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HOXHA. Enver A Arte Deve Temperar o Povo Com Consciência de Classe para A Construção Do Socialismo
HOXHA. Enver A Arte Deve Temperar o Povo Com Consciência de Classe para A Construção Do Socialismo
Camaradas,
No entanto, permita-me enfatizar algumas das ideias que foram expressas tanto
pelo informe quanto no debate realizado pelos camaradas.
“Nós não vamos sair pelo mundo como doutrinadores com um novo
credo completamente pronto: Aqui está verdade, ajoelhe-se antes de ser
revelada! Nós estamos desenvolvendo novos princípios para o mundo, a
partir de princípios já existentes. Não queremos dizer ao mundo: ‘Parem
as lutas; todas as lutas são em vão,’ – Nosso objetivo aqui é fornecer a
palavra de ordem para uma nova luta. Nós apenas queremos mostrar ao
mundo as reais razões pelos quais há luta, consciência é algo que o
mundo tem a ganhar, querendo ou não”
- Karl Marx e Friedrich Engels: Obras Completas Tomo I.
Todos esses processos temperaram o povo albanês, nos armaram para resistir às
investidas do inimigo, para combatê-los, para lutar contra a classe feudal, contra a
burguesia, o fascismo, e, finalmente, para tomar o poder nas nossas mãos. O
pensamento do nosso povo avançou, nossa consciência patriótica, política, nossa moral
foi despertada e passou por um temperamento positivo e inovador. Aqui está a chave
para as vitórias do nosso Partido, aqui está o segredo para seu domínio, está na forma de
reconhecer e utilizar esses fenômenos no dinâmico desenvolvimento revolucionário.
Mas seria um erro pensar que após esses processos e essas vitórias, o passado,
em especial as velhas concepções, que são expressas nos vícios e preconceitos do nosso
povo, foram extintas completamente, e sem perigo de retornar. Seria ingênuo pensar que
a velha forma de enxergar o mundo, que os preconceitos na consciência do homem, em
sua forma de trabalhar e pensar sua forma de vida, seria extinto automaticamente,
paralelamente às transformações econômicas e políticas que avançam rapidamente.
Se nós avançarmos com o povo, viver e lutarmos com eles, se nos soubermos
como fazer bom e apropriado uso dos inúmeros meios materiais e morais que o Partido
e o Poder Popular têm a sua disposição, a literatura e as artes em nosso país vão
continuar a avançar com um vigor sem precedentes. Junto às massas nós vamos achar
nossa inspiração, as notas da música, o ritmo da dança, a pureza da língua, o tempo de
trabalho, a inspiração para o trabalho criativo, o exemplo para os atos e heroicos e
sacrifícios, as virtudes mais elevadas de modéstia, justiça popular etc. As bases do
trabalho criativo nas artes e na literatura, assim como qualquer outra coisa, deve
ser o povo.
Assim, quando o Partido orienta nosso povo, e como está orientando agora os
escritores e artistas, de que eles precisam se equipar com ampla cultura, que precisam
aprender o Marxismo-Leninismo, e isso não se aprende apenas lendo e estudando esse
ou aquele livro, mas trabalhando com a população, vivendo no meio delas, ficar
inspirado com o movimento das massas e, a partir daí, criar; esse é o processo mais
decisivo para um artista revolucionário. O trabalho deve ser concebido em uma
profunda conexão com a realidade. E essa realidade que precisamos alcançar está na
base da sociedade, com a classe operária e o campesinato, não está nas quatro paredes
de uma sala de estudos, ou na criação de um deus da montanha. A mente se adapta, cria
harmonia e beleza em todos os aspectos.
