério é bastante reducionis- As fontes do Direito são os elementos que dão ori-
ta, ao desconsiderar qualquer papel da doutrina gem ao próprio direito. O Direito Administrativo tem al-
em identificar princípios sistêmicos desse ramo gumas peculiaridades em relação a suas fontes que são
jurídico. importantes para nossos estudos.
2. Corrente do Poder Executivo: é o critério que iden- Primeiramente, devemos salientar que o Direito Ad-
tifica o Direito Administrativo como o conjunto de ministrativo não é ramo jurídico codificado. Isso quer
normas que disciplinam a atuação do Poder Exe- dizer que não existe na legislação brasileira um “Códi-
cutivo. Também não é aceito, uma vez que ignora go de Direito Administrativo”. A matéria encontra-se de
o fato de que os órgãos dos Poderes Legislativos e um modo muito mais amplo. É possível verificar normas
Judiciários também exercem funções administrati- administrativas presentes, por exemplo, na Constituição
vas (funções atípicas), bem como alguns particula- Federal de 1988, em seu art. 37, que estabelece os mem-
res por meio da delegação de competências, como bros da Administração Pública e seus princípios; na Lei
é o caso dos concessionários e permissionários. nº 8.666/1993, que dispõe sobre normas de licitações e
3. Corrente das relações jurídicas: é a corrente que contratos administrativos; na Lei nº 8.987/1995, que re-
destaca o Direito Administrativo como a disciplina gulamenta as concessões e permissões de serviços públi-
das relações jurídicas estabelecidas entre a Admi- cos para entidades privadas; entre outros.
nistração Pública e o particular. Todavia, essa não é É costume dividir as fontes de Direito Administrati-
uma característica única e singular do Direito Ad- vo em fontes primárias e fontes secundárias. As fontes
ministrativo: outros ramos de Direito Público pos- primárias são aquelas de caráter principal, são capazes
suem relações semelhantes. de originar normas jurídicas por si só. Já as fontes se-
4. Corrente do serviço público: para esses doutrina- cundárias são derivadas das primeiras, por isso possuem
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

dores, o que evidencia o Direito Administrativo é o caráter acessório. Elas ajudam na compreensão, interpre-
fato dele ter como objeto a disciplina dos serviços tação e aplicação das fontes de direito primárias.
públicos. Atualmente esse critério também é insa-
tisfatório, uma vez que o papel da Administração São fontes de Direito Administrativo:
Pública evoluiu de forma que passou a desempe-
nhar atividades que não podem ser consideradas A. Legislação em sentido amplo, seja na Constitui-
como prestação de serviço público. ção, seja nas Leis esparsas, nos Princípios, em qual-
5. Corrente teleológica: o Direito Administrativo deve quer veículo normativo.
ser conceituado a partir da ideia que certas ativida- B. Doutrina, todo o trabalho científico realizado por
des desempenhadas devem alcançar um fim admi- um renomado autor, seja uma obra, ou um parecer
nistrativo. Muito pouco utilizado, pelo fato de que jurídico, com o objetivo de divulgar conhecimento;
muitas vezes há grande dificuldade em estabelecer C. Jurisprudência, o conjunto de diversos julgados
qual a finalidade do Estado. num mesmo sentido;

3
D. Costumes jurídicos, tudo que for considerado aplicações, como a proteção ao direito adquirido, o
uma conduta que se repete no tempo. ato jurídico perfeito e a coisa julgada. Além disso, é
Importante frisar que, das fontes mencionadas, ape- fundamento da prescrição e da decadência, evitando,
nas a Lei é fonte primária do Direito Administrativo, por exemplo, a aplicação de sanções administrativas
sendo o único veículo habilitado para criar diretamente vários anos após a ocorrência da irregularidade.
obrigações de fazer e não fazer. A doutrina, a jurispru-
dência, e os costumes jurídicos são consideradas fontes
secundárias.

ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA DO
EXERCÍCIOS COMENTADOS ESTADO; ADMINISTRAÇÃO DIRETA E
INDIRETA
1. (PGE-PE – ANALISTA JUDICIÁRIO DE PROCURADO-
RIA – CESPE – 2019) Com relação à origem e às fontes
do direito administrativo, aos sistemas administrativos Administração direta
e à administração pública em geral, julgue o item que
segue. Administração Pública direta é aquela formada pelos
Um dos aspectos da constitucionalização do direito admi- entes integrantes da federação e seus respectivos ór-
nistrativo se refere à elevação, ao nível constitucional, de gãos. Os entes políticos são a União, os Estados, o Dis-
matérias antes tratadas por legislação infraconstitucional. trito Federal e os Municípios. À exceção da União, que é
dotada de soberania, todos os demais são dotados de
( ) CERTO   ( ) ERRADO autonomia.

Resposta: Certo. Com a promulgação da Constituição Dispõe o Decreto nº 200/1967:


de 1988, houve a inserção de inúmeros temas de Di-
reito Administrativo no próprio texto constitucional, Art. 4° A Administração Federal compreende:
retirando das entidades federativas a capacidade de I - A Administração Direta, que se constitui dos servi-
disciplinar diversos temas fundamentais pertinentes ços integrados na estrutura administrativa da Presi-
à realidade administrativa. São exemplos de temas dência da República e dos Ministérios.
administrativos que foram constitucionalizados: de-
sapropriação, requisição, processo administrativo, or- A administração direta é formada por um conjunto de
ganização administrativa, princípios da Administração núcleos de competências administrativas, os quais já fo-
Pública, cargos, empregos e funções, concurso públi- ram tidos como representantes do poder central (teoria
co, entidades descentralizadas, improbidade adminis- da representação) e como mandatários do poder central
trativa, responsabilidade do Estado, servidores públi- (teoria do mandato).
cos, etc. Hoje, adota-se a teoria do órgão, de Otto Giërke,
segundo a qual os órgãos e agentes são apenas núcleos
2. (SEFAZ-RS – TÉCNICO TRIBUTÁRIO DE RECEITA ES- administrativos criados e extintos exclusivamente por lei,
TADUAL – CESPE – 2018) Uma vez que o direito admi- mas que podem ser organizados por decretos autôno-
nistrativo brasileiro foi influenciado pelo direito estran- mos do Executivo (art. 84, VI, CF), sendo desprovidos de
geiro, é correto afirmar que exprime a força do direito personalidade jurídica própria.
alemão no direito administrativo pátrio Assim, os órgãos da Administração direta não pos-
suem patrimônio próprio; e não assumem obrigações
a) a submissão da administração pública ao controle em nome próprio e nem direitos em nome próprio (não
jurisdicional. podem ser autor nem réu em ações judiciais, exceto para
b) o conceito nacional de serviço público. fins de mandado de segurança – tanto como impetrante
c) o conceito nacional de autarquia e de entidade como quanto impetrado).
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

paraestatal. Já que não possuem personalidade, atuam apenas no


d) a forma de aplicação do princípio da segurança cumprimento da lei, não atuando por vontade própria.
jurídica. Logo, órgãos são impessoais quando agem no estrito
e) o mandado de segurança. cumprimento de seus deveres, não respondendo dire-
tamente por seus atos e danos – o órgão central, com
Resposta: Letra D. Segundo a doutrina, o direito ad- personalidade, que responderá.
ministrativo brasileiro herdou a inspiração do direito Esta impossibilidade de se imputar diretamente a res-
alemão para aplicação do princípio da segurança ju- ponsabilidade a agentes ou órgãos públicos que estejam
rídica. Ele tem por objetivo assegurar a estabilidade exercendo atribuições da Administração direta é deno-
das relações já consolidadas, frente à inevitável evo- minada teoria da imputação objetiva, de Otto Giërke,
lução do Direito, tanto em nível legislativo quanto ju- que institui o princípio da impessoalidade.
risprudencial. Trata-se de um princípio com diversas

4
1.2.2 Órgãos Públicos: teorias
#FicaDica
“Várias teorias surgiram para explicar as relações do
Teoria do mandato e teoria da representa-
Estado, pessoa jurídica, com suas agentes: Pela teoria do
ção: ultrapassadas.
mandato, o agente público é mandatário da pessoa jurí-
Teoria do órgão: adotada.
dica; a teoria foi criticada por não explicar como o Estado,
A teoria da imputação objetiva deriva da
que não tem vontade própria, pode outorgar o manda-
teoria do órgão. Ambas são de autoria de
to”1. A origem desta teoria está no direito privado, não Otto Giërke.
tendo como prosperar porque o Estado não pode outor-
gar mandato a alguém, afinal, não tem vontade própria.
Num momento seguinte, adotou-se a teoria da re- 1.3 Órgãos Públicos: classificações
presentação: “Posteriormente houve a substituição des-
sa concepção pela teoria da representação, pela qual Quanto se faz desconcentração da autoridade central
a vontade dos agentes, em virtude de lei, exprimiria a – chefe do Executivo – para os seus órgãos, se depara
vontade do Estado, como ocorre na tutela ou na curatela, com diversos níveis de órgãos, que podem ser classifi-
figuras jurídicas que apontam para representantes dos cados em simples ou complexos (simples se possuem
incapazes. Ocorre que essa teoria, além de equiparar o apenas uma estrutura administrativa, complexos se pos-
Estado, pessoa jurídica, ao incapaz (sendo que o Estado suem uma rede de estruturas administrativas) e em uni-
é pessoa jurídica dotada de capacidade plena), não foi tários ou colegiados (unitário se o poder de decisão se
suficiente para alicerçar um regime de responsabilização concentra em uma pessoa, colegiado se as decisões são
da pessoa jurídica perante terceiros prejudicados nas cir- tomadas em conjunto e prevalece a vontade da maioria):
cunstâncias em que o agente ultrapassasse os poderes
da representação”2. Criticou-se a teoria porque o Esta- • Órgãos independentes – encabeçam o poder ou
do estaria sendo visto como um sujeito incapaz, ou seja, estrutura do Estado, gozando de independência
uma pessoa que não tem condições plenas de manifes- para agir e não se submetendo a outros órgãos.
tar, de falar, de resolver pendências; bem como porque Cabe a eles definir as políticas que serão imple-
se o representante estatal exorbitasse seus poderes, o mentadas. É o caso da Presidência da República,
Estado não poderia ser responsabilizado. órgão complexo composto pelo gabinete, pela
Finalmente, adota-se a teoria do órgão, de Otto Advocacia-Geral da União, pelo Conselho da Re-
Giërke, segundo a qual os órgãos são apenas núcleos pública, pelo Conselho de Defesa, e unitário (pois
administrativos criados e extintos exclusivamente por lei, o Presidente da República é o único que toma as
mas que podem ser organizados por decretos autôno- decisões).
mos do Executivo (art. 84, VI, CF), sendo desprovidos de • Órgãos autônomos – estão no primeiro escalão do
personalidade jurídica própria. Com efeito, o Estado bra- poder, com autonomia funcional, porém subordi-
sileiro responde pelos atos que seus agentes praticam, nados politicamente aos independentes. É o caso
mesmo se estes atos extrapolam das atribuições estatais de todos os ministérios de Estado.
conferidas, sendo-lhe assegurado o direito de regresso. • Órgãos superiores – são desprovidos de autono-
A teoria da imputação objetiva, derivada da teoria mia ou independência, sendo plenamente vincula-
do órgão, também de Otto Giërke, impõe que o órgão dos aos órgãos autônomos. Ex.: Delegacia Regional
central da Administração, por ser o único dotado de per- do Trabalho, vinculada ao Ministério do Trabalho e
sonalidade jurídica, responderá por danos praticados em Emprego; Departamento da Polícia Federal, vincu-
seus órgãos despersonalizados e por seus agentes. Não lado ao Ministério da Justiça.
significa que os agentes ficarão impunes, mas caberá à • Órgãos subalternos – são vinculados a todos acima
Administração buscar contra ele o direito de regresso, deles com plena subordinação administrativa. Ex.:
retomando o que foi obrigada a indenizar. Ex.: se uma órgãos que executam trabalho de campo, policiais
pessoa é vítima de dano numa delegacia estadual por federais, fiscais do MTE.
parte de um delegado da polícia civil, ajuizará deman-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

da indenizatória contra a Fazenda Pública do Estado, a


qual poderá exercer direito de regresso contra o agente FIQUE ATENTO!
público, delegado causador do dano. Repare que a Ad- O Ministério Público, os Tribunais de Contas
ministração não se exime de indenizar mesmo que seu e as Defensorias Públicas não se encaixam
agente seja culpado. nesta estrutura, sendo órgãos independentes
constitucionais. Em verdade, para Canotilho
e outros constitucionalistas, estes órgãos não
pertencem nem mesmo aos três poderes.

1 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 23. ed. São


Paulo: Atlas, 2010.
2 NOHARA, Irene Patrícia. Direito administrativo. 3. ed. São Paulo:
Atlas, 2013.

5
Conforme Carvalho Filho3, “a noção de Estado, como Dispõe o Decreto nº 200/1967:
visto, não pode abstrair-se da de pessoa jurídica. O Es-
tado, na verdade, é considerado um ente personalizado, Art. 4° A Administração Federal compreende:
seja no âmbito internacional, seja internamente. Quando II - A Administração Indireta, que compreende as se-
se trata de Federação, vigora o pluripersonalismo, por- guintes categorias de entidades, dotadas de personali-
que além da pessoa jurídica central existem outras inter- dade jurídica própria:
nas que compõem o sistema político. Sendo uma pessoa a) Autarquias;
jurídica, o Estado manifesta sua vontade através de seus b) Empresas Públicas;
agentes, ou seja, as pessoas físicas que pertencem a seus c) Sociedades de Economia Mista.
quadros. Entre a pessoa jurídica em si e os agentes, com- d) fundações públicas.
põe o Estado um grande número de repartições internas,
necessárias à sua organização, tão grande é a extensão Ao lado destas, podemos encontrar ainda entes que
que alcança e tamanha as atividades a seu cargo. Tais prestam serviços públicos por delegação, embora não
repartições é que constituem os órgãos públicos”. integrem os quadros da Administração, quais sejam, os
permissionários, os concessionários e os autorizados.
Apresenta-se, detalhes, a classificação dos órgãos: Essas quatro pessoas integrantes da Administração
indireta serão criadas para a prestação de serviços públi-
• Quanto à pessoa federativa: federais, estaduais, cos ou, ainda, para a exploração de atividades econômi-
distritais e municipais. cas, como no caso das empresas públicas e sociedades
• Quanto à situação estrutural: os diretivos, que são de economia mista, e atuam com o objetivo de aumentar
aqueles que detêm condição de comando e de di- o grau de especialidade e eficiência da prestação do ser-
reção, e os subordinados, incumbidos das funções viço público ou, quando exploradoras de atividades eco-
rotineiras de execução. nômicas, visando atender a relevante interesse coletivo e
• Quanto à composição: singulares, quando integra- imperativos da segurança nacional.
dos em um só agente, e os coletivos, quando com- Com efeito, de acordo com as regras constantes do
postos por vários agentes. artigo 173 da Constituição Federal, o Poder Público só
• Quanto à esfera de ação: centrais, que exercem poderá explorar atividade econômica a título de exceção,
atribuições em todo o território nacional, estadual, em duas situações, conforme se colhe do caput do refe-
distrital e municipal, e os locais, que atuam em par- rido artigo, a seguir reproduzido:
te do território.
• Quanto à posição estatal: são os que representam Artigo 173. Ressalvados os casos previstos nesta Cons-
os poderes do Estado – o Executivo, o Legislativo e tituição, a exploração direta de atividade econômica
o Judiciário. pelo Estado só será permitida quando necessária aos
• Quanto à estrutura: simples ou unitários e com- imperativos de segurança nacional ou a relevante in-
postos. Os órgãos compostos são constituídos por teresse coletivo, conforme definidos em lei.
vários outros órgãos. Cumpre esclarecer que, de acordo com as regras cons-
titucionais e em razão dos fins desejados pelo Estado,
2. Administração Indireta ao Poder Público não cumpre produzir lucro, tarefa
esta deferida ao setor privado. Assim, apenas explo-
A Administração Pública indireta pode ser definida ra atividades econômicas nas situações indicadas no
como um grupo de pessoas jurídicas de direito público artigo 173 do Texto Constitucional. Quando atuar na
ou privado, criadas ou instituídas a partir de lei específi- economia, concorre em grau de igualdade com os par-
ca, que atuam paralelamente à Administração direta na ticulares, e sob o regime do artigo 170 da Constituição,
prestação de serviços públicos ou na exploração de ativi- inclusive quanto à livre concorrência, submetendo-se
dades econômicas. ainda a todas as obrigações constantes do regime jurí-
“Enquanto a Administração Direta é composta de dico de direito privado, inclusive no tocante às obriga-
órgãos internos do Estado, a Administração Indireta se ções civis, comerciais, trabalhistas e tributárias.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

compõe de pessoas jurídicas, também denominadas de


entidades”4. Em que pese haver entendimento diverso
#FicaDica
registrado em nossa doutrina, integram a Administração
indireta do Estado quatro espécies de pessoa jurídica, a Administração indireta: autarquias (inclui
saber: as Autarquias, as Fundações, as Sociedades de Eco- agências reguladoras e agências executi-
nomia Mista e as Empresas Públicas. vas), fundações públicas, empresas públi-
cas e sociedades de economia mista.
Não compõem a Administração indireta:
concessionárias, permissionárias e entida-
des paraestatais (terceiro setor).
3 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administra-
tivo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.
4 Ibid.

6
EXERCÍCIOS COMENTADOS AGENTES PÚBLICOS: ESPÉCIES E
CLASSIFICAÇÃO; PODERES, DEVERES E
1. (STJ – ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA – CES- PRERROGATIVAS; CARGO, EMPREGO E
PE – 2018) Tendo como referência a jurisprudência dos FUNÇÃO PÚBLICOS
tribunais superiores a respeito da organização adminis-
trativa e dos agentes públicos, julgue o item a seguir.
O fato de a advocacia pública, no âmbito judicial, defen-
AGENTES PÚBLICOS
der ocupante de cargo comissionado pela prática de ato
no exercício de suas atribuições amolda-se à teoria da
1. Conceito
representação.
Agente público é expressão que engloba todas as
( ) CERTO   ( ) ERRADO
pessoas lotadas na Administração, isto é, trata-se daque-
les que servem ao Poder Público.
Resposta: Errado. Vigora no Direito Administrativo
“A expressão agente público tem sentido amplo,
brasileiro a teoria do órgão, de Otto Giërke. Quando significa o conjunto de pessoas que, a qualquer título,
um agente público atua, é como se o próprio Esta- exercem uma função pública como prepostos do Estado.
do atuasse, então não há problemas com o fato de a Essa função, é mister que se diga, pode ser remunerada
advocacia pública defender o ocupante de um cargo ou gratuita, definitiva ou transitória, política ou jurídica.
público, não importando se o cargo é efetivo ou em O que é certo é que, quando atuam no mundo jurídico,
comissão. tais agentes estão de alguma forma vinculados ao Po-
der Público. Como se sabe, o Estado só se faz presente
2. (TRF 1ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA AD- através das pessoas físicas que em seu nome manifestam
MINISTRATIVA – CESPE – 2017) No que diz respeito a determinada vontade, e é por isso que essa manifestação
organização administrativa, julgue o item que se segue. volitiva acaba por ser imputada ao próprio Estado. São
Órgão público é ente despersonalizado, razão por que todas essas pessoas físicas que constituem os agentes
lhe é defeso, em qualquer hipótese, ser parte em proces- públicos”5.
so judicial, ainda que a sua atuação seja indispensável à Neste sentido, o artigo 2º da Lei nº 8.429/92 (Lei de
defesa de suas prerrogativas institucionais. Improbidade Administrativa): “Reputa-se agente público,
para os efeitos desta lei, todo aquele que exerce, ainda
( ) CERTO   ( ) ERRADO que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição,
nomeação, designação, contratação ou qualquer outra
Resposta: Errado. Caso a atuação direta do órgão pú- forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, em-
blico seja indispensável às suas prerrogativas institu- prego ou função nas entidades mencionadas no artigo
cionais, protegendo suas atividades, sua autonomia e anterior”.
sua independência, poderá atuar como parte em pro- A Lei nº 8.429/92 adota um amplo sentido da expres-
cesso judicial. O entendimento é firmado pelo próprio são agente público, abrangendo pessoas vinculadas a
STJ (5a Turma; RO em MS: 21.813/AP; Rel. Min. FELIX entidades que recebam qualquer incentivo financeiro do
FISCHER; Data de Julgamento: 13/12/2007). Estado, inclusive as pertencentes ao terceiro setor. Entre-
tanto, este sentido amplo não se reflete nas normativas
3. (TRF 1ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – OFICIAL que regulam o regime jurídico dos servidores.
DE JUSTIÇA AVALIADOR FEDERAL – CESPE – 2017) A
respeito da organização do Estado e da administração 2. Espécies: cargo, emprego e função
pública, julgue o item a seguir. O principal critério de dis-
tinção entre empresa pública e sociedade de economia Os agentes públicos subdividem-se em:
mista é que esta integra a administração indireta, en-
quanto aquela integra a administração direta. a) agentes políticos – “são os titulares dos cargos es-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

truturais à organização política do País [...], Presi-


( ) CERTO   ( ) ERRADO dente da República, Governadores, Prefeitos e res-
pectivos vices, os auxiliares imediatos dos chefes
Resposta: Errado. O artigo 4o, II, Decreto nº 200/1967 de Executivo, isto é, Ministros e Secretários das di-
enumera as sociedades de economia mista e as em- versas pastas, bem como os Senadores, Deputados
presas públicas, ambas, como integrantes da adminis- Federais e Estaduais e os Vereadores”6. O agente
tração indireta, ao lado das autarquias e das funda- político é aquele detentor de cargo eletivo, eleito
ções públicas. por mandatos transitórios.

1 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administra-


tivo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.
2 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito administrati-
vo. 32. ed. São Paulo: Malheiros, 2015.

7
b) servidores públicos, que se dividem em funcioná- crime de usurpação de função (art. 328, CP), no qual o
rio público, empregado público e contratados em sujeito exerce uma atribuição de cargo, emprego ou fun-
caráter temporário. Os servidores públicos formam ção pública, sem ocorrer nenhuma forma de investidura.
a grande massa dos agentes do Estado, desenvol- No caso do agente de fato, há investidura, mas ela se deu
vendo variadas funções. O funcionário público é o sem os devidos requisitos.
tipo de servidor público que é titular de um cargo, Quanto aos atos praticados pelo agente de fato, a
se sujeitando a regime estatutário (previsto em es- doutrina majoritária considera-os válidos, por causa da
tatuto próprio, não na CLT). O empregado público aparência de conformidade com a lei e em preservação
é o tipo de servidor público que é titular de um da boa-fé dos administrados. Entretanto, será necessá-
emprego, sujeitando-se ao regime celetista (CLT). rio ponderar no caso concreto, utilizando como vetores
Tanto o funcionário público quanto o emprega- a segurança jurídica e a boa-fé da população, bem como
do público somente se vinculam à Administração observando se a falta de competência não poderia ser
mediante concurso público, sendo nomeados em facilmente detectada.
caráter efetivo. Contratados em caráter temporário
são servidores contratados por um período certo e 4. Exigência de concurso público
determinado, por força de uma situação de excep-
cional interesse público, não sendo nomeados em A aprovação prévia em concurso de provas ou de
caráter efetivo, ocupando uma função pública. provas e títulos é requisito para a investidura em cargo
c) particulares em colaboração com o Estado – são ou emprego público efetivo, conforme artigo 37, II, CF e
agentes que, embora sejam particulares, executam artigo 10 da Lei nº 8.112/1990.
funções públicas especiais que podem ser qualifi- A administração direta e indireta é obrigada a prover
cadas como públicas. Ex.: mesário, jurado, recruta- seus cargos, empregos e funções por meio de concur-
dos para serviço militar. sos públicos. Inclusive, por mais que empresas públicas
e sociedades de economia mista sejam pessoas jurídicas
de direito privado, devem respeitar o núcleo mínimo de
#FicaDica imposições ao poder público, inclusive a obrigação de
prover seus empregos por meio de concurso público.
Os agentes públicos podem ser agentes No concurso de provas o candidato é avaliado ape-
políticos, particulares em colaboração com nas pelo seu desempenho nas provas, ao passo que nos
o Estado e servidores públicos. Logo, o concursos de provas e títulos o seu currículo em toda sua
servidor público é uma espécie do gêne- atividade profissional também é considerado. O concur-
ro agente público. Com efeito, funcionário so público terá um prazo de validade (o máximo é de 2
público é uma espécie do gênero servidor
anos, prorrogáveis por mais 2).
público, abrangendo apenas os servidores
que se sujeitam a regime estatutário (re-
5. Cargo em comissão
gulado em lei especial). Já o empregado
público, que também é espécie do gênero
Cargo em comissão é o cargo de confiança, que não
servidor público, se sujeita a regime cele-
exige concurso público, sendo exceção à regra geral. Nos
tista (a natureza desta relação jurídica é
termos do artigo 37, II, CF o cargo em comissão é de livre
contratual).
nomeação e exoneração.
Como destacado, a regra é que todas entidades da
administração direta e indireta devem realizar concurso
3. Ausência de competência: agente de fato público para contratar funcionários públicos. Entretan-
to, os cargos em comissão representam um vínculo de
O agente precisa estar legitimamente investido num confiança entre o administrador e o contratado, o que
cargo para praticar um ato administrativo, isto é, deve dispensa a exigência de concurso público.
ter competência para tanto. Contudo, existe a situação O cargo em comissão apenas existe para cargos de
do agente de fato, que é aquele em relação ao qual a chefias, assessoramento e direção, notadamente, cargos
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

investidura está maculada de um defeito. de confiança.


Di Pietro7 exemplifica tal situação: “falta de requisito Os servidores que ocupam cargo em comissão po-
legal para investidura, como certificado de sanidade ven- dem ser exonerados a qualquer tempo, pois não adqui-
cido; inexistência de formação universitária para função rem estabilidade e nem as garantias que dela decorrem
que a exige, idade inferior ao mínimo legal; o mesmo (exonerado “ad nutum”).
ocorre quando o servidor está suspenso do cargo, ou O servidor que ocupa cargo em comissão se sujeita
exerce funções depois de vencido o prazo de sua contra- ao regime geral da previdência social. Quanto ao regime
tação, ou continua em exercício após a idade-limite para de trabalho, será o mesmo dos demais servidores do ór-
aposentadoria compulsória”. gão em que ocupa o cargo – se for estatutário, seguirá o
Essa ilegalidade gera efeitos na competência do ato mesmo estatuto e fará jus aos direitos ali previstos, exce-
administrativo, mas não pode ser confundida com o to os de natureza previdenciária; se for celetista, seguirá
as normas da CLT e terá os mesmos direitos ali assegura-
3 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 23. ed. São
Paulo: Atlas, 2010. dos, inclusive FGTS.

8
federal). Logo, é possível a perda do cargo mesmo após
#FicaDica adquirir a estabilidade, mas há garantias quanto à forma
como isso pode ocorrer.
Cargo em comissão é diferente de função
Além das hipóteses citadas, existe mais uma possibi-
de confiança, sendo que a segunda apenas
lidade de perda de cargo (sem caráter punitivo), mesmo
pode ser conferida a quem já ocupa um
que o seu detentor seja estável no serviço público. Trata-
cargo público efetivo.
-se da perda de cargo para adequação dos gastos do Es-
Artigo 37, V, CF. As funções de confiança,
exercidas exclusivamente por servidores tado à Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF. A Constitui-
ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em ção Federal inicialmente impõe que os entes federativos,
comissão, a serem preenchidos por servi- no caso de extrapolação dos limites de gastos previstos
dores de carreira nos casos, condições e na LRF, reduzam as despesas com servidores públicos
percentuais mínimos previstos em lei, des- comissionados e não estáveis, conforme art. 169, §3º,
tinam-se apenas às atribuições de direção, CF. Mas se as medidas previstas no §3º do art. 169 não
chefia e assessoramento. forem suficientes para adequar e controlar as despesas
públicas, a CF/88 prevê, em seu §4º, a perda do cargo
até mesmo na hipótese em que o seu ocupante detenha
estabilidade no serviço público. Se ocorrer esta hipótese,
o servidor estável que perder o cargo terá direito a in-
REGIME JURÍDICO ÚNICO: denização correspondente a 1 mês de remuneração por
PROVIMENTO, VACÂNCIA, REMOÇÃO, ano de serviço público.
REDISTRIBUIÇÃO E SUBSTITUIÇÃO; Existem alguns servidores públicos efetivos que não
DIREITOS E VANTAGENS; REGIME possuem apenas estabilidade, mas sim vitaliciedade. São
DISCIPLINAR; RESPONSABILIDADE eles os membros do Poder Judiciário e do Ministério Pú-
CIVIL, CRIMINAL E ADMINISTRATIVA blico (artigo 95, I, CF; artigo 128, §5º, I, “a”, CF). O prazo
para a aquisição da vitaliciedade é diferente do prazo
para aquisição da estabilidade, sendo adquirida após 2
anos de serviço público. Durante esse período, também
Garantias do cargo efetivo: estabilidade/vitaliciedade é submetido o servidor a “estágio probatório”, chamado
de processo de vitaliciamento. Um fator importantíssimo
O servidor público efetivo, aquele que foi provido a favor dos agentes vitalícios é que eles somente podem
em cargo mediante nomeação seguida da aprovação perder o cargo em decorrência de decisão judicial transi-
em concurso público, está apto a adquirir estabilidade, tada em julgado. Então, as várias hipóteses de perda de
nos moldes do artigo 41, CF, após três anos de efetivo cargo previstas para servidores estáveis não se aplicam
exercício. aos servidores vitalícios.
Os primeiros três anos de serviço correspondem ao
estágio probatório, período em que o servidor deverá ser
submetido a uma avaliação especial de desempenho, na #FicaDica
qual se avaliam os seguintes fatores: assiduidade; disci- O servidor público efetivo está apto a ad-
plina; capacidade de iniciativa; produtividade; responsa- quirir estabilidade, nos moldes do artigo
bilidade (art. 20, Lei nº 8.112/1990). 41, CF, após três anos de efetivo exercício
Não existe vedação para um servidor em estágio pro- com aprovação no estágio probatório (art.
batório exercer quaisquer cargos de provimento em co- 41, §1º, CF), no qual se avaliam os seguintes
missão ou funções de direção, chefia ou assessoramento fatores: assiduidade; disciplina; capacidade
no órgão ou entidade de lotação. de iniciativa; produtividade; responsabili-
Vale destacar que sempre que o servidor mudar de dade (art. 20, Lei nº 8.112/1990). Após, o
cargo, por exemplo, mediante promoção, passará por servidor apenas perderá o cargo em virtude
um novo período de estágio probatório e, se não apro- de sentença judicial transitada em julgado,
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

vado, será conduzido ao cargo anteriormente ocupado. mediante processo administrativo em que
De forma diversa ocorre se a reprovação se der no car- lhe seja assegurada ampla defesa ou me-
go de acesso ao serviço público (provimento mediante diante procedimento de avaliação periódi-
nomeação). ca de desempenho.
Uma vez adquirida a aprovação no estágio probató-
rio, o servidor público somente poderá ser exonerado
nos casos do §1º do artigo 40 da Constituição Federal,
notadamente: em virtude de sentença judicial transitada
em julgado; mediante processo administrativo em que
lhe seja assegurada ampla defesa; ou mediante proce-
dimento de avaliação periódica de desempenho, na for-
ma de lei complementar, assegurada ampla defesa (sen-
do esta lei complementar ainda inexistente no âmbito

9
Remuneração e vantagens
FIQUE ATENTO!
O empregado público vinculado a empre- O primeiro direito do servidor é o de receber paga-
sa pública e sociedade de economia mista mento pelo seu trabalho, mediante vencimento, o qual
acrescido de vantagens se denomina remuneração.
não adquire estabilidade (súmula 390, TST).
Vencimento = retribuição pecuniária pelo cargo
Contudo, se a empresa pública ou sociedade
público.
de economia mista prestar serviço público,
Remuneração = vencimento + vantagens.
a dispensa do empregado público deve ser
motivada (OJ 247, SDI1, TST).
É garantido o direito ao igual vencimento por
igual trabalho.
Formas de provimento e vacância dos cargos pú- Nenhum servidor receberá menos do que o salário
blicos mínimo.
Faltas e atrasos geram perda proporcional da remu-
Provimento é o preenchimento do cargo público; ao neração. Não geram perda de remuneração as faltas jus-
passo que vacância é a sua desocupação. tificadas e devidamente compensadas.
O provimento pode se dar de forma originária ou
derivada. As vantagens se dividem em:
De forma originária, o provimento pressupõe que não
exista uma relação jurídica anterior entre servidor público Indenizações (não se incorporam)
e Administração. A única forma de provimento originário
é a nomeação, que pode ser em caráter efetivo (median- Ajuda de custo – compensa as despesas de instala-
te aprovação em concurso) ou em comissão (tratando-se ção do servidor que, no interesse do serviço, passar a ter
de cargo de confiança). exercício em nova sede, com mudança de domicílio em
De forma derivada, o provimento pressupõe que exis- caráter permanente.
ta uma relação jurídica anterior entre servidor público e Diárias – ressarcem o afastamento da sede em caráter
Administração. Pode se dar de diversas formas: promo- eventual ou transitório para outro ponto do território na-
ção, readaptação, reversão, aproveitamento, reintegra- cional ou para o exterior, correspondendo a passagens e
ção e recondução. diárias (que pagam pousada, alimentação e transporte).
Indenização de transporte – ressarce despesas com a
• Promoção é a elevação de um servidor de uma utilização de meio próprio de locomoção para a execu-
classe para outra dentro de uma mesma carreira. ção de serviços externos.
• Readaptação é a passagem do servidor para outro Auxílio-moradia – ressarce despesas comprovada-
cargo compatível com a deficiência física que ele mente realizadas pelo servidor com aluguel de moradia
venha a apresentar. ou com meio de hospedagem administrado por empresa
• Reversão é o retorno ao serviço ativo do servidor hoteleira.
aposentado por invalidez quando insubsistentes
os motivos da aposentadoria. Gratificações (podem se incorporar)
• Aproveitamento é o retorno ao serviço ativo do
servidor que se encontrava em disponibilidade e Por direção, chefia e assessoramento – pago ao ser-
foi aproveitado em cargo semelhante àquele ante- vidor ocupante de cargo efetivo investido em função de
riormente ocupado. direção, chefia ou assessoramento.
• Reintegração é o retorno ao serviço ativo do Natalina – 13o salário.
servidor que fora demitido, quando a demissão
for anulada administrativamente ou judicialmen- • Por Encargo, de curso ou de concurso (não se
te, voltando para o mesmo cargo que ocupava incorpora) – devida ao servidor que, em caráter
anteriormente. eventual: atuar como instrutor em curso de forma-
• Recondução é o retorno ao cargo anteriormen- ção, de desenvolvimento ou de treinamento; parti-
te ocupado, do servidor que não logrou êxito no cipar de banca examinadora ou de comissão para
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

estágio probatório de outro cargo para o qual foi exames orais, para análise curricular, para correção
nomeado decorrente de outro concurso. de provas discursivas, para elaboração de ques-
tões de provas ou para julgamento de recursos
Obs.: São consideradas formas inconstitucionais de intentados por candidatos; participar da logística
provimento a transferência, que era a passagem de um de preparação e de realização de concurso público
servidor de um quadro para outro dentro de um mesmo envolvendo atividades de planejamento, coorde-
poder, e a ascensão, que significava a passagem de uma nação, supervisão, execução e avaliação de resulta-
carreira para outra. do, quando tais atividades não estiverem incluídas
Em relação às formas de vacância, que ocorre quando entre as suas atribuições permanentes; participar
o cargo púbico anteriormente ocupado fica livre, colo- da aplicação, fiscalizar ou avaliar provas de exame
cam-se: falecimento, aposentadoria, promoção, demis- vestibular ou de concurso público ou supervisionar
são, exoneração, readaptação, posse em outro cargo cuja essas atividades.
acumulação seja vedada.

10
Adicionais (podem se incorporar) As penalidades das três esferas podem se acumular e
elas são independentes e autônomas entre si, com res-
Insalubridade/Periculosidade – paga a servidores que salvas à esfera penal, uma vez que as decisões absolutas
trabalhem com habitualidade em locais insalubres ou em da esfera penal são baseadas em provas contundentes e
contato permanente com substâncias tóxicas, radioativas não se admitiria resultado diverso em outras esferas.
ou com risco de vida, fazem jus a um adicional sobre o Por isso, a responsabilidade administrativa do ser-
vencimento do cargo efetivo. vidor será afastada no caso de absolvição criminal que
Atividades penosas – devido aos servidores em exer- negue a existência do fato ou sua autoria. Noutras pala-
cício em zonas de fronteira ou em localidades cujas con- vras, como no direito penal vale a regra da presunção de
dições de vida o justifiquem. inocência, qualquer tipo de dúvida deve gerar a absol-
Serviço extraordinário – horas extras, limitadas a 2 vição do réu. Logo, na esfera penal é preciso uma prova
(duas) horas por jornada = valor da hora normal + 50%. rigorosa, sendo comum que uma pessoa seja absolvida
Noturno – prestado em horário compreendido entre na esfera penal por falta de provas. Contudo, nas esferas
22 (vinte e duas) horas de um dia e 5 (cinco) horas do dia civil e administrativa, o ônus da prova é distribuído entre
seguinte = valor-hora acrescido de 25% (vinte e cinco as partes, razão pela qual a prova que não foi suficiente
por cento). para gerar a condenação penal pode sim ser suficiente
De férias – 30 dias a cada 12 meses de trabalho = para gerar uma condenação na esfera civil ou administra-
+1/3 da remuneração no período de férias. tiva – isso acentua a independência das esferas.
Entretanto, se a prova for suficiente para que o direito
As licenças se dividem em: penal confira uma resposta absoluta e definitiva, é coe-
rente que as esferas civil e administrativa sejam obriga-
• Licença por Motivo de Doença em Pessoa da Famí- das a seguir o mesmo caminho. Se ocorrer condenação
lia – justifica-se por problema de saúde com um fa- penal, deve ocorrer condenação civil/administrativa. Se
miliar próximo ou dependente legal. Remunerada. ocorrer absolvição penal, não por falta de provas, mas
• Licença por Motivo de Afastamento do Cônjuge – por absoluto reconhecimento da inexistência do fato
justifica-se por mudança do cônjuge de um servi- ou negativa de autoria, deve ocorrer absolvição civil/
dor público de cidade ou país. Não remunerada. administrativa.
• Licença para o Serviço Militar – justifica-se para o Especificamente quanto à esfera civil, vale destacar o
caso de convocação do servidor para o serviço mi- artigo 37, § 6o, CF:
litar. Não remunerada. Artigo 37, §6º, CF. As pessoas jurídicas de direito pú-
• Licença para Atividade Política – justifica-se para o blico e as de direito privado prestadoras de serviços
caso de servidor candidato a cargo político eletivo, públicos responderão pelos danos que seus agentes,
sendo obrigatório entre o dia da candidatura e dez nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o
dias após as eleições. Não remunerada. direito de regresso contra o responsável nos casos de
• Licença para Capacitação – justifica-se para o aper- dolo ou culpa.
feiçoamento profissional do servidor. Remunerada. A responsabilidade civil do Estado com relação ao
• Licença Para Tratar Interesses Particulares – dispen- administrado é objetiva. Basta a demonstração de ação/
sa justificativa, basta a vontade do servidor. Não omissão, dano e nexo causal. Noutras palavras, basta que
remunerada. um dano seja causado por um agente público para que
• Licença para Desempenho de Mandato Classista o Estado tenha o dever de indenizar, não importando
– justifica-se para o caso de convocação do ser- se este agente público agiu ou não com culpa. O arti-
vidor como responsável por gerir ou represen- go 37, § 6o, CF consagra a denominada teoria do risco
tar em tempo integral entidade de classe. Não administrativo.
remunerada. Contudo, para que o agente público causador do
• Licença para Tratamento de Saúde – justifica-se dano tenha o dever de indenizar é preciso que tenha
por doença do servidor, sendo necessário o afasta- agido com dolo ou culpa. Em suma, existe uma relação
mento para tratamento. Remunerada. jurídica autônoma entre o Estado e o agente público
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

• Licença-Gestante ou Adotante – justifica-se por que causou o dano no desempenho de suas funções,
maternidade, biológica ou adotada. Remunerada. em comparação à relação do Estado com o administra-
• Licença-Paternidade – justifica-se por paternidade, do. Nesta relação, a responsabilidade civil será subjetiva,
biológica ou adotada. Remunerada. ou seja, caberá ao Estado provar a culpa do agente pelo
dano causado.
Responsabilidade civil, penal e administrativa Esta bifurcação entre a responsabilidade civil do Es-
tado e a responsabilidade civil do servidor público se
O servidor poderá ser responsabilizado por atos pra- processa nos seguintes moldes: a vítima ajuizará ação
ticados no exercício de sua função na esfera criminal, se indenizatória contra o Estado, pessoa jurídica de direito
o fato que praticou for considerado crime; na esfera ad- público; caso o Estado seja condenado ao pagamento
ministrativa, se o ato praticado configurar infração ad- da indenização e entenda que o servidor agiu com dolo
ministrativa; na esfera civil, se o fato que praticou gerar ou culpa, poderá exercer contra ele o direito de regres-
um dano indenizável e ele tiver agido com dolo ou culpa. so, demandando que o servidor ressarça o Estado de

11
indenização por ele paga. Basicamente, o direito de re- Destaca-se que o artigo 37, II, CF, prevê: “a investidura
gresso consiste no direito de acionar o causador direto em cargo ou emprego público depende de aprovação
do dano para obter de volta aquilo que pagou à vítima. prévia em concurso público de provas ou de provas e
títulos, de acordo com a natureza e a complexidade
Regime disciplinar do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressal-
vadas as nomeações para cargo em comissão declara-
O regime disciplinar do servidor público está es- do em lei de livre nomeação e exoneração”.
tabelecido basicamente de duas maneiras: deveres e
proibições. Ontologicamente, são a mesma coisa: am- 3. (STM – TÉCNICO JUDICIÁRIO – CESPE – 2018)
bos deveres e proibições são normas protetivas da boa Acerca do direito administrativo, dos atos administrati-
Administração. Nas duas hipóteses, violado o preceito, vos e dos agentes públicos, julgue o item a seguir.
cabível é uma punição. Em que pese ocuparem cargos eletivos, as pessoas físi-
Deve-se notar, porém, que os deveres constam da lei cas que compõem o Poder Legislativo são consideradas
como ações, como conduta positiva; as proibições, ao agentes públicos.
contrário, são descritas como condutas vedadas ao ser-
vidor, de modo que ele deve abster-se de praticá-las. Em ( ) CERTO   ( ) ERRADO
contraposição aos deveres do servidor público, existem
diversas proibições. RESPOSTA: Certo. Existem três espécies de agentes
A violação dos deveres ou a prática de alguma das públicos: agentes políticos, agentes administrativos
violações caracterizam infração administrativa disciplinar (entram aqui os servidores e empregados públicos)
e geram a aplicação de penalidades disciplinares, nota- e particulares em colaboração com o Estado. Aqueles
damente: advertência; suspensão; demissão; cassação de que ocupam cargo eletivo, exercendo assim manda-
aposentadoria ou disponibilidade; destituição de cargo to, são agentes políticos, espécie do gênero agente
em comissão; destituição de função comissionada. público.
O processo administrativo disciplinar se presta a apu-
rar as infrações disciplinares, garantindo aos servidores
o direito ao contraditório e à ampla defesa. Basicamen-
te, é o instrumento destinado a apurar responsabilidade
PODERES ADMINISTRATIVOS: PODER
de servidor por infração praticada no exercício de suas
atribuições, ou que tenha relação com as atribuições do
HIERÁRQUICO; PODER DISCIPLINAR;
cargo em que se encontre investido. PODER REGULAMENTAR; PODER DE
POLÍCIA; USO E ABUSO DO PODER

EXERCÍCIOS COMENTADOS
O Estado possui papel central de disciplinar a socie-
dade. Como não pode fazê-lo sozinho, constitui agentes
1. (EBSERH – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – CES- que exercerão tal papel. No exercício de suas atribuições,
PE – 2018) Acerca do regime jurídico dos servidores pú- são conferidas prerrogativas aos agentes, indispensáveis
blicos federais, julgue o item a seguir. à consecução dos fins públicos, que são os poderes ad-
A promoção não constitui forma de provimento em car- ministrativos. Em contrapartida, surgirão deveres especí-
go público. ficos, que são deveres administrativos.
Os poderes conferidos à administração surgem como
( ) CERTO   ( ) ERRADO instrumentos para a preservação dos interesses da co-
letividade. Caso a administração se utilize destes pode-
RESPOSTA: Errado. A promoção é uma forma deriva- res para fins diversos de preservação dos interesses da
da de provimento do cargo público, acessível àqueles sociedade, estará cometendo abuso de poder, ou seja,
que estão na carreira e vão galgar novo degrau em incidindo em ilegalidade. Neste caso, o Poder Judiciário
cargo de nível superior ao ocupado no momento. poderá efetuar controle dos atos administrativos que im-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

pliquem em excesso ou abuso de poder.


2. (STJ – TÉCNICO JUDICIÁRIO – CESPE – 2018) Jul- Quanto aos poderes administrativos, eles podem ser
gue o seguinte item de acordo com as disposições cons- colocados como prerrogativas de direito público conferi-
titucionais e legais acerca dos agentes públicos. das aos agentes públicos, com vistas a permitir que o Es-
A investidura em cargo, emprego ou função pública exi- tado alcance os seus fins. Evidentemente, em contrapar-
ge a prévia aprovação em concurso público de provas ou tida a estes poderes, surgem deveres ao administrador.
de provas e títulos, na forma prevista em lei. “O poder administrativo representa uma prerrogativa
especial de direito público outorgada aos agentes do Es-
( ) CERTO   ( ) ERRADO tado. Cada um desses terá a seu cargo a execução de cer-
tas funções. Ora, se tais funções foram por lei cometidas
RESPOSTA: Errado. A função pública é exercida por aos agentes, devem eles exercê-las, pois que seu exercí-
servidores contratados temporariamente com base cio é voltado para beneficiar a coletividade. Ao fazê-lo,
no artigo 37, IX, CF, não dependendo de concurso. dentro dos limites que a lei traçou, pode dizer-se que

12
usaram normalmente os seus poderes. Uso do poder, A discricionariedade pode ser exercida tanto quando
portanto, é a utilização normal, pelos agentes públicos, o ato é praticado quanto, num momento futuro, na cir-
das prerrogativas que a lei lhes confere”8. cunstância de sua revogação.
Neste sentido, “os poderes administrativos são outor- Uma das principais limitações à discricionariedade
gados aos agentes do Poder Público para lhes permitir é a adequação, correspondente à adequação da con-
atuação voltada aos interesses da coletividade. Sendo duta escolhida pelo agente à finalidade expressa em
assim, deles emanam duas ordens de consequência: 1ª) lei. O segundo limite é o da verificação dos motivos10.
são eles irrenunciáveis; e 2ª) devem ser obrigatoriamente Neste sentido, discricionariedade não pode se confundir
exercidos pelos titulares. Desse modo, as prerrogativas
com arbitrariedade – a última é uma conduta ilegítima
públicas, ao mesmo tempo em que constituem poderes
e quanto a ela caberá controle de legalidade perante o
para o administrador público, impõem-lhe o seu exer-
cício e lhe vedam a inércia, porque o reflexo desta atin- Poder Judiciário.
ge, em última instância, a coletividade, esta a real desti- “O controle judicial, entretanto, não pode ir ao extre-
natária de tais poderes. Esse aspecto dúplice do poder mo de admitir que o juiz se substituta ao administrador.
administrativo é que se denomina de poder-dever de Vale dizer: não pode o juiz entrar no terreno que a lei
agir”9. Percebe-se que, diferentemente dos particulares reservou aos agentes da Administração, perquirindo os
aos quais, quando conferido um poder, podem optar por critérios de conveniência e oportunidade que lhe inspi-
exercê-lo ou não, a Administração não tem faculdade de raram a conduta. A razão é simples: se o juiz se atém
agir, afinal, sua atuação se dá dentro de objetos de in- ao exame da legalidade dos atos, não poderá questio-
teresse público. Logo, a abstenção não pode ser aceita, nar critérios que a própria lei defere ao administrador.
o que transforma o poder de agir também num dever [...] Modernamente, os doutrinadores têm considerado
de fazê-lo: daí se afirmar um poder-dever. Com efeito, o os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade
agente omisso poderá ser responsabilizado. como valores que podem ensejar o controle da discri-
Os poderes da Administração se dividem em: hierár- cionariedade, enfrentando situações que, embora com
quico, disciplinar, regulamentar e de polícia. Há quem aparência de legalidade, retratam verdadeiro abuso de
diga que vinculado e discricionário são também poderes, poder. [...] A exacerbação ilegítima desse tipo de controle
mas a doutrina mais técnica tem afirmado corretamen- reflete ofensa ao princípio republicano da separação dos
te que, na verdade, são formas de exercício dos demais
poderes”11.
poderes.

FORMAS DE EXERCÍCIO Há quem diga que, por haver tal liberdade, não existe
o dever de motivação, mas isso não está correto: aqui,
1. Forma vinculada mais que nunca, o dever de motivar se faz presente, de-
monstrando que não houve arbítrio na decisão tomada
Quando o poder se manifesta numa forma vinculada pelo administrador. Basicamente, não é porque o ad-
não há qualquer liberdade quanto à atividade que deva ministrador tem liberdade para decidir de outra forma
ser praticada, cabendo ao administrador se sujeitar por que o fará sem cometer arbitrariedades e, caso o faça,
completo ao mandamento da lei. Nos atos vinculados, incidirá em ilicitude. O ato discricionário que ofenda os
o agente apenas reproduz os elementos da lei. Afinal, o parâmetros da razoabilidade é atentatório à lei. Afinal,
administrador se encontra diante de situações que com- não obstante a discricionariedade seja uma prerrogativa
portam solução única anteriormente prevista por lei. da administração, o seu maior objetivo é o atendimento
Não há espaço para que o administrador faça um juí- aos interesses da coletividade.
zo discricionário, de conveniência e oportunidade. Ele é
obrigado a praticar o ato daquela forma, porque a lei 1. Poder regulamentar
assim prevê. Ex.: pedido de aposentadoria compulsória
por servidor que já completou 70 anos; pedido de licença Em linhas gerais, poder regulamentar é o poder con-
para prestar serviço militar obrigatório – o administrador
ferido à administração de elaborar decretos e regula-
não escolhe se concede ou não, apenas efetua a verifica-
mentos. O Poder Executivo, nestas situações, exerce for-
ção dos requisitos e, se eles estiverem presentes, neces-
sariamente deve tomar a decisão de conceder o pedido. ça normativa, expedindo normas que se revestem, como
qualquer outra, de abstração e generalidade.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

2. Forma discricionária Quando o Poder Legislativo edita suas leis nem sem-
pre possibilita que elas sejam executadas. A aplicação
Existem situações em que o próprio agente tem a prática fica a cargo do Poder Executivo, que irá editar de-
possibilidade de valorar a sua conduta. Logo, quando o cretos e regulamentos com capacidade de dar execução
exercício do poder se manifesta na forma discricionária o às leis editadas pelo Poder Legislativo. Trata-se de prer-
administrador não está diante de situações que compor- rogativa complementar à lei, não podendo em hipótese
tam solução única. Possui, assim, um espaço para exercer alguma o Executivo alterar o seu conteúdo. Entretanto,
um juízo de valores de conveniência e oportunidade. poderá o Executivo criar obrigações subsidiárias, que se
impõem ao administrado ao lado das obrigações primá-
rias fixadas na própria lei.

8 CARVALHO FILHO, José dos Santos... Op. Cit. 10 Ibid.


9 Ibid. 11 Ibid.

13
Caso ocorra abuso ao poder regulamentar, caberá ao quem diga que nestes casos não há poder regulamentar,
Congresso Nacional sustar o ato: “Art. 49, CF. É da com- mas sim poder regulador. É exemplo do que ocorre com
petência exclusiva do Congresso Nacional: [...] V - sustar as agências reguladoras, como ANATEL, ANEEL, entre
os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem outras.
do poder regulamentar ou dos limites de delegação
legislativa”. 2. Poder hierárquico
Segundo entendimento majoritário, tanto os decre-
tos quanto os regulamentos podem ser autônomos (atos É o poder conferido à administração de fixar cam-
de natureza originária ou primária) ou de execução (atos pos de competência quanto às figuras que compõem
de natureza derivada ou secundária), embora a essência sua estrutura; logo, é um poder de auto-organização.
do poder regulamentar seja composta pelos decretos e “Hierarquia é o escalonamento em plano vertical dos ór-
regulamentos de execução. O regulamento autônomo gãos e agentes da Administração que tem como objetivo
pode ser editado independentemente da existência de lei a organização da função administrativa. E não poderia
anterior, se encontrando no mesmo patamar hierárquico ser de outro modo. Tantas são as atividades a cargo da
que a lei – por isso, é passível de controle de constitucio- Administração Pública que não se poderia conceber sua
nalidade. Os regulamentos de execução dependem da normal realização sem a organização, em escalas, dos
existência de lei anterior para que possam ser editados agentes e dos órgãos públicos. Em razão desse escalo-
e devem obedecer aos seus limites, sob pena de ilegali- namento firma-se uma relação jurídica entre os agentes,
dade – deste modo, se sujeitam a controle de legalidade. que se denomina relação hierárquica”13. Nesta relação
Nos termos do artigo 84, IV, CF, compete privativa- hierárquica, surge para a autoridade superior o poder de
mente ao Presidente da República expedir decretos e re- comando e para o seu subalterno o dever de obediência.
gulamentos para a fiel execução da lei, atividade que não Com efeito, poder hierárquico é o poder conferido
pode ser delegada, nos termos do parágrafo único. Em à administração de fixar campos de competência quan-
que pese o teor do dispositivo que poderia dar a enten- to às figuras que compõem sua estrutura. Este poder é
der que a existência de decretos autônomos é impedida, exercido tanto na distribuição de competências entre os
órgãos quanto na divisão de deveres entre os servidores
o próprio STF já reconheceu decretos autônomos como
que o compõem. Se o ato for praticado por órgão incom-
válidos em situações excepcionais. Carvalho Filho12, a
petente, é inválido. Da mesma forma, se o for praticado
respeito, afirma que somente são decretos e regulamen-
por servidor que não tinha tal atribuição.
tos que tipicamente caracterizam o poder regulamentar
Por fim, ressalta-se que do poder hierárquico deriva
aqueles que são de natureza derivada – o autor admite
o poder de revisão, consistente no poder das autorida-
que existem decretos e regulamentos autônomos, mas
des superiores de revisar os atos praticados por seus
diz que não são atos do poder regulamentar.
subordinados.
A classificação dos decretos e regulamentos em au-
tônomos e de execução é bastante relevante para fins de
3. Poder disciplinar
controle judicial. Em se tratando de decreto de execução,
o parâmetro de controle será a lei a qual o decreto está É o poder conferido à administração para aplicar san-
vinculado, ocorrendo mero controle de legalidade como ções aos seus servidores que pratiquem infrações disci-
regra – não caberá controle de constitucionalidade por plinares. Trata-se de decorrência do poder hierárquico,
ações diretas de inconstitucionalidade ou de constitucio- pois é a hierarquia que permite aos agentes de nível su-
nalidade, mas caberá por arguição de descumprimento perior fiscalizar as ações dos subordinados.
de preceito fundamental – ADPF, cujo caráter é mais am- Estas sanções aplicadas são apenas as que possuem
plo e permite o controle sobre atos regulamentares deri- natureza administrativa, não envolvendo sanções civis ou
vados de lei, tal como será cabível mandado de injunção. penais. Entre as penas que podem ser aplicadas, desta-
Em se tratando de decreto autônomo, o parâmetro de cam-se a de advertência, suspensão, demissão e cassa-
controle sempre será a Constituição Federal, possuindo o ção de aposentadoria.
decreto a mesma posição hierárquica das demais leis in- Evidentemente que tais punições não podem ser
fraconstitucionais, ocorrendo genuíno controle de cons- aplicadas sem alguns requisitos, como a abertura de
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

titucionalidade no caso concreto, por qualquer das vias. sindicância ou processo disciplinar em que se garanta o
Outra observação que merece ser feita se refere ao contraditório e a ampla defesa (obs.: existem cargos que
conceito de deslegalização. O fenômeno tem origem na somente são passíveis de demissão por sentença judicial,
França e corresponde à transferência de certas matérias que são os vitalícios, como os de magistrado e promotor
de caráter estritamente técnico da lei ou ato congênere de justiça).
para outras fontes normativas, com autorização do pró-
prio legislador. Na verdade, o legislador efetuará uma 4. Poder de polícia
espécie de delegação, que não será completa e integral,
pois ainda caberá ao Legislativo elaborar o regramento É o poder conferido à administração para limitar,
básico, ocorrendo a transferência estritamente do aspec- disciplinar, restringir e condicionar direitos e ativida-
to técnico (denomina-se delegação com parâmetros). Há des particulares para a preservação dos interesses da

12 Ibid. 13 Ibid.

14
coletividade. É ainda, fato gerador de tributo, notada- O poder de polícia pode ser exercido de forma origi-
mente, a taxa (artigo 145, II, CF), não podendo ser gera- nária, pelo próprio órgão ao qual se confere a competên-
dor de tarifa que se caracteriza como preço público e não cia de atuação, ou de forma delegada, mediante lei que
podendo ser cobrada sem o exercício efetivo do poder transfira a mera prática de atos de natureza fiscalizatória
de polícia. (poder de polícia seria de caráter executório, não ino-
“A expressão poder de polícia comporta dois senti- vador) a pessoas jurídicas que tenham vinculação oficial
dos, um amplo e um estrito. Em sentido amplo, poder com entes públicos.
de polícia significa toda e qualquer ação restritiva do Es- A transferência de tarefas de operacionalização, no
tado em relação aos direitos individuais. [...] Em sentido âmbito de simples constatação, não é considerada de-
estrito, o poder de polícia se configura como atividade legação do poder de polícia. Delegação ocorre quando
administrativa, que consubstancia, como vimos, verda- a atividade fiscalizatória em si é transferida. Por exem-
deira prerrogativa conferida aos agentes da Administra- plo, uma empresa contratada para operar radares não
ção, consistente no poder de restringir e condicionar a
recebeu delegação do poder de polícia, mas uma guarda
liberdade e a propriedade”14.
municipal instituída na forma de empresa pública com
No sentido amplo, é possível incluir até mesmo a ati-
poder de aplicar multas recebeu tal delegação.
vidade do Poder Legislativo, considerando que ninguém
é obrigado a fazer ou deixar de fazer algo se a lei não
impuser (artigo 5º, II, CF). No sentido estrito, tem-se a 4.3 Polícia judiciária e polícia administrativa
atividade da polícia administrativa, envolvendo apenas as
prerrogativas dos agentes da Administração. Uma das mais importantes classificações doutriná-
Em destaque, coloca-se o conceito que o próprio le- rias corresponde à distinção entre polícia administrativa
gislador estabelece no Código Tributário Nacional: “Con- e polícia judiciária, assim explanada por Carvalho Filho:
sidera-se poder de polícia a atividade da administração “ambos se enquadram no âmbito da função administra-
pública que, limitando o disciplinando direito, interesse tiva, vale dizer, representam atividades de gestão de in-
ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de teresses públicos. A Polícia Administrativa é atividade da
fato, em razão de interesse público [...]” (art. 78, primeira Administração que se exaure em si mesma, ou seja, ini-
parte, CTN). A atividade de polícia é tipicamente admi- cia e se completa no âmbito da função administrativa. O
nistrativa, razão pela qual é estudada no ramo do direito mesmo não ocorre com a Polícia Judiciária, que, embora
administrativo. seja atividade administrativa, prepara a atuação da fun-
Vale ressaltar, por fim, um dos principais atributos do ção jurisdicional penal, o que a faz regulada pelo Código
poder de polícia: a autoexecutoriedade. Neste sentido, a de Processo Penal (arts. 4º ss) e executada por órgãos de
administração não precisa de manifestação do Poder Ju- segurança (polícia civil ou militar), ao passo que a Polícia
diciário para colocar seus atos em prática, efetivando-os. Administrativa o é por órgãos administrativos de caráter
mais fiscalizador. Outra diferença reside na circunstância
4.1 Polícia-função e polícia-corporação de que a Polícia Administrativa incide basicamente sobre
atividades dos indivíduos, enquanto a Polícia Judiciária
“Apenas com o intuito de evitar possíveis dúvidas preordena-se ao indivíduo em si, ou seja, aquele a quem
em decorrência da identidade de vocábulos, vale a pena se atribui o cometimento de ilícito penal”16. Além disso,
realçar que não há como confundir polícia-função com essencialmente, a Polícia Administrativa tem caráter pre-
polícia-corporação: aquela é a função estatal propria- ventivo (busca evitar o dano social), enquanto que a Po-
mente dita e deve ser interpretada sob o aspecto ma- lícia Judiciária tem caráter repressivo (busca a punição
terial, indicando atividade administrativa; esta, contudo,
daquele que causou o dano social).
corresponde à ideia de órgão administrativo, integrado
nos sistemas de segurança pública e incumbido de pre-
4.4 Liberdades públicas e poder de polícia
venir os delitos e as condutas ofensivas à ordem pública,
razão por que deve ser vista sob o aspecto subjetivo (ou
formal). A polícia-corporação executa frequentemente Evidentemente, abusos no exercício do poder de po-
funções de polícia administrativa, mas a polícia-função, lícia não podem ser tolerados. Por mais que todo direito
ou seja, a atividade oriunda do poder de polícia, é exer- individual seja relativo perante o interesse público, exis-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

cida por outros órgãos administrativos além da corpora- tem núcleos mínimos de direitos que devem ser preser-
ção policial”15. vados, mesmo no exercício do poder de polícia. Neste
sentido, a faculdade repressiva deve respeitar os direitos
4.2 Competência, delegação e transferência do cidadão, as prerrogativas individuais e as liberdades
públicas que são consagrados no texto constitucional.
A competência para exercer o poder de polícia é, a Para compreender a questão, interessante suscitar
princípio, da pessoa administrativa que foi dotada de qual o caráter do poder de polícia, se discricionário ou
competência no âmbito do poder regulamentar. Se a vinculado. A doutrina de Meirelles17 e Carvalho Filho18 re-
competência for concorrente, também o poder de polícia comenda que quando o poder de polícia vai ter os seus
será exercido de forma concorrente.
16 Ibid.
14 Ibid. 17 MEIRELLES, Hely Lopes... Op. Cit.
15 Ibid. 18 CARVALHO FILHO, José dos Santos... Op. Cit.

15
limites fixados há discricionariedade (por exemplo, quan-
do o poder público vai decidir se pode ou não ocorrer #FicaDica
pesca num determinado rio), mas quando já existem os • Poder disciplinar – É aquele que a Admi-
limites o ato se torna vinculado (no mesmo exemplo, não nistração possui para punir seus próprios
se pode decidir por multar um pescador e não multar o servidores, bem como aplicar sanções a
outro por pescarem no rio em que a pesca é proibida, particulares a ela vinculados por ato ou
devendo ambos serem multados). Tal raciocínio é rele- contrato.
vante para verificar, num caso concreto, se houve ou não • Poder hierárquico – É aquele que a Admi-
abuso do poder de polícia. Vamos supor que a lei fixe os nistração possui para ordenar, coordenar,
limites para o ato, mas que na prática tais limites tenham controlar e revisar os atos de seus subor-
sido ignorados: não haverá discricionariedade, então. dinados, podendo ainda avocar e delegar
competências.
Com efeito, os principais limites do Poder de Polícia • Poder regulamentar – É aquele que a Ad-
são: ministração possui para, por meio da chefia
do Executivo, de editar atos normativos ge-
“• Necessidade – a medida de polícia só deve ser rais e abstratos.
adotada para evitar ameaças reais ou prováveis de • Poder de polícia – É aquele que a Admi-
perturbações ao interesse público; nistração possui para limitar o exercício de
• Proporcionalidade/razoabilidade – é a relação en- direitos individuais em prol da coletividade.
tre a limitação ao direito individual e o prejuízo a
ser evitado;
• Eficácia – a medida deve ser adequada para im- EXERCÍCIOS COMENTADOS
pedir o dano a interesse público. Para ser eficaz a
Administração não precisa recorrer ao Poder Judi-
1. (EBSERH – Advogado – CESPE – 2018) Julgue o se-
ciário para executar as suas decisões, é o que se
guinte item, a respeito dos poderes da administração
chama de autoexecutoriedade”19.
pública.
No exercício do poder regulamentar, a administração pú-
Importante colocar, como limite, ainda, a necessidade
blica não poderá contrariar a lei.
de garantia de contraditório e ampla defesa ao adminis-
trado. Neste sentido, a súmula nº 312, STJ: “no processo
( ) CERTO   ( ) ERRADO
administrativo para imposição de multa de trânsito, são
necessárias as notificações da atuação e da aplicação da
Resposta: Certo. O poder regulamentar tem por cará-
pena decorrentes da infração”.
ter exclusivo regular aquilo que a legislação prevê. Ou
seja, o Executivo dá normas específicas às normas cria-
4.5 Setores de atuação da polícia administrativa
das pelo Legislativo. Se o Executivo se exceder em seu
poder, estará infringindo a Separação dos Poderes.
Considerando que todos os direitos individuais são
limitados pelo interesse da coletividade, já se pode de-
2. (STM – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA
duzir que o âmbito de atuação do poder de polícia é o
– CESPE – 2018) Considerando a doutrina majoritária,
mais amplo possível. Entre eles, cabe mencionar, polícia
julgue o próximo item, referente ao poder administrati-
sanitária, polícia ambiental, polícia de trânsito e tráfego,
vo, à organização administrativa federal e aos princípios
polícia de profissões (OAB, CRM, etc.), polícia de cons-
básicos da administração pública.
truções etc.
No exercício do poder regulamentar, o Poder Executivo
Neste sentido, será possível atuar tanto por atos nor-
pode editar regulamentos autônomos de organização
mativos (atos genéricos, abstratos e impessoais, como
administrativa, desde que esses não impliquem aumento
decretos, regulamentos, portarias, instruções, resoluções,
de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos.
entre outros) e por atos concretos (voltados a um indi-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

víduo específico e isolado, que podem ser determina-


( ) CERTO   ( ) ERRADO
ções, como a multa, ou atos de consentimento, como
a concessão ou revogação de licença ou autorização por
Resposta: Certo. Em que pese o teor do artigo 84,
alvará).
IV, CF que poderia dar a entender que a existência
de decretos autônomos é impedida, o próprio STF já
reconheceu decretos autônomos como válidos em si-
tuações excepcionais, nos termos do artigo 84, VI, CF:
“VI – dispor, mediante decreto, sobre: a) organização e
funcionamento da administração federal, quando não
implicar aumento de despesa nem criação ou extinção
de órgãos públicos; b) extinção de funções ou cargos
19 MEDAUAR, Odete. Direito administrativo moderno. 5. ed. São públicos, quando vagos”.
Paulo: Revista dos Tribunais, 2001.

16
3. (EBSERH – ADVOGADO – CESPE – 2018) Julgue o Assim, além de poderes, os agentes administrativos,
seguinte item, a respeito dos poderes da administração obviamente, detêm deveres, em razão das atribuições
pública. que exercem. Dentre os principais, podem ser citados
O poder hierárquico se manifesta no controle exercido os seguintes, conforme aponta doutrina a respeito do
pela administração pública direta sobre as empresas assunto:
públicas.
• Dever de probidade: trata-se de um dos deveres
( ) CERTO   ( ) ERRADO mais relevantes, correspondendo à obrigação do
agente público de agir de forma honesta e reta,
Resposta: Errado. O poder hierárquico é um poder respeitando a moralidade administrativa e o inte-
interno de organização, sendo assim, não existe hie- resse público. A violação deste dever caracteriza
rarquia entre administração direta e indireta. ato de improbidade, punível, conforme artigo 37,
§4º, CF e Lei nº 8.429/92, que se sujeita a diversas
4. (STJ – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA penas, como suspensão de direitos políticos, perda
– CESPE – 2018) Acerca dos poderes da administração da função pública, proibição de contratar com o
pública e da responsabilidade civil do Estado, julgue o poder público, multa, além de restituição ao erário
item a seguir. por enriquecimento ilícito e/ou reparação de da-
O poder disciplinar, decorrente da hierarquia, tem sua nos causados ao erário.
discricionariedade limitada, tendo em vista que a admi- • Dever de prestar contas: como o que é gerido pelo
nistração pública se vincula ao dever de punir. administrador não lhe pertence, é seu dever pres-
tar contas do que realizou à coletividade, isto é, in-
( ) CERTO   ( ) ERRADO formar em detalhes qual o destino dado às verbas
e aos bens sob sua gestão. Este dever abrange não
Resposta: Certo. O poder disciplinar em regra é dis- só aqueles que são agentes públicos, mas a todos
que tenham sob sua responsabilidade dinheiros,
cricionário, mas pode sofrer algumas limitações. Entre
bens ou interesses públicos, independentemente
elas, o dever de investigar é vinculado, bem como a
de serem ou não administradores públicos.
aplicação da penalidade. Afinal, não é uma mera ques-
tão interna, mas verdadeira questão de ilegalidade – e
“A prestação de contas de administradores pode ser
o poder público se vincula ao princípio da legalidade.
realizada internamente através dos órgãos escalonados
De outro lado, existe margem de discricionariedade
em graus hierárquicos, ou externamente. Neste caso, o
ao determinar a gravidade e o enquadramento da
controle de contas é feito pelo Poder Legislativo por ser
infração.
ele o órgão de representação popular. No Legislativo se
situa, organicamente, o Tribunal de Contas, que, por sua
5. (STJ – ANALISTA JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA especialização, auxilia o Congresso Nacional na verifica-
– CESPE – 2018) No que se refere aos poderes adminis- ção de contas dos administradores”21.
trativos, julgue o item que se segue.
O poder de polícia consiste na atividade da administra- • Dever de eficiência: a atividade administrativa deve
ção pública de limitar ou condicionar, por meio de atos ser célere e técnica, mesclando qualidade e quan-
normativos ou concretos, a liberdade e a propriedade tidade. Para tanto, é necessário atribuir competên-
dos indivíduos conforme o interesse público. cias aos cargos conforme a qualificação exigida
para ocupá-los; bem como desempenhar ativida-
( ) CERTO   ( ) ERRADO des com perfeição, coordenação, celeridade e téc-
Resposta: Certo. Conceitua-se poder de polícia como nica. Não significa que perfeccionismo em excesso
aquele conferido à administração para limitar, discipli- seja valorizado, pois ele afeta o elemento quantita-
nar, restringir e condicionar direitos e atividades par- tivo do serviço, que também é essencial para que
ticulares para a preservação dos interesses da coletivi- ele seja eficiente.
dade. É ainda, fato gerador de tributo, notadamente, a • Dever de agir: o administrador possui um poder-
taxa (artigo 145, II, CF). -dever de agir. Não se trata de mero poder, por-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

que priorizam atender ao interesse da coletividade


e, em razão disso, o poder de agir é também um
USO DO PODER E DEVERES DA ADMINISTRAÇÃO dever, que é irrenunciável e obrigatório. Ao ad-
ministrador é vedada a inércia. Logo, poderá ser
Conforme Carvalho Filho, uso do poder “é a utilização responsabilizado por omissão ou silêncio, abrindo
normal, pelos agentes públicos, das prerrogativas que a possibilidade de obter o ato não realizado: pela via
lei lhes confere”20. Significa que se um agente toma suas extrajudicial, notadamente ao exercer o direito de
atitudes dentro dos limites dos poderes administrativos, petição; ou por via judicial, por intermédio de man-
está agindo conforme a lei. Um dos principais guias para dado de segurança, quando ferir direito líquido e
determinar se a ação está ou não em conformidade é o certo do interessado comprovado de plano, ou por
dos deveres administrativos. ação de obrigação de fazer.

20 CARVALHO FILHO, José dos Santos... Op. Cit. 21 Ibid.

17
Vale destacar que nem toda omissão do poder pú-
blico é ilegal. As denominadas omissões genéricas, que #FicaDica
envolvem prerrogativas de ação do administrador de ca-
ráter geral e sem prazo determinado para atendimento, EXCESSO DE PODER = INCOMPETÊNCIA /
ALÉM DO PERMITIDO NA LEGISLAÇÃO
inseridas em seu poder discricionário, não autorizam a
ABUSO DE PODER = COMPETÊNCIA = DES-
alegação de ilegalidade por violação do poder-dever de
VIO DE FINALIDADE / MOTIVOS DIVERSOS
agir. Insere-se aqui a denominada reserva do possível
DOS LEGALMENTE PREVISTOS.
– por óbvio sempre existirão algumas omissões tendo
em vista a escassez de recursos financeiros. Ex.: deixar
de reformar a entrada de um edifício, não construir um
estabelecimento de ensino. São ilegais, com efeito, as EXERCÍCIO COMENTADO
omissões específicas, que são omissões do poder públi-
co mesmo diante de imposição expressa legal e prazo
1. (STJ – CONHECIMENTOS BÁSICOS – CARGOS: 10 E
fixado em lei para atendimento. Nestas situações, caberá
12 – CESPE – 2018) Julgue o item a seguir, relativos aos
até mesmo responsabilização civil, penal ou administrati-
poderes da administração pública.
va do agente omisso.
O desvio de poder ocorre quando o ato é realizado por
agente público sem competência para a sua prática.
Abuso de poder
( ) CERTO   ( ) ERRADO
Havendo poderes, naturalmente será possível o abu-
so deles. Abuso de poder é a utilização inadequada por
Resposta: Errado. O excesso de poder ocorre quando
parte dos administradores das prerrogativas a eles con-
o ato é realizado por agente público sem competência
feridas no âmbito dos poderes da administração, por vio-
para a sua prática, não o desvio de poder.
lação expressa ou tácita da lei.
“A conduta abusiva dos administradores pode decor-
2. (STJ – ANALISTA JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA
rer de duas causas: 1ª) o agente atua fora dos limites de
– CESPE – 2018) No que se refere aos poderes adminis-
sua competência; e 2ª) o agente, embora dentro de sua
trativos, julgue o item que se segue.
competência, afasta-se do interesse público que deve
Não configurará excesso de poder a atuação do servidor
nortear todo o desempenho administrativo. No primeiro
público fora da competência legalmente estabelecida
caso, diz-se que o agente atuou com ‘excesso de poder’
quando houver relevante interesse social.
e no segundo, com ‘desvio de poder’”22. Basicamente,
havendo abuso de poder é possível que se caracterize
( ) CERTO   ( ) ERRADO
excesso de poder ou desvio de poder. No excesso de po-
der, o agente nem teria competência para agir naquela
Resposta: Errado. Caracteriza-se excesso de poder
questão e o faz. No abuso de poder, o agente possui
justamente quando o servidor atua fora dos limites
competência para agir naquela questão, mas não o faz
da lei e ingressa na esfera de competência de outrem,
em respeito ao interesse público, ou seja, desvirtua-se
independentemente de justificativa com base em in-
do fim que deveria atingir o seu ato, por isso o desvio
teresse social.
de poder também é denominado desvio de finalidade. A
conduta abusiva é passível de controle, inclusive judicial.
3. (STJ – ANALISTA JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA
“Pela própria natureza do fato em si, todo abuso de
– CESPE – 2018) No que se refere aos poderes adminis-
poder se configura como ilegalidade. Não se pode con-
trativos, julgue o item que se segue.
ceber que a conduta de um agente, fora dos limites de
O abuso de poder pode ocorrer tanto na forma comissiva
sua competência ou despida da finalidade da lei, pos-
quanto na omissiva, uma vez que, em ambas as hipóte-
sa compatibilizar-se com a legalidade. É certo que nem
ses, é possível afrontar a lei e causar lesão a direito indi-
toda ilegalidade decorre de conduta abusiva; mas todo
vidual do administrado.
abuso se reveste de ilegalidade e, como tal, sujeita-se à
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

revisão administrativa ou judicial”23.


( ) CERTO   ( ) ERRADO
Se é possível o excesso ou o abuso de poder, é claro
Resposta: Certo. O abuso de poder pode acontecer
que a legislação não apenas confere poderes ao adminis-
tanto por ação quanto por omissão. A omissão pode
trador, mas também estabelece deveres.
se caracterizar por inércia da administração ou recusa
injustificada.

22 Ibid.
23 Ibid.

18
perdura ao longo do tempo, ela não caduca. Improrro-
gável significa dizer que se é competente hoje, continua-
ATOS ADMINISTRATIVOS: CONCEITOS, rá sendo sempre, exceto por previsão legal expressa em
REQUISITOS, ATRIBUTOS, CLASSIFICAÇÃO, sentido contrário. Intransferível, ou inderrogável, é a im-
ESPÉCIES E INVALIDAÇÃO possibilidade de se transferir a competência de um para
outro, por interesse das partes.
No entanto, essas características não vedam a possi-
CONCEITO DE ATO ADMINISTRATIVO bilidade de delegação ou avocação, quando prevista em
lei. Por isso, pode-se dizer também que a delegabilidade
Tudo que praticamos nas nossas vidas podem ser é outra característica da competência. Porém, atente-se
considerados atos. Mas, para o Direito, os atos são aque- ao disposto no art. 13 da Lei nº 9.784/1999: “Não podem
les capazes de produzir efeitos jurídicos. E, assim como ser objeto de delegação: I - a edição de atos de caráter
as pessoas na vida privada, a Administração Pública tam- normativo; II - a decisão de recursos administrativos; III
bém pratica atos, que são capazes de produzir efeitos - as matérias de competência exclusiva do órgão ou au-
jurídicos diversos. toridade”. Alguns atos, então, não podem ser delegados
Os atos administrativos são as manifestações de von- a outras autoridades, principalmente se tais atos são de
tade da Administração Pública que objetivam adquirir, competência exclusiva do agente público.
resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar di-
reitos ou impor obrigações aos particulares ou a si pró- 1.2 Objeto
pria. Isso significa que a Administração, antes mesmo de
iniciar sua atuação, deve expedir uma declaração que ex- Objeto é o conteúdo do ato, ou o resultado que pre-
prime a sua vontade de realizar o referido ato. tende ser almejado pela prática do ato administrativo.
Importante frisar o caráter infra legal dos atos ad- Todo ato administrativo tem por objeto a criação, modi-
ministrativos, pois imprescindível é a submissão da Ad- ficação, ou comprovação de situações jurídicas concer-
ministração Pública, seus agentes e órgãos à soberania nentes a pessoas, bens, ou atividades sujeitas ao exercí-
popular. O ato administrativo, dessa forma, deve estar cio do Poder Público. É através dele que a Administração
previsto em lei, e seu conteúdo não pode ser contrário à exerce seu poder, concede um benefício, aplica uma
lei (contra legem), mas complementar a ela, isso é, deve sanção, declara sua vontade, estabelece um direito do
estar conforme a lei (secundum legem). administrado, etc.
O objeto pode não estar previsto expressamente na
1. REQUISITOS DOS ATOS ADMINISTRATIVOS legislação, cabendo ao agente competente a opção que
seja mais oportuna e conveniente ao interesse público.
Os requisitos ou elementos dos atos administrativos A definição de objeto do ato administrativo trata-se, por
é matéria com grande divergência doutrinária. A maioria isso, de ato discricionário.
dos concursos públicos ainda adota a concepção mais
clássica dos requisitos dos atos administrativos e, por 1.3 Forma
isso, daremos maior destaque a ela. De modo geral, a
corrente clássica, defendida por autores como Hely Lo- A forma é o modo através do qual se exterioriza o
pes Meirelles, tende a atribuir aos atos administrativos ato administrativo, é seu revestimento. O desrespeito à
cinco requisitos para a sua formação, utilizando como forma do ato acarreta na sua nulidade. Trata-se de ato
inspiração o preceito legal disposto no art. 2º da Lei nº vinculado, quando exigida por Lei, e discricionário quan-
4.717/1965. São eles: a) competência, b) objeto, c) forma, do a sua escolha couber ao próprio agente público.
d) motivo, e e) finalidade. Em regra, os atos administrativos são sempre exterio-
rizados por escrito, mas podem também ser orais, ges-
1.1 Competência tuais, ou até mesmo expedidos por máquinas. O art. 22
da Lei nº 9.784/1999 determina que “os atos do processo
Competência diz respeito à capacidade do agente pú- administrativo não dependem de forma determinada se-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

blico para o exercício dos atos administrativos. É requisi- não quando a lei expressamente a exigir”.
to de validade, haja vista que, no Direito Administrativo, a
lei é quem estabelece as competências atribuídas a seus 1.4 Motivo
agentes para o desempenho de suas funções. Quando o
agente atua fora dos limites da lei, diz-se que cometeu O motivo é a circunstância de fato ou de direito que
ato nulo por excesso de poder. É, por isso, sempre um determina ou autoriza a prática do ato, isso é, a situação
ato vinculado. fática que justifica a realização do ato. Situação de fato
A competência possui certas características próprias, é o conjunto de circunstâncias que motivam a realização
a saber: obrigatória, intransferível, irrenunciável, imodi- do ato; questões de direito é a previsão legal que leva à
ficável, imprescritível e improrrogável. Obrigatória por- realização do ato.
que representa um dever do agente público. Irrenun- O motivo pode ser tanto requisito vinculado como
ciável porque o agente público não pode abrir mão de discricionário, dependendo do comando legal impos-
sua competência. Imprescritível, porque a competência to aos agentes. O motivo será vinculado quando a lei

19
expressamente obrigar o agente a agir de um certo Nosso Direito admite duas formas de presunção:
modo, como na hipótese de lançamento tributário (o fis- presunção juris et de jure que significa “de direito e por
cal da Receita não tem direito de escolha, se deve ou não direito”, é presunção absoluta, que não admite prova
fazer o lançamento). Situação diversa é a do pedido de em contrário. Temos também a presunção juris tantum,
demissão de servidor público no caso de incontinência resultante do próprio direito e, embora por ele estabe-
pública (art. 132, V, da Lei nº 8.112/1990), hipótese em lecida com verdadeira, admite prova em contrário. A pre-
que a autoridade competente tem maior liberdade para sunção dos atos administrativos é juris tantum. Trata-se,
avaliar se a demissão é realmente ato necessário ou não, então, de presunção relativa. Cabe ao particular que ale-
dependendo do caso concreto. gou a ilegalidade do ato administrativo provar a carência
Não se confunde motivo com motivação. Esta é a jus- de legitimidade do mesmo.
tificativa para a realização de determinado ato. O motivo A presunção atinge todos os atos, inclusive aque-
ocorre em momento anterior a prática do ato, enquanto les praticados pela Administração com base no direi-
que a motivação, por ser uma série de explicações que to privado. Qualquer que seja o ato, se praticado pela
justificam a expedição do ato, ocorre sempre em mo- Administração Pública, será presumidamente legítimo e
mento posterior. Assim, todo o ato tem seu motivo, mas verdadeiro.
nem sempre é expedido adjunto com a motivação, que
nada mais é do que a exteriorização dos motivos. 2.2 Imperatividade

1.5 Finalidade Compreendida também como coercibilidade, os atos


administrativos se impõem aos destinatários, indepen-
Finalidade é o objetivo a ser almejado pela prática dentemente de sua concordância, outorgando-lhes de-
daquele ato administrativo. Em muitos casos, o objetivo veres e obrigações. A imperatividade garante ao Poder
almejado é a proteção do interesse público. Sempre que Público a capacidade de produzir atos que geram conse-
o ato for praticado tendo em vista o interesse alheio, será quências perante terceiros.
nulo por desvio de finalidade. A justificativa da criação unilateral, ainda que contra a
Além dessa concepção clássica, há também uma clas- vontade dos administrados, dos atos administrativos é o
sificação mais moderna dos requisitos dos atos admi- Poder coercitivo do Estado, também denominado Poder
nistrativos, elaborada por autores como Celso Antônio Extroverso. Esse não é um atributo comum a todos os
Bandeira de Mello. Por ser pouco utilizada em concursos atos, mas tão somente aos que impõem obrigações aos
públicos, observaremos apenas os pontos essenciais e administrados. Assim, não têm essa característica os atos
didáticos da referida classificação. que outorgam direitos (autorização, permissão, licença),
Para essa concepção moderna, são requisitos dos bem como aqueles meramente administrativos (certidão,
atos administrativos: a) sujeito; b) motivo; c) requisitos parecer).
procedimentais; d) finalidade; e) causa e f) formalização.
Sujeito, requisitos procedimentais e causa são os requi- 2.3 Exigibilidade
sitos vinculados, enquanto que o motivo, a finalidade e a
formalização são requisitos discricionários. Consiste no atributo que permite à Administração
Pública aplicar sanções aos particulares por violação da
2. ATRIBUTOS DOS ATOS ADMINISTRATIVOS ordem jurídica, sem a necessidade de recorrer ao proces-
so judicial, que é demasiado longo e repleto de soleni-
Atributos são as características dos atos administra- dades. A exigibilidade permite ao Administrador aplicar
tivos, que os distinguem dos demais atos jurídicos, pois as sanções administrativas, como multas, advertências, e
estão submetidos ao regime jurídico administrativo. Es- interdição de estabelecimentos comerciais.
sas características traduzem em prerrogativas concedi-
das à Administração Pública para que ela possa atender 2.4 Autoexecutoriedade
de maneira adequada às necessidades da população.
A doutrina mais moderna faz referência a cinco atri- A autoexecutoriedade permite que a Administração
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

butos distintos: a) presunção de legitimidade e veracida- Pública possa realizar a execução material de seus atos. A
de; b) imperatividade; c) exigibilidade; d) autoexecutorie- expressão “auto” advém do fato de que o Poder Público
dade; e e) tipicidade. não necessita de autorização judicial para desconstituir
a situação irregular e violadora da ordem jurídica, o que
2.1 Presunção de legitimidade e veracidade a difere da exigibilidade, que não tem o condão de, por
si só, desconstituir a irregularidade do ato, apenas pune
Também pode ser denominado presunção de legali- o infrator. Para tanto, necessita da presença de dois re-
dade, significa que todo ato administrativo é considera- quisitos: a previsão legal, como nos casos de Poder de
do válido no âmbito jurídico, até surgir prova em contrá- Polícia; e o caráter de urgência, a fim de preservar o in-
rio. Se, pelo princípio da legalidade, ao Administrador só teresse coletivo.
cabe fazer o que a lei permite, então presume-se que o Assim, não há necessidade de intervenção judicial nas
fez respeitando a lei. hipóteses de: apreensão de mercadorias contrabandea-
das, na demolição de construção irregular, na interdição

20
de estabelecimento comercial irregular, entre outros. To- conduta. Havendo vício no ato vinculado, pode-se
davia, afirmar que a execução independe de manifesta- pleitear a sua anulação e não a revogação, pois tra-
ção do Judiciário não significa dizer que escapa do con- ta-se de vício de legalidade. É o caso, por exemplo,
trole judicial. Poderá ser levado ao crivo, mas somente a da concessão de aposentadoria para o contribuin-
posteriori, depois de seu cumprimento, se houver pro- te beneficiário.
vocação da parte interessada. As medidas judiciais mais B) Atos discricionários: a lei também estabelece uma
adequadas para contestar a força coercitiva administrati- série de regras para a prática de um ato, mas dei-
va são o mandado de segurança e o habeas data (art. 5º, xa certo grau de liberdade ao agente público, que
LXIX e LXVIII, da CF/1988). poderá optar por um entre vários caminhos igual-
Importante ressaltar ainda que os princípios da razoa- mente válidos. Há uma avaliação subjetiva prévia à
bilidade e proporcionalidade impõem limites na atuação edição do ato. É o caso das permissões para o uso
coercitiva dos agentes públicos. A autoexecutoriedade de bem público.
(leia-se o uso de força física) deve ser utilizada com bom
senso e moderação. 3.2 Quanto à formação de vontade

2.5 Tipicidade A) Atos simples: são aqueles que nascem da mani-


festação de vontade de apenas um órgão, seja ele
A tipicidade diz respeito à necessidade de respeitar unipessoal (formado só por uma pessoa) ou co-
as finalidades específicas delimitadas pela lei, para cada legiado (composto por várias pessoas). O ato que
espécie de ato administrativo. Dependendo da finalidade altera o horário de atendimento da repartição pú-
que o Poder Público almeja, existe um ato definido em blica, emitido por uma única pessoa, bem como
lei. A lei deve sempre estabelecer os tipos de atos e suas a decisão administrativa do Conselho de Contri-
consequências, promovendo ao particular a garantia de buintes do Ministério da Fazenda, que expressa
que a Administração Pública não fará uso de atos inomi- vontade única apesar de ser órgão colegiado, são
nados, sem tipificação, que impõe obrigações cuja previ- exemplos de atos simples.
são legal não existe. É um atributo que deriva do próprio B) Atos complexos: são aqueles que se formam pela
princípio da legalidade. união de várias vontades, isso é, que necessitam da
manifestação de vontade de dois ou mais órgãos
diferentes para a sua formação. Enquanto todos os
#FicaDica
órgãos competentes não se manifestarem da for-
A tipicidade é característica marcante da ma devida, o ato não estará perfeito.
expropriação de bens particulares pelo C) Atos compostos: é aquele que advém de mani-
Poder Público. É o caso de desapropriação festação de apenas um órgão. Porém, para que
administrativa, hipótese em que o Poder produza efeitos, depende da aprovação, visto, ou
Público tem a prerrogativa de tirar da es- anuência de outro ato, que o homologa, como
fera de alguma pessoa física a titularidade condição para a executoriedade daquele ato. Cos-
sobre bem imóvel, transformando-o em tuma-se afirmar que o ato posterior é acessório do
bem público. Para tanto, deve realizar um anterior, pois a manifestação do segundo ato não
procedimento envolvendo aspectos mais possui a mesma matéria do primeiro: ele apenas
complexos, como a declaração de utilida- complementa a aplicação deste. Exemplo: a no-
de ou necessidade pública (art. 5º, XXIV, da meação de servidor público, que deve sempre an-
CF/1998), bem como a necessidade de pré- teceder a sua aprovação em concurso público.
via indenização ao particular que teve seu
bem expropriado, em pecúnia (art. 182, § 3.3 Quanto aos destinatários
3º, da CF/1988).
A) Atos gerais: são o conjunto de regras de caráter
abstrato e impessoal. Seus destinatários são mui-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

3. CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS tos, mas unidos por características em comum, que
os faz destinatários do mesmo ato. Para produzi-
Atos administrativos existem dos mais variados tipos. rem seus efeitos, já que externos, devem ser publi-
Para efeitos didáticos, costuma-se dividir e agrupá-los, cados na imprensa oficial. Exemplos: os editais de
formando-se uma verdadeira classificação desses atos. concurso público, as instruções normativas.
Portanto, passemos a analisar as diversas modalidades de B) Atos coletivos: são aqueles expedidos a um grupo
atos administrativos, observando os seguintes critérios: definido de destinatários. É o caso, por exemplo,
de alteração de horário de funcionamento de uma
3.1 Quanto ao grau de liberdade repartição pública. Tal ato, evidentemente, somen-
te é do interesse daqueles funcionários. A publici-
A) Atos vinculados: são aqueles praticados pela Ad- dade é atendida apenas com a comunicação dos
ministração Pública sem nenhuma liberdade de interessados, visto que é um ato interno da Admi-
atuação. A lei define todas as margens de sua nistração Pública.

21
C) Atos individuais: são aqueles destinados a apenas Os critérios apresentados não são exaustivos: há
um único destinatário. Exemplo: a promoção de outras formas de classificação dos atos administrativos
um determinado servidor público. A exigência da adotadas por diversos autores. Escolhemos apresen-
publicidade depende somente da comunicação tar aqueles que têm mais chances de aparecer em uma
do interessado, não há necessidade de publicação questão de concurso público.
pelo Diário Oficial.
4. ESPÉCIES DE ATOS ADMINISTRATIVOS
3.4 Quanto aos efeitos
Os atos administrativos tipificados pela legislação
A) Atos constitutivos: são aqueles que geram uma brasileira são diversos. Por isso, também é utilizado, para
nova situação jurídica aos destinatários. Pode ser fins didáticos, uma sistematização dos atos administrati-
pela outorga de um novo direito, como permis- vos. A doutrina divide os atos administrativos previstos
são de uso de bem público, ou a imposição de da legislação em cinco espécies distintas:
uma obrigação, como estabelecer um período de
suspensão. A) Atos normativos: são aqueles que apresentam co-
B) Atos declaratórios: são aqueles que afirmam uma mandos gerais e abstratos para o cumprimento da
situação já existente, seja de fato ou de direito. lei. Alguns autores, inclusive, chegam a considerar
Não cria, transfere ou extingue situação jurídica, tais atos “leis em sentido material”. São atos nor-
apenas a reconhece. É o caso da expedição de uma mativos: os decretos e regulamentos; as instruções
certidão de tempo de serviço. normativas; os regimentos; as resoluções; e as
C) Atos modificativos: são os que tem capacidade de deliberações.
alterar a situação já existente, sem que seja extinta. B) Atos ordinatórios: correspondem a manifestações
Todavia, não tem o condão de criar direitos e obri- internas da Administração Pública decorrentes do
gações. Exemplo: a alteração do horário de atendi- poder hierárquico, estabelecendo regras de fun-
cionamento de seus órgãos internos e regras de
mento da repartição.
conduta de seus agentes. Tais atos não podem
D) Atos extintivos: também denominados atos des-
disciplinar as condutas dos particulares. São atos
constitutivos, são aqueles que põem termo a um
ordinatórios: as instruções; as circulares; os avisos;
direito ou dever pré-existentes. Exemplo: a demis-
as portarias; os ofícios; as ordens de serviço; os
são de servidor público.
despachos; entre outros.
C) Atos negociais: são aqueles que manifestam a von-
3.5 Quanto ao objeto
tade da Administração em consonância com o in-
teresse dos particulares. Exemplos: a licença, a au-
A) Atos de império: são aqueles praticados pela Ad- torização, a permissão, a concessão, a aprovação,
ministração em posição de superioridade perante a homologação, a renúncia, etc. Os atos negociais
os particulares, como na imposição de multa por podem ser vinculados (licença) ou discricionários
infração administrativa. (autorização), definitivos ou precários, sendo pas-
B) Atos de gestão: são expedidos pela Administração, síveis de revogação pelo Poder Público a qualquer
em posição de igualdade em relação aos adminis- tempo. A característica especial desses atos é que
trados. É o caso da alienação de bem público. eles não disciplinam direitos, e sim interesses dos
C) Atos de expediente: são atos internos, elaborados particulares.
por autoridade subalterna, que não tem capacida- D) Atos enunciativos: também denominados “atos de
de decisória. Exemplo: numeração dos autos no pronúncia”, são aqueles que certificam, ou atestam
processo judicial. a existência de uma situação jurídica peculiar. Tais
atos possuem caráter predominantemente de-
3.6 Quanto à exequibilidade claratório. São atos enunciativos: as certidões; os
atestados; os pareceres; etc.
A) Atos perfeitos: são aqueles que completaram seu E) Atos punitivos: como o próprio nome supõe, são
processo de formação, e estão prestes a produzir os atos que aplicam sanções aos particulares, ou
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

seus efeitos. Perfeição não se confunde com vali- aos servidores que pratiquem condutas irregula-
dade, pois um ato válido pode não ser obrigatoria- res, nos termos da lei. São atos punitivos: as mul-
mente perfeito. tas, as interdições; e a destruição de coisas.
B) Atos imperfeitos: são os que ainda não completa-
ram seu processo de formação, e por isso mesmo, 5. INVALIDAÇÃO E DECADÊNCIA DOS ATOS AD-
não estão aptos a produzirem efeitos. Atos imper- MINISTRATIVOS
feitos geralmente necessitam de outro ato que o
homologue. Os atos administrativos possuem um ciclo de vida.
C) Atos pendentes: são aqueles que se sujeitam a Eles são criados, começam a produzir efeitos, e depois
condição ou termo para começar a produzir efei- de um tempo, desaparecem. Vamos analisar com mais
tos. Seu ciclo de formação está concluído, porém detalhes justamente o desaparecimento dos atos admi-
depende ainda de um evento para tornar-se apto nistrativos, embora seja preferível utilizar o termo “extin-
a produzir efeitos. ção” (ou “invalidação”) dos atos administrativos.

22
Para melhor compreensão do tema, a doutrina utili- que os tornam ilegais, porque deles não se originam
za-se de uma sistematização das formas de extinção dos direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou
atos administrativos. A principal divisão que deve ser fei- oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e res-
ta é em relação a produção de efeitos: existem atos ad- salvada, em todos os casos, a apreciação judicial”.
ministrativos eficazes, e atos ineficazes. Quando ineficaz, Por tratar-se de questão de mérito, a revogação so-
o ato pode ser extinto pela retirada, ou pela sua recusa mente pode ser decretada pela própria Administração
pelo beneficiário. Tratando-se de atos eficazes, há quatro Pública. É, também, decorrência do princípio da autotu-
formas de distinção dos atos administrativos: tela: a Administração Pública tem competência para anu-
lar e revogar seus atos, sendo descabido a manifestação
A) Extinção ipsu iure pelo cumprimento dos efeitos: é do Poder Judiciário nos atos administrativos discricioná-
a extinção que ocorre pelo cumprimento integral rios. A revogação é elaborada pela mesma autoridade
dos efeitos do ato administrativo. É a extinção na- que praticou o ato principal.
tural esperada por todo ato administrativo. Pode O ato revocatório é sempre secundário, constitutivo e
ocorrer mediante: a.1) esgotamento do conteúdo, discricionário. Seu objeto será sempre o ato administra-
como a vacinação de enfermos após expedição de tivo ou a relação jurídica anterior perfeita e eficaz, desti-
ordem de entrega das vacinas; a.2) execução da or- tuído de qualquer vício. A revogação atinge somente os
dem, como o guinchamento de veículo; a.3) imple- atos discricionários: para os atos vinculados, a medida
mento de condição resolutiva ou termo final, como cabível é a anulação.
o prazo final para renovação da CNH. Por fim, em relação a seus efeitos, a revogação não
B) Extinção ipsu iure pelo desaparecimento da pes- pode atingir as situações jurídicas do passado. Isso signi-
soa ou objeto: os atos administrativos podem di- fica que a revogação produz efeitos futuros, não retroa-
zer respeito a pessoas, ou coisas. Desaparecendo tivos, ou ex nunc. Há a possibilidade do particular, que se
um desses elementos, o ato extingue-se automa- sentiu prejudicado com a referida medida, ingressar em
ticamente, pois perdeu a sua utilidade. As pessoas juízo com pedido de indenização contra a Administração.
“desaparecem” com seu falecimento, como a mor-
5.2 Anulação
te de servidor público que receberia promoção; e
as coisas com a sua ruína ou destruição, como o
É a extinção de ato administrativo defeituoso, pois
desabamento de prédio que recebeu licença para
carece de legalidade, podendo ser expedido pela Admi-
a sua reforma.
nistração Pública, ou até mesmo pelo Poder Judiciário.
C) Extinção por renúncia: ocorre quando o próprio
A anulação deriva do próprio princípio da legalidade e
beneficiário abre mão da situação proporcionada
autotutela. Também possui fundamento no art. 53 da Lei
pelo ato administrativo. É o caso da exoneração de nº 9.784/1999, bem como na Súmula nº 473, do STF.
cargo público a pedido do seu ocupante. A anulação realizada pela própria Administração
D) Retirada do ato: é a forma mais importante de ex- ocorre mediante a expedição de ato anulatório. Suas ca-
tinção dos atos administrativos, para os concur- racterísticas principais são: é ato secundário, constitutivo
sos públicos. É a extinção que se dá pela expedi- e vinculado. Tanto a Administração como o Poder Judi-
ção de um segundo ato, elaborado para extinguir ciário podem decretar a anulação de ato administrativo.
ato administrativo anterior a ele. Comporta cinco Outra característica importante é o prazo definido pelo
modalidades, que serão vistas com maiores deta- caput do art. 54 da Lei nº 9.784/1999: “O direito da Ad-
lhes: revogação, anulação, cassação, caducidade e ministração de anular os atos administrativos de que de-
contraposição. corram efeitos favoráveis para os destinatários decai em
cinco anos, contados da data em que foram praticados,
5.1 Revogação salvo comprovada má-fé”. O prazo decadencial de cinco
anos é atributo exclusivo da anulação.
Revogação é a extinção de ato administrativo que se Por fim, em relação a seus efeitos, importante frisar
encontra perfeito e apto a produzir seus efeitos, pratica- que o ato nulo (aquele que carece de legalidade), tem o
do pela própria Administração Pública, fundada em ra- seu defeito constatado desde a sua concepção. Por isso,
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

zões de conveniência e oportunidade, sempre almejando a anulação deve desconstituir os efeitos desde a data da
a proteção do interesse público. Nessa hipótese, ocor- prática daquele ato. Podemos afirmar, então, que a anu-
re uma causa superveniente, que altera o juízo de con- lação possui efeito retroativo, ou ex tunc. Em regra, não
veniência e oportunidade sobre a permanência de ato gera ao particular direito à indenização pela anulação de
discricionário, obrigando a Administração a expedir um ato ilegal, salvo se comprovar ter sofrido dano anormal
segundo ato capaz de revogar esse ato anterior. para ocorrência, do qual não tenha participado.
O conceito de revogação tem previsão no art. 53 da
Lei nº 9.784/1999: “A Administração deve anular seus 5.3 Cassação
próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e
pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportu- São hipóteses em que o administrado deixa de preen-
nidade, respeitados os direitos adquiridos”. Sobre o mes- cher condição necessária para a permanência da referi-
mo assunto, a Súmula nº 473, do STF: “A administração da vantagem. Exemplo: habilitação da CNH cassada por
pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios pessoa enferma.

23
5.4 Caducidade Em “e”: Errado – Atos administrativos simples são
aqueles decorrem da manifestação de um único ór-
Também denominada decaimento, consiste na mo- gão, unipessoal ou colegiado.
dalidade de extinção de ato administrativo em conse-
quência de norma jurídica superveniente, a qual impede 2. (DPE-DF – DEFENSOR PÚBLICO – CESPE – 2019)
a permanência da situação anteriormente consentida. Acerca de atos administrativos, serviços públicos e inter-
venção do Estado na propriedade, julgue o item seguinte.
Como não pode produzir efeitos automaticamente, é ne-
Comando ou posicionamento emitido oralmente por agente
cessária a prática de um ato secundário, determinando
público, no exercício de função administrativa e manifestan-
a extinção do ato decaído. Exemplo: perda do direito de do sua vontade, não pode ser considerado ato administrativo.
comercializar em área que passa a ser considerada exclu-
sivamente residencial. ( ) CERTO   ( ) ERRADO

5.5 Contraposição Resposta: Errado. Os atos administrativos, em regra,


são atos escritos. Porém, não se trata de um elemento
É o modo de extinção que ocorre com a expedição obrigatório. Isso significa que os atos administrativos
de um segundo ato, fundado em competência diversa, possuem forma livre. É o caso, por exemplo, da sinali-
cujos efeitos são contrapostos aos do ato inicial. É uma zação de um guarda de trânsito, que gesticula os bra-
espécie de revogação praticada por autoridade distinta ços ou assopra seu apito.
da que expediu o ato inicial. Exemplo: nomeação de um
funcionária anteriormente exonerado de seu cargo.
CONTROLE E RESPONSABILIZAÇÃO
DA ADMINISTRAÇÃO: CONTROLE
EXERCÍCIOS COMENTADOS ADMINISTRATIVO; CONTROLE
JUDICIAL; CONTROLE LEGISLATIVO;
1. (MPC-PA – ASSISTENTE MINISTERIAL DE CONTRO- RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO
LE EXTERNO – CESPE – 2019) Acerca dos atos adminis-
trativos, assinale a opção correta.
Controle da Administração Pública é o exercício de
vigilância, orientação e revisão sobre a conduta funcio-
a) São atos administrativos somente os atos produzidos nal, exercido por um poder, órgão ou autoridade pública
pelos poderes do Estado. com relação a outro.
b) Licença é ato administrativo discricionário, na medida “O controle do Estado pode ser exercido através de
em que ao poder público compete a análise do preen- duas formas distintas, que merecem ser desde logo dife-
chimento dos requisitos legais exigidos para o exercí- renciadas. De um lado, temos o controle político, aquele
cio de determinada atividade. que tem por base a necessidade de equilíbrio entre os
c) A imperatividade caracteriza-se pela permissão para a Poderes estruturais da República – o Executivo, o Legisla-
imposição de obrigações a terceiros, ainda que estas tivo e o Judiciário. Nesse controle, cujo delineamento se
venham a contrariar interesses privados. encontra na Constituição, pontifica o sistema de freios e
d) Em virtude da inafastabilidade do interesse público, contrapesos, nele se estabelecendo normas que inibem
os atos administrativos devem possuir destinatários o crescimento de qualquer um deles em detrimento de
gerais e indeterminados, sendo vedada a edição de outro e que permitem a compensação de eventuais pon-
tos de debilidade de um para não deixá-lo sucumbir à
atos com destinatários individualizados, ainda que
força de outro. São realmente freios e contrapesos dos
coletivos. Poderes políticos. [...] O que ressalta de todos esses casos
e) São atos administrativos simples somente os atos pra- é a demonstração do caráter que tem o controle políti-
ticados por agente público de forma isolada. co: seu objetivo é a preservação e o equilíbrio das insti-
tuições democráticas do país. O controle administrativo
Resposta: Letra C. tem linhas diversas. Nele não se procede a nenhuma me-
Em “a”: Errado – Os atos podem ser produzidos tan- dida para estabilizar poderes políticos, mas, ao contrá-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

to pelos poderes do Estados: Legislativo, judiciário e rio, se pretende alvejar os órgãos incumbidos de exercer
Executivo, quanto pela administração direta e indireta. uma das funções do Estado – a função administrativa.
Em “b”: Errado – A licença é um ato vinculado, o que Enquanto o controle político se relaciona com as institui-
significa que o ente público, verificado o preenchi- ções políticas, o controle administrativo é direcionado às
mento de todos os requisitos, deve conceder licença instituições administrativas. [...] Podemos denominar de
ainda que contra sua vontade, não havendo margem controle da Administração Pública o conjunto de meca-
nismos jurídicos e administrativos por meio dos quais se
para interpretação de tais requisitos.
exerce o poder de fiscalização e de revisão da atividade
Em “c”: Certo.
administrativa em qualquer das esferas de Poder”24.
Em “d”: Errado – Os atos administrativos podem ter
destinatários indeterminados, como também destina-
tários determinados (exemplo: a promoção de servi-
dor público). 24 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Adminis-
trativo. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2015.

24
O princípio da legalidade e o princípio das políticas b) Por vinculação: exercido por uma pessoa a qual são
administrativas, juntos, fundamentam o Controle da Ad- atribuídos poderes de fiscalização e revisão em re-
ministração Pública. Neste sentido, “mais precisamente, lação a pessoa diversa. Trata-se de controle tipica-
a ideia central, quando se fala em controle da Adminis- mente externo.
tração Pública, reside no fato de que o titular do patri-
mônio público (material e imaterial) é o povo, e não a • Conforme a iniciativa
Administração, razão pela qual ela se sujeita, em toda a
a) De ofício: executado pela própria Administração
sua atuação, sem qualquer exceção, ao princípio da in-
quando está regularmente exercendo as suas fun-
disponibilidade do interesse público”25.
ções. Afinal, a Administração tem a prerrogativa da
autotutela, que a permite invalidar ou revogar suas
#FicaDica condutas de ofício (súmulas 346 e 473, STF).
Controle da Administração é: b) Provocado: ocorre mediante provocação de tercei-
- Faculdade de vigilância, orientação e corre- ro, postulando a revisão do ato administrativo dito
ção que um poder, órgão ou autoridade exer- ilegal ou inconveniente.
ce sobre a conduta funcional de outro;
- Regulamentado por diversos atos norma- • Conforme a origem ou a extensão do controle
tivos, os quais trazem regras, modalidades e a) Controle interno: é aquele realizado pelas auto-
instrumentos para sua organização; ridades no âmbito do próprio órgão ou entidade
- O que assegura que a Administração vá atuar em que atuam no âmbito da administração. Exem-
de acordo com princípios jurídicos, previstos plo: chefe que na repartição controla os seus su-
no artigo 37, caput, CF – legalidade, impesso- bordinados; corregedoria que faz inspeção em um
alidade, moralidade, publicidade e eficiência. fórum.

