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yagdo dirigida, estruturada, € capaz de ser stil para evidenciar, na prética, certos comporiamentos que nos interessan colocar em alguma perspectiva ou convencer-nos de sua auséncia, Inclusive os formuldrios e fichas, espe- cialmente quando se trata de elementos fisicos, nos podem ajudar para rounir os dados de que necessitamos. Mas, sem divida alguma, o pesquisador qualitativo, que considera 1 participagdo do sujeito como um dos elementos de seu fazer cientifico, apoiase em téenicas € métodos que retinem caracteristicas sui generis, que ressaltam sua implicagio e da pessoa que fornece as informacdes. Neste sentido, talvez. sejam a entrevista semi-estruturada, a estrevista aberta ou livre, 0 questiondrio aberto, a observaeio livre, o método clinica e 0 método de andlise de contetido os instrumentos mais decisivos para estudar os processos e produtos nos quais esté interessado o investigador qualitativo. E. isto sem desconhecer a importincia de outros meios que, como as autobiografias, 0s didrios intimos, as confissdes, as cartas pessoais etc., podem transformar-se em vefculos importantes para que 0 estudioso atinja 5 objetivos que se propés a0 iniciar a desenvolver seu trabalho. Todas estas técnicas ¢ métodos de Coleta ¢ Anélise de Dados exigem ‘© que nfo ocorre na pesquisa quantitativa: atengao especial ao informante, fao mesmo observador © as anotagoes de campo. Esta multiplicidade de recursos de que pode langar mio o investigador wualitativo na realizagéo de seu estudo permite que alguns autores falem te iéenica da trianguiagao® que, segundo nosso ponto de vista, néo foi laramente definida por eles ¢ que nés, a seguir, intentaremos esbocar em inhas gerais. TECNICA DA TRIANGULACAO NA COLETA DE DADOS ‘A técnica da triangulagio tem por cbjetivo bésico abranger a méxima itude na descrigao, explicagio e compreensio do foco em estudo. de prinefpios que sustentam que é impossivel conceber a existéncia fi de um fenémeno social, sem raizes hist6ricas, sem significados ise sem vinculagées estreitas e essenciais com uma macrorrealidade ais suportes te6ricos, complexos e amplos, néo tornam féceis os 8 qualitativos. Sogundo a técnica da triangulaedo 2 supondo que estamos estudando determinados, supervisores da educagao, pot exemplo, ¢ a espec de suas fungdes nas escolas, nosso interesse deve estar dirigido, ro lugar, aos Processos e Produtos centrados no Sujeito; em {408 Elementos Produzidos pelo meio do sujeito e que tém incum- béncia em seu desempenho na comunidade ¢, por tltimo, aos Processos ¢ Produtos originados pela estrutura sécioecondmica e cultural do macro- organismo social no qual estd inserido o sujeito No primeiro aspecto, salientam-se os Processos e Produtos elaborados pelo pesquisador, averiguando as percepedes do,sujeito (formas verbais), através de entrevistas ¢ questionérios, principalmente, e os comportamentos © agdes do sujeito, mediante, de forma fundamental, a observagio livre ou dirigida; e os Processos ¢ Produtos construfdos pelo sujeifo mesmo (autobiografias, digrios intimos, confissGes, cartas pessoais etc., livros, obras de arte, composigdes musicais etc.). : © segundo dngulo de enjoque, Elementos Produzidos pelo Meio, esté representado: pelos Documentos (internos, relacionados com a vida peculiar das organizagdes ¢ destinados, geralmente, para o consumo de seus mem> bros; e externos, que tém por objetivo, principalmente, atingir os membros da comunidade ‘em geral); insirumentos legais: leis, decretos, pareceres, resolugées, regulamentos, regimentos etc.; instrumentos oficiais, que seriam de duas classes: aqueles que se referem a diretrizes, propostas, cédigos de Gtica, depoimentos filos6ficos, memorandos, atas de reunides, politicas de ago, historicos escolares etc., ¢ que sio estudados fundamentalment através do método de anélise de contetdo; € estatisticos (percentagens matricula, analfabetismo, repeténcia, evasdo etc.; informagoes quantitati da escola ou do sistema escolar ou relatives a ele ete), e fotografias ( 1a vida do sujeito, colegas, atividades etc.). E interessante sublinhar as Fotografias podem constituir-se também como fontes de info dos Processos ¢ Produtos Centrados no Sujeito. A terceira perspectiva de andlise, Processos ¢ Produtos originad estrutura sécio-econdmica e cultural do macroorganismo social no qi inserido 0 sujeito, refere-se aos modos de produgdo (escravagismo, lismo, socialismo), as jorgas ¢ relagdes de produgéo, & propried meios de producio as classes sociais (burguesia, média [pequena guesia] — © operdria). Numa visio esquemitica, a técnica da triangulagdo_apresent forma sugerida pelo quedro da pégina seguinte. Fica claramente estabelecido que, por ser a Coleta de Di Anilise dos Dados uma efapa no proceso da pesquisa qualitativ fases que se retroalimentam’ constantemente, s6 didaticamente falar, em forma separada, deste trfplice enfoque no estudo