Há alguns escritores que pensam, e pensam errado, que fazendo uma rápida
visita a base, sentando-se na mesa de uma cafeteria de encontros intelectuais, com um
cigarro em mãos, com o objetivo de ordenar os vários tipos de transeuntes em suas
obras, ou achando que ao fazer uma rápida visita a uma fábrica, um local de construção
ou cooperativa eles vão ter todo o material necessário e retornando novamente para casa
para escrever toda essa experiência de forma superficial e, as vezes, copiando de trás
para frente fatos “fotografados” sobre esse transeuntes. Assim, o mundo desses artistas
é restringido pela concepção burguesa do papel do escritor e, por essa concepção
atrasada, esses escritores acham que são capazes de criar grandes obras. Mas pode ser
dito que os engenheiros das centrais hidrelétricas ou aqueles que drenaram os pântanos
não trabalharam com suas mentes e que apenas os escritores e artistas tem esse
privilégio? Evidente que não! Mas, ao contrário do escritor e artista burguês, o
engenheiro trabalhou corretamente, trabalhou com o povo das mais diversas formas, o
engenheiro estudou o ambiente, a natureza, desenhou e arquitetou diversos planos,
verifica-os com os colegas de trabalho e com as massas, aprende com aqueles com mais
experiência, encontra dificuldades, luta até que elas sejam superadas. E qual a razão
para o escritor e os camaradas artistas não trabalharem assim também? E porque
devemos apontar isso tantas vezes?
Felizmente, não precisamos apontar isso para todos, mas sempre há aquele
tagarela que devemos orientar, porque esses indivíduos não tem um conceito correto de
trabalho com as massas e entre as massas, “mas são os únicos a são os primeiros a
fazerem reivindicações sobre si mesmo”.
Muitas pessoas têm inclinação de ser escritor ou poeta, mas nem todos podem se
tornar um deles. Para ser um escritor ou poeta não basta apenas ter uma inclinação, para
conectar frases imaginárias ou para criar versos rítmicos ou não-rítmicos, não é
suficiente apenas ir para uma escola especial, onde se aprende a técnica artística de sua
inclinação especifica. Não! Eu não acho que isso seja suficiente.
Você não pode se tornar um verdadeiro artista ou escritor porque você possui um
talento, se você não desenvolver esse talento, se não aprender e aperfeiçoar, se não
trabalhar nisso, testa-lo, se não testar o martelo na grande e exigente bigorna do povo e
se não estudar com dedicação o básico das ciências econômicas e sociais, sem esforço
individual e coletivo não há como atingir este feito. Apenas passando por todos esses
passos, os escritores vão fornecer à classe operária e ao campesinato obras valiosas e
bem desenvolvidas.
Eu disse que os escritores e artistas devem estudar ciência, mas eles devem
perguntar: “Onde vamos achar esses trabalhos científicos para estudar?” – Em nosso
país nem tudo está preparado e pronto para estudo. Muitos materiais e brochuras já
estão preparados, podem ser velhos e até mesmo com alguns leves erros, outros devem
ser estudados e reescritos para preparar uma obra. Existem muitos fatos e documentos,
não apenas sobre nossa Guerra de Libertação Nacional ou sobre a construção do
Socialismo, mas também dos tempos da pré-liberação. No entanto, estes devem ser
procurados, estudados e explorados por todos como de fato eles eram, ou seja, não
estudado pelo método fantasioso ou romântico, mas sim estudados cientificamente. Não
se pode dizer “Eu vivi esse momento, tenho vivência, então eu não preciso de
documentos”, ou “minha avó me disse tais coisas enquanto estávamos sentados na
lareira e eu posso escrever sobre a vida do nosso povo no passado a partir desses fatos e
com minha imaginação”.
Essas obras não devem ser consideradas sérias. Uma obra séria é aquelaque lida,
cientificamente falando, com todos os aspectos do problema particular, que carrega o
problema para o fim, que analisa os processos corretamente e de forma realista, a faz
completamente compreensível, e trás propriamente, junto com os aspectos positivos e
negativos, as circunstâncias que trouxeram o problema inicialmente, o todo dos fatores e
atores desse ou daquele processo. Então o trabalho se torna vivificante, educacional,
desperta o entusiasmo e abre perspectivas; os heróis também se tornam pessoas vivas e
lutam, não com um objeto irracional, mas com a realidade, com as dificuldades da vida.