Basicamente, sempre se está diante de controle inter-


Elementos e natureza jurídica do controle no quando um Poder exerce controle sobre ele mesmo,
isto é, Judiciário fiscalizando Judiciário, Legislativo fiscali-
Segundo Carvalho Filho26, dois são os elementos bási-
cos do controle: a fiscalização e a revisão. “A fiscalização e zando Legislativo e Executivo fiscalizando Executivo.
a revisão são os elementos básicos do controle. A fiscali- Quando, no exercício do controle interno, uma auto-
zação consiste no poder de verificação que se faz sobre a ridade ocultar uma irregularidade ou ilegalidade da en-
atividade dos órgãos e dos agentes administrativos, bem tidade responsável pelo controle externo, notadamente
como em relação à finalidade pública que deve servir de um Tribunal de Contas, haverá responsabilidade solidária
objetivo para a Administração. A revisão é o poder de entre a autoridade que praticou a ocultação e a autorida-
corrigir as condutas administrativas, seja porque tenham de que praticou o ilícito.
vulnerado normas legais, seja porque haja necessidade
de alterar alguma linha das políticas administrativas para b) Controle externo: é aquele realizado por um Poder
que melhor seja atendido o interesse coletivo”. que é diferente do Poder fiscalizado, exteriorizan-
Para o autor, a natureza jurídica do controle é de princí- do um sistema de freios e contrapesos. É o caso
pio fundamental da administração pública, conforme teor do do controle de atos do Executivo por decisões do
próprio Decreto-lei nº 200/1967, que assegura também que o
Poder Judiciário, ou mesmo da sustação de ato
controle deve ser exercido em todos níveis e em todos órgãos.
normativo do Executivo pelo Legislativo, além do
Classificação das formas de controle julgamento de contas do Presidente da Repúbli-
ca pelo Congresso Nacional, e de auditorias do
“O poder-dever de controle é exercitável por todos os Tribunal de Contas da União quanto ao Executivo
Poderes da República, estendendo-se a toda a atividade federal.
administrativa (vale lembrar, há atividade administrativa c) Controle externo popular: realizado pelo contri-
em todos os Poderes) e abrangendo todos os seus agen- buinte pelo acesso das contas públicas (artigo 31,
tes. Por esse motivo, diversas são as formas pelas quais o §3º, CF; artigo 74, §2º, CF).
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

controle se exercita, sendo, destarte, inúmeras as deno-


minações adotadas” 27. • Conforme o momento a ser exercido
a) Controle prévio ou preventivo: exercido antes do
• Conforme o âmbito da administração início da prática ou antes da conclusão do ato
a) Por subordinação: exercido por meio dos patama-
administrativo.
res de hierarquia dentro da mesma Administração.
b) Controle concomitante: exercido durante a realiza-
Trata-se de controle tipicamente interno.
ção do ato, verificando a sua validade enquanto ele
é praticado.
25 ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito Administrativo
c) Controle posterior ou corretivo: busca rever os
Descomplicado. 16. ed. São Paulo: Método, 2008.
atos já praticados, corrigindo, desfazendo ou con-
26 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Adminis-
trativo. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2015.
firmando. Envolve atos como os de aprovação, ho-
mologação, anulação, revogação ou convalidação.
27 ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito Administrativo
Descomplicado. 16. ed. São Paulo: Método, 2008.

25
• Conforme a amplitude ou a natureza do controle • Direito de petição: é um direito fundamental con-
a) Controle de legalidade: verifica se o ato foi prati- ferido a toda pessoa de defender seus direitos e
cado em conformidade com a lei. O controle pode noticiar ilegalidades e abusos (artigo 5º, XXXIV,
ser interno ou externo. O resultado final é a confir- CF). Pode ser exercido por diversas vias, como re-
mação ou a rejeição do ato, anulando-o. presentação (denúncia de irregularidade perante a
b) Controle de mérito: visa verificar a oportunidade e Administração, Tribunal de Contas ou outro órgão
a conveniência administrativas do ato controlado. de controle), reclamação administrativa (oposição
Trata-se do controle sobre a atuação discricionária expressa a ato administrativo que ofenda direito
da Administração Pública, mantendo-o ou revo- ou interesse legítimo, podendo ser interposta pe-
gando-o. Diz-se que o Judiciário não pode fazer rante o Supremo Tribunal Federal se o ato adminis-
este controle, o que é verdade, em termos: o Judi- trativo contrariar súmula vinculante), pedido de re-
ciário não pode controlar a atividade discricionária consideração (solicitação de mudança da decisão
que é legítima, mas se ela exceder parâmetros de pela própria autoridade que praticou um ato), re-
razoabilidade e proporcionalidade pode fazê-lo. curso hierárquico próprio (solicitação de mudança
Nesta questão se insere a polêmica sobre o con- da decisão por autoridade hierarquicamente supe-
trole judicial de políticas públicas. rior àquela que praticou o ato), recurso hierárquico
impróprio (solicitação de mudança da decisão por
autoridade diversa, com competência especifica-
#FicaDica da em lei, porém não hierarquicamente superior
- Quanto ao órgão que o exerce àquela que praticou o ato), revisão (solicitação de
Executivo alteração em punição aplicada pela Administração
Legislativo no exercício do poder disciplinar diante do surgi-
Judiciário mento de fatos novos).
- Quanto ao fundamento • Controle social: é aquele exercido pela própria so-
Hierárquico
ciedade, em demanda emanada de grupos sociais,
Finalístico
no exercício da atividade democrática que tem
- Conforme a origem
amparo constitucional notadamente na garantia
Interno
pelo artigo 37, §3º, CF de edição de lei que regule
Externo
Popular formas de pdevolutivo irá continuar correndo.
- Quanto à atividade administrativa
Legalidade Súmula 429, STF. A existência de recurso administra-
Mérito tivo com efeito suspensivo não impede o uso do man-
- Quanto ao momento de exercício dado de segurança contra omissão da autoridade.
Preventivo
Concomitante Ressalta-se, complementando o teor da súmula, que
Corretivo nada impede o uso simultâneo das esferas administrativa
e judicial, considerando que são independentes entre si.
Aliás, apenas existem duas hipóteses em que o esgota-
Controle exercido pela administração pública mento dos recursos administrativos é imposto: trata-se
de demanda perante a justiça desportiva, conforme o
É o controle exercido pela Administração quanto artigo 217, §1º, CF; se ocorre contrariedade de súmula
aos seus próprios atos. Ou seja, é o exercido pelo Poder vinculante na via administrativa e o administrado preten-
Executivo, pelo Poder Legislativo e pelo Poder Judiciá- de invoca-la mediante reclamação, conforme artigo 7º,
rio quanto aos seus próprios atos, tanto no que tange §1º, Lei nº 11.417/2006. Em todos os demais casos, tal
à legalidade quanto em relação à conveniência. É sem- exigência é proibida.
pre um controle interno, que deriva do poder-dever de Outra questão que merece ser abordada no campo
autotutela. dos recursos administrativos é a da reformatio in pejus,
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

ou seja, da reforma da decisão tomada pela administra-


Entre os meios de controle, destacam-se: ção de modo a agravar a situação do administrado. Devi-
do a previsão expressa na Lei nº 9.784/1999, a reformatio
• Fiscalização Hierárquica: esse meio de contro- in pejus em recurso administrativo modificando a deci-
le é inerente ao poder hierárquico, ocorrendo o são recorrida é permitida, mas o recorrente deverá ter
exercício dos órgãos superiores em relação aos oportunidade de manifestar-se antes dele ocorrer; já em
inferiores; se tratando de reformatio in pejus em processo de revi-
• Controle ou Supervisão Ministerial: aplicável nas são, há vedação. Quanto à possibilidade de gravame na
entidades de administração indireta vinculadas a primeira hipótese, a doutrina afirma que apenas é permi-
um Ministério, não havendo subordinação; tida a reformatio in pejus caso o ato inferior tenha sido
• Recursos Administrativos: serve para provocar o praticado em desconformidade com a lei, considerados
reexame do ato administrativo pela própria Admi- critérios objetivos, sendo assim proibida a reformatio in
nistração Pública. pejus caso seja feita apenas nova avaliação subjetiva.

26
Último ponto que se coloca tange à coisa julgada ad- documental e dirigida ao presidente do tribunal.
ministrativa, que basicamente é uma “situação jurídica § 3o Assim que recebida, a reclamação será autuada
pela qual determinada decisão firmada pela Administra- e distribuída ao relator do processo principal, sempre
ção não mais pode ser modificada na via administrati- que possível.
va”28, embora o possa na via judicial; diferenciando-se da § 4o As hipóteses dos incisos III e IV compreendem a
coisa julgada jurisdicional, cujo caráter definitivo impede aplicação indevida da tese jurídica e sua não aplica-
a rediscussão da matéria em qualquer via. ção aos casos que a ela correspondam.
§ 5º É inadmissível a reclamação:
• Reclamação I – proposta após o trânsito em julgado da decisão
reclamada;
Segundo Di Pietro29, “a reclamação administrativa é o II – proposta para garantir a observância de acórdão
ato pelo qual o administrado, seja particular ou servidor de recurso extraordinário com repercussão geral re-
público, deduz uma pretensão perante a Administração conhecida ou de acórdão proferido em julgamento de
Pública, visando obter o reconhecimento de um direito recursos extraordinário ou especial repetitivos, quan-
ou a correção de um erro que lhe cause lesão ou ameaça do não esgotadas as instâncias ordinárias.
de lesão”. § 6o A inadmissibilidade ou o julgamento do recurso
A primeira referência à reclamação no ordenamento interposto contra a decisão proferida pelo órgão recla-
está no Decreto nº 20.910/1932, que fixa o prazo de 1 mado não prejudica a reclamação.
ano para que ocorra a prescrição: Art. 989. Ao despachar a reclamação, o relator:
I - requisitará informações da autoridade a quem for
Art. 5º Não tem efeito de suspender a prescrição a imputada a prática do ato impugnado, que as presta-
demora do titular do direito ou do crédito ou do seu rá no prazo de 10 (dez) dias;
representante em prestar os esclarecimentos que lhe II - se necessário, ordenará a suspensão do processo ou
forem reclamados ou o fato de não promover o anda- do ato impugnado para evitar dano irreparável;
mento do feito judicial ou do processo administrativo III - determinará a citação do beneficiário da decisão
durante os prazos respectivamente estabelecidos para impugnada, que terá prazo de 15 (quinze) dias para
extinção do seu direito à ação ou reclamação. apresentar a sua contestação.
Art. 990. Qualquer interessado poderá impugnar o
Art. 6º O direito à reclamação administrativa, que pedido do reclamante.
não tiver prazo fixado em disposição de lei para ser Art. 991. Na reclamação que não houver formulado,
formulada, prescreve em um ano a contar da data do o Ministério Público terá vista do processo por 5 (cin-
ato ou fato do qual a mesma se originar. co) dias, após o decurso do prazo para informações e
para o oferecimento da contestação pelo beneficiário
Entretanto, a reclamação se torna um instrumento do ato impugnado.
mais usual com a fixação em lei da possibilidade de sua Art. 992. Julgando procedente a reclamação, o tri-
apresentação ao Supremo Tribunal Federal se o ato ad- bunal cassará a decisão exorbitante de seu julga-
ministrativo contrariar súmula vinculante. As hipóteses do ou determinará medida adequada à solução da
de reclamação são ampliadas pelo Código de Processo controvérsia.
Civil de 2015: Art. 993. O presidente do tribunal determinará o ime-
diato cumprimento da decisão, lavrando-se o acórdão
Art. 988. Caberá reclamação da parte interessada ou posteriormente.
do Ministério Público para:
I - preservar a competência do tribunal; Logo, a reclamação é uma forma bastante diferen-
II - garantir a autoridade das decisões do tribunal; ciada de controle da administração porque é exercido
III – garantir a observância de enunciado de súmula tipicamente por órgão externo sem superioridade hie-
vinculante e de decisão do Supremo Tribunal Federal rárquica, notadamente, tribunal que componha o Poder
em controle concentrado de constitucionalidade; Judiciário. Por isso, autores como Carvalho Filho30 afir-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

IV – garantir a observância de acórdão proferido em mam que se trata mais de controle jurisdicional do que
julgamento de incidente de resolução de demandas re- de controle administrativo.
petitivas ou de incidente de assunção de competência;
§ 1o A reclamação pode ser proposta perante qual- • Pedido de reconsideração e recurso hierárquico
quer tribunal, e seu julgamento compete ao órgão próprio e impróprio
jurisdicional cuja competência se busca preservar ou
cuja autoridade se pretenda garantir. Todos são espécies do gênero direito de petição, que
§ 2o A reclamação deverá ser instruída com prova confere o direito fundamental de toda pessoa buscar pe-
rante a administração a alteração de um ato administrati-
vo ou representar a prática de ato ilegal ou abusivo.
28 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Adminis-
trativo. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2015.
29 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 23. ed. 30 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito adminis-
São Paulo: Atlas editora, 2010. trativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

27
Art. 5º, XXXIV, CF. São a todos assegurados, indepen- que se segue a regra da prescrição quinquenal (5 anos)
dentemente do pagamento de taxas: a) o direito de prevista no artigo 1º do Decreto nº 20.910; ou na hipóte-
petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou se de perda do prazo para o exercício do poder punitivo
contra ilegalidade ou abuso de poder; b) a obtenção (prescrição correndo a favor do administrado e contra a
de certidões em repartições públicas, para defesa de administração, que não mais poderá aplicar a punição),
direitos e esclarecimento de situações de interesse que é a típica prescrição administrativa, e de perda de
pessoal. prazo para que seja adotada determinada providência
administrativa (prescrição correndo a favor do adminis-
O direito de petição deve resultar em uma manifesta- trado e contra a administração, que não mais poderá
ção do Estado, normalmente dirimindo (resolvendo) uma anular seus próprios atos dos quais decorram efeitos be-
questão proposta, em um verdadeiro exercício contínuo néficos aos administrados, salvo prova de má-fé).
de delimitação dos direitos e obrigações que regulam
• Poder punitivo de polícia – 5 anos (Lei nº
a vida social e, desta maneira, quando “dificulta a apre-
9.873/1999);
ciação de um pedido que um cidadão quer apresentar”
• Poder disciplinar funcional – no âmbito federal, 5
(muitas vezes, embaraçando-lhe o acesso à Justiça); “de-
anos (infração grave), 2 anos (infração média) ou
mora para responder aos pedidos formulados” (adminis-
180 dias (infração leve), a contar do conhecimento
trativa e, principalmente, judicialmente) ou “impõe restri- de sua prática (Lei nº 8.112/1990);
ções e/ou condições para a formulação de petição”, traz • Adoção de providência administrativa – 5 anos (Lei
a chamada insegurança jurídica, que traz desesperança e nº 9.784/1999).
faz proliferar as desigualdades e as injustiças. • Representação e reclamação administrativas
Dentro do espectro do direito de petição se insere,
por exemplo, o direito de solicitar esclarecimentos, de As representações e as reclamações administrativas
solicitar cópias reprográficas e certidões, bem como de são ambas formas de se exercer o direito de petição (art.
ofertar denúncias de irregularidades. Contudo, o consti- 5º, XXXIV, CF). Em sentido genérico são, ao lado dos re-
tuinte, talvez na intenção de deixar clara a obrigação dos cursos hierárquicos e do pedido de representação, espé-
Poderes Públicos em fornecer certidões, trouxe a letra b) cies de recursos administrativos, mas que se diferenciam
do inciso, o que gera confusões conceituais no sentido daqueles por serem autônomos e não incidentais.
do direito de obter certidões ser dissociado do direito Assim, trata-se de exercício deste direito de forma
de petição. originária (recurso deflagrador), isto é, o ato administrati-
Nas hipóteses de pedido de reconsideração, recur- vo ilegal ou abusivo foi praticado e será denunciado pelo
so hierárquico próprio e recurso hierárquico impróprio administrado. Será a primeira vez que a estão será levada
denota-se que o processo administrativo ainda está em à administração para a devida apreciação.
curso, pois uma autoridade tomou uma decisão admi- Na representação é feita uma denúncia de irregulari-
nistrativa da qual se pretende recorrer (logo, trata-se de dade, ilegalidade ou abuso de poder perante a Adminis-
recurso incidental). A diferença entre as três modalidades tração, Tribunal de Contas ou outro órgão de controle,
está na autoridade que apreciará o pedido de alteração como o Ministério Público.
da decisão administrativa.
No pedido de reconsideração, será a própria autori- Na reclamação administrativa se dá uma oposição
dade que praticou um ato, reconsiderando nestes mol- expressa a ato administrativo que ofenda direito ou inte-
des a decisão que foi tomada. resse legítimo.
No recurso hierárquico próprio, será a autoridade
• Sistemas de controle jurisdicional da administra-
hierarquicamente superior àquela que praticou o ato,
ção pública: contencioso administrativo e sistema
tratando-se de clássico exercício do poder hierárquico
da jurisdição una
inerente à estrutura escalonada da administração. Esta
é a forma típica de se recorrer da decisão administrativa. Sistema administrativo é o regime que um Estado
No recurso hierárquico impróprio, será autoridade di- adota para controlar os atos administrativos ilegais ou
versa, com competência especificada em lei, porém não ilegítimos praticados pela Administração em seus di-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

hierarquicamente superior àquela que praticou o ato. Na versos níveis, podendo ser de duas espécies: francês,
verdade, a reclamação administrativa perante o STF pode também conhecido como sistema do contencioso ad-
ser enquadrada nesta categoria. ministrativo; e inglês, também denominado sistema do
controle judicial, judiciário ou da jurisdição una.
• Prescrição administrativa O sistema francês se caracteriza por excluir os atos ad-
ministrativos da apreciação judicial, sujeitando-os a uma
Significa perda de prazo para apresentar uma preten- jurisdição especial do contencioso administrativo que é
são perante a Administração. No caso, o administrado composta por tribunais de caráter administrativo. Neste
não perde o direito, o que ocorre na decadência, mas sistema, se evidencia a dualidade de jurisdição, havendo
sim a pretensão de postulá-lo. Pode ocorrer nos casos a jurisdição comum composta pelos órgãos do Poder Ju-
de perda de prazo para recorrer de decisão tomada ou diciário que resolve os litígios não abrangidos pelo con-
revisá-la (prescrição correndo contra o administrado e a tencioso administrativo e a jurisdição especial composta
favor da administração, convalidando seus atos), caso em apenas por tribunais de natureza administrativa.

28
Já o sistema inglês se caracteriza pela intervenção
do Poder Judiciário no controle dos atos administrati- #FicaDica
vos. Deste modo, a jurisdição é una e apenas o Judiciário Controle administrativo é o controle que o
possui competência para resolver todos os litígios, tanto Executivo e os órgãos internos do Legislativo
os administrativos quanto os estritamente privados. As e do Judiciário exercem sobre suas próprias
decisões do Judiciário, por sua vez, são protegidas pela atividades, buscando mantê-las conforme a lei.
força da coisa julgada, que impede a rediscussão de ma- Se exerce por:
térias já decididas em juízo em seu mérito. Fiscalização hierárquica – Dos órgãos supe-
riores em relação aos inferiores, corrigindo as
No Brasil adota-se o sistema inglês. atividades dos agentes;
Recursos administrativos – Meios que permi-
• Advocacia pública administrativa tem que os administrados provoquem o ree-
xame de decisões internas.
No âmbito federal, as atividades de advocacia pública
consultiva são prestadas pela Advocacia-Geral da União,
conforme artigo 3º da Lei Complementar nº 73/93. Ele irá Controle judicial
assessorar o chefe do Executivo federal em assuntos de
natureza jurídica, elaborando pareceres e estudos, sendo O controle judicial é exercido pelo Judiciário sobre
tal vinculação de caráter exclusivo. Logo, a AGU presta os atos administrativos praticados pelo Poder Executivo,
consultoria apenas para o Presidente da República. Os pelo Poder Legislativo ou pelo próprio Poder Judiciá-
Ministérios, Secretarias e Forças Armadas solicitam con- rio, quando realiza atividades administrativas. Por ele, é
sultoria para as Consultorias Jurídicas: possível se decretar a anulação de um ato. Não cabe a
revogação, porque significaria análise de mérito, que o
Art. 11. Às Consultorias Jurídicas, órgãos administra- Judiciário não pode fazer.
tivamente subordinados aos Ministros de Estado, ao “O controle judicial sobre atos da Administração é
Secretário-Geral e aos demais titulares de Secretarias exclusivamente de legalidade. Significa dizer que o Judi-
da Presidência da República e ao Chefe do Estado- ciário tem o poder de confrontar qualquer ato adminis-
-Maior das Forças Armadas, compete, especialmente: trativo com a lei ou com a Constituição e verificar se há
I - assessorar as autoridades indicadas no caput deste ou não compatibilidade normativa. Se o ato for contrário
artigo; à lei ou à Constituição, o Judiciário declarará a sua invali-
II - exercer a coordenação dos órgãos jurídicos dos dação de modo a não permitir que continue produzindo
respectivos órgãos autônomos e entidades vinculadas; efeitos ilícitos. [...] O que é vedado ao Judiciário, como
III - fixar a interpretação da Constituição, das leis, dos correntemente têm decidido os Tribunais, é apreciar o
tratados e dos demais atos normativos a ser unifor- que se denomina normalmente de mérito administrativo,
memente seguida em suas áreas de atuação e coor- vale dizer, a ele é interditado o poder de reavaliar os cri-
denação quando não houver orientação normativa do térios de conveniência e oportunidade dos atos, que são
Advogado-Geral da União; privativos do administrador público”, sob pena de se vio-
IV - elaborar estudos e preparar informações, por soli- lar a cláusula fundamental da separação dos Poderes31.
citação de autoridade indicada no caput deste artigo; Quanto ao momento em que o controle judicial deve-
V - assistir a autoridade assessorada no controle inter- rá ocorrer, a regra impõe que seja feito de forma poste-
no da legalidade administrativa dos atos a serem por rior, quando os atos administrativos já estão produzindo
ela praticados ou já efetivados, e daqueles oriundos de efeitos no mundo jurídico. Em situações excepcionais o
órgão ou entidade sob sua coordenação jurídica; controle pode ser prévio, por exemplo, quando a lei au-
VI - examinar, prévia e conclusivamente, no âmbito toriza a concessão de liminar diante de fumus boni iuris
do Ministério, Secretaria e Estado-Maior das Forças e periculum in mora.
Armadas:
a) os textos de edital de licitação, como os dos respec- Existem atos que se sujeitam a controle especial,
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

tivos contratos ou instrumentos congêneres, a serem são eles:


publicados e celebrados;
b) os atos pelos quais se vá reconhecer a inexigibilida- a) Atos políticos: não são atos tipicamente adminis-
de, ou decidir a dispensa, de licitação. trativos, mas verdadeiros atos de governo, ema-
nados da cúpula política do país, no exercício de
competências organizacionais-administrativas
constitucionais. A peculiaridade é que o Judiciário
não pode controlar os critérios governamentais
que direcionam a edição de atos políticos. Contu-
do, o controle de legalidade e o controle de cons-
titucionalidade são possíveis.
31 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito adminis-
trativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

29
b) Atos legislativos típicos: todos os atos que ema- legitimidade passiva é de qualquer pessoa, física
nam do Poder Legislativo com caráter genérico, ou jurídica, que tenha cometido dano ou tenha co-
abstrato e geral são passíveis de controle. Entre- locado sob ameaça o patrimônio público e social,
tanto, se trata de controle de constitucionalidade, o meio ambiente e outros direitos difusos e coleti-
que se sujeita a regras específicas. O sistema brasi- vos. A regulação está na Lei nº 7.437/85.
leiro adota duas vias de realização de tal controle, c) Habeas corpus (artigo 5º, LXXVII, CF): ação que ser-
a via da exceção, com caráter difuso, exercida inci- ve para proteger a liberdade de locomoção. Ape-
dentalmente sem ação específica; e a via da ação, nas serve à lesão ou ameaça de lesão ao direito de
com caráter concentrado, exercida por meio de ir e vir. Trata-se de ação constitucional de cunho
ações específicas – ação direta de inconstituciona- predominantemente penal, pois protege o direito
lidade, ação direta de constitucionalidade, argui- de ir e vir e vai contra a restrição arbitrária da liber-
ção de descumprimento de preceito fundamental. dade. Pode ser preventivo, para os casos de amea-
c) Atos interna corporis: são os atos praticados den- ça de violação ao direito de ir e vir, conferindo-se
tro da competência interna e exclusiva dos diversos um “salvo conduto”, ou repressivo, para quando
órgãos do Legislativo e do Judiciário; por exemplo, ameaça já tiver se materializado. Legitimado ati-
as competências de elaboração de regimentos in- vo é qualquer pessoa pode manejá-lo, em próprio
ternos. Como os atos são internos e exclusivos, não nome ou de terceiro, bem como o Ministério Pú-
é possível fazer o controle sobre as razões que le- blico (artigo 654, CPP). Impetrante é o que ingressa
varam à elaboração. Contudo, o controle de vícios com a ação e paciente é aquele que está sendo
de ilegalidade e de inconstitucionalidade é plena- vítima da restrição à liberdade de locomoção. As
mente válido. duas figuras podem se concentrar numa mesma
pessoa. Legitimado passivo é pessoa física, agente
Conforme prevê o próprio artigo 5º, XXXV, CF, “a lei público ou privado. Está regulamentado nos arti-
não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou gos 647 a 667 do Código de Processo Penal.
ameaça a direito”. Logo, toda ofensa ou ameaça de ofen- d) Habeas data (artigo 5º, LXXII, CF): serve para pro-
sa a direitos dos administrados é passível de controle teção do acesso a informações pessoais constantes
judicial. Ciente disso, o legislador cria inúmeros meca- de registros ou bancos de dados de entidades go-
nismos específicos para que tal controle seja realizado, vernamentais ou de caráter público, para o conhe-
como mandado de segurança, ação popular, ação civil cimento ou retificação (correção). Trata-se de ação
pública, mandado de injunção, habeas data, habeas cor- constitucional que tutela o acesso a informações
pus e as próprias ações do controle de constitucionali- pessoais. Legitimado ativo é pessoa física, brasilei-
dade. Entretanto, não se trata de rol taxativo de formas ra ou estrangeira, ou por pessoa jurídica, de direito
pelas quais é possível exercer tais pretensões contra a público ou privado, tratando-se de ação persona-
Administração, porque em tese é possível utilizar qual- líssima – os dados devem ser a respeito da pessoa
quer tipo de ação judicial que venha a socorrer adequa- que a propõe. Legitimados passivos são entidades
damente à inibição de violação ou ameaça a direito pela governamentais da Administração Pública Direta
Administração. Sobre os meios específicos, aponta-se: e Indireta nas três esferas, bem como instituições,
órgãos, entidades e pessoas jurídicas privadas
a) Ação popular (artigo 5º, LXXIII, CF): é instrumento prestadores de serviços de interesse público que
de exercício direto da democracia, permitindo ao possuam dados relativos à pessoa do impetrante.
cidadão que busque a proteção da coisa pública, Está regulado pela Lei nº 9.507, de 12 de novembro
ou seja, que vise assegurar a preservação dos in- de 1997.
teresses transindividuais. Trata-se de ação consti- e) Mandado de segurança individual (artigo 5º, LXIX,
tucional, que visa anular ato lesivo ao patrimônio CF): Trata-se de remédio constitucional com natu-
público ou de entidade de que o Estado participe, reza subsidiária pelo qual se busca a invalidação
à moralidade administrativa, ao meio ambiente e de atos de autoridade ou a suspensão dos efei-
ao patrimônio histórico e cultural. O legitimado tos da omissão administrativa, geradores de lesão
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

ativo deve ser cidadão, ou seja, aquele nacional a direito líquido e certo, por ilegalidade ou abuso
que esteja no pleno gozo dos direitos políticos. O de poder. São protegidos todos os direitos líqui-
legitimado passivo é o ente da Administração Pú- dos e certos à exceção da proteção de direitos hu-
blica, direta ou indireta, ou então a pessoa jurídica manos à liberdade de locomoção e ao acesso ou
que de algum modo lide com a coisa pública. A retificação de informações relativas à pessoa do
regulação está na Lei nº 4.717/65. impetrante, constantes de registros ou bancos de
b) Ação civil pública (artigo 129, III, CF): Busca prote- dados de entidades governamentais ou de caráter
ger o patrimônio público e social, o meio ambiente público, ambos sujeitos a instrumentos específicos.
e outros direitos difusos e coletivos. A legitimidade A natureza é de ação constitucional de natureza
ativa é do Ministério Público, da Defensoria Públi- civil, independente da natureza do ato impugnado
ca, das pessoas jurídicas da administração dire- (administrativo, jurisdicional, eleitoral, criminal, tra-
ta e indireta e de associação constituída há pelo balhista). Pode ser preventivo, quando se estiver na
menos 1 ano em área de pertinência temática. A iminência de violação a direito líquido e certo, ou

30
reparatório, quando já consumado o abuso/ilegali-
dade. Fundamenta-se na existência de direito líqui- #FicaDica
do e certo, que é aquele que pode ser demonstra- Controle judiciário é o controle exercido pe-
do de plano mediante prova pré-constituída, sem los órgãos do Poder Judiciário sobre os atos
a necessidade de dilação probatória, isto devido à administrativos dos Três Poderes (inclusive do
natureza célere e sumária do procedimento. A legi- próprio Judiciário) no que tange a atividades
timidade ativa é a mais ampla possível, abrangen- administrativas.
do não só a pessoa física como a jurídica, nacional Verifica-se a legalidade e a legitimidade do ato
ou estrangeira, residente ou não no Brasil, bem impugnado.
como órgãos públicos despersonalizados e uni- Abrange ações específicas constitucional-
versalidades/pessoas formais reconhecidas por lei. mente previstas, denominadas remédios
Legitimado passivo é a autoridade coatora deve constitucionais.
ser autoridade pública ou agente de pessoa jurí-
dica no exercício de atribuições do Poder Público.
Neste viés, o art. 6º, §3º, Lei nº 12.016/09, precei- Controle legislativo
tua que “considera-se autoridade coatora aquela
que tenha praticado o ato impugnado ou da qual Controle parlamentar ou legislativo é a prerrogativa
emane a ordem para a sua prática”. Encontra-se atribuída ao Poder Legislativo de fiscalizar a Administra-
regulamentada pela Lei nº 12.016, de 07 de agosto ção Pública sob os critérios político e financeiro. Deve
de 2009. se ater às hipóteses previstas na Constituição. Pode ser
f) Mandado de segurança coletivo (artigo 5º, LXX, exercido quanto ao Executivo e ao Judiciário.
CF): Visa a preservação ou reparação de direito
líquido e certo relacionado a interesses transin- Entre os meios de controle, destacam-se:
dividuais (individuais homogêneos ou coletivos),
e devido à questão da legitimidade ativa, perten- • Controle Político: tem por base a possibilidade de
cente a partidos políticos e determinadas associa- fiscalização sobre atos ligados à função adminis-
ções. Trata-se de ação constitucional de natureza trativa e organizacional. Conforme artigo 49, X, CF,
civil, independente da natureza do ato, de caráter compete exclusivamente ao Congresso Nacional
coletivo. A legitimidade ativa é de partido político “fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qual-
com representação no Congresso Nacional, bem quer de suas Casas, os atos do Poder Executivo,
como de organização sindical, entidade de classe incluídos os da administração indireta”. Do poder
ou associação legalmente constituída e em funcio- genérico de controle podem ser depreendidos
namento há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa outros poderes, como o poder convocatório, que
de direitos líquidos e certos que atinjam direta- permite à Câmara ou Senado convocar Ministro de
mente seus interesses ou de seus membros. En- Estado ou autoridade relacionada ao Presidente
contra-se regulamentado pelo artigo 22 da Lei nº (artigo 50, CF); o poder de sustação, que permite
12.016/09, que regulamenta o mandado de segu- ao Congresso Nacional “sustar os atos normativos
rança individual. do Poder Executivo que exorbitem do poder regu-
g) Mandado de injunção (artigo 5º, LXXI, CF): os dois lamentar ou dos limites de delegação legislativa”
requisitos constitucionais para que seja proposto (artigo 49, V, CF); e o controle das Comissões Par-
o mandado de injunção são a existência de norma lamentares de Inquérito – CPI (artigo 58, §3º, CF).
constitucional de eficácia limitada que prescreva • Controle Financeiro: a fiscalização contábil, finan-
direitos, liberdades constitucionais e prerrogativas ceira, orçamentária, operacional e patrimonial da
inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidada- União e das entidades da administração direta e
nia; além da falta de norma regulamentadores, im- indireta, quanto à legalidade, legitimidade, econo-
possibilitando o exercício dos direitos, liberdades e micidade, aplicação das subvenções e renúncia de
prerrogativas em questão. Assim, visa curar o há- receitas, será exercida pelo Congresso Nacional,
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

bito que se incutiu no legislador brasileiro de não mediante controle externo, e pelo sistema de con-
regulamentar as normas de eficácia limitada para trole interno de cada Poder.
que elas não sejam aplicáveis. Trata-se de ação
constitucional que objetiva a regulamentação de Quanto às áreas fiscalizadas, enquadram-se: contábil,
normas constitucionais de eficácia limitada. Legiti- financeira, orçamentária, operacional e patrimonial no
mado ativo é qualquer pessoa, nacional ou estran- que se refere a legalidade, legitimidade, economicidade,
geira, física ou jurídica, capaz ou incapaz, que ti- subvenções e renúncia de receitas.
tularize direito fundamental não materializável por
omissão legislativa do Poder público, bem como • Tribunal de Contas da União
o Ministério Público na defesa de seus interesses
institucionais. Não se aceita a legitimidade ativa de O Tribunal de Contas da União é órgão integrante do
pessoas jurídicas de direito público. Regulamenta- Congresso Nacional que tem a função de auxiliá-lo no
do pela Lei nº 13.300/2016. controle financeiro externo da Administração Pública. No

31
âmbito estadual e municipal, aplicam-se, no que couber, IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote
aos respectivos Tribunais e Conselhos de Contas, as nor- as providências necessárias ao exato cumprimento da
mas sobre fiscalização contábil, financeira e orçamentária. lei, se verificada ilegalidade;
As atribuições de controle do Tribunal de Contas da X - sustar, se não atendido, a execução do ato impug-
União encontram-se descritas no artigo 71 da Constitui- nado, comunicando a decisão à Câmara dos Deputa-
ção, envolvendo notadamente o auxílio ao Congresso dos e ao Senado Federal;
Nacional no controle externo (tanto é assim que o Tribu- XI - representar ao Poder competente sobre irregulari-
nal não susta diretamente os atos ilegais, mas solicita ao dades ou abusos apurados.
Congresso Nacional que o faça): § 1º No caso de contrato, o ato de sustação será ado-
tado diretamente pelo Congresso Nacional, que so-
Artigo 71, CF. O controle externo, a cargo do Congres- licitará, de imediato, ao Poder Executivo as medidas
so Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal cabíveis.
de Contas da União, ao qual compete: § 2º Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo,
I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Pre- no prazo de noventa dias, não efetivar as medidas
sidente da República, mediante parecer prévio que de- previstas no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a
verá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu respeito.
recebimento; § 3º As decisões do Tribunal de que resulte imputação
II - julgar as contas dos administradores e demais res- de débito ou multa terão eficácia de título executivo.
ponsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da § 4º O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional,
administração direta e indireta, incluídas as fundações trimestral e anualmente, relatório de suas atividades.
e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Públi-
co federal, e as contas daqueles que derem causa a • Controle da atividade financeira do Estado
perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte
prejuízo ao erário público; O controle financeiro é uma das espécies de controle
III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos parlamentar ou legislativo, ao lado do controle político.
atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na ad- No controle financeiro o objeto se relaciona às receitas,
ministração direta e indireta, incluídas as fundações às despesas e à gestão dos recursos públicos, enfim, toda
instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetuadas matéria que abranja finanças públicas.
as nomeações para cargo de provimento em comis- Quanto às formas de controle, pode se dar em con-
são, bem como a das concessões de aposentadorias, trole interno, sendo que cada Poder possui órgãos inter-
reformas e pensões, ressalvadas as melhorias pos- nos destinados à verificação dos recursos do erário; ou
teriores que não alterem o fundamento legal do ato em controle externo, sendo o tipo de controle no âmbito
concessório; federal feito pelo Congresso Nacional e pelo Tribunal de
IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Contas da União.
Deputados, do Senado Federal, de Comissão técnica As áreas fiscalizadas são: contábil (registro de receitas
ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza e despesas), financeira (depósitos bancários, empenhos,
contábil, financeira, orçamentária, operacional e pa- pagamentos e recebimento de valores), orçamentário
trimonial, nas unidades administrativas dos Poderes (orçamento e fiscalização dos registros), operacional
Legislativo, Executivo e Judiciário, e demais entidades (atividades administrativas em geral) e patrimonial (bens
referidas no inciso II; públicos).
V - fiscalizar as contas nacionais das empresas su-
pranacionais de cujo capital social a União participe, Em relação à natureza do controle, cabe fixar:
de forma direta ou indireta, nos termos do tratado
constitutivo; a) Quanto à legalidade: verificação do cumprimento
VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repas- da lei;
sados pela União mediante convênio, acordo, ajuste b) Quanto à legitimidade: trata-se de controle exter-
ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Dis- no de mérito, consistente em verificação ao respei-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

trito Federal ou a Município; to aos princípios jurídicos da boa administração;


VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso c) Quanto à economicidade: verificação do custo-be-
Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por qual- nefício dos gastos da administração;
quer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização d) Quanto à aplicação de subvenções: verificação so-
contábil, financeira, orçamentária, operacional e pa- bre a correta destinação das verbas previstas no
trimonial e sobre resultados de auditorias e inspeções orçamento;
realizadas; e) Quanto à renúncia de receitas: verificação da va-
VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalida- lidade da postura de renúncia a receitas que o
de de despesa ou irregularidade de contas, as san- governo deveria receber, devendo sempre ser
ções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras justificada.
cominações, multa proporcional ao dano causado ao
erário;

32
Resposta: Certo. As classificações básicas do controle
#FicaDica se referem a: órgão que o exerce (Executivo, Legislati-
Controle legislativo é aquele exercido pelo vo, Judiciário); fundamento (hierárquico ou finalístico);
Poder Legislativo, com auxílio do Tribunal de origem (interno, externo, popular); atividade adminis-
Contas, com relação às atividades administra- trativa (legalidade ou mérito); momento de exercício
tivas do Executivo e do Judiciário. (preventivo, concomitante, corretivo).
Classifica-se em controle político ou
financeiro. Responsabilidade Civil do Estado

A responsabilidade civil do Estado acompanha o ra-


ciocínio de que a principal consequência da prática de
EXERCÍCIOS COMENTADOS um ato ilícito é a obrigação que gera para o seu auto de
reparar o dano, mediante o pagamento de indenização
1. (STJ - ANALISTA JUDICIÁRIO - OFICIAL DE JUS- que se refere às perdas e danos. Afinal, quem pratica um
TIÇA AVALIADOR FEDERAL - CESPE/2018) Acerca ato ou incorre em omissão que gere dano deve suportar
dos princípios e dos poderes da administração pública, as consequências jurídicas decorrentes, restaurando-se o
da organização administrativa, dos atos e do contro- equilíbrio social. Todos os cidadãos se sujeitam às regras
le administrativo, julgue o item a seguir, considerando da responsabilidade civil, tanto podendo buscar o res-
a legislação, a doutrina e a jurisprudência dos tribunais sarcimento do dano que sofreu quanto respondendo por
superiores. aqueles danos que causar. Da mesma forma, o Estado
Cabe ao Poder Legislativo o poder-dever de controle fi- tem o dever de indenizar os membros da sociedade pe-
nanceiro das atividades do Poder Executivo, o que impli- los danos que seus agentes causem durante a prestação
ca a competência daquele para apreciar o mérito do ato do serviço, inclusive se tais danos caracterizarem uma
administrativo sob o aspecto da economicidade. violação aos direitos humanos reconhecidos.

( ) CERTO   ( ) ERRADO Histórico


Resposta: Certo. O controle feito pelo Poder Legislati- “Na metade do século XIX, a ideia que prevaleceu
vo atinge atos administrativos do Executivo e do Judi- no mundo ocidental era a de que o Estado não tinha
ciário. Sendo assim, o Legislativo controla o Executivo
qualquer responsabilidade pelos atos praticados por
tanto no aspecto da legalidade quanto no do mérito
seus agentes. A solução era muito rigorosa para com os
do ato administrativo, de modo que se o Executivo
particulares em geral, mas obedecia às reais condições
praticar um ato contrário à economicidade o Legislati-
políticas da época. O denominado Estado Liberal tinha li-
vo poderá exercer controle sobre ele.
mitada atuação, raramente intervindo nas relações entre
2. (CGM DE JOÃO PESSOA/PB - CONHECIMENTOS particulares, de modo que a doutrina de sua irresponsa-
BÁSICOS - CARGOS: 1, 2 E 3 - CESPE/2018) Acerca do bilidade constituía mero corolário da figuração política
controle da atividade financeira do Estado e do contro- de afastamento e da equivocada isenção que o Poder
le exercido pelos tribunais de contas, julgue o próximo Público assumia àquela época. A ideia anterior, da intan-
item. gibilidade do Estado, decorria da irresponsabilidade do
Compete ao Tribunal de Contas da União, entre outras monarca, traduzida nos postulados ‘the king can do no
atribuições, representar ao poder competente sobre irre- wrong’ e ‘le roi ne peut mal faire’”32.
gularidades ou abusos apurados.

( ) CERTO   ( ) ERRADO
Resposta: Certo. Neste sentido, preconiza o artigo
71, XI, CF: “O controle externo, a cargo do Congresso
Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Contas da União, ao qual compete: [...] XI – representar


ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos
apurados”.

3. (CGM DE JOÃO PESSOA/PB - TÉCNICO MUNICI-


PAL DE CONTROLE INTERNO - GERAL - CESPE/2018)
Julgue o item a seguir, referente a conceitos, tipos e for-
mas de controle na administração pública.
Os tipos e as formas de controle da atividade adminis-
trativa variam segundo o poder, o órgão ou a autoridade
que o exercita ou o fundamenta.

( ) CERTO   ( ) ERRADO 32 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Adminis-
trativo. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2015.

33
Trata-se de responsabilidade extracontratual porque
#FicaDica não depende de ajuste prévio, basta a caracterização de
- Teoria da irresponsabilidade – O rei não elementos genéricos pré-determinados, que perpassam
pode fazer nada errado – Estados não po- pela leitura concomitante do Código Civil (artigos 186,
dem ser responsabilizados. 187 e 927) com a Constituição Federal (artigo 37, §6°).
- Teorias civilistas – Uma delas era a teoria da É preciso lembrar que não é o Estado em si que viola
culpa comum do Estado, que equiparava o Es- os direitos, porque o Estado é uma ficção formada por
tado a um indivíduo qualquer, logo, deveria ser um grupo de pessoas que desempenham as atividades
analisado na conduta do Estado ação/omissão, estatais diversas. Assim, viola direitos o agente que o re-
nexo causal e dano; outra delas é a teoria da res- presenta, fazendo com que o próprio Estado seja respon-
ponsabilidade subjetiva do agente público, pela sabilizado por isso civilmente, pagando pela indenização
qual apenas o agente público deveria responder (reparação dos danos materiais e morais). Sem prejuízo,
pelo dano causado por sua ação/omissão com com relação a eles, caberá ação de regresso se agiram
dolo ou culpa, mas o Estado ficaria isento. com dolo ou culpa.
- Teoria da culpa administrativa – É a primei- Genericamente, os elementos da responsabilidade ci-
ra teoria a reconhecer a responsabilidade do vil se encontram no art. 186 do Código Civil:
Estado de indenizar, ultrapassada a concep-
ção de culpa do agente público. O Estado se- Artigo 186, CC. Aquele que, por ação ou omissão vo-
ria responsabilizado desde que demonstrada
luntária, negligência ou imprudência, violar direito e
a falta do serviço e o dano gerado por esta
causar dano a outrem, ainda que exclusivamente mo-
falta.
ral, comete ato ilícito.
- Teoria do risco administrativo – É a mais
Este é o artigo central do instituto da responsabilida-
atual e adotada no ordenamento brasileiro.
O Estado tem obrigação de indenizar inde- de civil, que tem como elementos: ação ou omissão
pendentemente da falta do serviço ou da voluntária (agir como não se deve ou deixar de agir
culpa do agente público. como se deve), culpa ou dolo do agente (dolo é a von-
tade de cometer uma violação de direito e culpa é a
falta de diligência), nexo causal (relação de causa e
Responsabilidade civil do Estado no direito efeito entre a ação/omissão e o dano causado) e dano
brasileiro (dano é o prejuízo sofrido pelo agente, que pode ser
individual ou coletivo, moral ou material, econômico
O instituto da responsabilidade civil é parte inte- e não econômico).
grante do direito obrigacional, uma vez que a principal
consequência da prática de um ato ilícito é a obrigação Conforme o caso, a culpa será ou não considerada
que gera para o seu auto de reparar o dano, mediante o necessária para reparar o dano. Pela teoria clássica, a cul-
pagamento de indenização que se refere às perdas e da- pa é fundamento da responsabilidade, tanto que a teoria
nos. Afinal, quem pratica um ato ou incorre em omissão é conhecida como teoria da culpa ou subjetiva, pela qual
que gere dano deve suportar as consequências jurídicas não havendo culpa, não há responsabilidade.
decorrentes, restaurando-se o equilíbrio social.33 A lei impõe, no entanto, a certas pessoas, em deter-
A responsabilidade civil, assim, difere-se da penal, minadas situações, a reparação de um dano cometido
podendo recair sobre os herdeiros do autor do ilícito até sem culpa. Sempre que isso acontece, entende-se que
os limites da herança, embora existam reflexos na ação a responsabilidade é legal ou objetiva, não dependendo
que apure a responsabilidade civil conforme o resultado de culpa, bastando o dano e o nexo de causalidade (a
na esfera penal (por exemplo, uma absolvição por nega- culpa pode ou não existir, mas nem é avaliada).
tiva de autoria impede a condenação na esfera cível, ao Na responsabilidade subjetiva, provar a culpa é pres-
passo que uma absolvição por falta de provas não o faz). suposto do dano indenizável; enquanto que na respon-
A responsabilidade civil do Estado acompanha o ra- sabilidade objetiva o elemento culpa é excluído (restam
ciocínio de que a principal consequência da prática de apenas ação ou omissão, dano e nexo causal), sendo
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

um ato ilícito é a obrigação que gera para o seu auto de substituído pelo risco.
reparar o dano, mediante o pagamento de indenização Mesmo na responsabilidade objetiva, não se pode
que se refere às perdas e danos. Todos os cidadãos se su- responsabilizar quem não tenha dado causa ao evento,
jeitam às regras da responsabilidade civil, tanto poden- sendo imprescindível a demonstração do nexo causal.
do buscar o ressarcimento do dano que sofreu quanto Teorias da responsabilidade objetiva surgem por se
respondendo por aqueles danos que causar. Da mesma entender que a culpa é insuficiente para regular todas as
forma, o Estado tem o dever de indenizar os membros da situações de responsabilidade civil. A responsabilidade
sociedade pelos danos que seus agentes causem durante objetiva não substitui a responsabilidade subjetiva, mas
a prestação do serviço, inclusive se tais danos caracteri- fica circunscrita aos seus próprios limites, notadamente,
zarem uma violação aos direitos humanos reconhecidos. quando a atividade – por sua natureza – representar risco
para os direitos de outrem.
33 GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade Civil. 9. ed. São
Paulo: Saraiva, 2005.

34
Logo, uma das teorias que justificam a responsabili- Diante de tal premissa, entende-se que a responsa-
dade objetiva é a teoria do risco, pela qual toda pessoa bilidade civil do Estado será objetiva apenas no caso de
que exerce alguma atividade cria um risco de dano para ações, mas subjetiva no caso de omissões. Em outras pa-
terceiros e deve repará-lo caso ocorra (desloca-se a no- lavras, verifica-se se o Estado se omitiu tendo plenas con-
ção de culpa para a noção de risco). dições de não ter se omitido, isto é, ter deixado de agir
quando tinha plenas condições de fazê-lo, acarretando
O Código Civil brasileiro filia-se à teoria subjetiva:
em prejuízo dentro de sua previsibilidade.
São casos nos quais se reconheceu a responsabilida-
Art. 186, CC. Aquele, que por ação ou omissão vo-
luntária, negligência ou imprudência, violar direito de omissiva do Estado: morte de filho menor em creche
e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente municipal, buracos não sinalizados na via pública, ten-
moral, comete ato ilícito”. Coloca-se no artigo a culpa tativa de assalto a um usuário do metrô resultando em
lato sensu (sentido amplo), que envolve tanto o dolo morte, danos provocados por enchentes e escoamento
quando a culpa stricto sensu (sentido estrito, de negli- de águas pluviais quando o Estado sabia da problemática
gência, imprudência ou imperícia). e não tomou providência para evitá-las, morte de deten-
to em prisão, incêndio em casa de shows fiscalizada com
Entretanto, em diversos dispositivos esparsos e legis- negligência, etc.
lações específicas estabelecem casos em que não se apli-
cará a responsabilidade subjetiva, mas a objetiva: Requisitos para a demonstração da responsabili-
dade do Estado
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187),
causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
1) Dano - somente é indenizável o dano certo, espe-
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,
independentemente de culpa, nos casos especificados cial e anormal. Certo é o dano real, existente. Espe-
em lei, ou quando a atividade normalmente desenvol- cial é o dano específico, individualizado, que atinge
vida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, determinada ou determinadas pessoas. Anormal é
risco para os direitos de outrem. o dano que ultrapassa os problemas comuns da
vida em sociedade (por exemplo, infelizmente os
assaltos são comuns e o Estado não responde por
#FicaDica todo assalto que ocorra, a não ser que na circuns-
O ordenamento jurídico brasileiro adota a te- tância específica possuía o dever de impedir o as-
oria do risco administrativo, a qual reconhece salto, como no caso de uma viatura presente no
a obrigação de reparar o dano independen- local - muito embora o direito à segurança pessoal
temente da falta do serviço ou da culpa do seja um direito humano reconhecido).
agente público. Basicamente, a teoria do risco 2) Agentes públicos - é toda pessoa que trabalhe
administrativo reconhece a existência de res- dentro da administração pública, tenha ingressado
ponsabilidade civil objetiva do Estado. ou não por concurso, possua cargo, emprego ou
função. Envolve os agentes políticos, os servido-
res públicos em geral (funcionários, empregados
Responsabilidade por ato comissivo do Estado; ou temporários) e os particulares em colaboração
Responsabilidade por omissão do Estado (por exemplo, jurado ou mesário).
3) Dano causado quando o agente estava agindo
No caso da responsabilidade civil do Estado, o cons- nesta qualidade - é preciso que o agente este-
tituinte viu por bem adotar como regra geral a teoria da ja lançando mão das prerrogativas do cargo, não
responsabilidade objetiva: agindo como um particular.

Artigo 37, §6º, CF. As pessoas jurídicas de direito pú- Sem estes três requisitos, não será possível acionar o
blico e as de direito privado prestadoras de serviços Estado para responsabilizá-lo civilmente pelo dano, por
públicos responderão pelos danos que seus agentes, mais relevante que tenha sido a esfera de direitos atin-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o gida. Assim, não é qualquer caminho que permite a res-
direito de regresso contra o responsável nos casos de ponsabilização civil do Estado, mas somente aquele que
dolo ou culpa. é causado por um agente público no exercício de suas
Logo, para que se caracterize a responsabilidade do funções e que exceda as expectativas do lesado quanto
Estado basta a comprovação dos elementos ação, à atuação do Estado.
nexo causal e dano, como regra geral. Contudo, toma-
das as exigências de características dos danos acima
colacionadas, notadamente a anormalidade, conside-
ra-se que para o Estado ser responsabilizado por um
dano, ele deve exceder expectativas cotidianas, isto é,
não cabe exigir do Estado uma excepcional vigilância
da sociedade e a plena cobertura de todas as fatalida-
des que possam acontecer em território nacional.

35
c) Fato de terceiro
#FicaDica
Tomada a teoria da responsabilidade objetiva, São casos em que a causa necessária para o dano não
que exige ação, nexo causal e dano, pode-se foi nem o comportamento do agente e nem o da vítima.
dizer que são requisitos da responsabilidade O agente, na contestação, fará nomeação à autoria – ge-
do Estado: rando exclusão, não o futuro regresso da denunciação
Fato do serviço – A ação foi praticada por um da lide.
agente público; Terceiro não identificado – o agente não se responsa-
Nexo de causalidade – Entre o fato do serviço biliza, pois não teve um comportamento – act of God (do
e o dano; inglês, ato de Deus) – fortuito externo.
Dano – Causado pelo agente público no exer-
cício da função. Reparação do dano

Não é de hoje que o Direito é pacífico ao afirmar o


Causas excludentes e atenuantes da responsabili- fato de que a prática de um ato ilícito gera um dever
dade do Estado de reparação. Há muito, o dever de reparação se dava
pela causação de dano igual ao ofensor; nos ditames do
Não é sempre que o Estado será responsabilizado. Há direito moderno, o dever de reparação se consolida pela
excludentes da responsabilidade estatal, aprofundadas obrigação de indenizar (tanto pelo dano material quanto
abaixo, notadamente: a) caso fortuito (fato de terceiro) pelo dano moral).
ou força maior (fato da natureza) fora dos alcances da Por um só fato pode caber dano patrimonial e dano
previsibilidade do dano; b) culpa exclusiva da vítima. moral, se esta lesão gerar os 2 tipos de consequências –
Todas estas excludentes geram a exclusão do ele- súmula 37, STJ – pelo dano patrimonial busca-se a inde-
mento nexo causal, que é o liame subjetivo entre a ação/ nização (eliminar o dano) ou ressarcimento (pagamento
omissão e o dano, não do elemento culpa, que envolve da coisa), o que coloca a vítima na situação financeira que
o aspecto volitivo da ação/omissão. Afinal, em regra, a tinha antes do dano (retorno ao status quo ante); pelo
responsabilidade civil do Estado é objetiva, de modo que dano extrapatrimonial, como não há preço que repare a
a ausência de culpa ainda caracteriza a responsabilidade. ofensa à dignidade, o que se busca é uma compensação
Logo, caso se esteja diante de uma hipótese de respon- ou satisfação (compensa-se pois o valor é uma resposta
sabilidade civil do Estado subjetiva por omissão, também do Judiciário no sentido de que a ofensa não ficará im-
a ausência de culpa excluirá o dever de indenizar. pune; satisfação é a postura do Estado de responder pela
ofensa à dignidade). A palavra adequada para designar
a) Fortuito ambos é REPARAÇÃO (vide caput do artigo 948, que fala
em outras reparações, trazendo lucro cessante e dano
Hoje, fortuito e força maior são sinônimos. Trata-se emergente nos incisos).
de fato externo à conduta do agente de natureza inevi- O artigo 5º, X, CF constitucionalizou como direito fun-
tável (externabilidade + inevitabilidade), conforme artigo damental a reparação do dano moral. Hoje, não há dú-
393, parágrafo único, CC. Imprevisibilidade não é atribu- vida de que cabe ação pleiteando exclusivamente dano
to de caso fortuito (ex.: terremoto no Japão é previsível, moral – é o dano moral puro, presente na expressão “ain-
mas é externo e inevitável, logo, o caso é fortuito). da que exclusivamente moral” do artigo 186, CC.
Fortuito interno é diferente de fortuito externo. For-
tuito interno se relaciona com a atividade ordinária do Direito de regresso
causador do dano – há responsabilidade, por exemplo,
falha dos freios gerando acidente de ônibus. O fortuito Prevê o artigo 37, §6° da Constituição Federal:
externo não é introduzido pelo agente, por exemplo, as-
salto, infarto, chuva forte. No fortuito interno o risco é de Artigo 37, §6º, CF. As pessoas jurídicas de direito pú-
dentro pra fora, no fortuito externo é de fora pra dentro. blico e as de direito privado prestadoras de serviços
Apenas no primeiro há dever de indenizar, isto é, mostra- públicos responderão pelos danos que seus agentes,
-se necessário o vínculo com a atividade. nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Ex.: Para o STF, o banco tem o dever de dar segurança, direito de regresso contra o responsável nos casos de
tudo o que ocorre nele é fortuito interno. Inclusive, o STJ dolo ou culpa.
diz que fazem parte do risco da instituição financeira os Este artigo deixa clara a formação de uma relação ju-
golpes que possa sofrer, por exemplo, subtração fraudu- rídica autônoma entre o Estado e o agente público que
lenta dos cofres em sua guarda (Informativo nº 468, STJ). causou o dano no desempenho de suas funções. Nes-
ta relação, a responsabilidade civil será subjetiva, ou
b) Fato exclusivo da vítima seja, caberá ao Estado provar a culpa do agente pelo
dano causado, ao qual foi anteriormente condenado a
Quem provocou o dano foi a própria vítima. reparar. Direito de regresso é justamente o direito de
Fato concorrente – Fenômeno da causalidade múl- acionar o causador direto do dano para obter de volta
tipla ou autoria plural – 2 condutas concorrentes para aquilo que pagou à vítima, considerada a existência
produzir um único dano. Somente reduz o montante de de uma relação obrigacional que se forma entre a ví-
danos. tima e a instituição que o agente compõe.

36
Assim, o Estado responde pelos danos que seu agen- Responsabilidade do Estado por atos legislativos
te causar aos membros da sociedade, mas se este agente e judiciais
agiu com dolo ou culpa deverá ressarcir o Estado do que
foi pago à vítima. O agente causará danos ao praticar “Por atos (permissão, licença) ou fatos (atos materiais,
condutas incompatíveis com o comportamento ético a exemplo da construção de obras públicas) administra-
dele esperado.34 tivos que causem danos a terceiros a regra é a respon-
A responsabilidade civil do servidor exige prévio pro- sabilidade civil do Estado, mas por atos legislativos (leis)
cesso administrativo disciplinar no qual seja assegura- e judiciais (sentenças) a regra é a irresponsabilidade. Em
do contraditório e ampla defesa. Trata-se de responsa- princípio, o Estado não responde por prejuízos decorren-
bilidade civil subjetiva ou com culpa. Havendo ação ou tes de sentença ou de lei, salvo se expressamente impos-
omissão com culpa do servidor que gere dano ao erário ta tal obrigação por lei ou oriunda de culpa manifesta no
(Administração) ou a terceiro (administrado), o servidor desempenho das funções de julgar e legislar.
terá o dever de indenizar. Não obstante, agentes públi- A lei e a sentença, atos típicos, respectivamente, do
cos que pratiquem atos violadores de direitos humanos Poder Legislativo e do Poder Judiciário, dificilmente po-
se sujeitam à responsabilidade penal e à responsabili- derão causar dano reparável (certo, especial, anormal,
dade administrativa, todas autônomas uma com relação referente a uma situação protegida pelo Direito e de va-
à outra e à já mencionada responsabilidade civil. Neste lor economicamente apreciável). Com efeito, a lei age de
sentido, o artigo 125 da Lei nº 8.112/90: forma geral, abstrata e impessoal e suas determinações
constituem ônus generalizados impostos a toda coletivi-
Artigo 125, Lei nº 8.112/1990. As sanções civis, penais dade. Nesse particular, o que já se viu foi a declaração de
e administrativas poderão cumular-se, sendo indepen- responsabilidade patrimonial do Estado por ato baseado
dentes entre si. em lei declarada, posteriormente, como inconstitucional.
Assim, a edição de lei inconstitucional pode obrigar o Es-
Com efeito, no caso da responsabilidade civil, o Es- tado a reparar os prejuízos dela decorrentes. Fora dessa
tado é diretamente acionado e responde pelos atos de hipótese, o que se tem é a não-obrigação de indenizar.
seus servidores que violem direitos, cabendo eventual- A sentença não pode propiciar qualquer ressarcimen-
mente ação de regresso contra ele. Contudo, nos casos to por eventuais danos que possa acarretar às partes ou
da responsabilidade penal e da responsabilidade admi- a terceiros. Devem ser ressalvadas as hipóteses de con-
nistrativa aciona-se o agente público que praticou o ato. denações pessoais injustas, cuja absolvição é obtida em
Destaca-se a independência entre as esferas civil, penal revisão criminal (CF, art. 5º, LXXV). Observe-se, que nos
e administrativa no que tange à responsabilização do casos em que o Juiz, a exemplo do que prevê o art. 133
agente público que cometa ato ilícito. do Código de Processo Civil, responde, pessoalmente,
por dolo, fraude, recusa, omissão ou retardamento injus-
tificado de atos ou providências de seu ofício, não se tem
#FicaDica responsabilidade patrimonial do Estado. A responsabili-
O fato de o agente público ter agido com dade é do Juiz, não se transmitindo ao Estado”35.
culpa apenas é relevante para os fins de re-
gresso, ou seja, o Estado poderá retomar do
agente o valor da indenização se ele agiu EXERCÍCIOS COMENTADOS
com culpa ou dolo. Se o agente não tiver agi-
do com dolo ou culpa, ainda assim o Estado
terá que indenizar (devido à adoção da teo- 1. (TJ-AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO (ÁREA JUDICIÁRIA)
ria do risco administrativo para fins de res- – FGV – 2018) Miro, quando passava na calçada lateral
ponsabilidade objetiva do Estado), mas não do edifício da Câmara de Vereadores do Município de
terá direito de regresso. São Paulo, é atingido por parte da janela que caiu do
Gabinete da Presidência da Casa Legislativa. Nessa hi-
pótese, a pessoa jurídica que responderá por eventual
Responsabilidade primária e subsidiária indenização será:
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

O Estado responde diretamente pelos danos causa- a) a Câmara de Vereadores;


dos por seus agentes públicos, ou seja, por aqueles que b) a Casa Legislativa;
estão vinculados a qualquer dos órgãos da administra- c) a Prefeitura;
ção direta ou indireta: trata-se de responsabilidade pri- d) o Município;
mária, embora exista o direito de regresso. e) a Presidência da Câmara de Vereadores.
Contudo, existem situações em que o Estado apenas
irá responder se o verdadeiro responsável pelo dano não Resposta; Letra D.
puder repará-lo, por exemplo, no caso de suas conces- Em “a”, “b”, “c” e “e”, nenhum dos órgãos enumera-
sionárias e delegatárias de serviços públicos. No caso, dos possui personalidade jurídica (artigo 41, CC). Ain-
tem-se responsabilidade subsidiária. da, nos moldes da súmula nº 525, STJ: “a Câmara de
34 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São Paulo: 35 http://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/903/Responsabili-
Método, 2011. dade-Civil-do-Estado

37
Vereadores não possui personalidade jurídica, apenas caso, de um assalto numa rua deserta, a responsabili-
personalidade judiciária, somente podendo demandar dade é subjetiva, pois o Estado não tem recursos para
em juízo para defender os seus direitos institucionais”. assegurar o policiamento total. Contudo, em casos de
Em “d”, conforme o artigo 41, III, CC: “são pessoas jurí- omissões do Estado que ocorram em contexto em que
dicas de direito público interno: [...] III - os Municípios; se esperaria um melhor desempenho de suas funções,
[...]”. Ainda, prevê o artigo 43, CC, “as pessoas jurídicas entende-se que a omissão é específica. É o que ocor-
re no caso do assalto em frente de a uma delegacia,
de direito público interno são civilmente responsáveis
em plena luz do dia. Seria de se esperar que o Estado
por atos dos seus agentes que nessa qualidade cau-
exercesse uma adequada prestação dos serviços de
sem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo segurança neste cenário. Por isso, a responsabilidade
contra os causadores do dano, se houver, por parte é objetiva.
destes, culpa ou dolo”. No mesmo sentido, o artigo
37, § 6o, CF: “As pessoas jurídicas de direito público
e as de direito privado prestadoras de serviços públi-
cos responderão pelos danos que seus agentes, nessa REGIME JURÍDICO DOS SERVIDORES
qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito PÚBLICOS CIVIS DO ESTADO DA BAHIA –
de regresso contra o responsável nos casos de dolo LEI ESTADUAL Nº 6.677/94
ou culpa”. Não cabe a responsabilização direta dos
órgãos da administração, a qual recai sobre a pessoa
jurídica, no caso, o Município.
Prezado aluno, visto a extensão e o formato do
mateiral solicitado disponibilizamos o conteúdo na
2. (TJ-SC – ANALISTA JURÍDICO – FGV – 2018) Imagine
íntegra para consulta em nosso site confira em www.
duas hipóteses em que um cidadão é vítima de roubo em novaconcursos.com.br/retificacoes.
via pública. O primeiro crime ocorre em uma rua deserta
de madrugada, e o segundo, em rua movimentada, na
parte da tarde, em frente à delegacia, onde havia policiais
na entrada, que nada fizeram. De acordo com jurispru- LEI FEDERAL Nº 8.429/1992
dência e doutrina modernas, em tese, incide a responsa- (DISPÕE SOBRE AS SANÇÕES
bilidade civil: APLICÁVEIS AOS AGENTES
PÚBLICOS NOS CASOS DE
a) objetiva em ambas as hipóteses, e a omissão es-
ENRIQUECIMENTO ILÍCITO
tatal acarreta o dever de indenizar o cidadão, sem
NO EXERCÍCIO DE MANDATO,
necessidade de comprovação do elemento subje-
tivo do agente público;
CARGO, EMPREGO OU
b) subjetiva em ambas as hipóteses, e a omissão es- FUNÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO
tatal acarreta o dever de indenizar o cidadão, com PÚBLICA DIRETA, INDIRETA OU
necessidade de comprovação do elemento subje- FUNDACIONAL E DÁ OUTRAS
tivo do agente público; PROVIDÊNCIAS)
c) objetiva na segunda hipótese, e a omissão especí-
fica estatal acarreta o dever de indenizar o cidadão,
sem necessidade de comprovação do elemento A Lei n° 8.429/92 trata da improbidade administrativa,
subjetivo do agente público; que é uma espécie qualificada de imoralidade, sinônimo
d) subjetiva na primeira hipótese, e a omissão genéri- de desonestidade administrativa. A improbidade é uma
ca estatal acarreta o dever de indenizar o cidadão, lesão ao princípio da moralidade, que deve ser respeita-
sem necessidade de comprovação do elemento do estritamente pelo servidor público. O agente ímpro-
subjetivo do agente público; bo sempre será um violador do princípio da moralidade,
e) objetiva na primeira hipótese, e a omissão específi- pelo qual “a Administração Pública deve agir com boa-fé,
ca estatal acarreta o dever de indenizar o cidadão, sinceridade, probidade, lhaneza, lealdade e ética”36.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

sem necessidade de comprovação do elemento A Lei nº 8.429/92 reforça os princípios da administra-


subjetivo do agente público. ção consagrados no artigo 37, caput, CF em seu artigo 4o,
dentre eles o da moralidade:
Resposta; Letra C.
Art. 4° Os agentes públicos de qualquer nível ou hie-
Em “a”, “b”, “d” e “e”, é objetiva no segundo caso e sub- rarquia são obrigados a velar pela estrita observância
jetiva no primeiro, conforme se explana na explicação dos princípios de legalidade, impessoalidade, morali-
da assertiva correta. dade e publicidade no trato dos assuntos que lhe são
Em “c”, a responsabilidade do Estado por omissão, em afetos.
regra, é subjetiva. O Estado não poderia se responsa-
bilizar por toda falha da segurança pública, da saúde
ou de outras áreas, pois é impossível ao Estado coibir 36
LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 15. ed. São
toda violação de direitos em seu âmbito. No primeiro Paulo: Saraiva, 2011.

38
Com o advento da Lei nº 8.429/92, os agentes públi- categoria residual, valendo para o servidor que te-
cos passaram a ser responsabilizados na esfera civil pelos nha tais atribuições e responsabilidades mas não
atos de improbidade administrativa descritos nos artigos exerça cargo ou emprego público. Percebe-se que
9º a 11, ficando sujeitos às penas do art. 12. A existência o conceito de agente público que se sujeita à lei é
de esferas distintas de responsabilidade (civil, penal e ad- o mais amplo possível.
ministrativa) impede falar-se em bis in idem, já que, onto- • o exercício pode se dar na administração direta,
logicamente, não se trata de punições idênticas, embora indireta ou fundacional. A administração pública
baseadas no mesmo fato, mas de responsabilização em apresenta uma estrutura direta e outra indireta,
esferas distintas do Direito. com seus respectivos órgãos. Por exemplo, são
A legislação em estudo, por sua vez, divide os atos de órgãos da administração direta os ministérios e
improbidade administrativa em quatro categorias: secretarias, isto é, os órgãos que compõem a es-
trutura do Executivo, Legislativo ou Judiciário; são
• Ato de improbidade administrativa que importe integrantes da administração indireta as autar-
enriquecimento ilícito; quias, fundações públicas, empresas públicas e so-
• Ato de improbidade administrativa que importe ciedades de economia mista.
lesão ao erário;
• Ato de improbidade administrativa decorrente de 1. Sujeito passivo
concessão ou aplicação indevida de benefício fi-
nanceiro ou tributário; Art. 1° Os atos de improbidade praticados por qual-
• Ato de improbidade administrativa que atente quer agente público, servidor ou não, contra a admi-
contra os princípios da administração pública. nistração direta, indireta ou fundacional de qualquer
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal,
dos Municípios, de Território, de empresa incorporada
#FicaDica ao patrimônio público ou de entidade para cuja cria-
Os atos de improbidade administrativa não ção ou custeio o erário haja concorrido ou concorra
são crimes de responsabilidade. Trata-se de com mais de cinquenta por cento do patrimônio ou da
punição na esfera cível, não criminal. Por receita anual, serão punidos na forma desta lei.
isso, caso o ato configure simultaneamen- Parágrafo único. Estão também sujeitos às penalida-
te um ato de improbidade administrativa des desta lei os atos de improbidade praticados contra
desta lei e um crime previsto na legislação o patrimônio de entidade que receba subvenção, be-
penal, o que é comum no caso do artigo 9°, nefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de órgão pú-
responderá o agente por ambos, nas duas blico bem como daquelas para cuja criação ou custeio
esferas. o erário haja concorrido ou concorra com menos de
cinquenta por cento do patrimônio ou da receita anu-
al, limitando-se, nestes casos, a sanção patrimonial à
Em suma, a lei encontra-se estruturada da seguinte repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres
forma: inicialmente, trata das vítimas possíveis (sujeito públicos.
passivo) e daqueles que podem praticar os atos de im-
probidade administrativa (sujeito ativo); ainda, aborda a “Sujeito passivo é a pessoa que a lei indica como ví-
reparação do dano ao lesionado e o ressarcimento ao tima do ato de improbidade administrativa”. A lei adota
patrimônio público; após, traz a tipologia dos atos de uma noção ampla, pela qual são abrangidas entidades
improbidade administrativa, isto é, enumera condutas de que, sem integrarem a Administração, possuem alguma
tal natureza; seguindo-se à definição das sanções aplicá- espécie de conexão com ela.37
veis; e, finalmente, descreve os procedimentos adminis- O agente público pode ser ou não um servidor públi-
trativo e judicial. co. O conceito de agente público é melhor delimitado no
Dispõe sobre as sanções aplicáveis aos agentes pú- artigo seguinte.
blicos nos casos de enriquecimento ilícito no exercício Ele poderá estar vinculado a qualquer instituição
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

de mandato, cargo, emprego ou função na administra- ou órgão que desempenhe diretamente o interesse do
ção pública direta, indireta ou fundacional e dá outras Estado. Assim, estão incluídos todos os integrantes da
providências. administração direta, indireta e fundacional, conforme o
O preâmbulo da lei em estudo já traz alguns elemen- preâmbulo da legislação. Pode até mesmo ser uma en-
tos importantes para a sua boa compreensão: tidade privada que desempenhe tais fins, desde que a
verba de criação ou custeio tenha sido ou seja pública
• o agente público pode estar exercendo mandato, em mais de 50% do patrimônio ou receita anual.
quando for eleito para tanto; cargo, no caso de Caso a verba pública que tenha auxiliado uma en-
um conjunto de atribuições e responsabilidades tidade privada a qual o Estado não tenha concorrido
conferido a um servidor submetido a regime es- para criação ou custeio, também haverá sujeição às
tatutário (é o caso do ingresso por concurso); em-
prego público, se o servidor se submeter a regime
celetista (CLT); função pública, que corresponde à
37
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administra-
tivo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

39
penalidades da lei. Em caso de custeio/criação pelo Es- • Tempo: exercício transitório ou definitivo;
tado que seja inferior a 50% do patrimônio ou receita • Remuneração: existente ou não;
anual, a legislação ainda se aplica. Entretanto, nestes dois • Espécie de vínculo: por eleição, nomeação, desig-
casos, a sanção patrimonial se limitará ao que o ilícito nação, contratação ou qualquer outra forma de in-
repercutiu sobre a contribuição dos cofres públicos. Sig- vestidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou
nifica que se o prejuízo causado for maior que a efetiva função;
contribuição por parte do poder público, o ressarcimento • Local do exercício: em qualquer entidade que pos-
terá que ser buscado por outra via que não a ação de sa ser sujeito passivo. Por exemplo, o funcionário
improbidade administrativa. de uma ONG criada pelo Estado é considerado
Basicamente, o dispositivo enumera os principais su- agente público para os efeitos desta lei.
jeitos passivos do ato de improbidade administrativa, di-
vidindo-os em três grupos: O terceiro, por sua vez, é aquele que pratica as con-
dutas de induzir ou concorrer em relação ao agente pú-
a) pessoas da administração direta, diretamente blico, ou seja, incentivando-o ou mesmo participando
vinculados a União, Estados, Distrito Federal ou diretamente do ilícito. Este terceiro jamais será pessoa
Municípios; jurídica, deve necessariamente ser pessoa física.
b) pessoas da administração indireta, isto é, autar-
quias, fundações públicas, empresas públicas e so- 3. Ressarcimento do dano
ciedades de economia mista;
c) pessoa cuja criação ou custeio o erário tenha con- Art. 5° Ocorrendo lesão ao patrimônio público por
tribuído com mais de 50% do patrimônio ou recei- ação ou omissão, dolosa ou culposa, do agente ou de
ta naquele ano. terceiro, dar-se-á o integral ressarcimento do dano.
No parágrafo único, a lei enumera os sujeitos passi- Integral ressarcimento do dano é a devolução cor-
vos secundários, que são: a) entidades que recebam sub- rigida monetariamente de todos os valores que foram
venção, benefício ou incentivo creditício pelo Estado; b)
retirados do patrimônio público. No entanto, destaca-se
pessoa cuja criação ou custeio o erário tenha contribuído
que a lei garante não só o integral ressarcimento, mas
com menos de 50% do patrimônio ou receita naquele
também a devolução do enriquecimento ilícito: mesmo
ano.
que a pessoa não cause prejuízo direto ao erário, mas
lucre com um ato de improbidade administrativa, os va-
2. Sujeito ativo
lores devem ir para os cofres públicos.
Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos des-
Art. 6° No caso de enriquecimento ilícito, perderá o
ta lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoria-
agente público ou terceiro beneficiário os bens ou va-
mente ou sem remuneração, por eleição, nomeação,
designação, contratação ou qualquer outra forma de lores acrescidos ao seu patrimônio.
investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou
função nas entidades mencionadas no artigo anterior. Estabelece o artigo 186 do Código Civil: “aquele que,
Art. 3° As disposições desta lei são aplicáveis, no que por ação ou omissão voluntária, negligência ou impru-
couber, àquele que, mesmo não sendo agente público, dência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
induza ou concorra para a prática do ato de improbi- exclusivamente moral, comete ato ilícito”. Este é o artigo
dade ou dele se beneficie sob qualquer forma direta central do instituto denominado responsabilidade civil,
ou indireta. que tem como elementos: ação ou omissão voluntária
(agir como não se deve ou deixar de agir como se deve),
Os sujeitos ativos do ato de improbidade administra- culpa ou dolo do agente (dolo é a vontade de come-
tiva se dividem em duas categorias: os agentes públicos, ter uma violação de direito e culpa é a falta de diligên-
definidos no art. 2°, e os terceiros, enumerados no art. 3°. cia), nexo causal (relação de causa e efeito entre a ação/
“Denomina-se sujeito ativo aquele que pratica o ato omissão e o dano causado) e dano (prejuízo sofrido pelo
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

de improbidade, concorre para sua prática ou dele extrai agente, que pode ser individual ou coletivo, moral ou
vantagens indevidas. É o autor ímprobo da conduta. Em material, econômico e não econômico). É a este instituto
alguns casos, não pratica o ato em si, mas oferece sua que se relacionam as sanções da perda de bens e valores
colaboração, ciente da desonestidade do comportamen- e de ressarcimento integral do dano.
to, Em outros, obtém benefícios do ato de improbidade, O tipo de dano que é causado pelo agente ao Estado
muito embora sabedor de sua origem escusa”38. é o material. No caso, há um correspondente financeiro
A ampla denominação de agentes públicos conferida direto, de modo que a condenação será no sentido de
pela lei de improbidade administrativa apenas tem efeito pagar ao Estado o equivalente ao prejuízo causado.
para os fins desta lei, ou seja, visando a imputação dos O agente público e o terceiro que com ele concor-
atos de improbidade administrativa. Percebe-se a ampli- ra responderão pelos danos causados ao erário público
tude pelos elementos do conceito: com seu patrimônio. Inclusive, perderão os valores patri-
moniais acrescidos devido à prática do ato ilícito. O dano
38
Ibid. causado deverá ser ressarcido em sua totalidade.

40
Art. 8° O sucessor daquele que causar lesão ao pa-
trimônio público ou se enriquecer ilicitamente está #FicaDica
sujeito às cominações desta lei até o limite do valor
da herança. Todos os atos de improbidade descritos nos
artigos 9o, 10 e 11 contam com um rol de
condutas que se enquadram nos elementos
Caso o sujeito ativo faleça no curso da ação de impro-
do caput. Contudo, basta o enquadramen-
bidade administrativa, os herdeiros arcarão com o dever
to no caput para se caracterizar o ato de
de ressarcir o dano, claro, nos limites dos bens que ele
improbidade administrativa. Significa dizer
deixar como herança. que o rol é apenas exemplificativo em cada
um dos artigos.
4. Indisponibilidade de bens

Art. 7° Quando o ato de improbidade causar lesão ao


patrimônio público ou ensejar enriquecimento ilícito, 5.1 Atos de Improbidade Administrativa que Im-
caberá a autoridade administrativa responsável pelo portam Enriquecimento Ilícito
inquérito representar ao Ministério Público, para a in-
disponibilidade dos bens do indiciado. Art. 9° Constitui ato de improbidade administrativa
Parágrafo único. A indisponibilidade a que se refere o importando enriquecimento ilícito auferir qualquer
caput deste artigo recairá sobre bens que assegurem o tipo de vantagem patrimonial indevida em razão do
integral ressarcimento do dano, ou sobre o acréscimo exercício de cargo, mandato, função, emprego ou ati-
patrimonial resultante do enriquecimento ilícito. vidade nas entidades mencionadas no art. 1° desta lei,
e notadamente:
Será oferecida representação ao Ministério Público
para que ele postule a indisponibilidade dos bens do in- O grupo mais grave de atos de improbidade adminis-
diciado, de modo a garantir que ele não aliene seu pa- trativa se caracteriza pelos elementos: enriquecimento +
trimônio para não reparar o ilícito. Por indisponibilidade ilícito + resultante de uma vantagem patrimonial indevi-
entende-se bloquear os bens para que não sejam vendi- da + em razão do exercício de cargo, mandato, emprego,
função ou outra atividade nas entidades do artigo 1°:
dos ou deteriorados, garantindo que o dano possa ser
reparado quando da condenação judicial.
• O enriquecimento deve ser ilícito, afinal, o Estado
A indisponibilidade será suficiente para dar integral
não se opõe que o indivíduo enriqueça, desde que
ressarcimento ao dano ou retirar todo o acréscimo patri-
obedeça aos ditames morais, notadamente no de-
monial resultante do ilícito. sempenho de função de interesse estatal.
• Exige-se que o sujeito obtenha vantagem patrimo-
5. Atos de Improbidade Administrativa nial ilícita. Contudo, é dispensável que efetivamen-
te tenha ocorrido dano aos cofres públicos (por
Como não é possível ser desonesto sem saber que se exemplo, quando um policial recebe propina pra-
está agindo desta forma, o elemento comum a todas as tica ato de improbidade administrativa, mas não
hipóteses de improbidade administrativa é o dolo, que atinge diretamente os cofres públicos).
consiste na intenção do agente em praticar o ato deso- • É preciso que a conduta se consume, ou seja, que
nesto (alguns entendem como inconstitucionais todas as realmente exista o enriquecimento ilícito decor-
referências a condutas culposas - inclusive parte do STJ). rente de uma vantagem patrimonial indevida.
Os atos de improbidade administrativa foram dividi- • Como fica difícil imaginar que alguém possa se en-
dos, originalmente, em três grupos, nos artigos 9°, 10 e riquecer ilicitamente por negligência, imprudência
11, conforme a gravidade do ato, indo do grupo mais ou imperícia, todas as condutas configuram atos
grave ao menos grave. Em seguida, foi inserido um novo dolosos (com intenção).
grupo no artigo 10-A. A cada grupo é aplicada uma es- • Não cabe prática por omissão.40
pécie diferente de sanção no caso de confirmação da
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

prática do ato apurada na esfera administrativa. Entende Carvalho Filho41 que no caso do art. 9° o re-
Nos três grupos originais do capítulo II, enquanto o quisito é o enriquecimento ilícito, ao passo que “o pres-
caput traz as condutas genéricas, os incisos delimitam suposto exigível do tipo é a percepção de vantagem pa-
condutas específicas, que nada mais são do que exem- trimonial ilícita obtida pelo exercício da função pública
plos de situações do caput, logo, os incisos são uma re- em geral. Pressuposto dispensável é o dano ao erário”. O
lação meramente exemplificativa39, sendo suficiente bem elemento subjetivo é o dolo, pois fica difícil imaginar que
compreender como encontrar os requisitos genéricos um servidor obtenha vantagem indevida por negligência,
para fins de provas. No grupo acrescido posteriormen- imprudência ou imperícia (culpa). Da mesma forma, é in-
te, o legislador não discriminou em incisos as condutas compatível com a conduta omissiva, aceitando apenas a
praticáveis. comissiva (ação).

SPITZCOVSKY, Celso. Direito administrativo. 13. ed. São Paulo:


40

Método, 2011.
39
Ibid. 41 CARVALHO FILHO, José dos Santos... Op. Cit.

41
Todas as condutas descritas abaixo são meros exem- Nenhum ato administrativo pode ser praticado ou
plos de condutas compostas pelos elementos genéricos omitido para facilitar condutas como lenocínio (explorar,
da cabeça do artigo. Com efeito, estando eles presentes, estimular ou facilitar a prostituição), narcotráfico (envol-
não importa a ausência de dispositivo expresso no rol ver-se em atividades no mundo das drogas, como venda
abaixo. e distribuição), contrabando (importar ou exportar mer-
cadoria proibida), usura (agiotagem, fornecer dinheiro
I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem a juros absurdos) ou qualquer outra atividade ilícita. Se,
móvel ou imóvel, ou qualquer outra vantagem eco- ainda por cima, se obter vantagem indevida pela tole-
nômica, direta ou indireta, a título de comissão, per- rância da prática do ilícito, resta caracterizado um ato de
centagem, gratificação ou presente de quem tenha improbidade administrativa da espécie mais grave, ora
interesse, direto ou indireto, que possa ser atingido ou descrita neste art. 9° em estudo.
amparado por ação ou omissão decorrente das atri-
buições do agente público; VI - receber vantagem econômica de qualquer nature-
Significa receber qualquer vantagem econômica, in- za, direta ou indireta, para fazer declaração falsa so-
clusive presentes, de pessoas que tenham interesse di- bre medição ou avaliação em obras públicas ou qual-
reto ou indireto em que o agente público faça ou deixe quer outro serviço, ou sobre quantidade, peso, medida,
de fazer alguma coisa. qualidade ou característica de mercadorias ou bens
II - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, fornecidos a qualquer das entidades mencionadas no
para facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem art. 1º desta lei;
móvel ou imóvel, ou a contratação de serviços pelas
entidades referidas no art. 1° por preço superior ao Da mesma forma, é vedado o recebimento de vanta-
valor de mercado; gens para fazer declarações falsas na avaliação de obras
III - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, e serviços em geral.
para facilitar a alienação, permuta ou locação de bem
VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercício de
público ou o fornecimento de serviço por ente estatal
mandato, cargo, emprego ou função pública, bens de
por preço inferior ao valor de mercado;
qualquer natureza cujo valor seja desproporcional à
evolução do patrimônio ou à renda do agente público;
Tratam-se de espécies da conduta do inciso anterior,
na qual o fim visado é permitir a aquisição, alienação, tro-
A desproporção entre e pode ser praticado por ação
ca ou locação de bem móvel ou imóvel por preço diverso
ou omissão.
ao de mercado. Percebe-se um ato de improbidade que
O objeto da tutela é a preservação do patrimônio pú-
causa prejuízo direto ao erário.
blico, em todos seus bens e valores. O pressuposto exi-
No inciso II, o Estado que compra, troca ou aluga bem
gível é a ocorrência de dano ao patrimônio dos sujeitos
móvel ou imóvel para sua utilização acima do preço de passivos.
mercado; no inciso III, um bem móvel ou imóvel perten- Este artigo admite expressamente a variante culposa,
cente ao Estado é vendido, trocado ou alugado em preço o que muitos entendem ser inconstitucional. O STJ, no
inferior ao de mercado. REsp n° 939.142/RJ, apontou alguns aspectos da incons-
titucionalidade do artigo. Contudo, “a jurisprudência do
IV - utilizar, em obra ou serviço particular, veículos, STJ consolidou a tese de que é indispensável a existência
máquinas, equipamentos ou material de qualquer na- de dolo nas condutas descritas nos artigos 9º e 11 e ao
tureza, de propriedade ou à disposição de qualquer menos de culpa nas hipóteses do artigo 10, nas quais o
das entidades mencionadas no art. 1° desta lei, bem dano ao erário precisa ser comprovado. De acordo com
como o trabalho de servidores públicos, empregados o ministro Castro Meira, a conduta culposa ocorre quan-
ou terceiros contratados por essas entidades; do o agente não pretende atingir o resultado danoso,
mas atua com negligência, imprudência ou imperícia
Todo aparato dos órgãos públicos serve para atender (REsp n° 1.127.143)”42. Para Carvalho Filho43, não há in-
ao Estado e, consequentemente, à preservação do bem constitucionalidade na modalidade culposa, lembrando
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

comum na sociedade. Logo, quando um servidor públi- que é possível dosar a pena conforme o agente aja com
co utiliza esta estrutura material ou pessoal para atender dolo ou culpa.
aos seus próprios interesses, causa prejuízo direto aos O ponto central é lembrar que neste artigo não se exi-
cofres públicos e obtém uma vantagem indevida (a na- ge que o sujeito ativo tenha percebido vantagens indevi-
tural vantagem decorrente do uso de algo que não lhe das, basta o dano ao erário. Se tiver recebido vantagem
pertence). indevida, incide no artigo anterior. Exceto pela não per-
cepção da vantagem indevida, os tipos exemplificados
V - receber vantagem econômica de qualquer nature- se aproximam muito dos previstos nos incisos do art. 9°.
za, direta ou indireta, para tolerar a exploração ou a
prática de jogos de azar, de lenocínio, de narcotráfico, 42
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Improbidade administrati-
de contrabando, de usura ou de qualquer outra ativi- va: desonestidade na gestão dos recursos públicos. Disponível em:
dade ilícita, <http://www.stj.gov.br>. Acesso em: 26 mar. 2013.
43
CARVALHO FILHO, José dos Santos... Op. Cit.

42
I - facilitar ou concorrer por qualquer forma para a in- VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou
corporação ao patrimônio particular, de pessoa física de processo seletivo para celebração de parcerias
ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores inte- com entidades sem fins lucrativos, ou dispensá-los
grantes do acervo patrimonial das entidades mencio- indevidamente;
nadas no art. 1º desta lei;
II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou Processo licitatório é aquele em que se realiza a li-
jurídica privada utilize bens, rendas, verbas ou valo- citação, procedimento detalhado prescrito em lei pelo
res integrantes do acervo patrimonial das entidades qual o Estado contrata serviços, adquire produtos, aliena
mencionadas no art. 1º desta lei, sem a observância bens, etc. A finalidade de cumprir o procedimento legal
das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis de forma estrita é garantir a preservação do interesse da
à espécie; sociedade, não cabendo ao agente público passar por
III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente cima destas regras (Lei n° 8.666/93).
despersonalizado, ainda que de fins educativos ou as-
sistências, bens, rendas, verbas ou valores do patrimô- IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não
nio de qualquer das entidades mencionadas no art. 1º autorizadas em lei ou regulamento;
desta lei, sem observância das formalidades legais e
regulamentares aplicáveis à espécie; Todas as despesas que podem ser assumidas pelo Po-
der Público encontram respectiva previsão em alguma lei
Todos os bens, rendas, verbas e valores que integram ou diretriz orçamentária.
a estrutura da administração pública somente devem ser X - agir negligentemente na arrecadação de tributo ou
utilizados por ela. renda, bem como no que diz respeito à conservação
Por isso, não cabe a incorporação de seu patrimônio do patrimônio público;
ao acervo de qualquer pessoa física ou jurídica e mesmo
a simples utilização deve obedecer aos ditames legais. A arrecadação de tributos é essencial para a manu-
Quem agir, aproveitando da função pública, de modo a tenção da máquina estatal, não podendo o agente públi-
permitir tais situações, incide em ato de improbidade ad- co ser negligente (se omitir, deixar de ser zeloso) no que
ministrativa, ainda que não receba nenhuma vantagem
tange ao levantamento desta renda.
por seu ato (havendo enriquecimento ilícito, está presen-
te um ato do art. 9°, categoria mais grave).
XI - liberar verba pública sem a estrita observância
Aliás, nem ao menos importa se o ato é benéfico, por
das normas pertinentes ou influir de qualquer forma
exemplo, uma doação. O patrimônio público deve ser
para a sua aplicação irregular;
preservado e sua transmissão/utilização deve obedecer
a legislação vigente.
Para que as verbas públicas sejam aplicadas é preciso
obedecer o procedimento previsto em lei, preservando o
IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou lo-
cação de bem integrante do patrimônio de qualquer interesse estatal.
das entidades referidas no art. 1º desta lei, ou ainda a Dos incisos VI a XI resta clara a marca desta catego-
prestação de serviço por parte delas, por preço inferior ria intermediária de atos de improbidade administrativa:
ao de mercado; que seja causado prejuízo ao erário, sem que o agen-
V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou lo- te responsável pelo dano receba vantagem indevida. A
cação de bem ou serviço por preço superior ao de questão é preservar o interesse estatal, garantindo que
mercado; os bens e verbas públicas sejam corretamente utilizados,
arrecadados e investidos.
Incisos diretamente correlatos aos incisos II e III do
artigo anterior, exceto pelo fato do sujeito ativo não per- XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro
ceber vantagem indevida pela sua conduta. Aliás, é exa- se enriqueça ilicitamente;
tamente pela falta deste elemento que o ato se enquadra
na categoria intermediária, e não mais grave, dentro da Como visto, quanto o agente público obtém vanta-
classificação das improbidades. gem própria, direta ou indireta, incide nas hipóteses mais
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

graves do artigo anterior. Caso concorde com o enri-


VI - realizar operação financeira sem observância das quecimento ilícito de terceiro, por exemplo, seu superior
normas legais e regulamentares ou aceitar garantia hierárquico, ou colabore para que ele ocorra, também
insuficiente ou inidônea; cometerá ato de improbidade administrativa, embora de
VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sem a menor gravidade.
observância das formalidades legais ou regulamenta-
res aplicáveis à espécie; XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço par-
ticular, veículos, máquinas, equipamentos ou material
A realização de operações financeiras, como a libe- de qualquer natureza, de propriedade ou à disposi-
ração de verbas e o investimento destas, e a concessão ção de qualquer das entidades mencionadas no art.
de benefícios são papéis muito importantes desempe- 1° desta lei, bem como o trabalho de servidor públi-
nhados pelo agente público, que deverá cumprir estrita- co, empregados ou terceiros contratados por essas
mente a lei. entidades.

43
Não se deve permitir que terceiros utilizem do apa- § 1º O imposto não será objeto de concessão de isen-
rato da máquina estatal, tanto material quanto pessoal, ções, incentivos ou benefícios tributários ou financei-
mesmo que não se obtenha vantagem alguma com tal ros, inclusive de redução de base de cálculo ou de cré-
concessão. dito presumido ou outorgado, ou sob qualquer outra
forma que resulte, direta ou indiretamente, em carga
XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que te- tributária menor que a decorrente da aplicação da alí-
nha por objeto a prestação de serviços públicos por quota mínima estabelecida no caput, exceto para os
meio da gestão associada sem observar as formalida- serviços a que se referem os subitens 7.02, 7.05 e 16.01
des previstas na lei; da lista anexa a esta Lei Complementar.
XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público
sem suficiente e prévia dotação orçamentária, ou sem Uma das alterações recentes à disciplina do ISS visou
observar as formalidades previstas na lei. evitar a continuidade da guerra fiscal entre os municí-
pios, fixando-se a alíquota mínima em 2%.
A celebração de contratos de qualquer natureza com- Com efeito, os municípios não poderão fixar dentro
promete diretamente o orçamento público, causando de sua competência constitucional alíquotas inferiores a
prejuízo ao erário. Por isso, deve-se obedecer às pres- 2% para atrair e fomentar investimentos novos (incentivo
crições legais que disciplinam a celebração de contra- fiscal), prejudicando os municípios vizinhos.
tos administrativos, deliberando com responsabilidade Em razão disso, tipifica-se como ato de improbidade
a respeito das contratações necessárias e úteis ao bem administrativa a eventual concessão do benefício abaixo
comum. da alíquota mínima.

XVI - facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para 5.4 Atos de Improbidade Administrativa que Aten-
a incorporação, ao patrimônio particular de pessoa tam Contra os Princípios da Administração Pública
física ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores
públicos transferidos pela administração pública a Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa
entidades privadas mediante celebração de parcerias, que atenta contra os princípios da administração pú-
sem a observância das formalidades legais ou regula- blica qualquer ação ou omissão que viole os deveres
mentares aplicáveis à espécie; de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade
XVII - permitir ou concorrer para que pessoa física ou às instituições, e notadamente:
jurídica privada utilize bens, rendas, verbas ou valores
públicos transferidos pela administração pública a en- O grupo mais ameno de atos de improbidade admi-
tidade privada mediante celebração de parcerias, sem nistrativa se caracteriza pela simples violação a princípios
a observância das formalidades legais ou regulamen- da administração pública, ou seja, aplica-se a qualquer
tares aplicáveis à espécie; atitude do sujeito ativo que viole os ditames éticos do
XVIII - celebrar parcerias da administração pública serviço público. Isto é, o legislador pretende a preserva-
com entidades privadas sem a observância das forma- ção dos princípios gerais da administração pública.44
lidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;
XIX - frustrar a licitude de processo seletivo para ce- • O objeto de tutela são os princípios constitucionais;
lebração de parcerias da administração pública com • Basta a vulneração em si dos princípios, sendo
entidades privadas ou dispensá-lo indevidamente; dispensáveis o enriquecimento ilícito e o dano ao
XX - agir negligentemente na celebração, fiscaliza- erário;
ção e análise das prestações de contas de parcerias • Somente é possível a prática de algum destes atos
firmadas pela administração pública com entidades com dolo (intenção);
privadas; • Cabe a prática por ação ou omissão.
XXI - liberar recursos de parcerias firmadas pela ad-
ministração pública com entidades privadas sem a es- Será preciso utilizar razoabilidade e proporcionalida-
trita observância das normas pertinentes ou influir de de para não permitir a caracterização de abuso de poder,
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

qualquer forma para a sua aplicação irregular. diante do conteúdo aberto do dispositivo.
Na verdade, trata-se de tipo subsidiário, ou seja, que
5.3 Atos de Improbidade Administrativa Decor- se aplica quando o ato de improbidade administrativa
rentes de Concessão ou Aplicação Indevida de Bene- não tiver gerado obtenção de vantagem indevida ou
fício Financeiro ou Tributário dano ao erário.

Art. 10-A. Constitui ato de improbidade administra- I - praticar ato visando fim proibido em lei ou re-
tiva qualquer ação ou omissão para conceder, aplicar gulamento ou diverso daquele previsto, na regra de
ou manter benefício financeiro ou tributário contrário competência;
ao que dispõem o caput e o § 1º do art. 8º-A da Lei II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato
Complementar nº 116, de 31 de julho de 2003. de ofício;
Art. 8º-A. A alíquota mínima do Imposto sobre Ser-
viços de Qualquer Natureza é de 2% (dois por cento). 44
SPITZCOVSKY, Celso... Op. Cit.

44
III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indireta-
em razão das atribuições e que deva permanecer em mente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da
segredo; qual seja sócio majoritário, pelo prazo de cinco anos;
IV - negar publicidade aos atos oficiais; III - na hipótese do art. 11, ressarcimento integral do
V - frustrar a licitude de concurso público; dano, se houver, perda da função pública, suspensão
VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado dos direitos políticos de três a cinco anos, pagamento
a fazê-lo; de multa civil de até cem vezes o valor da remune-
VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento ração percebida pelo agente e proibição de contratar
de terceiro, antes da respectiva divulgação oficial, teor com o Poder Público ou receber benefícios ou incenti-
de medida política ou econômica capaz de afetar o vos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ain-
preço de mercadoria, bem ou serviço. da que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja
VIII - descumprir as normas relativas à celebração, fis- sócio majoritário, pelo prazo de três anos.
calização e aprovação de contas de parcerias firmadas IV - na hipótese prevista no art. 10-A, perda da função
pela administração pública com entidades privadas. pública, suspensão dos direitos políticos de 5 (cinco) a
IX - deixar de cumprir a exigência de requisitos de 8 (oito) anos e multa civil de até 3 (três) vezes o valor
acessibilidade previstos na legislação. do benefício financeiro ou tributário concedido. (Inclu-
X - transferir recurso a entidade privada, em razão da ído pela Lei Complementar nº 157, de 2016)
prestação de serviços na área de saúde sem a prévia Parágrafo único. Na fixação das penas previstas nesta
celebração de contrato, convênio ou instrumento con- lei o juiz levará em conta a extensão do dano causado,
gênere, nos termos do parágrafo único do art. 24 da assim como o proveito patrimonial obtido pelo agente.
Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990 (Lei do SUS).
As sanções da Lei de Improbidade Administrativa são
É possível perceber, no rol exemplificativo de condu- de natureza extrapenal e, portanto, têm caráter civil.
tas do artigo 11, que o agente público que pratique qual- Como visto, no caso do art. 9°, categoria mais gra-
quer ato contrário aos ditames da ética, notadamente os ve, o agente obtém um enriquecimento ilícito (vantagem
originários nos princípios administrativos constitucionais, econômica indevida) e pode ainda causar dano ao erário,
pratica ato de improbidade administrativa. por isso, deverá não só reparar eventual dano causado
Com efeito, são deveres funcionais: praticar atos vi- mas também colocar nos cofres públicos tudo o que ad-
sando o bem comum, agir com efetividade e rapidez, quiriu indevidamente. Ou seja, poderá pagar somente o
manter sigilo a respeito dos fatos que tenha conheci- que enriqueceu indevidamente ou este valor acrescido
mento devido a sua função, tornar públicos os atos ofi- do valor do prejuízo causado aos cofres públicos (quanto
ciais, zelar pela boa realização de atos administrativos em o Estado perdeu ou deixou de ganhar). No caso do artigo
geral (como a realização de concurso público), prestar 10, não haverá enriquecimento ilícito, mas sempre existi-
contas, entre outros. rá dano ao erário, o qual será reparado (eventualmente,
ocorrerá o enriquecimento ilícito, devendo o valor adqui-
6. Das Penas rido ser tomado pelo Estado). Já no artigo 11, o máximo
que pode ocorrer é o dano ao erário, com o devido res-
Art. 12. Independentemente das sanções penais, civis sarcimento. Na hipótese do artigo 10-A, não se denota
e administrativas previstas na legislação específica, nem enriquecimento ilícito e nem dano ao erário, pois no
está o responsável pelo ato de improbidade sujeito às máximo a prática de guerra fiscal pode gerar.
seguintes cominações, que podem ser aplicadas isola- Em todos os casos há perda da função pública.
da ou cumulativamente, de acordo com a gravidade Nas três categorias iniciais, são estabelecidas sanções
do fato: de suspensão dos direitos políticos, multa e vedação de
I - na hipótese do art. 9°, perda dos bens ou valores contratação ou percepção de vantagem, graduadas con-
acrescidos ilicitamente ao patrimônio, ressarcimento forme a gravidade do ato, enquanto que na quarta cate-
integral do dano, quando houver, perda da função goria apenas se prevê a suspensão de direitos políticos
pública, suspensão dos direitos políticos de oito a dez e a multa.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

anos, pagamento de multa civil de até três vezes o va- Vale lembrar a disciplina constitucional das sanções
lor do acréscimo patrimonial e proibição de contratar por atos de improbidade administrativa, que se encontra
com o Poder Público ou receber benefícios ou incenti- no art. 37, § 4º, CF:
vos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ain- Os atos de improbidade administrativa importarão a
da que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja suspensão dos direitos políticos, a perda da função pú-
sócio majoritário, pelo prazo de dez anos; blica, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao
II - na hipótese do art. 10, ressarcimento integral do erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo
dano, perda dos bens ou valores acrescidos ilicita- da ação penal cabível.
mente ao patrimônio, se concorrer esta circunstân-
cia, perda da função pública, suspensão dos direitos
políticos de cinco a oito anos, pagamento de multa
civil de até duas vezes o valor do dano e proibição de
contratar com o Poder Público ou receber benefícios

45
#FicaDica
A única sanção que se encontra prevista na LIA mas não na CF é a de multa. (art. 37, §4°, CF). Não há
nenhuma inconstitucionalidade disto, pois nada impediria de o legislador infraconstitucional ampliasse
a relação mínima de penalidades da Constituição, pois esta não limitou tal possibilidade e porque a lei
é o instrumento adequado para tanto1.
1
Ibid.

Carvalho Filho45 tece considerações a respeito de algumas das sanções:

• Perda de bens e valores: “tal punição só incide sobre os bens acrescidos após a prática do ato de improbidade.
Se alcançasse anteriores, ocorreria confisco, o que restaria sem escora constitucional. Além disso, o acréscimo
deve derivar de origem ilícita”.
• Ressarcimento integral do dano: há quem entenda que engloba dano moral. Cabe acréscimo de correção mone-
tária e juros de mora.
• Perda de função pública: “se o agente é titular de mandato, a perda se processa pelo instrumento de cassação.
Sendo servidor estatutário, sujeitar-se-á à demissão do serviço público. Havendo contrato de trabalho (servi-
dores trabalhistas e temporários), a perda da função pública se consubstancia pela rescisão do contrato com
culpa do empregado. No caso de exercer apenas uma função pública, fora de tais situações, a perda se dará pela
revogação da designação”. Lembra-se que determinadas autoridades se sujeitam a procedimento especial para
perda da função pública, ponto em que não se aplica a Lei de Improbidade Administrativa.
• Multa: a lei indica inflexibilidade no limite máximo, mas flexibilidade dentro deste limite, podendo os julgados
nesta margem optar pela mais adequada. Há ainda variabilidade na base de cálculo, conforme o tipo de ato de
improbidade (a base será o valor do enriquecimento ou o valor do dano ou o valor da remuneração do agente).
A natureza da multa é de sanção civil, não possuindo caráter indenizatório, mas punitivo.
• Proibição de receber benefícios: não se incluem as imunidades genéricas e o agente punido deve ser ao menos
sócio majoritário da instituição vitimada.
• Proibição de contratar: o agente punido não pode participar de processos licitatórios.

Artigo 9° Artigo 10 Artigo 10-A Artigo 11


Suspensão de direitos 8 a 9 anos 5 a 8 anos 5 a 8 anos 3 a 5 anos
políticos
Multa Até 3X o enriquecimen- Até 2X o dano Até 3X o valor do benefí- Até 100X o valor
to experimentado causado. cio financeiro ou tributá- da remuneração
rio concedido do agente
Vedação de contrata- 10 anos 5 anos 3 anos
ção ou vantagem •

7. Declaração de Bens

Nos termos do artigo 13, LIA, para que uma pessoa tome posse e exerça o cargo de agente público deve apresentar
declaração de bens que deverá ser renovada anualmente (§2°) sob pena de demissão (§3°). Assim, trata-se de condição
para o exercício das atribuições de agente público.
A finalidade é a de assegurar que o agente público não receba vantagens indevidas, possuindo instrumento para
fiscalizá-lo caso o faça.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Os bens abrangidos pela declaração não são apenas os do agente público, mas também os de seus dependentes.
Por isso, não adiantará nada o agente colocar os bens decorrentes do enriquecimento ilícito em nome de pessoas que
dele dependam, e não em seu nome.

8. Procedimento Administrativo e Processo Judicial

Desde logo, destaca-se que o procedimento na via administrativa não tem idoneidade para ensejar a aplicação de
sanções de improbidade. Após o encerramento do processo administrativo, deverá ser ajuizada ação de improbidade
administrativa. Na sentença judicial será possível aplicar as sanções da lei de improbidade administrativa.46
Legitimidade ativa: qualquer pessoa (artigo 14, caput).
45
Ibid.
46
Ibid.

46
Requisitos da representação: escrita ou reduzida a Caso não tenha sido totalmente recomposto o patri-
termo e assinada; qualificação do representante; infor- mônio com a ação de improbidade, a Fazenda Pública
mações sobre o fato e sua autoria e indicação das provas ajuizará ação própria.
de que tenha conhecimento. Ausentes, haverá rejeição,
mas ainda assim o MP poderá apurar o fato (artigo 14, § 3° No caso de a ação principal ter sido proposta pelo
§§ 1o e 2o). Ministério Público, aplica-se, no que couber, o disposto
no § 3o do art. 6o da Lei no 4.717, de 29 de junho de
Comissão processante no procedimento adminis- 1965.
trativo:
Dispõe o art. 6°, §3° da Lei n° 4.717/65: “A pessoa jurí-
• Dá ciência do processo administrativo ao Ministé- dica de direito público ou de direito privado, cujo ato seja
rio Público e ao Tribunal de Contas, que poderão objeto de impugnação, poderá abster-se de contestar o
designar representante para acompanhá-lo (artigo pedido, ou poderá atuar ao lado do autor, desde que isso
15). O objetivo da lei foi contribuiu para a forma- se afigure útil ao interesse público, a juízo do respectivo
ção da convicção dos representantes destes ór- representante legal ou dirigente”. Significa que é possí-
gãos desde logo. vel inverter a legitimidade, sendo que a pessoa jurídica
• Pode representar ao MP para requerer o sequestro inicia o processo como legitimado passivo, mas, como
dos bens do agente ou terceiro que tenha enrique- é invertido o interesse processual, passa para o polo ati-
cido ilicitamente ou causado dano ao patrimônio vo. No entanto, como pessoa jurídica não figura como
público. ré de ação de improbidade administrativa, somente cabe
a aplicação do dispositivo no sentido de autorizar que a
Ação de improbidade administrativa: pessoa jurídica reforce o pedido de reconhecimento de
improbidade e de aplicação de sanções ao lado do Mi-
Art. 17. A ação principal, que terá o rito ordinário, nistério Público.
será proposta pelo Ministério Público ou pela pessoa
§ 4º O Ministério Público, se não intervir no processo
jurídica interessada, dentro de trinta dias da efetiva-
como parte, atuará obrigatoriamente, como fiscal da
ção da medida cautelar.
lei, sob pena de nulidade.
“Ação de improbidade administrativa é aquela que
A atuação do Ministério Público nos processos judi-
pretende o reconhecimento judicial de condutas de
ciais pode ser como parte, quando ajuizar a ação, e como
improbidade da Administração, perpetradas por ad-
fiscal da lei, quando outro legitimado o fizer. No caso,
ministradores públicos e terceiros, e a consequente
como também a pessoa jurídica de direito público preju-
aplicação das sanções legais, com o escopo de pre-
dicada pode ajuizar a ação, se o fizer, o Ministério Público
servar o princípio da moralidade administrativa. Sem atuará como fiscal da lei, sob pena de nulidade.
dúvida, cuida-se de poderoso instrumentos de contro-
le judicial sobre atos que a lei caracteriza como de § 5o A propositura da ação prevenirá a jurisdição do
improbidade”47. juízo para todas as ações posteriormente intentadas
que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo
Caso tenha sido postulada alguma medida cautelar, objeto.
o prazo para que seja ajuizada a ação de improbidade
administrativa é de 30 dias, sob pena de perda da eficácia Tornar o juízo prevento é assegurar que todas as
da medida (bens e verbas são desbloqueados). ações que sejam propostas com mesma causa de pedir
A legitimidade ativa é concorrente, porque a ação (fatos e fundamentos jurídicos) ou mesmo objeto sejam
pode ser proposta tanto pelo Ministério Público quanto julgadas pelo mesmo juízo. Será prevento o juízo em que
pela pessoa jurídica interessada. primeiro for proposta a ação.
A legitimidade passiva é daquele que cometeu o ato
de improbidade. § 6o A ação será instruída com documentos ou justifi-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

No pedido, se postulará, primeiro, o reconhecimento cação que contenham indícios suficientes da existên-
do ato de improbidade administrativa, depois, a aplica- cia do ato de improbidade ou com razões fundamen-
ção das sanções cabíveis. tadas da impossibilidade de apresentação de qualquer
dessas provas, observada a legislação vigente, inclusi-
§ 1º As ações de que trata este artigo admitem a cele- ve as disposições inscritas nos arts. 16 a 18 do Código
bração de acordo de não persecução cível, nos termos de Processo Civil.
desta Lei
§ 2º A Fazenda Pública, quando for o caso, promoverá A ação de improbidade administrativa será instruída
as ações necessárias à complementação do ressarci- com provas do ato de improbidade administrativa prati-
mento do patrimônio público. cado, geralmente o processo administrativo que trami-
tou anteriormente. Todas estas provas serão explicadas,
fundamentando porque restou caracterizado o ato de
47
Ibid. improbidade.

