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A HISTÓRIA DAS

EPIDEMIAS E O
CONTEXTO DA SAÚDE

Profª. Msc. Débora Juliana Souza do Rosário.


Disciplina: Higiene, profilaxia e patologias musculoesqueléticas.
Contextualização histórica

o As doenças constituem uma terrível ameaça para a humanidade. Algumas são brandas,
mas outras podem matar milhões de pessoas. Durante muitos séculos, não se sabia o
que produzia as pestes e as grandes epidemias:

Um castigo Uma conjunção Uma mudança


divino? astrológica? climática?

o Foi preciso um longo caminho para que se pudesse


compreender a causa das enfermidades transmissíveis e
como se prevenir contra elas. 2
Contextualização histórica

Te o r i a d o s M i a s m a s

o Há 2.500 anos, o médico grego Hipócrates explicava o


processo saúde-doença por meio do que ele chamou
de Teoria dos Miasmas.

As doenças são transmitidas pelo ar, águas e


outros locais insalubres.

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Contextualização histórica

Hipócrates

o Foi o primeiro a dar explicações racionais para


doenças, sem considerá-las como um fenômeno
sobrenatural.

o Foi o primeiro a usar a palavra epidemia para


diferenciar as doenças epidêmicas, que nos visitam, e
endêmicas, que têm curso de longa duração.

“Para entender as doenças, deve-se considerar o modo de vida das populações.”


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Contextualização histórica

Te o r i a U n i c a u s a l

o Surgiu no século 19, como forma de ressignificar a


compreensão das doenças. Diminuindo as lacunas
deixadas pela teoria dos miasmas.

“Os miasmas já não eram mais os responsáveis pela produção da doença, pois existia uma
causa que estava presente na sociedade.”

o Diversos pesquisadores fizeram estudos sobre a relação entre mortalidade e a situação


socioeconômica, pobreza e condições de saúde da população.

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Contextualização histórica

I C o n fe r ê n c i a S a n i t á r i a I n t e r n a c i o n a l - 1 8 5 1

o No fim do século 19, foi realizada a I conferência sanitária


internacional. Nela a teoria unicausal se estabeleceu como
predominante para justificar as causas das doenças e suas
transmissões.
o A partir de então, foram estabelecidas estratégias de prevenção de doenças, como
quarentena e controle de animais.

Na Teoria Unicausal, os vírus e as bactérias passaram a ser as únicas causas das doenças,
substituindo as explicações sobrenaturais.

Mas essa teoria mascarava os efeitos sociais produzidos pelo sistema de exploração capitalista.
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Contextualização histórica
Te o r i a M u l t i c a u s a l

o No segunda metade do século 20, essa teoria foi ganhando espaço


sobre a teoria Unicausal, já que ela não explicava doenças como o
câncer, transtornos mentais e doenças cardiovasculares.

o A Teoria Multicausal defendia que as doenças eram causadas por diversos fatores que se
relacionavam.
o É a teoria hegemônica até hoje, pois:

C o n s i d e ra q u e c a ra c t e r í s t i c a s i n d i v i d u a i s , c o m p o r ta m e n t a i s , f a t o re s
d e r i s c o, e s t i l o d e v i d a , e n t r e o u t ra s c o i s a s , i n f l u e n c i a m n o
aparecimento das doenças.
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Contextualizando as doenças

o Hoje em dia todos sabemos que certas doenças podem passar de uma pessoa para outra.

Por microrganismos como, por exemplo, as


bactérias ou os vírus.

o Esses seres invisíveis multiplicam-se nos indivíduos doentes


e podem passar deles para outras pessoas através:

Respiração Excreções Picadas de insetos


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O contágio

Contágio significa a passagem de alguma coisa, de uma pessoa


(ou um animal, objeto, etc.) para outra, pelo contato.

o A ideia moderna do contágio tem raízes muito antigas, no pensamento primitivo.


o Surgiu do pensamento mágico, pré-científico, que sobrevive em muitos povos, como
os indígenas – “Se estabelece uma ligação com tudo aquilo que tocamos.”
o Criou-se uma concepção de que o contato era uma importante causa de transmissão
de doenças – baseado em crenças.
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O contágio

o No período medieval, houve a disseminação da lepra.


o Contagiosa;
o Infectados só podiam se aproximar de ambientes usando
matracas para que todos pudessem reconhece-los;
o A “sabedoria popular” aceitava a existência de transmissão
das doenças.

o A oração era o principal método de tratamento;


o ↓Medicina – ↑Religiosidade.

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As grandes pestes medievais

o Durante a idade média, as cruzadas cristãs colocaram os


europeus em contato com outros povos e com doenças
desconhecidas;

A peste negra (Peste bubônica) iniciou-se em 1347,


matando em torno de 1/3 da população da Europa.

o Todos percebiam que a peste passava de uma pessoa


para a outra, mas os estudiosos da época não
conseguiam entender como.
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As grandes pestes medievais

Mesmo sem o conhecimento, era necessário agir!

o Imaginou-se que o melhor modo de impedir que a doença atingisse uma região era
proibindo a entrada de pessoas já doentes.