Eu não quero repetir nada do que já foi dito no relatório proferido pelo camarada
Ramiz Alia em relação à gama de temas e em nosso objetivo de modelar o “Homem
Novo Soviético” na “Nova Albânia Socialista”, de inspirar com heroísmo da Guerra de
Libertação Nacional, com o heroísmo e sacrifício do povo e do Partido, com as ideias
dos Partisans, com suas aspirações e sonhos, com o objetivo de inspirar e educar o povo
com uma realidade rica, que exalta a realidade viva da construção do socialismo em
nosso país, este período que é o mais brilhante da história do nosso povo.
As mais belas obras foram escritas sobre esses períodos, e uma série
interminável de centenas de outros serão escritas, o que perpetuará e eternizará na nossa
história o majestoso trabalho do Partido e do Poder Popular, essa éa principal
característica eque deve ser colocada aqui.
A história do nosso povo deve ser objeto de estudo não apenas por historiadores,
mas também por economistas, advogados, filósofos, sociólogos, etnógrafos, linguistas,
compositores, escritores, pintores, escultores, arquitetos, críticos em vários campos etc.
Sem um trabalho completo, detalhado e cuidadoso, desenterrando todos os documentos,
todas as lendas, todos os costumes e ao estudá-los e interpretá-los corretamente em seu
desenvolvimento materialista dialético, não teremos obras literárias de que precisamos.
Esses amplos campos da história do nosso povo não são separados por muros, o que
exige que o jurista, um crítico para avaliar esse ou aquele momento histórico, para que
esse faça o primeiro trabalho de determinar os acontecimentos daquele tempo para que
o escritor e artista possa assumir e se basear naquele momento.
Onde devo realizar esses estudos? Primeiro, entre o povo; o povo são o maior
livro, ainda maior do que a avó, a mãe etc.; depois, nos documentos e arquivo do regime
dessa época. Eles existem? Sim, eles existem, mas estão cobertos de poeira. Esses
documentos são a vergonha do regime tirânico de Zog, porém são nesses documentos
onde se acham as lutas, as queixas, os registros de tribunais, você reflete ali a situação
política, econômica e social, as medidas opressivas, a usura, o saque, a brutalidade do
regime, etc.
Como um escritor pode falhar ao fazer uso desses documentos? O escritor deve
espremer a massa com as próprias mãos, caso contrário ele escolheu o caminho mais
fácil, mas menos fecundo. Com isso, quero chamar a atenção de nossos escritores de
que existe uma lacuna em nossa literatura Pré-liberação pelos motivos que todos nós
conhecemos. Cabe a nós preencher essa lacuna, cobri-la com obras realistas, que trarão
a continuidade a vida, a luta, ao trabalho e o pensamento dos albaneses, mesmo nesses
períodos sombrios de sua existência. Se não conseguimos fazer isso, vamos cometer um
erro e as gerações vindouras, que não viveram naquele período, não conhecerão o
passado do nosso país e do povo de forma adequada e não reconheceram os esforços do
nosso povo e do Partido para superar uma a uma as nossas antigas dificuldades, como
deveriam.
Mas há uma questão importante que sempre devemos ter em mente. Que a
ênfase colocada nos valores do passado de nosso povo não deve criar a menor confusão
nas mentes das massas que vivem no socialismo. É nosso dever limpar os tesouros de
nossa cultura nacional dasvelhas concepções, dos maus aspectos, e esses tesouros
devem servir a ordem socialista que estamos construindo. Devemos destacar claramente
as coisas que ajudam e não aquelas que dificultam o desenvolvimento de nossa
sociedade hoje. O objetivo do Partido é criar novos valores. Nossa revolução exige
novos heróis adequados ao tempo, aos esforços e aos objetivos do nosso período. Nem
todos os atos e atitudes dos heróis do passado do nosso povo estão em conformidade
com os requisitos e ideais da nossa época atual.