47
§ 7o Estando a inicial em devida forma, o juiz man- Art. 17-A. (VETADO): (Incluído pela Lei nº 13.964, de
dará autuá-la e ordenará a notificação do requerido, 2019)
para oferecer manifestação por escrito, que poderá ser Art. 18. A sentença que julgar procedente ação civil
instruída com documentos e justificações, dentro do de reparação de dano ou decretar a perda dos bens
prazo de quinze dias. havidos ilicitamente determinará o pagamento ou a
reversão dos bens, conforme o caso, em favor da pes-
Se a petição inicial preencher os requisitos do pará- soa jurídica prejudicada pelo ilícito.
grafo anterior e os demais requisitos processuais civis, o
requerido será notificado para se manifestar por escrito Na verdade, este dispositivo apenas lembra algumas
e, se quiser, apresentar documentos. das sanções que poderão ser aplicadas na sentença da
ação de improbidade administrativa. Não significa que as
§ 8o Recebida a manifestação, o juiz, no prazo de trin- demais sanções previstas nesta lei não sejam aplicáveis.
ta dias, em decisão fundamentada, rejeitará a ação,
se convencido da inexistência do ato de improbidade,
9. Disposições penais
da improcedência da ação ou da inadequação da via
eleita.
Art. 19. Constitui crime a representação por ato de
§ 9o Recebida a petição inicial, será o réu citado para
apresentar contestação. improbidade contra agente público ou terceiro bene-
ficiário, quando o autor da denúncia o sabe inocente.
Se o juiz se convencer com as informações da mani- Pena: detenção de seis a dez meses e multa.
festação do requerido, rejeitará a ação; se não, receberá Parágrafo único. Além da sanção penal, o denuncian-
definitivamente a petição inicial e determinará a citação te está sujeito a indenizar o denunciado pelos danos
do réu para contestar a ação. materiais, morais ou à imagem que houver provocado.

§ 10. Da decisão que receber a petição inicial, caberá A legislação pretende que as denúncias de atos de
agravo de instrumento. improbidade administrativas sejam sérias e fundamen-
tadas, não levianas. O art. 19 introduz um tipo penal, ele
Agravo de instrumento é o recurso interposto contra não faz parte exatamente das outras penalidades da lei,
decisões que não colocam fim no processo. por isso exatamente que está apartado das demais.
Este crime será denunciado e apurado perante um
§ 10-A. Havendo a possibilidade de solução consensu- juízo criminal, fora da ação de improbidade administra-
al, poderão as partes requerer ao juiz a interrupção do tiva. O artigo 19 é um crime a ser denunciado em ação
prazo para a contestação, por prazo não superior a 90 penal pública proposta pelo Ministério Público, único
(noventa) dias. legitimado.
§ 11. Em qualquer fase do processo, reconhecida a ina- Na verdade, ele não passa de uma forma específica
dequação da ação de improbidade, o juiz extinguirá o da denunciação caluniosa do Código Penal (artigo 339,
processo sem julgamento do mérito. CP).

Durante o processo o juiz pode perceber que a ação Art. 20. A perda da função pública e a suspensão dos
de improbidade administrativa não deveria ter sido acei- direitos políticos só se efetivam com o trânsito em jul-
ta, caso em que a extinguirá. gado da sentença condenatória.
Parágrafo único. A autoridade judicial ou administra-
§ 12. Aplica-se aos depoimentos ou inquirições reali-
tiva competente poderá determinar o afastamento do
zadas nos processos regidos por esta Lei o disposto no
agente público do exercício do cargo, emprego ou fun-
art. 221, caput e § 1o, do Código de Processo Penal.
ção, sem prejuízo da remuneração, quando a medida
Estes dispositivos tratam da tomada de depoimentos se fizer necessária à instrução processual.
de determinados agentes públicos.
Não cabe, em regra, tomar medida cautelar para sus-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 13. Para os efeitos deste artigo, também se conside- pender direitos políticos e determinar a perda da função
ra pessoa jurídica interessada o ente tributante que pública. O máximo que é possível, visando garantir a ins-
figurar no polo ativo da obrigação tributária de que trução processual, é afastar o agente público do exercício
tratam o § 4º do art. 3º e o art. 8º-A da Lei Comple- do cargo sem prejuízo da remuneração enquanto tramita
mentar nº 116, de 31 de julho de 2003. (Incluído pela a ação de improbidade administrativa.
Lei Complementar nº 157, de 2016)
Art. 21. A aplicação das sanções previstas nesta lei
O §4º do artigo 3º mencionado foi vetado. Interpre- independe:
tando o artigo 8º-A, entende-se ser legitimada para I - da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio públi-
propositura da ação a pessoa jurídica de direito pú- co, salvo quanto à pena de ressarcimento;
blico que seria beneficiada pela alíquota que deveria II - da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão
ter sido recolhida na esfera de seu município pois nele de controle interno ou pelo Tribunal ou Conselho de
que o prestador se encontrava. Contas.

48
Não importa se o ato praticado pelo agente não cau- b) não cometeu ato de improbidade administrativa, por
sou dano ao erário, tanto que existem os atos da catego- falta de dano ao erário, mas está sujeito à punição na
ria mais leve (artigo 11). esfera disciplinar.
Também é irrelevante se o Tribunal de Contas apro- c) não cometeu ato de improbidade administrativa, por
vou ou rejeitou as contas prestadas pelo agente, embora falta de repercussão criminal da conduta, mas está su-
isto sirva de elemento de prova. jeito à multa administrativa.
d) cometeu ato de improbidade administrativa e está su-
Art. 22. Para apurar qualquer ilícito previsto nesta jeito, dentre outras, à perda da função pública e sus-
lei, o Ministério Público, de ofício, a requerimento de pensão dos direitos políticos de três a cinco anos.
autoridade administrativa ou mediante representação e) cometeu ato de improbidade administrativa e está su-
formulada de acordo com o disposto no art. 14, po- jeito, dentre outras, à pena privativa de liberdade e
derá requisitar a instauração de inquérito policial ou pagamento de multa de até vinte salários mínimos.
procedimento administrativo.
Resposta: Letra D.
O Ministério Público poderá requisitar a instauração
de inquérito policial ou procedimento administrativo de Em “a”, “b” e “c”, houve ato de improbidade
ofício, a pedido da autoridade administrativa ou median- administrativa.
te representação. Em “d”, nos termos do artigo 11, IX, Lei nº 8.429/1992:
“Constitui ato de improbidade administrativa que
10. Prescrição atenta contra os princípios da administração pública
qualquer ação ou omissão que viole os deveres de
Art. 23. As ações destinadas a levar a efeitos as san- honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às
ções previstas nesta lei podem ser propostas: instituições, e notadamente: [...]
I - até cinco anos após o término do exercício de man- IX - deixar de cumprir a exigência de requisitos de
dato, de cargo em comissão ou de função de confiança; acessibilidade previstos na legislação”. Quanto às pe-
II - dentro do prazo prescricional previsto em lei espe- nalidades, disciplina o artigo 12, III, lei nº 8.429/1992:
cífica para faltas disciplinares puníveis com demissão “na hipótese do art. 11, ressarcimento integral do
a bem do serviço público, nos casos de exercício de dano, se houver, perda da função pública, suspensão
cargo efetivo ou emprego. dos direitos políticos de três a cinco anos, pagamento
de multa civil de até cem vezes o valor da remunera-
Prescrição é um instituto que visa regular a perda do ção percebida pelo agente e proibição de contratar
direito de acionar judicialmente. com o Poder Público ou receber benefícios ou incenti-
A ação de improbidade administrativa não poderá ser vos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ain-
proposta se: da que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja
sócio majoritário, pelo prazo de três anos”.
a) prescrição no caso de cargo provisório - passados Em “e”, não se aplica pena privativa de liberdade, pois
5 anos após o término do exercício de mandato, a natureza do ato de improbidade é civil, e a multa é
cargo em comissão ou função de confiança pelo de 100 vezes a remuneração do agente (artigo 11, III,
réu; Lei nº 8.429/1992).
b) prescrição no caso de cargo definitivo - dentro do
prazo prescricional previsto em lei específica para Alterações na Lei de Improbidade Administrativa
faltas disciplinares puníveis com demissão a bem
do serviço público (por exemplo, na esfera federal, Na Lei de Improbidade Administrativa passou a ser
o prazo é de 5 anos a contar da data em que o fato admitido o acordo de não persecução cível, espécie de
se tornou conhecido). transação entre as partes. E, havendo a possibilidade de
solução consensual, poderão as partes requerer ao juiz a
interrupção do prazo para a contestação, por prazo não
superior a 90 dias.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

EXERCÍCIO COMENTADO

1. (AL-RO – ANALISTA LEGISLATIVO (PROCESSO LE-


GISLATIVO) – FGV – 2018) Determinado gestor público,
no exercício de suas funções, não obstante provocado
pelo Ministério Público, deixou de cumprir a exigência de
requisitos de acessibilidade previstos na legislação. De
acordo com a Lei nº 8.429/92, em tese, o agente público:

a) não cometeu ato de improbidade administrativa, por


falta de tipicidade legal, mas está incurso em crime de
responsabilidade.

49
gerais e específicos e a segunda no aproveitamento sa-
tisfatório em curso de formação, ministrado pelo órgão
LEI ESTADUAL Nº 7.209/1997 competente do Poder Executivo.

São requisitos especiais para ingresso no cargo de


LEI Nº 7209 DE 20 DE NOVEMBRO DE 1997 provimento permanente de Agente Penitenciário, além
dos previstos no art. 8º, da Lei nº 6.677, de 26 de setem-
INSTITUI O GRUPO OCUPACIONAL SERVIÇOS PENI- bro de 1994:
TENCIÁRIOS DA ADMINISTRAÇÃO DIRETA DO ESTADO E
DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS. I - conclusão da 3ª série do ensino médio (2º grau);
II - inexistência de registros de antecedentes policiais
O GOVERNADOR DO ESTADO DA BAHIA, faço saber ou criminais;
que a Assembléia Legislativa decreta e eu sanciono a se- III - procedimento irrepreensível e idoneidade moral;
guinte Lei: IV - temperamento adequado ao exercício da função.
Art. 8º O provimento dos cargos das classes imedia-
Capítulo I tamente superiores dar-se-á por promoção, obedeci-
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS dos os critérios alternados de duas por merecimento e
uma por antigüidade.
Fica instituído o Grupo Ocupacional Serviços Peniten- Art. 9º Os requisitos para promoção serão estabeleci-
ciários, da Administração Direta do Estado. dos em regulamento, no prazo de 45 (quarenta e cin-
O Grupo Ocupacional Serviços Penitenciários da Ad- co) dias, a partir da publicação desta Lei.
ministração Direta, instituído na forma desta Lei, será
integrado por cargos de carreira, de provimento perma- Capítulo IV
nente de Agente Penitenciário, da lotação das Unidades DOS VENCIMENTOS E VANTAGENS
Prisionais da Capital e do interior, do Hospital de Custó-
dia e Tratamento, da Central Médica Penitenciária e do Art. 10 - Os vencimentos básicos dos cargos de cada
Centro de Observação Penal. uma das classes integrantes da Carreira de Agente Pe-
nitenciário são os constantes do Anexo II desta Lei.
Capítulo II Parágrafo único - Nos valores fixados no Anexo II desta
DA ESTRUTURA DA CARREIRA Lei, fica absorvido o correspondente ao abono especial,
instituído pela Lei nº 6.942, de 19 de março de 1996.
A carreira de Agente Penitenciário é integrada por Art. 11 - O Agente Penitenciário fará jus, além dos
cargos de provimento permanente, agrupados em três direitos e vantagens, e benefícios previdenciários, atri-
classes, representadas em números romanos e dispostas buídos aos servidores públicos em geral, ao auxílio-
em ordem crescente, de acordo com o grau de respon- -acidente para atender a despesas médico-hospitala-
sabilidade e de complexidade das atribuições, conforme res, decorrentes de acidente em serviço, nas condições
disposto no Anexo I desta Lei. a serem estabelecidas em regulamento.
Os cargos de Agente Público que, por força da legis- Art. 12 - Fica instituída a Gratificação de Serviços Pe-
lação vigente, abranjam as atividades inerentes à clas- nitenciários, que será concedida ao Agente Penitenci-
se I de carreira, enumeradas no Anexo I desta Lei, serão ário, com o objetivo de compensar os riscos do exercí-
transpostos para o novo sistema, com a denominação de cio da atividade desenvolvida nas Unidades referidas
Agente Penitenciário, classe I. no art. 2º desta Lei, conforme a classe da carreira a
Parágrafo único - Os ocupantes dos cargos transpos- que pertencer o cargo que ocupa.
tos por esta Lei serão automaticamente enquadrados, Art. 13 - A gratificação instituída no artigo anterior
cumprindo ao órgão competente expedir e publicar as é escalonada em 05 (cinco) níveis para cada uma das
respectivas apostilas. classes e nos valores correspondentes constantes do
Ficam criados, nas classes II e III, da carreira de Agente Anexo III desta Lei.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Penitenciário, 350 (trezentos e cinqüenta) e 150 (cento § 1º - Os valores da Gratificação, estabelecidos no


e cinqüenta) cargos, respectivamente, a serem providos Anexo III, serão revistos na mesma época e no mesmo
mediante promoção. percentual de reajuste do vencimento básico do cargo
estruturado na forma desta Lei.
Capítulo III § 2º - A Gratificação correspondente ao nível 2, de que
DO INGRESSO E DO DESENVOLVIMENTO DO SERVI- trata este artigo, será concedida exclusivamente aos
DOR NA CARREIRA Agentes Penitenciários que desempenhem suas ativi-
dades em Unidades Prisionais do Sistema Penitenci-
O ingresso no cargo de provimento permanente de ário Estadual, em jornada de trabalho de 30 (trinta)
Agente Penitenciário dar-se-á sempre na classe I, median- horas.
te concurso público de provas, realizado em duas eta- § 3º - É requisito para percepção da vantagem fixada
pas, consistindo a primeira em exame de conhecimentos nos níveis 3, 4 e 5 a sujeição a regime de trabalho de
40 (quarenta) horas semanais.

50
Art. 14 - Ressalvados os casos de alterações de regime determina este artigo, com vistas a sua elevação para
de trabalho, por absoluta necessidade do serviço, bem o nível 2, correspondente a classe I, obedecido o dis-
assim os casos especiais, a juízo do Governador do posto no § 2º do art.13.
Estado, a revisão do nível da gratificação concedida, § 2º - Observado o prazo estabelecido no parágrafo an-
para atribuição de outro imediatamente superior, so- terior, deverá, ainda, o Poder Executivo dispor sobre a
mente poderá ser efetuada após decorridos 12 (doze) concessão da Gratificação, no nível 3, aos servidores que,
meses da última concessão. por absoluta necessidade de serviço, estejam sujeitos a
Art. 15 - A Gratificação de Serviços Penitenciários regime de trabalho de 40 (quarenta) horas semanais.
será paga conjuntamente com os vencimentos do car- Art. 20 - Para o efeito do disposto no § 1º do art. 132
go e não servirá de base para cálculo de qualquer ou- da Lei nº 6.677, de 26 de setembro de 1994, com a
tra vantagem, integrando a remuneração apenas para redação dada pelo art. 3º da Lei nº 7.023, de 23 de ja-
os efeitos de cálculo das seguintes parcelas: neiro de 1997, somam-se indistintamente os períodos
I - cálculo da remuneração de férias; de percepção da Gratificação por Condições Especiais
II - abono pecuniário, resultante da conversão de par- de Trabalho e da Gratificação de Serviços Penitenciá-
te das férias a que o servidor tenha direito; rios, instituída por esta Lei.
III - gratificação natalina. Art. 21 - As despesas decorrentes da aplicação desta
Parágrafo único - A Gratificação de Serviços Peniten- Lei correrão à conta dos recursos constantes do orça-
ciários é incompatível com quaisquer vantagens cujo mento do exercício, ficando o Poder Executivo autori-
direito à percepção tenha igual fundamento e espe- zado a promover as modificações necessárias.
cialmente com as seguintes: Art. 22 - Esta Lei entrará em vigor na data de sua
publicação.
I - Gratificação por Regime de Tempo Integral e Dedi- Art. 23 - Revogam-se as disposições em contrário.
cação Exclusiva;
II - Gratificação por Condições Especiais de Trabalho, PALÁCIO DO GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA, em
salvo quando for concedida com o objetivo de fixar o 20 de novembro de 1997.
servidor em determinadas regiões, na forma prevista
no regulamento próprio; PAULO SOUTO
III - Gratificação por Serviços Extraordinários, nas hi- Governador
póteses de percepção da vantagem fixada nos níveis
3, 4 e 5.
Art. 16 - O Poder Executivo expedirá regulamen-
to, definindo a forma de apuração dos critérios para
concessão e pagamento da Gratificação instituída por
esta Lei.
Art. 17 - Os serviços prestados por servidores, no ho-
rário compreendido entre as 22 (vinte e duas) horas
de um dia e as 5 (cinco) horas do dia seguinte, serão
remunerados pelo adicional previsto no art. 91, da Lei
nº 6.677, de 26 de setembro de 1994, ficando cancela-
da, imediatamente, qualquer outra vantagem pecuni-
ária que venha sendo paga sob título análogo ou com
idêntico fundamento.

Capítulo V
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 18 - Os servidores inativos terão a parte dos seus


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

proventos que corresponderia aos respectivos venci-


mentos ajustada ao valor do vencimento estabelecido
para a classe I do cargo de Agente Penitenciário, resul-
tante da transposição determinada por esta Lei.
Art. 19 - Será concedida aos servidores enquadrados
no cargo de Agente Penitenciário, classe I, por ato a
ser publicado, Gratificação de Serviços Penitenciários,
no valor fixado no nível 1, correspondente àquela clas-
se, sendo o respectivo pagamento devido a partir da
vigência desta Lei.
§ 1º - No prazo de até 45 (quarenta e cinco ) dias, con-
tados da data da publicação desta Lei, o Poder Executi-
vo procederá à revisão da gratificação cuja concessão

51
3. (PREFEITURA DE MAURITI-CE – ADVOGADO – CEV-
HORA DE PRATICAR -URCA – 2019) O funcionário público nomeado em vir-
tude de concurso público adquire estabilidade:
1. (UFRR – TÉCNICO DE TECNOLOGIA DA INFORMA-
ÇÃO – 2019) Quanto à Organização do Estado, na forma a) depois de cinco anos ininterruptos de efetivo exercício
da Constituição Federal, assinale a alternativa incorreta: em estágio probatório.
b) logo após a nomeação.
a) é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e c) depois de três anos de efetivo exercício em estágio
aos Municípios criar distinções entre brasileiros ou probatório.
preferências entre si. d) depois de dois anos de efetivo exercício em estágio
b) a organização político-administrativa da República probatório.
Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, e) depois de dois anos da data da investidura.
o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos,
nos termos da Constituição. 4. (IF-ES – TECNÓLOGO – PROCESSOS GERENCIAIS –
c) a administração pública direta e indireta de qualquer 2019) De acordo com a Constituição Federal de 1988, a
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Fe- administração pública direta e indireta de qualquer dos
deral e dos Municípios obedecerá obrigatoriamente Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
aos princípios da legalidade e impessoalidade, mas Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, im-
facultativamente aos da moralidade, publicidade e pessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Analise
eficiência. as afirmativas abaixo e assinale a alternativa INCORRETA:
d) é competência comum da União, dos Estados, do Dis-
trito Federal e dos Municípios preservar as florestas, a a) os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis
fauna e a flora. aos brasileiros que preencham os requisitos estabeleci-
e) os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se dos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei.
ou desmembrar-se para se anexarem a outros, ou for- b) a investidura em cargo ou emprego público depende
marem novos Estados ou Territórios Federais, median- de aprovação prévia em concurso público de provas ou
te aprovação da população diretamente interessada, de provas e títulos, de acordo com a natureza e a com-
através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei plexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em
complementar. lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão
declarado em lei de livre nomeação e exoneração.
2. (MPE-SP – PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO – c) as funções de confiança, exercidas exclusivamente por
MPE-SP – 2019) Assinale a alternativa INCORRETA: servidores ocupantes de cargo efetivo, a serem preen-
chidas por servidores de carreira, nos casos, condições
a) compete à Câmara Municipal o julgamento das con- e percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se
tas do chefe do Poder Executivo municipal, tanto as apenas às atribuições de assessoramento.
de governo quanto as de gestão, com o auxílio dos d) o prazo de validade do concurso público será de até
tribunais de contas, que emitirão parecer prévio, cuja dois anos, prorrogável uma vez, por igual período.
eficácia impositiva subsiste e somente deixará de e) é garantido ao servidor público civil o direito à livre
prevalecer por decisão de 2/3 dos membros da Casa associação sindical.
Legislativa.
b) o foro especial por prerrogativa de função previsto 5. (DETRAN-SP – OFICIAL ESTADUAL DE TRÂNSITO
na Constituição Federal em relação às infrações pe- – FCC – 2019) Determinado servidor público da Admi-
nais comuns não é extensível às ações de improbidade nistração direta estadual, ocupante de cargo efetivo, pre-
administrativa. tende candidatar-se a Vereador no próximo pleito local.
c) a decisão irrecorrível da Câmara Municipal que rejeite Nessa hipótese, à luz da Constituição Federal de 1988,
por irregularidade insanável que configure ato doloso referido servidor:
de improbidade administrativa, salvo se esta houver
sido suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário, torna
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

a) deverá exonerar-se de seu cargo, até seis meses antes do


o Prefeito inelegível, para qualquer cargo, às eleições pleito, podendo retomar o exercício, caso não seja eleito.
que se realizarem nos oito anos seguintes, contados a
b) se eleito, ficará afastado de seu cargo durante o exer-
partir da data da decisão.
cício do mandato eletivo, independentemente de ha-
d) os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem co-
ver compatibilidade de horários.
nhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade,
c) se eleito, será afastado de seu cargo durante o exercí-
dela darão ciência ao Tribunal de Contas, sob pena de
cio do mandato eletivo, se não houver compatibilida-
responsabilidade solidária.
de de horários, sendo-lhe vedado optar pela remune-
e) a gravidade das sanções previstas no art. 37, § 4o, da
ração do cargo.
Constituição Federal, reveste a ação de improbidade
d) terá o tempo de serviço contado, para todos os efeitos
administrativa de natureza penal, justificando o foro
legais, inclusive para promoção por antiguidade ou
especial por prerrogativa de função previsto na Cons-
merecimento, na hipótese de ser eleito para o manda-
tituição Federal em relação às infrações penais.
to e afastado de seu cargo.

52
e) se eleito, perceberá as vantagens de seu cargo, sem e) a administração fazendária e seus servidores fiscais te-
prejuízo da remuneração do cargo eletivo, durante o rão, dentro de suas áreas de competência e jurisdição,
exercício do mandato, desde que haja compatibilida- precedência sobre os demais setores administrativos,
de de horários. na forma da lei.

6. (PGM – CAMPO GRANDE-MS – PROCURADOR 9. (TJ-SC – TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE RE-


MUNICIPAL – CESPE – 2019) Determinado estado da GISTROS – PROVIMENTO – IESES – 2019) O servidor
Federação pretende editar lei para disciplinar o regime público da administração direta, autárquica e fundacio-
próprio de previdência de seus servidores, mas não há nal, no exercício de mandato eletivo de Vereador:
nenhuma previsão a respeito na Constituição estadual.
A partir dessa situação hipotética, julgue o item a seguir: a) perceberá as vantagens de seu cargo, emprego ou
Se editada, essa lei estadual não poderá isentar servido- função, sem prejuízo da remuneração do cargo ele-
res públicos aposentados e pensionistas portadores de tivo, havendo compatibilidade de horários e possuir
doenças incapacitantes de pagar contribuição previden- mais de cinco anos de exercício no cargo, emprego ou
ciária sobre qualquer valor recebido a título de pensão função pública.
ou aposentadoria. b) ocorrendo afastamento do cargo, emprego ou função,
para o exercício do mandato eletivo de Vereador, seu
( ) CERTO   ( ) ERRADO tempo de serviço será contato para todos os efeitos
legais, inclusive para promoção por merecimento em
7. (IF-AM – ASSISTENTE EM ADMINISTRAÇÃO – IDE- seu cargo, emprego ou função pública.
CAN – 2019) Em relação à estabilidade no serviço públi- c) em nenhuma hipótese poderá exercer de modo simul-
co, analise as afirmativas a seguir: tâneo seu cargo, emprego ou função com o mandato
de Vereador.
I. O procedimento de avaliação periódica de desempe- d) perceberá as vantagens de seu cargo, emprego ou
nho deverá ser regulado por meio de decreto do Presi-
função, sem prejuízo da remuneração do cargo eleti-
dente da República, assegurando-se a ampla defesa e o
vo, havendo compatibilidade de horários.
contraditório.
II. Na esfera administrativa, não é permitida a decretação
10. (IF-TO – ASSISTENTE EM ADMINISTRAÇÃO – 2019)
da perda de cargo de servidor público estável, devendo-
A Constituição da República Federativa do Brasil, de 5 de
-se aguardar a sentença judicial transitada em julgado.
outubro de 1988, estabelece que são estáveis, após três
III. Invalidada por sentença judicial a demissão do servi-
anos de efetivo exercício, os servidores nomeados para
dor estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupan-
cargo de provimento efetivo em virtude de concurso pú-
te da vaga, se estável, reconduzido ao cargo de origem,
blico. Sobre esse assunto, considerando as disposições
sem direito a indenização, aproveitado em outro cargo
ou posto em disponibilidade com remuneração propor- constitucionais vigentes, marque a alternativa incorreta:
cional ao tempo de serviço.
a) o servidor público estável poderá perder o cargo me-
Assinale: diante procedimento de avaliação periódica de de-
sempenho, na forma de lei complementar, assegurada
a) se apenas a afirmativa I estiver correta. ampla defesa.
b) se apenas a afirmativa II estiver correta. b) invalidada por sentença judicial a demissão do servi-
c) se apenas a afirmativa III estiver correta. dor estável, será ele reconduzido, e o eventual ocu-
d) se apenas as afirmativas I e II estiverem corretas. pante da vaga, se estável, reintegrado ao cargo de ori-
e) se apenas as afirmativas II e III estiverem corretas. gem, sem direito a indenização, aproveitado em outro
cargo ou posto em disponibilidade com remuneração
8. (IF-AM – ASSISTENTE EM ADMINISTRAÇÃO – IDE- proporcional ao tempo de serviço.
CAN – 2019) A respeito das disposições constitucionais c) extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade,
relativas à Administração Pública, assinale a alternativa o servidor estável ficará em disponibilidade, com re-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

correta: muneração proporcional ao tempo de serviço, até seu


adequado aproveitamento em outro cargo.
a) depende de concurso de provas e títulos a contrata- d) como condição para a aquisição da estabilidade, é
ção por tempo determinado para atender à necessida- obrigatória a avaliação especial de desempenho por
de temporária de excepcional interesse público. comissão instituída para essa finalidade.
b) os acréscimos pecuniários percebidos por servidor e) o servidor público estável poderá perder o cargo me-
público serão computados e acumulados para fins de diante processo administrativo em que lhe seja asse-
concessão de acréscimos ulteriores. gurada ampla defesa.
c) a publicidade dos atos, programas, obras, serviços e
campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter
educativo e político-partidário.
d) é vedada a participação do usuário na administração
pública direta e indireta.

53
GABARITO ANOTAÇÕES

1 C ___________________________________________________________
2 E
____________________________________________________________
3 C
4 C ____________________________________________________________
5 E ____________________________________________________________
6 ERRADO
____________________________________________________________
7 C
____________________________________________________________
8 E
9 D ____________________________________________________________
10 B ____________________________________________________________

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54
ÍNDICE

NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Aplicação da lei penal. Princípios da legalidade e da anterioridade. A lei penal no tempo e no espaço. Tempo e lugar
do crime. Lei penal excepcional, especial e temporária. Territorialidade e extraterritorialidade da lei penal.................... 01
Pena cumprida no estrangeiro. Eficácia da sentença estrangeira. Contagem de prazo. Frações não computáveis da
pena. Interpretação da lei penal. Analogia. Irretroatividade da lei penal. Conflito aparente de normas penais.............. 15
Crimes contra a pessoa........................................................................................................................................................................................ 18
Crimes contra o patrimônio................................................................................................................................................................................ 25
Crimes contra a administração pública.......................................................................................................................................................... 35
Disposições constitucionais aplicáveis ao direito penal.......................................................................................................................... 41
Abuso de autoridade (Lei federal nº 4.898/1965)...................................................................................................................................... 41
Lei de Drogas (Lei federal nº 11.343/2006).................................................................................................................................................. 43
Crimes hediondos; Crimes de tortura (Lei federal nº 9.455/1997)...................................................................................................... 47
Estatuto do Desarmamento (Lei federal nº 10.826/2003)...................................................................................................................... 50
Lei Maria da Penha (Lei federal nº 11.340/2006, arts. 01a 07).............................................................................................................. 58
Tipicidade, Ilicitude, Culpabilidade, que significa isso?
APLICAÇÃO DA LEI PENAL. Na TIPICIDADE se estuda o conceito da ação ou omis-
PRINCÍPIOS DA LEGALIDADE são do comportamento humano: dolo, culpa, resultado,
E DA ANTERIORIDADE. A LEI nexo causal e imputação objetiva do resultado, bem jurí-
PENAL NO TEMPO E NO ESPAÇO. dico objeto da proteção penal.
TEMPO E LUGAR DO CRIME. LEI Na ILICITUDE se definem as valorizações sociais acer-
PENAL EXCEPCIONAL, ESPECIAL E ca da matéria proibida, com maior ênfase nas causas de
TEMPORÁRIA. TERRITORIALIDADE justificação: estado de necessidade, legítima defesa, es-
E EXTRATERRITORIALIDADE DA LEI trito cumprimento do dever legal, de modo a esclarecer
PENAL. quais seriam as condutas vedadas, as permitidas e aque-
las penas toleradas.
Na CULPABILIDADE se trata das questões relevantes
POR QUE DIREITO PENAL? que cuidam da atribuição do fato criminoso ao seu ator,
examinando a sua imputabilidade penal: capacidade para
Vamos retornar no tempo. Durante o período monár- responder por suas ações. E a reprovabilidade pessoal de
quico, no Brasil havia o Código Criminal, pois naquela seu ato, em face das circunstâncias concretas que cercam
época o objetivo do estudo era o crime. Logo no início o evento danoso.
do período republicano, tivemos nosso primeiro Código O Direito Penal está interligado a todos os ramos do
Penal, pois os olhos passaram a observar o resultado, a Direito, especialmente Direito Constitucional, que se tra-
pena. E isso vem até o presente. duz no estatuto máximo de uma sociedade politicamen-
Há diferença entre Direito Penal e Direito Criminal? te organizada.
Direito Penal e Direito Criminal podem ser sinônimos, Todos os ramos do direito positivo só adquiri a plena
sem problemas. Mas, temos que saber que se o objetivo eficácia quando compatível com os Princípios e Normas
é a resultado: Direito Penal. Se o objetivo é a causa: Di- descritos na Constituição Federal abstraindo-a como um
reito Criminal. todo.
Não vamos estudar história do direito. Basearemos O estudo da aplicação da lei penal tem, quase que
o direito penal a partir da Constituição Federal de 1988. obrigatoriamente, passar pelos princípios constitucionais
O Direito Constitucional define a estrutura do Estado e assim avançar nesta ramos do direito. Tenha a ideia de
e a posição dos direitos e garantias individuais no mode- que os princípios são o alicerce de todo sistema norma-
lo político escolhido. tivo, fundamentam todo o sistema de direito e estabele-
O direito penal não vive sozinho, mas se comunica cem os direitos fundamentais do homem.
com a filosofia, sociologia, criminologia etc. O Direito Penal moderno se assenta em determinados
A criminologia levanta as questões atinentes à legiti- princípios fundamentais, próprios do Estado de Direito
midade do sistema penal e sobre as práticas das instân- democrático, entre os quais sobreleva o da legalidade
cias oficiais que operam neste contexto: Poder Judiciário, dos delitos e das penas, da reserva legal ou da interven-
Ministério Público, Polícia etc. Embora de grande impor- ção legalizada, que tem base constitucional expressa.
tância, tem a função de servir de suporte argumentativo A sua dicção legal tem sentido amplo: não há cri-
para a interpretação das leis penais. me (infração penal), nem pena ou medida de segurança
O processo penal, por sua vez, viabiliza a aplicação da (sanção penal) sem prévia lei (stricto sensu).
lei penal. É também o instrumento que recebe da Consti- O direito penal possui conceito de aspecto formal e
tuição Federal amplo repertório de garantias individuais. de aspecto sociológico:

Um exemplo:
#FicaDica
No Código Penal (art. 100 a 106) temos a AÇÃO Aspecto formal
PENAL. Direito penal é um conjunto de normas que
qualifica certos comportamentos huma-
Na Criminologia temos o suporte argumentativo. nos como infrações penais, define os seus
No Processo Penal temos a viabilização da lei penal. agentes e fixa as sanções a serem aplicadas.
Imagine: “A” foi encontrado morto em um determi- Aspecto sociológico
nado local. Homicídio é crime (art. 121, do CP). Sem o O direito penal é mais um instrumento do
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Processo Penal, aquele corpo de “A” ficará ali, naquele controle social de comportamentos desvia-
local. Não teremos condições de interpretar a cena do dos, visando assegurar a necessária disci-
crime. Viabiliza-se os procedimentos de preservar o lo- plina social, bem como a convivência har-
cal, instaurar a investigação, colher provas, fazer perícias, mônica dos membros do grupo.
indiciar o autor, denunciar, praticar os atos processuais,
aplicar a pena etc. Isso mostra que o direito penal não
está sozinho. Sobre a função (funcionalismo) do direito penal, a
Além disso, o direito penal possui inúmeros princípios doutrinária divide em funcionalismo teleológico e fun-
que estão presentes ao logo de toda a sua aplicação. cionalismo sistêmico.

1
Funcionalismo teleológico: o fim do Direito Penal é Princípio da confiança
assegurar bens jurídicos indispensáveis à convivência
dos homens valendo-se das medidas de políticas crimi- Embora tratado por parte da doutrina como um prin-
nais. Admite o princípio da insignificância. cípio trata-se, em verdade, de um critério de avaliação do
Funcionalismo sistêmico: a função do Direito Penal é comportamento, do dever de cuidado, segundo o qual
resguardar o sistema, o império da norma, o direito pos- se proíbe a exigência de que o indivíduo tenha previsão
to, atrelado aos fins da pena. Não admite princípio da perante ações descuidadas de terceiros.
insignificância. Ao contrário, aquele que age dentro da normalidade
das relações sociais, diga-se, dentro dos limites do risco
A missão do direito penal está relacionada a alguns permitido, tem o direito de esperar que os demais assim
princípios, vejamos: atuem (confiança permitida), impossibilitando que seja
a ele imputada a previsibilidade de um comportamento
• Princípio da exclusiva proteção de bens jurídicos; imprudente, contrário ao dever de cautela praticado por
• Princípio da intervenção mínima (subsidiariedade e outrem.
fragmentariedade); Exclui a imputação subjetiva, desde que, na concor-
• Princípio da proibição de proteção deficiente; rência de ações, o agente que o invoca tenha agido com
• Princípio da vedação à conta corrente – “carta de o dever de cautela exigível para o caso concreto, em con-
crédito carcerário”; sonância com as regras de experiência comum.
• Princípio da confiança. É utilizado em atividades compartilhadas, como é o
caso das relações no trânsito, em que há a participação
Princípio da exclusiva proteção de bens jurídicos dos pedestres de dos demais condutores, e nos trabalhos
em equipe, como ocorre, por exemplo, nas intervenções
Impede que o estado venha a utilizar o direito penal cirúrgicas.
para proteção de bens ilegítimos. Limitando sua missão
DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS APLICÁVEIS AO
no sentido de proteger os bens jurídicos mais relevantes
DIREITO PENAL
do homem. Exemplo: não pode definir como crime ou-
tros credos, budismo, ou até o ateísmo. Não é possível
O Direito Penal está interligado a todos os ramos do
defender uma religião discriminando outras.
Direito, especialmente Direito Constitucional, que se tra-
duz no estatuto máximo de uma sociedade politicamen-
Princípio da intervenção mínima
te organizada.
Todos os ramos do direito positivo só adquiri a plena
O direito penal deve ser aplicado quando estritamen-
eficácia quando compatível com os Princípios e Normas
te necessário mantendo-se SUBSIDIÁRIO e FRAGMENTÁ-
descritos na Constituição Federal abstraindo-a como um
RIO (características).
todo.
As disposições constitucionais aplicáveis ao Direito
Princípio da proibição de proteção deficiente Penal também são chamadas de princípios constitucio-
nais do Direito Penal.
Também denominado de princípio da insuficiência Enfim, esse estudo tem de passar pelos princípios
ou de proibição de omissão, o princípio da proibição de constitucionais e assim avançar neste ramo do direito.
proteção deficiente consiste em uma verdadeira cláusula Tenha a ideia de que os princípios são o alicerce de
mandamental dirigida ao Estado, determinando a ado- todo sistema normativo, fundamentam todo o sistema
ção das medidas suficientes e necessárias à proteção dos de direito e estabelecem os direitos fundamentais do
direitos fundamentais. homem.
O princípio da insuficiência não se dirige apenas ao O Direito Penal moderno se assenta em determinados
legislador, impondo-lhe proibição de omissão, mas, tam- princípios fundamentais, próprios do Estado de Direito
bém, ao Poder Judiciário. democrático, entre os quais sobreleva o da legalidade
No plano legislativo, o aludido princípio se assemelha dos delitos e das penas, da reserva legal ou da interven-
ao mandado de criminalização (ou penalização), no sen- ção legalizada, que tem base constitucional expressa.
tido da proibição do Poder Legislativo se omitir diante Nasce, então, os princípios do Direito Penal.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

dos mecanismos de proteção dos direitos fundamentais.


Princípio da Legalidade
Princípio da vedação à conta corrente
A sua dicção legal tem sentido amplo: não há cri-
Significa que, mesmo que condenado erroneamente me (infração penal), nem pena ou medida de segurança
ou permanecer preso por tempo superior ao determina- (sanção penal) sem prévia lei (stricto sensu).
do na sentença, o agente não terá direito a um crédito
carcerário a seu favor, devendo a situação ser resolvida Assim, o princípio da legalidade tem quatro funções
no âmbito da responsabilidade civil do Estado. fundamentais:

2
Princípio da aplicação da lei mais favorável

A regra do direito penal é a irretroatividade da lei penal, ressalvada a retroatividade favorável ao acusado, funda-
mentam-se a regra geral nos princípios da reserva legal, da taxatividade e da segurança jurídica (princípio do favor
libertatis), e a hipótese excepcional em razões de política criminal (justiça). Trata-se de restringir o arbítrio legislativo e
judicial na elaboração e aplicação de lei retroativa prejudicial.
A regra constitucional (art. 5°, XL, da CF) é no sentido da irretroatividade da lei penal; a exceção é a retroatividade,
desde que seja para beneficiar o réu.
Com essa vertente do princípio da legalidade tem-se a certeza de que ninguém será punido por um fato que,
ao tempo da ação ou omissão, era tido como um indiferente penal, haja vista a inexistência de qualquer lei penal
incriminando-o.

Taxatividade ou da determinação

Diz respeito à técnica de elaboração da lei penal, que deve ser suficientemente clara e precisa na formulação do
conteúdo do tipo legal e no estabelecimento da sanção para que exista real segurança jurídica.
Tal assertiva constitui postulado indeclinável do Estado de direito material - democrático e social.
O princípio da reserva legal implica a máxima determinação e taxatividade dos tipos penais, impondo-se ao Poder
Legislativo, na elaboração das leis, que redija tipos penais com a máxima precisão de seus elementos, bem como ao
Judiciário que as interprete restritivamente, de modo a preservar a efetividade do princípio.

Princípio da exclusiva proteção dos bens jurídicos

O pensamento jurídico moderno reconhece que o escopo imediato e primordial do Direito Penal reside na proteção
de bens jurídicos essenciais ao indivíduo e à comunidade, dentro do quadro axiológico constitucional ou decorrente da
concepção de Estado de Direito democrático (teoria constitucional eclética).

Princípio da intervenção mínima ou da subsidiariedade ou do Direito Penal Mínimo


NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Estabelece que o Direito Penal só deve atuar na defesa dos bens jurídicos imprescindíveis à coexistência pacífica
das pessoas e que não podem ser eficazmente protegidos de forma menos gravosa. Desse modo, a lei penal só deverá
intervir quando for absolutamente necessário para a sobrevivência da comunidade, como ultima ratio.
O princípio da intervenção mínima é o responsável não só pelos bens de maior relevo que merecem a especial pro-
teção do Direito Penal, mas se presta, também, a fazer com que ocorra a chamada descriminalização.
Se é com base neste princípio que os bens são selecionados para permanecer sob a tutela do Direito Penal, porque
considerados como de maior importância, também será com fundamento nele que o legislador, atento às mutações
da sociedade, que com sua evolução deixa de dar importância a bens que, no passado, eram da maior relevância, fará
retirar do ordenamento jurídico-penal certos tipos incriminadores.

3
Princípio da pessoalidade da pena ou da responsabilidade pessoal ou da intrancendência da pena

Impede-se a punição por fato alheio, vale dizer, só o autor da infração penal pode ser apenado (CF, art. 5°, XLV).
Havendo falecimento do condenado, a pena que lhe fora infligida, mesmo que seja de natureza pecuniária, não
poderá ser estendida a ninguém, tendo em vista seu caráter personalíssimo, quer dizer, somente o autor do delito é
que pode submeter-se às sanções penais a ele aplicadas.
Todavia, se estivermos diante de uma responsabilidade não penal, como a obrigação de reparar o dano, nada im-
pede que, no caso de morte do condenado e tendo havido bens para transmitir aos seus sucessores, estes respondem
até as forças da herança.
A pena de multa, apesar de ser considerada agora dívida de valor, não deixou de ter caráter penal e, por isso, con-
tinua obedecendo a este princípio.

#FicaDica
• Com o falecimento do condenado, a pena que lhe fora infligida, mesmo que seja de natureza pecuni-
ária, não poderá ser estendida a ninguém. Pena de multa tem natureza penal, não pode ser transferida.
• A responsabilidade não penal, como a obrigação de reparar o dano, nada impede que, no caso de
morte do condenado e tendo havido bens para transmitir aos seus sucessores, estes respondem até
as forças da herança.

Individualização da pena

A individualização da pena ocorre em três momentos:


NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Proporcionalidade da pena

Deve existir sempre uma medida de justo equilíbrio entre a gravidade do fato praticado e a sanção imposta.
A pena deve ser proporcionada ou adequada à magnitude da lesão ao bem jurídico representada pelo delito e a
medida de segurança à periculosidade criminal do agente.
O princípio da proporcionalidade rechaça, portanto, o estabelecimento de cominações legais (proporcionalidade
em abstrato) e a imposição de penas (proporcionalidade em concreto) que careçam de relação valorativa com o fato
cometido considerado em seu significado global.

4
#FicaDica

Princípio da humanidade ou da limitação das penas

Em um Estado de Direito democrático veda-se a criação, a aplicação ou a execução de pena, bem como de qualquer
outra medida que atentar contra a dignidade humana. Apresenta-se como uma diretriz garantidora de ordem material
e restritiva da lei penal, verdadeira salvaguarda da dignidade pessoal, relaciona-se de forma estreita com os princípios
da culpabilidade e da igualdade.

Está previsto no art. 5°, XLVII, CF, que proíbe as seguintes penas:

a) de morte, salvo em caso de guerra declarada;


b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis.

Um Estado que mata, que tortura, que humilha o cidadão não só perde qualquer legitimidade, senão que contradiz
sua razão de ser, colocando-se ao nível dos mesmos delinquentes (FERRAJOLI, 2014).

Princípio da adequação social

Apesar de uma conduta se subsumir ao modelo legal não será tida como típica se for socialmente adequada ou
reconhecida, isto é, se estiver de acordo da ordem social da vida historicamente condicionada.
Outro aspecto é o de conformidade ao Direito, que prevê uma concordância com determinações jurídicas de com-
portamentos já estabelecidos.
O princípio da adequação social possui dupla função, acompanhe:
Uma delas é a de restringir o âmbito de abrangência do tipo penal, limitando a sua interpretação, e dele excluindo
as condutas consideradas socialmente adequadas e aceitas pela sociedade.
A segunda função é dirigida ao legislador em duas vertentes.
A primeira delas o orienta quando da seleção das condutas que deseja proibir ou impor, com a finalidade de pro-
teger os bens considerados mais importantes.
Se a conduta que está na mira do legislador for considerada socialmente adequada, não poderá ele reprimi-la va-
lendo-se do Direito Penal. A segunda vertente destina-se a fazer com que o legislador repense os tipos penais e retire
do ordenamento jurídico a proteção sobre aqueles bens cujas condutas já se adaptaram perfeitamente à evolução da
sociedade.

Princípio da insignificância ou da bagatela


NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Este princípio, enquanto manifestação contrária ao uso excessivo da sanção penal, postula que devem ser tidas
como atípicas as ações ou omissões que afetam muito infimamente a um bem jurídico-penal.
A irrelevante lesão do bem jurídico protegido não justifica a imposição de uma pena, devendo-se excluir a tipicida-
de em caso de danos de pouca importância.

A insignificância da afetação [do bem jurídico] exclui a tipicidade, mas só pode ser estabelecida através da considera-
ção conglobada da norma: toda ordem normativa persegue uma finalidade, tem um sentido, que é a garantia jurídica
para possibilitar uma coexistência que evite a guerra civil (a guerra de todos contra todos). A insignificância só pode

5
surgir à luz da finalidade geral que dá sentido à ordem normativa, e, portanto, à norma em particular, e que nos
indica que essas hipóteses estão excluídas de seu âmbito de proibição, o que não pode ser estabelecido à luz de sua
consideração isolada. (ZAFFARONI e PIERANGELI - 2015)
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

6
Princípio da lesividade ou da ofensividade do evento

A lei penal tem o dever de prevenir os mais altos custos individuais representados pelos efeitos lesivos das ações
reprováveis e somente eles podem justificar o custo das penas e das proibições.
O princípio axiológico da separação entre direito e moral veta, por sua vez, a proibição de condutas meramente
imorais ou de estados de ânimo pervertidos, hostis, ou, inclusive, perigosos.

Princípio da razoabilidade

De todos os princípios estudados, este é o único que não é constitucional.


Mas, não podemos deixar de estudá-lo neste momento.
Segunda a doutrina, o razoável sobrepõe o que é legal. Faz com que a lei seja interpretada e aplicada em harmonia
com a realidade, de modo social e juridicamente razoável., buscando aquilo que é justo.

EXERCÍCIO COMENTADO

1. (PC-MA – INVESTIGADOR DE POLÍCIA – CESPE – 2018) O princípio da legalidade compreende

a) A capacidade mental de entendimento do caráter ilícito do fato no momento da ação ou da omissão, bem como da
ciência desse entendimento.
b) O juízo de censura que incide sobre a formação e a exteriorização da vontade do responsável por um fato típico e
ilícito, com o propósito de aferir a necessidade de imposição de pena.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

c) A oposição entre o ordenamento jurídico vigente e um fato típico praticado por alguém capaz de lesionar ou expor
a perigo de lesão bens jurídicos penalmente protegidos.
d) A obediência às formas e aos procedimentos exigidos na criação da lei penal e, principalmente, na elaboração de seu
conteúdo normativo.
e) A conformidade da conduta reprovável do agente ao modelo descrito na lei penal vigente no momento da ação ou
da omissão.

Resposta: Letra D. O princípio da legalidade penal também está relacionado ao devido respeito às normas e pro-
cedimentos que devem ser respeitados para a produção das normas penais, assim como, também, com o conteúdo
normativo das disposições sobre Direito Penal.

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2. (DPRF – Policial Rodoviário Federal – CESPE – 2013) ser moralidade administrativa é um conceito vago, in-
O princípio da legalidade é parâmetro fixador do con- determinado, que pode ser interpretado de inúmeras
teúdo das normas penais incriminadoras, ou seja, os ti- maneiras conforme a análise de cada indivíduo.
pos penais de tal natureza somente pode ser criados por
meio de lei em sentido estrito. 5. (DETRAN-DF – Analista de Trânsito – CESPE – 2009)
Acerca do direito penal, julgue os itens que se seguem. O
( ) CERTO   ( ) ERRADO princípio da legalidade veda o uso de analogia in malam
partem e a criação de crimes e penas pelos costumes.
Resposta: Certo. O princípio da legalidade serve de
parâmetro para fixação das normas penais incrimi- ( ) CERTO   ( ) ERRADO
nadoras (aquelas que criam crimes e suas respectivas
penas). Não é possível a criação de tipos penais in- Resposta: Certo. Dentre as características do princípio
da legalidade, a alternativa apresenta duas delas: Ve-
criminadoras de nenhuma outra forma que não seja
dação de se utilizar analogia para prejudicar o agente
por meio de lei em sentido estrito (Lei Ordinária e Lei
(in malam partem); Vedação de se criar crimes e penas
Complementar). Nenhum outro diploma normativo
pelos costumes. É importante mencionar que a analo-
poderá criar crime e cominar penas. Previsão Legal:
gia não é amplamente proibida no Direito Penal Brasi-
Artigo 1º do Código Penal e Artigo 5º, XXXIX, da Cons- leiro, já que, se for para beneficiar (in bonam partem)
tituição Federal. o agente, ela será admitida.
3. (TJ-PB – Juiz Leigo-ADAPTADA – CESPE – 2013) É
permitida a criação de tipos penais por meio de medida Lei 13.964/19
provisória.
A Lei 13.964/2019 proveio de um projeto do Governo
( ) CERTO   ( ) ERRADO denominado de Pacote Anticrime, sancionado em 24 de
dezembro de 2019 e em vigor a partir de 23 de janeiro
Resposta: Errado. Vigora no nosso ordenamento ju- de 2020.
rídico o princípio da reserva legal, desdobramento do Com a nova lei, diversos dispositivos do Código Penal
princípio da legalidade, juntamente com o princípio (CP) e do Código de Processo Penal (CPP), além de outras
da anterioridade. O princípio da reserva legal estabe- leis, como a Lei 7.210/84 (LEP), foram revogados, altera-
lece que somente lei em sentido estrito pode criar cri- dos ou acrescentados.
mes e cominar penas. Segundo a Constituição Federal, Este conjunto de alterações visa aumentar a eficácia
em seu Artigo 62, § 1º, I, b, é vedado a edição de Me- no combate ao crime organizado, ao crime violento e à
dida Provisória sobre Direito Penal. Parte da doutrina corrupção.
e também a jurisprudência do STF, admitem a possibi-
lidade de Medida Provisória em matéria penal, desde Alterações no Código Penal
que seja para beneficiar o agente, mas eles também
entender não poder a Medida Provisória criar crimes Legítima defesa é uma causa excludente de ilicitude,
ou penas. consistente em repelir, de si mesmo ou de outrem, uma
injusta agressão, atual ou iminente. A injusta agressão
4. (TJ-ES – Comissário da Infância e da Juventude – torna lícita a conduta do agente que visa neutralizá-la.
A novidade trazida pelo pacote anticrime é que passa
CESPE – 2011) Com relação aos princípios de direito pe-
a ser considerado, também, em legítima defesa, o agente
nal, à aplicação da lei penal e ao crime, julgue os itens
de segurança pública que repele agressão ou risco de
subsecutivos.
agressão a vítima mantida refém durante a prática de
Uma das funções do princípio da legalidade refere-se à
crimes.
proibição de se realizar incriminações vagas e indeter-
minadas, visto que, no preceito primário do tipo penal Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usan-
incriminador, é obrigatória a existência de definição pre- do moderadamente dos meios necessários, repele in-
cisa da conduta proibida ou imposta, sendo vedada, com justa agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de
base em tal princípio, a criação de tipos que contenham outrem.
conceitos vagos e imprecisos. Parágrafo único. Observados os requisitos previstos
no caput deste artigo, considera-se também em legí-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

( ) CERTO   ( ) ERRADO tima defesa o agente de segurança pública que repele


agressão ou risco de agressão a vítima mantida refém
Resposta: Certo. Segundo posicionamento doutri- durante a prática de crimes.
nário, o princípio da legalidade é desdobrado nas se-
guintes vertentes. O princípio da taxatividade proíbe a Outra novidade é que antes, transitada em julgado a
criação de tipos penais que contenham condutas in- sentença condenatória, a multa era considerada dívida
determinadas, imprecisas. O seguinte tipo penal seria de valor e eram aplicadas as normas da legislação relativa
vedado em nosso ordenamento jurídico: Violar a mo- à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que con-
ralidade pública. Reclusão, de 5 a 8 anos. O que vem a cerne às causas interruptivas e suspensivas da prescrição.

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Com a nova lei, a multa passa a ser executada pe- Nesse contexto, conforme o art. 91-A, § 1º, do Código
rante o juiz da execução penal e será considerada dívida Penal, considera-se patrimônio do condenado tanto os
de valor, aplicáveis as normas relativas à dívida ativa da bens: (a) – de sua titularidade, ou em relação aos quais
Fazenda Pública. ele tenha o domínio e o benefício direto ou indireto, na
data da infração penal ou recebidos posteriormente; e
O tempo máximo de cumprimento da pena privativa (b) – transferidos a terceiros a título gratuito ou mediante
de liberdade também foi alterado: contraprestação irrisória, a partir do início da atividade
criminal.
ANTES DA LEI 13964/19 DEPOIS DA LEI 13964/19
30 anos 40 anos FIQUE ATENTO!
Obs. Novatio legis in pejus Novas causas impeditivas da prescrição an-
tes do trânsito em julgado:
(não retroage)
I - enquanto não resolvida, em outro pro-
cesso, questão de que dependa o reconhe-
Outro artigo alterado corresponde a mudanças no li-
cimento da existência do crime; II - enquanto
vramento condicional:
o agente cumpre pena no exterior; III - na
pendência de embargos de declaração ou
Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicio-
de recursos aos Tribunais Superiores, quando
nal ao condenado a pena privativa de liberdade igual
inadmissíveis; e IV - enquanto não cumprido
ou superior a 2 (dois) anos, desde que:
ou não rescindido o acordo de não persecu-
I - cumprida mais de um terço da pena se o condena-
ção penal.
do não for reincidente em crime doloso e tiver bons
antecedentes;
II - cumprida mais da metade se o condenado for re- Nos crimes em espécie, algumas alterações também
incidente em crime doloso; ocorreram. Por exemplo, no crime de roubo, a pena pas-
III - comprovado: sou a ser aumentada de 1/3 até 1/2 se a violência ou
a) bom comportamento durante a execução da pena; grave ameaça é exercida com emprego de ARMA BRAN-
b) não cometimento de falta grave nos últimos 12 CA. Ademais, a pena aumenta-se de 2/3 se a violência ou
(doze) meses; ameaça é exercida com emprego de ARMA DE FOGO. Por
c) bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído; fim, aplica-se a pena em DOBRO se a violência ou grave
e ameaça é exercida com emprego de ARMA DE FOGO DE
d) aptidão para prover a própria subsistência median- USO RESTRITO OU PROIBIDO.
te trabalho honesto; O crime de estelionato passou a ter como regra de
IV - tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de Ação Penal Pública Condicionada a Representação. Ex-
fazê-lo, o dano causado pela infração; ceção: Será de Ação penal pública INCONDICIONADA
V - cumpridos mais de dois terços da pena, nos casos quando a vítima for:
de condenação por crime hediondo, prática de tortura,
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, tráfico I - a Administração Pública, direta ou indireta;
de pessoas e terrorismo, se o apenado não for reinci- II - criança ou adolescente;
dente específico em crimes dessa natureza. III - pessoa com deficiência mental; ou
Parágrafo único - Para o condenado por crime doloso, IV - maior de 70 anos de idade ou incapaz.
cometido com violência ou grave ameaça à pessoa, a
concessão do livramento ficará também subordinada A pena do crime de concussão também mudou: De
à constatação de condições pessoais que façam presu- Reclusão, de 2 a 8 anos, e multa, passou para Reclusão,
mir que o liberado não voltará a delinquir. de 2 a 12 anos, e multa. Essa é uma novatio legis in pejus,
logo, não retroage.
Alguns conceitos doutrinários também foram intro-
duzidos, por exemplo, o conceito de “confisco alargado O Direito Penal está interligado a todos os ramos do
ou ampliado” foi construído pelo fato de não abranger Direito, especialmente Direito Constitucional, que se tra-
meramente o produto e os instrumentos do crime, tal duz no estatuto máximo de uma sociedade politicamen-
como o confisco “tradicional”, previsto no art. 91 do Có- te organizada.
digo Penal. Isso porque o instituto, anunciado no art. Todos os ramos do direito positivo só adquiri a plena
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

91-A do Código Penal (com redação dada pelo “Paco- eficácia quando compatível com os Princípios e Normas
te Anticrime”), considera produto ou proveito os “bens descritos na Constituição Federal abstraindo-a como um
correspondentes à diferença entre o valor do patrimônio todo.
do condenado e aquele que seja compatível com o seu O estudo da aplicação da lei penal tem, quase que
rendimento lícito”. obrigatoriamente, passar pelos princípios constitucionais
É importante destacar que não se aplica a qualquer e assim avançar na nesta disciplina.
crime ou contravenção penal, visto que seu âmbito de Tenha a ideia de que os princípios são o alicerce de
incidência é restrito às infrações penais a que a lei co- todo sistema normativo, fundamentam todo o sistema
mine pena máxima superior a 06 (seis) anos de reclusão de direito e estabelecem os direitos fundamentais do
(infrações de elevado potencial ofensivo). homem.

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O Direito Penal moderno se assenta em determinados princípios fundamentais, próprios do Estado de Direito de-
mocrático, entre os quais destaca-se o da legalidade dos delitos e das penas, da reserva legal ou da intervenção lega-
lizada, tudo com base constitucional expressa.
Sobre a aplicação da lei da lei penal é necessário compreender as fontes do direito penal:

FONTES FORMAIS

Mediatas

a) Costume é a reiteração de uma conduta, de modo constante e uniforme, por força da convicção de sua
obrigatoriedade.

Possui um elemento objetivo, relativo ao fato (reiteração da conduta) e outro subjetivo, inerente ao agente (convic-
ção da obrigatoriedade). Ambos devem estar presentes cumulativamente.

No Direito Penal, o costume nunca pode ser empregado para criar delitos ou aumentar penas.

Os costumes se dividem:

1) secundum legem ou interpretativo: auxilia o intérprete a esclarecer o conteúdo de elementos ou circunstâncias


do tipo penal.

No passado, pode ser lembrada a expressão “mulher honesta”, a qual era compreendida de diversas formas ao
longo do território nacional.

2) contra legem ou negativo: também conhecido como desuetudo, é aquele que contraria a lei, mas não tem o condão
de revogá-la.
3) praeter legem ou integrativo: supre a lacuna da lei e somente pode ser utilizado na seara das normas penais não
incriminadoras, notadamente para possibilitar o surgimento de causas supralegais de exclusão da ilicitude ou da
culpabilidade.
b) Princípios gerais do Direito são os valores fundamentais que inspiram a elaboração e a preservação do ordena-
mento jurídico. Não podem ser utilizados para tipificação de condutas ou cominação de penas. Sua atuação se reserva
ao âmbito das normas penais não incriminadoras.
c) Atos da Administração Pública: no Direito Penal, funcionam como complemento de algumas leis penais em branco.

FONTE FORMAL

Imediata

É a lei penal, uma vez que, por expressa determinação constitucional, tem a si reservado, exclusivamente, o papel
de criar infrações penais e cominar as respectivas penas respectivas.
A estrutura da lei penal apresenta um preceito primário (conduta) e um preceito secundário (pena).

#FicaDica
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

As leis penais podem ser incriminadoras; não incriminadoras (permissivas, exculpantes; interpretativas; de aplicação,
finais ou complementares; diretivas; integrativas ou de extensão); completas ou perfeitas; e incompletas ou imperfeitas.
A lei penal não é proibitiva, mas descritiva.
Incriminadoras quando descrevem crimes e cominam penas.
As não incriminadoras podem ser permissivas ou explicativas, também chamadas complementares ou finais.

10
As permissivas podem ser justificantes, quando excluem a antijuridicidade, e exculpantes, quando excluem a
culpabilidade.
As explicativas (complementares ou finais) esclarecem o conteúdo de outra norma, como no caso do conceito de
funcionário público, ou tratam de regras gerais para aplicação das demais normas, como as que disciplinam a tentativa
e o nexo de causalidade.

Normas penais incriminadoras

É fácil.
São aquelas que definem as infrações penais e fixam as respectivas penas.
São também chamadas de tipos penais.
As normas incriminadoras possuem, necessariamente, duas partes.
A primeira descreve a conduta típica e os demais elementos necessários para que o fato seja considerado criminoso.
Também chamado de preceito primário da norma incriminadora.
Crime de furto - art. 155, caput, CP: “subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel”.
Os diversos requisitos que compõem o tipo penal são denominados elementos ou elementares e se subdividem em
três espécies: elementos objetivos, subjetivos e normativos.
Os elementos objetivos são os verbos constantes dos tipos penais (núcleos do tipo) e os demais requisitos, cujos
significados não demandam qualquer juízo de valor, como a expressão “coisa móvel” no crime de furto.
Todos os tipos penais possuem elementos objetivos.
Os elementos subjetivos dizem respeito à especial finalidade do agente ao realizar a ação ou omissão delituosa.
Não são todos os tipos penais que contêm elementos subjetivos.
O crime de extorsão mediante sequestro, por exemplo, consiste em “sequestrar pessoa com o fim de obter, para si
ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate” (art. 159 do CP).
O elemento subjetivo do tipo é a intenção do agente de obter vantagem como decorrência do sequestro.
Os elementos normativos, por sua vez, são aqueles cujo significado não se extrai da mera observação, dependendo
de uma interpretação, ou seja, de um juízo de valor.
No crime de furto, a expressão “coisa alheia” é considerada elemento normativo, pois só se sabe se um bem é
alheio quando se está diante de um caso concreto e se faz uma análise envolvendo o bem e a pessoa acusada de tê-lo
subtraído.
São poucos os crimes que possuem elemento normativo.
Os tipos penais compostos somente por elementos objetivos são chamados de normais, e aqueles que também
contêm elementos subjetivos ou normativos são classificados de anormais (por serem exceção).
Na segunda parte da norma incriminadora, a lei prevê a pena a ser aplicada a quem realizar a conduta típica ilícita.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

No caso do furto, a pena estabelecida é de “reclusão, de um a quatro anos, e multa”. Esse é o chamado preceito
secundário da norma.
Além da definição legal e da respectiva pena, as normas incriminadoras podem ser complementadas na Parte Espe-
cial por circunstâncias que tornam a pena mais grave ou mais branda.

Causas de aumento de pena

As causas de aumento são índices de soma ou multiplicação a serem aplicados sobre a pena estabelecida na fase
anterior.

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Continuando no exemplo do crime de furto: A LEI PENAL NO TEMPO

Art. 155, § 1º, do CP, “a pena aumenta-se de 1/3 O Código Penal, logo no art. 1º dispõe que não há
(um terço) se o crime é praticado durante o repouso crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem
noturno”. prévia cominação legal.
A lei penal não pode retroagir, o que é denominado
Qualificadoras como irretroatividade da lei penal. Contudo, exceção à
norma, a Lei poderá retroagir quando trouxer benefício
As qualificadoras alteram a pena em abstrato (precei- ao réu.
to secundário) como um todo, descrevendo novas penas Em regra, aplica-se a lei penal a fatos ocorridos du-
máxima e mínima. rante sua vigência, porém, por vezes, verificamos a extra-
No crime de furto, por exemplo, além do tipo básico tividade da lei penal.
já mencionado e descrito no caput do art. 155, do CP, A extratividade da lei penal se manifesta de duas ma-
existem as qualificadoras (rompimento de obstáculo, neiras, ou pela ultratividade da lei ou retroatividade da
emprego de chave falsa, escalada, concurso de agentes lei.
etc.). Assim, considerando que a extra atividade da lei penal
é o seu poder de regular situações fora de seu período
Art. 155. (...) de vigência, podendo ocorrer seja em relação a situações
§ 4º. A pena é de reclusão de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e passadas, seja em relação a situações futuras.
multa, se o crime é cometido: Quando a lei regula situações passadas, fatos anterio-
I – com destruição ou rompimento de obstáculos à res a sua vigência, ocorre a denominada retroatividade.
subtração da coisa; Já, se sua aplicação se der para fatos após a cessação de
II – com abuso de confiança, ou mediante fraude, es- sua vigência, será chamada ultratividade.
calda ou destreza;
III – com emprego de chave falsa; Em se tratando de extratividade da lei penal, observa-
IV – mediante concurso de duas ou mais pessoas. -se a ocorrência das seguintes situações:

Abrandamento da pena a) “Abolitio criminis” – trata-se da supressão da figura


criminosa;
Há hipóteses de abrandamento da pena, por exem- b) “Novatio legis in melius” ou “lex mitior” – é a lei
plo, o furto privilegiado. penal mais benigna;

Art. 155, § 2º, do CP, “se o criminoso é primário, e é Tanto a abolitio criminis como a novatio legis in me-
de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir lius, aplica-se o princípio da retroatividade da Lei penal
a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de 1 mais benéfica.
(um) a 2/3 (dois terços), ou aplicar somente a pena de A Lei nº 11.106 de 28 de março de 2006 descrimina-
multa”. lizou os artigos 217 e 240, do Código Penal, respectiva-
mente, os crimes de “sedução” e “adultério”, de modo
Normas penais permissivas que o sujeito que praticou uma destas condutas em fe-
vereiro de 2006, por exemplo, não será responsabilizado
São as que preveem a licitude ou a impunidade de na esfera penal.
determinados comportamentos, apesar de se enquadra- Segundo a maior parte da doutrina, a Lei nº 11.106
rem na descrição típica. de 28 de março de 2006, não descriminalizou o crime de
São normas permissivas, por exemplo, aquelas que rapto, previsto anteriormente no artigo 219 e seguintes
excluem a ilicitude do aborto provocado por médico do Código Penal, mas somente deslocou sua tipicida-
quando não há outro meio para salvar a vida da ges- de para o artigo 148 e seguintes (“sequestro” e “cárce-
tante, ou quando a gravidez resulta de estupro e há re privado”), houve, assim, uma continuidade normativa
consentimento da gestante (art. 128, do CP), ou, ainda, atípica.
as hipóteses de isenção de pena existentes nos crimes A “abolitio criminis” faz cessar a execução da pena e
contra o patrimônio praticados contra cônjuge ou contra todos os efeitos penais da sentença.
ascendente sem emprego de violência ou grave ameaça A Lei nº 9.099/1999 trouxe novas formas de substitui-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

(art. 181, do CP). ção de penas e, por consequência, considerando que se


A legislação penal brasileira optou pela proibição in- trata de novatio legis in melius ocorreu retroatividade de
direta, descrevendo o fato como pressuposto da sanção sua vigência a fatos anteriores a sua publicação.
– técnica legislativa desenvolvida por Karl Binding e cha-
mada de teoria das normas, segundo a qual é necessária c) Novatio legis in pejus – é a lei posterior que agrava
a distinção entre norma e lei penal. a situação;
d) Novatio legis incriminadora – é a lei posterior que
cria um tipo incriminador, tornando típica a condu-
ta antes considerada irrelevante pela lei penal.

12
A lei posterior não retroage para atingir os fatos praticados na vigência da lei mais benéfica (Irretroatividade da lei
penal). Contudo, haverá extratividade da lei mais benéfica, pois será válida mesmo após a cessação da vigência (Ultra-
tividade da Lei Penal).
Ressalta-se, por fim, que aos crimes permanentes e continuados, aplica-se a lei nova ainda que mais grave, nos
termos da Súmula 711 do STF.
Ainda no art. 1º, do CP, há o princípio da legalidade, em que a maioria dos nossos autores considera o princípio da
legalidade sinônimo de reserva legal.
A doutrina, orienta-se maciçamente no sentido de não haver diferença conceitual entre legalidade e reserva legal.
Dissentindo desse entendimento o professor Fernando Capez diz que o princípio da legalidade é gênero que com-
preende duas espécies: reserva legal e anterioridade da lei penal. Com efeito, o princípio da legalidade corresponde
aos enunciados dos arts. 5º, XXXIX, da Constituição Federal e 1º do Código Penal (“não há crime sem lei anterior que o
defina, nem pena sem prévia cominação legal”) e contém, nele embutidos, dois princípios diferentes: o da reserva legal,
reservando para o estrito campo da lei a existência do crime e sua correspondente pena (não há crime sem lei que o
defina, nem pena sem prévia cominação legal), e o da anterioridade, exigindo que a lei esteja em vigor no momento da
prática da infração penal (lei anterior e prévia cominação). Assim, a regra do art. 1º, denominada princípio da legalida-
de, compreende os princípios da reserva legal e da anterioridade.

LEI EXCEPCIONAL OU TEMPORÁRIA

Vamos ver o que dispõe o Código Penal:

Art. 3 - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias
que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência.

Lei excepcional é aquela feita para vigorar em épocas especiais, como guerra, calamidade etc. É aprovada para vi-
gorar enquanto perdurar o período excepcional.
Lei temporária é aquela feita para vigorar por determinado tempo, estabelecido previamente na própria lei. Assim,
a lei traz em seu texto a data de cessação de sua vigência.
Nessas hipóteses, determina o art. 3º do Código Penal que, embora cessadas as circunstâncias que a determinaram
(lei excepcional) ou decorrido o período de sua duração (lei temporária), aplicam-se elas aos fatos praticados duran-
te sua vigência. São, portanto, leis ultra ativas, pois regulam atos praticados durante sua vigência, mesmo após sua
revogação.

TEMPO DO CRIME

O Código Penal dispõe que:

Art. 4 - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do
resultado.

A respeito do tempo do crime, existem três teorias:

a) Teoria da Atividade – O tempo do crime consiste no momento em que ocorre a conduta criminosa;
b) Teoria do Resultado – O tempo do crime consiste no momento do resultado advindo da conduta criminosa;
c) Teoria da Ubiquidade ou Mista – O tempo do crime consiste no momento tanto da conduta como do resultado
que adveio da conduta criminosa.

Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado
(tempus regit actum). Assim, aplica-se a teoria da atividade, nos termos do sistema jurídico instituído pelo Código Penal.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

O Código Penal vigente seguiu os moldes do Código Penal português em que também é adotada a Teoria da Ativi-
dade para o tempo do crime. Em decorrência disso, aquele que praticou o crime no momento da vigência da lei anterior
terá direito a aplicação da lei mais benéfica. O menor de 18 anos, por exemplo, não será considerado imputável mesmo
que a consumação ocorrer quando tiver completado idade equivalente a maioridade penal. E, também, o deficiente
mental será imputável, se na época da ação era consciente, tendo sofrido moléstia mental tão somente na época do
resultado.
Novamente, observa-se a respeito dos crimes permanentes, tal como o sequestro, nos quais a ação se prolonga
no tempo, de modo que em se tratando de “novatio legis in pejus”, nos termos da Súmula 711 do STF, a lei mais grave
será aplicada.

13
A LEI PENAL NO ESPAÇO

Territorialidade

De acordo com o Código Penal:

Art. 5 - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime
cometido no território nacional.
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasi-
leiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e
as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo
correspondente ou em alto-mar.
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de
propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em voo no espaço aéreo correspondente,
e estas em porto ou mar territorial do Brasil.

Há várias teorias para fixar o âmbito de aplicação da norma penal a fatos cometidos no Brasil:

a) Princípio da territorialidade. A lei penal só tem aplicação no território do Estado que a editou, pouco importando
a nacionalidade do sujeito ativo ou passivo.
b) Princípio da territorialidade absoluta. Só a lei nacional é aplicável a fatos cometidos em seu território.
c) Princípio da territorialidade temperada. A lei nacional se aplica aos fatos praticados em seu território, mas, excep-
cionalmente, permite-se a aplicação da lei estrangeira, quando assim estabelecer algum tratado ou convenção
internacional. Foi este o princípio adotado pelo art. 5º do Código Penal: Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de
convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional.

O Território nacional abrange todo o espaço em que o Estado exerce sua soberania: o solo, rios, lagos, mares inte-
riores, baías, faixa do mar exterior ao longo da costa (12 milhas) e espaço aéreo.

Os § 1º e 2º do art. 5ºdo Código Penal esclarecem ainda que:

“Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras,
de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as
embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo cor-
respondente ou em alto-mar” (§ 1º).
“É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de pro-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

priedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em voo no espaço aéreo correspondente, e
estas em porto ou mar territorial do Brasil” (§ 2º).

Extraterritorialidade

Observe o texto do Código Penal:

Art. 7 - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:


I - os crimes:
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;

14
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do
Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, PENA CUMPRIDA NO ESTRANGEIRO.
de empresa pública, sociedade de economia mista, au- EFICÁCIA DA SENTENÇA ESTRANGEIRA.
tarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; CONTAGEM DE PRAZO. FRAÇÕES
c) contra a administração pública, por quem está a NÃO COMPUTÁVEIS DA PENA.
seu serviço; INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL. ANALOGIA.
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou IRRETROATIVIDADE DA LEI PENAL.
domiciliado no Brasil;
CONFLITO APARENTE DE NORMAS PENAIS
II - os crimes:
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou
a reprimir;
b) praticados por brasileiro; PENA CUMPRIDA NO ESTRANGEIRO
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasilei-
ras, mercantes ou de propriedade privada, quando em A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena im-
território estrangeiro e aí não sejam julgados. posta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou
§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo nela é computada, quando idênticas.
a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no
estrangeiro. EFICÁCIA DE SENTENÇA ESTRANGEIRA
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasilei-
ra depende do concurso das seguintes condições: A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei
a) entrar o agente no território nacional; brasileira produz na espécie as mesmas consequências,
b) ser o fato punível também no país em que foi pode ser homologada no Brasil para:
praticado;
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a • obrigar o condenado à reparação do dano, a resti-
lei brasileira autoriza a extradição; tuições e a outros efeitos civis;
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou
• sujeitá-lo a medida de segurança.
não ter aí cumprido a pena;
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou,
A homologação depende:
por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, se-
gundo a lei mais favorável.
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime co- • para os efeitos de obrigar o condenado à repara-
metido por estrangeiro contra brasileiro fora do Bra- ção do dano, a restituições e a outros efeitos civis,
sil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo de pedido da parte interessada;
anterior: • para os outros efeitos, da existência de tratado de
a) não foi pedida ou foi negada a extradição; extradição com o país de cuja autoridade judiciária
b) houve requisição do Ministro da Justiça. emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de re-
quisição do Ministro da Justiça.
É a possibilidade de aplicação da lei penal brasileira a
fatos criminosos ocorridos no exterior. Contagem de prazo

Princípios norteadores: O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo.


Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário
a) Princípio da nacionalidade ativa. Aplica-se a lei na- comum.
cional do autor do crime, qualquer que tenha sido Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e
o local da infração.
nas restritivas de direitos, as frações de dia, e, na pena de
b) Princípio da nacionalidade passiva. A lei nacional
multa, as frações de cruzeiro.
do autor do crime aplica-se quando este for prati-
cado contra bem jurídico de seu próprio Estado ou
contra pessoa de sua nacionalidade. Legislação especial
c) Princípio da defesa real. Prevalece a lei referente
à nacionalidade do bem jurídico lesado, qualquer As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos
que tenha sido o local da infração ou a nacionali- incriminados por lei especial, se esta não dispuser de
dade do autor do delito. É também chamado de modo diverso.
princípio da proteção.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

d) Princípio da justiça universal. Todo Estado tem o


direito de punir qualquer crime, seja qual for a na-
cionalidade do sujeito ativo e passivo, e o local da
infração, desde que o agente esteja dentro de seu
território (que tenha voltado a seu país, p. ex.).
e) Princípio da representação. A lei nacional é apli-
cável aos crimes cometidos no estrangeiro em ae-
ronaves e embarcações privadas, desde que não
julgados no local do crime.

15
INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL

A interpretação é medida necessária para que compreendamos o verdadeiro sentido da norma e seu alcance.
Na interpretação, há lei para regular o caso em concreto, assim, apenas deverá ser extraído do conteúdo normativo
sua vontade e seu alcance para que possa regular o fato jurídico.

Interpretação quanto ao sujeito

Autêntica ou legislativa- aquela fornecida pela própria lei (exemplo: o art. 327 do CP define quem pode ser consi-
derado funcionário público para fins penais);
Doutrinária ou científica- aquela aduzida pelo jurista por meio de sua doutrina;
Jurisprudencial- é o significado da lei dado pelos Tribunais (exemplo: súmulas) Ressalte-se que a Exposição dos Mo-
tivos do Código Penal configura uma interpretação doutrinária, pois foi elaborada pelos doutos que criaram o Código,
ao passo que a Exposição de Motivos do Código de Processo Penal é autêntica ou legislativa, pois foi criada por lei.2.
Interpretação quanto ao modo

• gramatical, filológica ou literal- considera o sentido literal das palavras;


• teleológica- se refere à intenção objetivada pela lei (exemplo: proibir a entrada de acessórios de celular, mesmo
que a lei se refira apenas ao aparelho);
• histórica- indaga a origem da lei;
• sistemática- interpretação em conjunto com a legislação em vigor e com os princípios gerais do direito;
• progressiva ou evolutiva- busca o significado legal de acordo com o progresso da ciência.

Interpretação quanto ao resultado

Declarativa ou declaratória- é aquela em que a letra da lei corresponde exatamente àquilo que a ela quis dizer,
sem restringir ou estender seu sentido;
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Restritiva- a interpretação reduz o alcance das palavras da lei para corresponder à intenção do legislador;
Extensiva- amplia o alcance das palavras da lei para corresponder à sua vontade.

Interpretação sui generis

A interpretação sui generis pode ser exofórica ou endofórica. Veja-se:


Exofórica- o significado da norma interpretativa não está no ordenamento normativo (exemplo: erro de tipo);
Endofórica- o texto normativo interpretado empresta o sentido de outros textos do próprio ordenamento jurídico
(muito usada nas normas penais em branco).

16
Interpretação conforme a Constituição Resposta: Errado. Em regra, a lei penal se aplica aos
fatos praticados durante o seu período de vigente.
A Constituição Federal informa e conforma as normas Excepcionalmente, a lei penal poderá se movimentar
hierarquicamente inferiores. Esta é uma importante for- no tempo, seja para ser aplicada a fatos ocorridos no
ma de interpretação no Estado Democrático de Direito. passado, quando retroagirá, seja para ser aplicada no
futuro, mesmo estando revogada, quando irá ultra-
Distinção entre interpretação extensiva e interpre- gir. Nos dois casos, um requisito se faz indispensável:
tação analógica deve ser feito para beneficiar o agente. A lei posterior,
que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se
Enquanto a interpretação extensiva amplia o alcance aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença
das palavras, a analógica fornece exemplos encerrados condenatória transitada em julgado. Previsão Legal:
de forma genérica, permitindo ao juiz encontrar outras Artigo 2º, Parágrafo único, do Código Penal.
hipóteses, funcionando como uma analogia in malan
partem admitida pela lei. 2. (POLÍCIA FEDERAL – DELEGADO DE POLÍCIA FEDE-
Rogério Greco fala em interpretação extensiva em RAL – CESPE – 2018) Em cada item a seguir, é apresen-
sentido amplo, a qual abrange a interpretação extensiva tada uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a
em sentido estrito e interpretação analógica. ser julgada com base na legislação de regência e na juris-
prudência dos tribunais superiores a respeito de execu-
ANALOGIA ção penal, lei penal no tempo, concurso de crimes, crime
impossível e arrependimento posterior.
Analogia não é forma de interpretação, mas de in- Manoel praticou conduta tipificada como crime. Com a
tegração de lacuna, ou seja, sendo omissa a lei acerca entrada em vigor de nova lei, esse tipo penal foi formal-
do tema, ou ainda em caso de a Lei não tratar do tema mente revogado, mas a conduta de Manoel foi inserida
em específico o magistrado irá recorrer ao instituto. São em outro tipo penal. Nessa situação, Manoel responderá
pressupostos da analogia: certeza de que sua aplicação pelo crime praticado, pois não ocorreu a abolitio criminis
será favorável ao réu; existência de uma efetiva lacuna a com a edição da nova lei.
ser preenchida (omissão involuntária do legislador).
Dita o Código Penal em seu artigo 2º, afirma que nin- ( ) CERTO   ( ) ERRADO
guém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de
considerar crime, cessando em virtude dela a execução e Resposta: Certo. Ocorreu ao fato narrado pela alter-
nativa o que se chama de continuidade típico-norma-
os efeitos penais da sentença condenatória.
tiva, que se dá quando o tipo penal é revogado, mas
O parágrafo único deste artigo trata da exceção a re-
sua conduta continua sendo crime, contudo, tipifica-
gra da irretroatividade da Lei, ou seja, nos casos de bene-
da em outro tipo penal. Exemplo do fato aconteceu
fício ao réu, ainda que os fatos já tenham sidos decididos
quando o tipo penal de atentado violento ao pudor,
por sentença condenatória transitada em julgado.
antigo artigo 214 do Código Penal, foi revogado, mas
Outrossim, o Código dispõe que a Lei Penal só retroa-
a conduta que o configurava passou a integrar o tipo
girá em benefício do réu.
penal do crime de estupro, artigo 213 do CPB. Nas hi-
Frise-se, todavia que tal regra se restringe somente às
póteses de continuidade típico-normativa, não há que
normas penais.
se falar em abolitio criminis.

3. (EMAP – ANALISTA PORTUÁRIO – CESPE – 2018) A


EXERCÍCIO COMENTADO respeito da aplicação da lei penal, julgue o item a seguir.
No ordenamento jurídico brasileiro, é adotada a teoria
1. (POLÍCIA FEDERAL – AGENTE DE POLÍCIA – CESPE da ubiquidade quando se fala do tempo do crime, ou
– 2018) Depois de adquirir um revólver calibre 38, que seja, o crime é considerado praticado no momento da
sabia ser produto de crime, José passou a portá-lo muni- ação ou da omissão.
ciado, sem autorização e em desacordo com determina-
ção legal. O comportamento suspeito de José levou-o a ( ) CERTO   ( ) ERRADO
ser abordado em operação policial de rotina. Sem a au-
torização de porte de arma de fogo, José foi conduzido à Resposta: Errado. Em relação ao tempo do crime, o
Código Penal adotou a teoria da atividade, conside-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

delegacia, onde foi instaurado inquérito policial.


Tendo como referência essa situação hipotética, julgue o rando-se praticado o crime no momento da ação ou
item seguinte. da omissão, ainda que outro seja o momento do resul-
Se, durante o processo judicial a que José for submetido, tado. Previsão Legal: Artigo 4º do Código Penal.
for editada nova lei que diminua a pena para o crime
de receptação, ele não poderá se beneficiar desse fato, 4. (EMAP – ANALISTA PORTUÁRIO – CESPE – 2018) A
pois o direito penal brasileiro norteia-se pelo princípio de respeito da aplicação da lei penal, julgue o item a seguir.
aplicação da lei vigente à época do fato. Situação hipotética: João cometeu crime permanente
que teve início em fevereiro de 2011 e fim em dezem-
( ) CERTO   ( ) ERRADO bro desse mesmo ano. Em novembro de 2011, houve

17
alteração legislativa que agravou a pena do crime por ele III- Periclitação da vida e da saúde;
cometido. Assertiva: Nessa situação, deve ser aplicada a IV- Rixa;
lei que prevê pena mais benéfica em atenção ao princípio V- Crimes contra a honra;
da irretroatividade da lei penal mais gravosa. VI – Crimes contra a liberdade individual.
Vejam-se, todos os crimes previstos neste título tem
( ) CERTO   ( ) ERRADO como objeto a pessoa, sendo a vida, saúde, honra, liber-
dade etc...
Resposta: Errado. No caso de crimes permanentes ou Vejamos agora os crimes em espécie conforme dis-
de crimes continuados, aplicar-se a lei penal vigente posto no Código Penal.
ao tempo do término da permanência ou da conti-
nuidade, ainda que seja muito mais gravosa ao agen- TÍTULO I
te. Por exemplo: Se antes de uma vítima de extorsão
mediante sequestra ser colocada em liberdade pelos CRIMES CONTRA A PESSOA
sequestradores entrar em vigor lei penal que prejudi-
ca o agente, é ela que será aplicada ao caso, já que é CAPÍTULO I
anterior ao término da permanência do crime. É im-
portante que você conheça a Súmula 711 do STF: A CRIMES CONTRA A VIDA
lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou
ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à Homicídio simples
cessação da continuidade ou da permanência.
Art. 121. Matar alguem:
5. (EBSERH – ADVOGADO – CESPE – 2018) Com refe- Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
rência à lei penal no tempo, ao erro jurídico-penal, ao Caso de diminuição de pena
concurso de agentes e aos sujeitos da infração penal, jul- § 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo
gue o item que se segue. de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio
Situação hipotética: Um crime foi praticado durante a de violenta emoção, logo em seguida a injusta pro-
vigência de lei que cominava pena de multa para essa vocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um
conduta. Todavia, no decorrer do processo criminal, en- sexto a um terço.
trou em vigor nova lei, que, revogando a anterior, passou
a atribuir ao referido crime a pena privativa de liberdade. Homicídio qualificado
Assertiva: Nessa situação, dever-se-á aplicar a lei vigente
ao tempo da prática do crime. § 2° Se o homicídio é cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por
( ) CERTO   ( ) ERRADO outro motivo torpe;
II - por motivo futil;
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia,
Resposta: Certo. A regra no nosso ordenamento jurí-
tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que
dico é o princípio do tempus regit actum. A lei penal
possa resultar perigo comum;
irá produzir efeitos durante o seu período de vigência.
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimula-
Caso uma lei penal seja revogada por outra mais grave
ção ou outro recurso que dificulte ou torne impossivel
(substituiu a multa por pena privativa de liberdade), a
a defesa do ofendido;
lei revogada continuará a ser aplicada aos fatos pra-
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impuni-
ticados durante a sua vigência, devido a capacidade
dade ou vantagem de outro crime:
que tem a lei benéfica de ser ultrativa. Previsão Legal:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
Artigo 2º, Parágrafo único. Do Código Penal.
Feminicídio (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)

CRIMES CONTRA A PESSOA VI - contra a mulher por razões da condição de sexo


feminino: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts.
TEORIA GERAL 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sis-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

tema prisional e da Força Nacional de Segurança Pú-


Os crimes contra a pessoa estão no início da parte es- blica, no exercício da função ou em decorrência dela,
pecial do Código Penal, sendo um título do Código Penal, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente con-
contendo capítulos e seções. sanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição:
O título “crimes contra a pessoa” tem os seguintes (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015)
capítulos: Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
§ 2o-A Considera-se que há razões de condição de
I- Crimes contra a vida; sexo feminino quando o crime envolve: (Incluído pela
II- Lesões Corporais; Lei nº 13.104, de 2015)

18
I - violência doméstica e familiar; (Incluído pela Lei nº § 3º A pena é duplicada: (Incluído pela Lei nº 13.968,
13.104, de 2015) de 2019)
II - menosprezo ou discriminação à condição de mu- I - se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe
lher. (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) ou fútil; (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qual-
Homicídio culposo quer causa, a capacidade de resistência. (Incluído pela
Lei nº 13.968, de 2019)
§ 3º Se o homicídio é culposo: (Vide Lei nº 4.611, de § 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta é
1965) realizada por meio da rede de computadores, de rede
Pena - detenção, de um a três anos. social ou transmitida em tempo real. (Incluído pela Lei
Aumento de pena nº 13.968, de 2019)
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de § 5º Aumenta-se a pena em metade se o agente é líder
1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância ou coordenador de grupo ou de rede virtual. (Incluído
de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o pela Lei nº 13.968, de 2019)
agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não § 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo resulta
procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge em lesão corporal de natureza gravíssima e é come-
para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homi- tido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra
cídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o cri- quem, por enfermidade ou deficiência mental, não
me é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) tem o necessário discernimento para a prática do ato,
ou maior de 60 (sessenta) anos. (Redação dada pela ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer
Lei nº 10.741, de 2003) resistência, responde o agente pelo crime descrito no
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá § 2º do art. 129 deste Código. (Incluído pela Lei nº
deixar de aplicar a pena, se as consequências da in- 13.968, de 2019)
fração atingirem o próprio agente de forma tão grave § 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é co-
que a sanção penal se torne desnecessária. (Incluído metido contra menor de 14 (quatorze) anos ou con-
pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977) tra quem não tem o necessário discernimento para a
§ 6o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a me- prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não
tade se o crime for praticado por milícia privada, sob pode oferecer resistência, responde o agente pelo cri-
o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou me de homicídio, nos termos do art. 121 deste Código.
por grupo de extermínio. (Incluído pela Lei nº 12.720, (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
de 2012)
§ 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um Infanticídio
terço) até a metade se o crime for praticado: (Incluído
pela Lei nº 13.104, de 2015) Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal,
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posterio- o próprio filho, durante o parto ou logo após:
res ao parto; (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) Pena - detenção, de dois a seis anos.
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior
de 60 (sessenta) anos ou com deficiência; (Incluído Aborto provocado pela gestante ou com seu
pela Lei nº 13.104, de 2015) consentimento
III - na presença de descendente ou de ascendente da
vítima. (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir
que outrem lho provoque: (Vide ADPF 54)
Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio Pena - detenção, de um a três anos.
Aborto provocado por terceiro
Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da
praticar automutilação ou prestar-lhe auxílio material gestante:
para que o faça: (Redação dada pela Lei nº 13.968, de Pena - reclusão, de três a dez anos.
2019) Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. (Re- gestante: (Vide ADPF 54)
dação dada pela Lei nº 13.968, de 2019) Pena - reclusão, de um a quatro anos.
§ 1º Se da automutilação ou da tentativa de suicídio Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior,
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssi- se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alie-
ma, nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 129 deste Códi- nada ou debil mental, ou se o consentimento é obtido
go: (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019) mediante fraude, grave ameaça ou violência
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. (Incluído
pela Lei nº 13.968, de 2019) Forma qualificada
§ 2º Se o suicídio se consuma ou se da automutilação
resulta morte: (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019) Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos an-
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. (Incluído teriores são aumentadas de um terço, se, em conse-
pela Lei nº 13.968, de 2019) quência do aborto ou dos meios empregados para

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provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natu- I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo
reza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas anterior;
causas, lhe sobrevém a morte. II - se as lesões são recíprocas.
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médi- Lesão corporal culposa
co: (Vide ADPF 54) § 6° Se a lesão é culposa: (Vide Lei nº 4.611, de 1965)
Pena - detenção, de dois meses a um ano.
Aborto necessário
Aumento de pena
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro § 7o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é prece- qualquer das hipóteses dos §§ 4o e 6o do art. 121 deste
dido de consentimento da gestante ou, quando inca- Código. (Redação dada pela Lei nº 12.720, de 2012)
paz, de seu representante legal. § 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do
art. 121.(Redação dada pela Lei nº 8.069, de 1990)
CAPÍTULO II Violência Doméstica (Incluído pela Lei nº 10.886, de
DAS LESÕES CORPORAIS 2004)
§ 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, des-
Lesão corporal cendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com
quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevale-
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde cendo-se o agente das relações domésticas, de coabi-
de outrem: tação ou de hospitalidade: (Redação dada pela Lei nº
Pena - detenção, de três meses a um ano. 11.340, de 2006)
Lesão corporal de natureza grave Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. (Re-
§ 1º Se resulta: dação dada pela Lei nº 11.340, de 2006)
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por § 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se
mais de trinta dias; as circunstâncias são as indicadas no § 9o deste artigo,
II - perigo de vida; aumenta-se a pena em 1/3 (um terço). (Incluído pela
III - debilidade permanente de membro, sentido ou Lei nº 10.886, de 2004)
função; § 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será au-
IV - aceleração de parto: mentada de um terço se o crime for cometido contra
Pena - reclusão, de um a cinco anos. pessoa portadora de deficiência. (Incluído pela Lei nº
§ 2° Se resulta: 11.340, de 2006)
I - Incapacidade permanente para o trabalho; § 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou
II - enfermidade incuravel; agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Fe-
III perda ou inutilização do membro, sentido ou deral, integrantes do sistema prisional e da Força Na-
função; cional de Segurança Pública, no exercício da função
IV - deformidade permanente; ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, com-
V - aborto: panheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau,
Pena - reclusão, de dois a oito anos. em razão dessa condição, a pena é aumentada de um
a dois terços. (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015)
Lesão corporal seguida de morte
CAPÍTULO III
§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE
que o agente não quís o resultado, nem assumiu o
risco de produzí-lo: Perigo de contágio venéreo
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações se-
Diminuição de pena xuais ou qualquer ato libidinoso, a contágio de mo-
léstia venérea, de que sabe ou deve saber que está
§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo contaminado:
de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

violenta emoção, logo em seguida a injusta provoca- § 1º - Se é intenção do agente transmitir a moléstia:
ção da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
a um terço. § 2º - Somente se procede mediante representação.

Substituição da pena Perigo de contágio de moléstia grave

§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda Art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a outrem
substituir a pena de detenção pela de multa, de du- moléstia grave de que está contaminado, ato capaz de
zentos mil réis a dois contos de réis: produzir o contágio:

20
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Condicionamento de atendimento médico-hos-
pitalar emergencial (Incluído pela Lei nº 12.653, de
Perigo para a vida ou saúde de outrem 2012).

Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo Art. 135-A. Exigir cheque-caução, nota promissória ou
direto e iminente: qualquer garantia, bem como o preenchimento prévio
Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não de formulários administrativos, como condição para o
constitui crime mais grave. atendimento médico-hospitalar emergencial: (Incluí-
Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto do pela Lei nº 12.653, de 2012).
a um terço se a exposição da vida ou da saúde de Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e
outrem a perigo decorre do transporte de pessoas multa. (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012).
para a prestação de serviços em estabelecimentos de
Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro se
qualquer natureza, em desacordo com as normas le-
da negativa de atendimento resulta lesão corporal de
gais. (Incluído pela Lei nº 9.777, de 1998)
natureza grave, e até o triplo se resulta a morte. (In-
cluído pela Lei nº 12.653, de 2012).
Abandono de incapaz

Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuida- Maus-tratos
do, guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer
motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa
do abandono: sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de
Pena - detenção, de seis meses a três anos. educação, ensino, tratamento ou custódia, quer pri-
§ 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de natu- vando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis,
reza grave: quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequa-
Pena - reclusão, de um a cinco anos. do, quer abusando de meios de correção ou disciplina:
§ 2º - Se resulta a morte: Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa.
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. § 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza
grave:
Aumento de pena Pena - reclusão, de um a quatro anos.
§ 2º - Se resulta a morte:
§ 3º - As penas cominadas neste artigo aumentam-se Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
de um terço: § 3º - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é
I - se o abandono ocorre em lugar ermo; praticado contra pessoa menor de 14 (catorze) anos.
II - se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, (Incluído pela Lei nº 8.069, de 1990)
irmão, tutor ou curador da vítima.
III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos (Incluído CAPÍTULO IV
pela Lei nº 10.741, de 2003) DA RIXA
Exposição ou abandono de recém-nascido
Rixa
Art. 134 - Expor ou abandonar recém-nascido, para
Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os
ocultar desonra própria:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. contendores:
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou
grave: multa.
Pena - detenção, de um a três anos. Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal
§ 2º - Se resulta a morte: de natureza grave, aplica-se, pelo fato da participação
Pena - detenção, de dois a seis anos. na rixa, a pena de detenção, de seis meses a dois anos.

Omissão de socorro CAPÍTULO V


DOS CRIMES CONTRA A HONRA
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando pos-


sível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada Calúnia
ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao de-
samparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsa-
nesses casos, o socorro da autoridade pública: mente fato definido como crime:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se § 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a
da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e imputação, a propala ou divulga.
triplicada, se resulta a morte. § 2º - É punível a calúnia contra os mortos.

21
Exceção da verdade Exclusão do crime

§ 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo: Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação
I - se, constituindo o fato imputado crime de ação punível:
privada, o ofendido não foi condenado por sentença I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa,
irrecorrível; pela parte ou por seu procurador;
II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indi- II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística
cadas no nº I do art. 141; ou científica, salvo quando inequívoca a intenção de
III - se do crime imputado, embora de ação pública, o injuriar ou difamar;
ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível. III - o conceito desfavorável emitido por funcionário
público, em apreciação ou informação que preste no
Difamação cumprimento de dever do ofício.
Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, responde pela
Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofen- injúria ou pela difamação quem lhe dá publicidade.
sivo à sua reputação:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. Retratação
Exceção da verdade
Parágrafo único - A exceção da verdade somente se Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se
admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica
é relativa ao exercício de suas funções. isento de pena.
Parágrafo único. Nos casos em que o querelado tenha
Injúria praticado a calúnia ou a difamação utilizando-se de
meios de comunicação, a retratação dar-se-á, se as-
Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade sim desejar o ofendido, pelos mesmos meios em que
ou o decoro: se praticou a ofensa. (Incluído pela Lei nº 13.188, de
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 2015)
§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena: Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se in-
I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou fere calúnia, difamação ou injúria, quem se julga ofen-
diretamente a injúria; dido pode pedir explicações em juízo. Aquele que se
II - no caso de retorsão imediata, que consista em ou- recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá satisfa-
tra injúria. tórias, responde pela ofensa.
§ 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somen-
fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, te se procede mediante queixa, salvo quando, no caso
se considerem aviltantes: do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal.
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do
além da pena correspondente à violência. Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do art.
§ 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos 141 deste Código, e mediante representação do ofen-
referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a con- dido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem como
dição de pessoa idosa ou portadora de deficiência: no caso do § 3o do art. 140 deste Código. (Redação
(Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003) dada pela Lei nº 12.033. de 2009)
Pena - reclusão de um a três anos e multa. (Incluído
pela Lei nº 9.459, de 1997) CAPÍTULO VI
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL
Disposições comuns
SEÇÃO I
Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo au- DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL
mentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é
cometido: Constrangimento ilegal
I - contra o Presidente da República, ou contra chefe
de governo estrangeiro; Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência
II - contra funcionário público, em razão de suas ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido,
funções; por qualquer outro meio, a capacidade de resistência,
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

III - na presença de várias pessoas, ou por meio que a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela
facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da não manda:
injúria. Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou por-
tadora de deficiência, exceto no caso de injúria. (In- Aumento de pena
cluído pela Lei nº 10.741, de 2003)
Parágrafo único - Se o crime é cometido mediante § 1º - As penas aplicam-se cumulativamente e em
paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena dobro, quando, para a execução do crime, se reúnem
em dobro. mais de três pessoas, ou há emprego de armas.