de meno social. Isto quer dizer que qualquer idéia do sujeito, cic. € imediatamente descrita, explicada e compreendida, & isso seja possivel, na perspectiva da técnita da triangulagio. Ainda & necessério, antes de passar ’ descriggo das :métodos que poderiam ser considerados como preferidos pelos que enfocam qualitativamente o estudo dos fenémenos socials, Polo pesqusador ‘questionérios, formas verbals; comportamen- fos © acées. observacao livre). Processes © | elo proprio sujeito (autoblogra diérlos In- produtos is ipreeperea iar produtes io | timos, confissdes, cartas pe livros, ootes obras’ de arte, composigdes musicale, foto- elt rats eto). Documentos (internos e externos), Instrumentos legais (leis, docrotos, pareceres, a sai resolugses, regulamentos, regimentos). produzidos (alretrizes, propostas, _me- A belo meio Imorandos, atas de reuni6es, Tecnico | do sujeito politicas de aco etc.) DA Offcia Estatisticos (% do. anelfabe- ‘TRIANGU- tismo, ovasto, ropoténcia, re. LAGAo lativas & escoia e/ou a0 siste- ma escolar) Se i. Fotografias bry Escravagismo Pe tura 1 Modos Feudalismo aad de Capitelismo (central, perifér- Seonomica | Produgéo | 0, dependente), cultural Socialismo Forgas e relagées de produglo, propriedade dos meios de produgio e classes socials Curguesie, mécia Cpequena burguesa], ope: ria). inte, em alguns conceitos que precisam ser esclarecidos em suas € sentidos. Queremos dizer algumas coisas sobre “‘dados” e/ou “observador” e “informante”. 1.1 Os “dados” e/ou “materiais” de qualquer definigao do que entendemos por “Dados” ¢/ou , € indispensavel que 0 pesquisador tenha claro, ao iniciar uma Wwe dados seré aquilo que procurard, fundamentalmente, em fendmeno que pensa estudar. Esta compreensio preliminar é “muidangas que, pelo surgimento de novas hipéteses no processo Ivimento da investigagio, possam apresentar-se. A flexibilidade 19 processo da pesquisa deve ser um requisito essencial da Wo investigador. Isto nao significa auséneia de informagao ‘asstunto que estuda; pelo contrétio, este conhecimento apro- ino, precisamente, Ihe permitiré ampla visio do tépico intelectual adequada das circunstancias que se apresentam. —— ugere que os pesquisadores qualitativos deveriam usar "wo invés de ‘“dados”. Pensa ele que este iltimo termo esté ile conotagdes positivistas. “Dado” seria o que pode ser medido, " intificado, © que esta ai, fora de nossa consciéncia, como uma coisa. intyetanto, a palayra materiais seria mais ampla, menos comprometida com assim, melhor aos objetivos ¢ caracteristicas & quantificagio e servi da pesquisa qualitativa. Parece-nos que a anélise de Lofland ¢ interessante ¢ nos convida a refletir sobre um assunto que pode passar despercebido para o investigador © com conseqtiéncias dificeis de aliviar de modo geral. . Usaremos indistintamente “‘dados” ¢ “‘materiais” para referir-nos a todo tipo de informagdes que o pesquisador retine ¢ analisa para estudar determinado fendmeno social. Este ponto de vista o sustentamos por duas razdes. A primeira delas tem relagio com o valor que cada conceito tem dentro de um contexto no s6 lingiifstico, mas também hist6rico. E isto, para nés, 6 0 essencial. Por outro lado, consideramos que, embora a palavra dados seja importante na investigagao, existem outros vocébulos também fundamentais ¢ que tém caracterizado a pesquisa quantitativa como, por exemplo, 0 termo andlise. Queremos dizer que, se desejamos introduzir mudangas Iéxicas em nossa linguagem comum’ de pesquisadores, nossa tentativa deve ser ampla, talvez total. E isto néo nos parece necessiio, ainda, no trabalho de investigadores qualitativos. Por isso optamos, em geral, pelo uso dos termos tradicionais, dando-thes 0 sentido que a situacéo da pesquisa qualitativa exige. Algumas expresses podem sofrer mudancas de significados importantes, afetando inclusive seu contetido essencial. Assim, por exemplo, a5 idéias de “hipéteses” ¢ de “‘varidvel””. A primeira, nna pesquisa qualitativa, modifica seu sentido principal, eliminando a neces. sidade inerente a ela, de verificacdo empirica mensurivel; a segunda, a0 invés de ser definida operacionalmente, deixando-a apta para a quanti cago, € simplesmente descrita, 4.1.1.2. O pesquisador como observador Uma das situagGes mais dificeis que se apresentam a0 pesquisador que quer estudar a realidade social que se esté provessando, que esté ocorrendo, é a de definir com clareza sua fungi. Ele & uma pessoa que deseja conhecer aspectos da vida de outras pessoas. Estas, como todos ‘05 gtupos humanos, tém scus préprios valores que podem ser mnito dife- rentes dos valores dos pesquisadores. Eles possuem interesses, inimizades, setores sociais constitufdos por amigos, familiares etc., ou esto unidos pelos ‘mesmos anseios. Se, de improviso, chega a um grupo um investigador interessado em falar com a gente, recolher informagées, visitar as casas, 144

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