Deixe-me dizer-lhe algo que aconteceu alguns anos atrás, em uma obra oriunda
de umcentro cultural, eu li alguns poemas simples de uma jovemprofessora. Eu disse a
mim mesmo: seus versos não têm uma ideia. Perdi ela de vista, mas alguns meses atrás
recebi uma carta dela e, pelo tom, ela parecia-me muito impetuosa e arrogante em
relação à Editora e aos editores, que não publicavam suas obras por inveja e assim por
diante. Bem, pensei, a jovens são jovens, e podemos perdoar sua impetuosidade, e
aconselhei os camaradas a se aproximarem dela, para deixar a situação clara e ajudá-la.
Mais tarde, recebi outra carta dela, cheia de raiva e arrogância em relação aos nossos
órgãos editoriais. Em uma palavra, ela é apenas uma jovem exigente que quer “que
construam uma estátua dela”. Tais comportamentos não são boas, mas ela é jovem e nós
devemos ser compreensivos; mas eu quero contar um outro caso, desta vez sobre um
professor, homem idoso, que combateu junto aos Partisans na Guerra de Libertação
Nacional e escreveu alguns versos sobre o seu rifle. São alguns dos poemas separados
sem grande valor, mas a Editora os publicou em um folheto de 8 ou 10 páginas. Alguém
fez uma crítica séria a esses versos. Aparentemente, este camarada considerou a crítica
ao seu poético "rifle" um insulto e escreveu ao Comitê Central do Partido que as
medidas deveriam ser tomadas contra o crítico, quem, afirmou o idoso, criou essa crítica
por ressentimento, porque - escute! – “Quando ele era meu aluno, eu lhe dei uma nota
ruim por causa de seu comportamento!”
A partir desses e outros exemplos, deve ser entendido que escrever para o povo e
publicar para o povo é uma das coisas mais graves e delicadas. Aqueles que escrevem
devem ter em mente a ideia de Marx quando disse a Engels:
"Nada foi, ou nunca será publicado da minha mão que não esteja
perfeito".
E nós não devemos pensar que nós escapamos desses elementos doentes. Esses,
também, nós devemos curar e ensinar onde e como avançar.
O folclore não deve ser identificado de forma restrita somente com a música
folclórica: o folclore não é apenas música folclórica; A música é apenas uma das
expressões ou manifestações do folclore. O folclore abrange diversos ramos da vida, o
folclore é tão amplo como a vida do povo e emenda dele. O folclore é a música, a
Lahuta, dois cachimbos, o tambor, as canções folclóricas de Labëria, Myzeqe, Devoll,
Dibra, Shkodra, etc. Por outro lado, nem as sátiras, os versos ou as fábulas populares,
nem os casamentos, alegrias ou tristezas, nem os trajes multicoloridos com todas as suas
variações de corte e estilo, o artesanato popular com seu sabor nacional, podem ser
separados do folclore, as coisas que sãomais do que as tradições populares, as leis
escritas e não escritas, etc. podem ser separados dela. Na minha opinião, se não
conseguimos entender o problema dessa maneira, se destruirmos suas bases, mover
montanhas e o que possamos para preservar nossa música folclórica, não devemos
alcançar isso. Para preservar a nossa música folclórica, a base dela e as partes principais
desta basedevem ser preservadas. A melhoria da música folclórica deve prosseguir
paralelamente à melhoria da base principal para isso.
O que ocorre na maioria dos casos? Os versos banais de alguns poetas, a quem
um artigo do Zëri i Popullit deu uma sova bem merecida, são preferidos pelos nossos
músicos e esses mesmos músicos compõem suas músicas ao redor desses versos
horríveis. Se alguém dissesse a esses músicos para dar uma olhada nos versos populares
do Tio Selim de Brataj, eles podem sorrir ironicamente e até mesmo ridicularizá-lo,
dizendo: "Ele não deve estar falando sério". Mas foi o próprio povo que colocou os
versos do TioSelimsem diversas músicasque cantamos há séculos, os versos sobre os
quais você "se vangloria" em princípio na realidade você despreza. Há inconsistência
aqui, podemos dizer ao poeta: “você diz uma coisa e faz outra”. É bom deixar claro que
com isso, não quero dizer quenão devemos escrever novos versos bonitos e configurá-
los para a música.