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§ 2º - Além das penas cominadas, aplicam-se as cor- § 2o A pena é aumentada de metade, se o crime é
respondentes à violência. cometido: (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)
§ 3º - Não se compreendem na disposição deste artigo: I – contra criança ou adolescente; (Incluído pela Lei nº
I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consen- 10.803, de 11.12.2003)
timento do paciente ou de seu representante legal, se II – por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, re-
justificada por iminente perigo de vida; ligião ou origem. (Incluído pela Lei nº 10.803, de
II - a coação exercida para impedir suicídio. 11.12.2003)

Ameaça Tráfico de Pessoas (Incluído pela Lei nº 13.344, de


2016) (Vigência)
Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou
gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar- Art. 149-A. Agenciar, aliciar, recrutar, transportar,
-lhe mal injusto e grave: transferir, comprar, alojar ou acolher pessoa, median-
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. te grave ameaça, violência, coação, fraude ou abuso,
Parágrafo único - Somente se procede mediante com a finalidade de: (Incluído pela Lei nº 13.344, de
representação. 2016) (Vigência)
I - remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo; (In-
Sequestro e cárcere privado cluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
II - submetê-la a trabalho em condições análogas
Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante à de escravo; (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016)
sequestro ou cárcere privado: (Vide Lei nº 10.446, de (Vigência)
2002) III - submetê-la a qualquer tipo de servidão; (Incluído
Pena - reclusão, de um a três anos. pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
§ 1º - A pena é de reclusão, de dois a cinco anos: IV - adoção ilegal; ou (Incluído pela Lei nº 13.344, de
I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou
2016) (Vigência)
companheiro do agente ou maior de 60 (sessenta)
V - exploração sexual. (Incluído pela Lei nº 13.344, de
anos; (Redação dada pela Lei nº 11.106, de 2005)
2016) (Vigência)
II - se o crime é praticado mediante internação da ví-
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
tima em casa de saúde ou hospital;
(Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
III - se a privação da liberdade dura mais de quinze
§ 1o A pena é aumentada de um terço até a metade
dias.
se: (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
IV – se o crime é praticado contra menor de 18 (dezoi-
I - o crime for cometido por funcionário público no
to) anos; (Incluído pela Lei nº 11.106, de 2005)
exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las;
V – se o crime é praticado com fins libidinosos. (Incluí-
do pela Lei nº 11.106, de 2005) (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
§ 2º - Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos II - o crime for cometido contra criança, adolescente
ou da natureza da detenção, grave sofrimento físico ou pessoa idosa ou com deficiência; (Incluído pela Lei
ou moral: nº 13.344, de 2016) (Vigência)
Pena - reclusão, de dois a oito anos. III - o agente se prevalecer de relações de parentesco,
domésticas, de coabitação, de hospitalidade, de de-
Redução a condição análoga à de escravo pendência econômica, de autoridade ou de superio-
ridade hierárquica inerente ao exercício de emprego,
Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de cargo ou função; ou (Incluído pela Lei nº 13.344, de
escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a 2016) (Vigência)
jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições de- IV - a vítima do tráfico de pessoas for retirada do ter-
gradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer ritório nacional. (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016)
meio, sua locomoção em razão de dívida contraída (Vigência)
com o empregador ou preposto: (Redação dada pela § 2o A pena é reduzida de um a dois terços se o agen-
Lei nº 10.803, de 11.12.2003) te for primário e não integrar organização criminosa.
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
pena correspondente à violência. (Redação dada pela
Lei nº 10.803, de 11.12.2003) SEÇÃO II
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

§ 1o Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DO
Lei nº 10.803, de 11.12.2003) DOMICÍLIO
I – cerceia o uso de qualquer meio de transporte por
parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de Violação de domicílio
trabalho; (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)
II – mantém vigilância ostensiva no local de trabalho Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou as-
ou se apodera de documentos ou objetos pessoais do tuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tá-
trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho. cita de quem de direito, em casa alheia ou em suas
(Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003) dependências:

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Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. Correspondência comercial
§ 1º - Se o crime é cometido durante a noite, ou em lu-
gar ermo, ou com o emprego de violência ou de arma, Art. 152 - Abusar da condição de sócio ou emprega-
ou por duas ou mais pessoas: do de estabelecimento comercial ou industrial para,
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da no todo ou em parte, desviar, sonegar, subtrair ou
pena correspondente à violência. suprimir correspondência, ou revelar a estranho seu
§ 2º - Aumenta-se a pena de um terço, se o fato é co- conteúdo:
metido por funcionário público, fora dos casos legais, Pena - detenção, de três meses a dois anos.
ou com inobservância das formalidades estabelecidas Parágrafo único - Somente se procede mediante
em lei, ou com abuso do poder. representação.
§ 3º - Não constitui crime a entrada ou permanência
em casa alheia ou em suas dependências: SEÇÃO IV
I - durante o dia, com observância das formalidades DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DOS
legais, para efetuar prisão ou outra diligência; SEGREDOS
II - a qualquer hora do dia ou da noite, quando algum
crime está sendo ali praticado ou na iminência de o Divulgação de segredo
ser.
§ 4º - A expressão «casa» compreende: Art. 153 - Divulgar alguém, sem justa causa, conteú-
I - qualquer compartimento habitado; do de documento particular ou de correspondência
II - aposento ocupado de habitação coletiva; confidencial, de que é destinatário ou detentor, e cuja
III - compartimento não aberto ao público, onde al- divulgação possa produzir dano a outrem:
guém exerce profissão ou atividade. Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
§ 5º - Não se compreendem na expressão «casa»: § 1º Somente se procede mediante representação. (Pa-
I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habita- rágrafo único renumerado pela Lei nº 9.983, de 2000)
§ 1º-A. Divulgar, sem justa causa, informações sigilo-
ção coletiva, enquanto aberta, salvo a restrição do n.º
sas ou reservadas, assim definidas em lei, contidas ou
II do parágrafo anterior;
não nos sistemas de informações ou banco de dados
II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero.
da Administração Pública: (Incluído pela Lei nº 9.983,
de 2000)
SEÇÃO III
Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e mul-
DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DE
ta. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
CORRESPONDÊNCIA
§ 2º Quando resultar prejuízo para a Administração
Pública, a ação penal será incondicionada. (Incluído
Violação de correspondência
pela Lei nº 9.983, de 2000)
Art. 151 - Devassar indevidamente o conteúdo de Violação do segredo profissional
correspondência fechada, dirigida a outrem:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Art. 154 - Revelar alguém, sem justa causa, segredo,
Sonegação ou destruição de correspondência de que tem ciência em razão de função, ministério,
§ 1º - Na mesma pena incorre: ofício ou profissão, e cuja revelação possa produzir
I - quem se apossa indevidamente de correspondência dano a outrem:
alheia, embora não fechada e, no todo ou em parte, a Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
sonega ou destrói; Parágrafo único - Somente se procede mediante
Violação de comunicação telegráfica, radioelétrica ou representação.
telefônica Invasão de dispositivo informático (Incluído pela Lei nº
II - quem indevidamente divulga, transmite a outrem 12.737, de 2012) Vigência
ou utiliza abusivamente comunicação telegráfica ou Art. 154-A. Invadir dispositivo informático alheio, co-
radioelétrica dirigida a terceiro, ou conversação tele- nectado ou não à rede de computadores, mediante
fônica entre outras pessoas; violação indevida de mecanismo de segurança e com
III - quem impede a comunicação ou a conversação o fim de obter, adulterar ou destruir dados ou infor-
referidas no número anterior; mações sem autorização expressa ou tácita do titular
IV - quem instala ou utiliza estação ou aparelho ra- do dispositivo ou instalar vulnerabilidades para obter
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

dioelétrico, sem observância de disposição legal. vantagem ilícita: (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012)
§ 2º - As penas aumentam-se de metade, se há dano Vigência
para outrem. Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e
§ 3º - Se o agente comete o crime, com abuso de fun- multa. (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
ção em serviço postal, telegráfico, radioelétrico ou § 1º Na mesma pena incorre quem produz, oferece,
telefônico: distribui, vende ou difunde dispositivo ou programa
Pena - detenção, de um a três anos. de computador com o intuito de permitir a prática
§ 4º - Somente se procede mediante representação, da conduta definida no caput. (Incluído pela Lei nº
salvo nos casos do § 1º, IV, e do § 3º. 12.737, de 2012) Vigência

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§ 2º Aumenta-se a pena de um sexto a um terço se da § 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou
invasão resulta prejuízo econômico. (Incluído pela Lei qualquer outra que tenha valor econômico.
nº 12.737, de 2012) Vigência Furto qualificado
§ 3º Se da invasão resultar a obtenção de conteúdo § 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e mul-
de comunicações eletrônicas privadas, segredos co- ta, se o crime é cometido:
merciais ou industriais, informações sigilosas, assim I - com destruição ou rompimento de obstáculo à sub-
definidas em lei, ou o controle remoto não autorizado tração da coisa;
do dispositivo invadido: (Incluído pela Lei nº 12.737, II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, es-
de 2012) Vigência calada ou destreza;
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e III - com emprego de chave falsa;
multa, se a conduta não constitui crime mais grave. IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.
(Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência § 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a
§ 4º Na hipótese do § 3o, aumenta-se a pena de um a subtração for de veículo automotor que venha a ser
dois terços se houver divulgação, comercialização ou transportado para outro Estado ou para o exterior.
transmissão a terceiro, a qualquer título, dos dados ou Furto de coisa comum
informações obtidos. (Incluído pela Lei nº 12.737, de Art. 156 - Subtrair o condômino, coerdeiro ou sócio,
2012) Vigência para si ou para outrem, a quem legitimamente a de-
§ 5º Aumenta-se a pena de um terço à metade se o cri- tém, a coisa comum:
me for praticado contra: (Incluído pela Lei nº 12.737, Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
de 2012) Vigência
§ 1º - Somente se procede mediante representação.
I - Presidente da República, governadores e prefeitos;
§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fun-
(Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
gível, cujo valor não excede a quota a que tem direito
II - Presidente do Supremo Tribunal Federal; (Incluído
o agente.
pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
III - Presidente da Câmara dos Deputados, do Se-
O conceito de furto pode ser expresso nas seguintes
nado Federal, de Assembleia Legislativa de Estado,
palavras: furto é a subtração de coisa alheia móvel para
da Câmara Legislativa do Distrito Federal ou de Câ-
mara Municipal; ou (Incluído pela Lei nº 12.737, de si ou para outrem sem a prática de violência ou de gra-
2012) Vigência ve ameaça ou de qualquer espécie de constrangimento
IV - dirigente máximo da administração direta e in- físico ou moral à pessoa. Significa, pois, o assenhora-
direta federal, estadual, municipal ou do Distrito Fe- mento da coisa com fim de apoderar-se dela com ânimo
deral. (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência definitivo.
Quanto a objetividade jurídica do furto é preciso
Ação penal (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) ressaltar uma divergência na doutrina: entende-se que
Vigência é protegida diretamente a posse e indiretamente a pro-
priedade ou, em sentido contrário, que a incriminação no
Art. 154-B. Nos crimes definidos no art. 154-A, so- caso de furto, visa essencial ou principalmente a tutela da
mente se procede mediante representação, salvo se o propriedade e não da posse. É inegável que o dispositivo
crime é cometido contra a administração pública di- protege não só a propriedade como a posse, seja ela di-
reta ou indireta de qualquer dos Poderes da União, reta ou indireta além da própria detenção.
Estados, Distrito Federal ou Municípios ou contra em- Devemos si ter primeiro o bem jurídico daquele que
presas concessionárias de serviços públicos. (Incluído é afetado imediatamente pela conduta criminosa. Vale
pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência dizer que a vítima de furto não é necessariamente o pro-
prietário da coisa subtraída, podendo recair a sujeição
passiva sobre o mero detentor ou possuidor da coisa.
Qualquer pessoa pode praticar o crime de furto, não
CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO exige além do sujeito ativo qualquer circunstância pes-
soal específica. Vale a mesma coisa para o sujeito passivo
do crime, sendo ela física ou jurídica, titular da posse,
DO FURTO
detenção ou da propriedade.
O núcleo do tipo é subtrair, que significa tirar, retirar,
Iniciamos o estudo com o texto do Código Penal:
abrangendo mesmo o apossamento à vista do possuidor
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

ou proprietário.
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa
alheia móvel: O crime de furto pode ser praticado também através
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. de animais amestrados, instrumentos etc. Esse crime será
§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é de apossamento indireto, devido ao emprego de ani-
praticado durante o repouso noturno. mais, caso contrário é de apossamento direto.
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor Reina uma única controvérsia, tendo em vista o de-
a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclu- senvolvimento da tecnologia, quanto a subtração prati-
são pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, cada com o auxílio da informática, se ela resultaria de
ou aplicar somente a pena de multa. furto ou crime de estelionato. Tenho para mim, que não

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podemos “aprioristicamente” ter o uso da informática Temos a seguinte classificação para o crime de furto:
como meio de cometimento de furto ou mesmo este- comum quanto ao sujeito, doloso, de forma livre, comis-
lionato, pois é preciso analisar, a cada conduta, não ape- sivo de dano, material e instantâneo.
nas a intenção do agente, mas o modo de operação do A ação penal é pública incondicionada, exceto nas hi-
agente através da informática. póteses do artigo 182 do Código Penal Brasileiro, que é
O objeto material do furto é a coisa alheia móvel. Coi- condicionada à representação.
sa em direito penal representa qualquer substância cor- O crime de furto pode ser de quatro espécies: fur-
pórea, seja ela material ou materializável, ainda que não to simples, furto noturno, furto privilegiado e furto
tangível, suscetível de apreciação e transporte, incluindo qualificado
aqui os corpos gasosos, os instrumentos, os títulos, etc.
O homem não pode ser objeto material de furto, con- Furto de uso
forme o fato, o agente pode responder por sequestro ou
cárcere privado, conforme artigo 148 do Código Penal Furto de uso é a subtração de coisa apenas para usu-
Brasileiro, ou subtração de incapazes artigo 249. fruí-la momentaneamente, está prevista no art. 155, do
Afirma-se na doutrina que somente pode ser objeto CP, para que seja reconhecível o furto de uso e não o
de furto a coisa que tiver relevância econômica, ou seja, furto comum, é necessário que a coisa seja restituída, de-
valor de troca, incluindo no conceito, a ideia de valor afe- volvida, ao possuidor, proprietário ou detentor de que
tivo (o que eu acho que não tem validade jurídica penal). foi subtraída, isto é, que seja reposta no lugar, para que o
Já a jurisprudência invoca o princípio da insignificância, proprietário exerça o poder de disposição sobre a coisa
considerando que se a coisa furtada tem valor monetário
subtraída. Fora daí a exclusão do “animus furandi” de-
irrisório, ficará eliminada a antijuridicidade do delito e,
penderá de prova plena a ser oferecida pelo agente.
portanto, não ficará caracterizado o crime.
Os tribunais têm subordinado o reconhecimento do
Furto é crime material, não existindo sem que haja
furto de uso a efetiva devolução ou restituição, afirman-
desfalque do patrimônio alheio. Coisa alheia é a que não
do que há furto comum se a coisa é abandonada em lo-
pertence ao agente, nem mesmo parcialmente. Por essa
cal distante ou diverso ou se não é recolocada na esfera
razão não comete furto e sim o crime contido no artigo
de vigilância de seu dono. Há ainda entendimentos que
346 (Subtração ou Dano de Coisa Própria em Poder de
Terceiro) do Código Penal Brasileiro, o proprietário que exigem que a devolução da coisa, além de ser feita no
subtrai coisa sua que está em poder legitimo de outro. mesmo lugar da subtração seja feita em condições de
O crime de furto é cometido através do dolo que é a restituição da coisa em sua integridade e aparência inter-
vontade livre e consciente de subtrair, acrescido do ele- na e externa, assim como era no momento da subtração.
mento subjetivo do injusto também chamado de “dolo Vale dizer a coisa devolvida assemelha-se em tudo
específico”, que no crime de furto está representado pela e por tudo em sua aparência interna e externa à coisa
ideia de finalidade do agente, contida da expressão “para subtraída.
si ou para outrem”. Independe, todavia de intuito, obje-
tivo de lucro por parte do agente, que pode atuar por Furto noturno
vingança, capricho, liberalidade.
O consentimento da vítima na subtração elide o cri- É furto agravado ou qualificado o praticado durante
me, já que o patrimônio é um bem disponível, mas se ele o repouso noturno, aumenta-se de 1/3, a razão da ma-
ocorre depois da consumação, é evidente que sobrevivi jorante está ligada ao maior perigo que está submetido
o ilícito penal. o bem jurídico diante da precariedade de vigilância por
O delito de furto também pode ser praticado entre: parte de seu titular.
cônjuges, ascendentes e descendentes, tios e sobrinhos, Basta que ocorra a cessação da vigilância da vítima,
entre irmãos. que, dormindo, não poderá efetivá-la com a segurança
e a amplitude com que a faria, caso estivesse acordada,
O direito romano não admitia, nesses casos, a ação para que se configure a agravante do repouso noturno.
penal. Já o direito moderno não proíbe o procedimento Repouso noturno é o tempo em que a cidade repou-
penal, mas isenta de pena, como elemento de preserva- sa, é variável, dependendo do local e dos costumes.
ção da vida familiar. É discutida pela doutrina e pela jurisprudência acer-
ca da necessidade do lugar, ser habitado ou não, para
Para se definir o momento da consumação, existem se dar a agravante. A jurisprudência dominante nos tri-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

duas posições: bunais é no sentido de excluir a agravante, se o furto é


praticado em lugar desabitado, pois evidente se pratica-
1) atinge a consumação no momento em que o ob- do desta forma não haveria, mesmo durante a época o
jeto material é retirado de posse e disponibilidade momento do não repouso, a possibilidade de vigilância
do sujeito passivo, ingressando na livre disponibi- que continuaria a ser tão precária quanto este momento
lidade do autor, ainda que não obtenha a posse de repouso.
tranquila; Porém, como diz o mestre Magalhães Noronha “para
2) quando exige-se a posse tranquila, ainda que por nós, existe a agravante quando o furto se dá durante
breve tempo. o tempo em que a cidade ou local repousa, o que não

26
importa necessariamente seja a casa habitada ou estejam A destruição ou rompimento deve dar-se em qual-
seus moradores dormido. Podem até estar ausente, ou quer momento da execução do crime e não apenas para
desabitado o lugar do furto”. apreensão da coisa. Porém é imprescindível que seja
A exposição de motivos como a do mestre Noronha, comprovada pericialmente, nem mesmo a confissão do
é a que se iguala ao meu parecer, pois é prevista como acusado supre a falta da perícia.
agravante especial do furto a circunstância de ser o crime Trata-se de circunstância objetiva e comunicável no
praticado durante o período do sossego noturno, seja caso de concurso de pessoas, desde que o seu con-
ou não habitada a casa, estejam ou não seus moradores teúdo haja ingressado na esfera do conhecimento dos
dormindo, cabe a majoração se o delito ocorreu naquele participantes.
período. A segunda hipótese diz respeito à quando o crime é
Furto em garagem de residência, também há duas cometido com abuso de confiança, ou mediante fraude,
posições, uma em que incide a qualificadora, da qual o escalada ou destreza.
Professor Damásio é partidário, e outra na qual não inci- Há abuso de confiança quando o agente se prevalece
de a qualificadora. de qualidade ou condição pessoal que lhe facilite à prá-
tica do furto. Qualifica o crime de furto quando o agente
Furto privilegiado ou mínimo se serve de algum artifício para fazer a subtração.
Mediante fraude é o meio enganoso capaz de iludir
O furto privilegiado está expresso no § 2º do artigo a vigilância do ofendido e permitir maior facilidade na
155. É uma hipótese que considera se o criminoso é pri- subtração do objeto material. O furto mediante fraude
mário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode distingue-se do estelionato, naquele a fraude é empre-
substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí- gada para iludir a atenção e vigilância do ofendido, que
-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de nem percebe que a coisa lhe está sendo subtraída; no es-
multa. telionato, ao contrário, a fraude antecede o apossamento
da coisa e é a causa de sua entrega ao agente pela vítima;
Vale dizer que é uma forma de causa especial de di- esta entrega a coisa iludida, pois a fraude motivou seu
minuição de pena. Existem requisitos para que se dê essa consentimento.
causa especial: É ainda qualificadora a penetração no local do furto
por via que normalmente não se usa para o acesso, sen-
• O primeiro requisito para que ocorra o privilégio é do necessário o emprego de meio artificial, é no caso de
ser o agente primário, ou seja, que não tenha sofri- escalada, que não se relaciona necessariamente com a
do em razão de outro crime condenação anterior ação de galgar ou subir. Também deve ser comprova-
transitada em julgado. da por meio de perícia, assim como o rompimento de
• O segundo requisito é ser de pequeno valor a coisa obstáculo.
subtraída. Tentativa, é admissível. Via de regra, a prisão em fla-
grante indica delito tentado nos casos de furto, por não
A doutrina e a jurisprudência têm exigido além desses chegar o agente a ter a posse tranquila da coisa subtraí-
dois requisitos já citados, que o agente não revele perso- da, que não ultrapassa a esfera de vigilância da vítima.
nalidade ou antecedentes comprometedores, indicativos Há ainda a tentativa frustrada, citarei um exemplo:
da existência de probabilidade, de voltar a delinquir. um batedor de carteira segue uma pessoa durante vários
A pena pode-se substituir a de reclusão pela de de- dias. Decide, então, subtrair, do bolso interno do paletó
tenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somen- da vítima, envelope que julga conter dinheiro. Furtado o
te a multa. envelope, o batedor de carteira é apanhado. Chegando à
O § 3º, do art. 155, do CP, faz menção à igualdade Delegacia, verifica-se que o envelope estava vazio, pois,
entre energia elétrica, ou qualquer outra que tenha va- naquele dia, a vítima esquecera o dinheiro em casa. O
lor econômico à coisa móvel, também a caracterizando agente será responsabilizado pelo crime nesse exemplo?
como crime. Não, pois a ausência do objeto material do delito faz do
A jurisprudência considera essa modalidade de furto evento um crime impossível.
como crime permanente, pois o agente pratica uma só O último é a qualificadora da destreza, que se dá
ação, que se prolonga no tempo. quando a subtração se dá dissimuladamente com espe-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

cial habilidade por parte do agente, onde a ação, sem


Furto qualificado emprego de violência, em situação em que a vítima, em-
bora consciente e alerta, não percebe que está tendo os
São as seguintes as hipóteses de furto qualificado: bens furtados. O arrebatamento violento ou inopinado
Se o crime for cometido com destruição ou rompi- não a configura.
mento de obstáculos à subtração da coisa; está hipótese A terceira hipótese é o emprego de chave falsa.
trata da destruição, isto é, fazer desaparecer em sua indi- Constitui chave falsa qualquer instrumento ou en-
vidualidade ou romper, quebrar, rasgar, qualquer obstá- genho de que se sirva o agente para abrir fechadura e
culo móvel ou imóvel a apreensão e subtração da coisa. que tenha ou não o formato de uma chave, podendo ser

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grampo, pedaço de arame, pinça, gancho, etc. O exame I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego
pericial da chave ou desse instrumento é indispensável de arma;
para a caracterização da qualificadora II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
A Quarta e última hipótese é quando ocorre median- III - se a vítima está em serviço de transporte de valo-
te concurso de duas ou mais pessoas, quando praticado res e o agente conhece tal circunstância.
nestas circunstâncias, pois isto revela uma maior peri- IV - se a subtração for de veículo automotor que ve-
culosidade dos agentes, que unem seus esforços para o nha a ser transportado para outro Estado ou para o
crime. exterior;
No caso de furto cometido por quadrilha, responde V - se o agente mantém a vítima em seu poder, res-
por quadrilha pelo artigo 288 do Código Penal Brasileiro tringindo sua liberdade.
seguido de furto simples, ficando excluída a qualificadora. § 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a
Concurso de qualificadoras, o agente incidindo em pena é de reclusão, de sete a quinze anos, além da
duas qualificadoras, apenas uma qualifica, podendo ser- multa; se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta
vir a outra como agravante comum. anos, sem prejuízo da multa.

Furto de coisa comum A ação penal é pública, porém depende de represen-


tação da parte
Este crime está definido no art. 156 do CP: Como expresso no art. 157, do CP, subtrair coisa
móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave
ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por
Art. 156. Subtrair o condômino, coerdeiro, ou sócio,
qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:
para si ou para outrem, a quem legitimamente a de-
pena – reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos, e multa.
tém, a coisa comum: pena – detenção, de 6 (seis) me-
Trata-se de crime contra o patrimônio, em que é atin-
ses à 2 (dois) anos, ou multa.
gido também a integridade física ou psíquica da vítima.
É um crime complexo, onde o objeto jurídico imedia-
A razão da incriminação é de que o agente subtraia
to do crime é o patrimônio, e tutela-se também a inte-
coisa que pertença também a outrem. Este crime cons-
gridade corporal, a saúde, a liberdade e na hipótese de
titui caso especial de furto, distinguindo-se dele apenas latrocínio a vida do sujeito passivo.
as relações existentes entre o agente e o lesado ou os O Roubo também é um delito comum, podendo ser
lesados. cometido por qualquer pessoa, dando-se o mesmo com
Sujeito ativo, somente pode ser o condômino, copro- o sujeito passivo. Pode ocorrer a hipótese de dois su-
prietário, coerdeiro ou o sócio. Esta condição é indispen- jeitos passivos: um que sofre a violência e o titular do
sável e chega a ser um elementar do crime e por tanto é direito de propriedade.
transmitido ao partícipe estranho nos termos do art. 29 Como no Furto, a conduta é subtrair, tirar a coisa mó-
do CP. vel alheia, mas faça-se necessário que o agente se utili-
Sujeito passivo será sempre o condomínio, copro- ze de violência, lesões corporais, ou vias de fato, como
prietário, coerdeiro ou o sócio, não podendo excluir-se o grave ameaça ou de qualquer outro meio que produza a
terceiro possuidor legítimo da coisa. possibilidade de resistência do sujeito passivo.
A vontade de subtrair configura o momento subjeti- A vontade de subtrair com emprego de violência, gra-
vo, fala-se em dolo específico na doutrina, na expressão ve ameaça ou outro recurso análogo é o dolo do delito
“para si ou para outrem”. de roubo. Exige-se, porém, o elemento subjetivo do tipo,
A pena culminada para furto de coisa comum é alter- o chamado dolo específico, idêntico ao do furto, para si
nativa de detenção de 6 (seis) meses à 2 (dois) anos ou ou para outrem, é que se dá a subtração.
multa. Dá-se ao juiz a margem para individualização da Há uma figura denominada roubo impróprio que vem
pena tendo em vista as circunstâncias do caso concreto. definido no art.157, §1º, do CP, que assim diz: “na mesma
pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, em-
DO ROUBO prega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de
assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa
Vamos ao texto do Código Penal: para si ou para terceiro”.
Nesse caso a violência ou a grave ameaça ocorre após
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para a consumação da subtração, visando o agente assegurar
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

outrem, mediante grave ameaça ou violência a pes- a posse da coisa subtraída ou a impunidade do crime.
soa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzi- A violência posterior ou roubo para assegurar a sua
do à impossibilidade de resistência: impunidade, deve ser imediato para caracterização do
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. roubo impróprio.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de A consumação do roubo impróprio ocorre com a vio-
subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou lência ou grave ameaça desde que já ocorrido a subtra-
grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do ção, não se consumando esta, tem se entendido que o
crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro. agente deverá ser responsabilizado por tentativa de furto
§ 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade: em concurso com o crime de lesões corporais.

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Consuma-se no momento em que o agente retira o objeto material da esfera de disponibilidade da vítima, mesmo
que não haja a posse tranquila.
Tentativas, quanto ao roubo próprio ela é admitida, visto podendo ocorrer quando o sujeito, após empregar a vio-
lência ou grave ameaça contra a pessoa, por motivos alheios a sua vontade, não consegue efetuar a subtração.
Já a tentativa para o crime de roubo impróprio temos duas correntes:
Sua classificação doutrinária é de crime comum quanto ao sujeito, doloso, de forma livre, de dano, material e ins-
tantâneo. Tendo ação penal pública incondicionada.

Roubo e lesão corporal grave

Se da violência resulta lesão corporal de natureza grave, fixando-se a pena num patamar superior ao fixado ante-
riormente, aqui reclusão de 5 (cinco) à 15 (quinze) anos, além da multa.
É indispensável que a lesão seja causada pela violência, não estando o agente, sujeito às penas previstas pelo dis-
positivo em estudo, se o evento decorra de grave ameaça, como enfarte, choque ou do emprego de narcóticos. Haverá
no caso roubo simples seguido de lesões corporais de natureza grave em concurso formal.
A lesão poderá ser sofrida pelo titular do direito ou em um terceiro.
Se o agente fere gravemente a vítima, mas não consegue subtrair a coisa, há só a tentativa do art. 157, § 3º, 1ª parte,
do CP.

Latrocínio

Comina-se pena de reclusão de 20 a 30 anos se resulta a morte, as mesmas considerações referentes aos crimes
qualificados pelo resultado, podem ser aqui aplicadas.
O artigo da Lei 8072/90 (Lei dos Crimes Hediondos), em conformidade com o artigo 5º XLIII, da Constituição Federal
Brasileira, considera crime de latrocínio Hediondo.
Nos termos legais o Latrocínio não exige que o evento morte seja desejado pelo agente, basta que ele empregue
violência para roubar e que dela resulte a morte para que se tenha caracterizado o delito.
É indiferente, porém, que a violência tenha sido exercida para o fim da subtração ou para garantir, depois desta, a
impunidade do crime ou a detenção da coisa subtraída.
Ocorre latrocínio ainda que a violência atinja pessoa diversa daquela que sofre o desapossamento da coisa. Haverá,
no entanto, um só crime com dois sujeitos passivos.
A consumação do latrocínio ocorre com a efetiva subtração e a morte da vítima, embora no latrocínio haja morte
da vítima, ele é um crime contra o patrimônio, sendo Juiz singular e não do Tribunal do Júri, essa é a posição válida,
Pena: reclusão de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa, conforme alteração do artigo 6º da Lei n.º. 8072/90.
Conforme o artigo 9º dessa lei, a pena é agravada de metade quando a vítima se encontra nas condições do artigo 224
do Código Penal Brasileiro: “presunção de violência”.

DA APROPRIAÇÃO INDÉBITA

O crime de apropriação indébita está previsto no Artigo 168 do Código Penal. Este crime irá se configurar quando
o agente se apropriar de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção.
Neste crime, exige-se que a coisa alheia seja móvel.
Para que você compreenda a apropriação indébita, é necessário que você saiba que o agente já tem a posse ou a
detenção da coisa, passando, posteriormente, a se agir como se dono da coisa fosse.

Você não pode confundir a apropriação indébita com o crime de estelionato. Veja a diferença:

FIQUE ATENTO!
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

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A apropriação indébita é crime que decorre de uma relação de confiança entre o autor e a vítima. Esta entrega a
coisa móvel ao agente, devido à confiança que deposita nele. O agente recebe a coisa com boa intenção, mas, depois
(parte da doutrina chama de dolo subsequente), altera sua intenção, apropria-se da coisa e passa a agir como dono
dela.

Veja as principais características da apropriação indébita:

• É crime comum, que pode ser praticado por qualquer pessoa;


• Não admite a forma culposa;
• Não admite tentativa, conforme doutrina majoritária, tratando-se de crime unissubsistente;
• É crime material, que se consuma no momento em que o agente inverte a posse da coisa alheia móvel.

Causas de aumento de pena da apropriação indébita:

Apropriação Indébita Previdenciária

Este é um crime que possui muito posicionamento jurisprudencial importante. Apesar de não ser cobrado em pro-
vas com tanta frequência como os crimes que já vimos, é bastante importante para o seu estudo.
É importante que você conheça a conduta principal e as condutas equiparadas.
Conduta principal: Ficará configurada quando o agente deixar de repassar à previdência social as contribuições
recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional.
Observe que o tipo penal principal é praticado na modalidade omissiva, deixando o agente de praticar uma conduta
que deveria (repassar à previdência as contribuições recolhidas após reter os valores).
Condutas equiparadas: receberá a mesma pena do crime principal o agente que:

#FicaDica
Recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância destinada à previdência social que tenha
sido descontada de pagamento efetuado a segurados, a terceiros ou arrecadada do público.
Recolher contribuições devidas à previdência social que tenham integrado despesas contábeis ou cus-
tos relativos à venda de produtos ou à prestação de serviços.
Pagar benefício devido a segurando, quando as respectivas cotas ou valores já tiverem sido reembolsa-
dos à empresa pela previdência social.

Trata-se de norma penal em branco, complementada em diversos dispositivos pela lei previdenciária correspondente.

Veja características do crime de apropriação indébita previdenciária:


NOÇÕES DE DIREITO PENAL

• É crime omissivo, como falado acima, já que o agente não pratica a conduta que se espera dele (repassar);
• Não admite a modalidade culposa;
• Deverá ser praticado de forma dolosa. Segundo o STF, não é necessário dolo específico (especial fim de agir);
• Não admite tentativa;
• Segundo a jurisprudência, tanto do STF quanto do STJ, é crime material;
• O STJ admite a aplicação do princípio da insignificância ao delito de apropriação indébita previdenciária, quando
o valor do débito com a Previdência Social não ultrapassar o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais);
• O STF também admite a aplicação do princípio da insignificância ao crime de apropriação indébita previdenciária,
entretanto, a Corte Suprema tem sido bem mais rigorosa para com a aplicação.

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A pena deste crime poderá ser extinta (extinção da punibilidade), caso o agente, espontaneamente, declare, con-
fesse e efetue o pagamento das contribuições, importâncias ou valores e preste as informações devidas à previdência
social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal.
Apesar de o Código Penal estabelecer que a conduta do agente, para que sua punibilidade seja extinta, seja pratica-
da antes do início da ação fiscal, o STF e o STJ têm admitido a aplicação da exclusão da punibilidade com o pagamento
efetuado a qualquer tempo, desde que antes do trânsito em julgado (sentença definitiva).
Para encerrarmos o crime de apropriação indébita previdenciária, vamos verificar uma hipótese de perdão judicial
e de crime privilegiado. Observe:

A Lei 13.606/2018, lei bastante atual, diga-se de passagem (importante que você preste bastante atenção), acres-
centou dispositivo ao Código Penal que estabelece que a faculdade atribuída ao juiz de deixar de aplicar a pena ou
de aplicar somente a pena de multa não se aplica aos casos de parcelamento de contribuições cujo valor, inclusive
dos acessórios, seja superior àquele estabelecido, administrativamente, como sendo mínimo para ajuizamento de suas
execuções fiscais.

Apropriação de Coisa Havida por Erro, Caso Fortuito ou Força da Natureza

Neste crime, a apropriação se dá, não devido a relação de confiança existente entre autor e vítima, mas sim porque
a coisa chegou ao poder do agente por erro, caso fortuito ou força da natureza.
Teobaldo recebe em sua casa, por erro do entregador das Casas Bahia, uma televisão de 50 polegadas. O agente
se apropria da coisa havida por erro.
No exemplo acima, caso Teobaldo tenha recebido a coisa de boa-fé, mas, posteriormente, altere a posse da coisa,
apropriando-se dela, irá cometer o crime de apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito ou força da natureza.
Este crime não admite a modalidade culposa, podendo ser praticado apenas a título de dolo.
É crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa.
O Código Penal apresenta duas hipóteses assemelhadas, punidas com a mesma pena: a apropriação de tesouro e
a apropriação de coisa achada.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Apropriação de Tesouro

Irá praticar este crime o agente que acha tesouro em prédio alheio e se apropria, no todo ou em parte, da quota a
que tem direito o proprietário do prédio.
Aqui, pune-se a conduta do indivíduo que acha tesouro em prédio que pertence a outra pessoa e se apropria da
quota-parte que o proprietário do prédio tem direito, de acordo com o Código Civil, que estabelece que o tesouro deve
ser dividido igualmente entre aquele que achou e entre o proprietário do local em que ele foi achado.
O Código Civil conceitua tesouro como depósito antigo de coisas preciosas, oculto e de cujo dono não haja memória.

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O tipo penal não se caracteriza com o verbo “achar”. Observe que o crime fala em vantagem ilícita (segun-
Tome cuidado. Aquele que acha tesouro não comete cri- do a doutrina majoritária, deve ser vantagem de natureza
me alguma. A conduta criminosa se encontra no verbo patrimonial), podendo ser coisa móvel ou imóvel.
“apropriar-se”, quando o agente se apropria da parte a A vantagem ilícita é obtida pelo agente, que se utiliza
que tem direito o proprietário do prédio. de artificio ardil (método de enganar) ou qualquer outro
Para que este crime se configura, é necessário que tipo de fraude.
o tesouro tenha sido localizado em prédio que possua Ele induz a vítima em erro (ela não estava em erro e o
proprietário. agente o faz) ou mantém a vítima em erro (ela estava em
erro, o agente, de má-fé, faz com que ela permaneça).
Apropriação de Coisa Achada No estelionato, a vítima, devido ao fato de ter sido
enganada, colabora com o agente, entregando-lhe, de
E aquele lance do “achado não é roubado”, ditado alguma forma, a vantagem.
popular muito do dito? A condição acima, inclusive, é fator que serve para
diferenciar o estelionato de outros tipos penais que com
O crime de apropriação de coisa achada não é muito ele possam se confundir.
conhecido. Mas existe. Este crime será aplicado a quem
acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou par- Características do crime de estelionato:
cialmente, deixando de restitui-la ao dono ou legítimo
possuidor ou de entregá-la à autoridade competente, • Crime comum: não se exige características especí-
dentro do prazo de 15 (quinze) dias. ficas do sujeito ativo;
Trata-se de crime a prazo, que é aquele que, para sua • É crime material: o crime se consuma com a ocor-
consumação, exige que transcorra determinado período rência do resultado obtenção da vantagem ilícita,
de tempo (15 dias). acarretando prejuízo a terceiro;
É crime comum, que pode ser praticado por qualquer • Não admite a forma culposa: só se pratica a título
pessoa. de dolo;
Atenção. O crime de apropriação de coisa achada po- • Admite a modalidade tentada;
derá se configurar: O estelionato privilegiado é aquele em que o agente
é primário e é de pequeno valor o prejuízo, poderá o juiz,
• Se o agente deixa de restituir a coisa achada ao neste caso, substituir a pena de reclusão pela pena de
dono ou legítimo possuidor; detenção; diminuir a pena de 1/3 a 2/3 ou aplicar somen-
• Se o agente deixa de entregar a coisa achada à au- te a pena de multa
toridade competente. Vejamos as formas equiparadas do crime de estelio-
nato, que serão submetidas às mesmas penas:
O agente tem o prazo de 15 dias para praticar as con-
dutas descritas ao lado. Após esse período, o crime se Nas mesmas penas incorre quem:
consumará.
Por fim, o Código Penal estabelece a possibilidade de 1. Vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou
se aplicar aos crimes previstos no capítulo da apropria- em garantia coisa alheia como própria – disposição
ção indébita os institutos aplicáveis ao furto privilegiado. de coisa alheia como própria;

Logo: O agente, neste crime, faz com que coisa alheia se


passe como dele, enganando outrem. Os verbos previs-
• Se o criminoso é primário; tos no tipo são: vender, permutar (trocar), dar como pa-
• Se é de pequeno valor a coisa; gamento, locação ou garantia.

O juiz poderá: 2. Vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia


coisa própria inalienável, gravada de ônus ou liti-
• Substituir a pena de reclusão pela pena de giosa, ou imóvel que prometeu vender a terceiro,
detenção; mediante pagamento em prestações, silenciando
• Diminuir a pena de 1/3 a 2/3; sobre qualquer dessas circunstâncias – alienação
• Aplicar somente a pena de multa ou oneração fraudulenta de coisa própria;
3. Defrauda, mediante alienação não consentida pelo
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

DO ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES credor ou por outro modo, a garantia pignoratícia,


quando tem a posse do objeto empenhado – de-
Estelionato fraudação de penhor;
4. Defrauda substância, qualidade ou quantidade, de
O crime de estelionato será praticado quando o coisa que deve entregar a alguém – fraude na en-
agente obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, trega de coisa;
em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em
erro, mediante artifício ardil, ou qualquer outro meio
fraudulento.

32
5. Destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava as conse-
quências da lesão ou doença, com o intuito de haver indenização ou valor de seguro – fraude para recebimento
de indenização ou valor de seguro;

O crime de fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro, segundo a doutrina majoritária, é crime for-
mal, que se consuma com a prática da conduta, independentemente de o agente conseguir ou não receber os valores
referentes a indenização ou valor de seguro.
Lembre-se que o agente não é punido penalmente por causar mal somente a si mesmo, sendo assim, caso ele se
lesiona com o fim de receber seguro, ele não será sujeito passivo do crime. O sujeito passivo será a seguradora.

6. Emite cheque, sem suficiente prisão de fundos em poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento – fraude no
pagamento por meio de cheque.

Leve em consideração que, para configuração desta forma equiparada de estelionato, é necessário que o agente
saiba desde o início não dispor de fundos para cobrir o cheque, não se englobando nesta modalidade criminosa os
casos de não pagamento de cheque por motivos cotidianos (sem má-fé).

É importante que você conheça duas súmulas do STF, referentes ao crime de fraude no pagamento por meio
de cheque.

Súmula 521: O foro competente para o processo e julgamento dos crimes de estelionato, sob a modalidade da emissão
dolosa de cheque sem provisão de fundos, é o local onde se deu a recusa do pagamento pelo sacado.
Súmula 554: O pagamento de cheque emitido sem provisão de fundos, após o recebimento da denúncia, não obsta
ao prosseguimento da ação penal.

Podemos concluir, pela leitura da Súmula 554, que se o agente pagar os valores referentes ao cheque emitido sem
fundos, antes do recebimento da denúncia, será impedido o início da ação penal.
E se o crime for praticado mediante o uso de documento falso?
Para responder esta pergunta, você deve conhecer a Súmula 17 do STJ: Quando o falso se exaure no estelionato,
sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido.
Entenda da seguinte forma: se o uso do documento falso se exaurir (extinguir) na prática do estelionato, este crime
absorverá aquele. Se não se exaurir, o agente responderá pelos dois crimes em concurso formal.
Observe as causas de aumento de pena previstas no Código Penal para o estelionato.

NOÇÕES DE DIREITO PENAL

OUTRAS FRAUDES

O crime fica configurado quando o agente tomar refeição em restaurante, alojar-se em hotel ou utilizar-se de meio
de transporte sem dispor de recursos para efetuar o pagamento.

33
É necessário (elementar do tipo penal) que o Observe que o item faz questão de mencionar expres-
agente não tenha recursos para pagar a refeição, o samente que a casa onde Leonardo se encontrava
alojamento ou o meio de transporte. Caso o agente é local que ele habitualmente frequenta e que ele é
tenha os recursos necessários, entretanto, recuse-se amigo de Fausto. O verbo apoderar, apresentado pelo
a efetuar o pagamento, não cometerá o crime de ou- item, foi utilizado como sinônimo de subtrair. Previsão
tras fraudes. Legal: Artigo 155, § 4º, II, do Código Penal.

Deve-se se identificar a má-fé do agente, quando da 3. (PC-AP – OFICIAL DE POLÍCIA CIVIL – FCC – 2017)
prática da conduta descrita no tipo penal. Ele deve saber Frederico, com o intuito de receber o valor do seguro,
que não dispõe de recursos para pagar e mesmo assim escondeu um automóvel de sua propriedade e lavrou um
utiliza dos serviços descritos. Caso ocorra um imprevisto, boletim de ocorrência afirmando que havia sido furtado.
o agente perde seu dinheiro sem saber, por exemplo, ele Tempos depois, Frederico veio a receber o valor pelo si-
não será responsabilizado penalmente. nistro. Nessa situação hipotética, o crime praticado por
Trata-se de crime promovido mediante ação penal Frederico é tipificado como
pública condicionada à representação da vítima.
Admite-se a aplicação do instituto do perdão judicial, a) fraude para recebimento de indenização ou valor de
já que o juiz, conforme as circunstâncias, poderá deixar seguro.
de aplicar a pena. b) exercício arbitrário das próprias razões.
c) apropriação indébita.
d) fraude no comércio.
EXERCÍCIO COMENTADO e) furto qualificado.

1. (DPE-AM – ANALISTA JURÍDICO – FCC – 2018) So- Resposta: Letra D. Frederico praticou o crime de frau-
bre os crimes contra o patrimônio: de para recebimento de indenização ou valor de segu-
O furto de energia elétrica é atípico por não consistir em ro, crime previsto no capítulo “do estelionato e outras
coisa móvel. fraudes”.
No caso apresentado pela alternativa, o sujeito pas-
a) Se o agente logo depois de subtraída a coisa, empre- sivo é a seguradora. Frederico é apenas sujeito ativo.
ga violência contra pessoa, a fim de assegurar a impu- Estamos diante de crime formal, que se consumaria
nidade do crime, incorre na mesma pena do roubo. mesmo que Frederico não recebesse o valor do sinis-
b) A ameaça exercida com simulacro de arma de fogo é tro, segundo doutrina dominante. Previsão Legal: Arti-
incapaz de configurar o crime de roubo. go 171, V, do Código Penal.
c) Se durante a prática do roubo o agente mantém a víti-
ma em seu poder, restringindo sua liberdade, o crime 4. (PC-AP – AGENTE DE POLÍCIA CIVIL – FCC – 2017)
é o de latrocínio. Nilson, na companhia de sua namorada, Ana Paula, am-
d) Por falta de previsão legal, o princípio da insignificân- bos maiores e capazes, subtraem a quantia de R$ 200,00
cia é incabível no crime de furto. da carteira do avô de Nilson que, na data do furto, con-
tava 62 anos de idade. Diante da situação hipotética
Resposta: Letra B. Apresenta hipótese de roubo im- apresentada,
próprio, configurado quando o agente logo depois de
subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou a) Nilson ficará isento de pena, em razão do crime ter
grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do sido praticado contra seu ascendente. Contudo, tal
crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro. isenção não alcançará Ana Paula.
Previsão Legal: Artigo 157, § 1º, do Código Penal. b) haverá isenção da pena para Nilson, circunstância que
também alcançará sua namorada Ana Paula.
2. (PC-AP – OFICIAL DE POLÍCIA CIVIL – FCC – 2017) c) Nilson e Ana Paula responderão pelo crime de furto
Leonardo encontra uma cédula de R$ 50,00 sob a poltro- qualificado, não incidindo a isenção de pena para ne-
na da sala da casa de seu amigo Fausto, lugar que habi- nhum dos agentes.
tualmente frequenta e, sem que o dono da casa perceba, d) Nilson responderá por furto qualificado, enquanto
dela se apodera. Diante do caso hipotético apresentado, que Ana Paula responderá por furto simples.
Leonardo pratica o crime de e) a responsabilização penal de Nilson e Ana Paula de-
penderá de queixa-crime.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

a) apropriação de coisa achada.


b) furto qualificado. Resposta: Letra C. Tanto Nilson quanto Ana Paula irão
c) estelionato. responder pelo crime de furto qualificado pelo con-
d) furto simples. curso de 2 (duas) ou mais pessoas. As escusas absolu-
e) apropriação indébita. tórias não se aplicam ao caso apresentado pela ques-
tão, já que a vítima conta com mais de 60 anos, além
Resposta: Letra B. Leonardo praticou o crime de fur- do que, já não se aplicaria as escusas à Ana Paula, já
to qualificado. A qualificadora aplicável ao caso apre- que ele é estranha que participa do crime (Ana Paula é
sentado pela alternativa é a de Abuso de confiança. mera namorada de Nilson).

34
5. (AL-MS – CONSULTOR DE PROCESSO LEGISLATIVO Peculato mediante erro de outrem
– FCC – 2016) Nos termos preconizados pelo Código Pe- Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer uti-
nal, em relação às escusas absolutórias, estará isento de lidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro de
pena outrem:
Pedro, coautor de um crime de furto qualificado junta- Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
mente com seu amigo Ítalo, praticado contra o genitor Inserção de dados falsos em sistema de informações
deste último. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário auto-
a) Rodrigo, que invade a chácara de sua família e comete rizado, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir
um crime de roubo contra seus ascendentes, subtrain- indevidamente dados corretos nos sistemas informa-
do bens que guarneciam o imóvel. tizados ou bancos de dados da Administração Públi-
b) Paulo, que pratica um crime de furto contra empresa ca com o fim de obter vantagem indevida para si ou
de seu tio. para outrem ou para causar dano: (Incluído pela Lei
c) Micaela, que pratica um crime de estelionato contra
nº 9.983, de 2000))
seu filho, utilizando os documentos pessoais e cartão
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
de crédito deste para fazer compras em estabeleci-
mentos comerciais de uma determinada cidade. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
d) Flávia, que pratica crime de apropriação indébita con- Modificação ou alteração não autorizada de sistema
tra o seu avô de 70 anos de idade. de informações (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, siste-
Resposta: Letra B. Micaela ficará isenta de pena, de- ma de informações ou programa de informática sem
vido a aplicação da escusa absolutória prevista no art. autorização ou solicitação de autoridade competente:
181, II, do CP. Ela praticou o estelionato (sem violência (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
ou grave ameaça) contra seu filho (descendente), fi- Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e
cando, assim, isenta de pena. multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Parágrafo único. As penas são aumentadas de um
terço até a metade se da modificação ou alteração
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO resulta dano para a Administração Pública ou para
PÚBLICA o administra-do.(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou
documento
São aqueles praticados contra os órgãos da adminis- Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer docu-
tração pública, sendo subdividido em 5 capítulos. mento, de que tem a guarda em razão do cargo; sone-
gá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente:
TÍTULO XI Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO constitui crime mais grave.
PÚBLICA Emprego irregular de verbas ou rendas públicas
Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação
CAPÍTULO I
diversa da estabelecida em lei:
DOS CRIMES PRATICADOS
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
Concussão
POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou
CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
indiretamente, ainda que fora da função ou antes de
assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:
Peculato
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de di-
Excesso de exação
nheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou
particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou § 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição
desviá-lo, em proveito próprio ou alheio: social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gra-
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário pú- voso, que a lei não autoriza: (Redação dada pela Lei nº
blico, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou 8.137, de 27.12.1990)
bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
(Redação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facili-


dade que lhe proporciona a qualidade de funcionário. § 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou
Peculato culposo de outrem, o que recebeu indevidamente para reco-
§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o lher aos cofres públicos:
crime de outrem: Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
Pena - detenção, de três meses a um ano. Corrupção passiva
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem,
do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou
a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem in-
pena imposta. devida, ou aceitar promessa de tal vantagem:

35
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. Art. 324 - Entrar no exercício de função pública antes
(Redação dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003) de satisfeitas as exigências legais, ou continuar a exer-
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em con- cê-la, sem autorização, depois de saber oficialmente
seqüência da vantagem ou pro-messa, o funcionário que foi exonerado, removido, substituído ou suspenso:
retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
o pratica infringindo dever funcional. Violação de sigilo funcional
§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão
retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, do cargo e que deva permanecer em segredo, ou faci-
cedendo a pedido ou influência de outrem: litar-lhe a revelação:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa,
Facilitação de contrabando ou descaminho se o fato não constitui crime mais grave.
Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, § 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem:
a prática de contrabando ou descaminho (art. 334): (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. I – permite ou facilita, mediante atribuição, forneci-
(Redação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990) mento e empréstimo de senha ou qualquer outra for-
Prevaricação ma, o acesso de pessoas não autorizadas a sistemas
Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevida- de informações ou banco de dados da Administração
mente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição Pública; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. (In-
pessoal: cluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. § 2o Se da ação ou omissão resulta dano à Admi-
Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou nistração Pública ou a ou-trem: (Incluído pela Lei nº
agente público, de cumprir seu dever de vedar ao pre- 9.983, de 2000)
so o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
que permita a comunicação com outros presos ou com (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
o ambiente externo: (Incluído pela Lei nº 11.466, de Violação do sigilo de proposta de concorrência
2007). Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de concor-
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. rência pública, ou proporcionar a terceiro o ensejo de
Condescendência criminosa devassá-lo:
Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa.
responsabilizar subordinado que cometeu infração Funcionário público
no exercício do cargo ou, quando lhe falte competên- Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os
cia, não levar o fato ao conhecimento da autoridade efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou
competente: sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. pública.
Advocacia administrativa § 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce
Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, inte- cargo, emprego ou função em entidade paraestatal,
resse privado perante a administração pública, valen- e quem trabalha para empresa prestadora de serviço
do-se da qualidade de funcionário: contratada ou conveniada para a execução de ativida-
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. de típica da Administração Pública. (Incluído pela Lei
Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo: nº 9.983, de 2000)
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da § 2º - A pena será aumentada da terça parte quando
multa. os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem
Violência arbitrária ocupantes de cargos em comissão ou de função de di-
Art. 322 - Praticar violência, no exercício de função reção ou assessoramento de órgão da administração
ou a pretexto de exercê-la: direta, sociedade de economia mista, empresa pública
Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da ou fundação instituída pelo poder público. (Incluído
pena correspondente à violência. pela Lei nº 6.799, de 1980)
Abandono de função
Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos CAPÍTULO II
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

permitidos em lei: DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR


Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
§ 1º - Se do fato resulta prejuízo público:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. Usurpação de função pública
§ 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa Art. 328 - Usurpar o exercício de função pública:
de fronteira: Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. Parágrafo único - Se do fato o agente aufere vantagem:
Exercício funcional ilegalmente antecipado ou Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
prolongado Resistência

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Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante clandestina no território nacional ou de importação
violência ou ameaça a funcionário competente para fraudulenta por parte de outrem; (Redação dada pela
executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio: Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
Pena - detenção, de dois meses a dois anos. IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou
§ 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa: alheio, no exercício de atividade comercial ou indus-
Pena - reclusão, de um a três anos. trial, mercadoria de procedência estrangeira, desa-
§ 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuí- companhada de documentação legal ou acompanha-
zo das correspondentes à violência. da de documentos que sabe serem fal-sos. (Redação
Desobediência dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário § 2o Equipara-se às atividades comerciais, para os
público: efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio irre-
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa. gular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, in-
Desacato clusive o exercido em residências. (Redação dada pela
Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
da função ou em razão dela: § 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de des-
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. caminho é praticado em trans-porte aéreo, maríti-
Tráfico de Influência (Redação dada pela Lei nº 9.127, mo ou fluvial. (Redação dada pela Lei nº 13.008, de
de 1995) 26.6.2014)
Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou Contrabando
para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibi-
pretexto de influir em ato praticado por funcionário da: (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
público no exercício da função: (Redação dada pela Lei Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 ( cinco) anos. (Incluído
nº 9.127, de 1995) pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. § 1o Incorre na mesma pena quem: (Incluído pela Lei
(Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995) nº 13.008, de 26.6.2014)
Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, se I - pratica fato assimilado, em lei especial, a contra-
o agente alega ou insinua que a vantagem é também bando; (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
destinada ao funcionário. (Redação dada pela Lei nº II - importa ou exporta clandestinamente mercadoria
9.127, de 1995) que dependa de registro, análise ou autorização de ór-
Corrupção ativa gão público competente; (Incluído pela Lei nº 13.008,
Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida de 26.6.2014)
a funcionário público, para determiná-lo a praticar, III - reinsere no território nacional mercadoria bra-
omitir ou retardar ato de ofício: sileira destinada à exportação; (Incluído pela Lei nº
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. 13.008, de 26.6.2014)
(Redação dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003) IV - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de
Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio,
se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário no exercício de atividade comercial ou industrial, mer-
retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo cadoria proibida pela lei brasileira; (Incluído pela Lei
dever funcional. nº 13.008, de 26.6.2014)
Descaminho V - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou
Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de alheio, no exercício de ati-vidade comercial ou indus-
direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou trial, mercadoria proibida pela lei brasileira. (Incluído
pelo consumo de mercadoria (Redação dada pela Lei pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)§ 2º - Equipara-se
nº 13.008, de 26.6.2014) às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo,
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Redação qualquer forma de comércio irregular ou clandestino
dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em
§ 1o Incorre na mesma pena quem: (Redação dada residências. (Incluído pela Lei nº 4.729, de 14.7.1965)
pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) § 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de contra-
I - pratica navegação de cabotagem, fora dos casos bando é praticado em transporte aéreo, marítimo ou
permitidos em lei; (Redação dada pela Lei nº 13.008, fluvial. (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

de 26.6.2014) Impedimento, perturbação ou fraude de concorrência


II - pratica fato assimilado, em lei especial, a descami- Art. 335 - Impedir, perturbar ou fraudar concorrên-
nho; (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) cia pública ou venda em hasta pública, promovida
III - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, pela administração federal, estadual ou municipal, ou
de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou por entidade paraestatal; afastar ou procurar afastar
alheio, no exercício de atividade comercial ou indus- concorrente ou licitante, por meio de violência, grave
trial, mercadoria de procedência estrangeira que in- ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem:
troduziu clandestinamente no País ou importou frau- Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa,
dulentamente ou que sabe ser produto de introdução além da pena correspondente à violência.

37
Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem se § 4o O valor a que se refere o parágrafo anterior será
abstém de concorrer ou licitar, em razão da vantagem reajustado nas mesmas datas e nos mesmos índices
oferecida. do reajuste dos benefícios da previdência social. (In-
Inutilização de edital ou de sinal cluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Art. 336 - Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar
ou conspurcar edital afixado por ordem de funcionário CAPÍTULO II-A
público; violar ou inutilizar selo ou sinal empregado, DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICU-
por de-terminação legal ou por ordem de funcionário LAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
público, para identificar ou cerrar qualquer objeto: ESTRANGEIRA
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. (INCLUÍDO PELA LEI Nº 10.467, DE 11.6.2002)
Subtração ou inutilização de livro ou documento
Art. 337 - Subtrair, ou inutilizar, total ou parcial- Corrupção ativa em transação comercial internacional
mente, livro oficial, processo ou documento confiado Art. 337-B. Prometer, oferecer ou dar, direta ou indi-
à custódia de funcionário, em razão de ofício, ou de retamente, vantagem indevida a funcionário público
particular em serviço público: estrangeiro, ou a terceira pessoa, para determiná-lo a
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, se o fato não praticar, omitir ou retardar ato de ofício relacionado à
transação comercial internacional: (Incluído pela Lei
constitui crime mais grave.
nº 10467, de 11.6.2002)
Sonegação de contribuição previdenciária (Incluído
Pena – reclusão, de 1 (um) a 8 (oito) anos, e multa.
pela Lei nº 9.983, de 2000)
(Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002)
Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribuição social
Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/3 (um ter-
previdenciária e qualquer acessório, mediante as se-
ço), se, em razão da vantagem ou promessa, o funcio-
guintes condutas: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) nário público estrangeiro retarda ou omite o ato de
I – omitir de folha de pagamento da empresa ou de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional. (Incluí-
documento de informações previsto pela legislação do pela Lei nº 10467, de 11.6.2002)
previdenciária segurados empregado, empresário, tra- Tráfico de influência em transação comercial interna-
balhador avulso ou trabalhador autônomo ou a este cional (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002)
equiparado que lhe prestem serviços; (Incluído pela Lei Art. 337-C. Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si
nº 9.983, de 2000) ou para outrem, direta ou indiretamente, vantagem
II – deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios ou promessa de vantagem a pretexto de influir em
da contabilidade da empresa as quantias descontadas ato pratica-do por funcionário público estrangeiro no
dos segurados ou as devidas pelo empregador ou pelo exercício de suas funções, relacionado a transação co-
toma-dor de serviços; (Incluído pela Lei nº 9.983, de mercial internacional: (Incluído pela Lei nº 10467, de
2000) 11.6.2002)
III – omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
auferidos, remunerações pagas ou creditadas e de- (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002)
mais fatos geradores de contribuições sociais previ- Parágrafo único. A pena é aumentada da metade, se
denciárias: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) o agente alega ou insinua que a vantagem é também
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. destinada a funcionário estrangeiro. (Incluído pela Lei
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) nº 10467, de 11.6.2002)
§ 1o É extinta a punibilidade se o agente, esponta- Funcionário público estrangeiro (Incluído pela Lei nº
neamente, declara e confessa as contribuições, impor- 10467, de 11.6.2002)
tâncias ou valores e presta as informações devidas à Art. 337-D. Considera-se funcionário público es-
previdência social, na forma definida em lei ou regu- trangeiro, para os efeitos penais, quem, ainda que
lamento, antes do início da ação fiscal. (Incluído pela transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo,
Lei nº 9.983, de 2000) emprego ou função pública em entidades estatais ou
§ 2o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou em representações diplomáticas de país estrangei-ro.
aplicar somente a de multa se o agente for primário e (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002)
de bons antecedentes, desde que: (Incluído pela Lei nº Parágrafo único. Equipara-se a funcionário público es-
9.983, de 2000) trangeiro quem exerce cargo, emprego ou função em
I – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) empresas controladas, diretamente ou indiretamente,
II – o valor das contribuições devidas, inclusive aces- pelo Poder Público de país estrangeiro ou em orga-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

nizações públicas internacionais. (Incluído pela Lei nº


sórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela
10467, de 11.6.2002)
previdência social, administrativamente, como sendo
o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fis-
CAPÍTULO III
cais.(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA
§ 3o Se o empregador não é pessoa jurídica e sua fo-
JUSTIÇA
lha de pagamento mensal não ultrapassa R$ 1.510,00
(um mil, quinhentos e dez reais), o juiz poderá reduzir Reingresso de estrangeiro expulso
a pena de um terço até a metade ou aplicar apenas a Art. 338 - Reingressar no território nacional o estran-
de multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) geiro que dele foi expulso:

38
Pena - reclusão, de um a quatro anos, sem prejuízo de Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, além
nova expulsão após o cumprimento da pena. da pena correspondente à violência.
Denunciação caluniosa Exercício arbitrário das próprias razões
Art. 339. Dar causa à instauração de investigação po- Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para sa-
licial, de processo judicial, instauração de investigação tisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a
administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade lei o permite:
administrativa contra alguém, imputando-lhe crime
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa,
de que o sabe inocente: (Redação dada pela Lei nº
além da pena correspondente à violência.
10.028, de 2000)
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. Parágrafo único - Se não há emprego de violência, so-
§ 1º - A pena é aumentada de sexta parte, se o agente mente se procede mediante queixa.
se serve de anonimato ou de nome suposto. Art. 346 - Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa
§ 2º - A pena é diminuída de metade, se a imputação própria, que se acha em poder de terceiro por deter-
é de prática de contravenção. minação judicial ou convenção:
Comunicação falsa de crime ou de contravenção Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
Art. 340 - Provocar a ação de autoridade, comuni- Fraude processual
cando-lhe a ocorrência de crime ou de contravenção Art. 347 - Inovar artificiosamente, na pendência de
que sabe não se ter verificado: processo civil ou administrativo, o estado de lugar, de
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz
Auto-acusação falsa ou o perito:
Art. 341 - Acusar-se, perante a autoridade, de crime
Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
inexistente ou praticado por outrem:
Parágrafo único - Se a inovação se destina a produzir
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa.
Falso testemunho ou falsa perícia efeito em processo penal, ainda que não iniciado, as
Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a penas aplicam-se em dobro.
verdade como testemunha, perito, contador, tradutor Favorecimento pessoal
ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, Art. 348 - Auxiliar a subtrair-se à ação de autorida-
inquérito policial, ou em juízo arbitral: (Redação dada de pública autor de crime a que é cominada pena de
pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) reclusão:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
(Redação dada pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência) § 1º - Se ao crime não é cominada pena de reclusão:
§ 1o As penas aumentam-se de um sexto a um ter- Pena - detenção, de quinze dias a três meses, e multa.
ço, se o crime é praticado medi-ante suborno ou se § 2º - Se quem presta o auxílio é ascendente, descen-
cometido com o fim de obter prova destinada a pro- dente, cônjuge ou irmão do criminoso, fica isento de
duzir efeito em processo penal, ou em processo civil
pena.
em que for parte entidade da administração pública
direta ou indireta.(Redação dada pela Lei nº 10.268, Favorecimento real
de 28.8.2001) Art. 349 - Prestar a criminoso, fora dos casos de co-
§ 2o O fato deixa de ser punível se, antes da sentença -autoria ou de receptação, auxílio destinado a tornar
no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se re- seguro o proveito do crime:
trata ou declara a verdade.(Redação dada pela Lei nº Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
10.268, de 28.8.2001) Art. 349-A. Ingressar, promover, intermediar, auxiliar
Art. 343. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qual- ou facilitar a entrada de aparelho telefônico de comu-
quer outra vantagem a testemunha, perito, contador, nicação móvel, de rádio ou similar, sem autorização
tradutor ou intérprete, para fazer afirmação falsa, ne- legal, em estabelecimento prisional. (Incluído pela Lei
gar ou calar a verdade em depoimento, perícia, cálcu- nº 12.012, de 2009).
los, tradução ou interpretação: (Redação dada pela Lei Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. (Incluí-
nº 10.268, de 28.8.2001)
do pela Lei nº 12.012, de 2009).
Pena - reclusão, de três a quatro anos, e multa.(Reda-
Exercício arbitrário ou abuso de poder
ção dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)
Parágrafo único. As penas aumentam-se de um sexto Art. 350 - Ordenar ou executar medida privativa de
a um terço, se o crime é cometido com o fim de obter liberdade individual, sem as formalidades legais ou
prova destinada a produzir efeito em processo penal com abuso de poder:
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

ou em processo civil em que for parte entidade da ad- Pena - detenção, de um mês a um ano.
ministração pública direta ou indireta. (Redação dada Parágrafo único - Na mesma pena incorre o funcio-
pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) nário que:
Coação no curso do processo I - ilegalmente recebe e recolhe alguém a prisão, ou a
Art. 344 - Usar de violência ou grave ameaça, com estabelecimento destinado a execução de pena priva-
o fim de favorecer interesse próprio ou alheio, contra tiva de liberdade ou de medida de segurança;
autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que fun- II - prolonga a execução de pena ou de medida de
ciona ou é chamada a intervir em processo judicial, segurança, deixando de expedir em tempo oportuno
policial ou administrativo, ou em juízo arbitral: ou de executar imediatamente a ordem de liberdade;

39
III - submete pessoa que está sob sua guarda ou cus- Parágrafo único - As penas aumentam-se de um ter-
tódia a vexame ou a constrangimento não autorizado ço, se o agente alega ou insinua que o dinheiro ou
em lei; utilidade também se destina a qualquer das pessoas
IV - efetua, com abuso de poder, qualquer diligência. referidas neste artigo.
Fuga de pessoa presa ou submetida a medida de Violência ou fraude em arrematação judicial
segurança Art. 358 - Impedir, perturbar ou fraudar arrematação
Art. 351 - Promover ou facilitar a fuga de pessoa le- judicial; afastar ou procurar afastar concorrente ou li-
galmente presa ou submetida a medida de segurança citante, por meio de violência, grave ameaça, fraude
detentiva: ou ofereci-mento de vantagem:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa,
§ 1º - Se o crime é praticado a mão armada, ou por além da pena correspondente à violência.
mais de uma pessoa, ou medi-ante arrombamento, a Desobediência a decisão judicial sobre perda ou sus-
pena é de reclusão, de dois a seis anos. pensão de direito
§ 2º - Se há emprego de violência contra pessoa, apli- Art. 359 - Exercer função, atividade, direito, autori-
ca-se também a pena correspondente à violência. dade ou múnus, de que foi suspenso ou privado por
§ 3º - A pena é de reclusão, de um a quatro anos, se decisão judicial:
o crime é praticado por pessoa sob cuja custódia ou Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa.
guarda está o preso ou o internado.
§ 4º - No caso de culpa do funcionário incumbido da CAPÍTULO IV
custódia ou guarda, aplica-se a pena de detenção, de
três meses a um ano, ou multa. DOS CRIMES CONTRA AS FINANÇAS PÚBLICAS
Evasão mediante violência contra a pessoa
(INCLUÍDO PELA LEI Nº 10.028, DE 2000)
Art. 352 - Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o
indivíduo submetido a medida de segurança detenti-
va, usando de violência contra a pessoa: Contratação de operação de crédito
Art. 359-A. Ordenar, autorizar ou realizar operação
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da
de crédito, interno ou externo, sem prévia autorização
pena correspondente à violência.
legislativa: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
Arrebatamento de preso
Pena – reclusão, de 1 (um) a 2 (dois) anos. (Incluído
Art. 353 - Arrebatar preso, a fim de maltratá-lo, do
pela Lei nº 10.028, de 2000)
poder de quem o tenha sob custódia ou guarda:
Parágrafo único. Incide na mesma pena quem ordena,
Pena - reclusão, de um a quatro anos, além da pena
autoriza ou realiza operação de crédito, interno ou ex-
correspondente à violência.
terno: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
Motim de presos
I – com inobservância de limite, condição ou montante
Art. 354 - Amotinarem-se presos, perturbando a or-
estabelecido em lei ou em resolução do Senado Fede-
dem ou disciplina da prisão: ral; (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da II – quando o montante da dívida consolidada ultra-
pena correspondente à violência. passa o limite máximo autorizado por lei. (Incluído
Patrocínio infiel pela Lei nº 10.028, de 2000)
Art. 355 - Trair, na qualidade de advogado ou pro- Inscrição de despesas não empenhadas em restos a
curador, o dever profissional, prejudicando interesse, pagar (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
cujo patrocínio, em juízo, lhe é confiado: Art. 359-B. Ordenar ou autorizar a inscrição em res-
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. tos a pagar, de despesa que não tenha sido previa-
Patrocínio simultâneo ou tergiversação mente empenhada ou que exceda limite estabelecido
Parágrafo único - Incorre na pena deste artigo o ad- em lei: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
vogado ou procurador judicial que defende na mes- Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
ma causa, simultânea ou sucessivamente, partes (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
contrárias. Assunção de obrigação no último ano do mandato ou
Sonegação de papel ou objeto de valor probatório legislatura (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
Art. 356 - Inutilizar, total ou parcialmente, ou dei- Art. 359-C. Ordenar ou autorizar a assunção de obri-
xar de restituir autos, documento ou objeto de valor gação, nos dois últimos quadrimestres do último ano
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

probatório, que recebeu na qualidade de advogado ou do mandato ou legislatura, cuja despesa não possa
procurador: ser paga no mesmo exercício financeiro ou, caso res-
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. te parcela a ser paga no exercício seguinte, que não
Exploração de prestígio tenha contrapartida suficiente de disponibilidade de
Art. 357 - Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer caixa: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado, Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.(Incluído
órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, pe- pela Lei nº 10.028, de 2000)
rito, tradutor, intérprete ou testemunha: Ordenação de despesa não autorizada (Incluído pela
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. Lei nº 10.028, de 2000)

40
Art. 359-D. Ordenar despesa não autorizada por lei: suas funções ou a pretexto de exercê-las, abuse do po-
(Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) der que lhe tenha sido atribuído. O candidato que deseja
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído ingressar em uma carreira de Polícia Civil deve conhecer
pela Lei nº 10.028, de 2000) muito bem os limites de sua conduta, para que não co-
Prestação de garantia graciosa (Incluído pela Lei nº meta nenhum dos crimes previstos na referida Lei.
10.028, de 2000) O § 1º do artigo 1º apresenta um caráter finalístico
Art. 359-E. Prestar garantia em operação de crédito dos crimes de abuso de autoridade, que é essencial para
sem que tenha sido constituí-da contragarantia em sua configuração. As condutas descritas nesta Lei somen-
valor igual ou superior ao valor da garantia prestada, te constituem crime de abuso de autoridade quando pra-
na forma da lei: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) ticadas pelo agente com a finalidade específica de preju-
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. (In- dicar outrem ou beneficiar a si mesmo ou a terceiro, ou,
cluído pela Lei nº 10.028, de 2000) ainda, por mero capricho ou satisfação pessoal.
Não cancelamento de restos a pagar (Incluído pela Lei
nº 10.028, de 2000)
1. Noções gerais dos crimes de abuso de autoridade
Art. 359-F. Deixar de ordenar, de autorizar ou de pro-
mover o cancelamento do montante de restos a pagar
Nos termos do caput do artigo 2º, É sujeito ativo do
inscrito em valor superior ao permitido em lei: (Incluí-
do pela Lei nº 10.028, de 2000) crime de abuso de autoridade qualquer agente público,
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. servidor ou não, da administração direta, indireta ou fun-
(Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) dacional de qualquer dos Poderes da União, dos Esta-
Aumento de despesa total com pessoal no último dos, do Distrito Federal, dos Municípios e de Território,
ano do mandato ou legislatura (Incluído pela Lei nº compreendendo, mas não se limitando a: I - servidores
10.028, de 2000) públicos e militares ou pessoas a eles equiparadas; II -
Art. 359-G. Ordenar, autorizar ou executar ato que membros do Poder Legislativo; III - membros do Poder
acarrete aumento de despesa total com pessoal, nos Executivo; IV - membros do Poder Judiciário; V - mem-
cento e oitenta dias anteriores ao final do mandato ou bros do Ministério Público; VI - membros dos tribunais
da legislatura: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)) ou conselhos de contas.
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído Observe que a gama de sujeitos ativos é bastante
pela Lei nº 10.028, de 2000) ampla, uma vez que deve abranger todos os agentes pú-
Oferta pública ou colocação de títulos no mercado (In- blicos. Reputa-se agente público, para os efeitos desta
cluído pela Lei nº 10.028, de 2000) Lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente
Art. 359-H. Ordenar, autorizar ou promover a oferta ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designa-
pública ou a colocação no mercado financeiro de títu- ção, contratação ou qualquer outra forma de investidu-
los da dívida pública sem que tenham sido criados por ra ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função em
lei ou sem que estejam registrados em sistema centra- órgão ou entidade abrangidos pelo caput do artigo 2º.
lizado de liquidação e de custó-dia: (Incluído pela Lei De modo geral, pode-se afirmar que todos aqueles que
nº 10.028, de 2000) exercem uma função de relevante interesse público estão
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído sujeitos as penas dessa Lei.
pela Lei nº 10.028, de 2000).
Os crimes previstos nesta Lei são de ação penal públi-
ca incondicionada (art. 3º). É a ação penal de competên-
cia do Ministério Público, que se inicia mediante denún-
DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS cia, sem a obrigatoriedade de representação da vítima.
APLICÁVEIS AO DIREITO PENAL
Será admitida ação privada se a ação penal pública
não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério
Prezado candidato, o tópico acima já foi abordado Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia
anteriormente! substitutiva, intervir em todos os termos do processo,
fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo
ABUSO DE AUTORIDADE (LEI FEDERAL Nº tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a
4.898/1965) ação como parte principal. O prazo da ação penal privada
subsidiária será de 6 (seis) meses, contados da data em
que se esgotar o prazo para oferecimento da denúncia.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Prezado candidato, a referida lei foi revogada pela


lei 13.869, De 05 de setembro de 2019. Assim sendo, São efeitos da condenação, na forma do artigo 4º: I
segue lei atualizada. - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado
pelo crime, devendo o juiz, a requerimento do ofendi-
LEI Nº 13.869/2019 – CRIMES DE ABUSO DE do, fixar na sentença o valor mínimo para reparação dos
AUTORIDADE danos causados pela infração, considerando os prejuízos
por ele sofridos; II - a inabilitação para o exercício de car-
A Lei nº 13.869, de 5 de setembro de 2019, define go, mandato ou função pública, pelo período de 1 (um) a
os crimes de abuso de autoridade, cometidos por agen- 5 (cinco) anos; III - a perda do cargo, do mandato ou da
te público, servidor público ou não, que, no exercício de função pública.

41
As penas restritivas de direitos, a ser aplicadas em - deixa de entregar ao preso, no prazo de 24 (vin-
substituição das penas privativas de liberdade, estão dis- te e quatro) horas, a nota de culpa, assinada pela
postas no artigo 5º. São elas: I - prestação de serviços à autoridade, com o motivo da prisão e os nomes
comunidade ou a entidades públicas; II - suspensão do do condutor e das testemunhas; IV - prolonga a
exercício do cargo, da função ou do mandato, pelo prazo execução de pena privativa de liberdade, de prisão
de 1 (um) a 6 (seis) meses, com a perda dos vencimentos temporária, de prisão preventiva, de medida de se-
e das vantagens. As penas poderão ser aplicadas autôno- gurança ou de internação, deixando, sem motivo
ma ou cumulativamente. justo e excepcionalíssimo, de executar o alvará de
O artigo 6º apresenta a denominada responsabilida- soltura imediatamente após recebido ou de pro-
de tríplice dos agentes públicos. As penas previstas nesta mover a soltura do preso quando esgotado o pra-
Lei, de natureza penal, serão aplicadas independente- zo judicial ou legal.
mente das sanções de natureza civil ou administrativa
D) Tratamento desumano de preso (artigo 13)
cabíveis. Tais esferas não se comunicam entre si, salvo no
• Conduta tipificada: Constranger o preso ou o de-
caso do artigo 7º, não se podendo mais questionar sobre
tento, mediante violência, grave ameaça ou redu-
a existência ou a autoria do fato quando essas questões
ção de sua capacidade de resistência, a: I - exibir-se
tenham sido decididas no juízo criminal.
ou ter seu corpo ou parte dele exibido à curiosida-
de pública; II - submeter-se a situação vexatória ou
2. Dos crimes e das penas a constrangimento não autorizado em lei; III - pro-
duzir prova contra si mesmo ou contra terceiro.
Vamos analisar os crimes considerados como abuso • Pena: detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e mul-
de autoridade. É um rol bastante vasto e, por isso, vamos ta, sem prejuízo da pena cominada à violência.
enfocar apenas nos crimes mais relevantes para os car-
gos da Polícia Civil. E) Depoimento sob ameaça (artigo 15)
• Conduta tipificada: Constranger a depor, sob
A) Prisão ilegal (artigo 9º) ameaça de prisão, pessoa que, em razão de fun-
• conduta tipificada: Decretar medida de privação da ção, ministério, ofício ou profissão, deva guardar
liberdade em manifesta desconformidade com as segredo ou resguardar sigilo.
hipóteses legais: • Pena: detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
• Pena: detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
multa. • Incorre na mesma pena quem prossegue com o
• Incorre na mesma pena a autoridade judiciária que, interrogatório: I - de pessoa que tenha decidido
dentro de prazo razoável, deixar de: I - relaxar a exercer o direito ao silêncio; ou II - de pessoa que
prisão manifestamente ilegal; II - substituir a prisão tenha optado por ser assistida por advogado ou
preventiva por medida cautelar diversa ou de con- defensor público, sem a presença de seu patrono.
ceder liberdade provisória, quando manifestamen-
te cabível; III - deferir liminar ou ordem de habeas F) Impedimento de contatar advogado do preso (ar-
corpus, quando manifestamente cabível.’ tigo 20)
• Conduta tipificada: Impedir, sem justa causa, a
B) Condução coercitiva ilegal (artigo 10) entrevista pessoal e reservada do preso com seu
• conduta tipificada: Decretar a condução coerciti- advogado:
• Pena: detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
va de testemunha ou investigado manifestamente
multa.
descabida ou sem prévia intimação de compareci-
• Incorre na mesma pena quem impede o preso, o
mento ao juízo.
réu solto ou o investigado de entrevistar-se pes-
• Pena: detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
soal e reservadamente com seu advogado ou
multa. defensor, por prazo razoável, antes de audiência
judicial, e de sentar-se ao seu lado e com ele co-
C) Não comunicação de prisão em flagrante (artigo municar-se durante a audiência, salvo no curso de
12) interrogatório ou no caso de audiência realizada
• conduta tipificada: Deixar injustificadamente de por videoconferência.
comunicar prisão em flagrante à autoridade judi-
ciária no prazo legal. Pela expressão “deixar de”, G) Crime do artigo 21
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

depreende-se que é uma conduta omissiva. • Conduta tipificada: Manter presos de ambos os se-
• Pena: detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e xos na mesma cela ou espaço de confinamento:
multa. • Pena: detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
• Incorre na mesma pena quem: I - deixa de comu- multa.
nicar, imediatamente, a execução de prisão tem- • Incorre na mesma pena quem mantém, na mes-
porária ou preventiva à autoridade judiciária que a ma cela, criança ou adolescente na companhia de
decretou; II - deixa de comunicar, imediatamente, maior de idade ou em ambiente inadequado, ob-
a prisão de qualquer pessoa e o local onde se en- servado o disposto na Lei nº 8.069, de 13 de julho
contra à sua família ou à pessoa por ela indicada; III de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente).

42
H) Crime do artigo 28 2. (PC-DF – AGENTE DE POLÍCIA – CESPE – 2013) Jul-
• Conduta tipificada: Divulgar gravação ou trecho de gue o item subsecutivo, referente ao regime jurídico dos
gravação sem relação com a prova que se preten- funcionários policiais civis da União e do DF.
da produzir, expondo a intimidade ou a vida priva- Se um agente de polícia for eleito deputado estadual,
da ou ferindo a honra ou a imagem do investigado durante o exercício do mandato eletivo, ele somente po-
ou acusado: derá ser promovido por antiguidade.
• Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
multa. ( ) CERTO   ( ) ERRADO
I) Crime do artigo 30
Resposta: Certo. O artigo 41 do Decreto nº
• conduta tipificada: Dar início ou proceder à perse-
59.310/1966, Somente por antigüidade poderá ser
cução penal, civil ou administrativa sem justa causa
promovido: I - O funcionário em exercício de mandato
fundamentada ou contra quem sabe inocente:
• Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e eletivo federal, estadual ou municipal; II - O funcioná-
multa. rio licenciado para acompanhar o cônjuge, funcioná-
rio civil ou militar, mandado servir em outro ponto do
J) Crime do artigo 32 território nacional ou no exterior; III - O funcionário
• Conduta tipificada: Negar ao interessado, seu de- licenciado para trato de interesse particulares.
fensor ou advogado acesso aos autos de investi-
gação preliminar, ao termo circunstanciado, ao 3. (PC-DF – AGENTE DE POLÍCIA – CESPE – 2013) Jul-
inquérito ou a qualquer outro procedimento inves- gue o item subsecutivo, referente ao regime jurídico dos
tigatório de infração penal, civil ou administrativa, funcionários policiais civis da União e do DF.
assim como impedir a obtenção de cópias, ressal- Se um indivíduo, admitido por concurso público na car-
vado o acesso a peças relativas a diligências em reira de agente da PCDF, requerer, após um ano de efeti-
curso, ou que indiquem a realização de diligências vo exercício, licença para tratar de interesses particulares,
futuras, cujo sigilo seja imprescindível: o requerimento deverá ser indeferido de imediato, ainda
• Pena: detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e que a concessão da licença não se mostre inconveniente
multa. ao interesse do serviço.
Como já explanamos, a lei de abuso de autoridade ( ) CERTO   ( ) ERRADO
apresenta diversas hipóteses de condutas tipificadas
como crimes. Procuramos apenas traçar as linhas gerais
Resposta: Certo. Nos termos do artigo 227 do Decre-
dos crimes que podem ocorrer com maior frequência
com os agentes de Polícia Civil. Mas uma leitura do texto to nº 59.310/1966, Depois de dois (2) anos de efetivo
legal, na sua íntegra, é sempre recomendado. exercício em cargo de natureza policial, o funcionário
poderá obter licença sem vencimento, para tratar de
Alterações na Lei de Improbidade Administrativa- interesses particulares.
Pacote Anticrime.

Na Lei de Improbidade Administrativa passou a ser


admitido o acordo de não persecução cível, espécie de LEI DE DROGAS (LEI FEDERAL Nº 11.343/2006)
transação entre as partes. E, havendo a possibilidade de
solução consensual, poderão as partes requerer ao juiz a
interrupção do prazo para a contestação, por prazo não LEI Nº 11.343, DE 23 DE AGOSTO DE 2006
superior a 90 dias.
Tal lei Institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas
sobre Drogas - Sisnad; prescreve medidas para preven-
EXERCÍCIOS COMENTADOS ção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuá-
rios e dependentes de drogas; estabelece normas para
1. (PG-DF – PROCURADOR – CESPE – 2013) Julgue os repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito
itens subsequentes, a respeito das funções essenciais à de drogas; bem como define alguns crimes relacionados
justiça no DF, com base na disciplina constitucional e com a matéria. Importante ressaltar que os dispositivos
legal. destacados a seguir estão devidamente atualizados, sen-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Compete ao governador distrital nomear o procurador- do a alteração mais recente feita pela Lei nº 13.840, de
-geral do DF, cuja destituição cabe exclusivamente à 2019
CLDF. Para fins desta Lei, consideram-se como drogas as
substâncias ou os produtos capazes de causar depen-
( ) CERTO   ( ) ERRADO dência, assim especificados em lei ou relacionados em
listas atualizadas periodicamente pelo Poder Executivo
Resposta: Errado. Segundo o artigo 100, inciso XIII, da da União.
LODF, cabe ao Governador do Distrito Federal tanto O artigo 2º apresenta uma vedação muito importante:
nomear como também destituir o Procurador-Geral
“ficam proibidas, em todo o território nacional, as drogas,
do Distrito Federal, na forma da lei.
bem como o plantio, a cultura, a colheita e a exploração

43
de vegetais e substratos dos quais possam ser extraídas e reinserção social de usuários e dependentes de dro-
ou produzidas drogas, ressalvada a hipótese de autoriza- gas, repressão da produção não autorizada e do tráfi-
ção legal ou regulamentar, bem como o que estabelece a co ilícito de drogas;
Convenção de Viena, das Nações Unidas, sobre Substân- X - a observância do equilíbrio entre as atividades de
cias Psicotrópicas, de 1971, a respeito de plantas de uso prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social
estritamente ritualístico-religioso”. de usuários e dependentes de drogas e de repressão à
Assim, podemos concluir que, no Brasil, é absoluta- sua produção não autorizada e ao seu tráfico ilícito,
mente vedada a circulação de substâncias de drogas e visando a garantir a estabilidade e o bem-estar social;
outras substâncias psicotrópicas. Aqueles que realizam XI - a observância às orientações e normas emanadas
cultura, plantio, ou qualquer forma de exploração dessas do Conselho Nacional Antidrogas - Conad.
substâncias será punido, nos termos da lei.
O Sisnad também possui objetivos tipificados pela
1. Do Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Lei. Eles estão no artigo 5º, sendo ao todo quatro: I - con-
Drogas – SISNAD tribuir para a inclusão social do cidadão, visando a torná-
-lo menos vulnerável a assumir comportamentos de risco
O SISNAD é o conjunto ordenado de princípios, re- para o uso indevido de drogas, seu tráfico ilícito e outros
gras, critérios e recursos materiais e humanos que en- comportamentos correlacionados; II - promover a cons-
volvem as políticas, planos, programas, ações e projetos trução e a socialização do conhecimento sobre drogas
sobre drogas, incluindo-se nele, por adesão, os Sistemas no país; III - promover a integração entre as políticas de
de Políticas Públicas sobre Drogas dos Estados, Distrito prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social
Federal e Municípios (art. 3º, § 1º). de usuários e dependentes de drogas e de repressão à
Segundo o caput do artigo 3º, O Sisnad tem a finali- sua produção não autorizada e ao tráfico ilícito e as polí-
dade de articular, integrar, organizar e coordenar as ativi- ticas públicas setoriais dos órgãos do Poder Executivo da
dades relacionadas com: I - a prevenção do uso indevido, União, Distrito Federal, Estados e Municípios; IV - asse-
a atenção e a reinserção social de usuários e dependen- gurar as condições para a coordenação, a integração e a
tes de drogas; II - a repressão da produção não autoriza- articulação das atividades de que trata o art. 3º desta Lei.
da e do tráfico ilícito de drogas. Sobre as competências da União, destacam-se (art.
Os princípios do Sisnad estão previstos no artigo 4º. 8ª-A): I - formular e coordenar a execução da Política Na-
São eles: cional sobre Drogas; II - elaborar o Plano Nacional de
Políticas sobre Drogas, em parceria com Estados, Distrito
I - o respeito aos direitos fundamentais da pessoa hu- Federal, Municípios e a sociedade; III - coordenar o Sis-
mana, especialmente quanto à sua autonomia e à sua nad; VIII - promover a integração das políticas sobre dro-
liberdade; gas com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; IX
II - o respeito à diversidade e às especificidades popu- - financiar, com Estados, Distrito Federal e Municípios, a
lacionais existentes; execução das políticas sobre drogas, observadas as obri-
III - a promoção dos valores éticos, culturais e de cida- gações dos integrantes do Sisnad; etc.
dania do povo brasileiro, reconhecendo-os como fato- O Plano Nacional de Política sobre Drogas possui
res de proteção para o uso indevido de drogas e outros como objetivos, na forma do artigo 8º-D: I - promover a
comportamentos correlacionados; interdisciplinaridade e integração dos programas, ações,
IV - a promoção de consensos nacionais, de ampla atividades e projetos dos órgãos e entidades públicas e
participação social, para o estabelecimento dos fun- privadas nas áreas de saúde, educação, trabalho, assis-
damentos e estratégias do Sisnad; tência social, previdência social, habitação, cultura, des-
V - a promoção da responsabilidade compartilhada porto e lazer, visando à prevenção do uso de drogas,
entre Estado e Sociedade, reconhecendo a importân- atenção e reinserção social dos usuários ou dependentes
cia da participação social nas atividades do Sisnad; de drogas; II - viabilizar a ampla participação social na
VI - o reconhecimento da intersetorialidade dos fa- formulação, implementação e avaliação das políticas so-
tores correlacionados com o uso indevido de drogas, bre drogas; III - priorizar programas, ações, atividades e
com a sua produção não autorizada e o seu tráfico projetos articulados com os estabelecimentos de ensino,
ilícito; com a sociedade e com a família para a prevenção do
VII - a integração das estratégias nacionais e interna- uso de drogas; IV - ampliar as alternativas de inserção
cionais de prevenção do uso indevido, atenção e rein- social e econômica do usuário ou dependente de drogas,
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

serção social de usuários e dependentes de drogas e promovendo programas que priorizem a melhoria de sua
de repressão à sua produção não autorizada e ao seu escolarização e a qualificação profissional; V - promover
tráfico ilícito; o acesso do usuário ou dependente de drogas a todos os
VIII - a articulação com os órgãos do Ministério Pú- serviços públicos; VI - estabelecer diretrizes para garantir
blico e dos Poderes Legislativo e Judiciário visando à a efetividade dos programas, ações e projetos das políti-
cooperação mútua nas atividades do Sisnad; cas sobre drogas; entre outros.
IX - a adoção de abordagem multidisciplinar que reco- As instituições com atuação nas áreas da atenção à
nheça a interdependência e a natureza complementar saúde e da assistência social que atendam usuários ou
das atividades de prevenção do uso indevido, atenção dependentes de drogas devem comunicar ao órgão

44
competente do respectivo sistema municipal de saúde uso de drogas (art. 20). Constituem atividades de rein-
os casos atendidos e os óbitos ocorridos, preservando a serção social do usuário ou do dependente de drogas e
identidade das pessoas, conforme orientações emanadas respectivos familiares, para efeito desta Lei, aquelas dire-
da União (art. 16). cionadas para sua integração ou reintegração em redes
sociais (art. 21).
2. Das atividades de prevenção do uso indevido, As atividades de atenção e as de reinserção social do
atenção e reinserção social de usuários e depen- usuário e do dependente de drogas e respectivos fami-
dentes de drogas liares devem observar os seguintes princípios e diretrizes:
I - respeito ao usuário e ao dependente de drogas, inde-
São consideradas atividades de prevenção, do uso pendentemente de quaisquer condições, observados os
indevido de drogas, para efeito desta Lei, aquelas dire- direitos fundamentais da pessoa humana, os princípios
cionadas para a redução dos fatores de vulnerabilidade e diretrizes do Sistema Único de Saúde e da Política Na-
e risco e para a promoção e o fortalecimento dos fatores cional de Assistência Social; II - a adoção de estratégias
de proteção. diferenciadas de atenção e reinserção social do usuário
As atividades de prevenção do uso indevido de dro- e do dependente de drogas e respectivos familiares que
gas devem observar os seguintes princípios e diretrizes considerem as suas peculiaridades socioculturais; III - de-
dispostas no artigo 19: I - o reconhecimento do uso inde- finição de projeto terapêutico individualizado, orientado
vido de drogas como fator de interferência na qualidade para a inclusão social e para a redução de riscos e de da-
de vida do indivíduo e na sua relação com a comunida- nos sociais e à saúde; IV - atenção ao usuário ou depen-
de à qual pertence; II - a adoção de conceitos objetivos dente de drogas e aos respectivos familiares, sempre que
e de fundamentação científica como forma de orientar possível, de forma multidisciplinar e por equipes multi-
as ações dos serviços públicos comunitários e privados profissionais; V - observância das orientações e normas
e de evitar preconceitos e estigmatização das pessoas e emanadas do Conad; VI - o alinhamento às diretrizes dos
dos serviços que as atendam; III - o fortalecimento da órgãos de controle social de políticas setoriais específi-
autonomia e da responsabilidade individual em relação cas. VII - estímulo à capacitação técnica e profissional;
ao uso indevido de drogas; IV - o compartilhamento de VIII - efetivação de políticas de reinserção social voltadas
responsabilidades e a colaboração mútua com as insti- à educação continuada e ao trabalho; IX - observância do
tuições do setor privado e com os diversos segmentos plano individual de atendimento na forma do art. 23-B
sociais, incluindo usuários e dependentes de drogas e desta Lei; X - orientação adequada ao usuário ou depen-
respectivos familiares, por meio do estabelecimento de dente de drogas quanto às consequências lesivas do uso
parcerias; V - a adoção de estratégias preventivas dife- de drogas, ainda que ocasional.
renciadas e adequadas às especificidades sociocultu- As redes dos serviços de saúde da União, dos Estados,
rais das diversas populações, bem como das diferentes do Distrito Federal, dos Municípios desenvolverão pro-
drogas utilizadas; VI - o reconhecimento do “não-uso”, gramas de atenção ao usuário e ao dependente de dro-
do “retardamento do uso” e da redução de riscos como gas, respeitadas as diretrizes do Ministério da Saúde e os
resultados desejáveis das atividades de natureza preven- princípios explicitados no art. 22 desta Lei, obrigatória a
tiva, quando da definição dos objetivos a serem alcança- previsão orçamentária adequada (art. 23).
dos; VII - o tratamento especial dirigido às parcelas mais O tratamento do usuário ou dependente de drogas
vulneráveis da população, levando em consideração as deverá ser ordenado em uma rede de atenção à saúde,
suas necessidades específicas; VIII - a articulação entre com prioridade para as modalidades de tratamento am-
os serviços e organizações que atuam em atividades de bulatorial, incluindo excepcionalmente formas de inter-
prevenção do uso indevido de drogas e a rede de aten- nação em unidades de saúde e hospitais gerais nos ter-
ção a usuários e dependentes de drogas e respectivos mos de normas dispostas pela União e articuladas com
familiares; IX - o investimento em alternativas esportivas, os serviços de assistência social e em etapas que permi-
culturais, artísticas, profissionais, entre outras, como for- tam: I - articular a atenção com ações preventivas que
ma de inclusão social e de melhoria da qualidade de vida; atinjam toda a população; II - orientar-se por protocolos
X - o estabelecimento de políticas de formação continua- técnicos predefinidos, baseados em evidências científi-
da na área da prevenção do uso indevido de drogas para cas, oferecendo atendimento individualizado ao usuário
profissionais de educação nos 3 (três) níveis de ensino; XI ou dependente de drogas com abordagem preventiva e,
- a implantação de projetos pedagógicos de prevenção sempre que indicado, ambulatorial; III - preparar para a
do uso indevido de drogas, nas instituições de ensino reinserção social e econômica, respeitando as habilida-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

público e privado, alinhados às Diretrizes Curriculares des e projetos individuais por meio de programas que ar-
Nacionais e aos conhecimentos relacionados a drogas; ticulem educação, capacitação para o trabalho, esporte,
XII - a observância das orientações e normas emanadas cultura e acompanhamento individualizado; e IV - acom-
do Conad; XIII - o alinhamento às diretrizes dos órgãos panhar os resultados pelo SUS, Suas e Sisnad, de forma
de controle social de políticas setoriais específicas. articulada.
Constituem atividades de atenção ao usuário e de- As internações são de dois tipos: as voluntárias e
pendente de drogas e respectivos familiares, para efeito as involuntárias. Internação voluntária: aquela que se
desta Lei, aquelas que visem à melhoria da qualidade de dá com o consentimento do dependente de drogas.
vida e à redução dos riscos e dos danos associados ao Já a internação involuntária é aquela que se dá, sem o

45
consentimento do dependente, a pedido de familiar ou As penas previstas nos incisos II e III (prestação de
do responsável legal ou, na absoluta falta deste, de ser- serviços à comunidade e medida de comparecimento a
vidor público da área de saúde, da assistência social ou programa educativo) serão aplicadas pelo prazo máximo
dos órgãos públicos integrantes do Sisnad, com exceção de 5 (cinco) meses.
de servidores da área de segurança pública, que constate
a existência de motivos que justifiquem a medida (art. 3. Da repressão à produção não autorizada e ao tráfi-
23-A, § 3º). co ilícito de drogas
É indispensável a licença prévia da autoridade com-
A internação voluntária: petente para produzir, extrair, fabricar, transformar, pre-
parar, possuir, manter em depósito, importar, exportar,
a) deverá ser precedida de declaração escrita da pes- reexportar, remeter, transportar, expor, oferecer, vender,
comprar, trocar, ceder ou adquirir, para qualquer fim,
soa solicitante de que optou por este regime de
drogas ou matéria-prima destinada à sua preparação,
tratamento; e
observadas as demais exigências legais.
b) seu término dar-se-á por determinação do médi-
As plantações ilícitas serão imediatamente destruídas
co responsável ou por solicitação escrita da pessoa
pelo delegado de polícia na forma do art. 50-A, que reco-
que deseja interromper o tratamento (art. 23-A, § lherá quantidade suficiente para exame pericial, de tudo
4º). lavrando auto de levantamento das condições encontra-
das, com a delimitação do local, asseguradas as medidas
A internação involuntária: necessárias para a preservação da prova (art. 32).
Temos, nessa sessão, também, os crime de produção
a) deve ser realizada após a formalização da decisão não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas.
por médico responsável;
b) será indicada depois da avaliação sobre o tipo de a) Crime de circulação de drogas sem autorização
droga utilizada, o padrão de uso e na hipótese (art. 33): Importar, exportar, remeter, preparar, pro-
comprovada da impossibilidade de utilização de duzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, ofe-
outras alternativas terapêuticas previstas na rede recer, ter em depósito, transportar, trazer consigo,
de atenção à saúde; guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo
c) perdurará apenas pelo tempo necessário à de- ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem
sintoxicação, no prazo máximo de 90 (noventa) autorização ou em desacordo com determinação
dias, tendo seu término determinado pelo médico legal ou regulamentar: Pena - reclusão de 5 (cinco)
responsável; a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhen-
d) a família ou o representante legal poderá, a qual- tos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa. Incorre
quer tempo, requerer ao médico a interrupção do na mesma pena quem: I - importa, exporta, reme-
tratamento. te, produz, fabrica, adquire, vende, expõe à venda,
oferece, fornece, tem em depósito, transporta, traz
consigo ou guarda, ainda que gratuitamente, sem
O atendimento ao usuário ou dependente de drogas
autorização ou em desacordo com determinação
na rede de atenção à saúde dependerá de: I - avaliação
legal ou regulamentar, matéria-prima, insumo ou
prévia por equipe técnica multidisciplinar e multisseto-
produto químico destinado à preparação de dro-
rial; e II - elaboração de um Plano Individual de Atendi-
gas; II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem auto-
mento - PIA. rização ou em desacordo com determinação legal
O PIA deverá contemplar a participação dos familia- ou regulamentar, de plantas que se constituam em
res ou responsáveis, os quais têm o dever de contribuir matéria-prima para a preparação de drogas; III -
com o processo, sendo esses, no caso de crianças e ado- utiliza local ou bem de qualquer natureza de que
lescentes, passíveis de responsabilização civil, adminis- tem a propriedade, posse, administração, guarda
trativa e criminal, nos termos da Lei nº 8.069, de 13 de ou vigilância, ou consente que outrem dele se uti-
julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente. lize, ainda que gratuitamente, sem autorização ou
O PIA será elaborado no prazo de até 30 (trinta) dias da em desacordo com determinação legal ou regula-
data do ingresso no atendimento (art. 23-B, §§ 5º e 6º). mentar, para o tráfico ilícito de drogas. IV - vende
Sobre os crimes e penas, dispõe o artigo 28 que ou entrega drogas ou matéria-prima, insumo ou
Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar produto químico destinado à preparação de dro-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem gas, sem autorização ou em desacordo com a de-
autorização ou em desacordo com determinação legal terminação legal ou regulamentar, a agente policial
ou regulamentar será submetido às seguintes penas: I - disfarçado, quando presentes elementos probató-
advertência sobre os efeitos das drogas; II - prestação de rios razoáveis de conduta criminal preexistente.
serviços à comunidade; III - medida educativa de com- b) Crime de indução ao uso indevido de drogas (art.
parecimento a programa ou curso educativo. As penas 33, § 2º): Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso
poderão ser aplicadas isolada ou cumulativamente, bem indevido de droga é uma outra modalidade de cri-
como substituídas a qualquer tempo, ouvidos o Ministé- me, cuja Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos,
rio Público e o defensor. e multa de 100 (cem) a 300 (trezentos) dias-multa.

46
c) Do crime em relação a maquinário destinado a fa- Prezado candidato, visto a alteração do pacote an-
bricação de drogas (art. 34): Fabricar, adquirir, uti- ticrime, pela lei 13.964/2019, Tem -se o disposto:
lizar, transportar, oferecer, vender, distribuir, entre-
gar a qualquer título, possuir, guardar ou fornecer, Alterações na Lei de Drogas
ainda que gratuitamente, maquinário, aparelho,
instrumento ou qualquer objeto destinado à fa- O art. 33 da Lei de Drogas teve a sua redação alterada:
bricação, preparação, produção ou transformação
de drogas, sem autorização ou em desacordo com Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produ-
determinação legal ou regulamentar: Pena - reclu- zir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer,
são, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar,
1.200 (mil e duzentos) a 2.000 (dois mil) dias-multa. prescrever, ministrar, entregar a consumo ou forne-
d) Do crime de associação de pessoas para a prática cer drogas, ainda que gratuitamente, sem autori-
dos crimes anteriores mencionados (art. 35): Asso- zação ou em desacordo com determinação legal ou
ciarem-se duas ou mais pessoas para o fim de pra- regulamentar:
ticar, reiteradamente ou não, qualquer dos crimes Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e paga-
previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 desta Lei: mento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos)
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e paga- dias-multa.
mento de 700 (setecentos) a 1.200 (mil e duzentos) § 1º Nas mesmas penas incorre quem:
dias-multa. I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire,
e) Do crime de financiamento da prática dos crimes vende, expõe à venda, oferece, fornece, tem em de-
anteriores (art. 36): Financiar ou custear a práti- pósito, transporta, traz consigo ou guarda, ainda que
ca de qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com
caput e § 1º, e 34 desta Lei: Pena - reclusão, de 8 determinação legal ou regulamentar, matéria-prima,
(oito) a 20 (vinte) anos, e pagamento de 1.500 (mil insumo ou produto químico destinado à preparação
e quinhentos) a 4.000 (quatro mil) dias-multa. de drogas;
f) Do crime de prescrição de drogas a paciente que II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização
não necessita (art. 38): Prescrever ou ministrar, cul- ou em desacordo com determinação legal ou regula-
posamente, drogas, sem que delas necessite o pa- mentar, de plantas que se constituam em matéria-pri-
ciente, ou fazê-lo em doses excessivas ou em de- ma para a preparação de drogas;
sacordo com determinação legal ou regulamentar: III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, tem a propriedade, posse, administração, guarda ou
e pagamento de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) vigilância, ou consente que outrem dele se utilize, ain-
dias-multa. da que gratuitamente, sem autorização ou em desa-
4. Da cooperação internacional cordo com determinação legal ou regulamentar, para
o tráfico ilícito de drogas.
Segundo o artigo 65 da referida Lei, De conformidade
IV - vende ou entrega drogas ou matéria-prima, in-
com os princípios da não-intervenção em assuntos in-
sumo ou produto químico destinado à preparação de
ternos, da igualdade jurídica e do respeito à integridade
drogas, sem autorização ou em desacordo com a de-
territorial dos Estados e às leis e aos regulamentos na-
terminação legal ou regulamentar, a agente policial
cionais em vigor, e observado o espírito das Convenções
disfarçado, quando presentes elementos probatórios
das Nações Unidas e outros instrumentos jurídicos in-
razoáveis de conduta criminal preexistente.
ternacionais relacionados à questão das drogas, de que
o Brasil é parte, o governo brasileiro prestará, quando
solicitado, cooperação a outros países e organismos in- CRIMES HEDIONDOS; CRIMES DE TORTURA
ternacionais e, quando necessário, deles solicitará a co- (LEI FEDERAL Nº 9.455/1997)
laboração, nas áreas de: I - intercâmbio de informações
sobre legislações, experiências, projetos e programas No Brasil, o uso da tortura - seja como meio de ob-
voltados para atividades de prevenção do uso indevido, tenção de provas através da confissão, seja como forma
de atenção e de reinserção social de usuários e depen- de castigo a prisioneiros - data dos tempos da Colônia.
dentes de drogas; II - intercâmbio de inteligência policial Legado da Inquisição, a tortura nunca deixou de ser apli-
sobre produção e tráfico de drogas e delitos conexos, cada durante os 322 anos de período colonial e nem
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

em especial o tráfico de armas, a lavagem de dinheiro posteriormente - nos 67 anos do Império e no período
e o desvio de precursores químicos; III - intercâmbio de republicano.
informações policiais e judiciais sobre produtores e trafi- Durante os chamados anos de chumbo, assim como
cantes de drogas e seus precursores químicos. na ditadura Vargas (período denominado Estado Novo
ou República Nova, em alusão à República Velha, que se
findava), houve a prática sistemática da tortura contra
presos políticos - aqueles considerados subversivos, que
alegadamente ameaçavam a segurança nacional. Duran-
te o regime militar de 1964, os torturadores brasileiros

47
eram em sua grande maioria militares das forças arma- política interna ou qualquer outra emergência pública
das, em especial do exército. Os principais centros de como justificativa da tortura ou outros tratamentos ou
tortura no Brasil, nesta época, eram os DOI/CODI, órgãos penas cruéis, desumanos ou degradantes”. A tortura é
militares de defesa interna. uma ofensa tamanha à dignidade da pessoa humana que
No final dos anos 1960 e início dos anos 1970, as dita- em nenhuma hipótese pode ser praticada, suspendendo
duras militares do Brasil e de outros países da América do ou excetuando as garantias que a envolvem.
Sul criaram a chamada Operação Condor, para perseguir, Os outros artigos da Declaração tratam dos deve-
torturar e eliminar opositores. Receberam o suporte de res estatais de criminalização e punição da tortura, bem
especialistas militares norte-americanos, ligados à CIA, como de conscientização em treinamento de seus agen-
que ensinaram novas técnicas de tortura para obtenção tes a respeito de sua vedação e de reparação dos danos
de informações. causados, encerrando com a invalidação de qualquer de-
Com a redemocratização, em 1985, cessou a prática claração ou confissão proferida nestas condições.
da tortura com fins políticos. Mas as técnicas foram in- Em geral, a Convenção mencionada apenas amplia
corporadas por muitos policiais, que passaram a aplicá- as questões protetivas tratadas na Declaração, merecen-
-las contra os presos comuns, “suspeitos” ou detentos. do destaque o seu artigo 1º, que diferente do primeiro
O artigo V da Declaração de 1948 prevê que “nin- artigo da Declaração traz uma fórmula genérica para a
guém será submetido à tortura, nem a tratamento ou finalidade da tortura consistente em qualquer motivo
castigo cruel, desumano ou degradante”, previsão repe- baseado em discriminação de qualquer natureza. Não
tida no artigo 7º do Pacto Internacional de Direitos Civis obstante, exclui as sanções legítimas e lembra que se a
e Políticos e no artigo 5º da Convenção Americana sobre lei nacional ou internacional trouxer conceito mais amplo
os Direitos Humanos. Vale lembrar que a tortura é o clás- este prevalecerá.
sico tipo de tratamento cruel. No Brasil, a Constituição de 1988 prevê no artigo 5o, III
Há uma preocupação especial da comunidade inter- que “ninguém será submetido a tortura nem a tratamen-
nacional de vedar tais práticas. Neste sentido, na esfera to desumano ou degradante” e considera a prática de
das Nações Unidas, tem-se a Declaração sobre a Prote- tortura como crime inafiançável e insuscetível de graça
ção de Todas as Pessoas contra a Tortura e Outras Pe- ou anistia (para o STF, a proibição se estende ao indulto).
nas ou Tratamentos Cruéis, Desumanos ou Degradantes, Pela lei infraconstitucional, a tortura é disciplinada
adotada pela Assembleia Geral em 9 de dezembro de pela Lei no 9.455, de 07 de abril de 1997, que tipifica o
1975, e a Convenção contra a Tortura e Outras Penas ou crime de tortura em seu artigo 1o, com pena de reclusão
Tratamentos Cruéis, Desumanos ou Degradantes, adota- de 2 a 8 anos.
da pela Assembleia Geral em 10 de dezembro de 1984 e Diferentemente da disciplina internacional, a tortura
ratificada pelo Brasil em 28 de setembro de 1989. não é ato exclusivamente praticado por funcionário pú-
Na referida Declaração, o artigo 1º traz um conceito blico ou terceiro particular às suas ordens (seria crime
de tortura: “1. Sob os efeitos da presente declaração, será próprio) e sim ato que pode ser praticado, em regra, por
entendido por tortura todo ato pelo qual um funcioná- qualquer pessoa. Desta feita, o que distinguirá a tortura
de outros tipos penais não será a condição do agente,
rio público, ou outra pessoa a seu poder, inflija inten-
mas sim a finalidade do ato ou mesmo a intensidade do
cionalmente a uma pessoa penas ou sofrimentos gra-
sofrimento causado (esse é o critério para distinguir da
ves, sendo eles físicos ou mentais, com o fim de obter
prática de maus-tratos, art. 136, CP).
dela ou de um terceiro informação ou uma confissão,
de castigá-la por um ato que tenha cometido ou seja
LEI NO 9.455, DE 07 DE ABRIL DE 1997
suspeita de que tenha cometido, ou de intimidar a essa
pessoa ou a outras. [...]”. No documento o conceito de
Define os crimes de tortura e dá outras providências.
tortura pode ser assim subdividido: a) ação, não omis-
são; b) praticada por funcionário público ou alguém sob
Art. 1 Constitui crime de tortura:
sua autoridade; c) com dolo (intenção); d) contra uma
I - constranger alguém com emprego de violência
pessoa; e) consistente em penas ou sofrimentos graves,
ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou
físicos ou mentais; f) visando - obtenção de informação
mental:
ou confissão, castigo ou intimidação.
a) com o fim de obter informação, declaração ou con-
Pelo mesmo dispositivo, a pena privativa de liberdade fissão da vítima ou de terceira pessoa;
que seja aplicada em obediência à lei, ou seja, sem arbi- Tortura-prova ou tortura-persecutória
trariedade, em respeito aos direitos humanos consagra-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

b) para provocar ação ou omissão de natureza


dos nas Regras Mínimas para o Tratamento dos Reclusos, criminosa;
não é tortura. O que constitui tortura é “[...] uma forma Tortura para a prática de crime ou tortura-crime
agravada e deliberada de tratamento ou de pena cruel, c) em razão de discriminação racial ou religiosa;
desumana ou degradante”. Tortura discriminatória ou tortura-racismo
Merece evidência, ainda, o artigo 3º da Declaração:
“Nenhum Estado poderá tolerar a tortura ou tratos ou Sujeito ativo: crime comum, qualquer pessoa.
penas cruéis, desumanos ou degradantes. Não po- Sujeito passivo: qualquer pessoa.
derão ser invocadas circunstâncias excepcionais tais Elemento subjetivo: dolo, específico, variando para
como estado de guerra ou ameaça de guerra, instabilidade cada um dos três tipos.

48
Tipo objetivo: constranger alguém mediante violência Tortura qualificada
ou grave ameaça, gerando sofrimento físico ou mental, é
conduta plurissubsistente, logo, admite tentativa. Tortura + lesão grave ou gravíssima = reclusão, 4 a
10 anos.
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou au- Tortura + morte = reclusão, 8 a 16 anos.
toridade, com emprego de violência ou grave amea-
ça, a intenso sofrimento físico ou mental, como for- Em ambos casos, vai se verificar se o autor da condu-
ma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter ta realmente não quis nem assumiu o risco de produzir
preventivo. o resultado da lesão grave/gravíssima ou da morte, ou
seja, a lesão grave/gravíssima ou a morte não podem ter
Tortura-castigo sido almejadas pelo autor, se forem, há concurso formal
entre a tortura e a lesão (art. 129, §§ 1o e 2o, CP) ou então
Sujeito ativo: crime próprio, pois a pessoa deve ter homicídio qualificado pela tortura (art. 121, §2o, III, CP).
atributo especial consistente em guarda, poder ou auto-
ridade sobre a outra. § 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:
Sujeito passivo: qualquer pessoa que esteja sob guar- I - se o crime é cometido por agente público;
da, poder ou autoridade de outrem. II – se o crime é cometido contra criança, gestante,
Elemento subjetivo: dolo, específico pois deve ser for- portador de deficiência, adolescente ou maior de 60
ma de castigo pessoal ou medida de caráter preventivo. (sessenta) anos;
Tipo objetivo: a conduta de submeter alguém a vio- III - se o crime é cometido mediante sequestro.
lência ou grave ameaça, intenso sofrimento físico ou Causas de aumento de pena
mental, é plurissubsistente e, como tal, admite tentativa. Se aplicam a todos os tipos anteriores.
Se houver mais de uma causa presente, o juiz apenas
Pena - reclusão, de dois a oito anos. aumenta a pena uma vez, no montante máximo de
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa
1/3.
presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento
§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, fun-
físico ou mental, por intermédio da prática de ato não
ção ou emprego público e a interdição para seu exer-
previsto em lei ou não resultante de medida legal.
cício pelo dobro do prazo da pena aplicada.
Tortura de preso ou de pessoa sujeita a medida de
segurança
Se o sujeito ativo for funcionário público, perderá o
cargo, função ou emprego; se não for, ficará impedido de
Sujeito ativo: crime comum, qualquer pessoa, mas na
obtê-lo ou de tentar retornar a cargo diverso, pelo dobro
prática será comumente cometido por quem tenha po-
do prazo da pena empregada.
deres no âmbito da detenção, como carcereiro ou agente
prisional, ou da medida de segurança, como enfermeiro.
Sujeito passivo: apenas pode ser pessoa presa ou su- § 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de
jeita a medida de segurança. graça ou anistia.
Elemento subjetivo: dolo.
Tipo objetivo: submeter a sofrimento físico ou mental Também é insuscetível de indulto.
diverso de ato típico previsto em lei ou resultante de me-
dida legal, que é plurissubsistente, admitindo tentativa. § 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a
Evidente que a pena e a medida de segurança tipicamen- hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em
te geram um tipo de sofrimento, não é este abrangido regime fechado.
pela conduta típica.
Salvo no caso de omissão para a prática de tortura,
§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, o regime inicial de cumprimento da pena seria fechado.
quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incor- Entretanto, o STF afastou a obrigatoriedade de início de
re na pena de detenção de um a quatro anos. pena em regime fechado para crimes hediondos e equi-
parados (HC 111.840/ES). Caberá ao juiz individualizar a
Omissão perante a tortura pena, inclusive quanto ao regime de cumprimento.