Mas as pessoas poderiam


estar doentes sem saber.
Como distinguir os são dos
doentes?

o Ainda no século XIV foi instituída, em alguns portos italianos, a quarentena que consistia no
isolamento de marinheiros provenientes de áreas endêmicas ou epidêmicas durante 40
dias, antes de adentrar nas cidades.
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As grandes navegações e as
novas doenças

Febre Amarela – Início do século XVI

o Desconhecida na Europa, pôde ser proveniente do contágio na África ou nas Américas;


o Morte de cerca de 80% dos espanhóis que acompanhavam Colombo em sua expedição
pela América;
o Em 1545 a febre amarela matou 800.000 pessoas no México e 30.000 soldados de
Napoleão no Haiti;
o Descrita como: Uma forte dor de cabeça e de todos os ossos do corpo, seguida de um
calor muito intenso, ocasionando delírios. Acompanhada de vômitos com sangue;
o O nome foi dado devido a coloração amarela da pele dos doentes.
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As grandes navegações e as
novas doenças
Cólera – Século XVI

o A doença era chamada de “Moryxy” entre o povo indiano, “Hacaiza” entre os


árabes, e recebeu o nome de “Cholerica passio” entre os médicos, pois se
supunha que estava envolvido o humor colérico (bílis amarela);
o Os sintomas eram descritos como:
o Fortes dores abdominais de início repentino;
o Vômitos, diarreia, sede, câimbras, sudorese, bradicardia;
o Olhos fundos e coloração azulada nas unhas das mãos e pés;

o As mortes eram rápidas. Porém, nessa época a cólera não se tornou pandemia,
até meados do século XIX.
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As grandes navegações e as
novas doenças
Sífilis – Século XV

o A doença se tornou conhecida na Europa quando os franceses realizaram um


cerco na cidade de Nápoles;
o Por conta disso, os franceses denominavam a sífilis de “Doença de Nápoles”,
enquanto os italianos chamavam de “Doença francesa”.
o Porém, muitos naquela época acreditavam que a doença havia sido trazida pela
frota de Colombo das Américas para a Europa – Assim considerando uma doença
que partiu do povo indígena;
o Sabendo-se apenas que a forma de transmissão era através de relações sexuais,
os infectados não sabiam como trata-la e nem preveni-la;
o E assim o surto se espalhou por outros países da Europa.
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AS EPIDEMIAS
EPIDEMIAS

o O caráter distintivo das Epidemias está em sua manifestação coletiva e singular.

Coletiva, enquanto fenômeno que atinge grupos de


indivíduos, provocando alterações no modo de “andar a
vida”.

Singular, enquanto ocorrência única na unidade de tempo


e espaço em que ocorre.

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EPIDEMIAS

o As práticas de intervenção utilizadas para o combate às epidemias refletem, de um


lado o conhecimento que se tem do fenômeno e de outro lado, as formas de
atuação do estado em cada período histórico;

o As Epidemias sempre estiveram presentes na História do homem na Terra,


intensificando-se nas épocas de transição entre os modos de produção e nos
momentos de crise social;

No entanto, é no período de transição entre o modo de produção feudal


e o modo de produção capitalista (mercantilismo) que as “pestes”
assumem proporções devastadoras.
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O MANEJO DAS EPIDEMIAS
A profilaxia na Peste negra

o As medidas profiláticas recomendadas pela Faculdade de Paris, em 1348,


compreendiam a fumigação dos domicílios com incenso de flores de camomila, bem
como as praças e lugares públicos;

o Não se deveriam dormir após a aurora, os banhos eram considerados perigosos e as


relações sexuais fatais;

o O quarto dos doentes deveria ser lavado como vinagre e água de rosas;

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O MANEJO DAS EPIDEMIAS
A profilaxia na Peste negra

Apesar do conhecimento existente a respeito do contágio, derivado de observações


empíricas, ser relativamente bom, o desconhecimento sobre os mecanismos da doença
e sobre as medidas terapêuticas levava à adoção de práticas absolutamente ineficazes,
revestidas apenas de valor ritual.

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Epidemiologia
Social
Epidemiologia Social

Determinação social da saúde

o Na década de 1970, são realizados os primeiros estudos de epidemiologia social, que


deu origem ao conceito de Determinação Social da Saúde, construído a partir da
apropriação das ciências sociais em saúde e relacionando os conceitos de saúde aos
modos de produção capitalista e a formação socioeconômica;

A determinação social da saúde é um referencial teórico que discute a abrangência


da coletividade e do caráter histórico-social do processo saúde-doença, não
colocando em foco discussões de dados epidemiológicos individuais.
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Epidemiologia Social

o A epidemiologia social considera que as doenças acontecem de acordo com a inserção das
pessoas na sociedade, portanto, o modelo Multicausal já não explica mais todas as
doenças.

“Mesmo os países com bons índices sociais têm curvas crescentes de doenças
como obesidade, câncer e doenças cardiovasculares porque elas são explicadas
pelas relações sociais, não são explicadas apenas pela biologia. Os problemas não
estão apenas no indivíduo, estão na sociedade”

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Epidemiologia Social

Determinação social da saúde

o Todas as teorias anteriores deram origem ao que hoje se chama de Determinantes


Sociais de Saúde, que define que as condições de vida e trabalho das pessoas
influenciam em sua situação de saúde.

o Vários conceitos foram formulados para definir os DSS, mas alguns são muito
próximos da Teoria Multicausal porque não relacionam as causas das doenças.

o “A relação da determinação não é uma relação direta de causa e efeito. Há vários


fatores que influenciam, mas incidem de formas diferentes entre os grupos sociais,”

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Atividade para o feriado

 Construção de um resumo crítico sobre os


determinantes sociais de saúde.
 O que são e como impactam na nossa
sociedade.

Entrega para o dia 15/09 valendo 2,5 pontos da N1

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