Vamos tomar a questão dos instrumentos musicais. Por um lado, falam-se sobre
a beleza, a variedade de música folclórica, por outro lado nossoscentros culturais estão
cheios de acordeões, guitarras, mandolinas, onde encontramos clarinetes, tambores,
baterias, Lahutas, Bagpipes, etc., com os quais as pessoas cantaram e que são uma
excelente base para desenvolver a nossa música folclórica nos centros culturais e
especialmente entre o povo. Eu não sou, no mínimo, contra novos instrumentos e o
melhor da música nova. Pelo contrário, mas eu também sou para os instrumentos
antigos, para produzir e espalhá-los entre o povo, porque ao longo dos séculos as
pessoas cantaram com eles sobre suas alegrias e tristezas, a luta que eles travaram, e
eles querem cantar com eles e continuará a fazê-lo enquanto o povo albanês ser povo
albanês.
As canções folclóricas e as danças são amplas, fazem união com as piadas, com
o nosso humor maravilhoso e com as fantasias. Mas, pouco a pouco, estamos
eliminando-os, esquecendo-se das piadas e do humor popular, exibindo nossas roupas
nacionais nos museus, como se nossa nacionalidade fosse algo do passado e não do
presente e do futuro, eo que é pior, estamos fazendo isso de forma burocrática, por meio
de decretos e campanhas (não me refiro nem a calças turcas largas, que não são
nacionais e que essas sim devem ser guardadas em museus ou na parte inferior dos
cofres de roupas, ou as feias calças de lã usadas por mulheres em alguns distritos).
O Partido tem razão em dizer que o dinheiro não deve ser gasto inutilmente em
extravagantes roupas tradicionais, que as pessoas deveriam trabalhar com roupas
simples. Mas que dano isso nos faz se uma garota deseja se vestir com um lindo traje
nacional quando se casa, ou um homem de Dibra quer usar um par de calças tradicionais?
Isso não faz mal, pelo contrário, isso nos faz um bem imenso, porque ajuda a preservar
nossas tradições. Não nos envergonhamos dos nossos trajes nacionais. Pelo contrário,
estamos orgulhosos deles e eles são lindos. “Mas essas roupas vão custar muito
dinheiro”, dizem eles. Esse é o seu negócio. Deixe-o calcular seu próprio orçamento.
Afinal, por que devemos interferir?
Mas como podemos combater esses males entre os muitos bons costumes de
nosso povo? Com decretos? Não! Eles devem ser combatidos através do trabalho
educativo, bons exemplos e boas ações que são consideradas e compreendidas nas
diversas manifestações da vida. Esses males podem ser combatidos através do próprio
folclore. As massas elevam muito o humor em suas músicas, eles fazem muitas piadas
afiadas e espirituosas que fazem você rir, mas também se educar. Os shows de
variedades podem fazer ter um grande papel nessa em relação a esses comportamentos.
Por mais talentosos que sejam os artistas e os escritores, eu nunca usaria o termo
burguês "estrelas". Não em comparação com o talento e a habilidade criativa do nosso
povo, quando comparamos os dois vemos que eles nunca podem existir tais "estrelas".
Porque se essas "estrelas" perdem contato com a base, com o povo, elas perdem todo o
seu brilho.
A visão errônea de alguns autores de que "tudo o que escrevemos deve ser posto
nas grandes livrarias e bibliotecas sem atrasos", deve ser amplamente rejeitada. Os bons
certamente serão colocados nas bibliotecas e livrarias, enquanto os podres serão jogados
na lata de lixo. O alimento espiritual é muito mais delicado do que o alimento físico;
por exemplo, a carne fresca é aquela que nós nos alimentamos, enquanto que a carne
podre é jogada fora.
O teatro, o balé, a ópera e os mais variados shows não podem estar ao serviço
daqueles que estão doentes ideologicamente, isso seria arma-los com mais confusão,
portanto as apresentações devem estar a serviçodaquelas cujas mentes estão em ordem e
cujo coração bate em unidade com o coração do povo.