Sujeito ativo: pessoa que tivesse autoridade para evi- Art. 2 O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

tar ou apurar as condutas. crime não tenha sido cometido em território nacional,
Sujeito passivo: qualquer pessoa. sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente
Elemento subjetivo: dolo. em local sob jurisdição brasileira.
Tipo objetivo: tratando-se de conduta omissiva, não
admite tentativa. Trata-se de hipótese de extraterritorialidade incondi-
cionada da lei penal. O legislador quis garantir a punição
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou da prática repulsiva da tortura independentemente da
gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; localização da vítima (sendo ela brasileira) ou da nacio-
se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos. nalidade do agente (estando ele sob jurisdição brasileira).

49
Art. 3 Esta Lei entra em vigor na data de sua 3. (DEPEN - Agente Penitenciário Federal - Área 3 -
publicação. CESPE/2015) Com base na Lei Antitortura e na Lei contra
Art. 4 Revoga-se o art. 233 da Lei nº 8.069, de 13 de Abuso de Autoridade, julgue o item subsequente.
julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente. SITUAÇÃO HIPOTÉTICA: Um servidor público federal, no
exercício de atividade carcerária, colocou em perigo a
Brasília, 7 de abril de 1997; 176º da Independência e saúde física de preso em virtude de excesso na imposi-
109º da República. ção da disciplina, com a mera intenção de aplicar medida
educativa, sem lhe causar sofrimento. ASSERTIVA: Nes-
sa situação, o referido agente responderá pelo crime de
#FicaDica
tortura.
– Tortura-prova ou tortura persecutória –
infligida com a finalidade de obter infor- ( ) CERTO   ( ) ERRADO
mação, declaração ou confissão da vítima
ou de terceira pessoa; Resposta: Errado. A Lei nº 9.455/97 prevê em seu art.
– Tortura para a prática de crime ou tortu- 1º, II: “Constitui crime de tortura: [...] II - submeter al-
ra-crime – infligida para provocar ação ou guém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com em-
omissão de natureza criminosa;
prego de violência ou grave ameaça, a intenso sofri-
– Tortura discriminatória ou tortura-racis-
mento físico ou mental, como forma de aplicar castigo
mo – infligida em razão de discriminação
pessoal ou medida de caráter preventivo”. Falta o ele-
racial ou religiosa.
mento do sofrimento intenso dolosamente causado.

EXERCÍCIO COMENTADO ESTATUTO DO DESARMAMENTO (LEI


FEDERAL Nº 10.826/2003)
1. (STJ - Analista Judiciário - Judiciária - CESPE/2018)
Tendo como referência a legislação penal extravagante “As regras para se comprar uma arma e os mecanis-
e a jurisprudência das súmulas dos tribunais superiores, mos de controle destas no Brasil sempre foram falhos ou
julgue o item que se segue. praticamente inexistentes. Isto gerou, por muitos anos,
A condenação pela prática de crime de tortura acarretará uma grande entrada de armas em circulação no país. O
a perda do cargo, função ou emprego público e a inter- fácil acesso às armas de fogo sempre transformou os
dição para o seu exercício por prazo igual ao da pena conflitos existentes na sociedade brasileira em tragédias.
aplicada. Em 1997, apareceram os primeiros movimentos pró-
-desarmamento no Brasil e o controle de armas de fogo
( ) CERTO   ( ) ERRADO começou a entrar na pauta de preocupações nacional.
Neste mesmo ano, houve a primeira mudança na legis-
Resposta: Errado. Prevê a Lei nº 9.455/97, em seu lação, ainda bastante insipiente frente à realidade brasi-
artigo 1o, § 5º: “A condenação acarretará a perda do leira. Afinal, mais de 80% dos crimes eram cometidos por
cargo, função ou emprego público e a interdição para armas de fogo.
seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada”. Os movimentos não pararam. Organizações passaram
a realizar eventos e atos públicos chamando a atenção
2. (DPU - Defensor Público Federal - CESPE/2015) Em da população brasileira. Somando-se a isso, os dados e
relação aos crimes contra a fé pública, aos crimes contra pesquisas que apareciam mostravam relação direta entre
a administração pública, aos crimes de tortura e aos cri- o fácil acesso às armas de fogo e o aumento do número
mes contra o meio ambiente, julgue o item a seguir. de homicídios, comprovando que quanto mais armas em
Caracteriza uma das espécies do crime de tortura a con- circulação, mais morte.
duta consistente em, com emprego de grave ameaça, Em junho de 2003, foi organizada uma Marcha Si-
constranger outrem em razão de discriminação racial, lenciosa, com sapatos de vítimas de armas de fogo em
causando-lhe sofrimento mental. frente ao congresso nacional. Este fato chamou bastante
atenção da mídia e da opinião pública. Os legisladores
( ) CERTO   ( ) ERRADO tomaram para si o tema e criaram uma comissão mis-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

ta, com deputados federais e senadores para formular


Resposta: Certo. Nos termos do art. 1º, I, “c” da Lei nº uma nova lei. Esta comissão analisou todos os projetos
9.455/97: “Art. 1º Constitui crime de tortura: I – cons- que falavam sobre o tema nas duas casas e reescreveram
tranger alguém com emprego de violência ou grave uma lei conjunta: o Estatuto do Desarmamento.
ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: […] Depois de redigido, faltava a aprovação, tanto no Se-
c) em razão de discriminação racial ou religiosa”. nado quanto na Câmara dos Deputados. O Estatuto foi
facilmente aprovado no Senado, mas logo em seguida
ficou, mais de 3 meses parado esperando a aprovação na
Câmara dos Deputados. Lá enfrentou o poderosíssimo

50
lobby das armas, ou seja, deputados federais que na sua O porte de uso para pessoas comuns em regra não é
maioria tiveram as campanhas financiadas pelas indús- permitido - artigo 10.
trias de armas e munições, a chamada Bancada da Bala. O porte para funcionários de segurança e coleciona-
No entanto, a pressão popular foi mais forte e o Es- dores que participam de eventos esportivos é eventual,
tatuto foi aprovado em outubro de 2004 na Câmara dos ou seja, somente é aceito em algumas situações - artigos
Deputados. Voltou para o Senado novamente onde outra 6º e 9º.
vez foi aprovado rapidamente. No dia 23 de Dezembro Magistratura e Ministério Público possuem porte fun-
o Estatuto do Desarmamento foi sancionado pelo presi- cional, assegurado nas respectivas leis orgânicas.
dente Luis Inácio Lula da Silva”1. No porte ilegal não interessa se a arma é permitida ou
Alguns pontos essenciais do Estatuto merecem des- de uso restrito, se há registro ou não. Significa ter a arma
taque em separado: consigo fora dos limites do trabalho e da residência, sem
autorização para isso, o que já constitui ato ilícito. Logo,
1) Armas uma pessoa pode ter a posse legal ou regular (arma re-
gistrada) e praticar o crime de porte ilegal, previsto no
O estatuto do desarmamento se aplica apenas às ar- artigo 14. Caso a posse seja ilegal, o delito é o do artigo
mas de fogo, munições e acessórios. Não se aplica às ar- 16.
mas brancas. O porte ilegal de arma do artigo 14 é um crime co-
As armas podem ser próprias quando fabricadas para mum (qualquer pessoa pode cometer), de merda condu-
serem armas desde a sua origem, ou impróprias quando ta (não depende de resultado), de perigo abstrato (não
não tem como finalidade ser arma mas ser usada como precisa sacar a arma), conteúdo múltiplo (13 núcleos de
tal. tipo), unissubjetivo (basta ser praticado por 1 pessoa).
Seu objeto material é a arma ou acessório de uso permi-
2) Registro tido devidamente numerado.
O tipo do artigo 16 se aplica tanto ao porte quanto
Posse ou guarda - artigo 5º. à posse de arma de uso restrito (mesma classificação do
A finalidade é autorizar o proprietário a manter a artigo 14). O parágrafo único traz 6 ações diferentes que
arma de fogo exclusivamente no interior de sua casa, do- constituem crimes autônomos.
micílio ou local de trabalho.
A falta de registro leva à criminalização - artigo 12. 5) Prazo de regularização da arma ou entrega - arti-
Posse irregular de arma: delito previsto no artigo 12. gos 30 a 32
A posse irregular é a posse sem registro. Trata-se de cri-
me comum (qualquer pessoa pode praticar), de perigo O prazo limite foi prorrogado e já se encerrou em 31
abstrato (presume-se o perigo), de conteúdo múltiplo ou de dezembro de 2009 - artigo 20 (Lei nº 11706/08). Tra-
variado (mais de um verbo no tipo - possuir ou guardar), ta-se de abolitio criminis temporária: o fato deixa de ser
unissubjetivo (pode ser praticado por uma só pessoa), considerado crime por algum tempo.
doloso, para o qual não se admite tentativa. Os artigos 30 a 32 se aplicam só à posse, não ao
porte. O artigo 30 fala que só se aplica à arma de uso
3) SINARM permitido. O artigo 31 fala em arma regularmente ad-
quirida, presumindo-se logicamente que só se aplica às
As armas de fogo possuem algumas características armas de uso permitido, porque não é possível adquirir
como: marca, calibre, quantidade de cartuchos (balas), e regularmente arma de uso proibido. Já o artigo 32 não
outras mais complexas, como tipo da coronha, raias, etc. é expresso quanto à aplicação restrita às armas de uso
Existem ainda as armas comuns como garruchas e revol-
permitido. Isto criou uma divergência nos tribunais, que
veres, que se diferenciam das armas automáticas, como
majoritariamente (inclusive STJ) têm decidido que não se
pistolas, metralhadoras e outras impróprias para o uso
aplica às armas de uso proibido.
comum, que são utilizadas pelas policias em operações
especiais. Cabe ao SINARM catalogar e registrar todas as
6) Exame pericial
armas em circulação no Brasil.
Posição amplamente majoritária diz que o exame pe-
Assim, o Sistema Nacional de Armas (SINARM), insti-
ricial é indispensável. A minoritária parte do pressuposto
tuído no Ministério da Justiça, no âmbito da Polícia Fe-
de que o que a polícia diz que é arma, é arma. O laudo
deral, com circunscrição em todo o território nacional, é
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

é nulo se o exame pericial for feito pelos policiais que


responsável pelo controle de armas de fogo em poder da
fizeram a prisão em flagrante.
população, conforme previsto na Lei nº 10.826/03 (Esta-
tuto do Desarmamento).
7) Arma com defeito
4) Porte
Se o defeito existia e não era possível disparar a arma,
Autoriza a pessoa a ter a arma consigo fora de casa a doutrina majoritária diz que não há crime, porque não
existe arma de fogo; a doutrina minoritária diz que há
ou do trabalho. Para ter porte, precisa ter posse.
crime, porque o objetivo da lei é proteger a segurança
1 http://www.deolhonoestatuto.org.br/ pública.

51
8) Arma sem munição VIII – cadastrar os armeiros em atividade no País, bem
como conceder licença para exercer a atividade;
Existem 3 posições: exige munição, porque não há IX – cadastrar mediante registro os produtores, ataca-
crime sem potencialidade lesiva; no se exige munição, distas, varejistas, exportadores e importadores autori-
desde que ela esteja ao alcance (ex: arma no porta-malas zados de armas de fogo, acessórios e munições;
e munição no bolso); não interessa se a arma está com X – cadastrar a identificação do cano da arma, as
munição ou não por causa da objetividade jurídica, que características das impressões de raiamento e de
é proteger a segurança e a incolumidade (majoritária, re- microestriamento de projétil disparado, conforme
comendável para o concurso da PRF). marcação e testes obrigatoriamente realizados pelo
fabricante;
9) Concurso de crimes XI – informar às Secretarias de Segurança Pública dos
• Posse de mais de 1 arma: jurisprudência diz que é Estados e do Distrito Federal os registros e autoriza-
um só crime. ções de porte de armas de fogo nos respectivos terri-
• Posse de 1 arma e de munição de calibre diferente: tórios, bem como manter o cadastro atualizado para
2 crimes em concurso formal. consulta.
• Posse só de munição: 1 só crime independente da Parágrafo único. As disposições deste artigo não al-
quantidade. cançam as armas de fogo das Forças Armadas e Au-
xiliares, bem como as demais que constem dos seus
10) Disparo registros próprios.

Previsto no artigo 15. Trata-se de crime comum, de CAPÍTULO II


mera conduta, unissubjetivo, de perigo abstrato. Seu ob- DO REGISTRO
jeto jurídico é a proteção da incolumidade pública. Seu
objeto material é a arma de fogo ou munição. O crime é Art. 3 É obrigatório o registro de arma de fogo no
subsidiário, pois é preciso que não se tenha como fina-
órgão competente.
lidade a prática de outro crime (ex: tentativa de homicí-
Parágrafo único. As armas de fogo de uso restrito se-
dio). Consuma-se com o disparo.
rão registradas no Comando do Exército, na forma do
regulamento desta Lei.
LEI NO 10.826, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2003.
Art. 4 Para adquirir arma de fogo de uso permitido o
interessado deverá, além de declarar a efetiva necessi-
Dispõe sobre registro, posse e comercialização de ar-
dade, atender aos seguintes requisitos:
mas de fogo e munição, sobre o Sistema Nacional de
I – comprovação de idoneidade, com a apresentação
Armas – Sinarm, define crimes e dá outras providências.
de certidões negativas de antecedentes criminais for-
necidas pela Justiça Federal, Estadual, Militar e Eleito-
CAPÍTULO I
ral e de não estar respondendo a inquérito policial ou
DO SISTEMA NACIONAL DE ARMAS a processo criminal, que poderão ser fornecidas por
meios eletrônicos;
Art. 1 O Sistema Nacional de Armas – Sinarm, insti- II – apresentação de documento comprobatório de
tuído no Ministério da Justiça, no âmbito da Polícia Fe- ocupação lícita e de residência certa;
deral, tem circunscrição em todo o território nacional. III – comprovação de capacidade técnica e de aptidão
Art. 2 Ao Sinarm compete: psicológica para o manuseio de arma de fogo, atesta-
I – identificar as características e a propriedade de ar- das na forma disposta no regulamento desta Lei.
mas de fogo, mediante cadastro; § 1º O Sinarm expedirá autorização de compra de
II – cadastrar as armas de fogo produzidas, importa- arma de fogo após atendidos os requisitos anterior-
das e vendidas no País; mente estabelecidos, em nome do requerente e para a
III – cadastrar as autorizações de porte de arma de arma indicada, sendo intransferível esta autorização.
fogo e as renovações expedidas pela Polícia Federal; § 2º A aquisição de munição somente poderá ser fei-
IV – cadastrar as transferências de propriedade, ex- ta no calibre correspondente à arma registrada e na
travio, furto, roubo e outras ocorrências suscetíveis de quantidade estabelecida no regulamento desta Lei.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

alterar os dados cadastrais, inclusive as decorrentes de § 3º A empresa que comercializar arma de fogo em
fechamento de empresas de segurança privada e de território nacional é obrigada a comunicar a venda à
transporte de valores; autoridade competente, como também a manter ban-
V – identificar as modificações que alterem as caracte- co de dados com todas as características da arma e
rísticas ou o funcionamento de arma de fogo; cópia dos documentos previstos neste artigo.
VI – integrar no cadastro os acervos policiais já § 4º A empresa que comercializa armas de fogo, aces-
existentes; sórios e munições responde legalmente por essas mer-
VII – cadastrar as apreensões de armas de fogo, inclu- cadorias, ficando registradas como de sua propriedade
sive as vinculadas a procedimentos policiais e judiciais; enquanto não forem vendidas.

52
§ 5º A comercialização de armas de fogo, acessórios e I – os integrantes das Forças Armadas;
munições entre pessoas físicas somente será efetivada II – os integrantes de órgãos referidos nos incisos I, II,
mediante autorização do Sinarm. III, IV e V do caput do art. 144 da Constituição Federal
§ 6º A expedição da autorização a que se refere o § 1º e os da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP);
será concedida, ou recusada com a devida fundamen- III – os integrantes das guardas municipais das capi-
tação, no prazo de 30 (trinta) dias úteis, a contar da tais dos Estados e dos Municípios com mais de 500.000
data do requerimento do interessado. (quinhentos mil) habitantes, nas condições estabeleci-
§ 7º O registro precário a que se refere o § 4º prescin- das no regulamento desta Lei;
de do cumprimento dos requisitos dos incisos I, II e III
IV - os integrantes das guardas municipais dos Mu-
deste artigo.
nicípios com mais de 50.000 (cinquenta mil) e menos
§ 8ºEstará dispensado das exigências constantes do
inciso III do caput deste artigo, na forma do regula- de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, quando em
mento, o interessado em adquirir arma de fogo de serviço;
uso permitido que comprove estar autorizado a por- V – os agentes operacionais da Agência Brasileira de
tar arma com as mesmas características daquela a ser Inteligência e os agentes do Departamento de Segu-
adquirida. rança do Gabinete de Segurança Institucional da Pre-
Art. 5 O certificado de Registro de Arma de Fogo, com sidência da República;
validade em todo o território nacional, autoriza o seu VI – os integrantes dos órgãos policiais referidos no
proprietário a manter a arma de fogo exclusivamen- art. 51, IV, e no art. 52, XIII, da Constituição Federal;
te no interior de sua residência ou domicílio, ou de- VII – os integrantes do quadro efetivo dos agentes e
pendência desses, ou, ainda, no seu local de trabalho, guardas prisionais, os integrantes das escoltas de pre-
desde que seja ele o titular ou o responsável legal pelo sos e as guardas portuárias;
estabelecimento ou empresa. VIII – as empresas de segurança privada e de transpor-
§ 1º O certificado de registro de arma de fogo será te de valores constituídas, nos termos desta Lei;
expedido pela Polícia Federal e será precedido de au- IX – para os integrantes das entidades de desporto
torização do Sinarm. legalmente constituídas, cujas atividades esportivas
§ 2º Os requisitos de que tratam os incisos I, II e III do
demandem o uso de armas de fogo, na forma do re-
art. 4º deverão ser comprovados periodicamente, em
gulamento desta Lei, observando-se, no que couber, a
período não inferior a 3 (três) anos, na conformidade
do estabelecido no regulamento desta Lei, para a re- legislação ambiental.
novação do Certificado de Registro de Arma de Fogo. X - integrantes das Carreiras de Auditoria da Recei-
§ 3ºO proprietário de arma de fogo com certificados ta Federal do Brasil e de Auditoria-Fiscal do Trabalho,
de registro de propriedade expedido por órgão esta- cargos de Auditor-Fiscal e Analista Tributário.
dual ou do Distrito Federal até a data da publicação XI - os tribunais do Poder Judiciário descritos no art.
desta Lei que não optar pela entrega espontânea pre- 92 da Constituição Federal e os Ministérios Públicos
vista no art. 32 desta Lei deverá renová-lo mediante o da União e dos Estados, para uso exclusivo de servi-
pertinente registro federal, até o dia 31 de dezembro dores de seus quadros pessoais que efetivamente este-
de 2008, ante a apresentação de documento de iden- jam no exercício de funções de segurança, na forma de
tificação pessoal e comprovante de residência fixa, regulamento a ser emitido pelo Conselho Nacional de
ficando dispensado do pagamento de taxas e do cum- Justiça - CNJ e pelo Conselho Nacional do Ministério
primento das demais exigências constantes dos incisos Público - CNMP.
I a III do caput do art. 4º desta Lei. § 1ºAs pessoas previstas nos incisos I, II, III, V e VI do
§ 4º Para fins do cumprimento do disposto no § 3º caput deste artigo terão direito de portar arma de fogo
deste artigo, o proprietário de arma de fogo poderá de propriedade particular ou fornecida pela respectiva
obter, no Departamento de Polícia Federal, certificado
corporação ou instituição, mesmo fora de serviço, nos
de registro provisório, expedido na rede mundial de
termos do regulamento desta Lei, com validade em
computadores - internet, na forma do regulamento e
obedecidos os procedimentos a seguir: âmbito nacional para aquelas constantes dos incisos
I - emissão de certificado de registro provisório pela I, II, V e VI.
internet, com validade inicial de 90 (noventa) dias; e § 1o-A (Revogado)
II - revalidação pela unidade do Departamento de Po- § 1º-B. Os integrantes do quadro efetivo de agentes
lícia Federal do certificado de registro provisório pelo e guardas prisionais poderão portar arma de fogo de
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

prazo que estimar como necessário para a emissão propriedade particular ou fornecida pela respectiva
definitiva do certificado de registro de propriedade. corporação ou instituição, mesmo fora de serviço, des-
de que estejam:
CAPÍTULO III I - submetidos a regime de dedicação exclusiva;
DO PORTE II - sujeitos à formação funcional, nos termos do re-
gulamento; e
Art. 6 É proibido o porte de arma de fogo em todo o III - subordinados a mecanismos de fiscalização e de
território nacional, salvo para os casos previstos em controle interno.
legislação própria e para: § 1º-C. (VETADO).

53
§ 2ºA autorização para o porte de arma de fogo aos acessórios e munições que estejam sob sua guarda,
integrantes das instituições descritas nos incisos V, VI, nas primeiras 24 (vinte e quatro) horas depois de ocor-
VII e X do caput deste artigo está condicionada à com- rido o fato.
provação do requisito a que se refere o inciso III do § 2º A empresa de segurança e de transporte de valo-
caput do art. 4º desta Lei nas condições estabelecidas res deverá apresentar documentação comprobatória
no regulamento desta Lei. do preenchimento dos requisitos constantes do art. 4º
§ 3º A autorização para o porte de arma de fogo das desta Lei quanto aos empregados que portarão arma
guardas municipais está condicionada à formação de fogo.
funcional de seus integrantes em estabelecimentos de § 3º A listagem dos empregados das empresas referi-
ensino de atividade policial, à existência de mecanis- das neste artigo deverá ser atualizada semestralmente
mos de fiscalização e de controle interno, nas condi- junto ao Sinarm.
Art. 7-A.As armas de fogo utilizadas pelos servidores
ções estabelecidas no regulamento desta Lei, observa-
das instituições descritas no inciso XI do art. 6º serão
da a supervisão do Ministério da Justiça.
de propriedade, responsabilidade e guarda das res-
§ 4º Os integrantes das Forças Armadas, das polícias
pectivas instituições, somente podendo ser utilizadas
federais e estaduais e do Distrito Federal, bem como
quando em serviço, devendo estas observar as con-
os militares dos Estados e do Distrito Federal, ao exer- dições de uso e de armazenagem estabelecidas pelo
cerem o direito descrito no art. 4º, ficam dispensados órgão competente, sendo o certificado de registro e a
do cumprimento do disposto nos incisos I, II e III do autorização de porte expedidos pela Polícia Federal
mesmo artigo, na forma do regulamento desta Lei. em nome da instituição.
§ 5ºAos residentes em áreas rurais, maiores de 25 § 1ºA autorização para o porte de arma de fogo de que
(vinte e cinco) anos que comprovem depender do em- trata este artigo independe do pagamento de taxa.
prego de arma de fogo para prover sua subsistência § 2ºO presidente do tribunal ou o chefe do Ministério
alimentar familiar será concedido pela Polícia Federal Público designará os servidores de seus quadros pes-
o porte de arma de fogo, na categoria caçador para soais no exercício de funções de segurança que pode-
subsistência, de uma arma de uso permitido, de tiro rão portar arma de fogo, respeitado o limite máximo
simples, com 1 (um) ou 2 (dois) canos, de alma lisa e de 50% (cinquenta por cento) do número de servidores
de calibre igual ou inferior a 16 (dezesseis), desde que que exerçam funções de segurança.
o interessado comprove a efetiva necessidade em re- § 3ºO porte de arma pelos servidores das instituições
querimento ao qual deverão ser anexados os seguintes de que trata este artigo fica condicionado à apresen-
documentos: tação de documentação comprobatória do preenchi-
I - documento de identificação pessoal; mento dos requisitos constantes do art. 4º desta Lei,
II - comprovante de residência em área rural; e bem como à formação funcional em estabelecimentos
III - atestado de bons antecedentes. de ensino de atividade policial e à existência de meca-
§ 6ºO caçador para subsistência que der outro uso à nismos de fiscalização e de controle interno, nas con-
sua arma de fogo, independentemente de outras ti- dições estabelecidas no regulamento desta Lei.
§ 4ºA listagem dos servidores das instituições de que
pificações penais, responderá, conforme o caso, por
trata este artigo deverá ser atualizada semestralmen-
porte ilegal ou por disparo de arma de fogo de uso
te no Sinarm.
permitido.
§ 5ºAs instituições de que trata este artigo são obri-
§ 7ºAos integrantes das guardas municipais dos Mu-
gadas a registrar ocorrência policial e a comunicar à
nicípios que integram regiões metropolitanas será au- Polícia Federal eventual perda, furto, roubo ou outras
torizado porte de arma de fogo, quando em serviço. formas de extravio de armas de fogo, acessórios e mu-
Art. 7 As armas de fogo utilizadas pelos empregados nições que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24
das empresas de segurança privada e de transporte (vinte e quatro) horas depois de ocorrido o fato.
de valores, constituídas na forma da lei, serão de pro- Art. 8 As armas de fogo utilizadas em entidades des-
priedade, responsabilidade e guarda das respectivas portivas legalmente constituídas devem obedecer às
empresas, somente podendo ser utilizadas quando em condições de uso e de armazenagem estabelecidas
serviço, devendo essas observar as condições de uso pelo órgão competente, respondendo o possuidor ou o
e de armazenagem estabelecidas pelo órgão compe- autorizado a portar a arma pela sua guarda na forma
tente, sendo o certificado de registro e a autorização do regulamento desta Lei.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

de porte expedidos pela Polícia Federal em nome da Art. 9 Compete ao Ministério da Justiça a autorização
empresa. do porte de arma para os responsáveis pela seguran-
§ 1º O proprietário ou diretor responsável de empre- ça de cidadãos estrangeiros em visita ou sediados no
sa de segurança privada e de transporte de valores Brasil e, ao Comando do Exército, nos termos do re-
responderá pelo crime previsto no parágrafo único do gulamento desta Lei, o registro e a concessão de porte
art. 13 desta Lei, sem prejuízo das demais sanções ad- de trânsito de arma de fogo para colecionadores, ati-
ministrativas e civis, se deixar de registrar ocorrência radores e caçadores e de representantes estrangeiros
policial e de comunicar à Polícia Federal perda, furto, em competição internacional oficial de tiro realizada
roubo ou outras formas de extravio de armas de fogo, no território nacional.

54
Art. 10. A autorização para o porte de arma de fogo no interior de sua residência ou dependência desta,
de uso permitido, em todo o território nacional, é de ou, ainda no seu local de trabalho, desde que seja o
competência da Polícia Federal e somente será conce- titular ou o responsável legal do estabelecimento ou
dida após autorização do Sinarm. empresa:
§ 1º A autorização prevista neste artigo poderá ser Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
concedida com eficácia temporária e territorial limi- Omissão de cautela
tada, nos termos de atos regulamentares, e dependerá Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias
de o requerente: para impedir que menor de 18 (dezoito) anos ou pes-
I – demonstrar a sua efetiva necessidade por exercício
soa portadora de deficiência mental se apodere de
de atividade profissional de risco ou de ameaça à sua
arma de fogo que esteja sob sua posse ou que seja de
integridade física;
II – atender às exigências previstas no art. 4º desta Lei; sua propriedade:
III – apresentar documentação de propriedade de Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa.
arma de fogo, bem como o seu devido registro no ór- Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o pro-
gão competente. prietário ou diretor responsável de empresa de se-
§ 2º A autorização de porte de arma de fogo, prevista gurança e transporte de valores que deixarem de
neste artigo, perderá automaticamente sua eficácia registrar ocorrência policial e de comunicar à Polícia
caso o portador dela seja detido ou abordado em es- Federal perda, furto, roubo ou outras formas de extra-
tado de embriaguez ou sob efeito de substâncias quí- vio de arma de fogo, acessório ou munição que este-
micas ou alucinógenas. jam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte quatro)
Art. 11. Fica instituída a cobrança de taxas, nos valo- horas depois de ocorrido o fato.
res constantes do Anexo desta Lei, pela prestação de Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido
serviços relativos: Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em
I – ao registro de arma de fogo;
depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente,
II – à renovação de registro de arma de fogo;
emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou
III – à expedição de segunda via de registro de arma
de fogo; ocultar arma de fogo, acessório ou munição, de uso
IV – à expedição de porte federal de arma de fogo; permitido, sem autorização e em desacordo com de-
V – à renovação de porte de arma de fogo; terminação legal ou regulamentar:
VI – à expedição de segunda via de porte federal de Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
arma de fogo. Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é
§ 1º Os valores arrecadados destinam-se ao custeio inafiançável, salvo quando a arma de fogo estiver re-
e à manutenção das atividades do Sinarm, da Polícia gistrada em nome do agente. (Vide Adin 3.112-1)
Federal e do Comando do Exército, no âmbito de suas Disparo de arma de fogo
respectivas responsabilidades. Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição
§ 2ºSão isentas do pagamento das taxas previstas nes- em lugar habitado ou em suas adjacências, em via pú-
te artigo as pessoas e as instituições a que se referem blica ou em direção a ela, desde que essa conduta não
os incisos I a VII e X e o § 5º do art. 6º desta Lei. tenha como finalidade a prática de outro crime:
Art. 11-A.O Ministério da Justiça disciplinará a for-
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
ma e as condições do credenciamento de profissionais
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é
pela Polícia Federal para comprovação da aptidão psi-
cológica e da capacidade técnica para o manuseio de inafiançável. (Vide Adin 3.112-1)
arma de fogo. Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito
§ 1ºNa comprovação da aptidão psicológica, o valor Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, re-
cobrado pelo psicólogo não poderá exceder ao valor ceber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que
médio dos honorários profissionais para realização de gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter
avaliação psicológica constante do item 1.16 da tabe- sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório
la do Conselho Federal de Psicologia. ou munição de uso proibido ou restrito, sem auto-
§ 2ºNa comprovação da capacidade técnica, o valor rização e em desacordo com determinação legal ou
cobrado pelo instrutor de armamento e tiro não pode- regulamentar:
rá exceder R$ 80,00 (oitenta reais), acrescido do custo Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
da munição. Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem:
§ 3ºA cobrança de valores superiores aos previstos nos I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

§§ 1º e 2º deste artigo implicará o descredenciamento sinal de identificação de arma de fogo ou artefato;


do profissional pela Polícia Federal.
II – modificar as características de arma de fogo, de
CAPÍTULO IV forma a torná-la equivalente a arma de fogo de uso
DOS CRIMES E DAS PENAS proibido ou restrito ou para fins de dificultar ou de
qualquer modo induzir a erro autoridade policial, pe-
Posse irregular de arma de fogo de uso permitido rito ou juiz;
Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato ex-
fogo, acessório ou munição, de uso permitido, em plosivo ou incendiário, sem autorização ou em desa-
desacordo com determinação legal ou regulamentar, cordo com determinação legal ou regulamentar;

55
IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer § 3º As armas de fogo fabricadas a partir de 1 (um)
arma de fogo com numeração, marca ou qualquer ano da data de publicação desta Lei conterão disposi-
outro sinal de identificação raspado, suprimido ou tivo intrínseco de segurança e de identificação, grava-
adulterado; do no corpo da arma, definido pelo regulamento desta
V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuita- Lei, exclusive para os órgãos previstos no art. 6º.
mente, arma de fogo, acessório, munição ou explosivo § 4ºAs instituições deensino policial e as guardas mu-
a criança ou adolescente; e nicipais referidas nos incisos III e IV do caput do art.
VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização 6º desta Lei e no seu § 7º poderão adquirir insumos e
legal, ou adulterar, de qualquer forma, munição ou máquinas de recarga de munição para o fim exclusivo
explosivo. de suprimento de suas atividades, mediante autoriza-
Comércio ilegal de arma de fogo ção concedida nos termos definidos em regulamento.
Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, condu- Art. 24. Excetuadas as atribuições a que se refere o
zir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, re- art. 2º desta Lei, compete ao Comando do Exército
montar, adulterar, vender, expor à venda, ou de qual- autorizar e fiscalizar a produção, exportação, impor-
quer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no tação, desembaraço alfandegário e o comércio de ar-
exercício de atividade comercial ou industrial, arma de mas de fogo e demais produtos controlados, inclusive
fogo, acessório ou munição, sem autorização ou em o registro e o porte de trânsito de arma de fogo de
desacordo com determinação legal ou regulamentar: colecionadores, atiradores e caçadores.
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. Art. 25.As armas de fogo apreendidas, após a elabo-
ração do laudo pericial e sua juntada aos autos, quan-
Parágrafo único. Equipara-se à atividade comercial ou
do não mais interessarem à persecução penal serão
industrial, para efeito deste artigo, qualquer forma de
encaminhadas pelo juiz competente ao Comando do
prestação de serviços, fabricação ou comércio irregu-
Exército, no prazo máximo de 48 (quarenta e oito)
lar ou clandestino, inclusive o exercido em residência.
horas, para destruição ou doação aos órgãos de se-
Tráfico internacional de arma de fogo
gurança pública ou às Forças Armadas, na forma do
Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou
regulamento desta Lei.
saída do território nacional, a qualquer título, de arma
§ 1º As armas de fogo encaminhadas ao Comando
de fogo, acessório ou munição, sem autorização da do Exército que receberem parecer favorável à doa-
autoridade competente: ção, obedecidos o padrão e a dotação de cada Força
Pena – reclusão de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. Armada ou órgão de segurança pública, atendidos os
Art. 19. Nos crimes previstos nos arts. 17 e 18, a pena critérios de prioridade estabelecidos pelo Ministério
é aumentada da metade se a arma de fogo, acessório da Justiça e ouvido o Comando do Exército, serão ar-
ou munição forem de uso proibido ou restrito. roladas em relatório reservado trimestral a ser enca-
Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 minhado àquelas instituições, abrindo-se-lhes prazo
e 18, a pena é aumentada da metade se forem prati- para manifestação de interesse.
cados por integrante dos órgãos e empresas referidas § 2º O Comando do Exército encaminhará a relação
nos arts. 6º, 7º e 8º desta Lei. das armas a serem doadas ao juiz competente, que
determinará o seu perdimento em favor da instituição
CAPÍTULO V beneficiada.
DISPOSIÇÕES GERAIS § 3º O transporte dasarmas de fogo doadas será de
responsabilidade da instituição beneficiada, que pro-
Art. 22. O Ministério da Justiça poderá celebrar con- cederá ao seu cadastramento no Sinarm ou no Sigma
vênios com os Estados e o Distrito Federal para o cum- § 4º(VETADO)
primento do disposto nesta Lei. § 5º O Poder Judiciário instituirá instrumentos para o
Art. 23.A classificação legal, técnica e geral bem encaminhamento ao Sinarm ou ao Sigma, conforme
como a definição das armas de fogo e demais produ- se trate de arma de uso permitido ou de uso restrito,
tos controlados, de usos proibidos, restritos, permitidos semestralmente, da relação de armas acauteladas em
ou obsoletos e de valor histórico serão disciplinadas juízo, mencionando suas características e o local onde
em ato do chefe do Poder Executivo Federal, mediante se encontram.
proposta do Comando do Exército. Art. 26. São vedadas a fabricação, a venda, a comer-
§ 1º Todas as munições comercializadas no País de- cialização e a importação de brinquedos, réplicas e si-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

verão estar acondicionadas em embalagens com sis- mulacros de armas de fogo, que com estas se possam
tema de código de barras, gravado na caixa, visando confundir.
possibilitar a identificação do fabricante e do adqui- Parágrafo único. Excetuam-se da proibição as réplicas
rente, entre outras informações definidas pelo regula- e os simulacros destinados à instrução, ao adestra-
mento desta Lei. mento, ou à coleção de usuário autorizado, nas condi-
§ 2º Para os órgãos referidos no art. 6º, somente serão ções fixadas pelo Comando do Exército.
expedidas autorizações de compra de munição com Art. 27. Caberá ao Comando do Exército autorizar,
identificação do lote e do adquirente no culote dos excepcionalmente, a aquisição de armas de fogo de
projéteis, na forma do regulamento desta Lei. uso restrito.

56
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica Parágrafo único. As empresas responsáveis pela pres-
às aquisições dos Comandos Militares. tação dos serviços de transporte internacional e in-
Art. 28.É vedado ao menor de 25 (vinte e cinco) anos terestadual de passageiros adotarão as providências
adquirir arma de fogo, ressalvados os integrantes das necessárias para evitar o embarque de passageiros
entidades constantes dos incisos I, II, III, V, VI, VII e X do armados.
caput do art. 6º desta Lei.
Art. 29. As autorizações de porte de armas de fogo CAPÍTULO VI
já concedidas expirar-se-ão 90 (noventa) dias após a DISPOSIÇÕES FINAIS
publicação desta Lei.
Parágrafo único. O detentor de autorização com prazo Art. 35. É proibida a comercialização de arma de fogo
de validade superior a 90 (noventa) dias poderá re- e munição em todo o território nacional, salvo para as
nová-la, perante a Polícia Federal, nas condições dos entidades previstas no art. 6º desta Lei.
arts. 4º, 6º e 10 desta Lei, no prazo de 90 (noventa) § 1º Este dispositivo, para entrar em vigor, dependerá
dias após sua publicação, sem ônus para o requerente. de aprovação mediante referendo popular, a ser reali-
Art. 30.Os possuidores e proprietários de arma de zado em outubro de 2005.
fogo de uso permitido ainda não registrada deverão § 2º Em caso de aprovação do referendo popular, o
solicitar seu registro até o dia 31 de dezembro de disposto neste artigo entrará em vigor na data de
2008, mediante apresentação de documento de iden- publicação de seu resultado pelo Tribunal Superior
tificação pessoal e comprovante de residência fixa, Eleitoral.
acompanhados de nota fiscal de compra ou compro- Art. 36. É revogada a Lei nº 9.437, de 20 de fevereiro
vação da origem lícita da posse, pelos meios de prova de 1997.
admitidos em direito, ou declaração firmada na qual Art. 37. Esta Lei entra em vigor na data de sua
constem as características da arma e a sua condição publicação.
de proprietário, ficando este dispensado do pagamen- Brasília, 22 de dezembro de 2003; 182º da Indepen-
to de taxas e do cumprimento das demais exigências dência e 115º da República.
constantes dos incisos I a III do caput do art. 4º desta
Lei. Prezado candidato, visto a alteração do pacote an-
Parágrafo único.Para fins do cumprimento do disposto ticrime, pela lei 13.964/2019, Tem -se o disposto:
no caput deste artigo, o proprietário de arma de fogo
poderá obter, no Departamento de Polícia Federal, Alterações no Estatuto do Desarmamento
certificado de registro provisório, expedido na forma
do § 4º do art. 5º desta Lei. No que tange a posse ou porte ilegal de arma de
Art. 31. Os possuidores e proprietários de armas de fogo de uso restrito, o crime passou a ser tipificado da
fogo adquiridas regularmente poderão, a qualquer seguinte maneira: Possuir, deter, portar, adquirir, forne-
tempo, entregá-las à Polícia Federal, mediante recibo cer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda
e indenização, nos termos do regulamento desta Lei. que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, man-
Art. 32. Os possuidores e proprietários de arma de ter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório
fogo poderão entregá-la, espontaneamente, mediante ou munição de uso restrito, sem autorização e em de-
recibo, e, presumindo-se de boa-fé, serão indenizados, sacordo com determinação legal ou regulamentar. Pena
na forma do regulamento, ficando extinta a punibi- – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. Todavia, se
lidade de eventual posse irregular da referida arma. envolver arma de fogo de uso proibido, a pena é de
Art. 33. Será aplicada multa de R$ 100.000,00 (cem reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.
mil reais) a R$ 300.000,00 (trezentos mil reais), con- Ademais, a pena do crime de comércio ilegal de arma
forme especificar o regulamento desta Lei: de fogo foi alterada:
I – à empresa de transporte aéreo, rodoviário, ferro-
viário, marítimo, fluvial ou lacustre que deliberada- Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, condu-
mente, por qualquer meio, faça, promova, facilite ou zir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, re-
permita o transporte de arma ou munição sem a devi- montar, adulterar, vender, expor à venda, ou de qual-
da autorização ou com inobservância das normas de quer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no
segurança; exercício de atividade comercial ou industrial, arma de
II – à empresa de produção ou comércio de armamen- fogo, acessório ou munição, sem autorização ou em
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

tos que realize publicidade para venda, estimulando o desacordo com determinação legal ou regulamentar:
uso indiscriminado de armas de fogo, exceto nas pu- Pena - reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, e multa.
blicações especializadas. § 1º Equipara-se à atividade comercial ou industrial,
Art. 34. Os promotores de eventos em locais fechados, para efeito deste artigo, qualquer forma de prestação
com aglomeração superior a 1000 (um mil) pessoas, de serviços, fabricação ou comércio irregular ou clan-
adotarão, sob pena de responsabilidade, as providên- destino, inclusive o exercido em residência.
cias necessárias para evitar o ingresso de pessoas ar-
madas, ressalvados os eventos garantidos pelo inciso
VI do art. 5º da Constituição Federal.

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§ 2º Incorre na mesma pena quem vende ou entrega arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização ou em
desacordo com a determinação legal ou regulamentar, a agente policial disfarçado, quando presentes elementos pro-
batórios razoáveis de conduta criminal preexistente.
O mesmo aconteceu com o crime de tráfico internacional de arma de fogo:

Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do território nacional, a qualquer título, de arma de fogo,
acessório ou munição, sem autorização da autoridade competente:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 16 (dezesseis) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem vende ou entrega arma de fogo, acessório ou munição, em operação
de importação, sem autorização da autoridade competente, a agente policial disfarçado, quando presentes elementos
probatórios razoáveis de conduta criminal preexistente.

Causas de aumento antes da Lei Causas de aumento depois da Lei


Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e 18, Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e 18,
a pena é aumentada da metade (1/2) se forem a pena é aumentada da metade (1/2) se:
praticados por integrante dos órgãos e empresas
referidas nos arts. 6º, 7º e 8º desta Lei. I - forem praticados por integrante dos órgãos
e empresas referidas nos arts. 6º, 7º e 8º desta
Lei; ou
II - o agente for reincidente específico em crimes
dessa natureza.

Por fim, foi instituído o Banco Nacional de Perfis Balísticos, para a coleta de registros balísticos e formação de um
banco de dados.
De acordo com a lei, o Banco Nacional de Perfis Balísticos tem como objetivo cadastrar armas de fogo e armazenar
características de classe e individualizadoras de projéteis e de estojos de munição deflagrados por arma de fogo.
O Banco Nacional de Perfis Balísticos é composto dos registros de elementos de munição deflagrados por armas
de fogo relacionados a crimes, para subsidiar ações destinadas às apurações criminais. É gerido pela unidade oficial de
perícia criminal e os dados são de caráter sigiloso, vedada a comercialização.

LEI MARIA DA PENHA (LEI FEDERAL Nº 11.340/2006, ARTS. 01A 07)

LEI Nº 11.340, DE 7 DE AGOSTO DE 2006


Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da
Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e
da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos
Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o Código de Processo Penal, o Código Penal e a
Lei de Execução Penal; e dá outras providências.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

TÍTULO I
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 1 Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do
§ 8º do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Violência contra
a Mulher, da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher e de outros tra-
tados internacionais ratificados pela República Federativa do Brasil; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência
Doméstica e Familiar contra a Mulher; e estabelece medidas de assistência e proteção às mulheres em situação de
violência doméstica e familiar.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Art. 2 Toda mulher, independentemente de classe, raça, etnia, orientação sexual, renda, cultura, nível educacional,
idade e religião, goza dos direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sendo-lhe asseguradas as oportunidades
e facilidades para viver sem violência, preservar sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual e
social.
Art. 3 Serão asseguradas às mulheres as condições para o exercício efetivo dos direitos à vida, à segurança, à saúde,
à alimentação, à educação, à cultura, à moradia, ao acesso à justiça, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à
liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária.
§ 1º O poder público desenvolverá políticas que visem garantir os direitos humanos das mulheres no âmbito das re-
lações domésticas e familiares no sentido de resguardá-las de toda forma de negligência, discriminação, exploração,
violência, crueldade e opressão.

58
§ 2º Cabe à família, à sociedade e ao poder público intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que
criar as condições necessárias para o efetivo exercício a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer
dos direitos enunciados no caput. modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qual-
Art. 4 Na interpretação desta Lei, serão considerados quer método contraceptivo ou que a force ao matri-
os fins sociais a que ela se destina e, especialmente, mônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, me-
as condições peculiares das mulheres em situação de diante coação, chantagem, suborno ou manipulação;
violência doméstica e familiar. ou que limite ou anule o exercício de seus direitos se-
xuais e reprodutivos;
TÍTULO II IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer
DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA conduta que configure retenção, subtração, destruição
A MULHER parcial ou total de seus objetos, instrumentos de tra-
balho, documentos pessoais, bens, valores e direitos
CAPÍTULO I ou recursos econômicos, incluindo os destinados a sa-
DISPOSIÇÕES GERAIS tisfazer suas necessidades;
V - a violência moral, entendida como qualquer con-
Art. 5 Para os efeitos desta Lei, configura violência duta que configure calúnia, difamação ou injúria.
doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação
ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte,
lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano
moral ou patrimonial: (Vide Lei complementar nº 150,
de 2015)
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida
como o espaço de convívio permanente de pessoas,
com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadica-
mente agregadas;
II - no âmbito da família, compreendida como a co-
munidade formada por indivíduos que são ou se con-
sideram aparentados, unidos por laços naturais, por
afinidade ou por vontade expressa;
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o
agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida,
independentemente de coabitação.
Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas nes-
te artigo independem de orientação sexual.
Art. 6 A violência doméstica e familiar contra a mu-
lher constitui uma das formas de violação dos direitos
humanos.

CAPÍTULO II
DAS FORMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMI-
LIAR CONTRA A MULHER

Art. 7 São formas de violência doméstica e familiar


contra a mulher, entre outras:
I - a violência física, entendida como qualquer condu-
ta que ofenda sua integridade ou saúde corporal;
II - a violência psicológica, entendida como qualquer
conduta que lhe cause dano emocional e diminuição
da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o ple-
no desenvolvimento ou que vise degradar ou contro-
lar suas ações, comportamentos, crenças e decisões,
mediante ameaça, constrangimento, humilhação,
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

manipulação, isolamento, vigilância constante, perse-


guição contumaz, insulto, chantagem, violação de sua
intimidade, ridicularização, exploração e limitação do
direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cau-
se prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação;
(Redação dada pela Lei nº 13.772, de 2018)
III - a violência sexual, entendida como qualquer con-
duta que a constranja a presenciar, a manter ou a
participar de relação sexual não desejada, mediante

59
II Caso tome conhecimento da existência de novas pro-
vas, a autoridade policial poderá determinar o arquiva-
HORA DE PRATICAR mento do inquérito e proceder a novas diligências.
III Ocorrendo o arquivamento do inquérito por falta de
1. (TJ-DFT – TÉCNICO DE ADMINISTRAÇÃO – CESPE fundamentos para a denúncia, a autoridade policial po-
– 2015) Acerca da aplicabilidade da lei processual penal derá dar continuidade à investigação se tiver notícia de
no tempo e no espaço e dos princípios que regem o in- outras provas.
quérito policial, julgue o item a seguir. IV A autoridade policial poderá manter o indiciado in-
Em relação à aplicação da lei processual penal no espa- comunicável por até cinco dias se essa medida for indis-
ço, vigora o princípio da territorialidade. pensável à investigação.

( ) CERTO   ( ) ERRADO Estão certos apenas os itens

2. (TJ-RJ – TÉCNICO DE ATIVIDADE JUDICIÁRIA a) I e II.


– FGV – 2014) Tradicionalmente, o inquérito policial é b) I e III.
conceituado como um procedimento investigatório, cuja c) III e IV.
principal finalidade é a obtenção de justa causa para a d) I, II e IV.
propositura da ação penal. Sobre o inquérito policial é e) II, III e IV.
correto afirmar que:
5. (TJ-PI – JUIZ SUBSTITUTO – FCC – 2015) Segundo a
a) é procedimento prévio imprescindível. nova redação do art. 288 do Código Penal, conferida pela
b) poderá ser arquivado diretamente pela autoridade Lei n° 12.850/13, o crime de associação criminosa
policial.
c) é sigiloso, razão pela qual o defensor do indiciado não a) deve ter a pena aumentada até o dobro, se houver a
poderá ter acesso a elemento de prova algum, ainda participação de criança ou adolescente.
que documentado no procedimento investigatório. b) consiste na associação de mais de três pessoas para o
d) dependerá de representação, caso a investigação fim específico de cometer crimes.
trate de crime em que a ação penal seja pública c) deve ter a pena aumentada até a metade, se houver a
condicionada. participação de criança ou adolescente, não retroagin-
e) é prescindível, logo é uma faculdade da autoridade do tal disposição.
policial instaurá-lo ou não, ainda que haja requisição d) conduz à aplicação da pena em dobro, se a associação
do Ministério Público. é armada.
e) deve ter a pena aumentada até a metade, se a associa-
3. (TJ-BA – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA – FGV – ção é armada, não retroagindo tal disposição.
2015) As formas de instauração do inquérito policial
variam de acordo com a natureza do delito. Nos casos 6 (TRF3 – Técnico Judiciário – Área Administrativa –
de ação penal pública incondicionada, a instauração do FCC – 2014) Não há crime sem.
inquérito policial pode se dar:
a) dolo.
a) de ofício pela autoridade policial; mediante requisi- b) resultado naturalístico.
ção do Ministério Público; mediante requerimento do c) imprudência.
ofendido; e por auto de prisão em flagrante; d) conduta.
b) de ofício pelo Ministério Público; mediante requisi- e) lesão.
ção da autoridade policial; mediante requerimento do
ofendido; e por auto de prisão em flagrante; 7. (TRF3 – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JURÍDICA
c) de ofício pela autoridade policial; mediante requeri- – FCC – 2007) Sobre a aplicação da lei penal, considere:
mento do Ministério Público; mediante requisição do
ofendido; e por auto de resistência; I. A lei excepcional ou temporária não se aplica ao fato
d) de ofício pelo Ministério Público; mediante requisi- praticado durante sua vigência, se decorrido o perío-
ção da autoridade policial; mediante requerimento do do de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a
ofendido; e por auto de resistência; determinaram.
e) de ofício pela autoridade policial; mediante requeri- II. Considera-se praticado o crime no momento da
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

mento do Ministro da Justiça; mediante requisição do ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do
ofendido; e por auto de resistência. resultado.
III. A lei brasileira não se aplica aos crimes contra o patri-
4. (TJ-CE – JUIZ DE DIREITO – CESPE – 2018) Julgue mônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de
os itens a seguir, a respeito do inquérito policial e das Estado, de Território, de Município, de empresa pública,
disposições preliminares do Código de Processo Penal. sociedade de economia mista, autarquia ou fundação ins-
tituída pelo Poder Público, se praticados no estrangeiro.
I Aos processos em curso, a lei processual penal será IV. Considera-se praticado o crime no lugar em que ocor-
aplicada imediatamente, mantendo-se, todavia, os atos reu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como
praticados sob a égide da lei anterior. onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.

60
V. Aplica-se a lei brasileira, embora cometidos no estran- 10. (TRF3 – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA ADMI-
geiro, aos crimes contra a administração pública pratica- NISTRATIVA – FCC – 2016) A respeito do crime de ad-
dos por qualquer pessoa. vocacia administrativa, considere:

Está correto o que se afirma APENAS em I. Caracteriza-se mesmo que o interesse privado patroci-
nado seja legítimo.
a) I e III. II. Não se caracteriza se o patrocínio for feito por terceira
b) I e V. pessoa que apareça como procurador.
c) II e III. III. Só pode ser cometido por advogado.
d) II e IV.
e) III, IV e V. Está correto o que consta APENAS em

8. (TRF3 – ANALISTA JUDICIÁRIO – EXPEDIÇÃO DE a) I e II.


MANDADOS – FCC – 2007) Sobre a imputabilidade pe- b) I.
nal, considere: c) I e III.
d) II e III.
I. A emoção e a paixão excluem a imputabilidade penal. e) III.
II. A embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou
substância de efeitos análogos, não exclui a imputabili- 11. (DIREITO PENAL - DO CONCURSO DE PESSOAS
dade penal. - INSTITUTO BRASILEIRO DE FORMAÇÃO E CAPA-
III. Se o agente, por embriaguez proveniente de caso for- CITAÇÃO (IBFC) - 2018 - TRIBUNAL REGIONAL FE-
tuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou DERAL / 2ª REGIÃO (TRF 2ª) - JUIZ FEDERAL SUBS-
da omissão, a plena capacidade de entender o caráter TITUTO DA 2ª REGIÃO)
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento, a pena pode ser reduzida de um a dois Sobre o concurso de agentes, leia as assertivas abaixo e
terços. ao final marque a opção correta:
IV. Os menores de dezoito anos não são penalmente
inimputáveis porque podem ser internados pela prática I - Os crimes plurissubjetivos não se confundem com os
de fato definido como crime. crimes de concurso necessário. Nos primeiros os agentes
V. O agente que, por doença mental ou desenvolvimento podem se reunir eventualmente para praticar o crime,
mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação enquanto que nos segundos a tipicidade necessariamen-
ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o ca- te só se dá com o concurso de agentes.
ráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com II - O Código Penal brasileiro atualmente vigente adota
esse entendimento, pode ter a sua pena reduzida de um a teoria exclusivamente monista do concurso de agen-
a dois terços. tes. Em decorrência desta opção dogmática de nosso le-
gislador, jamais, e em hipótese alguma, nossa legislação
Está correto o que se afirma APENAS em admitiu a possibilidade de excepcioná-la, para adotar a
teoria pluralista.
a) I, II e V. III - Na chamada coautoria mediata, verifica-se a con-
b) I, III e IV. fluência da autoria mediata e da coautoria. Ademais,
c) I e IV. ela configura-se quando dois ou mais agentes se valem,
d) II e III. cada qual de uma maneira, de outro agente não punível
e) III e V. para executarem um crime.
IV - O concurso de agentes exige: interveniência de duas
9. (TRF2 – ANALISTA JUDICIÁRIO – EXECUÇÃO DE ou mais pessoas para o mesmo fato delituoso; identi-
MANDADOS – FCC – 2012) É INCORRETO afirmar que dade de infração penal; e vontade consciente de con-
a extinção da punibilidade correrem todos os agentes para o mesmo crime, sendo
irrelevante a contribuição causai de cada um.
a) será declarada se ocorrer a decadência do direito V - Na chamada cooperação dolosamente distinta, um
queixa. dos concorrentes apenas atua querendo praticar um fato
b) poderá ser reconhecida em processo de habeas menos grave do que aquele que efetivamente acaba sen-
corpus. do levado a efeito pelos demais concorrentes, razão pela
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

c) será declarada, no caso de morte do acusado, à vista qual apenas responderá pelo fato menos grave.
da certidão de óbito.
d) será declarada, na fase do inquérito, pela autoridade a) Apenas as assertivas I e II estão corretas.
policial. b) Apenas as assertivas III e IV estão corretas.
e) deverá ser declarada de ofício pelo juiz, em qualquer c) Apenas as assertivas I e V estão corretas.
fase do processo. d) Apenas as assertivas II e IV estão corretas.
e) Apenas as assertivas III e V estão corretas.

61
12. (FGV - 2018 - MPE-AL - ANALISTA DO MINISTÉ- III- A aquisição, posse ou armazenamento de fotografia,
RIO PÚBLICO - ÁREA JURÍDICA) vídeo ou outra forma de registro que contenha cena de
sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou
Leandro, primário e de bons antecedentes, foi preso em adolescente é crime sempre punido com reclusão de um
flagrante porque tinha em sua casa, para fins de venda, a quatro anos e multa, sendo irrelevante para a aplicação
100g de maconha e 150g de cocaína na forma de crack, da pena, que haja pequena quantidade de material por-
conforme laudo de exame de material entorpecente nográfico apreendido.
IV- O crime de estupro próprio, punido com a pena de
acostado ao procedimento. Após receber o procedimen-
reclusão de oito a doze anos e multa, consiste no cons-
to principal, já com decisão de conversão do flagrante
trangimento de mulher, mediante violência ou grave
em preventiva, o Promotor de Justiça deverá denunciar ameaça, a ter conjunção camal ou a praticar ou permitir
Leandro por que com ela se pratique qualquer outro ato libidinoso di-
verso da conjunção carnal, assim como também quando
a) crime único de tráfico de drogas, podendo a natureza da conduta resulta lesão corporal de natureza grave, ou
do material entorpecente e a quantidade de drogas se a vítima é menor de dezoito ou maior de catorze anos.
serem avaliadas no momento de o juiz fixar pena base V- O recém introduzido crime de estupro de vulnerável
em caso de condenação. consiste em ter conjunção carnal ou praticar outro ato
b) crime único de tráfico de drogas, não podendo a natu- libidinoso com menor de catorze anos. E incorre na mes-
reza do material entorpecente ser considerada quan- ma pena quem pratica as mesmas ações com alguém
do da aplicação da pena base, mas tão só as circuns- que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o
tâncias judiciais do Art. 59 do CP e a quantidade de necessário discernimento para a prática do ato, ou que,
drogas. por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência.
c) dois crimes de tráfico de drogas, reconhecendo o con-
curso formal de crimes, podendo ser aplicado o redu- a) Apenas as assertivas I e II estão corretas.
tor do tráfico privilegiado em razão da primariedade b) Apenas as assertivas III e IV estão corretas.
do agente. c) Apenas as assertivas I e V estão corretas.
d) dois crimes de tráfico de drogas, reconhecendo o con- d) Apenas as assertivas II e IV estão corretas.
curso material de crimes, não podendo a quantidade e) Apenas as assertivas III e V estão corretas.
de drogas ser considerada no momento da aplicação
da pena base, mas tão só as circunstâncias judiciais do 14. (CESPE – POLÍCIA FEDERAL – DELEGADO DE PO-
Art. 59 do CP; LÍCIA – CESPE – 2013) A detração é considerada para
e) dois crimes de tráfico de drogas em concurso formal, efeito da prescrição da pretensão punitiva, não se esten-
podendo a quantidade e a natureza do material en- dendo aos cálculos relativos à prescrição da pretensão
torpecente serem valorizados no momento de aplicar executória.
a pena base.
( ) CERTO   ( ) ERRADO
13. (DIREITO PENAL - LENOCÍNIO E TRÁFICO DE
PESSOAS - INSTITUTO BRASILEIRO DE FORMAÇÃO 15. (DIREITO PENAL - MEDIDAS DE SEGURANÇA
E CAPACITAÇÃO (IBFC) - 2018 - TRIBUNAL REGIO- - INSTITUTO BRASILEIRO DE FORMAÇÃO E CAPA-
NAL FEDERAL / 2ª REGIÃO (TRF 2ª) - JUIZ FEDERAL CITAÇÃO (IBFC) - 2018 - TRIBUNAL REGIONAL FE-
SUBSTITUTO DA 2ª REGIÃO) DERAL / 2ª REGIÃO (TRF 2ª) - JUIZ FEDERAL SUBS-
TITUTO DA 2ª REGIÃO)
Leia as assertivas abaixo e assinale a opção correta:
Assinale a afirmativa certa:
I- O crime específico de tráfico de pessoas consiste em
a) O sujeito que no momento da prática do crime não
agenciar, aliciar, recrutar, transportar, transferir, comprar,
era capaz de se determinar, completamente, de acor-
alojar ou acolher pessoa, mediante grave ameaça, violên-
do com o entendimento do caráter ilícito do fato em
cia, coação, fraude ou abuso, com a finalidade de remo- razão de embriaguez culposa, poderá ter a pena redu-
ver-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo; submetê-la a zida de um a dois terços.
trabalho em condições análogas à de escravo; submetê- b) O critério psicológico determina cientificamente sem-
-la a qualquer tipo de adoção ilegal ou exploração sexual.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

pre a imputabilidade ou não do agente. Ao passo que


II- A pedofilia por meio da informática ou telemática o critério biológico etário adotado hoje pela lei penal,
também se caracteriza quando alguém assegura meios é passível de superação pelo juiz na sentença, quando
ou serviços para o armazenamento ou o acesso por razões de política criminal recomendem.
rede de computadores às fotografias, cenas, imagens ou c) As medidas de segurança aplicáveis aos inimputáveis
outro registro que contenha cena de sexo explícito ou são: internação em hospital de custódia e tratamento
pornográfica envolvendo criança ou adolescente, mas psiquiátrico; na falta deste em estabelecimento ade-
não quando o responsável legal pela prestação do ser- quado; e sujeição a tratamento ambulatorial. Mas se
viço, embora notificado, deixa de desabilitar o acesso ao estiver extinta a punibilidade, nenhuma dessas medi-
conteúdo. das deve incidir.

62
d) No caso de tratamento ambulatorial, o tempo limi- 19. (DIREITO PENAL - DAS PENAS - INSTITU-
tado para sua ocorrência variará de um a três anos. TO BRASILEIRO DE FORMAÇÃO E CAPACITAÇÃO
Terminado o prazo determinado para sua realização, (IBFC) - 2018 - SECRETARIA DE ESTADO DE ADMI-
e constatado por perícia que o inimputável cumpriu o NISTRAÇÃO PRISIONAL - MG (SEAP/MG) - AGEN-
programa ambulatorial, sua liberação do tratamento TE DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIO)
será declarada cumprida em definitivo.
e) A doença mental ou o desenvolvimento mental in- As penas previstas no Direito Penal são:
completo ou retardado isentam de pena, se ao tempo
da ação ou da omissão, ou entre a denúncia e a sen- a) medidas de proteção e de perda de bens
tença, o agente era ou se toma inteiramente incapaz b) prestacionais e restritivas de liberdade
de entender o caráter ilícito do fato. c) privativas de liberdade, restritivas de direito e multa
d) medidas socioeducativas e pecuniárias
16. (CESPE – POLÍCIA FEDERAL – DELEGADO DE e) ressocializadoras e pedagógicas
POLÍCIA – CESPE – 2013) Em relação ao concurso de
agentes, à desistência voluntária e ao arrependimento 20. (DIREITO PENAL - CRIMES CONTRA A ORGA-
eficaz, bem como à cominação das penas, ao erro do tipo NIZAÇÃO DO TRABALHO - INSTITUTO BRASILEI-
e, ainda, à teoria geral da culpabilidade, julgue os itens RO DE FORMAÇÃO E CAPACITAÇÃO (IBFC) - 2018
subsecutivos. - TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL / 2ª REGIÃO (TRF
De acordo com a teoria extremada da culpabilidade, o 2ª) - JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO DA 2ª REGIÃO)
erro sobre os pressupostos fáticos das causas descrimi-
nantes consiste em erro de tipo permissivo. Assinale a resposta certa:

( ) CERTO   ( ) ERRADO a) Para a configuração típica do crime de frustração de


direito assegurado por lei trabalhista, a lei penal pre-
vê apenas a ação delituosa de ilusão mediante fraude,
17. DIREITO PENAL - CRIMES PRATICADOS POR
destinada a impedir o exercício de direitos trabalhis-
PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM
tas, ou o desligamento do serviço através da simula-
GERAL - INSTITUTO BRASILEIRO DE FORMAÇÃO
ção de dívidas contraídas pelo empregado.
E CAPACITAÇÃO (IBFC) - 2018 - CÂMARA DE FEI- b) Para a configuração típica do crime de aliciamento
RA DE SANTANA - BA - PROCURADOR JURÍDICO de trabalhadores de um local para outro do território
ADJUNTO nacional, é necessária a ação de recrutar seduzindo,
mais de um trabalhador, com o fim de levá-los para
Acerca dos crimes contra a Administração Pública, con- qualquer lugarejo, mas desde que afastado daquele
forme dispõe o Código Penal (Decreto-Lei nº 2.848, de 7 em que ocorreu o aliciamento.
de dezembro de 1940), assinale a alternativa correta. c) Para a configuração típica do crime de redução a con-
dição análoga a de escravo, o consentimento da víti-
a) A pena de reclusão, cominada para o crime Corrupção ma é elemento essencial a ser aferido, haja vista que
Passiva é aumentada de um sexto, se, em consequên- não incide a punição em hipótese alguma, quando tal
cia da vantagem ou promessa, o funcionário retarda consentimento tenha sido dado, expressa ou tacita-
ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o prati- mente, pelo ofendido.
ca infringindo dever funcional d) Para a configuração típica do crime de redução a con-
b) Considera-se funcionário público, para os efeitos dição análoga a de escravo basta que a vítima tenha
penais, somente quem, ainda que transitoriamente, sido submetida, eventualmente, a apenas uma jornada
exerce cargo, emprego ou função pública mediante exaustiva de trabalho, ou a um episódio degradante
remuneração de trabalho, casos em que há evidente violação da
c) A pena prevista para o crime de Tráfico de Influência dignidade humana.
é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos e multa, au- e) Para a configuração típica do crime de atentado con-
mentada da metade, se o agente alega ou insinua que tra a liberdade de trabalho, a grave ameaça capaz de
a vantagem é também destinada ao funcionário constranger alguém a trabalhar durante certo período
d) Na figura culposa do crime de Peculato, a reparação de tempo ou em determinados dias, pode se consubs-
do dano, a qualquer tempo, reduz a pena imposta tanciar na promessa, pelo empregador, de rescisão do
pela metade contrato de trabalho.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

18. (CESPE – POLÍCIA FEDERAL – DELEGADO DE PO-


LÍCIA – CESPE – 2004) O sujeito ativo que pratica crime
em face de embriaguez voluntária ou culposa respon-
de pelo crime praticado. Adota-se, no caso, a teoria da
conditio sine qua non para se imputar ao sujeito ativo a
responsabilidade penal.

( ) CERTO   ( ) ERRADO

63
ANOTAÇÕES
GABARITO

1 CERTO _________________________________________________
2 D
3 A _________________________________________________
4 B _________________________________________________
5 C
6 D _________________________________________________
7 D
8 D _________________________________________________
9 D
_________________________________________________
10 B
11 E _________________________________________________
12 A
13 C _________________________________________________
14 ERRADO
15 C _________________________________________________
16 ERRADO _________________________________________________
17 C
18 ERRADO _________________________________________________
19 C
20 B _________________________________________________

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

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64
ÍNDICE

NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Aplicação da lei processual no tempo, no espaço e em relação às pessoas; Disposições preliminares do Código de
Processo Penal......................................................................................................................................................................................................... 01
Inquérito policial..................................................................................................................................................................................................... 05
Ação Penal................................................................................................................................................................................................................. 10
Prisão e liberdade provisória; Lei federal nº 7.960/1989 (prisão temporária)................................................................................. 15
Processo e julgamento dos crimes de responsabilidade dos funcionários públicos................................................................... 23
O Habeas Corpus e Seu Processo.................................................................................................................................................................... 23
Jurisdição e Competência.................................................................................................................................................................................... 25
Lei de Execução Penal (Lei federal nº 7.210/1984).................................................................................................................................... 28
Juizados Especiais Criminais (Lei federal nº 9.099/1995, arts. 60 a 92)............................................................................................. 40
condenação não gera reincidência nem o cumprimento
de pena na prisão. A regra referente ao julgamento dos
APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL NO
crimes de responsabilidade encontra­-se na Constituição
TEMPO, NO ESPAÇO E EM RELAÇÃO ÀS
Federal e em leis especiais.
PESSOAS. DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
No inciso III, do art. 1º, do CPP, a exceção de aplica-
DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL ção do Código de Processo Penal se refere aos crimes
de competência da Justiça Militar, que além de ser um
ramo especializado, as regras estão contidas em legisla-
Lei processual penal no espaço ção própria, o Código de Processo Penal Militar.
A outra exceção de aplicação do CPP está no inciso IV
O processo penal é regido por meio do Decreto-Lei de seu art. 1º, que reserva a aplicação de outras regras
nº 3.689, de 3 de outubro de 1941, porém, há algumas nos casos de processos da competência do tribunal es-
ressalvas importantes que devemos compreender. pecial, que atualmente encontramos os casos dos crimes
O Código de Processo Penal é aplicado em todo o políticos que são de competência da Justiça Federal (art.
território nacional, porém, os cinco incisos do art. 1º, do 109, IV, da CF) e os crimes contra a economia popular são
CPP, apresentam as exceções. julgados pela Justiça Estadual.
Então, a primeira exceção, não se aplica o CPP quando A última exceção trata dos processos por crimes de
o assunto estiver relacionado com tratados, convenções imprensa, porém tem que ter atenção neste ponto. O
e regras de direito internacional, ratificados pelo Brasil fato é que o Supremo Tribunal Federal declarou que re-
aprovado por meio de decreto legislativo e promulgado ferida lei não foi recepcionada pela Constituição Federal
por decreto presidencial, afastam a jurisdição brasileira, de 1988, por meio do julgamento da Arguição de Des-
mesmo que o fato tenha ocorrido no território nacional. cumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) nº 130­-7/
Isso acontece, por exemplo, no caso da aplicação da DF. Sendo assim, os antigos crimes da Lei de Imprensa
Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas, em (Lei nº 5.250/1967) deverão ser enquadrados, quando
que no art. 31, § 1º, do Decreto Legislativo nº 103/1964, possível, na legislação comum, e a apuração segue o que
promulgado pelo Decreto nº 56.435/1965, os agentes está disciplinado no Código de Processo Penal. Em suma,
diplomáticos gozam de imunidade de jurisdição penal o que era exceção deixou de ser.
no Estado onde exercem suas atividades, não estando,
porém, isentos da jurisdição do Estado que representam. FIQUE ATENTO!
Outro exemplo é a Convenção de Viena sobre Re-
lações Consulares, que nos termos do art. 43, tópico 1, Aplica-se o CPP aos processos referidos nos
do Decreto Legislativo nº 106/1967, promulgado pelo incisos IV e V, ou seja, nos processos da com-
petência do tribunal especial e nos processos
Decreto nº 61.078/1967, os funcionários e empregados
por crime de imprensa, quando as leis es-
consulares possuem imunidade de jurisdição, desde que
peciais que os regulam não dispuserem de
referente a atos criminosos cometidos no exercício das
modo diverso.
funções consulares.
Lembre-se da ADPF nº 130-7/DF, a CF não
E, ainda, no caso do Tribunal Penal Internacional, que recepcionou a lei dos crimes de imprensa.
nos termos do art. 5º, § 4º, da CF, inserido pela Emenda
Constitucional nº 45/2004, prevê que “o Brasil se sub-
mete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja Há outras leis que tratam de matéria processual,
criação tenha manifestado adesão”. Assim, mesmo que aqueles ligados a drogas, cujo rito é integralmente regu-
um delito seja cometido no território brasileiro, havendo lado pela Lei nº 11.343/2006, que versa sobre drogas, o
denúncia ao Tribunal Penal Internacional, o agente po- rito é integralmente desta lei. Os crimes falimentares, o
derá ser entregue à jurisdição estrangeira, nos casos de rito se encontra na Lei nº 11.101/2005. E as infrações de
crimes de genocídio, crimes contra a humanidade, crimes menor potencial ofensivo, tratadas em sua totalidade na
de guerra e crime de agressão. Lei nº 9.099/1995.
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

O inciso II, do art. 1º, do CPP, traz que as prerrogativas


constitucionais do Presidente da República, dos ministros Lei processual penal no tempo
de Estado, nos crimes conexos com os do Presidente da
República, e dos ministros do Supremo Tribunal Federal, O art. 2º, do CPP, consagra o princípio da imediata
nos crimes de responsabilidade também não se aplica aplicação da lei processual penal ao afirmar que a lei
o CPP, por uma simples razão: o fato não é considera- processual penal será aplicada desde logo, sem prejuí-
do matéria penal, mas constitucional, como previsto nos zo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei
arts. 86, 89, § 2º, e 100, da CF. Esse dispositivo refere­-se, anterior.
portanto, aos crimes de natureza político­-administrativa Vamos entender esse princípio. Os novos dispositivos
e não aos delitos comuns. O julgamento dessas infrações processuais podem ser aplicados a crimes praticados an-
não é feito pelo Poder Judiciário, e sim pelo Legislati- tes de sua entrada em vigor, pois a matéria processual
vo, e as consequências são a perda do cargo, a cassa- leva em conta a data da realização do ato (tempus regit
ção do mandato e a suspensão dos direitos políticos. A actum), e não a do crime.

1
Um exemplo. A Lei nº 11.689/2008, revogou o recurso A interpretação analógica se mostra possível quan-
do protesto por novo júri em relação às pessoas conde- do, dentro do próprio texto legal, após uma sequência
nadas a 20 anos ou mais por crime doloso contra a vida. casuística, o legislador se vale de uma fórmula genéri-
Com isso, as pessoas que praticaram crimes dolosos con- ca, que deve ser interpretada de acordo com os casos
tra a vida antes de referida lei, mas que foram levadas a anteriores.
julgamento depois de sua entrada em vigor não poderá Sobre essa interpretação, podemos exemplificar por
requerer novo julgamento. meio do art. 80, do CPP, por mencionar que o juiz pode
determinar a separação de processos quando as infra-
ções forem cometidas em tempo e local diversos, para
FIQUE ATENTO! não prolongar a prisão de um dos acusados, pelo exces-
O art. 5º, XL, da CF, estabelece exclusivamen- sivo número de réus ou por outro motivo relevante. Esta
te que a lei penal não retroagirá, salvo para parte final do dispositivo permite ao juiz a interpretação
beneficiar o acusado, dispositivo que, por- analógica, para solucionar a dúvida sobre o que conside-
tanto, não se estende às normas de caráter rar número excessivo de réus.
processual. Outras interpretações:
Se uma nova lei, após a prática do crime, Interpretação autêntica é quando a própria lei a in-
agrava a sua pena, não poderá atingir aquele terpreta, exemplo, a lei o crime praticado por funcionário
fato anterior. Se o novo dispositivo atenua público e a mesmo fonte, lei, define funcionário público.
a pena, retroagirá para beneficiar o infrator. Interpretação doutrinal é a força livre e criadora, vai
Por outro lado, a lei processual leva em con- além da lei, é ampla, os doutrinadores se encarregam de
sideração a data da realização do ato, e não a explicar a lei. Interpretação judicial é menos abrangente
do crime. Se uma nova lei passa a prever que do que a doutrinal, é limitada à lei.
o prazo para recorrer de certa decisão é de 5 Interpretação gramatical ou literal é a primeira for-
dias, quando antes era de 10, aquele será o ma de interpretação procurada pelo aplicador da lei, sem
prazo que ambas as partes terão para a sua prejuízo das demais.
interposição Interpretação lógica ou teleológica é o exemplo do
Mas, cuidado, se a lei entra em vigor quando art. 155, do CP, que trata de “furto simples” e o parágra-
o prazo para o recurso já havia se iniciado, fo primeiro de sua figura agravada. O parágrafo segun-
deverá ser admitido o maior deles.
do traz a figura privilegiada e o quarto trata das figuras
qualificadas. Pode ter um crime qualificado e privilegiado
ao mesmo tempo? Não. Pela lógica somente poderia se
Observe se a lei trata de direito penal ou processual
penal, pois há normas Heterotópicas e, por isso, devemos estivesse em um parágrafo após a forma qualificada. Na
verificar o seu conteúdo por conter, excepcionalmente, prática, porém, o privilégio também se estende às figuras
regras de conteúdo processual e material, como ocorre qualificadas. Por quê? Por causa da política criminal, ar-
nos crimes contra a honra no Código Penal. Além disso, gumento combatido por muitos doutrinadores.
existem leis que tratam integralmente de determinados Interpretação sistemática, necessita para o melhor
crimes e que, em razão de sua abrangência, contêm nor- entendimento, analisar um grupo de dispositivos, pois
mas de direito material e também processual, como a Lei se analisar separadamente, pode ser erroneamente en-
nº 11.343/2006, a Lei antidrogas, que, além de definir os tendido, por exemplo, se analisarmos, separadamente,
crimes e as penas dos delitos ligados a entorpecentes, o art. 28, do CPP, entenderíamos que não há “Princípio
prevê o respectivo procedimento processual. da Obrigatoriedade”, mas se analisarmos o citado artigo
combinado com o art. 24, do CPP, percebe-se que o Mi-
Decorrido o prazo da vacatio legis, já está em vigor. nistério Público está adstrito ao princípio.
Interpretação histórica versa sobre a evolução histó-
• Sempre deve observar se a revogação é parcial, to- rica da lei. Interpretação restritiva é para casos em que a
tal, expressa ou tácita: lei diz mais do que deveria, como acontece no art. 271,
• Derrogação: parcial
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

do CPP, “exceto a prova testemunhal”.


• Ab-rogação: total
• Expressa: vem no texto da lei.
• Tácita: quando houve incompatibilidade entre lei FIQUE ATENTO!
nova e anterior, prevalecendo a lei nova.
Analogia não é forma de interpretação. Dife-
Interpretação da lei processual penal re-se do conceito de “interpretação analógi-
ca”. Forma de integração de um dispositivo
O art. 3º, do CPP, estabelece que a lei processual pe- legal. Hipótese para as quais não existe um
nal admita interpretação extensiva e aplicação analógica, dispositivo legal aplicável. Não é possível re-
bem como o suplemento dos princípios gerais de direito. gular toda a sorte de matéria processual pe-
A interpretação extensiva é quando o texto legal diz nal. Procura de um dispositivo que trate de
menos do que pretendia o legislador, de modo que o in- matéria semelhante, integrando lacunas. Lei
térprete estende o alcance do dispositivo a esta hipótese aplicável a fato semelhante.
não mencionada expressamente.

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DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS APLICÁVEIS AO acusatório puro, uma vez que, apesar de a regra ser a de
DIREITO PROCESSUAL PENAL que as partes devam produzir suas provas, admitem-se
exceções em que o próprio juiz pode determinar, de ofí-
O processo penal brasileiro é regulamentado por cio, sua produção de forma suplementar.
meio do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941, e O processo penal é regido por constitucionais e
recepcionado pela Constituição Federal, e por isso, quan- processuais.
do falamos de princípios do processo penal, devemos Princípio do Devido Processo Legal (art. 5º, LIV, da
observar os que estão contidos na Carta Magna. CF), não há privação de liberdade ou perda de bens sem
o devido processo legal.
O Estado possui duas funções do processo penal: Princípio do Estado ou Presunção de Inocência (art.
5º, LVII, da CF), ninguém será declarado culpado, e não,
• Jus puniendi: a competência de impor sanção. O que todos se presumem inocentes antes do trânsito em
jus puniendi abstrato nasce com a norma penal in- julgado da sentença penal condenatória.
criminadora e o jus puniendi concreto, com a prá- Princípio da Bilateralidade da Audiência ou Contradi-
tica da conduta; tório e Ampla Defesa (CF, art. 5º, V, da CF), supõe conhe-
• Jus persequend: a legitimidade de estar em juízo, cimento dos atos processuais pelo acusado e seu direito
reconhecer o direito de punir. Em regra é dever do de resposta e de reação.
Estado, e por exceção pode ser do ofendido. Princípio da Verdade Real, o processo penal busca
desvendar como os fatos efetivamente se passaram, não
O processo penal está relacionado diretamente com admitindo ficções e presunções processuais, diferente-
a infração penal, cabendo ao Estado solucionar o conflito mente do que ocorre no processo civil.
puniendi versus libertatis. Princípio da Oralidade consagra a preponderância da
linguagem falada sobre a escrita em relação aos atos des-
Sobre o sistema processual penal há três espécies: tinados a formar o convencimento do juiz. Decorre desse
princípio a opção pela qual os depoimentos de testemu-
• Inquisitivo, inquisitório ou judicialiforme: é o sistema nhas são prestados oralmente, salvo em casos excepcio-
em que cabe a um só órgão acusar e julgar. O juiz nais, em que a forma escrita é expressamente admitida.
dá início à ação penal e, ao final, ele mesmo profere Princípio da Publicidade (art. 5º, LX, e art. 93, IX, da
a sentença. É criticado por não garantir a imparciali- CF), poder ser geral ou especial, ou seja, para todo ou
dade do julgador. Era admitido em nossa legislação para as partes de um determinado processo.
em relação à apuração de todas as contravenções Princípio da Obrigatoriedade, o promotor não pode
penais e dos crimes de homicídio e lesões corporais transigir ou perdoar o autor do crime de ação pública.
culposos. Esse sistema foi banido de nossa legisla- Caso entenda, de acordo com sua própria apreciação dos
ção pelo art. 129, I, da CF, que conferiu ao Ministério elementos de prova, pois a ele cabe formar a opinio delicti,
Público a iniciativa exclusiva da ação pública. Obser- que há indícios suficientes de autoria e materialidade de
ve que nesse sistema processual, o direito de defesa crime que se apura mediante ação pública, estará obriga-
dos acusados nem sempre era observado em sua do a oferecer denúncia, salvo se houver causa impeditiva,
plenitude em razão de os seus requerimentos serem como, por exemplo, a prescrição, hipótese em que deverá
julgados pelo próprio órgão acusador. requerer o reconhecimento da extinção da punibilidade e,
• Acusatório ou contraditório: há separação entre os por consequência, o arquivamento do feito.
órgãos incumbidos de realizar a acusação e o julga- Princípio da Oficialidade (art. 129, I, da CF), o Ministério
mento, o que garante a imparcialidade do julgador Púbico Militar é o exclusivo dono da ação penal militar, que
e, por conseguinte, assegura a plenitude de defesa é sempre pública incondicionada, ressalvada a possibilida-
e o tratamento igualitário das partes. Considerando de da ação privada subsidiária da pública (art. 5º, LIX, da CF).
que a iniciativa é do órgão acusador, o defensor tem Princípio da Indisponibilidade do Processo, nos ter-
sempre o direito de se manifestar por último. A pro- mos do art. 42, do CPP, o Ministério Público não pode
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

dução das provas é incumbência das partes. desistir da ação por ele proposta. Tampouco pode de-
• Misto ou acusatório formal: há uma fase investiga- sistir de recurso que tenha interposto (art. 576, do CPP).
tória e persecutória preliminar conduzida por um Princípio do Juiz Natural ou Constitucional (art. 5º,
juiz e não por autoridade policial, seguida de uma XXXVII, da CF), não haverá juízo ou tribunal de exceção.
fase acusatória em que são assegurados todos os Princípio da Iniciativa das Partes e o Impulso Oficial
direitos do acusado e a independência entre acu- (CPP, art. 251, do CPP), o juiz não pode dar início ao pro-
sação, defesa e juiz. Atualmente é adotado em cesso sem a provocação da parte legítima. Neste sentido,
diversos países europeus e sua característica mar- o juiz não pode dar início à ação penal.
cante é a existência do Juizado de Instrução, fase Antes da promulgação da Constituição de 1988, exis-
preliminar instrutória presidida por juiz. tiam os chamados processos judicialiformes em que o
magistrado, mediante portaria, dava início à ação penal
No Brasil, o sistema adotado é acusatório, pois há cla- para apurar contravenções penais (art. 26 do CPP) e cri-
ra separação entre a função acusatória e a julgadora. É mes de homicídio ou lesão corporal culposa (art. 1º da
preciso, entretanto, salientar que não se trata do sistema Lei n. 4.611/65). É evidente que esses dispositivos não

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foram recepcionados pela Constituição, posto que o art. de existir. O que se encontra no texto constitucional são
129, I, da Constituição Federal conferiu ao Ministério garantias aos juízes para lhes assegurar a imparcialidade,
Público a titularidade exclusiva para a iniciativa da ação ou seja, vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade
nos crimes de ação pública. Nos crimes de ação privada de subsídios, como descrito no art. 95, caput, da CF, as-
exclusiva não existe previsão específica no texto consti- sim como a vedação a juízes e tribunais de exceção (art.
tucional, mas é evidente que o juiz não pode dar início à 5º, XXXVII, da CF).
ação neste tipo de delito por absoluta falta de legitimi- Princípio do Duplo Grau de Jurisdição também não
dade e interesse de agir. está descrito de forma expressa na Constituição, mas é
Princípio do Impulso Oficial ou Ativação da Causa, facilmente percebido, posto que a competência recursal
apesar de a iniciativa da ação ser do Ministério Públi- dos diversos órgãos do Poder Judiciário está contida nos
co ou do ofendido, não é necessário que, ao término de arts. 102, II e III; 105, II e III; 108, II, e 125, § 1º, da CF.
cada fase processual, requeiram que se passe à próxima. Por este princípio as partes têm direito a uma nova apre-
Pelo princípio do impulso oficial deve o juiz, de ofício, ciação, total ou parcial, da causa, por órgão superior do
determinar que se passe à fase seguinte. Poder Judiciário.
Princípio da Identidade Física do Juiz, segundo o art. Princípio da Oportunidade ou da Conveniência signi-
399, § 2º, do Código de Processo Penal, o juiz que presi- fica que, ainda que haja provas cabais contra os autores
dir a audiência deverá proferir a sentença. Tal dispositivo da infração penal, pode o ofendido preferir não os pro-
é de óbvia relevância já que as impressões daquele que cessar. Na ação privada, o ofendido ou seu representante
colheu pessoalmente a prova são relevantíssimas no pro- legal decide, de acordo com seu livre-arbítrio, se vai ou
cesso decisório. Como o Código de Processo Penal não não ingressar com a ação penal.
disciplina o tema, aplica-se, por analogia, o disposto no Princípio da Intranscendência (art. 5º, XLV, da CF) sig-
art. 132 do Código de Processo Civil: “o juiz, titular ou nifica que a pena não pode passar da pessoa do conde-
substituto, que concluir a audiência, julgará a lide (...)”. nado, podendo a obrigação de reparar o dano e a de-
Proibição das Provas Ilícitas (art. 5º, LVI, da CF), versa cretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei,
sobre a inadmissibilidade das provas obtidas mediante estendidas aos sucessores e contra eles executadas até o
prática de algum ilícito penal, civil ou administrativo. limite do valor do patrimônio transferido.
Princípio “Favor Rei”, significa que, na dúvida, o juiz Princípio da Correlação impede que o juiz, ao proferir
deve optar pela solução mais favorável ao acusado (in sentença, extrapole os limites da acusação. Trata-se da
dubio pro reo). Dessa forma, havendo duas interpreta- vedação ao julgamento extra petita, ou seja, ao senten-
ções acerca de determinado tema, deve-se optar pela ciar a ação, deve ater-se ao fato descrito na denúncia ou
mais benéfica. Se a prova colhida gerar dúvida quanto à queixa, não podendo extrapolar seus limites.
autoria, o réu deve ser absolvido. Princípio Contra a Autoincriminação significa que
Princípio do Promotor Natural é o princípio decor- o Poder Público não pode constranger o indiciado ou
rente da interpretação de que a garantia contida no art. acusado a cooperar na investigação penal ou a produ-
5º, LIII, da CF, de “ninguém será processado nem sen- zir provas contra si próprias. É evidente que o indiciado
tenciado senão pela autoridade competente” consagra ou réu não estão proibidos de confessar o crime ou de
não apenas o princípio do juiz natural, mas, também, o apresentar provas que possam incriminá-los. Eles apenas
direito de toda pessoa ser acusada por um órgão esta- não podem ser obrigados a fazê-lo e, da recusa, não po-
tal imparcial, cujas atribuições tenham sido previamente dem ser extraídas consequências negativas no campo da
definidas pela lei. Desse modo, há violação do devido convicção do juiz.
processo legal na hipótese de alteração casuística de cri- Princípio da Motivação das Decisões Judiciais É evi-
térios prefixados de atribuição. Veda-se, portanto, que dente que em um Estado de Direito os juízes devem
chefe da instituição designe membros para atuar em ca- expor as razões de fato e de direito que os levaram a
sos específicos. determinada decisão. O texto constitucional é claro em
Princípio da Razoável Duração do Processo e Garan- salientar a nulidade da sentença cuja fundamentação
tia da Celeridade Processual (EC nº 45, da CF), objetivo seja deficiente.Tal deficiência é nítida quando o juiz uti-
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

a ser alcançado. Assegura às partes o direito de obter liza argumentos genéricos, sem apontar nos autos as
provimento jurisdicional em prazo razoável e de dispor provas específicas que o levaram à absolvição ou conde-
de meios que garantam a celeridade da tramitação do nação ou ao reconhecimento de qualquer circunstância
processo. O processo é instrumento para aplicação efe- que interfira na pena. Não pode o juiz se limitar a dizer,
tiva do direito material, razão pela qual sua existência por exemplo, que a prova é robusta e, por isso, embasa a
não pode se eternizar ou ser demasiado longa, sob pena condenação. Deve apontar especificamente na sentença
de esvaziamento de sua finalidade. Como consequência quais são e em que consistem estas provas.
desse princípio, o juiz pode de indeferir as provas consi- O processo penal observa, além desses princípios
deradas irrelevantes, impertinentes ou protelatórias (art. outros dispositivos contidos nos incisos do art. 5º da
400, § 1º, do CPP). Constituição Federal, como assegurar a liberdade de lo-
Princípio da Imparcialidade do Juiz é um princípio que comoção dentro do território nacional (inciso XV), dispor
não existe artigo expresso na constituição dizendo que o a cerca da personalização da pena (inciso XLV), cuidar
juiz deve ser imparcial, pois a própria função de magis- do princípio do contraditório e da ampla defesa, as-
trado tem, na imparcialidade, a sua essência, a sua razão sim como da presunção da inocência (inciso LV e LVII,

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respectivamente), no sentido de que “Ninguém será pre- FORMAS DE INSTAURAÇÃO
so senão em flagrante delito, ou por ordem escrita e fun-
damentada da autoridade competente...”. INSTAURAÇÃO DO INQUÉRITO
Acrescenta do art. 5º, da CF, o inciso LXV, traz que “a
prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autorida- Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas auto-
de judiciária”, o inciso LXVI, que estabelece que ninguém ridades policiais no território de suas respectivas cir-
será levado à prisão ou nela mantido quando a lei admitir cunscrições e terá por fim a apuração das infrações
a liberdade provisória, com ou sem o pagamento de fian- penais e da sua autoria. (Redação dada pela Lei nº
ça. O inciso LXVII, que não haverá prisão civil por dívida, 9.043, de 9.5.1995)
exceto a do responsável pelo inadimplemento voluntário Parágrafo único. A competência definida neste artigo
e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário não excluirá a de autoridades administrativas, a quem
infiel. por lei seja cometida a mesma função.
Inclui o inciso LXVIII, onde prescreve que será conce-
dido habeas corpus sempre que alguém sofrer ou julgar-
Art. 5° Nos crimes de ação pública o inquérito policial
-se ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liber-
será iniciado:
dade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder.
I - de ofício;
E ainda o inciso LXXV, que o Estado indenizará toda a
pessoa condenada por erro judiciário, bem como aquela II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do
que ficar presa além do tempo fixado na sentença. Ministério Público, ou a requerimento do ofendido ou
de quem tiver qualidade para representá-lo.
§ 1o O requerimento a que se refere o no II conterá
sempre que possível:
a) a narração do fato, com todas as circunstâncias;
INQUÉRITO POLICIAL b) a individualização do indiciado ou seus sinais ca-
racterísticos e as razões de convicção ou de presunção
de ser ele o autor da infração, ou os motivos de impos-
INQUÉRITO POLICIAL sibilidade de o fazer;
c) a nomeação das testemunhas, com indicação de
A polícia judiciária é exercida pelas autoridades po- sua profissão e residência.
liciais, delegados de polícia civil e delegados de polícia § 2o Do despacho que indeferir o requerimento de
federal, no território de suas respectivas circunscrições abertura de inquérito caberá recurso para o chefe de
e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua Polícia.
autoria. Esta competência não exclui a de autoridades § 3o Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento
administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma da existência de infração penal em que caiba ação pú-
função. blica poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la
Nos crimes de ação pública o inquérito policial será à autoridade policial, e esta, verificada a procedência
iniciado de ofício, ou mediante requisição da autoridade das informações, mandará instaurar inquérito.
judiciária ou do Ministério Público, ou a requerimento do § 4o O inquérito, nos crimes em que a ação pública
ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo. depender de representação, não poderá sem ela ser
O requerimento a que se refere do ofendido ou de iniciado.
quem tiver qualidade para representar a vítima, deve § 5o Nos crimes de ação privada, a autoridade policial
conter, sempre que possível, a narração do fato, com somente poderá proceder a inquérito a requerimento
todas as circunstâncias, além da individualização do in- de quem tenha qualidade para intentá-la.
diciado ou seus sinais característicos e as razões de con-
vicção ou de presunção de ser ele o autor da infração, ou Art. 6o Logo que tiver conhecimento da prática da
os motivos de impossibilidade de fazê-lo. E também, se infração penal, a autoridade policial deverá:
possível, a nomeação das testemunhas, com indicação I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

de sua profissão e residência. alterem o estado e conservação das coisas, até a che-
Delatio criminis é quando qualquer pessoa do povo gada dos peritos criminais; (Redação dada pela Lei nº
que tiver conhecimento da existência de infração penal 8.862, de 28.3.1994)
em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por II - apreender os objetos que tiverem relação com o
escrito, comunicá-la à autoridade policial, e esta, verifi- fato, após liberados pelos peritos criminais; (Redação
cada a procedência das informações, mandará instaurar dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994)
inquérito. III - colher todas as provas que servirem para o escla-
Nos crimes em que a ação pública depender de re- recimento do fato e suas circunstâncias;
presentação, o inquérito policial não poderá ser iniciado IV - ouvir o ofendido;
sem a representação. V - ouvir o indiciado, com observância, no que for
Já nos crimes de ação privada, a autoridade policial aplicável, do disposto no Capítulo III do Título Vll, des-
somente poderá proceder a inquérito a requerimento de te Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por
quem tenha qualidade para intentá-la. duas testemunhas que Ihe tenham ouvido a leitura;

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VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e depois do crime e durante ele, e quaisquer outros
a acareações; elementos que contribuírem para a apreciação do
VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame seu temperamento e caráter
de corpo de delito e a quaisquer outras perícias; • colher informações sobre a existência de filhos,
VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo proces- respectivas idades e se possuem alguma deficiên-
so datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos cia e o nome e o contato de eventual responsável
sua folha de antecedentes; pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa
IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o presa.
ponto de vista individual, familiar e social, sua condi-
ção econômica, sua atitude e estado de ânimo antes O art. 7º, do CPP, trata de reprodução simulada dos
e depois do crime e durante ele, e quaisquer outros fatos, que para verificar a possibilidade de haver a infra-
elementos que contribuírem para a apreciação do seu ção sido praticada de determinado modo, a autoridade
temperamento e caráter. policial poderá usar esse recurso, desde que esta não
X - colher informações sobre a existência de filhos, res- contrarie a moralidade ou a ordem pública.
pectivas idades e se possuem alguma deficiência e o Havendo prisão em flagrante, deverá observar que,
nome e o contato de eventual responsável pelos cui- apresentado o preso à autoridade competente, esta ou-
dados dos filhos, indicado pela pessoa presa. (Incluído virá o condutor e colherá, desde logo, sua assinatura, en-
pela Lei nº 13.257, de 2016) tregando a este cópia do termo e recibo de entrega do
preso. Em seguida, procederá à oitiva das testemunhas
que o acompanharem e ao interrogatório do acusado
FIQUE ATENTO!
sobre a imputação que lhe é feita, colhendo, após cada
Cabe Agravo de Instrumento contra despa- oitiva suas respectivas assinaturas, lavrando, a autorida-
cho que indeferir o requerimento de abertu- de, afinal, o auto.
ra de inquérito. Resultando das respostas fundada a suspeita contra
o conduzido, a autoridade mandará recolhê-lo à prisão,
A autoridade policial deverá, logo que tiver conheci- exceto no caso de livrar-se solto ou de prestar fiança, e
mento da prática da infração penal: prosseguirá nos atos do inquérito ou processo, se para
isso for competente. E se não o for competente, enviará
• dirigir-se ao local, providenciando para que não se os autos à autoridade que o seja. A falta de testemunhas
alterem o estado e conservação das coisas, até a da infração não impedirá o auto de prisão em flagrante;
chegada dos peritos criminais. mas, nesse caso, com o condutor, deverão assiná-lo pelo
• apreender os objetos que tiverem relação com o menos duas pessoas que hajam testemunhado a apre-
fato, após liberados pelos peritos criminais. sentação do preso à autoridade.
• colher todas as provas que servirem para o escla- Observe que quando o acusado se recusar a assinar,
recimento do fato e suas circunstâncias não souber ou não puder fazê-lo, o auto de prisão em
• ouvir o ofendido. flagrante será assinado por duas testemunhas, que te-
• ouvir o indiciado, com observância, no que for apli- nham ouvido sua leitura na presença deste.
cável, do disposto sobre o interrogatório do acu- Da lavratura do auto de prisão em flagrante deverá
sado, devendo o respectivo termo ser assinado por constar a informação sobre a existência de filhos, respec-
duas testemunhas que lhe tenham ouvido a leitura. tivas idades e se possuem alguma deficiência e o nome
• proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos
acareações. filhos, indicado pela pessoa presa.
• determinar, se for caso, que se proceda a exame de A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encon-
corpo de delito e a quaisquer outras perícias. tre serão comunicados imediatamente ao juiz competen-
• ordenar a identificação do indiciado pelo processo te, ao Ministério Público e à família do preso ou à pessoa
datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos por ele indicada. Em até 24 (vinte e quatro) horas após
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

sua folha de antecedentes deve ter ressalvas. O art. a realização da prisão, será encaminhado ao juiz compe-
5º, LVIII, da CF, passou a estabelecer que o civil- tente o auto de prisão em flagrante e, caso o autuado
mente identificado não será submetido a identi- não informe o nome de seu advogado, cópia integral
ficação criminal, salvo nas hipóteses previstas em para a Defensoria Pública.
lei. Esta norma, pretendeu resguardar o indivíduo No mesmo prazo, será entregue ao preso, median-
civilmente identificado, preso em flagrante, indi- te recibo, a nota de culpa, assinada pela autoridade,
ciado ou mesmo denunciado, do constrangimento com o motivo da prisão, o nome do condutor e os das
de se submeter às formalidades de identificação testemunhas.
criminal - fotográfica e datiloscópica - considera- Quando o fato for praticado em presença da au-
das por muitas vexatórias, principalmente quando toridade, ou contra esta, no exercício de suas funções,
documentadas pelos órgãos da imprensa. constarão do auto a narração deste fato, a voz de prisão,
• averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o pon- as declarações que fizer o preso e os depoimentos das
to de vista individual, familiar e social, sua condição testemunhas, sendo tudo assinado pela autoridade, pelo
econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e preso e pelas testemunhas e remetido imediatamente ao

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juiz a quem couber tomar conhecimento do fato deli- das formalidades legais ou com o objetivo de obter lu-
tuoso, se não o for a autoridade que houver presidido cro, o membro do Ministério Público ou o delegado de
o auto. polícia poderá requisitar, de quaisquer órgãos do poder
Se o réu se livrar solto, deverá ser posto em liberdade, público ou de empresas da iniciativa privada, dados e in-
depois de lavrado o auto de prisão em flagrante. formações cadastrais da vítima ou de suspeitos.
Todas as peças do inquérito policial serão, num Esta requisição será atendida no prazo de 24 (vinte e
só processado, reduzidas a escrito e rubricadas pela quatro) horas e conterá:
autoridade.
• o nome da autoridade requisitante.
• o número do inquérito policial.
FIQUE ATENTO!
• a identificação da unidade de polícia judiciária res-
O inquérito deverá terminar no prazo de ponsável pela investigação.
10 dias, se o indiciado tiver sido preso em
flagrante, ou estiver preso preventivamen- Se necessário à prevenção e à repressão dos crimes
te, contado o prazo, nesta hipótese, a par- relacionados ao tráfico de pessoas, o membro do Minis-
tir do dia em que se executar a ordem de tério Público ou o delegado de polícia poderão requi-
prisão.
sitar, mediante autorização judicial, às empresas presta-
O inquérito deverá terminar no prazo de
doras de serviço de telecomunicações e/ou telemática
30 dias, quando estiver solto, mediante
que disponibilizem imediatamente os meios técnicos
fiança ou sem ela.
adequados, como sinais, informações e outros, que per-
mitam a localização da vítima ou dos suspeitos do delito
em curso.
Com a conclusão do inquérito, a autoridade fará mi- Sobre a prevenção e a repressão dos crimes relacio-
nucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará au- nados ao tráfico de pessoas, não havendo manifestação
tos ao juiz competente. Neste relatório autoridade pode judicial no prazo de 12 (doze) horas, a autoridade com-
indicar testemunhas que não tiverem sido inquiridas, petente requisitará às empresas prestadoras de serviço
mencionando o lugar onde possam ser encontradas. de telecomunicações e/ou telemática que disponibilizem
Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado imediatamente os meios técnicos adequados, como si-
estiver solto, a autoridade poderá requerer ao juiz a devo- nais, informações e outros, que permitam a localização
lução dos autos, para ulteriores diligências, que serão rea- da vítima ou dos suspeitos do delito em curso, com ime-
lizadas no prazo marcado pelo juiz. Há hipóteses em que, diata comunicação ao juiz.
para dar início à ação penal, o Ministério Público pode Para os efeitos acima exposto, sinal significa posicio-
requer diligências, por meio da autoridade judiciária, para namento da estação de cobertura, setorização e intensi-
a autoridade policial em prazo por aquele fixando. dade de radiofrequência. Ainda nesta hipótese, o sinal:
Os instrumentos do crime, bem como os objetos
que interessarem à prova, acompanharão os autos do • não permitirá acesso ao conteúdo da comunicação
inquérito. de qualquer natureza, que dependerá de autoriza-
O inquérito policial acompanhará a denúncia ou quei- ção judicial, conforme disposto em lei
xa, sempre que servir de base a uma ou outra. • deverá ser fornecido pela prestadora de telefonia
Incumbirá ainda à autoridade policial: móvel celular por período não superior a 30 (trin-
ta) dias, renovável por uma única vez, por igual
• fornecer às autoridades judiciárias as informa- período
ções necessárias à instrução e julgamento dos • para períodos superiores a 30 (trinta) dias, será ne-
processos. cessária a apresentação de ordem judicial.
• realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo
Ministério Público. FIQUE ATENTO!
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

• cumprir os mandados de prisão expedidos pelas


Ainda nesta hipótese, prevenção e repres-
autoridades judiciárias.
são dos crimes relacionados ao tráfico de
• representar acerca da prisão preventiva.
pessoas o inquérito policial deverá ser ins-
taurado no prazo máximo de 72 (setenta
Nos crimes previstos nos arts. 148, sequestro e cárce- e duas) horas, contado do registro da res-
re privado, 149, redução a condição análoga de escravo, pectiva ocorrência policial.
149-A, tráfico de pessoas, no § 3º do art. 158, extorsão
mediante a restrição da liberdade da vítima, sendo esta
condição necessária para a obtensão da vantagem eco- O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado
nômica, e no art. 159, extorsão mediante sequestro, tudo poderão requerer qualquer diligência, que será realizada,
do CP, e ainda no art. 239, da Lei nº 8.069, de 13 de julho ou não, a juízo da autoridade policial.
de 1990, Estatuto da Criança e do Adolescente, promo- Se o indiciado for menor, ser-lhe-á nomeado curador
ver ou auxiliar a efetivação de ato destinado ao envio de pela autoridade policial.
criança ou adolescente para o exterior com inobservância

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O Ministério Público não poderá requerer a devolu- arquivamento e remeter os autos à revisão ministerial
ção do inquérito à autoridade policial, senão para novas para fins de homologação (não precisa requerer o arqui-
diligências, imprescindíveis ao oferecimento da denúncia. vamento ao Juiz!)
A autoridade policial não poderá mandar arquivar au-
tos de inquérito.
FIQUE ATENTO!
Depois de ordenado o arquivamento do inquérito
pela autoridade judiciária, por falta de base para a de- Súmula 524: Arquivado o inquérito poli-
núncia, a autoridade policial poderá proceder a novas cial, por despacho do juiz, a requerimento
pesquisas, se de outras provas tiver notícia. do promotor de justiça, não pode a ação
penal ser iniciada, sem novas provas.

FIQUE ATENTO!
Súmula n. 524 do Supremo Tribunal Fe- O que é “auto de resistência”? O exemplo típico ocor-
deral: “arquivado o inquérito policial, por re quando o policial mata um suspeito, alegando que
despacho do juiz, a requerimento do pro- houve resistência dele. A ocorrência é registrada como
motor de justiça, não pode a ação penal “auto de resistência”. Como as testemunhas são os pró-
ser iniciada sem novas provas”. prios policiais, o crime geralmente não passa por uma
profunda investigação.
Nos crimes em que não couber ação pública, os autos Art. 292. Se houver, ainda que por parte de terceiros,
do inquérito serão remetidos ao juízo competente, onde resistência à prisão em flagrante ou à determinada
aguardarão a iniciativa do ofendido ou de seu represen- por autoridade competente, o executor e as pessoas
tante legal, ou serão entregues ao requerente, se o pedir, que o auxiliarem poderão usar dos meios necessá-
mediante traslado. rios para defender-se ou para vencer a resistência, do
A autoridade assegurará no inquérito o sigilo neces- que tudo se lavrará auto subscrito também por duas
sário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da testemunhas.
sociedade. Nos atestados de antecedentes que lhe forem
solicitados, a autoridade policial não poderá mencionar DISCUSSÕES DOUTRINÁRIAS ACERCA DO INQUÉ-
quaisquer anotações referentes a instauração de inquéri- RITO POLICIAL: INDISPENSABILIDADE
to contra os requerentes.
A incomunicabilidade do indiciado dependerá sem- O Inquérito Policial é um procedimento administra-
pre de despacho nos autos e somente será permitida tivo inquisitivo e preparatório, presidido pelo delegado
quando o interesse da sociedade ou a conveniência da de polícia, repleto de diligências realizadas pela polícia
investigação o exigir. Esse dispositivo contido no art. 21, investigativa, importantíssimo para a colheita de elemen-
e seu parágrafo único, do CPP, apesar de não ter sido tos de informação quanto à autoria e materialidade da
revogado expressamente, torna-se inaplicável em razão infração, a fim de possibilitar que o titular da ação penal
do disposto no art. 136, § 3º, IV, da CF, que veda a inco- ingresse em juízo. Existe forte discussão sobre dispen-
municabilidade, até mesmo quando decretado o estado sabilidade ou indispensabilidade de tal peça. A doutrina
de defesa. que aponta para a sua indispensabilidade defende que a
No Distrito Federal e nas comarcas em que houver instauração do inquérito policial é a principal forma de
mais de uma circunscrição policial, a autoridade com evitar acusações precipitadas. A recomendação é que ao
exercício em uma delas poderá, nos inquéritos a que es- receber a notícia de um crime, ainda que já disponha de
teja procedendo, ordenar diligências em circunscrição de elementos suficientes para dar suporte à denúncia, o Mi-
outra, independentemente de precatórias ou requisições, nistério Público encaminhe os documentos à polícia ju-
e bem assim providenciará, até que compareça a auto- diciária, requisitando a instauração de inquérito policial.
ridade competente, sobre qualquer fato que ocorra em Essa providência nada mais é do que o reconhecimento
sua presença, noutra circunscrição. da instrução preliminar como freio aos excessos da per-
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Ao fazer a remessa dos autos do inquérito ao juiz seguição estatal, para que a persecução penal tenha iní-
competente, a autoridade policial oficiará ao Instituto de cio perante órgão imparcial antes que o órgão acusador
Identificação e Estatística, ou repartição congênere, men- tome frente. Para tais adeptos, nos crimes de ação penal
cionando o juízo a que tiverem sido distribuídos, e os pública incondicionada a regra é a obrigatoriedade de
dados relativos à infração penal e à pessoa do indiciado. instauração do inquérito policial, e este procedimento
deve acompanhar a peça acusatória sempre que servir
DO INQUÉRITO POLICIAL- ALTERAÇÃO PACOTE de suporte à acusação.
ANTI CRIME Todavia, a doutrina majoritária ainda se filia à dispen-
sabilidade do IP, sob o argumento que é uma peça mera-
(art. 14-A, do Código de Processo Penal). mente informativa. Renato Brasileiro defende que desde
que o titular da ação penal (MP ou ofendido) disponha
Arquivamento do Inquérito Policial: antes o arqui- de substrato mínimo necessário para o oferecimento da
vamento do IP era realizado no âmbito da Justiça, po- peça acusatória, o IP será perfeitamente dispensável.
rém agora o Ministério poderá ordenar diretamente o

8
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA • Durante a prisão em flagrante a autoridade policial
não pode ler mensagens do preso, pois exige-se
O princípio da insignificância, também conhecido autorização judicial.
como bagatela, conduz à atipicidade da conduta, pois • É nula a decisão judicial que autoriza o espelha-
apesar de existir um dispositivo penal incriminando a mento do aplicativo de mensagens WhatsApp, por
conduta (tipicidade formal), não há relevância da lesão meio da página WhatsApp Web.
ao bem jurídico (tipicidade material). • É lícita a perícia realizada sem autorização em celu-
Portanto, se a lesão ou ameaça de lesão forem ín- lar entregue pela esposa da vítima de homicídio.
fimas, não haverá tipicidade material, por incidência do
princípio da insignificância. Ademais, nos crimes de sequestro, redução a condi-
O STF, no julgamento do HC 116.242 (17/09/2013), ção análoga a de escravo, tráfico de pessoas, extorsão
Primeira Turma, estabeleceu requisitos que vêm sendo, com restrição da liberdade da vítima, extorsão mediante
desde então, adotados para se aferir a incidência ou não sequestro, envio de criança ou adolescente ao exterior, o
do princípio da insignificância (“MARI”): membro do Ministério Público ou o delegado de polícia
poderão requisitar, de quaisquer órgãos do poder públi-
Mínima ofensividade da conduta do agente; co ou de empresas da iniciativa privada, dados e infor-
Ausência de periculosidade social da ação; mações cadastrais da vítima ou de suspeitos.
Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; Por outro lado, nos crimes relacionados ao tráfico de
Inexpressividade da lesão jurídica causada. pessoas, o membro do Ministério Público ou o delega-
do de polícia poderão requisitar, mediante autorização
judicial, às empresas prestadoras de serviço de teleco-
FIQUE ATENTO! municações e/ou telemática que disponibilizem imedia-
Casos em que o princípio da insignificância tamente os meios técnicos adequados – como sinais,
não pode ser aplicado: informações e outros – que permitam a localização da
• Crimes contra a Administração Pública; vítima ou dos suspeitos do delito em curso.
• Moeda falsa; Não havendo manifestação judicial no prazo de 12
• Tráfico de drogas; horas, a autoridade competente requisitará às empre-
• Roubo e outros crimes praticados com violên- sas prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou
cia ou grave ameaça (ex. violência doméstica). telemática que disponibilizem imediatamente os meios
técnicos adequados – como sinais, informações e outros
– que permitam a localização da vítima ou dos suspeitos
Por fim, é importante saber que, o STF vem utilizando
do delito em curso, com imediata comunicação ao juiz.
a teoria da “reiteração não cumulativa de condutas de
gêneros distintos”, a fim de admitir a incidência do prin-
cípio da insignificância na hipótese de réu reincidente, #FicaDica
com a ressalva de que a condenação anterior não pode
caracterizar reincidência específica (pelo mesmo crime). O inquérito policial deverá ser instaurado no
Exemplo: o réu já possui condenação por lesão corporal prazo máximo de 72 horas, contado do re-
leve e, no processo em análise, é denunciado em razão gistro da respectiva ocorrência policial.
da prática, em tese, do furto de uma camiseta, avaliada
em R$ 10,00 (dez reais). Como são crimes de natureza
TERMO CIRCUNSTANCIADO
distinta aplica-se o princípio da insignificância.
De acordo com a Lei 9.099/95 (Lei dos Juizados Espe-
PODER REQUISITÓRIO
ciais Criminais) a autoridade policial que tomar conhe-
cimento da ocorrência de um crime de menor potencial
O poder requisitório consiste em permitir que a auto-
ofensivo lavrará termo circunstanciado (TC), substitutivo
ridade da polícia judiciária tenha acesso direto (indepen-
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

do IP, e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com


dentemente de autorização judicial) a informações em
o autor do fato e a vítima, providenciando-se as requisi-
prol do interesse da coletividade, isto é, buscar a verdade
ções dos exames periciais necessários.
na investigação criminal.
Ao autor do fato que, após a lavratura do TC, for ime-
Excepcionalmente, quando a Constituição ou a pró-
diatamente encaminhado ao juizado ou assumir o com-
pria lei exigir prévia ordem judicial para a obtenção dos
promisso de a ele comparecer, não se imporá prisão em
elementos, o delegado não poderá acessá-los direta-
flagrante, nem se exigirá fiança.
mente, em razão da cláusula de reserva de jurisdição.
Se não há previsão de pena de prisão para o crime,
mesmo que o autor do fato não assuma tal compromisso
Algumas situações já foram pacificadas pelo STF e STJ:
não poderá ser preso, pela falta de previsão legal neste
sentido (ex. drogas para consumo pessoal).
• Durante a prisão em flagrante a autoridade policial
pode extrair dados do celular do preso – ex. lista de
telefonemas.

9
#FicaDica
Os crimes de menor potencial ofensivo são aqueles com a pena máxima até 02 anos e as contravenções
penais.

AÇÃO PENAL

AÇÃO PENAL PÚBLICA E PRIVADA

Em sentido amplo, ação penal pode ser conceituada como um direito público subjetivo ao exercício da atividade
jurisdicional.
Contudo, é em seu sentido estrito que normalmente é conceituada. Neste sentido, a ação penal consiste em um
direito público subjetivo de pedir ao Estado (Poder Judiciário) uma prestação jurisdicional, aplicando o direito penal a
um determinado fato.
O direito de ação fundamenta-se no art. 5.º, XXXV, da Constituição Federal, segundo o qual “a lei não excluirá da
apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”.

Natureza jurídica

Com base no conceito acima apresentado, podemos concluir que a natureza jurídica da ação penal é de direito
público subjetivo.

Características

Tradicionalmente, são apontadas as seguintes características do direito de ação:


Público: serve para provocar a atuação do Estado, por meio de seu Poder Judiciário.
Autônomo: o direito de ação não se confunde com o direito subjetivo material (direito de punir) que se busca
tutelar.
Abstrato: o direito de ação não depende da existência do direito material. Assim, mesmo que, ao final, seja prolatada
uma sentença absolutória, o direito de ação terá sido exercido.
Subjetivo: o titular do direito de ação penal pode exigir do Estado-Juiz a prestação jurisdicional relacionada a um
caso concreto.
Determinado: esse direito está instrumentalmente ligado a um fato concreto.
Específico: apresenta um conteúdo, que consiste na pretensão deduzida em juízo.
Segundo a teoria eclética, a ação penal é um direito subjetivo e abstrato, que não depende da existência do direito
material.
Para o exercício do direito de ação, o ordenamento jurídico exige o preenchimento de certos requisitos, os quais
são denominadas condições da ação.
A presença das condições da ação é analisada com base nos fatos veiculados na própria peça inicial (denúncia ou
queixa). Trata-se, portanto, da aplicação da teoria da asserção (in statu assertionis) ou teoria dela prospettazione.
As condições da ação são tradicionalmente divididas em condições genéricas e específicas.
As condições da ação genéricas são aquelas que devem estar presentes em qualquer ação penal, independente da
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

natureza ou do tipo legal infringido.

As condições genéricas da ação são:

10
Possibilidade jurídica do pedido

O pedido deve se referir a uma providência admitida pelo direito objetivo.


Assim sendo, a conduta imputada na inicial (denúncia ou queixa) deve estar prevista em lei como crime ou contra-
venção penal, ou seja, ser penalmente típica.
Da mesma maneira, o pedido deve manejado na peça acusatória deve ser admitido no ordenamento jurídico, mo-
tivo pelo qual não será juridicamente possível o pedido de condenação do réu à pena de morte por crime praticado
em tempo de paz.
Divergência doutrinária: importantes doutrinadores (a exemplo de Denilson Feitoza e Renato Brasileiro) sustentam
que a possibilidade jurídica do pedido não se caracteriza como uma das condições da ação, mas sim como matéria a ser
analisada quando o julgador adentrar o mérito. Neste sentido, caso o pedido seja juridicamente impossível, não deve o
magistrado rejeitar a inicial acusatória, mas, sim, prolatar uma sentença absolutória. Isto posto, o estudo das condições
genéricas da ação estaria limitado aos demais requisitos a seguir apresentados.

Interesse de agir

O interesse de agir também é denominado interesse processual e consiste na verificação, em abstrato, acerca da
efetiva necessidade do provimento jurisdicional, ou seja, deve-se verificar se a prestação jurisdicional é necessária e
útil, a fim de que não haja uma movimentação desnecessária do aparato judiciário. O interesse de agir subdivide-se em
necessidade e utilidade.
Necessidade: consiste na impossibilidade de se obter a satisfação do direito sem a intervenção do Estado-juiz. No
âmbito processual penal, essa necessidade é implícita na ação penal condenatória, porquanto não é possível a aplica-
ção da sanção penal sem que seja observado o devido processo legal.
Utilidade: é a aptidão do provimento para satisfazer, concretamente, o interesse do autor. Só haverá utilidade se for
possível a realização do jus puniendi estatal, com eventual aplicação da sanção penal.

Legitimidade da parte

Também denominada legitimidade “ad causam” ou legitimidade de agir, a legitimidade de parte refere-se à capaci-
dade de ocupar um dos polos (ativo ou passivo) da relação processual penal.
No polo ativo, quando se tratar de ação penal pública, o titular da ação penal será o Ministério Público, nos termos
do art. 129, I, da Constituição Federal. Já na ação penal de inciativa privada, a legitimidade de agir será do ofendido ou
de seu representante legal. Do outro lado, somente os maiores de 18 anos no momento do fato (crime ou contraven-
ção) poderão ser sujeitos passivos de um processo criminal. Os menores de 18 anos são inimputáveis, nos termos do
art. 27 do Código Penal e art. 228 da Constituição Federal, não podendo, portanto, ocupar o polo passivo da relação
processual penal, sujeitando-se apenas às medidas estabelecidas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente.

NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

• Pessoa jurídica

No que tange à legitimidade “ad causam”, faz-se necessário analisar a possibilidade de a pessoa jurídica ocupar
um dos polos da relação processual penal. No polo ativo, segundo o art. 37 do Código de Processo Penal, as pessoas
jurídicas deverão ser representadas por quem os respectivos contratos ou estatutos designarem ou, no silêncio destes,
pelos seus diretores ou sócios-gerentes.

Art. 37. As fundações, associações ou sociedades legalmente constituídas poderão exercer a ação penal, devendo ser
representadas por quem os respectivos contratos ou estatutos designarem ou, no silêncio destes, pelos seus diretores
ou sócios-gerentes.
Quando, no curso do processo penal, sendo querelante a pessoa jurídica, essa se extinguir sem deixar sucessor, a

11
ação penal deverá ser extinta, sem julgamento do mérito, Referentes a certas infrações penais
em virtude da perempção, nos termos do art. 60, IV, do
CPP. 1. Representação do ofendido ou de seu represen-
Quanto à possibilidade de a pessoa jurídica ocupar o tante legal nos crimes sujeitos à ação penal pública
polo passivo da relação processual penal, tal hipótese é condicionada à representação, nos termos do art.
admitida nos crimes ambientais, em decorrência do dis- 38 e seguintes do Código de Processo Penal.
posto no art. 225, § 3.º, da Constituição Federal c/c o art. 2. Requisição do Ministro da Justiça, nas hipóteses
3.º da Lei nº 9.605/1998. expressamente previstas em lei.
3. O trânsito em julgado da sentença que, por motivo
Constituição Federal de erro ou impedimento, anule o casamento, nos
Art. 225 (...) crimes de induzimento a erro essencial e de oculta-
ção de impedimento de casamento, conforme art.
§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao 236, parágrafo único, do Código Penal.
meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas 4. Novas provas, quando o inquérito policial tiver
ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, in- sido arquivado com base na ausência de elemen-
dependentemente da obrigação de reparar os danos tos probatórios, consoante súmula n° 524 do Su-
causados. premo, segundo a qual “arquivado o inquérito
policial, por despacho do juiz, a requerimento do
Lei nº 9.605/1998 Promotor, não pode a ação penal ser iniciada sem
Art. 3º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas novas provas”.
administrativa, civil e penalmente conforme o dispos- 5. Exame pericial dos objetos que constituam o corpo
to nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida de delito, no processo por crime contra a proprie-
por decisão de seu representante legal ou contratual, dade imaterial, nos termos do a art. 525 do Código
ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício de Processo Penal.
da sua entidade.
Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurí- Art. 525. No caso de haver o crime deixado vestígio,
dicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, coauto- a queixa ou a denúncia não será recebida se não for
ras ou partícipes do mesmo fato. instruída com o exame pericial dos objetos que consti-
tuam o corpo de delito.
Atualmente, a jurisprudência do STF e do STJ conso-
lidou-se como sendo possível a responsabilização penal Relativas a determinados acusados/querelados
da pessoa jurídica por delitos ambientais independen-
temente da responsabilização concomitante da pessoa 1. Autorização da Câmara dos Deputados, por dois
física que agia em seu nome.
terços de seus membros, para a deflagração de
A jurisprudência não mais adota a chamada teoria da
processo contra o Presidente e o Vice-Presidente
“dupla imputação”, segundo a qual a responsabilidade
da República e os Ministros de Estado (art. 51, inc.
penal da pessoa jurídica só era possível se fosse em con-
I, da Constituição Federal).
junto com uma pessoa física.
Referentes a determinadas circunstâncias
Justa causa
Entrada do agente no território brasileiro, nas hipóte-
Para que a ação penal seja admitida é necessária a
ses de extraterritorialidade condicionada, de acordo com
existência de indícios suficientes de autoria e prova da
o art. 7º, § 2º, b, e § 3º, caput, do Código Penal.
materialidade a ensejar sua propositura. Consiste, por-
tanto, em um lastro probatório mínimo denominado “fu-
mus boni iuris” – aparência do direito à condenação. Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora come-
Além disso, é preciso que a punibilidade não este- tidos no estrangeiro:
(...)
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

ja extinta, seja pela prescrição, seja por qualquer outra


causa. § 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasilei-
Alguns autores tratam do fumus boni iuris como inte- ra depende do concurso das seguintes condições:
grante do conceito de interesse de agir, contudo nos fi- a) entrar o agente no território nacional;
liamos à corrente doutrinária que entende que a existên- b) ser o fato punível também no país em que foi
cia de indícios suficientes de autoria e a constatação da praticado;
materialidade compõem a justa causa, sendo esta uma c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei
condição autônoma. brasileira autoriza a extradição;
As condições da ação específicas, também denomina- d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou
das condições de perseguibilidade, condições especiais não ter aí cumprido a pena;
da ação, são aquelas condições que somente se aplicam e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou,
a certas infrações penais, a determinados acusados ou por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, se-
determinadas circunstâncias. gundo a lei mais favorável.

12
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime co- Art. 100, caput, do CP
metido por estrangeiro contra brasileiro fora do Bra- A ação penal é pública, salvo quando a lei expressa-
sil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo mente a declara privativa do ofendido.
anterior:
a) não foi pedida ou foi negada a extradição; O art. 24, § 2º, do CPP estabelece que, qualquer que
b) houve requisição do Ministro da Justiça. seja o crime, a ação será pública quando cometido em
A ação penal pública incondicionada é aquela em que detrimento de patrimônio ou interesse da União, Estado
sua propositura independe da manifestação de vonta- ou Município.
de da vítima ou de seu representante legal.

Titularidade EXERCÍCIO COMENTADO

Nos termos do art. 129, I, da Constituição Federal, ao 1. (ITEP-RN – AGENTE DE NECRÓPSIA – AOCP – 2018)
Ministério Público cabe, privativamente, a promoção da No que se refere à ação penal, de acordo com o Código
ação penal pública (condicionada ou incondicionada). de Processo Penal, é CORRETO afirmar que:
Art. 129. São funções institucionais do Ministério a) o Ministério Público é o titular exclusivo de todos os
Público: tipos de ação penal, dependendo, porém, nos casos
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na de ação penal privada, de anuência do ofendido para
forma da lei; o início do processo crime.
b) nos crimes de ação penal pública condicionada,
Assim sendo, a titularidade da ação penal pública in-
uma vez oferecida a representação, esta se torna
condicionada é privativa do Ministério Público (princípio
irretratável.
da autoritariedade ou oficialidade).
c) nas ações penais privadas, vindo o ofendido a falecer,
Participação do MP na fase de investigação o processo crime será declarado extinto.
d) o Ministério Público é o titular exclusivo da ação penal
Entendimento pacífico do Supremo Tribunal de Fede- pública, dependendo, porém, nos casos previstos em
ral e do Superior Tribunal de Justiça no sentido de que o lei, da representação do ofendido ou de quem tenha
Ministério Público pode, por autoridade própria, proce- qualidade para representá-lo, ou de requisição do Mi-
der a investigações, contudo isso se dará mediante pro- nistro da Justiça.
cedimentos específicos instaurados no órgão (Procedi- e) o Ministério Público poderá ingressar com a ação pe-
mento Investigatório Criminal, Inquérito Civil, Notícia de nal privada se o ofendido ou seu representante legal
Fato, etc.), mas não pode presidir nem instaurar inquérito não o fizerem no prazo de 06 (seis) meses.
policial, pois esta atribuição é exclusiva da autoridade
policial. Resposta: Letra D. Essa é a interpretação que se ex-
A participação do Ministério Público na investigação trai do art. 24, caput, do CPP, que nos crimes de ação
não acarreta a nulidade da ação penal referente aos mes- pública, esta será promovida por denúncia do Minis-
mos fatos, segundo entendimento do Supremo Tribunal tério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir,
Federal e do Superior Tribunal de Justiça. de requisição do Ministro da Justiça, ou de represen-
Da mesma forma, a participação de membro do MP tação do ofendido ou de quem tiver qualidade para
na fase de investigações não resulta em sua suspeição representá-lo.
para propositura da ação penal. Esse entendimento está
expresso na Súmula 234 do STJ. 2. (MPE-BA – ANALISTA TÉCNICO – AOCP – 2014)
Analise as assertivas e assinale a alternativa que aponta
Súmula 234-STJ: A Participação de membro do Minis- as CORRETAS.
tério Público na fase investigatória criminal não acar-
reta o seu impedimento ou suspeição para o ofereci-
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

I. O Ministério Público não poderá desistir da ação penal.


mento da denúncia. II. A queixa, ainda quando a ação penal for privativa do
ofendido, poderá ser aditada pelo Ministério Público,
Cabimento a quem caberá intervir em todos os termos subse-
quentes do processo.
Quando o tipo penal não fizer referência à espécie de III. O prazo para oferecimento da denúncia, estando o
ação penal cabível, esta será pública incondicionada, nos réu preso, será de 5 dias, contado da data em que o
termos do art. 100, caput, do Código Penal. A ação pe-
órgão do Ministério Público receber os autos do in-
nal pública incondicionada é, portanto, a regra em nosso
quérito policial, e de 15 dias, se o réu estiver solto ou
ordenamento jurídico. Nesse sentido, se apura por meio
afiançado.
dessa espécie de ação penal os crimes de homicídio, fur-
to, roubo, extorsão, peculato, corrupção ativa e passiva,
tráfico de drogas, entre outros.

13
IV. O prazo para o aditamento da queixa será de 3 dias, 4. (STJ – Analista Judiciário – Área Jurídica – CESPE–
contado da data em que o órgão do Ministério Públi- 2018) Acerca do inquérito policial, do acusado e seu de-
co receber os autos, e, se este não se pronunciar den- fensor e da ação penal, julgue o item que se segue.
tro do tríduo, entender-se-á que não tem o que aditar, O titular da ação penal pública condicionada é o Minis-
prosseguindo-se nos demais termos do processo. tério Público.

a) Apenas I e II. ( ) CERTO   ( ) ERRADO


b) Apenas I, II e IV.
c) Apenas I, III e IV. Resposta: Certo. Conforme art. 24, do CPP, nos cri-
d) Apenas I e III. mes de ação pública, esta será promovida por denún-
e) I, II, III e IV. cia do Ministério Público, mas dependerá, quando a
lei o exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de
Resposta: Letra E. representação do ofendido ou de quem tiver qualida-
Afirmativa I - Verdadeira – Conforme dispõe o art. 42, de para representá-lo.
do CPP, o Ministério Público não poderá desistir da
ação penal. 5. (ABIN – OFICIAL TÉCNICO DE INTELIGÊNCIA – CES-
Afirmativa II - Verdadeira – Nos termos do art. 45, do PE – 2018) A respeito dos direitos e das garantias funda-
CPO, a queixa, ainda quando a ação penal for priva- mentais, julgue o item a seguir.
tiva do ofendido, poderá ser aditada pelo Ministério De acordo com o entendimento do Supremo Tribunal Fe-
Público, a quem caberá intervir em todos os termos deral, a denúncia anônima não pode ser base exclusiva
subsequentes do processo. para a propositura de ação penal e para a instauração de
Afirmativa III - Verdadeira – Dispõe o art. 46, do CPP, processo administrativo disciplinar.
o prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu
preso, será de 5 dias, contado da data em que o órgão ( ) CERTO   ( ) ERRADO
do Ministério Público receber os autos do inquérito
policial, e de 15 dias, se o réu estiver solto ou afiança- Resposta: Certo. De acordo com o entendimento do
do. No último caso, se houver devolução do inquérito Supremo Tribunal Federal, a denúncia anônima não
à autoridade policial (art. 16), contar-se-á o prazo da pode ser base exclusiva para a propositura de ação
data em que o órgão do Ministério Público receber penal e para a instauração de processo administrativo
novamente os autos. disciplinar. Observe a Súmula 611-STJ: Desde que de-
Afirmativa IV - Verdadeira – Diz o art. 46, § 2º, que o vidamente motivada e com amparo em investigação
prazo para o aditamento da queixa será de 3 dias, con- ou sindicância, é possível a instauração de processo
tado da data em que o órgão do Ministério Público administrativo disciplinar com base em denúncia anô-
receber os autos, e, se este não se pronunciar dentro nima, em face do poder-dever de autotutela imposto
do tríduo, entender-se-á que não tem o que aditar, à Administração.
prosseguindo-se nos demais termos do processo.
TÍTULO III - DA AÇÃO PENAL (arts. 28 e 28-A,
3. (TJ-RO – Oficial de Justiça – CESGRANRIO – 2008) do Código de Processo Penal). Alteração Pacote
No caso da Ação Penal Pública condicionada à represen- Anticrime
tação, é correto afirmar que
• Acordo de Não Persecução Penal (ANPP): Previs-
a) o titular da acusação é o Ministério Público, mas ele de- to originariamente na Resolução CNMP 181/17,
pende de uma condição objetiva de procedibilidade. o ANPP foi incorporado ao Código pela Lei
b) o titular da acusação é, a princípio, o Ministério Públi- 13.964/19. Seguem abaixo as principais caracterís-
co, mas este pode transferir à vítima. ticas do ANPP!
c) o Ministério Público e a vítima dividem necessariamen-
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

te a titularidade da acusação.
d) a lei transforma a vítima no órgão de acusação, que a
exerce mediante representação.
e) a lei transforma a vítima no órgão de acusação, que a
exerce mediante queixa.

Resposta: Letra A. A Ação Penal Pública condiciona-


da à representação tem o como o titular da acusação
o Ministério Público, mas depende de uma condição
objetiva de procedibilidade, a representação da víti-
ma, art. 100, do CP.

14
Pena mínima inferior a 4 anos OBS.:
serão consideradas as causas de PRISÃO E LIBERDADE PROVISÓRIA.
Requisitos para aumento e diminuição de pena. LEI FEDERAL Nº 7.960/1989 (PRISÃO
oferecimento de TEMPORÁRIA)
ANPP pelo Mi- Investigado confessar, formal e
nistério Público circunstancialmente, à prática de
infração penal sem violência ou
grave ameaça. RESTRIÇÃO DE LIBERDADE; PRISÃO EM FLA-
GRANTE; PRISÃO PREVENTIVA; MEDIDAS CAU-
Reparação do dano ou restituição
TELARES; LIBERDADE PROVISÓRIA; AUDIÊNCIA
da coisa à vítima, exceto na impos-
DE CUSTÓDIA
sibilidade de fazê-lo.
Renunciar voluntariamente a bens As medidas cautelares deverão ser aplicadas obser-
e direitos indicados pelo Ministério vando-se a:
Público como instrumentos, pro-
duto ou proveito do crime. • necessidade para aplicação da lei penal, para a
Prestar serviço à comunidade ou investigação ou a instrução criminal e, nos casos
a entidades públicas por período expressamente previstos, para evitar a prática de
correspondente à pena mínima co- infrações penais.
minada ao delito diminuída de um • adequação da medida à gravidade do crime, cir-
a dois terços, em local a ser indica- cunstâncias do fato e condições pessoais do indi-
do pelo juízo da execução, na for- ciado ou acusado.
ma do artigo 46 do Código Penal.
Condições
Pagar prestação pecuniária, a ser As medidas cautelares poderão ser aplicadas isolada
estipulada nos termos do artigo ou cumulativamente. Elas serão decretadas pelo juiz, de
45 do Código Penal, a entidade ofício ou a requerimento das partes ou, quando no cur-
pública ou de interesse social, a ser so da investigação criminal, por representação da auto-
indicada pelo juízo da execução, ridade policial ou mediante requerimento do Ministério
que tenha, preferencialmente, Público.
como função proteger bens Observe que ressalvados os casos de urgência ou de
jurídicos iguais ou semelhantes aos perigo de ineficácia da medida, o juiz, ao receber o pe-
aparentemente lesados pelo delito. dido de medida cautelar, deverá determinar a intimação
Cumprir, por prazo determinado, da parte contrária, acompanhada de cópia do requeri-
outra condição indicada pelo Mi- mento e das peças necessárias, permanecendo os autos
nistério Público, desde que propor- em juízo. E, no caso de descumprimento de qualquer das
cional e compatível com a infração obrigações impostas, o juiz, de ofício ou mediante re-
penal imputada. querimento do Ministério Público, de seu assistente ou
Se for cabível transação penal de do querelante, poderá substituir a medida, impor outra
competência dos Juizados Espe- em cumulação, ou, em último caso, decretar a prisão
ciais Criminais, nos termos da lei. preventiva.
O juiz poderá revogar a medida cautelar ou substituí-
Se o investigado for reincidente ou
-la quando verificar a falta de motivo para que subsista,
se houver elementos probatórios
bem como voltar a decretá-la, se sobrevierem razões que
que indiquem conduta criminal ha-
a justifiquem.
bitual, reiterada ou profissional, ex-
ceto se insignificantes as infrações A prisão preventiva será determinada quando não for
penais pretéritas. cabível a sua substituição por outra medida cautelar.
É importante destacar que ninguém poderá ser preso
Ter sido o agente beneficiado nos
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

NÃO Cabimento senão em flagrante delito ou por ordem escrita e funda-


5 anos anteriores ao cometimen- mentada da autoridade judiciária competente, em decor-
to da infração, em acordo de não
rência de sentença condenatória transitada em julgado
persecução penal, transação pe-
ou, no curso da investigação ou do processo, em virtude
nal ou suspensão condicional do
de prisão temporária ou prisão preventiva.
processo.
As medidas cautelares não se aplicam à infração a
Crimes praticados no âmbito de que não for isolada, cumulativa ou alternativamente co-
violência doméstica ou familiar, ou minada pena privativa de liberdade.
praticados contra a mulher por ra- A prisão poderá ser efetuada em qualquer dia e a
zões da condição de sexo femini- qualquer hora, respeitadas as restrições relativas à invio-
no, em favor do agressor. labilidade do domicílio. Como isso, o art. 5º, XI, da CF, ga-
Caberá RESE contra decisão que recusar homologação rante que a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém
à proposta de ANPP nela podendo penetrar sem consentimento do morador,
salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para

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prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação ju- para averiguar a autenticidade do mandado e comuni-
dicial. Não será permitido o emprego de força, salvo a cando ao juiz que a decretou, devendo este providenciar,
indispensável no caso de resistência ou de tentativa de em seguida, o registro do mandado.
fuga do preso. A prisão será imediatamente comunicada ao juiz do
local de cumprimento da medida o qual providenciará a
A autoridade que ordenar a prisão fará expedir o res- certidão extraída do registro do Conselho Nacional de
pectivo mandado. O mandado de prisão: Justiça e informará ao juízo que a decretou.
O preso será informado de seus direitos, constantes
• será lavrado pelo escrivão e assinado pela no ar. 5º, LXIII, da CF, entre os quais o de permanecer ca-
autoridade. lado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de
• designará a pessoa, que tiver de ser presa, por seu advogado, caso o autuado não informe o nome de seu
nome, alcunha ou sinais característicos. advogado, será comunicado à Defensoria Pública.
• mencionará a infração penal que motivar a prisão. Havendo dúvidas das autoridades locais sobre a le-
• declarará o valor da fiança arbitrada, quando afian- gitimidade da pessoa do executor ou sobre a identidade
çável a infração. do preso, com fundadas razões, poderão pôr em custó-
• será dirigido a quem tiver qualidade para dar-lhe dia o réu, até que fique esclarecida a dúvida.
execução. Se o réu, sendo perseguido, passar ao território de
outro município ou comarca, o executor poderá efetuar-
O mandado será passado em duplicata, e o executor -lhe a prisão no lugar onde o alcançar, apresentando-o
entregará ao preso, logo depois da prisão, um dos exem- imediatamente à autoridade local, que, depois de lavra-
plares com declaração do dia, hora e lugar da diligência. do, se for o caso, o auto de flagrante, providenciará para
Da entrega deverá o preso passar recibo no outro exem- a remoção do preso.
plar; se recusar, não souber ou não puder escrever, o Entender-se-á que o executor vai em perseguição do
fato será mencionado em declaração, assinada por duas réu, quando:
testemunhas.
Se a infração for inafiançável, a falta de exibição do • tendo-o avistado, for perseguindo-o sem interrup-
mandado não obstará à prisão, e o preso, em tal caso, ção, embora depois o tenha perdido de vista
será imediatamente apresentado ao juiz que tiver expe- • sabendo, por indícios ou informações fidedignas,
dido o mandado. que o réu tenha passado, há pouco tempo, em tal
Ninguém será recolhido à prisão, sem que seja exi- ou qual direção, pelo lugar em que o procure, for
bido o mandado ao respectivo diretor ou carcereiro, a no seu encalço.
quem será entregue cópia assinada pelo executor ou
apresentada a guia expedida pela autoridade competen- Quando as autoridades locais tiverem fundadas ra-
te, devendo ser passado recibo da entrega do preso, com zões para duvidar da legitimidade da pessoa do executor
declaração de dia e hora. O recibo poderá ser passado no ou da legalidade do mandado que apresentar, poderão
próprio exemplar do mandado, se este for o documento pôr em custódia o réu, até que fique esclarecida a dúvida.
exibido. A prisão em virtude de mandado será feita desde que
Quando o acusado estiver no território nacional, fora o executor, fazendo-se conhecer do réu, lhe apresente o
da jurisdição do juiz processante, será deprecada a sua mandado e o intime a acompanhá-lo.
prisão, devendo constar da precatória o inteiro teor do Se houver, ainda que por parte de terceiros, resistên-
mandado. cia à prisão em flagrante ou à determinada por autorida-
Havendo urgência, o juiz poderá requisitar a prisão de competente, o executor e as pessoas que o auxiliarem
por qualquer meio de comunicação, do qual deverá poderão usar dos meios necessários para defender-se ou
constar o motivo da prisão, bem como o valor da fiança para vencer a resistência, do que tudo se lavrará auto
se arbitrada. subscrito também por duas testemunhas.
A autoridade a quem se fizer a requisição tomará as
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

precauções necessárias para averiguar a autenticidade


FIQUE ATENTO!
da comunicação.
O juiz processante deverá providenciar a remoção do É vedado o uso de algemas em mulheres
preso no prazo máximo de 30 (trinta) dias, contados da grávidas durante os atos médico-hospi-
efetivação da medida. talares preparatórios para a realização do
O juiz competente providenciará o imediato registro parto e durante o trabalho de parto, bem
do mandado de prisão em banco de dados mantido pelo como em mulheres durante o período de
puerpério imediato.
Conselho Nacional de Justiça para essa finalidade. Qual-
quer agente policial poderá efetuar a prisão determinada
no mandado de prisão registrado no Conselho Nacional Se o executor do mandado verificar, com segurança,
de Justiça, ainda que fora da competência territorial do que o réu entrou ou se encontra em alguma casa, o mo-
juiz que o expediu. E, ainda que sem registro no Conselho rador será intimado a entregá-lo, à vista da ordem de
Nacional de Justiça, adotando as precauções necessárias prisão. Se não for obedecido imediatamente, o execu-
tor convocará duas testemunhas e, sendo dia, entrará à

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força na casa, arrombando as portas, se preciso; sendo As pessoas presas provisoriamente ficarão separadas
noite, o executor, depois da intimação ao morador, se das que já estiverem definitivamente condenadas, nos
não for atendido, fará guardar todas as saídas, tornando termos da lei de execução penal.
a casa incomunicável, e, logo que amanheça, arrombará O militar preso em flagrante delito, após a lavratu-
as portas e efetuará a prisão. O morador que se recusar a ra dos procedimentos legais, será recolhido a quartel da
entregar o réu oculto em sua casa será levado à presença instituição a que pertencer, onde ficará preso à disposi-
da autoridade, para que se proceda contra ele como for ção das autoridades competentes.
de direito. No mesmo sentido, este procedimento é ado-
tado em casas de prisão em flagrante 1. Prisão em Flagrante

Serão recolhidos a quartéis ou a prisão especial, à Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais
disposição da autoridade competente, quando sujeitos a e seus agentes deverão prender quem quer que seja en-
prisão antes de condenação definitiva: contrado em flagrante delito.

• os ministros de Estado. Considera-se em flagrante delito quem:


• os governadores ou interventores de Estados e
Territórios, o Prefeito do Distrito Federal, seus res- • está cometendo a infração penal.
pectivos secretários, os prefeitos municipais, os ve- • acaba de cometê-la.
readores e chefes de Polícia. • é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo
• os membros do Parlamento Nacional, do Conselho ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que
de Economia Nacional e das Assembleias Legislati- faça presumir ser autor da infração.
vas dos Estados. • é encontrado, logo depois, com instrumentos, ar-
• os cidadãos inscritos no “Livro de Mérito”. mas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele
• os oficiais das Forças Armadas e os militares dos autor da infração.
Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.
• os magistrados. Nas infrações permanentes, entende-se o agente em
• os diplomados por qualquer das faculdades supe- flagrante delito enquanto não cessar a permanência.
riores da República. Apresentado o preso à autoridade competente, ouvi-
• os ministros de confissão religiosa. rá esta o condutor e colherá, desde logo, sua assinatura,
• os ministros do Tribunal de Contas. entregando a este cópia do termo e recibo de entrega do
• os cidadãos que já tiverem exercido efetivamente preso. Em seguida, procederá à oitiva das testemunhas
a função de jurado, salvo quando excluídos da lista que o acompanharem e ao interrogatório do acusado
por motivo de incapacidade para o exercício da- sobre a imputação que lhe é feita, colhendo, após cada
quela função. oitiva suas respectivas assinaturas, lavrando, a autorida-
• os delegados de polícia e os guardas-civis dos Es- de, afinal, o auto.
tados e Territórios, ativos ou inativos. Resultando das respostas fundada a suspeita contra
o conduzido, a autoridade mandará recolhê-lo à prisão,
A prisão especial consiste exclusivamente no recolhi- exceto no caso de livrar-se solto ou de prestar fiança, e
mento em local distinto da prisão comum. prosseguirá nos atos do inquérito ou processo, se para
Não havendo estabelecimento específico para o pre- isso for competente; se não o for, enviará os autos à au-
so especial, este será recolhido em cela distinta do mes- toridade que o seja.
mo estabelecimento. A cela especial poderá consistir em A falta de testemunhas da infração não impedirá o
alojamento coletivo, atendidos os requisitos de salubri- auto de prisão em flagrante; mas, nesse caso, com o
dade do ambiente, pela concorrência dos fatores de ae- condutor, deverão assiná-lo pelo menos duas pessoas
ração, insolação e condicionamento térmico adequado à que hajam testemunhado a apresentação do preso à
existência humana. O preso especial não será transporta- autoridade.
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

do juntamente com o preso comum. Os demais direitos Quando o acusado se recusar a assinar, não souber
e deveres do preso especial serão os mesmos do preso ou não puder fazê-lo, o auto de prisão em flagrante será
comum. assinado por duas testemunhas, que tenham ouvido sua
Para o cumprimento de mandado expedido pela au- leitura na presença deste.
toridade judiciária, a autoridade policial poderá expedir Da lavratura do auto de prisão em flagrante deverá
tantos outros quantos necessários às diligências, deven- constar a informação sobre a existência de filhos, respec-
do neles ser fielmente reproduzido o teor do mandado tivas idades e se possuem alguma deficiência e o nome
original. e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos
A captura poderá ser requisitada, à vista de manda- filhos, indicado pela pessoa presa.
do judicial, por qualquer meio de comunicação, tomadas Na falta ou no impedimento do escrivão, qualquer
pela autoridade, a quem se fizer a requisição, as precau- pessoa designada pela autoridade lavrará o auto, depois
ções necessárias para averiguar a autenticidade desta. de prestado o compromisso legal.

17
A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encon- 2. Prisão Preventiva
tre serão comunicados imediatamente ao juiz competen-
te, ao Ministério Público e à família do preso ou à pessoa Em qualquer fase da investigação policial ou do pro-
por ele indicada. cesso penal, caberá a prisão preventiva decretada pelo
juiz, de ofício, se no curso da ação penal, ou a requeri-
mento do Ministério Público, do querelante ou do assis-
FIQUE ATENTO!
tente, ou por representação da autoridade policial.
Em até 24 (vinte e quatro) horas após a A prisão preventiva poderá ser decretada como ga-
realização da prisão, será encaminhado rantia da ordem pública, da ordem econômica, por con-
ao juiz competente o auto de prisão em veniência da instrução criminal, ou para assegurar a apli-
flagrante e, caso o autuado não informe cação da lei penal, quando houver prova da existência do
o nome de seu advogado, cópia integral crime e indício suficiente de autoria. A prisão preventiva
para a Defensoria Pública.
também poderá ser decretada em caso de descumpri-
mento de qualquer das obrigações impostas por força de
No prazo de 24 (vinte e quatro) horas será entregue outras medidas cautelares
ao preso, mediante recibo, a nota de culpa, assinada pela
autoridade, com o motivo da prisão, o nome do condu- Será admitida a decretação da prisão preventiva:
tor e os das testemunhas.
Quando o fato for praticado em presença da au- • nos crimes dolosos punidos com pena privativa de
toridade, ou contra esta, no exercício de suas funções, liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos.
constarão do auto a narração deste fato, a voz de prisão, • se tiver sido condenado por outro crime doloso,
as declarações que fizer o preso e os depoimentos das em sentença transitada em julgado, ressalvada a
testemunhas, sendo tudo assinado pela autoridade, pelo circunstância atenuante de pena de ser o agen-
preso e pelas testemunhas e remetido imediatamente ao te menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou
juiz a quem couber tomar conhecimento do fato deli- maior de 70 (setenta) anos, na data da sentença.
tuoso, se não o for a autoridade que houver presidido • se o crime envolver violência doméstica e familiar
o auto. contra a mulher, criança, adolescente, idoso, en-
Não havendo autoridade no lugar em que se tiver fermo ou pessoa com deficiência, para garantir a
efetuado a prisão, o preso será logo apresentado à do execução das medidas protetivas de urgência.
lugar mais próximo.
Se o réu se livrar solto, deverá ser posto em liberdade, Também será admitida a prisão preventiva quando
depois de lavrado o auto de prisão em flagrante. houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou
Ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz deve- quando esta não fornecer elementos suficientes para es-
rá fundamentadamente: clarecê-la, devendo o preso ser colocado imediatamente
em liberdade após a identificação, salvo se outra hipóte-
• relaxar a prisão ilegal; ou se recomendar a manutenção da medida.
• converter a prisão em flagrante em preventiva, A prisão preventiva em nenhum caso será decretada
quando for por garantia da ordem pública, da or- se o juiz verificar pelas provas constantes dos autos ter o
dem econômica, por conveniência da instrução agente praticado na condição de estado de necessidade,
criminal, ou para assegurar a aplicação da lei pe- legítima defesa, estrito cumprimento de dever legal ou
nal, quando houver prova da existência do crime no exercício regular de direito. A decisão que decretar,
e indício suficiente de autoria, e se revelarem ina- substituir ou denegar a prisão preventiva será sempre
dequadas ou insuficientes as medidas cautelares motivada.
diversas da prisão; ou O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no cor-
• conceder liberdade provisória, com ou sem fiança. rer do processo verificar a falta de motivo para que sub-
sista, bem como de novo decretá-la, se sobrevierem ra-
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

zões que a justifiquem.


FIQUE ATENTO!
Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em 3. Prisão Domiciliar
flagrante, que o agente praticou o fato nas
condições de estado de necessidade, legí- A prisão domiciliar consiste no recolhimento do in-
tima defesa, estrito cumprimento de dever diciado ou acusado em sua residência, só podendo dela
legal ou no exercício regular de direito, ausentar-se com autorização judicial.
poderá, fundamentadamente, conceder
ao acusado liberdade provisória, mediante Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domi-
termo de comparecimento a todos os atos ciliar quando o agente for:
processuais, sob pena de revogação.
• maior de 80 (oitenta) anos.
• extremamente debilitado por motivo de doença
grave.

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• imprescindível aos cuidados especiais de pessoa Não será concedida fiança:
menor de 6 (seis) anos de idade ou com deficiência.
• gestante. • nos crimes de racismo.
• mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade • nos crimes de tortura, tráfico ilícito de entorpecen-
incompletos. tes e drogas afins, terrorismo e nos definidos como
• homem, caso seja o único responsável pelos cui- crimes hediondos.
dados do filho de até 12 (doze) anos de idade • nos crimes cometidos por grupos armados, civis
incompletos. ou militares, contra a ordem constitucional e o Es-
tado Democrático.
4. Outras Medidas Cautelares
Não será, igualmente, concedida fiança:
São medidas cautelares diversas da prisão:
• aos que, no mesmo processo, tiverem quebrado
• comparecimento periódico em juízo, no prazo e fiança anteriormente concedida ou infringido, sem
nas condições fixadas pelo juiz, para informar e motivo justo, qualquer das obrigações a que se re-
justificar atividades. ferem os arts. 327 e 328 deste Código.
• proibição de acesso ou frequência a determinados • em caso de prisão civil ou militar.
lugares quando, por circunstâncias relacionadas • quando presentes os motivos que autorizam a de-
ao fato, deva o indiciado ou acusado permanecer cretação da prisão preventiva.
distante desses locais para evitar o risco de novas
infrações. O valor da fiança será fixado pela autoridade que a
• proibição de manter contato com pessoa determi- conceder nos seguintes limites:
nada quando, por circunstâncias relacionadas ao
fato, deva o indiciado ou acusado dela permanecer • de 1 (um) a 100 (cem) salários mínimos, quando se
distante. tratar de infração cuja pena privativa de liberda-
• proibição de ausentar-se da Comarca quando a de, no grau máximo, não for superior a 4 (quatro)
permanência seja conveniente ou necessária para anos.
a investigação ou instrução. • de 10 (dez) a 200 (duzentos) salários mínimos,
• recolhimento domiciliar no período noturno e nos quando o máximo da pena privativa de liberdade
dias de folga quando o investigado ou acusado te- cominada for superior a 4 (quatro) anos.
nha residência e trabalho fixos. Se assim recomendar a situação econômica do preso,
• suspensão do exercício de função pública ou de a fiança poderá ser:
atividade de natureza econômica ou financeira
quando houver justo receio de sua utilização para • dispensada. Neste caso o preso deverá compare-
a prática de infrações penais. cer perante a autoridade, todas as vezes que for
• internação provisória do acusado nas hipóteses de intimado para atos do inquérito e da instrução
crimes praticados com violência ou grave ameaça, criminal e para o julgamento. Não poderá mudar
quando os peritos concluírem ser inimputável ou de residência, sem prévia permissão da autoridade
semi-imputável e houver risco de reiteração. processante, ou ausentar-se por mais de oito dias
• fiança, nas infrações que a admitem, para assegu- de sua residência, sem comunicar àquela autorida-
rar o comparecimento a atos do processo, evitar a de o lugar onde será encontrado.
obstrução do seu andamento ou em caso de resis- • reduzida até o máximo de 2/3 (dois terços).
tência injustificada à ordem judicial. • aumentada em até 1.000 (mil) vezes.
• monitoração eletrônica.
Para determinar o valor da fiança, a autoridade terá
A fiança poderá ser cumulada com outras medidas em consideração a natureza da infração, as condições
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

cautelares. pessoais de fortuna e vida pregressa do acusado, as cir-


A proibição de ausentar-se do País será comunicada cunstâncias indicativas de sua periculosidade, bem como
pelo juiz às autoridades encarregadas de fiscalizar as saí- a importância provável das custas do processo, até final
das do território nacional, intimando-se o indiciado ou julgamento.
acusado para entregar o passaporte, no prazo de 24 (vin- A fiança tomada por termo obrigará o afiançado a
te e quatro) horas. comparecer perante a autoridade, todas as vezes que for
A autoridade policial somente poderá conceder fian- intimado para atos do inquérito e da instrução criminal
ça nos casos de infração cuja pena privativa de liberdade e para o julgamento. Quando o réu não comparecer, a
máxima não seja superior a 4 (quatro) anos. Nos demais fiança será havida como quebrada.
casos, a fiança será requerida ao juiz, que decidirá em 48 O réu afiançado não poderá, sob pena de quebra-
(quarenta e oito) horas. mento da fiança, mudar de residência, sem prévia per-
missão da autoridade processante, ou ausentar-se por
mais de oito dias de sua residência, sem comunicar àque-
la autoridade o lugar onde será encontrado.

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Nos juízos criminais e delegacias de polícia, haverá Se a fiança for declarada sem efeito ou passar em
um livro especial, com termos de abertura e de encerra- julgado sentença que houver absolvido o acusado ou
mento, numerado e rubricado em todas as suas folhas declarada extinta a ação penal, o valor que a constituir,
pela autoridade, destinado especialmente aos termos atualizado, será restituído sem desconto, salvo em caso
de fiança. O termo será lavrado pelo escrivão e assinado de prescrição depois da sentença condenatória.
pela autoridade e por quem prestar a fiança, e dele ex- A fiança que se reconheça não ser cabível na espécie
trair-se-á certidão para juntar-se aos autos. será cassada em qualquer fase do processo. Será tam-
O réu e quem prestar a fiança serão pelo escrivão bém cassada a fiança quando reconhecida a existência
notificados das obrigações e da sanção de que deverá de delito inafiançável, no caso de inovação na classifica-
comparecer perante a autoridade, todas as vezes que for ção do delito.
intimado para atos do inquérito e da instrução criminal
e para o julgamento. Acrescenta-se também que não Será exigido o reforço da fiança:
poderá mudar de residência, sem prévia permissão da
autoridade processante, ou ausentar-se por mais de oito • quando a autoridade tomar, por engano, fiança
dias de sua residência, sem comunicar àquela autoridade insuficiente.
o lugar onde será encontrado. • quando houver depreciação material ou pereci-
A fiança, que será sempre definitiva, consistirá em de- mento dos bens hipotecados ou caucionados, ou
pósito de dinheiro, pedras, objetos ou metais preciosos, depreciação dos metais ou pedras preciosas.
títulos da dívida pública, federal, estadual ou municipal, • quando for inovada a classificação do delito.
ou em hipoteca inscrita em primeiro lugar.
A avaliação de imóvel, ou de pedras, objetos ou me- A fiança ficará sem efeito e o réu será recolhido à
tais preciosos será feita imediatamente por perito no- prisão, quando, na conformidade deste artigo, não for
meado pela autoridade. reforçada.
Quando a fiança consistir em caução de títulos da dí- Será julgada quebrada a fiança quando o acusado:
vida pública, o valor será determinado pela sua cotação
em Bolsa, e, sendo nominativos, exigir-se-á prova de que • regularmente intimado para ato do processo, dei-
se acham livres de ônus. xar de comparecer, sem motivo justo.
O valor em que consistir a fiança será recolhido à re- • deliberadamente praticar ato de obstrução ao an-
partição arrecadadora federal ou estadual, ou entregue damento do processo.
ao depositário público, juntando-se aos autos os respec- • descumprir medida cautelar imposta cumulativa-
tivos conhecimentos. mente com a fiança.
Nos lugares em que o depósito não se puder fazer • resistir injustificadamente a ordem judicial.
de pronto, o valor será entregue ao escrivão ou pessoa • praticar nova infração penal dolosa.
abonada, a critério da autoridade, e dentro de três dias
dar-se-á ao valor o destino que lhe assina este artigo, o Se vier a ser reformado o julgamento em que se de-
que tudo constará do termo de fiança. clarou quebrada a fiança, esta subsistirá em todos os
Em caso de prisão em flagrante, será competente seus efeitos.
para conceder a fiança a autoridade que presidir ao res- O quebramento injustificado da fiança importará na
pectivo auto, e, em caso de prisão por mandado, o juiz perda de metade do seu valor, cabendo ao juiz decidir
que o houver expedido, ou a autoridade judiciária ou po- sobre a imposição de outras medidas cautelares ou, se
licial a quem tiver sido requisitada a prisão. for o caso, a decretação da prisão preventiva.
Depois de prestada a fiança, que será concedida in- Será perdido, na totalidade, o valor da fiança, se, con-
dependentemente de audiência do Ministério Público, denado, o acusado não se apresentar para o início do
este terá vista do processo a fim de requerer o que julgar cumprimento da pena definitivamente imposta.
conveniente. No caso de perda da fiança, o seu valor, deduzidas as
A fiança poderá ser prestada enquanto não transitar custas e mais encargos a que o acusado estiver obrigado,
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

em julgado a sentença condenatória. será recolhido ao fundo penitenciário, na forma da lei.


Recusando ou retardando a autoridade policial a No caso de quebra da fiança, o valor restante também
concessão da fiança, o preso, ou alguém por ele, poderá será recolhido ao fundo penitenciário. Portanto, o saldo
prestá-la, mediante simples petição, perante o juiz com- será entregue a quem houver prestado a fiança, depois
petente, que decidirá em 48 (quarenta e oito) horas. de deduzidos os encargos a que o réu estiver obrigado.
O dinheiro ou objetos dados como fiança servirão ao Nos casos em que a fiança tiver sido prestada por
pagamento das custas, da indenização do dano, da pres- meio de hipoteca, a execução será promovida no juízo
tação pecuniária e da multa, se o réu for condenado. Esta cível pelo órgão do Ministério Público.
regra terá aplicação ainda no caso da prescrição depois Se a fiança consistir em pedras, objetos ou metais
da sentença condenatória preciosos, o juiz determinará a venda por leiloeiro ou
corretor. Nos casos em que couber fiança, o juiz, verifi-
cando a situação econômica do preso, poderá conceder-
-lhe liberdade provisória, sujeitando-o às obrigações de
que deverá comparecer perante a autoridade, todas as

20
vezes que for intimado para atos do inquérito e da instrução criminal e para o julgamento. Não poderá mudar de resi-
dência, sem prévia permissão da autoridade processante, ou ausentar-se por mais de oito dias de sua residência, sem
comunicar àquela autoridade o lugar onde será encontrado. e a outras medidas cautelares, se for o caso.
Se o beneficiado descumprir, sem motivo justo, qualquer das obrigações ou medidas impostas, o juiz, de ofício ou
mediante requerimento do Ministério Público, de seu assistente ou do querelante, poderá substituir a medida, impor
outra em cumulação, ou, em último caso, decretar a prisão preventiva.

5. Prisão Civil

Vamos ao art. 5º, LXVII, da CF.

LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de
obrigação alimentícia e a do depositário infiel;

A liberdade é um direito fundamental e a prisão sempre está relacionada a condutas tipificadas na legislação penal
como medida de exceção. Deveria, portanto, ser mais restrita a possibilidade de prisão civil por dívida.
A Constituição permite a modalidade de prisão imposta como coerção para o cumprimento de obrigação legal em
duas hipóteses.
Na primeira, pelo descumprimento voluntário de obrigação alimentar, ou seja, quando a pessoa podendo, se nega
a pagar alimentos a seus dependentes. Cabe, neste caso, a prisão decorrente de pensão se a dívida for inescusável,
justamente por se tratar de meio de coerção e não de pena, e pelo mesmo motivo ele deve ser solto ao pagar a dívida.
A restrição ao direito fundamental à liberdade justifica-se pela promoção de outro importante direito fundamental:
a subsistência de quem depende dos alimentos de outra pessoa para viver.
A segunda hipótese versa sobre o depositário infiel, assim considerado aquela pessoa que recebe um bem para
manter em depósito para posterior restituição ao proprietário e, no momento da devolução, descumpre este dever
desviando ou consumindo o bem.
O STF entendeu não ser mais cabível a prisão do depositário infiel. Com a ratificação do Pacto de San José da Costa
Rica em 1992, só considera como válida a prisão civil do devedor de alimentos.

Observe a Súmula Vinculante 25:

É ilícita a prisão civil do depositário infiel qualquer que seja modalidade do depósito.

DA PRISÃO, DAS MEDIDAS CAUTELARES E DA LIBERDADE PROVISÓRIA. CAPÍTULO I - DISPOSIÇÕES GE-


RAIS (§§ 2º AO 6º, DO ART. 282, ART. 283, ART. 287, ART. 310-313, ART. 316 DO CÓDIGO DE PROCESSO PE-
NAL). ALTERAÇÃO PACOTE ANTICRIME.

A principal novidade do tema “medidas cautelares” – e que deve ser pegadinha frequente em concursos – é a elimi-
nação das hipóteses da atuação de ofício do Juiz. Agora, as medidas cautelares só podem ser requeridas pelas partes
ou, quando no curso da investigação criminal, por representação da autoridade policial ou mediante requerimento do
Ministério Público.
Além disso, em caso de descumprimento da medida cautelar, o Juiz também NÃO poderá mais atuar de ofício, seja
substituindo a medida ou cumulando com outra ou decretando a prisão provisória. Porém, o Juiz poderá revogar ou
substituir a medida cautelar de ofício quando faltar motivo para que subsista ou quando sobrevierem razões que a
justifique.
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

FIQUE ATENTO!
• Embora seja possível a concessão da medida liminar sem a manifestação da parte contrária, em especial
quando for o caso de urgência, em regra o Juiz, ao receber o pedido de medida cautelar, deverá intimar a
parte contrária para se manifestar no prazo de 05 dias.
• Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da auto-
ridade judiciária competente, em decorrência de prisão cautelar ou em virtude de condenação criminal
transitada em julgado.
• Se a infração for inafiançável, a falta de exibição do mandado não obstará a prisão, e o preso, em tal caso,
será imediatamente apresentado ao juiz que tiver expedido o mandado, para a realização de audiência de
custódia.

21
Prisão Preventiva
Em qualquer fase da investigação policial ou do
processo penal, caberá a prisão preventiva de-
Momento de Decretação cretada pelo juiz, a requerimento do Ministério
Público, do querelante ou do assistente, ou por
representação da autoridade policial.
Garantia da ordem pública, da ordem econômica,
por conveniência da instrução criminal ou para
assegurar a aplicação da lei penal, quando hou-
ver prova da existência do crime e indício sufi-
Hipóteses de Cabimento ciente de autoria e de perigo gerado pelo estado
de liberdade do imputado.
Descumprimento de qualquer das obrigações
impostas por força de outras medidas cautelares.
A decisão que decretar, substituir ou denegar
a prisão preventiva será sempre motivada e
fundamentada.
Não se considera fundamentada qualquer de-
cisão judicial, seja ela interlocutória, sentença
ou acórdão, que: (I) limitar-se à indicação, à re-
produção ou à paráfrase de ato normativo, sem
explicar sua relação com a causa ou a questão
decidida; (II) empregar conceitos jurídicos inde-
terminados, sem explicar o motivo concreto de
sua incidência no caso; (III) invocar motivos que
Requisitos se prestariam a justificar qualquer outra decisão;
(IV) não enfrentar todos os argumentos deduzi-
dos no processo capazes de, em tese, infirmar a
conclusão adotada pelo julgador; (V) limitar-se
a invocar precedente ou enunciado de súmula,
sem identificar seus fundamentos determinantes
nem demonstrar que o caso sob julgamento se
ajusta àqueles fundamentos; ou (VI) deixar de
seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou
precedente invocado pela parte, sem demonstrar
a existência de distinção no caso em julgamento
ou a superação do entendimento.
O juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes,
revogar a prisão preventiva se, no correr da in-
vestigação ou do processo, verificar a falta de
motivo para que ela subsista, bem como nova-
mente decretá-la, se sobrevierem razões que a
Encerramento da Prisão Preventiva justifiquem.
Decretada a prisão preventiva, deverá o órgão
emissor da decisão revisar a necessidade de sua
manutenção a cada 90 (noventa) dias, median-
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

te decisão fundamentada, de ofício, sob pena de


tornar a prisão ilegal.

FIQUE ATENTO!
• NÃO será admitida a decretação da prisão preventiva com a finalidade de antecipação de cumprimento
de pena ou como decorrência imediata de investigação criminal ou da apresentação ou recebimento de
denúncia.
• A prisão preventiva somente será determinada quando não for cabível a sua substituição por outra medi-
da cautelar, observado demais medidas cautelares, e o NÃO cabimento da substituição por outra medida
cautelar deverá ser justificado de forma fundamentada nos elementos presentes do caso concreto, de
forma individualizada.

22
Quanto à legitimidade, tem-se que há três perfis
diferentes:
PROCESSO E JULGAMENTO DOS
CRIMES DE RESPONSABILIDADE DOS a) Legitimidade ativa: É o impetrante, podendo ser
FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS qualquer pessoa, tendo em vista que o HC não é
peça privativa de advogado. Importante lembrar
que criança, inimputável, pessoa jurídica não po-
CAPÍTULO II dem impetrar HC.
DO PROCESSO E DO JULGAMENTO DOS CRIMES
DE RESPONSABILIDADE DOS FUNCIONÁRIOS Na mesma esteira, não se admite HC apócrifo, que é
PÚBLICOS aquele impetrado por pessoa anônima.

Art. 513. Os crimes de responsabilidade dos funcio- b) Legitimidade passiva: Normalmente o HC é impe-
nários públicos, cujo processo e julgamento competi- trado contra funcionário público que praticou abu-
rão aos juízes de direito, a queixa ou a denúncia será so/ilegalidade. Entretanto, em alguns casos poderá
instruída com documentos ou justificação que façam ser impetrado HC contra ato de particular (ex: rela-
presumir a existência do delito ou com declaração ções médicas hospitalares).
fundamentada da impossibilidade de apresentação de c) Paciente: É a pessoa que poderá ser beneficiado
qualquer dessas provas. pelo HC, devendo sempre ser uma pessoa física.
Art. 514. Nos crimes afiançáveis, estando a denúncia Não cabe HC em favor de objeto ou animal.
ou queixa em devida forma, o juiz mandará autuá-la
e ordenará a notificação do acusado, para responder Quanto à competência do HC, vejamos o quadro a
por escrito, dentro do prazo de quinze dias.
seguir:
Parágrafo único. Se não for conhecida a residência do
acusado, ou este se achar fora da jurisdição do juiz,
ser-lhe-á nomeado defensor, a quem caberá apresen- AUTORIDADE
COMPETÊNCIA PARA
tar a resposta preliminar. QUE PRATICOU A
JULGAR O HC
Art. 515. No caso previsto no artigo anterior, durante ILEGALIDADE
o prazo concedido para a resposta, os autos permane- Pessoa comum (ex:
Juiz de 1º grau
cerão em cartório, onde poderão ser examinados pelo diretor de hospital)
acusado ou por seu defensor. Delegado Estadual Juiz estadual de 1º grau
Parágrafo único. A resposta poderá ser instruída com
documentos e justificações. Delegado Federal Juiz federal de 1º grau
Art. 516. O juiz rejeitará a queixa ou denúncia, em
despacho fundamentado, se convencido, pela resposta Membro do Ministério Tribunal de Justiça do
do acusado ou do seu defensor, da inexistência do cri- Público Estadual Estado
me ou da improcedência da ação. Membro do Ministério
Art. 517. Recebida a denúncia ou a queixa, será o Tribunal Regional Federal
Público Federal
acusado citado, na forma estabelecida no Capítulo I Juiz do juizado especial Turma recursal
do Título X do Livro I. criminal competente
Art. 518. Na instrução criminal e nos demais termos Turma recursal em Tribunal de Justiça do
do processo, observar-se-á o disposto nos Capítulos I e âmbito estadual Estado
III, Título I, deste Livro.
Turma recursal em
Tribunal Regional Federal
âmbito federal
Tribunal de Justiça do
Juiz estadual de 1º grau
Estado
O HABEAS CORPUS E SEU PROCESSO Juiz federal de 1º grau Tribunal Regional Federal
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Membro do Tribunal
Superior Tribunal de
de Justiça ou Tribunal
Justiça
Regional Federal
HABEAS CORPUS E SEU PROCESSO
Ministro do Superior Supremo Tribunal
Conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém so- Tribunal de Justiça Federal
frer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação
em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abu- É admissível a concessão de liminar em HC, para que
so de poder. Quanto à natureza jurídica do HC, o Código se permita obter imediatamente a ordem pretendida ao
de Processo Penal enquadra-o como recurso, porém essa final. Tal fato deve estar amparado pelo perigo da demo-
afirmação esta ultrapassada, tendo em vista que a Cons- ra e fumaça do bom direito.
tituição Federal (que é posterior ao CPP) conferiu ao HC Vejamos agora o que dispõe o Código de Processo
o patamar de Ação Autônoma de Impugnação. Penal acerca do HC:

23
Art. 647. Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém c) a assinatura do impetrante, ou de alguém a seu
sofrer ou se achar na iminência de sofrer violência ou rogo, quando não souber ou não puder escrever, e a
coação ilegal na sua liberdade de ir e vir, salvo nos designação das respectivas residências.
casos de punição disciplinar. § 2o Os juízes e os tribunais têm competência para ex-
Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal: pedir de ofício ordem de habeas corpus, quando no
I - quando não houver justa causa; curso de processo verificarem que alguém sofre ou
II - quando alguém estiver preso por mais tempo do está na iminência de sofrer coação ilegal.
que determina a lei; Art. 655. O carcereiro ou o diretor da prisão, o escri-
III - quando quem ordenar a coação não tiver compe- vão, o oficial de justiça ou a autoridade judiciária ou
tência para fazê-lo; policial que embaraçar ou procrastinar a expedição de
IV - quando houver cessado o motivo que autorizou ordem de habeas corpus, as informações sobre a cau-
a coação; sa da prisão, a condução e apresentação do paciente,
V - quando não for alguém admitido a prestar fiança,
ou a sua soltura, será multado na quantia de duzentos
nos casos em que a lei a autoriza;
mil-réis a um conto de réis, sem prejuízo das penas
VI - quando o processo for manifestamente nulo;
em que incorrer. As multas serão impostas pelo juiz do
VII - quando extinta a punibilidade.
tribunal que julgar o habeas corpus, salvo quando se
Art. 649. O juiz ou o tribunal, dentro dos limites da
sua jurisdição, fará passar imediatamente a ordem tratar de autoridade judiciária, caso em que caberá ao
impetrada, nos casos em que tenha cabimento, seja Supremo Tribunal Federal ou ao Tribunal de Apelação
qual for a autoridade coatora. impor as multas.
Art. 650. Competirá conhecer, originariamente, do Art. 656. Recebida a petição de habeas corpus, o juiz,
pedido de habeas corpus: se julgar necessário, e estiver preso o paciente, man-
I - ao Supremo Tribunal Federal, nos casos previstos no dará que este Ihe seja imediatamente apresentado em
Art. 101, I, g, da Constituição; dia e hora que designar.
II - aos Tribunais de Apelação, sempre que os atos de Parágrafo único. Em caso de desobediência, será expedi-
violência ou coação forem atribuídos aos governado- do mandado de prisão contra o detentor, que será pro-
res ou interventores dos Estados ou Territórios e ao cessado na forma da lei, e o juiz providenciará para que
prefeito do Distrito Federal, ou a seus secretários, ou o paciente seja tirado da prisão e apresentado em juízo.
aos chefes de Polícia. Art. 657. Se o paciente estiver preso, nenhum motivo
§ 1o A competência do juiz cessará sempre que a vio- escusará a sua apresentação, salvo:
lência ou coação provier de autoridade judiciária de I - grave enfermidade do paciente;
igual ou superior jurisdição. Il - não estar ele sob a guarda da pessoa a quem se
§ 2o Não cabe o habeas corpus contra a prisão ad- atribui a detenção;
ministrativa, atual ou iminente, dos responsáveis por III - se o comparecimento não tiver sido determinado
dinheiro ou valor pertencente à Fazenda Pública, al- pelo juiz ou pelo tribunal.
cançados ou omissos em fazer o seu recolhimento nos Parágrafo único. O juiz poderá ir ao local em que o
prazos legais, salvo se o pedido for acompanhado de paciente se encontrar, se este não puder ser apresen-
prova de quitação ou de depósito do alcance verifica- tado por motivo de doença.
do, ou se a prisão exceder o prazo legal. Art. 658. O detentor declarará à ordem de quem o
Art. 651. A concessão do habeas corpus não obstará, paciente estiver preso.
nem porá termo ao processo, desde que este não este- Art. 659. Se o juiz ou o tribunal verificar que já ces-
ja em conflito com os fundamentos daquela.
sou a violência ou coação ilegal, julgará prejudicado
Art. 652. Se o habeas corpus for concedido em virtude
o pedido.
de nulidade do processo, este será renovado.
Art. 660. Efetuadas as diligências, e interrogado o pa-
ciente, o juiz decidirá, fundamentadamente, dentro de
Art. 653. Ordenada a soltura do paciente em virtude
de habeas corpus, será condenada nas custas a autori- 24 (vinte e quatro) horas.
dade que, por má-fé ou evidente abuso de poder, tiver § 1o Se a decisão for favorável ao paciente, será logo
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

determinado a coação. posto em liberdade, salvo se por outro motivo dever


Parágrafo único. Neste caso, será remetida ao Minis- ser mantido na prisão.
tério Público cópia das peças necessárias para ser pro- § 2o Se os documentos que instruírem a petição eviden-
movida a responsabilidade da autoridade. ciarem a ilegalidade da coação, o juiz ou o tribunal or-
Art. 654. O habeas corpus poderá ser impetrado por denará que cesse imediatamente o constrangimento.
qualquer pessoa, em seu favor ou de outrem, bem § 3o Se a ilegalidade decorrer do fato de não ter sido
como pelo Ministério Público. o paciente admitido a prestar fiança, o juiz arbitrará
§ 1o A petição de habeas corpus conterá: o valor desta, que poderá ser prestada perante ele, re-
a) o nome da pessoa que sofre ou está ameaçada metendo, neste caso, à autoridade os respectivos au-
de sofrer violência ou coação e o de quem exercer a tos, para serem anexados aos do inquérito policial ou
violência, coação ou ameaça; aos do processo judicial.
b) a declaração da espécie de constrangimento ou, § 4o Se a ordem de habeas corpus for concedida para
em caso de simples ameaça de coação, as razões em evitar ameaça de violência ou coação ilegal, dar-se-á
que funda o seu temor; ao paciente salvo-conduto assinado pelo juiz.

24
§ 5o Será incontinenti enviada cópia da decisão à au-
toridade que tiver ordenado a prisão ou tiver o pa- #FicaDica
ciente à sua disposição, a fim de juntar-se aos autos
Não cabe HC em caso de militar preso por
do processo.
infração disciplinar (art. 142, § 2º do CF)
§ 6o Quando o paciente estiver preso em lugar que
não seja o da sede do juízo ou do tribunal que con-
ceder a ordem, o alvará de soltura será expedido pelo
telégrafo, se houver, observadas as formalidades esta-
belecidas no art. 289, parágrafo único, in fine, ou por EXERCÍCIO COMENTADO
via postal.
Art. 661. Em caso de competência originária do Tri-
bunal de Apelação, a petição de habeas corpus será 1) EBSERH – Advogado – CESPE – 2018: Julgue o se-
apresentada ao secretário, que a enviará imediata- guinte item, acerca do habeas corpus e de medidas coa-
mente ao presidente do tribunal, ou da câmara cri- tivas de prisão.
minal, ou da turma, que estiver reunida, ou primeiro
tiver de reunir-se. Não se admite a impetração de habeas corpus para ata-
Art. 662. Se a petição contiver os requisitos do art. car sentença cuja condenação se tenha limitado a pena
654, § 1o, o presidente, se necessário, requisitará da de natureza pecuniária.
autoridade indicada como coatora informações por
escrito. Faltando, porém, qualquer daqueles requisitos, ( ) CERTO   ( ) ERRADO
o presidente mandará preenchê-lo, logo que Ihe for
apresentada a petição. Resposta: Certo. Súmula 693/STF: Não cabe habeas
Art. 663. As diligências do artigo anterior não serão corpus contra decisão condenatória a pena de multa,
ordenadas, se o presidente entender que o habeas cor- ou relativo a processo em curso por infração penal a
pus deva ser indeferido in limine. Nesse caso, levará a que a pena pecuniária seja a única cominada.
petição ao tribunal, câmara ou turma, para que deli-
bere a respeito.
Art. 664. Recebidas as informações, ou dispensadas,
o habeas corpus será julgado na primeira sessão, po- JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA
dendo, entretanto, adiar-se o julgamento para a ses-
são seguinte.
Parágrafo único. A decisão será tomada por maioria JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA
de votos. Havendo empate, se o presidente não tiver
tomado parte na votação, proferirá voto de desempa- Jurisdição é o poder-dever conferido ao Estado-juiz
te; no caso contrário, prevalecerá a decisão mais favo- para aplicar a lei ao caso concreto, com o objetivo de re-
rável ao paciente. solver conflitos. A competência é a medida da jurisdição.
Art. 665. O secretário do tribunal lavrará a ordem Apesar da jurisdição ser una, nem todo juiz está apto a
que, assinada pelo presidente do tribunal, câmara resolver todos casos concretos. Por isso, existe um con-
ou turma, será dirigida, por ofício ou telegrama, ao junto de regras que estabelecem os limites em que cada
detentor, ao carcereiro ou autoridade que exercer ou juiz pode exercer o seu Poder Jurisdicional: As regras de
ameaçar exercer o constrangimento. competência.
Parágrafo único. A ordem transmitida por telegrama
obedecerá ao disposto no art. 289, parágrafo único,
in fine. #FicaDica
Art. 666. Os regimentos dos Tribunais de Apelação
estabelecerão as normas complementares para o pro- Jurisdição deriva do latim iuris dictio, que
significa “dizer o direito”.
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

cesso e julgamento do pedido de habeas corpus de sua


competência originária.
Art. 667. No processo e julgamento do habeas corpus
de competência originária do Supremo Tribunal Fede- A jurisdição possui como características:
ral, bem como nos de recurso das decisões de última
ou única instância, denegatórias de habeas corpus, • Inércia: O Estado-juiz presta a tutela jurisdicional
observar-se-á, no que lhes for aplicável, o disposto nos após provocado.
artigos anteriores, devendo o regimento interno do tri- • Caráter substitutivo: A vontade do Estado (lei)
bunal estabelecer as regras complementares. substitui a vontade das partes.
• Definitividade: Ao final do processo a decisão do
Estado-juiz se torna definitiva.

25
A jurisdição possui como princípios: despacho de intimação para apresentação de alegações
finais, a competência para processar e julgar ações pe-
• Investidura: Para exercer a jurisdição precisa estar nais não será mais afetada em razão de o agente público
investido no poder jurisdicional, por meio de con- vir a ocupar outro cargo ou deixar o cargo que ocupava,
curso público ou do quinto constitucional. qualquer que seja o motivo.
• Indelegabilidade: Quem está investido no Poder
Jurisdicional não pode delegá-lo a terceiros. Conexão Continência
• Inevitabilidade: As partes estão obrigadas a supor- Conexão Intersubjetiva: Continência subjetiva:
tar a decisão e se sujeitar a ela. • Por simultaneidade: ocor- duas ou mais pessoas
• Inafastabilidade: Todo cidadão pode levar à apre- rendo duas ou mais infrações, acusadas pela mesma
ciação do Poder Judiciário uma demanda. houverem sido praticadas, infração.
• Juiz natural: Regras prévias estabelecem quem vai ao mesmo tempo, por várias Continência objetiva:
julgar o processo, vedado Tribunal de Exceção. pessoas reunidas. concurso formal; aber-
• Territorialidade: O juiz tem jurisdição em todo o • Concursal: ocorrendo duas ratio ictus; aberratio
território nacional, mas não competência. ou mais infrações, houverem criminis.
sido praticadas por várias
A competência é dividida em razão da: Matéria (Jus- pessoas em concurso, embo-
tiça Especial Militar ou Eleitoral, Justiça Comum Federal ra diverso o tempo e o lugar.
ou Estadual); Pessoa (prerrogativa de função); Territorial. • Por reciprocidade: ocorren-
Ademais, vale lembrar que a Justiça do Trabalho não jul- do duas ou mais infrações,
ga crimes. houverem sido praticadas por
várias pessoas, umas contra
O art. 69 do CPP traz sete critérios para a fixação da as outras.
competência: Conexão objetiva:
• Teleológica: no mesmo caso,
Art. 69. Determinará a competência jurisdicional: houverem sido umas pratica-
I - o lugar da infração: das para facilitar as outras.
II - o domicílio ou residência do réu; • Consequencial: no mesmo
III - a natureza da infração; caso, houverem sido umas
praticadas para ocultar, con-
IV - a distribuição;
seguir impunidade ou vanta-
V - a conexão ou continência;
gem em relação a qualquer
VI - a prevenção;
delas.
VII - a prerrogativa de função.
Conexão Instrumental: Quan-
do a prova de uma infração ou
Dessa forma, a competência jurisdicional é fixada, em de qualquer de suas circuns-
regra, pelo critério do lugar da infração (consumação ou tâncias elementares influir na
último ato executório). Todavia, os crimes contra a vida, prova de outra infração.
atos infracionais e de menor potencial ofensivo são pro-
cessados e julgados no juízo da ação/omissão.
Caso não seja conhecido o lugar da infração, utiliza-
-se como critério subsidiário o domicílio ou residência do
réu. Em crime de ação penal privada, o querelante pode
escolher ajuizar a queixa no lugar do domicílio ou resi-
dência do réu, ainda que conhecido o lugar da infração.
A natureza da infração é o critério utilizado para a
fixação da competência dos crimes dolosos contra a vida,
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

que são julgados no Tribunal do Júri. Vale lembrar que,


de acordo com a Súmula Vinculante 45, a competência
do Tribunal do Júri prevalece sobre o foro por prerrogati-
va de função estabelecido exclusivamente em Constitui-
ção Estadual. Quando a prerrogativa de função é fixada
na Constituição Federal, esta prevalece.
A distribuição é feita quando há mais de um juiz com-
petente na mesma circunscrição judiciária, e, a prevenção
ocorre quando incerta a jurisdição, o primeiro juiz que
vier a atuar no processo se tornará o competente.
O critério do foro por prerrogativa de função aplica-
-se apenas aos crimes cometidos durante o exercício do
cargo e relacionados às funções desempenhadas. Após
o final da instrução processual, com a publicação do

26
Separação Obrigatória dos Processos Separação Facultativa dos Processos
No concurso entre a jurisdição comum e a militar. As infrações tiverem sido praticadas em circuns-
tâncias de tempo ou de lugar diferentes.
No concurso entre a jurisdição comum e a do juí- Quando pelo excessivo número de acusados e
zo de menores. para não Ihes prolongar a prisão provisória.
Por outro motivo relevante, o juiz reputar conve-
Em caso de doença mental superveniente de al- niente a separação.
gum dos corréus.

Impossibilidade de formação do Conselho de


Sentença no Tribunal do Júri.

Réu foragido.

Por fim, é recorrente em provas de concurso aparecerem questões que avaliem se o candidato sabe que, no con-
curso de jurisdições da mesma categoria:

a) preponderará a do lugar da infração, à qual for cominada a pena mais grave;


b) prevalecerá a do lugar em que houver ocorrido o maior número de infrações, se as respectivas penas forem de
igual gravidade;
c) firmar-se-á a competência pela prevenção, nos outros casos.

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (TJ-MA – ANALISTA JUDICIÁRIO – DIREITO – FCC – 2019) Sobre a competência no processo penal é correto
afirmar:

a) Será determinada, de regra, pelo domicílio ou residência do réu.


b) É vedado ao Tribunal do Júri o julgamento de crimes patrimoniais.
c) Será determinada pela conexão quando a prova de uma infração influir na prova de outra.
d) No concurso entre a jurisdição comum e a militar, prevalece a última para o processamento conjunto e unitário.
e) É determinada pela continência quando houver mais de um juiz igualmente competente para o caso.

Resposta: Letra C. Conforme dispõe o artigo 76, III do Código de Processo Penal
Art. 76. A competência será determinada pela conexão: III - quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas
circunstâncias elementares influir na prova de outra infração.

2. (MPE-SC - PROMOTOR DE JUSTIÇA – MATUTINA – MPE-SC – 2019) A competência será determinada pela conti-
nência quando também duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infração, tal como no concurso necessário
de pessoas. Neste caso, trata-se de modalidade de continência por cumulação objetiva.

( ) CERTO   ( ) ERRADO
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Resposta: Errado. A assertiva é falsa, uma vez que nesta hipótese ocorre a continência por cumulação subjetiva.

3. (TJ-SC – TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE REGISTROS – PROVIMENTO) Com relação às regras de compe-
tência, é INCORRETO afirmar:

a) Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência será regulada pelo domicílio da vítima, nos termos do art.
72 do Código de Processo Penal.
b) A competência para o processo e julgamento de latrocínio é do Juiz singular e não do Tribunal do Júri.
c) A competência para processo e julgamento das contravenções penais é, após a Constituição de 1988, da Justiça
Estadual, ainda que a contravenção tenha sido praticada em detrimento de bens da União.
d) A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso da tentativa, pelo
lugar em que for praticado o último ato de execução, conforme art. 70 do Código de Processo Penal.

27
Resposta: Letra A. Uma vez que, não sendo conheci- § 1o A identificação do perfil genético será armazenada
do o lugar da infração, a competência será regulada em banco de dados sigiloso, conforme regulamento a
pelo domicílio do RÉU, e não da vítima, nos termos do ser expedido pelo Poder Executivo.
artigo 72 do Código de Processo Penal. § 1º-A. A regulamentação deverá fazer constar garan-
tias mínimas de proteção de dados genéticos, obser-
vando as melhores práticas da genética forense.
§ 2o A autoridade policial, federal ou estadual, poderá
requerer ao juiz competente, no caso de inquérito ins-
LEI DE EXECUÇÃO PENAL (LEI FEDERAL Nº
taurado, o acesso ao banco de dados de identificação
7.210/1984) de perfil genético.
§ 3º Deve ser viabilizado ao titular de dados genéti-
cos o acesso aos seus dados constantes nos bancos de
perfis genéticos, bem como a todos os documentos da
LEI DE EXECUÇÕES PENAIS (7.210/84)
cadeia de custódia que gerou esse dado, de maneira
que possa ser contraditado pela defesa.
Essa lei trata especificamente de como deve ser
§ 4º O condenado pelos crimes previstos no caput des-
executada a pena no sistema carcerário brasileiro, bem
te artigo que não tiver sido submetido à identificação
como elenca alternativas para o réu não ficar privado de
do perfil genético por ocasião do ingresso no estabe-
liberdade.
lecimento prisional deverá ser submetido ao procedi-
O objetivo da execução penal é cumprir a sentença/
mento durante o cumprimento da pena.
decisão criminal e proporcionar condições para a har-
§ 5º (VETADO).
mônica integração social do condenado/internado. A
LEP, inclusive, deve ser aplicada ao preso provisório e ao § 6º (VETADO).
condenado pela Justiça Eleitoral ou Militar, quando re- § 7º (VETADO).
colhido em estabelecimento prisional sujeito à jurisdição § 8º Constitui falta grave a recusa do condenado em
ordinária (criminal). submeter-se ao procedimento de identificação do per-
fil genético.

#FicaDica Quanto a assistência do preso e internado, para pre-


venir o crime e orientar o retorno à convivência em socie-
Ao condenado e ao internado serão assegu- dade, é dever do Estado providenciar:
rados todos os direitos não atingidos pela Assistência material (alimentação, vestuário, instala-
sentença ou lei. ções higiênicas e locais que vendam produtos não forne-
cidos pela Administração);
Assistência à saúde (preventivo e curativo, atendi-
Como é feita a classificação dos condenados? Segun- mento médico/farmacêutico/odontológico, pré-natal/
do antecedentes e personalidade: pós-parto/recém-nascido, o diretor do presídio pode au-
Assim, é possível ocorrer a individualização da execu- torizar a saída para tratamento);
ção penal. Ademais, existe a Comissão Técnica de Classi- Assistência jurídica (no caso de preso e internado sem
ficação, em cada estabelecimento penal, presidida pelo recursos financeiros para constituir advogado, a Defen-
Diretor do presídio e composta por pelo menos 2 chefes soria atua dentro e fora dos estabelecimentos penais e
de serviço, 1 psiquiatra, 1 psicólogo, 1 assistente social, fora dos estabelecimentos penais serão implementados
nos casos de pena privativa de liberdade. Nos demais ti- Núcleos Especializados para a Defensoria);
pos de pena, a Comissão Técnica de Classificação atua Assistência educacional (instrução escolar e formação
junto ao Juízo da Execução, mediante fiscais do serviço profissional, com o primeiro grau obrigatório e ensino
social. médio implantado com vistas à universalização, recursos
Nunca esqueça da obrigatoriedade do exame crimi- da educação/sistema estadual de justiça/administração
nológico ao condenado a pena privativa de liberdade em penitenciária, curso supletivo, educação à distância, con-
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

regime fechado. Em caso de regime semiaberto, o exame vênio com entidades públicas e particulares, uma biblio-
passa a ser facultativo. Outro ponto essencial de memo- teca para cada estabelecimento e apuração pelo censo
rização é: penitenciário das condições educacionais); Assistência
social (ampara o preso e o internado e os prepara para o
Art. 9o-A. Os condenados por crime praticado, do- retorno à liberdade, ex. conhece os resultados dos exa-
losamente, com violência de natureza grave contra mes, relata ao diretor dificuldades do preso, acompanha
pessoa, ou por qualquer dos crimes previstos no art. os resultados das permissões de saída e saídas temporá-
1o da Lei no 8.072, de 25 de julho de 1990 (crimes rias, promove recreação, orienta o assistido na fase final
hediondos), serão submetidos, obrigatoriamente, à do cumprimento da pena, providencia documentos da
identificação do perfil genético, mediante extração de previdência e de acidente do trabalho, orienta a família
DNA – ácido desoxirribonucleico, por técnica adequa- do preso, colabora para que o egresso obtenha trabalho);
da e indolor. Assistência religiosa (liberdade de culto, permitida a
posse de livros de instrução religiosa e nenhum preso é
obrigado a participar de atividade religiosa);

28
Assistência ao egresso (apoio para reintegrá-lo à vida Dentre os direitos do preso podem ser suspensos por
em liberdade, alojamento e alimentação por 2 meses, ato motivado do diretor do estabelecimento:
prorrogável por uma única vez desde que haja decla-
ração de empenho para obtenção de emprego emitida • Proporcionalidade na distribuição do tempo para
pelo assistente social). trabalho, descanso e recreação;
• Visitas;
• Contato com o mundo exterior (correspondência,
#FicaDica leitura etc.).
É considerado egresso o liberado definitivo
pelo prazo de 1 ano, contado da saída do #FicaDica
presídio e o liberado condicional durante o
período de prova. Os direitos do preso aplicam-se, inclusive,
ao preso provisório e ao submetido à me-
O trabalho do preso não é regido pela CLT, todavia, dida de segurança. Entre tais direitos, desta-
sempre é remunerado, nunca inferior a ¾ do salário míni- cam-se: proteção contra o sensacionalismo,
mo e dá ao preso trabalhador direito à previdência social. entrevista pessoal e reservada com o advo-
O dinheiro obtido pelo trabalho é usado para a indeni- gado, atestado de pena a cumprir emitido
zação dos danos determinados judicialmente, assistência anualmente pelo juiz, contratar médico de
à família, pequenas despesas pessoais, ressarcimento ao sua confiança (em caso de divergência com
Estado pelas despesas. O restante forma pecúlio, em ca- o médico oficial, o juiz resolve).
derneta de poupança, que será entregue ao condenado
quando posto em liberdade.
Prezando pelo princípio da legalidade, as faltas e san-
Condenado Preso Provisório ções disciplinares precisam de expressa e anterior previ-
são legal ou regulamentar. Prezando pela dignidade da
Trabalho obrigatório, salvo Não é obrigatório e só pode pessoa humana, as sanções não podem colocar em peri-
em caso de crime político ser exercido no interior do
go a integridade física e moral do condenado, veda-se o
estabelecimento
emprego de cela escura. Prezando pela individualização
O artesanato sem expressão econômica deve ser evi- das penas, veda-se sanções coletivas.
tado, salvo em regiões de turismo, que valorizam eco- O Poder Disciplinar é exercido pelo diretor do esta-
nomicamente esse tipo de arte. Ademais, a jornada de belecimento penal, mas nas faltas graves, a autoridade
trabalho deve variar de 6 a 8 horas, com descanso nos representará o juiz da execução. A legislação local espe-
domingos e feriados, ressalvado horário especial para cifica as faltas leves e médias, e a LEP cuida apenas das
presos designados ao serviço de conservação e manu- faltas graves.
tenção do presídio.

FIQUE ATENTO!
#FicaDica Pune-se a tentativa com a sanção correspon-
dente à falta consumada.
O trabalho pode ser gerenciado por funda-
ção ou empresa pública, no sentido de pro-
mover, supervisionar e fazer pagamentos. O
Faltas graves:
governo pode celebrar convênio com a ini-
ciativa privada para a implantação de ofici-
nas de trabalho. Ademais, pode ser dispen- • Subverter a ordem ou disciplina;
sada de concorrência pública o produto do • Fugir;
trabalho prisional, de maneira que, o dinhei- • Possuir instrumento capaz de ofender a integrida-
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

ro irá para a fundação, empresa pública ou de física de outrem;


estabelecimento penal. • Provocar acidente de trabalho;
• Descumprir no regime aberto as condições
impostas;
O preso em regime fechado pode realizar trabalho • Desobedecer a servidor, desrespeitar pessoas;
externo em serviço ou obra pública realizadas pela Admi- • Não executar o trabalho, tarefas e ordens recebidas;
nistração Pública (direta e indireta) e entidades privadas. • Tiver em sua posse, utilizar ou fornecer aparelho
O limite máximo de presos em relação ao total de em- telefônico, rádio ou similar;
pregados na obra é de 10%. • Recusar submeter-se ao procedimento de identifi-
Ademais, para que haja o trabalho externo é necessá- cação do perfil genético.
rio o cumprimento de pelo menos 1/6 da pena e autori-
zação da direção do estabelecimento, que será revogada O ponto mais importante trazido pelo Pacote Anticri-
em caso de prática de crime, falta grave ou comporta- me à LEP foi alterações introduzidas no famoso Regime
mento contraditório. Disciplinar Diferenciado (RDD):

29
Quem está sujeito? O preso provisório, ou condenado, nacional ou estrangeiro.
Hipóteses de cabimento: Prática de crime doloso, quando ocasione subversão da ordem ou disciplina internas.
Presos que apresentem alto risco para a ordem e a segurança do estabelecimento
penal ou da sociedade.
Presos sob os quais recaiam fundadas suspeitas de envolvimento ou participação, a
qualquer título, em organização criminosa, associação criminosa ou milícia privada, in-
dependentemente da prática de falta grave.
Características: Duração máxima de até 2 anos, sem prejuízo de repetição da sanção por nova falta
grave de mesma espécie;
Cela individual;
Visitas quinzenais, de 2 pessoas por vez, a serem realizadas em instalações equipadas
para impedir o contato físico e a passagem de objetos, por pessoa da família ou, no
caso de terceiro, autorizado judicialmente, com duração de 2 horas;
Direito do preso à saída da cela por 2 horas diárias para banho de sol, em grupos de até
4 presos, desde que não haja contato com presos do mesmo grupo criminoso;
Entrevistas sempre monitoradas, exceto aquelas com seu defensor, em instalações
equipadas para impedir o contato físico e a passagem de objetos, salvo expressa auto-
rização judicial em contrário;
Fiscalização do conteúdo da correspondência;
Participação em audiências judiciais preferencialmente por videoconferência, garantin-
do-se a participação do defensor no mesmo ambiente do preso.
Presídio e Prorrogações Existindo indícios de que o preso exerce liderança em organização criminosa, associa-
ção criminosa ou milícia privada, ou que tenha atuação criminosa em 2 ou mais Estados
da Federação, será obrigatoriamente cumprido em estabelecimento prisional federal.
Poderá ser prorrogado sucessivamente, por períodos de 1 ano, existindo indícios de
que o preso: I - continua apresentando alto risco para a ordem e a segurança do esta-
belecimento penal de origem ou da sociedade; II - mantém os vínculos com organiza-
ção criminosa, associação criminosa ou milícia privada, considerados também o perfil
criminal e a função desempenhada por ele no grupo criminoso, a operação duradoura
do grupo, a superveniência de novos processos criminais e os resultados do tratamento
penitenciário.
Visita As visitas quinzenais, de 2 pessoas por vez, serão gravadas em sistema de áudio ou de
áudio e vídeo e, com autorização judicial, fiscalizadas por agente penitenciário.
Após os primeiros 6 meses de RDD, o preso que não receber visita poderá, após prévio
agendamento, ter contato telefônico, que será gravado, com uma pessoa da família, 2
vezes por mês e por 10 minutos.

As sanções disciplinares se dividem em: advertência verbal, repreensão, suspensão ou restrição de direitos, isola-
mento na cela, RDD. As sanções são aplicadas pelo diretor do estabelecimento, salvo o RDD, pois precisa de despacho
do juiz, mediante requerimento do diretor do estabelecimento ou outra autoridade administrativa. Ademais, a decisão
do juiz sobre o RDD será precedida de manifestação do MP e defesa em até 15 dias.

#FicaDica
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

O bom comportamento, colaboração com a disciplina e dedicação ao trabalho podem ser recompensados
com elogios e regalias estabelecidas na legislação local.

Em caso de falta grave pode ser aplicada suspensão ou restrição de direitos, isolamento na cela ou RDD. O isola-
mento (comunicado ao juiz), a suspensão ou restrição de direitos não podem ultrapassar 30 dias.
Uma vez praticada a falta disciplinar, será instaurado o procedimento para sua apuração. A autoridade adminis-
trativa pode decretar o isolamento preventivo do faltoso por até 10 dias, período que será computado no período do
cumprimento da sanção disciplinar.

30
ÓRGÃOS DA EXECUÇÃO PENAL c) a conversão da pena privativa de liberdade em res-
tritiva de direitos;
1) Conselho Nacional de Política Criminal e Peni- d) a aplicação da medida de segurança, bem como a
tenciária: possui sede na capital da República e é substituição da pena por medida de segurança;
subordinado ao Ministério da Justiça. Ao todo são e) a revogação da medida de segurança;
13 membros (mandato de 2 anos renovável 1/3 em f) a desinternação e o restabelecimento da situação
cada ano), dentre professores, representantes da anterior;
comunidade e ministérios da área social. g) o cumprimento de pena ou medida de segurança
em outra comarca;
Art. 64. Ao Conselho Nacional de Política Criminal e h) a remoção do condenado na hipótese prevista no §
Penitenciária, no exercício de suas atividades, em âm- 1º, do artigo 86, desta Lei.
bito federal ou estadual, incumbe: i) (VETADO);
I - propor diretrizes da política criminal quanto à pre- VI - zelar pelo correto cumprimento da pena e da me-
venção do delito, administração da Justiça Criminal e dida de segurança;
execução das penas e das medidas de segurança; VII - inspecionar, mensalmente, os estabelecimentos
II - contribuir na elaboração de planos nacionais de penais, tomando providências para o adequado fun-
desenvolvimento, sugerindo as metas e prioridades da cionamento e promovendo, quando for o caso, a apu-
política criminal e penitenciária; ração de responsabilidade;
III - promover a avaliação periódica do sistema cri- VIII - interditar, no todo ou em parte, estabelecimento
minal para a sua adequação às necessidades do País; penal que estiver funcionando em condições inade-
IV - estimular e promover a pesquisa criminológica; quadas ou com infringência aos dispositivos desta Lei;
V - elaborar programa nacional penitenciário de for- IX - compor e instalar o Conselho da Comunidade.
mação e aperfeiçoamento do servidor;
X – emitir anualmente atestado de pena a cumprir.
VI - estabelecer regras sobre a arquitetura e constru-
ção de estabelecimentos penais e casas de albergados;
3) Ministério Público: é quem fiscaliza a execução
VII - estabelecer os critérios para a elaboração da es-
da pena e da medida de segurança, inclusive, oficia no
tatística criminal;
processo executivo e nos incidentes de execução.
VIII - inspecionar e fiscalizar os estabelecimentos pe-
nais, bem assim informar-se, mediante relatórios do
Art. 68. Incumbe, ainda, ao Ministério Público:
Conselho Penitenciário, requisições, visitas ou outros
I - fiscalizar a regularidade formal das guias de reco-
meios, acerca do desenvolvimento da execução penal
lhimento e de internamento;
nos Estados, Territórios e Distrito Federal, propondo às
autoridades dela incumbida as medidas necessárias II - requerer:
ao seu aprimoramento; a) todas as providências necessárias ao desenvolvi-
IX - representar ao Juiz da execução ou à autorida- mento do processo executivo;
de administrativa para instauração de sindicância ou b) a instauração dos incidentes de excesso ou desvio
procedimento administrativo, em caso de violação das de execução;
normas referentes à execução penal; c) a aplicação de medida de segurança, bem como a
X - representar à autoridade competente para a inter- substituição da pena por medida de segurança;
dição, no todo ou em parte, de estabelecimento penal. d) a revogação da medida de segurança;
e) a conversão de penas, a progressão ou regressão
2) Juízo da Execução: na ausência do juiz da execu- nos regimes e a revogação da suspensão condicional
ção, quem atua é o juiz da sentença. da pena e do livramento condicional;
f) a internação, a desinternação e o restabelecimento
Art. 66. Compete ao Juiz da execução: da situação anterior.
I - aplicar aos casos julgados lei posterior que de qual- III - interpor recursos de decisões proferidas pela auto-
quer modo favorecer o condenado; ridade judiciária, durante a execução.
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

II - declarar extinta a punibilidade; Parágrafo único. O órgão do Ministério Público visi-


III - decidir sobre: tará mensalmente os estabelecimentos penais, regis-
a) soma ou unificação de penas; trando a sua presença em livro próprio.
b) progressão ou regressão nos regimes;
c) detração e remição da pena; 4) Conselho Penitenciário: é o órgão consultivo e
d) suspensão condicional da pena; fiscalizador da execução da pena, integrado por mem-
e) livramento condicional; bros nomeados pelo governador, dentre professores,
f) incidentes da execução. profissionais e representantes da comunidade, para
IV - autorizar saídas temporárias; mandato de 4 anos.
V - determinar:
a) a forma de cumprimento da pena restritiva de direi- Art. 70. Incumbe ao Conselho Penitenciário:
tos e fiscalizar sua execução; I - emitir parecer sobre indulto e comutação de pena,
b) a conversão da pena restritiva de direitos e de multa excetuada a hipótese de pedido de indulto com base
em privativa de liberdade; no estado de saúde do preso;

31
II - inspecionar os estabelecimentos e serviços penais; 7) Conselho da Comunidade: há em cada comarca
III - apresentar, no 1º (primeiro) trimestre de cada ano, e é composto por 1 representante da associação
ao Conselho Nacional de Política Criminal e Peniten- comercial, 1 advogado, 1 defensor e 1 assistente
ciária, relatório dos trabalhos efetuados no exercício social, ou, o juiz da execução pode adotar outros
anterior; critérios.
IV - supervisionar os patronatos, bem como a assis-
tência aos egressos. Art. 81. Incumbe ao Conselho da Comunidade:
I - visitar, pelo menos mensalmente, os estabelecimen-
5) Departamentos Penitenciários: o Departamento tos penais existentes na comarca;
Penitenciário Nacional é subordinado ao Minis- II - entrevistar presos;
tério da Justiça. Consiste em órgão executivo da III - apresentar relatórios mensais ao Juiz da execução
Política Penitenciária Nacional, inclusive, apoia de e ao Conselho Penitenciário;
forma administrativa e financeira o Conselho Na- IV - diligenciar a obtenção de recursos materiais e hu-
cional de Política Criminal e Penitenciária. Dentre manos para melhor assistência ao preso ou internado,
suas atribuições, coordena e supervisiona os es- em harmonia com a direção do estabelecimento.
tabelecimentos penais e internamento federais. A
legislação local pode criar Departamento Peniten- 8) Defensoria Pública: é quem vela pela regular
ciário ou órgão similar, para supervisionar e coor- execução da pena e da medida de segurança,
denar os estabelecimentos penais da unidade da oficia no processo executivo e nos incidentes de
federação a que pertencer. execução, para a defesa dos necessitados em
todos os graus e instâncias, de forma individual e
Art. 72. São atribuições do Departamento coletiva.
Penitenciário Nacional:
I - acompanhar a fiel aplicação das normas de execu- Art. 81-B. Incumbe, ainda, à Defensoria Pública:
I - requerer:
ção penal em todo o Território Nacional;
a) todas as providências necessárias ao desenvolvi-
II - inspecionar e fiscalizar periodicamente os estabe-
mento do processo executivo;
lecimentos e serviços penais;
b) a aplicação aos casos julgados de lei posterior que
III - assistir tecnicamente as Unidades Federativas na
de qualquer modo favorecer o condenado;
implementação dos princípios e regras estabelecidos
c) a declaração de extinção da punibilidade;
nesta Lei;
d) a unificação de penas;
IV - colaborar com as Unidades Federativas mediante
e) a detração e remição da pena;
convênios, na implantação de estabelecimentos e ser-
f) a instauração dos incidentes de excesso ou desvio
viços penais;
de execução;
V - colaborar com as Unidades Federativas para a re- g) a aplicação de medida de segurança e sua revoga-
alização de cursos de formação de pessoal penitenci- ção, bem como a substituição da pena por medida de
ário e de ensino profissionalizante do condenado e do segurança;
internado. h) a conversão de penas, a progressão nos regimes, a
VI – estabelecer, mediante convênios com as unidades suspensão condicional da pena, o livramento condi-
federativas, o cadastro nacional das vagas existentes cional, a comutação de pena e o indulto;
em estabelecimentos locais destinadas ao cumpri- i) a autorização de saídas temporárias;
mento de penas privativas de liberdade aplicadas pela j) a internação, a desinternação e o restabelecimento
justiça de outra unidade federativa, em especial para da situação anterior;
presos sujeitos a regime disciplinar. k) o cumprimento de pena ou medida de segurança
VII - acompanhar a execução da pena das mulheres em outra comarca;
beneficiadas pela progressão especial de que trata o l) a remoção do condenado na hipótese prevista no §
§ 3º do art. 112 desta Lei, monitorando sua integra- 1o do art. 86 desta Lei;
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

ção social e a ocorrência de reincidência, específica ou II - requerer a emissão anual do atestado de pena a
não, mediante a realização de avaliações periódicas e cumprir;
de estatísticas criminais. III - interpor recursos de decisões proferidas pela au-
toridade judiciária ou administrativa durante a exe-
6) Patronato: pode ser público ou particular, mas cução;
sempre presta assistência aos albergados e egres- IV - representar ao Juiz da execução ou à autorida-
sos, ex. orienta os condenados a penas restritivas de administrativa para instauração de sindicância ou
de direitos, fiscaliza o cumprimento das penas de procedimento administrativo em caso de violação das
prestação de serviços à comunidade e de limita- normas referentes à execução penal;
ção de fim de semana, colabora na fiscalização do V - visitar os estabelecimentos penais, tomando provi-
cumprimento das condições da suspensão e do li- dências para o adequado funcionamento, e requerer,
vramento condicional. quando for o caso, a apuração de responsabilidade;
VI - requerer à autoridade competente a interdição, no
todo ou em parte, de estabelecimento penal.

32
Parágrafo único. O órgão da Defensoria Pública visitará periodicamente os estabelecimentos penais, registrando a
sua presença em livro próprio.

FIQUE ATENTO!
O diretor do estabelecimento penal precisa ter diploma de nível superior em Direito ou Psicologia ou Ciên-
cias Sociais ou Pedagogia ou Serviços Sociais; possuir experiência administrativa na área; ter idoneidade
moral e reconhecida aptidão para o desempenho da função; residir no estabelecimento ou nas proximida-
des e dedicar-se em tempo integral à função.
Obs.: No estabelecimento para mulheres só pode trabalhar pessoal do sexo feminino, salvo quando se tratar
de pessoal técnico especializado.

Os estabelecimentos penais destinam-se ao condenado, ao submetido à medida de segurança, ao preso provisório


e ao egresso. Mulheres e maiores de 60 anos são recolhidos em estabelecimento próprio. Na verdade, o mesmo con-
junto arquitetônico pode abrigar estabelecimentos de destinação diversa, mas desde que sejam separados.
Os estabelecimentos para mulheres terão berçário, para que permaneçam com seus filhos por pelo menos 6 meses.

FIQUE ATENTO!
Haverá instalação destinada à Defensoria, bem como para estagiários.

São indelegáveis as funções de direção, chefia e coordenação no âmbito do sistema penal, bem como todas as ati-
vidades que exijam o exercício do poder de polícia, e notadamente: classificação de condenados; aplicação de sanções
disciplinares; controle de rebeliões; transporte de presos para órgãos do Poder Judiciário, hospitais e outros locais
externos aos estabelecimentos penais.
Presos provisórios devem ficar separados de presos condenados, bem como o preso funcionário da administração
da justiça deve ficar em dependência separada. O preso que tiver sua integridade física, moral ou psicológica ameaçada
pela convivência com os demais presos ficará segregado em local próprio.

FIQUE ATENTO!
O Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária determinará o limite máximo de capacidade do
estabelecimento, atendendo a sua natureza e peculiaridades.

As penas privativas de liberdade aplicadas pela Justiça de uma Unidade Federativa podem ser executadas em outra
unidade, em estabelecimento local ou da União.
A União Federal poderá construir estabelecimento penal em local distante da condenação para recolher os con-
denados, quando a medida se justifique no interesse da segurança pública ou do próprio condenado. O juiz é quem
define o estabelecimento prisional adequado para cada indivíduo.

NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

33
Regime Fechado Regime Semiaberto Regime Aberto
A Penitenciária destina-se ao conde- A Colônia Agrícola, Industrial ou Similar A Casa do Albergado destina-se
nado à pena de reclusão em regime destina-se ao cumprimento da pena em ao cumprimento de pena privativa
fechado. regime semiaberto. de liberdade, em regime aberto,
A cela é individual, com dormitório, O alojamento é em compartilhamento e da pena de limitação de fim de
sanitário e lavatório (área mínima de coletivo. semana.
6m²). O prédio deverá situar-se em cen-
A penitenciária de mulheres será do- tro urbano, separado dos demais
tada de seção para gestante e partu- estabelecimentos, e caracterizar-se
riente e de creche para abrigar crian- pela ausência de obstáculos físicos
ças maiores de 6 meses e menores de contra a fuga.
7 anos, com a finalidade de assistir a Requisitos do regime aberto: estar
criança desamparada cuja responsá- trabalhando ou comprovar a pos-
vel estiver presa. sibilidade de fazê-lo imediatamen-
A penitenciária de homens será cons- te; indícios de que irá ajustar-se ao
truída, em local afastado do centro novo regime.
urbano, à distância que não restrinja Condições obrigatórias: permane-
a visitação. cer no local que for designado no
repouso e dias de folga; sair para
o trabalho e retornar nos horários
fixados; não se ausentar da cidade
sem autorização judicial; compare-
cer em juízo quando determinado.

No Centro de Observação são realizados os exames gerais e o criminológico, cujos resultados serão encaminhados
à Comissão Técnica de Classificação. Também é neste local que são realizadas as pesquisas criminológicas. Na falta do
Centro de Observação, os exames poderão ser realizados pela Comissão Técnica de Classificação.
Hospitais de custódia e tratamento psiquiátrico destinam-se aos inimputáveis e semi-imputáveis, que deles ne-
cessitarem. O tratamento ambulatorial pode ser realizado no hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou outro
local adequado. O condenado a quem sobrevier doença mental será internado em Hospital de Custódia e Tratamento
Psiquiátrico.
A cadeia pública destina-se aos presos provisórios, de maneira que, os presos permaneçam em local próximo da
sua família e do centro urbano.
Uma vez transitada em julgado a sentença que aplica pena privativa de liberdade, o juiz ordena a expedição da guia
de recolhimento (extraída pelo escrivão, assinada pelo juiz). Então, a guia será remetida à autoridade administrativa in-
cumbida da execução e o Ministério Público terá ciência. Todas as modificações quanto ao início ou tempo de duração
da pena precisam ser retificadas na guia.
A autoridade administrativa incumbida da execução da guia passará recibo. As guias de recolhimento serão regis-
tradas em livro especial, segundo a ordem cronológica do recebimento, e anexadas ao prontuário do condenado, adi-
tando-se, no curso da execução, o cálculo das remições e de outras retificações posteriores. Após cumprida ou extinta
a pena, o condenado é posto em liberdade mediante alvará do juiz.
O juiz que prolata a sentença fixa o regime no qual o condenado iniciará o cumprimento da pena. Em caso de nova
condenação, o juiz da execução soma a nova pena ao restante da que está sendo cumprida, para determinar o regime.
A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a transferência para regime menos rigoro-
so, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos:
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

I - 16% da pena, se o apenado for primário e o crime tiver sido cometido sem violência à pessoa ou grave ameaça;
II – 20% da pena, se o apenado for reincidente em crime cometido sem violência à pessoa ou grave ameaça;
III - 25% da pena, se o apenado for primário e o crime tiver sido cometido com violência à pessoa ou grave ameaça;
IV – 30% da pena, se o apenado for reincidente em crime cometido com violência à pessoa ou grave ameaça;
V - 40% da pena, se o apenado for condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, se for primário;
VI - 50% da pena, se o apenado for:
a) condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, com resultado morte, se for primário, VEDADO O LI-
VRAMENTO CONDICIONAL;
b) condenado por exercer o comando, individual ou coletivo, de organização criminosa estruturada para a prática de
crime hediondo ou equiparado; ou
c) condenado pela prática do crime de constituição de milícia privada;
VII - 60% da pena, se o apenado for reincidente na prática de crime hediondo ou equiparado;
VIII - 70% da pena, se o apenado for reincidente em crime hediondo ou equiparado com resultado morte, VEDADO

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O LIVRAMENTO CONDICIONAL.

FIQUE ATENTO!
A decisão do juiz que determinar a progressão de regime será sempre motivada e precedida de mani-
festação do Ministério Público e do defensor, procedimento que também será adotado na concessão de
livramento condicional, indulto e comutação de penas.

Em todos os casos, o apenado só terá direito à progressão de regime se ostentar boa conduta carcerária, compro-
vada pelo diretor do estabelecimento.
O cometimento de falta grave durante a execução da pena privativa de liberdade interrompe o prazo para a obten-
ção da progressão no regime de cumprimento da pena, caso em que o reinício da contagem do requisito objetivo terá
como base a pena remanescente.
No caso de gestante/mãe/responsável por crianças ou pessoas com deficiência, os requisitos da progressão são:
não ter cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa; não ter cometido o crime contra seu filho ou de-
pendente; ter cumprido ao menos 1/8 (um oitavo) da pena no regime anterior; ser primária e ter bom comportamento
carcerário, comprovado pelo diretor do estabelecimento; não ter integrado organização criminosa. Novo crime doloso
ou falta grave implicam na revogação.
O Pacote Anticrime introduziu entendimento que já estava sendo pacificado pelo Tribunais Superiores, no sentido
de que não se considera hediondo ou equiparado o crime de tráfico de drogas privilegiado (agente primário, de bons
antecedentes, que não se dedique às atividades criminosas nem integre organização criminosa).