Alguns podem dizer: "Mas devemos tornar nosso povo familiarizado com a
realidade estrangeira e as melhores obras criativas estrangeirastambém". Isso é
indispensável. Estou de acordo e não rejeito essa ideia. Por isso, eu digo que nosso povo
deve sentir o gosto do prato estrangeiro saudável, mas deve, antes,sentir ainda mais os
gostos dos muitos pratos saudáveis e deliciosos da cozinha albanesa. Alguns
podem dizer: "Mas não temos repertórios internacionais". Que raciocínio! Devemos
criá-los! Em primeira instância, eles não serão perfeitos, mas esse é um processo que
nós lidamos aos poucos, com trabalho persistente e paciência. Se procedemos a ideia de
encenação de balé estrangeiro em nosso país, porque não temos nosso próprio balé
nacional e porque por vezes não são tão adequados, nunca iremos resolvernenhuma
questão nacional, mas criamos uma situação grave. Tal ideia é incorreta, não é realista,
porque nossos compositores produzem óperas nacionais verdadeiramente lindas e
dignas de louvor, nossos mestres de balé organizaram trabalhos coreográficos com
temas populares sobre os quais nos enche de entusiasmo, nossos solistas cantam
canções populares e músicas de guerra que nos enchemde alegria e inspiração e nós
temos excelentes autores de romances, peças ou roteiros de filmes que sempre
produzem obras de grande valor nacional.
Por outro lado, alguns dias atrás, eu li no artigo que nosso conjunto de balé, na
preparação de algumas performances, não havia encontrado nenhum assunto além das
Valsas de Johann Strauss, organizado em uma composição especial, supostamente com
um tema da nossa moral proletária, que não tem nada a ver com a época dessas valsas
malucas. O que são as valsas de Strauss? Uma excitanteexpressão de uma época, um
sintoma da transformação da sociedade existente no final do século XIX. A valsa se
concilia com o declínio de um regime de aristocrático desenfreado para a burguesia,
uma época de busca pelos prazeres, que sempre se manifestamem uma época perturbada
– o "Danúbio Azul" não é azul, mas turvo se analisarmos a situação social e política do
tempo em que essa Valsa foi composta. A música é linda. Este é um fato inegável, e não
estou contra a colocação desta e outras valsas nas rádios, mas para os nossos produtores,
juntamente com o conjunto de balé, os trabalhos mensais que fazemos durante para
elaborar uma performance com estas valsas acaba não se tornando benéfico
politicamente na educação das massas, portanto, é esforço inútil.
Por que nosso povo precisa deste balé? Que inspiração nos traz? Nenhuma, eu diria.
Devemos aprender sua arte de escrever, seu estilo, seu método de trabalho,
ritmos e medidores, mas devemos aprender a não nos tornarmos escravos dessa forma,
porque nosso povo tem seu próprio estilo e ritmos, estamos criando nosso estilo
socialista que é nossa base, sobre a qual devemos trabalhar, construir e criar nossa
própria originalidade, pois somente assim nossa gente nos entenderá a arte e assim
podemos inspira-las.
Devemos aprender sua arte de escrever, seu estilo, seu método de trabalho,
ritmos e medidores, mas devemos aprender a não se tornarem escravos, porque nosso
povo tem seu próprio estilo e ritmos, estamos criando nosso estilo socialista que é nossa
base, sobre a qual devemos trabalhar, construir e criar nossa própria originalidade, pois
somente assim nossa gente nos entenderá e as inspiraremos.
Eu acho que não devemos ultrapassar esses limites objetivos, porque, não
obstante o fato de que esse ou aquele artista possa ser muito experiente e sábio, a
sabedoria e a aprendizagem de nada valemsem que nós não saibamos como canalizá-los
no interesse do povo, se o nosso propósitoseja o de enriquecer omaravilhoso baú de
tesouros de criatividade do povo;agora, se nosso propósito não é esse, então os
conhecimentos serão apenas um colar pendurado em seu pescoço para se exibir aos
outros, um colar sem valor nenhum para as massas.