#FicaDica
O regime aberto pode ser cumprido em residência particular, se o condenado for maior de 70 anos, aco-
metido por doença grave, condenada gestante ou com filho menor/deficiente.

Causas de regressão de regime: prática de crime doloso ou falta grave; condenação por crime anterior, cuja pena,
somada ao restante da pena em execução, torne incabível o regime; frustrar os fins da execução.

AUTORIZAÇÕES DE SAÍDA

Permissão de saída Saída temporária

• Regime fechado ou semiaberto • Regime semiaberto (cumprido 1/6 da pena se primário e


• Presos provisórios ¼ reincidente), salvo se cumpre pena por crime hediondo
• Escolta com resultado morte
• Em caso de falecimento ou doença grave • Sem vigilância direta
do CADI • Visita à família
• Em caso de necessidade de tratamento • Curso supletivo profissionalizante, de segundo grau ou su-
médico perior na comarca
• Concedida pelo diretor do estabelecimento • Atividades que concorram para o retorno ao convívio social
• O juiz pode obrigar o uso de monitoração eletrônica
• O juiz autoriza ou não motivadamente, ouvido o MP e a
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

administração penitenciária
• Prazo não superior a 7 dias, renovável por 4x durante o ano,
45 dias entre uma saída e outra (salvo atividades discentes)
• Precisa fornecer o endereço de onde estará, se recolher no
período noturno e não frequentar bares/casas noturnas
• Revoga-se em caso de prática de crime doloso, falta grave,
desatender as condições impostas ou revelar baixo grau de
aproveitamento no curso.
• Pode recuperar o direito se for absolvido, cancelada a puni-
ção ou demonstrado merecimento.

35
O condenado em regime fechado ou semiaberto po- Art. 136. Concedido o benefício, será expedida a carta
dem receber remição pelo trabalho ou estudo. O con- de livramento com a cópia integral da sentença em 2
denado no regime aberto, só pode remir o tempo de (duas) vias, remetendo-se uma à autoridade adminis-
execução da pena pelo estudo, pois o trabalho é pressu- trativa incumbida da execução e outra ao Conselho
posto para a concessão do benefício. Penitenciário.
Art. 137. A cerimônia do livramento condicional será
• 1 dia de pena a cada 12h de frequência escolar, realizada solenemente no dia marcado pelo Presi-
divididas em 3 dias; dente do Conselho Penitenciário, no estabelecimento
• 1 dia de pena a cada 3 dias de trabalho. onde está sendo cumprida a pena, observando-se o
seguinte:
O preso que se acidentar e não conseguir mais traba- I - a sentença será lida ao liberando, na presença dos
lhar ou estudar, continuará recebendo a remição. Ade- demais condenados, pelo Presidente do Conselho Pe-
mais, acrescenta-se 1/3 de remição em caso de conclu- nitenciário ou membro por ele designado, ou, na falta,
são do ensino. Sempre é declarado pelo juiz da execução, pelo Juiz;
ouvido o MP e a defesa. II - a autoridade administrativa chamará a atenção
do liberando para as condições impostas na sentença
de livramento;
#FicaDica
III - o liberando declarará se aceita as condições.
Aplica-se a remição nas hipóteses de prisões § 1º De tudo em livro próprio, será lavrado termo
cautelares. subscrito por quem presidir a cerimônia e pelo libe-
rando, ou alguém a seu rogo, se não souber ou não
puder escrever.
Em caso de falta grave, o juiz pode revogar 1/3 do § 2º Cópia desse termo deverá ser remetida ao Juiz da
tempo remido, recomeçando a contagem a partir da execução.
data da infração disciplinar. Comete o crime de falsidade Art. 138. Ao sair o liberado do estabelecimento penal,
ideológica quem atesta falsamente serviço para fins de ser-lhe-á entregue, além do saldo de seu pecúlio e do
remição. que lhe pertencer, uma caderneta, que exibirá à au-
toridade judiciária ou administrativa, sempre que lhe
Livramento Condicional for exigida.
§ 1º A caderneta conterá:
Art. 131. O livramento condicional poderá ser conce- a) a identificação do liberado;
dido pelo Juiz da execução, presentes os requisitos do b) o texto impresso do presente Capítulo;
artigo 83, incisos e parágrafo único, do Código Penal, c) as condições impostas.
ouvidos o Ministério Público e Conselho Penitenciário. § 2º Na falta de caderneta, será entregue ao liberado
Art. 132. Deferido o pedido, o Juiz especificará as con- um salvo-conduto, em que constem as condições do
dições a que fica subordinado o livramento. livramento, podendo substituir-se a ficha de identifi-
§ 1º Serão sempre impostas ao liberado condicional as cação ou o seu retrato pela descrição dos sinais que
obrigações seguintes:
possam identificá-lo.
a) obter ocupação lícita, dentro de prazo razoável se
§ 3º Na caderneta e no salvo-conduto deverá haver
for apto para o trabalho;
espaço para consignar-se o cumprimento das condi-
b) comunicar periodicamente ao Juiz sua ocupação;
ções referidas no artigo 132 desta Lei.
c) não mudar do território da comarca do Juízo da
Art. 139. A observação cautelar e a proteção reali-
execução, sem prévia autorização deste.
zadas por serviço social penitenciário, Patronato ou
§ 2° Poderão ainda ser impostas ao liberado condicio-
Conselho da Comunidade terão a finalidade de:
nal, entre outras obrigações, as seguintes:
I - fazer observar o cumprimento das condições espe-
a) não mudar de residência sem comunicação ao Juiz
e à autoridade incumbida da observação cautelar e cificadas na sentença concessiva do benefício;
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

de proteção; II - proteger o beneficiário, orientando-o na execução


b) recolher-se à habitação em hora fixada; de suas obrigações e auxiliando-o na obtenção de ati-
c) não frequentar determinados lugares. vidade laborativa.
Art. 133. Se for permitido ao liberado residir fora da Parágrafo único. A entidade encarregada da obser-
comarca do Juízo da execução, remeter-se-á cópia da vação cautelar e da proteção do liberado apresentará
sentença do livramento ao Juízo do lugar para onde relatório ao Conselho Penitenciário, para efeito da re-
ele se houver transferido e à autoridade incumbida da presentação prevista nos artigos 143 e 144 desta Lei.
observação cautelar e de proteção. Art. 140. A revogação do livramento condicional dar-
Art. 134. O liberado será advertido da obrigação de -se-á nas hipóteses previstas nos artigos 86 e 87 do
apresentar-se imediatamente às autoridades referidas Código Penal.
no artigo anterior. Parágrafo único. Mantido o livramento condicional,
Art. 135. Reformada a sentença denegatória do livra- na hipótese da revogação facultativa, o Juiz deverá
mento, os autos baixarão ao Juízo da execução, para advertir o liberado ou agravar as condições.
as providências cabíveis.

36
Art. 141. Se a revogação for motivada por infração § 4º O beneficiário, ao comparecer periodicamente à
penal anterior à vigência do livramento, computar-se- entidade fiscalizadora, para comprovar a observância
-á como tempo de cumprimento da pena o período das condições a que está sujeito, comunicará, também,
de prova, sendo permitida, para a concessão de novo a sua ocupação e os salários ou proventos de que vive.
livramento, a soma do tempo das 2 (duas) penas. § 5º A entidade fiscalizadora deverá comunicar ime-
Art. 142. No caso de revogação por outro motivo, não diatamente ao órgão de inspeção, para os fins legais,
se computará na pena o tempo em que esteve solto o qualquer fato capaz de acarretar a revogação do be-
liberado, e tampouco se concederá, em relação à mes- nefício, a prorrogação do prazo ou a modificação das
ma pena, novo livramento. condições.
Art. 143. A revogação será decretada a requerimento do § 6º Se for permitido ao beneficiário mudar-se, será
Ministério Público, mediante representação do Conselho feita comunicação ao Juiz e à entidade fiscalizadora
Penitenciário, ou, de ofício, pelo Juiz, ouvido o liberado. do local da nova residência, aos quais o primeiro de-
Art. 144. O Juiz, de ofício, a requerimento do verá apresentar-se imediatamente.
Ministério Público, da Defensoria Pública ou mediante Art. 159. Quando a suspensão condicional da pena
representação do Conselho Penitenciário, e ouvido o for concedida por Tribunal, a este caberá estabelecer
liberado, poderá modificar as condições especificadas as condições do benefício.
na sentença, devendo o respectivo ato decisório ser § 1º De igual modo proceder-se-á quando o Tribunal
lido ao liberado por uma das autoridades ou funcio- modificar as condições estabelecidas na sentença re-
nários indicados no inciso I do caput do art. 137 desta corrida.
Lei, observado o disposto nos incisos II e III e §§ 1o e 2o § 2º O Tribunal, ao conceder a suspensão condicional
do mesmo artigo. da pena, poderá, todavia, conferir ao Juízo da execu-
Art. 145. Praticada pelo liberado outra infração penal, ção a incumbência de estabelecer as condições do be-
o Juiz poderá ordenar a sua prisão, ouvidos o Conse- nefício, e, em qualquer caso, a de realizar a audiência
lho Penitenciário e o Ministério Público, suspendendo admonitória.
o curso do livramento condicional, cuja revogação, en- Art. 160. Transitada em julgado a sentença condena-
tretanto, ficará dependendo da decisão final. tória, o Juiz a lerá ao condenado, em audiência, ad-
Art. 146. O Juiz, de ofício, a requerimento do interes- vertindo-o das consequências de nova infração penal
sado, do Ministério Público ou mediante representa- e do descumprimento das condições impostas.
ção do Conselho Penitenciário, julgará extinta a pena Art. 161. Se, intimado pessoalmente ou por edital
privativa de liberdade, se expirar o prazo do livramen- com prazo de 20 (vinte) dias, o réu não comparecer
to sem revogação. injustificadamente à audiência admonitória, a sus-
pensão ficará sem efeito e será executada imediata-
Suspensão Condicional da Pena mente a pena.
Art. 162. A revogação da suspensão condicional da
Art. 156. O Juiz poderá suspender, pelo período de 2 pena e a prorrogação do período de prova dar-se-ão
(dois) a 4 (quatro) anos, a execução da pena privativa na forma do artigo 81 e respectivos parágrafos do Có-
de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, na forma digo Penal.
prevista nos artigos 77 a 82 do Código Penal. Art. 163. A sentença condenatória será registrada,
Art. 157. O Juiz ou Tribunal, na sentença que aplicar com a nota de suspensão em livro especial do Juízo a
pena privativa de liberdade, na situação determinada que couber a execução da pena.
no artigo anterior, deverá pronunciar-se, motivada- § 1º Revogada a suspensão ou extinta a pena, será o
mente, sobre a suspensão condicional, quer a conceda, fato averbado à margem do registro.
quer a denegue. § 2º O registro e a averbação serão sigilosos, salvo
Art. 158. Concedida a suspensão, o Juiz especifica- para efeito de informações requisitadas por órgão ju-
rá as condições a que fica sujeito o condenado, pelo diciário ou pelo Ministério Público, para instruir pro-
prazo fixado, começando este a correr da audiência cesso penal.
prevista no artigo 160 desta Lei.
§ 1° As condições serão adequadas ao fato e à situa- A monitoração eletrônica cabe em caso de saída
ção pessoal do condenado, devendo ser incluída entre temporária e prisão domiciliar. Entre os deveres do be-
as mesmas a de prestar serviços à comunidade, ou li- neficiário está: receber visitas de servidores, cumprir as
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

mitação de fim de semana, salvo hipótese do artigo orientações, abster-se de violar o dispositivo ou permitir
78, § 2º, do Código Penal. que alguém o faça. A pena pelo descumprimento pode
§ 2º O Juiz poderá, a qualquer tempo, de ofício, a re- ser: a regressão do regime, a revogação da saída tempo-
querimento do Ministério Público ou mediante propos- rária, a revogação da prisão domiciliar ou advertência por
ta do Conselho Penitenciário, modificar as condições e escrito. A monitoração eletrônica é revogada quando se
regras estabelecidas na sentença, ouvido o condenado. tornar desnecessária ou inadequada, o réu violar deveres
§ 3º A fiscalização do cumprimento das condições, re- ou cometer falta grave.
guladas nos Estados, Territórios e Distrito Federal por Transitada em julgado a sentença que aplicou a pena
normas supletivas, será atribuída a serviço social pe- restritiva de direitos, o Juiz da execução, de ofício ou a
nitenciário, Patronato, Conselho da Comunidade ou
requerimento do Ministério Público, promoverá a execu-
instituição beneficiada com a prestação de serviços,
ção, podendo, para tanto, requisitar, quando necessário,
inspecionados pelo Conselho Penitenciário, pelo Mi-
nistério Público, ou ambos, devendo o Juiz da execu- a colaboração de entidades públicas ou solicitá-la a par-
ção suprir, por ato, a falta das normas supletivas. ticulares. O juiz, motivadamente, pode alterar a forma de
cumprimento.

37
Prestação de Serviços à Comunidade Limitação de Fim de Semana Interdição Temporária de direitos
Art. 149. Caberá ao Juiz da execu- Art. 151. Caberá ao Juiz da Art. 154. Caberá ao Juiz da execu-
ção: execução determinar a inti- ção comunicar à autoridade compe-
I - designar a entidade ou programa mação do condenado, cienti- tente a pena aplicada, determinada
comunitário ou estatal, devidamen- ficando-o do local, dias e ho- a intimação do condenado.
te credenciado ou convencionado, rário em que deverá cumprir § 1º Na hipótese de pena de interdi-
junto ao qual o condenado deverá a pena. ção do artigo 47, inciso I, do Código
trabalhar gratuitamente, de acordo Parágrafo único. A execução Penal, a autoridade deverá, em 24
com as suas aptidões; terá início a partir da data do (vinte e quatro) horas, contadas do
II - determinar a intimação do con- primeiro comparecimento. recebimento do ofício, baixar ato, a
denado, cientificando-o da entida- Art. 152. Poderão ser minis- partir do qual a execução terá seu
de, dias e horário em que deverá trados ao condenado, durante início.
cumprir a pena; o tempo de permanência, cur- § 2º Nas hipóteses do artigo 47, in-
III - alterar a forma de execução, sos e palestras, ou atribuídas cisos II e III, do Código Penal, o Juízo
a fim de ajustá-la às modificações atividades educativas. da execução determinará a apreen-
ocorridas na jornada de trabalho. Parágrafo único. Nos casos são dos documentos, que autorizam
§ 1º o trabalho terá a duração de de violência doméstica con- o exercício do direito interditado.
8 (oito) horas semanais e será rea- tra a mulher, o juiz poderá Art. 155. A autoridade deverá comu-
lizado aos sábados, domingos e fe- determinar o comparecimen- nicar imediatamente ao Juiz da exe-
riados, ou em dias úteis, de modo a to obrigatório do agressor a cução o descumprimento da pena.
não prejudicar a jornada normal de programas de recuperação e Parágrafo único. A comunicação pre-
trabalho, nos horários estabelecidos reeducação. vista neste artigo poderá ser feita por
pelo Juiz. Art. 153. O estabelecimen- qualquer prejudicado.
§ 2º A execução terá início a par- to designado encaminhará,
tir da data do primeiro compareci- mensalmente, ao Juiz da exe-
mento. cução, relatório, bem assim
Art. 150. A entidade beneficiada comunicará, a qualquer tem-
com a prestação de serviços enca- po, a ausência ou falta disci-
minhará mensalmente, ao Juiz da plinar do condenado.
execução, relatório circunstanciado
das atividades do condenado, bem
como, a qualquer tempo, comuni-
cação sobre ausência ou falta dis-
ciplinar.

Extraída certidão da sentença condenatória com trânsito em julgado, que valerá como título executivo judicial, o
Ministério Público requererá, em autos apartados, a citação do condenado para, no prazo de 10 (dez) dias, pagar o
valor da multa ou nomear bens à penhora. Decorrido o prazo sem pagamento, haverá a penhora de tantos bens quan-
tos bastem para garantir a execução. Se a penhora recair em bem imóvel, os autos apartados serão remetidos ao Juízo
Cível para prosseguimento.

#FicaDica
A execução da pena de multa será suspensa quando sobrevier ao condenado doença mental.
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

O juiz pode determinar o desconto diretamente do salário, no máximo a quarta parte, no mínimo 1/10. O conde-
nado pode requerer o parcelamento da multa e o juiz decidirá ouvido o MP. Se o condenado for impontual ou se me-
lhorar sua situação econômica, o juiz, de ofício ou a requerimento do MP, pode revogar o benefício e executar a multa.
Transitada em julgado a sentença que aplicar medida de segurança, será ordenada a expedição de guia para a
execução (guia expedida pela autoridade judiciária). Assim, é remetida para a autoridade administrativa incumbida da
execução. O MP tomará ciência. A guia será retificada sempre que mudar o prazo de execução.

38
FIQUE ATENTO! #FicaDica
A cessação da periculosidade será averigua-
Cumprida ou extinta a pena, não consta-
da no fim do prazo mínimo de duração da
rão da folha corrida, atestados ou certidões
medida de segurança, pelo exame das con-
fornecidas por autoridade policial ou por
dições pessoais do agente. Em qualquer
auxiliares da Justiça, qualquer notícia ou re-
tempo, ainda no decorrer do prazo mínimo
ferência à condenação, salvo para instruir
de duração da medida de segurança, poderá
processo pela prática de nova infração penal
o Juiz da execução, diante de requerimento
ou outros casos expressos em lei.
fundamentado do Ministério Público ou do
interessado, seu procurador ou defensor, or-
denar o exame para que se verifique a cessa-
ção da periculosidade. EXERCÍCIOS COMENTADOS
Transitada em julgado a sentença, o Juiz
expedirá ordem para a desinternação ou a 1. (MPE-CE – PROMOTOR DE JUSTIÇA DE ENTRÂNCIA
liberação. INICIAL – CESPE – 2020) De acordo com a Lei de Exe-
cução Penal (LEP), o órgão da execução penal destinado
Quando, no curso da execução da pena privativa de especificamente a prestar assistência aos albergados e
aos egressos é
liberdade, sobrevier doença mental ou perturbação da
saúde mental, o Juiz, de ofício, a requerimento do Mi-
a) O patronato.
nistério Público, da Defensoria Pública ou da autoridade
b) A casa de albergado.
administrativa, poderá determinar a substituição da pena
c) O conselho penitenciário.
por medida de segurança.
d) O conselho da comunidade.
O tratamento ambulatorial poderá ser convertido em
e) O departamento penitenciário.
internação se o agente revelar incompatibilidade com a
medida. Nesta hipótese, o prazo mínimo de internação Resposta: Letra A.
será de 1 (um) ano. O patronato público ou particular destina-se a prestar
assistência aos albergados e aos egressos, incumbin-
#FicaDica do a eles (I) orientar os condenados à pena restritiva
de direitos; (II) fiscalizar o cumprimento das penas de
Art. 180. A pena privativa de liberdade, não prestação de serviço à comunidade e de limitação de
superior a 2 (dois) anos, poderá ser convertida fim de semana; (III) colaborar na fiscalização do cum-
em restritiva de direitos, desde que: primento das condições da suspensão e do livramento
I - o condenado a esteja cumprindo em regi- condicional.
me aberto;
II - tenha sido cumprido pelo menos 1/4 (um 2. (MPE-CE – PROMOTOR DE JUSTIÇA DE ENTRÂN-
quarto) da pena; CIA INICIAL – CESPE – 2020) Mário e Tiago estão em
III - os antecedentes e a personalidade do conde- regime semiaberto, têm bom comportamento e já cum-
nado indiquem ser a conversão recomendável. priram mais da metade da pena. Mário foi comunicado
do falecimento de sua irmã e deseja ir ao funeral dela.
Tiago deseja visitar a família e participar do casamento
Por fim, a anistia concedida enseja a declaração de de uma prima. Ambos preenchem os demais requisitos
extinção da punibilidade pelo juiz. O indulto individual legais para a saída. Nessa situação, deve-se
poderá ser provocado por petição do condenado, por
iniciativa do Ministério Público, do Conselho Penitenciá- a) Negar a ambos os condenados os pedidos, porque
rio, ou da autoridade administrativa. O Conselho Peni- não cabe autorização de saída nas hipóteses indicadas.
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

tenciário elabora parecer e encaminha ao Ministério da b) Permitir a saída temporária, sem escolta, de ambos os
Justiça, a petição será submetida a despacho do Presi- condenados.
dente da República. Concedido o indulto e anexada aos c) Permitir a saída, com escolta, de ambos os condenados.
autos cópia do decreto, o Juiz declarará extinta a pena d) Permitir a saída, sem escolta, de Mário; e a saída tem-
ou ajustará a execução aos termos do decreto, no caso porária, com escolta, de Tiago.
de comutação. e) Permitir a saída, com escolta, de Mário; e a saída tem-
Nos procedimentos judiciais, ouve-se em 3 dias as porária, sem escolta, de Tiago.
partes, quando não forem requerentes da medida. Sen-
do desnecessária a produção de prova, o juiz decide em Resposta: Letra E.
igual prazo. Das decisões proferidas pelo juiz caberá A saída do preso será com escolta nas hipóteses de (I)
agravo sem efeito suspensivo. falecimento ou doença grave do cônjuge, companhei-
ra, ascendente, descendente ou irmão; ou (II) necessi-
dade de tratamento médico. Já a saída temporária do
preso para visitar sua família não necessita de escolta.

39
3. (TJ-MS – JUIZ SUBSTITUTO – FCC – 2020) No que
toca às sanções disciplinares na fase de execução penal,
JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS (LEI
correto afirmar que
FEDERAL Nº 9.099/1995, ARTS. 60 A 92)
a) A advertência verbal e a repreensão serão aplicadas
por ato do diretor do estabelecimento, desnecessárias
motivação e comunicação ao juiz da execução. LEI Nº 9.099, DE 26 DE SETEMBRO DE 1995
b) Compete ao juiz da execução a aplicação da suspen-
são ou restrição de direitos. Dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais
c) A autorização para inclusão de preso em regime dis- e dá outras providências.
ciplinar diferenciado dependerá de requerimento cir-
cunstanciado elaborado pelo diretor do estabeleci- CAPÍTULO III
mento, decidindo o juiz no prazo máximo de quinze DOS JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS
dias, ouvida apenas a defesa. DISPOSIÇÕES GERAIS
d) O isolamento na própria cela, ou em local adequado,
nos estabelecimentos que possuam alojamento cole- Art. 60. O Juizado Especial Criminal, provido por
tivo, será determinado pelo diretor do presídio e co- juízes togados ou togados e leigos, tem competência
municado ao juiz da execução. para a conciliação, o julgamento e a execução das
e) Cabe exclusivamente ao juiz da execução decretar o infrações penais de menor potencial ofensivo, respei-
isolamento preventivo do faltoso pelo prazo de até tadas as regras de conexão e continência. (Redação
dez dias. dada pela Lei nº 11.313, de 2006)
Parágrafo único. Na reunião de processos, perante o
Resposta: Letra D. juízo comum ou o tribunal do júri, decorrentes da apli-
A sanção de isolamento na própria cela, prevista no cação das regras de conexão e continência, observar-
art. 53 da LEP, inciso IV da mesma lei, será aplicada -se-ão os institutos da transação penal e da compo-
pelo diretor do estabelecimento, devendo sempre ser sição dos danos civis (Incluído pela Lei nº 11.313, de
comunicada ao juiz da execução conforme determina 2006)
o art. 58, parágrafo único. Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor
potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as con-
4. (MPE-CE – PROMOTOR DE JUSTIÇA DE ENTRÂNCIA travenções penais e os crimes a que a lei comine pena
INICIAL – CESPE – 2020) Em relação ao que dispõe a máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou
LEP, assinale a opção correta. não com multa. (Redação dada pela Lei nº 11.313, de
2006)
a) Das decisões proferidas pelo juiz da execução caberá Art. 62. O processo perante o Juizado Especial orien-
recurso de agravo, com efeito suspensivo. tar-se-á pelos critérios da oralidade, simplicidade, in-
b) O procedimento judicial pode ser iniciado de ofício, formalidade, economia processual e celeridade, obje-
a requerimento do Ministério Público, do interessado, tivando, sempre que possível, a reparação dos danos
de seu representante ou parente, ou da autoridade sofridos pela vítima e a aplicação de pena não priva-
administrativa. tiva de liberdade. (Redação dada pela Lei nº 13.603,
c) A petição do indulto individual será entregue ao Mi- de 2018)
nistério Público para a elaboração de parecer e poste-
rior encaminhamento ao juiz da execução. SEÇÃO I
d) A pena privativa de liberdade poderá ser convertida DA COMPETÊNCIA E DOS ATOS PROCESSUAIS
em restritiva de direitos, desde que o condenado este-
ja em regime aberto ou semiaberto e tenha cumprido Art. 63. A competência do Juizado será determinada
um sexto da pena. pelo lugar em que foi praticada a infração penal.
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

e) O órgão do Ministério Público deve visitar anualmente Art. 64. Os atos processuais serão públicos e poderão
os estabelecimentos penais, registrando a sua presen- realizar-se em horário noturno e em qualquer dia da
ça em livro próprio. semana, conforme dispuserem as normas de organi-
zação judiciária.
Resposta: Letra B. Art. 65. Os atos processuais serão válidos sempre que
Conforme dispõe o artigo 195 da LEP, o procedimento preencherem as finalidades para as quais foram reali-
judicial poderá ser iniciado de ofício, a requerimen- zados, atendidos os critérios indicados no art. 62 desta
to do Ministério Público, do interessado, de quem o Lei.
represente, de seu cônjuge, parente ou descendente, § 1º Não se pronunciará qualquer nulidade sem que
mediante proposta do Conselho Penitenciário, ou, ain- tenha havido prejuízo.
da, da autoridade administrativa. § 2º A prática de atos processuais em outras comarcas
poderá ser solicitada por qualquer meio hábil de
comunicação.

40
§ 3º Serão objeto de registro escrito exclusivamente Parágrafo único. Os conciliadores são auxiliares da
os atos havidos por essenciais. Os atos realizados Justiça, recrutados, na forma da lei local, preferen-
em audiência de instrução e julgamento poderão ser temente entre bacharéis em Direito, excluídos os
gravados em fita magnética ou equivalente. que exerçam funções na administração da Justiça
Art. 66. A citação será pessoal e far-se-á no próprio Criminal.
Juizado, sempre que possível, ou por mandado. Art. 74. A composição dos danos civis será reduzida
Parágrafo único. Não encontrado o acusado para ser a escrito e, homologada pelo Juiz mediante sentença
citado, o Juiz encaminhará as peças existentes ao Juí- irrecorrível, terá eficácia de título a ser executado no
zo comum para adoção do procedimento previsto em juízo civil competente.
lei. Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de inicia-
Art. 67. A intimação far-se-á por correspondência, tiva privada ou de ação penal pública condicionada à
com aviso de recebimento pessoal ou, tratando-se de representação, o acordo homologado acarreta a re-
pessoa jurídica ou firma individual, mediante entrega núncia ao direito de queixa ou representação.
ao encarregado da recepção, que será obrigatoria- Art. 75. Não obtida a composição dos danos civis,
mente identificado, ou, sendo necessário, por oficial será dada imediatamente ao ofendido a oportunidade
de justiça, independentemente de mandado ou car- de exercer o direito de representação verbal, que será
ta precatória, ou ainda por qualquer meio idôneo de reduzida a termo.
comunicação. Parágrafo único. O não oferecimento da representa-
Parágrafo único. Dos atos praticados em audiência ção na audiência preliminar não implica decadência
considerar-se-ão desde logo cientes as partes, os inte- do direito, que poderá ser exercido no prazo previsto
ressados e defensores. em lei.
Art. 68. Do ato de intimação do autor do fato e do Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de
mandado de citação do acusado, constará a necessi- crime de ação penal pública incondicionada, não sen-
dade de seu comparecimento acompanhado de advo- do caso de arquivamento, o Ministério Público poderá
gado, com a advertência de que, na sua falta, ser-lhe- propor a aplicação imediata de pena restritiva de di-
-á designado defensor público. reitos ou multas, a ser especificada na proposta.
§ 1º Nas hipóteses de ser a pena de multa a única
SEÇÃO II aplicável, o Juiz poderá reduzi-la até a metade.
DA FASE PRELIMINAR § 2º Não se admitirá a proposta se ficar comprovado:
I - ter sido o autor da infração condenado, pela prática
Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimen- de crime, à pena privativa de liberdade, por sentença
to da ocorrência lavrará termo circunstanciado e o en- definitiva;
caminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no
fato e a vítima, providenciando-se as requisições dos prazo de cinco anos, pela aplicação de pena restritiva
exames periciais necessários. ou multa, nos termos deste artigo;
Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavra- III - não indicarem os antecedentes, a conduta social
tura do termo, for imediatamente encaminhado ao e a personalidade do agente, bem como os motivos e
juizado ou assumir o compromisso de a ele compare- as circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção
cer, não se imporá prisão em flagrante, nem se exigirá da medida.
fiança. Em caso de violência doméstica, o juiz poderá § 3º Aceita a proposta pelo autor da infração e seu
determinar, como medida de cautela, seu afastamento defensor, será submetida à apreciação do Juiz.
do lar, domicílio ou local de convivência com a vítima. § 4º Acolhendo a proposta do Ministério Público
(Redação dada pela Lei nº 10.455, de 13.5.2002)) aceita pelo autor da infração, o Juiz aplicará a pena
Art. 70. Comparecendo o autor do fato e a vítima, e restritiva de direitos ou multa, que não importará em
não sendo possível a realização imediata da audiên- reincidência, sendo registrada apenas para impedir
cia preliminar, será designada data próxima, da qual novamente o mesmo benefício no prazo de cinco anos.
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

ambos sairão cientes. § 5º Da sentença prevista no parágrafo anterior caberá


Art. 71. Na falta do comparecimento de qualquer dos a apelação referida no art. 82 desta Lei.
envolvidos, a Secretaria providenciará sua intimação § 6º A imposição da sanção de que trata o § 4º deste
e, se for o caso, a do responsável civil, na forma dos artigo não constará de certidão de antecedentes
arts. 67 e 68 desta Lei. criminais, salvo para os fins previstos no mesmo
Art. 72. Na audiência preliminar, presente o represen- dispositivo, e não terá efeitos civis, cabendo aos
tante do Ministério Público, o autor do fato e a vítima interessados propor ação cabível no juízo cível.
e, se possível, o responsável civil, acompanhados por
seus advogados, o Juiz esclarecerá sobre a possibilida- SEÇÃO III
de da composição dos danos e da aceitação da pro- DO PROCEDIMENTO SUMARIÍSSIMO
posta de aplicação imediata de pena não privativa de
liberdade. Art. 77. Na ação penal de iniciativa pública, quando
Art. 73. A conciliação será conduzida pelo Juiz ou por não houver aplicação de pena, pela ausência do autor
conciliador sob sua orientação. do fato, ou pela não ocorrência da hipótese prevista

41
no art. 76 desta Lei, o Ministério Público oferecerá ao § 3º A sentença, dispensado o relatório, mencionará os
Juiz, de imediato, denúncia oral, se não houver neces- elementos de convicção do Juiz.
sidade de diligências imprescindíveis. Art. 82. Da decisão de rejeição da denúncia ou queixa
§ 1º Para o oferecimento da denúncia, que será e da sentença caberá apelação, que poderá ser jul-
elaborada com base no termo de ocorrência referido gada por turma composta de três Juízes em exercício
no art. 69 desta Lei, com dispensa do inquérito policial, no primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede do
prescindir-se-á do exame do corpo de delito quando Juizado.
a materialidade do crime estiver aferida por boletim § 1º A apelação será interposta no prazo de dez
médico ou prova equivalente. dias, contados da ciência da sentença pelo Ministério
§ 2º Se a complexidade ou circunstâncias do caso não Público, pelo réu e seu defensor, por petição escrita,
permitirem a formulação da denúncia, o Ministério da qual constarão as razões e o pedido do recorrente.
Público poderá requerer ao Juiz o encaminhamento § 2º O recorrido será intimado para oferecer resposta
das peças existentes, na forma do parágrafo único do
escrita no prazo de dez dias.
art. 66 desta Lei.
§ 3º As partes poderão requerer a transcrição da
§ 3º Na ação penal de iniciativa do ofendido poderá
gravação da fita magnética a que alude o § 3º do art.
ser oferecida queixa oral, cabendo ao Juiz verificar se a
65 desta Lei.
complexidade e as circunstâncias do caso determinam
a adoção das providências previstas no parágrafo § 4º As partes serão intimadas da data da sessão de
único do art. 66 desta Lei. julgamento pela imprensa.
Art. 78. Oferecida a denúncia ou queixa, será redu- § 5º Se a sentença for confirmada pelos próprios
zida a termo, entregando-se cópia ao acusado, que fundamentos, a súmula do julgamento servirá de
com ela ficará citado e imediatamente cientificado da acórdão.
designação de dia e hora para a audiência de instru- Art. 83. Cabem embargos de declaração quando, em
ção e julgamento, da qual também tomarão ciência sentença ou acórdão, houver obscuridade, contradi-
o Ministério Público, o ofendido, o responsável civil e ção ou omissão. (Redação dada pela Lei nº 13.105, de
seus advogados. 2015) (Vigência)
§ 1º Se o acusado não estiver presente, será citado na § 1º Os embargos de declaração serão opostos por
forma dos arts. 66 e 68 desta Lei e cientificado da data escrito ou oralmente, no prazo de cinco dias, contados
da audiência de instrução e julgamento, devendo a ela da ciência da decisão.
trazer suas testemunhas ou apresentar requerimento § 2o Os embargos de declaração interrompem o prazo
para intimação, no mínimo cinco dias antes de sua para a interposição de recurso. (Redação dada pela Lei
realização. nº 13.105, de 2015) (Vigência)
§ 2º Não estando presentes o ofendido e o responsável § 3º Os erros materiais podem ser corrigidos de ofício.
civil, serão intimados nos termos do art. 67 desta
Lei para comparecerem à audiência de instrução e SEÇÃO IV
julgamento. DA EXECUÇÃO
§ 3º As testemunhas arroladas serão intimadas na
forma prevista no art. 67 desta Lei. Art. 84. Aplicada exclusivamente pena de multa, seu
Art. 79. No dia e hora designados para a audiência cumprimento far-se-á mediante pagamento na Secre-
de instrução e julgamento, se na fase preliminar não taria do Juizado.
tiver havido possibilidade de tentativa de conciliação Parágrafo único. Efetuado o pagamento, o Juiz decla-
e de oferecimento de proposta pelo Ministério Públi-
rará extinta a punibilidade, determinando que a con-
co, proceder-se-á nos termos dos arts. 72, 73, 74 e 75
denação não fique constando dos registros criminais,
desta Lei.
exceto para fins de requisição judicial.
Art. 80. Nenhum ato será adiado, determinando o
Art. 85. Não efetuado o pagamento de multa, será
Juiz, quando imprescindível, a condução coercitiva de
quem deva comparecer. feita a conversão em pena privativa da liberdade, ou
Art. 81. Aberta a audiência, será dada a palavra ao restritiva de direitos, nos termos previstos em lei.
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

defensor para responder à acusação, após o que o Juiz Art. 86. A execução das penas privativas de liberdade
receberá, ou não, a denúncia ou queixa; havendo re- e restritivas de direitos, ou de multa cumulada com
cebimento, serão ouvidas a vítima e as testemunhas estas, será processada perante o órgão competente,
de acusação e defesa, interrogando-se a seguir o acu- nos termos da lei.
sado, se presente, passando-se imediatamente aos de-
bates orais e à prolação da sentença. SEÇÃO V
§ 1º Todas as provas serão produzidas na audiência DAS DESPESAS PROCESSUAIS
de instrução e julgamento, podendo o Juiz limitar ou
excluir as que considerar excessivas, impertinentes ou Art. 87. Nos casos de homologação do acordo civil e
protelatórias. aplicação de pena restritiva de direitos ou multa (arts.
§ 2º De todo o ocorrido na audiência será lavrado 74 e 76, § 4º), as despesas processuais serão reduzidas,
termo, assinado pelo Juiz e pelas partes, contendo conforme dispuser lei estadual.
breve resumo dos fatos relevantes ocorridos em
audiência e a sentença.

42
SEÇÃO VI CAPÍTULO IV
DISPOSIÇÕES FINAIS DISPOSIÇÕES FINAIS COMUNS

Art. 88. Além das hipóteses do Código Penal e da le- Art. 93. Lei Estadual disporá sobre o Sistema de Jui-
gislação especial, dependerá de representação a ação zados Especiais Cíveis e Criminais, sua organização,
penal relativa aos crimes de lesões corporais leves e composição e competência.
lesões culposas. Art. 94. Os serviços de cartório poderão ser prestados,
Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima comina- e as audiências realizadas fora da sede da Comarca,
da for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não em bairros ou cidades a ela pertencentes, ocupando
por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a de- instalações de prédios públicos, de acordo com audi-
núncia, poderá propor a suspensão do processo, por ências previamente anunciadas.
dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja Art. 95. Os Estados, Distrito Federal e Territórios cria-
sendo processado ou não tenha sido condenado por rão e instalarão os Juizados Especiais no prazo de seis
outro crime, presentes os demais requisitos que auto- meses, a contar da vigência desta Lei.
rizariam a suspensão condicional da pena (art. 77 do Parágrafo único. No prazo de 6 (seis) meses, conta-
Código Penal). do da publicação desta Lei, serão criados e instalados
§ 1º Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, os Juizados Especiais Itinerantes, que deverão dirimir,
na presença do Juiz, este, recebendo a denúncia, prioritariamente, os conflitos existentes nas áreas ru-
poderá suspender o processo, submetendo o acusado rais ou nos locais de menor concentração populacio-
a período de prova, sob as seguintes condições: nal. (Redação dada pela Lei nº 12.726, de 2012)
I - reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo; Art. 96. Esta Lei entra em vigor no prazo de sessenta
II - proibição de freqüentar determinados lugares; dias após a sua publicação.
III - proibição de ausentar-se da comarca onde reside, Art. 97. Ficam revogadas a Lei nº 4.611, de 2 de abril
sem autorização do Juiz; de 1965 e a Lei nº 7.244, de 7 de novembro de 1984.
IV - comparecimento pessoal e obrigatório a juí-
zo, mensalmente, para informar e justificar suas Brasília, 26 de setembro de 1995; 174º da Independên-
atividades. cia e 107º da República.
§ 2º O Juiz poderá especificar outras condições a que
fica subordinada a suspensão, desde que adequadas FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
ao fato e à situação pessoal do acusado. Nelson A. Jobim
§ 3º A suspensão será revogada se, no curso do prazo,
o beneficiário vier a ser processado por outro crime Dispõe sobre a instituição dos Juizados Especiais Cí-
ou não efetuar, sem motivo justificado, a reparação veis e Criminais no âmbito da Justiça Federal.
do dano. O Presidente Da República Faço saber que o Congres-
§ 4º A suspensão poderá ser revogada se o acusado vier so Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
a ser processado, no curso do prazo, por contravenção,
ou descumprir qualquer outra condição imposta. Art. 1o São instituídos os Juizados Especiais Cíveis e
§ 5º Expirado o prazo sem revogação, o Juiz declarará Criminais da Justiça Federal, aos quais se aplica, no
extinta a punibilidade. que não conflitar com esta Lei, o disposto na Lei no
§ 6º Não correrá a prescrição durante o prazo de 9.099, de 26 de setembro de 1995.
suspensão do processo. Art. 2o Compete ao Juizado Especial Federal Criminal
§ 7º Se o acusado não aceitar a proposta prevista processar e julgar os feitos de competência da Justi-
neste artigo, o processo prosseguirá em seus ulteriores ça Federal relativos às infrações de menor potencial
termos. ofensivo, respeitadas as regras de conexão e continên-
Art. 90. As disposições desta Lei não se aplicam aos cia. (Redação dada pela Lei nº 11.313, de 2006)
processos penais cuja instrução já estiver iniciada. Parágrafo único. Na reunião de processos, perante o
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

(Vide ADIN nº 1.719-9) juízo comum ou o tribunal do júri, decorrente da apli-


Art. 90-A. As disposições desta Lei não se aplicam no cação das regras de conexão e continência, observar-
âmbito da Justiça Militar. (Artigo incluído pela Lei nº -se-ão os institutos da transação penal e da composi-
9.839, de 27.9.1999) ção dos danos civis. (Redação dada pela Lei nº 11.313,
Art. 91. Nos casos em que esta Lei passa a exigir re- de 2006)
presentação para a propositura da ação penal pública, Art. 3o Compete ao Juizado Especial Federal Cível
o ofendido ou seu representante legal será intimado processar, conciliar e julgar causas de competência da
para oferecê-la no prazo de trinta dias, sob pena de Justiça Federal até o valor de sessenta salários míni-
decadência. mos, bem como executar as suas sentenças.
Art. 92. Aplicam-se subsidiariamente as disposições § 1o Não se incluem na competência do Juizado Espe-
dos Códigos Penal e de Processo Penal, no que não cial Cível as causas:
forem incompatíveis com esta Lei. I - referidas no art. 109, incisos II, III e XI, da Consti-
tuição Federal, as ações de mandado de segurança, de
desapropriação, de divisão e demarcação, populares,

43
execuções fiscais e por improbidade administrativa e Art. 11. A entidade pública ré deverá fornecer ao Jui-
as demandas sobre direitos ou interesses difusos, cole- zado a documentação de que disponha para o escla-
tivos ou individuais homogêneos; recimento da causa, apresentando-a até a instalação
II - sobre bens imóveis da União, autarquias e funda- da audiência de conciliação.
ções públicas federais; Parágrafo único. Para a audiência de composição dos
III - para a anulação ou cancelamento de ato adminis- danos resultantes de ilícito criminal (arts. 71, 72 e 74
trativo federal, salvo o de natureza previdenciária e o da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995), o re-
de lançamento fiscal; presentante da entidade que comparecer terá poderes
IV - que tenham como objeto a impugnação da pena para acordar, desistir ou transigir, na forma do art. 10.
de demissão imposta a servidores públicos civis ou de Art. 12. Para efetuar o exame técnico necessário à
sanções disciplinares aplicadas a militares. conciliação ou ao julgamento da causa, o Juiz nome-
§ 2o Quando a pretensão versar sobre obrigações vin- ará pessoa habilitada, que apresentará o laudo até
cendas, para fins de competência do Juizado Especial, cinco dias antes da audiência, independentemente de
a soma de doze parcelas não poderá exceder o valor intimação das partes.
referido no art. 3o, caput. § 1o Os honorários do técnico serão antecipados à
§ 3o No foro onde estiver instalada Vara do Juizado conta de verba orçamentária do respectivo Tribunal
Especial, a sua competência é absoluta. e, quando vencida na causa a entidade pública, seu
Art. 4o O Juiz poderá, de ofício ou a requerimento das valor será incluído na ordem de pagamento a ser feita
partes, deferir medidas cautelares no curso do proces- em favor do Tribunal.
so, para evitar dano de difícil reparação. § 2o Nas ações previdenciárias e relativas à assistência
Art. 5o Exceto nos casos do art. 4o, somente será admi- social, havendo designação de exame, serão as partes
tido recurso de sentença definitiva. intimadas para, em dez dias, apresentar quesitos e in-
Art. 6o Podem ser partes no Juizado Especial Federal dicar assistentes.
Cível: Art. 13. Nas causas de que trata esta Lei, não haverá
I – como autores, as pessoas físicas e as microempre- reexame necessário.
sas e empresas de pequeno porte, assim definidas na Art. 14. Caberá pedido de uniformização de interpre-
Lei no 9.317, de 5 de dezembro de 1996; tação de lei federal quando houver divergência entre
II – como rés, a União, autarquias, fundações e empre- decisões sobre questões de direito material proferidas
sas públicas federais. por Turmas Recursais na interpretação da lei.
Art. 7o As citações e intimações da União serão feitas § 1o O pedido fundado em divergência entre Turmas
na forma prevista nos arts. 35 a 38 da Lei Comple- da mesma Região será julgado em reunião conjun-
mentar no 73, de 10 de fevereiro de 1993. ta das Turmas em conflito, sob a presidência do Juiz
Parágrafo único. A citação das autarquias, fundações Coordenador.
e empresas públicas será feita na pessoa do represen- § 2o O pedido fundado em divergência entre decisões
tante máximo da entidade, no local onde proposta a de turmas de diferentes regiões ou da proferida em
causa, quando ali instalado seu escritório ou represen- contrariedade a súmula ou jurisprudência dominante
tação; se não, na sede da entidade. do STJ será julgado por Turma de Uniformização, inte-
Art. 8o As partes serão intimadas da sentença, quan- grada por juízes de Turmas Recursais, sob a presidên-
do não proferida esta na audiência em que estiver cia do Coordenador da Justiça Federal.
presente seu representante, por ARMP (aviso de rece- § 3o A reunião de juízes domiciliados em cidades diver-
bimento em mão própria). sas será feita pela via eletrônica.
§ 1o As demais intimações das partes serão feitas na § 4o Quando a orientação acolhida pela Turma de
pessoa dos advogados ou dos Procuradores que ofi- Uniformização, em questões de direito material, con-
ciem nos respectivos autos, pessoalmente ou por via trariar súmula ou jurisprudência dominante no Su-
postal. perior Tribunal de Justiça -STJ, a parte interessada
§ 2o Os tribunais poderão organizar serviço de inti- poderá provocar a manifestação deste, que dirimirá
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

mação das partes e de recepção de petições por meio a divergência.


eletrônico. § 5o No caso do § 4o, presente a plausibilidade do di-
Art. 9o Não haverá prazo diferenciado para a prática reito invocado e havendo fundado receio de dano de
de qualquer ato processual pelas pessoas jurídicas de difícil reparação, poderá o relator conceder, de ofício
direito público, inclusive a interposição de recursos, ou a requerimento do interessado, medida liminar
devendo a citação para audiência de conciliação ser determinando a suspensão dos processos nos quais a
efetuada com antecedência mínima de trinta dias. controvérsia esteja estabelecida.
Art. 10. As partes poderão designar, por escrito, repre- § 6o Eventuais pedidos de uniformização idênticos,
sentantes para a causa, advogado ou não. recebidos subseqüentemente em quaisquer Turmas
Parágrafo único. Os representantes judiciais da União, Recursais, ficarão retidos nos autos, aguardando-se
autarquias, fundações e empresas públicas federais, pronunciamento do Superior Tribunal de Justiça.
bem como os indicados na forma do caput, ficam au- § 7o Se necessário, o relator pedirá informações ao
torizados a conciliar, transigir ou desistir, nos proces- Presidente da Turma Recursal ou Coordenador da Tur-
sos da competência dos Juizados Especiais Federais. ma de Uniformização e ouvirá o Ministério Público, no

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prazo de cinco dias. Eventuais interessados, ainda que funções será gratuito, assegurados os direitos e prerro-
não sejam partes no processo, poderão se manifestar, gativas do jurado (art. 437 do Código de Processo Penal).
no prazo de trinta dias. Parágrafo único. Serão instalados Juizados Especiais
§ 8o Decorridos os prazos referidos no § 7o, o relator Adjuntos nas localidades cujo movimento forense não
incluirá o pedido em pauta na Seção, com preferência justifique a existência de Juizado Especial, cabendo ao
sobre todos os demais feitos, ressalvados os processos Tribunal designar a Vara onde funcionará.
com réus presos, os habeas corpus e os mandados de Art. 19. No prazo de seis meses, a contar da publica-
segurança. ção desta Lei, deverão ser instalados os Juizados Es-
§ 9o Publicado o acórdão respectivo, os pedidos reti- peciais nas capitais dos Estados e no Distrito Federal.
dos referidos no § 6o serão apreciados pelas Turmas Parágrafo único. Na capital dos Estados, no Distrito
Recursais, que poderão exercer juízo de retratação ou Federal e em outras cidades onde for necessário, neste
declará-los prejudicados, se veicularem tese não aco- último caso, por decisão do Tribunal Regional Federal,
lhida pelo Superior Tribunal de Justiça. serão instalados Juizados com competência exclusiva
§ 10. Os Tribunais Regionais, o Superior Tribunal de para ações previdenciárias.
Justiça e o Supremo Tribunal Federal, no âmbito de Art. 20. Onde não houver Vara Federal, a causa pode-
suas competências, expedirão normas regulamentan- rá ser proposta no Juizado Especial Federal mais pró-
do a composição dos órgãos e os procedimentos a se- ximo do foro definido no art. 4o da Lei no 9.099, de 26
rem adotados para o processamento e o julgamento do de setembro de 1995, vedada a aplicação desta Lei no
pedido de uniformização e do recurso extraordinário. juízo estadual.
Art. 15. O recurso extraordinário, para os efeitos des- Art. 21. As Turmas Recursais serão instituídas por de-
ta Lei, será processado e julgado segundo o estabele- cisão do Tribunal Regional Federal, que definirá sua
cido nos §§ 4o a 9o do art. 14, além da observância das composição e área de competência, podendo abran-
normas do Regimento. ger mais de uma seção.
Art. 16. O cumprimento do acordo ou da sentença, Art. 22. Os Juizados Especiais serão coordenados por
com trânsito em julgado, que imponham obrigação de Juiz do respectivo Tribunal Regional, escolhido por
fazer, não fazer ou entrega de coisa certa, será efetua- seus pares, com mandato de dois anos.
do mediante ofício do Juiz à autoridade citada para a Parágrafo único. O Juiz Federal, quando o exigirem as
causa, com cópia da sentença ou do acordo. circunstâncias, poderá determinar o funcionamento
Art. 17. Tratando-se de obrigação de pagar quantia do Juizado Especial em caráter itinerante, mediante
certa, após o trânsito em julgado da decisão, o pa- autorização prévia do Tribunal Regional Federal, com
gamento será efetuado no prazo de sessenta dias, antecedência de dez dias.
contados da entrega da requisição, por ordem do Juiz, Art. 23. O Conselho da Justiça Federal poderá limi-
à autoridade citada para a causa, na agência mais tar, por até três anos, contados a partir da publicação
próxima da Caixa Econômica Federal ou do Banco do desta Lei, a competência dos Juizados Especiais Cíveis,
Brasil, independentemente de precatório. atendendo à necessidade da organização dos serviços
§ 1o Para os efeitos do § 3o do art. 100 da Constituição judiciários ou administrativos.
Federal, as obrigações ali definidas como de pequeno Art. 24. O Centro de Estudos Judiciários do Conselho
valor, a serem pagas independentemente de precató- da Justiça Federal e as Escolas de Magistratura dos
rio, terão como limite o mesmo valor estabelecido nes- Tribunais Regionais Federais criarão programas de in-
ta Lei para a competência do Juizado Especial Federal formática necessários para subsidiar a instrução das
Cível (art. 3o, caput). causas submetidas aos Juizados e promoverão cursos
§ 2o Desatendida a requisição judicial, o Juiz determi- de aperfeiçoamento destinados aos seus magistrados
nará o seqüestro do numerário suficiente ao cumpri- e servidores.
mento da decisão. Art. 25. Não serão remetidas aos Juizados Especiais
§ 3o São vedados o fracionamento, repartição ou que- as demandas ajuizadas até a data de sua instalação.
bra do valor da execução, de modo que o pagamento Art. 26. Competirá aos Tribunais Regionais Federais
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

se faça, em parte, na forma estabelecida no § 1o deste prestar o suporte administrativo necessário ao funcio-
artigo, e, em parte, mediante expedição do precatório, namento dos Juizados Especiais.
e a expedição de precatório complementar ou suple- Art. 27. Esta Lei entra em vigor seis meses após a data
mentar do valor pago. de sua publicação.
§ 4o Se o valor da execução ultrapassar o estabelecido
no § 1o, o pagamento far-se-á, sempre, por meio do Brasília, 12 de julho de 2001; 180o da Independência e
precatório, sendo facultado à parte exeqüente a re- 113o da República.
núncia ao crédito do valor excedente, para que possa
optar pelo pagamento do saldo sem o precatório, da
forma lá prevista.
Art. 18. Os Juizados Especiais serão instalados por
decisão do Tribunal Regional Federal. O Juiz presiden-
te do Juizado designará os conciliadores pelo período
de dois anos, admitida a recondução. O exercício dessas

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6. (PF – Agente de Polícia Federal – CESPE – 2018)
HORA DE PRATICAR! Depois de adquirir um revólver calibre 38, que sabia ser
produto de crime, José passou a portá-lo municiado, sem
autorização e em desacordo com determinação legal. O
1. (PC-DF – Escrivão de Polícia – CESPE – 2013) Com comportamento suspeito de José levou-o a ser aborda-
base no que dispõe o Código de Processo Penal, julgue do em operação policial de rotina. Sem a autorização de
o item que se segue. porte de arma de fogo, José foi conduzido à delegacia,
A falta de advertência sobre o direito ao silêncio não onde foi instaurado inquérito policial
conduz à anulação automática do interrogatório ou de- Tendo como referência essa situação hipotética, julgue o
poimento, devendo ser analisadas as demais circunstân- item seguinte.
cias do caso concreto para se verificar se houve ou não o Os agentes de polícia podem decidir, discricionariamen-
constrangimento ilegal. te, acerca da conveniência ou não de efetivar a prisão em
flagrante de José.
( ) CERTO   ( ) ERRADO
( ) CERTO   ( ) ERRADO
2. (PC-DF – Escrivão de Polícia – CESPE – 2013) Com
base no que dispõe o Código de Processo Penal, julgue 7. (PF – Agente de Polícia Federal – CESPE – 2018)
o item que se segue. Depois de adquirir um revólver calibre 38, que sabia ser
Por constituir medida cautelar, a prisão temporária po- produto de crime, José passou a portá-lo municiado, sem
derá ser decretada pelo magistrado para que o acusado autorização e em desacordo com determinação legal. O
seja submetido a interrogatório e apresente sua versão comportamento suspeito de José levou-o a ser aborda-
sobre o fato narrado pela autoridade policial, tudo isso do em operação policial de rotina. Sem a autorização de
em consonância com o princípio do livre convencimento. porte de arma de fogo, José foi conduzido à delegacia,
No entanto, não será admitida a prorrogação, de ofício, onde foi instaurado inquérito policial
dessa modalidade de prisão. Tendo como referência essa situação hipotética, julgue o
item seguinte.
( ) CERTO   ( ) ERRADO O inquérito instaurado contra José é procedimento de
natureza administrativa, cuja finalidade é obter informa-
3. (PC-DF – Escrivão de Polícia – CESPE – 2013) Julgue o ções a respeito da autoria e da materialidade do delito.
item seguinte, a respeito do inquérito policial (IP) e das provas.
Se o IP for arquivado pelo juiz, a requerimento do promotor ( ) CERTO   ( ) ERRADO
de justiça, sob o argumento de que o fato é atípico, a decisão
que determinar o arquivamento do IP impedirá a instauração 8. (PF – Papiloscopista Polícia Federal – CESPE – 2018) Na
de processo penal pelo mesmo fato, ainda que tenha sido to- tentativa de entrar em território brasileiro com drogas ilícitas
mada por juiz absolutamente incompetente. a bordo de um veículo, um traficante disparou um tiro con-
tra agente policial federal que estava em missão em unidade
( ) CERTO   ( ) ERRADO fronteiriça. Após troca de tiros, outros agentes prenderam o
traficante em flagrante, conduziram-no à autoridade policial
4. (PC-DF – Escrivão de Polícia – CESPE – 2013) Julgue o local e levaram o colega ferido ao hospital da região.
item seguinte, a respeito do inquérito policial (IP) e das provas. Nessa situação hipotética, ao tomar conhecimento do
A autoridade policial tem o dever jurídico de atender à homicídio, cuja ação penal é pública incondicionada, a
requisição do Ministério Público pela instauração de IP, autoridade policial terá de instaurar o inquérito de ofício,
podendo, entretanto, se recusar a fazê-lo na hipótese o qual terá como peça inaugural uma portaria que conte-
em que a requisição não contenha nenhum dado ou ele- rá o objeto de investigação, as circunstâncias conhecidas
mento que permita a abertura das investigações. e as diligências iniciais que serão cumpridas.

( ) CERTO   ( ) ERRADO ( ) CERTO   ( ) ERRADO


NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

5. (PC-DF – Escrivão de Polícia – CESPE – 2013) Julgue o 9. (PF – Escrivão de Polícia Federal – CESPE – 2018)
item seguinte, a respeito do inquérito policial (IP) e das provas. João integra uma organização criminosa que, além de
Nos crimes de ação pública condicionada, o IP somente contrabandear e armazenar, vende, clandestinamente,
poderá ser instaurado se houver representação do ofen- cigarros de origem estrangeira nas ruas de determinada
dido ou de seu representante legal; nos crimes de ini- cidade brasileira.
ciativa privada, se houver requerimento de quem tenha A partir dessa situação hipotética, julgue o item subsequente.
qualidade para oferecer queixa. Se João for preso em flagrante e o escrivão estiver impossibi-
litado de proceder à lavratura do auto de prisão, a autoridade
( ) CERTO   ( ) ERRADO policial poderá designar qualquer pessoa para fazê-lo, desde
que esta preste o compromisso legal anteriormente.

( ) CERTO   ( ) ERRADO

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10. (PF – Delegado de Polícia Federal – CESPE – 2018) Em 13. (PF – Delegado de Polícia Federal – CESPE – 2018)
cada item seguinte, é apresentada uma situação hipotética Em cada item a seguir, é apresentada uma situação hi-
seguida de uma assertiva a ser julgada com relação à com- potética seguida de uma assertiva a ser julgada acerca
petência para requerer o arquivamento de autos de IP e às de procedimentos dos juizados especiais criminais e de
consequências da promoção desse tipo de arquivamento. apuração de ato infracional.
Requerido pelo procurador-geral da República o arqui- Em fiscalização de rotina, policiais militares constataram
vamento de IP, os autos foram encaminhados ao STF, que Rebeca conduzia em seu veículo dois papagaios
órgão com competência originária para o processamen- capturados em floresta próxima, sem licença ou autori-
to e o julgamento da matéria sob investigação, para as zação de autoridade competente. Rebeca e os animais
providências cabíveis. Nessa situação, o pedido do pro- foram conduzidos à delegacia de polícia mais próxima.
curador-geral da República não estará sujeito a controle Nessa situação, o delegado deverá apreender os animais
jurisdicional, devendo ser atendido. e, caso Rebeca se comprometa a comparecer, em dia e
horário marcados, perante o juizado especial criminal, ele
( ) CERTO   ( ) ERRADO deverá lavrar termo circunstanciado da ocorrência e con-
11. (PF – Perito Federal – CESPE – 2018) A fim de ga- ceder liberdade a Rebeca, independentemente de fiança.
rantir o sustento de sua família, Pedro adquiriu 500 CDs
e DVDs piratas para posteriormente revendê-los. Certo ( ) CERTO   ( ) ERRADO
dia, enquanto expunha os produtos para venda em de-
terminada praça pública de uma cidade brasileira, Pedro 14. (MPE-RR – Oficial de Promotoria – CESPE – 2008)
foi surpreendido por policiais, que apreenderam a mer- O acordo de composição de danos civis homologado no
cadoria e o conduziram coercitivamente até a delegacia. juizado especial criminal impede que o ofendido ingres-
Com referência a essa situação hipotética, julgue o item se com ação penal privada contra o autor do fato.
subsequente.
Em regra, após a condução coercitiva de Pedro à delega- ( ) CERTO   ( ) ERRADO
cia, a competência para lavrar o auto de prisão em fla-
grante é da autoridade policial. 15. (MPE-RR – Oficial de Promotoria – CESPE – 2008)
O agente que cultiva, para consumo pessoal, plantas
( ) CERTO   ( ) ERRADO destinadas à preparação de substância capaz de causar
dependência física submete-se aos procedimentos do
12. (PF – Perito Federal – CESPE – 2018) A fim de ga- juizado especial criminal.
rantir o sustento de sua família, Pedro adquiriu 500 CDs
e DVDs piratas para posteriormente revendê-los. Certo ( ) CERTO   ( ) ERRADO
dia, enquanto expunha os produtos para venda em de-
terminada praça pública de uma cidade brasileira, Pedro
foi surpreendido por policiais, que apreenderam a mer-
cadoria e o conduziram coercitivamente até a delegacia.
Com referência a essa situação hipotética, julgue o item
subsequente.
Nesse caso, era dispensável prévia autorização judicial
para apreensão dos CDs e DVDs, por isso os policiais
agiram corretamente, uma vez que tais objetos estavam
relacionados com a infração cometida por Pedro.

( ) CERTO   ( ) ERRADO
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

47
ANOTAÇÕES
GABARITO

1 C
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2 E
3 C ____________________________________________________________
4 E ____________________________________________________________
5 E
____________________________________________________________
6 E
7 C ____________________________________________________________
8 C ____________________________________________________________
9 C
____________________________________________________________
10 C
____________________________________________________________
11 C
12 C ____________________________________________________________
13 C ____________________________________________________________
14 C
____________________________________________________________
15 C
____________________________________________________________

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NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

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48
ÍNDICE
TÓPICOS DE DIREITOS HUMANOS
Declaração Universal dos Direitos Humanos (adotada e proclamada pela Resolução 217-A (III) – da Assembleia Geral das
Nações Unidas, em 10 de dezembro de 1948)............................................................................................................................................................ 01
Os Direitos Humanos na Constituição Federal de 1988 (artigos 5º ao 15º)................................................................................... 11
Regra mínimas para o tratamento de pessoas presas, da ONU.......................................................................................................... 11
Programa Nacional de Direitos Humanos (PNHD-3), Decreto federal nº 7.037/2009 e alterações...................................... 23
Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei federal nº 8.069 de 13 de julho de 1990 – arts. 1º ao 6º)................................ 24
Estatuto do Idoso (Lei federal nº 10.741 de 01 de outubro de 2003 – arts. 1º ao 10)............................................................... 27
homem comum,
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS A humanidade nunca irá esquecer das imagens vistas
HUMANOS (ADOTADA E PROCLAMADA quando da abertura dos campos de concentração nazis-
PELA RESOLUÇÃO 217-A (III) – DA tas, nos quais os cadáveres esqueléticos do que não eram
ASSEMBLEIA GERAL DAS NAÇÕES considerados seres humanos perante aquele regime políti-
UNIDAS, EM 10 DE DEZEMBRO DE 1948) co se amontoavam. Aquelas pessoas não eram considera-
das iguais às demais por possuírem alguma característica,
crença ou aparência que o Estado não apoiava. Daí a im-
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMA- portância de se atentar para os antecedentes históricos e
NOS compreender a igualdade de todos os homens, indepen-
dentemente de qualquer fator.
Adotada e proclamada pela Resolução n° 217 A (III) Considerando essencial que os direitos humanos sejam
da Assembleia Geral das Nações Unidas em 10 de de- protegidos pelo Estado de Direito, para que o homem não
zembro de 1948 seja compelido, como último recurso, à rebelião contra ti-
rania e a opressão,
Preâmbulo Por todo o mundo se espalharam, notadamente du-
rante a Segunda Guerra Mundial, regimes totalitários alta-
O preâmbulo é um elemento comum em textos cons- mente opressivos, não só por parte das Potências do Eixo
titucionais. Em relação ao preâmbulo constitucional, Jor- (Alemanha, Itália, Japão), mas também no lado dos Aliados
ge Miranda1 define: “[...] proclamação mais ou menos (Rússia e o regime de Stálin).
solene, mais ou menos significante, anteposta ao arti- Considerando essencial promover o desenvolvimento
culado constitucional, não é componente necessário de de relações amistosas entre as nações,
qualquer Constituição, mas tão somente um elemento Depois de duas grandes guerras a humanidade conse-
natural de Constituições feitas em momentos de ruptura guiu perceber o quanto era prejudicial não manter relações
histórica ou de grande transformação político-social”. Do amistosas entre as nações, de forma que o ideal de paz
conceito do autor é possível extrair elementos para de- ganhou uma nova força. Considerando que os povos das
finir o que representam os preâmbulos em documentos Nações Unidas reafirmaram, na Carta, sua fé nos direitos
internacionais: proclamação dotada de certa solenidade humanos fundamentais, na dignidade e no valor da pes-
e significância que antecede o texto do documento inter- soa humana e na igualdade de direitos dos homens e das
nacional e, embora não seja um elemento necessário a mulheres, e que decidiram promover o progresso social e
ele, merece ser considerada porque reflete o contexto de melhores condições de vida em uma liberdade mais ampla,
ruptura histórica e de transformação político-social que Considerando que os Estados-Membros se comprome-
levou à elaboração do documento como um todo. No teram a desenvolver, em cooperação com as Nações Uni-
caso da Declaração de 1948 ficam evidentes os antece- das, o respeito universal aos direitos humanos e liberdades
dentes históricos inerentes às Guerras Mundiais. fundamentais e a observância desses direitos e liberdades,
Considerando que o reconhecimento da dignidade Considerando que uma compreensão comum desses
inerente a todos os membros da família humana e de direitos e liberdades é da mais alta importância para o ple-
seus direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da li- no cumprimento desse compromisso,
berdade, da justiça e da paz no mundo, Todos os países que fazem parte da Organização das
O princípio da dignidade da pessoa humana, pelo Nações Unidas, tanto os 51 membros fundadores quanto
qual todos os seres humanos são dotados da mesma os que ingressaram posteriormente (basicamente, todos
dignidade e para que ela seja preservada é preciso que demais países do mundo), totalizando 193, assumiram o
os direitos inerentes à pessoa humana sejam garantidos, compromisso de cumprir a Carta da ONU, documento que
já aparece no preâmbulo constitucional, sendo guia de a fundou e que traz os princípios condutores da ação da
todo documento. organização.
Denota-se, ainda, a característica da inalienabilidade
dos direitos humanos, pela qual os direitos humanos não A Assembleia Geral proclama
possuem conteúdo econômico-patrimonial, logo, são
intransferíveis, inegociáveis e indisponíveis, estando fora A presente Declaração Universal dos Diretos Humanos
TÓPICOS DE DIREITOS HUMANOS

do comércio, o que evidencia uma limitação do princípio como o ideal comum a ser atingido por todos os povos
da autonomia privada. e todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo
Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos e cada órgão da sociedade, tendo sempre em mente esta
direitos humanos resultaram em atos bárbaros que ultraja- Declaração, se esforce, através do ensino e da educação,
ram a consciência da Humanidade e que o advento de um por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e,
mundo em que os homens gozem de liberdade de palavra, pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional e
de crença e da liberdade de viverem a salvo do temor e da internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua
necessidade foi proclamado como a mais alta aspiração do observância universais e efetivos, tanto entre os povos dos
próprios Estados-Membros, quanto entre os povos dos ter-
ritórios sob sua jurisdição.
1 MIRANDA, Jorge (Coord.). Estudos sobre a constituição. Lisboa:
Petrony, 1978.

1
A Assembleia Geral é o principal órgão deliberativo como um lugar de todos, no qual cada qual deve
das Nações Unidas, no qual há representatividade de to- reconhecer no outro seu semelhante, digno de di-
dos os membros e por onde passam inúmeros tratados reitos, olhar este que também se lança para as ge-
internacionais. rações futuras, por exemplo, com a preservação do
meio ambiente e a garantia da paz social, sendo o
Artigo I marco histórico justamente as Guerras Mundiais.3
Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignida- Assim, desde logo a Declaração estabelece seus pa-
de e direitos. São dotadas de razão e consciência e râmetros fundamentais, com esteio na Declaração
devem agir em relação umas às outras com espírito dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789 e na
de fraternidade. O primeiro artigo da Declaração é Constituição Francesa de 1791, quais sejam igual-
altamente representativo, trazendo diversos conceitos dade, liberdade e fraternidade. Embora os direitos
chaves de todo o documento: de 1ª, 2ª e 3ª dimensão, que se baseiam nesta tría-
de, tenham surgido de forma paulatina, devem ser
a) Princípios da universalidade, presente na palavra considerados em conjunto proporcionando a plena
todos, que se repete no documento inteiro, pelo realização do homem4.
qual os direitos humanos pertencem a todos e por
isso se encontram ligados a um sistema global Na primeira parte do artigo estatui-se que não basta
(ONU), o que impede o retrocesso. a igualdade formal perante a lei, mas é preciso realizar
esta igualdade de forma a ser possível que todo homem
Na primeira parte do artigo estatui-se que não basta a atinja um grau satisfatório de dignidade.
igualdade formal perante a lei, mas é preciso realizar esta Neste sentido, as discriminações legais asseguram a
igualdade de forma a ser possível que todo homem atinja verdadeira igualdade, por exemplo, com as ações afir-
um grau satisfatório de dignidade. Neste sentido, as dis- mativas, a proteção especial ao trabalho da mulher e do
criminações legais asseguram a verdadeira igualdade, por menor, as garantias aos portadores de deficiência, entre
exemplo, com as ações afirmativas, a proteção especial ao outras medidas que atribuam a pessoas com diferentes
trabalho da mulher e do menor, as garantias aos portado- condições, iguais possibilidades, protegendo e respei-
res de deficiência, entre outras medidas que atribuam a tando suas diferenças.
pessoas com diferentes condições, iguais possibilidades,
protegendo e respeitando suas diferenças.2 Artigo II
Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos
b) Princípio da dignidade da pessoa humana: a dig- e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem
nidade é um atributo da pessoa humana, segundo distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo,
o qual ela merece todo o respeito por parte dos língua, religião, opinião política ou de outra nature-
Estados e dos demais indivíduos, independente- za, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou
mente de qualquer fator como aparência, religião, qualquer outra condição.
sexualidade, condição financeira. Todo ser humano
é digno e, por isso, possui direitos que visam ga- Reforça-se o princípio da igualdade, bem como o da
rantir tal dignidade. dignidade da pessoa humana, de forma que todos se-
c) Dimensões de direitos humanos: tradicionalmente, res humanos são iguais independentemente de qualquer
os direitos humanos dividem-se em três dimensões, condição, possuindo os mesmos direitos visando a pre-
cada qual representativa de um momento históri- servação de sua dignidade.
co no qual se evidenciou a necessidade de garantir O dispositivo traz um aspecto da igualdade que im-
direitos de certa categoria. A primeira dimensão, pede a distinção entre pessoas pela condição do país ou
presente na expressão livres, refere-se aos direi- território a que pertença, o que é importante sob o as-
tos civis e políticos, os quais garantem a liberdade pecto de proteção dos refugiados, prisioneiros de guerra,
do homem no sentido de não ingerência estatal e pessoas perseguidas politicamente, nacionais de Estados
de participação nas decisões políticas, evidencia- que não cumpram os preceitos das Nações Unidas. Não
dos historicamente com as Revoluções Americana obstante, a discriminação não é proibida apenas quan-
e Francesa. A segunda dimensão, presente na ex- to a indivíduos, mas também quanto a grupos humanos,
TÓPICOS DE DIREITOS HUMANOS

pressão iguais, refere-se aos direitos econômicos, sejam formados por classe social, etnia ou opinião em
sociais e culturais, os quais garantem a igualdade comum5. “A Declaração reconhece a capacidade de gozo
material entre os cidadãos exigindo prestações po- indistinto dos direitos e liberdades assegurados a todos
sitivas estatais nesta direção, por exemplo, assegu- os homens, e não apenas a alguns setores ou atores so-
rando direitos trabalhistas e de saúde, possuindo ciais. Garantir a capacidade de gozo, no entanto, não é
como antecedente histórico a Revolução Industrial.
3 BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Tradução Celso Lafer. 9. ed.
A terceira dimensão, presente na expressão fraterni-
Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
dade, refere-se ao necessário olhar sobre o mundo
4 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Universal
dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008
2 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Universal 5 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Universal
dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008 dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008.

2
suficiente para que este realmente se efetive. É funda- “O trabalho escravo não se confunde com o trabalho
mental aos ordenamentos jurídicos próprios dos Estados servil. A escravidão é a propriedade plena de um homem
viabilizar os meios idôneos a proporcionar tal gozo, a fim sobre o outro. Consiste na utilização, em proveito pró-
de que se perfectibilize, faticamente, esta garantia. Isto prio, do trabalho alheio. Os escravos eram considerados
se dá não somente com a igualdade material diante da seres humanos sem personalidade, mérito ou valor. A
lei, mas também, e principalmente, através do reconhe- servidão, por seu turno, é uma alienação relativa da li-
cimento e respeito das desigualdades naturais entre os berdade de trabalho através de um pacto de prestação
homens, as quais devem ser resguardadas pela ordem de serviços ou de uma ligação absoluta do trabalhador
jurídica, pois é somente assim que será possível propiciar à terra, já que a servidão era uma instituição típica das
a aludida capacidade de gozo a todos”6. sociedades feudais. A servidão, representava a espinha
dorsal do feudalismo. O servo pagava ao senhor feudal
Artigo III uma taxa altíssima pela utilização do solo, que superava
Toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e à segu- a metade da colheita”11. A abolição da escravidão foi uma
rança pessoal. luta histórica em todo o globo. Seria totalmente incoe-
rente quanto aos princípios da liberdade, da igualdade e
Segundo Lenza7, “abrange tanto o direito de não ser da dignidade se admitir que um ser humano pudesse ser
morto, privado da vida, portanto, direito de continuar submetido ao outro, ser tratado como coisa. O ser huma-
vivo, como também o direito de ter uma vida digna”. Na no não possui valor financeiro e nem serve ao domínio de
primeira esfera, enquadram-se questões como pena de outro, razão pela qual a escravidão não pode ser aceita.
morte, aborto, pesquisas com células-tronco, eutanásia,
entre outras polêmicas. Na segunda esfera, notam-se Artigo V
desdobramentos como a proibição de tratamentos in- Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento
dignos, a exemplo da tortura, dos trabalhos forçados, etc. ou castigo cruel, desumano ou degradante.
A vida humana é o centro gravitacional no qual or-
bitam todos os direitos da pessoa humana, possuindo Tortura é a imposição de dor física ou psicológica por
reflexos jurídicos, políticos, econômicos, morais e religio- crueldade, intimidação, punição, para obtenção de uma
sos. Daí existir uma dificuldade em conceituar o vocábulo confissão, informação ou simplesmente por prazer da pes-
vida. Logo, tudo aquilo que uma pessoa possui deixa de soa que tortura. A tortura é uma espécie de tratamento ou
ter valor ou sentido se ela perde a vida. Sendo assim, a castigo cruel, desumano ou degradante. A Convenção das
vida é o bem principal de qualquer pessoa, é o primeiro Nações Unidas contra a Tortura e Outros Tratamentos ou
valor moral de todos os seres humanos. Trata-se de um Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes (Resolução n°
direito que pode ser visto em 4 aspectos, quais sejam: a) 39/46 da Assembleia Geral das Nações Unidas) foi estabe-
direito de nascer; b) direito de permanecer vivo; c) direito lecida em 10 de dezembro de 1984 e ratificada pelo Brasil
de ter uma vida digna quanto à subsistência e; d) direito em 28 de setembro de 1989. Em destaque, o artigo 1 da
de não ser privado da vida através da pena de morte8. referida Convenção:
Por sua vez, o direito à liberdade é posto como con-
sectário do direito à vida, pois ela depende da liberdade Artigo 1º, Convenção da ONU contra Tortura e Ou-
para o desenvolvimento intelectual e moral. Assim, “[...] tros Tratamentos ou Penas Cruéis
liberdade é assim a faculdade de escolher o próprio ca- 1. Para os fins da presente Convenção, o termo “tor-
minho, sendo um valor inerente à dignidade do ser, uma tura” designa qualquer ato pelo qual dores ou sofri-
vez que decorre da inteligência e da volição, duas carac- mentos agudos, físicos ou mentais, são infligidos in-
terísticas da pessoa humana”9. tencionalmente a uma pessoa a fim de obter, dela ou
O direito à segurança pessoal é o direito de viver sem de uma terceira pessoa, informações ou confissões;
medo, protegido pela solidariedade e liberto de agres- de castigá-la por ato que ela ou uma terceira pessoa
sões, logo, é uma maneira de garantir o direito à vida10. tenha cometido ou seja suspeita de ter cometido; de
intimidar ou coagir esta pessoa ou outras pessoas; ou
Artigo IV por qualquer motivo baseado em discriminação de
Ninguém será mantido em escravidão ou servidão, a qualquer natureza; quando tais dores ou sofrimentos
escravidão e o tráfico de escravos serão proibidos em são infligidos por um funcionário público ou outra
TÓPICOS DE DIREITOS HUMANOS

todas as suas formas. pessoa no exercício de funções públicas, ou por sua


instigação, ou com o seu consentimento ou aquies-
6 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Universal cência. Não se considerará como tortura as dores ou
dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008.
sofrimentos que sejam consequência unicamente de
7 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquematizado. 15. sanções legítimas, ou que sejam inerentes a tais san-
ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
ções ou delas decorram.
8 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Universal
2. O presente Artigo não será interpretado de manei-
dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008.
ra a restringir qualquer instrumento internacional ou
9 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Universal
dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008
10 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Universal 11 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Universal
dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008. dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008.

3
legislação nacional que contenha ou possa conter dis- nos. Geralmente, nos textos constitucionais são estabe-
positivos de alcance mais amplo. lecidos os direitos fundamentais e os instrumentos para
protegê-los, por exemplo, o habeas corpus serve à prote-
Artigo VI ção do direito à liberdade de locomoção.
Toda pessoa tem o direito de ser, em todos os lugares,
reconhecida como pessoa perante a lei. Artigo IX
“Afinal, se o Direito existe em função da pessoa huma- Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exila-
na, será ela sempre sujeito de direitos e de obrigações. do.
Negar-lhe a personalidade, a aptidão para exercer di-
reitos e contrair obrigações, equivale a não reconhe- Prisão e detenção são formas de impedir que a pessoa
cer sua própria existência. [...] O reconhecimento da saia de um estabelecimento sob tutela estatal, privando-
personalidade jurídica é imprescindível à plena reali- -a de sua liberdade de locomoção. Exílio é a expulsão ou
zação da pessoa humana. Trata-se de garantir a cada mudança forçada de uma pessoa do país, sendo assim
um, em todos os lugares, a possibilidade de desenvol- também uma forma de privar a pessoa de sua liberdade
vimento livre e isonômico”12. de locomoção em um determinado território. Nenhuma
destas práticas é permitida de forma arbitrária, ou seja,
O sistema de proteção de direitos humanos estabeleci- sem o respeito aos requisitos previstos em lei.
do no âmbito da Organização das Nações Unidas é global, Não significa que em alguns casos não seja aceita a
razão pela qual não cabe o seu desrespeito em qualquer privação de liberdade, notadamente quando o indivíduo
localidade do mundo. Por isso, um estrangeiro que visite tiver praticado um ato que comprometa a segurança ou
outro país não pode ter seus direitos humanos violados, outro direito fundamental de outra pessoa.
independentemente da Constituição daquele país nada
prever a respeito dos direitos dos estrangeiros. A pessoa Artigo X
humana não perde tal caráter apenas por sair do território Toda pessoa tem direito, em plena igualdade, a uma
de seu país. Em outras palavras, denota-se uma das face- audiência justa e pública por parte de um tribunal in-
tas do princípio da universalidade. dependente e imparcial, para decidir de seus direitos
e deveres ou do fundamento de qualquer acusação
Artigo VII criminal contra ele.
Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qual-
quer distinção, a igual proteção da lei. Todos têm di- “De acordo com a ordem que promana do preceito
reito a igual proteção contra qualquer discriminação acima reproduzido, as pessoas têm a faculdade de exigir
que viole a presente Declaração e contra qualquer in- um pronunciamento do Poder Judiciário, acerca de seus
citamento a tal discriminação. direitos e deveres postos em litígio ou do fundamento de
acusação criminal, realizado sob o amparo dos princípios
Um dos desdobramentos do princípio da igualdade da isonomia, do devido processo legal, da publicidade
refere-se à igualdade perante à lei. Toda lei é dotada de dos atos processuais, da ampla defesa e do contraditório
caráter genérico e abstrato que evidencia não aplicar-se e da imparcialidade do juiz”13. Em outras palavras não é
a uma pessoa determinada, mas sim a todas as pessoas possível juízo ou tribunal de exceção, ou seja, um juízo
que venham a se encontrar na situação por ela descrita. especialmente delegado para o julgamento do caso da-
Não significa que a legislação não possa estabelecer, em quela pessoa. O juízo deve ser escolhido imparcialmente,
abstrato, regras especiais para um grupo de pessoas des- de acordo com as regras de organização judiciária que
favorecido socialmente, direcionando ações afirmativas, valem para todos. Não obstante, o juízo deve ser inde-
por exemplo, aos deficientes, às mulheres, aos pobres pendente, isto é, poder julgar independentemente de
- no entanto, todas estas ações devem respeitar a pro- pressões externas para que o julgamento se dê num ou
porcionalidade e a razoabilidade (princípio da igualdade noutro sentido. O juízo também deve ser imparcial, não
material). possuindo amizade ou inimizade em graus relevantes
para com o acusado. Afinal, o direito à liberdade é consa-
Artigo VIII grado e para que alguém possa ser privado dela por uma
Toda pessoa tem direito a receber dos tributos nacio- condenação criminal é preciso que esta se dê dentro dos
TÓPICOS DE DIREITOS HUMANOS

nais competentes remédio efetivo para os atos que trâmites legais, sem violar direitos humanos do acusado.
violem os direitos fundamentais que lhe sejam reco-
nhecidos pela constituição ou pela lei. Artigo XI
1. Toda pessoa acusada de um ato delituoso tem o
Não basta afirmar direitos, é preciso conferir meios direito de ser presumida inocente até que a sua cul-
para garanti-los. Ciente disto, a Declaração traz aos Es- pabilidade tenha sido provada de acordo com a lei,
tados-partes o dever de estabelecer em suas legislações em julgamento público no qual lhe tenham sido asse-
internas instrumentos para proteção dos direitos huma- guradas todas as garantias necessárias à sua defesa.

12 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Universal 13 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Universal
dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008. dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008.

4
O princípio da presunção de inocência ou não culpa- Reforçando a conexão entre a privacidade e a intimida-
bilidade liga-se ao direito à liberdade. Antes que ocor- de, ao abordar a proteção da vida privada - que, em resu-
ra a condenação criminal transitada em julgado, isto é, mo, é a privacidade da vida pessoal no âmbito do domicílio
processada até o último recurso interposto pelo acusado, e de círculos de amigos -, Silva16 entende que “o segredo
este deve ser tido como inocente. Durante o processo da vida privada é condição de expansão da personalidade”,
penal, o acusado terá direito ao contraditório e à ampla mas não caracteriza os direitos de personalidade em si. “O
defesa, bem como aos meios e recursos inerentes a estas direito à honra distancia-se levemente dos dois anteriores,
garantias, e caso seja condenado ao final poderá ser con- podendo referir-se ao juízo positivo que a pessoa tem de
siderado culpado. A razão é que o estado de inocência é si (honra subjetiva) e ao juízo positivo que dela fazem os
inerente ao ser humano até que ele viole direito alheio, outros (honra objetiva), conferindo-lhe respeitabilidade
caso em que merecerá sanção. no meio social. O direito à imagem também possui duas
“Através desse princípio verifica-se a necessidade de conotações, podendo ser entendido em sentido objetivo,
o Estado comprovar a culpabilidade do indivíduo presu- com relação à reprodução gráfica da pessoa, por meio de
mido inocente. Está diretamente relacionado à questão fotografias, filmagens, desenhos, ou em sentido subjetivo,
da prova no processo penal que deve ser validamente significando o conjunto de qualidades cultivadas pela pes-
produzida para ao final do processo conduzir a culpabi- soa e reconhecidas como suas pelo grupo social”17.
lidade do indivíduo admitindo-se a aplicação das penas O artigo também abrange a proteção ao domicílio, local
previamente cominadas. Entretanto, a presunção de ino- no qual a pessoa deseja manter sua privacidade e pode de-
cência não afasta a possibilidade de medidas cautelares senvolver sua personalidade; e à correspondência, enviada
como as prisões provisórias, busca e apreensão, quebra ao seu lar unicamente para sua leitura e não de terceiros,
de sigilo como medidas de caráter excepcional cujos re- preservando-se sua privacidade.
quisitos autorizadores devem estar previstos em lei”14.
2. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou Artigo XIII
omissão que, no momento, não constituíam delito pe- 1. Toda pessoa tem direito à liberdade de locomoção e
rante o direito nacional ou internacional. Tampouco será residência dentro das fronteiras de cada Estado.
imposta pena mais forte do que aquela que, no momen-
to da prática, era aplicável ao ato delituoso. Não há limitações ao direito de locomoção dentro do
Evidencia-se o princípio da irretroatividade da lei penal próprio Estado, nem ao direito de residir. Vale lembrar
in pejus (para piorar a situação do acusado) pelo qual uma que a legislação interna pode estabelecer casos em que
lei penal elaborada posteriormente não pode se aplicar a tal direito seja relativizado, por exemplo, obrigando um
atos praticados no passado - nem para um ato que não era funcionário público a residir no município em que está
considerado crime passar a ser, nem para que a pena de um sediado ou impedindo o ingresso numa área de interesse
ato que era considerado crime seja aumentada. Evidencia estatal.
não só o respeito à liberdade, mas também - e principal- São exceções à liberdade de locomoção: decisão ju-
mente - à segurança jurídica. dicial que imponha pena privativa de liberdade ou limi-
tação da liberdade, normas administrativas de controle
Artigo XII de vias e veículos, limitações para estrangeiros em certas
Ninguém será sujeito a interferências na sua vida pri- regiões ou áreas de segurança nacional e qualquer situa-
vada, na sua família, no seu lar ou na sua correspon- ção em que o direito à liberdade deva ceder aos interes-
dência, nem a ataques à sua honra e reputação. Toda ses públicos18.
pessoa tem direito à proteção da lei contra tais inter-
ferências ou ataques. 2. Toda pessoa tem o direito de deixar qualquer país,
inclusive o próprio, e a este regressar.
A proteção aos direitos à privacidade e à personalidade
se enquadra na primeira dimensão de direitos fundamen- A nacionalidade é um direito humano, assim como
tais no que tange à proteção à liberdade. Enfim, o exercício a liberdade de locomoção. Destaca-se que o artigo não
da liberdade lega-se também às limitações a este exercício: menciona o direito de entrar em qualquer país, mas sim
de que adianta ser plenamente livre se a liberdade de um o de deixá-lo.
interfere na liberdade - e nos direitos inerentes a esta liber-
TÓPICOS DE DIREITOS HUMANOS

dade - do outro. Artigo XIV


“O direito à intimidade representa relevante manifes- 1.Toda pessoa, vítima de perseguição, tem o direito de
tação dos direitos da personalidade e qualifica-se como procurar e de gozar asilo em outros países.
expressiva prerrogativa de ordem jurídica que consiste em
reconhecer, em favor da pessoa, a existência de um espaço
nal. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.
indevassável destinado a protegê-la contra indevidas inter-
16 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo.
ferências de terceiros na esfera de sua vida privada”15.
25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.
17 MOTTA, Sylvio; BARCHET, Gustavo. Curso de direito constitucio-
14 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Universal nal. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.
dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008. 18 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Universal
15 MOTTA, Sylvio; BARCHET, Gustavo. Curso de direito constitucio- dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008.

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2. Este direito não pode ser invocado em caso de per- dem deslocar-se para melhorar as perspectivas para si mes-
seguição legitimamente motivada por crimes de di- mos e para suas famílias. Já os refugiados necessitam des-
reito comum ou por atos contrários aos propósitos e locar-se para salvar suas vidas ou preservar sua liberdade.
princípios das Nações Unidas. Eles não possuem proteção de seu próprio Estado e de fato
muitas vezes é seu próprio governo que ameaça persegui-
O direito de asilo serve para proteger uma pessoa -los. Se outros países não os aceitarem em seus territórios,
perseguida por suas opiniões políticas, situação racial, e não os auxiliarem uma vez acolhidos, poderão estar con-
convicções religiosas ou outro motivo político em seu denando estas pessoas à morte ou à uma vida insuportável
país de origem, permitindo que ela requeira perante a nas sombras, sem sustento e sem direitos”19.
autoridade de outro Estado proteção. Claro, não se pro- As Nações Unidas20 descrevem sua participação no
tege aquele que praticou um crime comum em seu país histórico do direito dos refugiados no mundo:
e fugiu para outro, caso em que deverá ser extraditado “Desde a sua criação, a Organização das Nações Uni-
para responder pelo crime praticado. das tem dedicado os seus esforços à proteção dos refu-
O direito dos refugiados é o que envolve a garan- giados no mundo. Em 1951, data em que foi criado o Alto
tia de asilo fora do território do qual é nacional por al- Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (AC-
gum dos motivos especificados em normas de direitos NUR), havia um milhão de refugiados sob a sua responsa-
humanos, notadamente, perseguição por razões de raça, bilidade. Hoje este número aumentou para 17,5 milhões,
religião, nacionalidade, pertença a um grupo social de- para além dos 2,5 milhões assistidos pelo Organismo das
terminado ou convicções políticas. Diversos documentos Nações Unidas das Obras Públicas e Socorro aos Refugia-
internacionais disciplinam a matéria, a exemplo da De- dos da Palestina, no Próximo Oriente (ANUATP), e ainda
claração Universal de 1948, Convenção de 1951 relativa mais de 25 milhões de pessoas deslocadas internamente.
ao Estatuto dos Refugiados, Quarta Convenção de Ge- Em 1951, a maioria dos refugiados eram Europeus. Hoje, a
nebra Relativa à Proteção das Pessoas Civis em Tempo maior parte é proveniente da África e da Ásia. Atualmente,
de Guerra de 1949, Convenção relativa ao Estatuto dos os movimentos de refugiados assumem cada vez mais a
Apátridas de 1954, Convenção sobre a Redução da Apa- forma de êxodos maciços, diferentemente das fugas indi-
tridia de 1961 e Declaração das Nações Unidas sobre a viduais do passado. Hoje, oitenta por cento dos refugiados
Concessão de Asilo Territorial de 1967. Não obstante, a são mulheres e crianças. Também as causas dos êxodos se
constituição brasileira adota a concessão de asilo político multiplicaram, incluindo agora as catástrofes naturais ou
como um de seus princípios nas relações internacionais ecológicas e a extrema pobreza. Daí que muitos dos atuais
(art. 4º, X, CF). refugiados não se enquadrem na definição da Convenção
“A prática de conceder asilo em terras estrangeiras relativa ao Estatuto dos Refugiados. Esta Convenção refe-
a pessoas que estão fugindo de perseguição é uma das re-se a vítimas de perseguição por razões de raça, religião,
características mais antigas da civilização. Referências nacionalidade, pertença a um grupo social determinado
a essa prática foram encontradas em textos escritos há ou convicções políticas. [...]
3.500 anos, durante o florescimento dos antigos grandes Existe uma relação evidente entre o problema dos re-
impérios do Oriente Médio, como o Hitita, Babilônico, fugiados e a questão dos direitos humanos. As violações
Assírio e Egípcio antigo. dos direitos humanos constituem não só uma das princi-
Mais de três milênios depois, a proteção de refugia- pais causas dos êxodos maciços, mas afastam também a
dos foi estabelecida como missão principal da agência opção do repatriamento voluntário enquanto se verifica-
de refugiados da ONU, que foi constituída para assistir, rem. As violações dos direitos das minorias e os conflitos
entre outros, os refugiados que esperavam para retornar étnicos encontram-se cada vez mais na origem quer dos
aos seus países de origem no final da II Guerra Mundial. êxodos maciços, quer das deslocações internas. [...]
A Convenção de Refugiados de 1951, que estabele- Na sua segunda sessão, no final de 1946, a Assem-
ceu o ACNUR, determina que um refugiado é alguém bleia Geral criou a Organização Internacional para os
que ‘temendo ser perseguida por motivos de raça, re- Refugiados (OIR), que assumiu as funções da Agência
ligião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas, das Nações Unidas para a Assistência e a Reabilitação
se encontra fora do país de sua nacionalidade e que não (ANUAR). Foi investida no mandato temporário de regis-
pode ou, em virtude desse temor, não quer valer-se da trar, proteger, instalar e repatriar refugiados. [...] Cedo se
proteção desse país’. tornou evidente que a responsabilidade pelos refugiados
TÓPICOS DE DIREITOS HUMANOS

Desde então, o ACNUR tem oferecido proteção e merecia um maior esforço da comunidade internacional,
assistência para dezenas de milhões de refugiados, en- a desenvolver sob os auspícios da própria Organização
contrando soluções duradouras para muitos deles. Os das Nações Unidas. Assim, muito antes de terminar o
padrões da migração se tornaram cada vez mais com- mandato da OIR, iniciaram-se as discussões sobre a cria-
plexos nos tempos modernos, envolvendo não apenas ção de uma organização que lhe pudesse suceder.
refugiados, mas também milhões de migrantes econô-
micos. Mas refugiados e migrantes, mesmo que viajem 19 http://www.acnur.org/t3/portugues/a-quem-ajudamos/refugia-
da mesma forma com frequência, são fundamentalmente dos
distintos, e por esta razão são tratados de maneira muito 20 ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS - ONU. Direitos Humanos
e Refugiados. Ficha normativa nº 20. Disponível em: <http://www.
diferente perante o direito internacional moderno.
gddc.pt/direitos-humanos/Ficha_Informativa_20.pdf >. Acesso em:
Migrantes, especialmente migrantes econômicos, deci- 13 jun. 2013.

6
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refu- 2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua pro-
giados (ACNUR) Na sua Resolução 319 A (IV) de 3 de De- priedade.
zembro de 1949, a Assembleia Geral decidiu criar o Alto
Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados. O “Toda pessoa [...] tem direito à propriedade, podendo
Alto Comissariado foi instituído em 1 de Janeiro de 1951, o ordenamento jurídico estabelecer suas modalidades de
como órgão subsidiário da Assembleia Geral, com um aquisição, perda, uso e limites. O direito de propriedade,
mandato inicial de três anos. Desde então, o mandato constitucionalmente assegurado, garante que dela nin-
do ACNUR tem sido renovado por períodos sucessivos guém poderá ser privado arbitrariamente [...]”22. O direito
de cinco anos [...]”. à propriedade se insere na primeira dimensão de direitos
humanos, garantindo que cada qual tenha bens mate-
Artigo XV riais justamente adquiridos, respeitada a função social.
1. Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade.
2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacio- Artigo XVIII
nalidade, nem do direito de mudar de nacionalidade. Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento,
consciência e religião; este direito inclui a liberdade de
Nacionalidade é o vínculo jurídico-político que liga mudar de religião ou crença e a liberdade de manifes-
um indivíduo a determinado Estado, fazendo com que tar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática,
ele passe a integrar o povo daquele Estado, desfrutando pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamen-
assim de direitos e obrigações. Não é aceita a figura do te, em público ou em particular.
apátrida ou heimatlos, o indivíduo que não possui ne-
nhuma nacionalidade. Silva23 aponta que a liberdade de pensamento, que
É possível mudar de nacionalidade nas situações pre- também pode ser chamada de liberdade de opinião, é
vistas em lei, naturalizando-se como nacional de outro Es- considerada pela doutrina como a liberdade primária, eis
tado que não aquele do qual originalmente era nacional. que é ponto de partida de todas as outras, e deve ser en-
Geralmente, a permanência no território do pais por um tendida como a liberdade da pessoa adotar determinada
longo período de tempo dá direito à naturalização, abrin- atitude intelectual ou não, de tomar a opinião pública
do mão da nacionalidade anterior para incorporar a nova. que crê verdadeira. Tal opinião pública se refere a diver-
sos aspectos, entre eles religião e crença.
Artigo XVI A liberdade de religião atrela-se à liberdade de cons-
1. Os homens e mulheres de maior idade, sem qual- ciência e à liberdade de pensamento, mas o inverso não
quer restrição de raça, nacionalidade ou religião, têm ocorre, porque é possível existir liberdade de pensamen-
o direito de contrair matrimônio e fundar uma família. to e consciência desvinculada de cunho religioso. Aliás, a
Gozam de iguais direitos em relação ao casamento, liberdade de consciência também concretiza a liberdade
sua duração e sua dissolução. de ter ou não ter religião, ter ou não ter opinião políti-
2. O casamento não será válido senão com o livre e co-partidária ou qualquer outra manifestação positiva ou
pleno consentimento dos nubentes. negativa da consciência24.

O casamento, como todas as instituições sociais, varia No que tange à exteriorização da liberdade de reli-
com o tempo e os povos, que evoluem e adquirem novas gião, ou seja, à liberdade de expressão religiosa, não é
culturas. Há quem o defina como um ato, outros como devida nenhuma perseguição, assim como é garantido o
um contato. Basicamente, casamento é a união, devida- direito de praticá-la em grupo ou individualmente.
mente formalizada conforme a lei, com a finalidade de
construir família. A principal finalidade do casamento é Artigo XIX
estabelecer a comunhão plena de vida, impulsionada Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e ex-
pelo amor e afeição existente entre o casal e baseada na pressão; este direito inclui a liberdade de, sem interfe-
igualdade de direitos e deveres dos cônjuges e na mútua rência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir
assistência.21 Não é aceitável o casamento que se esta- informações e ideias por quaisquer meios e indepen-
beleça à força para algum dos nubentes, sendo exigido dentemente de fronteiras.
o livre e pleno consentimento de ambos. Não obstante,
TÓPICOS DE DIREITOS HUMANOS

é coerente que a lei traga limitações como a idade, pois


o casamento é uma instituição séria, base da família, e
somente a maturidade pode permitir compreender tal
importância.
22 MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais: teoria
geral, comentários aos artigos 1º a 5º da Constituição da Repúbli-
Artigo XVII ca Federativa do Brasil, doutrina e jurisprudência. São Paulo: Atlas,
1. Toda pessoa tem direito à propriedade, só ou em
1997.
sociedade com outros.
23 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo.
25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.
21 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro. 6. ed. São 24 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Universal
Paulo: Saraiva, 2009. v. 6. dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008.

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Silva25 entende que a liberdade de expressão pode só ou por seu representante eleito), nos termos que este
ser vista sob diversos enfoques, como o da liberdade de artigo da Declaração prevê. A principal classificação das
comunicação, ou liberdade de informação, que consiste democracias é a que distingue a direta da indireta - a)
em um conjunto de direitos, formas, processos e veículos direta, também chamada de pura, na qual o cidadão ex-
que viabilizam a coordenação livre da criação, expressão pressa sua vontade por voto direto e individual em casa
e difusão da informação e do pensamento. Contudo, o a questão relevante; b) indireta, também chamada repre-
manifestação do pensamento não pode ocorrer de forma sentativa, em que os cidadãos exercem individualmente
ilimitada, devendo se pautar na verdade e no respeito o direito de voto para escolher representante(s) e aque-
dos direitos à honra, à intimidade e à imagem dos de- le(s) que for(em) mais escolhido(s) representa(m) todos
mais membros da sociedade. os eleitores.
Não obstante, se introduz a dimensão do Estado So-
Artigo XX cial, de forma que ao cidadão é garantida a prestação
1. Toda pessoa tem direito à liberdade de reunião e de serviços públicos. Isto se insere na segunda dimensão
associação pacíficas. de direitos humanos, referentes aos direitos econômi-
O direito de reunião pode ser exercido independente- cos, sociais e culturais - sem os quais não se consolida a
mente de autorização estatal, mas deve se dar de ma- igualdade material.
neira pacífica, por exemplo, sem utilização de armas.
2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma Artigo XXII
associação. Toda pessoa, como membro da sociedade, tem direito
à segurança social e à realização, pelo esforço nacio-
Por sua vez, “a liberdade de associação para fins lí- nal, pela cooperação internacional e de acordo com
citos, vedada a de caráter paramilitar, é plena. Portanto, a organização e recursos de cada Estado, dos direitos
ninguém poderá ser compelido a associar-se e, uma vez econômicos, sociais e culturais indispensáveis à sua
associado, será livre, também, para decidir se permanece dignidade e ao livre desenvolvimento da sua perso-
associado ou não”26. nalidade.

Artigo XXI Direitos econômicos, sociais e culturais compõem a


1. Toda pessoa tem o direito de tomar parte no go- segunda dimensão de direitos fundamentais. O Pacto
verno de seu país, diretamente ou por intermédio de internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Cultu-
representantes livremente escolhidos. rais de 1966 é o documento que especifica e descreve
2. Toda pessoa tem igual direito de acesso ao serviço tais direitos. de uma maneira geral, são direitos que não
público do seu país. dependem puramente do indivíduo para a implementa-
3. A vontade do povo será a base da autoridade do ção, exigindo prestações positivas estatais, geralmente
governo; esta vontade será expressa em eleições pe- externadas por políticas públicas (escolhas políticas a
riódicas e legítimas, por sufrágio universal, por voto respeito de áreas que necessitam de investimento maior
secreto ou processo equivalente que assegure a liber- ou menos para proporcionar um bom índice de desen-
dade de voto. volvimento social, diminuindo desigualdades). Entre ou-
tros direitos, envolvem o trabalho, a educação, a saúde, a
“Na sociedade moderna, nascida de transformações alimentação, a moradia, o lazer, etc. Como são inúmeras
que culminaram na Revolução Francesa, o indivíduo é as áreas que necessitam de investimento estatal, natural-
visto como homem (pessoa privada) e como cidadão mente o atendimento a estes direitos se dá de maneira
(pessoa pública). O termo cidadão designava original- gradual.
mente o habitante da cidade. Com a consolidação da
sociedade burguesa, passa a indicar a ação política e a Artigo XXIII
participação do sujeito na vida da sociedade”27. 1. Toda pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha
Democracia (do grego, demo+kratos) é um regime de de emprego, a condições justas e favoráveis de traba-
governo em que o poder de tomar decisões políticas está lho e à proteção contra o desemprego.
com os cidadãos, de forma direta (quando um cidadão se 2. Toda pessoa, sem qualquer distinção, tem direito a
reúne com os demais e, juntos, eles tomam a decisão po- igual remuneração por igual trabalho.
TÓPICOS DE DIREITOS HUMANOS

lítica) ou indireta (quando ao cidadão é dado o poder de 3. Toda pessoa que trabalhe tem direito a uma remu-
eleger um representante). Uma democracia pode existir neração justa e satisfatória, que lhe assegure, assim
num sistema presidencialista ou parlamentarista, repu- como à sua família, uma existência compatível com
blicano ou monárquico - somente importa que seja dado a dignidade humana, e a que se acrescentarão, se ne-
aos cidadãos o poder de tomar decisões políticas (por si cessário, outros meios de proteção social.
4. Toda pessoa tem direito a organizar sindicatos e ne-
25 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo.
les ingressar para proteção de seus interesses.
25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.
26 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquematizado.
15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
O trabalho é um instrumento fundamental para asse-
gurar a todos uma existência digna: de um lado por pro-
27 SCHLESENER, Anita Helena. Cidadania e política. In: CARDI, Cas-
siano; et. al. Para filosofar. São Paulo: Scipione, 2000. porcionar a remuneração com a qual a pessoa adquirirá

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bens materiais para sua subsistência, de outro por gerar segurança em caso de desemprego, doença, invalidez,
por si só o sentimento de importância para a sociedade viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de
por parte daquele que faz algo útil nela. No entanto, a subsistência fora de seu controle.    
geração de empregos não se dá automaticamente, caben-
do aos Estados desenvolverem políticas econômicas para O ideal é que todas as pessoas possuam um padrão
diminuir os índices de desemprego o máximo possível. de vida suficiente para garantir sua dignidade em todas as
A remuneração é a retribuição financeira pelo traba- esferas: alimentação, vestuário, moradia, saúde, etc. Bem
lho realizado. Nesta esfera também é necessário o res- se sabe que é um objetivo constante do Estado Democrá-
peito ao princípio da igualdade, por não ser justo que tico de Direito proporcionar que pessoas cheguem o mais
uma pessoa que desempenhe as mesmas funções que a próximo possível - e cada vez mais - desta circunstância.
outra receba menos por um fator externo, característico Fala-se em segurança no sentido de segurança públi-
dela, como sexo ou raça. No âmbito do serviço público ca, de dever do Estado de preservar a ordem pública e a
é mais fácil controlar tal aspecto, mas são inúmeras as incolumidade das pessoas e do patrimônio público e pri-
empresas privadas que pagam menor salário a mulheres vado29. Neste conceito enquadra-se a seguridade social,
e que não chegam a ser levadas à justiça por isso. Não na qual o Estado, custeado pela coletividade e pelos co-
obstante, a remuneração deve ser suficiente para pro- fres públicos, garante a manutenção financeira dos que
porcionar uma existência digna, com o necessário para por algum motivo não possuem condição de trabalhar.
manter assegurados ao menos minimamente todos os
direitos humanos previstos na Declaração. 2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e
Os sindicatos são bastante comuns na seara traba- assistência especiais. Todas as crianças nascidas den-
lhista e, como visto, a todos é garantida a liberdade de tro ou fora do matrimônio, gozarão da mesma prote-
associação, não podendo ninguém ser impedido ou for- ção social.
çado a ingressar ou sair de um sindicato.
A proteção da maternidade tem sentido porque sem
Artigo XXIV isto o mundo não continua. É preciso que as crianças se-
Toda pessoa tem direito a repouso e lazer, inclusive a jam protegidas com atenção especial para que se tor-
limitação razoável das horas de trabalho e férias peri- nem adultos capazes de proporcionar uma melhora no
ódicas remuneradas. planeta.

Por mais que o trabalho seja um direito humano, nem Artigo XXVI
somente dele é feita a vida de uma pessoa. Desta forma, 1. Toda pessoa tem direito à instrução. A instrução
assegura-se horários livres para que a pessoa desfrute de será gratuita, pelo menos nos graus elementares e
momentos de lazer e descanso, bem como impede-se fundamentais. A instrução elementar será obrigatória.
a fixação de uma jornada de trabalho muito exaustiva. A instrução técnico-profissional será acessível a todos,
São medidas que asseguram isto a previsão de descanso bem como a instrução superior, esta baseada no mé-
semanal remunerado, a limitação do horário de trabalho, rito.
a concessão de férias remuneradas anuais, entre outras. 2. A instrução será orientada no sentido do pleno de-
Quanto aos artigos XXIII e XXIV, tem-se que é forneci- senvolvimento da personalidade humana e do forta-
do “[...] um conjunto mínimo de direitos dos trabalhado- lecimento do respeito pelos direitos humanos e pelas
res. De forma geral, os dispositivos em comento versam liberdades fundamentais. A instrução promoverá a
sobre o direito ao trabalho, principal meio de sobrevi- compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as
vência dos indivíduos que ‘vendem’ força de trabalho em nações e grupos raciais ou religiosos, e coadjuvará as
troca de uma remuneração justa. Ademais, estabelecem atividades das Nações Unidas em prol da manutenção
a liberdade do cidadão de escolher o trabalho e, uma vez da paz.
obtido o emprego, o direito de nele encontrar condições 3. Os pais têm prioridade de direito na escolha do gê-
justas, tanto no tocante à remuneração, como no que diz nero de instrução que será ministrada a seus filhos.
respeito ao limite de horas trabalhadas e períodos de re-
pouso (disposição constante do artigo XXIV da Declara- A Declaração Universal de 1948 divide a disponibili-
ção). Garantem ainda o direito dos trabalhadores de se dade e a obrigatoriedade da educação em níveis. Aquela
TÓPICOS DE DIREITOS HUMANOS

unirem em associação, com o objetivo de defesa de seus educação que é considerada essencial, qual seja, a ele-
interesses”28. mentar, deve ser gratuita e obrigatória. Já a educação
fundamental, de grande importância, deve ser gratuita,
Artigo XXV mas não é obrigatória. Esta nomenclatura adotada pela
1. Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz Declaração equipara-se ao ensino fundamental e ao en-
de assegurar a si e a sua família saúde e bem estar, sino médio no Brasil, sendo elementar o primeiro e fun-
inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados damental o segundo. A educação técnico-profissional
médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à refere-se às escolas voltadas ao ensino de algum ofício,

28 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Universal 29 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquematizado.
dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

9
não complexo a ponto de exigir formação superior e, Artigo XVIII
justamente por isso, possuem menor duração e menor Toda pessoa tem direito a uma ordem social e inter-
custo; ao passo que a educação superior é a que se dá nacional em que os direitos e liberdades estabeleci-
no âmbito das universidades, formando profissionais de dos na presente Declaração possam ser plenamente
maior especialidade numa área profissional, com am- realizados.
plo conhecimento, razão pela qual dura mais tempo e é
mais onerosa. As duas últimas são de maior custo e não Como já destacado, o sistema de proteção dos direi-
podem ser instituídas de tal forma que sejam garantidas tos humanos tem caráter global e cada Estado que as-
vagas para todas as pessoas em sociedade, entretanto, sumiu compromisso perante a ONU ao integrá-la deve
exige-se um critério justo para a seleção dos ingressos, garantir o respeito a estes direitos no âmbito de seu ter-
o qual seja baseado no mérito (os mais capacitados ritório. Com isso, a pessoa estará numa ordem social e
conseguirão as vagas de ensino técnico-profissional e internacional na qual seus direitos humanos sejam asse-
superior). gurados, preservando-se sua dignidade. Em outras pala-
Ainda, a Declaração de 1948 deixa clara que a edu- vras, “devidamente emparelhadas, portanto, a ordem so-
cação não envolve apenas o aprendizado do conteúdo cial e a ordem internacional se manifestam, a seu modo,
programático das matérias comuns como matemática, como as duas faces das instituições humanitárias, tanto
português, história e geografia, mas também a com- estatais quanto particulares, orientando seus passos a
preensão de abordagens sobre assuntos que possam serviço da comunidade humana”32.
contribuir para a formação da personalidade da pessoa
humana e conscientizá-la de seu papel social. Artigo XXIX
Não obstante, da parte final da Declaração extrai-se 1. Toda pessoa tem deveres para com a comunidade,
a consciência de que a educação não é apenas a formal, em que o livre e pleno desenvolvimento de sua perso-
aprendida nos estabelecimentos de ensino, mas também nalidade é possível.
a informal, transmitida no ambiente familiar e nas demais 2. No exercício de seus direitos e liberdades, toda pes-
áreas de contato da pessoa, como igreja, clubes e, no- soa estará sujeita apenas às limitações determinadas
tadamente, a residência. Por isso, os pais têm um papel pela lei, exclusivamente com o fim de assegurar o
direto na escolha dos meios de educação de seus filhos. devido reconhecimento e respeito dos direitos e liber-
dades de outrem e de satisfazer às justas exigências
Artigo XXVII da moral, da ordem pública e do bem-estar de uma
1. Toda pessoa tem o direito de participar livremente da sociedade democrática.
vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de parti- 3. Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese
cipar do processo científico e de seus benefícios. alguma, ser exercidos contrariamente aos propósitos e
2. Toda pessoa tem direito à proteção dos interesses princípios das Nações Unidas.
morais e materiais decorrentes de qualquer produção
científica, literária ou artística da qual seja autor. Explica Canotilho33 que “a ideia de deveres funda-
mentais é suscetível de ser entendida como o ‘outro
Os conflitos que se dão entre a liberdade e a proprieda- lado’ dos direitos fundamentais. Como ao titular de um
de intelectual se evidenciam, principalmente, sob o aspec- direito fundamental corresponde um dever por parte de
to da liberdade de expressão, na esfera específica da liber- um outro titular, poder-se-ia dizer que o particular está
dade de comunicação ou informação, que, nos dizeres de vinculado aos direitos fundamentais como destinatário
Silva30, “compreende a liberdade de informar e a liberdade de um dever fundamental. Neste sentido, um direito
de ser informado”. Sob o enfoque do direito à liberdade e fundamental, enquanto protegido, pressuporia um de-
do direito de acesso à cultura, seria livre a divulgação de ver correspondente”. Esta é a ideia que a Declaração de
toda e qualquer informação e o acesso aos dados disponí- 1948 busca trazer: não será assegurada nenhuma liber-
veis, independentemente da fonte ou da autoria. De outro dade que contrarie a lei ou os demais direitos de outras
lado, há o direito de propriedade intelectual, o qual possui pessoas, isto é, os preceitos universais consagrados pelas
um caráter dualista: moral, que nunca prescreve porque Nações Unidas.
o autor de uma obra nunca deixará de ser considerado
como tal, e patrimonial, que prescreve, perdendo o autor Artigo XXX
TÓPICOS DE DIREITOS HUMANOS

o direito de explorar benefícios econômicos de sua obra31. Nenhuma disposição da presente Declaração pode
Cada vez mais esta dualidade entre direitos se encontra ser interpretada como o reconhecimento a qualquer
em conflito, uma vez que a evolução tecnológica trouxe Estado, grupo ou pessoa, do direito de exercer qual-
meios para a cópia em massa de conteúdos protegidos quer atividade ou praticar qualquer ato destinado à
pela propriedade intelectual. destruição de quaisquer dos direitos e liberdades aqui
estabelecidos.

30 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo.


25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006. 32 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Universal
31 PAESANI, Liliana Minardi. Direito e Internet: liberdade de infor- dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008.
mação, privacidade e responsabilidade civil. 3. ed. São Paulo: Atlas, 33 CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito constitucional e teoria
2006. da constituição. 2. ed. Coimbra: Almedina, 1998.

10
“A colidência entre os direitos afirmados na Declara- delo, mas apenas estabelecer - inspirando-se em
ção é natural. Busca-se com o presente artigo evitar que, conceitos geralmente admitidos em nossos tem-
no eventual choque entre duas normas garantistas, os pos e nos elementos essenciais dos sistemas con-
sujeitos nela mencionados se valham de uma interpre- temporâneos mais adequados - os princípios e as
tação tendente a infirmar qualquer das disposições da regras de uma boa organização penitenciária e da
Declaração ao argumento de que estão respeitando um prática relativa ao tratamento de prisioneiros.
direito em detrimento de outro”34. Nenhum direito hu- 2. É evidente que devido a grande variedade de con-
mano é ilimitado: se o fossem, seria impossível garantir dições jurídicas, sociais, econômicas e geográfi-
um sistema no qual todas as pessoas tivessem tais di- cas existentes no mundo, todas estas regras não
reitos plenamente respeitados, afinal, estes necessaria- podem ser aplicadas indistintamente em todas
mente colidiriam com os direitos das outras pessoas, os as partes e a todo tempo. Devem, contudo, servir
quais teriam que ser violados. Este é um dos sentidos para estimular o esforço constante com vistas à
do princípio da relatividade dos direitos humanos - os superação das dificuldades práticas que se opõem
direitos humanos não podem ser utilizados como um a sua aplicação, na certeza de que representam,
escudo para práticas ilícitas ou como argumento para em seu conjunto, as condições mínimas admitidas
afastamento ou diminuição da responsabilidade por atos pelas Nações Unidas.
ilícitos, assim os direitos humanos não são ilimitados e 3. Por outro lado, os critérios que se aplicam às ma-
encontram seus limites nos demais direitos igualmente térias referidas nestas regras evoluem constante-
consagrados como humanos. Isto vale tanto para os in- mente e, portanto, não tendem a excluir a pos-
divíduos, numa atitude perante os demais, quanto para sibilidade de experiências e práticas, sempre que
os Estados, ao externar o compromisso global assumido as mesmas se ajustem aos princípios e propósitos
perante a ONU. que emanam do texto das regras. De acordo com
esse espírito, a administração penitenciária central
sempre poderá autorizar qualquer exceção às re-
#FicaDica gras.
O direito de reunião deve ser pacífico e po- 4. A primeira parte das regras trata das matérias re-
derá sofrer restrições previstas em lei. O in- lativas à administração geral dos estabelecimen-
tuito é preservação da segurança nacional tos penitenciários e é aplicável a todas as catego-
e da ordem pública. rias de prisioneiros, criminais ou civis, em regime
de prisão preventiva ou já condenados, incluindo
aqueles que tenham sido objeto de medida de se-
gurança ou de medida de reeducação ordenada
OS DIREITOS HUMANOS NA CONSTITUIÇÃO por um juiz.
FEDERAL DE 1988 (ARTIGOS 5º AO 15º) 4.1.A segunda parte contém as regras que são apli-
cáveis somente às categorias de prisioneiros a
que se refere cada seção. Entretanto, as regras da
Este assunto já foi abordado anteriormente em seção A, aplicáveis aos presos condenados, serão
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL igualmente aplicáveis às categorias de presos a
que se referem as seções B, C e D, sempre que
REGRA MÍNIMAS PARA O TRATAMENTO não sejam contraditórias com as regras específi-
DE PESSOAS PRESAS, DA ONU cas dessas seções e sob a condição de que sejam
proveitosas para tais prisioneiros.
5..Estas regras não estão destinadas a determinar
Adotadas pelo 1º Congresso das Nações Unidas so- a organização dos estabelecimentos para delin-
bre Prevenção do Crime e Tratamento de Delinquentes, quentes juvenis (estabelecimentos Borstal, insti-
realizado em Genebra, em 1955, e aprovadas pelo Con- tuições de reeducação etc.). Todavia, de um modo
selho Econômico e Social da ONU através da sua resolu- geral, pode-se considerar que a primeira parte
ção 663 C I (XXIV), de 31 de julho de 1957, aditada pela destas regras mínimas também é aplicável a esses
resolução 2076 (LXII) de 13 de maio de 1977. Em 25 de estabelecimentos.
TÓPICOS DE DIREITOS HUMANOS

maio de 1984, através da resolução 1984/47, o Conselho 5.1.A categoria de prisioneiros juvenis deve compre-
Econômico e Social aprovou treze procedimentos para a ender, em qualquer caso, os menores sujeitos à
aplicação efetiva das Regras Mínimas (anexo). jurisdição de menores. Como norma geral, os de-
linquentes juvenis não deveriam ser condenados a
Observações preliminares penas de prisão.

1. O objetivo das presentes regras não é descrever


detalhadamente um sistema penitenciário mo-

34 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Universal


dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008.

11
PARTE I dois reclusos sejam alojados numa mesma cela ou
REGRAS DE APLICAÇÃO GERAL quarto individual.
PRINCÍPIO FUNDAMENTAL 9.1 Quando se recorra à utilização de dormitórios,
estes deverão ser ocupados por presos cuidado-
6. As regras que se seguem deverão ser aplicadas samente escolhidos e reconhecidos como sendo
imparcialmente. Não haverá discriminação alguma capazes de serem alojados nessas condições. Du-
baseada em raça, cor, sexo, língua, religião, opinião rante a noite, deverão estar sujeitos a uma vigilân-
política ou qualquer outra opinião, origem nacio- cia regular, adaptada ao tipo de estabelecimento
nal ou social, fortuna, nascimento ou em qualquer prisional em que se encontram detidos.
outra situação. 10. Todas os locais destinados aos presos, especial-
6.1 Ao contrário, é necessário respeitar as crenças re- mente aqueles que se destinam ao alojamento dos
ligiosas e os preceitos morais do grupo a que per- presos durante a noite, deverão satisfazer as exigên-
tença o preso. cias da higiêne, levando-se em conta o clima, espe-
cialmente no que concerne ao volume de ar, espaço
Registro mínimo, iluminação, aquecimento e ventilação.
11. Em todos os locais onde os presos devam viver ou
7..Em todos os lugares em que haja pessoas detidas, trabalhar:
deverá existir um livro oficial de registro, atualiza- a. As janelas deverão ser suficientemente grandes para
do, contendo páginas numeradas, no qual serão que os presos possam ler e trabalhar com luz natu-
anotados, relativamente a cada preso: ral, e deverão estar dispostas de modo a permitir a
a. A informação referente a sua identidade; entrada de ar fresco, haja ou não ventilação artificial.
b. As razões da sua detenção e a autoridade compe- b. A luz artificial deverá ser suficiente para os presos
tente que a ordenou; poderem ler ou trabalhar sem prejudicar a visão.
c. O dia e a hora da sua entrada e da sua saída.
12. As instalações sanitárias deverão ser adequadas para
7.1 Nenhuma pessoa deverá ser admitida em um es- que os presos possam satisfazer suas necessidades na-
tabelecimento prisional sem uma ordem de deten- turais no momento oportuno, de um modo limpo e
ção válida, cujos dados serão previamente lança- decente.
dos no livro de registro. 13. As instalações de banho deverão ser adequadas
para que cada preso possa tomar banho a uma tem-
Separação de categorias peratura adaptada ao clima, tão frequentemente
quanto necessário à higiene geral, de acordo com a
8. As diferentes categorias de presos deverão ser estação do ano e a região geográfica, mas pelo me-
mantidas em estabelecimentos prisionais separa- nos uma vez por semana em um clima temperado.
dos ou em diferentes zonas de um mesmo estabe- 14. Todos os locais de um estabelecimento peniten-
lecimento prisional, levando-se em consideração ciário frequentados regularmente pelos presos
seu sexo e idade, seus antecedentes, as razões da deverão ser mantidos e conservados escrupulosa-
detenção e o tratamento que lhes deve ser aplica- mente limpos.
do. Assim é que:
a. Quando for possível, homens e mulheres deverão Higiene pessoal
ficar detidos em estabelecimentos separados; em
estabelecimentos que recebam homens e mulheres, 15. Será exigido que todos os presos mantenham-se
o conjunto dos locais destinados às mulheres deverá limpos; para este fim, ser-lhes-ão fornecidos água
estar completamente separado; e os artigos de higiene necessários à sua saúde e
b. As pessoas presas preventivamente deverão ser limpeza.
mantidas separadas dos presos condenados; 16. Serão postos à disposição dos presos meios para
c. Pessoas presas por dívidas ou por outras questões cuidarem do cabelo e da barba, a fim de que pos-
de natureza civil deverão ser mantidas separadas das sam se apresentar corretamente e conservem o
pessoas presas por infração penal; respeito por si mesmos; os homens deverão poder
TÓPICOS DE DIREITOS HUMANOS

d. Os presos jovens deverão ser mantidos separados barbear-se com regularidade.


dos presos adultos.
Roupas de vestir, camas e roupas de cama
Locais destinados aos presos
17. Todo preso a quem não seja permitido vestir suas
9. As celas ou quartos destinados ao isolamento no- próprias roupas, deverá receber as apropriadas ao
turno não deverão ser ocupadas por mais de um clima e em quantidade suficiente para manter-se
preso. Se, por razões especiais, tais como exces- em boa saúde. Ditas roupas não poderão ser, de
so temporário da população carcerária, for indis- forma alguma, degradantes ou humilhantes.
pensável que a administração penitenciária central 17.1. Todas as roupas deverão estar limpas e manti-
faça exceções a esta regra, deverá evitar-se que das em bom estado. A roupa de baixo será trocada

12
e lavada com a frequência necessária à manuten- um dentista qualificado.
ção da higiêne. 23. Nos estabelecimentos prisionais para mulheres
17.2. Em circunstâncias excepcionais, quando o preso devem existir instalações especiais para o trata-
necessitar afastar-se do estabelecimento peniten- mento de presas grávidas, das que tenham acaba-
ciário para fins autorizados, ele poderá usar suas do de dar à luz e das convalescentes. Desde que
próprias roupas, que não chamem atenção sobre seja possível, deverão ser tomadas medidas para
si. que o parto ocorra em um hospital civil. Se a crian-
18. Quando um preso for autorizado a vestir suas ça nascer num estabelecimento prisional, tal fato
próprias roupas, deverão ser tomadas medidas não deverá constar no seu registro de nascimento.
para se assegurar que, quando do seu ingresso no 23.1. Quando for permitido às mães presas conservar
estabelecimento penitenciário, as mesmas estão as respectivas crianças, deverão ser tomadas medi-
limpas e são utilizáveis. das para organizar uma creche, dotada de pessoal
19. Cada preso disporá, de acordo com os costumes qualificado, onde as crianças possam permanecer
locais ou nacionais, de uma cama individual e de quando não estejam ao cuidado das mães.
roupa de cama suficiente e própria, mantida em 24. O médico deverá ver e examinar cada preso o
bom estado de conservação e trocada com uma mais depressa possível após a sua admissão no es-
frequência capaz de garantir sua limpeza. tabelecimento prisional e depois, quando necessá-
rio, com o objetivo de detectar doenças físicas ou
Alimentação mentais e de tomar todas as medidas necessárias
para o respectivo tratamento; de separar presos
20.A administração fornecerá a cada preso, em horas suspeitos de doenças infecciosas ou contagiosas;
determinadas, uma alimentação de boa qualidade, de anotar deformidades físicas ou mentais que
bem preparada e servida, cujo valor nutritivo seja possam constituir obstáculos à reabilitação dos
suficiente para a manutenção da sua saúde e das presos, e de determinar a capacidade de trabalho
suas forças. de cada preso.
20.1Todo preso deverá ter a possibilidade de dispor 25. O médico deverá tratar da saúde física e mental
de água potável quando dela necessitar. dos presos e deverá diariamente observar todos os
presos doentes e os que se queixam de dores ou
Exercícios físicos mal-estar, e qualquer preso para o qual a sua aten-
ção for chamada.
21. O preso que não trabalhar ao ar livre deverá ter, 25.1. O médico deverá informar o diretor quando
se o tempo permitir, pelo menos uma hora por dia considerar que a saúde física ou mental de um pre-
para fazer exercícios apropriados ao ar livre. so tenha sido ou venha a ser seriamente afetada
21.1 Os presos jovens e outros cuja idade e condição pelo prolongamento da situação de detenção ou
física o permitam, receberão durante o período re- por qualquer condição específica dessa situação
servado ao exercício uma educação física e recre- de detenção.
ativa. Para este fim, serão colocados à disposição 26. O médico deverá regularmente inspecionar e
dos presos o espaço, as instalações e os equipa- aconselhar o diretor sobre:
mentos necessários. a. A quantidade, qualidade, preparação e serviço da
alimentação;
Serviços médicos b. A higiene e limpeza do estabelecimento prisional
e dos presos;
22. Cada estabelecimento penitenciário terá à sua c. As condições sanitárias, aquecimento, iluminação e
disposição os serviços de pelo menos um médico ventilação do estabelecimento prisional;
qualificado, que deverá ter certos conhecimentos d. A adequação e limpeza da roupa de vestir e de
de psiquiatria. Os serviços médicos deverão ser or- cama dos presos;
ganizados em estreita ligação com a administração e. A observância das regras concernentes à educação
geral de saúde da comunidade ou nação. Deverão física e aos desportos, quando não houver pessoal
incluir um serviço de psiquiatria para o diagnósti- técnico encarregado destas atividades.
TÓPICOS DE DIREITOS HUMANOS

co, e em casos específicos, para o tratamento de


estados de anomalia. 26.1. O diretor levará em consideração os relatórios e
22.1. Os presos doentes que necessitem tratamento os pareceres que o médico lhe apresentar, de acor-
especializado deverão ser transferidos para estabe- do com as regras 25(2) e 26, e no caso de concor-
lecimentos especializados ou para hospitais civis. dar com as recomendações apresentadas tomará
Quando existam facilidades hospitalares em um es- imediatamente medidas no sentido de pôr em prá-
tabelecimento prisional, o respectivo equipamento, tica essas recomendações; se as mesmas não esti-
mobiliário e produtos farmacêuticos serão adequa- verem no âmbito da sua competência, ou caso não
dos para o tratamento médico dos presos doentes, concorde com elas, deverá imediatamente enviar o
e deverá haver pessoal devidamente qualificado. seu próprio relatório e o parecer do médico a uma
22.2. Cada preso poderá servir-se dos trabalhos de autoridade superior.

13
Disciplina e sanções rão usados, exceto nas seguintes circunstâncias:
a. Como precaução contra fuga durante uma transfe-
27. A disciplina e a ordem serão mantidas com fir- rência, desde que sejam retirados quando o preso
meza, mas sem impor mais restrições do que as comparecer perante uma autoridade judicial ou
necessárias à manutenção da segurança e da boa administrativa;
organização da vida comunitária. b. Por razões médicas e sob a supervisão do médico;
28. Nenhum preso pode ser utilizado em serviços que c. Por ordem do diretor, se outros métodos de con-
lhe sejam atribuídos em consequência de medidas trole falharem, a fim de evitar que o preso se mo-
disciplinares. leste a si mesmo, a outros ou cause estragos ma-
28.1. Esta regra, contudo, não impedirá o convenien- teriais; nestas circunstâncias, o diretor consultará
te funcionamento de sistemas baseados na auto- imediatamente o médico e informará à autoridade
gestão, nos quais atividades ou responsabilidades administrativa superior.
sociais, educacionais ou esportivas específicas
podem ser confiadas, sob adequada supervisão, 34. As normas e o modo de utilização dos instrumen-
a presos reunidos em grupos com objetivos tera- tos de coação serão decididos pela administração
pêuticos. prisional central.
29. A lei ou regulamentação emanada da autoridade Tais instrumentos não devem ser impostos senão
administrativa competente determinará, para cada pelo tempo estritamente necessário.
caso:
a. O comportamento que constitua falta disciplinar; Informação e direito de queixa dos presos
b. Os tipos e a duração da punição a aplicar;
c. A autoridade competente para impor tal punição. 35. Quando for admitido, cada preso receberá infor-
mação escrita sobre o regime prisional para a sua
30. Nenhum preso será punido senão de acordo com categoria, sobre os regulamentos disciplinares do
a lei ou regulamento, e nunca duas vezes pelo estabelecimento e os métodos autorizados para
mesmo crime. obter informações e para formular queixas; e qual-
30.1. Nenhum preso será punido a não ser que tenha quer outra informação necessária para conhecer
sido informado do crime de que é acusado e lhe os seus direitos e obrigações, e para se adaptar à
seja dada uma oportunidade adequada para apre- vida do estabelecimento.
sentar defesa. A autoridade competente examinará 35.1. Se o preso for analfabeto, tais informações ser-
o caso exaustivamente. -lhe-ão comunicadas oralmente.
30.2 Quando necessário e possível, o preso será au-
torizado a defender-se por meio de um intérprete. 36. Todo preso terá, em cada dia de trabalho, a opor-
31. Serão absolutamente proibidos como punições tunidade de apresentar pedidos ou queixas ao di-
por faltas disciplinares os castigos corporais, a de- retor do estabelecimento ou ao funcionário autori-
tenção em cela escura e todas as penas cruéis, de- zado a representá-lo.
sumanas ou degradantes. 36.1 As petições ou queixas poderão ser apresenta-
das ao inspetor de prisões durante sua inspeção.
32. O preso poderá falar com o inspetor ou com qual-
a. As penas de isolamento e de redução de alimenta- quer outro funcionário encarregado da inspeção
ção não deverão nunca ser aplicadas, a menos que sem que o diretor ou qualquer outro membro do
o médico tenha examinado o preso e certificado estabelecimento se faça presente.
por escrito que ele está apto para as suportar. 36.2. Todo preso deve ter autorização para encami-
b. O mesmo se aplicará a qualquer outra punição nhar, pelas vias prescritas, sem censura quanto
que possa ser prejudicial à saúde física ou mental às questões de mérito mas na devida forma, uma
de um preso. Em nenhum caso deverá tal punição petição ou queixa à administração penitenciária
contrariar ou divergir do princípio estabelecido na central, à autoridade judicial ou a qualquer outra
regra 31. autoridade competente.
c. O médico visitará diariamente os presos sujeitos a 36.3. A menos que uma solicitação ou queixa seja
TÓPICOS DE DIREITOS HUMANOS

tais punições e aconselhará o diretor caso consi- evidentemente temerária ou desprovida de funda-
dere necessário terminar ou alterar a punição por mento, a mesma deverá ser examinada sem demo-
razões de saúde física ou mental. ra, dando-se uma resposta ao preso no seu devido
tempo.
Instrumentos de coação
Contatos com o mundo exterior
33. A sujeição a instrumentos tais como algemas,
correntes, ferros e coletes de força nunca deve ser 37. Os presos serão autorizados, sob a necessária su-
aplicada como punição. Correntes e ferros também pervisão, a comunicar-se periodicamente com as
não serão usados como instrumentos de coação. suas famílias e com amigos de boa reputação, quer
Quaisquer outros instrumentos de coação não se- por correspondência quer através de visitas.

14
38. Aos presos de nacionalidade estrangeira, serão medidas necessárias para que tais objetos se con-
concedidas facilidades razoáveis para se comuni- servem em bom estado.
carem com os representantes diplomáticos e con- 43.1 Os objetos e o dinheiro pertencentes ao preso
sulares do Estado a que pertencem. ser-lhe-ão devolvidos quando da sua liberação,
38.1 A presos de nacionalidade de Estados sem re- com exceção do dinheiro que ele foi autorizado
presentação diplomática ou consular no país, e a a gastar, dos objetos que tenham sido remetidos
refugiados ou apátridas, serão concedidas facilida- para o exterior do estabelecimento, com a devida
des semelhantes para comunicarem-se com os re- autorização, e das roupas cuja destruição haja sido
presentantes diplomáticos do Estado encarregado decidida por questões higiênicas. O preso assinará
de zelar pelos seus interesses ou com qualquer en- um recibo dos objetos e do dinheiro que lhe forem
tidade nacional ou internacional que tenha como restituídos.
tarefa a proteção de tais indivíduos. 43.2. Os valores e objetos enviados ao preso do ex-
39. Os presos serão mantidos regularmente informa- terior do estabelecimento prisional serão submeti-
dos das notícias mais importantes através da leitu- dos às mesmas regras.
ra de jornais, periódicos ou publicações especiais 43.3. Se o preso estiver na posse de medicamentos
do estabelecimento prisional, através de transmis- ou de entorpecentes no momento do seu ingres-
sões de rádio, conferências ou quaisquer outros so no estabelecimentoprisional, o médico decidirá
meios semelhantes, autorizados ou controlados que uso será dado a eles.
pela administração.
Notificação de morte, doenças e transferências
Biblioteca
44. No caso de morte, doença ou acidente grave, ou
40. Cada estabelecimento prisional terá uma bibliote- da transferência do preso para um estabelecimen-
ca para o uso de todas as categorias de presos, de- to para doentes mentais, o diretor informará ime-
vidamente provida com livros de recreio e de ins- diatamente o cônjuge, se o preso for casado, ou o
trução, e os presos serão estimulados a utilizá-la. parente mais próximo, e informará, em qualquer
caso, a pessoa previamente designada pelo preso.
Religião 44.1.Um preso será informado imediatamente da
morte ou doença grave de qualquer parente próxi-
41. Se o estabelecimento reunir um número sufi- mo. No caso de doença grave de um parente pró-
ciente de presos da mesma religião, um represen- ximo, o preso será autorizado, quando as circuns-
tante qualificado dessa religião será nomeado ou tâncias o permitirem, a visitá-lo, escoltado ou não.
admitido. Se o número de presos o justificar e as 44.2. Cada preso terá o direito de informar imediata-
condições o permitirem, tal serviço será na base de mente à sua família sobre sua prisão ou transferên-
tempo completo. cia para outro estabelecimento prisional.
41.1. Um representante qualificado, nomeado ou ad-
mitido nos termos do parágrafo 1, será autorizado Transferência de presos
a celebrar serviços religiosos regulares e a fazer vi-
sitas pastorais particulares a presos da sua religião, 45. Quando os presos estiverem sendo transferidos
em ocasiões apropriadas. para outro estabelecimento prisional, deverão ser
41.2. Não será recusado o acesso de qualquer preso a vistos o menos possível pelo público, e medidas
um representante qualificado de qualquer religião. apropriadas serão adotadas para protegê-los con-
Por outro lado, se qualquer preso levantar obje- tra qualquer forma de insultos, curiosidade e pu-
ções à visita de qualquer representante religioso, blicidade.
sua posição será inteiramente respeitada. 45.1. Será proibido o traslado de presos em transpor-
42. Tanto quanto possível, cada preso será autorizado tes com ventiliação ou iluminação deficientes, ou
a satisfazer as necessidades de sua vida religiosa, que de qualquer outro modo possam submetê-los
assistindo aos serviços ministrados no estabeleci- a sacrifícios desnecessários.
mento ou tendo em sua posse livros de rito e prá- 45.2. O transporte de presos será efetuado às expen-
TÓPICOS DE DIREITOS HUMANOS

tica religiosa da sua crença. sas da administração, em condições iguais para


todos eles.
Depósitos de objetos pertencentes aos presos
Pessoal penitenciário
43. Quando o preso ingressa no estabelecimento
prisional, o dinheiro, os objetos de valor, roupas 46. A administração penitenciária escolherá cuidado-
e outros bens que lhe pertençam, mas que não samente o pessoal de todas as categorias, posto
possam permanecer em seu poder por força do que, da integridade, humanidade, aptidão pessoal
regulamento, serão guardados em um lugar segu- e capacidade profissional desse pessoal, depende-
ro, levantando-se um inventário de todos eles, que rá a boa direção dos estabelecimentos penitenci-
deverá ser assinado pelo preso. Serão tomadas as ários.

15
46.1. A administração penitenciária esforçar-se-á preendida pela maior parte deles.
constantemente por despertar e manter no espíri- 51.1. Recorrer-se-á aos serviços de um intérprete
to do pessoal e na opinião pública a convicção de toda vez que seja necessário.
que a função penitenciária constitui um serviço so- 52. Nos estabelecimentos prisionais cuja importância
cial de grande importância e, sendo assim, utilizará exija o serviço contínuo de um ou vários médicos,
todos os meios apropriados para ilustrar o público. pelo menos um deles residirá no estabelecimento
46.2. Para lograr tais fins, será necessário que os ou nas suas proximidades.
membros trabalhem com exclusivadade como 52.1. Nos demais estabelecimentos, o médico visita-
funcionários penitenciários profissionais, tenham rá diariamente os presos e residirá próximo o bas-
a condição de funcionários públicos e, portanto, a tante do estabelecimento para acudir sem demora
segurança de que a estabilidade em seu empre- toda vez que se apresente um caso urgente.
go dependerá unicamente da sua boa conduta, da 53. Nos estabelecimentos mistos, a seção das mu-
eficácia do seu trabalho e de sua aptidão física. A lheres estará sob a direção de um funcionário res-
remuneração do pessoal deverá ser adequada, a ponsável do sexo feminino, a qual manterá sob
fim de se obter e conservar os serviços de homens sua guarda todas as chaves de tal seção.
e mulheres capazes. Determinar-se-á os benefícios 53.1. Nenhum funcionário do sexo masculino ingres-
da carreira e as condições do serviço tendo em sará na seção feminina desacompanhado de um
conta o caráter penoso de suas funções. membro feminino do pessoal.
47.Os membros do pessoal deverão possuir um nível 53.2. A vigilância das presas será exercida exclusi-
intelectual satisfatório. vamente por funcionários do sexo feminino. Con-
47.1. Os membros do pessoal deverão fazer, antes tudo, isto não excluirá que funcionários do sexo
de ingressarem no serviço, um curso de formação masculino, especialmente os médicos e o pessoal
geral e especial, e passar satisfatoriamente pelas de ensino, desempenhem suas funções profissio-
provas teóricas e práticas. nais em estabelecimentos ou seções reservadas às
47.2. Após seu ingresso no serviço e durante a car- mulheres.
reira, os membros do pessoal deverão manter e 54. Os funcionários dos estabelecimentos prisionais
melhorar seus conhecimentos e sua capacidade não usarão, nas suas relações com os presos, de
profissionais fazendo cursos de aperfeiçoamento, força, exceto em legítima defesa ou em casos de
que se organizarão periodicamente. tentativa de fuga, ou de resistência física ativa ou
48. Todos os membros do pessoal deverão conduzir- passiva a uma ordem fundamentada na lei ou nos
-se e cumprir suas funções, em qualquer circuns- regulamentos. Os funcionários que tenham que
tância, de modo a que seu exemplo inspire respeito recorrer à força, não devem usar senão a estri-
e exerça uma influência benéfica sobre os presos. tamente necessária, e devem informar imediata-
49. Na medida do possível dever-se-á agregar ao mente o incidente ao diretor do estabelecimento
pessoal um número suficiente de especialistas, tais prisional.
como psiquiatras, psicólogos, assistentes sociais, 54.1. Será dado aos guardas da prisão treinamento
professores e instrutores técnicos. físico especial, a fim de habilitá-los a dominarem
presos agressivos.
49.1 Os serviços dos assistentes sociais, dos profes- 54.2. Exceto em circunstâncias especiais, os funcioná-
sores e instrutores técnicos deverão ser mantidos rios, no cumprimento de funções que impliquem
permanentemente, sem que isto exclua os serviços contato direto com os presos, não deverão andar
de auxiliares a tempo parcial ou voluntários. armados. Além disso, não será fornecida arma a
50. O diretor do estabelecimento prisional deverá es- nenhum funcionário sem que o mesmo tenha sido
tar devidamente qualificado para sua função por previamente adestrado no seu manejo.
seu caráter, sua capacidade administrativa, uma
formação adequada e por sua experiência na ma- Inspeção
téria.
50.1 O diretor deverá consagrar todo o seu tempo à 55. Haverá uma inspeção regular dos estabelecimen-
sua função oficial, que não poderá ser desempe- tos e serviços prisionais por inspetores qualifica-
TÓPICOS DE DIREITOS HUMANOS

nhada com restrição de horário. dos e experientes, nomeados por uma autoridade
50.2. O diretor deverá residir no estabelecimento pri- competente. É seu dever assegurar que estes esta-
sional ou perto dele. belecimentos estão sendo administrados de acor-
50.3 Quando dois ou mais estabelecimentos este- do com as leis e regulamentos vigentes, para pros-
jam sob a autoridade de um único diretor, este seguimento dos objetivos dos serviços prisionais e
os visitará com frequência. Cada um desses esta- correcionais.
belecimentos estará dirigido por um funcionário
responsável residente no local.
51. O diretor, o subdiretor e a maioria do pessoal do
estabelecimento prisional deverão falar a língua
da maior parte dos reclusos ou uma língua com-

16
PARTE II sua tarefa de reabilitar socialmente os presos. Cada
REGRAS APLICÁVEIS A CATEGORIAS ESPECIAIS estabelecimento penitenciário deverá contar com
A. PRESOS CONDENADOS a colaboração de assistentes sociais encarregados
de manter e melhorar as relações dos presos com
Princípios mestres suas famílias e com os organismos sociais que pos-
sam lhes ser úteis. Também deverão ser feitas ges-
56. Os princípios mestres enumerados a seguir têm tões visando proteger, desde que compatível com
por objetivo definir o espírito segundo o qual de- a lei e com a pena imposta, os direitos relativos
vem ser administrados os sistemas penitenciários aos interesses civis, os benefícios dos direitos da
e os objetivos a serem buscados, de acordo com a previdência social e outros benefícios sociais dos
declaração constante no ítem 1 das presos.
62. Os serviços médicos do estabelecimento prisional
Observações preliminares das presentes regras. se esforçarão para descobrir e deverão tratar todas
as deficiências ou enfermidades físicas ou mentais
57. A prisão e outras medidas cujo efeito é separar que constituam um obstáculo à readaptação do
um delinquente do mundo exterior são dolorosas preso. Com vistas a esse fim, deverá ser realizado
pelo próprio fato de retirarem do indivíduo o direi- todo tratamento médico, cirúrgico e psiquiátrico
to à auto-determinação, privando-o da sua liber- que for julgado necessário.
dade. Logo, o sistema prisional não deverá, exce- 63. Estes princípios exigem a individualização do tra-
to por razões justificáveis de segregação ou para tamento que, por sua vez, requer um sistema flexí-
a manutenção da disciplina, agravar o sofrimento vel de classificação dos presos em grupos. Portan-
inerente a tal situação. to, convém que os grupos sejam distribuidos em
58. O fim e a justificação de uma pena de prisão ou estabelecimentos distintos, onde cada um deles
de qualquer medida privativa de liberdade é, em possa receber o tratamento necessário.
última instância, proteger a sociedade contra o 63.1. Ditos estabelecimentos não devem adotar as
crime. Este fim somente pode ser atingido se o mesmas medidas de segurança com relação a to-
tempo de prisão for aproveitado para assegurar, dos os grupos. É conveniente estabelecer diversos
tanto quanto possível, que depois do seu regresso graus de segurança conforme a que seja necessá-
à sociedade o delinquente não apenas queira res- ria para cada um dos diferentes grupos. Os esta-
peitar a lei e se auto-sustentar, mas também que belecimentos abertos - nos quais inexistem meios
seja capaz de fazê-lo. de segurança física contra a fuga e se confia na
59. Para alcançar esse propósito, o sistema penitenci- autodisciplina dos presos - proporcionam, a pre-
ário deve empregar, tratando de aplicá-los confor- sos cuidadosamente escolhidos, as condições mais
me as necessidades do tratamento individual dos favoráveis para a sua readaptação.
delinquentes, todos os meios curativos, educati- 63.2. É conveniente evitar que nos estabelecimentos
vos, morais, espirituais e de outra natureza, e todas fechados o número de presos seja tão elevado que
as formas de assistência de que pode dispor. constitua um obstáculo à individualização do trata-
60. O regime do estabelecimento prisional deve ten- mento. Em alguns países, estima-se que o número
tar reduzir as diferenças existentes entre a vida na de presos em tais estabelecimentos não deve pas-
prisão e a vida livre quando tais diferenças con- sar de quinhentos. Nos estabelecimentos abertos,
tribuirem para debilitar o sentido de responsabi- o número de presos deve ser o mais reduzido pos-
lidade do preso ou o respeito à dignidade da sua sível.
pessoa. 63.3. Ao contrário, também não convém manter es-
60.1. É conveniente que, antes do término do cum- tabelecimentos demasiadamente pequenos para
primento de uma pena ou medida, sejam tomadas que se possa organizar neles um regime apropria-
as providências necessárias para assegurar ao pre- do.
so um retorno progressivo à vida em sociedade. 64. O dever da sociedade não termina com a liber-
Este propósito pode ser alcançado, de acordo com tação do preso. Deve-se dispor, por conseguinte,
o caso, com a adoção de um regime preparató- dos serviços de organismos governamentais ou
TÓPICOS DE DIREITOS HUMANOS

rio para a liberação, organizado dentro do mesmo privados capazes de prestar à pessoa solta uma
estabelecimento prisional ou em outra instituição ajuda pós-penitenciária eficaz, que tenda a dimi-
apropriada, ou mediante libertação condicional nuir os preconceitos para com ela e permitam sua
sob vigilância não confiada à polícia, compreen- readaptação à comunidade.
dendo uma assistência social eficaz.
61. No tratamento, não deverá ser enfatizada a exclu- Tratamento
são dos presos da sociedade, mas, ao contrário, o
fato de que continuam a fazer parte dela. Com esse 65. O tratamento dos condenados a uma punição ou
objetivo deve-se recorrer, na medida ao possível, medida privativa de liberdade deve ter por objetivo,
à cooperação de organismos comunitários que enquanto a duração da pena o permitir, inspirar-lhes
ajudem o pessoal do estabelecimento prisional na a vontade de viver conforme a lei, manter-se com o

17
produto do seu trabalho e criar neles a aptidão para Trabalho
fazê-lo. Tal tratamento estará direcionado a fomen-
tar-lhes o respeito por si mesmos e a desenvolver 71. O trabalho na prisão não deve ser penoso.
seu senso de responsabilidade. 71.1. Todos os presos condenados deverão trabalhar,
66. Para lograr tal fim, deverá se recorrer, em parti- em conformidade com as suas aptidões física e
cular, à assistência religiosa, nos países em que ela mental, de acordo com a determinação do médico.
seja possível, à instrução, à orientação e à formação 71.2. Trabalho suficiente de natureza útil será dado
profissionais, aos métodos de assistência social in- aos presos de modo a conservá-los ativos durante
dividual, ao assessoramento relativo ao emprego, um dia normal de trabalho.
ao desenvolvimento físico e à educação do caráter 71.3. Tanto quanto possível, o trabalho proporciona-
moral, em conformidade com as necessidades in- do será de natureza que mantenha ou aumente as
dividuais de cada preso. Deverá ser levado em con- capacidades dos presos para ganharem honesta-
ta seu passado social e criminal, sua capacidade e mente a vida depois de libertados.
aptidão físicas e mentais, suas disposições pesso- 71.4. Será proporcionado treinamento profissional
ais, a duração de sua condenação e as perspectivas em profissões úteis aos presos que dele tirarem
depois da sua libertação. proveito, especialmente aos presos jovens.
66.1. Em relação a cada preso condenado a uma pena 71.5. Dentros dos limites compatíveis com uma se-
ou medida de certa duração, que ingresse no es- leção profissional apropriada e com as exigências
tabelecimento prisional, será remetida ao diretor, da administração e disciplina prisionais, os presos
o quanto antes, um informe completo relativo aos poderão escolher o tipo de trabalho que querem
aspectos mencionados no parágrafo anterior. Este fazer.
informe será acompanhado por o de um médico, 72. A organização e os métodos de trabalho peni-
se possível especializado em psiquiatria, sobre o tenciário deverão se assemelhar o mais possível
estado físico e mental do preso. aos que se aplicam a um trabalho similar fora do
66.2. Os informes e demais documentos pertinentes estabelecimento prisional, a fim de que os presos
formarão um arquivo individual. Estes arquivos se- sejam preparados para as condições normais de
rão mantidos atualizados e serão classificados de trabalho livre.
modo que o pessoal responsável possa consultá- 72.1. Contudo, o interesse dos presos e de sua for-
-los sempre que seja necessário. mação profissional não deverão ficar subordina-
dos ao desejo de se auferir benefícios pecuniários
Classificação e individualização de uma indústria penitenciária.
73. As indústrias e granjas penitenciárias deverão ser
67. Os objetivos da classificação deverão ser: dirigidas preferencialmente pela administração e
a. Separar os presos que, por seu passado criminal não por empreiteiros privados.
ou sua má disposição, exerceriam uma influência 73.1 Os presos que se empregarem em algum tra-
nociva sobre os companheiros de detenção; balho não fiscalizado pela administração estarão
b. Repartir os presos em grupos, a fim de facilitar o sempre sob a vigilância do pessoal penitenciário.
tratamento destinado à sua readaptação social. A menos que o trabalho seja feito para outros se-
tores do governo, as pessoas por ele beneficiadas
68. Haverá, se possível, estabelecimentos prisionais pagarão à administração o salário normalmente
separados ou seções separadas dentro dos esta- exigido para tal trabalho, levando-se em conta o
belecimentos para os distintos grupos de presos. rendimento do preso.
69. Tão logo uma pessoa condenada a uma pena ou 74. Nos estabelecimentos penitenciários, serão to-
medida de certa duração ingresse em um estabe- madas as mesmas precauções prescritas para a
lecimento prisional, e depois de um estudo da sua proteção, segurança e saúde dos trabalhadores
personalidade, será criado um programa de trata- livres.
mento individual, tendo em vista os dados obtidos 74.1. Serão tomadas medidas visando indenizar os
sobre suas necessidades individuais, sua capacida- presos que sofrerem acidentes de trabalho e en-
de e suas inclinações. fermidades profissionais em condições similares
TÓPICOS DE DIREITOS HUMANOS

às que a lei dispõe para os trabalhadores livres.


Privilégios
75. As horas diárias e semanais máximas de trabalho
70. Em cada estabelecimento prisional será instituído dos presos serão fixadas por lei ou por regulamen-
um sistema de privilégios adaptado aos diferentes to administrativo, tendo em consideração regras
grupos de presos e aos diferentes métodos de tra- ou costumes locais concernentes ao trabalho das
tamento, a fim de estimular a boa conduta, desen- pessoas livres.
volver o sentido de responsabilidade e promover 75.1. As horas serão fixadas de modo a deixar um
o interesse e a cooperação dos presos no que diz dia de descanso semanal e tempo suficiente para
respeito ao seu tratamento. a educação e para outras atividades necessárias ao
tratamento e reabilitação dos presos.

18
76. O trabalho dos reclusos deverá ser remunerado nadas, tanto quanto possível, a fim de garantir a
de uma maneira equitativa. melhor utilização dos seus esforços.
76.1. O regulamento permitirá aos reclusos que uti-
lizem pelo menos uma parte da sua remuneração B. Presos dementes e mentalmente enfermos
para adquirir objetos destinados a seu uso pessoal
e que enviem a outra parte à sua família. 82. Os presos considerados dementes não deverão fi-
76.2. O regulamento deverá, igualmente, prever que car detidos em prisões. Devem ser tomadas medi-
a administração reservará uma parte da remune- das para transferí-los, o mais rapidamente possível,
ração para a constituição de um fundo, que será para instituições destinadas a enfermos mentais.
entregue ao preso quando ele for posto em liber- 82.1. Os presos que sofrem de outras doenças ou
dade. anomalias mentais deverão ser examinados e tra-
tados em instituições especializadas sob vigilância
Educação e recreio médica.
82.2. Durante sua estada na prisão, tais presos de-
77. Serão tomadas medidas para melhorar a educa- verão ser postos sob a supervisão especial de um
ção de todos os presos em condições de aprovei- médico.
tá-la, incluindo instrução religiosa nos países em 82.3. O serviço médico ou psiquiátrico dos estabele-
que isso for possível. A educação de analfabetos cimentos prisionais proporcionará tratamento psi-
e presos jovens será obrigatória, prestando-lhe a quiátrico a todos os presos que necessitam de tal
administração especial atenção. tratamento.
77.1. Tanto quanto possível, a educação dos presos 83. Será conveniente a adoção de disposições, de
estará integrada ao sistema educacional do país, acordo com os organismos competentes, para que,
para que depois da sua libertação possam conti- caso necessário, o tratamento psiquiátrico prossi-
nuar, sem dificuldades, a sua educação. ga depois da libertação do preso, assegurando-se
78. Atividades de recreio e culturais serão proporcio- uma assistência social pós-penitenciária de caráter
nadas em todos os estabelecimentos prisionais em psiquiátrico.
benefício da saúde física e mental dos presos.
C. Pessoas detidas ou em prisão preventiva
Relações sociais e assistência pós-prisional
84. As pessoas detidas ou presas em virtude de acu-
79. Será prestada especial atenção à manutenção e sações criminais pendentes, que estejam sob cus-
melhora das relações entre o preso e sua família, tódia policial ou em uma prisão, mas que ainda
que se mostrem de maior vantagem para ambos. não foram submetidas a julgamento e condena-
80. Desde o início do cumprimento da pena de um das, serão designados por “presos não julgados”
preso, ter-se-á em conta o seu futuro depois de nestas regras.
libertado, devendo ser estimulado e auxiliado a 84.1. Os presos não julgados presumem-se inocentes
manter ou estabelecer relações com pessoas ou e como tal devem ser tratados.
organizações externas, aptas a promover os me- 84.2. Sem prejuízo das normas legais sobre a prote-
lhores interesses da sua família e da sua própria ção da liberdade individual ou que prescrevem os
reabilitação social. trâmites a serem observados em relação a presos
81. Serviços ou organizações, governamentais ou não julgados, estes deverão ser beneficiados por
não, que prestam assistência a presos libertados, um regime especial, delineado na regra que se se-
ajudando-os a reingressarem na sociedade, as- gue apenas nos seus requisitos essenciais.
segurarão, na medida do possível e do necessá- 85. Os presos não julgados serão mantidos separa-
rio, que sejam fornecidos aos presos libertados dos dos presos condenados.
documentos de identificação apropriados, casas 85.1. Os presos jovens não julgados serão mantidos
adequadas e trabalho, que estejam conveniente e separados dos adultos e deverão estar, a princípio,
adequadamente vestidos, tendo em conta o clima detidos em estabelecimentos prisionais separados.
e a estação do ano, e que tenham meios materiais 86. Os presos não julgados dormirão sós, em quartos
TÓPICOS DE DIREITOS HUMANOS

suficientes para chegar ao seu destino e para se separados.


manter no período imediatamente seguinte ao da 87. Dentro dos limites compatíveis com a boa ordem
sua libertação. do estabelecimento prisional, os presos não jul-
gados podem, se assim o desejarem, mandar vir
81.1. Os representantes oficiais dessas organizações alimentação do exterior às expensas próprias, quer
terão todo o acesso necessário ao estabelecimento através da administração, quer através da sua fa-
prisional e aos presos, sendo consultados sobre o mília ou amigos. Caso contrário, a administração
futuro do preso desde o início do cumprimento da fornecer-lhes-á alimentação.
pena. 88. O preso não julgado será autorizado a usar a sua
81.2. É recomendável que as atividades dessas orga- própria roupa de vestir, se estiver limpa e for ade-
nizações estejam centralizadas ou sejam coorde- quada.

19
88.1. Se usar roupa da prisão, esta será diferente da ANEXO
fornecida aos presos condenados.
89. Será sempre dada ao preso não julgado oportuni- Procedimentos para a aplicação efetiva das Regras
dade para trabalhar, mas não lhe será exigido tra- Mínimas para o Tratamento de Prisioneiros
balhar. Se optar por trabalhar, será pago.
90. O preso não julgado será autorizado a adquirir, às Procedimento 1
expensas próprias ou às expensas de terceiros, li-
vros, jornais, material para escrever e outros meios Todos os Estados cujas normas de proteção a todas
de ocupação compatíveis com os interesses da ad- as pessoas submetidas a qualquer forma de detenção ou
ministração da justiça e a segurança e a boa ordem prisão não estiverem à altura das Regras Mínimas para
do estabelecimento prisional. o Tratamento de Prisioneiros, adotarão essas regras mí-
91. O preso não julgado será autorizado a receber nimas. Comentário: A Assembléia Geral, em sua Resolu-
a visita e ser tratado por seu médico ou dentista ção 2.858 (XXVI), de 20 de dezembro de 1971, chamou a
pessoal, desde que haja motivo razoável para tal atenção dos Estados membros para as Regras Mínimas
pedido e que ele possa suportar os gastos daí de- e recomendou que eles as aplicassem na administração
correntes. das instituições penais e correcionais e que consideras-
92. O preso não julgado será autorizado a informar sem favoravelmente a possibilidade de incorporá-las em
imediatamente à sua família sobre sua detenção, sua legislação nacional. É possível que alguns Estados te-
e ser-lhe-ão dadas todas as facilidades razoáveis nham normas mais avançadas que as Regras e, portanto,
para comunicar-se com sua família e amigos e para não se pede aos mesmos que as adotem.
receber as visitas deles, sujeito apenas às restrições Quando os Estados considerarem que as Regras ne-
e supervisão necessárias aos interesses da admi- cessitam ser harmonizadas com seus sistemas jurídicos
nistração da justiça e à segurança e boa ordem do e adaptadas à sua cultura, devem ressaltar a intenção e
estabelecimento prisional. não a letra fria das Regras.
93. O preso não julgado será autorizado a requerer
assistência legal gratuita, onde tal assistência exis- Procedimento 2
ta, e a receber visitas do seu advogado para tratar
da sua defesa, preparando e entregando-lhe ins- Adaptadas, se necessário, às leis e à cultura existen-
truções confidenciais. Para esse fim ser-lhe-á for- tes, mas sem distanciar-se do seu espírito e do seu obje-
necido, se ele assim o desejar, material para escre- tivo, as Regras Mínimas serão incorporadas à legislação
ver. As conferências entre o preso não julgado e o nacional e demais regulamentos.
seu advogado podem ser vigiadas visualmente por
um policial ou por um funcionário do estabeleci- Comentário: Este procedimento ressalta a necessida-
mento prisional, mas a conversação entre eles não de de se incorporar as Regras Mínimas à legislação e aos
poderá ser ouvida. regulamentos nacionais, com o que se abrange também
alguns aspectos do procedimento 1.
D. Pessoas condenadas por dívidas ou à prisão civil
Procedimento 3
94. Nos países em que a legislação prevê a possibili-
dade de prisão por dívidas ou outras formas de pri- As Regras Mínimas serão postas à disposição de to-
são civil, as pessoas assim condenadas não serão das as pessoas interessadas, em particular dos funcioná-
submetidas a maiores restrições nem a tratamen- rios responsáveis pela aplicação da lei e do pessoal pe-
tos mais severos que os necessários à segurança nitenciário, a fim de permitir sua aplicação e execução
e à manutenção da ordem. O tratamento dado a dentro do sistema de justiça penal.
elas não será, em nenhum caso, mais rígido do que
aquele reservado às pessoas acusadas, ressalvada, Comentário: Este procedimento lembra que as Regras
contudo, a eventual obrigação de trabalhar. Mínimas, assim como as leis e os regulamentos nacionais
a. Pessoas presas, detidas ou encarceradas sem acu- relativos à sua aplicação, devem ser colocados à disposi-
sação ção de todas as pessoas que participem na sua aplicação,
TÓPICOS DE DIREITOS HUMANOS

95. Sem prejuízo das regras contidas no artigo 9 do em especial dos funcionários responsáveis pela aplicação
Pacto de Direitos Civis e Políticos, será dada às da lei e do pessoal penitenciário. É possível que a apli-
pessoas detidas ou presas sem acusação a mesma cação das Regras exija, ademais, que o organismo admi-
proteção concedida nos termos da Parte I e da se- nistrativo central encarregado dos aspectos correcionais
ção C da Parte II. As regras da seção A da Parte II organize cursos de capacitação. A difusão dos presentes
serão do mesmo modo aplicáveis sempre que be- procedimentos é examinada nos procedimentos 7 a 9.
neficiarem este grupo especial de indivíduos sob
detenção; todavia, medida alguma será tomada se Procedimento 4
considerado que a reeducação ou a reabilitação
são, por qualquer forma, inapropriadas a indivídu- As Regras Mínimas, na forma em que se incorporaram
os não condenados por qualquer crime. à legislação e demais regulamentos nacionais, também

20
serão colocadas à disposição de todos os presos e de e para que solicitasse, se necessário, informações com-
todas as pessoas detidas ao ingressarem em instituições plementares. É prática generalizada nas Nações Unidas
penitenciárias e durante sua reclusão. rogar a cooperação dos organismos especializados e das
organizações intergovernamentais e não-governamen-
Comentário: Para se alcançar o objetivo das Regras tais competentes. Na preparação do seu informe inde-
Mínimas, é necessário que as Regras, assim como as leis e pendente sobre os progressos realizados em relação à
as regulamentações nacionais destinadas a dar-lhes apli- apliicação das Regras Mínimas, o Secretário-Geral leva-
cação, sejam postas à disposição dos presos e de todas rá em conta, dentre outras coisas, a informação de que
as pessoas detidas (regra 95), a fim de que todos eles dispõem os órgãos das Nações Unidas dedicados aos
saibam que as Regras representam as condições mínimas direitos humanos, incluindo a Comissão de Direitos Hu-
aceitas pelas Nações Unidas. Assim, este procedimento manos, a Subcomissão de Prevenção de Discriminações
complementa o disposto no procedimento 3. Um requisi- e Proteção às Minorias, o Comitê de Direitos Humanos
to análogo - que as Regras sejam colocadas à disposição criado em virtude do Pacto Internacional de Direitos Civis
das pessoas para cuja proteção foram elaboradas - figura e Políticos e o Comitê para a Eliminação da Discrimina-
já nos quatro Convênios de Genebra, de 12 de agosto de ção Racial. Também poderia ser considerado o trabalho
1949, cujos artigos 47 do primeiro Convênio, 48 do se- de aplicação relacionado com a futura convenção contra
gundo, 127 do terceiro e 144 do quarto contêm a mesma a tortura, bem como toda a informação que possa ser
disposição: “As Altas Partes contratantes comprometem- reunida com referência ao conjunto de princípios para
-se a difundir, o mais amplamente possível, em tempo de a proteção das pessoas presas e detidas que está sendo
paz e em tempo de guerra, o texto do presente Convênio atualmente preparado pela Assembléia Geral.
em seus respectivos países, e especialmente a incorporar
seu estudo aos programas de instrução militar e, em sen- Procedimento 6
do possível, também civil, de modo que seus princípios
sejam conhecidos pelo conjunto da população, particu- Como parte da informação mencionada no procedi-
larmente das forças armadas combatentes, do pessoal da mento 5, os Estados fornecerão ao Secretário-Geral: a)
saúde e dos capelães.” cópias ou resumos de todas as leis, regulamentos e dis-
posições administrativas relativas a aplicação das Regras
Procedimento 5 Mínimas a pessoas detidas e aos lugares e programas
de detenção; b) quaisquer dados e materiais descritivos
Os Estados informarão a cada cinco anos, ao Secretá- sobre os programas de tratamento, o pessoal e o nú-
rio-Geral das Nações Unidas, em que medida cumpriram mero de pessoas detidas, qualquer que seja o tipo de
as Regras Mínimas e os progressos que se realizaram em detenção, assim como estatísticas, se dispuserem delas;
sua aplicação, assim como os fatores e inconvenientes, c) qualquer outra informação pertinente à aplicação das
se existirem, que afetam sua aplicação, respondendo a Regras, assim como informação sobre as possíveis difi-
questionário do Secretário Geral. Tal questionário, que se culdades em sua aplicação.
baseará em um programa específico, deveria ser seleti-
vo e limitar-se a perguntas concretas visando permitir o Comentário: Este requisito tem origem na Resolução
estudo e o exame aprofundado dos problemas selecio- 663 C (XXIV) do Conselho Econômico e Social e nas reco-
nados. O Secretário-Geral, levando em conta os informes mendações dos congressos das Nações Unidas sobre a
dos governos, assim como todas as demais informações prevenção do crime e o tratamento do delinquente. Em-
pertinentes, disponíveis dentro do sistema das Nações bora os elementos de informação solicitados neste pro-
Unidas, preparará um informe periódico independente cedimento não estejam expressamente previstos, parece
sobre os progressos realizados na aplicação das Regras factível recolher tal informação com o objetivo de auxiliar
Mínimas. Na preparação desses informes, o Secretário- os Estados membros a superar as dificuldades mediante
-Geral também poderá obter a cooperação de organis- o intercâmbio de experiências. Além disso, um pedido
mos especializados das organizações intergovernamen- de informação dessa natureza tem como predecessor o
tais e não-governamentais competentes, reconhecidas sistema existente de apresentação periódica de informa-
pelo Conselho Econômico e Social como entidades con- ções sobre direitos humanos, estabelecida pelo Conselho
sultivas. O Secretário-Geral apresentará os informes ao Econômico e Social em sua Resolução 624 B (XXII), de 1º
TÓPICOS DE DIREITOS HUMANOS

Comitê de Prevenção do Delito e Luta contra a Delin- de agosto de 1956.


quência para sua consideração e para a adoção de novas
medidas, se for o caso. Procedimento 7
Comentário:
Como se recorda, o Conselho Econômico e Social, O Secretário-Geral divulgará as Regras Mínimas e os
em sua Resolução 663 C (XXIV), de 31 de julho de 1957, presentes procedimentos de aplicação no maior número
recomendou que o Secretário-Geral fosse informado, a possível de idiomas e se colocará a disposição de todos
cada período de cinco anos, sobre os progressos alcan- os Estados e organizações intergovernamentais e não-
çados na aplicação das Regras Mínimas, e autorizou o -governamentais interessadas, a fim de lograr que as Re-
Secretário-Geral a tomar as providências cabíveis para a gras Mínimas e os procedimentos de aplicação recebam
publicação, quando fosse o caso, da informação recebida a maior difusão possível.

21
Comentário: É evidente a necessidade de dar-se uma Procedimento 10
maior divulgação possível às Regras Mínimas. É impor-
tante estabelecer uma íntima relação com todas as or- Como parte de seus programas de cooperação técni-
ganizações intergovernamentais e não-governamentais ca e desenvolvimento, as Nações Unidas:
competentes para se lograr uma difusão e aplicação
mais eficazes das Regras. A Secretaria deverá, para tan- a. ajudarão os governos, quando estes solicitarem, a
to, manter estreitos contatos com tais organizações e criar e consolidar sistemas correcionais amplos e
colocar à sua disposição a informação e os dados per- humanitários;
tinentes. Deverá, também, incentivá-las a difundir infor- b. colocarão os serviços de peritos e de assessores re-
mação sobre as Regras Mínimas e os procedimentos de gionais e inter-regionais em matéria de prevenção
aplicação. de delito e justiça penal à disposição dos governos
que os solicitarem;
Procedimento 8 c. promoverão a celebração de seminários nacionais
e regionais e outras reuniões de nível profissional
O Secretário-Geral divulgará seus informes sobre e não profissional para fomentar a difusão das Re-
a aplicação das Regras Mínimas, incluídos os resumos gras Mínimas e dos presentes procedimentos de
analíticos dos estudos periódicos, os informes do Comi- aplicação;
tê de Prevenção do Delito e Luta contra a Delinquência, d. reforçarão o apoio que se presta aos institutos re-
os informes preparados pelos congressos das Nações gionais de investigação e capacitação em matéria
Unidas sobre a prevenção do crime e o tratamento dos de prevenção de delito e justiça penal associados
delinquentes, assim como os informes desses congres- as Nações Unidas. Os institutos regionais de inves-
sos, as publicações científicas e demais documentação tigação e capacitação em matéria de prevenção
pertinente se necessário naquele momento para promo- de delito e justiça penal das Nações Unidas deve-
ver a aplicação das Regras Mínimas. rão elaborar, em cooperação com as instituições
nacionais, planos de estudo e material instrutivo,
Comentário: Este procedimento reflete a prática baseados nas Regras Mínimas e nos presentes pro-
atual de divulgar os informes de referência como parte cedimentos de aplicação, adequados para seu uso
da documentação dos órgãos competentes das Nações em programas educativos sobre justiça penal em
Unidas ou como artigos no Anuário de Direitos Huma- todos os níveis, assim como em cursos especializa-
nos, na Revista Internacional de Política Criminal, no Bo- dos em direitos humanos e outros temas conexos.
letim de Prevenção do Delito e Justiça Penal e em outras
publicações pertinentes. Comentário: O objetivo deste procedimento é conse-
guir que os programas de assistência técnica das Nações
Procedimento 9 Unidas e as atividades de capacitação dos institutos re-
gionais das Nações Unidas sejam utilizados como instru-
O Secretário-Geral zelará para que, em todos os pro- mentos indiretos para a aplicação das Regras Mínimas e
gramas pertinentes das Nações Unidas, incluídas as ati- dos presentes procedimentos de aplicação. Afora os cur-
vidades de cooperação técnica, se mencione e se utilize sos ordinários de capacitação para o pessoal penitenciá-
da forma mais ampla possível o texto das Regras Míni- rio, os manuais de instrução e outros textos similares, se
mas. deveria dispor do necessário - particularmente a nível da
elaboração de políticas e da tomada de decisões - para
Comentário: Deveria se garantir que todos os órgãos que se pudesse contar com o assessoramento de exper-
pertinentes das Nações Unidas incluíssem as Regras e tos em relação às questões apresentadas pelos Estados
os procedimentos de aplicação, ou fizessem referência a membros, incluindo um sistema de remissão aos exper-
eles, contribuindo desse modo para uma maior difusão tos à disposição dos Estados interessados. Tudo indica
e um maior conhecimento, entre os organismos especia- que tal sistema seja necessário sobretudo para garantir a
lizados, os órgãos governamentais, intergovernamentais aplicação das Regras de acordo com o seu espírito e le-
e não-governamentais e o público em geral, das Regras vando em consideração a estrutura sócio-econômica dos
e do empenho do Conselho Econômico e Social e da países que solicitam dita assistência.
TÓPICOS DE DIREITOS HUMANOS

Assembléia Geral em assegurar sua aplicação. À medi-


da em que as Regras têm efeitos práticos nas instân- Procedimento 11
cias correcionais depende consideravelmente da forma
como se incorporam às práticas legislativas e adminis- O Comitê das Nações Unidas de Prevenção do Delito
trativas locais. É indispensável que uma ampla gama de e Luta contra a Delinquência:
profissionais e de não profissionais em todo o mundo
conheça e compreenda estas Regras. Por conseguinte, a. examinará regularmente as Regras Mínimas visan-
é sumamente importante dar-lhes a maior publicidade do a elaboração de novas regras, normas e pro-
possível, objetivo esse que também pode ser alcançado cedimentos aplicáveis ao tratamento das pessoas
mediante frequentes referências às Regras e campanhas privadas de sua liberdade;
de informação pública. b. observará os presentes procedimentos de aplica-

22
ção, incluída a apresentação periódica de informes
prevista no procedimento 5, supra. PROGRAMA NACIONAL DE DIREITOS
HUMANOS (PNHD-3), DECRETO FEDERAL Nº
Comentário: Considerando-se que uma boa parte da 7.037/2009 E ALTERAÇÕES
informação reunida nas consultas periódicas e por oca-
sião das missões de assistência técnica será transmitida
ao Comitê de Prevenção do Delito e Luta contra a De- O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição
linquência, a tarefa de garantir a eficácia das Regras em que lhe confere o art. 84, inciso VI, alínea “a”, da Cons-
relação à melhoria das práticas correcionais é responsa- tituição,
bilidade do Comitê, cujas recomendações determinarão
a orientação futura da aplicação das Regras, juntamente DECRETA:
com os procedimentos de aplicação. Em consequência,
o Comitê deverá individualizar claramente as fendas na Art. 1 Fica aprovado o Programa Nacional de Direitos
aplicação das Regras ou os motivos pelos quais elas não Humanos - PNDH-3, em consonância com as diretri-
são aplicadas por outros meios, estabelecendo contatos zes, objetivos estratégicos e ações programáticas esta-
com os juízes e com os ministérios de Justiça dos paí- belecidos, na forma do Anexo deste Decreto.
ses interessados com vistas a sugerir medidas corretivas Art. 2 O PNDH-3 será implementado de acordo com
adequadas. os seguintes eixos orientadores e suas respectivas di-
retrizes:
Procedimento 12 I - Eixo Orientador I: Interação democrática entre Es-
tado e sociedade civil:
O Comitê de Prevenção do Delito e Luta contra a De- a) Diretriz 1: Interação democrática entre Estado e so-
linquência ajudará a Assembléia Geral, o Conselho Eco- ciedade civil como instrumento de fortalecimento da
nômico e Social e todos os demais órgãos das Nações democracia participativa;
Unidas que se ocupam dos direitos humanos, segundo b) Diretriz 2: Fortalecimento dos Direitos Humanos
corresponda, formulando recomendações relativas aos como instrumento transversal das políticas públicas e
informes das comissões especiais de estudo, no que dis- de interação democrática; e
ser respeito a questões relacionadas com a aplicação e c) Diretriz 3: Integração e ampliação dos sistemas de
com a implementação prática das Regras Mínimas. informações em Direitos Humanos e construção de
mecanismos de avaliação e monitoramento de sua
Comentário: Já que o Comitê de Prevenção do Delito efetivação;
e Luta contra a Delinquência é o órgão competente para
examinar a aplicação das Regras Mínimas, também de- II - Eixo Orientador II: Desenvolvimento e Direitos Hu-
veria prestar assistência aos órgãos antes mencionados. manos:
a) Diretriz 4: Efetivação de modelo de desenvolvimen-
Procedimento 13 to sustentável, com inclusão social e econômica, am-
bientalmente equilibrado e tecnologicamente respon-
Nenhuma das disposições previstas nestes procedi- sável, cultural e regionalmente diverso, participativo e
mentos será interpretada no sentido de excluir a utiliza- não discriminatório;
ção de quaisquer outros meios ou recursos disponíveis, b) Diretriz 5: Valorização da pessoa humana como su-
de acordo com o direito internacional ou estabelecidos jeito central do processo de desenvolvimento; e
por outros órgãos e organismos das Nações Unidas, para c) Diretriz 6: Promover e proteger os direitos ambien-
a reparação de violações dos direitos humanos, inclusi- tais como Direitos Humanos, incluindo as gerações
ve o procedimento relativo aos quadros persistentes de futuras como sujeitos de direitos;
manifestas violações dos direitos humanos, conforme a
Resolução 1503 (XLVIII) do Conselho Econômico e Social, III - Eixo Orientador III: Universalizar direitos em um
de 27 de maio de 1970; o procedimento de comunica- contexto de desigualdades:
ção previsto no Protocolo Facultativo do Pacto Interna- a) Diretriz 7: Garantia dos Direitos Humanos de forma
cional de Direitos Civis e Políticos, e o procedimento de universal, indivisível e interdependente, assegurando
TÓPICOS DE DIREITOS HUMANOS

comunicação previsto na Convenção Internacional sobre a cidadania plena;


a Eliminação de todas as Formas de Discriminação Racial. b) Diretriz 8: Promoção dos direitos de crianças e
adolescentes para o seu desenvolvimento integral, de
forma não discriminatória, assegurando seu direito de
opinião e participação;
c) Diretriz 9: Combate às desigualdades estruturais; e
d) Diretriz 10: Garantia da igualdade na diversidade;

IV - Eixo Orientador IV: Segurança Pública, Acesso à


Justiça e Combate à Violência:
a) Diretriz 11: Democratização e modernização do sis-

23
tema de segurança pública; PNDH-3.
b) Diretriz 12: Transparência e participação popular
no sistema de segurança pública e justiça criminal; Art. 6 Este Decreto entra em vigor na data de sua
c) Diretriz 13: Prevenção da violência e da criminali- publicação.
dade e profissionalização da investigação de atos cri-
minosos; Art. 7 Fica revogado o Decreto no 4.229, de 13 de
d) Diretriz 14: Combate à violência institucional, com maio de 2002.
ênfase na erradicação da tortura e na redução da le-
talidade policial e carcerária; Brasília, 21 de dezembro de 2009; 188o da Indepen-
e) Diretriz 15: Garantia dos direitos das vítimas de cri- dência e 121o da República.
mes e de proteção das pessoas ameaçadas;
f) Diretriz 16: Modernização da política de execução Prezado candidato, para estudo dos anexos, sugeri-
penal, priorizando a aplicação de penas e medidas al- mos que acesse: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
ternativas à privação de liberdade e melhoria do siste- Ato2007-2010/2009/Decreto/D7037.htm
ma penitenciário; e
g) Diretriz 17: Promoção de sistema de justiça mais
acessível, ágil e efetivo, para o conhecimento, a garan-
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
tia e a defesa de direitos;
(LEI FEDERAL Nº 8.069 DE 13 DE JULHO DE
1990 – ARTS. 1º AO 6º)
V - Eixo Orientador V: Educação e Cultura em Direitos
Humanos:
a) Diretriz 18: Efetivação das diretrizes e dos princípios
PARTE GERAL
da política nacional de educação em Direitos Huma-
nos para fortalecer uma cultura de direitos;
TÍTULO I
b) Diretriz 19: Fortalecimento dos princípios da demo-
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
cracia e dos Direitos Humanos nos sistemas de edu-
cação básica, nas instituições de ensino superior e nas
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à
instituições formadoras;
criança e ao adolescente.
c) Diretriz 20: Reconhecimento da educação não for-
mal como espaço de defesa e promoção dos Direitos
O princípio da proteção integral se associa ao princí-
Humanos;
pio da prioridade absoluta, colacionado no artigo 4º do
d) Diretriz 21: Promoção da Educação em Direitos Hu-
ECA e no artigo 227, CF. “Com a positivação desse prin-
manos no serviço público; e
cípio tem-se também a positivação da proteção integral,
e) Diretriz 22: Garantia do direito à comunicação de-
que se opõe à antiga e superada doutrina da situação
mocrática e ao acesso à informação para consolida-
irregular, que era prevista no antigo Código de Menores
ção de uma cultura em Direitos Humanos; e
e especificava que sua incidência se restringia aos me-
nores em situação irregular, apresentando um conjunto
VI - Eixo Orientador VI: Direito à Memória e à Verdade:
de normas destinadas ao tratamento e prevenção dessas
a) Diretriz 23: Reconhecimento da memória e da ver-
situações”35.
dade como Direito Humano da cidadania e dever do
Basicamente, tinha-se na doutrina da situação irregu-
Estado;
lar que era necessário disciplinar um estatuto jurídico da
b) Diretriz 24: Preservação da memória histórica e
criança e do adolescente que apenas abordasse situa-
construção pública da verdade; e
ções em que ele estivesse irregular, seja por uma despro-
c) Diretriz 25: Modernização da legislação relacionada
teção, como no caso de abandono, ou pela violação da
com promoção do direito à memória e à verdade, for-
lei, como nos casos de atos infracionais.
talecendo a democracia.
Entretanto, o direito evoluiu e passou a contemplar
Parágrafo único. A implementação do PNDH-3, além
uma noção de proteção mais ampla da criança e do ado-
dos responsáveis nele indicados, envolve parcerias
lescente, que não apenas abordasse situações de irregu-
com outros órgãos federais relacionados com os te-
TÓPICOS DE DIREITOS HUMANOS

laridade (embora ainda o fizesse), mas que abrangesse


mas tratados nos eixos orientadores e suas diretrizes.
todo o arcabouço jurídico protetivo da criança e do ado-
lescente.
Art. 3 As metas, prazos e recursos necessários para a
implementação do PNDH-3 serão definidos e aprova-
Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei,
dos em Planos de Ação de Direitos Humanos bianuais.
a pessoa até doze anos de idade incompletos, e ado-
lescente aquela entre doze e dezoito anos de idade.
Art. 4 (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019)
(Vigência)
Art. 5 Os Estados, o Distrito Federal, os Municípios 35 DEZEM, Guilherme Madeira; AGUIRRE, João Ricardo Brandão;
FULLER, Paulo Henrique Aranda. Estatuto da Criança e do Adoles-
e os órgãos do Poder Legislativo, do Poder Judiciário
cente. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009. (Coleção Elementos
e do Ministério Público, serão convidados a aderir ao do Direito)

24
Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se Vale ressaltar que às crianças e aos adolescentes são
excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre de- garantidos os mesmos direitos fundamentais que aos
zoito e vinte e um anos de idade. adultos, entretanto, o ECA aprofunda alguns direitos
fundamentais em espécie, abordando-os na vertente da
O Estatuto da Criança e do Adolescente opta por ca- condição especial dos que pertencem a este grupo.
tegorizar separadamente estas duas categorias de me- As crianças e adolescentes gozam de igualdade de
nores. Criança é aquele que tem até 12 anos de idade (na direitos em relação às demais pessoas, podendo usufruir
data de aniversário de 12 anos, passa a ser adolescente), de todos eles. O próprio estatuto contempla em seu títu-
adolescente é aquele que tem entre 12 e 18 anos (na lo II os direitos fundamentais da criança e do adolescente,
data de aniversário de 18 anos, passa a ser maior). Em entre eles incluindo-se: vida, saúde, liberdade, respeito,
situações excepcionais o ECA se aplica ao maior de 18 dignidade, convivência familiar e comunitária, educação,
anos, até os 21 anos de idade, por exemplo, no caso do cultura, esporte, lazer, profissionalização e proteção no
menor infrator sujeito a internação em fundação CASA trabalho. Não se trata de rol taxativo de direitos funda-
que tenha 17 anos e 11 meses na data do ato infracional mentais garantidos à criança e ao adolescente, eis que
poderá ficar detido até o limite de seus 20 anos e 11 ele possui todos os direitos humanos e fundamentais
meses (eis que 3 anos é o tempo máximo de internação). que as demais pessoas. O título II do ECA tem por ob-
jetivo aprofundar especificidades acerca de algumas das
Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os categorias de direitos fundamentais assegurados à crian-
direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem ça e ao adolescente.
prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, as- Deste artigo 3º do ECA é possível, ainda, extrair o des-
segurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas taque ao princípio da igualdade, no sentido de que há
as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar plena igualdade na garantia de direitos entre todas as
o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e crianças e adolescentes, não sendo permitido qualquer
social, em condições de liberdade e de dignidade. tipo de discriminação.
Parágrafo único. Os direitos enunciados nesta Lei apli- A leitura dos artigos 4º e 5º, em conjunto com outros
cam-se a todas as crianças e adolescentes, sem dis- dispositivos do ECA, por sua vez, permite detectar a pre-
criminação de nascimento, situação familiar, idade, sença de um tríplice sistema de garantias.
sexo, raça, etnia ou cor, religião ou crença, deficiência, Assim, o Estatuto da Criança e do Adolescente adota
condição pessoal de desenvolvimento e aprendiza- uma estrutura que contempla três sistemas de garantia –
gem, condição econômica, ambiente social, região e primário, secundário e terciário.
local de moradia ou outra condição que diferencie as
pessoas, as famílias ou a comunidade em que vivem. a) Sistema primário – artigos 4º e 87, ECA – aborda
políticas públicas de atendimento de crianças e
O artigo 3º volta-se à concretização dos direitos da adolescentes.
criança e do adolescente. Concretização significa viabili-
zação prática, consecução real dos fins que a lei descreve. Art. 4º É dever da família, da comunidade, da socie-
Como se percebe pela leitura até o momento, o legisla- dade em geral e do poder público assegurar, com ab-
dor brasileiro preocupou-se em elaborar uma legislação soluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à
cujo objetivo é concretizar estes direitos da criança e do vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte,
adolescente. Entretanto, a lei é apenas uma carta de in- ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade,
tenções. É necessário colocar seu conteúdo em prática, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e co-
porque sozinha ela nada faz. munitária.
A implementação na prática dos direitos da criança e Parágrafo único. A garantia de prioridade compreen-
do adolescente depende da adoção de posturas por par- de:
te de todos aqueles colocados como responsáveis para a) primazia de receber proteção e socorro em quais-
tanto: Estado, sociedade, comunidade e família. Especifi- quer circunstâncias;
camente no que se refere ao Estado, mostra-se essencial b) precedência de atendimento nos serviços públicos
que ele desenvolve políticas públicas adequadas em res- ou de relevância pública;
peito à peculiar condição do infante. c) preferência na formulação e na execução das polí-
TÓPICOS DE DIREITOS HUMANOS

“O Direito da Criança e do Adolescente deve ter con- ticas sociais públicas;


dições suficientemente próprias de promoção e concre- d) destinação privilegiada de recursos públicos nas
tização de direitos. Para isso deve-se desvencilhar do áreas relacionadas com a proteção à infância e à ju-
dogmatismo e do mero positivismo jurídico acrítico. O ventude.
Direito da Criança e do Adolescente enquanto ramo au-
tônomo do direito é responsável por ressignificar a atua- O artigo 4º do ECA colaciona em seu caput teor idên-
ção estatal, principalmente no campo das políticas públi- tico ao do caput do artigo 227, CF, onde se encontra
cas e impõe corresponsabilidades compartilhadas”36. uma das principais diretrizes do direito da criança e do
adolescente que é o princípio da prioridade absoluta.
Significa que cada criança e adolescente deve receber
36 http://t.boletimjuridico.com.br/doutrina/texto.asp?id=2236 tratamento especial do Estado e ser priorizado em suas

25
políticas públicas, pois são o futuro do país e as bases de b) Sistema secundário – artigos 98 e 101, ECA – abor-
construção da sociedade. da as medidas de proteção destinadas à criança e
Explica Liberati37: “Por absoluta prioridade, devemos ao adolescente em situação de risco pessoal ou so-
entender que a criança e o adolescente deverão estar em cial.
primeiro lugar na escala de preocupação dos governan- Obs.: as medidas de proteção são estudadas adiante
tes; devemos entender que, primeiro, devem ser atendi- neste material.
das todas as necessidades das crianças e adolescentes
[...]. Por absoluta prioridade, entende-se que, na área c) Sistema terciário – artigo 112, ECA – aborda as me-
administrativa, enquanto não existirem creches, escolas, didas socioeducativas, destinadas à responsabili-
postos de saúde, atendimento preventivo e emergencial zação penal do adolescente infrator, isto é, àquele
às gestantes dignas moradias e trabalho, não se deveria entre 12 e 18 anos que comete atos infracionais.
asfaltar ruas, construir praças, sambódromos monumen-
tos artísticos etc., porque a vida, a saúde, o lar, a preven- Obs.: as medidas socioeducativas são estudadas
ção de doenças são importantes que as obras de concre- adiante neste material.
to que ficam par a demonstrar o poder do governante”.
O parágrafo único do artigo 4º especifica a abrangên- O sistema tríplice deve operar de forma harmônica,
cia da absoluta prioridade, esclarecendo que é necessário com o acionamento gradual de cada um deles. Nas situa-
conferir atendimento prioritário às crianças e aos adoles- ções em que a criança ou adolescente escape ao sistema
centes diante de situações de perigo e risco (como no primário de prevenção, ou seja, nos casos de ineficácia
salvamento em incêndios e enchentes, etc.), bem como das políticas públicas específicas, deve ser acionado o
nos serviços públicos em geral (chegada aos hospitais, sistema secundário, operado predominantemente pelo
por exemplo). Além disso, devem ser priorizadas políti- Conselho Tutelas. Por sua vez, em casos extremos, é ne-
cas públicas que favoreçam a criança e o adolescente e cessário partir para a adoção de medidas socioeducati-
também devem ser reservados recursos próprios priori- vas, operadas predominantemente pelo Ministério Públi-
tariamente a eles. co e pelo Judiciário.

Art. 87. São linhas de ação da política de atendimen- Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto
to: de qualquer forma de negligência, discriminação, ex-
I - políticas sociais básicas; ploração, violência, crueldade e opressão, punido na
II - serviços, programas, projetos e benefícios de assis- forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão,
tência social de garantia de proteção social e de pre- aos seus direitos fundamentais.
venção e redução de violações de direitos, seus agra-
vamentos ou reincidências; O artigo 5º ressalta o verdadeiro objetivo geral do
III - serviços especiais de prevenção e atendimento ECA: proteger a criança de qualquer forma de negli-
médico e psicossocial às vítimas de negligência, maus- gência, discriminação, exploração, violência, crueldade
-tratos, exploração, abuso, crueldade e opressão; e opressão. Neste sentido, coloca-se a possibilidade de
IV - serviço de identificação e localização de pais, res- responsabilização de todos que atentarem contra esse
ponsável, crianças e adolescentes desaparecidos; propósito. A responsabilização poderá se dar em qual-
V - proteção jurídico-social por entidades de defesa quer uma das três esferas, isolada ou cumulativamente:
dos direitos da criança e do adolescente. penal, respondendo por crimes e contravenções penais
VI - políticas e programas destinados a prevenir ou todo aquele que praticá-lo contra criança e adolescente,
abreviar o período de afastamento do convívio fami- bem como respondendo por atos infracionais as crianças
liar e a garantir o efetivo exercício do direito à convi- e adolescentes que atentarem um contra o outro; civil,
vência familiar de crianças e adolescentes; estabelecendo-se o dever de indenizar por danos cau-
VII - campanhas de estímulo ao acolhimento sob for- sados a crianças e a adolescentes, que se estende a toda
ma de guarda de crianças e adolescentes afastados e qualquer pessoa física ou jurídica que o faça, inclusive
do convívio familiar e à adoção, especificamente inter- o próprio Estado; e administrativa, impondo-se penas
-racial, de crianças maiores ou de adolescentes, com disciplinares a funcionários sujeitos a regime jurídico ad-
necessidades específicas de saúde ou com deficiências ministrativo em trabalhos privados ou em cargos, empre-
TÓPICOS DE DIREITOS HUMANOS

e de grupos de irmãos. gos e funções públicos.

O artigo 87 descreve linhas de ação na política de Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-se-ão em
atendimento, que compõem a delimitação do princípio conta os fins sociais a que ela se dirige, as exigências
da prioridade absoluta na vertente da priorização na do bem comum, os direitos e deveres individuais e co-
adoção de políticas públicas e na delimitação de recursos letivos, e a condição peculiar da criança e do adoles-
financeiros para execução de tais políticas. cente como pessoas em desenvolvimento.

É pacífico que o processo de interpretação hoje faz


parte do Direito, principalmente se considerada a cons-
37 LIBERATI, Wilson Donizeti. O Estatuto da Criança e do Adoles-
cente: Comentários. São Paulo: IBPS. tante evolução da sociedade, demandando diariamente

26
por novos modos de aplicação das normas. Como a so- Se você tem idade igual ou superior a 60 anos, o Es-
ciedade é dinâmica e o Direito existe para servi-la, cabe a tatuto do Idoso garante os seus direitos. E fazer 60 anos
ele adequar-se às novas exigências sociais, aplicando-se não significa que você tenha perdido a capacidade de
da maneira mais justa à vasta gama de casos concretos. cuidar da sua vida. Ao contrário, você pode usufruir mais
Sobre a interpretação, explica Gonçalves38: “Quando o benefícios, que estão nesta lei.
fato é típico e se enquadra perfeitamente no conceito O Estatuto protege o idoso: saúde física e mental, so-
abstrato da norma, dá-se o fenômeno da subsunção. Há cial e moral, com liberdade e dignidade.
casos, no entanto, em que tal enquadramento não ocor- São formas de proteção: a colocação em abrigo,
re, não encontrando o juiz nenhuma norma aplicável à encaminhamento à família, ao tratamento de saúde, a
hipótese sub judice. Deve, então, proceder à integração orientação e o acompanhamento do idoso. O idoso pode
normativa, mediante o emprego da analogia, dos costu- requerer à autoridade judiciária o afastamento de casa
mes e dos princípios gerais do direito. [...] Para verificar daquele familiar que o agride.
se a norma é aplicável ao caso em julgamento (subsun- A Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003, que ins-
ção) ou se deve proceder à integração normativa, o juiz titui o Estatuto do Idoso, dispõe sobre papel da família,
procura descobrir o sentido da norma, interpretando-a. da comunidade, da sociedade e do Poder Público de as-
Interpretar é descobrir o sentido e o alcance da norma segurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação
jurídica”. do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à
A hermenêutica possui 3 categorias de métodos. cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à
Quanto às fontes ou origem, a interpretação pode ser liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência fami-
autêntica ou legislativa, jurisprudencial ou judicial e dou- liar e comunitária.
trinária. Quanto aos meios, pode ser gramatical ou literal, Em 2003, depois de pelo menos sete anos de trami-
examinando o texto normativo linguísticamente; lógica tação no Congresso Nacional, o Estatuto do Idoso foi fi-
ou racional, apurando o sentido e a finalidade da norma; nalmente aprovado. No mês seguinte, em outubro do
sistemática, analisando a lei de maneira comparativa com mesmo ano, o Estatuto foi sancionado pelo Presidente
outras leis pertencentes à mesma província do Direito (li- da República da época, garantindo maior abrangência
vro, título, capítulo, seção, parágrafo); histórica, basean- dos direitos dos cidadãos com idade superior a 60 anos.
do-se na verificação dos antecedentes do processo le- Muitos daqueles que são classificados como indivíduos
gislativo; sociológica, adaptando o sentido ou finalidade componentes da Terceira Idade estão enquadrados den-
da norma às novas exigências sociais (artigo 5°, LINDB). tro desse código de leis que prevê o respeito, os direitos
Quanto aos resultados pode ser declarativa, quando o e os deveres do idoso. No entanto, uma grande parce-
texto legal corresponde ao pensamento do legislador; la da sociedade – até mesmo entre aqueles a quem o
extensiva ou ampliativa, quando o alcance da lei é mais Estatuto assiste – não tem conhecimento prático desses
amplo que o indicado pelo seu texto; e restritiva, na qual direitos e deveres. Talvez por falta de costume de conhe-
se limita o campo de aplicação da lei. Nenhum destes cer os próprios direitos, ou pela cultura de conhecimento
métodos se opera isoladamente39. distante que é conservada no nosso país, torna-se co-
O artigo 6º do ECA, tal como o artigo 5º da LINDB, mum não conhecer algumas das leis que regem a nação,
expressa o método de interpretação sociológico, cha- bem como os direitos dos cidadãos, sejam eles crianças,
mando atenção à interpretação da lei levando em conta adolescentes, adultos ou idosos.
os seus fins sociais, as exigências do bem comum, os di- Vejamos os principais aspectos abordados pelo Esta-
reitos e deveres individuais e coletivos, e vai além: exige tuto do Idoso, que prevê em suas diretrizes as seguintes
que se leve em conta a condição peculiar da criança e do leis de proteção à terceira idade e o direito do idoso:
adolescente. Logo, ao se interpretar o ECA não se pode Na Saúde O idoso tem atendimento preferencial no
nunca perder de vista que o seu objeto material, a crian- Sistema Único de Saúde (SUS). A distribuição de remé-
ça e o adolescente, é extremamente peculiar, dotado de dios aos idosos, principalmente os de uso continuado
especificidades as quais sempre se deve atentar. (hipertensão, diabetes etc.), deve ser gratuita, assim
como a de próteses e órteses. Os planos de saúde não
podem reajustar as mensalidades de acordo com o cri-
ESTATUTO DO IDOSO (LEI FEDERAL Nº
tério da idade. O idoso internado ou em observação em
10.741 DE 01 DE OUTUBRO DE 2003 – ARTS.
qualquer unidade de saúde tem direito a acompanhante,
TÓPICOS DE DIREITOS HUMANOS

1º AO 10)
pelo tempo determinado pelo profissional de saúde que
o atende.
ESTATUTO DO IDOSO (LEI N.° 10.741, DE 17/10/2003 Para Transportes Coletivos Os maiores de 65 anos têm
E ALTERAÇÕES) direito ao transporte coletivo público gratuito. Antes do
estatuto, apenas algumas cidades garantiam esse benefí-
O Estatuto do Idoso é destinado a regular os direitos as- cio aos idosos. A carteira de identidade é o comprovante
segurados às pessoas com idade igual ou superior a 60 anos. exigido. Nos veículos de transporte coletivo é obrigató-
ria a reserva de 10% dos assentos para os idosos, com
38 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. 9. ed. São
aviso legível. Nos transportes coletivos interestaduais, o
Paulo: Saraiva, 2011, v. 1. estatuto garante a reserva de duas vagas gratuitas em
39 Ibid. cada veículo para idosos com renda igual ou inferior a

27
dois salários mínimos. Se o número de idosos exceder O IDOSO E SEUS DIREITOS
o previsto, eles devem ter 50% de desconto no valor da
passagem, considerando-se sua renda. Quem o Estatuto considera idoso?
Casos de Violência e Abandono Nenhum idoso po-
derá ser objeto de negligência, discriminação, violência, A pessoa com idade igual ou superior a sessenta anos.
crueldade ou opressão. Quem discriminar o idoso, impe-
dindo ou dificultando seu acesso a operações bancárias, Constituem Direitos dos Idosos, entre outros:
aos meios de transporte ou a qualquer outro meio de
exercer sua cidadania pode ser condenado e a pena va- a) Atendimento preferencial, imediato e individuali-
ria de seis meses a um ano de reclusão, além de multa. zado em órgãos públicos e privados (repartições
Famílias que abandonem o idoso em hospitais e casas de públicas, bancos, teatros, cinema, supermercados,
saúde, sem dar respaldo para suas necessidades básicas, rodoviárias etc.).
podem ser condenadas a penas de seis meses a três anos b) Fornecimento gratuito, pelo poder público, de me-
de detenção e multa. Para os casos de idosos submeti- dicamentos, especialmente os de uso continuado.
dos a condições desumanas, privados da alimentação e c) Desconto de pelo menos 50% nos ingressos para
de cuidados indispensáveis, a pena para os responsáveis eventos artísticos, culturais, esportivos e de lazer.
é de dois meses a um ano de prisão, além de multa. Se d) Benefício de Prestação Continuada (BPC), no valor
houver a morte do idoso, a punição será de 4 a 12 anos de um salário mínimo, àqueles que não possuam
de reclusão. Qualquer pessoa que se aproprie ou desvie meios para prover sua subsistência, nem tê-la pro-
bens, cartão magnético (de conta bancária ou de crédi- vida por sua família.
to), pensão ou qualquer rendimento do idoso é passível e) Gratuidade no transporte público urbano a partir
de condenação, com pena que varia de um a quatro anos dos sessenta e cinco anos de idade, em algumas
de prisão, além de multa. cidades, a gratuidade é concedida a partir dos ses-
Entidades de Atendimento ao Idoso O dirigente de senta anos, como, por exemplo, na capital, para as
instituição de atendimento ao idoso responde civil e mulheres. (Informe-se na sua cidade).
criminalmente pelos atos praticados contra o idoso. A f) Reserva de 5% das vagas nos estacionamentos pú-
fiscalização dessas instituições fica a cargo do Conselho blicos e privados, posicionadas de forma a garantir
Municipal do Idoso de cada cidade, da Vigilância Sanitá- a melhor comodidade.
ria e do Ministério Público. A punição em caso de mau
atendimento aos idosos vai de advertência e multa até a BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS
interdição da unidade e a proibição do atendimento aos
idosos. O que é Previdência Social?
Lazer, Cultura e Esporte Todo idoso tem direito a 50%
de desconto em atividades de cultura, esporte e lazer. A Previdência Social é um seguro social que as pes-
Trabalho na Terceira Idade É proibida a discrimina- soas pagam para ter uma renda quando se aposentarem
ção por idade e a fixação de limite máximo de idade na ou não puderem trabalhar.
contratação de empregados, sendo passível de punição
quem o fizer. O primeiro critério de desempate em con- Quem pode usufruir desse Seguro Social?
curso público é o da idade, com preferência para os con-
correntes com idade mais avançada. Todas as pessoas que pagam, isto é, recolhem contri-
Habitação É obrigatória a reserva de 3% das unidades buições para a Previdência Social, e seus dependentes.
residenciais para os idosos nos programas habitacionais As pessoas que trabalham são chamadas de segura-
públicos ou subsidiados por recursos públicos. dos obrigatórios do Regime Geral de Previdência Social.
Abaixo uma cartilha apresentada pela Defensoria Pú- Ou seja, se a pessoa trabalha e ganha dinheiro com esse
blica do Estado de São Paulo e o Ministério Público do trabalho, ela exerce atividade de filiação obrigatória ao
Estado de São Paulo. Trata-se de instrumento de cida- Regime Geral de Previdência Social, e deve recolher uma
dania realizado pelo Grupo de Atuação Especial de Pro- parte de seus ganhos para a Previdência Social para que
teção ao Idoso – GAEPI, e pelo Centro de Apoio Opera- possam usufruir dos benefícios.
cional das Promotorias de Justiça Cíveis, do Idoso e das Há pessoas que não exercem essas atividades de fi-
TÓPICOS DE DIREITOS HUMANOS

Pessoas com Deficiência – CAO Cível, ambos do Minis- liação obrigatória ao Regime Geral de Previdência mas
tério Público do Estado de São Paulo, com os Órgãos de podem contribuir e, consequentemente, usufruir de seus
atuação da Defensoria Pública. benefícios. São os chamados segurados facultativos do
Enfim, a “Cartilha” resume os conhecimentos trazidos Regime Geral de Previdência Social. Nessa categoria es-
pela experiência das Instituições e constitui-se em guia tão todas as pessoas com mais de dezesseis anos de ida-
prático para o uso do público a que se destina. Vejamos: de que não têm renda própria, mas decidem contribuir
para a Previdência Social, como donas-de-casa, estudan-
tes, síndicos de condomínio não-remunerados, desem-
pregados, presidiários não-remunerados e estudantes
bolsistas.

28
Essas pessoas não precisam, necessariamente, ganhar O auxílio-reclusão e a pensão por morte são benefí-
dinheiro com seu trabalho para se filiarem à Previdência cios recebidos pelos dependentes do segurado.
Social. Basta que recolham contribuições. Os outros benefícios são recebidos pelo segurado.
Com a Lei nº 13.183/15, algumas regras no Planos
De que documentos o idoso necessita para fazer de Benefícios da Previdência Social sofreram mudanças.
sua inscrição no INSS? Abaixo um resumo do Professor Ali Mohamad Jaha de-
monstra essas mudanças.
Para fazer a sua inscrição, é necessário que o idoso
tenha em mãos a carteira de identidade ou a certidão de ALTERAÇÕES PREVISTAS NA LEI N.º 13.183/2015,
nascimento ou casamento ou, ainda, a carteira de traba- PRODUTO DA CONVERSÃO DA MEDIDA PROVISÓ-
lho, além do número do seu CPF. Sem o CPF o idoso não RIA N.º 676/2015
poderá recolher nem receber benefícios futuros.
1.ª Alteração:
Como o idoso fica sabendo do valor a ser recolhi-
do mensalmente? Anteriormente, a associação em cooperativa agro-
pecuária não descaracterizava a condição de segurado
Qualquer agência bancária é capaz de informar os va- especial.
lores mínimos que podem ser recolhidos por mês. Atualmente, a associação em cooperativa agropecuá-
A alíquota varia de 7,65% a 11% para o segurado em- ria ou de crédito rural não descaracteriza a condição de
pregado e é de 20% para o facultativo e para o segurado segurado especial.
individual.
2.ª Alteração:
Você já ouviu falar no contribuinte de baixa renda?
A nova Lei n.º 13.183/2015, alterou um pouco a re-
Desde abril de 2007 foi criada, para o segurado de dação do Art. 29-C da Lei n.º 8.213/1991, acrescentado
baixa renda, uma contribuição menor, de 11% sobre o originalmente pela Medida Provisória n.º 676/2015.
salário mínimo. Atualmente, o segurado que preencher os requisitos
Somente o contribuinte individual (antigo autônomo) para a Aposentadoria por Tempo de Contribuição poderá
e o facultativo podem aderir à alíquota reduzida de 11%, optar pela não incidência do fator previdenciário (FP) no
mas o recolhimento sempre deverá ser feito sobre um cálculo de sua aposentadoria quando o total resultante
salário mínimo. da soma de sua idade e de seu tempo de contribuição,
Aqueles que optarem pela alíquota reduzida não fa- incluídas as frações, na data de requerimento da aposen-
rão jus à aposentadoria por tempo de contribuição, mas tadoria, for:
manterão o direito à aposentadoria por idade, à aposen-
tadoria por invalidez, ao auxílio doença, ao salário mater- 1. Igual ou superior a 95 pontos, se homem, obser-
nidade, à pensão por morte e ao auxilio reclusão. vando o tempo mínimo de contribuição de 35
anos, ou;
Na falta do idoso quem poderá receber os bene- 2. Igual ou superior a 85 pontos, se mulher, observan-
fícios? do o tempo mínimo de contribuição de 30 anos.

Os dependentes do segurado, que são: cônjuge ou É a conhecida, e amplamente divulgada, Regra


companheiro(a), filho menor de vinte e um anos ou in- 85/95!
válido, pai e/ou mãe (se não houver cônjuge ou filhos e
se dependerem economicamente do segurado), o irmão Suponha que, em 2015, Joseph tenha esteja com 53
não emancipado menor de vinte e um anos ou inválido anos de idade e 35 anos de contribuição. Neste caso, ele
(se o segurado não tiver cônjuge, filhos ou pais). pode se aposentar por tempo de contribuição, entretan-
to, fica a pergunta: Joseph pode optar pela não incidên-
Quais são os benefícios da Previdência Social? cia do FP? Vamos as contas:
TÓPICOS DE DIREITOS HUMANOS

Aposentadoria por tempo de contribuição; Idade (53) + Tempo de Contribuição (35) = 88


Aposentadoria por idade; pontos.
Aposentadoria por invalidez;
Aposentadoria especial; No caso, o Joseph não pode solicitar o afastamento
Auxílio-doença; da aplicação do FP em sua aposentadoria, pois não atin-
Auxílio-acidente; giu os 95 pontos exigidos pela legislação previdenciária.
Salário-maternidade; Num segundo caso, conjecture que Márcio esteja
Salário-família; com 59 anos de idade e 36 anos de contribuição no ano
Auxílio-reclusão; de 2015. Neste caso, ele pode sim optar pela não inci-
Pensão por morte. dência do FP! Observe:

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Idade (59) + Tempo de Contribuição (36) = 95 É importante ressaltar que ao segurado que alcançar
pontos. o requisito necessário ao exercício da opção de afasta-
mento do FP e deixar de requerer aposentadoria será as-
Não obstante, cabe ressaltar que o Governo Federal, segurado o direito à opção com a aplicação da pontua-
após negociação com o Congresso Nacional, optou pela ção exigida na data do cumprimento do requisito.
majoração em 1 ponto a cada 2 anos das somas de idade Em suma, se o cidadão homem tinha direito de se
e de tempo de contribuição para os próximos anos da aposentar por TC com afastamento do FP em 05/2017,
seguinte maneira: quando a pontuação exigida era de 95 pontos, e o não o
fez, vindo se aposentar somente em 05/2021, quando a
pontuação será de 97 pontos, terá direito de se aposen-
tar em 2021 com 95 pontos, ou seja, com a pontuação da
data em que cumpriu os requisitos necessários.

3.ª Alteração:

Atualmente, a Pensão por Morte será devida ao con-


junto dos dependentes do segurado que falecer, aposen-
tado ou não, a contar da data:

1. Do óbito, quando requerida até 90 DIAS (antes


eram 30 dias) depois deste;
2. Do requerimento, quando requerida após o prazo
previsto no inciso anterior, ou;
3. Da decisão judicial, no caso de morte presumida.
Em suma, com essa progressividade, de 2026 em dian-
Por seu turno, o Auxilio Reclusão, por analogia à Pen-
te, a Regra será 90/100. =/ Para efeito de aplicação do
são por Morte, tem como data de início do benefício fixa-
disposto acima, o tempo mínimo de contribuição do pro-
da na data do efetivo recolhimento do segurado à prisão,
fessor e da professora que comprovarem exclusivamente
se requerido até 90 dias depois do recolhimento, OU na
tempo de efetivo exercício de magistério na educação in-
data do requerimento, se posterior a 90 dias.
fantil e no ensino fundamental e médio será de, respecti-
vamente, 30 e 25 anos, e serão acrescidos 5 pontos à soma
Prezado candidato, confira a seguir na íntegra os
da idade com o tempo de contribuição. Observe:
artigos solicitados.

TÍTULO I
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 1 É instituído o Estatuto do Idoso, destinado a


regular os direitos assegurados às pessoas com idade
igual ou superior a 60 (sessenta) anos.

Art. 2 O idoso goza de todos os direitos fundamentais


inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção
integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhe, por
lei ou por outros meios, todas as oportunidades e faci-
lidades, para preservação de sua saúde física e mental
e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e
social, em condições de liberdade e dignidade.
TÓPICOS DE DIREITOS HUMANOS

Art. 3 É obrigação da família, da comunidade, da so-


ciedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com
absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à
saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao es-
porte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade,
à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e co-
munitária.
Parágrafo único. A garantia de prioridade compreen-
de:
§ 1º A garantia de prioridade compreende: (Redação
dada pela Lei nº 13.466, de 2017)

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I – atendimento preferencial imediato e individualiza- Lei e da legislação vigente.
do junto aos órgãos públicos e privados prestadores de
serviços à população; Art. 9 É obrigação do Estado, garantir à pessoa idosa
II – preferência na formulação e na execução de polí- a proteção à vida e à saúde, mediante efetivação de
ticas sociais públicas específicas; políticas sociais públicas que permitam um envelheci-
III – destinação privilegiada de recursos públicos nas mento saudável e em condições de dignidade.
áreas relacionadas com a proteção ao idoso;
IV – viabilização de formas alternativas de partici- CAPÍTULO II
pação, ocupação e convívio do idoso com as demais DO DIREITO À LIBERDADE, AO RESPEITO E À DIG-
gerações; NIDADE
V – priorização do atendimento do idoso por sua pró-
pria família, em detrimento do atendimento asilar, ex-
ceto dos que não a possuam ou careçam de condições Art. 10. É obrigação do Estado e da sociedade, asse-
de manutenção da própria sobrevivência; gurar à pessoa idosa a liberdade, o respeito e a digni-
VI – capacitação e reciclagem dos recursos humanos dade, como pessoa humana e sujeito de direitos civis,
nas áreas de geriatria e gerontologia e na prestação políticos, individuais e sociais, garantidos na Consti-
de serviços aos idosos; tuição e nas leis.
VII – estabelecimento de mecanismos que favoreçam § 1o O direito à liberdade compreende, entre outros,
a divulgação de informações de caráter educativo so- os seguintes aspectos:
bre os aspectos biopsicossociais de envelhecimento; I – faculdade de ir, vir e estar nos logradouros públi-
VIII – garantia de acesso à rede de serviços de saúde e cos e espaços comunitários, ressalvadas as restrições
de assistência social locais. legais;
IX – prioridade no recebimento da restituição do Im- II – opinião e expressão;
posto de Renda. (Incluído pela Lei nº 11.765, de 2008). III – crença e culto religioso;
§ 2º Dentre os idosos, é assegurada prioridade especial IV – prática de esportes e de diversões;
aos maiores de oitenta anos, atendendo-se suas ne- V – participação na vida familiar e comunitária;
cessidades sempre preferencialmente em relação aos VI – participação na vida política, na forma da lei;
demais idosos. (Incluído pela Lei nº 13.466, de 2017) VII – faculdade de buscar refúgio, auxílio e orientação.
§ 2o O direito ao respeito consiste na inviolabilidade
Art. 4 Nenhum idoso será objeto de qualquer tipo de da integridade física, psíquica e moral, abrangendo a
negligência, discriminação, violência, crueldade ou preservação da imagem, da identidade, da autono-
opressão, e todo atentado aos seus direitos, por ação mia, de valores, idéias e crenças, dos espaços e dos
ou omissão, será punido na forma da lei. objetos pessoais.
§ 1o É dever de todos prevenir a ameaça ou violação § 3o É dever de todos zelar pela dignidade do idoso,
aos direitos do idoso. colocando-o a salvo de qualquer tratamento desuma-
§ 2o As obrigações previstas nesta Lei não excluem no, violento, aterrorizante, vexatório ou constrange-
da prevenção outras decorrentes dos princípios por ela dor.
adotados.

Art. 5 A inobservância das normas de prevenção im-


portará em responsabilidade à pessoa física ou jurídi-
ca nos termos da lei.

Art. 6 Todo cidadão tem o dever de comunicar à auto-


ridade competente qualquer forma de violação a esta
Lei que tenha testemunhado ou de que tenha conhe-
cimento.

Art. 7. Os Conselhos Nacional, Estaduais, do Dis-


TÓPICOS DE DIREITOS HUMANOS

trito Federal e Municipais do Idoso, previstos na Lei


no 8.842, de 4 de janeiro de 1994, zelarão pelo cum-
primento dos direitos do idoso, definidos nesta Lei.

TÍTULO II
DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
CAPÍTULO I
DO DIREITO À VIDA

Art. 8 O envelhecimento é um direito personalíssimo


e a sua proteção um direito social, nos termos desta

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HORA DE PRATICAR! GABARITO

1. (DPE-ES – DEFENSOR PÚBLICO – CESPE – 2012) 1 CERTO


Julgue os seguintes itens, sobre a teoria geral, a afirma- 2 ERRADO
ção histórica, os fundamentos e a universalidade dos di- 3 ERRADO
reitos humanos. As três gerações de direitos humanos 4 ERRADO
demonstram que visões de mundo diferentes refletem- 5 ERRADO
-se nas normas jurídicas voltadas à proteção da pessoa. 6 ERRADO

( ) CERTO ( ) ERRADO

2. (DPE-PE – DEFENSOR PÚBLICO – CESPE – 2015)


Julgue o item subsecutivo, a respeito de aspectos gerais
e históricos dos direitos humanos. O principal fundamen-
to dos direitos humanos no Brasil refere-se à dignidade
da pessoa humana. Por essa razão, além de haver con-
senso acerca do conteúdo desse princípio, ele é válido
somente para os direitos humanos consagrados explici-
tamente na CF.

( ) CERTO ( ) ERRADO

3. (DPE-PE – DEFENSOR PÚBLICO – CESPE – 2015)


Julgue o item subsecutivo, a respeito de aspectos gerais
e históricos dos direitos humanos. No Brasil, os entes
federativos protegem automática e integralmente os
chamados direitos humanos de segunda geração, ou
direitos sociais, por força de consagração constitucional
nesse sentido.

( ) CERTO ( ) ERRADO

4. (STJ – ANALISTA JUDICIÁRIO – ADMINISTRATI-


VA – CESPE – 2015) Ainda com relação aos direitos hu-
manos, julgue o próximo item à luz da CF. O Brasil não
se submete à jurisdição do Tribunal Penal Internacional.

( ) CERTO ( ) ERRADO

5. (TCE-PA – AUDITOR DE CONTROLE EXTERNO –


ÁREA ADMINISTRATIVA – SERVIÇO SOCIAL – CES-
PE – 2016) A Declaração Universal dos Direitos Humanos
reconhece a liberdade, a justiça e a paz no mundo como
os fundamentos para que os direitos sejam iguais. A esse
respeito, julgue o item que se segue. De acordo com o
PNDH, toda pessoa tem direito a instrução, que deverá
ser gratuita em todos os níveis de escolaridade.
TÓPICOS DE DIREITOS HUMANOS

( ) CERTO ( ) ERRADO

6. (STJ – ANALISTA JUDICIÁRIO – ADMINISTRATI-


VA – CESPE – 2015) No tocante à Declaração Universal
dos Direitos Humanos, julgue o item a seguir. É garan-
tido o asilo em outros países àquele que for vítima de
perseguição, ainda que motivada por crimes de direito
comum.
( ) CERTO ( ) ERRADO

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